APS - Sociografia dos Membros Associados da APS
(os dados que constam da presente sociografia irão ser atualizados muito brevemente, com os resultados do inquérito on-line presentemente a decorrer. Colabore nesta atualização)
Constituída em 1985, a Associação Portuguesa de Sociologia (APS) passou nestes quase vinte anos de existência de uma pequena associação dinamizada por um limitado, mas ativo, número de sócios, para uma associação que se aproxima dos dois milhares de membros, o que faz dela uma das maiores associações nacionais de sociologia do mundo.
Evolução do número de membros associados da APS - 1985-2004
Tentando traçar algumas linhas de caracterização dos membros da APS hoje em dia (os valores apresentados são referentes a Fevereiro de 2004) e em comparação com anos anteriores, podemos verificar algumas alterações no sentido das tendências anteriormente verificadas. Se a APS começou como uma associação científica e profissional onde os homens eram a maioria, pouco depois da sua constituição já as mulheres assumiam um peso maioritário, consentâneo, aliás, com as elevadas taxas de feminização do ensino superior em Portugal. Desde 1998 que a proporção de mulheres e homens não apresenta grandes alterações, apontando para uma estabilização da relação estatística entre géneros.
Evolução da proporção de géneros de entre os associados da APS (%) - 1985-2004

Olhando para a evolução da composição etária dos membros da APS, verificamos que se até 2000 a tendência global era de rejuvenescimento, com o paulatino aumento dos sócio com menos de trinta anos de idade, de então para cá tem-se assistido a uma diminuição dessa faixa etária mais jovem (e onde, de resto, tendem a concentrar-se os sócio que são ainda estudantes) e um correlativo aumento dos escalões etários mais avançados, particularmente o dos trinta aos trinta e nove anos. Sendo a realização do Congresso Português de Sociologia um momento onde tradicionalmente a APS consegue mobilizar para as suas fileiras um número relevante de estudantes de licenciatura, espera-se que o V Congresso possa criar uma dinâmica que contrarie o seu envelhecimento relativo, contribuindo para que os jovens futuros sociólogos se empenhem associativamente.
Evolução da composição etária dos membros da APS - 1985-2004

Se a maioria dos associados são ainda da região de Lisboa e Vale do Tejo, constatamos que o peso relativo desta centralidade lisboeta tem vindo a perder importância desde 1988, em prol de uma distribuição mais representativa da diversidade das inserções regionais dos sociólogos portugueses. O panorama aparenta ter estabilizado desde 2000, sendo, apesar de tudo, de notar o aparecimento em 2004 de associados residentes no estrangeiro.
Distribuição geográfica dos membros da APS (%) - 1985-2004
No respeitante às qualificações escolares, verificamos que a maioria dos associados possuem uma licenciatura, sendo no entanto de notar os mais de um quarto que possuem graus de qualificação superiores a esse, fatia em grande parte devida ao elevado número de docentes do ensino superior e investigadores científicos que são sócios da APS. Os quase um quinto dos membros que detêm escolaridades abaixo da licenciatura completa, além de uma miríade de situações diversas, correspondem, no essencial, a sócios que se encontram neste momento a tirar uma licenciatura em sociologia, sendo portanto estudantes.
Grau académico dos sócios da APS - 2004

Das instituições de ensino superior onde os membros da APS realizaram a sua formação científica e profissional, destaca-se o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), que congrega 30 % dos sócios. A Universidade Nova de Lisboa, a Universidade do Porto e a Universidade Autónoma congregam cada uma 10 %. É de notar o protagonismo que apresentam as instituições privadas de ensino superior.
Instituições de formação dos membros da APS (%) - 2004

A maioria dos membros da APS, tendo já finalizado ou ultrapassado os níveis iniciais de formação superior, estão inserido profissionalmente. A APS, no entanto, sempre se mostrou aberta à participação estudantil, particularmente dos anos mais adiantados das licenciaturas, abertura essa patente nos 16 % de membros que são estudantes, a esmagadora maioria dos quais em exclusividade.
Condição perante o trabalho dos sócios da APS - 2001-2004
Se a APS começou como uma associação onde se destacava o peso relativo dos associados que eram docentes do ensino superior e/ou investigadores (de instituições públicas ou privadas, mas na maioria dos casos públicas), desde cedo se desenhou a tendência para a diminuição do peso dessa categoria socioprofissional em prol, particularmente, dos quadros técnicos e especialistas quer da administração pública, quer de organizações empresariais privadas (a que se podem juntar os quadros que exercem funções dirigentes).
Categorias profissionais dos membros da APS - 1988-2004
Se a estrutura socioprofissional dos associados da APS aparenta ter estabilizado relativamente desde o ano de 2000, há, no entanto, que constatar a crescente importância (que ronda hoje em dia quase um quarto dos sócios) da categoria conjunta ‘outras profissões’ e ‘profissões intermédias de execução’, que aponta para uma diversificação das inserções profissionais a que uma qualificação académica em sociologia dá hoje acesso.
Essa diversificação não altera contudo de maneira substancial aquele que já em 2000 era o panorama dos associados no respeitante ao tipo de instituições onde exercem a sua actividade profissional.
Instituições onde exercem atividade profissional os membros da APS - 2004

De facto, constatamos que os dois tipos de organizações mais importantes onde trabalham os sociólogos membros da APS são, por um lado e ainda maioritariamente, as instituições de ensino superior e de investigação (públicas ou privadas), e, por outro lado, a administração e os serviços públicos. As empresas continuam com um peso percentual que não alcança os 15 %, sendo as restantes situações residuais.
Se ainda há espaço para o crescimento do número de associados da APS, assim contribuindo para uma maior mobilização científica e profissional dos sociólogos portugueses, toda esta breve sociografia dos membros da APS aponta para o crescimento nacional do número de sociólogos (crescimento esse que, de resto, se tem revelado acentuado desde a constituição, em 1985, da associação), devido ao aumento e diversificação da oferta académica de licenciaturas em sociologia, a sua progressiva distribuição pelo país e a crescente variedade de inserções profissionais que têm.
A EMPREGABILIDADE DOS SOCIÓLOGOS
O Observatório das Saídas do Ensino Superior, num estudo realizado em 2000 sobre a situação profissional de licenciados nos cinco anos anteriores, verificou que os licenciados em sociologia, em 1995 e 1996, tinham um período médio de espera de 6 meses entre o terminus dos estudos e a sua primeira colocação profissional.
Embora estes dados tenham já alguns anos, verificou-se através dos processos de auto-avaliação do corrente ano que no caso da licenciatura mais antiga em Portugal (ISCTE) se apontava para o mesmo período de tempo médio na colocação profissional dos licenciados até ao ano de 2002.
Estes resultados desmentem, assim, visões erróneas sobre a sociologia, revelando, pelo contrário, a sua versatilidade como competência profissional e a sua alta empregabilidade. Tal demonstra a relevância das ciências sociais, em particular da sociologia, para o tecido económico e social do país. É indispensável dispor de dados mais recentes (nomeadamente provindos do inquérito on-line em cirso, para se poder confirmar que esta situação favorável se mantém.