PAP1146 - Contraterrorismo: o papel da Intelligence na acção preventiva e ofensiva
A eficácia concertada, que os ataques terroristas perpetrados em Setembro de 2001 nos EUA lograram alcançar, foi responsável pelas reformulações operadas, a partir de então, nas estruturas de segurança e de defesa de grande parte dos Estados Ocidentais.
Estas reformulações são, desde logo, resultado da (re)configuração da própria ameaça: exponencialmente letal, de implantação difusa e carácter imprevisível, com o intuito de dificultar, se não mesmo anular, a prossecução de quaisquer estratégias contraterroristas até então implementadas contra o terrorismo internacional, agora especialmente emanado através da al-Qaeda e da “nebulosa terrorista” a ela directa ou indirectamente associada, através de grupos afiliados, autoproclamados afiliados e, ainda, de células locais ou indivíduos isolados, fenómenos emergentes e agora denominados, respectivamente, de “home-grown” e “lone-wolf” terrorism.
As experiências ocidentais até então ditadas pelo “terrorismo doméstico” privilegiaram, quase sempre, uma abordagem contraterrorista de pendor reactivo.
No actual “quadro de ameaças” julgamos que a resposta contraterrorista necessita, de igual modo, de operar activamente na área da Intelligence (HUMINT), promovendo a infiltração em células, grupos ou redes de organizações terroristas que constituam, ou possam constituir-se, como fontes de ameaça à segurança e defesa de Estados, regiões ou mesmo no plano internacional.
Falamos, em concreto, da dinâmica, estratégica e operacional, que envolve a “manobra de infiltração”, ou penetração, em grupos ou organizações terroristas, especialmente as conotadas com o terrorismo internacional de matriz islamista, no âmbito da actividade de serviços de informações ou forças policiais.
Pensamos que só assim se pode obter informação privilegiada que permita, em última análise, prever ou anular o curso de uma acção terrorista e, como tal, desencadear os mecanismos de resposta adequados.
No caso concreto do terrorismo de matriz islamista, o processo de infiltração torna-se mais difícil de gizar, dadas as assimetrias culturais, religiosas e linguísticas que, não raro, se verificam.
Neste sentido, impõe-se uma análise dos diversos estádios do processo de infiltração – da captação à desactivação (ou “exfiltração”) do “agente” de infiltração.
Aliás, como a história recente do contraterrorismo internacional tem demonstrado, nesta área de actuação da Intelligence (HUMINT), afigura-se-nos passível de ser estabelecida uma analogia entre o modus
Hermínio Matos
Investigador e docente do ICPOL - ISCPSI
Docente Convidado do ISCSP - UTL (Pós Graduação em Informações e Segurança)
Doutorando e Mestre em História, Defesa e Relações Internacionais - ISCTE-IUL e Academia Militar
Licenciado Antropologia ISCTE - IUL
Auditor do Curso Defesa Nacional - Instituto da Defesa Nacional
Autidor de Gestão Civil de Crises na União Europeia - Instituto da Defesa Nacional
Áreas de Interesse/Investigação: Sistemas de Segurança Interna, Intelligence, Terrorismo e Contraterrorismo