PAP0793 -
Esta comunicação tem como fito apresentar resultados parciais de uma investigação de doutoramento em curso sobre os públicos e práticas de consumo de uma modalidade alternativa de consumo, o Comércio Justo.
A emergência do capitalismo industrial favoreceu o surgimento de um consumo massificado. Com o surgimento da globalização, esta homogeneização do consumo deu lugar ao culto do indivíduo, sustentado na procura de singularidade, presente no consumo de bens diferenciados, revestidos de simbolismo, e potenciadores de individualização e distinção. Esta nova modalidade de fruição, eminentemente individualizada, opera todo um significativo conjunto de alterações e reconfigurações sociais. Surgem novos padrões e novas formas de consumo, dos quais destacamos os consumos verdes, associados ao consumo sustentável, ao consumo responsável, à alimentação vegetariana, vegan e macrobiótica, e ao consumo de produtos de agricultura biológica. O Comércio Justo emerge neste segmento alternativo de consumo. Define-se como um movimento social que visa promover o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida dos pequenos produtores dos países do hemisfério Sul.
É nosso intuito avaliar o potencial do Comércio Justo enquanto acção de subversão das lógicas hegemónicas de distribuição, e perceber se o acto de compra surge, ou não, dissociado dos movimentos de contestação aos desequilíbrios gerados pelo mercado convencional, seguindo critérios mercantilistas tradicionais.
Pretendemos, igualmente, cogitar sobre a emergência de valores ligados ao consumo na pós-modernidade, e enquadrar as práticas de consumo alternativas nas sociedades actuais, bem como detectar a existência de valorização simbólica neste sistema comercial: os artigos são bens simbólicos, dotados de significação, ou somente mera mercadoria? Quais são as razões e motivações para a compra nos espaços simbólicos corporizados das lojas de Comércio Justo? Quais os significados que revestem essa acção: será este um consumo de “sentidos”, de simbologias, e não tanto de objectos materiais?
Estas são algumas das questões a que procuraremos dar resposta.
- COELHO, Sandra Lima

Nome: Sandra Lima Coelho
Sandra Lima Coelho, licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e mestre em Desenvolvimento e Inserção Social pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Investigadora integrada no Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Os principais interesses de investigação desenrolam-se em torno da Sociologia da Cultura, Sociologia do Consumo e Sociologia dos Movimentos Sociais, áreas em que se enquadram as mais recentes pesquisas e publicações.
Doutoranda em Sociologia, com área de especialização em Desigualdades, Cultura e Território, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a desenvolver a tese “O Comércio Justo: públicos e práticas de consumo de uma modalidade comercial alternativa”, projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH / BD / 48838 / 2008).
PAP1258 -
Tem-se registado em Portugal um significativo aumento da investigação sobre género (na Sociologia e outras áreas disciplinares) e um crescente reconhecimento da relevância da teoria feminista para a compreensão dos mais diversos fenómenos sociais. No entanto, muitas/os das/os investigadoras/es especializadas/os nestas temáticas reportam que o seu trabalho nem sempre é reconhecido por colegas e instituições como conhecimento científico "a sério", credível e válido. Nesta comunicação proponho-me analisar estes processos de negociação do "estatuto epistémico" (Pereira, 2011) dos estudos sobre as mulheres, de género e feministas (EMGF) em Portugal. A comunicação tem por base dados recolhidos num estudo etnográfico conduzido em 2008/09, que incluiu observação participante em vários contextos de trabalho e sociabilidade académica (aulas, conferências, lançamentos de obras, defesas de teses, etc.), entrevistas com 36 académicas/os, estudantes e outras/os, e pesquisa em arquivos. Recorrerei ao conceito de "boundary-work" (Gieryn, 1999) e a propostas teóricas dos "science and technology studies" e epistemologia feminista para explorar como é que, na sua prática académica quotidiana, as/os académicas/os portuguesas/es demarcam - de modo performativo, como argumentarei - as fronteiras entre conhecimento "científico" e "não científico".
A comunicação incluirá uma breve apresentação dos resultados da etnografia mas focar-se-á, em particular, nos discursos públicos de académicas/os que não fazem investigação sobre género, analisando de que forma falam sobre os EMGF em aulas ou comunicações em conferências. Observei que a investigação feminista é frequentemente descrita nesses contextos como capaz de gerar conhecimento científico valioso MAS só em algumas condições e até certo ponto. Apresentarei exemplos destas afirmações adversativas (i.e. discursos assentes num "mas" ou outra conjunção equivalente), examinando a sua estrutura, conteúdo e recurso à caricatura e humor, de modo a identificar o "boundary-work" que estas afirmações produzem. Demonstrarei que geram uma representação da investigação feminista como estando parcialmente dentro e parcialmente fora das fronteiras do conhecimento científico. Argumentarei que estes discursos contribuem para posicionar a investigação feminista como um corpo de conhecimento pertinente mas sempre potencialmente deficitário a nível epistémico e, como tal, secundário. Sugerirei também que esta representação dos EMGF contribui para reproduzir e legitimar o fenómeno generalizado e há muito identificado (ver por exemplo Amâncio, 2003) de apropriação selectiva da investigação feminista em Portugal, permitindo às/aos investigadoras/es utilizar os conceitos feministas que são compatíveis com os seus quadros teóricos, e simultaneamente contornar as críticas feministas a esses mesmos quadros teóricos.
~Nota: Uma versão mais alargada e aprofundada desta comunicação está disponível aqui:
Pereira, Maria do Mar (2012), “«Feminist theory is proper knowledge, but...»: The status of feminist scholarship in the academy”, Feminist Theory, 13 (3).
- PEREIRA, Maria do Mar

Maria do Mar Pereira É professora auxiliar de Sociologia e Estudos de Género na Universidade de Leeds (Reino Unido) e investigadora no CEMRI, Universidade Aberta, e no Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (ISCSP-UTL). Completou em 2011 o doutoramento na London School of Economics and Political Science, com uma tese sobre o estatuto epistémico dos Estudos sobre as Mulheres, de Género e Feministas em Portugal. Antes disso, formou-se em Sociologia pelo ISCTE-IUL, com uma dissertação sobre a negociação do género numa escola em Lisboa, que será editada em 2012 pela Imprensa de Ciências Sociais com o título Fazendo Género no Recreio: a Negociação do Género e Sexualidade entre Jovens na Escola. Tem também publicado textos em revistas nacionais e internacionais sobre epistemologia, metodologia, pedagogia, género e sexualidade. Mantém um envolvimento activo em movimentos feministas em Portugal e no estrangeiro.
Nota: Uma versão mais alargada e aprofundada desta comunicação está disponível aqui:
Pereira, Maria do Mar (2012), “«Feminist theory is proper knowledge, but...»: The status of feminist scholarship in the academy”, Feminist Theory, 13 (3).
PAP0421 - Desenvolvimento em busca da diminuição da desigualdade? Estudo de processos globalizadores e mudanças locais no ES/ Brasil.
O objetivo do presente trabalho é analisar os impactos promovidos pelos processos de desenvolvimento localizados na região litorânea do estado do Espírito Santo (ES), na região sudeste do Brasil. Mais especificamente interessa investigar as populações pesqueiras artesanais, seus modos de vida, suas atividades econômicas e os impactos que as mesmas vêm sofrendo por conta dos processos globalizadores que penetram em seus territórios. Pois, esta faixa litorânea do estado do Espírito Santo tem sido nas últimas décadas foco de investimentos de grande porte executados por grandes empresas nacionais e multinacionais, dentre elas encontram-se: a Petrobras, a Aracruz Celulose (atual Fibria), a Vale do Rio Doce, a Arcelor Mittal, etc. e também de investimentos de médio e pequeno portes, decorrentes ou não, dos investimentos de grande porte.
Isso tem trazido inúmeras transformações para as localidades próximas à implantação destes investimentos, como também para o estado, tanto no quesito econômico, resultando em um incremento positivo de indicadores econômicos, tais como o PIB, porém quanto aos quesitos sociocultural e ambiental, há divergentes avaliações. Alguns destes, como os indicadores socioeducacionais e de saúde, apresentam resultados não compatíveis com o crescimento econômico, o que resulta de certo modo no aprofundamento de desigualdades sociais entre as classes e a concentração de renda. Utilizaremos dos levantamentos quantitativos disponíveis e dos trabalhos de campo realizados para a pesquisa para uma exposição sistemática desta realidade social. Esperando mostrar uma análise das condições socioeconômicas das vilas pesqueiras, assim como perceber processos de mudança social com a alteração de valores e comportamentos, estilos de vida nos diferentes grupos sociais, tanto quanto, a alteração das paisagens e ecossistemas de várias regiões do estado.
- KNOX, Winifred

- TRIGUEIRO, Aline

Segunda autora: Profa. Dra. Winifred Knox
Possui especialização em filosofia (UFRN - 1996), mestrado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e antropologia do IFCS pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nos últimos anos tem se dedicado à pesquisa e à docência na área de Sociologia e Antropologia com grande ênfase em Comunidades Pesqueiras. Atualmente é professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo e uma das coordenadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento do ES (GEPPEDES).
Primeira autora: Profa. Dra. Aline Trigueiro
Graduação em Ciências Sociais (UFRJ); Mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ); Doutorado em Sociologia (UFRJ), com Bolsa Sanduíche na Universidade de Oxford (Inglaterra). Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e uma das Coordenadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento do ES (GEPPEDES). Áreas de estudo e interesse: Sociologia Ambiental; Sociologia do Desenvolvimento; Ética e Epistemologia Ambiental; Política Ambiental.
PAP0595 - O Sistema Prisional do Rio de Janeiro, punitivo e controlador.
O objetivo geral do trabalho é abordar a forma como o Estado do Rio de Janeiro/Brasil, dentro do segmento do sistema prisional, tem enfrentado a criminalidade particularmente via seu aparato punitivo e penal.
Importante ressaltar a importância dos direitos humanos, pois comportam pressupostos necessários para que todos possam ter uma vida digna. (SANTOS, 2008) dentro desse contexto punitivo. As violações dos direitos humanos dos presos que se encontram no sistema prisional do Rio de Janeiro/Brasil é significantemente maior, pois estas instituições não se prestam para cumprimento de pena. Os presos ficam desassistidos em suas necessidades básicas, material, saúde, condições de higiene, educação, trabalho, assistência judiciária, banhos de sol e alimentação adequada.
Para Almeida (2004), quanto maior a violência produzida pela criminalidade, maior a legitimidade dada ao Estado pela sociedade para produzir uma violência ainda maior, estabelecendo um ciclo de horror e desumanidade que é potencializado a cada dia, mais rigor, menos impunidade; penas mais severas; pena de morte. Este é o permanente clamor da sociedade, esta sentencia a exclusão, o banimento, o holocausto – e o Estado executa.
Mingandi apud Feffermann, afirma que o “crime organizado” não prospera sem a cooperação ou conivência promiscua de representantes do Estado oficial. Segundo Torres, a questão carcerária brasileira e os inúmeros problemas que temos no sistema prisional vêm sendo discutidos por meio da comunicação, de autoridade e de organizações da sociedade civil. A população em geral questiona um sistema que se mantém em constantes conflitos sob o julgo das violações dos direitos humanos dos presos.
Tem-se, portanto, um sistema penitenciário centrado na pena de privação de liberdade, uma das mais cruéis vitimizações praticadas com aval institucional, porém, voltado, quase que exclusivamente, para os sujeitos que praticam delitos e que tem uma inserção de classe pobre.
Diante do caos que o sistema prisional brasileiro vive, a reincidência tem marcado a sociedade nos últimos tempos, decorrente de uma Política Neoliberal, da falta de recursos financeiros, materiais e humanos e de interesse por parte dos Estados em proporcionar e desenvolver uma política voltada para a efetivação dos direitos humanos nos espaços prisionais.
Segundo Torres (2001), “a realidade carcerária brasileira é retrato fiel da questão social numa sociedade desigual e de excluídos sociais”. Pois, a exclusão econômica
- COSTA, Newvone Ferreira

Possui graduação em Serviço Social pela Faculdade de Serviço Social do Rio de Janeiro (1983), graduação em Estudos Sociais pela Faculdade Regina Coeli (1981).Especialização em Supervisão em Serviço Social pela Univesidade Veiga de Almeida (1987).Especialização em Direitos Humanos, Mestrado em Psicopedagogia pela Universidade La Habana- Cuba (1999). Ex- Coordenadora Adjunta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta . Professora Adjunta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta .Criou a disciplina Violência e Criminalização com carater interdisciplinar que faz parte da grade curricular do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta.Coordenadora do curso de Pós Graduação Justiça e Direitos Humanos no Centro Univerisitário Augusto Motta . Tem experiência na área de pesquisa em criminologia, violência e sistema prisional .Membro titular do Conselho da Comunidade do município do Rio de Janeiro. Foi Conselheira nas gestões de 2005 -2008 e 2008 -2011 no Conselho Regional de Serviço Social do Estado do Rio de Janeiro.Atualmente é Assistente Social do presidio Ary Franco no Rio de Janeiro.Membro titular do Cômite de combate a tortura da ALERJ .Coordenadora da linha de pesquisa violência e sistema penitenciário do Centro Universitário Augusto Motta. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase no campo sóciojurídico, atuando principalmente nos seguintes temas: supervisão em serviço social, prisão, adolescente com medidas sócioeducativas, familia , ato infracional , execução penal , violência e criminologia
PAP0723 - A dimensão identitária e a promoção cidadania
A dimensão
identitária e a
promoção cidadania
Nesta reflexão
busca-se apresentar
e discutir as
metodologias
orientadoras das
ações programáticas
desenvolvidas pela
Diretoria de
Inclusão e Cidadania
do Instituto Inhotim
com o intuito de
promover a cidadania
em comunidades
marcadas pela
pobreza, localizadas
no município
brasileiro de
Brumadinho, estado
de Minas Gerais. O
ponto central da
reflexão vincula-se
à discussão sobre o
modo como se
relacionam os
conceitos de
modernidade,
identidade e memória
na construção dessas
ações que buscam a
superação das
conseqüências da
exclusão social.
Resistente às
tentativas de
definição, Inhotim
pode ser pensado
como um complexo
museológico original
constituído por uma
sequência não linear
de pavilhões de arte
contemporânea e um
jardim botânico em
área de 100 ha. É
também âncora para o
desenvolvimento de
ações científicas,
educacionais e
conservacionistas,
tendo a arte e a
biodiversidade
vegetal como
elementos centrais.
O Instituto
desenvolve práticas
sociais
comprometidas com a
inclusão e a
cidadania da
população de
Brumadinho e seu
entorno. Em 2007,
esse compromisso com
o desenvolvimento
social da região
originou a criação
da Diretoria de
Inclusão e
Cidadania. Em abril,
o Instituto foi
reconhecido como
Organização da
Sociedade Civil de
Interesse Público –
OSCIP, pelo Governo
de Minas Gerais. Em
2009, no mês de
junho, o governo
federal também
reconheceu Inhotim
como uma OSCIP.
No âmbito da
Diretoria de
Inclusão e Cidadania
são desenvolvidas,
há quatro anos,
ações que buscam
desenvolver as
potencialidades da
comunidade local. Os
programas e projetos
buscam garantir a
acessibilidade, a
interação e a
inclusão social. Na
reflexão a ser
apresentada, será
destacada e
analisada uma ação
programática voltada
para a dimensão
identitária dos
sujeitos e que tem
por objetivo a
recuperação,
conservação e
publicização do
patrimônio
Histórico, cultural
e ambiental herdado
pela sociedade
local. O
desenvolvimento
dessa ação garante
uma transversalidade
que perpassa as
demais ações
programáticas
desenvolvidas pela
diretoria. O eixo
central que norteia
a ação parte das
considerações de
Ecléa Bosi , ao
afirmar que a
espoliação da
memória é um dos
efeitos mais
perversos da miséria
(BOSI,1994).
Portanto, recuperar
memória pode
contribuir para a
afirmação dos homens
como sujeitos
históricos.
Trata-se, pois, de
uma comunicação que,
considerando a
dimensão conceitual
própria do campo da
sociologia, almeja a
discussão de
práticas sociais
emancipadoras.
- LOPES, Rosalba

- OLIVEIRA, Juliana

Dra. Rosalba Lopes
Possui Doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2010), onde desenvolveu pesquisa sobre a relação das esquerdas revolucionárias brasileiras com a democracia, no período de 1974-1982; mestrado em Ciência Política pela UFMG (2001) e graduação em História pela UFF (1990). Atualmente trabalha no Instituto Inhotim, onde coordena a implantação e desenvolvimento do Centro Inhotim de Memória e Patrimônio – CIMP, que visa captar, organizar e disponibilizar fontes referentes ao patrimônio Histórico-Cultural e ambiental de Brumadinho e Médio Vale do Paraopeba. Nesta nova fase o campo de pesquisa ao qual se dedica vincula-se, sobretudo, à Memória e à Identidade.
Juliana G. Oliveira
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Escola de Arquitetura da UFMG e Bacharel em Turismo pela Universidade FUMEC/BH. Atualmente trabalha no Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG, na Diretoria de Inclusão e Cidadania, na Ação Programática Desenvolvimento Territorial, focando no Turismo de base comunitária na região do Médio Vale do Paraopeba. Elabora e executa projetos que visam o fortalecimento e autonomia de diferentes redes sociais, a interação e a inclusão social da população aos conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento social. Em termos de pesquisa tem se dedicado às investigações sobre patrimônio e desenvolvimento comunitário.
PAP0577 - Crime, tecnologia e risco: como os ‘criminosos’ percepcionam a ‘vigilância genética’
GT Vigilância na sociedade contemporânea: estudos e perspectivas
Esta comunicação pretende questionar a perspectiva clássica dos estudos da vigilância, partindo do ponto de vista de um grupo de indivíduos especialmente vulnerável a mecanismos de vigilância ‘genética’ destinados a combater o crime, como por exemplo, o uso de bioinformação (Perfis de DNA, impressões digitais, indicadores biométricos) para identificar autores de crimes. Noções convencionais de defesa dos direitos individuais e do valor e eficácia de dispositivos tecnológicos de vigilância são re-equacionadas com base nas narrativas de atores sociais sujeitos a modalidades ‘fortes’ de vigilância, por estarem encarcerados.
Com base num conjunto de entrevistas realizadas em dois países europeus– Portugal e Áustria – a presos, discute-se como as percepções sobre a vigilância policial e estatal destinada à prevenção da criminalidade são co-construídas com base em elementos muito heterogéneos, assentes no posicionamento social dos indivíduos que são alvo desses dispositivos de vigilância e de controlo/punição social. As representações sociais sobre a vigilância estatal e policial dependem, em boa medida, de avaliações do trabalho das polícias, do funcionamento dos tribunais, da percepção de vulnerabilidade do sistema de justiça criminal à corrupção e falta de transparência. Mas dependem, também, de mensagens culturais dominantes sobre o poder da bioinformação na identificação de autores de crime; assim como, da capacidade de percepção de risco que deriva da posição ocupada pelos entrevistados no mundo do crime e da prisão.
- MACHADO, Helena Cristina Ferreira

Machado, Helena
Investigadora associada do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e investigadora efectiva do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Professora associada com agregação do Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. Tem coordenado diversos projectos de investigação científica, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia; e é autora e co-autora de várias publicações nacionais e internacionais. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense (com especial enfoque para as questões da biocidadania; da identidade, identificação e classificação social e consentimento informado na doação de material biológico); das relações entre justiça, media e cidadania (em particular, os impactos nas representações sociais sobre a ordem social suscitados pela mediatização de casos criminais) e dos estudos sociais de género.
PAP1217 - Da Arquitectura Vernacular à Informalidade Contemporânea dos Assentamentos
GT: A habitação ilegal e informal e o direito à cidade
A informalidade arquitectónica e urbanística dos assentamentos urbanos, dado o crescimento exponencial e constante, é uma realidade cada vez mais comum nas cidades de todo o mundo. Sendo que o espaço informal, neste contexto se refere ao espaço aleatório e precário no seu sentido mais actual, quase (ou) sempre ilegal, que surge em diferentes partes da cidade, integrando-se (na maioria das vezes) na malha urbana. A forma como esta problemática é abordada (pela total destruição material e social) não comporta o cuidado e a valorização necessárias à maior parte das intervenções nestes espaços, principalmente quando aliada às intervenções que deslocam as populações para zonas de habitação social periféricas ou simplesmente distantes e para edifícios cujas tipologias são completamente distintas das suas residências.
A abordagem à arquitectura vernacular e à valorização do património popular surge, nesta dissertação, como forma de provar a importância destes espaços informais através de associações e comparações entre os conceitos, que se verdadeiramente semelhantes. Se a arquitectura popular ou vernacular merece a designação de património certamente que o espaço informal, no contexto aqui referido, não se distanciará muito do mesmo valor cultural e deverá ser abordado dessa forma.
Através de um estudo de caso que se pode classificar em ambos os campos, o aglomerado de casas e cais Avieiros na Póvoa de Santa Iria no concelho de Vila Franca de Xira, pretende-se mostrar, com uma abordagem projectual e análise prévia, a importância da regeneração do espaço informal a partir do seu valor cultural e social. Pretende-se deixar clara a proximidade entre o espaço informal e vernacular e sugerir novas perspectivas de actuação ao nível da regeneração do espaço urbano.
É importante confrontar a estratégia defendida nesta estratégia de regeneração, com as directrizes estipuladas pela Câmara Municipal e posterior plano de acção. Em ambos os casos se procuram respeitar os objectivos municipais para o lugar, embora haja um desfasamento no que respeita à valorização cultural e social da comunidade integrante. Esta comparação surge numa tentativa de abordar as estratégias definidas pelos órgãos que gerem o território, em que as áreas marginais e clandestinas são altamente desvalorizadas, analisadas apenas na perspectiva do incumprimento legal.
Esta reflexão e estratégia de regeneração surgem sob a forma de Dissertação de Mestrado, onde é proposta uma busca dos conceitos que poderão enfatizar os vários argumentos favoráveis a estas áreas preteridas do espaço urbano. Sempre em busca de uma mudança na forma de olhar estes espaços e estas comunidades, buscando a valorização cultural e a intervenção coerente.
- LOUREIRO, Vânia Teles
PAP0624 - Entrevista como técnica em terreno das reformas da justiça
A justiça e os tribunais têm sido objecto de constantes reformas. Algumas compõem-se por alterações legislativas que afectam apenas os códigos, outras afectam a sua estrutura e funcionamento interno. Esta comunicação aborda os aspectos práticos de uma investigação na Comarca Piloto Lisboa-Noroeste, no Palácio da Justiça de Sintra em pleno processo de intervenção e outra na Comarca de Lisboa no Palácio da Justiça de Lisboa em que foi anunciado o alargamento do novo mapa judiciário. A atenção aqui é dada o efeito que teve nas entrevistas, assim como as constantes adaptações necessárias à utilização desta técnica. A singularidade da justiça apresenta algumas adaptações em relação a outros campos, nomeadamente na questão do segredo de justiça e no direito à reserva de funcionários e magistrados. O principal desafio não é o que perguntar, mas como perguntar sem quebrar estas duas regras.
- CAMALHÃO, Serafim

Serafim Leopoldo Ferreira Camalhão Mestre em Sociologia do Trabalho, das Organizações, do Trabalho e do Emprego no I.S.C.T.E e a frequentar o Programa Doutoral em Sociologia no I.S.C.T.E. IUL. Especializou-se na área da Sociologia do Trabalho e das Organizações, com especial atenção no funcionamento dos tribunais. A par deste aspecto sempre manteve um grande interesse no campo da metodologia. Presentemente outra área que o cativa, é lançar uma Sociologia da Deficiência.
PAP1025 - Grupo de trabalho :A habitaçção ilegal e informal e o dirieto á cidade - Loteamentos irregulares em São Paulo
O artigo discorre sobre a evolução do parcelamento do solo urbano no Brasil e especialmente em São Paulo, mostrando a legislação pertinente e suas conseqüências a nível do espaço urbano. Analisa o capítulo III do programa Minha Casa, Minha Vida, que dispões sobre regularização fundiária. Quantifica os loteamentos irregulares no Município de São Paulo por década de implantação, mostrando a freqüência deste fenômeno no intervalo entre 1970 e 2000, com a maior incidência de lotes irregulares nos anos 90, com 55 loteamentos por ano. Efetuou também a análise dos loteamentos irregulares no espaço intra-metropolitano, utilizando como unidade de análise os anéis central, interior, intermediário, exterior e periférico. Nos três primeiros, o peso destes loteamentos é mínimo. Já no anel exterior encontram-se 1/3 dos loteamentos irregulares, e a grande maioria deles localiza-se no anel periférico. O trabalho verifica ainda a ida para o vetor norte (Serra da Cantareira)- da ocupação irregular da terra urbana
- PASTERNAK, Suzana
- BÓGUS, Lucia
PAP1505 - La otra cara del piquete. La UTD de Gral. Mosconi (Salta)
GT: Sociedad, crisis y reconfiguraciones en A. Latina. A 10 años del 19/20 de diciembre LA OTRA CARA DEL PIQUETE LA UNION DE TRABAJADORES DESOCUPADOS (UTD) DE GRAL. MOSCONI (SALTA) Mario Xiques Sociólogo UBA Los llamados piqueteros no constituyeron un movimiento único y homogéneo. No sólo por sus distintas denominaciones y orígenes sino, fundamentalmente, por sus propuestas. A modo de ejemplo podríamos mencionar a la FTV (Federación Tierra y Vivienda) que, conducida por Luis D'elía y donde participan sectores de la Iglesia, organizaciones sociales y juntas vecinales, reconoce que creció luego de muchos años de trabajo al calor de la toma de tierras, construcción de viviendas populares, infraestructura de servicios y equipamiento comunitario. El propio D'elía, elegido diputado provincial por el Polo Social, se reconocía militante del Frente para el Cambio y la CTA. El MTR (Movimiento Teresa Rodríguez), compuesto por familias desocupadas del GBA, La Plata y Mar del Plata, desarrollaba una forma de organización territorial por barrios con el objetivo de imponer una nueva forma de poder donde, al decir de su máximo referente, Roberto Martino, "el pueblo delibere y gobierne en forma directa". No obstante, es posible encontrar algunos denominadores comunes. Los distintos movimientos nacen por fuera de las instituciones políticas y sociales tradicionales y tienen un desarrollo autónomo, extraparlamentario, producto de las luchas. Fueron creciendo, como expresión del amplio movimiento social que enfrentó el modelo neoliberal implantado por Carlos Menem y continuado por la Alianza, desde la periferia (Cutral-Có, Plaza Huincul, Gral. Mosconi) hacia el centro del país (Sur del Gran Buenos Aires, La Matanza). Desplazaron el eje del conflicto hacia la interrupción de la circulación de mercancías y fuerza de trabajo. Representaron un fenómeno múltiple, sin organizaciones únicas ni dirigentes consolidados en la superestructura institucional, con una fuerte tendencia asamblearia donde el piquete organiza, discute, negocia, elige representantes con mandato revocable y los delegados actúan sólo como voceros y dirección en la lucha. Constituyeron una fuerza social antagónica de carácter nacional que manifestaba la agudización de la crisis económica y la descomposición de las relaciones políticas y de los partidos orgánicos y sus cuadros. A modo de ejemplo de nuestras afirmaciones precedentes, nos detendremos en el análisis de la UTD de Gral. Mosconi, una de las experiencias más avanzadas a nivel local.
- XIQUES, Mario

Mario Xiques (Mario Hernandez).
Sociólogo y periodista argentino. Delegado General del Banco Santander-Río entre 1985/91 y 1997/2002. Miembro del Consejo de Redacción de la revista Herramienta (1996-2001). Coordinador General revista La Maza (2001-3). Coordinador de la Editorial Topía (2004-11).
Compilador y editor de Produciendo realidad: las empresas comunitarias (2002) y Las trampas de la exclusión. Trabajo y utilidad social (2004) de Robert Castel, Ed. Topía, Bs. As. y de James Petras en Argentina (Abril-Mayo 2001) y Argentina, entre la desintegración y la revolución de James Petras y Henry Veltmeyer, Ediciones La Maza, Buenos Aires, 2002.
Actualmente produce y conduce 5 programas radiales políticos y culturales por FM La Boca (90.1). Miembro del Consejo Directivo de la Coordinadora de Medios de la Ciudad de Buenos Aires (COMECI). Sus notas se publican habitualmente en los sitios webs: Rebelion.org, Argenpress.info, Red Eco Alternativo y Ecoportal.net, entre otros.
PAP0663 - O rap e o graffiti como dispositivos de reflexão identitária. O caso do bairro da Kova da Moura.
Partindo de distintas investigações desenvolvidas pelos dois investigadores e tomando o bairro da Cova de Moura como território de investigação, a presente comunicação pretende discutir o papel que o rap e o graffiti assumem como dispositivos de reflexão identitária de jovens que habitam este bairro maioritariamente negro. A Cova da Moura é um bairro clandestino de auto-construção que despontou nos anos 70 com a vaga de imigrantes provenientes das ex-colónias portuguesas em África. Este localiza-se na Amadora e, ainda hoje, é habitado na sua grande maioria por imigrantes Africanos e seus filhos. O rap e o graffiti são manifestações culturais apropriadas e empregues por diferentes jovens e que parecem funcionar como dispositivos identitários fulcrais através dos quais conquistam um espaço na esfera pública, confrontando e desafiando as representações e discursos hegemónicos mais profusamente difundidos pelos media. O rap político ou underground tem sido, aliás, uma produção cultural fortemente associada à vida de jovens excluídos e, particularmente, dos jovens comummente referidos como de segunda geração. Este facto deriva da própria natureza deste fenómeno musical que, desde as suas origens, está associado a uma cultura de rua fabricada e consumida por jovens de minorias étnicas ou em situação de exclusão. A cultura hip-hop surgida nos anos 70 do século passado no Bronx nova-iorquino dá-nos precisamente conta desse facto. Entretanto, as distintas vertentes do hip-hop (rap, graffiti e break-dance) globalizaram-se e foram apropriadas por grupos juvenis nos mais diversos contextos geográficos e culturais. A literatura revela, precisamente, esta adaptação do hip-hop aos distintos contextos locais e a apropriação do mesmo enquanto dispositivo de comunicação ao serviço de políticas de identidade, nomeadamente étnicas e culturais. No bairro da Cova da Moura quer o rap, quer o graffiti, têm uma presença considerável. Para além de existir um estúdio de produção e de gravação, diferentes rappers aí residentes adquiriram já uma projecção relevante neste circuito de natureza amadora. O graffiti encontra-se, também, fortemente presente na paisagem do bairro, por exemplo através de murais de grandes dimensões retratando uma série de ícones negros (Martin Luther King, Amilcar Cabral, etc.). Ambas as expressões parecem, por isso, servir de alguma forma à construção de diferentes patamares identitários, que ora remetem para uma ideia de comunidade imaginada (africana), ora problematizam a condição complexa das identidades múltiplas.
- VAZ, Cláudia

- CAMPOS, Ricardo

Cláudia Vaz é licenciada, mestre e doutora em Antropologia, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (Universidade Técnica de Lisboa). É Professora Auxiliar no ISCSP e investigadora no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP). Integra o Sh.A.R.P - A Platform for Share and Representing, projecto europeu de investigação-acão desenvolvido no quadro do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (Lifelong Learning Programme) da União Europeia e faz parte da comissão editorial da revista Cadernos de Arte e Antropologia. É coordenadora do livro wwwCulturasDigitais.com (ISCSP, 2011) e autora de Afinal quem sou eu? A identidade de crianças de origem cabo-verdiana em espaço escolar (ISCSP, 2006).
Ricardo Campos é mestre em Sociologia e Doutorado em Antropologia Visual. Actualmente é investigador auxiliar no Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais, da Universidade Aberta (Portugal). É autor do livro Porque pintamos a cidade? Uma abordagem etnográfica ao graffiti urbano (Fim de Século, 2010) e co-organizador do livro Uma cidade de Imagens (Mundos Sociais, 2011). É igualmente um dos editores da revista Cadernos de Arte & Antropologia.
PAP0324 - Perceções e divulgação de artistas plásticos africanos em Portugal
Em Portugal a receção e divulgação da obra de artistas plásticos africanos tem evidenciado, ao longo das últimas duas décadas uma cadência intermitente, marcada pontualmente pela integração das artes plásticas no discurso da lusofonia ou do pós-colonialismo sem que estes factos tenham contribuído na realidade para uma discussão ou análise crítica das suas linguagens particulares, decorrentes, nomeadamente, dos seus trânsitos transnacionais ou permanências continuadas, bem como das dinâmicas históricas que envolvem Portugal e África.
Com esta comunicação propõe-se um olhar sobre a obra de alguns artistas africanos, procurando vislumbrar algumas dinâmicas tais como a afirmação de identidades partilhadas, a problematização das realidades experienciadas nos países de origem ou nos espaços diaspóricos, a guerra e a violência, a reflexão acerca da própria história que envolveu a Europa e a África, assumidas como matéria de reflexão plástica, e desvendando linhas de continuidade entre passado e presente, numa trajetória solvente das fronteiras impostas pelo discurso histórico, que, em última análise, revelam as transfigurações e múltiplas faces da temporalidade vivida, narrada ou transformada em terreno de utopias.
- PEREIRA, Teresa Matos

Nota Curricular
Nome: Teresa Matos Pereira
Formação: Doutoramento em Belas Artes, Mestrado em Teorias da Arte e Licenciatura em Artes Plásticas – Faculdade de Belas Artes de Lisboa
Docente no Instituto Politécnico de Setúbal – Escola Superior de Educação e Investigadora no CIEBA- Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Interesses de investigação. Artes visuais e colonialismo; discursos artísticos e pós-colonialidade.
Textos :
- «A Condição da mulher em Angola na cerâmica de Helga Gamboa, in :ESTÚDIO, Vol.3, nº5, FBA-Ul/CIEBA, Lisboa, 2012( pp.112-118). ISSN 1647-6158
- «As Artes Plásticas nos Labirintos da Colonialidade», in RODRIGUES, José Damião e RODRIGUES Casimiro. Representações de África e dos Africanos na História e Cultura – séculos XV a XXI. PONTA Delgada: CHAM, 2011 (pp.371-387)
- «Desenhos de África, Desígnios Coloniais, Desejos Suspensos: Artes Plásticas e Colonialidade» in CIEA7, Lisboa, ISCTE-IUL (disponível em http://hdl.handle.net/10071/2533 )
- "Intervisualidade e Metáfora. Trajectórias dos Signos na Pintura Angolana e Portuguesa durante a segunda metade do séc. XX " In Actas do VI Congreso de Estudios Africanos en el Mundo Ibérico (CD-ROM) Depósito Legal: GC- 247-2009
PAP0590 - Reestruturação Produtiva e Organização do Trabalho no Pólo Oleiro-Cerâmico de Iranduba-AM
Nossa pesquisa tem
por objetivo
evidenciar e
discutir a
reestruturação
produtiva e sua
relação com a
organização do
trabalho em três
empresas do Pólo
oleiro-cerâmico de
Iranduba, setor que
fabrica cerca de 80%
de tijolos e telhas
consumidos na cidade
de Manaus, metrópole
com 2 milhões de
habitantes, e que
está localizada na
Amazônia brasileira.
Nos últimos anos
esse setor
tradicional da
economia do estado
do Amazonas- Brasil
vem passando por
transformações no
âmbito da
configuração do
trabalho que estão
ligadas ao processo
global da nova forma
de acumulação do
capital, qual seja,
a acumulação
flexível. A
introdução de
técnicas
organizacionais,
como Círculos de
Controle de
Qualidade, Programa
5S, e busca por
certificação
internacional ISO
9000 e 14000
caracterizam esse
cenário. Nesse
sentido, nosso
trabalho busca
compreender como
emerge e
desenvolve-se esse
processo de
reconfiguração
produtiva em um
setor que, até pouco
tempo, era
caracterizado pela
baixa tecnologia
empregada na
fabricação dos seus
produtos, e que
usava a madeira
nativa como
matéria-prima na
queima dos tijolos e
telhas. Trata-se,
portanto, de
investigar de que
forma uma fábrica
local tradicional é
incorporada por
meios globais de
dinamização do
capital e, em que
sentido, se
desenvolve a
racionalidade
capitalista no
interior de um
processo produtivo
recente no contexto
oleiro-cerâmico.
Além disso, a
pesquisa procede à
compreensão das
estratégias
empreendidas pelos
proprietários das
olarias quando da
implantação de
inovações
tecnológicas e
organizacionais, bem
como analisa a ação
dos trabalhadores
oleiros frente a
essas mudanças na
organização do
trabalho
implementadas pelo
empresariado local.
- MACIEL, Cleiton Ferreira
- VALLE, Maria Izabel de Medeiros
- MOURA, Jeanne Mariel Brito de
PAP0474 - Ter saúde na última fase da vida: lógicas do saber leigo
O mundo contemporâneo da saúde reúne
características que permitem a produção de
contextos sociais plurais, por vezes com
elementos contraditórios entre si. Nestes,
cada indivíduo constrói o seu espaço singular
face à saúde, apropriando-se e recriando no
seu quotidiano o material social que lhe é
mais significativo. Esta acção criativa
expressa um território de decisão e
transformação importante, a que acresce ainda
a diferença de expressão da saúde por
associação a cada etapa do trajecto de vida.
Cada tempo social de vida confere um pano de
fundo único na compreensão das lógicas que
movem as práticas e o pensar sobre a saúde
individual. Na velhice, a leitura realizada
sobre as mudanças fisiológicas ocorridas
determina a progressiva alteração de
necessidades, do tipo de problemas que podem
surgir, assim como a percepção que cada
indivíduo desenvolve sobre a sua condição,
recursos necessários e estratégias de actuação
adequadas. Nesta fase, ocorrem igualmente
significativas mudanças ao nível da estrutura
familiar, actividade económica e redes
sociais, com potenciais efeitos na saúde,
assim como no tipo de utilização dos recursos
sociais disponíveis. O ter saúde é uma noção
subjectiva em permanente mudança, construída
no confronto dinâmico entre as disposições
sociais dominantes ou mesmo residuais sobre o
significado de ser saudável. Constitui assim
um elemento micro de leitura das lógicas
sociais que estabelecem a condição pessoal
perante a saúde num certo tempo da vida, num
determinado tempo sócio-histórico. Por outro
lado, o progressivo aumento da esperança de
vida tem vindo a permitir o aparecimento de
uma última idade temporalmente mais longa, com
a possibilidade de ser vivida com mais saúde.
Esta expectativa social permite o
desenvolvimento de novas lógicas em torno da
noção de saúde pessoal, que importa analisar.
Com base na realização de entrevistas junto de
mulheres e homens em idade mais avançada,
procurou-se apreender e explorar as lógicas
que suportam à construção das suas noções
pessoais de saúde no seu tempo actual de
vida.
- GOMES, Inês

Inês Gomes é Investigadora Colaboradora no CESNOVA – Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, onde actualmente desenvolve o seu doutoramento em sociologia, subordinado ao tema “Saúde e envelhecimento: Práticas e representações sociais de género”. Mestre em Saúde Pública, conta com um trajecto profissional e académico na área da saúde, tendo-se dedicado neste âmbito aos temas do envelhecimento e do género.
PAP1018 - Violência Contra a Mulher Idosa: uma análise das histórias de vida de mulheres que frequentam espaços de convivência para a “Terceira Idade” em Belém do Pará
O presente artigo traz uma análise das histórias
de vida de mulheres que frequentam espaços de
convivência para a “Terceira Idade”, com o
objetivo de verificar a partir dos relatos das
idosas situações de violência doméstica e
familiar. A pesquisa leva em consideração o
papel primordial da família, a partir dos atores
sociais que a constitui. Tendo em vista, a
relevância social desta discussão faz-se
necessária a análise da situação de violência,
que uma significante parcela dos idosos
brasileiros tem vivenciado. Em se tratando dessa
questão que ganha importância, a violência
contra as pessoas idosas cujo enfoque é a
percepção da violência a partir dos depoimentos
das mulheres idosas ao transversalizar o debate
com os marcadores sociais de classe, gênero e
cor. A pesquisa ocorreu no Centro da Terceira
Idade Palácio Bolonha e na Casa do Idoso, ambas
as instituições localizadas na cidade de Belém
do Pará. Trata-se de espaços de convivência com
características remetidas aos velhos que ganham
o nome também significativo de Terceira Idade.
Esse nominativo é utilizado para expressar novos
padrões de comportamento de uma geração que se
apo¬senta e envelhece de uma maneira
independente e prazerosa. Devido a pouca
literatura que se tem sobre a violência contra
mulheres idosas e como elas se veem perante a
sociedade é que torna importante a realização
desse trabalho. Todavia, a pesquisa não se
realiza apenas no que tange a violência
doméstica e familiar contra as idosas, mas
também levanta alguns aspectos correntes na
velhice, como o descaso com as idosas e a
sociabilidade delas em espaços da Terceira
Idade. Devemos compreender que o nominativo
Terceira Idade foi construído para positivar o
cotidiano dos(as) idosos(as) em espaços de
convivência. Em um universo da Terceira Idade
afloram problemas vividos e compartilhados que,
não os(as) fazem sentir a terceira idade, mas o
que mostram é que fazer parte da terceira idade
e lê-se também dos espaços de convivência é algo
de que os(as) idosos(as) sentem orgulho.
Entretanto, há questões prementes a serem
destacadas; o abandono e outras formas de
violência que pululam nos depoimentos, a partir
de um recorte de trabalho que se insere no campo
da violência de gênero. Cabe destacar, que a
pesquisa baseia-se em cima das concepções de
alguns autores, de que a mulher idosa é vista
como sujeito de direitos e não como vítima
passiva da dominação. Nesse contexto, o recorte
da
PAP1180 - “Cidade Maravilha, purgatório da beleza e do caos” - Globalização e Política Urbana no Rio de Janeiro no limiar do século XXI
Qualquer análise
sobre as
transformações
observadas nas
cidades
contemporâneas não
pode prescindir de
uma referência à
globalização. Esta
aparece, em geral,
como uma “entidade”
implacável que não
deixa “pedra sobre
pedra” por onde
atua, definindo
novos rumos à
economia, à cultura,
às relações sociais,
à política e à
dinâmica citadina,
em diferentes partes
do planeta. Pensar a
globalização como
algo dado,
inevitável é
desconsiderar o fato
de que ela se
configura enquanto
um projeto
incompleto que traz
em si duas verdades
(contraditórias em
sua essência): “uma
geografia sem
fronteiras e de
mobilidade e uma
geografia de
disciplina de
fronteira” (MASSEY,
2008). Em suma,
extraterritorialidade para
uns (homens de
negócios, da
cultura, acadêmicos,
turistas) X prisão à
localidade para a
grande maioria
desfavorecida
(BAUMAN, 1999). A
realidade que marca
muitas cidades,
sobretudo aquelas de
países emergentes ou
do Terceiro Mundo,
demonstra o quão o
ambiente urbano tem
sido desfavorável
quanto às
possibilidades de
acesso e de escolha
por parte de grande
maioria dos
citadinos,
agudizando/cronificando
situações de
pobreza, exclusão,
segregação,
mobilidade,
preconceito/discriminação,
desemprego, falta de
participação
política. A Cidade
do Rio de Janeiro é
exemplar para a
discussão sobre a
forma como o tripé
globalização,
desigualdade e
mobilidade tem se
conformado nos
discursos dos
diferentes atores e
se expressado
objetivamente na
configuração das
relações que marcam
a espacialidade
urbana. O que se
constata é que as
diferentes
iniciativas de
gestores e
planejadores –
materializadas nas
políticas urbanas
que, desde os anos
90, principalmente,
buscam inserir a
Cidade no que se
convencionou chamar
de “mercado mundial
de Cidades” – não
têm sido capazes de
dirimir as
desigualdades
intraurbanas,
tampouco de
proporcionar a todos
os moradores o
acesso às tão
difundidas
“vantagens” da
globalização. A
marca que se
pretende impingir ao
Rio de Janeiro –
associada à cultura,
ao lazer, aos
esportes, aos
grandes eventos
internacionais – e
as ações
implementadas a
partir de parcerias
público-privadas
reeditam políticas
urbanas excludentes,
segregacionistas,
claramente
comprometidas com as
demandas do capital.
Mesmo as
iniciativas
ancoradas no
discurso de
integração da
“cidade informal”
(“favelas”) à
“cidade formal”, bem
como as ações de
“pacificação” das
comunidades antes
dominadas pelo
tráfico possuem
vinculação ao modelo
de cidade perseguido
(cidade global) e
nenhum compromisso
com as demandas
legítimas dos
citadinos. Tudo
isto fica muito
claro quando
constatamos que as
áreas priorizadas
por estes projetos
são aquelas com
maior visibilidade e
as que agregam
equipamentos
voltados para o
turismo, para a
cultura e o lazer.
- MAIA, Rosemere Santos
- ICASURIAGA, Gabriela Lema
PAP1527 - "Herencias, innovaciones y nuevas síntesis en el pensamiento sobre la práctica política en America Latina"
En América Latina la crisis del neoliberalismo abrió paso a diversas experiencias populares que delinearon una agenda alternativa al Consenso de Washington y avanzaron en la consolidación de nuevos bloques de poder nacionales y regionales. Izquierdas "buenas" vs izquierdas "malas", populistas vs institucionalistas, radicales vs reformistas, las caracterizaciones que se han hecho de ellos carecen de un bagaje conceptual común y obedecen más a un afán calificatorio apriorístico que a una reflexión sobre las nuevas formas en que las mayorías populares despliegan su acción política con vocación transformadora. Como contrapartida, , autores como Álvaro García Linera, Emir Sader y Marco Aurelio García ofrecen la posibilidad de rastrear las permanencias, innovaciones y resignificaciones del legado del pensamiento de izquierda a la luz de la propia práctica política, volviendo a poner en la cuestión acerca del origen de las ideas correctas. Ni creación "ex nihilo" ni mera repetición, a nuestro modo de ver, los conceptos que adquieren cierta trascendencia teórica cobran su pleno sentido en el contexto en que se forjan: mal podemos desplazarnos con ellos graciosamente a través de la geografía o el calendario sin generar más confusión que esclarecimiento. A partir de una somera periodización de las formas en que se fue articulando el pensamiento y la practica política de izquierda entre la escena mundial y la latinoamericana a lo largo de la historia, nos proponemos analizar las herencias e innovaciones de estas connotaciones en los autores aludidos y cuestionar los "usos" de los conceptos sin tomar en cuenta estas particularidades.
- TOER, Mario

Sociólogo, estudió en la Universidad de Buenos Aires y se desempeña como docente en la Universidad de Chile hasta 1973. Luego del golpe de Estado que derroca a Salvador Allende publica La vía Chilena, un balance necesario (1974). Desde 1974 continua sus actividades como docente y como investigador en la UBA, en torno a las distintas formas de articulación política de los partidos y los frentes populares de izquierda en América Latina. En noviembre de 1975 es puesto a “disposición del Poder Ejecutivo” y habrá de ser uno de los miles de presos políticos de la dictadura, Recupera la libertad y se exilia en Londres a fines de 1981 donde puede retomar la actividad académica llevando a cabo estudios de doctorado en la London School of Economics hasta que se produce el retorno argentino a la democracia. Ya en Argentina se incorpora nuevamente a la UBA donde se hace cargo de una cátedra de Sociología por 25 años. Poco después asume también la cátedra de Política Latinoamericana en la Facultad de Ciencias Sociales. En la actualidad es profesor consulto de la misma facultad y director de un equipo de investigación del Instituto de Estudios de América Latina y el Caribe –IEALC, ámbito en el cual estudia los actuales procesos que vive la región prestando especial atención a las fuerzas alternativas al neo-liberalismo. Ha publicado varios libros, capítulos de libros y artículos entre los cuales se destacan De Moctezuma a Chávez. Repensando la historia de América Latina (2011, 4ta ed.) y próximamente será publicado un nuevo libro que resume los trabajos de él y su equipo sobre las diferentes épocas del devenir del capitalismo del siglo XX y las distintas estrategias de construcción y articulación de las fuerzas políticas de izquierda en la región.
PAP0665 - ''Covilhã e cidades alpinas: o contributo da paisagem para a sustentabilidade urbana
A qualificação dos ambientes urbanos e a conservação do carácter tradicional dos núcleos antigos resulta da compreensão da importância destes aspectos para a sustentabilidade das cidades. Esta é uma realidade que tende a evidenciar-se no actual contexto de competitividade que leva as cidades a desenvolver estratégias de promoção de imagens de marca que se considera caracterizarem as localidades.
Neste contexto, a cidade da Covilhã destaca-se como caso de estudo de particular interesse. No quadro das cidades portuguesas intermédias, detém um perfil singular de cidade de montanha com expressão de uma significativa tradição industrial. Os efeitos da industrialização na paisagem e na evolução urbana estão associados a consequências urbanísticas muito significativas e a fortes marcas identitárias até aos anos oitenta do século XX.
Na época contemporânea a função universitária será instituída e torna-se o principal activo moldando um perfil urbano tendencialmente mais cosmopolita. Dos pontos de vista urbanístico, arquitectónico e paisagístico, muitas das transformações associadas à Universidade foram significativas e caracterizam-se por linhas gerais de orientação de valorização das pré-existências (associadas à indústria) e da paisagem urbana, ligando a cidade à envolvente natural. A implementação do programa Polis veio reforçar esta tendência, centrando-se na reconversão das áreas das ribeiras e promovendo as acessibilidades pedonais.
Em termos prospectivos, a reaproximação da cidade relativamente ao espaço natural como elemento simbólico e identitário tem potencial para singularizar a cidade. Poderia ser acolhida por uma cultura de planeamento que recuperasse o carácter singular da cidade em simbiose com a montanha, e bem assim, a noção cultural e simbólica do valor da paisagem, gerando uma nova ideia de cidade, interessante para o planeamento e a reabilitação espacial e social. Seguiria a linha das transformações operadas pela UBI (tanto ao nível espacial como social e cultural), por algumas das intervenções do programa Polis (obras de valor desigual mas que, no conjunto, ensaiam uma nova visão reestruturante para a cidade pós-industrial) e pelo Plano de Pormenor da Zona Intra-Muralhas do Centro Histórico da Covilhã (que iniciou a reconversão de uma zona da cidade caracterizada pelo abandono). O desenvolvimento desta reconversão urbanística adoptaria uma identificação com a montanha, assumindo diferentes frentes (simbólicas, ambientais, paisagísticas e económicas), em analogia com a lógica já adoptada por outras cidades de montanha europeias, com a participação cívica e a colaboração em rede entre instituições.
Com base nestas premissas, poderia então elaborar-se um projecto de cidade assente na tolerância e na participação, enquadrado pelos valores da sustentabilidade e da qualidade de vida.
- MATOS, Maria João

- VAZ, Domingos

Maria João Matos. Doutorada em Arquitectura e Paisagem pela Universidade da Beira Interior e pela Université Paris 8. Docente e investigadora no Mestrado Integrado em Arquitectura da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Investigadora do permanente do CIAUD, Faculdade de Arquitectura, Universidade Técnica de Lisboa.
Interesses de investigação: Paisagem, Desenho urbano, Relação arquitectura-paisagem.
Domingos Martins Vaz, professor no Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior e investigador do CesNova (Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa). A sua principal área de estudo é a sociologia urbana e do território, sendo autor do livro Cidades Médias e Desenvolvimento: o caso da cidade da Covilhã [UBI, Covilhã, 2004], organizador do livro Cidade e Território: Identidades, Urbanismos e Dinâmicas Transfronteiriças [Celta, Lisboa, 2008] e autor de diversos textos nos domínios das cidades, do ordenamento do território e do desenvolvimento regional.
PAP0069 - (Con)Textos de (In)Visibilidade Social - Construção de um modelo de análise sócio-ecológico do crime de Tráfico de Seres Humanos
Tomando como objecto de estudo o Tráfico de
Seres Humanos, é propósito da comunicação
apresentar uma proposta de um modelo de
análise para a compreensão deste crime através
da resposta à questão de partida: Que factores
sócio-ecológicos relevam para a ocorrência do
crime de tráfico de seres humanos?
A esta questão, antecipamos, decorre da
hipótese de que a ocorrência deste crime –
multidimensional, de extrema complexidade e
reconhecida opacidade (adjectivação comummente
utilizada) – resulta da dialéctica, num dado
momento, entre a acção humana e a estrutura
ambiental, ou seja, o território, seus
actores, suas relações sociais e significados
atribuídos.
Esta abordagem não é desconhecida ao estudo da
criminalidade. Todavia, no que concerne
especificamente ao crime do Tráfico de Seres
Humanos, a sua análise têm-se principalmente
centrado em abordagens que debatem ou se
aliam, muitas vezes, a discursos específicos,
como a do tráfico explicado pelas teorias da
migração, o tráfico explicado pelas teorias da
desigualdade/violência de género, e o tráfico
explicado pelas teorias da globalização.
Sendo relevantes, a necessidade de uma análise
compreensiva, integrada, que se postula em
muitos dos mesmos estudos, não é totalmente
atingida, ao não se observar o espaço sócio-
ecológico da sua ocorrência, e principalmente
da sua prevalência, como dimensão explicativa.
Como refere Machado, “Embora não se deva
perder de vista que a prática de qualquer
crime responsabiliza o(s) seu(s) autor(es), é
imperativo reconhecer que, para além dos
factores pessoais, os actos criminais são
fortemente influenciados pelas interacções que
os responsáveis (…) estabelecem com o ambiente
físico, com outras pessoas, com diferentes
grupos sociais, e também pela avaliação de
risco (…). Esta é uma questão crucial (…)
[pois] não existem vítimas sem um contexto de
vitimação (…)” (Machado, 2010, pp.14 e 15).
- PENEDO, Rita

Rita Penedo, Licenciada em Sociologia pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE-IUL), com Pós Graduação em Crime, Violência e Segurança Interna e a frequentar o Mestrado de Ecologia Social e Problemas Sociais Contemporâneos, ambos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa, iniciou a sua atividade como Bolseira de Investigação no CIES/ISCTE e no ICS. Desde 2006, trabalha no Ministério da Administração Interna, ocupando atualmente a posição de Consultora da Direção-Geral de Administração Interna. A atividade central é junto do Observatório do Tráfico de Seres Humanos do Ministério da Administração Interna e como Ponto de Contacto da Direção-Geral de Administração Interna junto da Rede Europeia de Prevenção da Criminalidade. Desde julho de 2012, ocupa lugar na Direção da Associação Portuguesa de Sociologia (Suplente). Principais interesses: Prevenção da Criminalidade.
PAP0989 - (DES)REGULAÇÃO LABORAL, IMIGRAÇÃO E VULNERABILIDADE OCUPACIONAL: AS CONTINUIDADES DA MUDANÇA NO SERVIÇO DOMÉSTICO EM PORTUGAL
O trabalho doméstico remunerado, enquanto esfera autónoma de relações laborais e âmbito de análise, tem sido, em Portugal, um fenómeno social pouco observado. Um modelo de dominação masculina assente sobre um conservadorismo social alargado, a natureza privada do espaço em que a actividade é desempenhada, um conjunto de representações sociais influentes sobre os papéis de género e uma consequente generalização e enraizamento sociocultural da percepção do trabalho doméstico enquanto arena feminizada são, entre outros, traços que explicam e evidenciam, para o caso português, a inanidade crítica prevalente no campo. Paradigma da relação laboral vincada pela assimetria social e sustentada por uma percepção de dependência partilhada entre empregado e empregador o trabalho doméstico conserva ainda, em alguns casos, uma matriz de servitude legatária da figura da criada. Matriz essa da qual o Estado foi um agente activo de perpetuação ao favorecer, continuadamente, um enquadramento do trabalho doméstico marcado pela vulnerabilidade, nomeadamente através da conservação do estatuto ilegítimo e vago destas trabalhadoras por via da recusa arbitrária da inclusão destas no universo de abrangência do Código do Trabalho. Na última década a consolidação de alguns contingentes imigrantes tem sido reflectida na composição da mão-de-obra que ocupa este sector. Este trabalho pretende caracterizar e discutir o contexto legal quer do serviço doméstico quer do trabalho imigrante e a influência que ambos têm exercido um sobre o outro, designadamente nas transformações recentes que alguns dados oficiais têm permitido observar relativamente a este sector. Complementarmente aos dados dos Quadros de Pessoal e da Segurança Social a análise quantitativa assentará nos dados do primeiro inquérito aplicado a nível nacional ao universo das trabalhadoras domésticas tentando deste modo identificar processos de continuidade e de transformação dentro do serviço doméstico em simultâneo com tendências de desenvolvimento consequentes destes mesmos processos.
- DIAS, Nuno
PAP0244 - (Des)Motivações para o Exercício do Voto - um estudo sobre participação eleitoral entre Jovens do Ensino Superior
Direito inalienável dos sistemas democráticos e condição de garante do seu funcionamento, o voto é o meio por excelência de intervenção dos cidadãos na atividade política através da participação em atos eleitorais. Em declínio acentuado em Portugal bem como na generalidade das democracias ocidentais em favor de uma crescente abstenção, a participação eleitoral adquire cada vez maior relevância científica e social no contexto atual, buscando-se os significados que presidem aos comportamentos eleitorais e equacionando-se eventuais consequências para os sistemas democráticos. Várias questões se têm levantado acerca da importância do voto para os cidadãos portugueses, da capacidade de funcionamento e qualidade da democracia, do grau de confiança das instituições políticas e seus atores junto dos eleitores. Nesse sentido, torna-se pertinente conhecer junto dos eleitores que elementos os (des)motivam a participar eleitoralmente.
“(Des)Motivações para o exercício do voto” consiste numa investigação realizada no âmbito de uma dissertação de Mestrado em Sociologia pela FLUP, que tem como objeto de estudo central a participação eleitoral e pretende problematizar os principais fatores subjacentes às decisões dos eleitores se absterem ou participarem nos diferentes atos eleitorais.
Consideram-se tanto votantes como abstencionistas com o objetivo principal de identificar os fatores na origem das respetivas decisões eleitorais – de votar ou de se abster – e compreender de que forma estes podem influenciar a participação eleitoral.
Neste âmbito, os jovens estudantes do ensino superior são um grupo que adquire particular relevância na medida em que constituirão grande parte da próxima geração de eleitores. Além disso, os jovens têm vindo a ser frequentemente apontados como um grupo cada vez mais presente no seio dos abstencionistas, equacionando-se o valor pelos mesmos atribuído ao direito de voto em comparação com outras formas de participar politicamente.
Assim, o foco empírico desta investigação incide sobre os jovens estudantes do ensino superior (idades entre os 18 e os 28 anos). A amostra selecionada é composta pelas Faculdades de Letras e de Medicina da Universidade do Porto. Seguiu-se uma metodologia quantitativa, elegendo-se o inquérito por questionário como técnica privilegiada.
O resultado foi um conjunto de constatações importantes sobre o papel da conjuntura, das representações e das atitudes face ao universo político nas decisões de participar eleitoralmente por parte dos indivíduos inquiridos.
- SILVA, Frederico Ferreira da

Frederico Dias Ferreira da Silva, licenciado em Sociologia e mestre em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto desde 2011. Os interesses de investigação são na área da sociologia política, nomeadamente ligada à participação e comportamento eleitoral, tema em que se inseriu a dissertação de Mestrado.
PAP1390 - (IN)ADEQUAÇÃO DA RELIGIOSIDADE AOS VALORES DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
As mudanças estruturais são, por natureza, produtoras de
novas reconfigurações, não só simbólicas, porque
evocadoras do inefável, como também sociais, enquanto
processo constitutivo de representações e constelações
imanentes. A teoria da modernização é um desses complexos
processos que desconstruiu as macroconfigurações globais
institucionais, produzindo ondas nas instituições
clássicas de socialização, como a família, a Igreja, a
escola, etc. Uns dos seus traços caraterísticos são as
suas mudanças céleres e profundas, o que torna difícil de
vislumbrar qualquer orientação precisa e, por
conseguinte, fazer previsões de futuro.
O que por vezes mais impressiona na sociedade moderna, na
sociedade de informação, não é somente a
performatividade, mas a velocidade com o que é novo se
converte rapidamente em obsoleto.
Observando longitudinalmente certas alterações nas
instituições clássicas da sociedade, há, porém, aspetos
consensuais que podem configurar padrões de uma nova
sociedade e de um novo modo de sociabilidade humana,
marcado, agora, por uma certa deterioração de crenças,
pela flexibilização da ortodoxia dos conteúdos, de molde
a permitir a consecução do progresso por vias
alternativas às socialmente dominantes, e a própria
erosão da institucionalidade.
O resultado desta nova mentalidade, mais típica da
sociedade das novas tecnologias e das redes digitais,
corresponderia à emancipação da tutela do religioso,
descrito por muitos autores como a secularização da
sociedade, que mais não seria do que o processo
sociocultural que esvazia de conteúdo o religioso,
enquanto dador normativo. A religião passa, assim, do
foro público, na matriz tradicional, para o âmbito
privado, na conceção da sociedade moderna. De uma
religião modeladora da vida sociocultural, passa-se ao
progressivo adelgaçamento da influência da religião.
A partir deste nexo causal entre valores e instituições,
pretendemos analisar a relação existente entre religião e
sociedade de informação. Seria de esperar que, na
sociedade moderna, se encontre uma separação entre a
racionalidade da sociedade de informação e os níveis de
religiosidade.
Resposta que tem na prática duas vertentes: uma primeira
que consiste na incapacidade da religião para suportar as
atitudes da sociedade da informação; e uma segunda que
realça o caráter adaptativo e o nexo causal entre
religião e a sociedade moderna.
PAP1554 - (In) diferença - regimes de envolvimento associativo em Portugal: o caso específico do VIH/SIDA
A alteração das sensibilidades nas sociedades modernas, promovem um emergente interesse em torno dos «sofrimentos e de compaixões» verificáveis em diferentes formas de manifestação que podem apresentar olhares diferenciados consoante o quadrante político ou o sentir colectivo relativamente a certos aspectos da vida social. O sentimento de vulnerabilidade, associado às vítimas de SIDA, poderá ser um dos factores promotores de diferentes interpretações críticas e manifestações colectivas de indignação que é denunciada publicamente pelos movimentos associativos ligados a esta causa, originando controvérsias, disputas e conflitos na arena pública que diferentes gramáticas de motivação conduzem os actores a associar-se. O surgimento do VIH/SIDA em Portugal representou e continua a representar um conjunto de desafios ao Estado e à sociedade civil que as políticas sociais tiveram que considerar. Adequação das acções e das gramáticas às especificidades dos universos culturais e simbólicos que a SIDA incorpora, permitiu a abertura de espaços de intervenção de actores não estatais em virtude das respostas indiferenciadas de carácter universalista que o Estado tendencialmente produz. A mobilização destes actores, surge em consequência do cruzamento das intenções do indivíduo e do colectivo, fazendo com que os indivíduos actuem individualmente como partes de um colectivo que persegue um fim comum sujeito a um acordo. A especificidade do acordo e as modalidades de cooperação da acção são ingredientes fundamentais para perceber qual a gramática e regimes de acção em que se baseiam as organizações ligadas à defesa desta causa Esta comunicação visa fundamentalmente dar a conhecer as reflexões de um estudo em torno dos regimes de envolvimento dos membros que se disponibilizam para militar em organizações da sociedade civil cuja acção colectiva está centrada no domínio do VIH/SIDA.
- DUARTE, Pedro
PAP0604 - (In) visibilidades e paradoxos na violência contra as pessoas idosas
O problema da violência contra as pessoas idosas não constitui um problema novo, mas ganha hoje uma maior visibilidade social. Crise da família ou a perda de alguns valores e práticas sociais, no seio da família, são alguns dos argumentos invocados para a construção social da violência contra as pessoas idosas. Se a família pode ser hoje um local de afetos e reciprocidades, também pode constituir um lugar de omissões e de violência. As perceções sociais face ao problema por parte da população em geral e os números reais obtidos através de estudos europeus de prevalência revelam desfasamentos e paradoxos. Os resultados qualitativos que apresentaremos surgem no âmbito do projeto de investigação Envelhecimento e Violência, financiado pela FCT, que tem como objetivo estimar a prevalência da violência (física, psicológica, financeira, negligência e sexual) contra as pessoas com 60+ anos na população portuguesa, caracterizando as condições de ocorrência no contexto familiar, bem como os fatores de risco associados. Na fase exploratória do estudo, e a partir de uma amostra por conveniência, analisaram-se as representações sociais que as pessoas com 60+ anos têm do fenómeno. Quais os principais atos de violência identificados? Quais os fatores de risco? Quais os circuitos institucionais da denúncia? Estas e outras questões constituíram os eixos de análise que serviram de base para a utilização da técnica de focus group. Para o efeito foram constituídos 4 grupos heterogéneos, homens e mulheres, com 60+ anos, oriundos de freguesias rurais e urbanas, na região de Lisboa. Os resultados revelaram que a questão da violência constitui um novo risco social, que se traduz no conhecimento crescente de casos (diretamente ou pelos mass media), influenciando as perceções que se constroem sobre a sua natureza e extensão. A sobrevalorização do problema gera uma visão simplificada e reduzida a uma relação interpessoal. A complexidade das relações intergeracionais obriga ao reconhecimento da ambivalência como parte integrante destas e à diferenciação entre conflito e violência. Torna-se necessário distinguir o que é um ato violento, de um ato que tem subjacente um conflito familiar, que resulta, por vezes, do processo desigual de atribuição das responsabilidades familiares ou das condições adversas que o exercício das práticas de cuidar exige. De modo a contribuir para a clarificação das fronteiras conceptuais entre conflito e violência, a perspetiva sócio-ecológica possibilita-nos um modelo teórico multifactorial, compatível com a complexidade do problema em análise e articula fatores de risco: individuais, contextuais e estruturais. A realização de estudos de base populacional que possam estimar a prevalência da violência, que hoje as pessoas idosas são vítimas, passou a ser premente no planeamento das políticas públicas que visem assegurar um envelhecimento mais saudável e seguro.
- GIL, Ana Paula

- SANTOS, Ana João

Ana Paula Gil, doutorada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL), é investigadora no Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor. Ricardo Jorge, no âmbito do Programa Ciência 2008. É investigadora responsável do projeto “Envelhecimento e Violência” financiando pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PDTC/CS-SOC/110311/2009) (2011-2014).Tem desenvolvido atividade de investigação nas áreas do envelhecimento e políticas sociais, família e relações intergeracionais, e saúde pública.
Ana João Santos é licenciada em Psicologia, pré-especialização em comportamento desviante pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Mestrado em temas de psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Investigadora no projeto europeu “Prevalência do abuso e negligência a mulheres idosas” (AVOW), no âmbito do DAPHNE III (programa de financiamento da União Europeia), desenvolvido na Escola de Psicologia da Universidade do Minho entre Março de 2009 e Março de 2010. Bolseira de investigação desde Abril de 2011 no projeto de investigação “Envelhecimento e Violência” desenvolvido pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P.
PAP0319 - (Ir)responsabilidade Social Empresarial (de Género): uma perspetiva reportada ao fenómeno do femícídio em Juárez, no México
A Cidade de Juárez, no México, é a cidade mais industrializada de toda a América do Norte e onde se concentra o maior número de empresas estrangeiras. Considerada por muitos a cidade mais perigosa do mundo é, também, aquela onde ocorrem mais mortes de mulheres por razões misóginas (femicídio), muitas das quais eram trabalhadoras das indústrias maquiladoras ali existentes. As empresas estrangeiras, sobretudo as norte-americanas, dos EU, terão contribuído positivamente para o crescimento económico e demográfico do México e daquela zona, mas, por outro lado, parece haver uma relação entre o aumento da criminalidade por razões misóginas e o trabalho das mulheres nas maquiladoras, que pode resultar do confronto de culturas e hábitos locais, enraizados na população mexicana, com os que são transportados do exterior com as empresas. As empresas estrangeiras, ao instalarem-se em países menos desenvolvidos do que o da origem, raramente levam em conta os impactos sociais e culturais que daí podem resultar, nomeadamente, quando estão em causa questões de género, que afetam principalmente as mulheres. Neste paper, partindo do exemplo de Juárez, chamamos à atenção para a crescente cosmopolitização das empresas e tendência para a exploração à escala global do trabalho feminino dos países menos desenvolvidos e do Terceiro Mundo e da necessidade de responsabilizar essas empresas e exigir que adotem medidas de Responsabilidade Social Empresarial de Género (RSEG), que possam evitar uma nova vaga mundial de desigualdades e, nomeadamente, impedir o aumento (global) da violência de género contra as mulheres dos países menos desenvolvidos e do Terceiro Mundo.
- FERREIRA, José Eduardo Catalão Garrido

José Catalão Ferreira, doutorando do programa de doutoramento em "Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI" da Faculdade de Direito, Faculdade de economia e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, licenciado em Sociologia pela Faculdade de economia da Universidade de Coimbra, pós-graduado em Sociologia, em Economia Social e em Direito. Os temas de interesse são a economia social, a inclusão e exclusão social, as diferenças de género e tudo o que esteja relacionado com as organizações, o trabalho e emprego. Fez a dissertação de mestrado sobre o tema do empreendedorismo e as medidas de apoio à criação do próprio emprego e está em investigação para a tese de doutoramento com o título "Trabalho Procura Direito(s): da (des)coletivização à individualização do(s) direito(s) associados ao trabalho e emprego
PAP0863 - (Re) Construindo discursos e práticas: A experiência social de um grupo de famílias no quotidiano da doença mental - os desafios das pesquisas participativas
A doença mental tem vindo a constituir-se num domínio de crescente interesse a nível internacional, no que respeita ao desenvolvimento de políticas públicas, mas também no que diz respeito à investigação necessária para balizar essas opções de política (OMS, 2001). Portugal tem seguido essas tendências internacionais, com atrasos e com especificidades. A realidade portuguesa revela a coexistência de características do moderno e do tradicional, o que tem dificultado a desinstitucionalização psiquiátrica na prática (Hespanha, 2009). Na realidade, a desinstitucionalização dos doentes mentais tem sido suportada pelas famílias (Alves, 1998, 2011).
Esta pesquisa procura compreender o impacto da doença mental nas vivências quotidianas e nas trajectórias de vida dos familiares cuidadores de pessoas com doença mental crónica. Quais as necessidades sentidas? Quais os recursos mobilizados? Quais os processos desencadeados para lidar com a doença mental?
A comunicação apresenta os principais resultados obtidos junto de um grupo de 10 cuidadores familiares de pessoas com diagnósticos clínicos de doença mental, que participaram em onze sessões de grupo realizadas entre Junho e Dezembro do ano de 2010, utilizando uma metodologia de investigação qualitativa e participativa.
Os resultados dão visibilidade à situação vivenciada pelos cuidadores familiares nos múltiplos níveis onde a vida quotidiana decorre: gestão da doença; inserção comunitária e social; interacção familiar; gestão económica e nível cultural (as crenças; os preconceitos; os estereótipos, as tensões e as ambiguidades entre cuidadores, família nuclear e alargada, vizinhança, instituições, profissionais e serviços). Os impactos são múltiplos e abrangem as várias dimensões desta quotidianidade, ressaltando a escassez de recursos comunitários formais e informais para o apoio destas famílias.
Apesar de se poderem observar trajectórias diferenciadas, os participantes no grupo foram construindo, ao longo das sessões, uma consciência colectiva das necessidades, das vivências, dos problemas, dos recursos existentes para lidar com a doença e suas consequências. Neste contexto, problematizam-se as potencialidades e limitações das metodologias participativas ao nível da investigação e ao nível da cidadania activa que autorizam e dinamizam.
Por fim, discutem-se os impactos da doença mental na vida quotidiana da família no contexto da reforma e da reestruturação dos serviços de saúde mental em curso, previstas no Plano de Saúde Mental (2007-2016).
Pesquisa efectuada no âmbito do Mestrado em Ciências Sociais e Saúde, do ISSSP, por Alexandra Domingos (mestranda), e Fátima Alves (CEMRI/FCT/UAb), (orientadora científica).
- DOMINGOS, Alexandra
- ALVES, Fátima

Fátima Alves
prof Auxiliar do Departamento de Ciências Sociais e de Gestão da Universidade Aberta; Investigadora integrada no CEMRI - Participa atualmente em dois projectos de investigação financiados: 'Politicas e Racionalidades de Saúde' em parceria com o ISCSP; ISCTE; UNiversidade de Évora; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; é investigadora responsável pelo projeto “Impacto das políticas de saúde mental nas redes sociais de apoio à reabilitação e integração em contextos interculturais diversos: o caso de Portugal e Alemanha”, em parceria com a Universidade de Hamburgo, o Centro de Psicologia da Universidade do Porto, o CAPP/ISCSP e o Laboratório de reabilitação psicossocial.
PAP1032 - (Re)configurações da interacção na sociedade em rede. Um estudo do impacto da comunicação mediada na sociabilidade
Empregando metodologias predominantemente intensivas e assumindo entre outras a herança dos rituais de interacção de Collins e a perspectiva dramatúrgica de Goffman, no âmbito do doutoramento em Sociologia, o nosso estudo propõe-se recolher elementos que permitam actualizar e enriquecer a teoria sociológica bem como interpretar os mecanismos das novas formas de coesão social tornadas possíveis pela generalização do uso dos instrumentos da comunicação mediada.
Tomando as ‘affordances' sociais da tecnologia e os ritos e processos interactivos como nexo chave na compreensão de um impacto que não se chega a compreender pela sua avaliação parcelar, pretende-se ao invés analisar as formas pelas quais a conectividade permanente é integrada pelos indivíduos nos múltiplos papéis e domínios da sua identidade e vivência quotidianas, bem como na dinâmica das suas redes sociais.
Articulando um triplo nível de análise – micro, meso e macro – recolher-se-á e comparar-se-á dados de vários contextos tipo (profissional, de estudo, de lazer e no espaço público), observando comportamentos tanto no espaço físico como os produtos no espaço virtual consequentemente gerados, de forma a colmatar as reconhecidas deficiências da investigação até agora produzida nesta área. De resto praticamente nula em Portugal.
- VALENTIM, Hugo
PAP1291 - (Re)construir o espaço da
O presente artigo é uma reflexão em torno do(s) modo(s) de olhar e interpretar os usos diferenciados de espaços e tempos em associações de cariz cultural. Este desígnio empreende-se numa perspetiva de concordância da necessidade da objectivação sociológica, enquadrada pela observação direta e metódica dos contextos da produção e recepção cultural. Este é um exercício de interpelação crítica que procura mapear pontos de referência que sirvam de guia a uma investigação em curso sobre as práticas e sociabilidades em instituições culturais. Em «cena» serão desmontados os dilemas da observação e levantadas questões sobre as estratégias metodológicas mobilizadas para a análise aos modos de relação de e com a cultura, mas também dos modos de relação com a instituição.
A abordagem escolhida para esta comunicação tem como fio condutor a consciência de que a eleição de um terreno não é uma escolha, é também a produção de um lugar, assumindo o papel ativo, mas que se pretende “alicerçado”, do investigador no processo da «reconstrução» da realidade e que obriga à instituição de balizas e à reflexividade constante sobre o caminho traçado ou a seguir.
A análise das práticas de sociabilidade exige uma observação metódica dessas práticas, o que obriga a outras “leituras” para lá da identificação espacial dos lugares e do reconhecimento das características físicas e sociais. Nesta linha de pensamento, entende-se que a decomposição da realidade implica a aprendizagem da linguagem das movimentações e apropriações do espaço, o registo dos diálogos e silêncios, que enquadram e dão consistência ao observado, sem esquecer a instalação da dualidade de condição, o permanente conflito entre a proximidade e o distanciamento, elementos fulcrais para uma compreensão e conhecimento da realidade estudada.
- SILVA, Andreia
PAP0439 - . Participação dos migrantes internacionais ao desenvolvimento local: experiências de implementação de políticas públicas participativas em Lisboa e Padova.
Considerando como pano de fundo os processos de migração internacional e seus impactos nos modos de desenvolvimento local europeu, o paper apresenta uma análise descritiva de algumas experiências de políticas públicas municipais participativas.
Enquanto parte de uma pesquisa de doutoramento em “Democracia no Século XXI”, o estudo que será apresentado é relativo à participação dos migrantes na realização de políticas públicas para o desenvolvimento local. Particularmente, a partir de experiências de democracia participativa estudadas ao nível local, o autor investiga como formas de inovação institucional estão a surgir em dois contextos metropolitanos: o distrito de Padova (Itália) e a Área Metropolitana de Lisboa (Portugal).
O objetivo do paper é o de apresentar uma reflexão teórica e algumas evidências empíricas iniciais sobre alguns reflexos da participação democrática dos migrantes na transformação do modo de desenvolvimento local e nos processos de integração contextual dos migrantes internacionais.
- MATTIAZZI, Giulio
PAP1427 - 15 de Outubro: o discurso dos protagonistas
Apesar de não configurar uma dimensão esmagadoramente frutífera na
investigação em sociologia, o tema dos movimentos sociais representa
actualmente um campo de considerável produção científica – em
particular a partir da sua expansão nas décadas de 60 e 70 do séc. XX,
com o desenvolvimento de múltiplas discussões sobre as condições da
sua emergência, a sua natureza ou as dinâmica sociais em que se
inscrevem. A actual conjuntura favorece a emergência de “antigos” e
“novos” movimentos sociais, muitas vezes marcados por acções públicas
de protesto com forte mobilização colectiva – tendência ciclicamente
observável nas últimas décadas, acompanhando de forma recorrente
períodos de crise económica mais ou menos profunda. Neste sentido, não
parece demasiado arriscado apontar o ano de 2011 como um período de
importantes acções de protesto, com múltiplos níveis de impacto no
funcionamento de diferentes áreas da vida social, incluindo o direito.
Ainda se recordam facilmente acções locais e transnacionais como as de
2009 na Islândia, 2010 na Grécia e a partir do final de 2010 e durante
2011 de forma mais global – da “primavera Árabe” ao “anti-governo”
russo, passando pela “geração à rasca” portuguesa, “indignados”
espanhóis e “ocupantes” norte-americanos – muito apoiadas no recurso a
novas tecnologias e redes sociais virtuais, invocando “perda de direitos”,
exigindo que “os direitos e deveres dos cidadãos estejam assegurados” ou
pedindo atenção para a violação de “direitos laborais” ou “direitos
humanos”.
A presente comunicação decorre de um estudo mais alargado sobre o
tema, apoiado nas discussões teóricas de Luhmann (1989, 1993 e 1996),
Habermas (1981) e Hellmann (1996 e 1998) sobre movimentos de
protesto, assumindo como objecto central o que se reconhece em
Portugal como a plataforma “15 de Outubro”, subscrita por 39
movimentos sociais com diferentes dimensões e formas de organização. A
actualidade do tema funciona simultaneamente como elemento facilitador
e condicionante – justificando a importância de uma observação
sociológica, mas exigindo cuidado na abordagem a dinâmicas muito
recentes e imprevisíveis, tanto na sua emergência e desenvolvimento
como na sua volatilidade. Esta condição indica o caminho de uma análise
de natureza mais exploratória, tendo-se privilegiado como foco principal
o discurso apresentado pelo referido grupo.
Metodologicamente, procura-se assegurar a representatividade desta
plataforma, recorrendo a documentos publicados por cada um dos
subscritores – manifestos, cartazes, comunicados e outros. Mobilizando
métodos de análise documental, linguística e semiótica visual, procuram-
se interpretar diferentes categorias de expressão escrita e visual que
permitam a sistematização de uma primeira análise sobre percepções face
ao(s) direito(s) - que direitos reivindicam? que instrumentos mobilizam? a
que objectivos se propõem? que relação com a autoridade?
- VELEZ, António
PAP0967 - : Em Busca da Cidadania LGBT: As Estratégias de Luta Política do Movimento Gay em Ilhéus e Itabuna, Bahia/Brasil
Trata-se de um trabalho que busca analisar as estratégias políticas que o movimento gay, (Grupo Eros em Ilhéus e Grupo Humanus em Itabuna), utiliza para efetivar a plena cidadania dos homossexuais, e os caminhos vislumbrados pelos mesmos para neutralizar as agressões que impedem o pleno gozo da cidadania dessa minoria. Pretendemos, também, demonstrar o contexto histórico de surgimento dos referidos grupos. Para isso, realizaremos uma pesquisa documental nos acervos dos bibliográficos dos grupos Eros e Humanus, bem como na mídia escrita regional. Do ponto de vista teórico nos apoiaremos nos textos de Daniel Welzer-Lang, Pierre Bourdieu e Elisabeth Badinter que consideram heterossexualidade como uma construção social imposta aos indivíduos de ambos os sexos. Dessa forma, a sociedade androcêntrica impõe sanções àqueles ou àquelas que transgridem a ‘norma’ que determina a heterossexualidade e a dominação masculina. A homofobia é definida por Welzer-Lang como a discriminação contra as pessoas que mostram ou a quem se atribui algumas qualidades (ou defeitos) acopladas ao outro gênero, Neste sentido, homofobia engessa as fronteiras do gênero. Nesse sentido, cabe refletir se as estratégias políticas utilizadas pelos grupos Eros e Humanus contribuem para efetivação da cidadania homossexual em uma sociedade de maioria heterossexual com visíveis práticas homofóbicas.
A relevância do nosso projeto se dá devido à limitação no exercício da cidadania homossexual decorrente da
homofobia e da dominação masculina. A visão heterossexual do mundo constitui um duplo paradigma naturalista, que define, de um lado, a superioridade masculina heterossexual sobre os demais e, por outro lado, o comportamento sócio-sexual a ser seguido por aqueles que querem – ou são obrigados – a afirmar sua virilidade, numa obediência às normas andro-heterocentristas e homofóbicas. Assim, homens e mulheres que se desviam das condutas impostas, ou que optam por viver de forma diversa à heterossexualidade, através de seus gostos, preferências sexuais, formas de se apresentar (vestuário, fala etc.) são “excluídas” da sociedade construída por esta tendência sócio-sexual, uma vez que não sesubmetem ao gênero dominador, à normatividade heterossexual, à doxa do sexo. Neste sentido, a homofobia pode ser pensada como promotora de desigualdade e limitadora da cidadania homossexual.
Tal desigualdade é reproduzida no ambiente escolar, nos hospitais e instituições de segurança pública. Observa-se que homofobia
- PINHEIRO, Tarcisio Dunga
- BILA, Fabio Pessanha
PAP0937 - : Juventude e anti-intelectualismo na “ Toca de Assis” – efeitos ambivalentes da modernização religiosa católica.
Nas últimas décadas a Igreja católica tem se deparado com o advento de novas modalidades de comunidades religiosas. Uma delas, em especial, tem despertado o interesse dos analistas, sobretudo por sua importante capacidade de atração da juventude. A partir de uma espiritualidade que conjuga carismatismo e franciscanismo a comunidade denominada informalmente como “Toca de Assis”, possui no anti-intelectualismo e na radicalidade da pobreza os pilares de sua prática religiosa. Esses ideários, próprios às origens franciscanas e, portanto, ao período medieval, tem encontrado ressonância na contemporaneidade principalmente entre os jovens de classe média dos grandes centros urbanos. Os jovens religiosos ao ingressar na Toca de Assis tendem a rejeitar o conhecimento formal a adotam uma atitude anti-intelectualista; rejeitam ainda o consumo. Vestidos como os franciscanos medievais percorrem as cidades, muitas vezes descalços visando atender à população de rua, limpando feridas de mendigos, alimentando-os e oferecendo-lhes higienização básica. Este trabalho visa discutir as possibilidades de interpretação teórica dessa comunidade religiosa católica que contesta aspectos centrais da racionalidade moderna ao mesmo tempo em que os incorpora produzindo um movimento ambivalente. A composição do estilo de vida da Toca de Assis está ancorada no meio urbano e em torno dos pobres e os insere na paisagem da cidade de modo questionador numa modernidade que possui muitas faces. A crença que os jovens possuem e defendem para si mesmos é de que suas vidas podem ser vividas de forma radicalmente diferente de seus pares numa sociedade desigual que os questiona e os considera “loucos”. Creem na novidade de abraçar a simplicidade em tempos de busca de ostentação e aquisição seja de qual natureza for e suas práticas sugerem um reforma moral no campo dos valores espirituais e materiais. A pesquisa foi realizada no Rio de Janeiro e demonstrou, entre outros aspectos, como a modernização religiosa tem alterado estilos de vida entre a juventude a ponto de produzir movimentos revivalistas tradicionalistas capazes de alterar a face do catolicismo na sociedade brasileira. Os jovens da Toca de Assis expressam a existência de uma contracultura juvenil tendo em vista a tendência observada entre seus contemporâneos: desvinculação religiosa; busca por inserção nas Universidades e o apreço pelo consumo.
- FERNANDES, Sílvia Regina Alves
PAP0009 - A ARTE
Pierfranco Malizia, LUMSA, Roma
A ARTE “SOCIAL”
Notas sobre os quadros sociais da
criatividade artística
RESUMO
Este trabalho parte de um tema de base e de
uma hipótese; o tema consiste na idéia
segundo a qual – sem aliás nada tirar ao
sistema “competências-capacidades-
genialidades” que fazem de um artista um
artista, ou seja, a individualidade, a
subjetividade do artista e da sua
criatividade,ecc., a hipótese consiste no
fato que seja possível individuar os quadros
sociais que, tanto a apriori quanto a
posteriori, ora mais evidentemente ora mais
ocultamente tais, orientam e influenciam a
criatividade artística (uma enésima ação
social “efervescente”, come diria Durkheim) e
a arte em geral.
No âmbito de tal hipótese, os quadros sociais
aqui propostos são:
a) fatores estruturais de contexto (ou
seja, situações sociais “totalizantes” como a
anomia e a morfogênese entendida,
precisamente como cenários complexos que vêm
a descompor uma situação existente,
estimulando a mudança e a criatividade;
b) fatores ligados aos “círculos
sociais” (artísticos, nesse caso) e relativos
sistemas de relação e interação sociais como
os mundos artísticos (Becker);
c) os condicionamentos provenientes das
tradições, essa espécie de “memória coletiva
canonizada” , de “modelos estabilizados de
crenças, valores etc.” as quais de qualquer
forma podem orientar de fato o
pensamento/ação do artista;
d) fatores ligados ao sistema da
indústria cultural e da totalidade das
relações estabilizadas que em diferentes
maneiras e com diversas modalidades dele
derivam .
Como se pode deduzir, trata-se somente de
alguns dos possíveis quadros sociais que
podem vir a ter significado no âmbito do
discurso que aqui se sustenta; se entende que
o quanto acenado possa, de toda forma, trazer
confirmações para a hipótese inicial e que
reflexões, mesmo se não totalmente concluídas
como essas, sem nada tirar às tantas
diferentes modalidades de estudo dos
fenômenos artísticos, pretendem ser
enriquecedoras ao debate e à reflexão sobre
a própria arte.
- MALIZIA, Pierfranco

Pierfranco Malizia Mestre em Filosofia e em Letras,Phd. em Sociologia da cultura na Universidade “La Sapienza” de Roma,è professor de Sociologia na Universidade LUMSA de Roma e Diretor do Curso de pos-graduaçao em Comunicação e Diretor do Centro de pesquisa em comunicação: é tamben visiting professor de Teoria contemporaneas da comunicaçã no ISCEM de Lisboa. Atùa principalmente nas areas das trasformaçoes sociais,da produçao cultural e da comunicaçao.
PAP0681 - A (re)construção identitária e projetos de futuro de jovens brasileiros imigrantes em Portugal
Em geral as pesquisas sobre a imigração brasileira em Portugal têm dado prioridade aos estudos das características da imigração, destacando questões econômicas, de gênero, e estereótipos atribuídos aos(às) brasileiros(as). Porém, este texto, que resulta de uma pesquisa desenvolvida como pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais – CES/UC, realizada em 2011, procura aproximar os estudos de juventude dos estudos migratórios, especificamente da imigração brasileira em Portugal. Em grande parte dos estudos migratórios, a juventude possui quase total invisibilidade, raramente a expressão “jovem” ou “juventude” aparece, pois, se for identificada e considerada como uma categoria social específica tornar-se-iam imprescindíveis outras formas de olhar e considerar essa população, uma vez que, para esse grupo, há uma série de implicações que impactam diretamente nas políticas de acolhimento. Nesse sentido, nas políticas migratórias os jovens são incluídos em outras categorias, como trabalhador, estudante ou filho de imigrante. Tomando o jovem brasileiro, imigrante em Portugal, como categoria central de estudo, e, a partir dos seus contextos vivenciais nas regiões de Lisboa, Costa da Caparica e do Porto, que esta investigação foi realizada, revelando o complexo processo de (re)construção identitária e diferentes projetos de futuro pautados em elementos de autoidentificação, majoritariamente relacionados com a origem brasileira. Foram identificados três tipos de estratégias identitárias utilizadas pelos jovens brasileiros: uma corresponde aos jovens que tentam a todo custo preservar a identidade brasileira, e para isso apegam-se às memórias do vivido no Brasil, outra, corresponde aos jovens que aceitam negociar a identidade, e como defesa criam uma imagem negativa dos próprios brasileiros, e, por último, aqueles que, mesmo assumindo uma identidade brasileira, demonstram disposição em assimilar elementos da cultura portuguesa e encontrar e criar identificações com os jovens do país anfitrião, procurando amenizar o sofrimento das perdas deixadas para trás. Apesar das adversidades que o processo migratório apresenta, os jovens imigrantes apostam no futuro, esperam ter uma vida melhor e deparar-se com o sucesso. Para alguns, o futuro é planejado para ser vivido em Portugal; para outros, em diferentes países europeus, América do Norte ou Austrália, mas para a maioria dos jovens entrevistados, no Brasil, sua terra de origem.
- GRACIOLI, Maria Madalena

Maria Madalena Gracioli possui graduação em Geografia e Pedagogia, doutorado em Sociologia e, pós-doutorado pelo Centro de Estudos Sociais - CES da Universidade de Coimbra. Área de pesquisa: Sociologia da Juventude, com ênfase em migrações, identidade, educação e trabalho. Atualmente atua como docente, investigadora e, coordenadora de pesquisa e Pós-graduação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ituverava – FFCL/FEI, Brasil. É coordenadora Institucional do PARFOR, e, participa como pesquisadora do Grupo de pesquisa: Segurança urbana, Juventude e Prevenção de Delitos da UNESP – Araraquara.
PAP1241 - A 10 años del 18/20 de diciembre. La otra cara del piquete. La UTD de Gral. Mosconi (Salta)
GT: Sociedad, crisis y reconfiguraciones en A. Latina.
A 10 años del 19/20 de diciembre
LA OTRA CARA DEL PIQUETE
LA UNION DE TRABAJADORES DESOCUPADOS (UTD) DE GRAL. MOSCONI (SALTA)
Mario Xiques
Sociólogo UBA
Los llamados piqueteros no constituyeron un movimiento único y homogéneo. No sólo por sus distintas denominaciones y orígenes sino, fundamentalmente, por sus propuestas. A modo de ejemplo podríamos mencionar a la FTV (Federación Tierra y Vivienda) que, conducida por Luis D'elía y donde participan sectores de la Iglesia, organizaciones sociales y juntas vecinales, reconoce que creció luego de muchos años de trabajo al calor de la toma de tierras, construcción de viviendas populares, infraestructura de servicios y equipamiento comunitario. El propio D'elía, elegido diputado provincial por el Polo Social, se reconocía militante del Frente para el Cambio y la CTA.
El MTR (Movimiento Teresa Rodríguez), compuesto por familias desocupadas del GBA, La Plata y Mar del Plata, desarrollaba una forma de organización territorial por barrios con el objetivo de imponer una nueva forma de poder donde, al decir de su máximo referente, Roberto Martino, "el pueblo delibere y gobierne en forma directa".
No obstante, es posible encontrar algunos denominadores comunes.
Los distintos movimientos nacen por fuera de las instituciones políticas y sociales tradicionales y tienen un desarrollo autónomo, extraparlamentario, producto de las luchas. Fueron creciendo, como expresión del amplio movimiento social que enfrentó el modelo neoliberal implantado por Carlos Menem y continuado por la Alianza, desde la periferia (Cutral-Có, Plaza Huincul, Gral. Mosconi) hacia el centro del país (Sur del Gran Buenos Aires, La Matanza). Desplazaron el eje del conflicto hacia la interrupción de la circulación de mercancías y fuerza de trabajo. Representaron un fenómeno múltiple, sin organizaciones únicas ni dirigentes consolidados en la superestructura institucional, con una fuerte tendencia asamblearia donde el piquete organiza, discute, negocia, elige representantes con mandato revocable y los delegados actúan sólo como voceros y dirección en la lucha. Constituyeron una fuerza social antagónica de carácter nacional que manifestaba la agudización de la crisis económica y la descomposición de las relaciones políticas y de los partidos orgánicos y sus cuadros.
A modo de ejemplo de nuestras afirmaciones precedentes, nos detendremos en el análisis de la UTD de Gral. Mosconi, una de las experiencias más avanzadas a nivel local.
- XIQUES, Mario

Mario Xiques (Mario Hernandez).
Sociólogo y periodista argentino. Delegado General del Banco Santander-Río entre 1985/91 y 1997/2002. Miembro del Consejo de Redacción de la revista Herramienta (1996-2001). Coordinador General revista La Maza (2001-3). Coordinador de la Editorial Topía (2004-11).
Compilador y editor de Produciendo realidad: las empresas comunitarias (2002) y Las trampas de la exclusión. Trabajo y utilidad social (2004) de Robert Castel, Ed. Topía, Bs. As. y de James Petras en Argentina (Abril-Mayo 2001) y Argentina, entre la desintegración y la revolución de James Petras y Henry Veltmeyer, Ediciones La Maza, Buenos Aires, 2002.
Actualmente produce y conduce 5 programas radiales políticos y culturales por FM La Boca (90.1). Miembro del Consejo Directivo de la Coordinadora de Medios de la Ciudad de Buenos Aires (COMECI). Sus notas se publican habitualmente en los sitios webs: Rebelion.org, Argenpress.info, Red Eco Alternativo y Ecoportal.net, entre otros.
PAP1138 - A AVALIAÇÃO DO RISCO FINANCEIRO: FALHAS ÉTICAS OU ERROS TÉCNICO COGNITIVOS?
O objectivo desta comunicação é reflectir sociologicamente sobre as supostas falhas morais e técnico-cognitivas relacionadas com a avaliação do risco financeiro, e que poderão estar na origem da actual crise económico-financeira. Como tal, esta reflexão é construída com recurso a certos conceitos teóricos elaborados por Norbert Elias. Estes conceitos permitem caracterizar o sistema financeiro mundial em termos de figuração global atravessada por três linhas de força: interdependência, concorrência e tensão heterocontrolo-autocontrolo. A partir desta caracterização, estaremos em condições de avaliar sociologicamente as teóricas carências éticas e cognitivas dos agentes financeiros, discutindo as habituais imputações que fazem destes uns dos principais responsáveis pela crise que actualmente vivemos. Mais especificamente, nesta comunicação essa discussão centra-se na dificuldade para atribuir, em termos de causa-efeito, tal responsabilidade a esses agentes tendo em conta a integração dos mesmos num sistema financeiro que é global e progressivamente mais complexo, além de possuir inúmeras ramificações nas quais as acções de um número indeterminado de actores aparecem interligadas entre si, gerando resultados agregados com um elevado nível de incerteza.
- HARO, Fernando Ampudia de

Fernando Ampudia de Haro
Professor Auxiliar Convidado (ISCSP-UTL)
Investigador integrado – Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH-UNL)
Licenciado e doutorado em Sociologia pela Universidade Complutense de Madrid
Interesses de investigação: processos civilizacionais e des-civilizacionais, pânico moral e construção social da crise
PAP0941 - A CONSTRUÇÃO SOCIAL DE MERCADOS PARA OS PRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA FAMILIAR: as relações sociais existentes entre famílias, consumidores, governo, instituições públicas e privadas
A agricultura familiar adota o processo de agroindustrialização como alternativa produtiva da produção agrícola e como fonte de renda familiar. O desafio nesta atividade é a comercialização desses produtos, pois a maioria é feita na informalidade e a escala de produção é pequena, e um mercado consumidor em crescimento, assim a saída é destinar os produtos para o mercado local (feiras-livres, venda direta ao consumidor nas residências ou comercialização na propriedade rural) fugindo das grandes redes de comercialização. Assim, o escopo deste trabalho é analisar a construção social dos mercados para os produtos das agroindústrias familiares, caracterizando as relações sociais que as famílias mantêm com os diversos atores sociais (consumidores, governo, instituições públicas e privadas) nas ações de comercialização. Para tanto, utiliza-se a abordagem teórica da Sociologia Econômica, que permite a compreensão de que os mercados são construções sociais, ou seja, são o resultado de formas específicas de interação social, da capacidade dos indivíduos, das instituições e das organizações locais promoverem ligações dinâmicas, capazes de valorizar seus conhecimentos, suas tradições e a confiança que conseguiram, historicamente, construir. A relação mercantil gera um laço social mesmo sem implicar relações pessoais íntimas, na medida em que esse laço não se esgota no único ato da troca, mas se enraíza e participa do processo de reprodução das instituições sociais. Os municípios de Assis Chateaubriand, Jesuítas, Maripá e Palotina, localizados na região oeste do Estado do Paraná (Brasil), retrata bem esta realidade. Nestes se encontram a emergência de atores que buscam a cooperação (associações formais e informais) e a construção de uma rede de relações (sociais e econômicas) com engajamento das entidades públicas, e iniciativas privadas. O desafio para as agroindústrias é sua participação ativa na construção social dos mercados.
- CARVALHEIRO, Elizângela Mara

Elizângela Mara Carvalheiro
Professora Adjunta da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA (Rio Grande do Sul-Brasil). Economista, mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e Doutora em Desenvolvimento Rural. Temas recentes estudados se relacionam com: a sociologia econômica na esfera que tange a construção social de mercados para agroindústrias familiares do Brasil, a economia criativa focando a relação entre o turismo e a cultura. Email: elizangelamara@hotmail.com
PAP1310 - A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO TURISMO RURAL: O PAPEL DA AGROINDÚSTRIA FAMILIAR COMO FONTE DA MOVIMENTAÇÃO TURÍSTICA NO ESPAÇO RURAL DA REGIÃO OESTE DO ESTADO DO PARANÁ
O que se observa na realidade é que a concepção do turismo enquanto fenômeno social complexo adquire, cada vez mais, espaço nas arenas acadêmicas. Assim, a análise sistemática dos elementos e dimensões sociais que então presentes na atividade tem gerado uma série de discussões e problematizações acerca das transformações sociais e culturais geradas pelo turismo na comunidade receptora. Neste sentido, o escopo desta análise versará sobre como turismo influencia e é influenciado pelas construções das relações sociais entre os atores receptores e os turistas, tomando como base o meio rural na figura das agroindústrias familiares da região Oeste do Estado do Paraná (Brasil). No mundo rural, os agricultores familiares que desenvolveram agroindústrias geraram um processo de mudanças e diversificação nas propriedades que propiciaram o incremento da atividade do turismo. O turismo rural nas agroindústrias familiares leva os turistas a participarem das atividades de produção de pepinos, tomates, beterrabas, cenouras e cebolas orgânicas, o plantio da cana-de-açúcar, a criação de porcos, galinhas caipiras, vaca leiteira, peixe, entre outros. Elementos esses que muitas vezes não fazem parte do dia-a-dia das pessoas e que se tornam momentos únicos de aprendizado e vivências sobre a origem de muitos alimentos. Além disso, a própria participação do turista na colheita (produção vegetal), o abate (produção animal) e o tirar leite da vaca acabam por gerar momentos de interações e construção de relações fortes com os produtores das agroindústrias. Em alguns casos (produção de doces, geléias, pães, massas e conservas) o visitante da propriedade é convidado a participar da transformação e processamento dos produtos in natura, ou seja, cada um faz o produto que vai degustar. Em suma, o turismo tem forte impacto social
PAP1448 - A CONTRIBUIÇÃO DO FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORDESTE (FNE), PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL DE JUAZEIRO DO NORTE/CE
A busca pela eliminação das desigualdades é umas das metas para o alcance do desenvolvimento regional. Para tanto, o governo federal tem elaborado políticas públicas, criando órgãos e instrumentos públicos a fim de melhorara a inclusão social em todas as regiões do Brasil. Exemplo disto são os bancos de desenvolvimento e os Fundos Constitucionais de Financiamento para as regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste, que têm a missão de fomentar as atividades produtivas locais e com isso gerar emprego e renda. Para testar a eficácia desses instrumentos públicos, é importante estudar os meios e formas de aplicação desse fundo na diminuição das diferenças tanto econômicas, quanto sociais de uma região, avaliando se estão em consonância com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Assim, esse artigo objetiva identificar a contribuição do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE para o desenvolvimento regional do município Juazeiro do Norte, estado do Ceará, que se localiza na região Nordeste do Brasil. A metodologia adotada para alcançar tal objetivo, consistiu em buscar informações sobre a quantidade e os valores monetários de projetos e empreendimentos financiados com os recursos do FNE, tanto para o município de Juazeiro do Norte, quanto para o estado do Ceará, entre o período de 2001 e 2010 e relacioná-las com os indicadores econômicos e sociais da mesma região, utilizando o método de pesquisa comparativo. A fundamentação teórica está estruturada em dois sub-tópicos, o primeiro discorre sobre o conceito de desenvolvimento regional e suas aplicações e o segundo sobre os bancos de desenvolvimento e os Fundos Constitucionais de Financiamento e suas diretrizes. Os resultados desta pesquisa mostraram que é relevante a contribuição deste Fundo Constitucional na região, pois ele prioriza o financiamento tanto para o mini produtor rural, quanto para o micro e pequeno empresário, isso faz com que aumente o número de postos de trabalho a partir das empresas e produtores beneficiados e aumente a geração de renda local. A partir das análises efetuadas, fica evidente que o Estado do Ceará possui, em alguns indicadores, um nível social melhor do que a Região Nordeste e que vem, ao longo dos anos, avançando e reduzindo cada vez mais as disparidades em relação ao Brasil.
- CARVALHO, Karina Bruna de
- CHACON, Suely Salgueiro

Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
PAP1546 - A Comparative Analysis of Intelligence and Security Studies: The Romanian Case
The way the domain of intelligence and security has evolved into a period as versatile as the one we are living today represents the main premise of my paper. Since 1949, the papers of Sherman Kent have stressed on accepting that intelligence studies are not designed solely for those who have high expertise in the field and that any citizen should be considered an appropriate target for this type of education. The recent developments have confirmed this approach: there is a rich variety of books, dictionaries, encyclopedias (including The Complete Idiot's Guide to Spies and Espionage), articles, magazines, movies, TV shows on this topic. The academics that are interested in this field are expected to ground the main theories of the field and to create the intellectual framework that allows all citizens to understand the nature and role of intelligence and security in every society including its mission and limits. From this perspective the present paper identifies intelligence and security educational programs in Romania and in other developed states and analyses how Romania is positioned in the western area, highlighting the ups and downs of these programs in international context.
PAP0516 - A Construção Discursiva do Conceito de Empregabilidade: um estudo em Recife e Belo Horizonte, Brasil.
A palavra empregabilidade ocupa posição de destaque na Academia, no mundo empresarial e na discussão sobre políticas públicas, no Brasil e em outros países. Seu surgimento é reflexo do agravamento da crise pela qual passa o mercado de trabalho em todo mundo, em função da diminuição do número de empregos formais e do aumento dos níveis de desemprego e trabalhos informais. Tal conceito tem sido construído a partir de duas posições: uma, presente no uso e difusão do termo empregabilidade, identifica-se com a construção discursiva acerca do trabalhador capaz de se adaptar frente às novas exigências do mundo do trabalho. Outra posição refere-se àquela que considera tal conceito (empregabilidade) uma transferência de responsabilidade pelo emprego, da sociedade e do Estado para o próprio trabalhador. Diante de tal debate, este estudo pretende entender e comparar como tem emergido e ganhado força o termo, entre estudantes e professores de jornalismo, em duas capitais brasileiras, Recife e Belo Horizonte. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa, a partir de dados primários e secundários. Os primários foram obtidos a partir de entrevistas semi-estruturadas com professores e alunos do curso de jornalismo nas duas capitais. Os secundários referem-se a publicações acadêmicas e a jornais e revistas de grande circulação nacional.
A análise dos dados secundários foi bibliométrica. Buscou-se identificar com que frequência (e de que maneira) o termo estudado aparecia nas publicações selecionadas. Utilizou-se, para tal, o mecanismo de busca por palavras-chave no site de cada uma das publicações. A análise dos dados primários foi a de discurso. Nos dados primários, buscou-se analisar se e de que modo o discurso presente na mídia sobre o tema aparece na formação dos jornalistas. O resultado indicou três grandes entendimentos sobre empregabilidade: a) empresarial – a empregabilidade é um atributo individual; b) crítica – a empregabilidade é um discurso que transfere a responsabilidade pelo emprego do Estado e sociedade, para o indivíduo; e c) híbrida – a empregabilidade depende do indivíduo, mas ações do Estado e sociedade são necessárias. Pode-se perceber a partir da análise que o conceito de empregabilidade está em construção e em conflito, já que se encontra pressionado pelas visões empresarial e crítica. Entretanto, a temática ainda é majoritariamente vista da perspectiva individual, em todos os grupos pesquisados. Na questão da empregabilidade, o poder da mídia perante o indivíduo cresce progressivamente, uma vez que ela acumula as funções de interpretar a realidade e de “regular” as relações dos indivíduos. É nesse ponto que os meios de comunicação se tornam importantes instrumentos para a difusão de ideias na população. Neste processo, o trabalhador passa a se sentir culpado e responsável pela obtenção do emprego.
- HELAL, Diogo
- VIANA, Eliete
PAP0352 - A Construção da Transnacionalização da Educação de Adultos no Contexto Comunitário Europeu – Impactos na Agenda Política Nacional para o Sector
Considera-se que as actuais dinâmicas de
europeização das políticas públicas nacionais
estão inscritas no processo histórico da
construção europeia, impondo-se atender à
relação entre a edificação deste bloco
regional e a elaboração progressiva de um
mandato europeu para a educação e formação de
adultos. Teoricamente percepciona-se o campo
educativo enquanto campo de
transnacionalização, construído, como aponta
Mendes, numa “dinâmica fluída e biunívoca de
entrosamento e embaralhamento, entre as
dinâmicas internacionais e as dinâmicas
nacionais, não numa soma ou sobreposição de
elementos justapostos, mas antes num processo
de definição e redefinição constantes que
conduz a tradutabilidades, a particularismos,
a singularismos e a hibridismos” (Mendes,
2007: 4). Tomamos aqui o conceito de
europeização como “um processo de articulação
e interligação de referência muito estreita
entre os sistemas políticos nacionais e o
sistema político comunitário e entre as
políticas e as prioridades nacionais e
comunitárias” (Antunes, 2005: 463). Desta
forma procura-se contextualizar o actual
protagonismo da União Europeia, no âmbito da
propagação do paradigma da aprendizagem ao
longo da vida, num processo de europeização da
educação que adquire hoje uma importância
central para interpretar as diacríticas das
novas instituições e processos educativos que
emergem na realidade portuguesa actual do
sector da educação e formação de adultos. O
Texto enfatiza que o processo da
transnacionalização da educação no contexto
comunitário, tem vindo a decorrer numa
sequência três fases principais. Num primeiro
momento, de configuração da esfera política da
educação, identificamos duas fases: uma que
decorre entre 1971 e 1986, em que se dá a
institucionalização da educação como área de
cooperação e acção comunitárias; e outra, que
decorre a dois tempos, entre 1986 e 1992 e
depois acentuando-se entre 1992 e 1998/9, em
que tem lugar a intervenção política
comunitária no domínio da educação. No segundo
momento assistimos, numa terceira fase que
ainda decorre, à edificação da articulação
sistemática de políticas e do espaço europeu
de educação e formação, cuja emergência
representa, a nosso ver, uma verdadeira
viragem na elaboração de políticas públicas
para o sector que, inovadoramente desde então,
se inscrevem no âmbito de uma governação
pluriescalar da educação (Barros, 2009) com
lógicas diferentes para pontos diferentes do
sistema da economia-mundo capitalista. Defende-
se que no arranque do século XXI, as políticas
nacionais de educação e formação de adultos
aparecem imbricadas num novo contexto europeu
de políticas coordenadas, configurando uma
matriz de políticas pluriescalar cujas
prioridades têm emanado, invariavelmente, da
esfera económica.
- BARROS, Rosanna

Rosanna Barros é Professora Adjunta da Universidade do Algarve. É a Coordenadora da Área Científica de Educação Social desta Instituição. E é a Directora do Curso de Educação Social da ESEC (Regime Diurno e Pós-laboral). Étambém Membro da Comissão Coordenadora do Mestrado em Educação Social da ESEC. Tem experiência docente em diversas áreas das Ciências Sociais, com destaque para a Sociologia Crítica da Educação e as Políticas Públicas de Educação de Adultos.
Academicamente:
Rosanna Barros possui licenciatura em Antropologia Social e Cultural (1998). Mestrado em Sociologia do Desenvolvimento e da Transformação Social (2002, orientação de Boaventura de Sousa Santos) ambos pela Universidade de Coimbra. É pós-graduada em Direitos Humanos e Democratização pela Universidade de Coimbra (2000) e em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela Universidade de Sevilha (2003). É Doutora em Educação pela Universidade do Minho (2009, orientação de Licínio Lima).
Cientificamente:
Rosanna Barros tem em curso alguns projectos de investigação avançada, pertencendo ao CIEd (Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho) e ao CIEO (Centro de Investigação em Espaço e Organizações da Universidade do Algarve). Tem diversos Livros e Artigos publicados.
PAP1455 - A Contra-urbanização: paisagem e humanidade
A contra urbanização é hoje uma realidade incontornável, prolixa e caracterizada por dinâmicas estruturantes de dimensão diversa. Este fenómeno, designado na linguagem anglosaxónica por population turnaround, consiste no declínio demográfico e industrial das áreas urbanas centrais em detrimento da revitalização populacional e industrial de espaços rurais do mundo desenvolvido. Por isso mesmo, como acabamos de afirmar, trata-se de um fenómeno prolixo, não generalizado, que coincide com o declínio das cidades industriais e define um novo marco de urbanização do espaço rural e/ou crescimento das periferias, contrariando os processos de urbanização e reurbanização, que transformaram as cidades em pólos aglutinadores de recursos.
Surge como uma reacção à degradação física e social das cidades centrais, potenciada pelo rápido desenvolvimento tecnológico, com incidências directas ao nível das vias de comunicação, e o declínio das indústrias tradicionais, factores geradores de uma urbanização dispersa e difusa. Por isso, contrariamente à suburbanização, a contraurbanização marca uma ruptura simbólica com a cidade, iniciando-se com ela uma nova fase de produção do espaço e de relações.
Assume particular relevância no contexto actual, onde se sente cada vez mais a necessidade de um desenvolvimento local que se quer homogéneo, integrado e sustentável. Neste sentido, porque tem a particularidade de descongestionar as cidades e revitalizar os espaços rurais, a contra urbanização afigura-se como um factor de que pode contribuir para o desenvolvimento equilibrado das regiões e, por isso mesmo, passível de ser planificado.
Decidimos abordar esta temática a partir de uma metodologia tripartida: noção e enquadramento histórico do fenómeno da contra urbanização; a cidade e as suas metamorfoses ao longo do tempo e, por último, os fundamentos teóricos da contra urbanização e sua materialização.
Numa primeira fase vamos tentar definir o conceito de contra urbanização, conceito este de difícil fixação. Por isso mesmo, depois de lermos as diversas abordagens metodológicas a esta temática, optamos por apresentar uma noção que sintetiza a panóplia de abordagens a que fizemos referência. No entanto, enquadramos a contra urbanização na sua génese histórica e nas dinâmicas que lhe deram origem.
Por isso mesmo, lançamo-nos na tarefa de analisar a cidade e as suas metamorfoses ao longo do tempo, de modo a compreendermos a génese da contra urbanização e os pontos de encontro que esta tem com os próprios processos de urbanização.
Na terceira parte explicitaremos os fundamentos teóricos da contra urbanização, designadamente as dinâmicas económicas e territoriais da sociedade pós-industrial e a revolução tecnológica ao nível da Sociedade do Conhecimento. Para além disso, abordaremos sinteticamente os factores que determinam a escolha do espaço rural como alternativo ao espaço urbano.
- CALHEIROS, Antonio Almeida

- DUQUE, Eduardo Jorge

Nome: António Almeida Calheiros
Instituição: Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa
Área de Formação: Doutorando em Planeamento e Organização do Espaço Territorial
Interesses de investigação: Glocalização; governança, cultura, política e cidades.
Professor da Faculdade de Ciências Sociais da UCP e Membro Integrado do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Doutor em Sociologia pela Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid (2008).
As áreas de investigação e atuação têm incidido sobre religião e valores na pós-modernidade, dinâmicas sociais, tendências socioculturais e metodologias.
PAP0541 - A Criminalidade de Rua e o Contexto Social
No âmbito da investigação de doutoramento em curso, em sociologia com o título: “O Crime e o Contexto” pelo ISCTE, pretende-se apresentar resultados relativos à “criminalidade de rua” desde 1993 até 2010 agregadas à freguesia, e contextualizados com os dados provisórios dos sensos de 2011, particularmente em duas áreas da cidade de Lisboa: Benfica e Alta de Lisboa.
Desde os anos 60 se tem tentado alertar para a existente relação do binómio: crime e meio, com a tradicional perspectiva com base na psicologia que procurava concentrar-se apenas nas motivações do delinquente.
Desde Jane Jacobs e Elizabeth Wood, nos anos 60, a Ray Jeffery nos anos 70 com a denominação, pela primeira vez de crime prevention through environmental design desenvolvida mais tarde nos anos 90 por Tim Crowe, contando também com os contributos de Oscar Newman com o conceito de defensible space dos anos 70, se admite que o espaço induz efectivamente comportamentos.
Existe um conjunto de orientações que conferem aos espaços maior segurança com menos oportunidades para a prática de comportamentos ilícitos ou indesejados que constituem o conceito de crime prevention through environmental design (CPTED) que devem ser divulgadas e implementadasem Portugal.
Os projectos urbanísticos nacionais carecem dessas orientações e muitas vezes verifica-se que os profissionais enfrentam acrescidas dificuldades pela ausência destes conhecimentos, verificando-se que não integram nenhum módulo dos cursos universitários em Portugal.
É sabido também que as características do meio não se esgotam nos aspectos físicos, essencialmente quando em Portugal estas orientações nunca foram implementadas de forma sistemática e com alguma estratégia. O “controlo social” assume particular importância pelas relações que se estabelecem no espaço. Neste sentido o contexto engloba: CPTED e “controlo social”. Importa perceber como o espaço tem sido ocupado e identificar as relações que nele se estabelecem, essencialmente nos locais a “criminalidade de rua” assume valores significativos.
Os estudos que associam este tipo de criminalidade ao espaço e contexto social são omissos em Portugal. A análise deste fenómeno requer uma abordagem multidisciplinar, com particular ênfase na área da sociologia tentando analisar a relação dos comportamentos no espaço que podem dar origem as “crimes de rua”, como por exemplo: furtos ou roubo por esticão; furto de ou em veículo motorizado; furto por carteirista; furto em supermercado; roubo na via pública; entre outros. São crimes que ocorrem na via pública ou em espaço público, dos quais todos os indivíduos podem ser vítimas. São crimes que resultam em grande maioria, das oportunidades relativas às características físicas do local em que ocorrem que servem como facilitadores, que resultam da vulnerabilidade das vítimas e da necessidade do delinquente e geram um sentimento de insegurança generalizado.
- NEVES, Ana Verónica

"Ana Verónica Neves, licenciada em Sociologia e Planeamento, com mestrado em Estudos de Justiça Criminal pela Universidade de Portsmouth, RU, com tese sobre o medo e o sentimento de insegurança na cidade de Lisboa. Doutoranda em sociologia no ISCTE com investigação sobre a relação entre a "criminalidade de rua" e o contexto, orientada pelo professor Paulo Machado e com co-orientação da professora Helena Carreiras. Foi bolseira do CIES/FCT no projeto: "As Forças Armados Portuguesas após a Guerra Fria", da professora Helena Carreiras. Integra a coordenação da secção temática "Seguranç e Forças Armadas" da APS. Pertence ao MAI.
Principais publicações:
"Prevenção Criminal através do Espaço Construído - Guia de Boa Práticas", DGAI, no prelo
"Segurança Pública e Desenvolvimento Urbano: a preveção do crime através do espaço construído", na série Políticas de Cidades - 7, DGOTDU
100 Conselhos de Segurança”, Maio, 2010, Ministério da Administração Interna, Lisboa
DGAI. (2009), Manual de Diagnósticos Locais de Segurança: uma compilação de normas e práticas internacionais, Lisboa, Ministério da Administração Interna (Revisão técnica e adaptação para a versão portuguesa)
Neves, A. (2005), “Medo do Crime e Insegurança Urbana”, Polícia e Justiça, III Série, n.º5, Instituto Superior da Polícia Judiciária e Ciências Criminais, p.243
Cumprimentos, obrig
PAP0204 - A Cultura Organizacional das Empresas Agrícolas do Perímetro de Alqueva. Estudos de Caso.
A realização deste estudo subordinado ao tema "A Cultura Organizacional das Empresas Agrícolas do Perímetro de Alqueva. Estudos de Caso", destina-se à obtenção do grau de Mestre em Sociologia, na Universidade de Évora. A opção pelo tema resulta de motivações pessoais para tratar um assunto actual, de uma realidade económica e social emergente, que não foi ainda objecto de estudos com uma abordagem deste tipo.
Nos últimos anos, o Baixo Alentejo e o concelho de Ferreira do Alentejo em particular, foram objecto de significativos investimentos públicos, decorrentes da expansão do regadio (Empreendimento Fins Múltiplos de Alqueva). Estes investimentos têm vindo a potenciar outros de natureza privada, nas actividades agrícola e agro-industrial, com impactos expressivos na economia local e nas relações sociais.
O concelho de Ferreira do Alentejo, que é o beneficiário mais antigo das obras de expansão do regadio, regista já a instalação de diversas empresas nos sectores agrícola (Olival, Frutícolas, uva de mesa) e agro-industrial (Vinho, Azeite, Biomassa).
O estudo apresenta como objectivo geral caracterizar a cultura organizacional de empresas agrícolas de regadio, que recentemente se instalaram no concelho de Ferreira do Alentejo (Perímetro de Alqueva).
O conceito central tratado é a cultura organizacional de empresa, que será objecto de análise tendo em consideração uma dimensão externa (meio ambiente) e uma dimensão interna (gestão do negócio e gestão de recursos humanos).
Em termos metodológicos, situa-se ao nível do estudo de caso (pretende estudar de forma aprofundada duas empresas).
No final, com a realização deste estudo, é expectativa do autor obter um conhecimento mais concreto da cultura organizacional das empresas agrícolas de regadio do Perímetro de Alqueva e identificar novas pistas de trabalho que permitam aprofundar o conhecimento empírico da realidade em análise.
Conceitos chave: Cultura Organizacional de Empresa. Meio Ambiente. Gestão de Negócio. Gestão de Recursos Humanos. Desenvolvimento de Recursos Humanos.
- GUERRA, José
PAP1021 - A Cultura de Paz e de Não Violência: uma proposta de intervenção em escolas públicas na Restinga (Porto Alegre) e em Medianeira (Osório)
Esse projeto de pesquisa propõe uma intervenção em escolas públicas, a partir da perspectiva da Cultura de paz e da não violência em escolas na Restinga (em Porto Alegre) e em Medianeira (em Osório). A violência hoje é um assunto que faz parte das discussões do nosso cotidiano, em todas as esferas da nossa vida social e, principalmente, na escola. Uma das variáveis fundamentais para se compreender o crescente aumento da violência da sociedade brasileira não é apenas a desigualdade social, mas o fato desta ser acompanhada de um esvaziamento de conteúdos culturais, particularmente, os éticos e de cultura de paz, nos sistemas de relações sociais. A perspectiva metodológica a ser adotada é a Pesquisa Participante. Os sujeitos da pesquisa serão os respectivos membros dessas comunidades escolares como: os professores, alunos, equipe diretiva, pais e funcionários. Como resultados esperados, a partir do viés da Pesquisa Participante, pretendemos conhecer o processo de construção de uma cultura de paz e não-violência nas escolas proponentes, estabelecendo coletivamente estratégias que visam acabar ou coibir a violência no contexto escolar, e também, posteriormente, a partir dos resultados obtidos, promover cursos de extensão voltados para a formação continuada de professores na perspectiva da Cultura de Paz e Não-Violência. A pesquisa encontra-se em fase de coleta de dados.
A Cultura de Paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não violenta dos conflitos. É uma cultura baseada em tolerância, solidariedade e compartilhamento em base cotidiana, uma cultura que respeita todos os direitos individuais - o princípio do pluralismo, que assegura e sustenta a liberdade de opinião - e que se empenha em prevenir conflitos resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não-militares para a paz e para a segurança como exclusão, pobreza extrema e degradação ambiental. A cultura de paz procura resolver os problemas por meio do diálogo, da negociação e da mediação, de forma a tornar a violência inviável. Tolerância, democracia e direitos humanos - em outras palavras, a observância desses direitos e o respeito pelo próximo - são os valores "sagrados" para a cultura de paz. A Cultura de Paz é uma iniciativa de longo prazo que deve levar em conta os contextos histórico, político, econômico, social e cultural de cada ser humano. É necessário aprendê-la, desenvolvê-la e colocá-la em prática no dia-a-dia familiar, regional ou nacional.
Portanto, é no contexto das escolas, que os profissionais da educação passam a se constituir numa escuta privilegiada dos jovens e das famílias, muitas vezes, isolados de uma rede de solidariedade. Em meio à multiplicação das demandas por cuidados, é através destas questões essenciais, que precisamos refletir sobre o papel da escola frente a estes fenômenos.
- COSTA, Giseli Paim
- RODRIGUES, Stellen Giacomelli

- LOPES, Felipe Ferreira

- COSTA, Zuleika Schimidt
Nome: Stellen Giacomelli Rodrigues
Afiliação institucional: Faculdade Cenecista de Osório - FACOS/CNEC
Área de fomação: Psicologia
Interesse de Investigação: Psicologia Social Comunitária
Nome: Felipe Ferreira Lopes
Afiliação Institucional: Faculdade Cenecista de Osório/FACOS - Brasil
Área de formação: Graduando do curso Bacharelado de Psicologia da FACOS
Interesses de investigação: Psicologia Social Comunitária
PAP0513 - A Dimensão Tribal nos Clubes de Futebol
Vivemos na era da pós-modernidade, onde tudo está disponível para todos, podendo cada um escolher as suas interacções e traçar o seu caminho na sociedade. A par desta era e devido às inúmeras experiências e interacções existentes na vida do sujeito, surge uma fragmentação do self, dado que o indivíduo se vê obrigado a assumir estilos de vida e comportamentos diferentes consoante as ocasiões.
A par desta era do pós-modernismo surgem as chamadas tribos pós-modernas.
Uma tribo corresponde a um conjunto de indivíduos que partilham os mesmos desejos, interesses, necessidades e paixões. Ao contrário das tribos das sociedades arcaicas, estas tribos pós-modernas são instáveis, pois não se regem por nenhum padrão pré-estabelecido, mas sim por emoções e estilos de vida.
Estas tribos surgem juntamente com o desejo profundo e inerente do indivíduo em criar relações interpessoais, conseguindo deste modo sentir-se como parte de um grupo com crenças, paixões e ideais idênticos. Nelas, os laços criados são muito fortes dada a sua possível efemeridade, pois a tribo apenas faz sentido quando existe um interesse em comum, e caso esse interesse deixe de existir a tribo desfaz-se.
As tribos vieram revolucionar as sociedades contemporâneas, no sentido em que os indivíduos já não se focam tanto no sentimento de pertença ligado a aspectos racionais como a aquisição de produtos/serviços, virando-se antes para uma vertente irracional, arcaica ou até de religiosidade, onde o que importa são os rituais, havendo a necessidade de existir um suporte por trás, como locais de culto, objectos sagrados, roupas específicas ou palavras/cânticos próprios que identifiquem os indivíduos pertencentes àquela tribo.
Ao longo dos séculos, o futebol tem vindo a ganhar cada vez mais importância enquanto modalidade desportiva, sendo hoje em dia unanimemente considerado como “O Desporto Rei”. Portugal não é excepção. Existe uma quase necessidade de ser adepto de um clube. Cada vez há mais adeptos e pessoas a ir aos estádios, formando assim o que se pode chamar de “tribos do futebol”.
A experiência vivida num jogo de futebol é muito intensa e serve muitas vezes para aproximar os indivíduos, reforçando os laços sociais de cada um. Ser-se adepto de um clube é não só uma forma de identidade individual mas também de identidade colectiva. Através da observação dos movimentos e do modo de agir dos outros adeptos, o indivíduo aprende e replica esses comportamentos, seguindo assim as normas e rituais daquela tribo.
Este fenómeno das tribos no mundo do futebol apenas começou a ser levado mais a sério há relativamente pouco tempo, sendo que as claques são a evidência máxima deste tipo de tribos. Ainda com muito para explorar, esta é uma área que atrai cada vez mais atenções e desperta cada vez mais interesse, dada a forma de interacção tão específica e a influência que ela pode ter num resultado desportivo.
- GARCIA, Cíntia
- VASQUES, Inês
PAP1195 - A EMERGÊNCIA DE UM NOVO CORPO: O CONTRIBUTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO
Com esta comunicação pretendemos atingir os seguintes objectivos:
1 – Analisar o impacto que o discurso higienista teve na génese da Educação Física e Desporto;
2 – Discutir o papel que foi atribuído à Educação Física e Desporto no combate ao definhamento da raça.
Métodos/resultados: para analisarmos o problema enunciado seguimos a análise do discurso seguindo a perspectiva de Michel Foucault. Do trabalho que realizámos verificámos que o discurso higienista trouxe uma nova racionalidade, servindo para fazer a fundamentação à protecção colectiva e individual. O exercício físico surgiu, com a higiene, legitimado pelo saber científico. Desde o século XVII que assistimos a um discurso que relaciona a importância do exercício com a conservação da saúde. A grande aspiração da higiene era governar, ultrapassando os parâmetros da fisiologia, querendo também abraçar a sociologia e a moral. A ignorância, a incúria, fomentavam o viver anti-higiénico. Face a esta realidade, considerou-se que a escola poderia servir de instrumento de mudança. O apelo feito pela higiene veio contribuir para dar relevância à educação física e ao desporto. As vítimas que a surménage provocava e os trabalhos que Mosso desenvolveu, vieram colocar a necessidade de as reformas cuidarem da saúde dos jovens. Os trabalhos de antropologia escolar apareceram para se tentar saber a correlação existente entre o desenvolvimento físico e o desenvolvimento da inteligência. Daí que a avaliação antropométrica dos alunos tivesse ganho tão elevado interesse.
Como conclusão podemos dizer que a educação física e o desporto ganharam reconhecimento com o discurso higienista através do combate às doenças escolares. Foi num contexto de degenerescência da raça - como então se dizia - que se colocaram novas exigências à governação da população. Nesta viragem de mundividência, a população saudável passa a ser vista como uma riqueza. Para esta mundividência, foram muito importantes os contributos da política de saúde, da educação física e do desporto.
Palavras-chave: saúde, corpo, educação física, desporto.
- BRÁS, José Viegas

- GONÇALVES, Maria Neves

José Gregório Viegas Brás
Doutorado em História da Educação, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Lisboa (2006).
Mestre em Ciências da Educação, pela Faculdade de Motricidade de Humana, Universidade Técnica de Lisboa (1990).
Professor Associado na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT).
Coeditor da Revista Lusófona de Educação
Coeditor da revista electrónica Entretextos
Coordenador do Grupo de Investigação Memórias das Instituições Educativas e do Pensamento Pedagógico do Centro de Estudos e Intervenção em Educação e Formação (CeiEF) da ULHT.
Autor de diversas comunicações ( em eventos nacionais e estrangeiros).
Autor de diversos artigos publicados em livros, revistas nacionais e estrangeiras.
Maria Neves Leal Gonçalves
Professora Auxiliar na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT) em Lisboa. Doutora em História da Educação, pela Universidade de Évora. É coeditora da Revista Lusófona de Educação. E co-coordenadora do Grupo de Investigação Memórias das Instituições Educativas e do Pensamento Pedagógico do Centro de Estudos e Intervenção em Educação e Formação (CeiEF) da ULHT. Áreas de interesse: Republicanismo, laicização do ensino; História do Currículo; Professores e Associativismo Docente.
PAP0343 - A EXPANSÃO DO ACESSO AO ENSINO JURÍDICO E AS DESIGUALDADES DE OPORTUNIDADES NAS PROFISSÕES JURÍDICAS NO BRASIL: UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA
No pós 1988, o Brasil passou por vasto processo de “democratização” do ensino superior, o que permitiu a pulverização de instituições de ensino superior e o acesso formal das classes economicamente menos favorecidas às faculdades de Direito. Considerados cursos baratos, muitos foram os pedidos de autorização para funcionamento dos bacharelados em Direito, acompanhando o aumento da demanda por esses cursos. A atuação daqueles que se graduam em Direito está diretamente relacionada com o poder estatal, com a possibilidade de ascensão profissional, aquisição de status e estabilidade econômica em uma sociedade consumerista. Esta pesquisa discute o acesso ao ensino do Direito, tendo por hipótese que o aumento do acesso às faculdades de Direito não modificou a desigualdade de oportunidades no acesso às profissões jurídicas, apenas modificou o seu locus. A desigualdade de acesso ao campo jurídico deixou de ser causada pelo ensino jurídico, tendo sido transferida para o acesso às carreiras jurídicas, o que implica em reconhecer que as desigualdades de oportunidades permanecem. As fontes teóricas que suscitaram as reflexões são: Max Weber, Pierre Bourdieu, Magali Larson, Richard L. Abel, Roberto Fragale Filho e Celi Scalon. Para as análises pretendidas serão utilizados dados e documentos obtidos, principalmente, junto ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo e do Polícia Civil do mesmo ente federativo. Será apresentada história da implementação dos cursos de Direito no Brasil e definido o papel desempenhado pelas faculdades de Direito para o ingresso nas profissões jurídicas para, em seguida, explicar o funcionamento do campo jurídico, demonstrando as desigualdades de oportunidades no acesso ao ensino jurídico e às profissões jurídicas.
- GOULART, Barbara Valentim
PAP0379 - A Educação em Tempo de Mudança e a relação com “As Novas Oportunidades” – O Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) na Região Autónoma da Madeira.
Resumo: A presente comunicação centra-se na problemática do reconhecimento e validação das aprendizagens experienciais dos adultos (RVAE) numa perspetiva educativa-formativa. Estas novas práticas pedagógicas, resultantes do Processo de Reconhecimento, Certificação e Validação de Competências (RVCC), decorrem num período de mudanças muito significativas na dinâmica global. É inevitável que as diversas correntes do saber se esforcem para dar respostas aos novos desafios da humanidade, num período de crise e, em simultâneo, de luta pelas novas oportunidades. Vivemos, assim, num terreno de tensões e contradições, onde as crises e reconfigurações que atravessamos hoje na sociedade portuguesa necessitam de reflexão e de apostas em investimentos pessoais e necessidade de novas qualificações académicas.
Os novos enquadramentos legislativos integrados no paradigma de Educação/Formação ao Longo da Vida valorizam as aprendizagens informais e não-formais dos adultos, decorrentes dos seus percursos pessoais, sociais e profissionais.
A presente investigação tem como principal objetivo a análise do sistema de ação que enforma (cf. no sentido da sociologia formal de Simmel) as práticas de adultos que, não tendo concluído a Escolaridade Básica Obrigatória (3º Ciclo do Ensino Básico), recorrem às ofertas de educação e formação de compensação, mais concretamente as propostas a nível do Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), nos Centros de Novas Oportunidades (CNOS= 5), na Região Autónoma da Madeira (R.A.M.)
A referida investigação permite a identificação de dimensões de análise do nosso objeto de estudo e, ao mesmo tempo, faz emergir diversas pistas de investigação a desenvolver no futuro no campo da Educação e Formação de Adultos e a sua integração no Sistema Educativo.
Palavras-Chave: Educação – Formação de Adultos; Sociedade; Novas Oportunidades; Processo de Reconhecimento Certificação e Validação de Competências.
- PEREIRA, Maria Manuela Vieira Teixeira

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira
Afiliação institucional - Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Àrea de formação - Ciências da Educação
Interesses de investigação - Educação/Formação de Adultos (Processo de Reconhecimento, Certificação e Validação de Competências)
PAP0968 - A Educação partilhada: a perspetiva de técnicos/as autárquicos da área da educação
Em Portugal, e nas últimas décadas, a escola
tem vindo a contar com outros parceiros para a
consecução da sua missão, entre eles, as
autarquias. Concretizando os princípios de
âmbito geral da descentralização
administrativa e da autonomia do poder local,
o papel das autarquias na esfera educativa tem
vindo a ganhar expressão, a partir dos anos
80, mas com mais ênfase a partir da viragem do
milénio. Os enquadramentos legislativos têm
estabelecido os marcos e as regras para a
atuação do poder local em diversos âmbitos,
incluindo a educação.
O poder autárquico tem vindo a ganhar, assim,
um espaço de relevo na área educativa, no qual
não estarão alheias as intervenções na
promoção do sucesso educativo, entendido como
desiderato, não apenas do sistema educativo,
mas de todo um conjunto de atores sociais que
se pressupõe desenvolvam o seu trabalho em
alguma forma de cooperação. Neste contexto, as
autarquias têm um papel significativo, pois
passam a assumir, de formas mais ou menos
contratualizadas, funções que vão desde a
construção e manutenção de equipamentos,
passando pela ação social escolar até à
responsabilidade em ações especificamente
educativas de colaboração na promoção do
sucesso escolar. Através deste papel, acrescem
os mecanismos de regulação local da educação
com particularidades de natureza colaborativa,
de acção indirecta e com vários actores
intermédios.
Neste quadro, importa perceber, então, quais
são as perspetivas de atores diretamente
implicados neste esforço coletivo que
pretende, como é exposto num dos textos
legislativos, promover o fortalecimento da
coesão nacional e da solidariedade inter-
regional, ao mesmo tempo que contribui para a
eficiência e a eficácia da gestão pública.
Esta comunicação insere-se num projeto de
âmbito nacional que se centra na análise do
comprometimento das autarquias locais na
promoção do sucesso escolar no ensino básico.
Trata-se do projeto “Trabalhar em Rede na
Educação: discursos e estratégias do poder
autárquico em torno do sucesso e abandono
escolar”, financiado pela FCT, que envolve
três equipas, Universidade do Porto,
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e
Universidade de Lisboa, e que estuda 13
distritos, cobrindo boa parte do território
nacional.
A presente comunicação tem como objetivo
contribuir para a compreensão das perspetivas
de técnicos/as autárquicos de educação sobre
as
atribuições, competências e ações das
autarquias na área educativa, bem como sobre
as formas de cooperação em que estão
envolvidas. Salienta-se aqui o técnico
autárquico como sendo um actor privilegiado no
acompanhamento das diversas ações de carácter
educativo cujo discurso aponta para a
definição de um processo político em
construção, materializado em instrumentos que
reforçam estas políticas locais nas suas
funções simbólicas, axiológicas e pragmáticas.
- COSTA, Isabel

- ARAÚJO, Helena C.

- LOUREIRO, Armando

- SOUSA, Florbela
- PORTELA, José
- FONSECA, Laura
- SILVA, Sofia Marques da

- PINTO, Graça
- MACEDO, Eunice
- COUTINHO, Vanessa
- ANDRADE, Diana
- OLIVEIRA, Alexandra Alves

(Maria Isabel Barros Morais Costa)
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Doutoramento em Ciências da educação
Áreas de interesse: Metodologias de investigação em educação; educação formal versus educação não formal; educação e turismo; pedagogia na universidade; e-learning; formação de profissionais de ciências sociais e humanas.
Helena Costa Araujo
hcgaraujo@mail.telepac.pt;
haraujo@fpce.up.pt
Professor of Sociology of Education
and Gender Studies
University of Porto/Faculty of Psychology and Education
and Director of the
Centre for Research in Education (CIIE)
tel. 351.22.6079700
fax. 351.22.6079725
http://www.fpce.up.pt/ciie/?q=researchers/helena-c-araújo
Armando Loureiro
É Professor Auxiliar de Sociologia da Educação e de Educação de Adultos na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Departamento de Educação e Psicologia. É vice-presidente da Escola de Ciências Humanas e Sociais da mesma Universidade. É professor visitante na UNIMONTES/Brasil. É licenciado em Sociologia, mestre em Desenvolvimento Local e doutor em Educação. Tem investigado nas áreas da sociologia da educação de adultos e do conhecimento profissional. É autor ou co-autor de mais de dez capítulos de livros, três livros e mais de quinze artigos publicados em revistas científicas nestas áreas.
Sofia Marques da Silva
Afiliação institucional: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto (Docente)
Área de formação: Ciências da Educação
Interesses de investigação: Culturas Juvenis e educação, Metodologias de Investigação e Sociologia da Educação.
Alexandra Oliveira é professora da Universidade do Porto, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, onde exerce funções de docente e de investigadora na área da Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça. Os seus interesses relacionam-se com o género e a sexualidade; a norma, o desvio e a reação social, tendo vindo a dedicar as suas pesquisas ao trabalho sexual. Das suas publicações destaca o livro "Andar na vida: prostituição de rua e reacção social" (Almedina, 2011), uma adaptação da sua tese de doutoramento.
PAP0177 - A FESTA DE SANTA BÁRBARA: CORPOS MISCIGENADOS QUE SE “TRAMAM” E SE “CONTRACENAM” DE VERMELHO E BRANCO
Este trabalho é um recorte mais amplo de uma pesquisa sobre as festas populares baianas que teve como proposta central descobrir e compreender os saberes que os corpos expressam utilizando-se de signos, tipos de linguagem e expressão próprias da cultura popular. Para esta análise, contextualizamos historicamente a Festa de Santa Bárbara que acontece todo dia 4 do mês de dezembro no Centro histórico da cidade de Salvador-Ba. O culto a Bárbara foi trazido de Portugal para a Bahia, ainda no período da colonização do Brasil, tendo como responsáveis os negros e comerciantes locais. Com o tempo a santa “alcançou” uma quantidade significativa de devotos, seja do Catolicismo, ou do Candomblé, pois a mesma no ‘sincretismo’ “afro-católico” representa o orixá Iansã, “senhora dos ventos, raios e tempestades” que se veste de vermelho. Para tanto, o nosso objetivo central consiste em compreender as relações societárias do corpo naquela celebração, a partir de estudos culturais, bem como identificar as estéticas corporais produzidas durante o folguedo. Assim, investimos na pesquisa etnografica, pois a mesma permitir-nos um envolvimento concreto com os atores sociais que compõem o exame, fator este facilitador para um maior entendimento e compreensão dos dados colhidos e observados no campo empiríco, seja acompanhando o culto à santa, na missa, na procisão ou até mesmo na festa de largo e ritos do candomblé, que acontecem no Mercado de Santa Bárbara. Se por um lado, na comemoração, há uma forte presença do catolicismo, por outro, encontramos elementos do candonblé, a “fusão” de ambos componentes gera a representação de inúmeras identidades. No que tange a estética corporal, identificamos formas de dançar, adorar e brincar nas quais os corpos “miscigenados”, vestidos de vermelho e branco, se “tramam” e se “contracenam” simbolizando a resistência da Cultura Afro-Baiana ligada ao cultivo das tradições advindas de fora do país. Assim, o culto a Santa Bárbara/Iansã se traduz num acontecimento religioso de matriz católica e ao mesmo tempo afro-descendente.
Palavras-Chave: Bárbara, Miscigenados, Vermelho e Branco.
- JÚNIOR, Flávio Cardoso dos Santos

Flávio Cardoso dos Santos Júnior - Professor Pesquisador do GEPAC - Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão Artes do Corpo: Memória, Imagem e Imaginário da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) é Graduado em Educação Física e tem como foco de estudo o corpo dentro das manifestações culturais, principalmente as Festas Populares.
PAP0556 - A FORMAÇÃO PARA O TRABALHO EM SAÚDE E O DEBATE SOBRE AS NOVAS COMPETÊNCIAS
Os anos noventa do século XX configuram-se como espaço de ruptura do modelo de organização e institucionalização do sistema de saúde brasileiro. A saúde é entendida como um direito com base nos princípios da integralidade, universalidade e equidade. Em tempos de ajustes macro-econômicos e politicas neoliberais ocorreu, no pais, a reforma democrática consubstanciada na Constituição Federal de 1988, espaço privilegiado para o protagonismo de vários movimentos sociais. Neste espaço, o movimento sanitário, exerceu uma contra-hegemonia política e cultural, ensejando a implantação de um modelo de saúde baseado no ideais da Reforma Sanitária, conseguindo incorporar legalmente parte de sua proposta na legislação do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste cenário de modificações, reorganização, reestruturação do trabalho em saúde e redefinição do seu objeto, novas exigências são postas para os trabalhadores em saúde, e amplia-se o debate em relação a uma formação voltada para a construção de novas competências que não se restrinja ao aspecto técnico-instrumental, mas que possibilite uma ampliação e construção de competências organizacionais, comunicativas, comportamentais sociais, intelectuais e técnicas. Adotando a perspectiva histórico/crítica e a visão de totalidade na abordagem da relação entre Educação, Trabalho e Saúde, esta pesquisa objetivou analisar o processo de formação dos enfermeiros participantes do Centro de Educação Permanente em Saúde (CEPS) em Aracaju/SE/Brasil, desenvolvido com base na reestruturação organizacional do modelo de saúde e da política de qualificação empreendida no período de 2002 a 2006, conforme princípios orientadores da Política de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde. A abordagem qualitativa por meio estudo de caso possibilitou a consulta de diferentes fontes bibliográficas (revisão da literatura) e documentais como: o relatório de gestão, projeto político pedagógico do Curso de Especialização Integrado em Saúde Coletiva (EISC). O acesso aos respondentes da pesquisa ocorreu com a realização de dezessete entrevistas semi-estruturadas com os enfermeiros que participaram da EISC. Especial destaque foi atribuído à pedagogia do fator de exposição, utilizada no CEPS, significando um modo de ver e intervir, uma possibilidade pedagógica real e coerente de se exercer uma ação educacional política problematizadora da realidade, visando à transformação das práticas com base nos conteúdos trabalhados. Os resultados descobr
- BORGES, J.Lusitânia de J
- CRUZ, Maria Helena Santana
PAP1372 - A Gestão do Risco, da Incerteza e da Ambivalência na Era da Biomedicina: As controvérsias sócio-técnicas em torno da Reprodução Medicalizada
Nesta comunicação pretendemos analisar as dimensões de incerteza e de ambivalência face ao desenvolvimento da Biomedicina nas sociedades da modernidade liberal alargada, nomeadamente no que concerne à reprodução humana, a fim de se identificar os desafios éticos e as controvérsias sócio-técnicas que dela emergem. Vivemos actualmente numa era de «ambivalência» permanente, na chamada «sociedade do risco», onde o progresso científico e técnico, apesar das promessas e possibilidades por ele criadas, por vezes é acompanhado concomitantemente por uma incapacidade de controlar ou prever certas consequências ou perigos associados, por exemplo, a nível da manipulação genética. Neste contexto, a gestão do risco implica não apenas a acção preventiva, quando é possível determinar a probabilidade de ocorrência desses efeitos ou ameaças, mas também medidas precaucionais, nos casos em que não é possível defini-los nem identificá-los. Assistiu-se recentemente a avanços e melhorias no quadro das tecnologias reprodutivas, mas que parecem estar imersos num ambiente de reflexividade e crítica, uma vez que permanece uma tensão entre a fé absoluta nas Tecno-ciências por parte dos mais entusiastas e uma desconfiança ou receio entre os mais cépticos e no seio de alguns grupos religiosos. Não se trata apenas do risco de aspirações eugénicas que está em jogo quando se discute a concepção artificial, mas também a falta de objectividade no diagnóstico clínico de infertilidade ou mesmo as falhas relativamente aos dispositivos terapêuticos para o seu tratamento. Consequentemente, a crescente sofisticação das tecnologias de reprodução assistida, ao invés de reduzirem os problemas, acabam por multiplicá-los, trazendo sintomas do transtorno e desconforto existencial. É este paradoxo e mal-estar que, de acordo com Zygmunt Bauman, caracteriza o processo civilizacional moderno nas sociedades ocidentais e que pretendemos abordar nesta comunicação, com base na análise de dados teóricos e empíricos, nomeadamente documentação específica (legislação e relatórios de Comissões de Ética) e entrevistas focalizadas com médicos, casais inférteis e peritos.
- DELAUNAY, Catarina

Catarina Delaunay. Pós-Doutoranda no CESNova – Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e no Groupe de Sociologie Politique et Morale-EHESS (França). Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL); Mestre em Ciências Sociais, especialização em Famílias: Olhares Interdisciplinares, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Doutorada em Sociologia, especialidade de Sociologia da Cultura, na FCSH-UNL. Bolseira de Doutoramento e Pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Interesses de investigação: Sociologia da Saúde e da Medicina, Sociologia da Ciência e Tecnologia, Sociologia Pragmática e Sociologia da Família.
PAP0571 - A INCONTORNÁVEL SOCIOLOGIZAÇÃO DA INTELLIGENCE
Portugal tem vivido ao longo dos últimos
trinta e cinco anos etapas diversas da
construção da democracia. Percorremos um
caminho de crença a um quotidiano de
incerteza. A actualidade torna frágil a
soberania.
O quadro representado no tempo presente,
permite constatar a projecção global dos
interesses nacionais mas em contrapartida,
deixa o país permeável a toda a gama de
interesses exógenos. Antes como agora na nossa
história como Nação, os portugueses têm
encontrado e ultrapassado momentos de
transição.
A tecnologia, os mercados financeiros e a
democratização de muitas sociedades aceleraram
a globalização numa escala sem precedentes.
Porém, a globalização também intensificou os
perigos que nós encaramos como o terrorismo
internacional e disseminação/propagação de
tecnologias letais, perturbações económicas e
a mudança climática.
As modificações operadas na sociedade
portuguesa reflectiram-se num sector sensível
dos interesses nacionais – os Serviços de
Informações.
As diversas alterações de objectivos e os
vários enquadramentos institucionais a que os
Serviços de Informações têm sido sujeitos, e
que resultaram na constituição do Sistema de
Informações da República Portuguesa (SIRP),
são os fiéis intérpretes do percurso sinuoso a
que este sector da vida nacional tem sido
sujeito e espelham as respostas às realidades
distintas construídas desde o tempo das
certezas ao tempo global do risco, da
incerteza e da fragilidade. Nesta panóplia de
alterações, firma-se um registo que desperta a
nossa curiosidade: os Serviços de Informações
Militares.
No mesmo período em que as alterações de
funções e estrutura organizacional se
verificaram nos Serviços de Informações e
particularmente nas Informações Militares,
Portugal, através das Forças Armadas e
enquanto membro de diversas Organizações
Internacionais vem prestando o respectivo
contributo ao esforço colectivo de promoção da
paz e segurança numa perspectiva global,
apresentando uma projecção de Forças Nacionais
Destacadas (FND) sem paralelo histórico
nacional. No entanto, a disseminação de FND ao
invés de fortalecer a posição do sector das
Informações Militares no conjunto do sistema
de informações, correspondeu à diminuição da
importância daquele sector, ou seja, num
contexto de incerteza global, a necessidade de
saber não só se mantém como deve crescer, mas
esta não foi a leitura feita pelas entidades
responsáveis.
A interacção do país com realidades novas, por
via da participação em acções mergulhadas na
turbulência do risco e da incerteza, fenómenos
decorrentes do processo de globalização,
remete-nos para o estudo do sector das
informações militares: a sua evolução,
enquadramento institucional e funções na
democracia em Portugal, ou seja, desde um
tempo tradicional em que o país se encontrava
quase retirado do cenário internacional até a
actualidade em que não se pode descurar as
influências da globalização.
- FONSECA, Dinis Manuel Victória

Dinis Manuel Victória da Fonseca; Militar, atualmente a prestar serviço no Estado-Maior-General das Forças Armadas; Licenciatura em Sociologia (ISCTE); Mestrado em Sociologia da Família (Universidade de Évora); Doutorando em Sociologia (Universidade de Évora/Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (CESNOVA). Áreas de interesse: Sociologia Militar; Informações e Defesa; Condição militar; Relações civil-militares. Algumas publicações de referência: ADLER, Alexander (2009), O Novo Relatório da CIA, Lisboa, Editorial Bizâncio; BALTAZAR, Maria da Saudade (2002), As Forças Armadas Portuguesas, Desafios Numa Sociedade Em Mudança, Évora, Universidade de Évora (Dissertação de Doutoramento, polic.); CARDOSO, Pedro (2004). As Informações em Portugal, Lisboa, Gradiva/IDN; GIDDENS, Anthony (1997). Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; GIDDENS, Anthony (2007). A Europa na Era Global, Lisboa, Editorial Presença; HUNTINGTON, Samuel (1972), The Soldier and the State: the theory and politics of civil-military relations, Cambridge, The Belknap Press of Harvard University Press; JANOWITZ, Morris, e LITTLE, Roger W. (1974), Sociology and Military Establishment, London, Sage Publications; KENT, Sherman (1966), Strategic Intelligence For American World Policy, Princeton, Princeton University Press; MOSKOS, Charles e WOOD, Frank (1988), The Military, more than a Job?, Great Britain, Pergamon-Brassey´s.
PAP0250 - A INTERCEPTAÇÃO AÉREA E O ABATE DE AERONAVES: ASPECTOS CONSTITUCIONAIS E PENAIS
O presente artigo, baseado em pesquisa documental e bibliográfica, tem por objetivo proceder a um exame jurídico das ações militares endereçadas aos procedimentos de interceptação aérea. São analisadas a constitucionalidade e a responsabilidade penal do agente de defesa aérea, piloto militar cuja missão de interceptação aérea foi atribuída. Inicialmente, é verificada a constitucionalidade do tiro de destruição sob uma perspectiva pós-positvista, desmistificando algumas afirmações sobre a matéria. Posteriormente, foi evidenciado o choque entre dois Princípios Constitucionais, Soberania e Dignidade Humana, onde cada um deles sugere uma solução diversa. Para dirimir a controvérsia e a colisão de normas-princípios, utilizou-se a técnica da ponderação de valores. Como resultado da ponderação aludida, restou evidente não haver inconstitucionalidade da questão analisada. Dessarte, a Lei 9.614/98 e o Decreto 5.144/2004 é a escolha acertada. Não cai na tentação da Tirania da Soberania, nem da Tirania da Dignidade Humana, revela-se uma escolha madura de um Estado Democrático de Direito consolidado. A norma é verdadeira síntese, que sopesa ambos os princípios, preserva-os ao máximo e chega a uma conclusão equilibrada e democrática. Para além da constitucionalidade, verificou-se ainda a responsabilidade penal do agente de defesa aérea utilizando como paradigma a Teoria Constitucionalista do Delito. Dessa análise, constatou-se que, caso o piloto militar proceda em estrita observância ao procedimento legal, não há que se falar sequer em tipicidade penal, quiça em crime (delito). Como resultado final, o estudo atesta que as normas reguladoras da interceptação aérea estão em perfeita coadunância com a Constituição Federal de 1988, e o agente de defesa aérea que atua dentro de suas determinações não deve ser responsabilizado criminalmente, haja vista que cria risco permitido, atuando em estrito cumprimento de um dever legal, causa excludente da tipicidade material.
- FARIAS, Andrew Fernandes
- SOUSA JR, Afonso Farias

AFONSO FARIAS DE SOUSA JÚNIOR
PARTE ACADÊMICA - FORMAÇÃO
FORMAÇÃO INICIAL EM CIÊNCIAS DA LOGÍSTICA E POSTERIORMENTE EM ADMINISTRAÇÃO. TAMBÉM GRADUADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS. ESPECIALIZADO EM a) ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA; b) EM ANÁLISE INTERNACIONAL/NEGÓCIOS; c) EM ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA; d) MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; e) DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
PARTE PROFISSIONAL - EXECUTIVA
EXERCEU CARGOS NA GESTÃO PÚBLICA POR MAIS DE 20 ANOS NAS ÁREAS DE FINANÇAS, GESTÃO DE MATERIAL, PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO E CONTABILIDADE ESTRATÉGICA GERENCIAL. ATUOU TAMBÉM EM PROGRAMAS DO GOVERNO FEDERAL DE APOIO A SOCIEDADE CIVIL.
PARTE PROFISSIONAL - DOCENTE
HÁ MAIS DE 15 ANOS LECIONA NO ENSINO SUPERIOR NAS ÁREAS DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL.
PESQUISADOR NAS ÁREAS DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, TEMA QUE ESTÁ ATUALMENTE ENVOLVIDO EM 3 PROJETOS DE PESQUISA EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS.
TEM PUBLICAÇÕES VOLTADAS PRINCIPALMENTE À SUSTENTABILIDADE, A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E À DEFESA NACIONAL.
PAP0433 - A Identidade e a Plasticidade Territorial e os Processos de Regeneração Urbana
A regeneração urbana e a revitalização dos centros históricos, conjuntamente com as questões da sustentabilidade energética e da necessidade de redução de emissões poluentes, são hoje os principais desafios que se colocam ao planeamento das cidades. Desde logo em Portugal, dadas as condições de crescente abandono e degradação em que se encontram muitos dos edifícios dos centros históricos das cidades portuguesas, mas também na Europa, uma vez que, a maioria dos centros urbanos europeus são cidades históricas e, por isso mesmo, muito antigas.
As cidades parecem estar a redescobrir o valor económico das indústrias criativas e da cultura e, muitas delas, começam a apostar fortemente nestes sectores como forma de dinamização económica e de regeneração de zonas particularmente sensíveis em termos patrimoniais e arquitectónicos. As indústrias criativas e da cultura são actividades que convivem bem com edifícios e zonas particularmente nobres das cidades.
Exactamente por isso, assistimos ao surgimento de um conjunto de apostas na rentabilização das oportunidades de regeneração urbana associadas a este tipo de indústrias. De que são exemplo, as estratégias assentes na afirmação de unidades territoriais especializadas em actividades no âmbito das industrias criativas, nomeadamente os Design Districts (district entendido enquanto bairro, área, zona, quarteirão ou circuito urbano), os Fashion Districts, os Museum Districts, os Art Districts, os Antiques Districts, os Video & Cinema Districts, os Music Districts, que começam a ser concretizados em várias cidades em Portugal e no mundo.
Muitas das soluções adoptadas têm fortes implicações na identidade e plasticidade dos territórios. Muitas delas, consolidam e tiram partido das identidades territoriais, mas em muitas outras, no esforço de reproduzir localmente soluções bem sucedidas noutros contextos territoriais, assistimos a uma crescente degeneração da identidade dos lugares bem como a alterações estruturais significativas da sua plasticidade que importa acautelar.
Nesta comunicação será assim analisada a problemática dos processos de regeneração urbana no que respeita aos modos de se assegurar um justo equilíbrio entre a salvaguarda da identidade dos lugares, e a capacidade de construir condições que lhes possibilite o desempenho de novas funções urbanas e de novas soluções de modernidade.
- NETO, Paulo

- SERRANO, Maria Manuel

Paulo Neto é Professor na Universidade de Évora, Departamento de Economia, tem Doutoramento e Agregação em Economia, e é autor de vários artigos e livros científicos publicados em Portugal e no estrangeiro. Foi Pró-Reitor para o Planeamento Estratégico e Director do Departamento de Economia desta Universidade, onde também coordenou vários cursos de licenciatura, pós-graduação e mestrado. É investigador colaborador do Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia da Universidade de Évora (CEFAGE-UE) e do Centro de Investigação sobre o Espaço e as Organizações da Universidade do Algarve (CIEO-UALG).
Maria Manuel Serrano é Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações e Mestre em Sistemas Socio-Organizacionais da Atividade Económica, pelo ISEG/UTL e Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora.
É investigadora do SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações do ISEG/UTL .
É Professora Auxiliar no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e Diretora do 1.º Ciclo de Estudos em Sociologia desta Universidade, desde 2009.
É autora de diversas publicações científicas na área da Sociologia Económica e das Organizações.
PAP1406 - A Inclusão através do Desporto Adaptado: o Caso Português do Basquetebol em Cadeira de Rodas
A presente investigação pretende aprofundar a inclusão social dos praticantes de Basquetebol em cadeira de rodas (BCR) através do desporto adaptado. Assim, examinamos a relação entre e o desporto e o reconhecimento social, interacção social, auto-estima, condição física, imagem corporal e qualidade de vida de pessoas com deficiência motora, bem como as atitudes negativas e obstáculos.
A nossa amostra é constituída por 80 praticantes de BCR que fizeram parte do Campeonato Nacional de BCR, na época de 2007/2008, em que 77 são do género masculino e 3 do género feminino, com idades compreendidas entre os 14 e os 63 anos. Através da aplicação de um inquérito por questionário, recolhemos a informação definida pelo nosso modelo de análise, tendo esta sido tratada nos programas informáticos de SPSS e Excel.
De uma forma geral, podemos concluir que os praticantes de BCR apresentam uma auto-estima bastante elevada. A maioria considera não existir atitudes negativas, obstáculos ou comportamentos por parte de outras pessoas que possam servir como barreira à sua inclusão social. Da mesma forma, os praticantes de BCR têm uma representação positiva da sua inclusão social, pois consideram que esta modalidade contribui para o reconhecimento do seu valor e para a sua sociabilidade.
Concluímos que a maioria dos praticantes de BCR afirma estar satisfeita com a sua imagem corporal (com excepção dos praticantes com menos de 18 anos e em menor grau pelos praticantes com sina bífida e paraplegia). Também, a maioria dos inquiridos dá grande importância à prática desportiva (PD) do BCR, assim como à sua condição física, e considera que esta modalidade lhes incrementa a sua qualidade de vida.
Por fim, concluímos ainda, que a maioria dos praticantes teve como primeira PD o BCR, apresentando uma regularidade ao longo do tempo (excepto os praticantes entre os 41 e 60 anos). Actualmente, apresentam uma elevada intensidade da prática (excepto os praticantes com spina bífida e amputação), assim como uma elevada frequência. A maioria afirma estar satisfeita com o desempenho dos profissionais, contudo insatisfeita com a falta de apoio financeiro e logístico. Considera-se, no entanto, não existir obstáculos à acessibilidade desportiva (excepto o bar e as escadas).
- FREIRE, Marta

Marta Fernandes Freire; Faculdade do Desporto e Educação Física -
Universidade de Coimbra; Desporto Adaptado; Sociologia do Desporto.
PAP1374 - A Infância na sociedade portuguesa: entre crise e reconfigurações.
A situação social da infância assume-se como um indicador muito pertinente na análise do estado de desenvolvimento humano de um país ou de uma região. Considerando as crianças no presente, e não apenas como uma projeção de futuro, elas representam a expressão viva dos modos como a sociedade está estruturada, como se definem as clivagens e as fraturas sociais, como se constroem a estratificação e as desigualdades, como operam as representações, os processos de reflexividade, a construção das referências, dos valores e das aspirações.
Portugal é um país onde estes indicadores exprimem de uma forma poderosa a situação de transição e de confluência em que se encontra. Por um lado, os avanços no que diz respeito, por exemplo, a uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo, às melhorias nas políticas de proteção das crianças em situação de risco ou ainda o decréscimo acentuado da exploração da mão-de-obra infantil, foram, ao longo das últimas décadas algumas conquistas muito significativas para a melhoria do bem-estar e a realização dos direitos das crianças. Por outro lado, persistem ainda indicadores preocupantes relacionados com índices de maus-tratos intrafamiliares significativamente elevados quando comparados com a realidade dos restantes países da OCDE, uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo, a polarização social crescente da sociedade portuguesa, entre outros, que nos alertam para o facto de haver, ainda, um caminho longo a percorrer.
Esta comunicação pretende, num contexto de aprofundamento da crise europeia, refletir sobre as implicações da crise na situação da infância e das crianças portuguesas. Num primeiro momento trataremos da demografia e das tendências que aí se encontram, confluentes na acelerada diminuição do número de crianças em Portugal. Detemo-nos, depois, nas transformações das estruturas familiares e nas práticas de educação familiares das crianças. Seguidamente analisaremos a evolução da legislação portuguesa caracterizando-a nos planos da educação, saúde e justiça e as suas implicações nas políticas de proteção das crianças ‘das margens’.
- NATÁLIA, Fernandes
- TOMÁS, Catarina

- SARMENTO, Manuel
Catarina Tomás
Docente do Instituto Politécnico de Lisboa (Escola Superior de Educação de Lisboa)
Investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho,
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Direitos da Criança; Infância e Participação; Metodologias participativas com crianças.
PAP1231 - A Integração das Mulheres Imigrantes Grávidas nos Serviços de Saúde Materna
Atualmente é reconhecida a crescente desigualdade social e a crescente assimetria entre diferentes grupos de pessoas em quase todos os países e em diferentes domínios sociais, não sendo a saúde nenhuma exceção. Apesar de todos os cuidados de saúde terem como objetivos principais otimizar a saúde das populações, a realidade é que existe uma notória falta de conhecimento do acesso efetivo dos/as imigrantes aos cuidados de saúde (Fonseca, Silva, Esteves & McGarrigle, 2009) sendo este mais acentuado no que concerne às mulheres imigrantes.
A presente comunicação tem como objetivo apresentar e discutir alguns resultados preliminares de uma investigação de cariz qualitativo (ainda em curso) realizada no âmbito de um projeto doutoral em Psicologia Social sobre Imigração Feminina, Maternidade e Saúde Materna.
A partir da análise dos discursos de quinze mulheres imigrantes que foram mães em Portugal, procurar-se-á caracterizar as suas experiências ao nível da Saúde Materna, incidindo sobre os significados construídos em torno dos contatos estabelecidos com os serviços de saúde primários e com os/as seus/suas profissionais.
Esta caracterização sobre os constrangimentos e/ou facilidades encontradas no acesso aos cuidados de saúde durante a gravidez e maternidade e estratégias utilizadas por estas mulheres no domínio da saúde pretende ser problematizada à luz da Teoria da Interseccionalidade. Só tendo em conta as várias pertenças identitárias das mulheres imigrantes poderemos compreender e analisar os sentidos e as implicações dos significados por elas construídos e as suas eventuais vivências de discriminação intersecional (Crenshaw, 1991) nos contextos de saúde.
As evidências encontradas, com base em análises preliminares, apesar de apontarem para dificuldades díspares tendo em conta as diferentes nacionalidades, apontam no sentido da manutenção da tradicional de discursos claramente genderizados e classicistas que vão legitimando a sua submissão/inibição nos contextos de saúde e que se vão traduzindo em comportamentos de passividade face à reivindicação dos seus direitos quando se encontram em situações visivelmente discriminatórias.
Esta comunicação pretende contribuir para um novo referencial de análise (Neves, Nogueira & Topa, no prelo) nos estudos sobre imigrações femininas.
- TOPA, Joana

- NOGUEIRA, Conceição
- NEVES, Sofia
Joana Bessa Topa
Licenciada em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pelo Instituto Superior da Maia. É pós-graduada em Intervenção Social pela Escola Superior de Paula Frassinetti. Neste momento frequenta o programa doutoral em Psicologia Social pela Universidade do Minho. Exerce funções profissionais como Mediadora Escolar e desempenha funções de professora assistente e investigadora no Instituto Superior da Maia (ISMAI), sendo membro integrante da Equipa de Investigação “Mulheres Imigrantes Grávidas em Portugal”, em curso no Instituto Superior da Maia (ISMAI), sob a coordenação da Prof. Doutora Sofia Neves. É ativista em prol dos Direitos Humanos e Igualdade de Género. Tem como interesses de pesquisa científica: estudos de género, feminismos e processos migratórios.
PAP0754 - A Interface Cidade-Porto em Vitória/Brasil a partir das Propostas de Revitalização Urbana para a Área Portuária
Verificamos duas tendências nas cidades portuárias no final do século XX: a obsolescência de áreas portuárias encaixadas nas zonas centrais de cidades e os projetos de revitalização dos centros urbanos. Neste cenário, ganha força o movimento dos waterfronts, que sugere que zonas portuárias em áreas urbanas sejam reconvertidas em espaços que valorizem o patrimônio histórico-portuário.
Muitas das discussões sobre cidades portuárias passaram a acontecer dentro dos grandes projetos de revitalização urbana, como é o caso de Vitória/ES. O centro histórico e o porto de Vitória fazem parte da agenda do poder público no contexto de projetos de revitalização e recuperação de seu simbolismo histórico e potencial turístico.
Vitória é uma cidade portuária de origem colonial. O porto está encravado no tecido urbano, localizado no centro histórico, na baía da ilha de Vitória. O porto ajudou a cidade a se consolidar como capital do Espírito Santo e teve papel ativo nos ciclos econômicos capixabas.
Na década de 1990, acreditava-se que o porto havia chegado ao seu esgotamento. O poder público local enxergou como oportunidade de reconversão da área portuária urbana para usos de lazer, consumo e turismo.
Através dos planos de revitalização, a Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) formalizou a proposta de sua transformação em espaço de turismo e lazer aos moldes dos waterfronts. Tais idéias consolidaram o afastamento na interface cidade-porto e inviabilizaram o diálogo entre as partes. Situação que só vem a ser alterada com a troca de governos na Prefeitura.
A nova gestão local apresentou propostas mais brandas para a zona portuária, conciliando a manutenção da atividade do porto com usos urbanos apenas dos espaços portuários ociosos. Retoma-se o diálogo cidade-porto e avança-se em projetos concretos que reaproximarão a população de seu porto, mas que ainda convivem com conflitos de interesse pontuais.
Frente ao assunto e à mudança de posicionamento do governo local, surpreende a apatia da sociedade civil, que parece ter perdido o referencial de ser cidade portuária e não se manifesta ante a possibilidade de perder também seu patrimônio histórico.
- VASCONCELOS, Flavia Nico
PAP1162 - A Mediação Penal em Portugal - do debate à implementação
No âmbito da tese de
mestrado Mediação
Penal e Justiça
restaurativa. O
debate em Portugal,
ISCTE-IUL, 2010,
procurou-se
compreender a
recente
implementação da
Mediação Penal em
Portugal. Esta
comunicação servirá
para apresentar e
colocar à discussão
os seus resultados.
Primeiramente,
desvendar o contexto
internacional em que
a mediação penal
emergiu. Em seguida,
dar conta do debate
nacional promovido
em torno da
temática,
desenvolvendo uma
reflexão que
evidencia os actores
que mais se
realçaram no espaço
público nacional,
onde se sobressaem
intervenientes
políticos,
académicos e
profissionais que
intervêm
directamente na sua
implementação, como
os Mediadores e
Magistrados do
Ministério Público.
E, finalmente,
procura-se
enriquecer a
exposição e a
discussão com alguns
dados empíricos
relativos à
implementação da
Mediação Penal em
Portugal, recolhidos
no âmbito do estudo
Monitorização da
Mediação Penal
(2008-2010, em
resultado do
protocolo celebrado
entre o GRAL e a
Faculdade de Direito
da Universidade Nova
de Lisboa. Dados que
se prendem com os
tipos de crimes
remetidos para
mediação, as forma
de resolução
encontradas e a
satisfação das
partes.
A mediação
inscreve-se num
processo mais lato
de desjudicialização
e informalização do
sistema de justiça.
Este processo
procura promover a
participação dos
cidadãos, destacar o
papel da vítima e a
ressocialização do
infractor. Por outro
lado, procura
colmatar a crescente
ineficiência do
sistema de justiça
formal. O debate
nacional,
particularmente
centrado na noção de
mediação penal sob o
pano de fundo da
justiça
restaurativa, parece
ser no essencial
impelido pelas
orientações
internacionais,
tanto mais que,
cronologicamente, se
inicia sob a forma
de medidas políticas
e reflexões
teóricas, na
sequência da
directiva
comunitária,
Decisão-Quadro
2001/220/JAI. De
facto, as últimas
duas décadas do
século XX são
frutíferas num
debate internacional
sobre esta temática,
facilmente
verificável pela
produção documental
de nível político
internacional.
Contudo, em Portugal
o debate despoletou
apenas no início do
século XXI que
culmina com a
implementação da
Mediação Penal em
2007 sob a Lei n.º
21/2007, de 12 de
Junho.
- COSTA, Sónia
PAP0684 - A Mercadorização do Futebol e seus Impactos na Infância Pobre
O presente texto trata dos efeitos que a mercadorização do futebol produz nos processos de socialização de crianças moradoras da favela Pantanal na zona leste da cidade de São Paulo - Brasil. Para tanto, pretendemos aqui debater alguns aspectos que se relacionam com os papéis do brincar e do jogar na vida da criança e como esses fenômenos mercadológicos vividos no mundo do esporte (futebol) impactam no cotidiano desses sujeitos alterando a própria experiência infantil. Brincar e jogar são dois verbos que estão diretamente associados ao desenvolvimento psicossocial. Assimilar e construir regras, valores, negociá-los consigo mesmo e com o outro, etc., são aspectos estruturantes do desenvolvimento infantil. Porém, a questão que nos chama a atenção é a seguinte: Como impacta na vida de crianças a ‘mercadorização da infância’? Nas múltiplas possibilidades de mercadorização da infância, elegemos a mercadorização do futebol enquanto espetáculo e o impacto desta no desenvolvimento sócio-afetivo de meninos pobres entre 8 e 12 anos. O futebol é o esporte mais praticado no Brasil. Quem nunca foi ao estádio, ou nunca jogou uma partida, ou ainda, não esteve torcendo por algum time? Presenteia-se às crianças com bolas, camisas de clubes etc. e também com o time que deveriam torcer. E, por fim, na escola meninos jogam futebol, sem pensar se poderiam fazer outra atividade, visto que é o esporte de melhor aceitação e que desperta maior interesse nos alunos. A isso é preciso acrescer o fato de que a prática do futebol enquanto ‘brincar’ e ‘jogar’ pelo simples prazer de fazê-lo, já não é algo tão determinante no universo infantil. O que se apresenta como cada vez mais determinante é a idéia da competição, da concorrência e, por conseguinte, impregnada pela idéia de ser o esporte uma forma privilegiada de ascensão social. Com isso, muito da infância se esvai entre a rígida rotina dos treinos e a dos estudos. Jogar e brincar passam a ser palavras com significados distintos daquelas que conhecemos e das que elas mesmas teriam se não estivessem enquadradas em uma miniatura do mundo adulto, privadas da liberdade que caracteriza brincar e o jogar como bem recorda Huizinga (2002). Tais considerações nos levam à entender um pouco mais o peso que a ação externa dos meios de comunicação têm sobre a população e, em especial, sobre as crianças que estão em fase de socialização tanto primária quanto secundária (Berger e Luckmann, 2001). Estas atuações externas sobre as crianças servem para levá-las à internalizar os discursos da concorrência e da ascensão social tão presentes na sociedade ocidental conduzida pela lógica de mercado.
- SILVA, Alessandro
- ALMEIDA, Marco
PAP1262 - A Nazaré- Um Lugar na Tradição
A Nazaré é justamente conhecida como importante ícone no mosaico de culturas regionais que serviram à construção da Nação portuguesa.
Num tempo em que o génio de cada povo, a sua singularidade, a língua, e sobretudo a cultura popular serviram para legitimar o direito de cada povo a existir enquanto entidade política organizada em Estado-Nação, a Nazaré, entre outros lugares tomados como genuínos representantes de uma portugalidade antiga, foram escolhidos como topos centrais para a afirmação da Nação portuguesa perante as outras nações.
Desta forma, a cultura piscatória da Nazaré foi objeto de um trabalho de apropriação por parte das elites nacionais, políticas, artísticas e intelectuais. Este trabalho de apropriação da tradição local pelas elites levou a uma estilização e transformação tão grande de determinados elementos da cultura piscatória, como o vestuário, a música, que levou os folcloristas a falar de um apagamento do seu “verdadeiro folclore” e consequente substituição por um folclore inventado, e por isso não genuíno.
Por outro lado, a pequena burguesia local do primeiro quartel do século vinte soube aproveitar a seu favor e da comunidade este interesse externo, quer por razões políticas quer económicas e tornou-se ela própria um ator importante neste processo de folclorização da cultura piscatória.
Hoje a Nazaré, vista como um lugar de tradição é na verdade, para a maioria da sua classe média, de comerciantes e todos os setores de actividade ligados aos serviços, a que se juntaram os filhos dos pescadores, uma sociedade pós-tradicional, segundo a expressão de Giddens. Neste sentido, o modo de vida piscatório tradicional é apropriado como fonte de criação identitária servindo a todos para a afirmação de uma especificadade perante as forças homogeneizadoras da modernidade.
- TRINDADE, José Maria
PAP0477 - A Pobreza e a Exclusão Social no Brasil e em Portugal: um estudo comparativo
Nosso trabalho é resultado de pós doutoramento
realizado na Universidade do Porto, que propôe-
se a um estudo comparativo a fim de pensar as
relações centro / periferia em dois países (
Brasil e Portugal), nas cidades de Ribeirão
Preto (Brasil) e Porto ( Portugal ), em
espaços sociais periféricos e violentos das
duas cidades, o bairro periférico do Ipiranga
( Ribeirão Preto/Brasil ) e o bairro social do
Lagarteiro (Porto/Portugal ), no intuito de
analisar e compreender a organização desses
espaços sociais, em suas características e
imbricações, identidades e diversidades,
especificidades e generalidades, abarcando a
organização desses espaços econômicos, sociais
e culturais internos, bem como em sua dinâmica
interna / ampliada; entre centro e periferia
do capitalismo mundial. No decorrer do
trabalho, nos deparamos com as dinâmicas e
formas de sociabilidade desses espaços, o que
nos chamou a atenção para as relações de
gênero alí estabelecidas. Enquanto espaços de
segregação social, encontramos uma
rearticulação entre formas de sociabilidade
tradicional, capitalista e das/nas ruas, bem
como a reorganização familiar
predominantemente baseada na monoparentalidade
materna. . Assim, ao pensarmos num espaço
social periférico no Brasil, trabalhamos com a
cidade de Ribeirão Preto, um espaço
privilegiado dentro do Brasil, que possui uma
dinâmica muito desenvolvida e tecnologicamente
avançada em todos os setores da produção,
distribuição e terceirização, porém isso não a
livra dos espaços de pobreza e exclusão, como
o bairro do Ipiranga. A fim de compararmos os
espaços em estudo, em Portugal, trabalhamos
com a cidade do Porto, cidade mais importante
da industrializada zona do litoral norte de
Portugal, no bairro social Lagarteiro, uma
região do Complexo do Cerco, caracterizada
como área de segregação/exclusão social. Os
sujeitos, nesses espaços, denunciam, por meio
de sua sociabilidade, pela força, pela
violência e criminalidade, uma sociedade que
os exclui e os segrega para longe dos grandes
centros integrados. Encontramos então
sujeitos, espaços e sociedades calcadas na
contradição entre classes, entre trabalho e
não trabalho, entre gêneros, etnias, gerações,
espaços socias de inclusão e exclusão e toda a
multiplicidade de contradições que
caracterizam as nossas sociedades Dessa forma,
nos propomos a tratar, nesse trabalho, de
pensar nas diversas e rearticuladas formas de
vivência familiar, em espaços sociais
segregados/de exclusão, numa perspectica
comparativa entre Brasil e Portugal, entre
centro e periferia do capitalismo atual,
considerando as diversas e significativas
modificações, nesses espaços, no que concerne
às suas vivências nessas famílias e espaços
sociais.
- PAULA, Sandra Leila de
PAP0519 - A Problemática da Política Educacional em Timor-Leste
Pretende-se, neste trabalho, questionar sobre o futuro da língua Portuguesa como língua de ensino em Timor-Leste, com o estatuto de língua oficial a par do Tétum, reconhecido pela Constituição do país.
Torna-se igualmente pertinente inquirir sobre a política educacional do governo relativamente à intensificação da formação de professores de língua portuguesa, que se encontra numa fase ainda frágil, e parece estar mais fragilizada devido à nova política da introdução das línguas maternas no início da escolaridade básica. Neste sentido, é de extrema importância que, antes da sua implementação, tenha lugar uma formação intensiva de professores e formadores de forma que se possam alcançar os objectivos alvejados.
Na falta da referida formação, esta política, embora seja uma sugestão da UNESCO e das agências financiadoras internacionais, é considerada uma política inviável e impraticável, não só pela existência do complexo quadro linguístico em Timor-Leste com pelo menos dezasseis línguas, mas também pela falta de condições em termos de materiais didácticos (manuais e outros materiais de apoio) e professores formados para o ensino de todas estas línguas.
PAP1334 - A Proteção Social no Brasil: a nova face dos cuidados
Ao analisar o desenvolvimento da proteção social no Brasil, a família se destaca como instituição fundamental na provisão dos recursos, mesmo a entendendo como lócus do desenvolvimento dos indivíduos, as características assumidas por ela é de total responsabilidade pelos proventos. Além da família outra instituição merece destaque neste contexto, a igreja, que com por meio de ações de filantropia, pautadas no humanismo cristão, desenvolveu e desenvolve ações de respostas imediatas as necessidades dos indivíduos. Ambas as instituições são movidas por sentimentos de afeto, afinidades, e solidariedade (SZYMANSKI, 2002). Nessa relação se manifesta as ações de cuidado mútuo pautado em motivações individuais, que estão fundamentadas no mérito, no favor e na graça e não no reconhecimento de direitos e na estabilidade e segurança da provisão. Tanto a família quanto a igreja fazem parte da comunidade próxima, que é aquela que reproduz a sociabilidade primária, um tipo de provisão pautada nas relações de cuidado com e para o próximo, sem exigir especialização da atenção destinada (CASTEL, 1998). No século XX, o Brasil tem um ganho, no que tange a proteção social, que é a inserção do Estado nas ações de provisão e cuidados aos necessitados, a princípio esta era destinada a um grupo seleto, os trabalhadores, em seguida ela foi ampliada aos seus dependentes e, em 1988, a Constituição Federal a promulga como dever do Estado ampliado a todos os cidadãos brasileiros. Mas nos anos 1990 emerge no contexto político do país um processo de reforma do Estado, que refletiu no desmonte de políticas sociais públicas e na negligência do Estado, na execução de seu papel como provedor (BEHRING, 2008). Neste contexto a comunidade próxima é evocada como elemento central para a produção dos cuidados e para a provisão das necessidades dos indivíduos, transformando o coletivo em problema individual tratado de forma solidária. Por outro lado o Estado promove ações de provisão fragmentadas e imediatas de forma seletiva, cuja finalidade é de estabelecer a desigualdade necessária para o bom desenvolvimento do capitalismo e ampliar o poder do mercado, que se utiliza de uma “face humanitária”, por meio de ações de “responsabilidade social” para transformar a pobreza e a questão social em palco de atuação de um só protagonista, o lucro, gerando fenômenos como a judicialização dos direitos, a mercantilização da pobreza, a refilantropização da assistência e a despolitização da questão social.
R
- SOARES, Maurício Caetano M.

Maurício Caetano Matias Soares
Graduado em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestre em Política socail pela Universidade Federal Fluminense atua como asssitente social na área da saúde há 9 anos e há 10 anos realiza pesquisas na área da súde voltadas para atuação profissional frente as políticas sociais de saúde brasileira e avaliação das políticas sociais brasileira frente ao acesso a elas como efetivação de direito através do Nucleo de Pesquisa de Questão Social, Serviço Social e Polítca Social da Escola de Serviço Social da UFRJ e faz parte como membro do corpo docente do centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM/RJ).
PAP0418 - A Punição do Sofrimento Psíquico no Brasil: Reflexões sobre os Impactos da Reforma Psiquiátrica no Sistema de Responsabilização Penal
Após duas décadas de lutas pela reforma do sistema de internação
psiquiátrica no Brasil, em 2001 foi publicada a Lei Federal 10.216, que
define os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno
mental. A Lei que institucionaliza a reforma psiquiátrica brasileira,
fortemente inspirada nos postulados teóricos da Antipsiquiatria e da
Criminologia Crítica, foi explícita ao vedar a internação de pacientes
portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, definindo formas não manicomiais de tratamento baseadas no
princípio fundamental de respeito à dignidade e à autonomia do usuário
do sistema de saúde mental. A dignidade e a autonomia do paciente são
instrumentalizadas pelos direitos de informação sobre sua doença, direito
de interagir na definição do tratamento, direito de aderir voluntariamente
a terapêutica proposta, e, nos casos limites, o direito de ser comunicado,
através de médico, sobre os motivos da hospitalização involuntária – nos
casos de internação involuntária estabelece critérios de controle da
medida pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. A ideia
fundamental da Lei foi proporcionar tratamentos adequados em
ambientes terapêuticos menos invasivos possíveis, preferencialmente os
serviços comunitários de saúde mental. No entanto, apesar de a Lei
10.216 não excluir portadores de sofrimento psíquico que praticaram
delitos, após uma década de vigência os manicômios judiciais brasileiros
seguem intactos, imunes dos preceitos da reforma psiquiátrica. Assim, o
estudo pretende relatar o quadro atual da punição dos portadores de
sofrimento psíquico no Brasil através da aplicação judicial de medidas de
segurança em regime manicomial. A pesquisa se justifica não apenas em
razão da injustificável incongruência da exclusão dos atores de delitos da
incidência da Lei da Reforma Psiquiátrica, mas, sobretudo, pela evidente
violação dos direitos humanos dos portadores de sofrimento psíquico
submetidos à internação manicomial. A hipótese central do trabalho é a
de que o rótulo criminoso cria uma espécie de justificativa metanormativa
que legitima a imposição de regimes carcerários como forma de sanção,
para além das vedações legais. O levantamento bibliográfico, a
sistematização dos dados sobre as medidas de segurança e a pesquisa
etnográfica nas instituições manicomiais do sul do Brasil, especificamente
Porto Alegre, permitem evidenciar a criação, por parte dos experts do
sistema punitivo, de um discurso híbrido, impregnado de metarregras,
que tangencia a linguagem jurídica e psiquiátrica, e que é altamente
eficaz na produção de sentidos legitimadores dos manicômios judiciários
apesar da reforma.
- CARVALHO, Salo de
- WEIGERT, Mariana de Assis Brasil e
PAP0691 - A REPRESENTAÇÃO CONTEMPORÂNEA DA CAVERNA DE PLATÃO: NARRATIVAS DA AUSÊNCIA E DO PODER NA ESCRITA SARAMAGUIANA NA VIGÊNCIA DO CAPITALISMO TARDIO
No roman à thèsè “A Caverna”, Saramago cria um
artifício de representação que pondera a
respeito da trajetória de um desacorrentado do
mundo das sombras que desce ao mundo
subterrâneo de um Centro Comercial para
elucidar formas de domínio contemporâneas. O
artigo é parte de uma Pesquisa de Doutorado que
analisa o romance a partir da crítica ao
funcionamento do princípio do mercado que
confina o Estado e deslegitima formas de
sociabilidade já propostas, seja pela fase
liberal seja pela organizada do capitalismo
tardio que, não obstante, desoculta outras
sociabilidades, práticas e culturas que a
modernidade subalternizou, revelando-as, ao
mesmo tempo, como espaços politizados. Saramago
critica a incapacidade do capitalismo de
construir humanamente a conjuntura existencial
do homem, cuja realidade é marcada pela nova
divisão internacional do trabalho, pela
dinâmica vertiginosa das transações bancárias,
pelas novas formas de interrelacionamento das
mídias, que são apenas manifestações visíveis
do sistema econômico. Desse itinerário se
depreende que o esmaecimento do sentido
histórico, a substituição da categoria tempo
enquanto dominante pelo espaço ou a
transmutação das coisas em imagens no processo
de reificação, mais do que características de
uma dominante cultural, constituem traços
estruturais do capitalismo tardio, que se
legitima pela dissolução explosiva da autonomia
da esfera cultural, descrita como uma
prodigiosa expansão da cultura até o ponto em
que tudo na vida social, do valor econômico e
do poder do Estado à estrutura da psique, deve
ser considerado como cultural. A colonização do
real pela cultura surge como uma atualização,
uma amplificação telescópica da indústria
cultural, pratica-se o culturicídio advindo da
incapacidade de se construir um sistema de
relações que avoque a liberdade de culturas
minoritárias e periféricas, restando o
funcionalismo vazio de um sistema de
produção/troca de informações/serviços cujo
objetivo é a acelerada racionalização da
produção. O artigo enfatiza como os discursos
ético-políticos preenchem as condições
comunicativas para um auto-entendimento
hermenêutico de coletividades, porquanto devem
possibilitar uma autocompreensão autêntica e
conduzir para a crítica de um projeto de
identidade, em que é necessário o preenchimento
de certas condições de uma comunicação não-
deformada sistematicamente, que proteja os
participantes contra repressões, sem arrancá-
los de seus genuínos contextos de experiências
e interesses.
- BARBOSA, Ramsés Albertoni
PAP0636 - A Reconfiguração da gestão universitária em Portugal
A partir de meados dos anos 1980, muitos países da Europa ocidental levaram a cabo reformas dos seus sistemas da administração pública. Por um lado, essas reformas procuraram responder à crise financeira e política dos estados providência e, por outro lado, promover o reposicionamento dos sistemas sociais regulados pelo Estado no contexto das pressões globais inspiradas, hegemonicamente, pelo pensamento e acção neoliberais. A partir dos anos 1990, partindo desde a inspiração da Nova Gestão Pública até aos modelos chamados de Nova Governação, para só nomear estes, foram elaborados propostas e planos de reconfiguração das instituições públicas e, consequentemente, da regulação estatal dos sistemas sociais. Da transformação do estado regulador até ao estado promotor do mercado como forma de regulação, passando pelo estado supervisor, resultaram reformas que afectaram a gestão das universidades públicas na Europa.
Portugal e o sistema de ensino superior também se reconfiguraram neste contexto, articulando a necessidade de responder ao fluxo político global de ideias e de acção sobre a sua gestão e a especificidade dos problemas nacionais relacionados com a gestão das universidades públicas. A reforma da gestão universitária iniciada em 2007 com o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior veiculou os três vectores de reforma comuns ao discurso e práticas reformadores: autonomia, qualidade do serviço prestado e prestação de contas.
Esta comunicação visa analisar o modo como três universidades portuguesas reagiram a esses estímulos políticos e reconfiguraram a sua gestão. Com base nos dados recolhidos no projecto europeu, Transforming Universities in Europe, foi ministrado um questionário em 24 universidades públicas europeias, de 8 países (Alemanha, França, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido e Suíça). Este questionário recolheu as percepções de Reitores, de Administradores, de membros do Conselho Geral, do Senado e dos Directores de Faculdade/Escola sobre as dimensões política dos seus instrumentos e do papel e função dos órgãos na governação e gestão das instituições. As três universidades seleccionadas para este artigo, não sendo representativas do sistema público, pelas suas características permitem conclusões relevantes sobre as transformações da governação e gestão universitárias em Portugal.
- MAGALHÃES, António M
- VEIGA, Amélia
- SOUSA, Sofia
- RIBEIRO, Filipa M.
PAP1212 - A Revitalização da Lapa: Consumo e Patrimônio na Construção Social do Espaço Público no Rio de Janeiro.
Este projeto pretende tratar da revitalização
da Lapa, região no centro histórico da cidade
do Rio de Janeiro. A revitalização da Lapa
inicia-se com a valorização do patrimônio local
pela legislação do Corredor Cultural no final
de década de 1970, a implantação, em 1982, do
Circo Voador e, posteriormente, da Fundição
Progresso. Na década de 90, o projeto Quadra da
Cultura destinou sobrados na Avenida Mém de Sá,
de propriedade estadual e, antes ocupados por
pequenos negócios, para instituições artísticas
e culturais o que deu início a um circuito de
festas, bailes e espetáculos. Posteriormente,
surgiu uma nova área de atividades boêmias
composta de restaurantes e bares que aumentou o
número de usuários e ambulantes,
principalmente, à noite. Essas atividades
expandiram-se para novas áreas da região com a
abertura de várias casas de show e bares. A
inauguração da restauração da Rua do Lavradio
em maio de 2002, a implementação de novas
políticas públicas para a área (Distrito
Cultural da Lapa, Lapa Legal) e a construção e
sucesso de vendas do Condomínio Cores da Lapa
apontam para a radicalização nas mudanças da
área. Nessa época, a Lapa começou a atrair, de
forma continuada, a atenção da mídia, dos
planejadores, de empresários e do mercado
imobiliário aumentando a força de certos
agentes na regeneração da área.
Desse modo, busca-se se o caso da Lapa implica
a reinvenção de tradições e patrimônios
paralelamente a melhoria de infra-estrutura
urbana, restauração e refuncionalização de
edificações históricas, de forma a criar uma
nova imagem da cidade e promover a
reapropriação dessas áreas por novas camadas da
população e pelo capital, com o desenvolvimento
de um circuito de cultura, lazer,
entretenimento e turismo, de forma a
potencializar sua valorização econômica e
inserção no mercado global. A ênfase do
trabalho recai, sobretudo, nas práticas de
consumo do patrimônio cultural e no papel dos
novos intermediários culturais nesses processos
e na formação de espaços públicos fragmentados.
- BRANDÃO, Joseane Paiva Macedo

Possui graduação em ciências sociais (1999) e mestrado em ciências sociais (2003) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Desde 2009, é doutoranda em sociologia do Núcleo do Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe com realização de doutorado sanduíche (2009-2010) no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. É também técnica em ciências sociais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e tem experiência de pesquisa na área de sociologia urbana, sociologia da cultura e patrimônio cultural.
PAP1397 - A Serra da Estrela e a Blogosfera: contributo para o estudo da imagem da Serra construída pelos seus habitantes na «rede»
A imagem da Serra transmitida pelos meios de comunicação tradicional indicia que os meios de comunicação tradicionais continuam a reproduzir a imagem da região da Serra da Estrela construída durante o Estado Novo muito colada à imagem da neve, do frio, de ícones turísticos e dos desportos de inverno onde já não se revêem muitos dos seus habitantes. O advento da internet, o número crescente de utilizadores e os serviços, por ela, disponibilizados vieram tornar o espaço virtual como uma incontornável agência de socialização, ainda que mediada pela tecnologia. A massificação da blogosfera que sucedeu na viragem do século veio permitir novas formas de intervenção no espaço público e dar voz inclusive às comunidades que se encontram mais distantes dos centros de decisão. Diversos estudos referem que os Blogues são o espaço, por excelência, onde se podem expressar aqueles que têm mais dificuldade em fazer-se ouvir, quer o pretendam fazer com objectivos pessoais, promocionais ou institucionais. Neste estudo, que teve como objecto um conjunto de blogues da responsabilidade de habitantes desta região e cujo tema é explicitamente a Serra da Estrela pretendeu-se, à luz de metodologias de cariz qualitativo, analisar as temáticas mais recorrentemente discutidas e que, por essa razão, dão sentido a quem vive nestes territórios de montanha.
Palavras-chave: blogs, blogosfera, estudos sobre blogues, imagem das regiões, Serra da Estrela.
- OLIVEIRA, Nelson Clemente Santos Dias
PAP0350 - A Sociedade Bíblica em Portugal no século XIX: a difusão da Bíblia em português como motor de diversificação sociocultural
A Sociedade Bíblica desenvolveu-se ao longo do século XIX em Portugal com base num objectivo fundamental de difusão da Bíblia, participando dum movimento de grande escala, iniciado na Grã-Bretanha, em 1804, com a criação da British and Foreign Bible Society (BFBS). Originária de um ambiente protestante e formatada por esse mesmo ambiente, colocou, em Portugal, os problemas essenciais da pluralidade das traduções da Bíblia e da vulgarização dos textos bíblicos com todas as questões de legitimação e fundamentação que as mesmas colocam, donde resultou um importante impacto cultural na sociedade portuguesa. Pretende-se analisar esse processo de estruturação da Sociedade Bíblica em Portugal enquanto movimento de natureza não-denominacional e gerador de um espaço próprio no seio da larga escala da reconfiguração missionária oitocentista e, num sentido mais estrito, no interior da sociedade portuguesa. Organizando-se na transição do século XIX para o século XX como uma plataforma de encontro entre todos os grupos protestantes, consensualmente unidos em torno da centralidade conferida à Bíblia, a análise da história da Sociedade Bíblica em Portugal conduz também à reflexão sobre o modo como esse movimento se desenvolveu enquanto experiência de diversificação sociocultural num ambiente religioso (e cultural) maioritariamente católico romano, onde a relação com a Bíblia é substancialmente distinta da do universo protestante.
- LEITE, Rita Mendonça

Rita Mendonça Leite é licenciada em História e Mestre em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É investigadora integrada do Centro de Estudos de História Religiosa -da Universidade Católica Portuguesa. Trabalha na área da História Religiosa e das correntes cristãs na época moderna e contemporânea, com destaque para as questões do Protestantismo e da pluralidade religiosa no Portugal Contemporâneo. Actualmente encontra-se a fazer o seu doutoramento em História e Cultura das Religiões (CEHR-UCP e FL-UL) em torno da temática: “A Sociedade Bíblica em Portugal como experiência de diversificação sociocultural e religiosa no século XIX: o debate entre texto e autoridade”. É Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
PAP1339 - A Sociologia das Emoções e a acção social em contextos de risco e incerteza: interrogações sociológicas e evidências empíricas sobre a violência de género
Esta comunicação tem como objectivo reflectir sobre várias interrogações suscitadas a partir de investigações sociológicas feitas em Portugal, onde os actores sociais são condicionados a agir em contextos de risco e incerteza; de algum modo, tais preocupações teóricas e metodológicas estão na origem da organização da recente secção temática da APS sobre as emoções.
Ela resulta em muito da insatisfação teórica que uma equipa da Universidade Nova de Lisboa foi sentindo em várias investigações empíricas, que tem realizado nos últimos 15 anos, em diferentes domínios do social.
O caso do estudo sociológico da violência de género é disso paradigmático. A acção dos actores sociais envolvidos, vítimas ou agressores, particularmente nos contextos limite da interacção violenta, não pode ser compreendida sem se ter em consideração as várias dimensões emocionais e sentimentais que emergem e condicionam essa mesma acção. Algumas delas são mesmo determinantes na produção e reprodução da violência.
De facto, as velhas teorias das ciências sociais, por mais importantes que ainda o sejam, parecem já não dar resposta a um conjunto amplo de problemas das sociedades actuais, pelo que, talvez, sejam necessárias rupturas epistemológicas que permitam construir novos objectos de estudo e produzir novas metodologias de pesquisa.
A Sociologia das Emoções pode a esse nível dar um contributo significativo: chamando a si uma área que tradicionalmente tinha sido deixada à Psicologia e abrindo portas à articulação com outras ciências numa perspectiva interdisciplinar.
- LISBOA, Manuel
PAP1117 - A Tragédia de Entre-os-Rios: Estado, comunidade e a gestão moral de um desastre
Em Março de 2001, a ponte Hintze Ribeiro, em Castelo de Paiva, colapsa. Cinquenta e nove pessoas perdem a vida naquele que se tornará, à data, o mais grave acidente rodoviário em Portugal. Na sequência da queda da ponte Hintze Ribeiro, a Tragédia de Entre-os-Rios, como ficou significativamente conhecida, o concelho de Castelo de Paiva não voltará a ser o mesmo. Na sequência da fracção de segundos necessária à perpetuação do acidente, Castelo de Paiva passa de uma pequena vila desconhecida ao palco de uma das mais intensas e prolongadas operações mediáticas que deixa o País cativo perante as operações de socorro e os sobressaltos políticos. Volvida mais de uma década, propomo-nos regressar ao acontecimento de 4 de Março.
A análise que nos propomos realizar toma como ponto de partida a tradição da sociologia dos desastres, iniciada nos anos 40, nos Estados Unidos, retomando as inquietações que animaram estes estudos pioneiros, a saber, o modo como reage, responde, se reergue, se organiza colectivamente e sobrevive uma comunidade atingida por um desastre. Complementarmente, pretende-se igualmente evidenciar o modo como os desastres ou as catástrofes representam momentos em que são as instituições, nomeadamente do Estado, que são postas à prova, podendo determinados acontecimentos conduzir à quebra de expectativas ou mesmo à ruptura na confiança nessas instituições. Assim, os acontecimentos extremos, variáveis nas suas causas, são-no igualmente nos efeitos, a curto e longo prazo, nas comunidades que atingem e nos impactos nas instituições públicas e nos representantes políticos, o que os torna objectos heurísticos de grande valor para evidenciar o potencial de transformação social de que são portadores. Partindo, assim, de um acontecimento singular, a queda da ponte Hintze Ribeiro o objectivo do estudo é o de compreender a reacção da comunidade ao acidente na sua dupla condição de alvo de um trabalho de interpretação e gestão política do acontecimento e na origem de uma interpretação e gestão moral do acontecimento. A partir das interpretações conflituantes do acontecimento, pretende-se pôr em evidência e analisar duas dimensões: a primeira, debruçar-se-á sobre o trabalho político e institucional empreendido para gerir a crise aberta pelo colapso da ponte; enquanto que a segunda, incidirá sobre o modo como este trabalho se confronta com interferências por parte da comunidade local — no sentido lato, num primeiro tempo, e das vítimas, num segundo — apostada em fornecer uma interpretação moral do acontecimento e em transformar o sofrimento em acção.
Subjacente ao estudo encontra-se a questão de saber se as tragédias serão portadoras de uma força moral susceptível de ser mobilizada por uma comunidade de vítimas para a busca da verdade, para a obtenção de justiça e reparação, para a associação e a acção colectiva, ou seja, saber se as tragédias portadoras de um capital de cidadania?
- ARAÚJO, Pedro

Pedro Araújo é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e licenciado pela mesma Faculdade. É investigador e doutorando do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e membro do Centro de Trauma. Os seus interesses de investigação centram-se em questões relacionadas com a sociologia dos desastres e a cidadania.
PAP0661 - A Universidade Católica Portuguesa é uma Universidade Católica?
A doutrina da Igreja estabelece, em vários documentos, o que deve ser uma universidade católica. A Constituição Apostólica Ex corde ecclesiae é, talvez, o mais importante desses documentos actualmente, mas existem outros. E as próprias universidades católicas têm Estatutos, aprovados superiormente, que definem a sua identidade.
Da documentação vaticana resultam obrigações genéricas mas claras. Exemplos: tanto na formação como na investigação deve existir interdisciplinaridade, a qual conterá uma perspectiva teológica e filosófica; os alunos deverão, tanto quanto possível, tornar-se “homens verdadeiramente eminentes pela doutrina” e pelo testemunho da fé; promover a justiça social e a Doutrina Social da Igreja; integrar razão e fé.
Os Estatutos da Universidade Católica Portuguesa (U.C.P.) reafirmam a submissão às orientações da Santa Sé e especificam vários objectivos de que destaco dois: empreender os diálogos fé/razão e ciências/teologia, com presença de disciplinas de teologia nos planos de estudos; formar quadros inspirados na Doutrina Social da Igreja.
Numa Faculdade de Teologia ou de Filosofia, estas orientações não deverão ser de aplicação muito difícil. Já nos cursos de ciências e tecnologias, sujeitos a intensa concorrência no mercado de ensino, a questão assume outros contornos, dado o peso esmagador que a qualidade técnica profana da formação alcança na procura.
No âmbito das ciências (sociais), as Faculdades de Economia e Gestão são um caso muito sensível: os seus cursos, tendo uma forte componente técnica, abrangem temática tratada na Doutrina Social da Igreja. É precisamente sobre estas Faculdades da U.C.P. que se debruça o presente estudo. Divididas por três centros, apresentam consideráveis diferenças entre si e também em relação a congéneres estrangeiras. As diferenças dizem respeito ao ensino, à investigação e à extensão universitária. Os dados ainda são preliminares mas permitem algumas conclusões: uma Faculdade (ou um Departamento, se se tratar do Centro das Beiras) pode apoiar dezenas de projectos de economia social por todo o país e outra não; os percursos de formação também são variados e, em certos casos, é possível ter todo um trajecto académico da licenciatura ao doutoramento sem cursar uma única disciplina de teologia nem de Doutrina Social da Igreja.
Pode-se, nalgumas circunstâncias, falar de um ensino secularizado na U.C.P.?
- COSTA, Joaquim

Joaquim Costa (Funchal, 1960), licenciado em Sociologia pela U. Évora (1989), doutorado em Sociologia pela U. Minho (2005), professor auxiliar do Deptº Sociologia do ICS/U. Minho, investigador do CICS (U. Minho). Tem publicados trabalhos sobretudo na área da Sociologia da Religião, de que se destacam:
Sociologia dos Novos Movimentos Eclesiais - focolares, carismáticos e neocatecumenais em Braga (Porto, Afrontamento, 2006); Sociologia da Religião - uma breve introdução (Aparecida - São Paulo, Editora Santuário, 2009); "Sentido da Vida, Desespero e Transcendência" (Revista Lusófona de Ciências da Religião, 2009, nº 12);
"O Zapping do Cristão" (in A. M. Brandão e E. R. Araújo (org.), Intersecções Identitárias, Famalicão, Húmus, 2011).
Grato pela atenção,
Joaquim Costa.
PAP0794 - A União Europeia sem Portugal - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
Quando a crise financeira de alguns países da zona euro ameaça a coesão da União Europeia (UE) e Portugal está entre os incumpridores do pacto de estabilidade e crescimento, parece-nos pertinente questionar se Lisboa representará um fardo ou uma mais-valia para UE.
Cingindo-nos a uma análise meramente geopolítica, concluímos que sem Portugal a UE perdia uma vasta área marítima atlântica que para além de beneficiar a política comum de pescas é cruzada por um intenso tráfego mercantil tendo o Velho Continente como destino ou ponto de partida. Para além disso, a UE deixava de ter uma ponte privilegiada com os mercados da lusofonia, entre os quais se contam as potências regionais emergentes Brasil (inserido no Mercado Comum do Sul) e Angola (parte da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral). Não foi por acaso que as duas cimeiras UE-África e a primeira UE-Brasil coincidiram com a presidência portuguesa do Conselho.
Por seu turno, a diáspora lusa, vasta e dispersa, representa também ela, pelos valores culturais que exporta, uma mais-valia para uma Europa cada vez menos influente face a um mundo crescentemente centrado na Ásia-Pacífico. Nenhum outro Estado, membro ou candidato, pode pois substituir Portugal nestas tarefas. Contudo, em tempos de incertezas e medos, a consciência política sobre esta evidência pode não ser um dado adquirido, seja na Europa, seja mesmo em Portugal.
- PALMEIRA, José

José António de Passos Palmeira é natural de Braga (1959) e Professor Auxiliar no Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública da Escola de Economia e Gestão, na Universidade do Minho (UM). Doutorou-se em Ciência Política e Relações Internacionais, na mesma universidade, em 2003, onde também concluiu o Mestrado em Estudos Europeus (1995) e a Licenciatura em Relações Internacionais (1991). É membro do Núcleo de Investigação em Ciência Política e Relações Internacionais, sediado na UM, estando a sua investigação orientada para os domínios do sistema político e da geopolítica portugueses. É autor do livro O Poder de Portugal nas Relações Internacionais, editado em 2006, pela Prefácio (Lisboa).
PAP0802 - A União Europeia sem Portugal - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
Quando a crise financeira de alguns países da zona euro ameaça a coesão da União Europeia (UE) e Portugal está entre os incumpridores do pacto de estabilidade e crescimento, parece-nos pertinente questionar se Lisboa representará um fardo ou uma mais-valia para UE.
Cingindo-nos a uma análise meramente geopolítica, concluímos que sem Portugal a UE perdia uma vasta área marítima atlântica que para além de beneficiar a política comum de pescas é cruzada por um intenso tráfego mercantil tendo o Velho Continente como destino ou ponto de partida. Para além disso, a UE deixava de ter uma ponte privilegiada com os mercados da lusofonia, entre os quais se contam as potências regionais emergentes Brasil (inserido no Mercado Comum do Sul) e Angola (parte da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral). Não foi por acaso que as duas cimeiras UE-África e a primeira UE-Brasil coincidiram com a presidência portuguesa do Conselho.
Por seu turno, a diáspora lusa, vasta e dispersa, representa também ela, pelos valores culturais que exporta, uma mais-valia para uma Europa cada vez menos influente face a um mundo crescentemente centrado na Ásia-Pacífico. Nenhum outro Estado, membro ou candidato, pode pois substituir Portugal nestas tarefas. Contudo, em tempos de incertezas e medos, a consciência política sobre esta evidência pode não ser um dado adquirido, seja na Europa, seja mesmo em Portugal.
- PALMEIRA, José

José António de Passos Palmeira é natural de Braga (1959) e Professor Auxiliar no Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública da Escola de Economia e Gestão, na Universidade do Minho (UM). Doutorou-se em Ciência Política e Relações Internacionais, na mesma universidade, em 2003, onde também concluiu o Mestrado em Estudos Europeus (1995) e a Licenciatura em Relações Internacionais (1991). É membro do Núcleo de Investigação em Ciência Política e Relações Internacionais, sediado na UM, estando a sua investigação orientada para os domínios do sistema político e da geopolítica portugueses. É autor do livro O Poder de Portugal nas Relações Internacionais, editado em 2006, pela Prefácio (Lisboa).
PAP1287 - A abordagem interdisciplinar na avaliação de tecnologia
Nesta comunicação pretendemos detalhar o processo de desenvolvimento da avaliação de tecnologia em Portugal e sobretudo compreendê-lo na sua articulação com as actividades a nível internacional. Surgem novos projectos, novas iniciativas, novos os trabalhos científicos estão a ser desenvolvidos, e a afirmação desta área de intervenção e de análise científica começa a revelar o interesse de diferentes actores. As actividades potenciais podem ser explicitas por este recente aumento de interesse da comunidade científica internacional, e traduzem-se num envolvimento directo com as instâncias parlamentares e de decisão a nível empresarial. A tomada de decisão em torno das opções tecnológicas é um instrumento que carece de especialização e do apoio do conhecimento interdisciplinar.
Podemos dizer então que este desenvolvimento é muito relevante pelo facto de ter uma forte base disciplinar no domínio da Sociologia da Ciência e da Tecnologia, embora não se restrinja apenas a este domínio. Antes pelo contrário, as colaborações interdisciplinares têm vindo a aumentar com outros domínios das ciências humanas e sociais e também das ciências naturais. O que apenas prova o seu interesse específico. A criação e desenvolvimento de um grupo de estudos em avaliação de tecnologia em Portgal é também uma ferramenta dessa abordagem interdisciplinar.
- MONIZ, António Brandão
- MAIA, Maria João
- BOAVIDA, Nuno

- MORETTO, Susana
Biografia profissional do Nuno Boavida
Nascido em 1974, Nuno Boavida terminou a licenciatura em Engenharia de Produção Industrial (5 anos) na Universidade Nova de Lisboa em 1999, com um estágio profissional na REFER, E.P.
Desde de 2009 encontra-se a trabalharnoDoutoramento em Avaliação de Tecnologia na Universidade Nova de Lisboa,tendo recentemente obtido uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, para elaborar a respectiva tese no Institute of Technology Assessment and System Analysisdo Karlsruhe Institute of Technology,sobre “O papel dos indicadores de inovação na tomada de decisão tecnológica”.
Neste contexto, os seus temas de interesse incidem sobre a sociologia da tecnologia, os processos de tomada de decisão tecnológica, as políticas científicas, tecnológicas e de inovação, os indicadores e os sistemas de indicadores ligados à tomada de decisão, os mecanismos de prospectiva tecnológica e os sistemas de relações industriais.
PAP0895 - A abordagem sistémica qualitativa:perspectivas metodológicas
A abordagem sistémica qualitativa desenvolvida por Alex Mucchielli abre novas perspectivas para a compreensão da interacção social e permite uma nova abordagem dos fenómenos comunicacionais tanto ao nível micro como macrossociológico.
A partir de uma análise crítica dos principais autores da Escola de Palo Alto (Watzlawick, Helmick Beavin, Jackson…) Alex Mucchielli construiu uma metodologia de observação e de análise psicossociológica fundamentada em diversas pesquisas empíricas e em referências teóricas, que procuraremos sistematizar nesta comunicação.
Com efeito, Mucchielli através da modelização das categorias de trocas presentes nos múltiplos enquadramentos da interacção social permite novas modalidades interpretativas dos jogos dos actores em contextos de situação. As diferentes etapas e dimensões analíticas presentes na sua metodologia qualitativa (Mucchielli,2004,pp.44-46), associados à construção de níveis de observação (“cadrage”) dos factos observados num determinado contexto, permitem abrir novas pistas na interpretação dos fenómenos comunicacionais associados a diversas modalidades da interacção social e lógicas globais que constituem a força da sua reprodução.
Para Mucchielli as regras da modelização dos sistemas de comunicação devem ser precisas e concretas e desenvolvem-se em três níveis: o nível da observação ( comunicações concretas) , o nível da generalização das observações (formas das interacções) e o nível da interpretação (significações) (Mucchielli,2004:66)
Como afirma o autor “o contexto sistémico pelo qual passa a modelização das relações…é um contexto construído e em relação a este que se faz a leitura do significado das diferentes trocas recorrentes” (Mucchielli,2004:108)
Este método conduz à compreensão do funcionamento interno de um sistema de comunicação e põe em evidência uma lógica interna que é a chave de uma possível intervenção.
Nesta perspectiva a metodologia sistémica qualitativa permite compreender as dinâmicas sociais de permanência e de mudança em determinados contextos e ultrapassa velhas dicotomias entre uma micro ou uma macrossociologia.
O paradigma sistémico construtivista que Mucchielli sistematizou na sua escola do CERIC da Universidade de Montpellier, pela sua singularidade, tem vindo a constituir polo de reflexão em diversas associações internacionais no domínio da pesquisa qualitativa onde destacarei a ARQ (Association pour la Recherche Qualitative) que no Canada desenvolve um vasto trabalho na afirmação das metodologias qualitativas.
- LALANDA-GONÇALVES, Rolando Lima
PAP0048 - A aprendizagem na era da sociedade de informação
O sistema de ensino está em constante mutação
acompanhando os ritmos da sociedade. Nos
últimos anos surge um novo e complexo desafio,
a construção de uma relação entre educação e
meios de comunicação. Em particular, emerge uma
necessidade de não excluir a Internet e de
tentar integrá-la da melhor forma na educação,
capitalizando as suas vantagens. Porém, surge
também um impacto negativo ao qual o sistema de
ensino ainda não conseguiu responder de forma
eficiente: o plágio proporcionado pela
Internet. Surge uma tendência de utilizar este
mecanismo como um mero reprodutor de
informações, com os estudantes a cederem à
tentação de copiar e colar informação,
desinvestindo na produção da sua própria
informação. As dificuldades de lidar com o
plágio acrescem se considerarmos ainda as
dificuldades que por vezes surgem em detectá-lo
numa sociedade da informação e do conhecimento,
e a própria subjectividade desse conceito.
Esta investigação propõe-se a realizar uma
análise qualitativa e quantitativa aos recursos
que a Universidade do Porto disponibiliza para
informar e educar os alunos relativamente à
questão do plágio, considerando seminários,
palestras ou unidades curriculares que sejam
versadas aos temas de estruturação de
trabalhos, construção de referências
bibliográficas, entre outros. Por outro lado,
pretende-se analisar directamente com os
estudantes um exercício compreensivo sobre as
suas motivações para cometer ou não cometer
plágio. Espera-se com esta investigação
propostas de reforços qualitativos e
quantitativos de recursos que a Universidade do
Porto possa disponibilizar para os estudantes,
seja por via de meios de formação dos
estudantes, seja pelo incremento de documentos
informativos nas plataformas digitais desta
instituição.
- MARQUES, Gonçalo
- LOPO, Priscila
PAP1102 - A articulação entre métodos intensivos e extensivos de pesquisa. Reflexão com base num exemplo de análise do insucesso escolar.
Face à complexidade dos fenómenos sociais que, a exemplo do insucesso escolar, parecem resistir a múltiplas análises sociológicas, defende-se a necessidade de uma reflexão específica sobre duas questões críticas na metodologia da pesquisa empírica.
Uma diz respeito às regras do “método de articulação” entre diferentes métodos de análise empírica. Não se trata simplesmente de justapor ou combinar dados qualitativos com dados quantitativos – o que, frequentemente, fazemos já – mas sim, a montante da recolha e da análise dos dados, de definir, no desenho de pesquisa, a relação entre o que, de forma simplificada, podemos designar como métodos “comparativo-extensivo”, “comparativo-intensivo” e “intensivo-de caso”. Mais se defende que os “vícios” positivistas ou subjectivistas tradicionalmente associados, respectivamente, aos métodos extensivo e intensivo só podem ser ultrapassados num quadro de pesquisa que verdadeiramente integre dados de diferentes naturezas e relativos a diferentes níveis de “funcionamento” da realidade social. O que nos remete para a segunda questão.
Esta diz respeito à necessária articulação entre os métodos accionados num desenho de pesquisa e a teorização do fenómeno social a analisar, em particular em termos das “unidades de análise” consideradas ou dos níveis de produção de informação empírica, tradicionalmente e genericamente definidos como níveis micro, meso e macro de análise. Aproximamo-nos aqui do que J. Ferreira de Almeida e Madureira Pinto, retomando a proposta de Blalock, designaram de teorias auxiliares de pesquisa. Integramos nesta designação, não só a reflexão sobre as “relações sociais de observação”, – a que poderíamos chamar teorias auxiliares “externas” –, mas também a reflexão sobre os níveis ou “patamares” analíticos em que necessariamente segmentamos os fenómenos sociais no acto de observação – a que poderíamos chamar teorias auxiliares “internas”.
Algumas das questões assim levantadas serão ilustradas com exemplos retirados de um estudo sobre o fenómeno do insucesso escolar.
- MATOS, Madalena
PAP0946 - A avaliação dominantemente positiva da situação profissional: ensaio sobre um enigma sociológico
Destinada ao GT proposto: GT “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho”
Estudos de carácter extensivo acerca da inserção profissional de diplomados do ensino superior tanto internacionais (caso do projecto REFLEX), quanto nacionais (casos do ODES, dos apuramentos de Alves na Universidade de Lisboa, de Geraldes e Santos em estabelecimentos do ensino superior algarvios, de Martins, Arroteia e Gonçalves na Universidade de Aveiro, de Chaves e Morais na FCSH/UNL, etc.) têm vindo, com persistência, a assinalar que as avaliações de síntese que os diplomados, recém-incorporados no mercado de trabalho, fazem da sua situação profissional é francamente positiva e que, inversamente, é reduzido e até residual o peso daqueles que manifestam insatisfação. Trata-se de dado surpreendente, uma vez que colide com teses dominantes (sociológicas e outras) acerca da relação dos diplomados com a sua actividade profissional, teses que oportunamente apelidámos “do desalento generalizado”. O enigma da “avaliação positiva” adensa-se se tomarmos em conta que parte dos apuramentos recentes aconteceu já na era da precariedade contratual, dos baixos rendimentos e do defraudar das expectativas de mobilidade social, factores a que facilmente se atribui um efeito demolidor na avaliação da situação profissional. Sem descurar a crítica das metodologias utilizadas neste tipo de apuramentos, em particular o efeito “deformador” que terão na qualidade dos dados gerados, esta comunicação pretende esclarecer as razões que subjazem à notada “avaliação positiva” e, de um modo mais geral, aclarar os factores responsáveis pelas avaliações positivas e negativas da situação profissional que se registam entre graduados do ensino superior.
Dois estudos – ambos dedicados a conhecer os percursos de inserção profissional dos diplomados do ensino superior; em ambos, uma vez mais, se confirmou a tendência para avaliar positivamente de modo vincado a situação profissional vivida – informarão este duplo desígnio. Um primeiro intitula-se “Percursos de inserção dos licenciados: relações objectivas e subjectivas com o trabalho” (PTDC/CS-SOC/098459/ 2008), e utiliza dados de um inquérito realizado a uma amostra representativa de licenciados da Universidade de Lisboa e da Universidade Nova de Lisboa (UNL). O segundo agrega dados produzidos pelo Observatório de Inserção da UNL. Restringe-se a diplomados da UNL, abarcando, além de licenciados, mestres e doutores. Ambos incidem na coorte que concluiu a sua formação no ano lectivo de 2004/05, inquirindo-a 5 anos após a obtenção do diploma.
- CHAVES, Miguel

- NUNES, João Sedas

Miguel Chaves é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador do CESNOVA. Enquanto investigador dedicou parte do seu percurso ao estudo da exclusão social, do desvio e da marginalidade, tendo produzido vários textos sobre estas matérias, dos quais se destaca o livro Casal Ventoso: da Gandaia ao Narcotráfico. Actualmente, desenvolve e coordena vários estudos centrados na inserção profissional e nos estilos de vida de jovens altamente qualificados, tendo neste âmbito publicado o livro Confrontos com o Trabalho entre Jovens Advogados: as Novas configurações da Inserção Profissional, bem como diversos artigos.
João Sedas Nunes, doutorou-se em Sociologia da Cultura em 2008 com uma tese sobre Culturas Adeptas do Futebol. É docente na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, investigador do CESNOVA e director da revista Forum Sociológico. As suas áreas de especialização recobrem diferentes polaridades empíricas: sociologia da inserção profissional e do trabalho; sociologia do futebol; sociologia da juventude e sociologia da cultura.
PAP0827 - A avaliação no contexto da Governança
A avaliação de políticas públicas é desde há alguns anos uma preocupação central dos governos dos países industrializados e aparece ligada a aspectos sociais e de transparência democrática, em estreita relação com a participação plural dos atores que entram em jogo, apontando para um novo tipo de controlo político-democrático em consonância com os princípios da Nova Governança.
A globalização, e o contexto europeu em particular, são fundamentais para a compreensão da complexidade das decisões públicas e respostas para os problemas. Para os países da UE, o locos de tomada de decisão política mudou em grande parte para Bruxelas, pelo que a análise contextual das políticas não pode ignorar essa dimensão.
Na Europa, o impulso para a afirmação do paradigma da Governança encontra-se plasmado no Livro Branco da Governança, cujos princípios se baseiam na "abertura, participação, responsabilidade, eficiência e consistência, propondo-se também os da legitimidade democrática e da subsidiariedade". Todavia, até ao momento, a incorporação deste marco referencial na avaliação de políticas públicas, que seria o ponto de partida para a valorização da ação pública que se quer considerar dentro do bom governo, não tem sido frequente. Em todo o caso, a integração europeia terá funcionado como um motor de desenvolvimento no que diz respeito à Avaliação de Políticas Públicas, ao obrigar os Estados Membros, como seja Portugal, ao modificar as suas estruturas e procedimentos administrativos, ainda que a extensão da efetividade desta influência seja questionada por diversos/as autores/as. Por outro lado, num contexto de crise económica pareceria razoável um investimento acrescido na avaliação dada a maior escassez e competição pelos recursos.
Nesta comunicação, que tem por base a reflexão conduzida no âmbito de uma dissertação de Doutoramento em curso, pretendo contextualizar a avaliação de políticas públicas no marco da Nova Governança, discorrendo brevemente sobre as origens da avaliação e os debates que tem suscitado, assim como sobre o panorama atual e as tendências de desenvolvimento da prática de avaliação de políticas públicas em Portugal. Por fim, pretendo discutir e levantar questões sobre o impacto da crise na procura e na qualidade dos processos de avaliação de políticas e programas públicos.
- LOPES, Mónica Catarina do Adro

Mónica Lopes é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra e frequenta, actualmente, o programa de
doutoramento em Sociologia pela mesma Faculdade. Enquanto
investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES), tem participado em
diversos projectos de investigação/avaliação relacionados com
políticas e práticas de igualdade entre mulheres e homens,
responsabilidade social das organizações e organizações da sociedade
civil. Os seus interesses de investigação incluem avaliação de
políticas públicas, terceiro sector, políticas sociais e relações
sociais de sexo, políticas de conciliação trabalho/família, mercado de
trabalho e maternidade/paternidade.
PAP0990 - A burguesia tradicional feminina na sociedade de S. Vicente, Cabo-Verde
Debates, conferências, publicações, cartas, histórias de vidas geograficamente recortadas, contam e recontam a diáspora cabo-verdiana pelo mundo. Nasce-se a pensar que se emigra, morre-se a pensar que se regressa. Porém, há quem fique. Fala-se aqui daqueloutros que, posicionados no topo da estrutura social, poderiam em terras estrangeiras, facilmente acumular capital económico e angariar modos de vida a ele ajustados. Foram estes também que dobraram tempos históricos diversos configurados por entre ideologias mais ou menos favoráveis, mais ou menos hostis aos valores sociais e individuais de que cada um é portador.
A pesquisa realizada tem, assim, como objectivos obter, através da narração, vivências que preenchem uma vida que cresceu ao longo de tempos históricos diferentes, por sua vez configurados por dimensões políticas, económicas, sociais e culturais específicas.
Com efeito, as narrativas acompanham o zoom dos olhares: da macro esfera, em que as histórias se contam tendo por referência os acontecimentos que marcam a História de Cabo Verde durante aproximadamente 80 anos, à micro esfera em que o olhar se escapa pela fechadura da porta das “casas de família”. Estas histórias povoam-se também de estórias que a memória perpetua ainda que, representadas agora num tempo longínquo e, por isso mesmo, distorcidas pela subjectividade de quem as produz, mas que nunca tiveram lugar no palco da academia.
Porém, a linha temporal e espacial que organiza estas vidas não é contínua: Portugal é um destino obrigatório no percurso académico destas gentes – Coimbra deixa-se eleger pelo elevado prestígio que atravessa fronteiras; no percurso profissional ainda que em estadias curtas; nas intervenções na área da saúde em situações de maior cuidado; e, na “graciosa” gozada, por direito, na Metrópole. Alguns marcos históricos servem de fio condutor à produção das narrativas sem, contudo, esgotá-los ad initium. O investigador procura também ser surpreendido nesta pesquisa e a este nível a que agora se reporta: o dos acontecimentos e épocas que teceram a história do povo cabo-verdiano.
Quer-se circunscrever as narrativas às mulheres que fazem parte de uma certa elite cabo-verdiana, diríamos até aristocrática, residentes em S. Vicente. Queremos falar, das senhoras, por exemplo, que ainda tomam o chá das cinco, herança da presença inglesa no Barlavento cabo-verdiano. O trabalho é assumidamente exploratório e de cariz etnográfico sem a pretensão de alcançar generalizações de natureza explicativa e sem se deixar sufocar pelas margens apertadas de uma teoria à priori estabelecida. Assim, fluirá na medida exacta dos ritmos das histórias contadas.
- SAINT- MAURICE, Ana

Ana de Saint-Maurice, professora no ISCTE desde 1981, tem leccionado ao longo destes anos, as cadeiras de Métodos e Técnicas de Investigação. Fez o doutoramento em Sociologia (1994) no ISCTE: “ A Reconstrução das Identidades: a população cabo-verdiana residente em Portugal” .
Interesses de investigação: Sociologia das Relação Étnicas e Rácicas e Sociologia das Migrações.
PAP0173 - A cidade contemporânea e os “não-lugares”
Partimos das noções de “não-lugares” (Marc Augé) e “espaços de fluxos” (Manuel Castells) para pensar a cidade contemporânea. Seguindo Marc Augé a cidade hoje convive com uma série de “riscos”: de uniformidade (semelhança entre espaços), extensão (generalização do urbano) e de implosão (guetização dos bairros). O seu crescimento, associado
ao aumento de circulação, da comunicação e do consumo, implica cada vez mais a construção de “não-lugares”: auto-estradas, grandes supermercados, centros comerciais, aeroportos, etc. Trata-se, segundo Augé, de espaços físicos que vão modelar novas formas de interacção assentes numa “contratualidade solitária”.
Manuel Castells no seu livro A sociedade em rede, vai analisar a nova lógica espacial, resultante da interacção entre tecnologia, sociedade e espaço, denominando-a o "espaço de fluxos" (que se constitui a partir de um conjunto de serviços avançados: finanças, seguros, bens imobiliários, projectos, marketing, e inovação científica, etc.). Esse "espaço de fluxos" opõe-se à organização espacial historicamente enraizada, a que Castells chamou o "espaço dos lugares".
Aproximando o “espaço de fluxos” dos “não-lugares”, procuraremos pensar a forma como uma certa organização espacial, determina ou não, o processo de interacções sociais.
Como último ponto analisaremos o papel da arquitectura na construção dos “lugares” e não-lugares” na cidade contemporânea. Segundo Josep Maria Montaner a sensibilidade da arquitectura contemporânea em relação ao lugar (enquanto um espaço empírico, concreto, existencial e delimitado) é um fenómeno recente. A relação da arquitectura com o lugar tem a ver com a cultura organicista desenvolvida na obra de Frank Lloyd Wright e as propostas dos arquitectos nórdicos encabeçados por Alvar Aalto. Para os autores mencionados: Marc Augé, Manuel Castells e Josep Montaner, a arquitectura contemporânea é uma arquitectura não-histórica e não-cultural. Castells chama a esta arquitectura "arquitectura da nudez" – "a sua mensagem é o silêncio", Marc Augé uma arquitectura dos não-lugares” e Montaner refere que ela se enquadra numa multiplicidade de espaços (mediáticos, não-lugares, ciberespaço), representando um espaço de solidão de incomunicação entre os indivíduos. No entanto, os três autores mantêm presente a possibilidade de outras dinâmicas.
- SÁ, Teresa

Teresa Vasconcelos e Sá, licenciada em Sociologia (ISCTE), mestre em Planeamento Regional e Urbano pela Universidade Técnica de Lisboa e doutorada na área de Sociologia do trabalho pelo ISCTE. Lecciona actualmente na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa as disciplinas “Antropologia do Espaço”, “Sociologia da Cidade e do Território” e “Sociologia da Moda”.
Desenvolve investigação nas áreas da sociologia do trabalho e do território.
PAP0584 - A ciência em Belo Monte: controvérsia, expertise e Direito.
Belo Monte é um projeto que vem se estendendo desde o governo militar, para a construção de uma usina hidrelétrica no Rio Xingu, no Pará, o qual vem trazendo consigo como características a falta de transparência nas informações oficiais, decorrente de sua classificação como “empreendimento estratégico” para o desenvolvimento nacional, e a desordem nos processos de aprovação junto aos órgãos de governo. Os movimentos sociais e lideranças indígenas da região são contrários à obra porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados. Entre muitas idas e vindas, a hidrelétrica de Belo Monte, considerada a maior e mais cara obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, vem sendo muito questionado, principalmente a partir de 2009, quando foi apresentado o novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) intensificando-se a partir de fevereiro de 2010, quando foi concedida a licença ambiental prévia para sua construção, pelo Ministério do Meio Ambiente. Em razão de toda a polêmica que a construção da hidrelétrica vem ocasionando, o Ministério Público Federal do Pará já ajuizou onze ações na justiça, visando questionar diversas irregularidades que cercam o projeto da obra, tendo por base um “Painel de Especialistas”, elaborado por cerca de trezentos cientistas das principais universidades brasileiras, o qual consiste em uma análise crítica do Estudo de Impacto Ambiental do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte. O presente trabalho irá selecionar os experts mais citados e utilizados nas petições do MPF de acordo com a tabela de expertises proposta por Harry Collins, de modo a identificar que tipo de expertise esses atores possuem, de acordo com a tabela de expertises de Harry Collins, a qual especifica que existem expertises especializadas (como o conhecimento tácito ubíquo e o conhecimento tácito especializado), que são tipos de expertise que não advém de livros, mas de habilidades adquiridas ao longo da vida e adquirido por meio de práticas, bem como existem metaexpertises e metacritérios demandam um conhecimento mais aprofundado, geralmente acadêmico sobre determinado assunto. O presente trabalho busca, então, compreender e classificar dentro desses tipos de expertise quem são os atores que estão sendo ouvidos na polêmica de Belo Monte, ou seja, quem está produzindo a ciência que está movimentando os processos que culminarão no futuro de Belo Monte, bem como se esses atores realmente sabem do que estão falando.
- RODRIGUES, Luciana Rosa

Luciana Rosa Rodrigues é advogada e mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria – RS- Brasil. Formada em Direito pela mesma instituição em 2008, atuou como Assessora de Juiz de Direito entre 2008 e 2011, tendo atuado também como conciliadora e juíza leiga do Juizado Especial Cível da Comarca de São Sepé – RS- Brasil. No momento, a mestranda está dedicada ao estudo da sociologia do conhecimento, mais especificamente ao estudo da tradução da ciência pelo Direito, ou seja, como o Direito interpreta e utiliza informações técnicas e científicas em seus julgados. A autora teve trabalho aprovado para apresentação no 36º Encontro Anual da ANPOCS, que será realizado em Outubro de 2012.
PAP0485 - A comunicação e a reconfiguração do mundo
Mais de trinta anos após a divulgação das recomendações de que a comunicação fosse um instrumento para a instauração da paz, da democracia e do desenvolvimento para todos os povos, não devendo ser utilizada de forma vertical, a comunidade internacional ainda mantém esse debate em aberto. O intuito de ampliar de forma irrestrita e imediata a concepção do direito à informação para direito à comunicação - ambos integrantes dos direitos humanos - e assim dar voz às pessoas em todo o mundo por meio da Comunicação, ainda está por se fazer.
A busca do acesso às tecnologias da informação e do acesso à comunicação irrestrita para alavancar o desenvolvimento humano e a construção permanente de cidadania, traz em si a complexidade do inacabado. Por isso é sempre é necessária a afirmação e a reafirmação e o apoio internacional a esse direito frente às sociedades autoritárias. As rebeliões no mundo iniciadas no norte da África, nessa segunda década do século XXI, desnudaram aos olhos do mundo, em tempo real, o conflito latente por anos de subjugo, pela falta de liberdade, pelo desrespeito aos direitos humanos, pela inexistência de garantias individuais e sociais, pelo cerceamento do direito à informação, à comunicação e à liberdade de imprensa. Tais como se apresentam nas sociedades pós-conflito. E contra o que se pronunciou o lendário Relatório MacBride.
Mas, apesar de tudo, como um rastilho de pólvora o levante se espalhou pela região, levando o povo às ruas em diversos países, sucessivamente, mostrando imagens que valeram mais do que mil palavras. O mundo viu representantes ditatoriais, há décadas no poder, ruírem um a um em efeito dominó ameaçados e vencidos pelo povo, pela Comunicação e pelas Mídias Sociais. Apesar do cerceamento do trabalho da imprensa internacional, ditadores quase vitalícios despencaram sob a ameaça da comunicação. Mostrando que, talvez, a preconizada Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação tenha se instalado naquela parte do mundo. E iniciado um processo para que, finalmente, a Comunicação assuma a complexidade e o poder de iniciar mudanças sócio-políticas e de vencer conflitos. Ou assuma o significado descrito por MacBride de que o princípio da liberdade de expressão, aplicável a todos os povos do mundo, não admite exceção por ser inerente a dignidade humana . Por ser um direito humano fundamental.
Texto relacionado:
Art II da Declaração sobre os princípios fundamentais em relação à contribuição dos meios de comunicação de massas para o fortalecimento da paz e da compreensão internacional, para a promoção dos direitos humanos e para a luta contra o racismo e o apartheid e a incitação à guerra. Unesco (1978) declara: “ o exercício da liberdade de opinião, da liberdade de expressão e da liberdade de informação, reconhecido como parte integrante dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, constitui um fator essencial do fortalecimento da paz e da compreensão internacional”
- PUGNALONI, Clara Maria

Clara Maria Pugnaloni
Universidade de Sao Paulo, investigadora de pos-doutorado
Jornalista,Doutora em Ciencias Sociais
Areas de interesse: Comunicacao para o Desenvolvimento, Ajuda humanitaria, Midias Sociais.
PAP1488 - A condição liminar dos trabalhadores com deficiência mental.
Com esta comunicação pretende-se mostrar como a entrada e permanência de trabalhadores com deficiência mental no mercado de trabalho é um processo complexo e multidimensional. Nesse processo actuam mecanismos de inclusão e de exclusão que, ao mesmo tempo e à vez, influenciam de forma determinante a situação vivida por esses trabalhadores, moldando a sua identidade profissional e determinando o seu futuro nas organizações onde exercem a actividade profissional.
PAP0081 - A condição masculina na vivência com o transtorno mental
Desde a década de 1960, quando cresceu a
produção científica sobre gênero, a maioria dos
estudos na área era sobre as mulheres. Certos
autores consideram que uma das falhas mais
frequentes nesta literatura é a insuficiência
de estudos mais sistematizados sobre a condição
masculina.
Na saúde mental, a questão de gênero ainda é
abordada restritamente, já que muitos dos
estudos dedicam-se apenas à saúde mental da
mulher. Mas certos trabalhos consideram as
diferenças sexuais como fatores relacionados ao
início, prevalência e evolução de alguns
transtornos mentais.
Este trabalho tem como tema a questão de gênero
presente no quotidiano da saúde mental a partir
da experiência de homens portadores de
transtorno mental. Considera-se que
determinantes sociais podem estar associados ao
surgimento de um transtorno mental e aos
impactos do sofrimento psíquico causado por
aquele.
A pergunta de partida do estudo é “O que é ser
homem com transtorno mental?”. A partir do que
Goffman (1996: 112) diz sobre “carreira moral
do doente mental”, pretende-se analisar de que
maneira o homem, em tal “carreira”, vê a si
mesmo e como esta provoca mudanças no “eu da
pessoa e em seu esquema de imagens para julgar
a si mesma e aos outros”? Pretende-se analisar,
com base numa perspectiva sociológica de
gênero, a identidade de homens portadores de
transtorno mental através da vivência de
usuários internados em instituição
psiquiátrica. Pretende-se especificamente:
identificar/analisar as representações dos
homens portadores de transtorno mental sobre as
“causas” de seu transtorno;
identificar/analisar, através da representação
dos homens, os impactos do transtorno nas
esferas da família, das amizades e do trabalho.
O campo empírico é a ala psiquiátrica do
hospital São Marcos, em Braga-Portugal.
Pode se verificar, até o momento, que há uma
relação entre a construção da identidade de
gênero e a eclosão e continuidade do transtorno
destes homens; e que há uma forma predominante
- baseada na masculinidade hegemônica de
Connell(1997) - de vivência para estes homens.
- ALVES, Tahiana Meneses

Tahiana Meneses Alves. Mestranda em Sociologia pela Universidade do Minho. Bacharel em Serviço pela Universidade Federal do Piauí. Mestranda em Políticas Públicas (actualmente interrompido) também pela Universidade do Piauí. Tem interesses principalmente nas seguintes temáticas de investigação: serviço social, políticas públicas, saúde mental, sociologia da saúde, identidades, masculinidades, mulheres e relações de gênero.
PAP1540 - A consciência ambiental nas Empresas
Até que ponto a intervenção humana, na área da produção, está a ter em conta a problemática do ambiente? Na verdade, a ação humana sobre o ambiente é cada vez maior, gerando maior interesse no empenho dos atores sociais na implementação de um desenvolvimento sustentável. Este desenvolvimento já não é apenas uma bandeira dos ecologistas. De facto, as empresas têm preocupações com ambiente, tendo como base o uso racional dos recursos naturais. Sendo a reciclagem de resíduos, próprios ou gerados pelos consumidores, a grande tendência para a diminuição do impacto ambiental destas. O presente estudo revelou que as empresas reconhecem a importância da inclusão das práticas ambientais nas suas atividades produtivas e afirmam-se comprometidas com a melhoria do seu desempenho ambiental. Porém, estas preocupações ambientais incidem essencialmente na sobrevivência empresarial, a questão ambiental nas empresas já não é apenas um altruísmo ligado à biosfera, mas também um requisito aos novos moldes de produção. A formação da sensibilidade para as questões ambientais no caso destas empresas assenta nas representações que estas têm do problema ambiental como ameaça ou como oportunidade à sua condição. Hoje em dia no meio empresarial, tornou-se quase consensual a perceção de que o sucesso e os benefícios duradouros para os agentes e seus associados não se obtém apenas através da tónica na maximização de lucros a curto prazo mas através de comportamentos orientados para o mercado cada vez mais responsável. Assim, algumas indústrias, para maximizar o uso de recursos naturais e por carecer de avaliação, prevenção e controle dos seus impactos ambientais, já elaboram sistemas de gestão ambiental com procedimentos para a conversão e manutenção do meio ambiente. Palavras-chave: Representação social, ambiente, ecologia, normas ambientais, empresário, empresa.
- MASCARENHAS, Maria Paula de Vilhena
- COSTA, Cristiana dos A. Fernandes

Cristiana dos Anjos Fernandes da Costa, 27 anos, Mestre em Sociologia das Organizações pela Universidade do Minho. No presente a exercer funções de Directora Técnica da ARPVC. A Sociologia do Ambiente tem sido um tema recorrente em trabalhos académicos e científicos, destacando-se a tese de mestrado:" Verdes são os campos – A questão ambiental nas empresas", dissertação apresentada e defendida publicamente à Universidade do Minho .
PAP1316 - A construção da (in) visibilidade da infância quilombola: o papel do Estado e do movimento social
A “diáspora negra” e as diferentes configurações identitárias dela resultantes, como os quilombos no Brasil, carecem de reflexões sobre a tendência de homogeneização de identidades amplamente heterogéneas, de não – reconhecimento de suas singularidades e de discriminação negativa configurada nas inúmeras formas de racismo e exclusão de comunidades negras que vivem no meio rural.
O presente trabalho retoma a trajetória das conceções sobre a infância nas teorias sociais, a partir de uma abordagem interdisciplinar no sentido de deslocar as fronteiras entre as diversas ciências humanas. A proposta é compreender a visibilidade da infância quilombola no Brasil a partir do reconhecimento das singularidades identitárias nas políticas públicas. A análise recai sobre os factores internos de socialização das crianças e da relação da comunidade com o Estado na definição das políticas. O trabalho parte do pressuposto de um modelo de (in) visibilidade da criança quilombola baseado: na sociologia das ausências e a infância quilombola; nos direitos humanos e os limites no que concerne a diversidade cultural no mundo; na espacialização de políticas distributivas em vez de sinergias entre redistribuição e reconhecimento; e na homogeneização das comunidades e da criança quilombola.
Em relação aos aspectos metodológicos, como método de coleta de dados, utilizaram-se algumas técnicas da etnografia, orientada pela definição de Geertz sobre coleta de dados. Optamos por entrevistas semi-directivas e em paralelo como complemento aos dados recolhidos, a observação participante.
A opção metodológica pelas comunidades quilombolas do estado de São Paulo/Brasil e Pernambuco/Brasil, comunidade Ivaporunduva e comunidade Conceição das Crioulas, respetivamente, recaiu sobre duas questões fundamentais: a primeira mais substantiva pelo facto de que tais comunidades possuem números populacionais e localizações geográficas distintas, o que permitiu compreender o universo das comunidades do modo mais abrangente possível; a segunda, de cariz operacional, pela proximidade com as associações quilombolas presentes nestas comunidades, o que permitiu a entrada nas comunidades e a comunicação na fase de preparação, embora houvesse alguns constrangimentos na fase inicial do trabalho de campo.
- DA SILVA, Beatriz Caitana
PAP1350 - A construção da Identidade Profissional no decurso do Estágio Profissional: Um estudo com estudantes-estagiários de Educação Física
O estágio profissional, no âmbito da formação de professores, é
entendido como uma etapa fundamental no processo de construção da
Identidade Profissional (IP). Deste modo, o propósito deste estudo foi
percepcionar os traços da IP que emergem nos Estudantes-Estagiários
(EE) durante o Estágio Profissional. Adicionalmente procurou-se
identificar as características em que estes se distinguem enquanto
professores e as características que os aproximam enquanto elementos
de uma mesma classe, a de professores. Participaram neste estudo 12
EE (6 do sexo feminino e 6 do sexo masculino) da Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), do ano letivo 2010/2011,
pertencentes a 4 núcleos de estágio de escolas do Distrito do Porto.
Para a recolha dos dados foram realizados 4 Focus Grupo com todos os
EE subordinados às seguintes temáticas: i) partilha de experiências
acerca do percurso formativo enquanto alunos; ii) construção do diário
de bordo; iii) aprendizagens mais significativas em resultado da
elaboração do diário de bordo; iv) conceções do que é ser professor e
professor de educação física. As sessões foram gravadas em aúdio e
transcritas verbatim. Na análise dos dados recorreu-se à análise
temática com temas definidos a priori. Da análise efetuada ficou
evidente que: i) a maioria dos EE refere que sempre quis seguir o curso
de educação física, reconhecendo uma identidade distinta à sua
faculdade, materializada em aspetos como a indumentária, a atitude e
o vocabulário específico; ii) os EE descrevem aspetos positivos
(conquista, vitória) e negativos (medo, receio) relacionados com o
estágio. Os registos relacionam-se com a condução das aulas, sendo
estas os elementos referidos como mais relevantes na construção da IP;
iii) o registo no diário de bordo evoluiu para reflexões mais
interpretativas e estratégicas, sendo que o foco que inicialmente era
pedagógico, passou a incluir aspetos relacionais. Deu-se um
alargamento da tipologia dos episódios relatados, por exemplo o
desporto escolar e conselhos de turma, demonstrando uma maior
consciencialização acerca da diversidade de papéis/funções do
professor. O diário de bordo foi entendido como um veículo promotor
da reflexão e da atribuição de significado às vivências na escola e aos
episódios marcantes na construção da sua IP; iv) os EE referem que o
professor não atua somente no espaço da sala de aula e que as suas
responsabilidades transcendem o espaço da escola e o da su
- FERREIRA, Ana

- PEREIRA, Ana
- GRAÇA, Amândio
- BATISTA, Paula
Ana Margarida Alves Ferreira
Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico eDoutoranda em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.Tema de investigação: construção da Identidade Profissional em professores de Educação Física.
Últimas publicações: Ferreira, A.; Pereira, A.; Silveira, G.; Batista, P. (2012). Discursos de professores cooperantes iniciantes e experientes acerca da função de orientação: um estudo com professores cooperantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, 1, 188-200.
Alves, M.; Pereira, A.; Graça, A.; Batista, P. (2012). Practicum as a space and time of transformation: self-narrative of a Physical Education pre-service teacher. US-China Education Review. [In Press]
PAP0430 - A construção da identidade : jovens em busca do reconhecimento
A construção da identidade: jovens em busca do reconhecimento
Ana Lúcia Hazin Alencar e Sueli Pereira Guimarães
O Estado brasileiro vem investindo, nos últimos anos, elevados recursos em programas de desenvolvimento de ações que contemplem a diversidade cultural do seu povo. Justifica-se assim a realização de uma pesquisa que objetivou verificar de que forma os jovens participantes dos projetos governamentais se apropriam ou ressignificam a cultura. A investigação contemplou ações desenvolvidas em 3 municípios de Pernambuco que serviram como estudos de caso: utilizou-se a pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas para a coleta de dados.
O objetivo deste paper é fazer uma reflexão sobre a construção da identidade do jovem a partir do seu consumo cultural. Para Bourdieu, a identidade se afirma na diferença. Parte-se, aqui, do princípio da diversidade, uma vez que se entende que a juventude é uma categoria socialmente construída, cujos valores, hábitos e comportamentos dependem e variam segundo o momento histórico em que se vive e a inserção em determinada sociedade e/ou grupos sociais específicos.
O conhecimento da própria identidade é um processo difícil para o jovem que ainda está em processo de formação. O espaço social em que está inserido é relevante, uma vez que a identidade é constituída tanto por experiências passadas, embasadas em valores e normas – podendo ser claramente apreendidas através do conceito de habitus de Bourdieu – quanto pelo contato com o novo, através dos meios de comunicação ou da convivência com pessoas que servem muitas vezes de espelho ou referência. Portanto, a maneira como as pessoas constroem sua identidade decorre não só de condições objetivas, mas também, do ser percebido por si mesmo ou pelos outros.
Tal assertiva pode ser percebida em depoimentos dos jovens entrevistados, a maioria oriunda de famílias de baixa renda. A condição econômica é um fator limitante para o acesso a atividades culturais e de lazer. A rua pode, então, ser um atrativo para o jovem que adentra o perigoso mundo das drogas e outros vícios. Entretanto, a possibilidade de participar de atividades culturais permite aos jovens, através do aprendizado da música, por exemplo, a redefinição de suas identidades, pela valorização do eu.
- ALENCAR, Ana Lúcia Hazin
- GUIMARÃES Sueli Maria Pereira
PAP0455 - A construção social do género nas crianças: formas de habitar um corpo sexualizado
A apresentação baseia-se no projecto de doutoramento intitulado “Processos de construção social das identidades de género nas crianças: um estudo de caso com um grupo de pré-adolescentes em Viseu”, o qual teve o objectivo de compreender a construção social das identidades de género nas crianças, a partir dos processos que participam na construção do ser (ou percepcionar-se como) rapaz/rapariga, homem/mulher.
Poderemos sintetizar as grandes hipóteses e/ou perspectivas de partida nas seguintes ideias: a) num contexto de modernidade reflexiva as crianças percepcionam e constroem as suas identidades de género de forma individualizada; e b) existem lógicas e mecanismos inscritos nos processos dessa construção.
A partir da análise das entrevistas aos sujeitos – crianças, pais e professores – e do que se observou no terreno, realçou a coexistência de mecanismos que propiciam, ora uma diferenciação, ora uma igualização, revelando-se, a par de uma lógica predominante de oposição de género, alguma transversalidade, a partir da interpenetração de atributos e gostos tradicionalmente vistos como femininos ou masculinos.
No contexto da modernidade reflexiva marcado pela individualização e pela possibilidade dum projecto identitário do self, notou-se então um limitado espaço para a performatividade de género, experienciando os sujeitos ambiguidades e tensões ao habitarem um corpo sexualizado, habitado por um sexo naturalizado. Ainda assim, foi possível observar alguma transversalidade de género na construção identitária das crianças, incluindo os projectos de género projectos do corpo. O corpo constitui-se pois como território privilegiado de significados de género, tornando-se este uma das partes fundamentais do projecto de identidade sempre inacabado do self (Giddens, 1991).
Este trabalho de investigação evidenciou então uma diversidade de processos e lógicas de construção identitária, a partir de representações e de práticas que anunciam tendências, quer para o “doing gender”, quer para o “undoing gender”, perspectivando-se as ambiguidades inscritas na individualização do corpo sexualizado. Mostrou ainda que as masculinidades e as feminilidades não existem previamente ao comportamento social, como estados de corpo ou personalidades fixas; apenas existem na medida em que os indivíduos as fazem (doing gender) e constroem activamente nas suas práticas sociais quotidianas (Connel, 1996).
O(s) género(s) não é pois uma entidade biológica que existe antes da sociedade; constitui-se precisamente nas formas através das quais as sociedades (e os sujeitos sociais) interpretam e usam os corpos.
- MIRANDA, Patrícia Isabel Martins

Patrícia Miranda é doutorada em Sociologia da Família e da Vida Quotidiana pelo ISCTE-IUL (2010). Os seus interesses actuais de investigação em Sociologia são o Género, o Corpo e a Sexualidade.
Patrícia Miranda graduated in Sociology by ISCTE-IUL (Lisbon) in 2003 and completed a PhD degree in ISCTE-IUL in 2010. Since obtaining the PhD degree P Miranda has worked as a social worker in a public institution. She published a paper based on her thesis: “Habitar um corpo sexualizado: Identidades de género construídas numa modernidade ambígua”, Ex aequo (2010).
Concerning her research project in Sociology of Family, Gender and Sexuality, Patrícia Miranda made also multiple presentations at conferences.
PAP0484 - A construção social do género no desporto
O género, sendo um dos principais organizadores das relações sociais, é diferente em cada sociedade, tempo ou lugar, existindo diferentes formas de representação e de performatividade da masculinidade e da feminilidade (Butler, 1999). Este facto revela que as concepções de género, os papéis sociais e os estereótipos associados a homens e mulheres não são biologicamente determinados mas resultam antes de uma construção social sobre o que se entende por masculino e feminino, a qual é, por sua vez, baseada em relações de poder desiguais entre homens e mulheres que, sistematicamente privilegiam o sujeito masculino (Scott, 1990).
A construção de género no desporto está fortemente relacionada com a história do desporto moderno, espaço onde o entendimento de que as diferenças de género são biológicas e que a superioridade desportiva masculina pertence à ordem “natural” das coisas, tem sido difícil de ultrapassar (Hargreaves, 1994).
O desporto é um espaço criado, nos finais do séc. XIX e início do séc. XX, por homens e para homens, espaço de confrontação física masculina no qual são simbolicamente expressos traços que se exigem ao “verdadeiro homem” - o homem viril, homem que deve demonstrar força física, agressividade, protagonismo e liderança, e em que a participação das mulheres, atendendo à sua primeira responsabilidade – a função reprodutora, foi logo considerada inapropriada à “natureza da mulher” e encontrou enorme rejeição.
As mulheres foram assim excluídas Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, e a sua participação no desporto ao longo do séc. XX foi alvo de grande rejeição, com uma integração minoritária, lenta e muito desigual, a partir de determinados grupos de mulheres (particularmente, as das classes mais altas) e de acordo com o tipo de desporto (desportos estéticos, não violentos, que não pusessem em perigo o estereótipo feminino).
Os estereótipos sexistas converteram o desporto numa prática de orientação masculina, inibindo a participação das mulheres ao considera-la como inapropriada, e deram origem a uma série de mitos como os que diriam: o desporto masculiniza as mulheres; o desporto prejudica a saúde das mulheres; as mulheres não têm capacidades para o desporto ou as mulheres não têm interesse no desporto.
A identificação histórica do desporto com um modelo específico da identidade masculina e com o papel social adstrito aos homens teve como consequência a consideração do homem como único sujeito desportivo, ou pelo menos, como o sujeito mais valorizado.
- ALMEIDA, Cristina Matos

Nome: Cristina Matos ALMEIDA
Afiliação institucional: Técnica superior no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ, IP) e Doutoranda em Sociologia no ISCTE-IUL
Área de formação: Licenciada em Sociologia e frequência do Mestrado de Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação no ISCTE-IUL
Interesses de investigação: Desporto e género
PAP0351 - A contribuição de práticas socializadoras de famílias populares para o bom desempenho escolar de seus filhos e os impactos da inserção dos mesmos em escolas de alto prestígio acadêmico
A CONTRIBUIÇÃO DE PRÁTICAS SOCIALIZADORAS DE FAMÍLIAS POPULARES PARA O BOM DESEMPENHO ESCOLAR DE SEUS FILHOS E OS IMPACTOS DA INSERÇÃO DOS MESMOS EM ESCOLAS DE ALTO PRESTÍGIO ACADÊMICO
Maria José Braga Viana
Ana Beatriz Ratton Ferreira Gontijo
Faculdade de Educação (UFMG) - Minas Gerais/ Brasil
Apresenta-se nesse trabalho os resultados de duas pesquisas que tomaram o “Programa Bom Aluno de Belo Horizonte”, Minas Gerais - Brasil (patrocinado por uma ONG, o Instituto Severino Ballesteros) campo empírico. Esse Programa seleciona alunos(as) na rede pública de ensino a partir do final do ensino fundamental - oriundos dos meios populares e que apresentam bom desempenho escolar -, oferecendo as condições materiais e psico-pedagógicas para o seu encaminhamento para escolas da rede privada de grande prestígio acadêmico, como bolsistas. Esse trabalho apresenta resultados dois estudos autônomos, embora ligados pelo campo empírico comum e por uma abordagem também comum no campo teórico da Sociologia da Educação. O primeiro estudo buscou identificar elementos nas práticas socializadoras das famílias que pudessem elucidar o bom desempenho escolar em pauta, estatisticamente improvável para os meios populares no Brasil. Um dado reiterado que emergiu desse estudo, por exemplo, é o do sentido positivo atribuído à escolarização e à escola pelos filhos/alunos, construído no contexto socializador familiar, sentido que vem acompanhado de uma forte disposição à autonomia em relação aos estudos. O segundo estudo identificou e analisou impactos sobre os mesmos jovens, e suas famílias, advindos da inserção em um novo ambiente escolar de alto nível acadêmico, impactos que foram observados: na rede de sociabilidade do aluno, em sua experiência escolar mais geral, em suas práticas e disposições culturais, bem como nas práticas socializadoras de suas famílias. Esses trabalhos contribuem, à sua maneira, para dar visibilidade à excepcionalidade das trajetórias escolares investigadas, inovando no campo de estudos sobre sucesso/longevidade escolar em meios populares. Essa inovação se localiza no fato de investigar alunos bolsistas em escolas de renome social e acadêmico, isto é, fora do espaço que lhes é mais “natural”, o das escolas públicas.
Palavras-chave: excelência escola famílias populares práticas socializadoras familiares; fronteiras sociais experimentadas
- VIANA, Maria José Braga
- GONTIJO, Ana Beatriz Ratton Ferreira
PAP0005 - A corrupção policial no Rio de Janeiro: quando o crime vira mercadoria
A corrupção policial é um fenômeno de crescente
visibilidade em todo o Brasil. No entanto, o
contexto do Rio de Janeiro em geral tem um
destaque maior que outros estados quando o
assunto é não só a atuação policial, mas também
o julgamento de determinadas práticas policiais
que ocorrem no dia a dia, dentre elas a
corrupção.
Os policiais possuem uma moralidade muito
própria que orienta suas ações e que julga suas
práticas. Essa moralidade pode ou não guardar
uma conexão direta com uma moralidade legal e
social que julga e condena determinadas
práticas. Nesse sentido, a corrupção é
interpretada pelos policiais de acordo com o
contexto e com a moralidade que ele possui.
Através de entrevistas com policiais civis e
militares e do trabalho de campo desenvolvido
na Corregedoria Geral Unificada, identificar
quais as percepções que esses agentes têm da
prática de corrupção policial em suas
diferentes possibilidades, internas e externas.
Além desses agentes, serão consideradas também
reportagens e notícias divulgadas em jornais,
revistas ou internet sobre a corrupção
policial.
- NASCIMENTO, Andréa Ana do
PAP0199 - A criação do discurso sobre
Nesta comunicação pretendemos contribuir para a compreensão da problemática das migrações ambientais, e particularmente da construção dos discursos que a enquadram, partindo de uma perspectiva interdisciplinar alicerçada na ecologia humana. Esta proposta surge como um aprofundamento do problema sob estudo no projecto de Doutoramento, que pretende explorar as narrativas biográficas de imigrantes ambientais africanos no contexto sul europeu, destacando os traços de vulnerabilidade e de capacidade de adaptação humana face às alterações do ambiente. Este projecto enquadra-se no Doutoramento em Ecologia Humana da FCSH-UNL, sob a orientação da Prof. Doutora Iva Pires e a co-orientação do Prof. Doutor Luís Baptista.
Após o enquadramento da problemática no campo da ecologia humana, o foco será colocado na construção da figura "refugiado ambiental" na imprensa escrita portuguesa. Nesse sentido, analisam-se excertos noticiosos de três jornais portugueses – Jornal de Notícias, Público (diários) e Expresso (semanário) – entre 2004 e 2010. Procuramos analisar o seu conteúdo tendo por especial atenção os eventos que motivaram a saída de notícias, os protagonistas referenciados, os principais tópicos abordados e suas associações, as atribuições geográficas e os termos/expressões utilizados para definir quem migra como resposta a situações de degradação ou desastre ambiental. Procurar-se-á, por fim, contextualizar a análise das notícias ao nível dos diferentes discursos sobre migrações e alterações ambientais, destacando a criação do "fantasma dos refugiados ambientais" e dos discursos securitários sobre estas migrações enquanto possíveis externalidades negativas da intenção discursiva dos que defendem o ambiente e as suas "vítimas" humanas.
- VIEIRA, Inês

Inês Vieira
CesNova, a frequentar o doutoramento em Ecologia Humana na FCSH-UNL
Licenciatura em Educação de Infância (ESE-IPP), mestrado em Ecologia
Humana e Problemas Sociais Contemporâneos (FCSH-UNL)
Interesses de investigação:
1. Actualmente foco em migrações e ambiente (PhD);
2. Participação prévia: educação de jovens e cidadania (protocolo
CesNova-MDN sobre o Dia da Defesa Nacional), atitudes ambientais de
estudantes universitários ("Making Science Work in Society", Acção
Integrada Luso-Britânica, FCSH-UNL e Universidade de Glasgow, frequência
enquanto opção livre do Curso de Doutoramento em Ecologia Humana),
dinâmicas territoriais e mobilidade humana (no âmbito do grupo de
trabalho do CesNova).
PAP0838 - A criação e disseminação de vídeo online como estratégia argumentativa: um estudo de caso do YouTube
O crescimento exponencial da largura de banda, a quase ubiquidade e maior qualidade das máquinas fotográficas (hoje em dia presentes em quase todos os telemóveis) e a simplificação das ferramentas de edição vídeo permitiram que cada vez mais pessoas se tornassem produtores de vídeos e partilhassem as suas criações com uma audiência mais vasta. O vídeo online é visto como tendo um papel importante no regresso a uma cultura de “Leitura/Escrita”, como definida por Lawrence Lessig (2008), ou na ascensão de uma “cultura participativa”, nas palavras de Henry Jenkins (2006). Tanto relatórios de instituições como a Comissão Europeia ou a OCDE, como abordagens teóricas (Benkler 2006; Bruns 2008; Leadbeater 2009; Shirky 2010; Flichy 2010) reconhecem o vídeo online como um exemplo central do aumento do conteúdo criado por utilizadores, e neste sentido objecto de interesse crescente. Com a digitalização, os recursos audiovisuais gerados pelas empresas de conteúdos tornaram-se mais maleáveis para os consumidores de media, servindo assim de matéria prima para a produção criativa, envolvendo práticas de selecção, transformação e redistribuição.
Nesta apresentação procede-se a uma análise de vídeos criados pelos utilizadores, carregados no YouTube e que se destinam a fomentar a discussão em torno de temas políticos para isso recorrendo a técnicas de remistura. A presente comunicação pretende assim demonstrar como práticas de remistura inspiradas em tradições como o detournement situacionista, os scratch videos britânicos ou o culture jamming de artistas de vídeo norte-americanos, inspiram toda uma geração de youtubers, aumentando assim o seu repertório comunicativo de debate político.
Esta comunicação resulta de investigação realizada no âmbito do projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia “Mutação dos Media: Transformações da comunicação pública e científica” (PTDC/CCI-COM/100765/2008, investigador responsável: José Luís Garcia, ICS-UL).
- SILVA, Patrícia Dias da

Doutoranda em Ciências Sociais no Instituto de Ciências Sociais, a
terminar a dissertação sobre vídeo online e discussão política, UL.
Bolseira de investigação do projecto "Mutações dos Media:
transformações da comunicação pública e científica" na mesma
instituição.
Docente de Sociologia da Comunicação na Escola Superior de Comunicação
Social, IPL.
Interesses de investigação: vídeo online, cultura visual digital,
humor e comunicação política, reconfigurações do espaço público,
democracia electrónica e novas formas de participação,
PAP1259 - A crise económica e os problemas do discurso “globalista” e/ou “europeísta”: oportunidade para um regresso à democracia?
Num contexto em que o discurso “globalista” se tornou largamente hegemónico, quer na versão “optimista” oficial e dominante, quer em versão subalterna e “alter-globalista”, é importante começar por destacar o carácter largamente mítico do mencionado discurso, o qual se reporta de facto muito mais às realidades culturais e políticas do que às económicas, e de resto assumindo em geral uma validade estritamente “performativa”: trata-se de um discurso “verdadeiro” na medida e apenas na medida em que os agentes se convençam da sua “verdade”, comportando-se em conformidade com essa convicção e “fazendo-o” nesse sentido verdadeiro.
Uma das consequências políticas da hegemonia do discurso “globalista” é, entretanto, a inegável crise do Estado-nação e o nadir atravessado pelo próprio conceito regulador de soberania. Este nadir da soberania corresponde obviamente a um processo de marcada des-emancipação política, no qual as instituições políticas democráticas são tendencialmente esvaziadas de conteúdo, seja em nome da alegadamente inevitável race to the bottom da fiscalidade, dos salários e da intervenção económica estatal em ambiente de “economia aberta”, seja em nome duma putativa “sociedade civil global”, à qual manifestamente não corresponde qualquer expressão política própria directa, mas que seria de acordo com algumas narrativas o veículo de universalização da “liberdade negativa”, ou “liberdade dos modernos”, ou seja, a liberdade relativamente à interferência de qualquer instância estatal.
Este discurso constitui obviamente uma enorme tartufferie, entre outras razões porque a perda de “liberdade positiva” em nada contribui para o reforço da “liberdade negativa”, mas também porque as tendências “globalistas” veiculam agendas marcadamente imperiais… e imperiais não num sentido “negri-hardtiano”, supostamente “abstracto”, mas imperiais com uma base marcadamente nacional: norte-americana, ou europeia ocidental. Entretanto, as populações europeias tornaram-se elas próprias, através do intento “public choice” de fabricação duma moeda única, vítimas duma colossal engenharia política destinada à constituição de um centro decisório unificado e “livre de ciclo eleitoral”, que é o que desde a origem subjaz ao “projecto Euro”.
A crise posterior a 2008, entretanto, parece estar a contribuir para acordar os povos europeus do sono profundo (ou da hibernação política) em que o ópio “europeísta” as tinha mergulhado…
- GRAÇA, João Carlos

Nome completo: João Carlos de Andrade Marques Graça
Filiações institucionais: Professor auxiliar com agregação do ISEG-UTL, Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade Técnica de Lisboa; investigador do SOCIUS, Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, ISEG-UTL.
Áreas de Interesse: sociologia económica, sociologia política, sociologia histórica, teoria social.
PAP1345 - A crítica musical na imprensa lisboeta nos últimos anos da ditadura em Portugal (1970-1974): o caso do Teatro de São Carlos
Através de um estudo comparativo dos textos de crítica musical referentes ao Teatro de São Carlos - presentes nos periódicos lisboetas dos primeiros anos da década de 70, do século XX -, é o objectivo central desta comunicação interpretar as diferentes perspectivas dos agentes da crítica musical - críticos, compositores e músicos -, tendo em conta a conjuntura social, política e da imprensa.
Partindo do pressuposto que o consumo de arte por parte de um grupo em particular tende a homogeneizar-se, servindo assim, muitas vezes, como denominador de distinção e/ou de integração (Bourdieu, 1979), o posicionamento dos agentes da crítica de arte, tende a reflectir o seu posicionamento ideológico relativamente ao mercado e à forma como o mesmo integra ou exclui os agentes de produção artística.
Neste sentido, as reflexões por parte dos agentes da crítica musical tendem, por um lado, a defender e, por outro, a excluir, determinados repertórios, práticas performativas e posicionamentos de instituições no panorama artístico português.
- ROMÃO, João

Nome: João Romão
Afiliação institucional: CESEM / FCSH-UNL (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa)
Área de Formação: Mestrando em Ciências Musicais, Variante de Musicologia Histórica; Licenciatura em Ciências Musicais
Interesses de investigação: Sociologia da Música; Estudos de recepção; Estudos de instituições culturais; Relações entre estética e poder
João Romão é Mestrando em “Ciências Musicais – Variante de Musicologia Histórica” (FCSH-UNL), tendo concluído a licenciatura em “Ciências Musicais” (FCSH-UNL) em 2010. Desde esse ano que é colaborador interno do CESEM, na área de Sociologia da Música.
A tese de mestrado que se encontra a desenvolver, sob orientação da Professora Doutora Paula Gomes Ribeiro, abordará – por um lado - a forma como os conceitos de recepção, gosto, ideologia, arte e mercado, entre outros, se relacionam com a conjuntura social e artística da década de 70, em Lisboa – e por outro -, como a crítica musical os integra e articula.
PAP0184 - A crítica reflexiva, sexualizada e genderizada como ponte para a diversidade e para a justiça social
Partindo dos limites e das potencialidades de um projecto de leitura crítica sobre os géneros e as sexualidades, esta comunicação pretende interrogar as implicações dos conceitos de diversidade e de justiça social para o situar epistémico da investigação que se queira inscrita naquela leitura. Num momento sócio-histórico que permanece frágil para a afirmação não-normativa dos géneros e das sexualidades, trata-se de questionar numa lógica transdisciplinar as intenções ora reguladoras, ora emancipatórias da diversidade e da justiça social. Três questões ocuparão lugar central neste trabalho: quais as tradições de abordagem da diversidade e da justiça social nas ciências sociais?; quais os efeitos reguladores versus emancipatórios dessas tradições e o que fazer em torno da sua re-construção epistémica e teórico-conceptual?; que luzes são potencialmente trazidas por esta re-construção para o sombrio caminho de identidades de género e sexuais silenciadas? Por último, interessa abordar o papel fulcral da reflexividade na construção de projectos de investigação, apelando à necessidade do comprometimento presente e futuro com vivências e expressões genuinamente diversas e socialmente (mais) justas de nos irmos fazendo nos géneros e nas sexualidades.
- CARNEIRO, Nuno Santos
PAP1323 - A decisão tecnológica nos Serviços de Radiologia - o que nos revela afinal?
O Sist. de Saúde Português enfrenta na actualidade inúmeras pressões para a contenção de custos, permanecendo no entanto as despesas elevadas. De um modo geral, as exigências no sector da saúde excedem os recursos disponíveis para o financiar. As alterações e reformas existentes na área da saúde são constantes, no entanto, ao longo dos tempos um factor permanece inalterável - a tecnologia continua a ser o cerne e o suporte dos cuidados e ganhos em saúde.
A área da Radiologia é um claro exemplo da aplicação da tecnologia, para a obtenção de imagens, necessárias para o diagnóstico e terapêutica de patologias. A Ressonância Magnética (RM) é talvez a tecnologia que mais se destaca dentro das demais tecnologias imagiológicas, dado ser uma tecnologia recente, com horizontes de aplicabilidade ainda por desvendar e que não recorre a radiação X na obtenção das imagens.
A OCDE 1, num estudo levado a cabo em 2005, verificou que o processo de decisões relacionadas com o financiamento, investimento e planeamento das tecnologias de saúde não era claro, pelo que, a falta de clareza no processo de tomada de decisão (TD), ou a falta de conhecimento acerca do processo poderiam levar a uma ausência de transparência. Verifica-se assim a necessidade da adopção de um processo claro e transparente de decisão, nos processos de regulação, incorporação e utilização das tecnologia, onde todos os decisores deverão estar envolvidos no processo e deverão ter por base informação credível e baseada na evidência, que reflicta a pertinência e a necessidade diária dos serviços de saúde.
A identificação destes decisores deverá ser a etapa prioritária, uma vez que são estes os que irão actuar no processo de avaliação, nas diferentes fases do ciclo de vida da tecnologia. A Análise de Decisores é uma técnica importante que permite a sua identificação e a análise das suas necessidades. É utilizada para identificar todos os decisores chave, bem como os decisores primários e os secundários, uma vez que no sistema de saúde existem não apenas uma grande diversidade de actores com capacidade de decisão, mas também porque existem múltiplos níveis de decisão associados à Radiologia .
Considerando a RM, nas diferentes fases do seu ciclo de vida, este trabalho pretende para além de identificar os actores chave 2, perceber como é feito o processo de TD no que concerne a esta tecnologia. Deste modo, interessa perceber a relação que pode eventualmente existir a partir de uma análise que revela diferentes tipos de decisores que interferem no processo de decisão e que podem ou não ser os formais.
Coloca-se a hipótese de o processo de TD e a relação de poderes nas organizações de saúde ser mais complexo e não se restringir apenas ao nível formal.
1 OECD Health Project. 2005. Decision Making and Implementation: an analysis of survey results. In Health Technology and Decision Making, 71-94. 2 WHO. Health Service Planning and Policy - Making:Mod 2 - Skateholder Analysis and Networks
- MAIA, Maria João
PAP1550 - A descontinuidade geracional em Portugal. Revisitação do conceito à luz dos Censos de 2011
A análise micro-demográfica do território Português, efectuada à escala das Secções Estatísticas, com base em dados dos Censos de 2001, pôs em evidência o que designámos por descontinuidade geracional (proponente, 2004). Este conceito expressa a fragmentação da estrutura populacional ao atingir valores de índice de envelhecimento (IE) superiores a 530 (idosos por 100 jovens), fragmentação refletida em contextos físicos e sociais nos quais a interação entre velhos e novos será muito pouco frequente ou mesmo inexistente (porque virtualmente improvável). Esta descontinuidade geracional instalou-se em grandes manchas do território nacional, sendo essas manchas relativamente extensas nas serranias algarvias (com extensão parcial ao Baixo Alentejo) e na Beira Interior Sul. Mas, para além destas grandes manchas, cujo perímetro não reconhece divisões administrativas regionais, municipais e mesmo de freguesia – revelando-se deste modo o potencial da análise que recorre à unidade territorial “secção estatística” - a descontinuidade geracional apresenta-se em bolsas na faixa raiana que se estende ao longo da Beira Interior Norte até ao Alto Trás-os-Montes, mas também na zona raiana do Minho-Lima e, já no Interior do País, na sub-região do Pinhal Norte e Sul. Os dados cotejados e que vimos trabalhando indicam-nos que um dos traços mais salientes da mudança social ocorrida na sociedade portuguesa nas últimas décadas respeita ao despovoamento do Interior, em proveito do Litoral, fragmentando a estrutura populacional dos lugarejos, das aldeias e das vilas, expondo grande parte do território nacional a índices de envelhecimento (IE) inéditos - por falta de crianças e jovens em idade ativa, e pelo número absoluto e peso relativo dos mais velhos que foram ficando -, que se projetam indelevelmente no curto e no longo prazos. Com efeito, os dados dos Censos de 2011 põem em evidência a acentuação deste fenómeno de descontinuidade geracional e permitem empreender e consolidar uma reflexão sociológica sobre o significado da perda de diversidade geracional em contextos comunitários marcados por forte isolamento geográfico e precaridade social. Nesta reflexão cabem argumentos de natureza científica, ligados a uma sociologia do envelhecimento populacional, mas também argumentos do foro humanista, que põem em evidência a perda de coesão social suscitada pelo despovoamento e o risco de viver só
- MACHADO, Paulo

Paulo Filipe de Sousa Figueiredo Machado
________________________________________
Doutorado em Sociologia, especialidade de Sociologia do Desenvolvimento e da Mudança Social, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Investigador integrado do CESNOVA.
________________________________________
Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde leciona Sociologia Urbana, Teoria e Análise Demográfica e Análise e Prospectiva Demográfica na licenciatura em Sociologia.
Coordenador do Mestrado de Ecologia Humana e e Problemas Sociais Contemporâneos e professor de Teoria e Metodologia no doutoramento em Ecologia Humana desta mesma Faculdade.
________________________________________
Áreas de investigação: demografia social, sociologia criminal e teoria e prática sócio-ecológica
PAP0686 - A desinstitucionalização da doença mental em Portugal: um olhar a partir das instituições
A filosofia desinstitucionalizadora que marcou as reformas psiquiátricas que ocorreram em muitos países desde os anos 1960 exige, para ser eficaz, um conjunto de condições que nem sempre as reformas conseguem assegurar e, por isso, corre o risco de fracassar. Dentre essas condições incluem-se a descentralização dos cuidados, a integração dos cuidados de saúde mental nos restantes cuidados de saúde, o reconhecimento da natureza complexa da doença mental (entre o biológico e o social) e da necessária multidisciplinaridade das respostas, a manutenção sempre que possível das pessoas com perturbação mental no seu meio e o envolvimento dos cuidadores informais no processo terapêutico.
Um estudo realizado, em Portugal, a partir de um hospital psiquiátrico revelou as dificuldades com que as reformas estão a ser levadas à prática e o tipo de obstáculos que se levantam relativamente a cada uma dessas condições. Seguindo as trajetórias de um conjunto de pessoas com perturbações mentais graves que passaram pelos serviços do hospital foi possível aprofundar o modo como estas interagem com as instituições e com a comunidade, a visão que têm dos profissionais e dos cuidadores que as acompanham e as estratégias que desenvolvem para minimizar os efeitos mais negativos da institucionalização.
Abordam-se sucessivamente as reformas psiquiátricas em Portugal, a progressiva abertura do hospital psiquiátrico estudado à filosofia descentralizadora e desinstitucionalizadora, e a receptividade e impacto das políticas de saúde mental, incluindo a reforma atualmente em curso, na instituição. A visão dos dirigentes e profissionais cruzam-se com as dos doentes e suas famílias, para analisar questões como o desenraizamento social, o modelo terapêutico, a disciplina e a autonomia dos doentes, a relação terapêutica e a confiança, o consentimento informado e a reserva de informação, as representações e os medos, o risco da dependência institucional.
- HESPANHA, Pedro

- PEREIRA, José Morgado
Pedro Hespanha
Sociólogo. Professor da Faculdade de Economia de Coimbra e Membro Fundador do Centro de Estudos Sociais.
Coordenador do Programa de Mestrado “Políticas Locais e Descentralização".
Tem investigado e publicado nas áreas dos estudos rurais, políticas sociais, sociologia da medicina, pobreza e exclusão social
Coordena o Grupo de Estudos sobre Economia Solidária (ECOSOL/CES)
PAP0871 - A dinâmica relacional de uma rede futebolística: uma etnografia da formação de jogadores em São Paulo - Brasil
Este artigo tem como objetivo traçar redes futebolísticas, entre outras tantas possíveis, que se desdobram a partir de Guaianases (bairro periférico da Zona Leste de São Paulo), para assim analisar o processo de formação e profissionalização de jovens jogadores. A partir da etnografia que vem sendo realizada no Grêmio Botafogo de Guaianases, clube amador que mantém uma escolinha de futebol em paralelo com o time que disputa as partidas e campeonatos de ‘futebol de várzea’, proponho acompanhar a pluralidade de atores, situações e questões conectados ao processo de formação de jogadores de futebol em São Paulo. Temas como ‘peneiras’, famílias, empresários de futebol e práticas políticas, quando entrelaçados na etnografia, mostram-se decisivos para um maior entendimento da pluralidade de práticas e representações do fenômeno futebolístico. Pluralidade que permite, ainda, problematizar e compreender algumas das inúmeras mudanças estruturais que o futebol brasileiro vem sofrendo. Este paper parte de uma estratégia relacionada aos métodos etnográficos adotados em pesquisas sobre processos sociais que envolvem múltiplos locais e conexões, aproximando-se, assim, de temáticas já conhecidas no debate antropológico. Para dar conta do meu objeto, proponho uma articulação entre diferentes abordagens, uma vez que, para aproximar-se da experiência urbana contemporânea, é preciso tecer uma multiplicidade de contextos interligados. Realizar uma etnografia inspirada pelo delineamento de conexões possibilita uma análise antropológica que pode ser feita por meio de distintas propostas metodológicas, tal como as pautadas pela idéia de redes ou as que pensam a conexão etnográfica em diferentes espaços. Portanto, a partir das redes de relações e conexões, tenho procurado evidenciar as inúmeras articulações que marcam o universo futebolístico e, também, a dinâmica da cidade. Acionadas não só no bairro de Guaianases, como também para além dele, alcançando outros planos citadinos, tais articulações são essenciais para a compreensão do universo futebolístico. Nesse sentido, uma análise sistemática e abrangente das relações entre os diversos atores permitirá um maior entendimento de um quadro extenso de questões e negociações envolvendo múltiplas esferas sociais, aqui interligadas pela prática futebolística.
- SPAGGIARI, Enrico
PAP0043 - A dominação no continente: dominação pessoal e patrimonialismo analisados com base nas primeiras páginas de “O Tempo e o Vento”
As origens da
dominação pessoal,
fenômeno sociológico
do qual se propõe a
análise no seguinte
trabalho, se
fundamentam na
gênese do Estado
português, onde a
ascendência do rei
deu origem a um
domesticamento do
povo sem o
aniquilamento da
pobreza, sendo essa
uma importante
característica que
se imprime na
sociedade
portuguesa. A
propriedade do rei,
composta de terras e
tesouros acaba,
desde já,
confundindo os
aspectos público e
particular do
Estado. A riqueza do
titular é perpétua e
eminente, prendendo
os servidores a uma
rede patriarcal onde
os mesmos
representam a
extensão da casa do
soberano. O Estado
patrimonial
atravessa séculos,
não respeitando
privilégios ou
antigas linhagens,
segundo diz o autor
de Os donos do poder
. Tais fatores se
reúnem na formação
do estado
patrimonial
português, o que
virá causar reflexos
na sociedade
brasileira formada a
partir da
colonização.
É tal herança,
enraizada no
fenômeno da
dominação pessoal
que se pretende
analisar em "O
Continente", livro
primeiro que compõe
a trilogia em que o
escritor Érico
Veríssimo conta a
história do Rio
Grande do Sul,
região brasileira
marcada por
caracetrísticas
decididamente
Ibéricas.
PAP0687 - A economia solidária de raíz popular. Alguns aspectos teóricos e conceituais sobre o futuro da pequena produção independente
A persistência da pequena produção desafia o capitalismo. Esta afirmação, feita de tal forma redonda e direta, abrange um conjunto muito complexo de questões que foram objecto de aceso debate e de reflexão teórica ao longo de décadas. Entre elas incluem-se a conceituação da racionalidade particular da pequena produção independente, bem como sua relação com o sistema capitalista.
As práticas de resistência, tanto ativa quanto passiva, da pequena produção independente e a estranheza desta última para um sistema económico que a força a competir em um mercado não personalizado são algumas questões repetidamente invocadas na literatura. Neste mundo de práticas e representações, a natureza distinta das motivações de pequenos produtores independentes é bastante evidente. O que os move não é a busca cega e incessante do lucro, mas sim a melhoria das condições de vida através de uma utilização prudente de recursos próprios e da cooperação com os parentes e vizinhos. Não só para garantir a sobrevivência, mas para viver melhor.
Dentre os vários os indicadores empíricos que permitem reconhecer esta modalidade de economia incluem-se o recurso a trabalho exterior à família, usando as redes de solidariedades primárias; a informalidade total ou parcial nas relações com o mercado, as instituições e a comunidade; a relativa indistinção entre a economia doméstica e a economia do empreendimento; o recúo autárcico em períodos de crise; a ambição limitada como motivação e o primado da segurança como atitude.
Discute-se a persistência de formas económicas não capitalistas, como as da economia popular, e o modo como elas se relacionam com o capitalismo em diferentes contextos. Analisa-se o surgimento de novos movimentos sociais e de iniciativas de base solidária provenientes da economia popular, particularmente em contextos de crise ou de necessidade, a fim de questionar a sua contribuição para uma mudança paradigmática, no sentido de um sistema económico mais equitativo, que permita uma melhor adequação dos recursos às necessidades e um aumento do bem-estar económico e social.
- HESPANHA, Pedro

Pedro Hespanha
Sociólogo. Professor da Faculdade de Economia de Coimbra e Membro Fundador do Centro de Estudos Sociais.
Coordenador do Programa de Mestrado “Políticas Locais e Descentralização".
Tem investigado e publicado nas áreas dos estudos rurais, políticas sociais, sociologia da medicina, pobreza e exclusão social
Coordena o Grupo de Estudos sobre Economia Solidária (ECOSOL/CES)
PAP1078 - A empresa como emprego. Diversidade de contextos e de percursos de acesso à empresarialidade.
Face ao contexto socioeconómico nacional caracterizado por dificuldades agravadas de inserção no mercado de trabalho por conta de outrem, a criação do próprio negócio ou empresa afigura-se como uma potencial fonte de emprego para muitos não activos, jovens que finalizam os seus estudos, ou mesmo assalariados. São diversos os factores e os agentes que se conjugam neste processo. O papel do Estado - através das políticas activas de emprego, de promoção do empreendedorismo ou das políticas de fomento à criação e desenvolvimento de PME - e de outros actores, como sejam o do sistema de ensino, o da família ou o das redes sociais, devem aqui ser discutidos.
A presente comunicação enquadra-se na tese de doutoramento que o/a autor/a se encontra a desenvolver sobre as pequenas e médias empresas (PME) portuguesas e os seus empresários. Os principais objectivos da pesquisa são (i) identificar as modalidades relevantes de percursos sócio-profissionais de dirigentes de empresas de micro, pequena e média dimensão, (ii) determinar as constelações de factores explicativos que se combinam na produção desses percursos-tipo (iii) e compreender as condições sociais de acesso à empresarialidade, numa perspectiva que coloque a tónica em dois tempos: no passado (os “velhos” empresários) e na actualidade (os “jovens” empresários), sem perder de vista o objectivo último de interrogar e captar mudanças sociais mais vastas que atravessam a sociedade portuguesa no decurso das últimas décadas.
O desenho metodológico, accionado para a pesquisa inclui a realização de um conjunto de entrevistas de cariz biográfico a um grupo limitado, mas diversificado, de dirigentes de empresas de micro, pequena e média dimensão. Com base, portanto, em pesquisa recente sobre a criação de empresas por indivíduos com níveis de escolarização distintos, isto é, mais e menos e escolarizados, e pertencentes a grupos etários igualmente distintos, procura-se desenvolver uma análise motivacional para a criação do próprio negócio ou empresa e privilegia-se, para discussão no âmbito da presente comunicação, dimensões analíticas como os obstáculos, as condições facilitadoras e as principais modalidades de acesso à empresarialidade. Através de uma abordagem qualitativa, pretende-se reconstruir alguns “retratos” de acesso e vivência da empresarialidade, atendendo, para além de variáveis chave de diferenciação social, como sejam o sexo, a idade e o nível de escolaridade dos entrevistados, às características organizacionais específicas das empresas criadas.
- COUTO, Ana Isabel

Ana Isabel Couto, assistente de investigação no CIES-IUL e doutoranda em Sociologia pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Licenciada em Sociologia pela FLUP e investigadora associada do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (ISFLUP). Interesses de investigação:sociologia do trabalho e das organizações, PME, empreendedorismo e género.
PAP1097 - A escola dos indivíduos: a singularidade e a vulnerabilidade na reconfiguração das políticas educativas
A escola tem vindo a constituir-se como uma
das promessas centrais que as políticas
públicas contemporâneas têm posto em marcha na
prevenção, administração e reparação do risco,
da vulnerabilidade e da exclusão social. As
medidas, dispositivos e programas de educação
compensatória ou prioritária, que têm sido
implementados nas últimas décadas,
especialmente em territórios onde os problemas
sociais são mais agudos, espelham essas
preocupações.
A entrada dos profissionais do social
(assistentes sociais, mediadores, animadores,
educadores sociais…) na escola resulta, em
parte, da crescente visibilidade e
reconhecimento políticos que os problemas
educativos apresentam na arena pública. Mas
estes novos profissionais da escola não deixam
de enfrentar problemas e desafios muito
significativos no trabalho social que procuram
dinamizar: por um lado, o reconhecimento da
singularidade do seu lugar e do seu papel no
interior das escolas (o problema da autonomia
profissional, do trabalho em equipa e do
ajustamento a lógicas organizacionais e
institucionais diversas, etc.); por outro
lado, o trabalho junto dos públicos a que
dirigem a sua intervenção (a dificuldade de
definição das estratégias mais adequadas à
mobilização dos alunos, famílias e comunidade
para a causa escolar, os dilemas quanto às
modalidades mais ajustadas de se envolver e de
se relacionar com os alunos, os dilemas quanto
à melhor forma de diagnosticar, sinalizar,
administrar e resolver os problemas
particulares de cada aluno, etc.).
Esta comunicação pretende mapear as principais
reconfigurações ideológicas nas políticas de
educação prioritária e de luta contra os
handicaps, detetando as diferenças nas várias
gerações de programas implementados a nível
transnacional (Rochex). Privilegia-se depois o
enfoque em dois programas implementados nas
últimas décadas no sistema educativo
português: os territórios educativos de
intervenção prioritária (teip) e os programas
integrados de educação e formação (pief).
Problematiza-se, enfim, a deslocação do debate
político sobre as desigualdades
socioeconómicas para as novas reconfigurações
que estes programas parecem sofrer e que
trazem novas controvérsias académicas e
políticas sobre o que é uma «escola justa»
(Dubet) ou uma «escola decente» (Payet).
O trabalho de terreno que nos últimos dois
anos tenho desenvolvido junto de agrupamentos
de escolas com projetos teip e turmas pief
fornecerão, por sua vez, algumas ilustrações
empíricas quanto à forma como a intervenção
prioritária tem vindo a gerar um processo de
individualização das políticas educativas,
alicerçada numa grandeza do indivíduo e no
envolvimento da escola na categorização,
prevenção e reparação das situações
vulneráveis a partir de uma lógica
singularizada.
- DIONÍSIO, Bruno

Bruno Dionísio é professor da área científica de Sociologia e Mediação Social na Escola Superior de Educação de Portalegre. É investigador integrado do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (cesnova) e do Centro Interdisciplinar de Investigação e Inovação do Instituto Politécnico de Portalegre (c3i). Tem publicado e participado em projectos de investigação sobre políticas de orientação escolar e profissional, cidadania e justiça escolar, fenómenos de humilhação nas escolas, processos de (in)visibilidade pública e de participação política numa perspectiva comparada Portugal/Brasil. O seu projecto de pós-doutoramento centra-se nos processos de reconhecimento político e de administração institucional da vulnerabilidade de crianças e jovens em situações de alta complexidade social.
Endereço electrónico bmdionisio@gmail.com
PAP1181 - A escola e as (des)igualdades educativas face à pluralidade dos seus públicos: da desigualdade de sucessos aos sucessos de valor social igual
Com base em autores como Michael Young e Pierre Bourdieu, a presente comunicação desenvolve uma reflexão sociológica acerca dos conhecimentos escolarmente transmitidos e das suas centralidades ou periferialidades face ao valor social que lhes é atribuído.
Tendo em atenção a pluralidade de públicos e a diversificação da oferta escolar a que se assistiu em Portugal nos últimos anos, argumenta-se que esta diversificação contribui, não para a construção de sucessos iguais, mas de sucessos centrais e de sucessos periféricos, estes últimos obtidos através da frequência de um tipo de currículo não desafiador do currículo-padrão por parte de jovens maioritariamente provenientes de classes de menor estatuto social.
Estes sucessos periféricos, que mais não são do que outra forma de insucesso, apesar de possibilitarem a diversificação de saídas profissionais, não permitem uma mobilidade social ascendente, perpetuando a classe (e posição de classe) de origem destes jovens.
Importa, por isso, pensar a educação escolar de forma a que a mesma proporcione, à totalidade do seu público, o acesso ao conhecimento produzido pelas diversas ciências, democratizando assim esse conhecimento e possibilitando oportunidades de igualdade de sucessos.
Argumenta-se que a atribuição de valor igual a diferentes tipos de inteligência (desde a matemático-dedutiva, à emocional e artística) com a consequente atribuição de valor social igual ao tipo de conhecimento que algumas destas inteligências, actualmente periféricas, privilegiariam, daria lugar a um tipo de igualdade de oportunidades escolares e de vida que, ultrapassando o conceito clássico de igualdade, promoveria a construção de sociedades estruturalmente menos hierarquizadas e hierarquizantes.
PAP0130 - A escola pública no olhar dos jovens herdeiros
Num momento em que a escola pública enfrenta
múltiplos e complexos desafios e se vê no
centro de inúmeros debates políticos e
investigações científicas, pretendemos
reflectir sobre ela a partir não do
(tradicional) olhar de quem nela vive e de
quem a constrói, mas do olhar distanciado de
quem se sente membro de um sistema de
ensino “à parte”: os alunos das escolas
privadas.
Os dados apresentados resultam de uma
investigação de doutoramento sobre o sucesso
educativo em duas escolas privadas
frequentadas pelas classes dominantes. Apesar
de esta pesquisa não ter como foco analítico
as representações sobre a escola pública,
foram muitos os momentos em que os discursos
dos alunos nos reenviaram para o universo do
ensino estatal. Dissociado da complexidade e
diversidade que o carateriza, ele surge
representado pelos alunos como uma realidade
homogénea e desqualificante que tem
por “contraponto qualificante” o ensino
privado, também falaciosamente associado a um
todo social e escolarmente homogéneo. Tomando
por base apenas umas das técnicas de recolha
de dados acionada nesta investigação – o grupo
de discussão focal -, analisamos, num diálogo
entre o “nós” (escola privada) e o “eles”
(escola pública), os principais eixos em que,
na opinião destes jovens, assenta a dicotomia
entre os dois sistemas de ensino: excelência
académica; valorização do mérito; vivências e
dinâmicas de (in)disciplina; noções
de “identidade de escola”, de “família
educativa”, de “educação em valores” e
de “educação na/para a diversidade sócio-
cultural”. Estes indicadores permitem-nos não
só uma reflexão em torno das lógicas de
distinção – escolar e social – presentes no
discurso dos herdeiros, mas também um
reequacionar crítico da polarização entre
ensino público e privado: o primeiro,
percecionado como espelho da “crise” da
escola; o segundo, como miragem para um ensino
de qualidade.
Escutando os herdeiros de hoje, estaremos (pre)
vendo as políticas educativas de amanhã…
- QUARESMA, Maria Luísa

Identificação: Maria Luísa da Rocha Vasconcelos Quaresma
Filiação:Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto / Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto
Habilitações Literárias: Doutoramento em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Bolsa FCT - SFRH / BD/ 39952/ 2007)
Investigação/docência: Investigadora Integrada do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto/Assistente convidada na Escola Superior de Educação do IPP.
Áreas de interesse: Sociologia da Educação, Sociologia da Juventude, Sociologia das Classes Sociais
Principais Publicações: QUARESMA, Maria Luísa (2010) – Da escola pública ao colégio privado: entre a homogeneidade perdida e a homogeneidade reivindicada. Revista Luso-Brasileira “Sociologia da Educação”, nr.2; QUARESMA, Maria Luísa; LOPES, João Miguel (2011) – Os TEIP pela perspetiva de pais e alunos. Revista de Sociologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vol XX; QUARESMA, Maria Luísa (2010) – Interação, disciplina e indisciplina. In ABRANTES, Pedro, org. – Tendências e controvérsias em Sociologia da Educação. Lisboa: Editora Mundos Sociais; QUARESMA, Maria Luísa (2011) – Democratização escolar: percursos e percalços. In LIMA, Francisca [et al.] – Democratização e educação pública: sendas e veredas. São Luís: EDUFMA --
PAP0265 - A esfera privada na agenda pública: a aceleração das mudanças na família nos últimos anos em Portugal
O objectivo desta comunicação é identificar, explorar e reflectir sobre as rápidas mudanças que têm vindo a ocorrer na vida familiar em Portugal, particularmente na primeira década do século XXI. Na realidade, vários indicadores demográficos mudaram radicalmente. A título de exemplo, entre 2000 e 2009 os casamentos católicos sofreram um decréscimo equivalente àquele observado nos 30 anos anteriores (de 86,6% em 1970 para 64,8% em 2000, e 43,1% em 2009) e os nascimentos fora do casamento subiram tanto em 9 anos como nos últimos 30 (de 7,3% em 1970 para 22,2% em 2000, e 38,1% em 2009). De igual modo, a média de idade no nascimento do primeiro filho subiu tanto em 10 como em 30 anos. Paralelamente, a taxa bruta de casamentos desceu consideravelmente, assim como a taxa bruta de fertilidade, ao mesmo tempo que houve um aumento importante do número de divórcios, de famílias recompostas, de famílias monoparentais e daquelas com modos de vida alternativos.
A par destas mudanças foram aprovadas várias leis: a lei da igualdade entre homens e mulheres na política (2007), a lei da procriação medicamente assistida (2006), uma nova lei do divórcio (2008), a lei a conceder mais direitos aos casais em união de facto (2009), o direito ao aborto a pedido da mulher referendado pela maioria da população portuguesa (2009) e, finalmente, a aprovação dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo (2010). Não deixa de ser surpreendente que em Portugal, um país em que a maioria se afirma como católica, estas leis tenham sido aprovadas. Será que estas mudanças na legislação estão relacionadas com as transformações dos indicadores demográficos acima mencionados? Será que, na actualidade, as dinâmicas sociais, familiares e conjugais estão a tomar novos contornos? Ou será que, com uma maioria parlamentar de diferente orientação ideológica, estas leis serão objecto de revisão?
As investigações existentes centradas nesta problemática tendem a analisar e explicar um longo movimento iniciado nos anos 60 e 70 sem considerarem as transformações extraordinárias ocorridas nos valores e práticas familiares e conjugais na primeira década do século XXI. Esta comunicação procurará centrar-se em certas dimensões menos exploradas e identificar, analisar e compreender os processos sociais que em Portugal motivaram e suportaram a aceleração intensa dos indicadores sociais mencionados anteriormente. Neste sentido, a nossa ambição é contribuir para preencher uma lacuna na investigação sociológica da família e nas mudanças profundas nela ocorridas na última década.
- TORRES, Anália
- CASIMIRO, Cláudia

- GASPAR, Sofia
Nome: Cláudia Casimiro
Afiliação Institucional: Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL), Lisboa, Portugal.
Área de Formação: Licenciatura em Antropologia (FCSH-UNL), Mestrado em Ciências Sociais na especialidade de "Família: Olhares Interdisciplinares) (ICS-UL), Doutoramento em Ciências Sociais, especialidade em Sociologia Geral (ICS-UL)
Interesses de Investigação: Sociologia da Família; Violência na conjugalidade; Encontros e Relações Online (ciberconjugalidades); Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); Métodos de Investigação Qualitativa.
PAP1198 - A experiência da adolescência, parentalidade e vida familiar: a reformulação de um sistema de relações sociais?
A adolescência enquanto experiência tem sido, grosso modo, um objecto arredado dos olhares da Sociologia. por razões históricas que se prendem com o carácter psico-fisiológico na base da própria construção do conceito. No entanto, se é verdade que se trata de uma experiência eminentemente individual (de crescimento do corpo e construção de uma identidade), o facto é que se trata de um processo igualmente familiar e social (Marcelli, 2008:23). Com efeito, os sistemas de relações sociais que as famílias (independentemente da sua configuração) construíram para acomodar os seus filhos crianças vêm-se confrontados com um sujeito que procura reclamar o seu lugar no mundo enquanto indivíduo, ainda que de forma hesitante e dubitativa (breviglieri, 2007). Ao fazê-lo reporta a modelos de reivindicação social e culturalmente partilhados, a que não são alheios recursos, espaços e posições sociais. O que se passa e como se vivem estes processos, olhando para as dinâmicas ocorridas no espaço doméstico familiar são, pois algumas questões que se procurarão responder nesta comunicação, onde se procurará dar destaque, justamente, aos aspectos processuais e dinâmicos que decorrem da passagem do tempo.
Como fazem os jovens simultaneamente parte e como se colocam (ou não) à parte da dinâmica familiar? Que tensões e conflitos surgem relacionados com temas como o «direito» à autonomia, a liberdade e a privacidade dos jovens filhos? Como gerem os jovens, por um lado, e os pais, por outro, as relações familiares que se transformam à medida que o jovem cresce e reivindica (ou é-lhe atribuído) um novo estatuto na família?
Nesta comunicação propomos abordar estas questões com recurso a uma pesquisa qualitativa, envolvendo 19 famílias (díades compostas por jovem e um dos progenitores) distribuídas por três localizações distintas: capital, zona suburbana e zona rural. Os jovens foram entrevistados no limiar da maioridade, sendo posteriormente solicitada a colaboração dos pais. O trabalho de campo decorreu entre 2005 e 2006. Esta pesquisa deu lugar a uma dissertação de doutoramento defendida e aprovada em Fevereiro de 2010 no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
- PAPPÁMIKAIL, Lia
PAP0128 - A experiência da gravidez na adolescência. “Pensa que é uma bonequinha de farrapos o menino! Ela depois é que vai ver!”
A investigação que esteve na base deste estudo reflecte e incide sobre as experiências da gravidez na adolescência. O facto de a gravidez precoce constituir um desafio ao desenvolvimento das jovens que pode abrir percursos de vida não imaginados para estas, e o facto de a gravidez na adolescência ser um fenómeno com grande expressão em Portugal estão na origem da definição do objecto desta investigação. Interessou-nos analisar as vivências das jovens/futuras mães e dos pais dos bebés. Dado que a gravidez na adolescência tem sido vista como uma questão envolvendo sobretudo o universo feminino, sendo poucos os estudos que descrevem experiências de pais adolescentes, procurámos, incluir na investigação as vivências dos jovens pais.
As narrativas de vida que serviram de base a este estudo foram recolhidas em unidades hospitalares – nos distritos de Vila Real e Braga –, nomeadamente nas Consultas Externas dos Serviços de Obstetrícia. Abrange um grupo de adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e 19 anos (com 12 ou mais semanas de gestação) e, nos casos em que tal foi possível, os seus companheiros.
Esta investigação procura explorar temas que não são geralmente abordados em estudos sobre a gravidez na adolescência, e que exigem a atenção à voz dos actores e a escuta desta. Analisámos em detalhe as narrativas construídas a partir de 70 entrevistas, procurando, num primeiro momento, definir as categorias que pareciam mais relevantes para o estudo. Seleccionámos e examinámos em pormenor trajectórias associadas à experiência da gravidez adolescente, num exercício próximo do que Boltanski & Thévenot (1991) chamaram montée en généralité.
Quando começámos a esboçar as primeiras linhas desta comunicação fomos
assaltados por intensas recordações da nossa primeira ida ao hospital. Íamos
entrevistar meninas que viriam a ser mães muito brevemente. Recordações que
permanecem no nosso imaginário. Relembrámos… estávamos sentados na sala de
espera, a primeira menina que entrevistámos tinha 15 anos e deveria tornar-se mãe
naquele dia ou no dia a seguir. Ouvimos o primeiro relato de uma vivência e uma
primeira história reveladora de incertezas e medos quanto ao futuro daquela menina
e do seu bebé. Ouvimos os primeiros medos… Essa teia de desejos, recusas, pânicos,
angústias, fizeram-nos ter uma imensa vontade de continuar e de ouvir a voz destas
adolescentes, facto que nos levou a uma escuta atenta de 70 jovens.
Sendo um período de mudanças e descobertas, a gravidez representa uma experiência única para estas adolescentes. Os meses que se seguem à descoberta da gravidez determinam novas experiências a partir das quais, pouco a pouco, se edificam determinados comportamentos, cheios de receios e medos, mas a partir dos quais as adolescentes começam a construir a representação da sua própria gravidez.Esta fase vai permitir a incorporação existencial de um filho na identidade da mãe.
- CARVALHO, Dina de Jesus Peixoto de

Graus académicos (do mais recente ao mais antigo)
Grau Doutor – aprovada com distinção.
Área/ especialidade Sociologia do Conhecimento, da Cultura e da Comunicação.
Concessão do grau Universidade Universidade de Coimbra
Faculdade: Faculdade de Economia
Grau Mestre
Área/ especialidade Sociologia da Saúde
Concessão do grau Universidade Universidade do Minho
Grau Licenciatura
Área/ especialidade Sociologia das Organizações
Concessão do grau Universidade Universidade do Minho
Filiação Institucional:
Investigadora integrada do CICS e Docente convidada da Escola Superior de Educação do Porto.
Interesse de Investigação: Sociologia da Saúde e das Desigualdades sociais e Sociologia do Consumo.
PAP0837 - A experiência geracional na fala de adolescentes de escolas públicas: relações intergeracionais
Agência financiadora: FAPEMIG (Fundação de
Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais)
Desde a segunda metade do século XX, ganha visibilidade a busca crescente do adolescente do mundo ocidental pela sua autoafirmação como sujeito. No interior desse processo social, esses sujeitos devem manejar possíveis dilemas entre as expectativas advindas dos familiares, professores e aquelas dos grupos de pares, pois na contemporaneidade, os grupos juvenis se apresentam como referenciais muito significativos para o adolescente refletir sobre as suas escolhas e seu lugar no mundo social. Neste artigo, a relação intergeracional será problematizada a partir das falas de adolescentes de escolas públicas de São João del-Rei, Minas Gerais, que estavam entrando na adolescência (sujeitos de 13 e 14 anos de idade), entre 2008 e 2010, e que, por viverem a moratória do mundo do trabalho, apresentam como principal dever social o exercício do “oficio do aluno”. Por meio de dinâmicas grupais e entrevistas individuais, discutimos as relações intergeracionais vividas pelos sujeitos pesquisados, na família e na escola. Desse modo, a pergunta que mobiliza o autor deste artigo é a seguinte. Que papéis jogam a família e a escola no percurso biográfico dos adolescentes na contemporaneidade? O segmento sobre o qual incidiu a pesquisa mostra um declínio do autoritarismo adulto, mais acentuado no interior da família do que na escola. Os adolescentes falam de pais dialógicos, principalmente as mães, que se esforçam para administrar a tensão entre o movimento de autonomia dos filhos adolescentes e as cuidados ligados à proteção dos mesmos, nesse momento de suas biografias. Não identificamos, então, uma ruptura intergeracional entre os adolescentes e seus pais. Estes que são vistos como cumpridores legítimos da função educativa delegada socialmente à família. Descontinuidades na experiência geracional existem, pois a possibilidade de uma escolarização mais alongada, em meio a mudanças tecnológicas e demográficas facilitou o acesso a recursos simbólicos e materiais promotores de novas identidades sociais para as novas gerações. Porém, não há uma ruptura geracional concebida como uma redefinição radical dos valores e práticas familiares. A relação com a escola envolve duas dimensões: o da afirmação identitária e o da obtenção do diploma. Entre o professor democrático que não consegue ensinar, por causa da “bagunça” e o professor autoritário que cala a boca de todos através de mecanismos de controle muito coercitivos, os alunos oscilam muito, ora mostrando preferência pelo primeiro, ora pelo segundo. O motivo principal da oscilação está na balança que pende ora para a expressividade identitária, ligada a imediaticidade da interação social, ora para o sucesso da escolarização, do ponto de vista do que ela acena para o futuro.
- SANTANA, Ruth Bernardes de
PAP1304 - A fabricação da entrada em Medicina: tensões, dilemas e suportes
A imposição de um sistema de numerus clausus no acesso ao ensino superior público em Portugal, desde meados dos anos setenta do século passado, contribuiu decisivamente para o reforço de uma hierarquia de excelência escolar no sistema. A relação mercantil doravante instaurada entre oferta e procura de lugares nos vários cursos e instituições parece ter feito disparar o grau de selectividade académica, que determinadas áreas de estudo ostentam à entrada, para níveis antes verdadeiramente impensáveis. Em simultâneo, este fenómeno tem contribuído também para alimentar controvérsias públicas em torno da noção do “mérito”.
O caso dos cursos de Medicina tem sido a este respeito paradigmático. Como se sabe, a sua elevada procura tem fixado, duradouramente, médias de candidatura bastante elevadas. Ora, sabendo que a nota de candidatura vai-se construindo no tempo, num processo de longa duração – durante os três anos do ensino secundário – e não apenas num único momento – o calendário dos exames nacionais – é de supor que essa fabricação envolva previsíveis tensões e dilemas no jovem-aluno. Tensões que decorrem, nomeadamente, da gestão entre temporalidades de investimento nos estudos em regime de “alta competição” e temporalidades de investimento nas sociabilidades juvenis em regime de “alta pressão”. Dilemas, por sua vez, que emergem da constante auto-confrontação com a imagem que o julgamento escolar (por via das classificações obtidas) dá de si como aluno, mas também como pessoa (“serei capaz? é isto mesmo que eu quero?”). Nesta prova biográfica que é a fabricação da entrada em Medicina, os suportes de que se dispõe podem revelar-se decisivos para o seu desfecho.
Nesta comunicação pretende-se aprofundar as tensões, dilemas e suportes vivenciados durante o ensino secundário por estudantes que entraram em Medicina e apurar os processos estiveram na base dessa decisão vocacional. A análise irá socorrer-se de material empírico apurado no âmbito do projecto “Insucesso e abandono escolar na Universidade de Lisboa: cenários e trajectórias” (Projecto FCT nº PTDC/ESC/64875/2006), recentemente concluído. Em particular, serão explorados dados referentes a entrevistas realizadas no ano lectivo de 2009/2010 a alunos que, no ano lectivo anterior, tinham entrado no 1º ano do curso de Medicina da Universidade de Lisboa.
- VIEIRA, Maria Manuel
PAP0303 - A festa do Acorda Povo no Recife - Brasil: história, cotidiano e religiosidades. (1950-1980)
As festas juninas no Recife - Brasil serão tratadas nesse estudo como um problema histórico relevante, considerando as especificidades como cada grupo social se apropria dessas práticas culturais e as representam, reorganizando-as de acordo com os seus interesses particulares. Chamamos atenção para as experiências religiosas que se estabelecem no cotidiano da cidade, especialmente as comemorações do Acorda Povo. Nesta festa, os encontros e desencontros, mesclam traços marcantes do intercâmbio entre as culturas religiosas católicas e afro-brasileiras, representados de diferentes maneiras, seja pela cor das roupas e indumentárias, nos cânticos e louvores, no banquete peculiar, entre outras experiências. O Acorda Povo consiste numa procissão festiva, que sai pelas ruas de algumas comunidades da cidade, durante a madrugada do dia 24 de junho. Em geral, é organizada em sinal de agradecimento por uma graça alcançada, seja por algum devoto de São João ou filhos de santo da religião dos orixás, popularmente, conhecida como Candomblé ou Xangô. As ruas é o principal cenário de realização dessa celebração. Nesse espaço de sociabilidade, o sagrado e o profano se conectam e se misturam, assumindo diferentes temporalidades. Durante o estudo, iremos nos debruçar nas diferentes formas de representação da religiosidade vivenciada no momento da festa, analisando os rituais públicos e privados, o momento festivo do coco, a ornamentação das ruas por onde o cortejo passa, das casas onde a procissão faz as paradas, entre outros elementos, que nos possibilita identificar uma prática cultural criadora de diferentes territórios, acompanhados de novos significados, que demarcam simbolicamente o espaço de vivência da festa. Por se tratar de um assunto relacionado às práticas populares, a documentação referente ao assunto registrada em bibliografia e na imprensa escrita é praticamente inexistente, o que nos leva a fazer uso como suporte metodológico, dos relatos de memórias e dos acervos familiares, sobretudo, álbuns fotográficos, dos seguidores das manifestações analisadas.
- SANTOS, Mário Ribeiro dos
PAP0067 - A formação profissional nas políticas públicas de esporte e lazer no Brasil
A descentralização das políticas sociais
brasileiras no início da década de 90 foi
cercada de estratégias para que o Governo
Federal mantivesse certa influência política
nos municípios e estados. Os Programas sociais
foram as principais formas de descentralizar
orçamento e influenciar os municípios a
executarem políticas públicas de cunho social,
entre essas as políticas públicas de esporte e
lazer. Como direito constitucional brasileiro,
o esporte e lazer encontram obstáculos que
impedem a sua concretização. Assim, para
contemplar os objetivos de cidadania e acesso
aos direitos sociais, os programas
governamentais tentam ampliar seu atendimento
nacional de forma qualificada. Esta
qualificação perpassa por processos de
formação profissional que se preocupa com a
intervenção dos recursos humanos nas
atividades esportivas, pois, quando o esporte
é convocado a educar para a cidadania a
atuação profissional precisa de um novo foco.
Este trabalho é uma reflexão sobre a
identidade desse profissional do esporte que
também educa para a cidadania. Pela sua
relevância social, o profissional de educação
física é um dos profissionais requisitados no
segmento do lazer e esporte. A “educação
física é resultante da estreita relação entre
pesquisa científica e reflexão filosófica,
propiciando a constituição de novas formas de
compreender e transformar a prática pedagógica
cotidiana, que também pode ser encaminhada
vislumbrando o lazer um campo possível de
aplicação para os profissionais formados na
área” (ISAYAMA, 2003). Logo, as discussões
acerca da formação desse profissional
interferem nas ideias em relação ao lazer.
Contudo, essa nova demanda de formação cidadã
exige novos caminhos nem sempre ofertados nos
cursos de Educação Física. As demandas sociais
exigem um profissional diferente para essa
atuação e baseado em estudos brasileiros sobre
a formação profissional nas políticas públicas
de esporte e lazer, construiremos reflexões
acerca da formação desse profissional.
- RIBEIRO, Sheylazarth

- ISAYAMA, Hélder

Nome: Sheylazarth Ribeiro
Afiliação Institucional: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Área de Formação: Graduação em Educação Física pela UFMG, Especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Gama Filho e Mestre em Lazer pela UFMG.
Interesses de investigação: Lazer, Formação profissional, políticas públicas de esporte e lazer.
Hélder Ferreira Isayama
Possui graduação em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1993), mestrado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (1997) e doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais, Docente do Programa de Mestrado em Lazer da UFMG (área Interdisciplinar - Câmara de Ciências Humanas e Sociais) e Líder do grupo de pesquisa Oricolé - Laboratório de Pesquisas sobre Formação e Atuação Profissional em Lazer da UFMG. Membro do Grupo de Pesquisa em Lazer (GPL) da Unimep. Editor da Revista Licere. Tem experiência na área de Educação Física com ênfase na perspectiva interdisciplinar, atuando principalmente nos seguintes temas: lazer, educação física, recreação, políticas públicas, formação e atuação profissional.
PAP0239 - A fronteira do Guadiana: Porta do Céu ou Portão do Inferno? A experiência dos refugiados espanhóis da Guerra Civil de Espanha (1936/1939)
Nos anos mais recentes têm-se assistido a progressos significativos no campo da preservação da memória histórica e das experiências individuais/colectivas, nomeadamente no período relacionado com a Guerra Civil de Espanha (1936/1939). Este renovado interesse por esse período turbulento explica-se por uma vontade de conhecer melhor as migrações forçadas e traumáticas impostas pela guerra a comunidades que viviam nas zonas fronteiriças e que procuraram salvar as suas vidas, migrações estas que têm sido objecto de menor investigação, ao invés do esforço de investigação feito quando se tratam de outros tipos de migrações, como por exemplo,as de carácter económico ou laboral. Foram utilizadas na fuga as antigas rotas de contrabando, beneficiando dos laços sociais e das redes de relações fronteiriças pré-existentes, como via para escapar à perseguição movida por qualquer um dos bandos em conflito. A memória desses episódios ainda é traumática para muitos residentes da raia, e seus descendentes, criando-se formas de amnésia e de silêncio. Os refugiados espanhóis (os "fugidos") entraram nas casas dos portugueses, procurando salvar as vidas. Muitos foram escondidos e salvos, mas outros foram denunciados, capturados e entregues às autoridades, que os devolveram ao outro lado da fronteira, o que significou, na maioria das vezes, a morte por fuzilamento. A Guerra Civil de Espanha e estes fluxos de migração forçada mudaram a fronteira do Guadiana e as vidas das comunidades, portuguesas e espanholas, que aí residiam. Todas estas actividades tiveram implicações no quotidiano desses lugares, criando níveis de risco, instabilidade, insegurança, alterando as perspectivas identitárias e as estruturas sociais, mudando a constelação do poder até então existente e visível.Procura-se nesta investigação uma aproximação ao processo de construção e preservação das memórias, colectivas e individuais,analisando-se os fluxos de migração forçada desse período, os papéis dos actores e suas estratégias, os ciclos e as razões usadas pelas novas gerações para esquecer ou para recordar esse passado. A abordagem metodológica adoptada é de cariz qualitativo, cruzando pesquisa documental e entrevistas biográficas semi-directivas profundas, tentando recriar histórias de vida que destaquem as relações complexas, os sentimentos de pertença, as identidades, as características únicas da zona raiana e das comunidades aí residentes, a cultura de fronteira, a contestação/oposição, a integração ou o regresso, enfim, procurando analisar o impacto que estas migrações forçadas causaram na sociedade portuguesa da época através de um maior conhecimento dos papéis dos actores sociais envolvidos.
- SILVA, Joaquim

JOAQUIM DE ASSUNÇÃO MEALHA DA SILVA
Licenciatura em Sociologia (Universidade Lusófona – Lisboa), Mestrado em Sociologia – área de especialização em Recursos Humanos e Desenvolvimento Sustentável (Univ. de Évora), doutorando em Sociologia – área de especialização Migrações Forçadas (Univ. de Évora).
Foi técnico superior na Divisão de Acção Social da Câmara Municipal de Portimão e desde 1998 é docente no INUAF- Instituto Superior Dom Afonso III, em Loulé, leccionando as disciplinas de Sociologia das Actividades Físicas, Sociologia do Turismo e Métodos e Técnicas de Investigação.
Como temas de investigação em que se encontra envolvido destacam-se as Migrações Forçadas, a identidade das populações raianas, a memória da fronteira e dos refugiados, nomeadamente o impacto causado na população portuguesa pelo afluxo de refugiados espanhóis em fuga à Guerra Civil de Espanha (1936/1939). Sob estas temáticas tem apresentado diversas comunicações e colaborado com fóruns espanhóis de preservação da memória (Huelva, Málaga, Guadalajara e Madrid).
PAP0767 - A gaguez enquanto objecto de fronteira: reflexões em torno da constituição de um dispositivo de colaboração
Os estudos de ciência e tecnologia têm apontado os méritos na mudança de um modelo de Entendimento Público da Ciência para um modelo de Participação Pública na Ciência, com ênfase em processos de co-produção de conhecimento. Destes, as experiências de investigação colaborativa, baseadas num paradigma de community based participatory research,revelam algumas das complexidades das relações entre ciência, sociedade e democracia. Estas experiências definem-se como procedimentos de co-produção de conhecimento caracterizados pela participação de múltiplos actores epistémicos, oriundos não só do universo dos diversos saberes académicos, mas também dos colectivos emergentes da sociedade civil, partindo do reconhecimento da sua igual capacidade de produção de conhecimento tentando, para tal promover relações igualitárias e não hierárquicas entre os actores envolvidos (Boavida e Pontes, 2002).
Esta comunicação procurará apresentar algumas reflexões resultantes da colaboração desenvolvida entre o Centro de Estudos Sociais e a Associação Portuguesa de Gagos no âmbito do projecto Biosense e analisada no projecto de doutoramento “Diálogos e traduções epistémicas nas práticas de investigação colaborativa: um estudo comparado”. Este visa analisar o modo como distintos dispositivos de colaboração entre epistemologias científicas e leigas conseguem promover a integração de saberes não científicos em processos de produção de conhecimento.
A gaguez surge como uma entidade complexa, não estabilizada, cujas causas não foram totalmente identificadas e cujos tratamentos carecem ainda de consenso quanto à sua eficácia. No panorama português esta discussão surge num estado incipiente e dependente da tradição anglo-saxónica. Esta colaboração procurará fomentar um conjunto de diálogos entre gagos, terapeutas da fala, juristas, psicólogos, especialistas nas neurociências, na linguística, entre outras, com o objectivo de fomentar uma reflexão sobre a gaguez, as suas causas, formas de enfrentamento e diferentes enquadramentos jurídicos e clínicos.
O objectivo assumido nesta comunicação será o de reflectir sobre a capacidade do dispositivo colaborativo criado em promover um diálogo entre os distintos actores epistémicos que supere o modelo do défice e as dinâmicas de saber/poder que surgem associadas às relações cidadãos/cientistas. Desde modo, o que se procura analisar é a capacidade de nestas colaborações os cidadãos emergirem não como objectos de investigação, mas enquanto sujeitos activos de conhecimento. Para tal, o horizonte da promoção de uma ecologia de saberes (Santos, 2006) surge como central na construção destes dispositivos, através dos quais se busca fomentar a emergência de um mais democrático e efectivo conhecimento científico, que incorpore as preocupações, éticas, morais e culturais dos cidadãos.
- NEVES, Daniel
PAP0867 - A gestão do dinheiro no seio da família. Entre o que continua e o que se inova
Falar de dinheiro, do que ganha cada um, da sua gestão e significado é assunto muito comum nas famílias migrantes. Nos anos 1960-1970, muitos portugueses partiram para França animados por um projecto onde o dinheiro era fulcral. Muitos partiram sós, procedendo rapidamente à reunificação familiar, por vezes de maneira fragmentada: primeiro a esposa e depois os filhos. Uma vez chegada, a mulher, entrando rapidamente no mercado de emprego, chega até a ganhar mais dinheiro do que o homem, participando, assim, na realização dos projectos migratórios e na melhoria da situação familiar. Daqui decorrem vários efeitos repercutindo-se de sobremaneira nas novas concepções acerca do dinheiro, da sua circulação no espaço familiar, não deixando indemnes as tradicionais hierarquias familiares. Por sua vez, o acesso ao dinheiro e a novas racionalidades económicas permite a cada um destes actores familiares satisfazer, ao mesmo tempo, os seus objectivos ou as suas preferências individuais, sem contudo, abandonar um projeto familiar comum. Numa perspectiva comparativa, apoiando-nos num trabalho de campo à base de entrevistas semi-diretivas junto de famílias portuguesas a viverem na região parisiense, mas também no concelho de Braga, propomo-nos estudar quatro questões cruciais: de que modo o contexto migratório e o prolongamento da estadia influenciam a circulação do dinheiro no seio destas famílias?
Haverá lógicas distintas entre famílias migrantes e as que sempre ficaram no torrão natal? Que coerências presidem à gestão da conta em comum ou à das contas individuais? De que forma as relações de género regulam/influenciam a gestão do dinheiro no espaço familiar?
- LEANDRO, Maria Engrácia
- ESTEVES, Alexandra Patrícia Lopes

- LEANDRO, Ana Sofia da Silva
Alexandra Esteves é doutorada em História Contemporânea pela Universidade do Minho e investigadora do CITCEM. Atualmente, leciona na Universidade Católica Portuguesa. A sua investigação insere-se no campo da História Social, muito particularmente nos domínios da história da marginalidade, violência e prisões nos séculos XVIII e XIX, e da saúde nos séculos XIX e XX. Autora de vários trabalhos científicos, tem apresentado os resultados da sua investigação em vários congressos e em revistas da especialidade nacionais e estrangeiras.
PAP0482 - A historicidade do Sutiã
O sutiã ou soutien (do francês soutien: suporte) é peça componente da indumentária feminina que tem como objetivo sustentar e proteger o seio. Antigamente o sutiã serviria para a sustentação (lado prático) ou então para a ostentação de poder economico e social (lado emocional), sendo a beleza e a feminilidade constituíam-se aqui pela idealização das divindades. De 1893 até 1912 foram várias tentativas fracassadas para colocar o sutiã no mercado que foi recusado pelas próprias mulheres. O espartilho só caiu em desuso após a patente do sutiã com o nome de brassière, em 1914 feita pela americana Mary Phelps Jacob. Por razão do vestido decotado com lenços e faixas amarrou seus seios para assim sustentá-los e moldá-los. Foi o primeiro grande passo característico da mulher. Na década de 60 o sutiã passaria novamente por uma crise, o Bra Burning. Na data de 7 de setembro de 1968 em Atlantic City, no Atlantic City Convention Hall, logo após a Convenção Nacional dos Democratas, aconteceu uma manifestação com cerca de 400 mulheres do WLM (Women’s Liberation Movement) contra a realização do Concurso Miss America, o eco "Ain't she sweet; making profits off her meat." estourou nos ouvidos das autoridades. A atitude foi de grande impacto, protestavam a crueldade com que era tratada a beleza e seu poder de comércio. A reação das ativistas foi jogar no chão seus sapatos, cílios postiços, sprays, maquiagens, sutiãs para assim contestar tal idealização. Apesar da queima do sutiã nunca realmente ter acontecido nesta manifestação, estimulou esse ato em outras localidades. O simbolismo do sutiã constituído pelas ativistas era de objeto anti-sexista da liberação da mulher, um momento indubitável para a situação do gênero.A afirmação concreta da mulher com seu poder social foi o estímulo para os movimentos feministas. Elas, naquela situação, notaram a força conjunta do gênero perante as repressões da sociedade, fazendo disso, o marco histórico para a mulher que não era vista com funções políticas. O incômodo do espartilho claustrofóbico foi liberto pela própria mulher que investiu no seu bem sem prejudicar seu lado feminino, uma ação da mulher para a mulher. A grande distinção entre o espartilho e o sutiã se coloca na visão da usuária, foi de um problema para uma resolução ergonômica e estética feita pelo seu próprio público alvo. A mulher começa a tomar as impor suas necessidades perante a sociedade, a se colocar no patamar de exigência. No Bra Burning, a única vestimenta que tem seu uso exclusivo da mulher, o sutiã, se tornou alvo de agressões pelas próprias por alegações anti-sexistas. Porém a origem do objeto criado, por uma usuária quando se deparou com um problema, e nem seus primórdios com objetivos práticos de proteção e sustentação foram colocados na mesa. Este projeto tentará executar um histórico do sutiã, bem como, sua atual imagem perante a sociedade, que está extremamente influenciada pelo Bra-Burning.
PAP0578 - A identificação criminal e a identidade do criminoso
Este trabalho insere-se num projeto de doutoramento iniciado em setembro de 2011 intitulado “A identificação criminal e a identidade do criminoso: perceções de reclusos e agentes de controlo sobre as práticas de vigilância e classificação do corpo delinquente”. Com este projeto visa-se analisar os impactos criados pelas práticas de identificação criminal, procurando perceber, do ponto de vista dos condenados por crime, guardas prisionais e agentes policiais, as representações e as interações sociais que emergem da construção de uma identidade criminal. A metodologia será eminentemente qualitativa, sendo que se prevê a realização de entrevistas semiestruturadas aos referidos atores, para assim se conhecer as suas representações e práticas em torno de modalidades de identificação criminal. Um dos objetivos deste trabalho é situar em Portugal estas modalidades de identificação criminal não apenas no presente mas também no passado, traçando o trajeto e a evolução histórica das práticas policiais e estatais neste domínio. Uma vez que o projeto se encontra ainda numa fase inicial, pretende-se com este poster sistematizar informação sobre a evolução destas práticas.
Apesar de sempre ter havido uma preocupação com a identificação dos criminosos, é apenas por volta do século XIX que se desenvolvem os primeiros métodos de identificação criminal com recurso à ciência e à tecnologia. Desde então, o manuseamento de informação sobre indivíduos suspeitos e/ou condenados pela prática de crime representa uma das modalidades de vigilância burocrático-estatal que mais convoca instrumentos científico-tecnológicos. O Estado recorre assim a saberes científicos para utilizar determinadas técnicas de vigilância e as teorias científicas passam a assumir-se como técnicas instrumentais das autoridades. Surge desde logo a antropometria que pretende medir os corpos e registar sinaléticas particulares. Em Portugal foram adotados métodos antropométricos como forma de identificação, sendo que essas mensurações foram inicialmente efetuadas em postos anexos às cadeias do Porto e Lisboa, laboratórios antropológicos por excelência. As listas de medições do corpo e descrições físicas (cor dos olhos, cabelo, pele) são complementadas com a fotografia bertilloniana e desenvolve-se entretanto a dactiloscopia, isto é, a possibilidade de identificar indivíduos pela impressão digital. No início do século XX Portugal tinha já um sistema que combinava as impressões digitais e a informação antropométrica. Mais recentemente ganham relevância métodos de identificação baseados na genética e biometria. Atualmente a bioinformação pode pois ser decisiva no que diz respeito à identificação criminal e a base de dados forense de perfis de DNA criada em 2008 (lei n.º5/2008) surge como exemplo de uma modalidade de biovigilância que ao reduzir a identidade pessoal à genética, produz uma identidade “genético-criminal”.
- MIRANDA, Diana

- MACHADO, Helena

Diana Miranda - Licenciada em Sociologia (Universidade do Minho) e pós-graduada em Criminologia (Faculdade de Direito da Universidade do Porto). Desenvolve atualmente o seu doutoramento em Sociologia na Universidade do Minho com o projeto “A identificação criminal e a identidade do criminoso: perceções de reclusos e agentes de controlo sobre as práticas de vigilância e classificação do corpo delinquente”.
Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
PAP0844 - A identificação de comportamentos de género em crianças do 1º ciclo: um estudo etnográfico no âmbito das Atividades Físicas e Desportivas
A corporalidade e a motricidade sofrem influências ao ponto de tornar susceptível que um sexo se torne mais hábil do que o outro em termos motores, uma vez que o movimento é influenciado por estereótipos de género (Mello e Romero, 2003). No contexto escolar, parece existir uma constante vigilância de habilidades, de comportamentos, de desempenhos que, entre outros aspectos, é regida pelas questões de género. Os estudos de análise da observação de comportamentos de género em crianças são escassos. A presente investigação teve como objectivo conhecer as percepções de género de 28 crianças (16 meninas e 12 meninos) com idades entre os 9 e os 10 anos que frequentavam o 4º ano de uma Escola Básica do 1º Ciclo localizada na cidade do Porto. A pesquisa desenvolveu-se numa perspectiva etnográfica, com abordagem qualitativa, através da observação de comportamentos das crianças e dos professores no contexto de aulas de enriquecimento curricular de Actividades Físicas e Desportivas. Este trabalho permitiu um contacto prévio com o objecto de estudo a que se seguiu a aplicação de focus groups com as crianças e entrevistas semi-estruturadas a dois professores de Educação Física. Os dados obtidos foram tratados pela técnica de análise de conteúdo, depois de processados pelo programa QSRNVivo7. Os principais resultados sugerem que: (i) o modo como se constituem os grupos influencia os comportamentos e desempenhos de meninos e meninas nas actividades desportivas; foram os meninos que mais expressaram reacções de subvalorização relativamente ao desempenho feminino; (ii) entre os meninos, a pressão para os pares serem do mesmo sexo é bastante evidente, relevando-se situações em que o fraco desempenho masculino é alvo de desprezo e equiparação ao desempenho feminino; (iii) nas actividades de grupo e naquelas que implicam maior competitividade, as meninas têm notoriamente menos oportunidades de participarem; (iv) a intervenção do professor reforça a separação entre alunos e alunas ao conceder o poder de escolherem os elementos que compõem as equipas nas várias actividades, sendo notória a tendência para a exclusão das meninas.
Em suma, ao longo deste trabalho tornou-se notório o quanto as crianças identificam e reproduzem comportamentos de género, patente no modo como interagem e atuam nas aulas de AFD. A superioridade dos rapazes no desempenho de actividades desportivas é aceite por todos/as como natural e esperada e a participação das meninas é dificultada e subvalorizada. Todos estes factores conjugam-se para uma normalização dos aspectos culturais na aprendizagem da identidade de género. Mas a escola, como as demais instâncias sociais, culturais e políticas (ex: a família, os meios de comunicação), pelas quais circulamos pode auxiliar, de forma ampla, na reconfiguração das desigualdades de género.
Este estudo foi financiado no âmbito do projecto FCT/FCOMP -01-0124-FEDER-009573/PTDC/DES/099018/2008.
- NOVAIS, Carina

- SILVA, Paula

- CARRAPATOSO, Susana
- QUEIRÓS, Paula
- SANTOS, Maria Paula
Carina Novais, mestre em sociologia pela Faculdade de Letras desenvolve o seu percurso profissional em investigação científica tendo desenvolvido trabalhos diversos resultantes da pesquisa sobre o género e o desporto na área da infância e adolescência e também no âmbito do envelhecimento ativo participando nos projetos "Iniquidades sociais, ambientais e de género na prática de actividade física e desportiva de adolescentes" e atualmente no projecto "Actividade física objectivamente avaliada e obesidade em adolescentes: Estudo dos determinantes pessoais, sociais e ambientais" no Centro de Investigação em Atividade Física e Lazer da Faculdade do Desporto da Universidade do Porto. Tem também contributos enquanto investigadora na organização "Movimento Democrático de Mulheres" participando num projeto "Uma vida de Trabalhos? Trajetórias Profissionais de Mulheres e Participação cívica" onde desenvolveu o seu projeto de mestrado em torno da temática,"género, família e trabalho" e com a publicação "Percursos de Mulheres: Trabalho e Participação Política de Mulheres na área Metropolitana do Porto".
Paula Silva nasceu no Porto, Portugal, e é doutorada em Ciências do Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto onde exerce funções de docência e de investigação no CIAFEL. Desenvolve estudos e projetos de investigação no domínio dos Estudos de Género e Desporto. É autora de vários livros e artigos nacionais e internacionais. Foi distinguida com o Prémio Investigação “Carolina Michaelis de Vasconcelos”, (ex-aequo) em 2007. Vice-presidente da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto.
PAP0151 - A idéia de exterminismo em E. P. Thompson como mediação entre razão e utopia
No contexto da guerra fria, a Grã-Bretanha assumiu o papel de base avançada da OTAN. Frente a um eventual ataque da então União Soviética, o objetivo era o de diversificar os alvos e evitar um ataque concentrado nos Estados Unidos. Nesse cenário, o povo britânico (como o russo) seria a principal vítima do conflito. A subserviência aos Estados Unidos constituía o principal compromisso britânico com a OTAN, e os que se opunham eram considerados rebeldes e opositores do consenso. Nesse período, a retórica da guerra fria reafirma a tônica da perseguição ao inimigo interno. Como a Europa era o ponto de tensão do sistema básico da guerra fria, em resposta a esse cenário, no início da década de 1980, muitos militantes na Europa, ativos na campanha pelo desarmamento unilateral, concluíram que havia um problema central no balanço de poder criado pela guerra fria. Entre outros aspectos, a evidência demonstrava que nenhum dos blocos em antagonismo (Estados Unidos e União Soviética) poderia “ganhar uma guerra”. Como ainda se acreditava que uma razão democrática e popular pudesse prevalecer, a luta seria definida em outro patamar, concentrando-se no questionamento e enfraquecimento do processo e de suas premissas ideológicas. Um dos militantes mais importantes desses grupos era justamente E. P. Thompson. Os argumentos do artigo se baseiam fundamentalmente em suas reflexões e proposições. Sua obra reafirma a importância de um diálogo permanente entre teoria e empiria e, nesse movimento, efetiva uma mediação entre as tendências teóricas das Ciências Sociais e outros temas polêmicos do cenário político atual: questões associadas às tendências neopragmáticas e neoconservadoras e sua influência sobre o cenário contemporâneo das relações internacionais; noções como “ataques preventivos”, programados e/ou realizados; terrorismo (questões pragmáticas e conceituais); regionalização de guerras e conflitos; diferentes sensações e formas de violência; relação entre idéia e expectativa de segurança, e a redefinição da relação entre cidadania e segurança pública; crise de modelos e práticas democráticas; alianças e cisões políticas (em especial as partidárias); relações entre as noções de império e imperialismo, e suas tensões, etc. Considerando as relações entre esses problemas, e suas potenciais contradições, o artigo sustenta que esse debate é relevante e pertinente e defende a importância e a atualidade da categoria exterminismo, proposta por Thompson. Como supõe ao mesmo tempo uma dialética de princípios (a ameaça de exterminismo e ações antiexterministas), essa categoria opera elementos úteis para reavaliar possibilidades teóricas e analisar a dinâmica social e aspectos do cenário político contemporâneo. Oferece também um amplo campo de mediações entre esses temas, favorecendo diferentes abordagens no campo da teoria social e alternativas de pesquisa.
- MULLER, Ricardo

Ricardo Gaspar Müller: professor associado do Departamento deSociologia e Ciência Política e Coordenador do Programa de Pós-graduação emSociologia Política (PPGSP) – gestão 2012/2014 – da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), Florianópolis, Brasil. Coordenador epesquisador do Núcleo de Estudos das Transformações do Mundodo Trabalho (TMT/CFH/UFSC). Linhas de pesquisa em que atua: Ideias,Instituições e Práticas Políticas; Mundos do Trabalho. Membrodo comitê editorial de Política e Sociedade: revista de SociologiaPolítica (PPGSP/UFSC).Professor do Departamento de ComunicaçãoSocial da Universidade Federal Fluminense (UFF), de 1980 a 1997.Visiting Scholar naUniversidade de Nottingham (1993/1994 e 2001). Pós-doutorado em Sociologia pela UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ).Doutor em História Social pela Universidade de SãoPaulo (USP). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG).
PAP0881 - A imigração Africana em Portugal nos últimos vinte anos: oportunidades e ameaças no mercado de trabalho
GT A imigração Africana na Europa nos últimos vinte anos: desafios e constrangimentos
No âmbito da temática em referência, propomo-nos efectuar uma breve caracterização da Imigração Africana para Portugal desde o início dos anos noventa aos nossos dias; Privilegiamos nesta análise a imigração africana originária dos Países de Língua Oficial Portuguesa (Cabo Verde, Angola, Guiné Bissau, S. Tomé e Príncipe e Moçambique) com o objetivo de melhorar o conhecimento relativo a estes imigrantes, identificando os países de que são originários, quantificando ainda estes imigrantes e caracterizando-os em função do sexo, grupo etário, qualificações e actividades exercidas.
A análise a apresentar alicerça-se nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Permite evidenciar uma progressiva diminuição do número de imigrantes africanos dos países em referência, devendo-se este facto por um lado à naturalização de um número muito substancial destes imigrantes no período em análise e por outro lado ao facto de se viver em Portugal um período muito conturbado e difícil consubstanciado em elevadas taxas de desemprego sobretudo nos grupos mais vulneráveis da população em idade ativa (jovens, mulheres e trabalhadores pouco qualificados, integrando-se neste último grupo a maior parte dos imigrantes de origem africana); ao mesmo tempo, nalguns destes Países Africanos assiste-se a um período de crescimento sem precedentes (evidenciando-se o caso de Angola). Não obstante os Imigrantes Africanos oriundos de Países de Língua Oficial Portuguesa correspondem no seu conjunto a cerca de cento e quinze mil indivíduos (correspondendo a aproximadamente 25% do total de imigrantes em Portugal). As comunidades de Cabo Verde e de Angola são as que assumem maior expressão, seguindo-se respetivamente Guiné Bissau, S. Tomé e Príncipe e Moçambique.
A nível de estrutura do trabalho apresentado, após contextualizar os movimentos migratórios na dinâmica demográfica portuguesa, identificamos algumas especificidades da Imigração Africana em Portugal no âmbito dos aspetos já referidos.
Palavras-chave: Imigrantes Africanos, mercado de trabalho.
- SANTOS, José Rebelo dos
- MENDES, Maria Filomena

- REGO, Conceição
Maria Filomena Mendes, licenciada em Economia e doutorada em Sociologia na especialidade de Demografia pela Universidade de Évora é Professora Associada no Departamento de Sociologia desta Universidade.
Publicou recentemente, entre outras, as seguintes publicações:
2010, “A diferença de esperança de vida entre homens e mulheres: Portugal de 1940 a 2007” (com I. T. de Oliveira) in Análise Social, Vol. XLV (1.º), 2010 (n.º 194), 115-138.
2010, “Perfil dos imigrantes em Portugal: dos países de origem às regiões de destino” (com C. Rego, J. R. dos Santos e M. G. Magalhães), in Revista Portuguesa de Estudos Regionais, RPER, nº 24-2º Quadrimestre, artigo 7, APDR, Coimbra, pp. 17-39.
PAP1182 - A indústria do medo e o consumo da segurança - impactos sobre a vida urbana
O medo e a sensação de insegurança têm sido a tônica das cidades contemporâneas, sobretudo das metrópoles, tornando-se sentimentos que independem do confronto real com algum ato de violência. Potencializados pelo individualismo, pela impessoalidade, pela crescente competitividade, acabam por transformar a urbe em espaço hostil e fragmentado. Instalado o medo, instalam-se os seus especuladores, o que faz da indústria e do mercado da segurança investimentos extremamente lucrativos, em contextos em que o Estado se mostra incapaz de garantir a segurança pública e onde defesa face à violência urbana torna-se uma tarefa de cada indivíduo. Por outro lado, não há como negarmos a grande influência da mídia tanto na promoção dos medos, quanto dos dispositivos para enfrentá-los. Verifica-se, por assim ser, uma crescente ampliação e sofisticação dos mecanismos de segurança, mais e mais transformados em ícones de consumo e utilizados como elementos de distinção social. Tais aparatos que, até bem pouco tempo, pareciam privilégio dos segmentos médios residentes nos “enclaves fortificados”, começam a ganhar adesão por parte dos segmentos mais pobres, conforme demonstrado através da investigação que realizamos num bairro popular do Rio de Janeiro. As análises de Bauman (2008) nos ajudam a compreender tal fenômeno. Segundo o autor, não há na “modernidade líquida” sinais ou fronteiras claramente definidos que nos tornem aptos a identificar ou separar o bem do mal, identificar amigos e inimigos. O mal se apresenta a partir de qualquer lugar, a qualquer momento. Por isto vivemos numa era de crise de confiança, o que ameaça as relações humanas e os vínculos sociais e torna a cidade fonte de perigo constante. Assim, também os moradores dos bairros populares passam a depositar na tecnologia a esperança de uma vida melhor e mais segura, mesmo que isto implique no rompimento de tradicionais formas de sociabilidade e proteção, antes ancoradas em estreitos laços comunitários. Fica, assim, comprometida a vivência, por cada cidadão, do espaço público enquanto locus de sociabilidade, de exercício de liberdade e de prática política. Seria o fim da urbe?
- MAIA, Rosemere Santos
- FEITOSA, Clarisse Lopes Leão
PAP0615 - A inserção dos estudantes estrangeiros englobados em programas de mobilidade universitária na comunidade académica da Universidade do Minho e no contexto social circundante
Este artigo reporta os resultados de uma investigação realizada no âmbito da licenciatura em Sociologia na Universidade do Minho. A partir das experiências de convívio numa residência universitária, onde residimos durante três anos, foi possível obter muitos contactos com estudantes estrangeiros de mobilidade universitária. Nesta convivência permanente percebemos que a inserção destes estudantes dentro da comunidade académica local, bem com o meio social envolvente da universidade, era uma questão pertinente. A partir desse ponto, observamos um certo distanciamento dentro da própria sala de aula entre os estudantes portugueses e os estrangeiros que frequentavam as nossas unidades curriculares. Um afastamento que, na nossa óptica, ia para além da sala de aula. Se por um lado os rituais de acolhimento têm os objectivos de inserir principalmente os estudantes portugueses que se matriculam para completar a licenciatura na Universidade do Minho, por outro, os estudantes estrangeiros têm o seu próprio espaço de acolhimento e constroem os seus próprios eventos e celebrações, como festas e passeios. Todos estes factores de complexidade, mas igualmente de distaciamento dos estudantes estrangeiros englobados em programas de mobilidade universitário com a comunidade académica local e no meio social da Universidade do Minho, integram o nosso objecto de estudo. Para compreender tais aspectos, foi fundamental enquadrar teoricamente o estudante universitário da academia minhota a partir de estudos realizados por Almeida et all (2002). Com base nestas investigações, partimos para uma observação empírica sobre os percursos de inserção dos estudantes estrangeiros englobados em programas de mobilidade universitária na comunidade académica local, bem no meio social que rodeia a Universidade do Minho. Esta observação foi apoiada em entrevistas semi-estruturadas realizadas a estes estudantes, que partilharam suas experiências e representações durante o intercâmbio que fizeram em Portugal. Experiências estas marcadas por um certo distaciamento em relação aos colegas portugueses, por falta de reciprocidade por parte destes últimos. Este distanciamento não se verifica no que toca ao meio social da cidade de Braga, onde os estudantes demonstram um sentimento de pertença quando se fala da cidade.
- FERREIRA, Filipe

Filipe André Von Nordeck Sousa Ferreira
Universidade do Minho
Mestrando de Sociologia - Desenvolvimento e Políticas Sociais
Cultura e Estilos de vida
Mobilidade e dinamicas sociais
Desenvolvimento e Políticas Sociais
PAP0106 - A inserção dos portugueses no mercado de trabalho brasileiro nos últimos 50 anos.
A inserção dos portugueses no mercado de trabalho brasileiro nos últimos 50 anos.
Resumo
No Brasil, muitos estudos buscam analisar a questão da migração. Alguns temas apresentam-se como centrais em diversas pesquisas, como, por exemplo, a questão das relações de etnicidade, os conflitos étnicos, o processo de imigração. Outros são menos abordados, tais como a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho, a questão dos refugiados e dos autorizados. Quanto às metodologias, a predominância é de trabalhos de cunho qualitativo. Há um número bem menor de trabalhos quantitativos, quando comparados aos qualitativos. A cifra de pesquisadores que trabalham integrando as duas metodologias é ainda mais reduzida.
Com o intuito de sanar tais falhas, a proposta geral desse artigo é apresentar uma análise cross-section da inserção de imigrantes portugueses no mercado de trabalho brasileiro, durante o período de 1960 a 2010. Os objetivos específicos são: identificar as características sóciodemográficas de tais imigrantes; verificar as regiões e os estados de destino de maior concentração de portugueses; e analisar as situações deles no país hospedeiro a partir dos tipos de autorizações de trabalho a eles concedidas, os ramos de atividades e as ocupações. Para isso, utilizo os dados da RAIS (Relatório Anual de Informações Sociais), os censos demográficos de 1960 a 2000 e os dados da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego e, no que se refere à discussão teórica, o debate gira em torno da Sociologia econômica da migração. O intuito é de mostrar as controvérsias, mas, principalmente, a complementaridade entre as abordagens de cunho mais estrutural e as de mais individual.
O estudo está dividido em quatro seções, além da introdução, das considerações finais e das referências bibliográficas. Na primeira seção, introduzo o debate teórico que busca explicar os modos de integração dos imigrantes na sociedade de destino. Nele, apresento as diferentes formas possíveis de integração no mercado de trabalho em que os imigrantes internacionais podem, em alguns casos, devem experimentar. Na segunda seção, o fim é apresentar os dados e a metodologia de análise. Na terceira, identifico a distribuição espacial dos imigrantes ao longo do tempo, bem como o perfil sócio-demográfico desses imigrantes. A intenção é identificar as variáveis estruturais (mais ligadas ao tempo e ao espaço) e as individuais (mais ligadas aos perfis) que afetam a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho e suas alteração (ou não) no tempo. A quarta e última seção refere-se análise dos dados, buscando compreender a situação dos portugueses no mercado de trabalho brasileiro ao longo das últimas 5 décadas.
- VILELA, Elaine M.

Elaine Meire Vilela é professora de Sociologia do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Seus temas de pesquisa são, principalmente: imigração internacional, mercado de trabalho e estratificação social. Seus estudos tem como foco métodos quantitativos, especialmente, e qualitativos de análise.
Elaine Meire Vilela
Professora Adjunta - UFMG
Departamento de Sociologia e Antropologia
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Tel: ++ 55 31 3409 6302
elainevilela@fafich.ufmg.br
PAP0912 - A inserção profissional de recém-graduados do ensino superior: uma realidade heterogénea.
Grupo de trabalho em que se inscreve a comunicação: “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho”.
A inserção profissional dos recém-graduados do ensino superior assumiu, nos últimos anos, um papel central no debate público em torno do emprego e da empregabilidade. Regra geral, os mediáticos discursos produzidos nesse contexto traçam um cenário catastrófico, onde o desemprego ou a precariedade se assumem como um destino provável para a maioria dos finalistas universitários, o que os leva a questionar o valor do investimento escolar realizado. Estes discursos proliferam, ainda que recentes investigações sociológicas demonstrem que a realidade profissional dos graduados do ensino superior é bastante mais auspiciosa do que tais discursos nos podem levar a crer.
Numa sociedade actualmente enredada num ciclo económico negativo, a compreensão dos processos de inserção no mercado de trabalho assume um papel fulcral na elaboração de estratégias pessoais, académicas e políticas, assim como para informar o debate público sobre o emprego e empregabilidade.
Esta comunicação parte da análise de dados quantitativos que ilustram as experiências profissionais de graduados do ensino superior em diversas áreas de formação académica, cinco anos após a finalização do curso. Apresenta-se uma proposta de interpretação sociológica dos distintos percursos e situações profissionais, assim como se procura aferir a amplitude dessas desigualdades face às distintas áreas de formação académica.
Os dados empíricos apresentados resultam do projecto de investigação “Percursos de inserção dos licenciados: relações objectivas e subjectivas com o trabalho”, sediado no Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (CESNOVA) e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). O universo em análise incluiu dois dos principais pólos do ensino superior público Português – a Universidade de Lisboa (UL) e a Universidade Nova de Lisboa (UNL) – e observou graduados de 1º ciclo em seis áreas de formação académica.
- MORAIS, César
PAP0673 - A inserção profissional dos diplomados da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa: Regularidades e singularidades
GT “Inserção de diplomados do ensino superior:
relações objectivas e subjectivas com o
trabalho
É hoje cada vez mais frequente a constatação
relativa ao modo como várias alterações ao
nível da estrutura económica dos países
desenvolvidos têm vindo a subverter e a
inviabilizar as tradicionais lógicas de
interpretação da realidade que tendiam a pôr a
tónica na existência de uma transição linear
entre escola e o mercado de trabalho. Factores
como a massificação do ensino superior ou as
novas dinâmicas das economias globalizadas em
que paralelamente aos novos imperativos de
competitividade, flexibilização e (des)
regulação dos mercados se configuram ciclos de
crescimento económico mais curtos e voláteis,
impõem agora novas leituras que têm como pano
de fundo a incerteza e a imprevisibilidade na
vida individual e colectiva.
Também em Portugal, sobretudo a partir de
finais da década de 80, se têm vindo a
acentuar algumas dificuldades, não só ao nível
da empregabilidade dos diplomados do ensino
superior, mas também ao nível da sua inserção
profissional no âmbito das diferentes áreas
científicas de formação. Apesar de se poder
sustentar que a ressonância deste problema
social surge simplificadamente empolada por
alguns discursos e visões catastróficas acerca
da perda de importância do ensino superior e
da crescente desadequação da sua oferta
formativa, este não deixa de se constituir
como um fenómeno estrutural cada vez mais
complexo e problemático, nomeadamente porque
os períodos de inserção se tornaram mais
longos e as posições no mercado de trabalho se
diversificaram consideravelmente.
Com efeito, também no campo das tecnologias da
saúde se verificaram alterações profundas nos
cenários de empregabilidade, por via da
alteração da relação entre a oferta formativa
e a oferta de trabalho/emprego. Até ao início
desta década, o desemprego não constituía um
problema nas diferentes áreas funcionais das
Tecnologias da Saúde. Existia, pelo contrário,
uma oferta de trabalho superior à procura, o
mercado absorvia os diplomados e criou a
possibilidade de acumulação do exercício
profissional para grande parte destes
profissionais.
Com esta comunicação, pretende-se explorar a
problemática teórica da inserção profissional
dos diplomados do ensino superior a partir de
um trabalho de investigação empírica levado a
cabo no âmbito da Escola Superior de
Tecnologia da Saúde de Lisboa. Para além das
preocupações de comparabilidade
- RAPOSO, Hélder

- MEDEIROS, Nuno

- TAVARES, David

Hélder Raposo; Prof. Adjunto na Área Científica de Sociologia das Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL –IPL); Licenciatura e Mestrado em Sociologia; Interesses de investigação em áreas como Sociologia do Conhecimento, Sociologia da Saúde, Sociologia da Ciência, Sociologia das Profissões.
Nuno Medeiros é investigador no CesNova - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa e na Númena - Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. Sociólogo e mestre em sociologia histórica, encontra-se a terminar a redacção de tese de doutoramento em Sociologia Histórica da Cultura. É professor da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa. Os seus actuais interesses de investigação centram-se na sociologia e história do livro, da edição, da leitura e da livraria, e na sociologia e história da alimentação. Em 2010 publicou Edição e editores: o mundo do livro em Portugal, 1940-1970 (Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais).
David Tavares é Professor Coordenador da Área Científica de Sociologia
da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (Instituto
Politécnico de Lisboa), onde é actualmente Presidente do Conselho
Técnico-Científico e lecciona as unidades curriculares de Sociologia das
Profissões e de Sociologia da Saúde. É licenciado em Sociologia pelo
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), mestre
em Sociologia Aprofundada e Realidade Portuguesa pela Universidade Nova
de Lisboa e doutorado em Ciências da Educação - Especialidade de
Sociologia da Educação pela Universidade de Lisboa. É autor do livro
«Escola e identidade profissional - o caso dos técnicos de
cardiopneumologia» e de diversos artigos científicos publicados em
livros e revistas. É investigador do Centro de Investigação e Estudos em
Sociologia (CIES) do ISCTE/IUL - Instituto Universitário de Lisboa e
olaborador da Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Educação e
Formação (UIDEF) do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
PAP1147 - A inserção profissional pela via do empreendedorismo
GT “Inserção de diplomados do ensino superior:
relações objectivas e subjectivas com o trabalho”
As recentes orientações em termos de políticas públicas de ensino no âmbito europeu privilegiam recomendações concernentes à “educação empreendedora”, disseminando no sistema educativo, desde o primeiro ciclo do ensino básico até à universidade, iniciativas dedicadas ao desenvolvimento de atributos e competências empreendedoras. Tais competências, nessas perspectivas, são consideradas essenciais tanto para a aprendizagem ao longo da vida quanto para a empregabilidade como para fomentar a satisfação pessoal, a inclusão social e a cidadania ativa. Uma vez que essa orientação política tem sido apresentada como alternativa para o processo de transição para a vida ativa, este estudo pretende analisar os percursos de inserção profissional de um grupo específico de jovens diplomados nas diversas áreas científicas: aqueles se distinguem por protagonizarem trajetórias empreendedoras.
Este artigo mobiliza os dados quantitativos de uma pesquisa realizada pelo Observatório da Inserção Profissional dos Diplomados da Universidade Nova de Lisboa com alunos que concluíram licenciatura, mestrado e doutorado em 2004/05 e em 2008/09, visando predominantemente a caracterização da situação da inserção profissional um ano após a conclusão dos graus. Pretende-se descrever as principais dimensões (origens sociais, sexo, posições alcançadas, percurso de formação escolar e acadêmica, rede de relações familiares) que permitem a caracterização e a diferenciação daqueles que percorrem trajetórias empreendedoras.
Tendo em vista que boa parte das tendências recentes observadas no ensino superior são inspiradas em processos políticos concertados em escala supra-nacional, cumpre investigar, em um nível micro, o modo como as agendas dos organismos multilaterais e as políticas de ensino são retraduzidas no universo das instituições de ensino superior bem como as complexas relações existentes entre determinadas orientações e os diversos aspectos, objetivos e subjetivos, inerentes ao processo de inserção profissional.
- ALMEIDA, Rachel de Castro
PAP1478 - A integração produtiva no campo no Brasil e as possibilidades de promoção do desenvolvimento de áreas rurais
A integração produtiva ou agroindustrial trata-
se de um sistema muito utilizado no campo no
Brasil, fundamentado em um arranjo contratual
entre uma indústria, cooperativa, etc.,
(chamada de integradora) e o agricultor
(Ziebert e Shikida, 2004: 73). A idéia de
integração compreende um vasto leque de
situações. Todavia, de modo geral, este termo
refere-se à exclusividade da garantia de compra
da produção de determinados agricultores por
parte de uma indústria. Às vezes, este
compromisso de compra e venda é estabelecido
por meio de contratos, em outras não. Em alguns
casos as indústrias interessadas na matéria-
prima produzida no campo interferem diretamente
na produção dos agricultores, através do
fornecimento de insumos, equipamentos e
assistência técnica (Payés, 1993). Este sistema
consiste em uma alternativa utilizada por
grandes empresas agroindustriais brasileiras,
com o objetivo de garantir uma parcela da
matéria-prima necessária para manter o processo
produtivo em funcionamento, na medida em que,
apenas em casos muito específicos, uma empresa
produz toda a sua matéria-prima agropecuária
(Farina, 1997). No Brasil, as integrações
agroindustriais mais conhecidas são as de aves
e suínos, tabaco, sementes, hortaliças, seda e
flores, localizadas principalmente nas Regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste dom país que,
quando introduzidas mudam a dinâmica e a
organização da vida e da produção no campo. No
Brasil, a integração produtiva vem sendo
estudada há décadas. Contudo, a maior parte dos
estudos a respeito dos impactos deste sistema
para o campo brasileiro, bem como para os
agricultores, concentra-se na década de 1980,
momento em que surgem vários questionamentos
sobre a relação entre agricultor e indústria.
Dito isso, este trabalho tem o objetivo de
estabelecer um olhar a respeito da integração
produtiva de forma diferente do debate
realizado nos anos 1980. Assim, procura
realizar uma discussão acerca das
possibilidades de promoção do desenvolvimento
no campo brasileiro a partir desse sistema.
Para tanto, nos fundamentamos na reflexão a
respeito do desenvolvimento construída por
Amartya Sen, cuja ideia de expansão das
liberdades torna-se central. Posteriormente,
relacionamos este debate com quatro
perspectivas, comumente, utilizadas para se
pensar o desenvolvimento no mundo rural, quais
sejam, a perspectiva da multifuncionalidade, do
desenvolvimento territorial, da segurança
alimentar e do desenvolvimento sustentável. E,
por fim, a partir desse debate, analisamos as
possibilidades de promoção do desenvolvimento
no campo em regiões que abrigam duas atividades
que fazem uso da integração produtiva: a
produção de tabaco no Rio Grande do Sul e o
cultivo de eucalipto no Espírito Santo.
- DE AQUINO, Silvia Lima
- MENGEL, Alex Alexandre
PAP0583 - A interação entre Ciência e Arte vista pelos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia: análise de resultados e proposta de uma agenda de pesquisa
É fato que Ciência e Arte, entendidas como realizações tipicamente humanas, há muito fazem parte da história das civilizações. Ambas passaram por um longo processo até alcançarem sua institucionalização e, hoje, é possível reconhecer a particularização destes dois campos, cada qual orientado por um conjunto de referências teóricas e práticas, caracterizadas por controvérsias epistemológicas e conflitos internos. Deste modo, tanto a Ciência quanto a Arte podem ser consideradas como campos sociais visto que, segundo Pierre Bourdieu, em ambas reconhecemos a existência de atores sociais em permanente disputa, movimentando-se no sentido de acumular “capitais” (institucionais, científicos, artísticos). Estes agentes passam a internalizar disposições específicas (habitus) levando a formação das estruturas objetivas de cada campo. Todavia, a fronteira que demarca a separação entre os campos científico e artístico nem sempre foi delimitada. Em épocas como a Renascença, ainda que a Ciência e a Arte não estivessem institucionalizadas, os conhecimentos tidos como científicos e artísticos conviviam de maneira muito próxima. Na atualidade, com o advento das novas tecnologias, verificamos que a aproximação entre os dois campos tem se intensificado de maneira que é possível reconhecer diferentes níveis de interação, desde a apropriação de conceitos e técnicas por ambos os campos até a construção conjunta de conhecimento. O aumento do número de projetos voltados para divulgação científica que tem buscado na interação entre Ciência e Arte o fundamento de suas atividades demonstra esta hipótese. A partir do desenvolvimento de propostas interdisciplinares e transdisciplinares, tais projetos representam uma modificação na concepção estritamente disciplinar que justificava o afastamento entre Ciência e Arte. Dessa forma, pautado nos conceitos de campo social de Bourdieu e nos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia, o presente trabalho tem como principal objetivo a análise e discussão de projetos de divulgação científica desenvolvidos no Brasil, que tem como fundamento a fertilização cruzada entre estes dois campos sociais – Ciência e Arte. São analisados como as inscrições científicas (a exemplo de fotografias) são apresentados como objetos artísticos e como a linguagem artística é utilizada para representar a Ciência e seus artefatos. Ao final da análise, as autoras apresentam a proposição de uma agenda de pesquisa voltada para a investigação da interação entre Ciência e Arte.
- SANTOS, Rojanira Roque dos
- RIGOLIN, Camila Carneiro Dias
PAP1340 - A intervenção sociológica nas estratégias locais de saúde
A profissionalização dos licenciados em sociologia tem sido, ao longo do tempo, alvo de debates, de reflexões e até de produção científica, motivada não só pelas dificuldades de definição objectiva do campo de actuação, mas também pela multiplicidade de áreas de intervenção que estes profissionais têm vindo a assumir no mercado de trabalho e que, consequentemente, acarretam constrangimentos na afirmação da profissão. Alguns estudos demonstram que é na administração pública, nomeadamente nas autarquias locais, que os sociólogos têm vindo a afirmar a sua identidade profissional, bem como a sua capacidade interventora em diversos domínios, sobretudo nas áreas social, cultural, de recursos humanos e de planeamento, entre outras.
Mais recentemente tem-se assistido à intervenção de sociólogos na área da saúde, não só em instituições ou organizações que lhe estão directamente ligadas, como também e, sobretudo, nas próprias autarquias locais, que aparecem como palco privilegiado na aplicação das estratégias locais de saúde e que actuam sobretudo ao nível dos determinantes sociais de saúde. As autarquias têm vindo gradualmente a assumir, no quadro das suas competências, políticas de promoção de saúde em meio urbano que resultam de algumas estratégias locais de saúde, lançadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Direcção-Geral da Saúde (DGS), como é o caso do movimento das cidades saudáveis da OMS, que surge no final dos anos oitenta e que, actualmente, conta com mais de um milhar de cidades aderentes em toda a Europa. Em Portugal, são trinta as cidades que assumiram o compromisso de aplicar os princípios de promoção da saúde propostos por este movimento, e que contam com técnicos de diversas áreas profissionais, sobretudo da área das ciências sociais, com um peso evidente dos licenciados em sociologia.
Neste contexto, com esta comunicação viso apresentar um relato sobre a minha experiência na área da promoção da saúde e prevenção da doença, enquanto socióloga inserida na autarquia de Viana do Castelo, que assumiu a promoção da saúde como uma das suas prioridades de intervenção. Pretendo demonstrar as potencialidades da prática sociológica no campo da saúde, bem como as dificuldades e desafios que se colocam nos processos relacionais que se estabelecem na articulação entre a intervenção de âmbito social e a área da saúde.
- TORRES, Margarida
PAP1227 - A magia do cinema na praça: apropriação do espaço e sociabilidade em Salvador-Ba
São nos espaços da cidade, moldados a partir dos usos e apropriações cotidianos que a vida se efetiva, como produto das relações sociais, da acumulação histórica e da tecedura realizada no presente. Nessa relação, o “velho” e o “novo” são elementos que constituem esse cenário, resultante das construções das sucessivas gerações. A praça é vista como exemplo dessa relação, pois consiste em um espaço fértil de possibilidades de convivência urbana. No rastro dessas considerações, surge o presente estudo sobre a apropriação e sociabilidade na Praça Tomé de Sousa, localizada na cidade de Salvador-Ba, tendo como enfoque precípuo a relação especial entre o cinema e a praça, no que diz respeito ao espaço das práticas de exibição da arte cinematográfica. As exibições de filmes em praças viabilizam um modo peculiar de apropriação que ocorre desde os primórdios do cinema. Atualmente no Brasil pululam projetos dessa natureza, que visam a apresentação da sétima arte à grande parcela da população que não tem acesso às salas convencionais de projeção. Nesse particular o Projeto Cinema na Praça, realizado em Salvador, torna-se a referência empírica desse trabalho. Esse caminhar revela o fascínio que essa grande arte vem tecendo ao longo dos tempos, atraindo e encantando multidões. O cinema toca de modo especial as pessoas, despertando afetos e isso se reverbera em múltiplas práticas sociais. No tocante a esse trabalho, destaca-se mormente as projeções em praças, iniciativas que tornam possíveis assistir a filmes coletivamente. Para realização do trabalho levou-se em consideração os relatos dos freqüentadores das sessões de cinema na Praça, das pessoas envolvidas da equipe dos projetos de cinema e cineastas. Para a feitura do trabalho, afora a revisão bibliográfica, realizou-se observações participantes na Praça Tomé de Sousa, entrevistas semi-estruturadas com pessoas envolvidas com projetos de exibição e freqüentadores das sessões de cinema na Praça. Também investigação em jornais e revistas impressos e na Internet, além de fontes documentais e iconográficas. O registro fotográfico apresenta-se como importante contributo ao trabalho de campo. A pesquisa desenvolve-se, portanto, a partir da compreensão de que são as práticas sociais, que tornam possíveis os usos e apropriações dos espaços. Nessa perspectiva a praça surge como um locus privilegiado onde afloram-se possibilidades de múltiplas manifestações que as práticas sociais podem engendrar.
- SILVA, Alzilene Ferreira da
PAP1582 - A medicina e o individuo com patologia rara – que visão do SER Doente?
Uma vivência clinica longa com o individuo/ família com patologias crónicas, hereditárias, raras e possivelmente de elevada morbilidade e mortalidade, conduz de forma imperiosa à busca de entendimento e enquadramento de todos os condicionantes que actuam na vivência do SER Doente. Como integrar o cidadão, indivíduo doente /família, numa visão global, compreensiva e informada, englobando perspectivas aparentemente tão dispares mas interligadas, como a base etiológica do processo específico, do erro genético, dos mecanismos patológicos, da história natural da doença, da evolução até aos problemas de funcionalidade, da restrição à adequação de abordagens e de comportamentos, da participação/inserção em programas exigentes, de elevado custo - percepcionando-o sujeito e envolvido em condicionantes culturais, morais, éticas, sociais, politicas, colocando-o sempre como O Indivíduo? O dia-a-dia aponta a necessidade de pensar a pessoa doente - e de uma forma mais lata a população com a mesma característica biológica -, numa abordagem abrangente, ética, que promova a vivência da doença, de uma forma “optimizada”, evitando limitações adicionais, tendo em conta a participação individual e os factores contextuais que afectam a vida e o ambiente do individuo, promovendo o conhecimento dos seus direitos e deveres, e da própria capacidade individual de efectuar escolhas informadas, com a segurança de que se encontrará no centro de abordagem multiprofissional, com boas práticas, com experiência, com capacidade de disseminação de conhecimento e de intervenção, que resultem no bem-estar do individuo e na sua participação social e vocacional, olhando para e perante si mesmo. O mesmo dia-a-dia aponta as enormes dificuldades a ultrapassar.
- Teles, Elisa Leão
PAP1364 - A memória dos mortos na era digital: quando os mortos se encontram à distância de um clique.
A morte, ou mais precisamente, a consciência da morte, constitui fundamento essencial para o fundamento da vida. Se o homem não tivesse consciência da morte, se não concebesse a ideia da sua finitude, a vida (e logo a vida social também), perderiam muito do seu significado. Surgindo como forma do homem alcançar e atribuir alguma ordem e sentido à força caótica da natureza, a cultura humana toma, no que se refere às atitudes face à morte e à memória dos mortos, um forma especial.
É na certeza da sua morte física que o homem desenvolve as mais diversas formas culturais, simbólicas e materiais, que procuram impedir que um dia, sendo morto, os ainda vivos se esqueçam dele. É através da memória que o homem mantém presentes aqueles que já morreram, dando forma à concepção conteana de humanidade, que contemplava não só aqueles que estão vivos como aqueles que já morreram e todos os que hão-de vir.
Mas à semelhança do que acontece nas restantes esferas sociais, os regimes de memória vão sendo alterados. Numa longa história que se materializou em obeliscos, pilares, pirâmides, monumentos, túmulos, estátuas, jazigos, capelas, nos quais os seres humanos também quiseram geralmente inscrever palavras, informações e mensagens, e que o mundo moderno acrescentou técnicas de comunicação como os jornais, notícias e anúncios, assiste-se agora a uma outra sequência estimulada pelas novas tecnologias da informação. Estas têm feito irromper novos rituais, formas cerimoniais, códigos de rememoração e inclusivamente modalidades de reunião dos mortos no mundo dos vivos através do manto da “tele-presença” e de um impedimento aparente do corte da comunicação.
No mundo virtual, através das redes sociais, memoriais on-line, blogs e cemitérios virtuais, os novos suportes de memória suscitam questões variadas, uma vez que permitem, como nenhum outro, a perpetuação da ilusão da presença daquele que já morreu. Através de dispositivos de imagem, movimento e som, através da manutenção e dinamização das suas páginas no facebook, o encontro com os mortos faz-se, já não por meio da tradicional visita aos cemitérios (muitos dos corpos são hoje cremados e as cinzas volatilizadas), mas no espaço virtual, através do écran do computador.
- MENDES, Ana Celeste

Ana Celeste Mendes é licenciada em Comunicação Social e Cultural pela
Universidade Católica Portuguesa, Pós Graduada em Jornalismo pelo
ISCTE, Mestre em Comunicação Cultura e Tecnologias da Informação pelo
ISCTE e Doutoranda em Sociologia no CIES-ISCTE. Bolseira da FCT,
tem-se dedicado, sobretudo, ao estudo das questões sociais ligadas à
morte e ao morrer na sociedade contemporânea. Lecciona Sociologia da
Saúde da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa.
PAP0335 - A mobilização de saberes profissionais em uma empresa do setor químico-petroquímico no Brasil.
A pesquisa procurou compreender como trabalhadores técnicos de nível médio,
encarregados de controlar processos de automação industrial em uma empresa do setor
químico-petroquímico no estado da Bahia,Brasil, mobilizam e
recontextualizam seus conhecimentos formais e tácitos em situação de trabalho,
considerando sua inserção numa comunidade de práticas. Principais questões de pesquisa: i)
como os trabalhadores mobilizam os conhecimentos construídos na escola e nos demais
espaços de aprendizagem (meios de comunicação/mídias diversas, relações societais em
geral) e os recontextualizam na prática profissional? ii) que significados atribuem a
essas aprendizagens? iii) que papel jogam a autonomia e a reflexividade dos
trabalhadores frente às rotinas específicas, representadas pelas normas e instruções para
a execução do trabalho? iv) como enfrentam as situações imprevistas no exercício de
suas funções e como mobilizam sua experiência acumulada e partilhada? A pesquisa apoiou-se na modalidade qualiquantitativa, do tipo estudo de caso, por considerarmos que se tratava do estudo de uma realidade específica, com características peculiares, tanto no que refere ao setor produtivo escolhido – o químico-petroquímico, quanto às atividades profissionais dos sujeitos da pesquisa – trabalhadores técnicos de nível médio, com formação e exercício profissional na área de processos industriais, com foco nos técnicos em refrigeração. O levantamento das informações efetivou-se através de documentos (normas, rotinas de trabalho, etc), questionários e entrevistas. De um universo de 33 (trinta e três) trabalhadores, dentro de uma mesma empresa, contamos com uma amostra de vinte e dois sujeitos. Dentre outros resultados destacam-se fortemente os elementos diferenciadores, ou seja, a mediação das relações que ocorrem no trabalho coletivo como resultado de vários determinantes subjetivos e objetivos, como a natureza das relações sociais vividas e suas articulações com a escolaridade, o acesso a informações, a duração e profundidade das experiências vivenciadas, tanto laborais quanto sociais. Na pesquisa isto se revelou na heterogeneidade de respostas quanto ao modo de reação às situações de imprevisto surgidas e enfrentadas no trabalho. Tais aspectos, em nossa avaliação, ainda merecem receber a devida atenção em pesquisas posteriores.
- FARTES, Vera Lúcia Bueno
PAP0124 - A moda contra a tirania: elucubrações dos costumbristas argentinos do XIX
Nobert Elias (1994) estabelece uma questão importante ao pensar na sociogênese dos conceitos de civilização e cultura. Esse debate ocorreu, com muito afinco e em debates conflituosos, na Argentina do século XIX. Podemos selecionar os dois personagens mais importantes: Juan Alberdi (1810-1884) e Domingo Sarmiento (1811-1888). Sarmiento, um defensor inveterado da implantação da civilização européia em solo argentino para destituição do atraso promovido pelos nativos da terra; e Alberdi, figura mais cautelosa em suas posições e, em diversos momentos, considerado oscilante. Oscilou basicamente entre o seu escrito de 1852, Bases y puntos de partida para la organización política de La República Argentina, em que foi o liberal convicto, da mesma maneira que Sarmiento, e estabelecia uma sociedade pautada política e economicamente em valores europeus em que, também, os nativos estariam excluídos. Já o Alberdi que encontramos em Fragmento preliminar al estudio del derecho (1837) e em Cartas sobre la prensa y la política militante de la República Argentina, mais conhecidas como Cartas quillotanas, (1853) é um analista mais empírico ao propor um diagnóstico menos moral para estabelecer antídotos eficazes.
Alberdi fez parte da Generación de 1837 ou Asociación de mayo, grupo argentino formado à época da ditadura de Juan Manuel de Rosas (1793-1877). O nome era inspirado no mês de maio de 1810, quando houve o movimento de independência. Pensava-se em deixar claro que os erros do passado devem ser compreendidos para que uma Argentina promissora possa ser exeqüível após os estragos da ditadura de Rosas.
La moda foi o primeiro periódico publicado pela Asociación de mayo. Encabeçou o projeto o próprio Alberdi. Tal importância dada aos costumes europeus se dá por uma questão bastante argentina: “escolheremos a civilização ou a barbárie?” Por um lado, existe o governo policial de Juan Manuel de Rosas (1793-1877), que possui apoio popular e, de outro, a aposta liberal dos homens de 1837. Contudo, segundo Alberdi, a democracia não é o início, mas o fim, ou melhor, a finalidade da organização política. Portanto, para ser livre não basta o desejo, é necessário ser digno da liberdade. Como remédio à situação, encontra a imigração e a cultivação de bons hábitos: os costumes são a chave-mestra da organização sócio-política e econômica. A conversão de maus costumes em bons costumes é a possibilidade de conversão da tirania em democracia. Para os costumbristas, a exterioridade do ser é linguagem legítima de diferenças e conflitos. Daí a importância de modos de falar, trajes e trejeitos que podem figurar e permitir a adoção de um estilo de governo. Entender estas relações na Argentina do século XIX é o objetivo desta comunicação.
- MANTOVANI, Rafael Leite
PAP0207 - A negociação colectiva em Portugal: dinâmicas de investigação e resultados empíricos
A partir da condução do presente trabalho de investigação pretendeu-se interrogar e reconstituir os processos de negociação colectiva em Portugal, bem como as alterações que têm ocorrido ao longo dos últimos anos - decorrentes das mudanças que têm acontecido em termos de relações profissionais – as quais parecem reflectir as alterações ocorrida em termos de peso que alguns sectores de actividade têm ganho. Procura-se também verificar se os modelos negociais adoptados têm influenciado os resultados ou se as estratégias que os actores mobilizam acabam por ser mais decisivas que estes modelos para os conteúdos resultantes da negociação.
A negociação colectiva enquanto objecto empírico tem um conjunto de dimensões que lhe estão associadas e que foram analisadas ao longo desta investigação. Em primeiro lugar podemos considerar o papel regulador que esta tem, já que estabelece um conjunto de regras e princípios para determinados grupos profissionais ou sectores.
A entrevista foi um dos instrumentos de recolha de informação utilizado para sustentar e perceber aspectos mais profundos, sendo que o alvo, neste caso foram os actores chave que desempenham o papel central nestes processos e que por vezes poderão não estar presentes ou actores que tenham estado presentes em situações particulares, durante estes processos, onde a necessidade por características do processo negocial ou dos próprios negociadores o tenha justificado.
Os sectores que serviram de objecto a esta investigação foram determinados a partir de três critérios: a contribuição do cada sector em volume de emprego; a exposição do sector à concorrência internacional (sectores competitivos, sectores sensíveis) e a modernização tecnológica e organizacional que estes sectores têm realizado ou estão a realizar.
- FERNANDES, Paulo

Paulo Jorge Martins Fernandes, docente na ESCE do Instituto Politécnico de Setúbal, Sociologia e com um Mestrado em sociologia do Trabalho, Organizações e Emprego, áreas de investigação/trabalho negociação colectiva, relações laborais, sindicalismo, etc.
Saudações académicas.
PAP1140 - A negociação coletiva e a regulação das matérias relativas à segurança e saúde no trabalho
Os dados do EUROSTAT(http://appsso.eurostat.ec.europa.eu) evidenciam que Portugal é um dos países europeus onde se regista uma maior incidência da sinistralidade laboral. Isto significa que trabalhar em Portugal é uma actividade que envolve inúmeros riscos (Areosa, 2011). No entanto, alguns progressos inegáveis foram alcançados ao longo da última década, principalmente no atinente aos acidentes mortais, que decresceram acentuadamente, passando de 368 em 2000 para 231 em 2008 (www.gep.mtss.gov.pt).
Esta redução traduzirá os esforços empreendidos a partir dos anos 90, quando se começaram a delinear verdadeiras políticas públicas no domínio da saúde e segurança no trabalho, às quais os parceiros sociais se associaram. Aliás, este revela-se como um campo em que é possível um amplo consenso, pelo menos entre as organizações de cúpula com assento na Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS), o que permitiu a subscrição unânime de dois acordos específicos, um em 1991 e outro em 2001.
Outro espaço negocial privilegiado é a negociação coletiva, fator de superação da individualização das relações de trabalho e de regulação destas relações e fonte de definição de direitos laborais e sociais, ao conferir aos trabalhadores um determinado estatuto e ao libertá-los do arbítrio patronal (Flanders, 1968, 1970).
Uma das características do sistema português de relações de trabalho reside na ausência de articulação entre os diversos níveis negociais (Alves, 2000; Barreto e Naumann, 1998; Campos Lima et al, 2000). Isto significa que o resultado do diálogo ao nível macrossocial nem sempre tem tradução no normativo produzido na negociação coletiva, situação que se agudiza quando esta se encontra substancialmente bloqueada, como sucede atualmente.
Importa então analisar o modo como a regulação das matérias relativas à segurança e saúde no trabalho tem vindo a ser efectuada ao nível da negociação coletiva, até atendendo a que o Código do Trabalho e a Lei do Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho outorgaram, nomeadamente, a possibilidade de por esta via serem criadas comissões de segurança e saúde no trabalho de composição paritária.
Na base desta comunicação encontra-se uma análise de carácter extensivo realizada às convenções colectivas de trabalho, novas ou revistas na íntegra, publicadas durante 2010 e 2011. Conclui-se que um número muito significativo de convenções se limitam a acolher o que se encontra estipulado na legislação, sendo em número bastante reduzido as que apresentam alguma inovação neste domínio.
- ALVES, Paulo Marques

- AREOSA, João
- POÇAS, Luís
- GONÇALVES, Luís

- FIDALGO, Fernando

Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
PAP0013 - A nova condição de reprodução do trabalho precário no Brasil: Um estudo sobre os trabalhadores de moto-t-axi
A presente comunicação se baseia em nosso
estudo de doutorado intitulado O trabalho
reconfigurado e a nova condição do trabalho
informal e precário: a saga dos trabalhadores
de mototáxi em Campina Grande, realizado no
âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais da Universidade Federal de
Campina Grande, sob a orientação de Roberto
Véras de Oliveira. A tese trata da
constituição do segmento de mototaxistas de
Campina Grande, Paraíba, assim como da sua
condição de trabalhadores informais e
precários. Consideramos essa situação uma
expressão da resposta dos trabalhadores e da
sociedade, por meio de estratégias diversas, à
crise contemporânea do trabalho, de magnitude
global e com expressões diferenciadas nos
contextos recentes do país.
As relações de trabalho no Brasil, nos anos
1990, estiveram fortemente marcadas pelo
desemprego e por processos de informalização,
desassalariamento e precarização do trabalho
(Pochmann, 2001), assim como, do ponto de
vista da ação governamental, por medidas
diversas de desregulamentação das relações de
trabalho (Oliveira, 2002; Krein, 2009). Mas se
na década seguinte os níveis de emprego
subiram, as taxas de assalariamento se
expandiram, os processos de informalização do
trabalho sofreram certa reversão e a ação
governamental já não se orientou por um
propósito desregulamentador, a condição
precária do trabalho no país, sobretudo nas
regiões periféricas, como a Paraíba, ainda
está longe de ser revertida em sentido mais
estrutural.
Esta comunicação se propõe a uma
caracterização das relações de trabalho e
formas de sociabilidade presentes nesse novo
segmento de trabalhadores em Campina Grande.
Centra sua atenção nas práticas e percepções
sociais, em construção, em conflito, entre os
atores sociais envolvidos na atividade do
mototaxismo, como se veem e são vistos, e como
dialogam (conformando-se, resistindo e
reinventando-se) com as condições que lhes são
impostas por tal situação.
- LUNA, Jucelino Pereira
PAP1468 - A nova reprodução da informalidade e da precariedade nas relações de trabalho e os camelôs de tecnologia no município de João Pessoa e Campina Grande – Paraíba
A presente comunicação se baseia em nosso projeto de pesquisa intitulado: A nova reprodução da informalidade e da precariedade nas relações de trabalho dos camelôs de tecnologia no município de João Pessoa e Campina Grande – Paraíba.
As relações de trabalho no Brasil, nos anos 1990, estiveram fortemente marcadas pelo desemprego e por processos de informalização, desassalariamento e precarização do trabalho (Pochmann, 2001), assim como, do ponto de vista da ação governamental, por medidas diversas de desregulamentação das relações de trabalho (Oliveira, 2002; Krein, 2009). Mas se na década seguinte os níveis de emprego subiram, as taxas de assalariamento se expandiram, os processos de informalização do trabalho sofreram certa reversão e a ação governamental já não se orientou por um propósito desregulamentador, a condição precária do trabalho no país, sobretudo nas regiões periféricas, como a Paraíba, ainda está longe de ser revertida em sentido mais estrutural.
A pesquisa procura entender a constituição do segmento dos camelôs de tecnologia no município de João Pessoa e Campina Grande, Paraíba. Procura realçar sua condição de trabalhadores informais e precários. Consideramos os camelôs de tecnologia um tipo de resposta que os trabalhadores e a sociedade vêm dando à crise contemporânea do trabalho e do emprego, particularmente nas cidades do interior do país. Ainda procura explorar com especial atenção as práticas e percepções sociais, em construção, em conflito, nesse segmento de trabalhadores. Discute como tais segmentos se vêem, como são vistos e sobre como dialogam (conformando-se, resistindo e reinventando-se) com as condições que lhes são impostas por tal situação.
- LUNA, Jucelino Pereira
- SOUSA, Steffany Pereira de
- RODRIGUES, Lidiane
- GOMES, Kelly
- GARCIA, Fábio
PAP1387 - A noção de mediação parental no âmbito do uso da Internet no contexto familiar - reflexão sobre a realidade portuguesa
A ideia de “mediação parental” tem vindo a longo dos tempos a acompanhar as sucessivas vagas de interacção dos mais jovens com diferentes media. O presente artigo centra o seu olhar na mediação parental dos usos online de crianças e jovens. Partindo de considerações teóricas mais amplas, pretende-se em concreto aqui dar enfoque a esta problemática no contexto português, estabelecendo, sempre que possível, termos de comparação com a realidade internacional.
Os desafios da mediação parental face às TIC, as mudanças que vêm ocorrendo no paradigma de família ocidental tendendo para a democratização das relações entre gerações; as estratégias de mediação aplicadas aos vários media e as especificidades desta acção em relação à internet; os efeitos das estratégias de mediação para o online já implementadas e o que os pais dizem saber acerca das competências dos filhos com a Web, são as linhas estruturantes desta reflexão essencialmente teórica que se integra numa investigação de doutoramento subordinada à questão da domesticação da internet no contexto familiar português.
Nos nossos dias, no âmbito da vida familiar e por influência dos seus vários membros, o espaço doméstico tende a transformar-se num cenário onde velhos e novos media convivem com manifesto privilégio. A difusão maciça das TIC em particular, envolvendo um uso cada vez mais individualizado por parte dos vários membros da família, levanta possíveis cenários de recomposição do agregado em função do tipo de uso que estes dispensam aos meios digitais. Neste contexto contemporâneo, em que o ambiente media rich dos lares tende a padronizar-se, multiplicam-se sobretudo os desafios dos progenitores relativamente a esta relação de simbiose dos mais jovens com os media. Como regulá-la? Como encontrar e promover o equilíbrio entre as suas vantagens e os aspectos negativos que envolvem? Historicamente a emergência de um novo meio de comunicação provocou recorrentemente este dualismo de reacções: encarado como motivo de atracção inevitável para crianças e jovens, invariavelmente era ao mesmo tempo acompanhado pelos receios de pais, responsáveis pela educação, religião ou vida pública, figurando como críticos, quando não mesmo dando azo a inevitáveis ondas de pânico moral. Com efeito, gerir a regulação doméstica do uso do online pelos mais jovens revela-se para os pais como algo desafiante e frustrante: estes se por um lado não hesitam em adquirir os computadores com ligações à Internet em nome da promoção educativa das suas crianças, por outro receiam que os filhos se isolem, ponham em risco a sua privacidade, segurança ou lidem com conteúdos negativos, entre outras situações. Tanto para pais como para os filhos este processo de integração do online nos respectivos lares e quotidianos envolve exigências e competências de várias ordem sobre as quais nos propomos a reflectir neste espaço.
- NEVES, Marta

nome: Marta Dias Neves.
Sou doutoranda do 3º ano de Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a investigar questões relativas às crianças e Internet (presentemente a matrícula está temporariamente suspensa).
Interesses de investigação: questões relacionadas com mediação parental, literacia digital, riscos online, redes sociais.
Sou licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Comunicação pelo ISCTE.
Actualmente também colaboro como investigadora em projectos do Observatório de Comunicação.
PAP0317 - A noção de “saúde mental” e a funcionalidade político-científica da psiquiatria contemporânea: uma problematização
Esta comunicação, diretamente relacionada à minha pesquisa de doutorado em curso, tem como objetivo questionar a funcionalidade político-científica da psiquiatria de orientação biológica contemporânea. Em um primeiro momento, a partir da reflexão de Michel Foucault no curso "Os Anormais" [1974-1975], trata-se de evidenciar como o poder médico-psiquiátrico alcançou, ainda no século XIX, a noção de virtualidade da patologia. Examina-se, desse modo, como a psiquiatria, em seu processo de “desalienização”, pôde tornar patológicas diversas condutas sem referir-se à alienação propriamente dita. Assim, com a difusão do poder médico-psiquiátrico sobre o não patológico, ressaltamos, por meio da noção foucaultiana de biopolítica, a importância da vida biológica e da saúde dos indivíduos e da população como problemas de poder e governo. Considerado então o valor político do dado biológico, trata-se de problematizar e questionar como – e de acordo com quais mecanismos de poder – a psiquiatria contemporânea de orientação biológica e a Organização Mundial da Saúde (OMS) podem operar uma significativa mudança de paradigma com a incorporação do elemento mental no conceito de saúde. Essa expressiva transformação de paradigma destinada à incitação da “saúde mental” – de fundamental importância para essa comunicação – encontra-se oficializada no Relatório Mundial da Saúde de 2001, da OMS, e sublinhada já no título do documento, a saber: "Saúde Mental: nova concepção, nova esperança". A partir da indicação a respeito da substituição do conceito moderno de “doença mental” pelo contemporâneo de “saúde mental”, a finalidade dessa comunicação é problematizar o poder médico-psiquiátrico contemporâneo da seguinte forma: i) qual pode ser a lógica de um paradoxo que amplia a nomenclatura do patológico (como atesta o DSM-IV [1994] – "Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais", da Associação Americana de Psiquiatria) e reforça simultaneamente a necessidade de “saúde mental”; ii) de que maneira a intensificação da saúde e a eliminação do sofrimento podem afetar, modular e moldar a experiência do indivíduo contemporâneo; iii) como, por meio da noção de saúde e a pretexto de incentivá-la, a vigilância e o controle científicos da psiquiatria podem criar formas de subjetivação dos indivíduos, determinando o modo de se viver em sociedade.
- CORBANEZI, Elton Rogério

Elton Rogério Corbanezi. Possui Graduação em Ciências Sociais (bacharelado e licenciatura) pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (FFC/Unesp) e Mestrado em Sociologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp). Foi bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em Iniciação Científica e no Mestrado, com pesquisa em Michel Foucault, Friedrich Nietzsche e Machado de Assis, em relação aos seguintes temas: racionalidade médica, psiquiatria, loucura, razão, modernidade, literatura e sociedade. Atualmente é doutorando em Sociologia pelo IFCH/Unicamp e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com pesquisa sobre a depressão e os processos de subjetivação provocados pelos dispositivos psiquiátricos contemporâneos.
PAP0536 - A oferta científica sobre Economia Política da Comunicação para a formação de jovens jornalistas
GT Comunicação Social
Esta comunicação identifica a oferta científica
especializada na Economia Política da
Comunicação, nomeadamente sobre a propriedade e
as estratégias de gestão das empresas
jornalísticas portuguesas. Ter-se-á como
objecto de estudo a estrutura curricular dos
cursos de licenciatura do ensino superior
português, mas também os de formação
profissional e a produção científica publicada
em publicações de Universidades e organizações
profissionais ligadas ao jornalismo. Dar-se-á
destaque aos conteúdos dirigidos à formação de
futuros ou actuais jovens jornalistas.
Num contexto de crise e reconfiguração das
estratégias dos media, parte-se da definição da
Economia Política da Comunicação feita por
Nicholas Garnham como o âmbito de estudo das
formas institucionais e do poder social das
empresas capitalistas, entre elas as
jornalísticas, a comunicação procura analisar
as condições de formação dos jovens jornalistas
na área.
De seguida, procurar-se-á interpretar o
potencial de mobilização de competências dos
jovens jornalistas sobre a gestão da produção e
da distribuição do jornalismo nas actuais
condições de mercado. O objectivo é concluir
acerca do possível horizonte de representação
do seu lugar enquanto jovens jornalistas e das
suas carreiras neste campo profissional e
empresarial.
- FERREIRA, Vanda

FERREIRA, Vanda
Licenciada em Ciências da Comunicação, variante Jornalismo, pós-graduada em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação e em Análise de Dados em Ciências Sociais
ISCTE/CIES – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
ferrvanda@gmail.com
PAP1001 - A paridade no parlamento: itinerário de um paradigma
A igualdade de género tem estado nos últimos anos no centro de um amplo debate sobre o alargamento das condições de participação e do acesso à esfera política por parte de actores sociais tradicionalmente afastados desta. A crescente complexificação dos papéis sociais das mulheres, a sua entrada no mercado de trabalho e a sua emancipação política representam processos contínuos de mudança cujos resultados nem sempre são imediatos e/ou evidentes. Todavia, a consciência política da resistência e da inflexibilidade de certas estruturas de dominação de género tem sido responsável pela produção de diferentes enquadramentos legais, assentes em consensos mais ou menos alargados, com o objectivo de eliminar os obstáculos à participação equitativa de homens e mulheres em todas as dimensões da vida social.
Face ao alargado conjunto de arenas no interior das quais as mulheres aparecem historicamente como protagonistas subalternizados o exercício do poder representativo não é excepção. O défice participativo das mulheres nos fóruns políticos é uma realidade inegável das assembleias e locais de decisão pública nacionais. Vários trabalhos têm, nas últimas três décadas, confirmado continuamente este afastamento. E não obstante as dinâmicas transformadoras que atravessaram a sociedade portuguesa no pós-74 e reconhecendo alguns sinais de mudança neste plano atestados por um aumento global da percentagem de mulheres presentes em cargos eleitos os números têm aumentado demasiado lentamente e por vezes de modo irregular.
O debate parlamentar em torno das desigualdades de género na participação política começou por marcar presença na Assembleia da República de modo relativamente intermitente. De maneira a podermos compreender o caminho percorrido e os múltiplos enquadramentos políticos e sociais que que conduziram à aprovação da Lei da Paridade é necessário primeiro conhecer a história complexa e descontínua da questão da presença, ou ausência, das mulheres na vida política na circunstância da própria discussão parlamentar. Para esse efeito analisámos a informação contida nos Diários da Assembleia da República (DAR) dos debates nos quais a questão da participação das mulheres e/ou da paridade é abordada directa ou indirectamente e é com base nesse levantamento que procurámos construir uma leitura, naturalmente admitindo a possibilidade de outras, sobre um processo político e histórico em permanente desenvolvimento.
- DIAS, Nuno
PAP1233 - A participaçao dos cidadãos nos cuidado primario de saude. A experiencia dos Conselhos de Comunidade.
Os temas da participação e da governance têm assumido grande relevância no âmbito das democracias ocidentais, tendo-se multiplicado, nos últimos anos, as iniciativas de participação provenientes da sociedade civil. Esse debate, muito intenso entre os cientistas sociais a partir dos anos 80, aplica-se com grande vitalidade à discussão sobre participação nos sistemas de saúde. De facto, um dos temas centrais dos processos de reforma sanitária dos últimos vinte anos tem sido o reconhecimento da centralidade do utente e da importância da sua voz e da sua perspectiva de análise. Em Portugal, o Plano Nacional de Saúde 2004-2010 tem atribuído muita importância à participação dos cidadãos e tem reafirmado o compromisso do Ministério da Saúde em apoiar o desenvolvimento de diversos mecanismos para envolver pacientes, utentes e comunidades. O Decreto-Lei n.º 28/2008 instituiu os Conselhos de Comunidades (CC) nos Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) com o objectivo de aumentar a ligação dos cuidados primários aos cidadãos e incentivar, portanto, a participação dos diferentes atores. Depois de algumas dificuldades iniciais, a partir de 2010 acelerou-se o processo de constituição dos CC nas cinco Administrações Regionais de Saúde. Numa pesquisa exploratória, a nível nacional, realizada pelo Centro de Estudos Sociais e Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra foi possível analisar com detalhe o processo de constituição dos CC e reunir informações sobre o seu funcionamento, a sua composição e os principais obstáculos que se lhe interpuseram na primeira fase de implantação. A maioria dos ACES (quase 80% dos que responderam ao inquérito) já criaram os respetivos CC, embora seja ainda limitada a avaliação da sua atividade devido às poucas reuniões realizadas até ao momento em que foi aplicado o inquérito. Entre as barreiras identificadas durante o processo de constituição e de desenvolvimento dos Conselhos, cabe destacar as seguintes: i) Inércia das entidades na nomeação dos representantes; ii) Dispersão geográfica entre os elementos constituintes do CC; iii) Influência excessiva das autarquias; iv) Falta de associações de utentes para constituir o CC. Sem dúvida, o ponto mais crítico, pelo menos nesta primeira fase de implantação dos CC, é a limitada presença de associações de utentes nas áreas de atuação dos ACES. De facto, o estudo desenvolvido revelou que cerca de metade dos CC não incluem entre as entidades representadas na sua constituição os representantes das associações de utentes. Para além disso, questiona-se se a atual composição dos CC é realmente adequada para dar voz aos utentes dos cuidados de saúde primários. Ou seja, face a uma ampla presença de porta-vozes das câmaras municipais e de outras instituições (sindicatos, hospitais, escolas, etc.), não se poderá considerar insuficiente a representação dos utentes na constituição do CC?
- SERAPIONI, Mauro

- FERREIRA, Pedro Lopes

- ANTUNES, Patrícia

Mauro Serapioni é licenciado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Bolonha (1983), obteve o mestrado em Gestão dos Sistemas Locais de Saúde pelo Instituto Superior de Saúde de Roma (1994) e possui o doutorado em Ciências Sociais e Saúde pela Universidade de Barcelona (2003). Atualmente é investigador do Centro de Estudos Sociais e docente do Doutorado “Democracia no Século XXI” da Universidade de Coimbra. Anteriormente foi Visiting Fellow da Universidade de Bolonha, professor da Universidade Estadual do Ceará, consultor da Organização Pan-Americana de Saúde e do Ministério de Saúde do Brasil, docente da Universidade de Bolonha (UNIBO) e da Universidade de Modena e Reggio Emilia (UNIMORE). Principais áreas de investigação: Participação dos cidadãos no sistema de saúde, Desigualdades sociais e saúde, Avaliação de serviços e políticas de saúde, Processo de reforma do sistema de saúde. É autor de vários trabalhos publicados em Brasil, Itália, Portugal e França, sobre essas temáticas.
Pedro Lopes Ferreira licenciou-se em Matemática Aplicada pela FCTUC (1976), obteve o Mestrado em Ciências da Computação (1987) pela mesma Universidade e possui o PhD Industrial Engineering (Decision theory – Health systems) pela Universidade de Wisconsin-Madison, EUA (1990). É atualmente Professor Associado com Agregação da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde tem lecionado unidades curriculares de Economia da Saúde, Medição em Saúde, Políticas e Sistemas de Saúde e Estatística. É Diretor do Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC), Coordenador do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), Membro fundador do Capítulo IberoAmericano da International Society of Quality of Life (ISOQOL) e Coordenador do Mestrado em Gestão e Economia da Saúde e da Pós-graduação em Economia e Gestão nas Organizações de Saúde da FEUC. Tem diversos trabalhos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, assim como alguns livros.
Patrícia Antunes licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (2006), realizou a Pós-Graduação em Gestão e Organização dos Cuidados de Saúde Primários na Escola Nacional de Saúde Pública – Universidade Nova de Lisboa (2008) e obteve o Mestrado em Gestão e Economia da Saúde pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (2010). Exerce funções como Técnica Superior no Departamento de Contratualização – Cuidados de Saúde Primários da Administração Regional de Saúde do Centro. É investigadora no Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC) e colaboradora, desde 2008, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS). Tem um livro publicado na área da avaliação da satisfação dos utilizadores dos cuidados de saúde primários.
PAP0581 - A participação política de organizações da sociedade civil de Salvador-Bahia: possibilidades e barreiras para a articulação entre democracia respresentativa e democracia participativa
A compreensão de participação política vem sendo pressionada tanto por discussões teóricas, que defendem o desenvolvimento da democracia pelo aprofundamento da participação, quanto por deficiências crescentes dos poderes públicos no atendimento das necessidades sociais. Em decorrência, práticas participativas que buscam articular a democracia representativa e a democracia participativa têm estado cada vez mais presentes na atuação de organizações da sociedade civil, embora persistam barreiras para essa articulação. Como um agir eminentemente coletivo, a política democrática tem encontrado em associações voluntárias da sociedade espaços privilegiados para a interlocução, discussão e apoio para causas de interesse público. A partir desse contexto, este trabalho é norteado pelos seguintes objetivos: 1) Conhecer as formas de participação política praticadas por organizações da sociedade civil de Salvador-Bahia-Brasil; 2) Verificar se essas formas de participação procuram articular-se com procedimentos da democracia representativa. Os procedimentos metodológicos envolvem levantamento bibliográfico sobre os temas que permeiam o trabalho e entrevistas com gestores de 44 organizações da sociedade civil em Salvador. Os principais resultados apontam que: (a) dentre as principais formas de participação política encontram-se aquelas alinhadas com os conceitos da chamada democracia deliberativa; (b) há mudanças nas formas de participação política das organizações, principalmente no sentido do incremento e variedade com que se manifestam; (c) as organizações procuram um trabalho separado dos políticos, mas não defendem a supremacia da participação direta; antes, pretendem o aprimoramento da representação, a qualificação dos representantes e do eleitorado. Participação política hoje, portanto, é um conceito em evolução, que passa pela escolha de representantes, mas que vem aglutinando novas e variadas formas de participação.
- BORGES, Jussara
PAP0565 - A participação política dos evangélicos brasileiros
A presente comunicação busca analisar a presença políticas dos evangélicos brasileiros, algo facilmente perceptível depois do período de redemocratização do país, ocorrida após 1985. Dentro da perspectiva de análise, a ampliação da representatividade política do referido grupo religioso está dentro da ótica do chamado “voto evangélico”, dentro da ideia de que “irmão vota em irmão”, instrumentalizando-o como uma estratégia de angariar votos dentro desse segmento. Além disso, o uso de lideranças carismáticas que ofereçam candidaturas, o uso do púlpito para o apoio oficial de algumas denominações evangélicas em prol de um determinado candidato escolhido pela cúpula eclesiástica, a possibilidade de conseguir novas concessões públicas de rádios e TV, a participação de colocarem as propostas morais para a sociedade em temáticas como homossexualismo, eutanásia e aborto, a busca de ocupação dos espaços públicos, como por exemplo, a “Marcha para Jesus” organizada pela Igreja Renascer em Cristo, o aumento tanto em números absolutos quanto percentuais dos evangélicos nas duas últimas décadas (fenômeno chamado por Magaldi Cunha de “explosão gospel”) formam um conjunto de fatores que trouxeram os evangélicos para dentro da cenário político. Rompe-se assim, ao menos em parte, a mentalidade de que o evangélico ou o crente não se mete em política porque isso faz parte “do mundo”, ou seja do pecado, e como os cristãos são separados por Deus, nessa teologia, as preocupações do cristianismo seriam apenas no mundo transcendental ou espiritual e não no mundo terreno. A expressão “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” reforça essa ideia. Neste sentido, a influência dos grupos pentecostais e principalmente dos neopentecostais com a teologia da prosperidade com a ênfase na prosperidade financeira e na saúde está fazendo uma leitura que a prosperidade do Brasil enquanto nação passa pela ocupação da maior quantidade de cargos públicos como forma de cristianizar o seu povo e as esferas estatais.
- PAEGLE, Eduardo Guilherme de Moura

Eduardo Guilherme de Moura Paegle é graduado e mestre em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na qual, atualmente é doutorando por esta universidade no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. Atualmente tem uma bolsa de estudo da CAPES (governo brasileiro) no ISCTE\IUL por quatro meses em Lisboa. Sua área de interesse é sobre os evangélicos brasileiros, relações da religião com a política e mercado, o trânsito e o transnacionalismo religioso, e as interfaces entre fé e performance. Seu tema de tese de doutorado é "A 'mcdonaldizaçã' da fé. O culto como espetáculo entre os evangélicos brasileiros." Estuda em Portugal, igrejas neopentecostais de origem brasileira para verificar o fenômeno de transnacionalismo religioso, de como as igrejas brasileiras se adaptam em contextos diferentes das suas origens.
PAP0931 - A política ambiental brasileira e a Amazônia: contradições e interesses
A crescente demanda por politicas de proteção ambiental é uma decorrência das alterações climáticas e dos recursos limitados existentes no planeta. Porém, o dinamismo industrial exige uma vertiginosa demanda de matérias primas para alimentar sua produção. Neste cenário, regiões com vastas riquezas tornam-se alvo direto de predações do capital econômico. Por outro lado, a Amazônia centra-se como recurso único da humanidade e fator de equilíbrio ecológico de todo o globo e uma degradação de tal sistema poderia trazer impactos devastadores a diversas regiões do globo.
Acima disto, não se trata somente de falar sobre a floresta em si, mas de todo um ecossistema único e que esconde recursos dos mais diversos para a humanidade. É afetada também toda uma população que reside nessa área, seja ela nativa ou ribeirinha, que depende diretamente do extrativismo para a sobrevivência. Esse conflito entre interesses e a garantia dos direitos do cidadão que vive na floresta tem como resultado o desmando, a ingerência e mesmo o massacre de povos e comunidades que além de viverem na Amazônia, sempre foram seus guardiões indiretos.
Em alguns anos, pode mostrar claramente qual o real detentor de decisões nessa área no Brasil, se o governo público que deve zelar pelo patrimônio natural e pelos cidadãos, ou as empresas e seus proprietários que buscam explorar da forma que melhor lhe convier tais riquezas.
- CAMPOS, Rogério Pereira de
PAP0660 - A prescrição de antidepressivos e calmantes: um estudo de caso sobre ideologias terapêuticas na prática clínica de Médicos de Família e Psiquiatras
A depressão é apontada como uma das principais causas de adoecimento nas sociedades ocidentais, prevendo-se que, em 2020, constitua a principal causa de morbilidade nos países desenvolvidos. O aumento da incidência desta patologia é acompanhado pela larga prescrição de psicofármacos em todo o mundo, sendo que em Portugal foram o 2º subgrupo farmacoterapêutico com maiores encargos financeiros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), em 2009. Levantam-se então questões prementes em termos de saúde pública, da prestação de cuidados de saúde e da sustentabilidade do SNS.
Assim, realizou-se um estudo de caso, com recurso a entrevistas em profundidade, da prescrição de antidepressivos e calmantes na prática clínica de médicos de família e psiquiatras, especialidades que assistem este tipo de condições e de cujos discursos emergirá uma narrativa social sobre o modo como as sociedades contemporâneas gerem o sofrimento mental comum e sobre o lugar que os médicos ocupam neste processo de gestão.
É a nossa tese de que estaremos perante uma expansão do fenómeno da medicalização às dimensões psicológicas do indivíduo, através da farmacologização de situações de sofrimento mental que antes não constituíam objecto de gestão médica - como a tristeza ou o nervosismo. Esta psicomedicalização do indivíduo prender-se-á com a manutenção de ideologias terapêuticas centradas na biologização e normalização do comportamento individual, culminando no desenvolvimento da farmacologia como principal meio de gestão e tratamento da doença. Esta matriz cultural coloca igualmente um grande enfoque na prevenção e controle da doença, o que legitimará a medicalização e farmacologização destas situações “de fronteira” sob pena de que evoluam para estados verdadeiramente patológicos, e justificando o papel emergente dos médicos de família na manutenção da saúde mental e a incrementação do papel tradicional dos psiquiatras enquanto especialistas dedicados à doença mental.
Esta comunicação tem assim como objectivo divulgar os principais resultados deste estudo de caso, discutindo os contributos possíveis a uma reflexão teórica, sociologicamente fundada, sobre a prescrição de antidepressivos e calmantes pelos médicos que as prescrevem e, como tal, principais agentes das ideologias que sustentam o consumo deste tipo de fármacos na gestão de um determinado tipo de sofrimento psicológico.
- ZÓZIMO, Joana

Joana Zózimo, membro do SOCIUS-ISEG e assistente de investigação no CIES-ISCTE, Licenciada em Sociologia e Mestre em Sociologia da Saúde pelo ISCTE-IUL, interessa-se pelos fenómenos de farmacologização e medicalização da sociedade, especialmente no que se refere às suas implicações no tratamento de doenças psiquiátricas.
PAP0257 - A presença do dialeto de contacto nas migrações entre Portugal e França: análise de uma seleção de obras literárias contemporâneas
Estudaremos, a partir de uma seleção de obras literárias portuguesas, as manifestações bilingues das personagens, todas emigrantes em França. Debruçar-nos-emos sobre as interferências e influências presentes nos seus discursos, não só na segunda língua (o francês) como também na primeira língua (o português).
Interessar-nos-emos nas repercussões que estes emigrantes, locutores de língua portuguesa, sofreram ao entrar em contacto com outro país e outra língua. De facto, a voz das personagens, emigrantes portuguesas em França, caracteriza-se através de uma linguagem única, misturando e/ou alternando elementos morfo-sintácticos, semânticos e lexicais das línguas portuguesa e francesa. Segundo Grosjean & Py (1991), existe uma reestruturação da competência da primeira língua quando os emigrantes estão em contacto prolongado com a língua do país de acolhimento. A primeira língua dos emigrantes é influenciada pela segunda língua a todos os níveis. Os estudos relativos ao contacto das línguas reforçam a hipótese de que estas mudanças não são idiossincrásicas mas sim marcas constitutivas desta comunidade, as variações acabando por integrar a língua dos emigrantes. As manifestações que caracterizam o que se pode chamar de “interlíngua dos imigrantes”, “immigrant speech” ou “dialeto de contacto” (segundo as várias teorias) são de ordem distinta. O indivíduo bilingue dispõe de dois sistemas morfo-sintácicos que pode empregar de maneira alternada ou misturada no seu discurso.
O contexto do nosso corpus relaciona-se portanto, com o contacto das línguas através da emigração das personagens, emigração que se opera a vários níveis: geográfico, social e linguístico. Tendo em conta que a sua produção linguística é fortemente híbrida, identidade e alteridade coabitam no seu discurso.
Sustentaremos a nossa análise a partir de estudos e conceitos desenvolvidos, entre outros, por Milroy & Muysken (1995), Heine (2005) e Bhatia & Ritchie (2006).
CLÍMACO, Nita (1967): A salto. Lisboa: edição da autora.
GONÇALVES, Olga (1978): Este verão o emigrante là-bas. Lisboa: Livraria Bertrand.
LEHNING, Maria João (2003): D’acordo. Lisboa: Editorial Presença.
FERREIRA, José Pardete (2007): Paris – ir e voltar. Lisboa: Prefácio.
- SIMÕES, Isabelle
PAP0325 - A produção de conhecimento nos think tanks brasileiros: ciência, tecnologia e inovação segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (1994-2010)
Investigar a expertise como instrumento balizador do planejamento é explorar a dimensão da autoridade epistemológica na definição de políticas públicas. No campo da Sociologia da Ciência, tais estudos investigam os desdobramentos da tecnização sobre a política e exploram questões relativas à natureza e impactos da autoridade delegada aos peritos em situações de controvérsia científico-tecnológica, assessoramento na avaliação e comunicação de riscos, construção de marcos regulatórios para tecnologias emergentes etc. Porém, são escassos os estudos sobre a expertise que legitima a construção da política quando esta advêm das Ciências Humanas ou Sociais e não das Ciências “Duras”. Neste sentido, justifica-se a proposição de estudos que tenham por objetivo a investigação da natureza e impactos da atuação dos think tanks, instituições que operam na fronteira entre o mundo acadêmico e a esfera governamental, praticando uma complexa mistura entre pesquisa e advocacy. Trata-se de um lócus privilegiado de fazer política, em que a disputa pelo poder se dá no campo das idéias. Se as ideias importam, o estudo dos think tanks é igualmente importante porque estas são as instituições que ajudam a propagá-las. Este trabalho explora a relação entre expertise, planejamento e políticas públicas, através da análise de textos produzidos por um think tank brasileiro em atividade há 47 anos, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), fundação vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Como tal, guiou-se pelas seguintes questões: quais o elementos que caracterizam o conhecimento institucionalizado do IPEA no campo da política de ciência, tecnologia e inovação? O que a análise retrospectiva desta produção bibliográfica revela sobre a trajetória do pensamento econômico e social do instituto, neste domínio? A escolha do IPEA relaciona-se a três razões. A primeira refere-se à natureza desta organização, que confere ao instituto uma posição singular em sua atuação tanto acadêmica, quanto de Estado. A segunda razão deriva da primeira: como instituição que esteve organicamente vinculada ao poder desde seu nascimento, o IPEA revela em suas páginas grande parte da história das concepções de desenvolvimento que nortearam a formulação de políticas no Brasil. A terceira razão é o caráter contínuo e sistemático da sua geração de produtos de pesquisas. O referencial teórico apoia-se na articulação de conceitos da Sociologia da Ciência e da Teoria Política. A metodologia combinou pesquisa de campo e a análise bibliométrica da produção bibliográfica do IPEA na área de Ciência, Tecnologia e Inovação, publicada entre 1994 e 2010. O exame das publicações revelou: a continuidade e descontinuidade de temas; prioridades de pesquisa; referenciais teóricos e abordagens diciplinares hegemônicas; tipos de estudo mais frequentes e perfil dos autores.
- DIAS RIGOLIN, Camila
- HAYASHI, Maria Cristina.
PAP0707 - A profissionalidade docente e as reformas no ensino público: discursos sindicais e associativos
Desde 2006 até ao presente, o sistema público de ensino português transfigurou-se em resultado de medidas de reforma implementadas por sucessivos governos: a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) e o novo Modelo de Gestão Escolar constituem, por excelência, as medidas de política neste domínio que mais conflitos geraram, uma vez que introduziram mudanças profundas nas relações de emprego e na carreira dos professores, bem como nos poderes da profissão docente relativos às direcções escolares. A recente proposta de Reforma Curricular, surgida agora num contexto de austeridade, promete também despertar novos conflitos. Nesta comunicação, tratamos os sindicatos e associações profissionais como veículos de discurso identitário. Nesta linha, procuramos identificar os modelos de profissionalidade docente veiculados, implícita ou explicitamente, nos discursos ideológicos e estratégicos das associações sindicais e profissionais dos professores através da análise das suas reacções às medidas de reforma referidas. O trabalho basear-se-á numa leitura compreensiva e criteriosa e análise de conteúdo de várias formas de comunicação discursiva (comunicados, pareceres, notas de imprensa) de uma amostra das principais associações sindicais e profissionais dos professores (Federação Nacional dos Professores, Federação Nacional da Educação e a Associação Nacional de Professores) com o objectivo de deslindar elementos de discurso identitário revelados pelas tomadas de posição formais aos três momentos de reforma educativa elencados e de reconstruir os eixos e dimensões dos modelos de profissionalidade docente veiculados. Procurar-se-á em adição demonstrar a continuidade e descontinuidade dos discursos internos destas associações e a convergência e divergência entre elas em relação aos diversos momentos de reforma. Assim o trabalho conclui-se com uma reflexão sobre a especificidade funcional dos tipos de associação laboral e profissional dos professores em relação à construção de modelos de identidade profissional.
- STOLEROFF, Alan
- RODRIGUES, Daniel Alves e Leila
PAP0908 - A proximidade institucionalizada? O serviço social hospitalar com seropositivos
O texto que apresentamos espelha o início de uma pesquisa sobre o serviço social hospitalar, especificamente sobre o serviço social no departamento das doenças infecto-contagiosas, isto é, no VIH/SIDA. O serviço social emerge enquanto medida de apoio e suporte em várias áreas, desde a saúde à educação, sem que para tal exista uma formação académica que suporte a diversidade deste perfil profissional. É com base nesta diversidade profissional que nos debruçamos sobre o VIH/SIDA. O assistente social integra uma equipa composta por diversos profissionais, desde médicos, fisioterapeutas ou nutricionistas, desempenhando o papel do profissional mais próximo do seropositivo. Para estudarmos esta relação entre o assistente social e o seropositivo, baseamo-nos na teoria interaccionista de Erving Goffman, em particular sobre os quadros de interacção descritos pelo autor. A interacção é estudada segundo as formas de identificação do seropositivo, pelo assistente social, caracterizando assim, o grau de proximidade. Abordamos a identificação individual e a identificação categorial, tendo em consideração os normativos que regulam a prática dos assistentes sociais na área do VIH/SIDA. É nestes normativos que surgem os indícios duma proximidade institucional, criada pelo assistente social. A nossa pesquisa atende à acção do assistente social como meio de caracterização da proximidade instituída entre este e o seropositivo. Uma acção instrumental caracterizada pela influência das decisões médicas, onde a biomedicina prevalece sobre a singularidade de cada seropositivo e uma acção baseada nos problemas sociais, retratando as particularidades de cada indivíduo. Estas duas formas de envolvimento na acção e por conseguinte, de interacção, segundo os quadros de Erving Goffman, permitem-nos descrever, um tipo de proximidade que se caracteriza pelas directrizes de saúde pública, e em particular, sobre a prevenção do VIH/SIDA. A pesquisa é desenvolvida em dois hospitais públicos, na região de Lisboa e Vale do Tejo. A metodologia de investigação que suporta este artigo conciste nas entrevistas realizadas aos assistentes sociais destes hospitais, bem como nas políticas de saúde, sobre a prevenção e controlo do VIH/SIDA
PAP0466 - A reconfiguração da proteção do conhecimento na Era da Sociedade da Informação: debates no cenário internacional
Este trabalho tem por objetivo analisar os debates e controvérsias sobre o sistema de proteção do conhecimento observados nos foros de discussões de organizações internacionais tais como a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (UNESCO).
O sistema de proteção do conhecimento, baseado no direito da propriedade intelectual, vem passando por uma crise de significado no contexto da sociedade da informação.
As novas tecnologias de informação e comunicação permitem novas formas de produzir e difundir o conhecimento, desafiando os mecanismos tradicionais de proteção e difusão da produção intelectual. O movimento Open Access é um exemplo da busca pela adaptação da difusão e proteção do conhecimento às estas novas tecnologias.
O tema torna-se mais controverso na medida em que o conhecimento e a criatividade tornam-se o centro da economia global. Desta forma, a economia do conhecimento está relacionada com o capitalismo informacional. Os desdobramentos desta nova economia influenciam tanto as políticas públicas dos países quanto a política internacional, tornando-se um tema estratégico nas agendas de discussões e negociações entre os Estados.
A proposta teórica do trabalho é analisar o desenvolvimento da chamada economia da informação, sob a visão da Sociologia do Conhecimento. Autores como Bourdieu, que analisa a contradição existente entre o campo de produção intelectual e artístico e a lógica da economia capitalista, oferecem visões que auxiliam na compreensão deste momento de transição e reconstrução.
O estudo utilizará o método de direito comparado para realizar uma análise dos diferentes documentos normativos internacionais sobre a proteção da propriedade intelectual. Após esta análise será realizada uma contraposição entre o quadro normativo das organizações internacionais selecionadas e os atuais debates sobre a proteção da propriedade intelectual, com o objetivo de analisar seus efeitos para a proteção, circulação e acesso ao conhecimento.
Embora o momento seja de crise de significado e muitas perguntas estão em suspenso, é importante a observação destes debates que podem influenciar a elaboração de um novo sistema de proteção do conhecimento.
Esta crise reflete diretamente nos campos da construção do conhecimento e inovação, que também levantam questionamentos e, assim, passam por momentos de reflexão importantes para os desdobramentos futuros.
- BARACAT, Alyssa Cecilia
PAP0425 - A reconfiguração do ensino secundário: a introdução dos cursos profissionais nas escolas públicas e a diversificação de públicos escolares
O presente texto surge no âmbito da tese de doutoramento, em início, sobre a introdução do ensino profissional nas escolas públicas.
Num contexto de um ensino secundário caracterizado por vários problemas e bloqueios, como sucedeu, em Portugal, durante todo o século XX e nos primeiros anos do século XXI, importa identificar e compreender o contributo desta medida para a reconfiguração do sistema de ensino e para a resolução desses problemas, designadamente para a melhoria do aproveitamento escolar e para a maior diversificação da oferta educativa, aspecto há muito identificado pelas instituições internacionais como um dos principais bloqueios ao aumento de alunos a frequentar e concluir o ensino secundário, respondendo desse modo às expectativas e aspirações de públicos escolares diferenciados, promovendo maior igualdade de oportunidades.
Em Portugal a expansão do ensino instituiu-se apenas nos anos 70, com a reforma Veiga Simão. O aumento de alunos a frequentar o sistema educativo, a partir de então, resultou num quadro de uma acentuada desigualdade escolar. Por essa razão, realizaram-se estudos empíricos que apontavam a escola como uma instituição que, ao contrário de esbater as desigualdades sociais, as reforçava. É neste contexto que surge o papel da escola como elemento reprodutor das estruturas sociais (Bourdieu e Passeron, 1970; Sebastião, 2009; Seabra, 2009), sendo o ensino técnico-profissional um exemplo crítico dessa realidade, pelo facto de os alunos que o frequentam estarem associados a trajectórias escolares e sociais desfavoráveis (Grácio, 1986; Martins et. al, 2005; Madeira, 2006; Cruzeiro e Antunes, 1978; Silva 1999).
Se a dualização do ensino secundário foi sendo proclamada como a geradora das desigualdades escolares, a sua posterior unificação não resultou em diferenças substanciais. Traduziu-se antes, numa licealização do ensino secundário, promotora do abandono e insucesso escolares, prejudicando fortemente os alunos de origens sociais populares (Azevedo, 1994; Amado, 1998).
Neste quadro, e tendo por base a medida de política pública em estudo pretende-se fazer uma reflexão preliminar acerca do impacto da generalização dos cursos profissionais nas escolas secundárias, na promoção de uma maior diversidade de públicos escolares, considerando a hipótese de que o aumento do ensino profissional poderá resultar numa maior heterogeneidade de perfis de procura desses cursos.
Para tal mobiliza-se uma metodologia extensiva, analisando os dados resultantes de um inquérito por questionário aplicado a uma amostra representativa de alunos de onze escolas secundárias, no ano lectivo 2010/2011, situadas em diferentes regiões do país, permitindo analisar a trajectória escolar e a origem social desses alunos, comparando-os com a realidade do ensino profissional a nível nacional, designadamente com recurso aos dados estatísticos disponibilizados pelo GEPE.
- DUARTE, Alexandra

Alexandra Duarte é licenciada e mestre em Sociologia e doutoranda em Políticas Públicas pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Recentemente obteve bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, sendo o CIES-IUL a sua instituição de acolhimento. Tem participado em vários projectos de investigação no mesmo centro de investigação nas temáticas do trabalho, emprego, sociedade da informação e conhecimento e mais recentemente em educação e políticas públicas.
PAP0646 - A reconstrução identitária nos jovens institucionalizados em Centro Educativo
A delinquência juvenil e as questões sobre reinserção social têm assumido um papel de destaque nas agendas políticas de vários governos, ao longo dos tempos, tanto em Portugal como em vários outros países. Esta investigação, resultante de um trabalho de mestrado, aborda o fenómeno da delinquência juvenil e as questões da reconstrução identitária, incidindo sobre os jovens institucionalizados no Centro Educativo de Santo António. A investigação foi desenvolvida em duas fases: numa primeira fase exploratória, procedeu-se à consulta dos dossiers tutelares de forma a aceder ao perfil biográfico dos jovens institucionalizados; numa segunda fase analisaram-se os discursos dos próprios jovens delinquentes, através da realização de entrevistas semi-estruturadas. O objectivo principal foi perceber as continuidades e as descontinuidades entre as visões projetadas pela instituição e as representações sociais construídas pelos próprios indivíduos que são alvo dos processos de normalização e de educação para o direito. Uma vez que o objectivo da medida de internamento é atingir a normalização, apagando as dissemelhanças entre o mundo “normal” e o mundo da delinquência, importa perceber se de facto os jovens adquiriram normas, valores e comportamentos em moldes considerados aceitáveis pelo sistema de justiça. Pela análise dos discursos obtidos pelos jovens em situação de entrevista, fica aqui uma interrogação: se de facto eles construíram mesmo as mudanças previstas na lei e operacionalizadas pelos programas “terapunitivos” das instituições ou se apenas as referem numa atitude de conformidade “temporária”. Por agora o que se sabe é que os jovens manifestam o desejo de deixar o Centro Educativo. Assim, procuram comportar-se no dia-a-dia de modo a não atrasar o momento da saída. Após este período fica tudo em aberto admitindo-se a hipótese de regresso a uma carreira delinquente.
- SILVA, Adriana

- MACHADO, Helena

Adriana Silva é licenciada e mestre em Sociologia pela Universidade do Minho desde 2009. Entre 2010 e 2011 foi bolseira de investigação em dois projetos de investigação coordenados pela Doutora Helena Machado. Desde janeiro é doutoranda no Centro de Investigação em Ciências Sociais na Universidade do Minho com um projeto de doutoramento intitulado “Envelhecer na Prisão: Processos identitários, vivências prisionais e expectativas de reinserção por reclusos idosos”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Os seus interesses de investigação incidem principalmente sobre os estudos prisionais, envelhecimento e género.
Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
PAP1175 - A reestruturação dos anos 1990 e o perfil do trabalhador bancário no Banco do Brasil
Durante os anos 1990, os bancos públicos brasileiros sofreram processos complexos e intensos de reestruturação capitalista, com profundas conseqüências para os processos e os espaços de trabalho, afetando particularmente o perfil da categoria bancária. No Banco do Brasil a reestruturação teve seu momento decisivo entre 1994 e 1997, envolvendo inovações e mudanças tecnológicas, institucionais, organizacionais, discursivas, no perfil bancário e nos modos de gestão e contratação da força de trabalho. As análises aqui desenvolvidas foram geradas a partir de observação direta e participante, da análise de documentos bancários e sindicais e da realização de entrevistas semi-estruturadas e coleta de depoimentos informais. O foco do texto é o debate sobre a reconfiguração do perfil do trabalhador bancário no Banco do Brasil a partir da reestruturação. Para tanto, apresenta-se a evolução do capital e do trabalho no Banco do Brasil, evidenciando a transição do trabalho de ofício para o taylorismo, a emergência do fordismo como forma de regulação do trabalho e a industrialização do trabalho bancário. Em seguida, expondo a transição da estabilidade para a empregabilidade, discutem-se a heterogeneização e fragmentação do trabalhador, a emergência do bancário-vendedor, a multifuncionalidade, a competitividade e a segmentação no atendimento aos clientes. Para finalizar, avaliando que as mudanças recriaram as formas de exploração e subordinação do trabalho ao capital e os modos de equacionamento dos conflitos nos processos e locais de trabalho, são apresentadas duas conclusões sobre os significados da reestruturação. Em primeiro lugar, a partir de referenciais de Antonio Gramsci, caracterizando a reestruturação como parte de um longo processo de evolução das relações, processos e tecnologias capitalistas no Banco do Brasil, evidencia-se o seu sentido de recriação da hegemonia do capital sobre o trabalho. Para tanto, apresentam-se dimensões materiais e imateriais e reflete-se sobre as articulações entre coerção e consenso que compõem diferentes momentos e faces da reestruturação. Em segundo lugar, e a partir da teoria sociológica de Pierre Bourdieu, evidencia-se a reestruturação enquanto um processo de recriação do espaço social do capital e do trabalho, entendido este enquanto um campo onde convivem e interagem agentes sociais com posições, trajetórias, capitais e disposições sociais distintas e processualmente constituídas.
- MACHADO, Eduardo Gomes
PAP1569 - A reestruturação dos mercados e dos regimes de bem-estar - Impactos nas posições de mulheres e homens no regime de cidadania em Portugal
Tudo leva a crer estarmos numa nova fase do capitalismo global que promove uma forma diferente de conexão entre mercados, política e direitos. Nesta apresentação, discutirei o impacto das políticas em curso sobre as desigualdades entre homens e mulheres, nos regimes de cidadania e de “género” (Jenson, 2007), à luz da reestruturação dos mercados e dos regimes de bem-estar social. A resposta dos governos nacionais à crise engloba cortes de salário e congelamentos de carreira do funcionalismo público, desregulamentação das relações de trabalho, facilitando a mobilidade do trabalho, nos sectores público e privado, de flexibilização dos despedimento e alongamento do horário de trabalho, e cortes na despesa com a protecção social. As mulheres são alvos potenciais para os piores efeitos dessas políticas – menos protegidas pelas representações sociais; ocupando empregos menos qualificados e mais facilmente despedidas nesta fase do ciclo da crise; constituindo a maioria do funcionalismo público e da população recipiente dos subsídios sociais; são, também, o alvo menos provável do investimento no sector tecnológico de emprego, o mais conceituado como sendo aquele que melhor garante a saída da crise. As políticas de emprego e de proteção social postas em prática desde 2008 até ao presente serão objeto de análise na apresentação que me proponho realizar para averiguar até que ponto são re/produtoras de desigualdades sociais e sexuais. Defenderei a tese de que estas "novas" políticas sociais e de emprego nos trarão de volta ao “velho” regime de bem-estar da Europa do Sul, em que a família retoma a sua centralidade. Na análise serão mobilizados os contributos para este debate que têm sido disponibilizados, entre outros/as por Bauman (2010), Beck (2011), Rubery (2011), Smith (2009) e Somers (2008).
- FERREIRA, Virgínia
PAP0589 - A reflexividade como atitude fundamental do processo de investigação
O reconhecimento da importância e da riqueza heurística das explorações disponíveis no campo das ciências sociais contemporâneas, constitui o lugar a partir do qual a autora procura discutir, de modo reflexivo e crítico, aspetos fundamentais da investigação qualitativa. Caracterizada como campo interdisciplinar, transdisciplinar e, algumas vezes, contra disciplinar, a investigação qualitativa é transversal às humanidades, às ciências sociais e às ciências físicas sendo, deste modo, multiparadigmática. Se, por um lado, a investigação qualitativa reflete, em resultado de diversas convergências históricas, entusiasmo, criatividade, fermento intelectual e ação; por outro lado, reflete também um locus de divergências que assentam, sobretudo, na natureza das crenças que fundamentam os desenhos da investigação que ativam posições céticas desafiadoras e mobilizadoras de resistências várias. A investigação qualitativa abarca simultaneamente duas grandes linhas de tensão: por um lado, a atração por uma sensibilidade interpretativa, pós-experimental, pós-moderna, pós-colonial, feminista e crítica; por outro lado, o inscriptio em conceções positivistas, pós-positivistas, humanistas e naturalistas da experiência humana. É a partir da identificação e análise dessas fraturas que a autora procura discutir os princípios subjacentes a dois lugares específicos de controvérsia na investigação qualitativa: a legitimidade (ou validade) e a representação. Neste particular, o Outro, a representação desse Outro e a autoridade que os investigadores reivindicam para os mundos (os textos) que constroem (a legitimação) constituem aspetos-chave dessas controvérsias. Finalmente, esta discussão é fundamentada na importância primordial que a autora atribui à investigação como processo relacional no qual a reflexividade é a atitude fundamental para a sua realização.
- FARATE, Regina Tralhão

Regina Cláudia da Conceição Tralhão-Farate
Afiliação: Instituto de Filosofia da Universidade do Porto
Área de Formação: Serviço Social/Sociologia/Filosofia
Interesses de Investigação: Metodologias qualitativas de investigação/Epistemologia/Fenomenologia Hermenêutica/Ética
PAP0073 - A relação governo-universidade-empresa: o caso do “Green Island Project” no Programa MIT-Portugal
As universidades
portuguesas estão a
atravessar um
período de
transformação e de
redefinição do modo
como se relacionam
com a sociedade.
Inseridas num
contexto global, às
universidades é
exigido um papel
activo na promoção
do desenvolvimento
económico, uma nova
missão a acrescentar
ao ensino e à
investigação.
Perante este
desafio, em 2006 foi
lançado o Programa
MIT-Portugal, uma
parceria de 5 anos
que pretendia tornar
as universidades
portuguesas mais
dinâmicas e
empreendedoras. O
Programa propôs-se a
aproveitar a
experiência do
Massachussets
Institute of
Technology (MIT)
para promover
mudanças nas áreas
da investigação, da
formação e do
empreendedorismo e
inovação – esta
última sobretudo
através da promoção
das relações
governo-universidade-empresa,
tendo em conta o
modelo teórico da
“tripla hélice”.
Perante este
enquadramento, serão
apresentadas as
conclusões de um
estudo de caso sobre
o “Green Island
Project” (GIP),
realizado no âmbito
do projecto - “As
Parcerias
Internacionais em
Portugal: uma
análise do impacto
das redes
científicas na
sociedade do
conhecimento”.
O GIP foi um
projecto inserido no
Programa
MIT-Portugal, que
teve como objectivo
o desenvolvimento de
uma estratégia
energética
sustentável para os
Açores. Incluiu um
consórcio
multidisciplinar com
universidades,
empresas e
estruturas
governamentais. As
conclusões a
apresentar serão
baseadas em cerca de
20 entrevistas aos
principais actores
deste projecto,
incluindo
investigadores,
empresários e
decisores políticos,
procurando
caracterizar as
relações
estabelecidas entre
eles, os métodos de
trabalho e
colaboração ao longo
da implementação do
GIP,, quer do ponto
de vista do projecto
em si, quer do ponto
de vista da
sustentabilidade das
relações
governo-universidade-empresa
entretanto
estabelecidas.
- DURÃO, Rui

- PATRÍCIO, Teresa

Rui Durão, originalmente professor de ciências naturais formado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é actualmente doutorando em Sociologia no CIES/ISCTE-IUL. Trabalhou vários anos como gestor de projectos na Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, onde desenvolveu um particular interesse sobre os modelos de organização dos sistemas científicos, sobre a sua relação com a sociedade, e sobre o papel das políticas públicas no desenvolvimento científico, social e económico.
Maria Teresa Patrício, é Professora Associada na Escola de Sociologia e Políticas Públicas do ISCTE-IUL e é Investigadora no CIES-IUL. Obteve o seu doutoramento na Rutgers University como "Fulbright scholar". Foi Presidente do CIES entre 1992 e 1993, e esteve na criação do Observatório da Ciência e da Tecnologia. Entre 1997 e 2002 foi vice-presidente do Instituto de Cooperação Cientifica e Tecnológica Internacional. Está neste momento a desenvolver um projecto de investigação sobre "As Parcerias Internacionais em Portugal: uma análise do impacto das redes científicas na sociedade do conhecimento".
PAP0109 - A religião como metonímia dos processos sociais: um estudo a partir do Brasil e de Portugal
Nesta tese serão discutidas as principais interseções entre a expansão do pentecostalismo protestante e as culturas locais que são alvo de sua ação evangelizadora. Mais especificamente, pretendemos demonstrar, a partir de estudos realizados em algumas regiões do estado de Minas Gerais e Norte de Portugal, de que forma certas conformações culturais mostram-se extremamente refratárias à implantação e limitam o crescimento das igrejas pentecostais. Nesse sentido, procuramos relativizar algumas vertentes teóricas que têm sido chamadas de “paradigma da escolha racional em religião”, que em um salto para fora da teoria sociológica de entendimento da religião busca na Economia seus principais fundamentos. De forma diversa, nesta tese defender-se-á que processos histórico-estruturais influenciam a demanda por religião e que a produção e principalmente o consumo dos bens religiosos estão imersos nas relações sociais face-a-face. Desta maneira, não acreditamos serem as regulações estatais a principal variável quando se trata de diversidade religiosa. Outrossim, pensamos que este papel cabe às relações societais, que limitam e regulam o trânsito dos indivíduos entre as denominações religiosas.
- JUNIOR, Paulo Gracino
PAP0464 - A religião como sistema cultural: uma compreensão a partir de novos movimentos eclesiais
O presente trabalho é uma abordagem sobre a “religião como um sistema cultural” definido por Geertz ao tratar o tema da religião na sua obra “Interpretação das Culturas”. A partir daí, procuro identificar como, a religião da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) vai modificar sua atuação no mundo para possibilitar a participação dos leigos nas suas estruturas, principalmente como necessidade de permanecer formulando a concepção de vida no mundo.
A exposição que trago me leva, então, corroborar com Geertz, por tratar que cada religião tem sua particularidade, assegurando que os estudos no campo da religião, foram dominados e reproduzidos de acordo com a tradição das discussões iniciadas por “Durkheim sobre natureza do sagrado, a metodologia Verstehenden de Weber, o paralelo de Freud entre rituais coletivos e a exploração feita por Malinowski, sobre a diferença entre religião e senso comum”. Onde “esse é o ponto de partida para todo estudo da antropologia da religião”. Aponta, ainda, que “para ir, além disso, é preciso um contexto mais amplo do pensamento contemporâneo do que elas abrangem”.
Seguindo a orientação de Geertz, aproximo-me das abordagens sobre os estudos feitos a respeito dos NMEs e a mudança estrutural que os mesmos operam no seio da sociedade, a partir dessa compreensão do estudo antropológico da religião, principalmente, para entender como os fenômenos contemporâneos, decorrentes desses movimentos, têm se evidenciado no universo da ICAR, e possibilitando, talvez, um resignifcado do sentido dessa Religião no Brasil.
Para explicar tais modificações tomo como base de investigação os estudos de Benedetti e Maués (dois estudiosos da religião que fazem análise da atuação da ICAR na sociedade brasileira), principalmente, quando tratam dos Novos Movimentos Eclesiais (NMEs) da ICAR, desde o contexto em que surgiu, bem como, a concomitância de práticas tradicionais com modernas e, muitas vezes, de forma conservadora para adequação às transformações ocorridas na sociedade mundial.
Nesse sentido, tento demonstrar que a religião ao quebrar paradigma está modelando a cultura. Como exemplo, aponto os casos estudados em Campinas-SP por Benedetti; em Belém-PA por Maués; na Transamazônica-PA por Hébette e, as minhas impressões do que observei na ilha de Marajó-PA, local em que venho fazendo investigações. Assim, quis apresentar uma panorâmica das mudanças nas estruturas da ICAR e como ela se reflete na sociedade brasileira.
Os casos aqui estudados
- FERRÃO, Euzalina da Silva
PAP1165 - A representação da política portuguesa nas revistas de vida social
A actualidade política portuguesa - entendida neste caso como resultante da construção jornalística dos acontecimentos e dos representantes dos partidos políticos feita pelas revistas semanais de vida social - partilha do espaço concedido a outras figuras públicas sobretudo ligadas ao mundo do espectáculo. O artigo pretende questionar se a actual forma de representação dos políticos portugueses nas revistas de vida social (como figuras públicas em eventos privados - os políticos como pais, maridos, frequentadores de festas, protagonistas de idas ao teatro ou à discoteca), decorre de, ou expressa, uma crise das formas de discursividade moderna de publicitação do "político". Em contraponto, nomeadamente à forma de representação predominante na imprensa "de referência", onde os políticos aparecem como actores do universo político, no âmbito da sua actividade com impacto público.
Esta comunicação resulta de uma base de dados de artigos com presença de políticos portugueses publicados nas revistas sobre vida social (vulgo, "revistas cor-de-rosa") e que compõe uma amostra representativa das duas revistas semanais de vida social com maior circulação nacional: a Caras e a Nova Gente publicadas em 2007, um ano de eleições autárquicas intercalares em Lisboa e de 2010, ano de eleições presidenciais.
A comunicação apresentará algumas tendências sobre o tratamento jornalístico dado por estas publicações ao contexto político-partidário e questionará uma eventual crise da distinção moderna das esferas pública e privada.
- AFONSO, Bruna
- FERREIRA, Vanda

FERREIRA, Vanda
Licenciada em Ciências da Comunicação, variante Jornalismo, pós-graduada em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação e em Análise de Dados em Ciências Sociais
ISCTE/CIES – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
ferrvanda@gmail.com
PAP0836 - A resolução de conflitos fora dos tribunais judiciais. Um estudo comparado das justiças comunitárias nos centros urbanos de Lisboa e Maputo
Os estudos sobre a pluralidade da justiça reflectem, hoje, um longo percurso de reflexão teórica, bem como de evidências empíricas. Nas últimas décadas do século passado, ao mesmo tempo que se expandia a investigação académica nesta área, o judiciário enfrentava problemas de ineficiência e inacessibilidade e, em várias partes do globo, começaram a ser pensadas reformas que incluem a valorização e a criação de instâncias de resolução de conflitos extra-judiciais. Apesar dos desenvolvimentos da sociologia e da antropologia do direito, bem como dos novos caminhos apontados para a administração da justiça, as instâncias não judiciais nem sempre têm ocupado um lugar relevante nos debates e nas políticas. Na minha investigação, procuro conduzir as justiças comunitárias para o centro da discussão sobre o acesso à justiça. Nessa categoria de justiças, que agrega realidades muito diversas, estão incluídas as instâncias que privilegiam meios de resolução de conflitos diferentes dos que tradicionalmente são usados pelos tribunais judiciais. Centrada em trabalho de campo realizado nas cidades de Maputo e Lisboa, entre 2008 e 2011, exploro a diversidade de justiças comunitárias em ambos os espaços, discutindo o papel que desempenham na promoção ou no bloqueio do acesso à justiça.
Na base do meu trabalho, encontra-se um desafio lançado por Boaventura de Sousa Santos no âmbito do que designa por sociologia das ausências e das emergências, uma proposta epistemológica concebida contra o “desperdício da experiência”, isto é, contra o desconhecimento e a descredibilização da diversidade que existe no mundo. Partindo do conceito de “ecologia de saberes”, procuro desenvolver uma ecologia de justiças, confrontando a concepção liberal do direito e da justiça com a diversidade de direitos e de justiças que existem no terreno. A realidade é muitas vezes imprevisível, indo além do que estabelecem os códigos e os livros de história. Daí que o conceito de justiças comunitárias seja amplo e flexível. Procuro, desse modo, evitar a exclusão de formas de resolução de conflitos por não encaixarem num conceito limitado. Não procurei o exótico ou o tradicional, como também não me centrei em formas recentemente criadas. A minha categoria permite-me incluir novas e velhas justiças comunitárias.
O primeiro objectivo do trabalho empírico passou pelo mapeamento das justiças comunitárias que actuam nos dois espaços geográficos previamente definidos: os centros urbanos de Lisboa e Maputo. O passo seguinte foi estudar o trabalho das instâncias identificadas. A investigação exigiu, para além da realização de entrevistas, muitas horas de observação no interior de justiças comunitárias seleccionadas, bem como o recurso a uma grelha analítica com vista a analisar e comparar práticas.
- ARAÚJO, Sara
PAP0469 - A revista Ozono, camada a camada
Entre Outubro de 2000 e Fevereiro de 2003 foram publicados 18 números da Ozono - Revista de Ecologia, Sociedade e Conservação da Natureza.
Dirigida por Paulo Trancoso, ecologista politicamente empenhado e dirigente do Partido da Terra (MPT), a revista era impressa com tintas vegetais em papel reciclado e, ao longo de toda a sua publicação, foi acompanhada de cassetes de vídeo alusivas a temas ambientais, aproveitando o facto de a proprietária do título ser a distribuidora Costa do Castelo Filmes.
Nesta comunicação, propomo-nos abordar as várias camadas da revista, da capa, que destacava a «melhor ilustração portuguesa», à contracapa, que ora acolhia publicidade própria ou de anunciantes, ora incluía referências a campanhas cívicas.
Dessa abordagem constará a análise dos seguintes tópicos: a rubrica editorial “Buraco da Ozono”; a opção da revista por um jornalismo “ambientalmente comprometido”; as escolhas temáticas e ângulos de abordagem dos vários artigos; a diversidade de colaboradores e colunistas; a parceria com revistas de referência estrangeiras, como a The Ecologist, a World Watch e a Integral; as opções de design; a interacção com os leitores; e as limitações comerciais auto-impostas por motivos de coerência filosófica (ou seja, a selecção da publicidade com vista a incluir apenas anunciantes “amigos do ambiente”).
Não serão esquecidas questões relacionadas com a gestão do produto, como a tiragem, a colocação da revista em banca, a gestão da relação com os assinantes, a estratégia de diferenciação do título face à concorrência e a promoção da revista com vista à captação de um público mais alargado. Procuraremos também fazer o retrato do funcionamento interno da redacção e do departamento comercial, de modo a obter uma imagem o mais completa possível do projecto e compreender que razões levaram a que este se tornasse economicamente insustentável.
Esperamos deste modo contribuir para um mais profundo conhecimento de uma iniciativa editorial que marcou o início do século XXI no nicho das publicações portuguesas especializadas em temas ambientais.
- TEIXEIRA, Luís Humberto

- FREITAS, Helena de Sousa

Luís Humberto Teixeira nasceu em Setúbal em 1977, onde se licenciou em Comunicação Social (ESE-IPS). Enquanto jornalista, colaborou em órgãos locais, regionais, nacionais e internacionais, e é membro da organização do Festroia – Festival Internacional de Cinema de Setúbal desde 2005.
Mestre em Política Comparada (ICS-UL), efectuou diversos estudos sobre o sistema eleitoral português e escreveu os livros Reciclemos o Sistema Eleitoral! (2003) e Verdes Anos - História do Ecologismo em Portugal (2011).
Traduziu o livro A Tradição da Liberdade – Grandes obras do pensamento liberal (2010), do politólogo belga Corentin de Salle e, em 2011, escreveu o argumento do documentário Setúbal, Cidade Verde, realizado por Helena de Sousa Freitas e vencedor do Prémio do Público do IV Curtas Sadinas.
Helena de Sousa Freitas (Lisboa, 1976) é licenciada em Comunicação Social, pós-graduada em Direito da Comunicação Social e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação.
Bolseira da FCT no CIES – IUL, desenvolve actualmente a investigação “Histórias Que as Paredes Contam – O Muralismo como Forma de Comunicação Alternativa na Cidade de Setúbal (1974-2010)” no âmbito do doutoramento em Ciências da Comunicação.
Jornalista desde 1996, ingressou na agência Lusa em 1998 e foi galardoada pela APDSI com o Prémio Editorial Sociedade da Informação 2010.
É autora dos ensaios “Jornalismo e Literatura: Inimigos ou Amantes?” (2002), “Sigilo Profissional em Risco” (2006) e “O DN Jovem entre o Papel e a Net” (2011).
PAP1173 - A revisão do Plano Diretor e o campo do planejamento urbano na cidade de Fortaleza – Brasil
No Brasil, a partir dos anos 1980 um conjunto de agentes sociais se articulou no Movimento Nacional pela Reforma Urbana – MNRU, gerando formas inovadoras e democráticas de planejamento urbano e de enfrentamento da questão urbana. Esse movimento desenvolveu uma luta por direitos urbanos, pela gestão democrática e pela função social da cidade e da propriedade. Essa agenda da reforma urbana impactou a sociedade e o Estado brasileiros, em diferentes escalas territoriais e federativas, fazendo-se presente, por exemplo, na Constituição de 1988, no Estatuto da Cidade, na criação do Ministério das Cidades e do Conselho Nacional das Cidades, nas políticas públicas nacionais de habitação, saneamento e mobilidade urbana e nos planos diretores. As reflexões aqui desenvolvidas têm origem em entrevistas, análise de documentos e observação direta. O texto analisa o campo do planejamento urbano durante a revisão do Plano Diretor de Fortaleza, entre 2002 e 2009. A experiência do Plano Diretor de Fortaleza adquiriu visibilidade nacional no campo do planejamento urbano, desvelando inovações democráticas de caráter representativo, participativo e deliberativo, com a participação popular tornando-se questão essencial a polarizar debates e disputas políticas e técnicas. No Brasil, o Plano Diretor é constitucionalmente o principal instrumento de planejamento do desenvolvimento e da expansão urbana. Nesse contexto, a partir do referencial teórico de Pierre Bourdieu efetua-se uma caracterização do campo do planejamento urbano em Fortaleza, articulando elementos estruturais, disposicionais e intersubjetivos. Para tanto, após contextualizar a revisão, discute-se a estruturação do campo, caracterizando as redes e os pólos, definindo seus papéis e indicando espaços e mecanismos de convivência e interação dos diferentes segmentos e grupos sociais. Em seguida, é feita uma caracterização dos agentes empresariais, populares e governamentais atuantes no campo, evidenciando hierarquias e distinções relevantes. Além disso, são indicadas lutas, episódios e momentos significativos da revisão e seus impactos na formação das decisões e nas correlações de força do campo. Para finalizar, e a partir das análises e dados anteriores, evidenciam-se tensões, contradições e dilemas significativos que dificultam a plena efetivação e o desenvolvimento das conquistas e inovações democráticas e populares do Plano Diretor no campo do planejamento urbano em Fortaleza.
- MACHADO, Eduardo Gomes
PAP0869 - A segunda geração de políticas de activação. Portugal no contexto Europeu
Este paper pretende analisar as reformas introduzidas na activação dos beneficiários do Rendimento Social de Inserção durante a última década, à luz dos desenvolvimentos nesta área no contexto europeu.
O paper está estruturado da seguinte forma. Primeiro, começo por mostrar que, nesta área, podemos identificar duas gerações de reformas: a primeira, que remonta ao final dos anos 90, é marcada pela introdução da obrigação de procurar/aceitar trabalho como condição para exercer o direito a um rendimento mínimo, e pela introdução de programas de activação para beneficiários de programas de rendimento mínimo (ver Lodemel e Trickey 2001; Moreira 2008); e a segunda, mais recente, envolve uma série de medidas destinadas tanto a fortalecer a importância do trabalho na activação dos beneficiários de programas de rendimento mínimo, como a melhorar a prestação de serviços aos mesmos (Lodemel e Moreira, 2011). De seguida, fazendo uso do potencial heurístico da análise de clusters, identifico os vários modelos de governança da activação de beneficiários de programas de rendimento mínimo na Europa.
Posto isto, e seguindo o quadro de análise que sustenta o mapeamento dos regimes de activação apresentado na secção anterior, irei analisar o conjunto de reformas introduzidas ao longo da última década em Portugal, dando especial atenção à substituição do Rendimento Mínimo Guarantido pelo Rendimento Social de Inserção em 2003, bem como à reforma do RSI em 2005.
O paper conclui com uma reflexão dobre a especificidade do caso Português no contexto europeu, e sugere algumas pistas que poderão explicar essa especificidade.
Bibliografia:
Lødemel, I., Moreira, A. (Eds.) (forthcoming) Workfare Revisited. The political economy of activation reforms in Europe and the US, New York: Oxford University Press.
Lødemel, Ivar and H. Trickey (Eds.)(2001) An offer you can't refuse. Workfare in international perspective. Bristol: Policy Press
Moreira, A. (2008) The Activation Dilemma. Reconciling the fairness and effectiveness of minimum income schemes in Europe. Bristol: Policy Press.
- MOREIRA, Amilcar

- LODEMEL, Ivar
- CAROLO, Daniel
Amílcar Moreira é licenciado em Sociologia (Univ. beira Interior) e doutorado em Política Social (Univ. Bath, UK). Desde Maio de 2011, é Investigador Pos-Doc no Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa, onde desenvolve um projecto sobre a economia política dos mercados de trabalho em envelhecimento. Os seus interesses de investigação centram-se sobre políticas sociais activas, pobreza e exclusão social, envelhecimento activo e política social comparada.
PAP1238 - A sexualidade como direito de cidadania: participação e juventude
Entendida como habilitação social e empoderamento, a participação conforma um processo de socialização cujas experiências e significados elaborados permitem aos jovens estruturar e organizar seus papéis, práticas sociais e visões de mundo. Apresenta-se um recorte de um estudo mais amplo que discute alguns modos de construção da sexualidade por jovens brasileiros participantes de organizações estudantis, partidos políticos e movimentos sociais. Por meio da observação participante e de entrevistas em profundidade com jovens de diferentes orientações sexuais, analisa-se a construção de um discurso que relaciona a sexualidade à cidadania, conferindo-lhe, então, um sentido político. As narrativas evidenciam o entendimento da igualdade de direitos como princípio basilar à construção de um país socialmente democrático. Eles se opõem a heterossexualidade normativa, subvertendo esta norma através da proposição da liberdade de expressão da sexualidade como condição de legitimidade do contrato social. Considerar a sexualidade como um atributo do indivíduo-cidadão implica transformá-la em uma questão política. O discurso elaborado pelos jovens apresenta a sexualidade como um atributo pessoal reivindicado perante a sociedade enquanto individualidade e poder de escolha. Deste modo, indivíduos invisibilizados e estigmatizados socialmente por sua opção quanto à prática sexual são redefinidos como cidadãos. Parte-se da ênfase em um atributo geral que dilui as diferenças e, ao mesmo tempo, possibilitaria o exercício da diferença. Importar a noção de cidadania de outras esferas e apropria-la em função da sexualidade, pressupõe a exigência de que a sexualidade se descole de significados nucleares como intimidade, gênero, identidade e se articule aos da política (leis, direito, respeito, convivência). Esse vocabulário centra-se na discussão de formas para melhorar a qualidade de vida das pessoas homossexuais, distanciando-se da problematização das narrativas do eu segundo os gêneros masculino e feminino, que se repõe nas e se sobrepõe às identidades homossexuais. Abdicar da busca do eu na sexualidade, nesse sentido, demonstra que a questão de gênero, embora considerada importante, é secundarizada pelos jovens participantes. As especificidades de gênero, de comportamentos e práticas sexuais são diluídas em nome do que seria comum a todos: a “cidadania”. Esta negativa em considerar a formação de uma identidade sexual demonstra uma valorização da esfera pública, em detrimento da privada, revelando a superioridade da questão política diante da pessoal.
- GUIMARÃES, Jamile Silva

Jamile Silva Guimarães é bacharel em Sociologia e mestre em Saúde Comunitária pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde a graduação propôs-se a desenvolver uma linha de estudos de caráter holístico sobre a Infância e a Juventude. Dedicou sua monografia a discutir a construção da Infância como questão social no Brasil e na dissertação analisou o papel da participação juvenil na promoção da saúde. Atua em estudos interdisciplinares nos seguintes temas: promoção da saúde, participação social, direitos humanos, desenvolvimento humano, educação, sexualidade e uso de drogas.
PAP0083 - A sociologia em Portugal: um olhar complementar a partir de três fontes de produção sociológica
O aumento da compreensão social sobre a sociedade portuguesa também se tem ficado a dever à evolução que a sociologia registou no país, seja em termos profissionais, seja em ermos académicos. Por sua vez, a expansão da sociologia tem ficado a dever-se, em grande parte, aos desenvolvimentos registados no âmbito da produção científica sociológica. Com a presente comunicação demonstrar-se-á como a evolução da produção sociológica pode fornecer uma base complementar de análise e caracterização da sociologia portuguesa. Para cumprir com este intuito tornou-se necessário analisar que recursos poderiam funcionar como elementos indicativos da produção sociológica em Portugal. Não se tinha a ambição de coligir um conjunto de recursos que fossem representativos de toda a produção sociológica portuguesa, porque seria uma tarefa difícil de concretizar. Por isso, face às possibilidades existentes procurou-se selecionar as mais viáveis e que fornecessem indicações importantes sobre a matriz evolutiva da sociologia portuguesa e sobre a estruturação temática da produção sociológica. Os recursos que se considerou reunirem as melhores condições de operacionalidade e de substanciação foram os seguintes: (i) Registo Nacional de Temas de Teses de Doutoramento em Sociologia (1975-2009) disponibilizado pelo Ministério da Educação e Ciência; (ii) Listagem de Projetos de Investigação e Desenvolvimento na área da sociologia financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (1995-2009); e (iii) publicações científicas periódicas de relevo para a área da sociologia em Portugal (1963-2009). Com estas três fontes constituiu-se um quadro analítico que fornece informações complementares de caracterização da evolução da sociologia em Portugal. A definição do ano de 2009 como a baliza superior teve que ver com a pretensão de harmonizar limites temporais (ano mais recente para o qual existiam dados para todas as fontes) e com o facto de grande parte dos dados terem sido recolhidos durante o ano de 2010.
- NETO, Hernâni Veloso
PAP1580 - A sustentabilidade dos sistemas e as vidas insustentáveis
Não é hoje pensável uma exterioridade para a inserção da prestação de cuidados de saúde nas relações de mercado, nem mesmo nas sociedades em que ela cabe maioritariamente ao setor público, sem o risco de precipitar consequências catastróficas para a saúde das populações. Em contrapartida, a desregulação dos mercados, por um lado, e o crescimento exponencial dos custos da prestação de cuidados, por outro, consubstanciam formas de irracionalidade económica com consequências não menos gravosas. A extensão futura dessas consequências pode ser desde já prevista no ensaio de critérios de hierarquização de necessidades e prioritização do acesso aos recursos que desenham novas categorias de “vidas insustentáveis”. À atenção urgente que exige este processo gerador de exclusões pode não bastar uma abordagem meramente ética.
- CASCAIS, António Fernando

António Fernando Cascais
Docente de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e membro do Centro de estudos de Comunicação e Linguagens. Doutor em Ciências da Comunicação. Interesses de investigação: mediação dos saberes, filosofia e ética das ciências e das técnicas, estudos queer, biopolítica.
PAP0234 - A tomada de decisão na Protecção à Infância. Como decidimos o que é o Supremo Interesse da Criança?
Em Portugal o
acolhimento de
crianças e jovens em
risco é
maioritariamente
composto pelo
acolhimento
institucional,
actualmente
designado
«residencial».
Segundo os dados
oficiais mais
recentes (2010) do
Instituto da
Segurança Social
existem em Portugal,
9.136 crianças em
acolhimento e destas
89% encontram-se em
acolhimento
residencial.
A legislação
Portuguesa de
Protecção à Infância
entende o
acolhimento como uma
solução transitória,
que deve manter-se
apenas pelo tempo
estritamente
necessário à
avaliação da
situação e à
definição do
projecto de vida da
criança, que não
deve, idealmente,
exceder os seis
meses. No entanto,
dados do mesmo
relatório mostram
que 57,2% do total
de crianças se
encontravam
acolhidas há mais de
dois anos, 35,3% há
mais de quatro e
19,3% há mais de
seis.
Na protecção à
infância, o
objectivo principal
passa por encontrar
uma solução que
garanta o Supremo
Interesse da
Criança. As
orientações técnicas
instigam assim os
técnicos
responsáveis para o
uso de processos de
tomada de decisão
racional, em que
deverão considerar
todas as
alternativas de
acção possíveis,
prever as
consequências de
cada acção e
compararem cada uma
dessas consequências
por fim a atingir a
solução óptima para
a criança. Contudo,
determinar o melhor
interesse da criança
implica a previsão
de resultados e
consequências
bastante complexas e
difíceis de estimar.
Levanta questões
éticas sobre o que é
bom ou não para uma
criança e não existe
uma clara evidência
da forma correcta e
ideal de actuação. A
tomada de decisões
exige aos técnicos
um considerável
esforço, tanto do
ponto de vista
emocional - tomam-se
decisões que podem
ter consequências
devastadoras na vida
de outros - como do
ponto de vista
intelectual dada a
quantidade de
informação a tratar
e a habitual
complexidade das
situações.
Esta investigação
procurou analisar os
processos de tomada
de decisão na
definição dos
projectos de vida
das crianças em
acolhimento
residencial. As
análises às
entrevistas de grupo
realizadas às
equipas técnicas de
20 instituições de
acolhimento de
crianças em risco
mostram que as
tomadas de decisão
nem sempre resultam
de processos
racionais tais como
os prescritos pelas
Teorias da Acção
Racional, mas
baseiam-se sobretudo
em processos
intuitivos,
fortemente ancorados
em crenças e valores
pessoais e encerram
consequentemente uma
elevada carga de
subjectividade,
fazendo com que para
o mesmo caso sejam
encontradas, por
diferentes equipas,
uma diversidade de
soluções óptimas.
- CUNHA, Sandra

"Breve nota biográfica: Sandra Mestre da Cunha
Assistente de investigação do Centro de Investigação e Estudos em Sociologia (CIES-IUL), é actualmente doutoranda do programa doutoral em Sociologia do ISCTE-IUL e bolseira da FCT. Desenvolve investigação sobre os 'Processos de Decisão na definição dos Projectos de Vida de Crianças e Jovens em acolhimento residencial”. É licenciada em Sociologia, pós-graduada em Família e Sociedade e em Análise de Dados em Ciências Sociais pelo ISCTE-IUL e em “Children in Adverse Life Situations; Social Work with Children at Risk and their Families” pela Universidade de Gotemburgo, Suécia. É formadora creditada pelo IEFP (CCP nº. F584775/2012) e foi membro da comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco de Sesimbra de 2005 a 2009. Tem especial interesse nas áreas da família, infância e juventude, género, políticas públicas e ciência política."
PAP0954 - A transexualidade e o género: Identidades e (in)visibilidades de homens e mulheres transexuais
Pretende-se na presente comunicação dar conta de parte dos resultados obtidos com o projecto “Transexualidade e transgénero: identidades e expressões de género”, desenvolvido no CIES-IUL, com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que constitui uma das primeiras abordagens da temática no âmbito das ciências sociais em Portugal. Do vasto leque de expressões de género que o termo aglutinador “transgénero” inclui, nesta comunicação centrar-nos-emos apenas nas pessoas transexuais, ou seja, aquelas que permanentemente se sentem e se expressam no género “oposto” ao sexo que lhes foi atribuído à nascença. A informação que sustenta esta comunicação provém sobretudo de 25 entrevistas biográficas realizadas a pessoas transexuais, complementada por um conjunto de informação conseguida pela abordagem etnográfica desenvolvida ao longo da investigação. A transexualidade revela-se um terreno fértil para as discussões em torno da feminilidade e da masculinidade, do que é ser homem e do que é ser mulher íntima e socialmente. No decurso das entrevistas biográficas e das incursões etnográficas realizadas sobressaiu uma diferença acentuada entre homens e mulheres transexuais, a nível das identidades de género e dos percursos sociais, revelando-se pois o sexo/género para a população transexual, tal como acontece para a população cissexual (ou seja, aquela em que não existe descoincidência entre sexo atribuído à nascença e género experienciado), como uma das principais variáveis produtoras de diferença. Só que neste caso a complexidade analítica é acrescida, uma vez que obriga a jogar com uma dupla referência: o sexo/género atribuído e o sentido e expressado. Um elemento chave a mobilizar para análise é o capital corporal, que, condicionando ou possibilitando a invisibilidade social das pessoas transexuais, actua diferentemente sobre homens e mulheres e contribui (ou não) para a credibilidade social de género. Um outro foco de análise é a relação que é socialmente estabelecida entre “a masculinidade e os homens” e “a feminilidade e as mulheres” e a medida da sua exclusividade ou permeabilidade. Para a análise das identidades transexuais, há ainda que ter em conta estarmos perante identidades fortemente medicalizadas, existindo uma “narrativa clássica da transexualidade” oriunda das ciências médicas, à qual se têm vindo a juntar mais recentemente, e com frequência em oposição, novas referências ou referências alternativas construídas a partir de movimentos vindos de “dentro”. Estas novas referências, materializadas em novas expressões de género, têm potencialidades para alterar as identidades e visibilidades de homens e mulheres transexuais.
- SALEIRO, Sandra Palma
PAP0533 - A urgência da educação de crianças e adolescentes a partir da lógica da prevenção de delitos urbanos: a experiência da formação escolar para prevenção de abuso e exploração sexual de meninas desde os 09 anos de idade aos 14 anos de idade.
Crianças e adolescentes vivem seu processo de formação, a partir de parâmetros pedagógicos universais. Também são envolvidos em experiências educacionais que refletem a diversidade de seus grupos familiares, ou étnico-culturais. Vivem, ainda, a experiência da migração internacional, em consequência de transformações aceleradas em suas sociedades de origem. Suas famílias veem diluídas suas fronteiras legais, ou desagregadas suas economias. Por vezes, ainda, são envolvidas em práticas emergenciais realizadas na busca de superação de traumas catastróficos, como são os experimentados em situações de guerras, ou enchentes, ou epidemias, ou terremotos, tsunamis, secas, entre outros. Nos Estados Unidos da América, cientistas já identificaram o esgotamento da força e atualidade de parâmetros educacionais, mesmo democráticos, desde a década de 1980. Também, já enfrentaram a impossibilidade de realização formal de parâmetros no interior de escolas localizadas nas cidades fronteiriças dos Estados Unidos da América e México. Constituiu-se, em consequência, o projeto Sage Na Itália, o processo migratório de famílias, de países do antigo Leste gerou projetos de envolvimento de crianças em sala de aula, na perspectiva de enfrentamento e superação de preconceitos arraigados por gerações. Daí o projeto Educazione al Futuro (1998-99) . No Brasil, o ensino fundamental e médio se debate em crises sucessivas. Daí propostas alternativas tornam-se experiências coletivas, como a que se realiza no contexto das escolas criadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Paralelamente, pesquisa sobre a formação da infância e adolescência voltadas para a prevenção de delitos urbanos vem indicando alternativas pedagógicas para a formação das novas gerações. O debate dessas experiências alternativas permite vislumbrar caminhos da formação de novas gerações pacíficas e preservadoras da integridade humana.
PAP1124 - A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação pelos idosos: Usos e Gratificações
A apresentação deste poster tem como objectivo principal a apresentação de um projecto de doutoramento em curso intitulado de “A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação pelos idosos: Usos e Gratificações”.
A necessidade de socialização sempre foi evidente em qualquer sociedade. Independentemente do espaço, dos interlocutores, da linguagem, os actores sociais locais para partilhar sentimentos, conversas e afins, locais esses que passarão a ter uma permanência assídua para os indivíduos (Cardoso, 1998: 25). Esta interacção faz-se cada vez mais por meio do uso das TIC. Esta situação é constatável nos dias que correm em diversas populações e em diferentes faixas etárias. No entanto, devido ao acentuar do envelhecimento populacional em Portugal, consideramos importante dar maior relevância a esta faixa etária que começa a dar os primeiros passos no mundo da Internet. Perante estes factos, e para que não se alimentem situações de exclusão social é necessário criar políticas sociais e outras estratégias para colmatar as consequências negativas do envelhecimento populacional. A Comissão das Comunidades Europeias tem reconhecido uma maior utilidade social dos idosos, bem como tem tentado mostrar como “Envelhecer bem na sociedade da Informação” (CCE, 2007). Este projecto tem como ideia principal que “as TIC podem ajudar os idosos a melhorar a sua qualidade de vida, a manter-se mais saudáveis e a viver autonomamente por mais tempo” (CCE, 2007: 3).
Diante estas duas temáticas, consideramos que a pergunta central da investigação é: quais os usos e gratificações dos idosos com a utilização das TIC no processo de envelhecimento? Olhando esta questão, consideramos as seguintes hipóteses: 1. Os idosos sentem-se mais confiantes por conseguirem utilizar as TIC; 2. Os idosos utilizam as TIC para romper com o isolamento social que a sociedade actual os inflige; 3. Os idosos sentem frustrações com o uso das TIC por não serem independentes nesse uso; 4. Os idosos raramente usam as TIC e não têm gratificações com a utilização das mesmas.
Perante esta problemática, exporemos o método a utilizar, bem como as técnicas a aplicar na investigação. O método da investigação mais adequado é o estudo de caso, dado que privilegia a análise intensiva e profunda de um ou poucos casos, de maneira a que se possa conhecê-lo(s) de forma detalhada (Gil, 1999: 72-73). Para a aplicação deste método, utilizaremos diversas técnicas: a análise de fontes documentais e dados estatísticos; e a amostragem que, através do modelo bola de neve e da amostragem intencional, irá permitir-nos chegar ao público-alvo. Através de grupos de foco procuraremos conhecer as representações sociais que os idosos têm das TIC e, ainda, retirar algumas questões para aprofundar nas entrevistas individuais. Entrevistas estas que serão semi-estruturadas, o que nos permitirá obter testemunhos mais ricos sobre a problemática.
PAP1480 - A utilização do enfoque territorial como ferramenta para a construção de políticas públicas para o campo brasileiro
A abordagem territorial foi introduzida na pauta das organizações públicas brasileiras na década de 1990. É também neste mesmo período que se observa uma intensificação do uso do conceito de território nas ciências sociais (Reis, 2005). Seu uso como ferramenta para a construção de políticas públicas, nomeadamente, para o campo, emerge em virtude do reconhecimento do surgimento de novas dinâmicas espaciais e, na constatação de que a modernização agrícola, por si só, não é capaz de promover o desenvolvimento no campo no Brasil. Esta constatação abriu espaço para o estabelecimento de uma crítica à abordagem setorial para a elaboração de políticas públicas até então utilizada. Assim, o termo territorial tornou-se preferível por não induzir a ideia de pequena dimensão ou de uma escala reduzida (Pecqueur, 2004). Neste sentido, acredita-se que a referida ampliação da escala geográfica pode favorecer a criação de políticas públicas mais duradouras e eficientes para o campo, capazes de oferecer soluções inovadoras frente às políticas setoriais existentes. Deste modo, o padrão territorial passou a influenciar as ações dos gestores públicos e planejadores no Brasil. O surgimento deste novo referencial para a elaboração de políticas públicas representa também o reconhecimento dos limites da capacidade do Estado em ordenar e planejar o território. Por isso, atrelada a este conceito, encontra-se a ideia de participação social. Esta ideia, em geral, refere-se à congregação e organização de diferentes segmentos da sociedade civil e representantes do Estado para promover a gestão da política pública implementada (Carrière e Cazella, 2006). Dito isso, este trabalho busca estabelecer um debate teórico a respeito do surgimento da dimensão territorial na construção de políticas públicas para o campo. Assim, observamos que na medida em que adota-se o conceito de território para a criação destas políticas, a ideia de participação assume papel fundamental, ao mesmo tempo em que coloca-se como desafio. Nele subjaz a necessidade da busca por estratégias capazes de garanti-la, a fim de que as políticas públicas sejam implantadas de forma democrática e eficiente.
- MENGEL, Alex Alexandre
- DE AQUINO, Silvia Lima
PAP0940 - A variabilidade das práticas alimentares das famílias com crianças em Portugal
No período anterior à institucionalização da democracia em Portugal, a alimentação era uma dimensão da vida social fundamentalmente a cargo das famílias e, em alguns casos, do assistencialismo proveniente de organizações de carácter filantrópico. Com o surgimento do Estado Social, ela passou a estar fortemente mediada pelo Estado, especialmente nas famílias com menos recursos económicos. Mais tarde, com a modernização do Estado, o mercado passou a ter um impacto crescente na vida das populações e, particularmente, na alimentação dos indivíduos. Nos últimos anos, assistiu-se em Portugal, a um conjunto de tendências de modernização do tecido social que, embora assimétricas, conduziram, entre outros, à consolidação da sociedade de consumo. A alimentação está por isso sujeita a uma rede mais abrangente e complexa de interdependências. Importa compreender, neste contexto de múltiplas combinações de recursos e possibilidades de acção, o papel de intermediação destas esferas de sociabilidade na estruturação das práticas alimentares. Ainda assim, a família permanece uma instituição central no processo pedagógico-cultural e, particularmente, na produção das identidades alimentares das crianças e dos cônjuges. Este trabalho presta especial atenção à importância que as interacções domésticas têm na estruturação dos hábitos alimentares dos elementos das famílias com crianças. A partir de uma abordagem compreensiva das negociações envolvidas na produção de culturas alimentares familiares e, numa leitura co-dependente de um conjunto de interferências como o Estado (alimentação escolar), as sociabilidades infanto-juvenis, as culturas familiares, a territorialidade, a exposição ao mercado (media) e a as classes sociais, vou procurar desenvolver um modelo conceptual que permita identificar dinâmicas familiares determinantes na alimentação.
- TEIXEIRA, José

José Pedro Teixeira, licenciado em Sociologia no ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa) em 2010, está actualmente está a terminar o mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de informação na mesma instituição e é bolseiro de investigação no ICS –UL (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) desde 2011 no âmbito do projecto “FCT (2011-2014) (PTDC/CS-SOC/111214/2009): “Entre a Escola e a Família: conhecimentos e práticas alimentares das crianças em idade escolar”. Os seus interesses de investigação são a sociologia do consumo, sociologia da alimentação e das desigualdades sociais.
PAP0814 - A vida social do espaço público: desenho urbano e space syntax
A redescoberta dos centros urbanos, enquanto espaços pedonais e de sociabilização, é um fenómeno mais ou menos universal desde os anos 60. Copenhaga é um exemplo surpreendente que deve o seu sucesso a um desenho urbano com características bottom-up liderado por Jan Gehl e que se baseia essencialmente na observação de comportamentos das pessoas face ao ambiente exterior.
Projectistas (arquitectos e urbanistas) e observadores (cientistas sociais) executam tarefas mais ou menos separadas e/ou complementares com consequentes efeitos ao nível da vida das cidades. Acreditando que a cidade não é um problema mas sim uma solução para promover a sociabilização, e que o desenho urbano é uma ferramenta capaz de promover a cooperação entre diversas disciplinas, o objectivo deste estudo consiste na análise de padrões emergentes que resultam das relações entre as pessoas e o espaço.
Procura-se compreender quais as características físicas do espaço público urbano que actuam como estímulos da sociabilização partindo do pressuposto que a cidade resulta do somatório de acções individuais e colectivas, planeadas e/ou emergentes e que os lugares são tanto melhor sucedidos quanto mais e melhor forem ocupados e vividos pelas pessoas.
Pretende-se ainda mostrar como as teorias Space Syntax (Hillier and Hanson, 1984) permitem compreender as leis espaciais presentes no sistema do espaço urbano, nomeadamente os movimentos pedonais, a localização de actividades, etc. O modelo espacial Space Syntax, permite-nos perceber padrões e testar estratégias de desenho que melhorem a interacção e sociabilização entre as pessoas.
Através do Space Syntax é possível analisar espaços individuais mas de um modo integrado na rede global da cidade compreendendo de que modo uma acção local pode influenciar toda a rede. Esta análise, que recorre a dados mensuráveis como a integração, a acessibilidade e a visibilidade, permite-nos identificar as razões do sucesso da promoção de sociabilização de determinadas áreas em detrimento de outras. Com este conhecimento é possível basear decisões futuras ao nível da regeneração do desenho do espaço urbano de modo a criar espaços mais atractivos e dinâmicos que promovam a sociabilização da população e onde se aprecie andar a pé e passar o tempo livre.
Pretende-se apresentar a análise de um espaço público da cidade de Lisboa cujo desenho urbano contribui visivelmente para o seu sucesso enquanto espaço promotor da sociabilização. Este estudo procura identificar os factores físicos que promovem a ida das pessoas a estes espaços e que fomentam a sua permanência. Apresentar-se-ão também outros exemplos apoiados na análise Space Syntax que conduziram a espaços públicos mais agregadores e complementares à dinâmica urbana.
Palavras Chave: Desenho urbano, sociabilização, espaço público, space syntax
- GUERREIRO, Rosália
- ELOY, Sara
- GUARDA, Israel
PAP1422 - A violência no domicílio (in)desculpável?
A sociedade em que hodiernamente vivemos é considerável e diametralmente diferente daquela em que talvez considerássemos viver há umas não tão longínquas décadas atrás. As constantes mudanças a que a sociedade está sujeita são fruto da natureza constituenda do homem. O homem, abstractamente considerado, é um ser insatisfeito, que ao passo que caminha para a socialização , tende a afastar-se dessa mesma socialização, digamos que lhe é intrínseca uma insociável sociabilidade.
Mas tal é precisamente uma dimensão deveras importante para a evolução da sociedade em que vivemos, que tal como temos vindo a reparar, está diametralmente dependente da história, do carácter não finito do homem e da realidade em que o mesmo se insere. O homem, e por conseguinte, a sociedade, encontra-se num eterno estado de devir.
É precisamente na esteira dessa constante evolução que os fenómenos criminógenos evoluem, que aquilo que ontem não era tido como crime, hoje já o será, ou aquilo que anteontem era tido como ilícito, hoje é socialmente aceitável. Um desses fenómenos é a violência doméstica. Quantos de nós já não ouvimos falar em casos familiares de há umas não tão distantes gerações atrás em que o marido tinha como que uma potestas ou um direito de correcção sobre a esposa e os filhos? Embora tais situações repugnem a maioria de nós, o que é certo é que é uma realidade bastante presente, que nos é mais próxima do que muitas vezes nos apercebemos.
Não obstante os vários esforços político-sociais, tanto no que diz respeito à criação de programas e legislação específica, este tipo de criminalidade não tem vindo a diminuir.
A violência doméstica é um crime público, que a todos nós diz respeito e que com a crise que Portugal atravessa, tem atingido uma magnitude inaceitável e juridicamente indesculpável. Não raras vezes os sujeitos deste tipo de crime, quer vítima, quer agressor, quer "testemunhas", desculpam, justificam, este tipo de crime devido às condições económicas, devido a mal-entendidos, devido a "erro desculpável", que, no entanto, não merecem grande apreço em sede criminal. O que é certo é que o artigo 152.º do Código Penal, introduzido neste diploma pela Lei n.º 59/2007 de 4/09, veio presentear-nos com uma nova realidade, a autonomização de um ilícito que antigamente estava disperso por vários outros crimes. Será que esta foi a melhor aposta do nosso legislador? Será que efectivamente foi profícua esta autonomização face ao espólio criminal já existente?
Isto é,será que é justificável a autonomização do crime de violência doméstica, ou era suficiente a qualificação dos crimes de ofensa à integridade física ou de homicídio, quando estivéssemos perante os agentes enumerados no artigo 152.º e quando o crime fosse praticado no domicílio ou na presença de menor?
Propomos-nos, assim, a fazer uma análise deste artigo e da sua pertinência face à actual crise económica e social, que em muito tem feito crescer a criminalidade doméstica.
PAP0161 - A(s) autonomia(s) de escola e a participação dos atores da comunidade educativa. Um olhar a partir dos Agrupamentos de Escola do Concelho de Gondomar:
A presente comunicaçao visa apresentar as conclusões de um estudo realizado no âmbito de uma tese de doutoramento em educação, tendo como objetivo específico o estudo das práticas de autonomia enquanto acção dos actores educativos face ao normativismo imperante. Um estudo que parte das escolas do 1º ciclo (ainda designado por muitos de ensino primário) do Conselho de Gondomar, integradas em Agrupamentos de Escolas (o nosso objecto de estudo). Pretendemos apresentar as conclusões obtidas, designamente determinar o impacto do actual modelo de Administração e Gestão, consagrado no Decreto-Lei nº 75/2008, na construção de uma autonomia de escola, e da participação dos atores, enquanto afirmação e fundamento de uma escola comunidade educativa, na perspectiva dos professores do 1º Ciclo de escolaridade do Concelho de Gondomar.
No nosso modelo de análise pretendemos ainda apresentar:a) resultados da análise das diferentes representações dos membros do concelho geral quanto à sua ação na construção da autonomia de escola face às formas normativas; b) elencagem das formas de participaçãoe da sua relação com a afirmação de uma escola comunidade educativa autónoma;c)identificaçao dos dominios onde se verifica um exercício efectivo de práticas de autonomia considerando a ação dos respectivos actores d) identificação das formas passiveis de potenciar ou inibir a participação da comunidade educativa, nos órgãos de Administração e Gestão, favorecendo a abertura da escola e o estabelecimento de relações diversificadas com a comunidade.
Considerando, os diferentes instrumentos da autonomia de escola, a partir do quadro legal actual pretendemos apresentar as conclusões que nos permitam identificar e diferenciar as praticas normativas, retóricas ou exercicio de uma ação participativa e real dos diferentes atores educativos, de molde a proceder à identificação das diferentes concepções de práticas e afirmações de autonomia e de participação da comunidade educativa consentâneas com práticas de desenvolvimento das respectivas comunidades.
Os agrupamentos de escolas enquanto territorios educativos, dotados de uma morfologia organizacional encontram-se na actualidade presos entre ´poderes e lógicas de ação distintas: O poder central e poder local. Neste sentido e se defendermos,tal como Bourdieu,que o ser de uma organizaçção/instituição na depende da vontade do sujeito, ou do grupo mas é sobretudo o resultado de um campo de forças antagónicas ou complementares, geradoras de vontades, permitindo a redefiniçao da realidade das instituições e dos efeitos sobre as mesmas, parece-nos evidente que no horizonte das instituições educativas se redesenham novos desenvolvimentos.
PAP0743 - ACTITUDES Y PERCEPCIONES DE LOS ALUMNOS DE ENSEÑANZA SECUNDARIA OBLIGATORIA Y BACHILLERATO ANTE EL FENÓMENO DE LA INMIGRACIÓN
Esta comunicación tiene como objetivo principal, indagar y conocer cuales son los valores sociales que imperan, hoy en día, en nuestros jóvenes y cuál es la percepción y la valoración general que de dicha diversidad tienen los escolares.
El instrumento de recogida de datos ha sido el cuestionario, el cual ha sido autocumplimentado por los propios alumnos dentro del horario escolar, concretamente en las horas programadas para las tutorías. La información fue recogida durante el segundo trimestre del año 2010.
La muestra de esta investigación la componen 271 alumnos de Educación Secundaria Obligatoria (ESO) y Bachillerato de los Institutos de Enseñanza Secundaria Ordoño II y Eras de Renueva de la ciudad de León. Veamos quienes son estos jóvenes y cómo están distribuidos por diferentes categorías.
a) Por sexo el 53,14% son hombres y el 45,76% son mujeres. Hay un 1,11% que no saben o no contestan.
b) Por edad, el mayor porcentaje corresponde a escolares de entre 14 y 16 años, con el 71, 22%, seguido de los que se encuentran entre los 17 y 19 años con un 27,31%. Hay un 0,37% menor de 14 años y un 1,11% no contestan.
c) Por tipos de población, el 9,23% corresponde a una población rural, el 82,29% a una mediana ciudad, el 6,64 a una gran ciudad y un 1,85% no sabe, no contesta.
d) En cuanto al Instituto de Enseñanza Secundaría, donde cursan sus estudios, el 51,66% lo hace en el Ordoño II y el 47,97% en el Eras de Renueva. Un 0,37% no contesta.
e) Por niveles escolares han sido encuestados en Secundaria (3o y 4o ESO) el 83,39% de la muestra total y en Bachillerato el 15,87%. No contesta el 0,74%.
Todas las respuestas han sido correlacionadas con las variables: sexo, edad, opción religiosa y posicionamiento político de los encuestados
- GARCÍA, Rogelio Gómez

Rogelio Gómez García (Laguna de Negrillos, 1965), es Doctor en Sociología por la
Universidad Pontificia de Salamanca y Diplomado en Trabajo Social por la Universidad
de León. Ejerce como profesor en la Facultad de Educación y Trabajo Social de
Valladolid, desarrollando una importante labor de investigación en el campo del Trabajo
Social y de los Servicios Sociales. Premio Nacional de Investigación “Ana Díez
Perdiguero” 2007-2008.
PAP0480 - ACTUAIS ROTAS MIGRATÓRIAS PARA O ARQUIPÉLAGO DE CABO VERDE: DINÂMICAS E DESAFIOS
Existe uma concepção de que as migrações internacionais ocorrem no sentido Sul/Norte ou das periferias para o centro do sistema capitalista. Paralelamente, muitos poderão referir-se ao facto de que o continente africano enfrenta profundas crises, resultado de dificuldades do ponto de vista económico, dos conflitos sociais e políticos ou das catástrofes naturais, atingindo milhares de pessoas. Assim, tais condições são apontadas como importantes factores para que muitos procurem uma oportunidade migrando. Contudo, se apresenta um cenário de grandes fluxos migratórios intra-regionais, frequentemente trans-fronteiriços, mas que raramente extravasam para além do continente africano (Zlotnik, 1998; 2000; Black 2006; Black et al., 2004; Adepoju, 1998; 2000; 2006).
No contexto da sub-região da Costa Ocidental Africana, desde a última década do século passado, tem-se destacado uma intensificação das migrações para o arquipélago de Cabo Verde. Este fenômeno, considerado como sendo novo, vem atraindo cada vez mais atenções, tanto pela sua dimenção, como pelos novos desafios que se colocam perante o Estado cabo-verdiano.
De facto, o arquipélago de Cabo Verde, desde o seu povoamento até os dias atuais, sempre se destacou enquanto uma área de migrações. Podemos entender essa sua dimensão num quadro de mobilidade de pessoas no espaço geográfico. Essas mobilidades também se qualificam em múltiplas dimensões (social, político, econômico, cultural...) e em duas vias (chegada / partida). Ou seja, falando de migrações encontramos um bom exemplo para uma leitura da complexidade social cabo-verdiana, na abordagem histórica da sua formação (demográficos, políticos, econômicos, sociais e culturais) e da atual dinâmica que tem favorecido a mobilidade de pessoas de e para as ilhas de Cabo Verde.
Procuro apresentar aqui alguns pontos sobre os processos e as dinâmicas migratórias que envolvem o arquipélago de Cabo Verde. Trata-se da constatação de que as migrações em direcção a este país se complexificaram significativamente nos dois últimos decénios. Esta abordagem procura alargado o debate das migrações deixando algumas pistas de reflexão sobre o modo e o tempo em que elas se entretecem envolvendo este país. Depois de uma breve descrição sobre as migrações de e para Cabo Verde avanço com alguns dos desafios que o país se coloca ao nível social e ao nível político. Por fim, deixo algumas sugestões concernentes aos factores impulsionadores de correntes migratórias, em particular do contexto dos países da Costa Ocidental Africana em direcção ao arquipélago. Procurarei também sublinhar alguns pontos sobre a pertinência de uma reflexão crítica relativamente a determinadas categorias instituídas e que têm acompanhado as tragectórias e os projectos de vida das pessoas.
- BARBOSA, Carlos Elias
PAP0555 - AGROEXTRATIVISMO E DINÂMICAS DA RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA NA REGIÃO DO BICO DO PAPAGAIO, ESTADO DO TOCANTIS, BRASIL.
O objetivo desse artigo é discutir sobre as dinâmicas das relações sociedade-natureza na região do Bico do Papagaio– estado do Tocantins, Brasil, tomando como referência a produção e a reprodução social agroextrativistas. Situado na região de transição entre o bioma Cerrado e a Amazônia brasileira, em fronteira com os estados do Maranhão e Pará, as dinâmicas socioambientais, na região, são marcadas por disputas em torno da posse e uso dos “recursos naturais” (terra, recursos extrativistas e outros) entre diferentes atores sociais, dentre eles, os agroextrativistas, associando-se à privatização das terras, ao cercamento das áreas, à proibição e/ou limitação de acesso ao coco babaçu e à substituição da biodiversidade pelos campos de pastagem homogênea. Pelas análises de dados levantados na região por meio de uma pesquisa etnográfica observou-se que as estratégias de reprodução social adotadas pelos agroextrativistas, têm produzido efeitos transformadores, em vários níveis e intensidades, nas dinâmicas de relações sociedade-natureza, produzindo resultados menos nocivos ao ambiente. Por outro lado, as atividades agropecuárias (criação de gado e monocultivos) e a produção silvícola, contribuem para a produção de efeitos negativos ao ambiente natural com a diminuição da biodiversidade e a ameaça às formas de exploração agroextrativista. Nesse sentido, pode-se caracterizar essas dinâmicas, na atualidade, produzidas por processos que se alternam entre aqueles que potencialmente produzem efeitos negativos, a exemplo da agropecuária, e pelos processos que são capazes de produzir efeitos na direção de contribuir para a diminuição da pressão sobre o meio natural, como é o caso dos modos de produção agroextrativista e as mobilizações em prol da preservação do babaçu.
Palavras-chave: Dinâmicas de relações sociedade-natureza, reprodução social, agroextrativismo, coco babaçu, Tocantis, Brasil
- ROCHA, Maria Regina Teixeira da
- ALMEIDA, Jalcione Almeida
PAP0155 - ANALISANDO A DIVERSIDADE NO TRABALHO DOCENTE: DIMENSÕES DE GÊNERO/CLASSE NO ENSINO SUPERIOR
Esta pesquisa analisa as relações de gênero, os fatores que impulsionam docentes mulheres e homens a seguir no exercício do trabalho na Universidade Federal de Sergipe (Brasil), as experiências vividas, as mensagens que obtêm no cotidiano, como possibilidade de se repensar a dimensão formativa, os desafios enfrentados no contexto do ensino superior. Antecipou-se a hipótese de que as relações de gênero no trabalho docente no contexto de uma universidade federal ensejam o tratamento das diferenças para a construção de um mundo igual, o que implica a ética da alteridade. Considerou-se que gênero é mais do que uma identidade aprendida imersa nas instituições sociais. Os sujeitos são subjetivados simultaneamente por uma multiplicidade de processos, em suas existências particulares. A opção metodológica recaiu sobre a pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica, visando obter saberes de professores (não limitados a conteúdos que dependeriam de um conhecimento especializado) abrangendo uma diversidade de questões/problemas sobre o trabalho produtivo-reprodutivo. Pretendeu-se compreender a persistência de assimetrias entre os gêneros com reflexos na vida familiar e profissional, entre outros domínios. Consultaram-se diferentes fontes de informação, priorizando-se a entrevista semi-estruturada com 16 professores (10 mulheres e seis homens) de várias áreas do conhecimento nos três campi. O grupo docente universitário é mais elitizado, personifica muitos avanços recentemente alcançados nas relações de gênero mais igualitárias, mas também expressa conflitos e contradições intrínsecas a qualquer processo de mudança social. As trajetórias de formação e trabalho das/os docentes mostram-se diversificadas no início de suas carreiras. As concepções mais igualitárias, no espaço das relações de gênero no ensino superior estariam diretamente relacionadas, na ação feminina, à ampliação do universo de escolhas e ao maior investimento na própria qualificação e na vida profissional.
- CRUZ, Maria Helena Santana
PAP1380 - AS CIÊNCIAS SOCIAIS DO VISUAL E OS MÉTODOS GEONEOLÓGICOS
A Sociologia e Antropologia Visuais registaram um desenvolvimento notável nos últimos anos. Em particular, os métodos de recolha, análise e interpretação de fontes visuais propõem novos cursos e percursos para o investigador. No entanto, a incomensurável mudança epistemológica recente deriva da emergência das metodologias visuais nunca dantes vistas, utilizando instrumentos digitais, transmedia e em rede.
Neste texto, para além da apresentação de um estudo de públicos num museu de arte, pretende-se mostrar e demonstrar algumas das cumplicidades e permeabilidades entre as Ciências Sociais do visual e os utensílios experimentais digitais para a pesquisa, que englobaremos no conceito federador ‘Metodologia GeoNeológica’.
Par isoo, o projecto intitulado Comunicação Pública da Arte-CPA visou 2 direcções principais da pesquisa:
1) Uma reflexão sociológica, através da qual foi efectuado um diagnóstico de situação sobre a CPA em museus de arte físicos e virtuais.
No respectivo campo empírico, foi testada, entre outros conceitos, a ideia de museabilidade (i.e., as condições contextuais, económicas, sócio-culturais e politicas da musealização, no interior de uma dada sociedade).
A musealização significa o conjunto de estratégias de apresentação de obras de arte, pelos profissionais do museu, a um público de não-especialistas. Algumas questões iniciais nesta perspectiva foram as seguintes:
2) Uma parte mais prática e pedagógica do projecto visa a aplicação de um sistema digital de aprendizagem e investigação informais para as artes, a usar em museus ou em outras instituições culturais, baseado em hipermédia apresentando novas interfaces, como uma mesa interactiva multitoque para consulta e comentários das obras de um artista. Nesta perspectiva, foi realizado um Questionário Interactivo Multitoque e um jogo cultural nomeado Jogo das Tricotomias, na referida exposição da artista Joana Vasconcelos em 2010.
- ANDRADE, Pedro de

Professor na FBAUL. Investigador do CECL, FCSH-UNL e no CECS, ICS da Univ. do Minho. Coordenador do projecto de pesquisa 'Comunicação Pública da Arte: o caso dos museus de arte locais/globais', entre outros projetos apoiado pela FCT e por outras instituições nacionais e internacionais. Membro do Conselho Editorial da Revista de Comunicação e Linguagens. Membro do Comité de Rédaction da revista LORETO, Ministère de la Culture e Université Libre de Bruxelles. Director da revista Atalaia. Autor de diversas obras e eventos nas áreas da Sociologia, cinema, artes visuais e digitais e no ciberespaço/cibertempo. Obras recentes: 2011a, Sabores e saberes do beber: consumos de lazer, poder e cultura em cafés, tabernas e bares Portugueses, Ed. Univ. Estadual da Paraíba, Brasil. 2011b, Sociologia Semântico-Lógica da Web 2.0/3.0 na sociedade da investigação: significados e discursos quotidianos em blogs, wikis, mundos/museus virtuais e redes sociais semântico-lógicas, Lisboa, Ed. Caleidoscópio. 2011c, Novas autorias / leitorias / actorias: escrita comum, literacias híbridas e anti-vigilâncias na Web 2.0, Ed.Caleid. 2011d, Novela GeoNeológica nº 1: um caso de Literatura Transmediática, Caleid.
PAP0180 - AS GRADES NÃO PRENDEM NOSSOS PENSAMENTOS: SUBJETIVAÇÃO JUVENIL NA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE
A narrativa “as grandes não prendem nossos pensamentos”, produzida por um jovem em conflito com a lei, desafia as relações que se pretende fazer nesta comunicação. A pesquisa que a origina é desenvolvida numa instituição socioeducativa do sul do Brasil, entre os anos de 2009 e 2011. Através da troca de cartas com nove jovens em cumprimento de medida socioeducativa, privados da liberdade e sob a tutela do Estado, adentra-se nos processos de subjetivação juvenis construídos nos trânsitos pelo conflito com a lei. As palavras dos jovens, tomadas como matéria prima, desafiam à interpretação das metáforas do tempo associadas aos seus percursos: o tempo do risco e da experimentação nos delitos cometidos e o tempo de espera para a retomada da vida fora do confinamento. Entre “o aqui e o lá”, num entrelaçamento de temporalidades e de espacialidades, emergem os projetos de futuro como possibilidade de reconfigurar “biografias de escolha” num processo de socialização caracterizado por uma “inclusão precária”. O cotidiano juvenil na privação da liberdade é dado a ler através das narrativas dos jovens, valendo-se da carta como suporte para as escritas de si. Com base em categorias analíticas tomadas de autores da Sociologia e da História Cultural – Pais, Dubar, Lahire, Melucci, Lecardi, Elias, Josso, Passeggi, Ginzburg, Chartier, Artière - procura-se assumir uma atitude detetivesca com o intuito de escavar as subjetividades construídas nos processos de estigmatização produzidos nos percursos juvenis narrados: desde o período anterior ao ato infracional, passando pela experiência da medida socioeducativa, até a expressão do que cada um espera para “a vida lá fora”. É nesse sentido que a perspectiva (auto)biográfica, sublinha os itinerários investigativos adotados na pesquisa referida, pois contribui para observar os trânsitos juvenis para além da educação formal e da etiqueta do ato infracional, permitindo descortinar os sentidos da experiência e da (re)existência, à medida que possibilita a construção de narrativas sobre si e a interpretação: tanto de aspectos individuais como das dimensões sociais e institucionais envolvidas no contexto de sua produção.
- STECANELA, Nilda
PAP0440 - AS NOVAS TECNOLOGIAS E O TRABALHO DE CRIAÇÃO CULTURAL: ALIANÇA OU CONFLITO?
Num mundo e num tempo globais, o objectivo central dos criadores culturais e dos artistas é assegurarem a mais ampla difusão das suas obras, de forma a abarcarem os mais vastos e diversificados públicos. Para que esse objectivo possa cumprir-se, as novas tecnologias da comunicação desempenham um papel crucial. Porém, a sua utilização envolve sempre um desafio e um risco: devidamente reguladas, essas tecnologias podem ser o maior aliado dos autores e artistas; desreguladas, podem pôr irremediavelmente em causa a defesa dos direitos relativos à reprodução e difusão das suas obras.
Esta situação regista um significativo agravamento com o crescente enraizamento da mentalidade que consagra o "princípio" da gratuitidade da fruição dos bens culturais. O cidadão comum, em regra mal informado e mais mobilizado para exigir o respeito dos seus direitos do que o cumprimento dos seus deveres, é levado a crer que tudo o que circula no universo digital faz parte de uma espécie de "domínio público" global e inquestionável. Assim se multiplica e generaliza o acto de utilizar, sem o correspondente pagamento, aquilo que se apresenta como sendo de livre acesso. Daí até à legitimação da "pirataria" vai um pequeno mas decisivo passo.
Esta ideia de "gratuitidade" contrasta com a consciência que o consumidor tem, em regra, de que não pode ter acesso a bens correntes no quotidiano se não os pagar no acto de aquisição, seja produto alimentar, de higiene, peça de vestuário ou medicamento. Só com os bens culturais, no espaço digital, tudo tende a ser diferente.
Esta situação é agravada pela ausência de uma acção pedagógica no espaço escolar relativamente ao valor real do bem cultural e à forma como a sobrevivência dos criadores e artistas depende de forma justas de comercialização. Por outro lado, o poder político, em sede de produção legislativa, tende a tornar lenta ou mesmo inexistente a criação de diplomas adequados, consciente de que os utilizadores-consumidores são a esmagadora maioria do eleitorado que não convém penalizar, sobretudo na proximidade temporal de actos eleitorais.
Que caminho seguir ? Que soluções podem ser adoptadas para se superar esta situação que agrava, designadamente em contexto de crise, a vida dos autores e artistas ? É esta reflexão que o investigador, doutorando em Ciências da Comunicação no ISCTE, se propõe produzir, com base no estudo deste fenómeno efectuado ao longo dos anos, no quadro da sua actividade como principal dirigente da Sociedade Portuguesa de Autores.
- LETRIA, José Jorge

José Jorge Letria e pós-graduado em Jornalismo Internacional e mestre em Estudos da Paz e da Guerra pela Universidade
Autónoma de Lisboa. E doutorando em Ciências da Comunicação no ISCTE. Foi redactor e editor de alguns dos mais importantes
jornais portugueses e professor de jornalismo. Foi autor de programas de rádio e televisão. Tem uma vasta obra literária
publicada, com traduções em mais de uma dezena de línguas e distinguida em Portugal e no estrangeiro. Tem representado
Portugal em eventos literários no estrangeiro. Foi vereador da Cultura da Câmara de Cascais entre 1994 e 2002. Colabora
regularmente em publicações nacionais e estrangeiras. Integrou a Direcção da Associação dos Eleitos da Grande Europa para a
Cultura. E presidente da Direcção e do Conselho de Administração da Sociedade Portuguesa de Autores e membro do Comité
Executivo do Conselho Internacional de Autores Dramáticos, Literários e Audiovisuais.
PAP1531 - AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO RECREIO NA ESCOLA: UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO PARA O LAZER
Este estudo trata-se de um “recorte” mais amplo do nosso Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a obtenção da licenciatura em Educação Física e traz como temática “O recreio na ótica da comunidade escolar: Um estudo das representações sociais” que teve como campo empírico de investigação um colégio tradicional da cidade de Salvador, capital do estado da Bahia-Brasil. Neste sentido, nossos objetivos se configuram em desvendar, a partir da ótica da comunidade escolar, como o recreio (espaço livre e descompromissado entre as aulas) pode contribuir para emancipação dos sujeitos; bem como este pode ser atrelado ao papel formativo dos alunos que dele participam e como a escola pode projetá-lo na perspectiva de uma Educação para o Lazer contrapondo aos valores mercadológicos da indústria do entretenimento, pois essa, nos últimos anos, vem através dos meios de comunicação de massa trazendo para dentro dos muros da escola fortes influências ao consumo e efeitos nocivos na formação crítica humana. Dessa forma, o nosso instrumento metodológico se constituiu num estudo de caso com natureza qualitativa e de caráter exploratório. Nele procuramos compreender, explorar e descrever as nossas observações e entrevistas, cujas questões abertas nos forneceram dados que foram coletados, transcritos, analisados e atrelados à literatura vigente ao assunto para por fim apresentarmos o desfecho da pesquisa. Assim, além de ter sido mais um desafio conquistado, como pesquisadores pensamos que este estudo pode contribuir, de forma significativa, tanto para nossa formação, enquanto educadores, como pode servir de instrumento pedagógico para a escola atrelar a questão formativa do recreio na perspectiva do lazer. Dessa maneira, acreditamos que o recreio escolar é mais que um simples momento de descanso entre aulas e por isso nossa análise propõe, para os gestores das escolas e professores, uma intervenção social naquele espaço-momento dando a ele uma perspectiva de Educação/Lazer para que o mesmo seja “coadjuvante” da escola enquanto espaço de formação humana da Sociedade. Palavras-chave: Representação Social, Recreio, Escola e Lazer
PAP0214 - AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO RECREIO NA ESCOLA: UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO PARA O LAZER
Este estudo trata-se de um “recorte” mais amplo do nosso Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a obtenção da licenciatura em Educação Física e traz como temática “O recreio na ótica da comunidade escolar: Um estudo das representações sociais” que teve como campo empírico de investigação um colégio tradicional da cidade de Salvador, capital do estado da Bahia-Brasil. Neste sentido, nossos objetivos se configuram em desvendar, a partir da ótica da comunidade escolar, como o recreio (espaço livre e descompromissado entre as aulas) pode contribuir para emancipação dos sujeitos; bem como este pode ser atrelado ao papel formativo dos alunos que dele participam e como a escola pode projetá-lo na perspectiva de uma Educação para o Lazer contrapondo aos valores mercadológicos da indústria do entretenimento, pois essa, nos últimos anos, vem através dos meios de comunicação de massa trazendo para dentro dos muros da escola fortes influências ao consumo e efeitos nocivos na formação crítica humana. Dessa forma, o nosso instrumento metodológico se constituiu num estudo de caso com natureza qualitativa e de caráter exploratório. Nele procuramos compreender, explorar e descrever as nossas observações e entrevistas, cujas questões abertas nos forneceram dados que foram coletados, transcritos, analisados e atrelados à literatura vigente ao assunto para por fim apresentarmos o desfecho da pesquisa. Assim, além de ter sido mais um desafio conquistado, como pesquisadores pensamos que este estudo pode contribuir, de forma significativa, tanto para nossa formação, enquanto educadores, como pode servir de instrumento pedagógico para a escola atrelar a questão formativa do recreio na perspectiva do lazer. Dessa maneira, acreditamos que o recreio escolar é mais que um simples momento de descanso entre aulas e por isso nossa análise propõe, para os gestores das escolas e professores, uma intervenção social naquele espaço-momento dando a ele uma perspectiva de Educação/Lazer para que o mesmo seja “coadjuvante” da escola enquanto espaço de formação humana da Sociedade.
Palavras-chave: Representação Social, Recreio, Escola e Lazer
- SOUZA, Márcio Dias de
- JÚNIOR, Flávio Cardoso dos Santos

- OLIVEIRA, João Danilo Batista
Flávio Cardoso dos Santos Júnior - Professor Pesquisador do GEPAC - Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão Artes do Corpo: Memória, Imagem e Imaginário da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) é Graduado em Educação Física e tem como foco de estudo o corpo dentro das manifestações culturais, principalmente as Festas Populares.
PAP1278 - Abordagem Sociológica da Ética do Desporto no Contexto da Mudança Social: O caso português durante o Estado Democrático do século XX.
Na compreensão da ética do desporto, enquanto fenómeno sociológico, pretendemos demonstrar como as mudanças no nomos do campo das práticas desportivas de competição (na acepção de Bourdieu) provocaram um conjunto de efeitos em cadeia, ainda que porventura não esperados, na fragilização dos princípios éticos do desporto moderno, impondo contradições na determinação que exercem nas práticas. Para a abordagem teórica da ética recorremos às contribuições de Durkheim, Weber e Elias.
Elegemos como universo de análise a realidade portuguesa durante o Estado Democrático do século XX, enquanto estudo de caso. Seleccionámos informação proveniente de diferentes fontes (estatísticas oficiais, notícias dos media, observação participante e entrevistas), mobilizando métodos de análise qualitativos e quantitativos.
Nas mudanças produzidas no último quartel do século XX, identificámos a indissociável e interdependente relação das dimensões desportiva, económica e simbólica na determinação da orientação da acção para a vitória (tout court), com a consequente radicalização dos interesses concorrentes e a intensificação da competição.
Decorrentemente, assistiu-se a mudanças no ethos da interacção desportiva, que fragilizaram o princípio do fair play, assistindo-se ao aumento das práticas que o quebram. Este facto colocou dificuldades acrescidas às arbitragens, tendo-se assistido ao aumento das desconfianças no sentido de justiça implícito à preservação da igualdade na competição, realidade que se encontrou agravada com os indícios e casos de corrupção e de dopagem.
Neste contexto, assistiu-se ao maior envolvimento dos actores e das organizações na regulação ética, tornando-a mais flexível e sujeita à negociação, quer através dos meios institucionais quer de estratégias de pressão e persuasão no espaço público mediático, saindo reforçadas as solidariedades contingentes, em detrimento das solidariedades orgânicas.
As desconfianças e as dinâmicas de vigilância e de fiscalização, encetadas nos anos noventa, terão ainda contribuído para accionar solidariedades mecânicas no seio de grupos de interesse, num contexto de oposição e confrontação ou de radicalização propício a manifestações de revolta violenta colectiva, e ainda à instalação de formas de violência premeditada entre alguns grupos de adeptos ultras. Factos, que foram dando maior visibilidade ao enfraquecimento da regularização ética, em especial no campo do futebol profissional de maior nível competitivo.
Face à especificidade da conflitualidade ética na figuração desportiva, foi-se assistindo no quadro europeu e nacional à intervenção dos Estados, nomeadamente à cristalização dos princípios éticos em dispositivos legais definidores de quadros sancionatórios, com a consequente fragilização do princípio da autonomia das organizações desportivas, decorrente da liberdade do associativismo.
- MARIVOET, Salomé

Salomé Marivoet – Doutorada em Sociologia, é professora associada da Faculdade de Educação Física e Desporto e investigadora do CPES da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. É autora dos dois estudos nacionais sobre os hábitos desportivos. Desde finais dos anos oitenta que tem vindo a realizar trabalhos de investigação sobre a violência, e mais recentemente sobre a organização de grandes eventos, ética, e racismo, xenofobia e discriminação étnica no desporto. No seu currículo conta-se a participação em cinco projectos europeus nas suas áreas de investigação, cerca de uma centena de comunicações apresentadas como convidada, e mais de cinquenta publicações nacionais ou no estrangeiro. Nas suas participações institucionais, destaca-se a de conselheira do Conselho Nacional do Desporto e do Conselho para a Ética e Segurança no Desporto.
Professora Associada da FEFD-ULHT ‒ Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Investigadora no CPES - Centro de Pesquisa e Estudos Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Email: smarivoet@ulusofona.pt
PAP0662 - Abrindo a “caixa negra” do Apoio Domiciliário para Pessoas Idosas
Esta comunicação pretende dar a conhecer os resultados de uma investigação etnográfica que é parte integrante do projeto de investigação financiado pela FCT com o título “O outro lado da relação de cuidar: o olhar do idoso”. Em termos de produção sociológica, muito se sabe sobre as experiências dos cuidadores de pessoas idosas, principalmente das experiências dos cuidadores familiares, mas muito pouco se sabe sobre as experiências das próprias pessoas idosas que se encontram envolvidas numa relação de cuidar. Nesta investigação etnográfica procurou-se compreender, em profundidade, as experiências de receção de apoio domiciliário por parte de pessoas idosas, não apenas as experiências “objetivas” (as ações e as interações, os processos, etc.), mas também as experiências “subjetivas” (os significados que as experiências “objetivas” têm para as pessoas idosas). Para obter esta compreensão, os investigadores foram para a “linha da frente” do apoio domiciliário, acompanhando as visitas domiciliárias dos profissionais de uma instituição de solidariedade social vocacionada para o apoio à população idosa. A observação do trabalho de apoio ao domicílio permitiu o acesso a um mundo muito pouco conhecido do ponto de vista sociológico, onde se procurou descrever os cenários (objetos, temperatura, luminosidade, odores…), os atores (identificação dos atores e descrição dos eus adereços), as práticas discursivas (formas de tratamento interindividual, conteúdos falados, sentimentos expressados…) e as práticas corporais (atos praticados, comunicação não verbal…). As questões relacionadas com o corpo, com o trabalho sobre o corpo, com o poder, com a identidade social (reclamada e atribuída) e com o género emergiram como aspetos extremamente relevantes (dados ainda não se encontravam totalmente analisados aquando da submissão deste resumo). Os dados recolhidos através das múltiplas observações foram analisados de acordo com alguns dos princípios e procedimentos da Grounded Theory, mais concretamente de acordo com a linha desenvolvida por Kathy Charmaz. A análise dos dados foi auxiliada pelo uso do software NVivo 9.
- SÃO JOSÉ, José
- BARROS, Rosanna

- SAMITCA, Sanda

- TEIXEIRA, Ana

Rosanna Barros é Professora Adjunta da Universidade do Algarve. É a Coordenadora da Área Científica de Educação Social desta Instituição. E é a Directora do Curso de Educação Social da ESEC (Regime Diurno e Pós-laboral). Étambém Membro da Comissão Coordenadora do Mestrado em Educação Social da ESEC. Tem experiência docente em diversas áreas das Ciências Sociais, com destaque para a Sociologia Crítica da Educação e as Políticas Públicas de Educação de Adultos.
Academicamente:
Rosanna Barros possui licenciatura em Antropologia Social e Cultural (1998). Mestrado em Sociologia do Desenvolvimento e da Transformação Social (2002, orientação de Boaventura de Sousa Santos) ambos pela Universidade de Coimbra. É pós-graduada em Direitos Humanos e Democratização pela Universidade de Coimbra (2000) e em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela Universidade de Sevilha (2003). É Doutora em Educação pela Universidade do Minho (2009, orientação de Licínio Lima).
Cientificamente:
Rosanna Barros tem em curso alguns projectos de investigação avançada, pertencendo ao CIEd (Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho) e ao CIEO (Centro de Investigação em Espaço e Organizações da Universidade do Algarve). Tem diversos Livros e Artigos publicados.
Sanda Samitca, socióloga Suíça, bolseira pós-doc no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Os meus domínios de investigação têm sido desenvolvidos no quadro das questões do envelhecimento através do aprofundamento do conhecimento acerca dos padrões de cuidados existentes atualmente na sociedade portuguesa, em duas populações alvo: os idosos dependentes e os doentes de Alzheimer.
Autor: Ana Teixeira
Área Temática: Sociologia da Educação
Título da Comunicação: Projetos TEIP e novos perfis profissionais: agentes de desenvolvimento local? Uma análise da relação escola-comunidade no âmbito do Programa TEIP2.
Afiliação institucional: Bolseira de Investigação no Projecto“O outro lado da relação de cuidar: o olhar do idoso” através do CIEO – Centro de Investigação Sobre o Espaço e as Organizações – Universidade do Algarve.
Áreas de formação: Licenciatura em Sociologia, Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (2007), e Mestrado em Sociologia e Planeamento, ISCTE –IUL (2012).
Interesses de Investigação: Sociologia da Educação, envelhecimento populacional, cuidados sociais e políticas sociais para idosos, envelhecimento activo.
PAP0685 - Abrir a produção tecnológica às ciências sociais e à participação pública
O desenho, a produção, a distribuição ou o uso de objectos técnicos são ainda conceptualizados e operacionalizados, na sua grande maioria, por agentes ou instituições de carácter exclusivamente tecnológico. No entanto, a condução destes processos beneficia cada vez mais das suas permeabilidades quer a conhecimentos teóricos e práticos vindos do pensamento social e humano, quer a paradigmas baseados na participação de populações não especializadas ou no recurso a saberes vernaculares.
Debates nos Science and Technology Studies (STS) têm produzido um vasto campo de trabalho teórico no domínio tecnológico, o qual está agora aberto a desenvolvimentos práticos interdisciplinares, como no campo do design sensitivo a valores ou da ética na inovação tecnológica. Por seu turno, um conjunto de iniciativas em sustentabilidade ambiental e social tem procurado o envolvimento público na produção técnica, nomeadamente em áreas como a reabilitação urbana ou a gestão de sistemas para o tratamento de resíduos.
É neste contexto que se enquadra o nosso trabalho. Em primeiro lugar, operamos neste quadro de abertura do campo tecnológico ao analisar o aumento de trabalhos interdisciplinares entre a arquitectura e a sociologia, a engenharia e a filosofia, a antropologia e o design, etc. Este cruzamento implica hoje uma troca de ideias, metodologias, materiais e modelos, que produzem não apenas bons resultados ao nível do debate científico, mas também múltiplas experiências concretas ao nível da concepção conjunta de artefactos.
Em segundo lugar, recorremos também à análise de paradigmas de tecnologia participada ou aberta, reconhecendo o seu potencial como modos de ligação entre as teorias e as práticas técnicas com os mundos sociais onde estas se inserem e operam. Os benefícios em envolver populações não especializadas e mobilizar os seus conhecimentos, vão desde o desenvolvimento de novas aptidões nestas populações à criação de projectos com maior eficácia e legitimidade.
Em terceiro e último lugar, apostamos numa mobilização destas duas tendências de abertura ao nível da produção tecnológica para o desenvolvimento de plataformas de trabalho. Estas plataformas permitem agregar cientistas, técnicos, investigadores sociais e humanos, e actores individuais e colectivos, tendo em vista a implementação de projectos de co-criação e co-gestão tecnológica. No momento presente, iremos apresentar uma análise de quadros teóricos e casos empíricos nacionais e internacionais com boas práticas a este nível.
- NASCIMENTO, Susana
- PÓLVORA, Alexandre
PAP1002 - Academia, Activismo e Sexualidade: reflexões acerca de uma Sociologia Pública Queer
Apesar de amplamente contestado, o legado positivista continua a produzir efeitos na forma como fazemos sociologia hoje. Tal herança traduz-se nos modos dominantes de recolher e analisar informação, conducentes a resultados fracos, por vezes despiciendos, e com pouca ressonância social e política.
O conceito de sociologia pública, proposto inicialmente por Herbet J. Gans e amplamente desenvolvido por Michael Burrawoy, foi crucial na crítica a uma sociologia tradicional de influência positivista. Com base nesta noção, e claramente inspirada pelos contributos feministas e queer, nesta apresentação sugere-se a possibilidade – e a importância –, de assumir o carácter sempre político de todas as formas de conhecimento, incluindo o conhecimento sociológico. O argumento central é que apenas uma sociologia assumidamente comprometida pode levar a resultados transparentes, relevantes e úteis, em particular na esfera dos estudos sobre sexualidade.
Esta apresentação está dividida em quatro partes. Na primeira parte, consideram-se brevemente para os antecedentes da Teoria Queer, de forma a clarificar contextos e conceitos.
Segue-se uma revisitação do modelo de sociologia pública, enfatizando o seu potencial analítico e político. Subjacente ao conceito de sociologia pública está a premissa de que o conhecimento pode contribuir para processos de inclusão ou exclusão, dependentes da utilização que lhe é dada.
A terceira parte trata dos impactos epistemológicos e éticos de ‘agentes-duplos’, ou seja, de quem assume um duplo estatuto enquanto cientista-activista na esfera dos estudos LGBT/queer. Sugere-se aqui que este duplo estatuto de cientista-activista constitui uma oportunidade para construir e disseminar conhecimento de base empírica, mantendo simultaneamente um sentido de responsabilidade social e empenho político.
Por fim, propõe-se o desenvolvimento de uma Sociologia Pública Queer, uma nova perspectiva crítica que dialoga directamente com a noção de cidadania sexual. A Sociologia Pública Queer reconhece o seu carácter politicamente situado, ao mesmo tempo que contribui para a desconstrução de preconceitos e processos de exclusão e opressão com base na orientação sexual e identidade de género. Defende-se que tal compromisso entre academia e activismo fortalece a acção colectiva, respondendo simultaneamente a desafios que se colocam aos estudos sobre sexualidade no momento presente.
- SANTOS, Ana Cristina
PAP1229 - Accountability nas ONGD
Actualmente, as políticas públicas globais constroem-se a partir de processos negociais entre Estados, sociedade civil e sector lucrativo. As ONG internacionais tornaram-se parceiros de facto no estabelecimento de normas e padrões, influenciando e propondo soluções para problemas públicos sociais. A nível nacional, muitos serviços públicos anteriormente providos pelo Estado são fornecidos pelo sector empresarial ou pelo terceiro sector. As ONGD, quer com o sector público, quer com o sector privado, têm estabelecido relações de parceria que se traduzem em serviços sociais necessários. Associadas a estas parcerias e novos papeis, levantam-se no entanto múltiplas questões ligadas à accountability.
A investigação desenvolvida centra-se no estudo da accountability nas ONGD portuguesas, tendo como objectivo principal analisar que prioridades de accountability estabelecem, face à diversidade de stakeholders com quem interagem e às múltiplas accountabilities, por vezes incompatíveis, que lhes estão associadas. Foram analisados cinco mecanismos de accountability: relatórios, avaliações, participação, auto-regulação e auditoria social; e cada mecanismo foi analisado através de três dimensões de accountability: ascendente-descendente, interna-externa, funcional-estratégica.
Desenvolvido no âmbito de uma tese de mestrado, este estudo de natureza qualitativa, baseou-se na aplicação de uma grelha de indicadores de transparência objectivamente verificáveis, adaptada de uma ferramenta disponível no site da Coordinadora de ONG para el Desarrollo-España, a vinte ONGD portuguesas, em que se identificaram elementos associados à identidade e intervenção das mesmas, e foram avaliadas as suas práticas de transparência. O estudo centrou-se ainda, em três entrevistas efectuadas a Directores executivos de três ONGD, seleccionadas entre as vinte já referidas.
Sobretudo a partir da análise das entrevistas, verificou-se que os mecanismos referenciados privilegiam a accountability ascendente para doadores, que as razões para o uso destes mecanismos são, principalmente, razões externas e que se focam numa resposta organizacional funcional de curto prazo.
As conclusões do estudo sublinham a necessidade de promoção de uma cultura de accountability mais inclusiva e construtiva que esteja mais alinhada com as metas e os objectivos das ONGD. Em detrimento de uma accountability meramente legal e tecnocrática, aponta-se a necessidade de evolução para uma accountability holística, capaz de contribuir para o favorecimento da aprendizagem organizacional, melhoria da sua performance e alteração das assimetrias de poder. A accountability holística contém um vasto potencial de contribuir para a reconfiguração das relações entre sectores em busca de valores partilhados e para o fortalecimento da confiança das instituições locais, nacionais e mundiais.
- PINTO, Filipe
PAP0404 - Acesso ao direito e à justiça e a democracia em Portugal: um direito ainda emergente
O acesso ao direito e à justiça não é auto-efectivo, nem neutro politicamente; nem é a panaceia da transformação social, mas tem um papel central e de charneira nas democracias contemporâneas, dado que “não há democracia sem o respeito pela garantia dos direitos dos cidadãos” (Santos et al, 1996: 483). Assim, no início do século XXI o acesso de todas as pessoas ao direito e à justiça continua a ser central para o aprofundamento da qualidade da democracia e da cidadania, pelo que há que reflectir sobre todas as reformas em curso, em que os papéis do Estado, da Comunidade e do Mercado estão em redefinição, bem como sobre os diversos tipos de parcerias que se estabelecem entre os actores, com graus de participação diferente, de cada um destes pilares da sociedade, modelando políticas públicas (ou de acção pública – Commaille, 2009) de acesso ao direito e à justiça que variam conforme o Estado e a Sociedade em que se inserem.
Na sociedade portuguesa encontramos uma pluralidade de formas de acesso dos cidadãos ao direito e à justiça através de meios judiciais e não judiciais e de iniciativa de entidades, públicas – estado central e local –, da comunidade e do mercado, o que nos permitiu fazer um mapeamento e sistematização de todos os meios (visíveis) de resolução de conflitos e de acesso ao direito e à justiça. Com esta comunicação pretendemos dar conta, assim, das principais transformações ocorridas no sistema de acesso ao direito e à justiça em Portugal, sendo visível, através da identificação das estruturas mencionadas e do volume da sua procura, que existe uma rede fragmentada em pirâmide, já que os tribunais, bem como os serviços do Ministério Público, continuam a estar no topo da cadeia; mas, por outro lado, os vários mecanismos – do estado, em parceria, do mercado e da comunidade – a que os cidadãos recorrem dão conta de que existe uma estrutura em rede, feita de várias parcerias e trabalho em conjunto, ainda que nem sempre seja uma rede estabelecida em termos formais.
- PEDROSO, João
- BRANCO, Patrícia
- CASALEIRO, Paula
PAP1172 - Acidentes de trabalho e experiências individuais de risco: da inclusão à exclusão
Actualmente vivemos um período de crise severa que assume formas insidiosas no domínio laboral patente no modo como os pressupostos sobre o trabalho e os seus direitos têm sido avaliados. Estas mudanças para além de terem transformado as noções de tempo e espaço de trabalho, têm contribuído para a erosão dos direitos laborais, a degradação das condições de trabalho e o aumento da população trabalhadora exposta a situações de vulnerabilidade e de exclusão social.
Os acidentes de trabalho aparecem como indicador da deterioração das condições de trabalho e parecem contribuir fortemente para o agudizar de situações de fragilidade e precariedade. Apesar do esforço global para diminuir este flagelo, os acidentes de trabalho continuam a registar valores elevados em todo o mundo, não sendo Portugal excepção.
É objectivo desta comunicação dar conta, por um lado, do modo como a ocorrência de um acidente de trabalho altera a trajectória individual, social e familiar de um indivíduo, passando este de uma condição de trabalhador a uma condição de incapacitado. Por outro lado, atendendo ao facto de as condições de trabalho serem vivenciadas, por cada um, de forma diferente e os seus efeitos dependerem não só do percurso profissional e do contexto de trabalho, mas também da percepção que cada um pode ter em função das suas especificidades físicas, psicológicas e sociais, procura-se discutir os cenários de reparação e reabilitação dos trabalhadores vítimas de acidente de trabalho.
A história dos acidentes contada pelos trabalhadores mostra que estes não têm apenas consequências em termos da capacidade de trabalho perdida, ou de ganho, uma vez que o trabalhador não deixa apenas de receber o seu salário ou de ter a sua capacidade produtiva diminuída. O acidente tem também consequências ao nível da realização pessoal e do reportório emocional face ao valor e sentido do trabalho, na medida em que se assiste com o decorrer de um acidente de trabalho a uma mudança de estatuto, ganhando o trabalho um determinado valor e sentido. Parece existir, após o acidente, uma dignificação pelo trabalho que é destruída pela incapacidade de não poder voltar a trabalhar.
A identificação de diversos percursos após a ocorrência de um acidente de trabalho e o modo como os trabalhadores retornam ou não ao mundo do trabalho possibilita, assim, o reconhecimento do papel do trabalho enquanto promotor da cidadania, da qualidade de vida e de inclusão social.
- LIMA, Teresa Maneca
PAP1484 - Acolhimento familiar de idosos: relações de intimidade ou de distanciamento?
O acolhimento de idosos por famílias registadas e acompanhadas pela Segurança Social pode representar uma alternativa interessante à institucionalização. Num contexto de crise económica e de aumento do desemprego, por um lado, e de dificuldade de conciliação do desempenho de uma profissão a tempo inteiro e prestação de cuidados aos mais velhos, por outro, o acolhimento familiar de idosos pode representar uma mais-valia tanto para os idosos, como para as famílias que os acolhem. No entanto, o estudo das vantagens e desvantagens efetivas desta resposta social, existente num número restrito de países de que Portugal faz parte, não tem merecido a atenção devida dos cientistas sociais.
Em 2009 existiam em Portugal sensivelmente 1000 famílias de acolhimento de idosos registadas na Segurança Social, na sua maioria residentes no norte do país, que cuidavam de perto de 2000 adultos, a quem prestavam cuidados e com quem partilhavam o espaço residencial. Este apoio a um pequeno grupo de idosos por família implica a partilha de uma certa intimidade e o desenvolvimento de relações intergeracionais entre o cuidador e membros da família de acolhimento e os indivíduos acolhidos.
Esta pesquisa analisa a dinâmica dessas relações intergeracionais singulares que têm uma base contractual promovida pela Segurança Social, a partir de observação participante e de entrevistas semi-estruturadas realizadas a 17 de idosos em famílias de acolhimento familiar.
A dinâmica intergeracional estabelecida entre os idosos e os cuidadores não parece depender de fatores como a idade ou a saúde dos primeiros. Os resultados salientam que a dinâmica de relacionamento em termos de qualidade e intensidade das trocas emocionais e de serviços e atividades partilhadas são afetados por: 1) necessidade de um espaço de intimidade para a família e idoso acolhido, 2) estratégias para o preservarem e 3) interiorização de papéis.
Uma tipologia que integra grupos com relacionamento “íntimo”, “próximo”, “neutro” ou “distanciado” põe em evidência situações em que predominam as vantagens para o idoso do atendimento personalizado mas também alguns contextos em que estes vivem experiências de desempoderamento nas famílias que os acolhem.
- MATOS, Alice Delerue
- BORGES, Rita Neves
- MARTINS, Elisabete
PAP1489 - Adolescentes y jóvenes inmigrantes en Huelva y Sevilla (España): Factores explicativos de aspiraciones y expectativas educativas y laborales
La investigación de los procesos de integración de adolescentes y jóvenes inmigrantes ha sido de gran interés en diversos países con experiencia migratoria. España ha visto crecer en los últimos años la proporción de población extranjera matriculada en colegios e institutos, al mismo tiempo que hay un incremento de la llamada segunda generación de inmigrantes ya nacidos en el país de destino migratorio de sus padres. Algunos de estos hijos de inmigrantes tienen aspiraciones y expectativas educativas y laborales más elevadas mientras que en otros casos son más moderadas/ bajas probablemente influenciados por sus trayectorias biográficas, su contexto social y familiar, amén de otros factores.
Esta comunicación muestra los resultados de dos investigaciones paralelas realizadas en las provincias de Huelva y de Sevilla (Andalucía, España) basadas en la ejecución de dos encuestas a muestras representativas de adolescentes y jóvenes en los ámbitos de estudio.
En este trabajo describimos las aspiraciones y expectativas educativas y laborales de estos adolescentes y jóvenes inmigrantes. También medimos el prestigio ocupacional de las aspiraciones y expectativas laborales señaladas. Con la ayuda del análisis cuantitativo multivariable se han examinado los vínculos entre aspiraciones y expectativas de adolescentes y jóvenes, así como otros factores claves. Consideramos diferentes variables como su percepción de discriminación, su interés por mantener las tradiciones familiares, sus identificaciones, su percepción de oportunidades para lograr estudios universitarios, redes sociales, capital humano, lengua, etc. En este trabajo se comparan los resultados obtenidos en los estudios de caso de Huelva y Sevilla, y se estudia si los factores asociados a mayores aspiraciones y expectativas tienden a ser los mismos.
- GUALDA, Estrella

- PEÑA, María José
Estrella Gualda holds a PhD in Sociology and a MA in Politics and Sociology Sciences from the Complutense University of Madrid. She is a Professor in Sociology at the University of Huelva and Director of the Social Studies and Social Intervention Research Center. She has directed numerous projects and published several books, book chapters and scientific articles in the field of sociology, migrations, crossborder issues and social networks. Email: estrellagualda@gmail.com
PAP0561 - Age of dissent: competing representations of youth protest in Britain 2010-11
Many academic commentators and journalists have argued that, after a period of relative quietude, 2010-2011 has seen an upsurge of protest, activism and resistance by a generation of newly politicised young people in the UK. This was initially focussed on resistance to an increase in student tuition fees, but broadened to encompass a wide variety of demands for social, economic and intergenerational justice. This paper focuses not so much on these new forms of resistance themselves, but on representations of them in both mainstream and activist media. Specifically, I focus upon the different ways in which both media commentators and activists themselves frame the historical significance (or otherwise) of these new forms of activism. Via a close reading of a select range of representative texts, I map the different ways in which new forms of resistance are compared and contrasted with earlier outbreaks of protest and activism (particularly the upheavals associated with “1968”). Broadly speaking, I highlight three different strategies of representation/comparison of current forms of activism with earlier periods. These are: narratives of dismissal (whereby current forms of protest are framed as inconsequential or insignificant compared to earlier manifestations), narratives of revitalisation (whereby current protests are framed as rekindling a dormant radical spirit) and narratives of novelty (in which current forms of activism are framed as significant, but radically dissimilar to early incarnations). By examining the different narrative techniques that are used to frame the historical significance (or otherwise) of new forms of protest, I argue that comparisons with the past are fundamental both to how activists perceive their own activities, and how youth protest is understood and responded to in popular discourse. Consequently, a focus on the discursive construction of contemporary political history should occupy a central role in the theory and analysis of social movement activism.
- DEAN, Jonathan
PAP0359 - Agenda 21Local e a questão da sustentabilidade: interfaces das experiências brasileira e portuguesa
A Rio-92 foi um Fórum Mundial no qual o modelo hegemônico de desenvolvimento da sociedade industrial foi criticado e apontado como responsável pela degradação ambiental. Nele foi elaborado o documento denominado de Agenda 21(AG21), definida como um instrumento de planejamento sustentável participativo e de desenvolvimento territorial. No seu processo de elaboração e implantação estão contidos mecanismos que podem ou não contribuir para uma efetiva participação cidadã. A cidadania é orientada pelos anseios crescentes do cidadão pertencer a uma coletividade. Essa noção político pedagógica, incorporada, por exemplo, no processo organizativo de comunidades locais, pode favorecer um determinado sistema de alianças em prol da participação na elaboração das Agendas 21 Local (A21L) prevista no capítulo 28 da Agenda 21 Global (A21G). As práticas educativas no campo ambiental começaram a ser incorporadas não só em âmbitos institucionais formais, sob a égide da reconstituição de uma suposta “ordem”, como também acolhendo iniciativas pelas quais procuram atribuir legitimidade a uma diversidade de ambientes compatíveis com a pluralidade dos sujeitos. A sustentabilidade configura-se como uma possibilidade de resposta aos processos de degradação ambiental do planeta decorrentes do modelo de desenvolvimento dominante na sociedade moderna. As práticas educativas ambientais podem contribuir com a construção de novos valores culturais voltados para uma sociedade sustentável, democrática, participativa e socialmente justa. A revisão do modelo de desenvolvimento existente, baseado em hábitos consumistas de difícil reversão, necessita de um enfoque sócio educativo dessa natureza. Por esse raciocínio, ambiente e sustentabilidade configuram-se como saberes articuladores da diversidade de novos valores éticos e integração de processos ecológicos, tecnológicos e culturais. O Estudo tratou de processos e dinâmicas de elaboração de AG21L nos contextos português e brasileiro. Resulta como parte das atividades desenvolvidas no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, em Portugal. Por meio de uma pesquisa bibliográfica analisou a produção acadêmica, políticas governamentais, diretrizes de agências multilaterais e/ou regionais, como é o caso da Comunidade Européia, e relatos ou projetos de experiências locais de atores diversos, referentes a essa temática. Na análise foi identificada uma transversalidade expressiva de documentos que dão conta de políticas de ordenamento territorial, tais como, os planos diretores, os planos de desenvolvimento local, os planos de gestão ambiental, mas que nem sempre dialogam ou estabelecem interfaces com os processos de elaboração das Agendas 21, particularmente na escala local, em ambas as realidades estudadas, a brasileira e a portuguesa.
Palavras-Chave: Agenda 21, Desenvolvimento Local, Sustentabilidade, Território
- SILVA, Martia das Graças

Maria das Graças da Silva
Pos-Doutoramento em Sociologia Ambiental ( ICS/PT), doutorado em
Planejamento Urbano e Regional (UFRJ, 2002), possui graduação em
Ciências Sociais pela UFPA (1979). É professora Adjunta da
Universidade do Estado do Pará (UEPA), integra o Programa de
Pós-Graduação Stritu Sensu, Mestrado em Educação, com experiência em
orientação acadêmica de dissertação e Trabalho de Conclusão de Curso
de Graduação e especializãção na área de educação em ambientes não
escolares e questões ambientais. Tem publicado vários artigos em
periódicos nacionais, em Anais de Congresso, capítulos de livro, livro
em co-autoria e experiência na área de Sociologia e sociologia
ambiental, Planejamento Territorial, atuando principalmente com os
seguintes temas: práticas educativas, educação ambiental, meio
ambiente, saberes locais e pesquisa. Atualmente exerce o cargo de
Vice-Reitora da UEPA, mandato 2009-13.
PAP0689 - Agroindústria familiar e sustentabilidade: um estudo de caso sobre o Programa Matas Legais em Santa Catarina, Brasil
O texto discute a formação da temática ambiental na sociedade contemporânea, seus desdobramentos e determinações, com ênfase no problema das relações de produção e organização produtiva. Analisa-se como esta temática se constrói por meio do estudo de caso do Programa Matas Legais (PML), desenvolvido em parceria pela empresa Klabin Celulose S.A. e pela ONG APREMAVI (Associação de Preservação ao Meio Ambiente e a Vida). Este Programa constitui um projeto de fomento florestal ambientalmente correto nas pequenas e médias propriedades de agricultores familiares nos Estados de Santa Catarina e Paraná (Brasil) para a produção de madeira para papel e celulose, com mecanismos de apoio do Estado e supõe uma perspectiva conservacionista. Nesse processo, as relações de produção não são determinadas fundamentalmente pela parceria entre a empresa e a ONG, mas envolvem os mercados transnacionais de papel, celulose e conservação, bem como o Estado, por meio das políticas de crédito agrícola. Essas relações afetam o setor produtivo agrícola, em especial a agricultura familiar, impelindo-o ao processo de agroindutrialização. A temática ambiental tem sido amplamente absorvida pelo mercado, mas ainda é um assunto secundário à concepção do desenvolvimento social, e que os argumentos em torno da temática ambiental permanecem atrelados e subordinados ao tema da eficiência econômica. Para compreender concretamente como ocorre essa apropriação da temática ambiental pelo processo produtivo e sua conversão em mercadoria (mercadoria verde), observamos o processo de produção e valorização (valor verde) da madeira para papel e celulose no plantio de eucalipto, e suas consequências socioeconômicas, trabalhistas e ambientais. O estudo de caso foi representativo para os objetivos da pesquisa devido à articulação, no mesmo processo produtivo, de uma empresa privada – indústria de papel e celulose, geralmente vista como agressora do meio ambiente pelos ambientalistas – junto com uma ONG ambientalista – que combate formas de produção destrutivas. Essa contradição se revelou bastante curiosa, principalmente porque o Programa inclui agricultores rurais categorizados como agricultores familiares. A articulação desses três atores envolve ainda instituições públicas em diferentes níveis – programas federais de incentivo agrário, prefeituras, secretarias e institutos de pesquisa agrária. O estudo demonstra como a temática ambiental se processa em mercadoria, as contradições, os efeitos sociais e a influência do discurso ecopolítico sobre esse processo. Constatamos que a lógica do consumo predatório do meio ambiente é resultado necessário das relações sociais de produção próprias ao capitalismo e que a defesa do meio ambiente só será eficaz na medida em que for incorporada estruturalmente à ação política fundada em outra ordem de necessidades que supere as determinadas pela lógica do capital.
- MULLER, Ricardo

- DIAMICO, Manuela
Ricardo Gaspar Müller: professor associado do Departamento deSociologia e Ciência Política e Coordenador do Programa de Pós-graduação emSociologia Política (PPGSP) – gestão 2012/2014 – da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), Florianópolis, Brasil. Coordenador epesquisador do Núcleo de Estudos das Transformações do Mundodo Trabalho (TMT/CFH/UFSC). Linhas de pesquisa em que atua: Ideias,Instituições e Práticas Políticas; Mundos do Trabalho. Membrodo comitê editorial de Política e Sociedade: revista de SociologiaPolítica (PPGSP/UFSC).Professor do Departamento de ComunicaçãoSocial da Universidade Federal Fluminense (UFF), de 1980 a 1997.Visiting Scholar naUniversidade de Nottingham (1993/1994 e 2001). Pós-doutorado em Sociologia pela UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ).Doutor em História Social pela Universidade de SãoPaulo (USP). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG).
PAP0152 - Agroindústria familiar e sustentabilidade: um estudo de caso sobre o Programa Matas Legais em Santa Catarina, Brasil.
O texto discute a formação da temática ambiental na sociedade contemporânea, seus desdobramentos e determinações, com ênfase no problema das relações de produção e organização produtiva. Analisa-se como esta temática se constrói por meio do estudo de caso do Programa Matas Legais (PML), desenvolvido em parceria pela empresa Klabin Celulose S.A. e pela ONG APREMAVI (Associação de Preservação ao Meio Ambiente e a Vida). Este Programa constitui um projeto de fomento florestal ambientalmente correto nas pequenas e médias propriedades de agricultores familiares nos Estados de Santa Catarina e Paraná (Brasil) para a produção de madeira para papel e celulose, com mecanismos de apoio do Estado e supõe uma perspectiva conservacionista. Nesse processo, as relações de produção não são determinadas fundamentalmente pela parceria entre a empresa e a ONG, mas envolvem os mercados transnacionais de papel, celulose e conservação, bem como o Estado, por meio das políticas de crédito agrícola. Essas relações afetam o setor produtivo agrícola, em especial a agricultura familiar, impelindo-o ao processo de agroindutrialização. A temática ambiental tem sido amplamente absorvida pelo mercado, mas ainda é um assunto secundário à concepção do desenvolvimento social, e que os argumentos em torno da temática ambiental permanecem atrelados e subordinados ao tema da eficiência econômica. Para compreender concretamente como ocorre essa apropriação da temática ambiental pelo processo produtivo e sua conversão em mercadoria (mercadoria verde), observamos o processo de produção e valorização (valor verde) da madeira para papel e celulose no plantio de eucalipto, e suas consequências socioeconômicas, trabalhistas e ambientais. O estudo de caso foi representativo para os objetivos da pesquisa devido à articulação, no mesmo processo produtivo, de uma empresa privada – indústria de papel e celulose, geralmente vista como agressora do meio ambiente pelos ambientalistas – junto com uma ONG ambientalista – que combate formas de produção destrutivas. Essa contradição se revelou bastante curiosa, principalmente porque o Programa inclui agricultores rurais categorizados como agricultores familiares. A articulação desses três atores envolve ainda instituições públicas em diferentes níveis – programas federais de incentivo agrário, prefeituras, secretarias e institutos de pesquisa agrária. O estudo demonstra como a temática ambiental se processa em mercadoria, as contradições, os efeitos sociais e a influência do discurso ecopolítico sobre esse processo. Constatamos que a lógica do consumo predatório do meio ambiente é resultado necessário das relações sociais de produção próprias ao capitalismo e que a defesa do meio ambiente só será eficaz na medida em que for incorporada estruturalmente à ação política fundada em outra ordem de necessidades que supere as determinadas pela lógica do capital.
- MULLER, Ricardo

- DIAMICO, Manuela
Ricardo Gaspar Müller: professor associado do Departamento deSociologia e Ciência Política e Coordenador do Programa de Pós-graduação emSociologia Política (PPGSP) – gestão 2012/2014 – da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), Florianópolis, Brasil. Coordenador epesquisador do Núcleo de Estudos das Transformações do Mundodo Trabalho (TMT/CFH/UFSC). Linhas de pesquisa em que atua: Ideias,Instituições e Práticas Políticas; Mundos do Trabalho. Membrodo comitê editorial de Política e Sociedade: revista de SociologiaPolítica (PPGSP/UFSC).Professor do Departamento de ComunicaçãoSocial da Universidade Federal Fluminense (UFF), de 1980 a 1997.Visiting Scholar naUniversidade de Nottingham (1993/1994 e 2001). Pós-doutorado em Sociologia pela UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ).Doutor em História Social pela Universidade de SãoPaulo (USP). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG).
PAP0297 - Alcance Analítico do Modelo de Profissões: reflexões a partir do caso da Administração de Empresas
Qual o principal desafio colocado para a sociologia das profissões? Conseguir criar uma teoria que seja abrangente o suficiente para explicar todos os grupos profissionais, inclusive aqueles que nasceram na ou em função das organizações burocráticas racionais modernas. Até agora isto não foi possível.
Algumas dos principais esforços da sociologia das profissões tem sido explicar a conquista da legitimidade e a aquisição e manutenção da autoridade e do poder profissional. Tradições teóricas distintas têm respostas diferenciadas para estas questões não havendo, dentro da sociologia das profissões, um consenso sobre quais seriam os fatores determinantes ou a condição indispensável para a obtenção da autoridade e poder profissional. Mas mesmo sem haver uma teoria das profissões configurou-se entre os analistas um consenso mínimo sobre quais seriam os elementos característicos dos grupos profissionais de maior status, o que possibilitou a criação de um modelo de profissões, a que muitos chamam de tipo ideal de profissão.
É inegável que o modelo de profissões tem um alto valor explicativo quando buscamos entender a autoridade e a posição de poder alcançada pelas chamadas profissões liberais tradicionais. Contudo, o modelo falha quando o objeto de análise se desloca das profissões tradicionais para as profissões mais recentes, em especial, aquelas vinculadas ao mercado corporativo. Neste último caso, seu potencial explicativo é praticamente nulo uma vez que estas profissões em quase nada se assemelham às profissões tradicionais liberais. Um caso exemplar é a administração.
Se perguntarmos a um analista das profissões, A administração é uma profissão? Ele tenderá a responder, Não. E por que não? Porque os administradores ainda não monopolizam o mercado, porque não tem um saber exclusivo, porque não foram capazes de estabelecer internamente critérios de controle sobre seu trabalho, enfim, seriam várias justificativas teóricas para dizer não. Esta “negativa teórica”, porém, não muda o fato que a administração, mesmo não contemplando os elementos estabelecidos pelo modelo de profissões, é aceita socialmente como uma profissão e que sua autoridade profissional está suficientemente legitimada no espaço social a ponto de não ser questionada.
É tendo como referencia o caso emblemático da administração que se consolida a proposta desta comunicação que objetiva refletir sobre os limites do modelo das profissões quando este é aplicado a análise de grupos cuja origem e a relação que estabelecem com o conhecimento e com o mercado são distintos daqueles típicos das profissões liberais tradicionais. Para apoiar as reflexões serão utilizados os resultados de uma pesquisa que delineou a percepção dos alunos sobre a autoridade profissional da administração. A pesquisa foi realizada com 104 alunos do último período do curso de bacharelado em Administração de duas faculdades privadas de Belo Horizonte.
PAP1199 - Algumas reflexões sobre o papel do Estado na sociedade
Entre os anos 30 e 60 o Estado impulsionou o desenvolvimento econômico e social através de um investimento forte em despesas sociais, (Bresser Pereira, 1997; Bajoit, 2006; Palier, 2008). A partir dos anos 70 com a crise do Estado social, a que se segue, nos anos 1980, a queda do crescimento nos países centrais e o colapso dos regimes estadistas do bloco soviético, a responsabilidade das reformas econômicas foi canalizada para o mercado (Bresser Pereira, 1997). Entretanto, a crise financeira de 2008 colocou em evidência as consequências de se prescindir do Estado. Deste modo, cabe ao Estado neutralizar ou mitigar os mecanismos de poder dentro do mercado, por isso, o Estado é o elemento indispensável à neutralização da tendência dos mercados reais a serem penetrados por oligopólios e monopólios (Reis, 2006:184). Portanto, a questão central é a necessidade de uma reflexão sobre o papel que o Estado deve desempenhar na sociedade. Logo, é imprescendível repensar a sua reconstrução (Bresser Pereira, 1997), contra a ideia de um Estado mínimo (Palier, 2008), que se faz alterando a sua função de Estado-prestador para a de um Estado-serviço (Soulet, 2006) entre as várias metamorfoses que podem ser consideradas. A partir do levantamento bibliográfico o estudo busca compreender como o Estado - como fator de desenvolvimento econômico e social, fundamental ao desenvolvimento de um país, - poderá contribuir para melhorar as condições de bem-estar social através da sua atuação enquanto agente regulador e fomentador da economia. Todavia, tais desafios só serão possíveis quando o Estado resgatar sua autonomia, reconstruir suas bases, para um Estado forte, ativo, regulador, indutor, interventor, mas, sobretudo coordenador da economia.
- MAIA, Maria de Fátima Rocha

Maria de Fátima Rocha MAIA, mestre em economia – CEDEPLAR/UFMG – Brasil, doutoranda em sociologia econômica do trabalho e das organizações - FCSH/UNL. Profª deptº de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros – Brasil. Linhas de pesquisa - Economia Regional; Economia Social e Desenvolvimento; Políticas Públicas e Responsabilidade Social.
Capítulos de livros publicados: Algumas Considerações do Comportamento Recente do Setor Têxtil: um Enfoque em Alguns Municípios Norte Mineiros; Responsabilidade social empresarial no Estado de Minas Gerais - Brasil: breves considerações; Universidades e desenvolvimento regional: Contribuições da Unimontes no Norte de Minas Gerais.
Artigos completos publicados em periódicos: Desigualdades Sociais no Norte de Minas e o Papel das Empresas no Enfrentamento das Questões Sociais; Ética e auto interesse.
PAP1206 - Alguns dados sobre as competências de uma nova atividade profissional no campo da justiça: o Mediador Familiar como gestor do “social”
A comunicação tem como objetivo apresentar os resultados provenientes de uma investigação dedicada à análise de algumas competências de gestão construtiva de conflitos e de negociação eficaz por parte de mediadores familiares do primeiro gabinete público de mediação familiar de Portugal.
O mediador familiar constitui uma atividade profissional nova no campo da justiça, sendo o mesmo, fundamentalmente, um facilitador das inter-relações sociais dos sujeitos mediados e um ator social informado por um paradigma de pacificação das relações entre os envolvidos. O exercício desta atividade profissional pressupõe a posse de determinado tipo de competências de diferente índole, entre as quais se destacam as de gestão construtiva de litígios e as de negociação de modo a se alcançar o acordo social.
Recorrendo a uma metodologia exclusivamente quantitativa, o estudo teve como amostra-piloto 10 mediadores familiares, os quais responderam aos instrumentos ROCI II (Rahim Organizational Conflict Inventory), como forma de avaliar a utilização de diferentes estilos de gestão de conflito em contexto de mediação familiar, e o CENII (Questionário de Eficácia Negocial), de modo a aferir as competências de negociação eficaz dos mesmos nesse domínio.
Os resultados apontam no sentido de que deter algumas das competências especificamente aqui investigadas podem estar na base de alguma eficácia na gestão do “social” no âmbito da conflitualidade familiar.
- CUNHA, Pedro

Pedro Cunha
Pós-Doutorado em Psicologia na USC, sob orientação dos Profs. Doutores Gonzalo Serrano (Espanha) e Jorge Correia Jesuíno (Portugal). Doutor em Psicologia pela USC (bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia), Licenciado em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela FEP da Universidade Católica e Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, possui Certificado de Mediador de Conflitos e Mediador Familiar.
Director da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (2001-2004), na qual é Professor Associado com Agregação. Docente convidado da FEP – Faculdade de Economia e na EGP/Business School da Universidade do Porto. Os seus interesses de investigação direccionam-se prioritariamente para as áreas de gestão de conflitos, negociação e mediação.
PAP0917 - Alimentação, Austeridade e Criatividade: consumo e cidadania nas cantinas escolares
Em Portugal, a alimentação escolar desempenha um forte papel no acesso ao consumo alimentar e na atenuação dos impactos da pobreza. Muitas vezes, crianças e jovens tem acesso à única refeição quente do dia através deste importante sistema de provisão. Para além disso, esta refeição é juridicamente contornada por critérios de qualidade, segurança, higiene alimentar e nutrição. Porém, este sistema de provisão, sustentado numa forte presença do Estado Social, encontra-se fragilizado na sequencia da crise financeira despoletada em 2008 e, mais concretamente, pelas atuais políticas de austeridade e de reconfiguração institucional e administrativa do sector público. Questões como o aumento do IVA nas refeições escolares, dívidas aos fornecedores, cortes na despesa e estruturas orgânicas do Estado ameaçam a eficácia e abrangência deste sistema. Este último visa, por um lado, contribuir para a segurança alimentar dos mais carenciados e, por outro, para a adequação dos hábitos alimentares da população juvenil aos critérios biomédicos regidos pelos discursos da saúde e da nutrição. Embora a crise venha acentuar as assimetrias no acesso ao consumo alimentar, já conduziu a processos de inovação nos modos de aprovisionamento alimentar. É o caso de algumas cantinas que permanecem abertas durante todo o período lectivo. Situações como esta, em que se evidencia o papel determinante de certos agentes sociais na produção de inclusão social, e por isso mesmo, manifestando alguns elementos de uma cidadania ativa, conduzem-nos à análise de processos criativos diversificados para colmatar a ação fragilizada do Estado. Por recurso a um conjunto de entrevistas realizadas a agentes institucionais determinantes nestes processos (câmaras municipais, escolas, entre outros) procurámos compreender o papel da criatividade e da cidadania na flexibilização institucional em algumas escolas da região de Lisboa. Para tal, partimos do modelo dos modos de provisão de Warde (2002) para explorar os circuitos múltiplos de acesso ao consumo alimentar das populações escolares mais vulneráveis.
- TEIXEIRA, José

- TRUNINGER, Mónica

- HORTA, Ana

- SILVA, Vanda

- ALEXANDRE, Sílvia

José Pedro Teixeira, licenciado em Sociologia no ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa) em 2010, está actualmente está a terminar o mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de informação na mesma instituição e é bolseiro de investigação no ICS –UL (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) desde 2011 no âmbito do projecto “FCT (2011-2014) (PTDC/CS-SOC/111214/2009): “Entre a Escola e a Família: conhecimentos e práticas alimentares das crianças em idade escolar”. Os seus interesses de investigação são a sociologia do consumo, sociologia da alimentação e das desigualdades sociais.
Mónica Truninger, socióloga, integrou o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) em 2008 como investigadora auxiliar. Tem uma Licenciatura em Sociologia pelo ISCTE (1996), trabalhou como assistente de investigação no Observa entre 1997 e 2001 em vários projectos sobre ambiente e sociedade. Em 2001 vai para Inglaterra onde fez o seu doutoramento em Sociologia na Universidade de Manchester. A tese intitulada Organic Food in Portugal: Conventions and Justifications tratou o consumo e o mercado dos produtos de agricultura biológica em Portugal, particularmente na cidade de Lisboa. Entre 2005 e 2008 integrou uma equipa interdisciplinar das Universidades de Bangor (País de Gales) e de Surrey (Inglaterra) como investigadora de pós-doutoramento. Antes do regresso a Portugal, passou ainda pela Universidade de Cardiff (País de Gales) onde foi assistente de investigação num projecto comparativo entre o Reino Unido e Itália sobre ementas escolares e sustentabilidade. Em 2010 publicou o livro O Campo Vem à Cidade – Agricultura Biológica, Mercado e Consumo Sustentável, editado pela Imprensa de Ciências Sociais. E em 2012 publicará o livro em co-autoria com Mara Miele intitulado Children, Food and Nature: linking the plate and the planet through school meals (Ashgate). Tem publicado artigos em revistas internacionais como: Journal of Consumer Culture; Food Trends in Science and Technology; International Journal of Agricultural Resources, Ecology and Governance e International Journal of Life Cycle Assessment.
Investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Membro da equipa de investigação do Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade. Doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura e Educação, licenciatura em Sociologia e mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Actualmente participa em projectos de investigação sobre questões sociais relacionadas com energia, sustentabilidade e alimentação.
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995), mestrado em Educação (2000) e doutorado em Ciências Sociais (2005) pela UNICAMP. Atualmente é investigadora Pós-doc da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) no CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia)-ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa); pesquisadora colaboradora do CERES (Centro de Estudos Rurais-UNICAMP, Brasil) e membro da equipa de editores da RURIS, a revista deste mesmo centro. Tem experiência na área de Ciências Sociais, Antropologia, com ênfase em Antropologia rural; vem trabalhando e colaborando com vários pesquisadores, tanto em Portugal como no Brasil. Os temas das pesquisas são os seguintes: sexualidades, jovens, gênero, ruralidades, educação, alimentação, mobilidades, imagens.
Sílvia Alexandre é Investigadora de pós-doutoramento no SOCIUS - ISEG/UTL com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Doutorada em Gestão (Especialidade em Organização e Desenvolvimento dos Recursos Humanos) pelo ISCTE e Mestre em Sistemas Socio-organizacionais da Atividade Económica pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). Atualmente está a desenvolver trabalhos na área do consumo sustentável, da publicidade e da alimentação.
PAP1524 - Alimentação, saúde e componentes familiares do risco
A alimentação assume um papel crucial nas práticas familiares de promoção da saúde e de prevenção da doença. Trata-se de um fenómeno sobejamente conhecido, dada a crescente e intensa informação divulgada, mormente sobre os efeitos dos exageros do açúcar, do sal, das gorduras, das bebidas alcoólicas e gaseificadas, dos pratos fast-food…Estes podem aumentar os riscos da diabetes, das doenças cardiológicas, do colosterol, das doenças hepáticas, entre outras. Situações desta natureza, fazendo incorrer em vários riscos, interpelam suficientemente a família, a principal prestadora de cuidados de saúde. Geralmente, é num caldo familiar e cultural, que desde a mais tenra idade, se forjam os gostos alimentares, podendo vir a oferecer resistência à mudança logo que surja a questão de mais investimento na promoção da saúde. Apoiando-nos num trabalho de campo de índole comparativa, financiado pela FCT, à base de inquéritos em quatro concelhos situados no norte, no centro e no sul do país, propomo-nos estudar o sentido e as estratégias elaboradas pelas famílias perante estes riscos largamente debatidos nos media e objecto de advertência por parte dos profissionais de saúde.
- LEANDRO, Maria Engrácia
- PEREIRA, Maria da Graça
- OLIVEIRA, Ângela Miranda
- LEANDRO, Ana Sofia da Silva
PAP0213 - Alter-globalisation, Politics and Citizenship: An Account out of Portuguese Social Movements
Social movements, and more concretely the alter-globalisation ones, are spaces that permit to maintain a certain public sphere, which is not reserved to a particular social class – that is to say, neither the bourgeoisie nor the popular strata, but rather it is about a sphere which aims for the universality by incorporating wide and diverse sectors of the society. Following Habermasian terms in particular and the language of the Frankfurt School’s critical theory in general, I assume that social movements construct “communicative reason” as when activists denounce “instrumental rationality” under its economicist and neo-liberal variant or when they call into question globalisation in its current and hegemonic form. They are places for “ideal speech situation”, that is, beyond their personal or private interests, beyond their idiosyncrasies, people through social movements discuss and debate publicly, rationally and critically about issues concerning the public realm. They use their reason for political matters.
This concretely occurs notably via assemblies, print and virtual media. But, this is also the case through other repertoires of collective action as when they take to the streets during marches and demonstrations, as when they re-appropriate common kinds of public places as the square. This process also happens through the activation of various artistic expressions (dramaturgies, mises-en-scène, paintings, sculptures, songs, music, etc.), games, exchanges, sometimes around foods and drinks, all of them often taking place in the proper recuperated square.
Hence, through the example of Portuguese alter-globalisation social movements, we shall also see how their members make public spheres and reinvent democracy. This happens via repertoires of collective action that are often considered as “non-conventional politics” and including as “irrational”, in particular by a certain Establishment and adversaries. However, we shall observe that these actions have, on the contrary, their own rationalities, which reappraise the concept of conventionality in politics and in democracy, and finally the ideas and practices of politics and democracy themselves.
These are therefore the aspects I would like to develop in the following paper.
- MASSE, Cédric

Trained in social sciences, notably in anthropology and sociology, Cédric Masse is working on topics related to social movements, non-governmental organisations (NGOs), civil society. More precisely, he is currently doing research on alter-globalisation and social movements in Portugal as part of a doctoral thesis in sociology at the Institute of Social Sciences of the University of Lisbon and with the financial support of FCT. This study also deals with sociology of action, knowledge and identity from an epistemological perspective. He published a book entitled Les organisations non-gouvernementales face aux gouvernants: Les rapports majeurs des ONG avec l’ONU, la Banque Mondiale et la Commission Européenne (2007, Paris, Editions Le Manuscrit).
PAP0514 - Alteridades imigração / crime violento
Os movimentos migratórios têm-se acentuado nos últimos anos, apesar de se afirmarem uma excepção à regra. Na verdade, apenas 3% da população mundial se encontra nesta condição, não fazendo verdadeiro jus à designação, de “século em movimento”. Os migrantes têm sido cruciais para o desenvolvimento das principais economias, disponibilizando mão-de-obra de baixo custo e contribuindo para o crescimento da população, factores frequentemente desconsiderados em épocas de crise e recessão.
Apesar de plasmados internacionalmente determinados direitos inalienáveis a todos os seres humanos, os migrantes estão sujeitos às regulamentações específicas definidas por cada Estado, em contextos precisos. Os Estados, empossados de uma soberania pós-Vestefálica, regulamentam a entrada, permanência e saída de estrangeiros dos seus territórios, às quais os migrantes têm que se sujeitar. Votados com frequência a situações de irregularidade, muitos migrantes ingressam em esquemas criminosos na demanda de melhores condições de vida, tornando-se presas de grande vulnerabilidade. A resposta de alguns Estados tem sido crescentemente severa no que respeita à intolerância pela irregularidade, confundindo com frequência vítimas com ofensores. Estes papéis alternam por vezes, passando vítimas a ofensores e estes últimos a vítimas.
No caso dos ofensores não nacionais em Portugal, e pensando no caso específico da criminalidade violenta, a recolha quantitativa e qualitativa de condenações referentes ao período de uma década (2002-2011), vem mostrar-nos que as diferenças em relação às condenações de cidadãos nacionais não são, aparentemente, significativas e que haverá factores a ter em conta na análise destes casos para um exame mais acurado deste problema. A forma como são apresentados estes casos pela comunicação social e o sentimento de insegurança que, dessa forma, é veiculado, tem contribuído para uma crescente intolerância. Maioritariamente permanece uma névoa de desconfiança, e endurecimento relativamente aos ofensores não nacionais, frequentemente sob a forma de medidas semelhantes à resposta dada à irregularidade.
Procuramos nesta apresentação abordar questões acima levantadas, tentando identificar dilemas e soluções encontrados por vários Estados, focando em específico o caso português, para lidar com um problema que se afigura cada vez mais necessitado de atenção, uma vez que a Europa atravessa uma fase de envelhecimento da população, e por isso, de falta de mão-de-obra activa, fazendo-se não obstante acompanhar de um endurecimento de atitudes anti-imigração.
- GUIA, Maria João
PAP0420 - Alternativas às Penas e às Medidas Socioeducativas no Brasil: estudo comparado entre os modelos de controle social punitivo de adultos e adolescentes
O estudo apresenta o quadro normativo brasileiro de alternativas às penas e às medidas (socioeducativas) e os mecanismos de diversificação processual presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), na Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95) e na Lei das Penas Alternativas (Lei 9.714/78). A partir de uma abordagem comparativa, avalia os sistemas de direito penal e de direito juvenil de resposta ao ilícito, enfatizando as sanções aplicáveis ao adolescente em conflito com a lei. Outrossim, avalia as similaridades entre o sistema de controle social de adolescentes (medidas socioeducativas) e portadores de sofrimento psíquico (medidas de segurança). Concretiza o estudo na análise da prestação de serviço à comunidade, problematizando a tensão entre as sanções alternativas ao encarceramento e a ampliação da rede do poder punitivo na contemporaneidade (punitivismo). O objetivo da investigação é a análise das formas de gestão do desvio punível no Brasil, sobretudo a ampliação da rede de controle com a institucionalização dos substitutivos penais (penas e medidas alternativas). A hipótese central do trabalho é de que as alternativas constituem-se como aditivos penais, ampliando (e não reduzindo) a rede de controle.
- WEIGERT, Mariana de Assis Brasil e
- CARVALHO, Salo de
PAP0068 - Ambiente e a teoria das redes: a perspectiva da justiça ambiental
A crescente
complexidade das
relações e das
formas de
organização da
sociedade civil
colocam as ciências
sociais diante do
desafio de
compreender e de
teorizar novas
configurações,
fundamentadas
sobretudo no
estabelecimento de
vínculos e
interlocuções
coletivas. Neste
contexto, o campo
ambiental
apresenta-se como
campo privilegiado à
medida que a chamada
“questão ambiental”
encontra sua
construção não no
consenso, mas na
articulação da
diversidade e no
estabelecimento de
alianças entre
atores e causas
distintas.
Pretendemos, através
da teoria das redes
sociais aplicada ao
campo ambiental,
analisar um exemplo
particularmente
expressivo das novas
dinâmicas de
organização da
sociedade civil:
aquele que se
desenvolve a partir
dos movimentos e
iniciativas em torno
do que vem sendo
designado por
justiça ambiental.
Os movimentos que
assumem como
bandeira de luta a
justiça ambiental
buscam evidenciar
que em sociedade
desiguais, são os
grupos discriminados
racialmente e as
populações de baixa
renda – enfim,
grupos vulneráveis e
marginalizados – a
arcar com a maior
carga dos danos
ambientais gerados
pelo
desenvolvimento.
Estes movimentos têm
vindo a articular-se
de modo a adquirir
expressão nacional
em vários países e
transnacional,
através do
estabelecimento de
alianças com ONG
internacionais que
atuam na área do
ambiente. Tomaremos
como exemplo a Rede
Brasileira de
Justiça Ambiental.
Assim, realizaremos
um diálogo com
pontos relevantes
presentes na
metáfora das redes e
na teoria das redes
de movimentos
sociais, buscando
compreender a
interpretação que
estas fazem dos
chamados novos
movimentos sociais.
Posteriormente,
exporemos a
trajetória e as
principais
características da
Rede Brasileira de
Justiça Ambiental e,
finalmente,
estabeleceremos
relações com a
discussão teórica
apresentada
inicialmente,
analisando os
limites e as
possibilidades da
aplicação desta
interpretação aos
conflitos
sócio-ambientais.
- PAES E SILVA, Lays Helena

- DE CARVALHO, Lidiane Eluizete

Lays Helena Paes e Silva licenciada em História (1998/2004) pela Universidade Federal de Uberlândia e em Direito (1998/2003) pelo Centro Universitário do Triângulo; Mestre em Direito (2007-2009), na área de ciências jurídico-filosóficas, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, dissertação intitulada "A relação homem-natureza e o direito: ética, ecologia e direito do ambiente"; doutoranda em Democracia no século XXI (2009/2010), promovido pelo Centro de Estudos Sociais e pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Interesse de pesquisa centrado nas relações que estabelecemos com o ambiente, na inegável interação entre homem-sociedade e natureza, no ambiente compreendido como indissociável das questões e relações sociais e nas manifestações e utilizações do direito neste contexto. Projeto de tese é dedicado ao estudo da controvérsia que envolve o uso e extração do amianto no Brasil, uma análise que envolve questões como ambiente, trabalho e saúde, a partir da perspectiva da justiça ambiental.
Lidiane Eluizete de Carvalho licenciada em Direito (1997-2002) e Especialista em Direito Ambiental (2004) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Mestre em Ciências Ambientais (2007/2008) pela Universidad Complutense de Madrid (UCM), dissertação intitulada “Participación Social, Democracia y Desarrollo Sostenible – Los Espacios para la Participación Social en la Gestión de las Aguas”; doutoranda em Democracia no século XXI (2009/2010), promovido pelo Centro de Estudos Sociais e pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES/FEUC) com projecto de tese em curso intitulado “Ambiente democrático: uma abordagem jus-sociológica e comparada da gestão participativa dos bens ambientais”. Atuou como pesquisadora no setor jurídico do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA-Jur) da PUC-Rio; assessora e consultora jurídico-ambiental nas áreas pública e privada e; professora de Direito Ambiental. Áreas de interesse de investigação: Democracia; Justiça Ambiental; Direito e Sociologia ambiental.
PAP1085 - Animação Sociocultural: imprecisões e ambiguidades de uma ocupação profissional
O presente artigo – surgido no âmbito do projecto de doutoramento “Animação Sociocultural, Actores e Controvérsias Públicas”, a decorrer na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa – tem como objectivo dar conta das problemáticas suscitadas no seio da Animação Sociocultural, problemáticas relacionadas com a definição do conceito de “Animação Sociocultural”, com as “licenças” e o “mandato” (Hughes, 1993), com o “poder profissional” (Freidson, 1986 e 1994), com a “jurisdição profissional” (Abbott, 1988) e com o “estatuto profissional”. Ao mesmo tempo, procura-se dar conta da pluralidade de justificações e/ou críticas apresentadas pelos seus protagonistas (Animadores Socioculturais com formação superior, estudantes finalistas de cursos superiores de Animação Sociocultural, professores desses mesmos cursos e dirigentes das associações que representam os Animadores Socioculturais) para as posições que vão assumindo nas controvérsias públicas em que se envolvem em torno dessas mesmas problemáticas. O trabalho de recolha exploratória de informação – através de documentos e através de entrevistas – com o propósito de perceber, por um lado, as posições que os vários protagonistas da Animação Sociocultural assumem face às problemáticas enunciadas e, por outro lado, os meios utilizados para dar expressão a essas mesmas posições, deixou clara a diversidade de posições que estes assumem, bem como a diversidade de meios utilizados para a sua expressão pública (jornais, revistas, fóruns de discussão, blogues, congressos, encontros, entre outros). Desta maneira, à luz da perspectiva da Sociologia Pragmática (Thévenot, 2006) – perspectiva que considera a acção como o produto de um encontro entre as situações/contextos /acontecimentos e as formas como os actores nelas se envolvem em determinados regimes –, tudo indica que a acção dos Animadores é orientada num regime de envolvimento em público, onde se realçam as questões da justiça e do bem comum. Verificado, pois, o seu envolvimento em controvérsias públicas em torno de situações problemáticas de justiça suscitadas pela Animação Sociocultural, importa perceber que dispositivos servem de base às justificações da sua acção e/ou à produção de juízos críticos sobre acção dos outros. Os dados resultantes do trabalho exploratório indicam que esses dispositivos resultam de “diferentes mundos” (cités) justificativos (Boltanski e Thévenot, 1991; Bolthanski e Chiapello, 1999, Boltanski, 2001), especialmente do mundo cívico, parecendo ser este o regime de acção justificativo mais presente e em que o bem colectivo, a promoção da participação na vida da cidade e a igualdade constituem as formas de expressão privilegiadas. Mas não deixam também de resultar do mundo industrial e, ao mesmo tempo, do mundo inspirado e do mundo assente numa lógica de projectos.
- BAPTISTA, António Manuel Rodrigues Ricardo

NOTA BIOGRÁFICA
• António Manuel Rodrigues Ricardo Baptista, aricardo1959@gmail.com.
• Formação académica: Doutorando em Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Diploma de Estudos Avançados em
Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa (Novembro de 2010). Mestrado em Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais
e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Janeiro de 2010). Pós-Graduação em
Sociologia. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa (Agosto de 2008). Licenciatura em Sociologia, ISCTE – Instituto Superior de
Ciências do Trabalho e da Empresa (Julho de 1985).
• Experiência profissional após a licenciatura até ao presente: áreas do emprego, da
educação e da formação profissional.
• Áreas de investigação: trabalho, organizações e profissões.
PAP0063 - Anonymous e LulzSec em Portugal: Reflexões sobre a Conflitualidade Social nas Redes
As formas contemporâneas de acção colectiva orientada para a
mudança social apresentam elementos de inovação que resultam do
contexto de interdependência global em que vivemos, da generalização
do acesso a dispositivos de comunicação mediada e da sua
domesticação, dos novos contextos comunicacionais que daí resultam,
da acentuação do individualismo e ainda dos recentes desastres
financeiros que tiveram por efeito o agudizar das desigualdades
sociais. Esse cenário enquadra a emergência de novas formas de acção
colectiva dissociadas de territórios específicos que unem indivíduos em
torno de actividades de âmbito global mas com carácter microssocial -
aquilo que Knorr-Cetina e Bruegger apelidam microestruturas globais.
Este projecto de investigação pretende estudar a relação entre
reflexividade, identidade, esforços colectivos para a mudança social e
mediação, focando-se nas suas manifestações em redes suportadas
pelas TIC, nos canais de comunicação de massa e nas suas
caracterizações dos actores e dos protestos mencionados, bem como
na apropriação do espaço urbano por parte destes últimos. O trabalho
focar-se-á na realidade portuguesa, com particular incidência nas
acções levadas a cabo sob o estandarte Anonymous e LulzSec.
Procurará identificar elementos que caracterizam as auto-
representações veiculadas na retórica dos participantes, com o duplo
objectivo de divulgação e legitimação da sua acção, as hetero-
representações que circulam nos órgãos de comunicação social, e
compreender em que medida as primeiras e as últimas se sobrepõem
ou distanciam.
Partindo da análise de mudanças sociais e culturais, argumenta-se que
o individualismo e a obrigatoriedade de auto-determinação aliados à
globalização, à recente crise económica e ao aumento das
desigualdades sociais, por um lado, e a massificação das tecnologias
de informação e comunicação (TIC), a sobreposição de redes de
comunicação, a emergência de novas literacias, o experimentalismo
que se processa ao nível da produção cultural e a partilha de
significados biográficos e elementos identitários nas redes, por outro,
estão na origem de novos universos simbólicos que sustentam
projectos colectivos, experimentalismos sociais e políticos.
- JACOBETTY, Pedro
- MARTINHO, João
PAP0830 - Antropologia e Identidade Visual: A influência das mídias na construção dos gostos do público Rock
O Rock sempre teve sua imagem associada a
certos elementos, como a cidade, as roupas
usadas pelos músicos e os fãs do estilo, os
logotipos das bandas, os cenários retratados
nas letras, entre outras coisas. Esta pesquisa
busca conhecer as influências antropológicas
utilizadas nas construções de identidades
visuais, como são mostradas nas fotografias,
nos encartes de discos, e fazendo a associação
entre música e imagem, em que o consumidor
consegue fazer uma associação imediata ao tipo
de música que a banda toca olhando para uma
fotografia da mesma, ou para alguma peça
gráfica que se refira à banda, seja um flyer ,
um cartaz, o site da mesma, ou mesmo um zine
informativo passando pelas relações semióticas
de reconhecimento.
A pesquisa será feita através das buscas de
materiais gráficos impressos e digitais que
possuam relação com o rock, e buscará mostrar,
através de entrevistas e estudos comparativos,
como a antropologia visual e o design gráfico
influenciam na formação do gosto do ouvinte do
rock, não só musicalmente falando, mas também
no seu estilo de vida. A pesquisa está sendo
realizada principalmente em Belém/PA, palco de
um público rock bastante heterogêneo.
Da mesma forma que Askew e Wilk (2002) mostram
a importância da antropologia da mídia para o
estudo e compreensão dos chamados “outros” da
sociedade, quando se referem aos índios e
outras nações consideradas exóticas, este
estudo visa compreender também a importância
das mídias na construção do gosto musical do
indivíduo, influenciando no seu comportamento,
na sua forma de se vestir e de compartilhar com
outras pessoas esse gosto e suas experiências a
partir desta busca de conhecimento para
fundamentar o porquê deste gosto por
determinado estilo musical.
Da mesma forma que Askew e Wilk (2002) mostram
a importância da antropologia da mídia para o
estudo e compreensão dos chamados “outros” da
sociedade, quando se referem aos índios e
outras nações consideradas exóticas, este
estudo visa compreender também a importância
das mídias na construção do gosto musical do
indivíduo, influenciando no seu comportamento,
na sua forma de se vestir e de compartilhar com
outras pessoas esse gosto e suas experiências a
partir desta busca de conhecimento para
fundamentar o porquê deste gosto por
determinado estilo musical.
- JOSEPH, Raoni Silva
- RAMOS, Paula
PAP0463 - Análise Custo-Benefício da Descentralização da Prestação de Cuidados de Fisioterapia do Serviço Nacional de Saúde no Alentejo Litoral
A prestação de cuidados de saúde com qualidade à população que deles necessite é uma preocupação cada vez mais actual e que tem vindo a adquirir cada vez maior relevância nas organizações prestadoras destes cuidados. Caracterizando a intervenção em saúde como a resolução eficiente e eficaz dos problemas da saúde-doença, através da exigência de respostas interactivas no quadro dos recursos organizacionais e profissionais na qual se inscreve, fomentar e sedimentar a qualidade na prestação de cuidados de saúde exige, entre outros, a garantia de efectividade, eficiência, equidade de acesso e acessibilidade a estes mesmos cuidados. As questões da acessibilidade e de eficiência sócio-económica requerem uma profunda reflexão sobre a reorganização da governança de todo o sistema de saúde.
A intervenção da fisioterapia, assim como a acessibilidade aos cuidados de saúde prestados pelos profissionais desta área, assume especial relevância em sub-regiões como o Alentejo Litoral, onde, se associam ao elevado envelhecimento da população, valores assimétricos nos ratios população/ fisioterapeutas/ entidades prestadoras destes serviços, baixos rendimentos, redes de transportes deficitárias/ inexistentes em determinadas zonas, grande dispersão geográfica e isolamento social. Com vista à obtenção de ganhos em saúde, numa perspectiva de melhoria da qualidade e equidade do acesso, as organizações de saúde pertencentes ao Serviço Nacional de Saúde -SNS do Alentejo Litoral tendem a facilitar o acesso aos cuidados de fisioterapia através do uso do transporte partilhado aumentando os seus encargos.Esta investigação é uma abordagem metodológica que pretende compreender e explorar um determinado fenómeno específico, neste caso no Alentejo Litoral, analisá-lo do ponto de vista económico e financeiro e culminar com a apresentação de uma proposta organizativa de actividade descentralizada e analisar a sua relação custo-benefício. Com este estudo de investigação objectivou-se identificar quais as reais necessidades de fisioterapia dos utentes do Alentejo Litoral, caracterizar o acesso a estes cuidados, identificar quais as entidades prestadoras, caracterizar uma mudança benéfica, identificar os encargos actuais para o SNS com a prestação destes cuidados, verificar a aplicabilidade de um modelo organizativo baseado na descentralização dos cuidados de fisioterapia e por fim, analisar a relação Custo-Benefício do modelo proposto. Para a sua elaboração foram utilizados diversos instrumentos de recolha de dados. Espera-se que se com este trabalho se conclua que a prestação de cuidados de fisioterapia baseada na descentralização dos prestadores seja facilitadora de redução de custos e da criação de sinergias entre cuidados de saude primários e hospitalares e que, simultâneamente, contribua para uma melhoria da acessibilidade, qualidade dos cuidados prestados e da satisfação dos utentes do SNS.
- SOUSA, Carla
- CALEIRO, António

- FIALHO, Joaquim

António B.R. Caleiro, é professor auxiliar no Departamento de Economia da Universidade de Évora. Licenciou-se em Economia, na Universidade de Évora, em 1988, concluiu o curso de Mestrado em Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, em 1993, e realizou o seu Doutoramento em Economia, no Instituto Universitário Europeu (Florença), em 2001. A sua visão multi-disciplinar, facilmente identificável no âmbito das suas publicações, tem conduzido o autor a realizar investigação em diversos temas, incluindo alguns associados às interfaces Economia-Demografia, Economia-Política e Economia-Sociologia.
JOAQUIM MANUEL ROCHA FIALHO, Licenciado em Serviço Social, é quadro superior do Instituto do Emprego e Formação Profissional desde 1999, onde exerce funções de assistente social no Centro de Formação Profissional de Évora. É detentor do Mestrado em Sociologia, na variante de recursos humanos e desenvolvimento sustentável (2003), tendo desenvolvido a tese sobre a re-integração de desempregados de longa duração no mercado de emprego. Em 2008, obteve, com distinção e louvor a aprovação nas provas de Doutoramento em Sociologia, onde apresentou a sua investigação sobre as redes de formação profissional. É professor auxiliar convidado no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e docente no Campus Universitário de Santo André do Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares (Instituto Piaget). Tem mais de uma de dezena de artigos publicados sobre organizações e formação profissional, bem como a participação em inúmeros eventos científicos como orador. As suas principias linhas de investigação são a análise de redes sociais, dinâmicas organizacionais e a formação profissional.
E-mail: jfialho@uevora.pt
PAP1185 - Análise crítica das capas das revistas generalistas portuguesas: resistência ou reprodução dos significados culturais associados ao género?
Nos últimos anos a interação das questões de género com as da
representação mediática tem assumido um dos principais eixos de
intervenção académica feminista. Apesar de os públicos serem ativos
no processo de leitura e (re)apropriação da informação mediatizada, é
reconhecida a grande influência dos conteúdos noticiosos na formação
e modelagem das suas opiniões. Além disso, a persistência de
representações genderizadas ao nível da produção de conteúdos
mediáticos tem vindo a ser apontada por diversos autores. Estas
representações, embora não totalmente desvinculadas do real, tendem
a ser apropriadas de forma seletiva, (re)produzindo uma visão
hegemónica e androcêntrica. Efetivamente, estes estudos permitem
relativizar a tão propagada conquista da igualdade das mulheres nas
esferas pública e privada, evidenciando que os media, mais do que
entidades privilegiadas na condução da mudança social
(nomeadamente pelo seu papel de mediadores entre a realidade e os
cidadãos), tendem a configurar-se frequentemente como
perpetuadoras de assimetrias simbólicas.
Para esta comunicação em particular, focamo-nos no discurso visual
dos media, que parece assumir uma especial relevância na criação de
um imaginário associado ao que é ser homem ou mulher em
determinada sociedade. De acordo com a teoria de Roland Barthes, as
imagens comunicam não só um significado denotativo, mas também
um significado conotativo que está relacionado com o sistema de
códigos culturais. Neste sentido, os discursos visuais podem
influenciar, de forma ainda mais subtil do que os discursos escritos, a
forma como algumas realidades são percebidas, assumindo um poder
que se pode tornar, por um lado, regulador ou, por outro lado,
emancipatório.
Para esta comunicação, selecionámos um corpus de imagens das capas
das duas revistas generalistas mais lidas em Portugal – Visão e Sábado.
Este segmento de revistas desempenha um papel especial na
(in)formação da opinião pública porque é referente a notícias atuais
com uma abordagem considerada séria e rigorosa no campo
jornalístico. No que diz respeito à cronologia da nossa amostra,
escolhemos estudar as capas dos últimos três meses de 2011 (outubro,
novembro e dezembro). Considerando que as imagens se inserem na
dimensão ideológica, pretendemos realizar uma análise crítica das
imagens que constituem as faces destas revistas. Recorremos ao
campo da semiótica visual por nos permitir perceber como é que as
imagens de capa interagem com a (re)produção ou resistência aos
significados culturais associados ao género.
- BERNARDO, Mariana

- CEQUEIRA, Carla
- CABECINHAS, Rosa

Mariana Bernardo é licenciada e Mestre em Psicologia pela Universidade Católica Portuguesa (2004-2009). É bolseira de investigação da FCT no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) na Universidade do Minho desde abril de 2011. No projeto onde participa, “O Género em foco: representações sociais nas revistas portuguesas de informação generalista” desenvolve investigação na área do género e media.
Rosa Cabecinhas é doutorada em Ciências da Comunicação (área de conhecimento Psicologia Social da Comunicação) e Professora Associada no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Foi Diretora-Adjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e Diretora do Mestrado em Ciências da Comunicação. Atualmente é diretora do Departamento de Ciências da Comunicação na mesma Universidade. A sua tese de doutoramento, intitulada Racismo e etnicidade em Portugal: Uma análise psicossociológica da homogeneização das minorias, foi premiada pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas em 2004. Atualmente participa como investigadora em diversos projetos nacionais e internacionais, dedicando-se principalmente às seguintes áreas de investigação: diversidade e comunicação intercultural, memória social, representações sociais, identidades sociais, estereótipos e discriminação social. Os seus trabalhos estão publicados em várias revistas científicas internacionais: Journal of Cross-Cultural Psychology, International Journal of Psychology, International Journal of Conflict and Violence, International Communication Gazette, International Sociology, Swiss Journal of Psychology, Science. Entre as suas obras destacam-se os seguintes livros: Preto e Branco: A naturalização da discriminação racial (Campo das Letras, 2007) e Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios (em parceria com Luís Cunha; Campo das Letras, 2008).
PAP0587 - Análise dos Presidentes de Clube de Futebol brasileiro: quem são estes sujeitos?
O presidente do clube de futebol brasileiro age no interior de uma organização de natureza formal e burocrática, caracterizada pela dominação racional legal (WEBER, 2006), inserida no espaço maior da sociedade onde se destacam as dimensões sociais, políticas e econômicas (HABERMAS, 1989). Esta organização formal, o clube, compartilha uma herança histórica comum ao participar da esfera esportiva, mais especificamente, futebolística. A decodificação que o agente sujeito da ação social, neste caso o presidente de um clube de futebol, faz do ambiente guarda especificidade a partir da história, da cultura organizacional, e da percepção coletiva da dimensão simbólica das relações individuais e institucionais. A pessoa do presidente do clube de futebol, neste sentido, ilustra a interface entre as diferentes dimensões que caracterizam o campo esportivo, a evolução de uma modalidade esportiva em particular, e a cultura de uma organização específica (BOURDIEU, 2007). A inserção no contexto social mais amplo traz consigo a presença de uma contemporaneidade marcada pelas contradições e conflitos que a caracterizam. O pressuposto metodológico toma como objeto de interesse o presidente do clube de futebol, enquanto sujeito agente da ação social, como elemento que articula suas ações num campo onde pode ser conhecida a percepção do real que apóia sua busca racional de dominação e sucesso (WEBER, 2004). A pesquisa sistemática dos principais presidentes de clubes de futebol do Brasil, as características materiais e simbólicas do contexto organizacional em que atua, e o campo do esporte futebolístico mais amplo, objetiva permitir uma compreensão mais profunda e correta das relações presentes, assim como das características fundamentais, ou ainda das características típico ideal enquanto elemento auxiliar para a reflexão e a pesquisa do futebol. Trata-se, portanto, de um texto baseado numa pesquisa exploratório-descritiva, com o objetivo de descrever um espaço, ou campo, social específico. Concluiu-se que os presidentes ao mesmo tempo em que expressam características da realidade social, política e econômica mais ampla que os rodeia, possuem também especificidades como, por exemplo, a longa fidelidade à organização em que atuam – um aspecto difícil de encontrar em qualquer outro setor da sociedade contemporânea. Outro aspecto interessante de ressaltar é como a fidelidade à instituição esportiva pode ser substituída, à medida que nos afastamos das divisões principais, pela fidelidade à região em que o postulante à presidência do clube mora e atua profissionalmente. Vale destacar também a tensão presente entre a estrutura tradicional de clube sócio esportivo, adotada pela maioria dos clubes tradicionais, e os projetos de natureza clube empresa, que parecem tornar-se cada vez mais importantes e presentes entre as agremiações menores ou mais novas.
- ALMEIDA, Marco Antonio Bettine de
PAP0653 - Análise tipológica baseada em conjuntos difusos: uma ilustração empírica
O objetivo deste estudo é ilustrar empiricamente uma análise tipológica baseada em conjuntos difusos e, através disso, mostrar a sua potencialidade como instrumento de avaliação em ciências sociais. Análise tipológica, também referida como análise em agrupamentos, tem que ver com a agregação de objetos, cada um avaliado por um certo número de atributos. Contrariamente aos métodos tradicionais de agregação, a diferença aqui reside no facto de os objetos poderem partilhar parcialmente mais do que um agrupamento ao mesmo tempo, um apanágio da teoria dos conjuntos difusos. O modelo estatístico que sustenta a aplicação é conhecido pelo acrónimo GoM, que significa Grade of Membership.
Em traços gerais, este modelo tem como pressuposto que a população em estudo se encontra estruturada numa partição difusa constituída por K conjuntos difusos. Quer dizer, cada objeto é representado nessa estrutura por um vetor de K coordenadas não negativas e de soma unitária. Cada coordenada desse vetor representa o grau de pertença do objeto ao respetivo conjunto difuso. O modelo GoM permite estimar os vetores individuais e também as tipologias associadas a cada um dos K conjuntos difusos da partição. O valor de K é desconhecido, devendo ser fixado antes da aplicação do modelo, o que encerra alguma dificuldade. Esta metodologia é particularmente ajustada à análise das competências, uma vez que cada indivíduo representa um vector de conhecimentos e capacidades, que configura o seu perfil de competências. Todavia, a composição singular dessas componentes da competência não é conhecida a priori. Neste estudo, usámos dados relativos à avaliação das competências de uma amostra de empregados bancários em Portugal. Cada trabalhador bancário foi avaliado por um supervisor em diversas dimensões da competência, numa escala de Likert, com 5 níveis.
A aplicação sucessiva do modelo GoM, fazendo variar o valor de K de 2 a 5, mostrou que a partição baseada em K=4 conjuntos difusos é a que melhor se ajusta aos dados observados. Quer isto dizer que no setor bancário distinguem-se essencialmente quatro perfis de competências. Os resultados obtidos revelaram uma partição hierárquica de competências, e a distribuição particular dos trabalhadores bancários nessa estrutura permitiu adicionalmente ordená-los por competência. Esta possibilidade de uma análise individualizada torna apelativa a utilização de um tal modelo em problemas de classificação nas ciências sociais.
- SULEMAN, Abdul
- SULEMAN, Fátima
PAP0113 - Análisis sociológico de riesgos e impactos de la burbuja inmobiliara en el turismo rural.
La burbuja inmobiliara en el turismo rural: análisis socioambiental de riesgos e impactos.
La estructura económica de España se ha demostrado especialmente desequilibrada con la irrupción en el escenario de la crisis financiera de finales de los 2000; un desequilibrio enraizado, fundamentalmente, en la importancia socioeconómica del sector de la construcción. Una parte importante de las promociones inmobiliarias se han construido en áreas litorales, bajo la demanda (parcialmente ficticia) de segunda residencia, generando una serie de riesgos socioambientales determinantes para las dinámicas locales. Este fenómeno turístico-residencial amenaza con extenderse a áreas de interior, donde el turismo rural se ha establecido (o comienza a establecerse) como nuevo sector de desarrollo. Un nuevo sector con una fuerte carga de valores ambientales y culturales en su base y que, por su definición, ofrece fundadas esperanzas para convertirse en motor de desarrollo sostenible en estas áreas de interior, secularmente subdesarrolladas. Este desarrollo sostenible puede ser amenazado por los principales (y conocidos) impactos del fenómeno turístico, y en particular del turismo-inmobiliario, que parece extenderse en estas áreas, enlazado a los nuevos valores propios de una sociedad en continuo cambio. En este paper presentamos el caso de la Sierra de Huelva, en el suroeste español, limítrofe con Portugal, donde el turismo rural está comenzando a desarrollarse como sector de interés para la población local. El objetivo principal de esta presentación es mostrar el citado caso ante el auditorio sociológico portugués, así como recoger referencias sobre procesos similares en suelo vecino.
- DOMINGUEZ, A.
- BURGOS, E.

- RELINQUE, F.
- RODRIGUEZ, I.
Emilio Burgos Serrano. Diplomado en Trabajo Social y Máestrado en
Estudios Migratorios, Desarrollo e Intervención Social por la
Universidad de Huelva, Doctorando en ciencias sociales aplicadas en
la universidad de Huelva. Análisis del turismo rural en la sierra de
Huelva y evaluación de los impactos sobre la población.
PAP1411 - Aplicação do levantamento bibliométrico em pesquisa sobre processo de socialização e construção de identidades profissionais no campo da Administração: um exemplo de delineamento teórico-metodológico
Este trabalho demonstra o processo de “Levantamento Bibliométrico” e sua relevância quando utilizado como parte da metodologia de investigação científica numa área de alto índice de produção acadêmica como são as Ciências Sociais. Inicialmente, diferenciamos levantamento bibliométrico de pesquisa bibliomética, em seguida, descrevemos o processo desde a escolha dos descritores a serem utilizados, enfatizando a importância da ligação com o referencial teórico empregado na pesquisa, a escolha das bases de dados e a organização e utilização dos resultados obtidos. Um levantamento bibliométrico consiste em encontrar toda e qualquer produção feita acerca de um tema num determinado período de tempo e publicado em bases de dados que permite ao pesquisador aprofundar seu conhecimento em relação ao seu campo de interesse e proporciona uma visualização em escala mundial da ocorrência de publicações de artigos. É possível mapear onde, quando e como autores ao redor do mundo estão escrevendo dando subsídio para a construção do Estado da Arte no campo investigado. Para efeito de ilustração é demonstrado o levantamento realizado para a pesquisa “Processo de socialização e construção de identidades profissionais no campo da Administração” que aconteceu nas bases de dados do site da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior) que publica periódicos relevantes para a área de interesse, no caso, as Ciências Sociais. O trabalho foi realizado em dez bases internacionais e somente uma de origem nacional. Em função do referencial teórico da investigação para a qual o levantamento foi realizado, Berger e Luckmann(2000), Dubar (2005) e Dubet (1994), foram definidos os descritores socialização (socialization), trajetória de vida (lived experience) e identidade profissional (professional identity). A aplicação do filtro utilizando os descritores trouxe 11.993 artigos publicados, a partir do ano 1990, que foram tabulados em planilha. Isso nos possibilitou analisar de maneira mais sistemática a quantidade e a qualidade dos artigos encontrados nas bases de dados o que nos levou a selecionar após a leitura dos títulos e resumos apenas 64 efetivamente relacionados com nossa pesquisa. Cumpre destacar, à guisa de conclusão, que foram enfrentadas algumas dificuldades como incoerência dos conteúdo do trabalho com os descritores, instabilidade do sistema de busca o que reiniciou muitas vezes a busca e, algumas vezes, os links dos artigos disponibilidades no site da CAPES não direcionavam ao site da base de dados na qual o trabalha estava. Contudo, o levantamento bibliométrico alcança resultados satisfatórios, pois apresenta frutos quantitativos e qualitativos, ao contrário de uma pesquisa bibliométrica, que tem por finalidade encontrar somente a quantidade do que foi produzido sobre determinado tema em determinado intervalo de tempo.
- CUNHA, Marciano de Almeida

- SOARES, Gabrielle Tosin
- SOBRAL, Mariana Cristina Tosta
Marciano de Almeida Cunha
Professor da área de Gestão de Pessoas da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR Brasil, atuando nos cursos de graduação e pós-graduação. Doutor em Educação (PUCSP) com estágio sandwich na Université de Montréal - Canadá, Mestre em Administração e em Educação (PUCPR) e formação em Administração e Ciências Biológicas (UEPB). Palestrante e consultor em Desenvolvimento Humano. e profissional. É líder do grupo de pesquisa “Formação e profissionalização no campo das Ciências Sociais Aplicadas”, no qual desenvolve pesquisas vinculado às seguintes Linhas de Pesquisa 1. “Processos de socialização, formação e profissionalização: da escolarização à carreira profissional” e 2. “Impactos de práticas e tecnologias de desenvolvimento profissional nos processos da Gestão de Pessoas e nas estratégias das organizações”. para conhecer mais www.marcianocunha.com.br
PAP0103 - Aplicações e implicações da reflexão sociológica na gestão das organizações de saúde: introduzindo a mediação em saúde
Mais do que nunca a comunidade científica
desempenha um papel fundamental no auxílio à
tomada de decisão política. A discussão que se
apresenta procura mostrar como a partir de um
trabalho de natureza académica e de pendor
eminentemente teórico, respostas outras – de
natureza prática – ganham relevância. Estas
podem não só preencher lacunas no conhecimento
que os decisores políticos e os actores
estratégicos detêm sobre a realidade empírica,
como também fornecer entendimentos que
permitam outras orientações políticas.
De forma mais específica, apresenta-se a
mediação em saúde. Trata-se do resultado de
uma reflexão feita a partir da experiência
vivenciada no processo de construção
científica com a aplicação de uma metodologia
etnográfica em contexto hospitalar. Com um
olhar analítico centrado na acção individual
em contexto, sobressaíram lógicas de acção
praticamente invisíveis a outros instrumentos
de recolha de informação e que dizem muito
sobre as dinâmicas quotidianas destes espaços.
Sabendo, então, que o campo da saúde é
atravessado por forças e interesses vários e
não necessariamente convergentes, a mediação
constitui-se enquanto proposta para uma nova
figura no sistema de saúde em Portugal.
Equidistante dos restantes actores, através de
uma preparação epistemológica, teórica e
empírica, procura contribuir com entendimentos
sobre as complexas racionalidades
formais e informais que moldam as vivências
organizacionais e, assim, auxiliar na tomada
de decisão. Contrapondo o lugar e a função que
se atribui à mediação em saúde com a actual
racionalidade burocrática e tecnocrata que tem
dominado a intervenção política na saúde, a
sua potencialidade reside na construção de uma
outra leitura sobre as organizações
prestadoras de cuidados e, consequentemente,
sobre a gestão destes espaços de acção.
- CORREIA, Tiago

Tiago Correia, investigador do CIES-IUL e docente na Escola Superior de Saúde Egas Moniz, tem um doutorado em Sociologia pelo ISCTE-IUL, seguido de estudos pós-doutorados pela Universidade de Montreal e pela Universidade McGill. Autor e co-autor de diversos trabalhos académicos sobre teoria sociológica, profissões de saúde, organizações hospitalares e sistemas de saúde, temas sobre os quais tem incluído redes de investigação nacionais e estrangeiras. Recentemente foi nomeado como editor do American Journal of Sociological Research (USA) e do Modern Social Sciences Journal (UK).
PAP0974 - Aprender a viver com o que se tem? Endividamento e educação financeira
O modelo de escolha racional foi, até recentemente, a principal referência na área das políticas de protecção do consumidor. Assumia-se que os consumidores são agentes racionais que agem em consonância com os seus melhores interesses. Necessitam apenas de dispor da informação necessária para a tomada de decisão. Aos reguladores competia apenas garantir a disponibilização de informação tida por relevante. Contudo, vários estudos no âmbito da economia comportamental, da psicologia cognitiva e social e da sociologia do consumo têm produzido abundante evidência empírica que indica que as pessoas se afastam de uma forma sistemática deste modelo. Por exemplo, os indivíduos baseiam as suas decisões em informação que se encontra disponível, acessível ou mais saliente, que não é necessariamente a informação mais relevante para o problema que têm entre mãos. Para além disso, as decisões de consumo são moldadas pelo contexto social, pelo mimetismo ou pela persuasão.
As políticas de protecção do consumidor na área financeira têm sistematicamente incidido sobre a educação financeira dos consumidores, considerando que a dificuldade das escolhas nessa área se resolve com mais literacia financeira. Os programas e estratégias de educação financeira postos em prática assentam, contudo, o mais das vezes, em muitos dos pressupostos do modelo de escolha racional, descurando o modo como as pessoas efetivamente enfrentam os problemas financeiros e tomam (ou não) uma decisão nesse domínio.
É por isso de registar o facto de vários organismos europeus que trabalham na área da protecção do consumidor virem reconhecendo a importância das ciências comportamentais para as políticas de protecção do consumidor na área financeira. Com efeito, a eficácia das políticas públicas requer uma boa compreensão dos factores que afectam as decisões dos consumidores.
Esta comunicação procura, numa primeira parte, explorar a importância da compreensão do comportamento financeiro dos consumidores na construção da regulação do consumo e da política do consumidor e, numa segunda parte, aferir a eficácia de políticas de educação financeira para contornar alguns comportamentos que comprometem o bem-estar dos consumidores.
- SANTOS, Ana Cordeiro

- FRADE, Catarina
- COSTA, Vânia
Ana Cordeiro dos Santos é economista do Núcleo de Estudos sobre a Ciência, Economia e Sociedade do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Doutorada em Economia e Filosofia pela Universidade Erasmus de Roterdão (Holanda), mestre em Economia e Políticas Sociais pela Universidade de Roskilde (Dinamarca) e licenciada em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa. O seu trabalho de investigação tem incidido sobre as implicações teóricas e de política da economia experimental e comportamental, nomeadamente a construção de mercados e de outras instituições sociais e o seu impacto sobre o comportamento humano. Das suas publicações mais recentes constam o livro The Social Epistemologyof Experimental Economics, London: Routledge, 2010, e o artigo "Behavioral and experimental economics: are theyreallytransformingeconomics?", Cambridge JournalofEconomics, 2011, 35, 705-728.
PAP0089 - Aprender com os deuses: processos de socialização em terreiros de umbanda
O que um terreiro de umbanda tem a nos contar sobre processos de socialização e aprendizagem é o tema deste trabalho. Procuro discutir aqui algumas das questões que foram abordadas em minha pesquisa de doutorado realizada pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais/ Brasil. A investigação teve como objetivo problematizar a aprendizagem para além do modelo escolar, focalizando uma prática cultural que é socializada independentemente de instruções pedagógicas.
Partindo do entendimento de que aprender é um aspecto inerente a toda prática social, busca-se na proposta teórica de Jean Lave e Etienne Wenger (1991) a mudança de foco sugerida pelos autores: passar do indivíduo como aprendiz para aprendizagem como participação no mundo social. Nesse sentido, ao desenvolver a pesquisa foi possível compreender as experiências vivenciadas pelos membros do terreiro de umbanda então focalizado como percursos de aprendizagem situada (Lave e Wenger, 1991) e os conhecimentos ali (re) produzidos como constituidores da habilidade (Ingold, 2000, 2001) umbandista.
A pesquisa evidenciou que a uma religião pouco codificada, cuja lógica só pode ser apreendida em ação, corresponde um modo de aprendizagem implícito, prático e coletivo. Mas não se trata de um processo “espontâneo”: há fortes recursos que estruturam as possibilidades de aprender (na) umbanda e que provêem de uma variedade de fontes intrínsecas à própria prática da comunidade e criam uma espécie de “roteiro” para a ação e demais disposições.
No contexto estudado, um aspecto em particular que chamou atenção foi a presença significativa de crianças que tomam parte da prática religiosa como participantes ativos. O modo como participam e interagem nas sessões, festas e outros rituais umbandistas evidenciam a existência de diferentes formas de compreender os processos de socialização das novas gerações, aliadas a um modo bastante específico de compreender a condição infantil.
Ao final da investigação, ficou evidente que, ao tomarmos um terreiro de umbanda como campo de pesquisa, nossas noções naturalizadas de ensino-aprendizagem e relação mestre-aprendiz podem ser profundamente questionadas. E isto abre novas e promissoras perspectivas para se pensar os processos de socialização e as experiências de aprendizagem humana como um todo.
- BERGO, Renata Silva

Renata Silva Bergo, Professora Visitante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora em Educação. Realiza pesquisas na área da Antropologia da Educação.
PAP0383 - Aprendizagem do longo da vida e transições educativas e profissionais: os diplomados de ensino superior em tempos de incerteza
A centralidade das
dinâmicas de
aprendizagem ao
longo da vida tem
vindo a ser
progressivamente
afirmada e
reconhecida na
contemporaneidade,
quer no plano das
orientações de
política
educativa quer ao
nível das práticas e
representações dos
indivíduos.
Neste contexto, se
tradicionalmente a
um período de
educação e
formação nas idades
mais jovens se
seguia o exercício
de uma
atividade
profissional na qual
se progredia
progressivamente
durante a
idade adulta, nas
sociedades de
aprendizagem ao
longo da vida as
transições entre
educação, trabalho e
emprego parecem ser
cada vez
mais frequentes
traduzindo-se em
trajetórias incertas
e imprevisíveis.
Assim sendo, as
biografias
configuram-se
crescentemente como
sucessões de
transições de
diferentes tipos, ao
mesmo tempo que os
adultos são cada vez
mais envolvidos (e
incentivados a
envolverem-se)
em situações e
processos
educativos.
Na comunicação
proposta,
pretende-se
aprofundar a
reflexão em torno
destas dimensões que
consideramos
essenciais para
caracterizar as
transformações
sociais das últimas
décadas,
privilegiando a
análise das
transições dos
diplomados de ensino
superior em
Portugal. Para tal,
numa primeira etapa
mobilizam-se dados
empíricos de estudos
centrados na
inserção
profissional destes
diplomados que têm
vindo a
ser realizados em
diversas
instituições de
ensino superior
focando-se,
sobretudo, nos
licenciados, mas
também em alguns
casos em pós-
graduados. Numa
segunda etapa,
apresentam-se dados
resultantes de
um questionário
respondido em
Novembro de 2010 por
uma amostra
representativa de
licenciados da
Universidade de
Lisboa e da
Universidade Nova de
Lisboa que
terminaram os
respectivos cursos
em
2004/05. Esta
inquirição
enquadra-se num
projeto de
investigação em
equipa que vem sendo
desenvolvido com o
apoio da Fundação
para a
Ciência e Tecnologia
(referência
PTDC/CS-SOC/104744/2008).
Com base nos dados
empíricos analisados
na comunicação,
procura-se
aprofundar a
reflexão em torno de
algumas
interrogações das
quais
destacamos as
seguintes: Que
estratégias
constroem os
sujeitos no que
respeita às
articulações entre
os seus percursos
académicos e as suas
trajetórias de
trabalho/emprego?
Como se articulam
dinâmicas de
aprendizagem em
contexto académico e
em contexto
profissional? Que
relevância tem a
precariedade de
emprego na
satisfação com a
situação
profissional e na
procura de formação
pós-graduada?
- ALVES, Mariana Gaio

Mariana Gaio Alves é licenciada em Sociologia pelo ISCTE (1992) e concluiu Mestrado (1997) e Doutoramento (2004) em Ciências de Educação na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL). É atualmente Professora Auxiliar na FCT/UNL e investigadora na UIED (Unidade de Investigação Educação e Desenvolvimento) na mesma Faculdade. É membro das Comissões Coordenadoras do centro de investigação UIED e do Programa Doutoral em Ciências de Educação em Associação entre FCT/UNL, FCSH/UNL e ISPA. Lecciona unidades curriculares de Mestrados em Ensino e de Programa Doutoral, designadamente Sociologia da Educação, Organização dos Sistemas Educativos e Educação e Formação de Adultos.
PAP0962 - Aquecimento global e alterações climáticas, a propósito dos fogos florestais e outros riscos ambientais: a culpa de Prometeu
O domínio do fogo marca, simbolicamente, o começo de uma era civilizacional na transição para a agricultura e uma maior fixação territorial de comunidades humanas. O domínio do fogo assinala o acto inaugural que funda uma série de intervenções humanas com impactes significativos e irreversíveis sobre os ecossistemas. Desde o domínio do fogo (o segredo roubado por Prometeu aos deuses!), uma longa caminhada separa já os gestos temerosos dos nossos antepassados das civilizações urbanas de hoje.
A evolução das sociedades encontra-se historicamente viciada pela industrialização, como pela densidade de infra-estruturas que gerem hoje as interdependências entre os sistemas sociais e naturais. O domínio do fogo parece, contudo, escapar ainda ao controlo humano. Os próprios fogos florestais resultam, em Portugal como nos países do Sul da Europa, de causas maioritariamente sociais e que contribuem para a insegurança dos territórios e a exposição de comunidades humanas e ecossistemas a um flagelo que, entre nós, parece ter conquistado direitos de perpetuidade e até, em módulo oficial, a uma época especial. Outras causas estão associadas à ocorrência de fogos florestais, como a regressão dos espaços cultivados (que funcionavam como zonas tampão). Contudo, a compreensão sociológica dos fogos florestais suporta-se em comportamentos humanos e em situações de risco em contextos de proximidade. Por sobre a mão humana e os contextos de proximidade, emergem agora outras causas que deslocalizam a responsabilidade colectiva para a dimensão do global sob o incerto percurso das alterações climáticas.
A presente comunicação é resultado de estudos de caso e propostas apresentadas durante a primeira década deste século, e traduz uma reflexão sobre a questão da responsabilidade face à ocorrência dos fogos florestais em Portugal e outros riscos associados ao aquecimento global como ondas de calor, e galgamentos oceânicos em zonas costeiras. Julga-se, assim, pertinente reflectir sobre os riscos ambientais para além dos estudos desenvolvidos que circunscrevem comportamentos e condições sociais. O autor apresenta uma reflexão sobre riscos ambientais e responsabilidade, num momento em que as alterações climáticas (como a chamada crise financeira) remetem para o domínio da globalização a compreensão de fenómenos extremos com evidentes impactos de carácter societal. É como se as comunidades humanas tivessem perdido a autonomia da construção do porvir e seguissem de forma impotente a heteronomia de condições, irrevogáveis e irrefutáveis, impostas por nexos de causalidade e complexidade que põem em causa a capacidade adaptativa e a sustentabilidade das comunidades humanas.
- CRAVEIRO, João Lutas
PAP0112 - Argumentos em torno da relação público-privada na saúde: reflexões comparadas
Inserida numa investigação em curso dedicada à
comparação dos sistemas de saúde português e
canadiano, convoca-se uma reflexão de natureza
mais específica que procura esclarecer o
debate científico nacional sobre a presença do
sector privado na prestação de cuidados de
saúde.
Até que ponto esta presença melhora a produção
de cuidados? Até que ponto esta prestação
permite cumprir os princípios gerais de
universalidade inscritos na base beveridgiana
do SNS? Quais as consequências desta relação
para o sector público? Estas são questões em
que o debate científico é facilmente
obscurecido por argumentos de natureza
político-ideológica.
É precisamente na tentativa de superar esta
intersecção entre factos e retórica que se
reflecte sobre o modo como estas questões
estão a ser pensadas no sistema de saúde
canadiano, sendo a base comparativa
imprescindível para relativizar e melhor
interpretar argumentos eminentemente
políticos. Dar-se-á especial atenção a
aspectos como o consenso em torno da
inevitabilidade da presença privada na
saúde e apontam-se algumas
conclusões sobre o resultado dessa actividade
ao nível,quer do funcionamento do sector
público, quer do acesso aos cuidados
de saúde.
Este debate exige, portanto, uma compreensão
sobre a arquitectura da regulação em saúde, a
qual resulta de tensões e oposições entre
quatro vértices: democracia, economia,
profissionalismo, managerialismo. Ora, o
motivo para as reformas presentemente
encontradas um pouco por todo o mundo
prende-se com o facto de, apesar do suporte
dos sistemas públicos de saúde residir na
democracia, o seu principal mecanismo
de regulação constituir-se no nível económico.
Além disso, um locus de regulação económica
fortemente controlado na esfera supra-nacional
tem conduzido a um tendencial encurtamento da
acção política nos palcos nacionais,
legitimando as bases gerais do
managerialismo (New Public
Management). As tensões produzidas
não são apenas em relação às corporações
profissionais, as quais podem encontrar
mecanismos para sair reforçadas deste
confronto, mas sobretudo em relação
aos próprios direitos democráticos
inscritos nas constituições.
- CORREIA, Tiago

Tiago Correia, investigador do CIES-IUL e docente na Escola Superior de Saúde Egas Moniz, tem um doutorado em Sociologia pelo ISCTE-IUL, seguido de estudos pós-doutorados pela Universidade de Montreal e pela Universidade McGill. Autor e co-autor de diversos trabalhos académicos sobre teoria sociológica, profissões de saúde, organizações hospitalares e sistemas de saúde, temas sobre os quais tem incluído redes de investigação nacionais e estrangeiras. Recentemente foi nomeado como editor do American Journal of Sociological Research (USA) e do Modern Social Sciences Journal (UK).
PAP0992 - Arte Pública Participada: o Monumento à Multiculturalidade no Parque Urbano do Fróis
Nesta comunicação propõe-se a apresentação de um projecto de Arte Pública a instalar no Parque Urbano do Fróis, Monte da Caparica, cuja característica inovadora assenta num processo de criação/concepção completamente aberto e participado pela população que reside na área envolvente deste futuro Parque Urbano.
O Parque Urbano do Fróis localiza-se no Monte da Caparica e na zona do PIA (Plano Integrado de Almada). Significa isto que a sua envolvente é composta por vários bairros de realojamento e por uma população residente de estratos económicos baixos mas bastante diversificada em termos socioculturais, cujos grupos maioritários contemplam portugueses, cabo-verdianos e ciganos. Este Parque Urbano pretende ser o espaço público de lazer e de ligação do Centro Cívico do Fróis, do qual também fazem parte um complexo de piscinas, uma biblioteca e a nova sede do Clube Recreativo União Raposense.
Atendendo à diversidade sociocultural presente na envolvente deste Parque, a entidade camarária responsável solicitou a colaboração do Departamento de Escultura da Faculdade de Belas Artes de Lisboa para desenvolver um projecto de Arte Pública que fosse um monumento de referência urbana e evocativo da multiculturalidade existente naquele território. Respondendo a este repto constituiu-se uma equipa interdisciplinar com objectivos de desenvolver um processo de envolvimento e de participação da comunidade, com vista à criação e concepção de um “monumento” que fomentasse não só o reconhecimento e maior entrosamento dos grupos que compõem aquela comunidade, como também o seu envolvimento efectivo no processo de qualificação urbana em curso.
Através de várias metodologias de participação, este processo partiu das leituras territoriais e das representações identitárias da comunidade para se concretizar em propostas concretas de objectos escultóricos. Serão estas propostas que irão estar na base do(s) objecto(s) artístico(s) que a equipa de escultores irá concretizar neste Parque Urbano durante a Primavera de 2012.
Desta forma e pretendendo salientar o uso da arte como motor de participação pública e cidadã, esta comunicação será desenvolvida em quatro pontos. No primeiro abordar-se-á o tema da participação da população no ordenamento do território procedendo a um enquadramento deste projecto e discussão das suas premissas de envolvimento comunitário. No segundo serão apresentados e debatidos alguns dos conceitos essenciais ligados ao território em análise, nomeadamente, a multiculturalidade, a representação espacial, espaços de memória, de pertença e de referência. Num terceiro ponto será apresentada e discutida a metodologia de trabalho seguindo-se o projecto concretizado.
- GATO, Maria Assunção

- RAMALHETE, Filipa
- VICENTE, Sérgio
- ESTEVES, José
Maria Assunção Gato
Afiliação institucional: DINÂMIA'CET-ISCTE/IUL
área de formação: doutoramento em Antropologia Cultural e Social
principais interesses de investigação: recomposições sociais, consumos e estilos de vida, modos de vida em espaço urbano
PAP1122 - Articulações entre estratégias científicas e legitimidade democrática perante os riscos tecnológicos
Nas situações de conflito e debate em torno dos riscos ambientais e de base tecnológica estão em causa diversas estratégias técnico-científicas que tendem a articular-se com diferentes opções institucionais e perspectivas sócio-políticas. Partindo desta ideia, pretende-se nesta comunicação argumentar e ilustrar empiricamente como os processos de legitimidade democrática entram em correspondência com distintas estratégias científicas. Perante os riscos ambientais e tecnológicos não existe apenas uma única estratégia técnico-científica, mas uma pluralidade de possibilidades. A existência de alternativas científicas em disputa põe em acção cenários em que as capacidades dos cidadãos se confrontam também com a abertura ou fechamento quanto ao acolhimento do poder de cidadania. Não raras vezes, e neste tipo de riscos, a acção política observa um padrão de orientação baseado sobretudo em dispositivos tecnológicos que prescinde da sua sujeição a exames rigorosos e a críticas vindas da cidadania, e muitos cientistas acompanham-nos nesta tendência. Tendem, assim, a ficar negligenciadas outras orientações e até possibilidades de estratégias científico-tecnológicas alternativas que podem estar conectadas com valores mais consentâneos com a sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida do que com a eficiência económica. Mas os ditames de políticos, peritos e contra-peritos não se encontram dissociados da escala de valores que orienta a sua prática política ou científica e que modela uma determinada visão do mundo, de progresso e dos modelos de desenvolvimento. Daí que o enfrentamento dos riscos ambientais e tecnológicos devesse invocar um encontro frutuoso entre estratégicas científicas plurais e alternativas entre si com formas de aprofundamento da democracia que elevasse os problemas a níveis onde é possível encontrar uma solução holística mais congruente com valores da cidadania e da sustentabilidade.
- JERÓNIMO, Helena

Helena Jerónimo, Professora Auxiliar do ISEG (Instituto Superior de
Economia e Gestão), da Universidade Técnica de Lisboa, doutorada em
Sociologia pela Universidade de Cambridge. Interesses de investigação:
estudos sociais de ciência e tecnologia, risco e incerteza, teoria
social.
PAP0322 - As AEC – Um projeto de inovação curricular enquanto estratégia de desenvolvimento social.
O desenvolvimento da emergente sociedade globalizada, que tem, nas últimas décadas, sido marcado por mudanças que abrangem os diferentes setores de atividade humana, como as ciências, as artes, as tecnologias e que gera perplexidade e incerteza (Fernandes, 2000; Hargreaves, 2002; Giddens, 2002), impõe novos desafios à instituição escolar. As transformações que ocorreram descortinam um novo período histórico e isso significa que a trajetória do desenvolvimento social está a nos conduzir em direção a um tipo novo e distinto de ordem social.
Nesse sentido, a escola atual está colocada perante o desafio de responder às novas necessidades (Bolívar, 2003; Thurler, 2001; Carbonell, 2001). Uma dessas novas necessidades, a qual a escola precisou responder, foi a de ocupar por mais horas as crianças na escola e alargar a sua oferta pedagógica, uma vez que, atualmente, grande parte dos pais trabalha a tempo inteiro.
Diante deste desafio, em Portugal, um conjunto disperso de iniciativas a nível local começaram a surgir, propiciando atividades de natureza extra-curricular aos alunos do 1º CEB, porém, tais iniciativas não contemplavam toda a população portuguesa, uma vez que muitas famílias não tinham condições financeiras de propiciar ofertas de qualidade para ocupar o tempo livre de seus filhos. Diante desta conjuntura nasce, em 2006, um novo projeto curricular para o 1º Ciclo, as Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), que diferentemente das “ofertas” anteriores possuem uma vertente social, na medida que faz concretizar uma idéia de acesso a todos. Se antes somente as familias com maior remuneração podiam propiciar aos filhos atividades nos tempos livres, com as AEC qualquer família, independente da renda, tem essa oportunidade.
Neste sentido, este artigo pretende discutir o projeto curricular das AEC enquanto estratégia de desenvolvimento social a partir das perspectivas de seus professores, apresentando alguns dados e hipóteses formuladas a partir de uma investigação realizada entre 2008 e 2011 de natureza qualitativa e que teve como base metodológica de recolha de dados a entrevista semi diretiva, realizada com sete professoras, de dois agrupamentos da cidade de Lisboa, que lecionam Inglês dentro da política curricular das AEC.
Palavras-Chave: Currículo, Actividades de Enriquecimento Curricular, 1º CEB.
- MONTENEGRO, Monique
PAP0961 - As Estratégias e Práticas de Comunicação Externa das Organizações do Terceiro Sector: resultados de uma investigação
As organizações do Terceiro Sector deparam-se com um conjunto de desafios nas sociedades ocidentais contemporâneas, nomeadamente uma maior eficácia e qualidade nas respostas sociais que oferecem, uma maior eficiência e criatividade na angariação e gestão de recursos financeiros, ou ainda um papel sócio-político mais relevante. Tais expectativas e exigências podem ser considerados desafios à legitimidade de actuação destas organizações, pelo que a tendência de resposta organizacional será a de conceber estratégias propiciadoras à manutenção ou melhoria dessa mesma reputação.
Partimos do pressuposto de que uma das vertentes de análise das estratégias de resposta delineadas é por via das modalidades de comunicação externa de cada organização, as quais tende a funcionar, no contexto da apelidada "Sociedade em Rede de cariz informacional" (Castells, 1999; 2000a) como um meio de legitimação cada vez mais importante e abrangente. Neste âmbito, a procura pela legitimidade organizacional será estudada segundo um modelo construído sobre três vertentes (Suchman, 1995): Pragmática; Moral e Cognitiva. A comunicação proposta tem como material empírico de base a utilização dos meios de comunicação em geral por parte de uma amostra de 89 organizações. De entre os vários meios de comunicação, a análise incide sobre duas das principais ferramentas virtuais: o Website e o Facebook de cada uma das organizações.
Pretende-se identificar as práticas de comunicação externa, em ambientes virtuais e a partir do modelo de legitimidade referido. Da análise resulta uma tipologia das organizações analisadas, contrastando os resultados obtidos com o que a literatura aponta como respostas adequadas, inovadoras ou ideais, segundo o que é esperado de uma instituição da sociedade civil na actualidade, sob pressões de sustentabilidade mas comprometida com certos valores.
- COSTA, Daniel

- MARTINHO, João
Daniel Neves da Costa, Investigador Júnior no Centro de Estudos Sociais e estudante de doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Interesses de investigação: sociologia do conhecimento, relações ciência/sociedade, diálogos epistemológicos.
PAP0055 - As Organizações Não-Governamentais na Lógica da Profissionalização Institucional
O presente trabalho
é baseado no
desenvolvimento da
tese de doutoramento
em sociologia
(UMinho-Portugal /
UFPE-Brasil) que
visa analisar quais
as consequências do
atual fluxo de
profissionalização
institucional das
ONGs para estas
entidades. Para
tanto, os objetivos
específicos que
circundam esta
dimensão são: 1.
Examinar como se
constroem as
divisões de
trabalho, a
especialização e a
busca por
profissionalização
dentro de diferentes
tipos de ONGs; 1.1
Verificar por quem e
como são definidas
as agendas das ONGs;
1.2 Examinar se
diferentes tipos de
ONGs tendem a compor
diferentes tipos de
profissionalização
nas entidades. 2.
Investigar as
perspectivas que os
agentes das ONGs e
seus financiadores
têm sobre o atual
processo de
profissionalização;
2.1. Analisar como
são construídas as
noções éticas sobre
a captação de
recursos para as
ONGs entre os
agentes atuantes
nessas organizações
e seus financiadores
e como tais noções
se manifestam no
cotidiano das
entidades; 3.
Verificar quais os
vínculos entre a
sustentabilidade
financeira e a
profissionalização
dessas organizações;
3.1. Investigar o
tipo de relação que
as ONGs mantêm com
os financiadores do
Estado, do Mercado e
do Terceiro Setor
(agências
internacionais etc)
e; 3.2. Analisar se
as relações com os
demais setores e o
modo de obter
sustentabilidade
financeira provocam
perda de autonomia
nas ONGs e o que
isto significa para
as instituições; o
que significa, em
termos práticos, uma
ONG considerar-se ou
ser considerada
autônoma. Nesta
investigação,
percebemos que o
mesmo problema
sociológico se dava
no Brasil e em
Portugal, ainda que
de maneiras e
escalas distintas, o
que nos fez propor
um estudo conjunto,
com subsídios
comparativos
complementares. Com
recurso aos
resultados
preliminares da
investigação em
andamento, em
particular a partir
das observações de
estudos de casos nos
dois países, pudemos
perceber elementos
que tendiam a se
tornar ocultos
quando nos centramos
exclusivamente em
realidades locais,
como o caso de um
recorte espacial que
considerasse apenas
Brasil ou Portugal.
Assim, pretendemos
contribuir para a
visibilização de
processos que
sustentam
proximidades e/ ou
especificidades que
se registam quando
se confrontam
realidades
sócio-históricas e
espaciais distintas.
- MARQUES, Ana Paula

- MELO, Marina

Ana Paula Marques é Professora Associada com Agregação do Departamento de Sociologia e investigadora permanente do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) da Universidade do Minho. Doutorou-se, em 2003, em Sociologia – área de Organizações e Trabalho por esta universidade. Exerce funções de promotora e mentora científica do Spin-Off Laboratório MeIntegra e CICS – Universidade do Minho. Integra, do lado do Norte de Portugal, os Serviços de Estudos “Educação e Formação” do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular Galiza-Norte de Portugal.
É autora e co-autora de vários artigos e livros, destacando-se nestes últimos Inserção Profissional de Graduados em Portugal. (Re)configurações teóricas e empíricas (2010), Estudo Prospectivo sobre Emprego e Formação na Administração Local (2009), Trajectórias Quebradas. A vivência do desemprego de longa Duração (2008), Administração Local. Políticas e práticas de formação (2008), Actores Intermédios da Orgânica Empresarial. O futuro do emprego, das competências e da formação (2007), Entre o diploma e o emprego. A inserção profissional de jovens engenheiros (2006) e Assimetrias de género e classe. O caso das empresas de Barcelos (2006).
Marina Félix de Melo é doutoranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil (Orientador: Prof. Dr. Breno Fontes / Co-orientador: Prof. Dr. Rogério Medeiros) e pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, Portugal (Orientadora: Profa. Dr. Ana Paula Marques). Com atual investigação sobre "A Profissionalização nas Organizações Não-Governamentais", possui tese de mestrado em Sociologia intitulada "A Missão das ONGs em um Terceiro Setor Profissionalizado" [2009] e licenciatura em Ciências Sociais [2006] com tema de investigação também focado nas ONGs. Para além das publicações na área do Terceiro Setor, é autora de demais artigos e comunicações na temática das Ciências Sociais, a exemplo da centralidade no trabalho, teoria da dádiva, relações raciais no Brasil etc.
Curriculum Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4596568H2
PAP0773 - As Políticas Públicas de Cultura no Governo Lula
Nesta comunicação examinaremos as políticas públicas de cultura do governo Lula, no Brasil, entre 2003 e 2010. Mostraremos os traços de continuidade e semelhança estrutural identificáveis entre os mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Lula e como cada um a seu modo manteve a debilidade do Estado para formular políticas efetivamente públicas.
Na área das políticas públicas de cultura, o período da redemocratização no Brasil notabilizou-se pela quase ausência do Estado. De maneiras distintas, a inoperância estatal foi comum a todos eles. O governo Fernando Henrique Cardoso apenas deu continuidade ao modelo que herdou, o das Leis de Incentivo. Nele, mecanismos legais permitem delegar a organizações privadas o direito ao ato discricionário de decidir quem e como utilizará os recursos públicos. Sustentando-se no argumento falacioso de que os juízos sobre os bens culturais seriam subjetivos, sujeitos a gostos pessoais e que, portanto, nenhum agente público pode levá-lo adiante sem violar os princípios da moralidade e da impessoalidade, os formuladores do modelo das leis de incentivo defenderam a substituição do Estado pelo equilíbrio resultante da mão invisível do mercado cultural. A falácia está em tratar como bem cultural só o que é mercadoria de consumo de massa. Assim, o Estado cedeu a função promotora das ações culturais à iniciativa privada. Pari passu, os equipamentos e as instituições públicas previamente existentes foram sucateados, abandonados à inanição.
O modelo das Leis de Incentivo foi conservado nos dois mandatos de Lula. A ele acrescentou-se o que chamamos política de editais. A pretexto de expandir as ações das políticas públicas para contemplar iniciativas que não seriam do interesse das grandes empresas, elaborou-se um modelo de fomento direto a pequenos e médios projetos. Lançando vários editais públicos, o Ministério da Cultura transferiu mais recursos públicos para o financiamento de centenas de projetos culturais. Comum a ambas as dimensões da atuação do Estado, nos dois mandatos de Lula, foi o fato de que tanto as leis de incentivo como a política de editais promoveram projetos estanques e descontínuos. Como resultado, o papel do Estado foi praticamente confinado à seleção cartorial de projetos segundo critérios formais de proposição e à fiscalização da execução dos planos de trabalho.
A miséria da discussão conceitual sobre a cultura brasileira mostrou afinidade com o caráter colonialista e etnocêntrico das novas políticas transnacionais de cultura gestadas em organismos internacionais, tais como a Unesco e a OMC. Gradativamente, isto facilitou a incorporação do que é conhecido como economia da cultura como o eixo diretor das políticas públicas nacionais. Empobrecida, reduzida a instância indutora da geração de “produtos culturais” voltados para o mercado cultural globalizado, a ação pública estatal brasileira praticamente inexistiu como tal.
- DUTRA, Roger Andrade
- SILVA, Regina Helena Alves da
PAP0072 - As Redes Sociais das Famílias Anónimas: Tipos e Funções
No âmbito do projecto de pesquisa realizado
para provas de mestrado, entretanto concluído,
estudei as famílias de pessoas com adições
(Famílias Anónimas) e, através da utilização
de metodologias qualitativas em que se
destacou a observação directa e a observação
participante nas sociabilidades destas
famílias, construí uma tipologia de redes que
caracterizam as respectivas sociabilidades no
presente. A apresentação que me proponho fazer
ao congresso aborda as principais conclusões
do estudo realizado e a tipologia de redes
sociais destas famílias.
As principais conclusões e construção ideal-
típica em que se consubstancia esta proposta,
aferiram não somente como são as redes sociais
destas pessoas como também qual é o papel das
Famílias Anónimas nestas redes. Os capitais
sociais, económicos e culturais (escolarmente
comprovados ou não) foram factores de
ponderação.
Numa conjuntura de crise, com a consequente
falência acentuada do estado-providência,
salta à vista a importância dos apoios/ajudas
informais de certas comunidades de indivíduos.
As Famílias Anónimas, grupos de auto-ajuda
para familiares de toxicodependentes,
constituem um exemplo notório de um elo de
certas redes sociais que apoiam alguns
indivíduos e que têm um papel fulcral para a
sua coesão e integração em sociedade.
Resulta, portanto, evidente a importância de
motivar e divulgar os diversos modos de
sociabilidades primárias que têm origem na
sociedade informal e aos quais subjaz uma
profunda hibridez, bem como aos apoios/ajudas
existentes no seu seio que vêm substituir as
funcionalidades da sociedade-providência.
- RAMOS, Carla Sofia Magalhães Cabaço da Silveira

Carla da Silveira Ramos é licenciada em Sociologia na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), mestre em Família e Sociedade no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e doutoranda em Sociologia no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Pertence ao Projeto ‘Velhice e Modos de Vida’, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), coordenado pela Professora Doutora Maria das Dores Guerreiro.
Tendo-se ocupado, durante a Tese de Licenciatura, das interações entre as comunidades virtuais de heroinómanos e cocainómanos e a sociedade de acolhimento, deu-se conta da importância das interações no estudo das redes sociais. Esta última temática foi desenvolvida na Tese de Mestrado no que respeita às redes sociais em Famílias Anónimas (FA). Desenvolve a sua Tese de Doutoramento sobre a influência do espaço urbano nas redes de relações intergeracionais e nas configurações familiares.
PAP0971 - As TIC na escola: práticas e representações por parte dos professores
Ao longo das últimas décadas, as tecnologias da informação e da comunicação têm vindo a tomar um lugar preponderante nas diversas dimensões da vida social. A Educação não constitui excepção. Os últimos anos foram de assinalável investimento neste âmbito, através do plano tecnológico da educação e dos programas e-escolas e e-escolinhas. Por meio da respectiva execução modernizou-se a infra-estrutura tecnológica do parque escolar e democratizou-se o acesso aos computadores e à internet a alunos e professores, mediante a respectiva oferta a preços abaixo do valor de mercado.
A crescente presença das tecnologias da informação e da comunicação no espaço escolar procurou também propiciar uma crescente implicação das mesmas nos processos de ensino e aprendizagem. O computador, a internet e outros equipamentos passaram a constituir presença assídua na sala de aulas, por vezes apenas como auxílio à exposição ou demonstração, noutros casos como instrumentos activamente utilizados por parte dos alunos no desenvolvimento de actividades específicas.
Contudo, a introdução da tecnologia na relação pedagógica não é neutra, especialmente perante um artefacto tecnológico relativamente ao qual a detenção de competências e de capacidade de manipulação é bem mais repartida do que o habitual entre os pares da relação pedagógica. Como se adaptaram os professores a estas circunstâncias? Que estratégias adoptaram na utilização das tecnologias da informação e da comunicação em sala de aula? Para que actividades são utilizadas? Que benefícios trazem à aprendizagem e à motivação para a mesma por parte dos alunos? E, finalmente, que avaliação fazem da presença das tecnologias da informação na escola e na sala de aula?
A resposta a este conjunto de questões constitui uma pertinente base empírica para o conhecimento detido acerca das tecnologias da informação e da comunicação no processo de ensino. No entanto, o eventual contraste de posições consoante a idade, o sexo, o número de anos de experiência lectiva e a formação científica de base dos professores não o é menos, propiciando um entendimento alargado das diferentes modalidades de utilização consoante as características do corpo docente.
Nesta comunicação serão utilizados dados provenientes do projecto de investigação “Learn-Tech: tecnologias da informação e da comunicação e aprendizagem”, em curso no CIES-IUL, coordenado por Nuno de Almeida Alves e financiado pela FCT. Estes dados dizem respeito ao segmento de inquirição efectuado junto dos professores, compreendendo as respostas a um questionário realizado a uma amostra de 324 professores de 12 escolas do país, bem como um conjunto de 15 entrevistas semi-directivas.
- ALVES, Nuno de Almeida
- RODRIGUES, Carla
- DIAS, Paulo Coelho
- ABRANTES, Pedro
PAP0504 - As Transformações da Alta Esfera Eclesiástica e as Disputas no Espaço do Poder no Brasil
A comunicação está baseada em trabalho que explora as intersecções entre as estratégias de legitimação do alto clero católico – em especial, a aquisição de novos e mais diversificados recursos culturais e a internacionalização dos quadros dirigentes – e as redefinições dos discursos e dos modos de exercício da autoridade católica no Brasil nas últimas cinco décadas. Para tanto, a partir de informações biográficas relativas aos bispos brasileiros em exercício e daqueles que compuseram as presidências da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) desde sua fundação, o estudo privilegia dados relativos a seus itinerários sociais e profissionais, com destaque aos recursos escolares e culturais acumulados, às carreiras e às estratégias de elaboração e apresentação de discursos institucionais a públicos variados. A problemática combina três níveis de análise: a) a realização de estudo morfológico sincrônico do episcopado brasileiro na atualidade; b) a análise diacrônica dos padrões de recrutamento para os postos centrais da CNBB; e c) a comparação entre trajetórias, recursos e tomadas de posição de bispos em contextos socioculturais diversos. Acredita-se que o trabalho avança, assim, na demonstração de correspondências entre as redefinições dos mecanismos de legitimação da autoridade religiosa; as experiências, competências culturais e destinos dos agentes no conjunto de posições que compõem a alta esfera católica; e as novas modalidades de intervenção dos especialistas da Igreja em um mercado religioso crescentemente competitivo, no qual o catolicismo tem perdido na distribuição dos bens culturais e da salvação, sobretudo frente a denominações neopentecostais. Os resultados apontam a imposição de novos recursos culturais e escolares, com destaque a um capital internacional de competência e de relações, dentre as estratégias de legitimação da Igreja nas disputas no espaço de poder. Os sérios investimentos na dotação de novas e diversificadas formas de competência religiosa do alto clero brasileiro a partir dos anos 70 deixam claro um expediente institucional ancorado na esfera escolar (religiosa e “profana”), especialmente nos canais de formação intelectual via internacionalização. A meio caminho entre funções estritamente intelectuais e tarefas administrativas, os bispos enfrentam desafios de ordem múltipla: adaptar-se a sociedades com novas estruturas e formas de viver, produzir discursos de temática variada, complexa e mutável, fazer frente aos novos dados da competição religiosa e garantir sua legitimação dentro das lutas pela dominação simbólica. Tudo indica que Roma continua a ser peça fundamental nessas engrenagens a produzir religiosos mais e melhor diplomados, com acúmulo de experiências no exterior e culturalmente mais versáteis.
- SEIDL, Ernesto
PAP1386 - As condições de vida das crianças de Barcelos
A pobreza é um fenómeno tão antigo como a própria sociedade, sendo inumeráveis os documentos que se referem a situações de pobreza ao longo da história do Homem. Atualmente, apesar do notável crescimento económico das últimas décadas que tem contribuído para a melhoria das condições de vida, a pobreza persiste, tornando-se nestes últimos anos num verdadeiro flagelo. A pobreza é um flagelo que afeta todas as sociedades e a necessidade de combate à mesma é em si um dever. É um fenómeno multidimensional e a procura de políticas públicas para a resolver depende de um entendimento quanto à sua natureza e causas.
Por seu lado, a pobreza infantil é uma face do fenómeno pobreza e deve ser entendida dentro do seu contexto e como um todo, considerando as suas condicionantes, nomeadamente os recursos existentes e a sua distribuição nas famílias. A pobreza infantil significa que uma criança cresce numa família com baixos rendimentos e baixo exercício de direitos, que está mais exposta a vários riscos e a não conseguir atingir o seu máximo potencial, que o seu acesso à educação pode sofrer impactos: a sua motivação e participação são afetadas e torna-se mais difícil a aquisição de formação e informação que, no futuro, a poderá fazer sair do ciclo de pobreza onde é criada.
A abordagem da pobreza infantil para Bastos et al. (2008, citado por Sarmento & Veiga, 2010) deve ser encarada como um estado de privação em cinco áreas: agregado familiar, educação, saúde, habitação e inserção social. Consideram os autores que a pobreza infantil advém essencialmente da privação, considerada como um deficit de bem-estar numa destas áreas essenciais para a criança. Salientam assim que a pobreza infantil abrange uma multidimensionalidade de aspetos materiais e não materiais.
O estudo que desenvolvemos pretende ser uma réplica do estudo “Um olhar sobre a pobreza infantil” (Bastos, Fernandes, Passos & Malho, 2008), aplicado a um conjunto de aproximadamente 5000 crianças residentes em concelhos da área da Grande Lisboa, apresentando como principal resultado a criação de um índice de privação.
O nosso estudo traçou como objetivos avaliar as condições de vidas das crianças que frequentam os 3º e 4º anos, do 1º Ciclo do Ensino Básico, nas escolas oficiais do concelho de Barcelos, identificar os respetivos indicadores de privação e aprofundar a aferição do nível de pobreza/privação infantil destas mesmas crianças. A população de 2072 crianças, matriculadas no ano letivo 2010/2011, repartidas pelos diferentes agrupamentos de escolas foi amostrada por um processo de estratificação proporcional permitindo obter uma amostra de 634 crianças.
A análise das condições de vida das crianças do concelho de Barcelos permitiu identificar um conjunto de indicadores que afetam o seu bem-estar e, consequentemente, comprometem as suas oportunidades de desenvolvimento e crescimento.
- MACHADO, José Cunha
- PEREIRA, Sara

Sara Pereira, professora auxiliar no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho e investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da mesma universidade. É atualmente diretora do mestrado de Comunicação, Cidadania e Educação e coordenadora de dois projetos de investigação: um financiado pela FCT, sobre as políticas e as práticas de uso do computador Magalhães; o outro, financiado pelo QREN, visa a criação de uma plataforma digital para as crianças. Os interesses de investigação centram-se na educação ou literacia para os media, na relação das crianças e jovens com os meios de comunicação e nos estudos de recepção.
PAP0004 - As controvérsias da Reforma Educativa em Angola
O pré-projecto de mestrado em Sociologia ramo
investigação, com o título Análise das
controvérsias da Reforma Educativa em Angola
de 2001/2015, tem como enfoque os desafios da
Reforma Educativa de 2001\2015 e o cumprimento
dos objectivos do milénio até 2015. Dito de
outro modo, adequar o ensino às exigências
para o desenvolvimento humano sustentável,
numa perspectiva de reconstrução sobre novas
bases, cujo lema é «Uma Educação pública de
qualidade para todos nos próximos 15 anos».
Para o governo de Angola, elevar a qualidade
de ensino em Angola, passa necessariamente,
por massificar e velar pela qualidade da
Educação básica e média, no contexto da
universalização da alfabetização de adultos.
Importa referir, com a independência de
Angola, surgem novos desafios. Nasce uma nova
ordem política, socioeconómica para a
construção (re) do país. E esta construção
(re) passa necessariamente pela restruturação
de todo sistema educativo.
Palavras chaves: Reforma educativa, Qualidade
de ensino, Educação e prática educativa.
PAP1447 - As crianças e suas múltiplas práticas de consumo
O tema do consumo na sociedade contemporânea tornou-se um objeto de investigação e ação mais abrangentes. Nossas sociedades se caracterizam pelo consumo de bens e serviços. Entretanto, esse consumo não pode ser avaliado e analisado apenas a partir da ótica da produção desses bens e serviços que serão consumidos. A ampliação da problematização da questão do consumo não se deu apenas a partir da ampliação da importância dos aspectos simbólicos nela envolvidos. Limitada antes ao universo dos indivíduos com algum poder aquisitivo, o eixo da discussão passou a se deslocar também na direção dos adolescentes e das crianças. Assiste-se, assim, a uma transformação no status da criança também no universo do consumo. Antes considerada como um futuro consumidor, que deve ser preparado e cativado para ser fiel a determinados padrões e marcas de produtos, a criança passa a ser vista como um agente que já está apto a consumir esses produtos, independente de não possuir meios materiais que lhe possibilitem o consumo. Ela é reconhecida como consumidora de fato, na medida em que interfere e até mesmo direciona o consumo das unidades domésticas. Nos últimos tempos tem sido crescente a atenção para o público infanto-juvenil em diferentes aspectos, dentre eles o consumo. O objetivo da pesquisa é refletir sobre como as condições da cultura de consumo permeiam o comportamento de consumo de crianças e de adolescentes e se evidenciam no cotidiano escolar. Apesar de não restar dúvida sobre o caráter de transmissão de valores culturais desempenhado pela TV, devemos sempre nos lembrar que ela não atua sobre um público totalmente passivo. Esses valores sofrem uma releitura não sendo assimilados de maneira mecânica. Também se deve considerar que os valores apresentados pela publicidade não são os únicos presentes na sociedade. Embora seja inegável que as crianças cada vez mais estejam envolvidas com produtos industrializados e globalmente distribuídos, isso não as impede de fazer outros usos desses artefatos. Os sujeitos da pesquisa têm mostrado o quanto ressignificavam o que aprendem na TV, revelando-se como sujeitos criativos e não apenas consumidores compulsivos. Eles nos permitiram percebê-los como pertencentes a um mundo cada vez mais tecnológico, freqüentemente, nos mostraram como lidavam com as diferentes tecnologias, fazendo conexões e relações entre elas e ressignificando o que vêem na TV, no computador, no celular, por exemplo. Pensando nas ações das crianças, durante a realização da pesquisa, foi importante perceber a maneira como agem “[...] diante de uma produção racionalizada, expansionista, centralizada, espetacular e barulhenta [...]” (CERTEAU, 2004, p.94), gerando um tipo totalmente diverso do consumo, que tem como característica suas astúcias e sua invisibilidade na maneira de usar o que lhe é oferecido sedutoramente. E são essas práticas que estamos investigando.
- FREITAS, Patrícia Oliveira de

Patrícia Oliveira de Freitas é atualmente professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo realizado estágio doutoral em sociologia da infância, na UMINHO, sob orientação do prof Dr Manuel Jacinto Sarmento. Tem experiência na área de estudos do consumo, com interesse de investigação nos seguintes temas: educação financeira, comportamento do consumidor, publicidade e consumo e práticas de consumo de crianças e adolescentes. E na área de educação, tem interesse pelas questões relacionadas à infância, ao consumo e as novas tecnologias.
PAP0284 - As decisões dos casais em torno dos destinos dos embriões
Desde 2006, ano em que foi publicada a lei da procriação medicamente assistida (Lei n.º32/2006, de 26 de Julho), que os casais envolvidos nestas técnicas se veem confrontados com a necessidade de decidir os destinos a dar aos seus embriões criopreservados. Nesta comunicação apresentamos os resultados de um inquérito aplicado entre 17 de agosto e 16 de novembro de 2011 a 118 indivíduos (48 casais e 22 mulheres) envolvidos em 70 casos de fertilização in vitro ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides na Unidade de Medicina da Reprodução do Hospital de S. João (Porto), visando analisar as experiências e visões dos casais quanto aos direitos, deveres e responsabilidades associados ao processo de decisão em torno dos destinos dos embriões.
O questionário foi administrado quando os casais realizavam o exame para confirmar gravidez. Este permitiu a obtenção de dados sociodemográficos e informações sobre o tipo de decisão tomada quanto aos destinos dos embriões criopreservados, opiniões sobre os motivos que justificam tais decisões e sobre a investigação em embriões de origem humana, história reprodutiva do casal, perceção do suporte social e avaliação interpessoal da relação conjugal.
No formulário atual de consentimento informado para criopreservação de embriões, aprovado em outubro de 2008, os casais deverão escrever “sim” ou “não” à frente das seguintes afirmações: “Consentimos no uso dos nossos embriões para doação a outros casais inférteis” e “Consentimos no uso dos nossos embriões em projetos de investigação científica”. A grande maioria dos casais (85,7%; n=60) autorizou o uso dos seus embriões em projetos de investigação e apenas 11,4% (n=8) não o consentiu. A proporção de casais que autorizou a doação dos seus embriões para outros casais inférteis é comparativamente mais baixa (52,9%; n=37), aumentando a percentagem daqueles que recusaram tal opção (38,6%; n=27).
Conclui-se que as novas formas de cidadania tecnológica e biogenética resultantes das aplicações de técnicas de procriação medicamente assistida em Portugal parecem revelar uma elevada recetividade do público leigo ao progresso científico e tecnológico, ilustrada pela proporção de casais que consentem doar os seus embriões para investigação científica. Esta decorre da valorização da ciência e da tecnologia como instrumentos ao serviço da humanidade e de relações sociais de poder assentes na celebrização do poder médico. As decisões dos casais quanto à doação de embriões a casais inférteis podem traduzir a multidimensionalidade das representações sociais de parentesco e filiação, onde a primazia dos vínculos biogenéticos nas relações sociais entre pais e filhos coexiste com uma crescente fragmentação da família tradicional baseada nos laços genéticos.
- SILVA, Susana

- MACHADO, Helena

- SAMORINHA, Catarina
- SOUSA, Sandra

- RODRIGUES, Teresa
Susana Silva
susilva@med.up.pt
Susana Silva, doutorada em Sociologia, é investigadora auxiliar no Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, exercendo as suas atividades no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Na investigação privilegia o estudo da compreensão pública da biotecnologia e da saúde e dos usos sociais das tecnologias reprodutivas e genéticas. Participa em diversos projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, destacando-se a coordenação de estudos sobre as decisões dos casais em torno do destino dos embriões criopreservados e papéis parentais e conhecimento em unidades de cuidados intensivos neonatais. Tem publicações recentes em revistas internacionais, como a Sociology of Health & Illness; Health; Health, Risk & Society; PLoS ONE; Journal of Biomedicine and Biotechnology; Forensic Science International; New genetics and society; e BioSocieties.
Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
Sandra Sofia Moreira de Sousa, bolseira de investigação no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, licenciada em Sociologia das Organizações pela Universidade do Minho (1998) e mestre em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2010), tem como interesses de investigação a área da ciência e tecnologia, nomeadamente a vertente da reprodução medicamente assistida.
PAP0307 - As desigualdades na saúde: classes sociais e estilos de vida
A presente investigação pretende analisar a relação entre a estrutura de classes sociais e as desigualdades na saúde, procurando explicar os mecanismos mediadores que convertem o social no biológico.
Sustenta-se como hipótese central que as desigualdades inscritas na ordem social se traduzem numa incorporação individual da desigualdade sob a forma de disparidades perante a doença e a morte, ou seja que as relações que os indivíduos têm com os seus corpos e sintomas, com os sistemas de saúde e com as possibilidades de tratamento são condicionadas pela posição e trajectória social. No plano teórico recorre-se a contributos das áreas disciplinares da sociologia das classes sociais, da sociologia da saúde e da epidemiologia.
A investigação é assente numa estratégia de tipo extensivo-quantitativo, tendo por base a informação presente nos processos hospitalares relativos aos óbitos ocorridos em 2004 e originários de duas instituições hospitalares, uma localizada em Lisboa e a outra em Beja. A totalidade dos processos analisados corresponde a um universo de 1935.
Os resultados da investigação permitem concluir que, se por um lado, a relação entre as classes sociais e a longevidade não resulta num padrão linear, que traduza uma relação directa entre maiores recursos e maiores tempos de vida, por outro, tendencialmente, as categorias de classe que concentram maiores recursos económicos, culturais e técnicos, apresentam em média, uma longevidade superior, em cerca de 10 anos, relativamente ao conjunto de categorias de classes assalariadas de base.
Procedeu-se igualmente a uma análise de correspondências múltiplas, no sentido de operacionalizar a estruturalidade multidimensional, envolvida neste espaço social de desigualdade em saúde, em que interagem diversos factores como as classes sociais, o género, as regiões, os efeitos geracionais, os comportamentos e estilos de vida, os tipos de doenças ou as causas de morte.
- ANTUNES, Ricardo

Ricardo Antunes, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa; CIES,
Doutorando em Sociologia, Licenciatura em Sociologia e Enfermagem,
interesses na investigação - Sociologia da Saúde e das Classes Sociais
PAP1261 - As diferenças de género no consumo de automóveis premium em Portugal: uma perspectiva sociológica
O automóvel privado desempenha um papel de
relevo nas sociedades ocidentais
contemporâneas e tem sido um indicador
clássico de status na sociologia do consumo e
no marketing.
Os trabalhos sobre consumo automóvel de
Sheller (2003) e Shove (1998) remetem-nos para
a importância do indivíduo e das suas
escolhas. Porém, os dados estatísticos em
Portugal sobre o consumo de automóveis do
segmento premium, mostram que a afirmação
individual não é um critério relevante. Além
disso, confirmam a existência de diferenças
significativas por géneros no que toca à
preferência de cada marca, parecendo reforçar
o que Mohammadian (2004) verificou quanto à
existência de diferenças nas motivações de
compra de automóveis por parte indivíduos do
género masculino e feminino.
Este trabalho tem por objecto o consumo de
automóveis do segmento premium em dois
períodos, 2003 e 2009, em Portugal. A escolha
deste segmento prende-se com a forte carga
simbólica e identitária de cada uma das marcas
que o compõem, conferindo ao automóvel um
estatuto que ultrapassa largamente o conceito
de meio de transporte.
Pretendemos identificar os factores
sociológicos que enformam as decisões de
consumo de automóveis premium em Portugal,
verificar se há critérios de escolha
distintivos entre o género masculino e
feminino e observar se estes registaram uma
evolução significativa no intervalo de 6 anos.
Com o intuito de caracterizar a realidade
sociológica da população em estudo, bem como
as vendas e a posse de automóveis, recorremos
à análise quantitativa de várias fontes, entre
outras o principal estudo realizado em
Portugal sobre o consumo automóvel. Foram
ainda aprofundadas as motivações de compra
através da aplicação de um inquérito a homens
e mulheres, proprietários de automóveis das
marcas seleccionadas.
Os resultados deste estudo revelam uma menor
proporção de mulheres proprietárias de
automóveis de marcas premium, tendo-se
registado, inclusive, uma variação negativa
nesta proporção entre 2003 e 2009.
Nos critérios de escolha confirmam-se as
conclusões de estudos efectuados anteriormente
noutras geografias, sobre a maior
racionalidade das mulheres, traduzida na
valorização dos aspectos relacionados com a
fiabilidade, segurança e economia em
detrimento das variáveis hedonísticas e
estatutárias, próprias do género masculino
(Mohammadian, 2004; Mitchell & Walsh, 2004).
- RODRIGUES, Paulo

- CORREIA, Ana
Paulo Farias Rodrigues, Consultor e Partner da Visão Maior Consultores, Lda.
Consultor e Formador nas Áreas Comportamental, Gestão Estratégica, Comercial e de Marketing.
Licenciado em Marketing, Publicidade e Relações Públicas (ISLA-Lisboa) e Mestrando em Comunicação Social, na variante de Comunicação Estratégica (ISCSP - Universidade Técnica de Lisboa).
Iniciou recentemente a sua carreira académica com as funções de docência na ESCS (Escola Superior de Comunicação Social – Lisboa), no ISEG (Universidade Técnica de Lisboa) e no ISLA (Instituto Superior de Línguas e Administração) em programas de Formação Avançada.
Possui cerca de 20 de anos de experiência de gestão em várias empresas multinacionais do sector farmacêutico, tendo desempenhado funções de responsabilidade crescente nos cargos de Director de Marketing, Director de Vendas e Director-Geral.
Tem artigos publicados na Revista “Marketing Farmacêutico”.
PAP0854 - As diferenças de gênero entre os profissionais do Jornalismo de São Paulo
Nas últimas décadas, os jornalistas têm sido objeto de discussão nas abordagens sociológicas, a partir do estudo dos ofícios, das ocupações e dos profissionais do jornalismo, com ênfase para seus processos de profissionalização, suas identidades profissionais, segmentação em grupos e formas de organização social. No Brasil, nos últimos anos, o mundo das comunicações vem passando por mudanças significativas. Nesse contexto, as alterações no universo profissional do jornalismo podem ser ilustradas pelas mudanças na regulamentação da profissão, com questionamentos quanto aos critérios de ingresso na carreira; a introdução da tecnologia nos meios midiáticos; o aumento das modalidades de acesso à informação; a concentração de jornalistas no segmento "extra-redação" (profissionais que não estão empregados em empresas jornalísticas); a crescente presença das mulheres no jornalismo e nos cursos universitários e o aumento do nível de escolaridade dos profissionais e principalmente das mulheres profissionais, considerando-se que na capital paulista, as mulheres predominam entre os jornalistas registrados formalmente com nível superior de ensino. O objetivo deste paper é compreender, dentro deste cenário marcado pela feminização desta profissão, as disparidades presentes no interior da profissão de jornalismo, em termos de desigualdade de poder, prestígio, nível escolar, oportunidades na carreira e reconhecimento social, segundo um recorte de gênero. Pretende-se observar se o crescente ingresso das mulheres no ensino superior corresponde a uma melhor inserção na carreira profissional, conduzindo a uma alteração nas estruturas hierárquicas do jornalismo. Para isso, serão apresentados dados que revelem a distribuição de homens e mulheres em São Paulo quanto ao segmento do jornalismo em que atua, analisando a estratificação nas posições mais elevadas segundo o sexo e as diferenças de remuneração média por função, utilizando como principal fonte de informações a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) do Brasil.
- LEITE, Aline Tereza Borghi
PAP0566 - As dinâmicas de domesticação dos novos media pelas diferentes gerações e o relacionamento inter-geracional no seio familiar
Apresentam-se os resultados do estudo que visa compreender de que forma é que a existência dos novos media, em casa, pode ter interferência nas tradicionais relações que pais e filhos, avós e netos estabelecem, ou seja, estão ou não as relações inter-geracionais a serem alteradas pela mediação tecnológica?
A investigação que dá suporte a esta comunicação procurou aferir quais as causas que podem imprimir mudanças na forma como as gerações se relacionam de acordo com as utilizações que cada geração faz dos novos media e quais as consequências que daí podem advir.
Tendo como questão de investigação “Quais as dinâmicas de domesticação dos novos media pelas diferentes gerações, e em que medida isso se reflete no relacionamento inter-geracional?”, esta comunicação visa apresentar os principais resultados do estudo que procurou compreender o papel desempenhado pelos novos media nos relacionamentos entre as gerações, no sentido de averiguar se se estabelecem relações de cooperação e/ou conflito. Do ponto de vista teórico a investigação tem como referencias os estudos sobre as implicações das TIC nas rotinas cognitivas e sociais e, especificamente, a proposta de apropriação enquanto domesticação da tecnologia.
A importância da investigação realizada, da qual se apresentam os resultados, passa, não só, pelo contributo no que respeita à caracterização dos relacionamentos inter-geracionais, mas também, pela caraterização que se tem vindo a tentar fazer no que respeita às designações entre as diferentes gerações, tendo em conta o uso que cada uma faz dos novos media de acordo com as suas potencialidades.
O trabalho empírico recorreu-se à realização de inquéritos por questionário junto de crianças e jovens dos 6 aos 18 anos, a nível nacional, com 1902 inquéritos por questionário e 13 entrevistas a famílias de acordo com vários perfis traçados tendo em conta nº de gerações que coabita na família; nº de filhos; idade dos filhos e nível de literacia info-comunicacional das famílias. Na análise dos resultados foram consideradas várias variáveis: a idade, género, número de gerações que habitam a mesma casa e a tipologia de novo medium que habitualmente são utilizados em casa pelas famílias.
Os resultados obtidos permitem perceber que apesar das muitas reticências dos mais velhos em relação às tecnologias no que respeita ao seu próprio uso, eles percebem que a sua utilização é fundamental para os mais novos não só pelas capacidades que desenvolvem, mas porque a própria escola faz o apelo ao uso das tecnologias.
Verificou-se ainda que, apesar das assimetrias na utilização e manipulação que as diferentes gerações fazem das tecnologias e apesar dos mais novos serem mais audazes e expeditos na sua utilização, as relações podem ter pequenos conflitos, mas o que mais prevalece é a cooperação entre gerações com os mais velhos a aproveitarem as capacidades dos mais novos e assim aprenderem com eles.
- RODRIGUES, Filipa

- SILVA, Lídia Oliveira

Filipa Rodrigues, é Licenciada em Comunicação Social pela Escola Superior de Educação de Viseu (2007) e Mestre em Comunicação Multimédia pela Universidade de Aveiro (2011). Professora na Escola Superior de Educação de Viseu com a categoria de Assistente Convidada. Os seus interesses de investigação passam pelas implicações do uso dos novos media pelas diferentes gerações, mas pretende desenvolver o doutoramento na área da infografia associada ao jornalismo de ciencia e tecnologia.
Lídia J. Oliveira L. Silva é doutorada em Ciências e Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro (2002) onde é professora auxiliar com agregação. Investigadora do CETAC.MEDIA – Centro de Estudos das Tecnologias e Ciências da Comunicação (http://www.cetacmedia.org/) dedica-se a investigar as implicações das tecnologias da informação e da comunicação em rede nas rotinas cognitivas e sociais dos indivíduos, dos grupos e das organizações, estando a sua investigação situada nos estudos de Cibercultura.
PAP0135 - As experiências da rua: as (re)criações do espaço pelos sujeitos por meio das práticas de lazer
Este estudo
constituiu um dos
eixos temáticos do
projeto de pesquisa:
“Usos do tempo livre
na Vila Holândia: o
lugar das práticas
corporais”, do Grupo
de Estudos e
Pesquisa em
Políticas Públicas e
Lazer da UNICAMP/São
Paulo/Brasil. Por
meio de uma
abordagem
etnográfica olhamos
as ruas da Vila
Holândia, Campinas -
SP, observando seu
cotidiano nos
períodos de férias
escolares, nos
feriados e aos
finais de semana que
é permeado pelas
conversas entre
vizinhos, pelas
brincadeiras das
crianças e pelo
encontro,
principalmente de
homens, no entorno
do bar. Ouvindo
pessoas e/ou grupos
que fossem
significativos para
identificarmos como
ela é um lugar de
fruição do lazer e
como os moradores
(re)criam os espaços
pela apropriação e
sociabilidade. As
ruas servem como
limite definidor de
um determinado
território que
estrutura mapas e
orienta a
organização social
do espaço, para
nossa análise também
a compreendemos como
um lugar
significativo de
socialibilidade
(SIMMEL, 1986),
apropriação do
espaço (POL, 2005) e
de práticas de lazer
(SMOLKA, 2000). A
condição da vida
comunitária na Vila
Holândia compreende
a tensão entre as
tendências das
recentes formas de
urbanização e a
relação histórica e
cultural das formas
tradicionais. Assim,
encontramos
evidências que
permitem dizer que a
riqueza das
experiências da rua
ainda resiste ao
processo de
urbanização das
cidades.
Entretanto,
reconhecemos a
tendência da
dinâmica das formas
de urbanização como
perigosas para
sociabilidade nos
espaços públicos,
principalmente na
rua. Elas formalizam
as experiências da
rua pela regulação
dos mecanismos
institucionais do
legislador alheio às
representações
locais, como também
fragmenta as
interações do tecido
social. Nas
experiências da rua,
os sujeitos
compartilham o
espaço público,
materializam a
convivência social e
estabelecem vínculos
afetivos. No
cotidiano da rua
identificamos a
perpetuação das
formas de
apropriação e
sociabilidade
subvertendo a idéia
da rua como local de
violência,
insegurança e medo
para lugar de
resistência social e
cultural. É possível
afirmar que no
Brasil a dinâmica da
vida comunitária nas
ruas ainda
reconfigura a
ocupação e usos dos
espaços públicos.
- LOPES, Carolina Gontijo

- AMARAL, Sílvia Cristina Franco

Carolina Gontijo Lopes
Graduada em Educação Física e especialista em Pedagogia do Esporte Escolar pela Universidade Estadual de Campinas e mestre em Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atuou em políticas de esporte e lazer municipais, em instituições não governamentais e em escolas públicas. Possui interesse de investigação em políticas públicas de lazer; práticas culturais no tempo livre; espaço urbano e atuação profissional.
Sílvia Cristina Franco Amaral
Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria (1989), mestrado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria (1995) e doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e Livre-docente pela FEF-UNICAMP (2011). Atualmente é docente da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas e coordenadora do Grupo de Política Pública e Lazer. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Lazer e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: lazer, política pública, cultura corporal, educação física e esporte.
PAP1317 - As identidades e a “política dos tempos sociais”
A análise sobre as identidades e os modos de vida nos tempos atuais embate constantemente no exercício e na validade da democracia como regime político aberto à participação e à expressão das autenticidades. Podemos afirmar, aliás, que a democracia, designadamente na modalidade participativa, constitui hoje, em plena experiência de uma séria de rupturas, um ponto central de preocupação na teoria social. Dois elementos centrais indispensáveis a este debate, com necessidade subsequente de intervenção, dizem respeito ao espaço e ao tempo. Apesar de terem tido um estatuto algo camuflado no âmbito da teoria social, o espaço e o tempo coexistiram como objectos de extremo relevo nos modos de abordar, interpretar e agir sobre o mundo social. Ambos constituem objectos de política, pois além de condicionarem as acões individuais, institucionais e colectivas, implicam tomadas de decisão que residem em relações de poder entre indivíduos, grupos, classes e instituições sociais. Esta comunicação visa apresentar uma análise crítica das temporalidades sociais actuais, perspectivando um reposicionamento da relevância do conceito de “politica de Tempo”, tanto ao nível da interpretação como da intervenção sobre a trajectória do mundo social presente, nacional e transnacional. Sobretudo, pretende-se mostrar a relevância da análise do modo como a(s) politica(s) lidam com o tempo e se reflectem nas identidades individuais e colectivas, lidas sob a perspectiva do presente e do (seu) futuro.
- ARAÚJO, Emilia Rodrigues

Emília Rodrigues Araújo
Universidade do Minho. departamento de sociologia e centro de estudos de comunicação e sociedade
Sociologia, com interesses atuais na área da sociologia do tempo, sociologia política e das mobilidades.
PAP1286 - As incubadoras sociais como modelos de transferência de tecnologia nas universidades: reconhecimento, redistribuição e justiça
As mudanças na sociedade contemporânea, nomeadamente a passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade da “economia do conhecimento” (Jessop, 2010) fundamentada na ideologia de justificação do “espírito do capitalismo” (Boltanksi & Chiapello, 2009) privilegiaram o desenvolvimento da área científica, sobretudo na chamada pós – revolução industrial. A abordagem teórica proposta pelo modelo da tripla hélice de Etzowitz e Leydesdorrf (1997), a teoria das redes sociotécnicas (Latour, 2005), e as teorias sobre as ciências e conhecimento (Stokes, 1998, Popper, 1972) marcaram as mudanças epistemológicas e metodológicas das relações estabelecidas entre universidades, Estado e mercado.
Tais transformações impulsionaram outros contornos para o debate sobre ciência e tecnologia, ao passo que as universidades passaram a adoptar novos modelos de produção do conhecimento comprometidos particularmente com o desenvolvimento económico. Deste modo, a universidade deixou de produzir o conhecimento onde valorizava-se sobretudo o processo de construção, para focalizar em relações e dinâmicas quer seja com o Estado, quer seja com o mercado. Estas mudanças impulsionaram alterações em aspectos importantes das universidades, nomeadamente o tipo de contrato social estabelecido com a sociedade (Dagnino, 2006).
Ao considerarmos os modelos atuais de transferência de saberes utilizados pelas universidades, verifica-se uma acentuada invisibilidade e exclusão dos segmentos não lucrativos. Haja vista, que o modelo teórico da triple helix circunscrito nos conceitos do conhecimento e da inovação, por um lado não promove interfaces com as chamadas epistemologias de fronteira e não elucida o compromisso social das ciências, e por outro não inclui nas redes estabelecidas outros atores. Assim, tem-se a emergência de novos modelos de produção do conhecimento, em particular a expansão para modelos como a quadruple helix (Carayannis, & Campbell, 2009), o surgimento das incubadoras tecnológicas, e mais recentemente na América Latina e como alternativa prática, as incubadoras sociais comprometidas essencialmente na transferência de tecnologia para organizações da economia social.
E portanto, o presente trabalho, tenciona apresentar um modelo analítico sobre as condições de construção de um paradigma alternativo ao modelo triple hélix, com base nas transições paradigmática da ciência pós – moderna (Santos, 2009), e na consequente exigência de reconfiguração e incorporação da justiça social numa lógica de sustentação mútua entre redistribuição e reconhecimento (Fraser, 2006; Santos, 2006). Optou-se como método a análise do desenvolvimento de metodologias alternativas como as incubadoras académicas sociais e a revisão dos mecanismos de interação da "tripla hélice" face aos desafios das sociedades contemporâneas.
- SILVA, Beatriz Caitana da
PAP1344 - As instituições de ensino superior politécnico: perfis e identidades
Através de um inquérito, realizado em 2009 no âmbito do nosso doutoramento, às instituições de ensino superior politécnico, procurámos caracterizar essas instituições, num momento em que novos desafios lhes são colocados, decorrentes da mudança de paradigma no ensino superior. Para além de se ter procurado saber como se apresentam, se caracterizam e se descrevem as unidades de ensino politécnico, o objectivo deste trabalho passou também pela tentativa de estabelecer perfis de instituições que se tomam como singulares e distintas, à partida.
Ao se indagar directa e exclusivamente as unidades sobre as suas acções no plano das actividades científicas, sobre as suas conexões no espectro do ensino superior nacional e internacional, sobre as suas representações em torno do que são e do que poderiam ser, procurou-se conhecer as diversas formas de conceber o próprio ensino politécnico e as questões identitárias que daí decorrem.
Ao longo da análise dos dados foi possível observar uma diversidade de situações e acções por parte das unidades de ensino politécnico, que resultam em perfis bastante distintos. Como análise complementar à caracterização das instituições de ensino politécnico (baseada em quatro momentos diferentes: início da década de 1990, pré-Bolonha, pós-Bolonha e num futuro próximo), optou-se por uma abordagem longitudinal em torno de descritores da identidade, procurando-se perceber até que ponto os momentos escolhidos resultavam (ou não) numa construção diferenciada da auto-identidade e da identidade colectiva. São esses resultados de que queremos dar conta nesta comunicação.
- URBANO, Cláudia Valadas

Nome: Cláudia Valadas Urbano
Afiliação institucional: investigadora no CesNova - FCSH/UNL e docente
no Instituto Politécnico de Santarém
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Sociologia do Ensino Superior, Sociologia
do Risco, Sociologia da Saúde
PAP1371 - As linhas de montagem teleoperacionais no mundo dos call centres
Na transição para o século XXI, a agressividade do mercado económico em prol da maximização da produção desembocou no crescimento do desemprego reforçando as situações de precariedade e flexibilização global que se traduzem numa corrosão do carácter (Sennett, 2001). Afetados por uma crise identitária que se carateriza por um novo sentimento de alienação e/ou frustração do próprio trabalho, outrora passaporte para o direito à cidadania e liberdade, assistimos à criação de uma nova geração de ciberproletarios (Antunes; Braga; 2009). Na verdade, a sociedade atual tende a manter uma determinada representação da inserção social através do emprego estável. A procura pela sobrevivência passa pela aceitação de qualquer oferta de emprego, pouco ou nada relacionado com a sua área de formação.
Na transição para o século XXI as empresas de call centre passaram a representar o papel de embaixadoras do trabalho atípico, funcionando como um dos únicos meios de eventual integração no mercado de trabalho. As desigualdades consequentes da globalização económica não se verificam apenas no desemprego mas no próprio seio do emprego, nas entidades empregadoras que seguem actualmente lógicas de flexibilização e que se repercutem entre os trabalhadores por meio da opressão e exploração, gerando mecanismos de consentimento ou resignação (Burawoy, 1979). Os trabalhadores com receio de vir a perder o pouco que possuem mergulham em lógicas de consentimento e resignação, quer em relação ao trabalho em si quer ao poder incutido pelas chefias. Existe uma repressão silenciada por parte dos trabalhadores que permanecem enclausurados num invólucro de terror diário com receio de perda da pseudo-segurança que possuem.
Através das páginas de um diário de campo “precário”, redigido no âmbito de uma investigação etnográfica vivida na primeira pessoa, pretende-se relatar o dia-a-dia dos jovens adultos licenciados de Coimbra, representação simbólica nacional da vida estudantil. Narrativas precárias são relatadas de modo a revelar como o somatório de obstáculos incorporados num poder despótico, por vezes inumano, exercido na figura do call centre, conduz ao desenvolvimento de uma identidade incerta por parte do operador que se vê obrigado a viver num quadro de readaptação constante. Como súmula do estudo, constatou-se que, de facto, trata-se uma realidade que se pretende breve e/ou temporária mas que, com as dificuldades que o actual cenário de capitalismo desenfreado coloca, tem assumido contornos permanentes.
- ROQUE, Isabel Maria Bonito

Isabel Roque, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e o Centro de Estudos Sociais de Coimbra (isabelroque@ces.uc.pt)
Interesses de investigação: Metamorfoses e Relações Laborais; Desigualdades Sociais; Movimentos Sociais; Trabalho e Organizações; Culturas de Empresa, Negociação e Conflito; Call Centres
Biografia Académica:
2001 – 2006 - Licenciatura em Sociologia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Orientador: Professor Doutor João Arriscado Nunes
Dissertação: “O processo de socialização em Coimbra: igreja católica e a igreja protestante”.
2007 - 2009 - Mestrado em Sociologia - Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Dissertação: “As linhas de montagem teleoperacionais no mundo dos call centers: um retrato local numa moldura transnacional”. Orientador: Professor Doutor Elísio Estanque
2010 - presente - Doutoramento em Sociologia - Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Dissertação: "A precariedade licenciada: vivências do emprego precário de longa duração no sector das telecomunicações". Orientador: Professor Doutor Elísio Estanque
Artigos em atas de eventos
Roque, Isabel (2008), "Trabalho e precariedade no sector das telecomunicações: uma experiência local num quadro transnacional", VI Congresso da Associação Portuguesa de Sociologia – Mundos sociais: Saberes e práticas, In Atas do VI Congresso da Associação Portuguesa de Sociologia – Mundos sociais: Saberes e práticas, Lisboa.
PAP0029 - As metamorfoses do trabalho no capitalismo global: Um estudo comparativo entre o setor das telecomunicações no Brasil e em Portugal.
A presente
comunicação tem como
objetivo apresentar
uma breve etnografia
das relações de
trabalho e de
negociação coletiva,
que são
estabelecidas em
duas empresas do
setor de
telecomunicações no
Brasil e em
Portugal. Trata-se
de um estudo
comparativo dos
setores de
telecomunicações
entre os dois
países, apesar de
reconhecermos que há
diferenças
estruturais e
superestruturais no
desenvolvimento
econômico, cultural
e social dos dois
países. Neste
sentido, acreditamos
que os efeitos da
globalização têm
incidindo nas atuais
metamorfoses do
mundo do trabalho
que estão na ordem
do dia. Essas
mudanças nas
relações laborais
têm colocado mesmo
diversos cientistas
sociais à refletir
sobre elas. Por um
lado, é notória a
constante
heterogeinização,
fragmentação e
complexificação das
relações laborais.
Por outro lado,
ocorreu uma mudança
na organização do
trabalho nas
empresas, como é o
caso do setor
terciário onde estão
inseridos os
serviços de
telecomunicações.
Com o incremento da
segmentação e da
flexibilidade do
mercado de trabalho,
através da expansão
da precariedade e da
precarização (Alves,
2000),
consecutivamente,
ocorreu em larga
escala, a perda de
direitos
trabalhistas e
sociais (contratos
de trabalho com
prazos determinados,
subcontratações,
informalização do
trabalho e
flexibilizações), a
persistência de
segmentos
importantes da
população
economicamente ativa
no desemprego - o
desemprego
estrutural surgiu os
chamados
“desemprecários”
(dificuldades de
inserção laboral
juvenil e adulta no
mercado de
trabalho), são
fatores consequentes
da atual arquitetura
económica, política
e social vigente.
Neste sentido, vamos
analisar uma
categoria de
trabalhador que é
específica do setor
de telecomunicações
(dos call centers) -
os operadores de
teleatendimento.
Portanto, é em
grande medida que
entre a precariedade
e a flexibilidade
estão colocados os
trabalhadores no
século XXI (Kovács,
2005).
- COSTA, Elizardo Scarpati

Sociólogo, é graduado em Ciências Sociais (Sociologia) pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) Portugal,e mestre em Sociologia pela L´École de Haltes Études en Science Sociales (EHESS) Paris-França. Atualmente é doutorando em Sociologia pelo programa de Relações de trabalho, desigualdades sociais e sindicalismo do Centro de Estudos Sociais(CES)da Universidade de Coimbra. Os seus atuais interesses de pesquisa estão voltados para sociologia dos movimentos sociais,do Trabalho e do direito.
PAP0240 - As migrações entre o campo e a cidade: quem migra e porque se migra?
O despovoamento do território, associado aos desequilíbrios do desenvolvimento regional, persiste como uma questão central em Portugal, não obstante as transformações que têm marcado a sociedade portuguesa nas últimas décadas e as medidas de política pública que têm procurado lidar com o problema. Acarreta múltiplas problemáticas, às quais tanto o Estado como a sociedade civil não podem ficar indiferentes: limita o desenvolvimento de regiões e o acesso das respectivas populações a recursos e condições de vida essenciais para assegurar a sua cidadania plena.
Os estudos sobre o despovoamento do território em Portugal, têm sido sobretudo analisados de forma estatística e quantitativa, escapando-nos do controlo da nossa análise aspectos micro sociológicos, como sejam as expectativas, os projectos, as razões, os perfis e os percursos migratórios de quem migra.
Esta comunicação resulta de dois estudos de caso, aplicados no concelho de Castro Daire, onde se procurou explorar, pelo recurso a métodos qualitativos, o modo como se constroem socialmente as trajectórias de saída entre o campo e a cidade. Procuramos assim, centrar-nos na análise dos perfis de saída que resultam das diversas lógicas sociais, inerentes a essa construção, procurando discutir como essas lógicas são importantes na definição dos perfis de saída e na elaboração dos percursos migratórios.
Os estudos revelaram que os perfis de saída, apesar de distintos, possuem diversos aspectos em comum. A comunicação terá como linhas de orientação, a descrição e enunciação das similitudes e diferenças entre os diversos perfis de saída, a compreensão do modo como esses perfis constroem percursos migratórios distintos e a tentativa de perceber como se constroem esses perfis.
As propostas desta comunicação servirão essencialmente para complementar e explorar os estudos já realizados, abrindo novas pistas para futuras investigações.
- BARONET, Paulo R.

Paulo R. Baronet
Nascido a 11 de Janeiro de 1982 em Viseu é licenciado e mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Nos últimos 5 anos tem dado ênfase ao estudo do despovoamento das regiões do interior, onde tem procurado compreender como se constroem socialmente as trajetórias e os perfis de saída; as múltiplas relações entre o campo e a cidade e o modo como os jovens interpretem, valorizam e vivenciam diferentemente os tempos sociais urbanos e rurais.
Atualmente é sociólogo na Santa Casa da Misericórdia de Castro Daire onde coordena um estudo sociológico sobre os cuidados informais a pessoas portadoras de doença de Alzheimer.
As áreas de interesse são: Migrações, Despovoamento, Cuidados Informais e Alzheimer.
PAP1176 - As migrações, a crise e os discursos mediáticos portugueses
Este trabalho pretende refletir sobre a forma como os movimentos migratórios estão a ser atualmente retratados nos media portugueses. Os fluxos migratórios são dinâmicos e alteram-se em conformidade com mudanças sociais, económicas e políticas. Portugal, um país reconhecidamente de emigração e que nas últimas décadas tornou-se também de imigração, dedica muito espaço mediático a esta temática. Com a atual crise económica portuguesa surge uma modificação dos fluxos migratórios de e para Portugal. Tem-se observado alterações demográficas, por um lado, há uma movimentação de imigrantes a regressar aos seus países de origem, por outro, emerge um incentivo à emigração portuguesa, com particular ênfase aos jovens estudantes e aos recém-formados que não conseguiram no país uma oportunidade de emprego. A crise económica portuguesa sendo um fenómeno recente, leva-nos a crer que a sociedade ainda não se deu conta, por completo, dos efeitos dessa crise sobre as migrações em Portugal. O cenário de crise que vem atingindo progressivamente não somente Portugal mas também vários países pertencentes à União Europeia pode alterar o entendimento que a sociedade portuguesa tem sobre as migrações, assim como afetar o discurso dos media portugueses sobre essas temáticas. Sabemos da importância, da capacidade de repercussão e de influência que as informações difundidas nos media têm nos contextos societais. Por tudo isso, este trabalho visa identificar as temáticas sobre os movimentos migratórios atualmente retratadas pelos media portugueses e verificar a possibilidade desses discursos mediáticos estarem a passar por transformações despoletadas pela crise económica portuguesa. Com este intuito, selecionamos para análise uma amostra composta por recentes notícias sobre imigração e emigração difundidas pelos media portugueses.
Palavras-chave: imigração, emigração, crise económica portuguesa, media portugueses
- OLIVEIRA, Francine
- CABECINHAS, Rosa

Rosa Cabecinhas é doutorada em Ciências da Comunicação (área de conhecimento Psicologia Social da Comunicação) e Professora Associada no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Foi Diretora-Adjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e Diretora do Mestrado em Ciências da Comunicação. Atualmente é diretora do Departamento de Ciências da Comunicação na mesma Universidade. A sua tese de doutoramento, intitulada Racismo e etnicidade em Portugal: Uma análise psicossociológica da homogeneização das minorias, foi premiada pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas em 2004. Atualmente participa como investigadora em diversos projetos nacionais e internacionais, dedicando-se principalmente às seguintes áreas de investigação: diversidade e comunicação intercultural, memória social, representações sociais, identidades sociais, estereótipos e discriminação social. Os seus trabalhos estão publicados em várias revistas científicas internacionais: Journal of Cross-Cultural Psychology, International Journal of Psychology, International Journal of Conflict and Violence, International Communication Gazette, International Sociology, Swiss Journal of Psychology, Science. Entre as suas obras destacam-se os seguintes livros: Preto e Branco: A naturalização da discriminação racial (Campo das Letras, 2007) e Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios (em parceria com Luís Cunha; Campo das Letras, 2008).
PAP0563 - As mulheres nas magistraturas em Portugal: percursos, experiências e representações
Nas últimas décadas, uma significativa transformação das profissões jurídicas tem sido a sua crescente feminização. Se, até 1974 a magistratura era uma profissão vedada às mulheres, hoje de um total de 1970 juízes nos tribunais de primeira instância, da Relação e no Supremo Tribunal de Justiça, 1040 são mulheres (53%). No Ministério Público (MP), 49,3% do total de magistrados são mulheres, sendo que a percentagem de mulheres magistradas do MP na base da carreira ultrapassa aquele número (61,3%). O peso das mulheres nas magistraturas é visível, desde logo, no Centro de Estudos Judiciários, em que 85% dos inscrito/as são mulheres.
Estes números, bem como o crescente protagonismo de algumas magistradas, têm suscitado o interesse dos media e de alguns sectores do judiciário que promovem debates sobre o tema. Contudo, se noutros países podemos encontrar estudos sobre esta realidade, em Portugal esta é uma análise não realizada, pelo que a interpretação relativa à feminização do judiciário centra-se, sobretudo, no aumento do número de mulheres na profissão assentando ainda muito em especulações e em ideias estereotipadas.
Neste cenário torna-se premente uma questão: quando se fala em feminização do judiciário, procura espelhar-se apenas o aumento do número de mulheres nas magistraturas ou, pelo contrário, estaremos perante uma outra forma de administrar e fazer justiça em que uma variável determinante é o género? Procurando preencher esta lacuna na investigação sócio-jurídica, nesta comunicação pretendemos dar um contributo para o estudo dos percursos e experiências profissionais das magistradas em Portugal, procurando, ainda, conhecer as representações por parte dos/as profissionais de justiça relativamente ao papel daquelas no sistema de justiça português.
- DUARTE, Madalena
- LAURIS, Élida
- BELEZA, Teresa
- FERNANDO, Paula
- GOMES, Conceição
- OLIVEIRA, Ana
PAP0196 - As mulheres no mundo dos homens: o caso do bilhar em Portugal
Seja no mundo do trabalho, na educação ou até mesmo nas relações sociais do dia a dia as questões ligadas à noção de identidade e género tem sido palco de discussão por parte de muitos investigadores (Mennesson, 2005). Á semelhança do que acontece no mundo do futebol, halterofilismo, boxe, a verdade é que, nos últimos tempos, temos vindo a assistir a um progressivo aumento do número de mulheres em práticas tradicionalmente masculinas. O bilhar não tem sido exceção. Considerado um desporto maioritariamente masculino, o bilhar desperta, de igual modo, a atenção das mulheres.
Na presente comunicação procura-se salientar a importância da questão do género nas práticas desportivas, neste caso em particular, o bilhar. Neste sentido, a comunicação tem como objeto de estudo as representações sociais das mulheres que “praticam” bilhar, nomeadamente as suas motivações e as suas experiências decorrentes desta prática. Dado a crescente importância que esta modalidade tem vindo a adquirir em Portugal, importa compreender as diferentes motivações e práticas de bilhar na vida destas mulheres, estabelecendo ao mesmo tempo, um ponto de análise comparativa face às perceções vividas pelos homens. Assim, partindo de casos de mulheres envolvidas, nesta modalidade, procura-se desta forma, analisar e compreender as motivações e o papel do bilhar nas suas vidas, bem como compreender a diversidade de processos que envolvem a prática desta modalidade (Ex: processo de socialização, técnicas e estratégias de jogo, competição, estatutos e apoios, obstáculos à participação no bilhar, entre outros).
Tendo em conta o problema desta investigação, iremos recorrer, principalmente, a uma metodologia qualitativa com base na aplicação de entrevistas semiestruturadas com o intuito de conhecer e compreender esta prática desportiva desenvolvida pelas mulheres.
- GONÇALVES, Teresa
- DOUTOR, Catarina
PAP0889 - As políticas sociais participativas e os movimentos ambientalistas no Brasil: tensões e conflitos
A promulgação da
Constituição Federal
de 1988, no Brasil,
foi o marco legal
institucionalizando
as políticas sociais
de cunho
universalista e
calcadas em
processos decisórios
participativos, quer
deliberativos ou
meramente
consultivos.
Considerando as
regras jurídicas e
teóricas, que
estabelecem quem e
como se participa do
“jogo” democrático,
ao longo de mais de
30 anos, estes
processos de
descentralização e
participação
moldaram inúmeras
experiências por
todo o País, através
de avanços e
retrocessos em
termos democráticos.
A democracia
participativa
pressupõe o
engajamento,
empoderando os
cidadãos e
aprimorando a
governança. A
participação social
redesenharia,
portanto, a
democracia e a
cidade, em oposição
à sua ocupação pela
ideologia e
políticas
neoliberais vigentes
na atualidade.
No município de Embu
das Artes (Grande
São Paulo), cuja
administração é
exercida há três
mandatos
consecutivos pelo
Partido dos
Trabalhadores - PT,
inúmeras
experiências
participativas vêm
sendo executadas.
Como o Orçamento
Participativo,
revisão
participativa do
Plano Diretor
Municipal, Conselho
Gestor da Área de
Proteção Ambiental
Embu-Verde e
Conselho Municipal
do Meio de Embu –
COMAM, entre tantas
outras.
O município também
possui um ativismo
ambiental histórico,
onde uma das
primeiras ONGs
ambientalistas
brasileiras iniciou
suas atividades, em
1971. Atualmente
vários embates e
confrontos têm
ocorrido, sendo que
a revisão do Plano
Diretor encontra-se
suspensa pela
Justiça, por
exemplo.
O que aqui se propõe
é analisar se as
instâncias
participativas,
formalmente
estabelecidas/existentes,
possibilitam, de
fato, a igualdade de
condições entre os
diferentes
participantes? Estes
são agentes ou
sujeitos?
Como tem ocorrido,
na prática, a
consolidação dos
canais e dos
mecanismos
participativos
instituídos pelos
instrumentos legais?
A legislação em
vigor, que habilita
a participação
ampla, realmente
legitima a
vontade/soberania
popular e a
autonomia/empoderamento
dos cidadãos nas
decisões políticas?
Portanto, um relato
de democracia urbana
fundamentada no
envolvimento direto
das pessoas na
política, mais
especificamente na
política ambiental,
é o que se propõe o
trabalho.
- ANTONINI, Luciana

Graduada e licenciada em Ciências Sociais (PUC - SP/RJ), e graduada e MSc em Geografia (USP). Com especialização em Meio Ambiente e metodologias participativas. Atuação em descentralização de políticas públicas, capacitação de getores governamentais e movimentos sociais.
PAP0805 - As portas travessas da inclusão na cidadania pós-nacional- [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
O conhecimento é cada vez mais uma porta de entrada politicamente legitimada para aqueles que entrem na categoria de imigrantes altamente qualificados. Em particular o conhecimento científico e tecnológico permite um acesso mais rápido e simples, quer à residência legal, quer a diversos direitos de cidadania no contexto das sociedades de acolhimento. Isso mesmo se pode ver através da análise às políticas de imigração em vigor, e aos regimes especiais que elas consagram nesta matéria.
De facto, se por um lado os estados liberais têm vindo a desenvolver políticas migratórias cada vez mais restritivas (Tushner, 1995), por outro, têm-se igualmente esmerado na criação de regimes que visam facilitar e promover a entrada e a residência legal de profissionais altamente qualificados, numa clara tentativa de retirar o máximo de dividendos da batalha instalada pela conquista do capital humano mais apto e competitivo. O paradoxo liberal (Hollifield, 1995), segundo o qual os estados que sustentam as suas economias e os seus discursos políticos no princípio da liberdade de circulação, estão igualmente envolvidos na operacionalização de políticas de imigração cada vez mais selectivas e restritivas – é na verdade um paradoxo tripartido ao qual se adiciona o compromisso paralelo dos estados com a criação de políticas imigratórias especiais para atrair a imigração altamente qualificada. Posto isto, levanta-se a questão de saber se o conhecimento enquanto ‘novo’ critério de admissão à legalidade está ou não a subverter as qualidades democráticas do paradigma pós-nacional de cidadania.
- ESTRADA CARVALHAIS, Isabel
PAP0078 - As principais tipologias de explorações agrícolas na União Europeia
Este trabalho tem como principal objectivo
caracterizar e segmentar as explorações
agrícolas dos vinte e sete Estados Membros que
compõem actualmente a União Europeia (UE). Para
esse efeito, com base numa amostra das
explorações da Rede de Informação e
Contabilidades Agrícolas das explorações da UE
foi possível mediante técnicas de análise de
cluster de casos e de cluster de explorações,
segmentar as explorações. Os resultados
evidenciam a existência de quatro grupos de
explorações na UE que se distinguem entre si
pelas suas características estruturais,
nomeadamente, pela sua SAU, pelo output total,
pela percentagem de trabalho contratado e mão-
de-obra total; ii) pelas suas características
financeiras, i.e., pelo seu activo total e pelo
cash-flow das empresas da UE; e iii) pela sua
orientação produtiva e importância dos
subsídios nas explorações. Estes resultados
sugerem assim a definição de uma Política
Agrícola Comum diferenciada e adaptada aos
quatro clusters de países existentes. Sugere-
se ainda o desenvolvimento de tipologias de
explorações na UE com uma base de dados mais
robusta envolvendo as diferentes regiões da UE
que compõem os diferentes países de forma a
serem obtidas tipologias de explorações de
diferentes regiões europeias.
- SANTOS, Maria José Palma Lampreia dos

- SANTOS, Carlos Machado dos
Maria José Palma Lampreia dos Santos
Prof. Auxiliar Faculdade de Economia e Gestão
Universidade Lusófona do Porto
Doutora em Economia
Investigadora do CEPESE
Áreas de Investigação: Economia Agrícola: Eficiência, Políticas Agrícolas
PAP1046 - As redes sociais na mobilização política dos cidadãos
Na campanha eleitoral para as presidenciais portuguesas de 2011, todos os seis candidatos (Cavaco Silva, Manuel Alegre, Fernando Nobre, Francisco Lopes, Defensor Moura e José Manuel Coelho) aderiram à internet e à utilização das redes sociais para fazer campanha política. A internet foi assumida como plataforma necessária na divulgação das suas estratégias políticas, na mobilização, angariação e envolvimento cívico dos cidadãos online.
A palavra-chave deste novo fenómeno é interactividade. Face à proliferação de plataformas digitais, os actores políticos vêm na rede, um instrumento a explorar, dado que algumas franjas do eleitorado se revêem mais nos novos media que nos tradicionais.
A internet no campo político, está a tornar-se uma ferramenta que promove o debate, a participação política e a cidadania (novos instrumentos no afirmar da democracia participativa) ao modificar tendencialmente a natureza e as formas da comunicação política das sociedades democráticas, e têm vindo a ter um forte impacto no interior das comunidades, e parecem influenciar o comportamento dos indivíduos.
Os actores políticos ao perceberam esta influência, encaram este novo cenário mediático; por um lado, como uma ameaça, por outro, um desafio. A massificação dá assim lugar à individualização, explicada através de diferentes perspectivas (kerckhove, 1995; Dyson, 1998). O conjunto de novas Tecnologias da Comunicação (NTC), interactivas personalizadas, poderá estar a pôr em causa o próprio processo de legitimação política, em que o modelo de democracia representativa poderá vir dar lugar a um modelo mais individualizado, a que se chama de democracia directa.
Abrem-se assim, novos canais para a comunicação directa entre políticos e cidadãos, colocando em curso uma mudança de paradigma assente num modelo político mais de carácter individualizado e personalizado, que a internet permite.
Assim, propomo-nos apresentar a forma como os candidatos às eleições presidenciais de 2011, utilizaram as redes sociais para interagir com os cidadãos; por outro, a forma como os cidadãos fizeram uso deste novo meio de comunicação no contexto da campanha. Pretende-se no final, analisar comportamentos e o modo como a internet tem vindo a alterar a forma como nos relacionamos com a classe política e as instituições políticas nesta sociedade cada vez mais marcada pelo espaço público digital.
- LOBO, Mafalda

Mafalda Lobo é licenciada em Comunicação Social e mestre em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). Colabora, desde 2007 como investigadora do Centro de Administração e Políticas Públicas do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (CAPP-ISCSP), e no Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ) da Universidade Nova de Lisboa (FCSH). Neste momento, está em processo de doutoramento no ISCSP, na área dos novos media e comunicação política.
PAP0591 - As relações de trabalho na rede fast food
A pesquisa pretende captar no curso dessas transformações que ocorrem na modernidade de trabalho no seu correspondente individual, a relação da subjetividade, ou seja, os dilemas do prazer e do sofrimento de olhos e braços acostumados a servir dentro de um sistema em que se observa a manutenção de uma reprodução social; analisando as relações de trabalho na rede fast-food brasileira em curso nessa fase de desenvolvimento do capitalismo e de que forma afeta a vida dos trabalhadores de um restaurante fast-food em Manaus.
PAP0800 - As relações entre a UE e os países na sua vizinhança: implicações para a identidade da União - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
Esta contribuição pretende analisar os desafios para a União Europeia que resultam das suas relações com países como a Rússia, Ucrânia e a Bielorrússia. Ao longo do desenvolvimento do projecto Europeu, os países-terceiros desempenharam um papel tão importante como os próprios Estados-Membros, especialmente no que diz respeito à evolução da ‘actorness’ da UE enquanto actor internacional. Hoje, a União representa um projecto político cuja característica principal em termos da ação externa é o ‘magnetismo’, i.e. atracão sentida pelos países-vizinhos. Esta característica serve como base para uma política externa particular, que tem como base a projeção da ordem existente ‘dentro’ da União Europeia para os países ‘fora’ . Utilizando a política externa da União Europeia como ponto de partida, esta contribuição analisa as relações entre três países a Leste da UE e o bloco, focando-se no ‘método do alargamento’, nos seus limites e nas implicações para a identidade da UE.
- VIEIRA, Alena Vysotskaya
PAP1111 - As relações intergeracionais na perspetiva das pessoas mais velhas: dados preliminares do Projeto Lis: velho rio con’vida
O Projeto Lis: Velho Rio Con’Vida, desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Leiria e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, ao abrigo do Programa Entre Gerações, procura colocar jovens, crianças e idosos em interação, resgatando os valores patrimoniais mais significativos sobre a relação da comunidade com o Rio Lis. Ao estimular o contacto entre gerações, pretende-se promover o reconhecimento do valor de cada uma e a aceitação das respetivas mais-valias sociais; valorizar os saberes e as capacidades de cada geração; promover a coesão social em torno de temáticas altamente significativas para o futuro da sociedade; contribuir para a criação de condições que permitam a intervenção intergeracional na defesa ativa das causas ambientais, em geral, e as associadas ao rio Lis e suas margens, em particular.
Para além da componente interventiva do projeto, que pressupõem a partilha de opiniões, ideias e saberes em ambientes informais (tertúlias, visitas de campo, caminhadas, convívios), desenvolve-se uma componente investigativa, que tem como objetivos: preservar as memórias e o património cultural através dos testemunhos dos idosos; identificar e caracterizar as atividades que as pessoas mais velhas desenvolveram em torno do rio e das suas margens; perceber de que modo as pessoas mais velhas podem transmitir os seus saberes sobre o rio às gerações mais jovens; compreender o papel que os mais velhos consideram ter junto dos mais jovens na transmissão do património cultural e social.
A pesquisa desenvolve-se tendo por base uma metodologia qualitativa, de carater etnográfico, através da realização de entrevistas semi-diretivas, a pessoas idosas que residam nas localidades situadas nas margens do rio, selecionadas com a colaboração de parceiros do projeto (escolas, juntas de freguesia).
As conclusões preliminares apontam para a centralidade dos netos (crianças) no domínio das relações intergeracionais que as pessoas entrevistadas mantêm. Com os netos ou através deles, em atividades realizadas na escola, partilham informações sobre o rio e as suas vivências em torno do mesmo. Constata-se, ainda, uma perceção essencialmente positiva sobre as interações que estabelecem com as relações mais jovens e a valorização das aprendizagens mútuas.
- PIMENTEL, Luísa

- OLIVEIRA, Mário
- VARREGOSO, Isabel
- VIEIRA, Judite
Luísa Pimentel, licenciada em Serviço Social, mestre e doutora em Sociologia, na especialidade de Sociologia da Família e da Vida Quotidiana. É professora na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, onde, para além da leccionação de diversas unidades curriculares nas licenciaturas em Serviço Social e Educação Social, bem como no mestrado em Intervenção para um Envelhecimento Ativo, é membro do Conselho Técnico-Científico e da Comissão Científica do Curso de Serviço Social. É coordenadora do Programa IPL60+ (programa de formação sénior em contexto intergeracional). É investigadora do CIES-ISCTE. Participa no Grupo de Trabalho sobre o Envelhecimento Activo, coordenado pela EAPN. É membro do Conselho Consultivo do Observatório da Cidadania e Intervenção Social da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Dedica-se à investigação e à divulgação de conhecimento nos domínios da Velhice e do Envelhecimento, dos Cuidados Familiares às Pessoas Idosas e das Relações Intergeracionais.
PAP1457 - As representações do trabalho do homem e da mulher nos bancos e a reprodução das desigualdades de gênero
Esta pesquisa pretende analisar como a implementação do Programa Pró-equidade de Gênero influenciou as representações sociais de gênero num banco estatal em Aracaju/SE no período de 2005/2010. Essas representações contribuem para a reprodução e a legitimação das desigualdades entre homens e mulheres no trabalho, que vão além das diferenças salariais, persistem no acesso, na remuneração, na ascensão e na permanência no emprego, mesmo diante da progressiva elevação da qualificação e da participação das mulheres no trabalho assalariado. O Programa Pró-equidade de Gênero é uma espécie de política pública que visa contribuir no enfrentamento das práticas de subordinação e reprodução das desigualdades de gênero no mundo do trabalho através do desenvolvimento de concepções e procedimentos na gestão de pessoas e na cultura organizacional para alcançar a equidade. Serão estudados os processos de assimilação e difusão do programa na cultura organizacional e na gestão de pessoas para assimilar as estratégias da organização na implementação, além de compreender os desvios e as adaptações às particularidades da organização, a multiplicidade de relações construídas para transmitir aos trabalhadores novas concepções para o enfrentamento das discriminações de gênero no trabalho. Especificamente, será pesquisado: como os atores sociais que fazem parte da comissão de implementação local do programa compreendem a política pública, como no cotidiano das relações no trabalho o programa é executado e assume os diversos significados presentes nos discursos dos atores sociais localizados em diferentes patamares hierárquicos. A opção pelo banco estatal para análise empírica deve-se, sobretudo, ao propósito de reforçar os estudos no setor de serviços, particularmente, o bancário, caracterizado por relações de trabalho inscritas nas últimas décadas num contexto marcado pelo uso automação/informatização, pelo ingresso maciço de mulheres e pela reestruturação produtiva. Nesse sentido, esta pesquisa se insere num conjunto de contribuições empíricas orientadas pela perspectiva da análise das relações de gênero no trabalho, de tal forma que as principais categorias analíticas são gênero, trabalho e divisão sexual do trabalho. O estudo indica que está havendo um aumento na quantidade de mulheres nos cargos de nível hierárquico superior. Embora o número de mulheres decresça à medida que o poder do cargo aumenta, observa-se que de 2008 para 2009 a quantidade de mulheres no banco aumentou apenas 4%, entretanto, nas chefias de unidade e nas chefias estratégicas avançou 14% e 11% respectivamente.
- MONTEIRO, Keila Sousa dos Santos
PAP0266 - As representações sociais acerca do trabalho da polícia: o caso do BOPE no YouTube.
O objetivo da investigação é analisar as representações sociais acerca do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro, veiculadas na página de compartilhamento de vídeos mais visitada atualmente: o YouTube.
O BOPE, como o seu nome declara, é uma polícia especial para lidar com situações de maior risco e necessidade de uso da força. O Batalhão ficou conhecido no Brasil e no mundo em 2007, devido à chegada aos cinemas da ficção baseada nas atividades desses policiais, intitulada “Tropa de Elite”. Hoje há inúmeros vídeos postados e verdadeiros fóruns de discussão na área de comentários do YouTube a respeito da atuação do BOPE.
Através da análise do conteúdo destes vídeos e comentários, objetiva-se apreender as representações sociais dos internautas presentes no YouTube a respeito da atividade do batalhão. A partir da literatura a respeito das instituições policiais e a permeabilidade dessas organizações às representações sociais acerca de como, sobre quem e com que intensidade a força deve ser utilizada, bem como a centralidade da mídia e em especial das novas mídias em nossas sociedades como formadoras de opinião, é pretendido responder à questão: quais as representações sociais veiculadas no espaço do YouTube (incluindo vídeos, descrições de vídeos e comentários) a respeito da atuação do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro)?
O espaço virtual vem se consolidando como uma nova e forte forma de espaço público onde percepções, posicionamentos, reflexões e mesmo organizações são constituídas. A mídia institucional deixa de ser a única fonte de informação em grande escala e o cidadão surge como produtor de notícia que pode ter proporções até mais abrangentes no âmbito da internet do que no espaço da mídia institucionalizada.
Para os objetivos desse trabalho, discutir as representações sociais veiculadas e compartilhadas neste espaço virtual a respeito da atuação da polícia, em especial do BOPE, é fundamental para a compreensão de um dos elementos que influenciam na legitimação ou questionamento da utilização da força de maneira abusiva pelas instituições policiais em detrimento da garantia dos direitos individuais. Além disso, perceber as representações sociais a respeito do trabalho do BOPE passa por apreender o que os internautas percebem como legítimo, ainda que seja tipificado como ilegal ou vice-versa. Como o trabalho da polícia se trata de um trabalho muito contingente, os limites entre legitimidade e legalidade se confundem.
Tendo em vista que um dos pilares da sessão temática “direito, crime e dependências” passa pelo tema das percepções sociais acerca do direito e da justiça, a presente investigação é considerada pertinente, uma vez que as representações sociais acerca do que é justo na atividade ostensiva policial abarca um dos inúmeros palcos onde o direito é exercido, para além dos tribunais.
- SILVA, Jacqueline Carvalho da
PAP1013 - As representações sociais dos alunos de nível médio e técnico em relação à educação profissional e a inserção no mundo do trabalho
Essa pesquisa propõe uma análise das representações sociais dos alunos dos cursos técnicos subseqüentes do campus Restinga e alunos do nível médio das escolas públicas da Restinga em relação à educação profissional e suas perspectivas de vida e trabalho. A educação profissional assumiu, nos últimos anos, um lugar de destaque na educação brasileira. A função dos Institutos Federais é promover educação científica, tecnológica e humanística de qualidade, comprometida com as transformações sociais, políticas, culturais e ambientais, e que entendam a sua atuação no mundo do trabalho em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Estamos investigando o quanto a proposta pedagógica dos cursos técnicos subseqüentes se aproximam de uma percepção de educação profissional enquanto possibilidade de inserção no mundo do trabalho e, conseqüentemente, de transformação social. Usamos os referenciais da psicologia social. A perspectiva metodológica adotada é a Pesquisa Participante. Os sujeitos da pesquisa são os alunos matriculados nos cursos técnicos subseqüentes do Campus Restinga, bem como os alunos dos cursos de nível médio das escolas públicas da Restinga. Como resultados esperados, a partir do viés da Pesquisa Participante, pretende-se conhecer as representações sociais dos alunos em relação à educação profissional enquanto promotora de transformação social. A pesquisa encontra-se em fase da análise de dados.
De acordo com a proposta pedagógica dos cursos técnicos do Campus Restinga, a atual conjuntura mundial, marcada pelos efeitos da globalização, pelo avanço da ciência e da tecnologia e pelo processo de modernização e reestruturação produtiva traz novos debates sobre o papel da educação no desenvolvimento humano. Das discussões em torno do tema, surge o consenso de que há necessidade de estabelecer uma adequação mais harmoniosa entre as exigências qualitativas dos setores produtivos e da sociedade em geral e os resultados da ação educativa desenvolvida nas instituições de ensino.
Diante desse contexto pedagógico, entendemos que o projeto de pesquisa "As representações sociais dos alunos de nível médio e técnico em relação à educação profissional e a inserção no mundo do trabalho" permitirá a compreensão das representações sociais que os alunos dos cursos técnicos do Campus Restinga, bem como alunos do ensino médio das escolas públicas do bairro Restinga, têm em relação à contribuição da formação técnica para a melhoria de vida, para a cidadania e para a viabilidade de empregabilidade no mundo do trabalho.
Conhecer as representações sociais desses alunos em relação aos cursos é de fundamental importância para que possamos perceber o quanto estamos viabilizando, na prática, a proposta pedagógica dos cursos.
PAP0242 - As trocas culturais entre intelectuais luso-brasileiros durante o movimento de Restauração Católica (1910 – 1937)
As primeiras décadas do século XX em Portugal e no Brasil foram marcadas por debates políticos, econômicos, culturais e religiosos que envolveram os vários setores da sociedade. Nesse momento, os intelectuais conservadores e religiosos apresentaram grande importância para a formação dos discursos que defendiam a ordem e a moral religiosa, baseados em propostas da Igreja Católica. Entre as temáticas que se destacaram estava o Movimento de Restauração Católica, que defendia a retomada do poder político, social e a politização do clero nos países que passavam por processos de laicização. Projeto liderado pela Sé Romana, as discussões sobre a recatolização no país ibérico teve início após a Proclamação da República, em 05 de outubro de 1910, que foi seguida pela lei de separação entre o Estado e a Igreja. Como resposta aos movimentos laicos, os bispos portugueses publicaram a Pastoral Collectiva do Episcopado Português ao Clero e fieis de Portugal, em 24 de dezembro do mesmo ano. O documento destacou a importância das relações do político com o religioso, apresentando as contribuições da Igreja Católica para o crescimento social do país, defendendo assim, a sacralização da política em Portugal. Com o anticlericalismo, a perseguição religiosa e o confisco dos bens da Igreja pelo governo republicano, líderes católicos portugueses observaram no Brasil um modelo de convivência pacífica entre o poder político e o poder religioso em uma república laica. É a partir desse contexto histórico e social que analisaremos as trocas culturais entre intelectuais lusitanos e brasileiros para a formação dos discursos de recatolização, entre os anos de 1910 e 1937. Para isso, serão analisados periódicos editados nos dois países, como as revistas Brasil-Portugal, Fronteiras, Brotéria, Mundo Português e Atlântida, observando as propostas dos homens das letras, os debates entre as organizações políticas de massa, como o Movimento Integralista Lusitano e a Ação Integralista Brasileira, a migração de membros de ordens religiosas portuguesas para o Brasil e as semelhanças e especificidade das ações que contribuíram para o projeto de retomada da participação política do clero.
- MOURA, Carlos André Silva de
PAP0261 - Aspectos éticos em torno da questão do risco
Quais são as implicações éticas do actual modelo de gestão das sociedades em torno do controle dos riscos? O risco é o cálculo sobre a possibilidade de um facto desagradável ou perigo acontecer no futuro. A partir desse cálculo, determinam-se acções que devem ser implementadas no presente, de modo a evitar que o facto desagradável ou perigo se torne real. A capacidade de gestão do risco é, em grande parte, atribuída à sua comunicabilidade: supõe-se que os riscos, ao serem comunicados e tornarem-se conhecidos, viabilizam o envolvimento dos indivíduos nos processos de auto-gestão. Na saúde, por exemplo, a auto-gestão constitui-se essencialmente através de práticas individuais de cuidados que visam a prevenção, com o risco sendo uma consequência das escolhas pessoais de estilo de vida. Logo, as autoridades em saúde estabelecem discursos, políticas e acções sanitárias exortando as pessoas a avaliarem o próprio risco de adoecerem e, em consequência, a mudarem seus comportamentos. A partir dessa dinâmica, a saúde pública, centrando-se na “promoção da saúde”, passa a destacar acções preventivas de auto-cuidado em detrimento de intervenções médicas. Na hierarquia das acções de promoção da saúde, a responsabilidade está no topo das prioridades e, pelos custos que comportam, os serviços de cuidado à saúde devem supostamente constituir o fim da linha. Os processos que tornaram possível o estabelecimento desta actual lógica de gestão/auto-gestão são complexos: não foram inventados pelos recentes regimes políticos e nem têm uma única origem ou causa. Contudo, a ideia de um cidadão activo, autónomo e responsável tornou-se uma espécie de a priori ético, no sentido de um dever-ser fundamental e indispensável ao funcionamento das actuais gestões de governo. Na medida em que esta noção de cidadão passa a ser um pressuposto para um conjunto de acções e regras para a vida nas sociedades contemporâneas, algumas das questões éticas mais veementes que podem surgir no âmbito da actual gestão do risco relacionam-se com os princípios autonomia, responsabilidade e justiça. Assim, esta proposta comunicação visa discutir a problemática do risco associando a sua definição e consequências às questões éticas subjacentes.
- CARVALHO, Monica

Investigadora do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa (Porto)
Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade federal do Rio de Janeiro
Interesses de investigação: Comunicação da ciência; comunicação da saúde; risco; ciência e público
PAP0008 - Assaltos “nas áreas” como quebra de Etiqueta do Crime
A inquietação em investigar o bairro Pirambu,
localizado na cidade de Fortaleza, capital do
Ceará, Brasil iniciou-se pelo fato de tentar
compreender por que os assaltantes estavam
fazendo este tipo de prática já que um
assaltante de um determinado bairro geralmente
não assalta no bairro, ou seja, na "sua área",
mas sim em outras localidades fora do seu
bairro. Nesse sentido, este trabalho pretende
analisar e compreender as práticas de assaltos
"nas áreas" dos bairros dando ênfase ao bairro
Pirambu. Nesse intuito, apresento considerações
referentes ao desenvolvimento de minha pesquisa
sobre como se processa as relações de vítima e
assaltante "das áreas" em contexto moral e
simbólico. Como metodologia usou-se uma
contextualização do espaço policial entendido
como Delegacia do 7º Distrito Policial fazendo
uma referência descritiva de como tive acesso
aos dados estatísticos, entrevistas formais e
informais e de pesquisas documentais e
eletrônicas. As relações de vítima, assaltante e
área foram reveladas em um contexto moral e
simbólico, que por meio de uma observação
participante, no qual pude perceber e
interpretar as ações de vítima e assaltante no
mesmo bairro onde residem. Em minha pesquisa
inicial constatou-se que há índices de assalto
nas áreas no bairro Pirambu, não somente pelo
fato do uso de dados estatísticos, apesar de ter
sido uma ferramenta importante para
investigação, mas também pelas narrativas dos
próprios moradores que residem no bairro Pirambu
e que afirmaram que há práticas de assaltos "nas
áreas".
- SANTOS, Daniele Fernandes dos

Graduanda no curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Participa do grupo de pesquisa do CNPq Poder, Violência e Cidadania e atualmente é bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Estudos da Violência (LEV). Desenvolve linha de pesquisa relacionada às práticas de assaltos.
PAP0123 - Assessing MPs’ and Voters’ Perceptions on Ideological Positions. The Portuguese Case
If it is true that political parties’ performance is many times determined by perceptions on the position of their supporters; it is also true that perceptions on parties and political leaders’ positions also define frequently citizens’ political preferences and behavior. These are by themselves strong enough arguments to make political perceptions an utmost important topic to be studied. Moreover, political representation’s authors have been attributing growing importance to the role of citizens in the political decision process (see e.g. Norris, 1999) and, therefore, the accomplishment of political leadership becomes more and more connected to voters’ thoughts and interests. As a consequence, correctly perceiving the attitudes, beliefs or preferences of their supporters can be determinant of a successful political leadership. In this sense, MPs’ perception accuracy of their electorates’ stances is strategically important.
This paper addresses to the political perception topic, seeking to better understand Portuguese MPs’ and electorates’ perceptions (and its accuracy) concerning, respectively, voters’ and parties’ left-right positioning. It has two main goals: the first reports to the descriptive analysis of both MPs and voters left-right positions, MPs’ perceptions of voters’ positions, and voters’ perceptions of parties’ positions. The second goal aims to explore the reasons underlying the levels of MPs’ and voters’ perception accuracy. The study is focused on the Portuguese case, although considering its contextualization in Europe whenever data is available. Findings reveal that Portugal does not appear to be a divergent case in the general European pattern: assimilation and contrast effects can be found to interfere in MPs’ and voters’ perceptions; and MPs’ attitude-dissonant perception along with voters’ political information (and ideological and party identification) were found to be the most important variables in explaining perceptions’ accuracy.
- BELCHIOR, Ana Maria

- Ana Maria Belchior, professora auxiliar no Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas do ISCTE-IUL, e investigadora sénior no CIES-IUL.
- Doutoramento em Ciência Política;
- Interesses de investigação: representação política, democracia, atitudes e comportamentos políticos, opinião pública, metodologias de investigação em Ciências Sociais.
PAP0995 - Assimetrias de género no poder político local
A questão das desigualdades de género no mercado de trabalho tem sido sobejamente estudada o que não lhe retira, contudo, centralidade nas análises sobre as desigualdades nas sociedades actuais. E quando se fala sobre a escassa representação de mulheres em cargos de liderança política também está também a falar-se de um problema da limitação dos direitos de participação política, que, por sua vez, é um reflexo da qualidade da democracia.
Embora muito tenha sido feito em Portugal nas últimas três décadas e meia, ainda há um longo caminho a percorrer em direcção a uma verdadeira igualdade de oportunidades no que respeita ao acesso ao mercado de trabalho, incluindo as posições de topo das hierarquias.
A arena política, por ser um círculo altamente masculinizadas e com uma exposição pública potencialmente elevada, representa um observatório particularmente interessante para o estudo de assimetrias de género. A juntar-se às dificuldades de acesso inerentes a este campo específico, há que acrescentar os factores de discriminação que são comuns à maioria das áreas do mercado de trabalho, e que dizem respeito à disparidade salarial e problemas com a conciliação da vida profissional, privada e familiar, entre outros.
O objectivo deste trabalho é analisar os dados das eleições locais, correspondendo a parte de uma investigação com um âmbito um pouco mais alargado que está em curso. Nesta análise pretende-se observar a tendência da participação das mulheres neste campo particular da vida política, entre 1976 e 2009. Mais, a avaliação de tais tendências será particularmente útil na tentativa de compreender o impacto da aplicação da lei da paridade, aprovada em Portugal em 2006.
- DIAS, Ana Lúcia Teixeira

Ana LúciaTeixeiraDias
Doutorandaem Sociologia e Mestre emProspecção e Análise de Dados;Investigadora do ObservatórioNacional de Violência e Género e do CESNOVA (FCSH-UNL), onde temdesenvolvidoprojectos de investigaçãonasáreasdosestudos de género.
PAP0520 - Associação Qualificar Para Incluir: um laboratório de experimentação social no combate à pobreza
A ciência fornece conhecimentos relevantes para perceber porque é que a pobreza acontece, assim como acerca dos seus efeitos na vida psicológica e social dos indivíduos. Apesar destes conhecimentos, as políticas e as medidas postas em prática são inoperantes do ponto de vista da superação da pobreza; confinam-se à contenção das manifestações mais agudas do fenómeno e carecem de eficácia a respeito da sua erradicação.
Numa perspectiva de investigação-acção, pretende-se testar os seguintes dispositivos de acção assentes em hipóteses operacionais cientificamente sustentadas:
1. Motivar o retorno dos adultos à formação profissional qualificante facultando-lhes o conhecimento das tendências que estruturam o mercado de trabalho.
2. Superar a desafeição dos adultos pela escola através da estruturação de uma rede de instituições educativas implicadas na criação de programas de formação que se demarquem dos funcionamentos burocráticos do ensino e criem condições de efectiva aprendizagem, descoberta de capacidades e de desenvolvimento intelectual.
3. Promover o processo de construção interna dos indivíduos, proporcionando um dispositivo de reflexão colectiva acerca das causas objectivas e subjectivas da pobreza e na ruptura com as representações que atribuem o fenómeno à falta de dotes individuais.
4. Criar empresas sociais para rentabilizar a formação profissional dos adultos e promover a autonomia económica.
5. Envolver os agentes educativos na experimentação de práticas pedagógicas pensadas para superar a desafeição pela escola e pela aprendizagem das crianças e jovens das famílias socialmente excluídas.
6. Implementar um programa de formação de pais para promover a sua adesão a práticas educativas compatíveis com as exigências da escolarização e da adaptação à sociedade em que vivemos.
7. Enriquecer o capital social e o capital cultural de jovens e adultos fechados em subculturas específicas.
8. Induzir a mudança de atitudes a partir da promoção de entrevistas, reuniões familiares e dinâmicas de grupo para enriquecer as cognições envolvidas nos factos da vida quotidiana com significado para a inserção social.
9. Ampliar os recursos e as oportunidades dos mais vulneráveis a partir de um processo de influência do funcionamento das instituições assente na apresentação de relatórios/diagnósticos que suscitem a superação do tratamento casuístico e atomizado dos problemas.
- MONTENEGRO, Elsa
- QUEIROZ, Maria Cidália
PAP1491 - Assédio Moral no ensino superior
Despite no general agreement exists regarding a definition of Workplace Bullying (WB), power has been identified as a core element of the construct since the beginning of research in this field (Einarsen, 1996; Leymann, 1996; Salin, 2003). Brodsky (1976), a pioneer researcher, perceives bullies as manipulating their colleagues or staff in order to achieve power or privilege, pointing out that some positions of power include the remit to inflict actions on others which could be perceived as aggressive. As such, at the individual level, there are several instances where it might be individually “rational” to bully a colleague or a subordinate, due to internal competition, a politicized climate and performance related reward systems (Salin, 2003; Vartia, 1996). For instance, Salin (2003) found positive association between workplace bullying and perceptions of organizational politics. Also, Vartia (1996) found that at bullying workplaces the atmosphere was often experienced as strained and competitive, with everyone pursuing their own interests.
Gender is an issue thet has often been associated with power or the absence of it. Notwithstanding, the relationship between bullying and gender has received scarce attention of research till the moment. According to the IV European Survey Women are more subject to bullying and harassment (6%) than men (4%) and younger women are at greatest risk (8%of those under 30 years old).
The aim of this communicationis to explore the significance of gender in bullying
- VERDASCA, Ana
PAP1481 - Assédio Moral:panorama actual da investigação
A investigação realizada até à data sobre
assédio moral no local de trabalho tem-se
centrado em três níveis de análise: descrição
do fenómeno, identificação das causas e
consequências associadas à sua ocorrência e,
ainda, definição de medidas de intervenção
(Einarsen et al 2003; Hoel, Giga & Faragher,
2005; Haugue, Skogstad & Einarsen, 2006).
Actualmente, o assédio moral constitui uma área
prioritária de investigação, dado ter sido
incluído na Agenda Social Europeia como uma
prioridade fundamental dos Estados-Membros
(cfr. Resolução do Parlamento Europeu
nº2339/2001). Adicionalmente, foi identificado
pelo Observatório Europeu de Riscos (ERO) como
um novo risco emergente relacionado com a saúde
e segurança no trabalho (Brun & Milczarek,
2007).
O assédio moral no local de trabalho consiste
em comportamentos negativos, hostis e
agressivos de carácter persistente e duradouro
no tempo, incluindo assediar, humilhar, ofender
ou excluir socialmente um ou mais indivíduos,
afectando negativamente o seu desempenho
profissional e/ou criando um ambiente de
trabalho hostil (Leymann, 1996; Einarsen, 2000;
Hoel, Zapf & Cooper, 2002; Notelaers, Einarsen,
De Witte & Vermunt, 2006). No que se refere aos
aspectos metodológicos, os inquéritos por
questionário são o instrumento de pesquisa mais
utilizado, com especial destaque para o NAQ
(Negative Acts Questionnaire) (Einarsen, Raknes
& Matthiesen, 1994). Outros instrumentos sobre
este tema, são: o “Leymann Inventory
Psychological Terrorization” (LIPT; Leymann,
1990b) e o “Work Harassment Scale” (Bjorkqvist,
Osterman & Hjelt-Back, 1994). Os diversos
estudos realizados têm revelado uma extensa
variação nas taxas de incidência apuradas,
desde 2% - 5% nos países escandinavos (Einarsen
& Skogstad, 1996; Hog & Dofradottir, 2001) até
55% na Turquia (Bilgel, Aytac & Bayram, 2006).
Em Portugal, este fenómeno começou a despertar
interesse acrescido no contexto da reforma da
legislação laboral, sendo actualmente
contemplado no artigo 29º do Código do Trabalho
2009). Em termos de investigação, existem já
alguns elementos relativos a níveis de
incidência deste fenómeno. Assim, de acordo com
um estudo realizado por Cowie et al. (2000),
foi encontrado um nível de incidência de 33,5%,
numa amostra de 221 inquiridos de uma
organização internacional sediada em Portugal.
Por outro lado, Araújo, McIntyre & McIntyre
(2008) encontraram um nível de incidência de
7,8%, numa amostra de 787 trabalhadores
portugueses dos sectores dos serviços e da in
- VERDASCA, Ana
PAP1264 - Atracção da Classe Criativa e Recursos Primários no Turismo do Algarve
As ideias celebrizadas por Richard Florida mostram como o mundo contemporâneo é marcado pela ascensão da classe criativa. Esta classe apresenta-se como um elemento central na capacidade competitiva regional ao ser a fonte de novas ideias e inovações. São estes recursos humanos, com um nível elevado de competências criativas, que escolhem o lugar onde querem viver. Esta escolha depende de um conjunto de amenidades que os lugares oferecem ligados às oportunidades laborais, dinâmica social e interacção cultural.
A presente comunicação discute possibilidades da região do Algarve atrair e reter a classe criativa. Sabendo-se da importância do turismo nesta região e a necessidade de diversificação face ao produto “sol e praia” explora-se a interligação entre recursos turísticos primários, turismo criativo e classe criativa. Uma primeira componente empírica analisa a capacidade criativa do Algarve por comparação com as outras regiões portuguesas no seu comportamento nos três Ts: talento, tecnologia e tolerância. Este último T é o aspecto distintivo para o Algarve se afirmar em termos de criatividade no contexto português. Seguidamente, é efectuada uma identificação dos recursos turísticos primários por freguesia na região permitindo mapear, com recurso a técnicas estatísticas, áreas de potencial diversificação do produto. Os resultados da análise possibilitam identificar um conjunto relevante de indicações estratégicas sobre que produtos complementares estimular em cada freguesia e concelho e ainda um leque de reflexões para promover o desenvolvimento do Algarve com base em políticas de criatividade.
Palavras-Chave: Criatividade, Classe Criativa, Turismo Criativo, Recursos Turísticos.
- CRUZ, Ana Rita

Socióloga e PhDc na Universidade do Algarve (UAlg) e no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET-IUL, Ana Rita Cruz tem um mestrado em Gestão e Desenvolvimento de Destinos Turísticos da UAlg e é actualmente docente convidada da Faculdade de Economia da UAlg. Como investigadora colaborou em diversos estudos e projectos na área da sociologia, em várias entidades: “A Intervenção do FSE na Promoção da Inclusão Social de Grupos Desfavorecidos” do IESE e Quaternaire, “Avaliação de Impactos da Estratégia Regional para as Áreas de Baixa Densidade do Algarve” CET-ICSTE, “Social Quality and Changing Relationships Between Work, Care and Welfare in Europe” (WORKCARE), CIES-ISCTE, entre outros. Como gestora de projectos no CRIA, Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UAlg, a Ana Rita esteve envolvida em vários projectos de cooperação europeia no Programa Transnacional Espaço Atlântico, Programa MED, ENPI CBCMED, INTERREG IVC, INTERREG IVB SUDOE e 7º Programa Quadro.
Interesses de investigação:
Criatividade, Classe Criativa, Desenvolvimento Territorial, Redes.
Publicações Recentes:
Cruz, A. R. (2012) Tourism as a Magnet for Creativity: Insights for Creative Class Atraction in a Tourism-based Region, in Actas do 18º Congresso da ADPR, Faro, Junho de 2012, pp. 60-72.
Cruz, A. R. (2011) Políticas de Criatividade para o Desenvolvimento Regional: A Importância do Setor Cultural e Criativo em Portugal, in Chão Urbano Revista do Laboratório Redes Urbanas e Laboratório das Regiões Metropolitanas do IPPUR - Universidade Federal do Rio de Janeiro, N.º2, pp. 55-83.
Cooke, Phil; Ana Rita Cruz; Hugo Pinto; Julie Porter e Fangzhu Zhang (2011) Notes from the Iberian Algae Belt, Research Briefing, in European Planning Studies, Vol. 19, N.1, pp. 159-173.
Cruz, A. R. (2010) Turismo e Criatividade no Algarve: Uma Análise da Oferta Turística Regional como Elemento de Atracção da Classe Criativa, Dissertação de Mestrado em Gestão e desenvolvimento de Destinos Turísticos, Faro: Universidade do Algarve.
PAP0545 - Autenticidade e Identidade no Consumo de Produtos Portugueses: Análise Comparativa do Consumo de Frutas/Legumes e Calçado
O artigo trata das questões de autenticidade e identidade no consumo de produtos portugueses. Nele se procura perceber se, apesar da pressão para o consumo do que é globalizado, as questões relativas à expressão valorativa dos produtos têm ou não influência no consumo, pelo que foi formulada a seguinte pergunta de partida: de que modo se pode configurar a procura por autenticidade e identidade no consumo de produtos portugueses? Assim, analisam-se dois tipos de produtos, em contexto de produção portuguesa e produção estrangeira: produtos hortícolas e calçado. Utiliza-se uma análise intergeracional (comparando as faixas etárias dos 18 aos 24 anos com a dos 45 aos 60 anos), procurando averiguar eventuais diferenças entre o que é valorizado entre os mais jovens e os mais velhos. Para a recolha de dados, recorreu-se a inquéritos online e a entrevistas em profundidade. A amostra incluiu um total de 90 indivíduos de ambos os sexos, residentes no distrito de Lisboa. Os dados foram recolhidos entre 28 de Novembro de 2011 e 1 de Dezembro de 2011. Concluímos que a valorização da autenticidade e identidade varia consoante o tipo de produto. Nas frutas e legumes estes aspectos são mais valorizados pelas duas faixas etárias, do que no sector do calçado onde a autenticidade é mais valorizada do que a identidade.
Palavras-Chave: Autenticidade, Identidade, Estruturalismo, Pós-Modernismo, Globalização.
- PACHECO, André
- SANTOS, Mariana
- PRATES, Catarina
PAP0116 - Avaliação de competências de literacia mediática: O que medir, como medir e com que instrumentos?
A literacia mediática constitui um tema
emergente de investigação sociológica em
Portugal. O interesse por este domínio tem
crescido nos últimos anos mas a pesquisa
empírica é ainda manifestamente insuficiente.
A avaliação da literacia mediática dos
cidadãos tem assentado em referenciais teórico-
empíricos quantitativos-extensivos e tem
visado mais “práticas” do que “competências”.
A avaliação de competências de literacia
mediática está ainda, a nível internacional,
numa fase embrionária, exploratória.
Esta comunicação apresenta um instrumento
metodológico original de avaliação directa de
competências deste tipo: uma Prova de
Literacia Mediática (e o seu respectivo
framework). A operacionalização deste
instrumento de medida – concebido e aplicado
em “Literacia Mediática e Cidadania”, trabalho
de investigação actualmente em curso no âmbito
do Programa de Doutoramento em Sociologia do
ISCTE-IUL, com o apoio da FCT, que indaga
acerca da relação específica entre
competências de literacia mediática e práticas
de cidadania –, traduz um dilatado esforço
teórico reflexivo, um cruzamento de saberes
que invoca a tradição empírica dos grandes
estudos extensivos de literacia (como, por
exemplo, o ENL, o IALS, o ALL ou o PIAAC) e a
investigação mais ou menos recente no domínio
da literacia mediática, tanto na área
científica da Sociologia como na das Ciências
da Comunicação (Quin e McMahon, 1991, 1995;
Potter, 2001, 2004; Hobbs e Frost, 2003; Arke,
2005; Mihailidis, 2008; Arke e Primark, 2009).
Nesta comunicação revela-se o mapa conceptual
da prova de literacia mediática, as dimensões
e os domínios operacionais de processamento da
informação, e os critérios que sustentam a
medição de competências de literacia mediática.
- LOPES, Paula Cristina

Paula Cristina Lopes (n. 06.12.1967, Lisboa). Investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) do ISCTE-IUL. Bolseira de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (desde 2010). Professora de Jornalismo na Universidade Autónoma de Lisboa (desde 1996).
Licenciada e mestre em Ciências da Comunicação.
Interesses de investigação: Sociologia da Comunicação; Sociologia da Educação. Ciências da Comunicação.
PAP0312 - Azkenazi Jews in Lisbon: recongregation of a community
The askenazim are Jews from Eastern Europe. They arrived in Lisbon not without unexpected reversal of circumstances in their homelands and settled, almost one hundred years ago, with several difficulties and setbacks in the Portuguese society. Their rituals, their language, their traditions and their professions were fairly different from the ones found not only among the Portuguese population in general but also from the Sephardim Jews, already settled here. Despite the fact that there was a Jewish community (Kehila) in Lisbon, since late 17th century, these Jews have arranged to found their own place for worship and religious services and established themselves in a different part of the city that came to be coined as the “Jewish neighbourhood”. This new community has almost faltered or integrated, after WWII, until recently, when “other” Jews not belonging to the Jewish Community of Lisbon (CIL) wished to gather in an alternative synagogue in the same town. That makes the expression: where there are two Jews, there are three opinions, a true mote in Portuguese soil. So this paper intends to focus on the changes occurred among the community now called Kehila Beit Israel, a Conservative Jewish congregation that has revivified the old Ohel Yaacov Synagogue and intends to remain apart from the CIL in the years to come. The study relied on qualitative research methods, including participant observation and qualitative interviews to a sample selected through the snow-ball technique. The main conclusion of the research is that even in contexts were anti-semitism is not a strong threat to the survival of Jewish identity, as is the case studied Jews tend to develop their own strategies in order to achieve self determination and congregate according to their own specificities, namely, their national, social and religious backgrounds. Traditionally, ten emancipated men, that is, ten individuals who have gone through a Bar/Bat Mitzvah – the adulthood passage ritual, may lead a religious service and start a new community. Jewish identity is, thus continuously being constructed and reshaped according to social environment.
- PIGNATELLI, Marina

Marina Pignatelli is a PhD in Social Sciences, Cultural Anthropology, M.A. in Anthropological Sciences and Assistant Professor at the Social and Political Sciences Institute – Technical University of Lisbon. Having completed two post-graduations (Ethnology of Religions and Sephardic Studies), as well as several open courses in Religion and Conflict Resolution, she has been researching the Portuguese Jewish reality, since 1991, and more recently, developing studies also on intercultural andethnic conflicts.
PIGNATELLI, Marina
Doutora em Ciências Sociais, na especialidade de Antropologia Cultural
Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
mpignatelli@iscsp.utl.pt
PAP0903 - Ação Municipal em matéria de Educação: transferência de competências
Os municípios portugueses têm vindo a assumir competências no domínio da educação, a sua maioria impostas por lei, que assentam sobretudo no princípio de subsidiariedade. A primeira referência legislativa que explana as competências municipais em matéria de educação aparece na Lei 159/99 de 14 de setembro. No entanto, é previamente, no Decreto-Lei 100/84 de 29 de março, que aparece a educação como atribuição das autarquias locais, embora neste diploma não seja aclarado o seu âmbito de atuação. Posteriormente, o Decreto-Lei 144/2008 de 28 de julho vem alargar e especificar com maior pormenor as competências a transferir em matéria de educação para as autarquias locais. Esta transferência de competências vem acompanhada da respetiva contrapartida financeira por parte do Estado, mas que é considerada manifestamente insuficiente por uma parte dos responsáveis municipais neste domínio.
No âmbito do projeto de investigação denominado «Trabalhar em Rede na Educação: Discursos e estratégias do poder autárquico em torno do sucesso e abandono escolar», financiado pela FCT, foram entrevistados vereadores/as e técnicos/as responsáveis pela área educativa em vários municípios portugueses sobre o trabalho desenvolvido pelos respetivos municípios neste domínio. O projeto de investigação, de nível nacional, abrange 13 dos 18 distritos de Portugal Continental, e compreende três equipas de investigação, uma na Universidade do Porto, uma na Universidade de Lisboa e uma na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Apesar de existir ao momento uma recolha de dados ao nível nacional, esta comunicação centra-se nos dados recolhidos apenas pela equipa da Universidade do Porto. Neste sentido, serão consideradas as entrevistas realizadas em nove municípios do litoral e interior Norte e Centro do país, aos/às vereadores e aos técnicos/as com funções no âmbito educativo, no total de 17 entrevistas.
Os dados recolhidos têm vindo a mostrar que esta atuação dos municípios radica muito proximamente nas competências definidas na lei, embora nem todos tenham aceite assinar o protocolo de transferência de competências em matéria de educação.
O objetivo desta comunicação será, assim, articular as orientações legislativas com as práticas produzidas pelos municípios, e os discursos dos/as vereadores/as e técnicos/as entrevistados pela equipa do CIIE/FPCEUP no decurso do referido projeto de investigação.
- OLIVEIRA, Alexandra Alves

- SILVA, Marisa
- ARAÚJO, Helena C.

Alexandra Oliveira é professora da Universidade do Porto, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, onde exerce funções de docente e de investigadora na área da Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça. Os seus interesses relacionam-se com o género e a sexualidade; a norma, o desvio e a reação social, tendo vindo a dedicar as suas pesquisas ao trabalho sexual. Das suas publicações destaca o livro "Andar na vida: prostituição de rua e reacção social" (Almedina, 2011), uma adaptação da sua tese de doutoramento.
Helena Costa Araujo
hcgaraujo@mail.telepac.pt;
haraujo@fpce.up.pt
Professor of Sociology of Education
and Gender Studies
University of Porto/Faculty of Psychology and Education
and Director of the
Centre for Research in Education (CIIE)
tel. 351.22.6079700
fax. 351.22.6079725
http://www.fpce.up.pt/ciie/?q=researchers/helena-c-araújo
PAP0316 - B-boys em busca de reconhecimento. Afirmação identitária entre jovens dançarinos da Maré (Rio de Janeiro)
As várias vertentes que compõem o hip hop (rap, break dance, graffiti e Djing) são atualmente apropriadas por jovens de todo o mundo, resultado da internacionalização de múltiplos estilos culturais e modos de vida decorrente dos processos de globalização. Para grande parte dos adeptos, designadamente aqueles que pertencem às classes sociais mais baixas, essas práticas culturais não se resumem a um simples entretenimento, atuando também como um instrumento de afirmação, visibilidade e produção identitária. Esta perspectiva não é diferente entre os dançarinos de break dance da Maré – um bairro de dezasseis favelas do Rio de Janeiro –, que utilizam a subjetividade, imaginação e performance criadas em torno da dança para desafiar simbolicamente o seu lugar na desigual hierarquia social brasileira.
A Maré é um dos principais redutos da prática de break dance no Rio de Janeiro. Todas as semanas, cerca de trinta dançarinos, provenientes das diferentes favelas que compõem o bairro, juntavam-se num determinado local para ensaiar os difíceis movimentos que caracterizam esta dança. Para a maioria deles dançar break dance adquiria uma grande importância pois era uma forma de obter respeito e consideração, o que não pode ser compreendido sem conhecer a difícil realidade do bairro, agravada pela ação das várias quadrilhas do tráfico de drogas que disputam entre si o domínio do território. Os seus discursos realçavam a necessidade de ser um B-boy ou B-girl (dançarinos de break dance) não apenas quando dançavam, mas também no trabalho ou na escola. A “identidade B-boy” dialogava com outras esferas da vida social, promovendo alterações no modo como os dançarinos geriam o tempo, o espaço e o próprio corpo.
A pedagogia implícita na aprendizagem do break dance não se limitava a transformar os corpos dos dançarinos – para serem capazes de realizar movimentos que exigiam, simultaneamente, força, equilíbrio, elasticidade e destreza –, mas incutia também novas subjetividades e modos de vida. Eles faziam questão de reiterar a importância do conhecimento, o chamado 5º elemento do hip hop, gerador de um conjunto de normas e valores não só associados a uma ética na dança, mas também incentivadores das ideias de coesão e solidariedade entre os adeptos, de ser trabalhador e ter uma boa postura perante a família e os vizinhos. O projeto de serem reconhecidos como b-boys dentro e fora da sua área de residência é configurador de quem são e revela a vontade de participar nas disputas sobre o significado de ser pobre e morador de favela ou mesmo sobre a definição de dança contemporânea.
Mais do que um elemento diferenciador em relação a outras culturas juvenis presentes na Maré, a identidade B-boy era celebrada por eles como uma tentativa de contrariar a falta de esperança e o estatuto de subalternidade a que são relegados, constituindo-se num recurso para imaginar um lugar para si no Rio de Janeiro e no mundo.
- RAPOSO, Otávio

Otávio Raposo, 33 anos, é antropólogo. Licenciou-se em Sociologia na Universidade Nova de Lisboa e concluiu o Mestrado em Antropologia Urbana no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE/IUL) e na Universidade Rovira i Virgili (Tarragona, Espanha). Está a fazer o doutorado na mesma área pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e ISCTE/IUL, e é investigador do CIES, sendo bolseiro da FCT. Trabalhou em várias áreas de pesquisa relacionadas com as culturas urbanas, juventude, estilos de vida, segregação, etnicidade e antropologia visual, tendo escrito vários artigos sobre tais temáticas. Realizou o documentário Nu Bai. O rap negro de Lisboa, vencedor do VIMUS 2007 (Festival Internacional de Vídeo Musical), em Póvoa do Varzim, Portugal, na categoria melhor documentário.
PAP0111 - BRASIL: A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO.
Introdução: Ao participarem das atividades
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
a Docência (PIBID) realizada em uma escola da
rede pública estadual, em Uberaba, no Estado de
Minas Gerais, que atende cerca de 530 alunos,
os estudantes do curso de Licenciatura em
Ciências Sociais do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro – Campus Uberaba, identificaram um
desinteresse dos alunos do ensino médio da
escola-campo em relação à disciplina
‘Sociologia’.
Esse caso levou os licenciandos a se
interrogarem sobre quais seriam os motivos
desse desinteresse. Para auxiliá-los na busca
desse conhecimento, os estudantes da
instituição respaldaram-se no conhecimento
oferecido por Handfas e Teixeira, em seus
estudos sobre a resistência dos alunos à
disciplina ‘Sociologia’.
Justificativa:Considerando o papel da
sociologia na educação contemporânea que está
diretamente ligado à forma como a sociedade
constrói, a partir do pensamento crítico, a sua
percepção do mundo que a circunda,
selecionando, transmitindo, distribuindo e
avaliando os saberes, direcionados ao
desenvolvimento humano, libertando-o das
amarras estabelecidas pelo senso comum,
teologia e em alguns casos pela metafísica.
Metodologia: Foram aplicados questionários a
320 alunos do ensino médio. Para a tabulação
dos dados utilizou-se o software Statistical
Package for the Social Sciences. A análise foi
realizada sob uma perspectiva quantitativa e
qualitativa.
Discussão: Considerando a relevância dos
conhecimentos oportunizados pela Sociologia,
justifica-se a preocupação dos licenciandos em
diagnosticar os motivos do desinteresse dos
alunos do ensino médio pela temática.
Conclusão: De acordo com o quadro de análises
que orienta esse trabalho nota-se que além da
resistência natural à disciplina devido ao fato
de esta ser entendida pelos alunos como
“desnecessária” ao cotidiano dos mesmos, há
outros motivos pelos quais a disciplina vem
sofrendo um grande índice de rejeição. Dentre
os alunos que opinaram — cerca de 80% —
percebe-se que a maioria não entende o
verdadeiro significado do conteúdo enquanto
disciplina, vêem o estudo como algo
desnecessário, cansativo e repetitivo, sendo
assim, desestimulante.
Os motivos e as dificuldades causadoras do
desinteresse pela disciplina Sociologia foram:
o método de transmissão do conteúdo, materiais
didáticos deficitários e a falta de
conscientização sobre a importância dos temas
abordados.
É objeto maior desta pesquisa, construir
elementos a partir dos resultados dos estudos
voltados para realidades concretas, estudos
estes que contribuam de fato para que sejam
construídas práticas didáticas que tragam
contentamento aos alunos nas aulas de
sociologia e uma maior compreensão dos
conteúdos sociológicos abordados, formando um
pensamento crítico.
- BRANQUINHO, Patrícia de Oliveira
- FREITAS, Nathália dos Santos.
PAP1190 - Baldios no norte de Portugal: o papel da propriedade comunitária no desenvolvimento local
A gestão de bens comuns ou de recursos de uso comum tem constituído objecto de estudo por parte de vários investigadores sociais, tendo-se intensificado a sua discussão na actualidade, em virtude da atribuição, em 2009, do Prémio Nobel da Economia a Elinor Ostrom, economista que demonstrou como a propriedade comum pode ser gerida eficazmente por grupos de utilizadores.
Os baldios, sendo territórios comunitários têm, no norte de Portugal, uma longa história de usos colectivos tradicionais exercidos e controlados pelas comunidades locais. Todavia, as recentes alterações a estas formas de utilização e de controlo e as novas procuras são uma evidência, com consequências ao nível do controlo social da propriedade comunitária e da manutenção dos recursos. As novas procuras emergem motivadas pelos recursos destes territórios, pelo seu valor ambiental, paisagístico e cultural, implicando novas formas de gestão.
O acesso colectivo a recursos naturais tem levantado nas últimas décadas um conjunto de preocupações relacionadas com a degradação dos benefícios gerados por esses recursos ou até a sua destruição. A preservação dos recursos, em especial os comuns, é um dos grandes problemas colocado hoje à Humanidade, sendo necessário promover medidas tendentes à melhoria das condições de vida em sociedade e em compatibilidade com o meio ambiente. Recoloca-se, por esta via, o problema da capacidade da acção colectiva.
Importa extrair ensinamentos dos regimes de propriedade comum que tenham bons resultados, capazes de valorizar os recursos de forma sustentável, beneficiando o território, as comunidades locais e o ambiente.
- SIMÕES, Sara

- CRISTÓVÃO, Artur
Sara Simões, doutoranda do Instituto Superior de Agronomia, membro da
equipa do CETRAD, licenciada em Engenharia Agronómica, Mestre em
Economia Agrária e Sociologia Rural, cuja área de investigação se
situa nos temas relacionados com Sociedade, Território e Recursos,
particularmente, Desenvolvimento Rural, Economia dos Bens Comuns.
PAP0086 - Barragem de Girabolhos, expectativas dos habitantes da aldeia que lhe dà o nome
Em Portugal uma das matrizes associadas ao paradigma do desenvolvimento tem sido, entre outras, a daconstrução de grandes barragens. Desde os anos 40 do século passado, as políticas de ordenamento e ampliação da rede eléctrica, têm vindo a traduzir-se num exponencial investimento público na construção de grandes barragens.
A decisão da construção do aproveitamento hidroeléctrico de Girabolhos, integrado no Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico, pretende assegurar um melhor aproveitamento hídrico nacional, concorrendo para os objectivos da Estratégia Nacional até 2020.
Assim, a gestão da água – que é considerada como o petróleo do século XXI - terá que ser equacionada a partir de múltiplas variáveis tendo por base os indicadores de desenvolvimento sustentável, onde, prioritariamente, sejam tidas em consideração as implicações sociais, culturais e económicas da utilização deste recurso natural, património indispensável à vida, em todas as suas dimensões.
Ao contrário do que aconteceu na aldeia de Vilarinho da Furna no Gerês e na aldeia da Luz no Alentejo, a aldeia de Girabolhos não irá ser submersa ou deslocalizada em consequência da construção desta barragem, sendo que a adaptação dos seus habitantes ao novo espaço envolvente irá dar origem a mudanças quer no território, quer nas localidades mais próximas.
Previsivelmente, até 2015, a construção desta barragem irá criar cerca de 5000 postos de trabalho diretos e indirectos. Estes números foram indicados pela empresa Endesa, à qual foi adjudicada a concepção, construção e exploração deste empreendimento hidroeléctrico.
Numa primeira fase o impacto sobre a paisagem limitar-se-á à abertura de acessos para o transporte de equipamentos, procurando afectar a menor área possível da fauna e da flora ali existentes. O custo final da barragem de Girabolhos está avaliado em 102 milhões de euros e será o maior investimento alguma vez realizado no concelho de Seia.
As expectativas dos habitantes da aldeia de Girabolhos em torno deste empreendimento revestem-se de um certo impacto. Esta investigação procurará auscultar junto da população quais os seus anseios e expectativas quer individuais quer colectivas.
- DUARTE, Lucinda Coutinho

- REINO, João Pedro
- ANTUNES, Manuel de Azevedo
Exerce funções como Técnica Superior no Ministério da Educação, em Lisboa.
É Licenciada em Sociologia, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Obteve ainda um diploma de Pós-graduação em Administração e Políticas Públicas, no ISCTE.
É investigadora não remunerada, no CPES, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e tem realizado trabalhos de de investigação apresentados em congressos nacionais e internacionais, em parceria com outros colegas, sobre Populações afectadas pela construção de Barragens.
Interesse especial na área da Sociologia Rural e da Sociologia Urbana.
PAP1023 - Barreiras, discursos e recursos: o caso da reconstrução identitária das pessoas com lesão vertebro-medular
A ruptura existencial imposta pela experiência de uma lesão vertebro-medular obriga a um processo de reconfiguração pessoal e, consequentemente, a alterações significativas a nível identitário. Este processo de reconstrução identitária abarca diferentes dimensões, incluindo aspectos corporais, psico-sociais e culturais.
Tal como a literatura sociológica evidencia, a vida das pessoas com deficiência tem sido dominada pelo discurso biomédico, cuja influência neste processo de reconfiguração identitária é inegável. No caso das pessoas com lesão vertebro-medular, tal influência é ainda mais marcante tendo em conta as recorrentes complicações de saúde que reposicionam o lesionado vertebro-medular ciclicamente na posição de paciente, bem como o carácter súbito e traumático da lesão vertebro-medular que contribui para uma maior vulnerabilidade face ao poder biomédico, nomeadamente os serviços de reabilitação.
Contrariamente a outros contextos geográficos, no caso português a ausência de uma politização da questão da deficiência – capaz de oferecer discursos e recursos alternativos de construção identitária – e a consequente inexistência de uma identidade colectiva partilhada pelas pessoas com deficiência, aumenta a vulnerabilidade face ao poder biomédico. Neste contexto, o processo de reconstrução identitária torna-se refém da complexa rede de instituições, profissionais e poderes que domina a vida das pessoas com lesão vertebro-medular e que ignora por completo a importância das barreiras sociais na deficientização das pessoas com deficiência.
Esta apresentação, alicerçada no modelo social da deficiência, resulta do projecto actualmente em curso no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – ‘Da lesão vertebro-medular à inclusão social: a deficiência enquanto desafio pessoal e sociopolítico’ – financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/CS-SOC/102426/2008). Tendo por base um vasto conjunto de entrevistas biográficas, nesta comunicação apresentaremos o processo de reconfiguração identitária que se segue a uma lesão vertebro-medular traumática, identificaremos os factores chave neste processo e discutiremos o impacto a este nível da fraca politização das pessoas com deficiência em Portugal e da hegemonia do discurso biomédico.
- FONTES, Fernando
- MARTINS, Bruno Sena

- BERG, Aleksandra
- HESPANHA, Pedro

"Bruno Sena Martins é licenciado em Antropologia pela Universidade de
Coimbra e Doutorado em Sociologia pela mesma instituição. Sempre
enleado na questão das representações culturais, tem dedicado o seu
trabalho de investigação aos temas do corpo, deficiência e conflito
social.
Em 2006, publicou o livro 'E se Eu Fosse Cego: narrativas silenciadas
da deficiência', produto da sua dissertação de mestrado galardoada com
Prémio do Centro de Estudos Sociais para Jovens Cientistas Sociais de
Língua Oficial Portuguesa. Foi Research Fellow no Centre for
Disability for Disability Studies (CDS) na School of Sociology and
Social Policy da Universidade de Leeds, entre Abril e Junho de 2007.
Na sua tese de doutoramento - 'Lugares da Cegueira: Portugal e
Moçambique no Trânsito de Sentidos' - explorou as relações entre as
histórias de vida das pessoas cegas e os valores culturais dominantes
através dos quais a cegueira é pensada. Paralelamente, no contexto do
CES tem integrado a equipa de vários projectos de investigação que se
dedicam a temas como Guerra Colonial portuguesa e a inclusão social
das pessoas com deficiência."
Pedro Hespanha
Sociólogo. Professor da Faculdade de Economia de Coimbra e Membro Fundador do Centro de Estudos Sociais.
Coordenador do Programa de Mestrado “Políticas Locais e Descentralização".
Tem investigado e publicado nas áreas dos estudos rurais, políticas sociais, sociologia da medicina, pobreza e exclusão social
Coordena o Grupo de Estudos sobre Economia Solidária (ECOSOL/CES)
PAP1352 - Bem-estar mental e participação social dos séniores
Um conjunto de transições epidemiológicas, demográficas e societais levaram a um nítido aumento constante da longevidade das populações em geral. Com o avançar da idade, vão ocorrendo metamorfoses muitas vezes transtornantes que exigem capacidades dinâmicas de acomodação por parte dos indivíduos. É nestas circunstâncias homeostáticas que se enquadra o bem-estar mental e a sua relação com um saudável envelhecimento que se quer ativo e participativo, num contexto de solidariedade orgânica (Caradec, 2010).
Tradicionalmente, associa-se o envelhecimento a situações de perda e isolamento continuadas resultando das várias transformações biográficas que vão ocorrendo nas idades mais avançadas. São frequentes os sinais de alteração da saúde mental tais como depressão, distress, ansiedade e outras perturbações do humor que já não se resolvem por um simples processo de coping mas sim pelo recurso frequente ao Serviço Nacional de Saúde ou pelo consumo, muitas vezes abusivo de fármacos ou outros produtos ansiolíticos que são, por vezes, fonte de intoxicação do organismo (Machado, 2003).
Surge, assim, a necessidade de estudar e relacionar as atividades desenvolvidas no quotidiano dos seniores com a sua higiene mental de forma a entender melhor e desenvolver formas possíveis de socioterapia com claros benefícios não só individuais como também coletivos.
O projeto transnacional SHARE (Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe) pretende analisar e disponibilizar para investigadores de várias áreas científicas uma base de dados sobre a saúde, o envelhecimento, a reforma e as condições económicas dos europeus com 50 ou mais anos. Portugal juntou-se pela primeira vez à já larga parceria europeia. É com base nos dados provisórios e de acesso ainda restrito à equipa responsável pelo projeto em Portugal correspondente à recente quarta vaga que procuramos estudar relações entre as diversas atividades desenvolvidas no contexto social e o bem-estar mental dos séniores tendo em conta as capacidades de adaptação às frequentes alterações biológicas, psicológicas e sociais.
CARADEC, Vincent (2010), Sociologie de la vieillesse et du vieillissement, Armand Colin, Saint Jean de Braye.
MACHADO, Hélder (2003), Ciência e humanismo; novo paradigma para a relação médico doente, Almedina, Coimbra.
- RODRIGUES, Victor Terças

Victor Rodrigues é docente no departamento de Sociologia da
Universidade do Minho e investigador na linha População, Família e
Saúde do Centro de Investigação em Ciências Sociais. Formou-se nas
áreas da Sociologia, Demografia e Sociologia da Saúde. Tem
desenvolvido trabalhos na área da Sociologia da saúde, saúde
reprodutiva, saúde e bem-estar mental, migrações e envelhecimento.
Neste momento é doutorando na área da saúde e do envelhecimento.
PAP0808 - Between reason and and literary imagination: travel literature and the rise of modern science in Brazil
The history of science in occidental world shows us a singular path. The rise of modern science – an empirical and experimental way of produce formal knowledge about the nature and culture – has specifics features according to the structure of society. We are talking about the existence of connections between science and society. Robert K. Merton and Joseph Ben-David, using a comprehensive approach, argue that the rise of modern science in the main European societies has special connections with the protestant ethics. In other words, the rise of modern science in Europe was directed linked with the “spirit of capitalism” and, consequently, associated with the process of “disenchantment of the world”. Thus, the legitimacy of science in society as an integral discourse resulted from its capacity to glorify the God’s faith, and this was possible because science was comprehended through the protestant ethic. The sociological elucidation of the pre-institutional moment of science, therefore, can reveal the process of transmission of a new kind of knowledge.
In this paper we try to show the connections between science, literature and pictorial arts (landscape paintings) as a way to comprehend the rise science in Brazil in the late 18th and in the first half of 19th. Without the protestant ethic element, the natural science in Brazil was disseminated through a special kind of literary genre: the scientific travel literature. The connection between modern science and literature substituted in Brazil the connection between science and religious. But, this type of social process reveals the rise of a specific kind of science. The narrative of scientific expeditions in 18th and 19th centuries was ordered by a singular methodological approach based on a descriptive procedure that mixed formal perceptions with subjective feelings. That type of science is called “romantic science” because it have a large personal substance – Alexander Humboldt, for instance, can be understood as a central reference of that kind of science. Romantic science was assimilated in Brazil through literary groups. These social groups diffused a literary type of science as a result of the structural organization of society in Brazil (colonial state with no class structure and no social competition). Finally, our goal in this paper is i) to show the main characteristics of the scientific travel literature; and ii) to describe the main characteristics of the Brazilian society between 18th and 19th century; and, finally, iii) we pretend to understand the connections between “fruition” and “reason” in the literary and science domains, that allowed the assimilation and the diffusion of a special type of a scientific thought in the pre-institutional science in Brazil.
- FETZ, Marcelo

- FERREIRA, Leila C.
Marcelo Fetz
Cientista Social, PhD em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Brasil) com estágio de doutoramento na The University of Mississippi (USA). Atualmente realiza pesquisas na área de Sociologia da Ciência, Sociologia do Conhecimento e Sociologia da Cultura, com especial interesse no envolvimento entre ciência, literatura e pintura de paisagem no pensamento científico presente na passagem do século XVIII para o XIX, naquilo que convencionou-se denominar por Segunda Revolução Científica. Desenvolve trabalhos na área de Teoria Social e Epistemologia da Ciência, com ênfase no processo de formação do pensamento científico e da Instituição Científica brasileira.
PAP1440 - Biocombustíveis e Desenvolvimento Sustentável: impactos ambientais e condições de trabalho nos canaviais paulistas
O Brasil hoje
caracteriza-se por
ser um dos maiores
produtores de açúcar
e álcool do mundo. A
safra de 2008/2009
atingiu a produção
de 572,64 milhões de
toneladas de cana. O
setor na Região de
Ribeirão Preto/SP é
pólo nacional da
produção,e conta com
as mais
desenvolvidas formas
de tecnologia e
organização da
produção. A
reestruturação
produtiva iniciada
na década de 1990
tem trazido aos
assalariados rurais
do corte manual de
cana a precarização
das condições de
trabalho, com a
elevação dos índices
de produtividade,
combinada ao
desemprego de
trabalhadores.
Destacamos, a partir
dos anos 2000, a
intensificação da
mecanização do corte
de cana, em virtude
do fim da queima da
palha, ocasionada
pelos debates em
torno da crise
ambiental, do
aquecimento global e
da produção de
biocombustíveis.Nesta direção,em
decorrência das
preocupações atuais
com critérios de
sustentabilidade, o
setor passa a
incorporar programas
de responsabilidade
socioambiental, como
forma de reinserir
trabalhadores do
corte, desempregados
pela mecanização. As
práticas de
responsabilidade
socioambiental estão
presentes no
ambiente empresarial
de um modo geral, e
vem ganhando corpo
também no setor
sucroalcooleiro.
Bastante debatidas
de uma perspectiva
endógena,
especialmente pelas
áreas de
administração e
gestão empresarial,
objetivamos inserir
tais práticas em
seu contexto mais
amplo, situando-as
em um processo que
vem legitimando a
possibilidade de uma
“economia social” e
fortalecendo o
etanol brasileiro
como fonte de
energia sustentável,
ambientalmente limpo
e socialmente
justo.Tal
perspectiva de
análise se faz
necessária uma vez
que a emersão de
tais práticas
caminha juntamente
com alterações nas
relações
contemporâneas entre
capital e trabalho,
e tendo-se em conta
que as condições de
trabalho no setor
são as mais
precárias da esfera
nacional.
Objetiva-se
compreender se tal
via de atuação
constitui-se como
alternativa viável
ao desemprego maciço
destes
trabalhadores.Nesse
sentido,de modo
geral,cabe à
pesquisa analisar os
desdobramentos do
modelo de
desenvolvimento
sustentável proposto
pelo setor
sucroalcooleiro,explorando
as mudanças
decorrentes de tal
modelo e seus
impactos sociais e
ambientais.
- SALATA, Rosemeire
- MILANO, Mariana Tonussi
PAP1581 - Biossocialidade(s): potencialidades e limites
A presença duma mutação genética pode representar um legado intrafamiliar de várias gerações numa família. Esta herança não se limita ao património genético, mas sim ao conjunto de valores, idiossincrasias e à própria identidade que estas famílias constroem a partir da presença constante e irreversível da doença na construção da história familiar. O alcance das tecnologias genéticas e o complexo carácter preditivo do estudo do genoma humano tem proporcionado “novos saberes” que se disseminam na cultura contemporânea. Atrelada a essa expansão, consolida-se cada vez mais a “cultura somática”, em favor de bioidentidades (Freire Costa, 2005) ou individualidades somáticas (Rose, 2007). Nesta perspectiva, as famílias que padecem doenças genéticas podem vivenciar o isolamento que, propositado ou não, as convertem em grupos selectivos e com necessidades particulares. Surgem assim os grupos de apoio, cujas potencialidades são bem reconhecidas. Deste modo, a “biossocialidade” traduz-se na formação de novas identidades, de novas práticas individuais e grupais em torno das questões ligadas às doenças que padecem e respectivas implicações psicossociais. Mas quais são as implicações identitárias e sociais desta “biossocialidade” e da ênfase no biológico do Projecto Genoma?
- PANEQUE, Milena
PAP1377 - Blogs e direitos humanos à comunicação para comunidades de contexto popular: um estudo de caso sobre a comunicação comunitária através da web 2.0
O artigo analisa a participação de duas
comunidades de contextos populares em blogs
hospedados na web 2.0, para saber se esses
novos meios possuem potencial de influenciar o
desenvolvimento local e de promover direitos
humanos à comunicação. Entende-se, nessa
pesquisa, as comunidades de contextos
populares como agrupamentos de habitantes em
uma área comum, que compartilham uma situação
de vulnerabilidade econômica e social e,
nesses ambientes, a comunicação comunitária se
torna um bem de grande valor para a melhoria
da situação dessa população. Acredita-se que
quando pessoas desfavorecidas socialmente
acessam um novo direito humano elas se
desenvolvem e, a cada novo direito
conquistado, as diferenças sociais são
reduzidas também. Observa-se, no contexto da
cibercultura, uma crescente produtividade e
consumo simbólico de conteúdos digitais
distribuídos e consumidos, principalmente, a
partir de sites com formato de blog, que
possibilitam a postagem de comentários dos
leitores. O que caracteriza a web 2.0,
basicamente, são as possibilidades
interativas, por isso os blogs se tornam
componentes fundamentais desse ambiente de
redes digitais. O grande volume de conteúdos
disponíveis na internet vem possibilitando aos
indivíduos um maior desenvolvimento
intelectual, questão abordada também por
Pierre Levy (2004). Além disso indivíduos, que
antes da web apenas conheciam a comunicação de
fluxo unidirecional, estão obtendo através
dela, espaço para promoção de suas ideias e,
para os mais empreendedores, a possibilidade
de ganhos financeiros, questões que podem
influenciar processos de desenvolvimento local
sustentável. Assim, para realizar essa análise
foram selecionados, como amostra, os conteúdos
dos blogs de representantes das comunidades,
localizadas na Região Nordeste do Brasil: Ilha
de Deus e Caranguejo Tabaiares. O artigo busca
embasamento teórico para entender os sentidos
de comunidade local e consumo simbólico, em
Zygmunt Bauman (2008, 1999); para debater a
novas mídias digitais, observa os textos de
Carlos A. Scolari (2008) e Charo Lacalle
(2010); para falar de desenvolvimento local
sustentável, estuda Sérgio C. Buarque (2008) e
José Eli da Veiga (2005); e sobre direitos
humanos à comunicação, Mione Sales e Jefferson
Ruiz (2009) e Fábio Konder Comparato (1997).
Dois questionamentos emergem em uma avaliação
preliminar: um relacionado ao compromisso dos
administradores do blog com a regularidade do
conteúdo e outro ligado ao engajamento da
população do loca
- FREIRE, Adriana do Amaral

Adriana do Amaral Freire é Comunicadora Social com Habilitação em Relações Públicas pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, especialista em Administração com Ênfase em Marketing e Mestra em Extensão Rural e Desenvolvimento Local pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, Brasil. Professora universitária do Instituto Superior de Economia e Administração, onde ministra disciplinas de Introdução a Tecnologia da Informação, Comércio Eletrônico, Tecnologias da Informação para Educação, Ética e Cidadania, Metodologia da Pesquisa, dentre outras; Professora da Faculdade Joaquim Nabuco, responsável pela disciplina de Radiojornalismo. Participou dos Projetos de Pesquisa: Pescando Pescadores - UFRPE; e Rádio Comunitária, Gênero e Desenvolvimento Local, a recepção do Programa Rádio Mulher pelas mulheres da Comunidade do Pirapama - PE, também pela UFRPE. Possui trabalhos publicados na Revista Comunicação e Sociedade, Revista Polêm!ca e Biblioteca Online de Ciências da Comunicação - BOCC, nas áreas de comunicação comunitária, rádio, estudos de gênero, desenvolvimento local e sustentável e novas mídias sociais.
PAP1378 - Boxe entre o amador e o profissional: o processo de surgimento e legalização do Boxe no Rio de Janeiro a partir do Brasil Boxing Clube
Discutiremos neste trabalho o processo de surgimento e legalização do Boxe no Brasil, tendo como referência o Brasil Boxing Clube, primeira academia de pugilismo fundada no Rio de Janeiro em 1923. Partiremos da contextualização da década de 1920 no Brasil, e as relações entre o Estado liberal e a promoção do Boxe representado pelo apoio do Presidente da República na época, Rodrigues Alves. Nosso foco serão as sociabilidades possíveis nesse momento de mudanças profundas na reordenação da sociedade brasileira, dentro da passagem de uma sociedade agrário-exportadora para uma nova configuração no caminho de uma modernização econômica em bases urbanas, atentando para as características desse jogo de combate nesse contexto histórico. As representações sociais e as práticas que podem revelar uma disjunção entre o apoio governamental e a origem de classe dos primeiros lutadores de boxe no Brasil serão nossa unidade de análise. Daremos especial atenção às questões de classe social em disputa na década de 1920, sobretudo as dispostas através do movimento operário e a arregimentação de jovens oriundos de cidades do interior, portanto de origem rural e ligados ao campesinato, que começaram a ver no pugilismo uma possibilidade de mobilidade social. Esse processo de definição dentro do Estado de uma prática desportiva não afeita ao controle estatal é uma questão interessante para nossa problematização. Ou seja, buscaremos compreender a separação entre boxe profissional e boxe amador, recenseando as disputas ideológicas e os debates públicos sobre essas duas maneiras de lutar boxe. A primeira, dentro dos limites do desporto, e de um entendimento sobre práticas desportivas um pouco antes da formalização da Educação Física como uma área de conhecimento no Brasil, e o segundo modelo, circunscrito ao início da modernização capitalista no Brasil e a tomada de princípios econômicos como horizonte de mobilidade social para os jovens da classe operária em processo de descampenização. A compreensão da lógica construída nesse momento é de fundamental importância para entendermos como se deu, num longo curso histórico, a inserção dos jogos de combate no cotidiano da sociedade brasileira, bem como o relativo sucesso que os mesmos gozam numa sociedade, do ponto de vista do debate sociológico local, não voltada ao conflito.
- ALEXANDRIA, Nicolas
PAP0762 - Bruxaria e religiosidade popular - crenças e práticas ocultas num quotidiano católico
A presente comunicação é resultante da dissertação de Mestrado em Sociologia desenvolvida no ano lectivo 2009/2010, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, na qual se pretendeu perceber os novos contornos da religiosidade popular, embebidos por práticas de bruxaria na área geográfica do Vale do Sousa (interior do distrito do Porto).
Neste sentido, importa realçar que a prática religiosa católica em Portugal – sobretudo no Norte -, define-se na religiosidade popular que em vários momentos se cruza com a bruxaria tradicional, mais frequentemente, no que diz respeito aos seus rituais, orações e finalidade das preces. Os católicos romanos vivem uma ambivalência entre o catolicismo e o ocultismo popular com origens na Idade Média, dando lugar a um sincretismo que concilia a prática religiosa e a prática mágica. Verificamos que são sobretudo as situações limite relacionadas com a saúde, o trabalho, os problemas sentimentais e a vida familiar que causam maior instabilidade espiritual nos indivíduos, conduzindo-os a procurar ajuda quer na Igreja, quer nas bruxas.
Tal facto leva-nos, também, a considerar que desde que a relação com o sagrado, no sentido durkheimiano do termo, pode operar-se em dois registos, seja o religioso institucional (a Igreja) ou privado, traduzido na busca de Deus ou dos seus mediadores (os santos e a Virgem Maria); seja o mágico, sob a forma das bruxas e dos espíritos.
Para uma abordagem multidimensional da realidade, estudámos quer o vértice da procura, quer o vértice da oferta envolvidos no campo, complementado com a opinião da “Igreja”, mais propriamente a opinião dos seus sacerdotes. Neste sentido, foi utilizada a metodologia qualitativa, sob a forma de observações no terreno (consultórios, salas de espera e rituais), análise documental, entrevistas formais e informais (bruxos, utentes e padres) e, também, com recurso à metodologia quantitativa, através da aplicação de inquéritos por questionário a católicos romanos (numa dimensão estatisticamente pouco representativa, embora sociologicamente relevante).
- ROCHA, Paula
PAP0160 - CAMBIO TECNOLÓGICO Y REDEFINICIÓN PROFESIONAL Y ORGANIZATIVA
CAMBIO TECNOLOGICO Y REDEFINICIÓN PROFESIONAL y ORGANIZATIVA
Introducción. Este trabajo pretende mostrar como la decisión e implantación de tecnologías sanitarias (analizadores automáticos en laboratorios y digitalización de imágenes diagnósticas) redefinen el papel profesional y generan cambios organizativos.
Una profesión se caracteriza por la autonomía, autoridad y control de sus procesos de trabajo. Su erosión es consecuencia de la asalarización, los cambios sociales y tecnológicos. La racionalidad económica determina las decisiones organizativas y la tecnología se convierte en un instrumento para este fin. Para Braverman, cambio tecnológico y automatización separa el diseño (implícito en la máquina) y la ejecución, sometida a la rutina, desprofesionalizando. D. Bell; Coller; Lope y Martín; Hirschhorn; Blauner; Toffler y otros plantean que la tecnología recualifica facilitando tareas más relevantes. Para Spenner; Elliot y Elliot, Castells y otros, los efectos pueden ser variados: reprofesionalización para algunos y desprofesionalización para muchos. Para Irigoyen la industria tecnológica y la gestión, como instrumentos racionalizadores, determinan la crisis de las profesiones sanitarias.
Metodología. Se estudian los casos de dos laboratorios hospitalarios (público y privado) con tecnologías automatizadas y la transformación derivada de la digitalización de imágenes diagnosticas. Se realizan observaciones in situ y entrevistas a analistas y expertos.
Resultados. Los analistas diseñaban los procesos analíticos pero con la tecnología automatizada el diseño está implícito en el software, así como el ritmo y control técnico. Los analistas redefinen su aportación asumiendo el control de calidad y aspirando a ampliar sus ámbitos a consultores del clínico y a generar demanda. Los ámbitos más rutinarios son dejados a los operarios con menos poder.
La digitalización de imágenes diagnósticas y las sinergias con las TIC producen la tele-radiología que permite enviar imágenes a espacios u organizaciones alejadas del objeto de estudio donde consultores expertos emiten el informe. Se reducen consultores, se centraliza o descentraliza la consultoría y se puede externalizar a organizaciones regionales, nacionales e internacionales. Los profesionales expresan su incapacidad para controlar el imperativo tecnológico y escenario determinado externamente. Pero algunos redefinen su jurisdicción profesional innovando en cirugía intervencionista.
Conclusiones. Las sinergias del complejo-médico-indutrial y las organizaciones sanitarias implantan tecnologias con una racionalidad técnica intrínseca que transforma los saberes profesionales, la manera de producir y los modelos organizativos. Cambios que obligan a los profesionales a redefinir y adaptar su aportación al nuevo espacio para controlar su erosionada autonomía profesional.
- PORTO, Benxamín Porto

Benxamin Porto (29-1-1954). Sociólogo por la Universidad Nacional de Educación a Distancia, 1995, Madrid. Profesor de Sociología en la Universidade de Vigo. Líneas de investigación: impacto de las innovaciones tecnológicas diagnósticas en las profesiones sanitarias. Publicaciones: “Innovación tecnológica y externalización de procesos de conocimiento” (2010); “Masculinización y feminizaciones de los estudios de maestro y educación física en Galicia” (2009). “Sociología y Administración Pública” (2006); “Introducción a la Investigación Científica” (2004); “Os custes invisibles dos coidados familiares” (2003); “As necesidades de formación do persoal sanitario de administración sanitaria e non sanitario ó servicio da sanidade pública galega”. (2003).
PAP1003 - CANOA PANTANEIRA: EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E SOCIOLOGIA AMBIENTAL NO PANTANAL DE CÁCERES, MATO GROSSO, BRASIL
A pesquisa investigou o saber do pescador pantaneiro, na construção de uma canoa, numa perspectiva dialógica ambiental, projetada em conhecimentos e necessidades locais que favoreçam a Educação Matemática e a Sociologia Ambiental. Foi realizada na Fazenda São Bento, próximo ao Distrito de Vila Aparecida, 50 km de Cáceres, na Estrada Estadual MT – 343, a 800 (oitocentos) metros das margens do rio Paraguai. Esta pesquisa é descritiva qualitativa do tipo etnográfica. Por meio de levantamento bibliográfico, observação participante através de entrevista aberta, registro iconográfico e gravação de áudio utilizado para as observações um diário de bordo para o acompanhamento dos passos construtivos de uma canoa pantaneira. Registrou-se que para fabricar a canoa o artesão utiliza o tronco de uma árvore denominada localmente de chimbuva (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong – Mimosaceae), que tem sua circunferência medida por um cipó onde é feita abertura, e os espaços dos bancos a localização da proa e da popa e também do ponto de equilíbrio por meio de raciocínios lógicos matemáticos demonstrando o processo cultural de natureza dinâmica com diversidade de domínio de saber onde pontuam vários aspectos das Ciências Sociais. Nesta pesquisa, registrou-se ainda o processo construtivo do remo, valendo-se da análise interpretativa nos passos da construção da canoa. Os dados apresentados suscitam do ponto de vista da matemática como também do ponto de vista da conservação ambiental, cuidados na conservação e preservação do saber cultural em comunidade tradicional Pantaneira.
- VICTORIANO, Celso Ferreira da Cruz

Celso Ferreira da Cruz Victoriano
Graduado em Licenciatura Plena Matemática (1994), Bacharel em Ciências Jurídicas (2001), Especialista em Modelagem Matemática (1998) e Direito Público (2000), todos pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Mestre em Educação (2006) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Doutoramento em Ciências Jurídicas e Sociais (2012) pela Universidad Del Museo Social Argentino (UMSA). Professor de Pós Graduação no Institucional Mato Grosso (IMPMT), Consultor/Avaliador na Pós Graduação do Grupo ATAME. Professor colaborador na Licenciatura Parceladas da UNEMAT. Co-idealizador e integrante do Projeto Guató, Cáceres-MT. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Projetos de Pesquisa, Formação de Professores, Educação Ambiental, Educação Matemática, Etnomatemática, Cultura Matogrossense, Filosofia, Sociologia; na área jurídica: Direito e Legislações, Direito Ambiental, Intelectual, Indígena e Sociologia Jurídica; na área administração: Motivação, Comunicação e Marketing, e Ética Profissional. Temas de investigações: “Direitos dos grupos étnicos da América do Sul”; “A importância do conhecimento matemático na formação das crianças” e “Revitalização da Cultura Matogrossense”.
PAP1520 - CARISMA NA ARTE: UMA NOÇÃO TURVA
Esta comunicação parte de interrogações sobre o carisma para propôr uma perspectiva que esclareça melhor os sentidos que esta noção turva pode ter na arte. Prefiro chamar-lhe turva a obscura, termo algo negativo, porque não oblitera propriamente o que procura descrever mas embacia a percepção de várias dimensões e modelos da singularidade artística. Com efeito, falar em carisma tornou-se um lugar comum para definir o indefinível. Ou seja, qualidades idiossincráticas ou inefáveis de alguns artistas e por vezes também transferíveis para obras mais siderantes em museus imaginários, de tradicionais a actuais. Aí, aparecem com uma aura similar à de relíquias e rituais sagrados, um enigma e/ou ou matéria com excepcional potencial de atracção, como a Monalisa, por exemplo, tão carismática como Leonardo, o seu autor. Mas para além deste exemplo óbvio, outros se podem se podem evocar desde as vanguardas do século XX, apesar de igualmente tanto se falar da dessacralização trazida pela arte moderna e pós-moderna. Sejam as “acções” de Joseph Beuys ainda nos anos 60 ou a performances de Marina Abramovic até ao presente, para citar dois nomes reconhecidos muito como carismáticos, seja todo o escol de pares com mais paradigmas desta excepção artística e que passam, naturalmente, também pelo da celebridade. Desde que foi exemplarmente fabricada por Andy Warhol na sua Factory até à apoteose mercantil e mediática das obras de Damien Hirst. Contudo, apesar desta aparente evidência do carisma, podemos perguntar o que realmente significa na arte, até que ponto se pode aplicar assim a casos afinal bem distintos, e com que diferenças relativamente às outras formas religiosas e políticas do carisma. Duas referências incontornáveis que se reportam, respectivamente, à sua matriz original e à declinação mais habitual também na sociologia. Como no conceito weberiano em que o carisma, continuadamente ligado às propriedades magnéticas e persuasivas de certas personalidades, se associa então ao exercício do seu poder na forma de dominação legítima, porque consentida. Ainda que irracional, na definição de Max Weber, por esse envolvimento emocional com a liderança carismática que, no limite, adoração alienada ou halucinada de seitas e massas.Ora, um dos propósitos da comunicação é mesmo também discutir a importação deste conceito ou modelo weberiano para os universos artísticos. O que, aliás, acontece implicitamente quando sociologia da arte usa o termo carisma e ainda num sentido quase indistinto de singularidade: noção vizinha não menos tautológica, associada a indefiníveis e ao poder simbólico. Alternativamente, e com apoio em várias imagens de obras e artistas, procurarei distingui-las e decompôr a noção de carisma artístico em quatro dimensões nem sempre estão todas implicadas em o que chamamos “carismático”. A saber, dimensões pessoais, relativas à singularidade inclusive biográfica dos indivíduos; dimensões autorais que justamente mostram como a contrario da irracionalidade carismática, a arte tem sempre uma racionalidade estética e expressiva que advém da sua tradição intertextual e erudita; e, finalmente, dimensões espirituais que apesar de secundarizadas pela sociologia são um ponto de contacto com a acepção original do carisma. Mais transcendente, religiosa ou do sagrado, e também como manifestação de dádiva, para além de poder. A este propósito trata-se novamente de esclarecer sentidos e variações que podem ser radicais para o espiritual e a dádiva na arte. Assim, e com apoio em várias imagens da arte moderna e contemporânea, procurarei abordar este aspecto, nomedamente num plano: a relação, de comprometida a ambígua e iconoclasta, que muitas obras e artistas têm com a iconografia religiosa e outros ideários espirituais ou pastorais. Um momento, então, para se poder considerar a Bíblia tão carismática como O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) de José Saramago ou os Versículos Satânicos (1988) de Salman Rushdie. Tal como o carisma que se pode encontrar em direcções moderada ou radicalmente opostas: a participação de artistas na arquitectura e decoração de igrejas, Piss Christ (1987) de Andres Serrano e os 112 Cristos com Andy Warhol interpretou A Última Ceia (1495-98) de Leonardo. The Last Supper (Christ 112 Times), realizada em 1986, um ano antes da sua morte, e que é uma das maiores telas do mundo. Só com paralelo na dimensão de outro quadro, igualmente tão carismático: o Paraíso (1588) de Jacopo Tintoretto no Palazzo Ducale em Veneza.
- CONDE, Idalina

Idalina Conde. Docente no Departamento de Sociologia da Escola de Sociologia e Políticas Públicas do ISCTE-IUL Instituto Universitário de Lisboa e investigadora do CIES - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia. Principal domínio de actividade e interesses sociologia da arte e da cultura, bem como abordagens biográficas.
PAP0540 - CIDADANIA E SEGURANÇA: UMA ANÁLISE PROSPECTIVA
O tema que pretendemos abordar contém duas ideias-força de inegável alcance no contexto das políticas públicas - a Cidadania e a Segurança.
Apesar das reformas policiais implementadas na última década, as políticas de segurança continuam a ocupar um papel de relevo na agenda política e na formulação de políticas públicas de segurança em Portugal.
Considerando a nova forma como começam a ser percepcionadas as questões relativas à segurança dos cidadãos no nosso país, importa analisar e relacionar os conceitos de Cidadania e Segurança, mormente as suas tendências actuais e futuras, tendo em vista identificar o quanto influenciam e podem determinar a concepção e implementação das políticas públicas.
Hoje o cidadão é simultaneamente alvo e motor das reformas em curso, a questão da “confiança” não deve, nem pode, ser descurada, nomeadamente antes de se definirem caminhos a percorrer para desencadear novas atitudes e comportamentos em contexto de reforma da administração pública.
A partir deste contexto, será apresentado um possível caminho a adoptar pelo poder político, para incrementar a participação activa dos cidadãos na implementação das políticas públicas de segurança, através da construção de uma relação de confiança mútua.
Quando se aborda esta temática falamos da participação activa dos cidadãos nas políticas de segurança, o que coloca um desafio sem precedentes aos elementos dos Corpos Militares e Policiais, que se perspectiva venha a mudar significativamente nos próximos anos.
Assim, procuraremos nesta comunicação responder às seguintes questões:
Será que existe uma nova abordagem do conceito de Cidadania?
Será que estamos perante um défice de Cidadania?
Será que o Estado pode fomentar uma Segurança Solidária?
Como é que o Estado pode mobilizar os cidadãos?
- SILVA, Nuno Miguel Parreira da
PAP0851 - CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DOCENTE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Essa investigação busca compreender como uma professora constrói suas identidades, considerando as experiências relacionais vivenciadas por ela com a organização da instituição em que trabalha, com os sujeitos adultos e com as crianças, no contexto da educação infantil. Discutimos as identidades docentes como possíveis constitutivas do sujeito no campo profissional, o que evidencia as múltiplas pertenças a campos familiares, políticos, sociais, profissionais. A noção de identidade envolve as diversas experiências de socialização vivenciadas pela professora, como as pré-profissionais, as profissionais e a experiência adquirida pela prática profissional no âmbito educacional. Enfatizamos a centralidade da professora como sujeito da sua própria história, entendendo que esta singularidade não se refere a uma individualidade, pois a docência remete a um grupo profissional, que também é coletivo. A professora não está desligada do grupo dos profissionais da área, que é uma profissão construída historicamente e marcada por discursos de legitimação que permeiam os espaços de formação destes profissionais e, também, faz parte de um grupo de professores que atua especificamente no contexto educativo da educação infantil de um município localizado na região sudeste do Brasil, o que evidencia a importância e a necessidade de compreender a construção da identidade docente de forma contextualizada. É uma construção ao mesmo tempo individual, constituindo-se como uma construção pessoal, que permite ao sujeito fazer escolhas diante do universo múltiplo e possível de identificações sociais. O instrumento utilizado foi uma entrevista narrativa realizada a partir de um roteiro auto-gerador: 1) Experiências marcantes da trajetória como professora na educação infantil; 2) Percepção que os outros sujeitos têm do trabalho da professora; 3) Contexto da instituição na qual trabalha; 4) Influência desse contexto no modo de ser professora e nas suas aulas; 5) Elementos constituintes da identidade docente; 6) Características do ser professora do ensino fundamental e/ou médio e ser professora da educação infantil. Ao “dar voz” a esta professora, diante da sua trajetória profissional e do contexto de trabalho, possibilitamos uma reflexão sobre o seu cotidiano profissional, evidenciando a importância da subjetividade nas análises da sua profissão e nos processos de construção das identidades, apontando a articulação da análise individual em um contexto mais amplo. O diálogo entre as narrativas da professora e a teoria da socialização das relações profissionais, possibilitou o exercício de mobilização de alguns conceitos, sobretudo, o de identidades, identificando as possibilidades de desenvolver um trabalho de análise no âmbito educacional.
- MARQUES, Renat
- FIGUEIREDO, Zenólia C. Campos
PAP0497 - CONSUMO E MERCADO: O CAPITALISMO VIRTUAL
O presente trabalho
problematiza as
novas formas de
interação social
efetuadas pelos
atores econômicos no
ambiente virtual,
esmiuçando o papel
desempenhado pelos
consumidores dentro
dos espaços de
consumo virtual.
Qual o espírito
assumido pelo
capitalismo virtual?
Quem é esse
consumidor? Como ele
se comporta e o que
o diferencia?
A internet, por sua
dimensão em rede,
sempre contou com
práticas
colaborativas para
sua criação,
aperfeiçoamento e
difusão. Mas o atual
círculo virtuoso
experimentado por
essa prática tem
assumido dimensões
cada vez maiores.
Funciona como se
existisse um
"exército" de
pessoas trabalhando
para atualizar as
extensões do
ciberespaço, seja
inserindo novos
conteúdos,
cooperando com o
aprimoramento de
suas dimensões e
programas, ou
produzindo e
adquirindo bens e
serviços. Modelos de
"sites
colaborativos" são
cada vez mais
comuns; os
internautas não
visitam mais as
páginas apenas como
observadores, agora,
eles também
participam do
processo de criação.
Considero que, no
caso de bens e
serviços virtuais, o
papel do consumidor
adota uma faceta
mais “presente”,
passando a funcionar
como um ativo
impulsionador da
ordem de produção
dessas mercadorias.
Essa atitude
diferencia-o da
apresentada pelo
consumidor padrão
encontrado na
produção e aquisição
de outros gêneros de
mercadoria não
virtuais.
Na verdade, o que
aparenta, é que na
internet, os
consumidores
extrapolam o simples
papel de
adquirentes, já que,
muitas vezes, eles
são convocados a
participarem do
processo de criação,
produção e
atualização desses
bens, podendo
exercer diferentes
níveis de interação.
Passando, inclusive,
a comporem, num
nível mais complexo
de representação dos
negócios, e menos
convencional, a
estrutura de ativos
necessária a
composição das
mercadorias
produzidas.
Funda-se, então, um
novo tipo de faceta
da produção, que é
característica dos
negócios virtuais.
- OLIVEIRA, Rafael Alves de

Rafael Alves de Oliveira. Economista e estudante de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará – UFC. Minha pesquisa de mestrado é sobre o capitalismo virtual. Interesso-me por discussões ligadas às seguintes áreas: capitalismo, internet e sociedade, economia virtual, antropologia econômica, ciberctultura e cultura política.
PAP1075 - CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: Desafios e possibilidades de uma comunidade rural
Este estudo apresenta o resultado de uma pesquisa realizada com lideranças de comunidades rurais em um município do semiárido brasileiro localizado no estado da Paraíba. O objetivo desta pesquisa foi verificar qual era a percepção das lideranças sobre o meio rural local, de modo a identificar os seus principais pontos positivos e negativos. Além disso, buscou-se conhecer algumas estratégias para a melhor convivência com o semiárido. Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental para coletar os dados secundários, para coletar dados primários utilizou-se a discussão em grupo focal com 16 lideranças, separados em 04 subgrupos. Estes participantes discutiram entre si como estava o cenário da zona rural em que viviam, elencando os principais pontos positivos e negativos, em um segundo momento solicitou-se que cada grupo pensasse estratégias de convivência com o semiárido, ao final de cada etapa os resultados eram apresentados para todos os grupos e debatido. Por fim, estes dados foram reunidos e a análise dos dados foi feita utilizando a análise de conteúdo pôr eixo temático, onde, através do agrupamento das falas dos respondentes traçou-se uma interpretação da realidade da comunidade rural com relação aos objetivos propostos. Como resultados destacam-se o grande interesse das lideranças em melhorar a qualidade de vida da região em que habitam, otimizando o uso dos recursos naturais e evitando a degradação ambiental. Notou-se também uma grande preocupação com a juventude rural, onde foram sugeridos mais investimentos em políticas públicas direcionadas a educação, ao lazer e a qualificação profissional. Outro aspecto bem representativo encontrado na analise dos dados foi à necessidade de organização comunitária para a conquista de melhorias para as comunidades rurais. Desta forma, existe um interesse das lideranças em atuar proativamente junto as suas comunidades, entretanto, para vencer os desafios levantados é necessário criar estratégias para melhor aproveitar os pontos positivos e corrigir os pontos negativos. Dentre os relatos coletados foi possível notar um certo desconforto com a realidade atual em que estão vivendo, pois, a manutenção das famílias na zona rural tem sido um desafio as vezes intransponível, obrigando várias famílias a abandonar o meio rural, no entanto existem boas perspectivas para o futuro e a convivência com o semiárido é algo viável e capaz de garantir a permanência das famílias no meio rural de forma digna.
- SÁ, Vinícius Claudino de
- SOUZA, Bartolomeu Israel de
PAP1417 - CRECIMIENTO, DESIGUALDAD Y HETEROGENEIDAD ESTRUCTURAL EN AMÉRICA LATINA BAJO DISTINTOS MODELOS DE POLÍCITA ECONÓMICA (1990-2010). EL CASO ARGENTINO
"GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA AMÉRIC LATINA"
Las reformas estructurales “neoliberales” llevadas a cabo en la mayor parte de América Latina con el objetivo de integrar las economías nacionales a la dinámica de la globalización, se realizaron acompañadas de programas de ajuste y estabilización que procuraban corregir desequilibrios macroeconómicos crónicos. Si bien tales programas buscaban restaurar dichos equilibrios, es bien sabido que esta estrategia desencadenó tanto una mayor concentración del poder económico como una serie de nuevas crisis financieras. Este proceso tuvo un impacto regresivo sobre las estructuras productivas, el mercado de trabajo y, en especial, sobre los niveles de vida de amplios sectores de la población. De esta manera, durante la década del noventa, aunque creció el PBI per cápita, la pobreza no cedió terreno y tuvo lugar un aumento de la heterogeneidad estructural y de la desigualdad económica en casi toda la región.
- SALVIA, Agustín

Dr. Agustín Salvia
Coordinador General - Investigador Jefe
Programa Observatorio de la Deuda Social
Universidad Católica Santa María de los Buenos Aires
Ed. San Alberto Magno, Alicia M. De Justo 1500 4º piso
Of. 462 - Buenos Aires (C1107AFD) - Tel. (54-11) 4338-0810
PAP1420 - CRECIMIENTO, DESIGUALDAD Y HETEROGENEIDAD ESTRUCTURAL EN AMÉRICA LATINA BAJO DISTINTOS MODELOS DE POLÍCITA ECONÓMICA (1990-2010). EL CASO ARGENTINO
"GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA
AMÉRIC LATINA"
Las reformas estructurales “neoliberales”
llevadas a cabo en la mayor parte de América
Latina con el objetivo de integrar las
economías nacionales a la dinámica de la
globalización, se realizaron acompañadas de
programas de ajuste y estabilización que
procuraban corregir desequilibrios
macroeconómicos crónicos. Sin embargo, es bien
sabido que esta estrategia desencadenó tanto
una mayor concentración del poder económico
como una serie de nuevas crisis financieras.
Este proceso tuvo un impacto regresivo sobre
las estructuras productivas, el mercado de
trabajo y, en especial, sobre los niveles de
vida de amplios sectores de la población. De
esta manera, durante la década del noventa,
aunque creció el PBI per cápita, la pobreza no
cedió terreno y tuvo lugar un aumento de la
heterogeneidad estructural y de la desigualdad
económica en casi toda la región.
Pero después de varios años recesivos (1998-
2002), la región inició -en 2003- un nuevo
ciclo de recuperación económica, observándose
mejoras en el empleo y la pobreza, en el marco
de nuevas políticas macroeconómicas y
condiciones internacionales. En efecto, el
crecimiento encontró respaldo en una coyuntura
externa favorable, caracterizada por la
sostenida expansión de la economía mundial y la
abundante liquidez en los mercados de
capitales, factores que permitieron un
significativo incremento del volumen exportado,
así como una mejora de los términos de
intercambio y en la expansión del mercado
interno. Justamente, el alejamiento de las
políticas ortodoxas habría potenciado este
ciclo virtuoso. Sin embargo, habría indicios de
que tal dinámica de crecimiento no sería
suficiente para revertir las marginalidades
estructurales que caracterizan a las economías
latinoamericanas. Es decir, que más allá de la
mayor heterodoxia de las medidas económicas,
ellas no estarían en condiciones de abrir un
efectivo sendero de desarrollo y convergencia
social.
El proceso argentino es un caso paradigmático
–y a la vez ilustrativo- de este proceso
histórico y de los dos ciclos de políticas
arriba mencionados –ortodoxia radical y
heterodoxia ejemplar-. En este marco, la
presente ponencia presenta una revisión general
comparativa de lo ocurrido en una muestra de
países latinoamericanos a nivel de los
indicadores de crecimiento, ingresos, pobreza,
empleo, ingresos y desigualdad distributiva. El
análisis en particular del caso argentino
permitirá ilustrar los mecanismos sociales que
subyacen a los cambios y las tendencias
estructurales dominantes durante los diferentes
ciclos político-económicos analizados.
- SALVIA, Agustín

Dr. Agustín Salvia
Coordinador General - Investigador Jefe
Programa Observatorio de la Deuda Social
Universidad Católica Santa María de los Buenos Aires
Ed. San Alberto Magno, Alicia M. De Justo 1500 4º piso
Of. 462 - Buenos Aires (C1107AFD) - Tel. (54-11) 4338-0810
PAP1475 - CRECIMIENTO, DESIGUALDAD Y HETEROGENEIDAD ESTRUCTURAL EN AMÉRICA LATINA BAJO DISTINTOS MODELOS DE POLÍCITA ECONÓMICA (1990-2010). EL CASO ARGENTINO
"GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA
AMÉRIC LATINA"
Las reformas “neoliberales” llevadas a cabo a
fines del siglo XX en la mayor parte de los
países de América Latina con el objetivo de
integrar las economías nacionales a la dinámica
de la globalización, se realizaron acompañadas
de programas de ajuste y estabilización que
procuraban corregir desequilibrios macro
económicos crónicos. Si bien tales programas
buscaban restaurar dichos equilibrios, es bien
sabido que esta estrategia desencadenó tanto
una mayor concentración del poder económico
como una serie de nuevas crisis financieras.
Este proceso tuvo un impacto regresivo sobre
las estructuras productivas, el mercado de
trabajo y, en especial, sobre los niveles de
vida de amplios sectores de la población. De
esta manera, durante la década del noventa,
aunque creció el PBI per cápita, la pobreza no
cedió terreno y tuvo lugar un aumento de la
heterogeneidad estructural y de la desigualdad
económica en casi toda la región. Pero después
de varios años recesivos (1998-2002), la región
inició -en 2003- un nuevo ciclo de recuperación
económica, observándose mejoras en el empleo y
la pobreza, en el marco de nuevas políticas
macroeconómicas y condiciones internacionales.
En efecto, el crecimiento encontró respaldo en
una coyuntura externa favorable, caracterizada
por la sostenida expansión de la economía
mundial y la abundante liquidez en los mercados
de capitales, factores que permitieron un
significativo incremento del volumen exportado,
así como una mejora de los términos de
intercambio y en la expansión del mercado
interno. Justamente, el alejamiento de las
políticas ortodoxas habría potenciado este
ciclo virtuoso. Sin embargo, habría indicios de
que tal dinámica de crecimiento no sería
suficiente para revertir las marginalidades
estructurales que caracterizan a las economías
latinoamericanas. Es decir, que más allá de la
mayor heterodoxia de las medidas económicas,
ellas no estarían en condiciones de abrir un
efectivo sendero de desarrollo y convergencia
social. El proceso argentino es un caso
paradigmático –y a la vez ilustrativo- de este
proceso histórico y de los dos ciclos de
políticas arriba mencionados –ortodoxia radical
y heterodoxia ejemplar-. En este marco, la
presente ponencia presenta una revisión general
comparativa de lo ocurrido en una muestra de
países latinoamericanos a nivel de los
indicadores de crecimiento, ingresos, pobreza,
empleo, ingresos y desigualdad distributiva. El
análisis en particular del caso argentino
permitirá ilustrar los mecanismos sociales que
subyacen a los cambios y las tendencias
estructurales dominantes durante los diferentes
ciclos político-económicos analizados.
- SALVIA, Agustín

Dr. Agustín Salvia
Coordinador General - Investigador Jefe
Programa Observatorio de la Deuda Social
Universidad Católica Santa María de los Buenos Aires
Ed. San Alberto Magno, Alicia M. De Justo 1500 4º piso
Of. 462 - Buenos Aires (C1107AFD) - Tel. (54-11) 4338-0810
PAP1355 - CRIANÇAS BAYAROÁ: Suas vozes como elemento dos processos comunicacionais e de construção identitária no contexto escolar na Amazônia - Brasil.
O direito à educação e aos direitos
sociais é uma premissa fundamental para que a
educação das crianças possa se consolidar, no
entanto, no âmbito das sociedades indígenas,
não se tem uma única visão definida e do valor
de fato que a ação escolar ira produzir. Logo,
neste contexto específico, pensar essa
garantia, é pensar que a mesma não pode se dar
sob uma lógica que desconsidere essa criança,
construindo-se uma identidade para a escola que
seja totalmente contrária a uma perspectiva em
que esses sujeitos sociais sejam ouvidos
Dar voz às crianças indígenas é, sem
duvida, poder criar possibilidades de
sedimentar um projeto de escola que seja
construído com elas e para elas, o que
contraria a visão adultocêntrica e burguesa que
historicamente, tem negado a presença da
criança enquanto construtora de conhecimentos e
de história. Esse sem dúvida, tem sido um dos
maiores problemas da escola, pois os projetos,
os currículos, os planos e as aulas dos
professores são elaborados sob uma ótica de
negação das culturas infantis e das
experiências vivenciadas pelas crianças
indígenas no decorrer de sua existência.
No Brasil, a criança indígena, membro
das sociedades tribais aqui estabelecidas, teve
imputada sua cultura, obrigada pela ação
exploratória do conquistador. Já no Brasil-
colônia, a criança sob a estrutura patriarcal
não tem utilidade, o sentimento de infância
está ausente. Sendo assim, sua eventual morte
não causa maiores comoções. Nos demais
períodos históricos principalmente com a
urbanização e posteriormente com a
industrialização dos processos econômicos e
sociais, o modo de viver sofre uma mudança
bastante acentuada e em meio à configuração das
novas relações de produção, baseadas no capital
e na desagregação da família nuclear, surge a
criança através de várias visões (operária,
industrial, médica, filantrópica), que
condicionam a ima¬gem da criança das classes
populares, que, não obstante, permanece, como
desde o início de nossa história, explorada,
abandonada e desprotegida.
Essas crianças querem falar, mas o
silêncio petrificou suas vozes, querem ser
vistas, mas a escuridão não permite que sejam
enxergadas, querem dizer quem são, mas já estão
determinadas a seguir o curso da História, a
dominação. Seria isto uma verdade
inquestionável? Talvez sim, se o processo de
dizimação e branqueamento tivesse sido
completado. Mas elas sobreviveram e, na
contramão deste genocídio programado, estão
cada dia mais vivas e presentes no seio de suas
comunidades, apesar dos severos processos de
subalternização ainda construídos nas relações
sociais.
PAP1385 - CRISE ECONÓMICA E MUTAÇÕES NO QUADRO MIGRATÓRIO ENTRE PORTUGAL E ANGOLA
Muito embora o processo de globalização tenha impulsionado uma integração sistémica das várias economias nacionais, conferindo à actual crise económica e financeira uma amplitude que não deixa imune nenhuma delas, a verdade é que, devido a um conjunto imbricado de factores, ela não trespassou todas as regiões do mundo e todos os países com igual grau de intensidade, fomentando um reposicionamento dos diversos actores no cenário económico mundial, ou seja, fazendo emergir uma nova geografia económica.
A par das alterações operadas nas diferentes economias nacionais e, consequentemente, nos respectivos mercados de trabalho, sobretudo a partir de meados do decénio anterior, assistiu-se a um redireccionamento de alguns movimentos migratórios, à reconfiguração de fluxos anteriores e à emergência de conjuntos de partidas para novos destinos. A relocalização das oportunidades de emprego ocasionou então uma maior diversidade de destinos, mas também de padrões migratórios e dos perfis dos seus protagonistas.
É neste contexto que nos propomos analisar os movimentos migratórios de portugueses para Angola no último quinquénio e, simultaneamente os fluxos de angolanos para Portugal nas últimas três décadas, procurando identificar as principais características desses fluxos, o contexto económico, politico, social e cultural em que ocorreram, bem como perspectivar a sua evolução, a curto e médio prazo.
Tomando como referência os dados recolhidos no âmbito do projecto de investigação em curso no Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI) designado “Mobilidade Humana no Século XXI – Os novos movimentos migratórios de Portugueses para Angola”, propomo-nos também revisitar as teorias do capital humano, reequacionando os seus pressupostos e postulados.
- CORDEIRO, Ana Paula
PAP1167 - CRISE NA EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO NA CRISE: O estado social e o financiamento dos sistemas educativos na Europa e em Portugal
Num momento em que o financiamento dos estados europeus constitui uma das dificuldades mais relevantes, a forma como cada um confere atenção ao sector da educação e o enquadra numa seriação de prioridades ou num modelo estratégico para o desenvolvimento económico e social, remete para uma reflexão fundamental sobre a intervenção do estado em tempos de turbulência como os que vivemos.
Os estados europeus protagonizam programas de protecção social e níveis de alargamento da escolaridade pós-básica diferenciados. É também conhecida a expansão da população estudantil nas últimas décadas, com alargamentos indesmentíveis nos níveis mais avançados dos sistemas educativos, o que obrigou a mudanças nos modos tradicionais de financiamento da educação, nomeadamente do ensino superior. O investimento no topo do sistema, mais concretamente na educação terciária, faz com que países que tomam esse patamar de ensino como um desafio incontornável experimentem níveis elevados de desenvolvimento e possuam sociedades mais protegidas de modos de exclusão social.
No entanto, revela-se também muito evidente que nas principais análises das estratégias públicas para a protecção social e luta contra a exclusão social (onde se privilegia, entre outros, os cuidados de saúde, subsídios de desemprego, pensões e reformas), a educação tende a ter pouca visibilidade.
A análise que se propõe fará recurso a um dos esforços mais relevantes para a tipificação dos estados, que diz respeito ao modelo proposto por Esping-Andersen, embora também este tenda a contornar a integração da educação nos critérios de classificação dos perfis de programas sociais identificados. Pretende-se assim dar conta de relações substantivas entre perfis de segurança social e padrões de despesa em educação específicos nas várias configurações dos estados. Para analisar alguns dos seus conteúdos seleccionaram-se indicadores estatísticos (difundidos pelo Eurostat, OCDE, etc.) que exprimem, ainda que de forma ilustrativa, algumas das estratégias públicas mais relevantes a este respeito. Assim, propõe-se uma análise multivariada com um enfoque privilegiado na relação entre protecção social (aqui tratada com indicadores de despesa pública) e o sector educativo (utilizando-se indicadores que reflectem as despesas na educação e a importância do sector privado nos sistemas educativos). Esta perspectiva permite obter configurações de estados à luz desta relação, dando conta de estratégias e prioridades face à educação pública e aos gastos que lhe estão associados, bem como testar a operacionalidade do modelo referenciado, comparativamente e de forma aprofundada para o caso português.
- MARTINS, Susana da Cruz
PAP0143 - CRISES IDENTITÁRIAS NA PRODUÇÃO E CONSUMO DE BANDAS DESENHADAS: questões de Reprodução e Hibridização
Fruto de uma dissertação de mestrado em Sociologia, o trabalho apresenta diversas questões: Será que a maneira de desenhar uma BD revela a cultura de sua região de origem? Será possível reconhecer uma linguagem nacional em cada tipo de HQ? Os “Comics” representam a cultura estadunidense? As Bandé Dessinée representam a cultura francófona? E os Mangás, por sua vez, representam a japonesa?
Se a resposta for positiva – e se defende esta perspectiva – como avaliar as produções que se espelham na linguagem de uma BD de outra cultura? BD de super-heróis que visualmente lembram os mangás japoneses, mas produzidos nos EUA, são um “Comic” ou um “Mangá”? Como proceder para avaliar estas HQ´s? O quanto elas têm de uma cultura o quanto se apropriam da outra? Estas nomenclaturas não são simples verbetes que nominam “Bandas Desenhadas” em inglês, francês ou em japonês.
Compreender os limites estéticos de cada um é compreender os meios necessários para acessar suas Representações Sociais e efetivar os meios pelos quais os quadrinhos representam a cultura em que é produzida, isto é, se compõe enquanto produto identitários.
O trabalho analisa o surgimento dos Mangá Nacionais, as assim chamadas bandas desenhadas produzidas no país com uma estética visual baseada nas HQ´s japonesas. Avalia o papel desempenhado pelos quadrinhistas na produção de fanzines e revistas e as escolhas estéticas que são feitas, na constituição e reconhecimento de uma linguagem nacional dos quadrinhos brasileiros e até que ponto reproduzem padrões comerciais e como corroboram para engendrar uma hibridização cultural responsável, segundo Bauman, por uma liquidez da identidade cultural.
O trabalho resgata os perfis estéticos que definem a aparência e a estrutura do mangá no Japão e os compara com aqueles presentes nas versões nacionalizadas, concentrando o levantamento e o enfoque analítico em várias BD´s de sucesso editorial.
Partindo da estrutura semiótica unida com a análise sociológica, procura-se discutir como os processos de reprodução da estética seqüencial – acolhido de forma despretensiosa por parte dos produtores de BD, podem incentivar a hibridização cultural, um fenômeno com efeitos não planejados na identidade e na estética nacional. O objetivo do trabalho, portanto, é mapear as estruturas que permitem perceber até que ponto a produção e consumo de BD contribui para dissipar ou fortalecer as fronteiras simbólicas entre “nós” e “eles”.
- JÚNIOR, Amaro Xavier Braga
PAP0407 - CSS - Comércio Solidário e Sustentável
Comunicação designada de “Comércio Solidário e Sustentável uma Alternativa para o Desenvolvimento”resulta da investigação realizada com o propósito à candidatura do grau de Mestre em Economia Social e Solidária e da experiência prática do projeto financiado pela Fundação EDP. A comunicação apresenta a base teórica-conceptual do projeto CSS - Comércio Solidário e Sustentável (www.css.org.pt) Esta comunicação resulta da análise de três conceitos e modelos encarados como fundamentais à necessária mudança de paradigma do desenvolvimento humano. O Desenvolvimento Sustentável, a Economia Solidária e o Comércio Justo, que permitiram uma perspectiva holística da análise, reflexão e construção de um “pré-conceito” denominado de Comércio Solidário e Sustentável “CSS”. A reflexão realizada em torno deste “pré-conceito”, pretende identificar e reforçar as mais-valias humanas e ambientais nas práticas económicas, permitindo reconhecer o impacto local e global das nossas acções comerciais, contribuindo assim, para o aperfeiçoamento económico no sentido da equidade, justiça e sustentabilidade integral.
- DOMINGUES, Marco
PAP0677 - CULTURAS ORGANIZACIONAIS: PISTAS PARA A APLICABILIDADE DO CONCEITO ÀS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SECTOR
Esta comunicação tem por base uma dissertação de mestrado cujo enfoque central é a problemática da cultura organizacional das organizações do terceiro sector. O objecto de estudo é a análise da sua cultura organizacional, bem como a sua relação com as especificidades do sector.
A pertinência do objecto de estudo reside no facto do terceiro sector ser reconhecidamente um fenómeno secular, ao qual acresce a característica de ser universal, tendo expressão na quase totalidade dos países do mundo sob diferentes formas e designações. A relevância deste sector consiste na crescente importância que tem adquirido no Produto Interno Bruto dos diferentes países, no seu potencial como agente empregador e enquanto alternativa às formas organizacionais e gestionárias do sistema capitalista em vigor.
A temática também tem sido alvo de um interesse crescente por parte de diferentes organismos no seio da União Europeia desde os finais dos anos 80 do séc. XX, o que tem contribuído para o reconhecimento jurídico e político deste sector a nível europeu.
A metodologia utilizada baseou-se na participação-observação das organizações do terceiro sector com as quais a investigadora tem vindo a desenvolver um trabalho de intervenção directa. A análise empírica foi desenvolvida segundo as dimensões interna e externa dos valores e das práticas das organizações do terceiro sector. A dimensão externa revelou-se claramente mais valorizada pelas organizações em análise. Isto é particularmente aparente no contexto actual de grande fragmentação e ausência de representação política de alguns tipos de organizações, com repercussões negativas na afirmação externa dos seus interesses, designadamente os dos seus trabalhadores.
- MARTINHO, Ana Luisa

Mestre e licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Integra a equipa de investigação do projeto Empreendedorismo Social em Portugal do Instituto de Sociologia da FLUP. Formadora, consultora e avaliadora externa no âmbito de projetos de desenvolvimento organizacional para o terceiro sector.
PAP1402 - Caminhar e pedalar na cidade automobilizada : Análise das representações sociais vigentes
A reflexão em torno da mobilidade quotidiana
em espaço urbano remete-nos para as questões
associadas aos significados que lhe estão
inerentes. As práticas de mobilidade são muito
mais que práticas de deslocação física de um
ponto para outro, são práticas significativas,
uma vez que sendo a mobilidade uma prática
social, está relacionada com as normas
culturais e regras vigentes numa determinada
sociedade.
Cresswell (2006) defende as práticas de
mobilidade são ideológicas, sendo que a
mobilidade está associada a diversas
conotações que têm mudado ao longo do tempo e
que divergem de sociedade para sociedade. O
conceito de mobilidade é o equivalente
dinâmico do lugar transportando em si
significados, poder e compreensões
conflituais. O discurso em torno da mobilidade
integra diversos conceitos contraditórios,
encerrando em si múltiplos significados. Este,
tal como outros, é um conceito que não é
neutro.
Para Cresswell a “mobilidade é um emaranhado
de movimento físico, de significado e de
prática” (2009:25), sendo que cada um destes
elementos que se encontram ligados entre si
integra em si relações de poder.
Compreender os processos complexos de
mobilidade passa necessariamente pela análise
das representações sociais subjacentes aos
diversos sistemas de mobilidade (Cresswell
2006; 2009), uma vez que a escolha de
determinado meio de deslocação está em grande
parte associado ao modo como os actores
sociais apreendem a realidade social e
desenvolvem representações sociais acerca da
mesma.
A observação da imprensa escrita constitui uma
forma importante de recolha de dados sobre a
opinião pública, permitindo-nos, através da
sua análise, compreender as representações e
os significados relativos a um determinado
objecto cultural em circulação numa sociedade.
Em Portugal apenas 15% dos indivíduos se
desloca a pé e 1% de bicicleta contra 56% que
se deslocam diariamente de carro e 25% de
transportes públicos, segundo dados do
Eurobarómetro de 2007.
Com base no observatório de imprensa efectuado
no âmbito da dissertação para doutoramento em
curso para o qual recolhi notícias de três
jornais: Diário de Notícias, Jornal de
Notícias e Público relativas a duas formas
específicas de deslocação - a pedonal e a
velocipédica - pretendo analisar os
significados vigentes acerca das mesmas, tendo
em atenção que são dois modos de deslocação em
concorrência com o automóvel – a forma
dominante de deslocação numa sociedade como a
nossa – altamente “automobilizada”.
- MANTAS, Ana Isabel
PAP0088 - Capital Social das elites parlamentares portuguesas: uma aproximação ao seu perfil associativo
Portugal, quando comparado com os restantes países da União Europeia, exibe um baixo grau de Capital Social. O cumprimento das normas, regras e leis é reduzido, a abstenção é elevada, a confiança entre os cidadão e entre estes e as instituições governamentais reduzida e a luta contra a corrupção virtualmente inexistente.
A existência de uma forte ligação entre o Capital Social e o grau de desenvolvimento económico, social e cívico das sociedades é hoje um facto bem estabelecido. Importantes trabalhos quer do lado da Economia quer da Sociologia coincidem na conclusão que as sociedades com menor Capital Social tendem a desenvolver-se menos e a tolerar índices superiores de desigualdades.
No entanto o mecanismo de transmissão dos efeitos positivos do Capital Social no desenvolvimento económico e social prende-se, quase em exclusivo, com um tipo particular de Capital Social. Aquele que une pessoas de condições e grupos diferenciados (bridging).
Em Portugal as elites políticas e sociais têm a obrigação de liderar o país na busca de estratégias que permitam ultrapassar a situação actual em que todos, ou quase todos, os actores perdem (lose-lose) por ausência dos níveis adequados de Capital Social. Mas para o fazerem precisam primeiro de reforçar o seu próprio Capital Social.
Este trabalho analisa um dos aspectos mais relevantes do Capital Social o associativismo dos deputados portugueses, um importante subgrupo das elites políticas. O número de pertenças e a sua natureza permitem traçar uma tentativa de perfil do Capital Social dos Parlamentares nacionais.
- ALMEIDA, Jorge Manuel Fernandes Fonseca de

JCurta nota curricular
Jorge Fonseca de Almeida, 52 anos, casado, dois filhos, diretor bancário na área do Marketing com experiência profissional em Portugal, Holanda e Polónia, licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Economia, Master in Business Administration (MBA) pela Universidade Nova de Lisboa, mestrado (parte escolar) em Comportamento Organizacional pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Aluno de Doutoramento em Sociologia no ISCTE-IUL, terceiro ano, a desenvolver tese “Elites económicas e Capital Social: o caso português”.
Autor do livro “O essencial sobre o Capital Social” editado pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (2011) e de várias apresentações a congressos e encontros científicos.
Interesses de investigação: Capital Social, Redes Sociais, Entrelaçamento, Normas, Confiança, Sociedade e desenvolvimento, Elites económicas e políticas.
PAP0272 - Capital social e utilização da Internet: Um estudo na cidade de Lisboa
Este artigo explora a relação entre capital social e utilização da Internet. O debate sobre os efeitos sociais da Internet tem sido conduzido à volta de duas grandes questões: a Internet tem efeitos sociais positivos ou negativos? Apesar da maioria da investigação apontar para efeitos positivos em campos que vão desde a sociabilidade ao bem-estar, a vertente distópica continua a ser a mais proeminente no discurso público. Embora o capital social seja um conceito polissémico, pode ser central neste debate: A Internet reforça e complementa o capital social? Ou isola e diminui o capital social? Este estudo investiga esta relação através de três dimensões do capital social: bonding, bridging e recursos. Estas três dimensões são analisadas separadamente e depois combinadas para a constituição da variável capital social. A principal hipótese deste estudo é que o capital social está associado positivamente à utilização da Internet, de acordo com o estado da arte. No entanto, de forma geral, a visão maniqueísta dos efeitos sociais da Internet é ultrapassada, considerando que a Internet é um sistema sócio-técnico, com elementos positivos e negativos.
Esta investigação baseia-se numa abordagem metodológica mista, que combina métodos quantitativos e qualitativos. Numa primeira fase, um inquérito é aplicado a uma amostra aleatória estratificada de 417 indivíduos, com mais de 17 anos de idade, residentes em Lisboa. Os dados estatísticos são analisados com recurso a modelos de classes latentes (LCM) e regressão logística. Numa segunda fase, são conduzidas entrevistas semi-estruturadas a 14 dos indivíduos da amostra inicial, com o objectivo de se explorar mais qualitativamente a temática em análise. Os resultados mostram que o capital social e a utilização da Internet estão positivamente relacionados: os utilizadores mais frequentes de Internet têm maior probabilidade de ter um nível mais elevado de bonding, bridging e de capital social, comparando com os não utilizadores, os utilizadores casuais e os utilizadores moderados. A idade é também um forte preditor, embora de forma negativa: por cada ano de idade há menos probabilidade de se ter um nível elevado de bonding, bridging, recursos e de capital social. Este artigo conclui com uma discussão das implicações destes resultados.
- NEVES, Bárbara Barbosa
PAP1289 - Características generales de las familias interculturales en la comunidad autónoma de Andalucía.
La evolución en el perfil del inmigrante desde los años ochenta hasta nuestros días se ha traducido en una inmigración de carácter permanente, lo que ha modificado la dinámica de relación con la sociedad de acogida. Los procesos de reagrupación familiar, las nuevas demandas del colectivo enfocadas hacia la integración y normalización y el aumento de la inmigración femenina, le ha dado un nuevo cariz al crecimiento poblacional español.
Una de las dimensiones en las que ha permeabilizado esta nueva realidad ha sido en la composición de las familias. A través del análisis de los hijos se ha constatado un aumento de los matrimonios o uniones interculturales, es decir, los conformados por un/a nacional y otro/a extranjero/a. Se observan además patrones de homogamia o exogamia dependiendo de las nacionalidades que lleven a término la unión.
Estas familias vinculadas a la inmigración, tal y como propone Carlos Giménez, posibilitan diversas tipologías gracias a la heterogeneidad de situaciones que no se agotan solo con la llegada de familias extranjeras sino que incluyen, por diversos factores, otros núcleos familiares ligados a los contextos de origen y de destino.
La presente comunicación es un avance de resultados sobre las características sociodemográficas de las familias interculturales de la comunidad autónoma andaluza en la que se describirán datos tales como tipo de unión y cuál es la que predomina, cuáles son las nacionalidades más comunes, profesiones de los progenitores y a qué se dedican preferentemente, cuál es la media de años de la unión conyugal, con cuántos años suelen casarse o unirse y a qué edad deciden tener hijos así como saber cuántos tienen.
A través de este primer avance de resultados se extraen las primeras conclusiones sobre cuál es el estado de la cuestión además de hacer una radiografía de las características básicas de las familias interculturales en Andalucía.
Los resultados forman parte del proyecto de Excelencia denominado Análisis de Familias Interculturales en el territorio Andaluz, referencia P09-SEJ-4573, financiado por la Consejería de Innovación, Ciencia y Empresa de la Junta de Andalucía en la convocatoria 2009 de proyectos de excelencia de investigación dentro del Programa Operativo FEDER de Andalucía 2007-2013.
- PÉREZ, Pablo Álvarez

- AGUADO, Octavio Vásquez
- QUIÑONES, Nidia Gloria Mora
Nombre: Pablo Álvarez Pérez
Afiliación institucional: becario FPU (Formación del Profesorado Universitario) del Ministerio de Educación y Ciencia de España. Adscrito al Departamento de Sociología y Trabajo Social de la Universidad de Huelva.
Área de formación: Trabajo Social
Intereses de la investigación: Migraciones, herencia cultural, uniones interculturales
PAP1388 - Carreira Politica de Professores em Sergipe: um estudo sobre a profissão e a inserção na política
Com este trabalho proponho apresentar resultados avançados da pesquisa que está em andamento no Mestrado em Antropologia na Universidade Federal de Sergipe. Trata-se de uma investigação que busca apreender os condicionantes sociais e culturais implicados no processo de politização dos professores que se tornaram vereadores de Aracaju e deputados federais e estaduais no estado de Sergipe nas ultimas eleições; visa analisar as percepções dos professores quanto a ideia da “profissão professor” e seus vínculos com a política, bem como as variações nas modalidades de relacionar a profissão com a entrada na carreira política. Coradini (1995) sugere que as variações nas modalidades de relacionar a profissão com a entrada na carreira política são muito amplas, porém não impedem de seguir alguns padrões, como, por exemplo, o tempo dedicado à ocupação no magistério strictu senso e à militância profissional e/ou partidária. No entanto, o campo político exige um modo de pensamento e ação que sugere uma preparação especial, há uma aprendizagem necessária para os saberes políticos, bem como o domínio de uma certa linguagem (Bourdieu, 1998). Desta forma, busca-se compreender como os professores adquirem os saberes e as competências específicas do campo político, e como se articulam as atuações profissionais e o engajamento político. Sabe-se que a possibilidade de se ocupar posições em outras esferas sociais, além da profissional, depende da posição social do profissional e do acúmulo de recursos sociais que ele dispõe, e estudos tem revelado que a mobilização coletiva passou a ser uma forma de se ampliarem as possibilidades de investimentos profissionais que percorrem o espaço político, permitindo relacionar profissão, engajamento e participação política, de sujeitos que ampliam o capital militante, aumentando seu capital político e profissional. Para a execução da pesquisa está sendo realizadas observações diretas nos gabinetes e escritórios políticos, na Assembleia Legislativa de Sergipe e na Câmara Municipal de Vereadores de Aracaju; e também entrevistas semi-dirigidas com os professores/políticos e seus assessores. Sendo assim, a pesquisa busca analisar, através do itinerário social desses professores, suas experiências na profissão, sua participação em movimentos sociais e seus investimentos e engajamentos na atuação profissional que ultrapassa a sala de aula.
- FIGUEIREDO, Taís Cristina Samora de

Taís Cristina Samora de Figueiredo
Universidade Federal de Sergipe/Brasil
Mestranda em Antropologia
Interesse de Investigação: magistério, carreira política, profissão, antropologia da política
PAP0669 - Cartografias da diversidade na escola: ângulos e direcções da experiência docente, não docente e discente em dois territórios educativos da AML
A integração dos descendentes de imigrantes é um dos principais desafios colocados aos sistemas de ensino, dentro e fora do espaço europeu. Portugal não é uma excepção – a presença crescente desta população nas escolas das principais áreas urbanas tem marcado a investigação sociológica nos últimos anos, ajudando a reinterpretar novas e velhas desigualdades sociais. Sabemos que as trajectórias e oportunidades que se colocam aos alunos etnicamente diferenciados são resultado da convergência sobreposta e concorrencial tanto dos capitais mobilizados na família de origem, como dos recursos providenciados pelas instituições sociais e educacionais, como ainda das estratégias subjectivas construídas por estes alunos nas suas experiências quotidianas. A produção internacional neste domínio assinala, de forma persistente, a existência de desigualdades objectivas e subjectivas de sucesso, trajectória e vivência. Para tentar compreender o quadro institucional complexo, regulado, onde os diferentes agentes educativos contribuem de modo variável para a produção do sucesso e da integração, desenvolveu-se, no quadro de uma pesquisa alargada, uma observação aprofundada em dois contextos escolares marcados pela diversidade, e aqui designados pelo seu lugar de localização geográfica – Escola Loures e Escola Sintra, ambas de ensino básico de 2º e 3º ciclos. Esta comunicação pretende dar conta dos principais ângulos e direcções de reconhecimento e entendimento da diversidade auscultados nos dois contextos escolares; numa perspectiva alargada que compreenda recursos, impactos e vivências; e que cruze a visão de docentes, não docentes e discentes. Como é a diversidade interpretada e valorizada pelas instituições e pelos seus actores? Os resultados decorrem de uma pesquisa multi-método alargada, realizada em 2007, da qual se circunscreverão parcialmente dados de carácter qualitativo (entrevistas realizadas a 24 alunos descendentes de imigrantes, 10 directores de turma, 3 membros dos conselhos executivos/pedagógicos, 2 psicólogas e 2 auxiliares de acção educativa). Foram ainda convocados para a análise, de forma complementar, os resultados de um inquérito por questionários realizado a todos os alunos, independentemente da sua origem étnico-nacional, do 9º ano de escolaridade das respectivas escolas (220 alunos). Da análise sobressaem dois padrões de perspectiva, que poderemos designar de ângulos de uma cartografia da diversidade, diferenciados por lugar na experiência escolar: na voz dos docentes e não docentes a associação da diversidade ao facilitismo e degradação das condições de vivência, ensino e aprendizagem, convergente com a massificação escolar; e na voz dos alunos a incorporação da diversidade, a adaptação, e convivialidade como elementos quotidianos correntes.
- MATEUS, Sandra
PAP0269 - Celebridades, consumos e jovens
A partir de uma investigação de doutoramento sobre a relação dos jovens com a cultura das celebridades, esta comunicação centra-se nas questões que ligam celebridades, consumos e jovens. Situando a importância do consumo para as culturas juvenis, bem como a ligação das celebridades à esfera do consumo e estilo de vida, debatemos que possibilidades e limitações representa o consumo da cultura das celebridades para os jovens, no quadro da sua limitação económica.
A cultura comercial, dos media e de consumo de estilo de vida, tem nas celebridades um dos seus sinais. Por seu turno, os jovens são tomados como a geração que é mais influenciada por estas mudanças na sociedade e cultura portuguesas.
A investigação envolveu entrevistas a cerca de 50 jovens, entre os 12 e os 17 anos, de grupos sociais diferentes (de um centro comunitário num bairro social, uma escola pública e uma privada na capital, e uma escola rural) e de fãs activos em blogues ou redes sociais em torno de celebridades. A relação com o consumo e as celebridades varia em função do seu capital cultural, mas também do género, idades e relação com os pares. Em consequência, variam também as atitudes face ao consumo das celebridades, quer na sua função como endorsers quer como actores de um estilo de vida indulgente. Mais ainda, as suas percepções sobre o poder económico e mobilidade social das celebridades variam também em função da sua posição social e relação com o consumo. Entre os fãs, nota-se uma maior avidez por consumir produtos (culturais, merchandising, media) relacionados com os seus ídolos, mas também uma maior consciência crítica da sua construção comercial. Entre as raparigas, os mais novos e os jovens de famílias menos favorecidas, nota-se uma menor literacia para o consumo, que poderia ser reforçada em contexto educativo.
- JORGE, Ana

Ana Jorge é doutoranda em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com bolsa da FCT, e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Integra o projecto europeu de investigação EU Kids Online, sobre crianças e internet.
PAP1485 - Cenários de participação política de crianças e jovens em contextos local: análise de uma experiência
As discussões atuais
no âmbito da
cidadania, apelam a
novos modos de a
analisar, propondo
um afastamento de
visões formalistas e
restritas
direitos/deveres,
para uma visão que
permita a inclusão
de grupos sociais e
etários dela
afastados. Nestas, a
ideia de inclusão e
exclusão, de esferas
públicas e privadas,
e de exercícios
diversos e distintos
de cidadania, são
centrais para a
compreensão das
cidadanias
complexas. Nestes
contextos, as
crianças e jovens
como grupos
especialmente
votados a exclusões
sistemáticas de
exercícios de
cidadania -
particularmente
visíveis em esferas
públicas da vida
social - suscitam
interesses
investigativos
particulares,
enquanto ausentes de
um estatuto pleno. É
ainda nesta medida,
que a sociologia da
infância em
particular, tem
vindo a discutir as
suas possibilidades,
tensões e
fragilidades.
Regulada por modos
de controle
fortemente distantes
dos seus contextos
diários, as crianças
dificilmente acedem
a oportunidades
concretas de
participação
política, de
auscultação sobre
assuntos da sua
importância, de
criarem influência e
de participarem em
tomadas de decisão,
sejam de ordem
individual ou
coletiva. Nessa
medida, a ideia de
cidadania enquanto
pressuposto de fazer
parte de, de
influenciar decisoes
e por ela ser
influenciado, é
distante da idiea de
Infância. As
relações de poder
entre adultos e
crianças, as
assunções acerca das
suas incompetências
para o fazerem
parecem justificar
esse afastamento.
Nesse sentido, a
investigação
conduzida pretendeu
analisar as
perspetivas de
crianças e de
adultos, acerca das
suas competências de
participação em
processos de co
decisão política, a
partir da análise de
instrumentos de
participação a eles
destinados,
desenhados em
contexto de poder
local. A discussão
dos resultados,
assumirá a ideia de
reconhecimento
enquanto coletivo e
em esfera pública
como crucial para a
ideia da criança
cidadã. A partir de
metodologias de
caráter qualitativo,
da observação de
Assembleias
Municipais Jovens,
da realização de
entrevistas com
crianças e jovens, e
adultos responsáveis
por estes
mecanismos,
apontar-se-ão ideias
centrais, como a de
competências de
decisão,
priorização,
influência, de
crianças e jovens,
movendo-se em
cenários que ao
contrário do
advogado por alguns
autores, apontam uma
lógica de
reciprocidade e
interdependência
entre crianças e
jovens que vale a
pena explorar.
- TREVISAN, Gabriela de Pina

Gabriela de Pina trevisan. nascida a 13 de outubro de 1975. Mestre em Sociolgia da Infância pela Univ. do Minho, doutoranda em Estudos da Crianças, UM/IE. Tem como interesses fundamentais de investigação a area da Infãnica, em particular a constituição da Infância e a cidadania infantil, tema que trabalha na tese.
Professora adjunta na Escola Superior de Educação de Paula Frassninetti e coordenadora adjunta do Departamento de Educação Social, onde leciona diferentes unidades curriculares e participa em projetos de investigação e intervenção comunitária.
PAP1529 - Cenários de regulação e controvérsias na aplicação nanotecnológica em alimentos e biocombustíveis
Grupo Temático - Ambiente e Sociedade, Mercado e Novas Tecnologias
A transversalidade das nanotecnologias perpassa vastos setores industriais e de serviços tecnológicos com consideráveis impactos nas estruturas produtivas e de consumo. Os ajustamentos normativos e regulatórios relativos à saúde humana e impacto ambiental estão na pauta de discussão de diversos países ou blocos econômicos, tendo como eixos balizadores a questão dos desdobramentos dos riscos tecnológicos, a reconfiguração de cadeias produtivas, novas classes de artefatos tecnológicos e valores que orientam o consumo de produtos inovadores. Neste contexto, os alimentos derivados de procedimentos nanotecnológicos e o conjunto de produtos inseridos na rede de produção de biocombustíveis mantêm-se na esteira das controvérsias regulatórias sobre cultura e segurança alimentar e emissão voluntária de material nanoparticulado no setor energético, aqui com foco na área de produção de biocombustíveis e catalisadores. O objetivo geral deste artigo é indicar e analisar cenários regulatórios na indústria de alimentos e biocombustíveis com nanotecnologias incorporadas. O alcance e impacto destas tecnologias na dinâmica e cinética corporal e ambiental são, ainda, relativamente ignorados. Este vácuo de conhecimento já traz controvérsias sociotécnicas no âmbito regulatório de diversos países. Os consumidores, tal como acontece com alimentos derivados de organismos transgênicos, preocupam-se com o uso de nanomateriais na indústria de alimentos, mas com intensidades diferentes, dependendo da interação e aplicação destes materiais na cadeia alimentar. O emprego destas tecnologias em embalagem, por exemplo, pode gerar menor preocupação do consumidor do que em relação ao seu uso na formulação de ingredientes alimentares. A regulação destes setores será complexa, pois as nanopartículas não se classificam facilmente, pois com gradações e características diversas. Sob a perspectiva do risco, os estudos de toxidade estão adaptando e criando protocolos de segurança e perfis de toxidade dependendo das classes de nanomateriais. As discussões se dividem entre os que apóiam a precaução antes de aprovar produtos com potencial de toxidade pouco estudado e referendado, e os que preferem um ambiente menos normatizado, com os produtos lançados ao mercado e no contexto de legislações e normas antiquadas para produtos desta classe. A produção de uma estrutura normativa e legal para a gestão destas entidades artificiais perfaz uma importante agenda para as ciências sociais, fundamental para pensarmos uma sociedade de múltiplos interesses, fortemente pautada pela constante incorporação e interação de novas tecnologias e categorias de percepção e atuação no mundo.
- PREMEBIDA, Adriano
- SILVA, Tânia Elias Magno da
- WAISSMANN, William
- ENGELMANN, Wilson
PAP0787 - Changing transnational social space over time. A case study on three generations of Portuguese Azorean migrants in Quebec (Canada)
In the light of recent debates on
transnational social formations, we analyze,
in this paper, the emergence of a
transnational social space (Pries 1999, Faist
2000, Vertovec 2009) and factors that
contribute to its transformation over time and
between generations.
Examining informal practices, our
investigation shows how transnational ties
between migrants and communities left behind,
also understood as «a set of sustained long-
distance, border-crossing connections»
(Vertovec 2004), are maintained over time
within extended kinship migratory networks.
Evidence draws on an ongoing socio-
anthropologic research about Portuguese
migrants from the Azores archipelago in the
province of Quebec (Canada).
With a multi-sited approach, investigation is
conducted simultaneously both in the origin
and destination societies where participant
observations and biographic interviews are
realized with members of several kinship
networks counting at least three generations.
This case study allows observing transnational
practices and their transformation over more
than five decades. Mass out-migration from the
Azores directed to Canada mostly occurred
since the mid-1950s until the 1980s, being
both work- and family-driven, and involved an
important part of the Azores’ population.
Consequently, Portuguese communities in the
Americas are principally formed by Azoreans,
in proportions of 50 to 70% (Oliveira &
Teixeira 2004, Williams & Fonseca 1999,
Brettell 2003). There are today more than
three generations in Portuguese-descendant
families in Canada. If first generation
migrants preserved strong ties with the
communities left behind, their descendants are
also found to be involved in such connections
with their ancestral homeland in various ways.
To date, holidays visits, secondary
residences, cultural activities, personal and
informational exchanges have been reported.
More recently, return of several first- and
second-generation contributes to complexity of
transnational relations within these families
and reveals various ways of constructing and
maintaining affiliations to both societies, as
returnees preserve bonds with diasporic
communities. This multiple circulation within
a transnational space enhances conceptual
transformation of meanings within a triad of
political ‘identities-borders-orders’.
- GHERGHEL, Ana

Ana Gherghel (Ph.D)
Investigadora auxiliar, Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores (CES-UA)
Associated Researcher, Centre de recherche JEFAR (on the adaptation of youth and families at risk), Université Laval
Associated Researcher, Équipe METISS (Migration, Ethnicité et Interventions en services sociaux et de santé), CSSS de la Montagne –Centre de recherche et formation
With a background in sociology, she develops research at the intersection of family and migration studies, focused on forms and types of transnational practices and the factors explaining their perpetuation in time, along life course stages.
PAP0782 - Ciclos tecnológicos em tempos de crise
A nanotecnologia está a emergir enquanto a nova Revolução Industrial. A sua constituição enquanto uma tecnologia multidisciplinar e convergente tem edificado novos paradigmas tecnológicos tais como GNR (Genética, Nanotecnologia, Robótica), NBIC (Nanotecnologia, Biotecnologia, tecnologias de Informação, ciências Cognitivas), e BANG (Bits, Átomos, Neurónios, Genes). Esta vasta amplitude de paradigmas tecnológicos resulta na sua tradução prática em inúmeros sectores de aplicação (energia, agricultura, militar, saúde…) conduzindo também a aplicações inter-industriais, o que lhe confere uma característica de omnipresença tecnológica. Tal fomenta um vasto leque de promessas, esperanças e expectativas, assim como de riscos e questões éticas.
Esta apresentação pretende discutir até que medida a nanotecnologia poderá ser encarada enquanto o leitmov para a criação do sexto ciclo de mudança tecnológica enquadrando-a no quadro teórico desenvolvido por Kondratieff, Schumpeter e Sorokin. Argumenta-se a premissa que os desenvolvimentos tecnológicos desempenham um papel central na constante e contínua transformação do capitalismo, ora determinando a criação de ciclos de inovação, ora ciclos politico-económicos na esteira dos trabalhos desenvolvidos por Perez e Freeman.
Este artigo é sustentado por uma extensa análise bibliográfica, combinada com análise estatística no que diz respeito ao desenvolvimento de ciclos/ondas/surtos na promoção de mudança socioeconómica, mas também na análise da disseminação tecnológica que (possivelmente) confere à nanotecnologia a característica de General Purpose Technology (GPT).
A intrínseca relação entre a transformação dos sistemas capitalistas e os desenvolvimentos tecnológicos estão, por isso, progressivamente a reconfigurar os modelos de produção fomentando uma constante (mas regular) transformação societal.
- CRUZ, Rui Vieira

Rui Vieira Cruz, Centro de Investigação em Ciências Sociais na Universidade do Minho, área de formação em Sociologia, com especialidade em Desenvolvimento e Políticas Públicas e com tese de Mestrado apresentada na área de Ciência e Tecnologia em especial ligada ao desenvolvimento da nanotecnologia
Os interesses de investigação manifestam-se em áreas como ciência e tecnologia, nanotecnologia, desenvolvimento local/regional, sociologia do desenvolvimento e sociologia económica.
PAP0326 - Cidadania Inclusiva e Transexualidade em Portugal
As pessoas transexuais estão incluídas hoje no Manual de Diagnóstico das Perturbações Mentais (DSM-IV – TR), na categoria diagnóstica de perturbação de identidade de género (Castel, 2001; Becker et al., 1997; Nieder, et al, 2010). O atendimento psicológico para a confirmação do diagnóstico de transexualidade tem sido um requisito para a realização da cirurgia, nos casos em que esta é procurada, constituindo o diagnóstico, por implicação lógica, uma base sustentadora de patologização e de estigmatização. Este diagnóstico remete sempre para uma patologia sem que se considerem as questões históricas, políticas e subjectivas que enquadram a transexualidade (Arán et al. 2008; Sennott, 2011). Em Portugal já existe uma lei específica de identidade de género – Lei n.º 7/2011 de 15 de Março – uma medida que finalmente dará às pessoas transexuais portuguesas o reconhecimento da identidade e da cidadania. O presente trabalho tem dois objectivos nucleares (i) aprofundar o conhecimento dos processos e resultados associados à mudança de nome e de sexo em registo civil, tendo em conta as recentes alterações legais neste âmbito no nosso país, de forma a contribuir para um entendimento das implicações psicossociais destes processos e destes resultados. Neste sentido perceber em que medida o sistema de justiça responde às necessidades pessoais e relacionais das pessoas transexuais, numa leitura de cidadania, tanto na sua dimensão formal/ legal, quanto na sua dimensão prática ou social e (ii) contribuir para o enriquecimento da compreensão de posições teóricas, sociais e ideológico-culturais ainda vigentes sobre a transexualidade, mais particularmente no que respeita à influência das actuais tensões geradas pelas propostas de (des)patologização sobre essas posições. No quadro deste objectivo, é também proposta uma análise inédita sobre modelos e formas de intervenção por parte de profissionais da psicologia junto das pessoas transexuais e uma leitura da transexualidade segundo a perspectiva da interseccionalidade.
- RODRIGUES, Liliana

- CARNEIRO, Nuno Santos
- NOGUEIRA, Conceição
Liliana Rodrigues é Psicóloga, mestre em Psicologia da Justiça pela Universidade do Minho. Atualmente é bolseira de doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Psicologia Aplicada na Universidade do Minho. Trabalhou como investigadora em vários projetos de Psicologia Social e Ambiente desenvolvidos pela EsPA (Estudos em Psicologia Social e Ambiente) e pelo CIS (Centro de Investigação e Intervenção Social, ISCTE-IUL) coordenados pela Professora Doutora Luísa Lima do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Trabalhou ainda no "Estudo sobre a discriminação em função da orientação sexual e da identidade de género" financiado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e no projeto “Cidadania Sexual das Mulheres Lésbicas em Portugal. Experiências de Discriminação e Possibilidades de Mudança” financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género coordenados pela Professora Doutora Conceição Nogueira da Escola de Psicologia da Universidade do Minho.
PAP0807 - Cidadania do conhecimento: o sistema canadiano e o Cartão Azul da UE em análise - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
Há um desconcertante paradoxo a decorrer nas nossas sociedades democráticas, no que respeita à presença do imigrante: registam um avanço considerável na concepção de políticas antidiscriminatórias no acesso a direitos sociais e até políticos, ao mesmo tempo que reforçam a institucionalização de novas vias de discriminação como a educação e o conhecimento (education-based discrimination). A crescente procura de migrantes altamente qualificados (detentores de conhecimento científico e tecnológico – logo o conhecimento por excelência, nas sociedades hodiernas) leva estados como o Canadá e espaços como a União Europeia (UE), em diferentes tempos e de diferentes formas, a investir na melhoria dos seus sistemas de seleção de migrantes potencialmente relevantes para as suas economias. Ora, a verdade é que pouca atenção tem sido dispensada à avaliação dos impactos dos sistemas de seleção não sobre as economias, mas sobre a vida do migrante, desde logo do excluído. Esta comunicação procura expor uma análise crítica ao sistema de pontos canadiano e ao cartão azul da UE, enquanto instrumentos legais de elevado significado político, operacionalizados para cativação de imigrantes altamente qualificados. Olhar-se-á com particular atenção para as implicações destes sistemas na modelagem dos processos de integração e da própria cidadania, desvendando as dimensões inclusora e exclusora do Conhecimento enquanto critério de acesso à legalidade e à cidadania.
Veremos que ambos os sistemas contribuem afinal para a estratificação de indivíduos; ambos permitem a institucionalização da discriminação social e até cultural, sem que todavia um número significativo de migrantes altamente qualificados deixe por isso de ainda assim enfrentam diversas barreiras na sua integração. Veremos ainda que ambos os sistemas se revelam como instrumentos elitistas de leitura restritiva da cidadania e que fomentam a exclusão e o surgimento de uma cidadania fundamentada no conhecimento, promovendo subsequentemente uma política de “education-based discrimination”.
- TORRES, Sonia
- CARVALHAIS, Isabel
PAP1066 - Cidadania e acção colectiva: o caso do movimento de pessoas com deficiência em Portugal
A proliferação de conflitos sociais durante os anos 1960 resultante da acção de novos movimentos sociais teve como efeito uma expansão do modelo tripartido de cidadania (civil, política e social) tal como pressuposto por T. H. Marshall. A acção de novos movimentos sociais, como o movimento feminista, o movimento ecologista ou o movimento LGBT, deu origem a novas formas de cidadania, ao mesmo tempo que permitiu a incorporação de grupos sociais anteriormente excluídos do processo de cidadania. Entre os novos movimentos sociais conta-se o movimento de pessoas com deficiência.
Tal como acontece noutros contextos geográficos, o movimento de pessoas com deficiência em Portugal emerge apenas na década de 1970, uma realidade pós 25 de Abril de 1974. Não obstante existirem em Portugal organizações de pessoas com deficiência desde os anos 1920, a maioria destas organizações centravam-se em incapacidades específicas, não eram politizadas e eram dirigidas por pessoas sem deficiência. O 25 de Abril de 1974 permitiu, todavia, uma mudança significativa na acção colectiva na área da deficiência em Portugal. A emergência de novas organizações, a sua politização e a conquista do poder por parte das pessoas com deficiência nas organizações já existentes criou as bases para a construção do movimento de pessoas com deficiência no contexto nacional. Este movimento social tem sido responsável não só pela denúncia de processos de exclusão e opressão social, como também pela reivindicação de direitos de cidadania.
Tendo por base a investigação desenvolvida no âmbito da minha tese doutoramento recentemente concluída em Estudos de Deficiência, esta comunicação apresenta algumas das características mais marcantes deste movimento social, assim como as principais consequências da sua acção a nível político, social e cultural. Na última parte reflectir-se-á sobre o papel deste movimento social na construção da cidadania das pessoas com deficiência e no desafio das concepções dominantes de deficiência em Portugal.
- FONTES, Fernando
PAP1158 - Cidadania e imigração na União Europeia: a força das fronteiras nacionais
A comunicação terá como objectivo reflectir acerca dos desafios que se colocam ao exercício de cidadania no contexto da União Europeia, considerando as transformações decorrentes dos processos de globalização, da consagração da cidadania da União e dos fluxos migratórios que ocorreram, nas últimas décadas, no espaço europeu. Tal como foi cinzelada nos séculos XIX e XX, a cidadania corresponde ao contrato de reconhecimento mútuo entre o Estado e o indivíduo, mas tal condição é sempre antecedida pela origem nacional. Neste sentido, a cidadania é expressão da dupla pertença estatal (cívica, política, legal, contratual) e nacional (cultural, simbólica, afectiva). Ainda que venha acrescentar um novo patamar de direitos, a cidadania europeia não prescinde da condição da nacionalidade, pelo que nela não se verificam os pressupostos de uma cidadania pós-nacional. Acresce que as transformações por que passam os Estados e as suas formas mais canónicas de soberania, em paralelo com o processo complexo de globalização, obrigam a um trabalho sociológico de desconstrução da própria ideia de cidadania, designadamente no que respeita à dissociação da pertença nacional e à sua relevância em Estados em processo de enfraquecimento.
De modo a operacionalizar a reflexão em torno dos limites da cidadania europeia, serão consideradas as políticas e práticas de integração de imigrantes oriundos de Estados-membros da UE, em Portugal, procurando compreender como a origem nacional condiciona não apenas o usufruto de direitos, mas sobretudo as representações sociais produzidas sobre diversas comunidades imigrantes. Importante será também perceber de que modo estes movimentos migratórios poderão induzir identidades e sentidos de pertença mais amplos, plurais e diversos, saindo das fronteiras do território natal e contribuindo para a construção de uma cidadania europeia. Serão analisadas as políticas de imigração e de atribuição da nacionalidade, assim como alguns indicadores de integração de imigrantes, com o objectivo de produzir uma síntese das políticas nacionais respeitantes ao fenómeno da imigração e de, simultaneamente, problematizar as práticas delas decorrentes.
- RIBEIRO, Rita

- RODRIGUES, Sónia
Rita Ribeiro é Professora Auxiliar no Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais e investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais, da Universidade do Minho. Fez estudos de graduação em Sociologia e Mestrado em Antropologia, tendo-se doutorado em Sociologia, em 2008. Desenvolve investigação na área da sociologia da cultura, em particular no domínio das identidades colectivas, e no domínio das migrações e cidadania.
PAP1555 - Cidadania e participação em saúde: concepções dos estudantes de enfermagem
A cidadania tem-se tornado uma matéria comum nos dias de hoje e são várias as perspectivas utilizadas para definir o conceito. Falar de cidadania pressupõe que possamos falar da qualidade de membro de uma determinada comunidade, sendo que cada comunidade dá origem a uma forma diferente de cidadania, donde esta reflecte não só a forma de governo instituída em cada sociedade mas também a forma de relacionamento social dos indivíduos que a compõem. Esta trabalho pretende dar a conhecer as concepções dos estudantes de enfermagem acerca do que entendem como cidadania, mas fazê-lo leva-nos a questionar os processos de intervenção cívica desses estudantes ao longo dos processos de formação em enfermagem. Falar de cidadania e de intervenção cívica em saúde pressupõe que se reflicta sobre o reconhecimento comunitário de uma pertença. Material e método: Estudo exploratório de natureza quantitativa. Foi aplicado um inquérito por questionário a 259 estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem de uma Escola Superior de Enfermagem. Resultados: Os processos de aprendizagem, a construção do saber e a intervenção cívica em saúde dos estudantes inquiridos demonstram que as trajectórias de intervenção são desenvolvidas através do confronto com as situações concretas, na descoberta constante que se faz do meio onde se movem, mediante uma trajectória individual de assimilação relativa e selectiva da cultura profissional dominante. Conclusões e discussão: A intervenção cívica e participação responsabilizada dos estudantes ao longo do seu processo de formação leva-nos a reiterar a pertinência de reflectirmos sobre o sentido de “aprender como aprender”, criando condições aos estudantes para o contacto com a realidade social, desenvolvendo-lhes uma certa predisposição interna para a descoberta do sentido do cuidar
PAP0842 - Cidadania, identidade e activismo gay e lésbico: Diálogos paradoxais
Esta comunicação toma como ponto de partida a temática do reconhecimento – social, político – num domínio particular: o das identidades sexuais e, em especial, das identidades gay e lésbica. As estratégias de reconhecimento adoptadas pelo movimento gay e lésbico dominante – assentes na reclamação de uma forma particular de cidadania e dos chamados “direitos sexuais” – têm contribuído para reafirmar fronteiras e (re)produzir exclusões. Ao organizar o seu discurso em torno de identidades entendidas e apresentadas como reais e estáveis, e remetendo para segundo plano tanto a questão das relativas indeterminação e fluidez identitárias, como a da escolha, o movimento gay e lésbico tem contribuído para a sua naturalização. A homossexualidade surge, hoje, mais como diferença real do que como limite discricionário, o que sublinha a conflitualidade – nalguns casos, o divórcio – entre uma produção científica de teor predominantemente construtivista e um activismo político apostado no reconhecimento de uma categoria distinta e particular de pessoas. Concomitantemente, quando se analisa o modo como os próprios actores sociais se vêem, se definem e se situam, as teses da transitoriedade ou da fluidez identitárias parecem não encontrar especial suporte. Na verdade, está aqui em causa um paradoxo subjacente às lutas de classificação social, em geral, com impactos nos processos de construção identitária: a consagração do direito à existência opera pela demarcação de uma fronteira que inclui, mas também exclui, que impõe, como notou Bourdieu (1998: 113), “um direito de ser que é um dever ser (ou de ser)”. É, então, realmente, possível estar “em trânsito” quando estão em causa certos direitos considerados fundamentais? É possível garantir o cumprimento dos princípios da liberdade, da igualdade e da dignidade de todos os seres humanos evitando processos de reificação identitária e novas formas de exclusão?
- BRANDÃO, Ana Maria

Ana Maria Brandão
anabrandao@ics.uminho.pt
Ana Maria Brandão é professora auxiliar no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho e Investigadora Integrada do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Doutorada em Sociologia pela Universidade do Minho, com uma tese intitulada “«E se tu fosses um rapaz?» Homo-erotismo feminino e construção social da identidade”. Os seus interesses de investigação centram-se na análise dos processos de construção identitária na modernidade, privilegiando a interseção entre sexualidade e género.
PAP1203 - Cidade Maravilha, purgatório da beleza e do caos - Globalização e Política Urbana no Rio de Janeiro no limiar do século XXI
Qualquer análise sobre as transformações observadas nas cidades contemporâneas não pode prescindir de uma referência à globalização. Esta aparece, em geral, como uma “entidade” implacável que não deixa “pedra sobre pedra” por onde atua, definindo novos rumos à economia, à cultura, às relações sociais, à política e à dinâmica citadina, em diferentes partes do planeta. Pensar a globalização como algo dado, inevitável é desconsiderar o fato de que ela se configura enquanto um projeto incompleto que traz em si duas verdades (contraditórias em sua essência): “uma geografia sem fronteiras e de mobilidade e uma geografia de disciplina de fronteira” (MASSEY, 2008). Em suma, extraterritorialidade para uns (homens de negócios, da cultura, acadêmicos, turistas) X prisão à localidade para a grande maioria desfavorecida (BAUMAN, 1999). A realidade que marca muitas cidades, sobretudo aquelas de países emergentes ou do Terceiro Mundo, demonstra o quão o ambiente urbano tem sido desfavorável quanto às possibilidades de acesso e de escolha por parte de grande maioria dos citadinos, agudizando/cronificando situações de pobreza, exclusão, segregação, mobilidade, preconceito/discriminação, desemprego, falta de participação política. A Cidade do Rio de Janeiro é exemplar para a discussão sobre a forma como o tripé globalização, desigualdade e mobilidade tem se conformado nos discursos dos diferentes atores e se expressado objetivamente na configuração das relações que marcam a espacialidade urbana. O que se constata é que as diferentes iniciativas de gestores e planejadores – materializadas nas políticas urbanas que, desde os anos 90, principalmente, buscam inserir a Cidade no que se convencionou chamar de “mercado mundial de Cidades” – não têm sido capazes de dirimir as desigualdades intraurbanas, tampouco de proporcionar a todos os moradores o acesso às tão difundidas “vantagens” da globalização. A marca que se pretende impingir ao Rio de Janeiro – associada à cultura, ao lazer, aos esportes, aos grandes eventos internacionais – e as ações implementadas a partir de parcerias público-privadas reeditam políticas urbanas excludentes, segregacionistas, claramente comprometidas com as demandas do capital. Mesmo as iniciativas ancoradas no discurso de integração da “cidade informal” (“favelas”) à “cidade formal”, bem como as ações de “pacificação” das comunidades antes dominadas pelo tráfico possuem vinculação ao modelo de cidade perseguido (cidade global) e nenhum compromisso com as demandas legítimas dos citadinos. Tudo isto fica muito claro quando constatamos que as áreas priorizadas por estes projetos são aquelas com maior visibilidade e as que agregam equipamentos voltados para o turismo, para a cultura e o lazer – logo, capazes de atrair investidores nacionais e internacionais, bem como um público “qualificado”, principalmente os turistas.
- MAIA, Rosemere Santos
- ICASURIAGA, Gabriela Lema
PAP0651 - Cidades Litorais. Vulnerabilidade e Resiliência no âmbito da Sociologia do Risco e Incerteza
O que torna algumas cidades mais vulneráveis e menos resilientes face a eventos naturais? As cidades, nomeadamente as litorais, são, hoje, locais com enormes recursos, mas também territórios de grandes vulnerabilidades. Representando tecidos sociais muito complexos, palcos de diversas mudanças e recomposições ao longo dos anos, incorporam a questão dos riscos urbanos, onde se cruzam, entre outros, problemas como os planos de ordenamento, as assimetrias no desenvolvimento das relações socioeconómicas, que se repercutem nomeadamente no acesso desigual ao espaço e à informação pelas comunidades, grupos e indivíduos presentes. De facto, o que transforma um evento natural num desastre não são apenas os aspectos físicos dos fenómenos, associados à destruição ambiental e parque edificado, mas o grau e a qualidade da informação das pessoas sobre tais eventos e consequentes reacções aos mesmos. E, por isso, as causas e efeitos do impacto de fenómenos naturais não poderão ser entendidas à parte dos contextos sociais onde ocorrem. Com base no modelo de vulnerabilidade contextualmente situada, e tendo Cascais como objecto de análise, propomo-nos identificar os factores de vulnerabilidade bem como as características que permitem responder e recuperar do impacto de eventos naturais que podem configurar desastres ou mesmo catástrofes. Os conceitos de vulnerabilidade e resiliência, neste sentido, aparecem interconectados, dando visibilidade às características que demonstram tanto a respectiva variação geográfica da sua componente social, como o espectro causal da mesma. Em suma, numa perspectiva da sociologia do risco faz-se uma reflexão sobre os conceitos de perigo, incerteza e risco e sua interligação com a problemática dos desastres. O foco será orientado para a cultura de risco e suas implicações sociais, económicas e políticas, relacionadas com as dimensões físicas de eventos naturais, mas também com as acções humana que podem contribuir para aumentar ou reduzir a incerteza tanto em medidas preventivas como na capacidade de resposta, e de recuperação, tendo por base que tanto a vulnerabilidade como a resiliência são parte de um processo que ocorre ao longo de um tempo em que organizações sociais operam como sistemas sociais complexos.
- CARMEN, Diego Gonçalves

- RIBEIRO, Manuel João

- MENDES-VICTOR, Luís Alberto

Carmen Diego Gonçalves: Doutorada em Sociologia, especialidade da Comunicação, Cultura e Educação, pelo ISCTE. Investigadora de pós-doutoramento, com bolsa da FCT, e Investigadora Associada ao Núcleo de Estudos em Ciência, Economia e Sociedade, no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A sua investigação centra-se nas dimensões da vulnerabilidade e resiliência, incidindo: (a) na natureza compósita do conceito de desastre natural; (b) no desenvolvimento de métodos e métricas para avaliar e quantificar as condições de base da vulnerabilidade e resiliência aos desastres, mas também para avaliar os adversos e diferenciais impactos dos hazards, nomeadamente o impacto traumático nas populações e equipas de emergência; e (c) os factores que inibem a resposta eficaz a desastres. Desenvolveu a actividade profissional nas áreas da docência, investigação e formação universitárias. Participou em vários projectos nacionais e internacionais. Experiência na concepção, implementação, desenvolvimento e acompanhamento de projectos de investigação em rede, nacionais e internacionais. Autora de diversas comunicações. O seu trabalho tem sido publicado em revistas e livros nacionais e internacionais.
Manuel João Ribeiro: Sociólogo, pelo ISCTE. Doutorando do Programa de Doutoramento "Território, Risco e Políticas Públicas, do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Actualmente Director de Departamento do Serviço Municipal de Protecção Civil da Câmara Municipal de Cascais. Tem desenvolvido trabalho na área da vulnerabilidade, com construção de índices, nomeadamente das zonas históricas de Lisboa. Colabora em projectos nacionais e internacionais, tendo o seu trabalho sido publicado em revista nacionais e internacionais da especialidade.
Luís Alberto Mendes Víctor: Geófisico, Professor Emeritus, FCUL. Ingressou no quadro de docentes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 1971, criou o Grupo de Geofísica Interna da FCUL em ligação com o Instituto Geofísico do Infante D. Luís. Desenvolveu intensa actividade científica nacional e internacional nos domínios da Geofísica Interna, assegurou a participação científica em dezenas de reuniões das Comissão Sismológica Europeia, Sociedade Europeia de Geofísica, União Europeia de Geociências, Associação Internacional de Sismologia e de Física do Interior da Terra e União Geodésica e Geofísica Internacional, desde 1975. Actualmente é Presidente do Centro Europeu de Riscos Urbanos ( EUR-OPA – Conselho da Europa) e Presidente do Comité Português para o Ano Polar Internacional. Tem vindo a dedicar-se a estudos interdisciplinares, com ênfase para a interacção ciência-sociedade, nomeadamente no que diz respeito à redução dos impacto de fenómenos naturais nas populações.
PAP1295 - Ciencia, Tecnologia e Produção de Alimentos: uma visão crítica
Este texto se insere no debate sobre produção de técnicas e de conhecimentos científicos na área de alimentação, especificamente sobre a produção de carnes. É um estudo interdisciplinar contido nas áreas confluentes de Sociologia e de História das Ciências e das Técnicas. Pretende demonstrar que os conhecimentos científicos e tecnológicos para esse fim são mais amparados pelas finalidades estritas de lucro do que para o bem estar humano. O consumo de carnes tem cada vez mais desempenhado um papel fundamental no destino humano. Embora essa questão seja tema de debates antigos, remontando às primeiras décadas de 1800 - onde sobressaem as discussões em torno dos nomes de Thomas Robert Malthus (1766-1834), economista britânico, e das idéias do filósofo francês Marie Jean Antonie Nicolas de Carirat, marquês de Condorcet (1743-1794) – e bem mais tarde, de forma intensa, nos EUA, nas décadas que precederam à Segunda Guerra mundial, hoje ela ganha um papel bem destacado pelas características e consequências anunciadas por diversos estudiosos e críticos. A produção de carne, no pós Segunda-Guerra Mundial, é altamente industrializada, com suposição alardeada, de que seja necessária e saudável como alimento para o bem estar humano. Sua industrialização implicou no aparecimento de desenvolvimentos técnicos que a tornam cada vez mais acessível e, mais barata. As técnicas desenvolvidas concernem mais com a produção, com o abate em larga escala, com a distribuição e com a conservação e procuram atender muito mais as expectativas de mercado, cada vez mais monopolizado, do que propriamente com uma alimentação de qualidade que se insira na solução do problema da fome. Nessas condições, há que se examinar a qualidade dos produtos dos animais abatidos e verificar suas implicações, como carne industrializada – ou seja, processada - para o corpo humano (saúde). Assim, implica em examinar conjunto de textos atuais que se inserem nesse debate indicando não apenas as conseqüências para a biologia humana, como também produzindo mazelas para o meio ambiente pelo seu consumo – desmatamento, perda da biodiversidade, poluição ambiental: da atmosfera, da água e da terra, etc. Enfim,este trabalho que apresento, é um estudo crítico das inovações tecnológicas destinadas à produção de alimentos, num sistema econômico capitalista que procura indicar posturas políticas para serem inseridas nas discussões sobre sustentabilidade sócio-ambiental e propõe sugestivamente caminhos a seguir.
- OLIVEIRA, José Carlos de
PAP1530 - Cientistas, empresas e os tribunais: novos cenários para o desenrolar das pelejas socioambientais
O presente paper pretende problematizar a relação entre a produção de ciência e tecnologia relacionada às questões ambientais em geral, e, ao tema das mudanças climáticas, em particular, no contexto brasileiro. Pondera as dinâmicas de conflitos e cooperação que se estabelecem entre as comunidades científicas e tecnológicas e os organismos públicos e/ou privados, de natureza econômica, jurídica ou da sociedade civil. Em um nível, a reflexão tenta dimensionar o impacto das problemáticas ambientais sobre as comunidades as comunidades científicas e dos processos difusos e controversos que se formam na interface com, principalmente, os interesses econômicos no contexto dos tribunais. Considera-se o pressuposto Collineano de que um contexto dos produtores de ciência deve ser sintonizado com as expectativas de como o mundo se comporta. Apreende-se um campo rico de controvérsias, epistemológicas e políticas que produzem seus efeitos nos âmbitos regulatórios e de definição dos objetos de pesquisa a serem financiados com recursos públicos.
- LIMA, João Vicente Ribeiro Barroso da Costa
PAP0645 - Cinema e realidade: entender a função vital da sétima arte
Para a compreensão e definição da vida humana e das distintas “versões-do-mundo” (Goodman), a Arte desempenha um papel fundamental ao permitir indagar elementos sensoriais e criativos da realidade que a Ciência não enquadra na sua ambição de objectivar e universalizar o real. Neste contexto, o Cinema instituiu-se como forma artística mais completa para criar metáforas sobre dados do real. Ao aliar imagem, som, palavra, ficção, metáfora e narrativa, permite simular e actualizar o passado, reflectir sobre o presente ou imaginar o futuro. O Homem pode assim expressar e experimentar sentidos e ideias em mundos possíveis e simulados, que contribuem para a construção da sua identidade e compreensão da (sua) realidade.
- ALVES, Pedro

Pedro Alves, Porto (Portugal). Conclui, em 2007, a Licenciatura com Mestrado integrado em Som e Imagem na Escola das Artes da U.C.P. - Porto, com estágio curricular na RTP - Meios de Produção. Entre 2007 e 2008 trabalha na Utopia Filmes, Lisboa, nas áreas de Produção, Operação de Câmara e Argumento. Entre 2008 e 2011 participa no projecto “Revisitar / Descobrir Guerra Junqueiro” da Escola das Artes da U.C.P. - Porto, como Assistente de Realização e Co-Director de Fotografia de "Nome de Guerra, a Viagem de Junqueiro" e Assistente de Produção em "A Música de Junqueiro". Actualmente é bolseiro da FCT em Doutoramento na Faculdade de Ciencias de la Información da Universidade Complutense de Madrid, investigando temas relacionados com produção e recepção de cinema. É também membro da Associação Científica ICONO14 (Espanha) desde 2010, e colaborador do CITCEM (FLUP - Porto) desde 2011.
PAP1336 - Ciência e Tecnologia da Alimentação: um estudo critico
Por equívoco encaminhei anteriormente o rascunho. Por favor substitua por este corrigido. Obrigado
Este texto se insere no debate sobre produção de técnicas e de conhecimentos científicos na área de alimentação, especificamente sobre a produção de carnes. É um estudo interdisciplinar contido nas áreas confluentes de Sociologia e de História das Ciências e das Técnicas. Pretende demonstrar que os conhecimentos científicos e tecnológicos para esse fim tem sido mais amparados pelas finalidades estritas de lucro do que para o bem estar humano. O consumo de carnes tem cada vez mais desempenhado um papel fundamental no destino humano. Embora essa questão seja tema de debates antigos, remontando às primeiras décadas de 1800 - onde sobressaem as discussões em torno dos nomes de Thomas Robert Malthus (1766-1834), economista britânico, e das idéias do filósofo francês Marie Jean Antonie Nicolas de Carirat, marquês de Condorcet (1743-1794) – e bem mais tarde, de forma intensa, nos EUA, nas décadas que precederam à Segunda Guerra mundial, hoje ela ganha um papel bem destacado pelas características e consequências anunciadas por diversos estudiosos e críticos. A produção de carne, no pós segunda-guerra, é altamente industrializada, com suposição alardeada, de que seja necessária e saudável como alimento para o bem estar humano. Sua industrialização implicou no aparecimento de desenvolvimentos técnicos que a tornam cada vez mais acessível e, mais barata. As técnicas desenvolvidas tem a ver mais com a produção,com o abate em larga escala, com a distribuição e com a conservação que procuram atender muito mais as expectativas de mercado, cada vez mais monopolizado, do que propriamente por uma alimentação de qualidade que se insira na solução do problema da fome. Nessas condições, há que se examinar a qualidade dos produtos dos animais abatidos e verificar suas implicações, como carne industrializada – ou seja, processada -, para o corpo humano (saúde). Assim, implica em examinar conjunto de textos atuais que se inserem nesse debate indicando não apenas as conseqüências para a biologia humana, como também produzindo mazelas para o meio ambiente pelo seu consumo – desmatamento, perda da biodiversidade, poluição ambiental: da atmosfera, da água e da terra, etc. Enfim, este trabalho, é um estudo crítico das inovações tecnológicas destinadas à produção de alimentos, num sistema econômico capitalista que procura indicar posturas políticas para serem inseridas nas discussões sobre sustentabilidade sócio-ambiental e propõe caminhos a seguir. Tudo isto dentro de uma perspectiva histórica.
- OLIVEIRA, José Carlos de
PAP0028 - Classe, cultura e língua em Terras de Miranda: um estudo sociológico sobre a produção e crise de reprodução da cultura e língua mirandesas.
Neste poster
pretende-se expor os
principais
objectivos do
projecto de
investigação
desenvolvido no
Curso de
Doutoramento em
Sociologia -
Desigualdades,
Cultura e
Território, da
Faculdade de Letras
da Universidade do
Porto, ainda em fase
inicial e
exploratória, mas já
determinado por
motivações
específicas e opções
de ordem teórica e
metodológica que
permitem desenhar um
quadro inicial de
questões, hipóteses
de trabalho e
trajectos de
pesquisa.
Pretende-se abordar
a área das línguas
minoritárias (caso
mirandês)face aos
seus
condicionalismos
sociais e políticos,
bem como oferecer um
conjunto de dados
sociológicos que
permitam aceder a
uma leitura
diferente sobre os
modos de produção,
difusão e utilização
de uma língua
outrora popular,
rural e transmitida
oralmente e,
actualmente, língua
oficial portuguesa
com expressão
escrita.
O caso mirandês
exige um trajecto de
investigação a dois
tempos distintos
que, por sua vez,
implica estudar uma
dualidade
importante:
tradição/oralidade
versus
modernidade/escrita,
integrando
concomitantemente
uma análise de
classes (estruturas
sociais), dos
universos simbólicos
e identitárias
(práticas
simbólico-ideológicas)
e uma abordagem
sócio-histórica
(fenómenos
desestruturadores do
espaço periférico
onde se fala o
mirandês) que
implicam abordar
processos como a
escolarização, a
emigração, a
abertura dos espaços
rurais, migrações,
entre outros.
Pensando na
realidade
portuguesa, o
objectivo de estudar
um território
periférico, de
fronteira,
desfavorecido,
profundamente rural
e com a existência
de um fenómeno
identitário quanto
uma língua própria
comporta, coloca-nos
perante uma
importante tarefa de
reler a história de
um país (falsa e
orgulhosamente
monolíngue)e da sua
recente evolução e
apurar como se
reconfiguraram os
cenários de
transmissão e
reprodução da língua
mirandesa.
Ao procurarmos
desocultar esta
realidade complexa
estaremos a
contribuir com
conhecimento
aprofundado para que
o mirandês se
continue a falar e
agora a escrever e
viva como língua
legítima.
- FERREIRA, Sérgio André F. Paulo

Sérgio Ferreira (Sociólogo)
Nasceu no Porto (1975) e vive em Bragança há 11 anos. Presentemente exerce funções de Técnico Superior de Sociologia, na Câmara Municipal de Bragança (desde 2004), no Departamento de Educação, Social e Cultural. A sua carreira académica tem sido apoiada regularmente por diferentes instituições financiadoras, na Licenciatura em Sociologia (Prodep II - 1998), no Mestrado em Sociologia (FCT - 2003) e no Curso de Doutoramento em Sociologia (FCT - 2011), trajecto integralmente realizado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Actualmente é doutorando em Sociologia (desde 2007) com um projecto denominado “Classe, cultura e língua na Terra de Miranda – Um estudo sociológico sobre a produção e crise de reprodução da cultura e língua mirandesas”. Desde 2009, tem exercido pontualmente a actividade docente em instituições de ensino superior público e privado no distrito de Bragança, leccionando disciplinas como Introdução às Ciências Sociais e Teorias Sociológicas. Mantém interesse em áreas como a sociologia da cultura, sociologia rural, línguas minoritárias, língua mirandesa, sociologia das classes sociais, demografia social, sociologia da linguagem.
PAP0452 - Classes sociais e Cidadania Política: Portugal em perspectiva comparada
O conceito de classe social tem, nas últimas décadas, sido alvo de contestação de diversas correntes, em especial as ligadas às teorias da modernidade (e.g. tardia, reflexiva, pós-modernidade). Contudo, vários autores defendem, numa perspectiva relacional, que o efeito de classe mantém os seus efeitos estruturais em termos de oportunidades profissionais e escolares, mas também na formação de identidades. Assim, o objectivo deste trabalho é o de recuperar as classes sociais para uma leitura da cidadania política em Portugal e na Europa, tendo também em conta uma perspectiva histórica sobre esta mesma relação.
Argumenta-se que a relação entre classes sociais e cidadania política é um elemento central na constituição e entendimento da Modernidade uma vez que permite observar formas diferenciadas de poder e de influência na relação entre cidadãos e instituições no âmbito do Estado-Nação (Mouzelis, 2008; Cabral, 2000). A cidadania política, que aqui assenta na combinação entre participação política e envolvimento cívico, pode ser entendida como um eixo adicional de desigualdades que se intersecta com as classes sociais, sendo esta relação um indicador de distância ao poder, de influência e integração no centro político (Cabral, 2006; Mouzelis, 2002).
A partir dos dados do European Social Survey e colocando Portugal no centro de uma análise transnacional, procura-se perceber quais as suas especificidades face à Europa, identificando, assim, desigualdades de influência conforme a posição social. Além do mapeamento da estrutura de classes e dos padrões cidadania, bem como da sua relação, a análise apoia-se numa tipologia de cidadania que permite identificar formas diferenciadas de acção e relação com o Estado, observando-se formas específicas de distância ao poder. Em termos gerais, há um efeito geral que se repercute pelas classes sociais, ainda que a integração seja diferenciada consoante região da Europa.
Uma comparação do caso português face à Europa mostra uma contraposição entre as detentoras de capital cultural e as restantes classes sociais. Com base em investigação realizada sobre o tema é possível demonstrar que esta relação está imbricada num sistema de dominação que se tem reproduzido ao longo da história, em diversos regimes políticos (Cabral, 2006). Argumenta-se que esta se reflecte nas formas de cidadania política com impactos negativos entre os cidadãos de menores recursos gerando processos de desafeição política e afastamento face ao poder político.
- CARVALHO, Tiago

Nome: Tiago Carvalho
Afiliação institucional: CIES-IUL
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Classes sociais, sociologia política
PAP0909 - Clima de Segurança no sector hoteleiro - Uma abordagem sobre os estabelecimentos hoteleiros do Litoral Alentejano
Esta comunicação resulta de uma investigação
que teve como objectivo a caracterização do
clima de segurança no sector hoteleiro do
Litoral Alentejano, centralizando-se na
identificação dos elementos que constituem o
clima de segurança existente e que se traduzem
em pontos fortes e pontos fracos, conducentes
a um clima de segurança positivo ou a um clima
de segurança negativo.
A caracterização do clima de segurança permite
a adopção de medidas de intervenção adequadas,
não só reactivas como principalmente pró-
activas, centralizadas nas reais necessidades
das organizações na área da segurança do
trabalho, promovendo a redução, e sempre que
possível a eliminação, da sinistralidade
laboral.
O estudo envolveu um inquérito por
questionário a uma população de 103
respondentes, trabalhadores de 7
estabelecimentos hoteleiros do Litoral
Alentejano.
Na investigação realizada utilizou-se como
método o método hipotético–indutivo, ancorado
num paradigma quantitativo. A análise de
correspondências múltiplas, a determinação da
consistência interna e o cálculo de médias e
desvios padrão constituíram os instrumentos de
operacionalização da informação recolhida.
Os dados obtidos permitiram, numa perspectiva
generalista, caracterizar o clima de segurança
nos estabelecimentos hoteleiros analisados
como positivo e tendencialmente forte,
identificando-se alguns dos factores que
contribuem para essa caracterização,
designadamente os decorrentes das percepções
dos trabalhadores perante questões do âmbito
da segurança do trabalho.
Numa indústria emergente, que apresenta a
nível nacional e internacional um elevado
índice de crescimento para os próximos anos, a
identificação a priori dos potenciais
perigos / riscos relacionados com o trabalho,
aliada a uma estratégia e atitude pró-activa
de todos os elementos das organizações (nas
questões relacionadas com a segurança do
trabalho) e ao conhecimento dos elementos que
caracterizam o clima de segurança existente,
contribuem seguramente para a redução da
sinistralidade no sector e consequentemente
para a promoção de um ambiente de trabalho
saudável, promotor de produtividade e
competitividade.
- GUERREIRO, Sandra
PAP0174 - Clima, energia, poluição, alimentação e biodiversidade: o ambiente na imprensa portuguesa, entre 1976 e 2005
Esta comunicação parte da discussão em torno da Compreensão Pública da Ciência e da Tecnologia (Public Understanding of Science and Technology), em particular, aborda a presença do ambiente na imprensa portuguesa.
Partindo do princípio que os artigos sobre ambiente publicados nos jornais nacionais, são representativos e fonte da cobertura dada pelos média a estes assuntos, o objectivo desta comunicação é possibilitar a construção de um retrato do que tem sido a cobertura mediática de assuntos de ambiente, entre 1976 e 2005.
Parece claro, que para possibilitar a transferência de conhecimento da actividade científica para a sociedade em geral, a comunicação de ciência e tecnologia, em geral, e de ambiente, em particular, tem um papel central. O estudo e a análise desta “ciência popular” podem fornecer um bom indicador do nível de conhecimentos, sobre ambiente, que possui o cidadão comum.
O período em análise foi fortemente marcado, por controvérsias e avanços científicos e tecnológicos, em torno das questões ambientais, de forma indiscutível. Foi um tempo em que o mundo viveu crises ambientais cruciais. Este foi um período em que as fronteiras do conhecimento, sobre os impactos da actividade humana no ambiente, desbravaram novos territórios, alargando os seus limites, para lá do imaginável.
Portugal também viveu uma autêntica revolução, em termos ambientais, nomeadamente, através de uma maior participação dos cidadãos nos processos decisórios, do acesso a fundos estruturais para a reconversão ambiental e o confronto dos cidadãos com os riscos colectivos de comportamentos ambientalmente nefastos.
Também a adesão á União Europeia, para além do já referido acesso aos fundos estruturais, trouxe mais informação e colaboração internacionais, em matérias ambientais. As obrigações de cumprimento de regras ambientais e de EIA, preconizadas pela União Europeia, foram mudando a face e a consciência nacionais, em termos ambientais.
Baseada na análise, qualitativa e quantitativa, de 1440 edições, seleccionadas aleatoriamente, de 2 dos principais jornais “populares” e 2 dos principais jornais “qualidade”, ambos jornais diários, pagos e de distribuição nacional, chegou-se a um total de 388 artigos de jornal, sobre questões ambientais.
Esta comunicação pretende contribuir para a compreensão da cobertura mediática das questões ambientais, entre 1976 e 2005, traçando o seu percurso e reflectindo sobre o seu futuro.
Esta pesquisa é financiada pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
- FONSECA, Rui Brito

Rui Brito Fonseca. Licenciado em Ciência Política, com especialização em relações internacionais, pela Universidade Lusófona. É também mestre em Ciência do Trabalho, pelo ISCTE-IUL, onde frequenta o programa de Doutoramento em Sociologia, estando a desenvolver dissertação sobre a ciência e a tecnologia na imprensa portuguesa, entre 1976 e 2005. É, desde 2000, investigador no CIES-IUL, onde tem vindo a desenvolver trabalho sobre comunicação, media e compreensão pública da ciência. É também Director de Recursos Humanos na AHBVA e docente no Instituto Superior de Ciências Educativas.
ruibritofonseca@yahoo.com
PAP0649 - Clivagens e cumplicidades entre o Estado e a Igreja católica em Portugal: os temas fraturantes
Portugal é um país maioritariamente católico e com indicadores de religiosidade significativos no contexto europeu. Contudo, tal fato não impediu a liberalização da sociedade em relação a temas delicados e fraturantes relacionados com os costumes e a bioética. São de assinalar os dois referendos sobre o aborto e as mudanças legislativas no que respeita ao divórcio, ao casamento homossexual e à procriação medicamente assistida. A eutanásia é punida criminalmente e ainda não existe um debate alargado sobre o assunto.
O divórcio, admitido pela primeira vez em Portugal em 1910, foi objeto de diversas legislações ao longo de quase um século. Durante o Estado Novo os católicos casados deixaram de poder divorciar-se civilmente, situação que mudou em 1975 na sequência do estabelecimento da democracia. Recentemente, em 2008, o divórcio passou a ser aceite como resultante da vontade declarada de apenas um dos cônjuges. O primeiro referendo sobre a despenalização do aborto ocorreu pela primeira vez em 1998 tendo vencido o “não”. Em 2007 a descriminalização do aborto foi novamente referendada e a interrupção voluntária passou a ser admitida até às dez semanas de gravidez. A lei sobre a procriação medicamente assistida foi aprovada em 2005 de uma forma relativamente discreta em termos públicos. O parlamento aprovou ainda, em 2010, o casamento entre casais do mesmo sexo.
Estas mudanças não foram propriamente pacíficas tendo originado debates mais ou menos alargados ora num registo moderado ora provocando a radicalização dos campos. Nesta comunicação pretendemos analisar o modo como diversos setores sociais se posicionaram, defendendo o pressuposto de que tal reflete o tipo de relação que tem vindo a ser construída entre o Estado e a Igreja Católica na sociedade portuguesa, a partir de 1974. Para o efeito, dedicaremos especial atenção aos vários tipos de manifestação no campo católico sobre estas matérias, desde as posições oficiais da Comissão Episcopal, às declarações do Cardeal Patriarca, de bispos e padres isolados, passando pelas modalidades de intervenção de organizações católicas e de movimentos cívicos de raiz católica. Serão de igual modo analisadas as declarações de católicos com protagonismo na vida pública, muito em particular no campo político, bem como as propostas dos diversos partidos e a argumentação subjacente.
- VILAÇA, Helena

- OLIVEIRA, Maria João

Com um doutoramento em Sociologia, atribuído pela Universidade do Porto, Helena Vilaça é Professora Auxiliar com Agregação do Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras e investigadora do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto. O seu trabalho científico tem incidido de modo dominante sobre a sociologia das religiões, nomeadamente, pluralismo religioso e étnico, religião e política, novas formas de religiosidade e espiritualidade.
Oliveira, Maria João
Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é atualmente estudante de doutoramento em Sociologia pela mesma faculdade. Encontra-se a desenvolver uma tese sobre imigração brasileira no Grande Porto, que mereceu financiamento da FCT. É ainda investigadora integrada do Instituto de Sociologia da UP e, para além da pesquisa de doutoramento, está ligada ao Groupe Européen de Recherche Interdisciplinaire sur le Changement Religieux (Gericr), pelo que concilia o interesse pela Sociologia das Migrações e das Religiões.
PAP0542 - Combate a exclusão socail por maio de políticas públicas de inclusão digital.
Incluir-se digitalmente significa muito mais que dominar tecnicamente as tecnologias e os meios de comunicação. A pessoa precisa ter plena consciência de seus direitos como cidadão e da forma de poder exercê-lo em sua totalidade, por intermédio da Inclusão Digital. Por conseguinte, o uso da tecnologia da informação é uma realidade no cenário mundial, não apenas útil, mas necessário nas grandes empresas, as quais executam programas de computadores cada vez mais complexos, é também utilizada por um indivíduo que vai ao banco mensalmente receber sua aposentadoria. Estar inserido no universo digital proporciona ao indivíduo um contato com uma enorme quantidade de informações, o expõe a uma grande massa de propagandas e possibilita uma nova forma de mostrar seus pensamentos e sua cultura.
Percebe-se que uma política de inclusão social por meio da digital precisa de uma política educacional capaz de absorver e utilizar as tecnologias intelectuais que amplificam a inteligência humana e suas funções cognitivas, criando um ciclo onde o saber digital seria uma parte da educação, impedindo que a inclusão fosse necessária. Diante dessa discussão, percebemos que a Inclusão Digital é uma necessidade real nos dias de hoje para a vida em sociedade num mundo integrado. Sem ela, grande parte da sociedade brasileira ficaria à margem do usufruto de seus direitos enquanto cidadãos. Numa visão global, sem domínio da tecnologia, dificilmente o sujeito conseguirá se inserir no mercado de trabalho onde a exigência e o domínio de tal habilidade são cada vez maiores, principalmente, nos processos de produção de bens e serviços. A internet proporciona um novo ambiente de relações sociais que também é negado aos que não possuem acesso ao universo digital. Portanto, o domínio da tecnologia é condição crucial para a ampliação e a conquista da cidadania. Deve haver cooperação mútua entre governo e comunidade local, realizar-se a verificação periódica dos resultados obtidos segundo os objetivos propostos. Rever os processos, corrigindo-os e ajustando-os de acordo com as necessidades de cada projeto. O programa Telecentros Comunitários é uma boa iniciativa, porém não promove a inclusão digital total, as dificuldades ao longo do processo de instalação do telecentro precisam ser corrigidas.
- SILVA, Williams Marques Pereira da
PAP0097 - Comerciantes e Consumidores: Velhos Métodos de Venda, Novos Hábitos de Consumo
As cidades não são imutáveis. Ao longo das
décadas e séculos sofreram alterações na sua
estrutura com consequências para os seus
habitantes. Mais recentemente temos assistido a
novas alterações com o aumento de novas
centralidades disseminadas pela cidade
consolidada mas também por novas áreas da
cidade, como consequência do desenvolvimento de
novas urbanizações.
O tecido comercial, como parte integrante da
malha urbana, tem acompanhado esta evolução,
sendo que em alguns casos pode mesmo ser
considerado como uma das suas âncoras,
sobretudo através da implantação de grandes
superfícies comerciais no exterior da cidade
antiga. Estas alterações têm provocado impactos
no tecido comercial do outrora dominante centro
da cidade, por vezes coincidente com o centro
histórico. Com menor capacidade de adaptação,
os antigos comerciantes destas áreas têm visto
a sua importância cada vez mais reduzida num
momento em que os hábitos de consumo claramente
não são os mesmos de há poucas décadas atrás.
Não existe um momento temporal específico que
defina a transição dos antigos para os novos
hábitos de consumo. Esta mudança não é brusca,
vai-se realizando no tempo, tornando-se
complicada a sua percepção. Sendo atribuída
alguma culpa aos antigos comerciantes pelo
actual momento de apatia pelo qual alguns
centros de cidades atravessam no presente, a
mesma deve, no entanto, ser relativizada pela
complexidade dos processos que envolve. Por um
lado, grande parte das alterações nos hábitos
de consumo não foi induzida por estes
comerciantes. Por outro, a maioria destes não
possuía os recursos (humanos e económicos) para
fazer face a estas mudanças e adaptar-se.
A metodologia utilizada na presente comunicação
envolve a análise de entrevistas realizadas a
comerciantes da região de Lisboa, no âmbito de
um projecto internacional, denominado REPLACIS,
cujo objectivo principal consistia em perceber
as razões pelas quais determinadas áreas
comerciais possuem maior capacidade de
resiliência do que outras.
Com esta comunicação pretendemos perceber de
que forma os antigos comerciantes assistiram a
esta mudança e se a sua adaptação à mesma se
poderia fazer de uma forma natural e integrada
na cidade actual e nos novos hábitos de
consumo.
- GUIMARÃES, Pedro Porfírio

Nome: Pedro Porfírio Guimarães
Afiliação Institucional: Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa - Núcleo de Estudos Urbanos
Área de formação: Geografia
Interesse de investigação: Geografia Urbana; Planeamento comercial.
PAP1236 - Como determinar o nível de rendimento adequado? Contribuições da investigação social para a efectiva realização do direito a um nível de vida digno
O direito a um nível de vida digno e a um
nível suficiente de recursos para obter esse
nível de vida é actualmente reconhecido numa
série de instrumentos internacionais de
protecção dos direitos humanos. A nível
europeu, o reconhecimento do direito a um
nível suficiente de recursos tem sido
salientado em diversos instrumentos,
destacando-se a Recomendação do Conselho, de
24 de Junho de 1992, relativa a critérios
comuns respeitantes a recursos e prestações
suficientes nos sistemas de protecção social,
e a Recomendação da Comissão, de 3 de Outubro
de 2008, sobre a inclusão activa das pessoas
excluídas do mercado de trabalho, ambas
recomendando aos Estados-membros o
reconhecimento do “direito fundamental dos
indivíduos a recursos e prestações suficientes
para viver em conformidade com a dignidade
humana”. No mesmo sentido, a Resolução do
Parlamento Europeu, de 20 de Outubro de 2010,
sobre o papel do rendimento mínimo no combate
à pobreza e na promoção de uma sociedade
inclusiva na Europa, estabelece que “a
existência de um rendimento mínimo adequado
constitui um elemento inalienável para uma
vida condigna e que rendimentos mínimos
adequados e a participação social constituem
pressupostos para que os indivíduos possam
desenvolver plenamente as suas capacidades e
participar na formação democrática da
sociedade”.
Neste contexto de reconhecimento do direito
fundamental a um nível de rendimento adequado
coloca-se, contudo, uma questão crucial, à
qual é necessário dar resposta para uma
efectiva promoção, protecção e realização
desse direito: Qual é o nível de rendimento
adequado ou, dito de outra forma, qual é o
nível de rendimento suficiente para obter um
nível de vida digno? Responder a esta questão
é um assunto de investigação social.
Apesar das dificuldades inerentes à
determinação daquilo que constitui um
rendimento adequado em cada Estado-membro,
existe hoje um quadro teórico e empírico que
pode servir de suporte à investigação social
que necessita de ser desenvolvida a nível
europeu e, em particular, em Portugal. Nesta
comunicação, é apresentada uma breve reflexão
sobre o desenvolvimento de métodos
cientificamente robustos com o objectivo de
determinar, de forma objectiva e assente num
consenso alargado, o nível adequado de
rendimento em cada um dos Estados-membros da
União Europeia, com especial enfoque na
abordagem consensual dos padrões orçamentais.
- PEREIRA, Elvira Sofia

Elvira Sofia Leite de Freitas Pereira é investigadora integrada no
Grupo de Pesquisa de Políticas Sociais do Centro de Administração e
Políticas Públicas e professora auxiliar no Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa. Tem
desenvolvido a sua investigação na área da Pobreza e do Bem-estar
Humano e é atualmente investigadora (com responsabilidade de
co-coordenação) do projecto "Pobreza Absoluta em Portugal", financiado
pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
PAP0671 - Como medir o Bem-estar subjectivo e calcular a Felicidade Interna Bruta (FIB)
A Felicidade Interna Bruta (FIB), por analogia com o Produto Interno Bruto (PIB) tem ocupado largo espaço nos media, especialmente depois criação de uma comissão para estudar o conceito. Essa comissão, que incluía dois prémios Nobel de grande prestígio: Joseph Stiglitz e Amartya Sem, bem como Jean-Paul Fitoussi, apresentou no seu relatório um conjunto de recomendações para medir o bem-estar subjectivo e calcular a FIB.
Mais recentemente, o bem-estar subjectivo tem conhecido grande interesse por parte dos investigadores e atenção por parte dos media, especialmente devido à ampla divulgação dos trabalhos de Veenhoven e da sua equipa, agora reunidos na World Database of happiness, criada com o objectivo de juntar num mesmo local toda a pesquisa científica sobre a felicidade. Em conferências, entrevistas e trabalhos publicados, Veenhoven enfatiza o facto de que as pessoas nunca viveram tanto tempo nem nunca foram tão felizes e afirma que a riqueza material na maioria dos países desenvolvidos tem crescido muito nas últimas décadas e tem conduzido a um aumento da felicidade, embora nem sempre se possa encontrar uma relação de causa efeito entre a primeira e a segunda. Ser mais rico não é sinónimo de ser mais feliz. As mesmas causas nem sempre produzem os mesmos efeitos, pelo que não é possível afirmar com toda a certeza o que é que torna as pessoas mais felizes.
Não obstante, a inexistência de uma correlação muito forte entre os níveis de riqueza de um país, medida através de um indicador como o PIB per capita, e a felicidade, como mostram variadíssimos estudos, não impede que no ranking da felicidade elaborado por Veenhoven e a sua equipa, entre os 10 primeiros classificados estejam 6 países europeus que, para além de registarem valores do PIB per capita elevados, estão entre os países com maiores níveis de satisfação com a vida e de felicidade.
O objectivo desta comunicação é o de apresentar uma proposta de operacionalização do Índice de Bem-estar subjectivo, com base nessas recomendações e na informação disponibilizada pelo European Social Survey, e calcular a Felicidade Interna Bruta na Europa.
Palavras-chave: bem-estar subjectivo, felicidade, felicidade interna bruta
- BRITES, Rui

Rui Brites
Doutor em Sociologia, é Professor Associado Convidado do ISEG e do ISCSP e Investigador no CIES/ISCTE-IUL.
Docente do ensino superior desde 1993, tem leccionado disciplinas de Métodos e Técnicas de Investigação e Análise de Dados Quantitativa e Qualitativa
Áreas de investigação: metodologias de investigação, valores, qualidade de vida, bem-estar subjectivo e felicidade, atitudes sociais, classes sociais, género e família, marketing social e educação.
Enquanto coordenador das áreas metodológicas e de análise de dados, tem participado em dezenas projectos de investigação social, nacionais e internacionais, e apresentou dezenas de comunicações em congressos nacionais e internacionais para disseminação dos resultados. É autor e co-autor de dezenas de artigos e capítulos de livros em publicações nacionais e internacionais.
PAP0618 - Como se escreve a vida? Regimes de socialização da classe trabalhadora no Portugal contemporâneo
Os modos de construção/representação do self e
do mundo são formados, não apenas na escola,
mas em diversos contextos sociais. No caso da
classe trabalhadora (operários e empregados e
executantes), no Portugal contemporâneo,
sabemos que os percursos escolares foram
geralmente curtos e/ou mal-sucedidos, mas
também que as suas disposições não constituem
a mera reprodução de estruturas familiares,
frequentemente tradicionais, rurais e
agrícolas. Como se formaram?
A comunicação apresenta resultados de uma
pesquisa de pós-doc, discutindo-se o processo
de socialização, à luz de cinquenta e quatro
histórias de vida produzidas por
trabalhadores, no decurso de processos de
reconhecimento, validação e certificação de
competências. Estas narrativas apontam para um
conjunto de momentos, relações e processos
relevantes na formação dos indivíduos,
guardados na memória devido ao seu importante
papel na definição e apresentação do self.
Partimos das conceptualizações de Elias,
Berger & Luckman e Bourdieu, discutindo
estudos recentes sobre a socialização,
produzidos por Wenger e Lave, Dubar, Lahire ou
Hotkinson e Goodson. Com recurso a teorias da
psicologia e neurociências, explora-se o papel
das emoções. Assim, apresenta-se uma noção de
socialização como processo de constituição dos
indivíduos e das sociedades, através das
interações, atividades e práticas sociais,
regulado por emoções, relações de poder e
projetos identitários-biográficos, numa
dialética entre organismos biológicos e
contextos socioculturais.
Seleccionámos uma amostra diversificada em
termos de idade, ocupação, sexo e
escolaridade, a partir dos inscritos em quatro
Centros Novas Oportunidades – situados em
contextos distintos (centro de Lisboa,
Barreiro, Torres Vedras e Entroncamento) –
que, após a nossa solicitação, nos enviaram
cópia dos seus trabalhos. Recorremos ao método
biográfico como forma de interpretar as cerca
de 5000 páginas de informação apurada (textos
e imagens).
Nesta comunicação, discutimos o modo como
estes trabalhadores organizam as suas
autobiografias, destacando padrões comuns,
enquanto marcadores culturais do modo como a
vida é elaborada e representada. Focaremos os
seguintes aspectos: (1) o nascimento e os
rasgos de bebé, enquanto mitos fundacionais
do “eu”; (2) a formação infantil, entre as
obrigações familiares e as brincadeiras entre
pares; (3) a escola como “experiência
estranha”, de abertura de horizontes e
interiorização de incapacidades; (4) o
trabalho, a religião, o serviço militar e o
desporto como principais comunidades
iniciáticas; (5) o casamento, a parentalidade
e a construção/aquisição da casa
como “fixadores” de identidades e
competências; (6) o desdobramento da vida
adulta em três cenários: o trabalho, a
família/casa e os hobbies/paixões pessoais.
Será equacionado como estas dimensões evoluem
no tempo, comparando três coortes: n. 1945-
1959; 1960-1974 e 1975-1990.
- ABRANTES, Pedro
PAP0951 - Como se pode construir uma escola justa? Discursos da imprensa escrita de referência em análise
GT Entre mais e melhor escola em democracia: inclusão e excelência no sistema escolar português
Os problemas que a «escola para todos» coloca à prossecução do objectivo da educação igualitária têm originado a reavaliação do papel da escola e o modelo de sociedade vigente no actual contexto. As evoluções dos papéis do mercado e do Estado Providência e as suas conexões têm vindo a ser problematizadas politicamente de formas diversas. A procura de um novo compromisso entre o Estado Providência e o mercado originou, no que respeita ao sistema educativo público, a substituição do ideal de igualdade pelo de justiça. Nesta conjuntura, a igualdade de oportunidades constitui apenas uma das formas de justiça. Tal como já não existe um consenso em torno de uma definição única de Bem Comum, o mesmo sucede relativamente ao objectivo da igualdade de oportunidades (Derouet, 2002). O desacordo ideológico quanto aos critérios de justiça mais adequados para se promover uma educação “eficaz” (Crahay, 2000) e “justa” (Dubet, 2005) era evidente nos discursos produzidos pela imprensa escrita de referência, no início da década de 2000, a propósito dos rankings escolares. Que “princípios de justiça” escolar (Dubet, 2005) são defendidos pelos fabricantes de opinião dez anos depois? A partir de uma análise comparativa dos discursos sobre educação produzidos pela imprensa escrita de referência no período de emergência dos rankings escolares (2001, 2002) e actualmente (2010/2011), analisaremos, nesta comunicação, os diferentes modelos de “escola justa” que têm vindo a ser mediatizados e os efeitos que estes poderão ter tido nas mais recentes políticas públicas adoptadas pelo actual Ministério da Educação.
- MELO, Maria Benedita
PAP1109 - Comparando o comparável: escolas e resultados em provas de aferição
Tendo por referência os alunos das escolas da Área Metropolitana de Lisboa que prestaram provas de aferição nos últimos 3 anos lectivos, analisam-se os resultados obtidos em cada escola, considerando o perfil social da população que a frequenta. Para efeitos da análise das variáveis de caracterização dos alunos envolvidos é ponderada a condição social das famílias (escolaridade dos progenitores e classe social), a sua origem nacional e, ainda, o sexo do aluno. A eleição destas variáveis deve-se ao facto de terem comprovadamente um papel importante na modelação do desempenho dos alunos.
Trata-se de comparar o desempenho das escolas neste tipo específico de resultados controlando o efeito produzido pelo particular perfil social da sua população . Para o efeito, o desempenho dos alunos é explorado, do ponto de vista estatístico, através a um modelo a vários níveis (Multilevel), no qual é possível distinguir o “nível dos alunos” e o “nível das escolas”. Desta forma, na medida em que a ignorância do perfil social dos alunos tem conduzido ao estabelecimento de rankings de escolas sem pertinência analítica, procura-se comparar o comparável. Os resultados desta análise permitem identificar escolas que tendo alunos com perfis sociais semelhantes, conseguem distinguir-se pelos resultados obtidos. A localização destas situações foi mais frequente e evidente no caso dos alunos do 4º ano de escolaridade, tendo constituído uma tarefa de dificuldade acrescida no caso do 2º ciclo.
- SEABRA, Teresa
- ÁVILA, Patrícia
- CASTRO, Leonor
- BAPTISTA, Inês
PAP1114 - Compartilhando significados culturais:: produção, circulação e consumo da cultura surda e a constituição de identidades surdas
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa que analisa a produção, circulação e consumo da cultura surda brasileira. Centrado nas produções culturais das comunidades surdas, procuramos problematizar as relações de poder envolvidas na produção de significados culturais e de identidades surdas. Para tanto, filia-se ao campo dos Estudos Culturais por entender a cultura como campo de luta em torno de significação social e aos Estudos Surdos, por conceber a cultura surda como espaço de contestação e de constituição de identidades e diferenças que determinam a vida de indivíduos e de populações. Cabe ressaltar que as produções culturais de pessoas surdas envolvem, em geral, o uso de uma língua de sinais, o pertencimento a uma comunidade surda e o contato com pessoas ouvintes, sendo que esse contato linguístico e cultural pode proporcionar uma experiência bilíngue a essa comunidade, ou seja, experiências que se dão no campo visual. Até o momento foi possível mapear as produções culturais das comunidades surdas brasileiras consolidadas em editorias impressos ou em formato digital (CDs / DVDs) com distribuição comercial ou distribuição gratuita em projetos do Ministério da Educação. Também coletamos produções culturais nas diferentes regiões brasileiras, com ênfase nos artefatos que circulam nos espaços dos movimentos surdos organizados e nos espaços escolares. Dessa forma constituímos um corpus de analise dos processos de significação envolvidos na produção, circulação e consumo dos artefatos pertencentes à cultura surda. Com ênfase no registro das produções culturais de pessoas surdas, a presente investigação prioriza os registros visuais, como as filmagens, a escrita da língua de sinais, as traduções da Libras para a escrita da língua portuguesa e outras produções artísticas. Tais formas de registro contribuem para a manutenção do leque de possibilidades artísticas e expressões da língua de sinais da comunidade surda, já que tradicionalmente a manifestação da cultura surda tem como requisito a necessidade do encontro presencial entre surdos. As possibilidades de registros visuais elencadas na pesquisa estabelecem uma relação singular tempo-espaço, abrindo outras possibilidades de encontros em que compartilhamento e trocas de significações são potencializadas entre as comunidades surdas. Diante dessas múltiplas possibilidades de produção, circulação e consumo da cultura surda, abrem-se novos desafios para pesquisas comparadas no campo cultural.
- KLEIN, Madalena

- KARNOPP, Lodenir Becker

- LUNARDI-LAZZARIN, Marcia Lise

Madalena Klein possui graduação em Serviço Social, especialização em Psicologia Social, mestrado e doutorado em Educação. Atualmente é professora adjunta no Departamento de Fundamentos da Educação e no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel- Brasil). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em pesquisas nos seguintes temas: educação de surdos, formação profissional e docente, diferença e currículo.
Lodenir Becker Karnopp possui graduação em Letras, Mestrado e Doutorado em Linguística e Letras. Atualmente é professora adjunta no Departamento de Estudos Especializados e no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desenvolve pesquisas no campo dos Estudos Culturais em Educação e na área de Linguística, com ênfase em Línguas de Sinais e educação de surdos. Bolsista Produtividade 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Márcia Lise Lunardi-Lazzarin, possui graduação em Educação Especial, Mestrado e Doutorado em Educação. Atualmente é professora adjunta no Departamento de Educação Especial e no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Desenvolve pesquisas na área de Educação, com ênfase na Educação de Surdos e Educação Especial, nos seguintes temas: currículo, políticas de inclusão/exclusão, filosofia da diferença.
PAP0868 - Componente emocional da arte doméstica na saúde
Numa perspectiva sócio-histórica, coube a Norberto Elias o pioneirismo do estudo da lenta socialização (civilização) das pulsões. Com o decorrer do tempo, o contexto social produz paulatinamente uma distinção e uma distanciação entre o que se sente e a acção que esse sentimento suscita. Tal implica não falar e reagir de imediato, mas dar tempo para reflectir antes de o fazer; substituir a passagem ao acto instantâneo ou impulsivo por uma decisão amadurecida. Perdura, então, uma praxe das pulsões ditas “naturais” ou inatas e um enquadramento das mesmas, dando forma a um conteúdo socialmente partilhado, tendo sido objecto de mudanças que induzem “novas emoções”, ou seja, uma outra forma de dar azo às pulsões “naturais” e uma outra sensibilidade na sua relação com o mundo cultural e social. Tal não significa que as emoções sejam “totalmente socializadas” sob a égide da razão reflexiva e reduzidas a qualquer expressão linguística ou discursiva. Seria ignorar a componente corporal e sensual das emoções. Todavia, ainda que provavelmente haja um enraizamento orgânico das mesmas, tal não significa que sejam a expressão de algo interno expressa no exterior. Verifica-se, outrossim, que há um contexto emergente da manifestação das emoções: interações, inter-relações, inter-dependências são o espaço próprio das emoções, dado possuírem uma tarefa comunicativa incontestável: desencadeiam-se entre pessoas que se comunicam por palavras, gestos, sinais, ou mesmo por silêncios. Mas a actividade emocional não emerge espontaneamente. Constroem-se no seio de uma relação específica com outrem que implica a duração temporal, permitindo que os laços simbólicos se enraízem numa dimensão corporal, numa forma de solidariedade (que não exclui a violência e o conflito), fundadora da composição do Eu e da sua identidade, um modo de mediação que permita estabelecer e provar a sua humanidade para além das actividades exigidas pela sobrevivência. Porém, as emoções assumem impactos diferentes segundo as circunstâncias, os grupos, as profissões… Na comunicação que nos propomos apresentar, versando sobre o trabalho emocional do cuidado doméstico (emotion work) e o trabalho emocional profissional (emotion labour), apoiando-nos num trabalho de campo à base de entrevistas semi-estruturadas, visamos relevar, por um lado, que o trabalho emocional na família, não sendo apanágio exclusivo de um dos seus membros, favorece a prevenção da doença e, por outro, que as profissões de cuidados, utilizam as suas competências e saber-fazer em matéria emocional, graças à socialização nas componentes emocionais da “arte doméstica”.
- LEANDRO, Maria Engrácia
- ESTEVES, Alexandra Patrícia Lopes

- HENRIQUES, Virgínia Barroso
- GOMES, Maria José
Alexandra Esteves é doutorada em História Contemporânea pela Universidade do Minho e investigadora do CITCEM. Atualmente, leciona na Universidade Católica Portuguesa. A sua investigação insere-se no campo da História Social, muito particularmente nos domínios da história da marginalidade, violência e prisões nos séculos XVIII e XIX, e da saúde nos séculos XIX e XX. Autora de vários trabalhos científicos, tem apresentado os resultados da sua investigação em vários congressos e em revistas da especialidade nacionais e estrangeiras.
PAP1551 - Comportamentos dos jovens universitários europeus na transição para a vida adulta
Nas últimas décadas a sociedade assistiu a processos de mudança profunda, que conduziram a novos comportamentos e a novas formas de ser e estar. Estas mudanças verificaram-se nos mais diversos campos sociais, entre eles a educação, o trabalho, a família e, no fundo, todos os percursos individuais ou colectivos Ao contrário do que se verificava em gerações passadas, a idade cronológica é cada vez menos uma referência e importa então questionar como é hoje feita pelos jovens a transição para a vida adulta. Nas gerações passadas, à infância seguia-se uma rápida transição para a vida adulta, em que a maioria dos indivíduos, quase sempre sequencialmente, entravam no mercado de trabalho, saiam de casa dos pais, casavam e tinham filhos. Actualmente, o espaçamento entre o momento de terminar a frequência do sistema de ensino (nomeadamente, o superior), arranjar um primeiro emprego e todos os restantes acontecimentos que tradicionalmente se seguiam, torna-se maior. Há também hoje uma maior variabilidade no modo como cada acontecimento vai surgindo na vida de cada indivíduo. A passagem para a vida adulta é hoje um período de vida mais longo e menos previsível, em que cada indivíduo toma as suas decisões e opções. Assistimos ainda ao maior investimento na formação e à tendência de continuidade dos estudos ao nível do ensino superior, que se tem revelado uma resposta às novas exigências do mercado de trabalho mas, também, uma possível forma de fuga à realidade do desemprego. Ao mesmo tempo, esta situação resulta no adiamento da entrada na vida adulta dos jovens de hoje. No presente estudo, procuramos compreender como é que o contexto social, económico e demográfico dos países europeus, e a frequência do ensino superior, contribuem para ‘novos’ comportamentos dos jovens na transição para a vida adulta, nomeadamente, no que diz respeito ao impacto da questão da empregabilidade. Para isso, numa análise multidisciplinar, que envolve a Sociologia e a Demografia, e através de uma metodologia essencialmente quantitativa, procuraremos identificar indicadores que poderão explicar a relação entre contexto social e económico, frequência do ensino superior e transição para a vida adulta na Europa.
- CACHAPA, Filipa C.

- MENDES, Maria Filomena

- REGO, Maria Conceição

Filipa Cachapa licenciou-se em Sociologia na Universidade de Évora e está a frequentar aí o último ano do mestrado em Sociologia. É também bolseira em projectode investigação (CEFAGE/UÉ), financiado pela FCT. As suas áreas de interesse relacionam-se com a demografia e ciclos de vida, sociologia da educação, sociologia da cultura e metodologias de investigação.
Maria Filomena Mendes, licenciada em Economia e doutorada em Sociologia na especialidade de Demografia pela Universidade de Évora é Professora Associada no Departamento de Sociologia desta Universidade.
Publicou recentemente, entre outras, as seguintes publicações:
2010, “A diferença de esperança de vida entre homens e mulheres: Portugal de 1940 a 2007” (com I. T. de Oliveira) in Análise Social, Vol. XLV (1.º), 2010 (n.º 194), 115-138.
2010, “Perfil dos imigrantes em Portugal: dos países de origem às regiões de destino” (com C. Rego, J. R. dos Santos e M. G. Magalhães), in Revista Portuguesa de Estudos Regionais, RPER, nº 24-2º Quadrimestre, artigo 7, APDR, Coimbra, pp. 17-39.
Maria da Conceição P. Rego é professora auxiliar com nomeação definitiva no Departamento de Economia da Universidade de Évora. Licenciou-se em Economia, na Universidade de Évora, em 1991, concluiu o curso de Mestrado em Economia Aplicada na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa em 1996 e em 2003 obteve o grau de Doutor em Economia pela Universidade de Évora. Os seus interesses incidem sobre as temáticas da economia e desenvolvimento regional e urbano, população e economia da educação, com destaque para a análise dos efeitos regionais das instituições de ensino superior.
PAP1572 - Comunicação de Encerramento da Área Temática
- ROCHA, Gilberta
PAP0292 - Comunicação organizacional e identidade coletiva – a comunicação como uma meta-ideia
O artigo que nos propomos apresentar pretende dar conta das principais conclusões da investigação que produzimos no âmbito de um Doutoramento em ciências sociais que teve como objeto de estudo os processos de comunicação e a sua influência na redefinição da identidade de um agrupamento de escolas em contexto de mudança.
Nele pretendemos discutir o reforço e a diversificação do investimento na comunicação por parte das instituições educativas como uma das consequências da nova gestão pública (Santiago, Carvalho e Magalhães, 2005). O nosso argumento é o de que prosseguindo os ideais de ‘qualidade’ e ‘eficácia’, as escolas têm procurado reforçar o diálogo com os seus diferentes ‘públicos’, apostando na comunicação organizacional como parte integrante de uma estratégia empreendedora, que lhes tem vindo a conferir uma nova identidade colectiva, unificada em torno de valores neo-liberais.
Revelando a influência de pressões híbridas, os complexos sistemas de comunicação então criados, transformaram-se num contexto mediador da mudança que decorre das novas concepções de escola e dos novos mandatos para a educação, assumindo-se como o locus de produção de novas identidades. O que sustentamos é que tal acontece porque a comunicação constitui o ponto de convergência entre as diferentes políticas educativas e as práticas localmente adoptadas na sequência de um processo de interpretação criativa das diferentes pressões. É este o sentido com que afirmamos que a comunicação se constitui numa meta-ideia ao serviço da ‘qualidade’, ainda que, como argumenta Stensaker (2004) esta possa ser perspectivada a partir do ideal burocrático da organização (como sinónimo de eficiência administrativa), do ideal profissional (centrada no processo de ensino-aprendizagem) ou do ideal empreendedor (valorizando a capacidade de resposta às solicitações do mercado).
Os dados empíricos que sustentaram este estudo resultam da observação do quotidiano de um agrupamento de escolas do ensino básico e dos testemunhos recolhidos, ao longo de três anos, nesta comunidade educativa.
Quanto aos resultados, apontam para a centralidade dos processos de comunicação na transformação induzida pela nova gestão pública e para o desenvolvimento de uma matriz discursiva bilinguista (Clarke e Newman, 1997), que procura harmonizar os imperativos de ‘mercado’ com o discurso pedagógico e com modelos burocrático-profissionais de organização.
Clarke, J. and Newman J. (1997). The Managerial State. London: Sage Publications.
Santiago, R. A.; Magalhães. A. e Carvalho. T. (2005). O surgimento do managerialismo no sistema de ensino superior português. Coimbra: CIPES.
Stensaker. B. (2004). The transformation of organizational identities: Interpretations of policies concerning the quality of teaching and learning in Norwegian higher education. Twente: CHEPS/UT.
- FARIA, Susana

Susana Faria, Professora Adjunta na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, integra o Centro de Investigação Identidades e Diversidades (CIID) do Instituto Politécnico de Leiria.
Doutorada em Ciências Sociais pela Universidade de Aveiro, atua na área de Sociologia, em que é licenciada, e das Ciências da Educação, onde obteve o grau de Mestre. Nos últimos anos, tem vindo a privilegiar como áreas de investigação: a comunicação organizacional, a cultura e identidade(s) coletiva(s) e os processos de transformação identitária.
PAP0293 - Comunicação organizacional e transformação identitária – o enquadramento metodológico de um estudo
O artigo que nos propomos apresentar pretende dar conta do enquadramento teórico-conceptual da investigação que produzimos no âmbito de um Doutoramento que tomou como objeto de estudo os processos de comunicação e a sua influência na redefinição da identidade de um agrupamento de escolas em contexto de mudança.
Propor-nos refletir sobre a forma como as nossas questões de investigação e hipóteses de trabalho foram ‘operacionalizadas’ no terreno, influenciando as opções metodológicas ao longo de um processo de investigação que se revelou complexo e bastante diversificado.
Numa abordagem predominantemente fenomenológica, mais do que descrever ou prescrever processos e circuitos de informação, interessou-nos, neste estudo, compreender o sentido que os atores atribuíam à comunicação organizacional, o valor que lhe conferiam, a forma como se apropriaram as mensagens e as representações que a partir dela foram construídas. Tratou-se, no fundo, de uma tentativa de penetrar na comunidade afetiva e interpretativa de uma instituição educativa, acedendo ao seu universo simbólico e à forma como as pertenças foram geridas num contexto pouco estabilizado e sujeito a processos frequentes de reconfiguração.
Neste contexto, a entrevista afigurou-se, desde o início, como a forma privilegiada de aceder às práticas discursivas e ao conjunto de significados que circula nas escolas que integram o Agrupamento analisado, dos quais, hipoteticamente, os atores poderiam não ter sequer consciência, ou pelo menos estar encobertos por tentativas de racionalização de comportamentos. No entanto, porque pretendíamos traçar uma visão panorâmica, contemplando os diferentes grupos de atores que interagem neste Agrupamento de escolas, o nosso universo de análise, além de diversificado, deveria permitir a definição de tendências e a procura de relações entre fenómenos, o que justificou, igualmente, o recurso a uma abordagem quantitativa.
Os dados empíricos, que sustentaram este estudo, resultam então da observação do quotidiano de um agrupamento de escolas do ensino básico e dos testemunhos recolhidos, ao longo de três anos, nesta comunidade educativa. Recorrendo ao estudo de caso como estratégia de investigação enveredámos inicialmente num contexto de descoberta, pela realização de observações ‘desarmadas e naturais’. Usámos, posteriormente, a análise documental, a entrevista e o questionário na recolha de informação complementar, o que, mediante o cruzamento de métodos de análise qualitativa e quantitativa, nos permitiu tirar partido da triangulação dos dados.
Bogdan, R. e Biklen. S. (1994). Investigação qualitativa em educação: Uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.
Miles, M. B. and Huberman, A.M. (1994). Qualitative data analysis. London: Sage Publication
Silva, P. (2003b). Etnografia e educação: Reflexões a propósito de uma pesquisa sociológica. Porto: Profedições.
- FARIA, Susana

Susana Faria, Professora Adjunta na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, integra o Centro de Investigação Identidades e Diversidades (CIID) do Instituto Politécnico de Leiria.
Doutorada em Ciências Sociais pela Universidade de Aveiro, atua na área de Sociologia, em que é licenciada, e das Ciências da Educação, onde obteve o grau de Mestre. Nos últimos anos, tem vindo a privilegiar como áreas de investigação: a comunicação organizacional, a cultura e identidade(s) coletiva(s) e os processos de transformação identitária.
PAP0724 - Comércio Tradicional, abordagens atuais: Análise do Comportamento de Compra e Venda numa perspectiva Etnográfica
A distribuição em Portugal, e mais concretamente o comércio tradicional, sofreu uma importante evolução desde o aparecimento dos Hipermercados em 1985.
Este novo conceito introduziu um conjunto de variáveis que revolucionou por completo a forma de comercialização em Portugal, alterou o fluxo de consumidores e traduziu-se numa forte ameaça ao retalho tradicional. Isto, sobretudo porque estes negócios maioritariamente de cariz familiar, cedo se confrontaram com a perda de clientes e baixa significativa das taxas de rotação do seu stock, entrando numa fase de declínio.
Existem, no entanto, algumas lojas, que contrariam esta tendência e através de processos de adaptação ou transformação apresentam uma elevada resiliência, conseguindo desta forma reposicionar-se no seu mercado de influência.
Como metodologia, optámos pela utilização de um estudo Etnográfico, apoiado na aplicação de um inquérito semiestruturado aos consumidores e entrevistas em profundidade aos proprietários e consumidores. Foram realizados 40 inquéritos semiestruturados e 10 entrevistas em profundidade aos consumidores.
O presente trabalho pretendeu demonstrar e analisar os motivos para a forte resiliência da Manteigaria Silva. Mais concretamente teve como objetivo analisar o comportamento de compra e venda enquanto componente fundamental no sucesso daquele espaço comercial.
Consideramos que esta Investigação é importante para a área de ciências do consumo uma vez que as conclusões obtidas permitiram conhecer quais as variáveis valorizadas pelo consumidor, podendo estas ser adotadas por outros espaços comerciais tradicionais.
As conclusões retiradas, maior importância ganham na atual conjetura económica.
- ALCOBIA, Dulce
- CORREIA, Fernando
- GOUVEIA, Paulo
- RICO, João
- ROSA, António
- ROSENDO, João
- MARTINS, Carlos
- TECHIO, Kachia
PAP0993 - Conceitos próximos mas também distantes: polivalência e politecnia no debate sobre organização do trabalho.
O presente resumo propõe uma reflexão sobre os conceitos de polivalência e politecnia à luz das mudanças ocorridas no universo do trabalho ao longo do século XX. O modelo taylorista-fordista, hegemônico durante grande parte do século XX, apresentava rigidez no cumprimento das atividades e pouca autonomia dos operadores especialistas monotécnicos, separando diametralmente o núcleo de execução do núcleo de planejamento e gestão, sendo que a gerência detinha o controle sobre o processo de trabalho. O modelo instituiu a produção em massa para consumo em massa, formatando não apenas a produção mas também a vida em sociedade. Desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX, os modelos flexíveis propunham a superação do modelo taylorista-fordista mediante uma produção diferenciada, um consumo mais criterioso, propiciando uma maior participação do trabalhador tanto na formulação dos conteúdos do trabalho como na execução de tarefas distintas da produção. Os trabalhadores polivalentes estariam imbuídos de maiores competências e também de maiores responsabilidades, tendo na cooperação um dos pilares para a implantação de uma sociedade pós-fordista. Entretanto, apesar de propor uma convergência entre o trabalho manual e o trabalho intelectual, os modelos flexíveis apresentam limitações quanto à superação da cisão entre os núcleos de execução e concepção das atividades de trabalho, estando a polivalência ligada ao enriquecimento e alargamento das tarefas, mas não à emancipação do trabalhador. Nesse contexto, o conceito de politecnia, discutido a partir dos debates socialistas sobre trabalho e educação, e reconduzido no debate contemporâneo sobre autogestão e cooperação, avança no sentido de propor a omnilateralidade do trabalhador, que participa integralmente da condução do processo de trabalho incorporando os conhecimentos científicos e técnicos sobre o trabalho. Desse modo, a politecnia enseja a autogestão da produção realizada por trabalhadores politecnicos, baseados em uma cooperação autêntica. Por fim, pode-se traçar um paralelo entre os conceitos de polivalência e politecnia, mas sem que seus fundamentos se tangenciem.
PAP0938 - Concepções e experiências de conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal: a perspetiva das pessoas que trabalham numa autarquia.
Concepções e experiências de conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal: a perspetiva das pessoas que trabalham numa autarquia.
Liliana Domingos e Rosa Monteiro
Nesta apresentação pretendemos expor algumas das principais conclusões de um estudo qualitativo sobre as conceções e experiências de conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar das pessoas que trabalham numa autarquia do centro-norte do país. O estudo foi desenvolvimento, no âmbito de uma dissertação de mestrado na Universidade Católica Portuguesa, fazendo também parte do estudo-diagnóstico da mesma autarquia no âmbito do seu Plano para a Igualdade, financiado pelo POPH (7.2). Foram realizadas 20 entrevistas semiestruturadas a uma amostra de funcionários e funcionárias da autarquia, que depois foram integralmente transcritas e analisado o seu conteúdo através do software NVivo8. A amostra intencional selecionou diferentes grupos de indivíduos segundo as variáveis: categoria profissional, habilitações escolares, idade e sexo.
A persistência de problemas de conciliação da vida profissional, pessoal e familiar é um dos sinais mais evidentes da persistência da desigualdade de género, apesar dos progressos ao nível da igualdade formal, consubstanciada em políticas públicas e legislação. No estudo, a análise da problemática da conciliação é uma análise genderizada, que coloca as relações sociais entre homens e mulheres no centro da reflexão. Isto porque se acredita no seu potencial heurístico quer para a compreensão da problemática na perspetiva dos sujeitos (a forma como conceções de género influenciam práticas, conceções e experiências de mulheres e de homens relativamente ao trabalho e à família), quer para a fundamentação de uma intervenção organizacional promotora da igualdade (objetivo do Plano para a igualdade em desenvolvimento na autarquia). Assim, são mobilizadas em termos analíticos as seguintes dimensões: Conceções sobre identidades, valores e papéis de género, estratégias mobilizadas para a conciliação, perceção do conflito trabalho-família, família-trabalho (fatores de conflito, perceções de perda), visões sobre as políticas públicas e práticas organizacionais, literacia de direitos e “sentido dos direitos”.
- DOMINGOS, Liliana

- MONTEIRO, Rosa

Liliana Domingos
Licenciada em Sociologia (UBI) e Mestre em Serviço Social na Universidade Católica Portuguesa. Os seus interesse de pesquisa centram-se nas questões da conciliação da vida profissional, familiar e pessoal e das (re)configurações das relações de género.
Rosa Monteiro
Socióloga. Professora no Instituto Superior Miguel Torga e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Doutorada em Sociologia, tem desenvolvido o seu trabalho em torno das questões da desigualdade de género ao nível do emprego, trabalho e organizações, bem como no estudo e avaliação das políticas públicas. Membro da equipa de avaliação dos Planos Nacionais para a Igualdade, e atualmente da “avaliação da integração da Igualdade de género nos fundos estruturais (QREN)” - IGFSE. Publicações mais recentes: “Metamorfoses das relações entre o Estado e os movimentos de mulheres em Portugal: entre a institucionalização e a autonomia”, Exaequo, 25 (2012); “A agenda da descriminalização do aborto em Portugal: Estado, movimentos de mulheres e partidos políticos”, Análise Social, no prelo; “A Política de Quotas em Portugal: O papel dos partidos políticos e do feminismo de Estado”, RCCS, 92 (2011).
PAP0834 - Condição juvenil e trajetórias de desvio
Esta comunicação situa o desvio juvenil no
espectro mais alargado das condições
socioeconómicas das metrópoles ocidentais,
exigindo o cruzamento de perspectivas micro e
macro sociológicas. Parte-se da compreensão das
condições materiais e simbólicas que determinam
os modos de vida nas cidades e a forma como se
repercutem na vida dos jovens, configurando
processos de desinscrição social. A condição
juvenil é associada aos actuais processos de
desregulação laboral: instabilidade,
flexibilidade e precariedade laborais,
multiplicidade de experiências de trabalho
fragmentárias, deriva no espaço de consumo
urbano. Questiona-se a centralidade discursiva
do trabalho nas sociedades pós-modernas, a
partir do paradoxo entre as narrativas que
sustentam o valor do trabalho e as condições de
efectivação da atividade produtiva, apontando-
se para um novo pacto social baseado no acesso
ao consumo. Identificam-se, deste modo,
trajectórias de deriva juvenil, a partir das
quais é possível perspectivar o desenho de
rotas desviantes.
O objectivo desta comunicação prende-se com a
apresentação de um estudo exploratório de
delimitação teórico-conceptual que sustenta um
projecto de investigação empírica sobre os
processos de desinscrição social de populações
desviantes. O desenho metodológico aponta para
uma opção qualitativa assente numa abordagem
indutiva e exploratória das narrativas
biográficas produzidas pelos jovens
institucionalizados em Centro Educativo por
prática de facto qualificado pela lei como
crime.
As expectativas de análise admitem a associação
da condição juvenil a trajetórias de deriva,
marcadas pela situação de desinscrição dos
jovens dos tradicionais espaços de
socialização. Aponta-se, assim, para a
possibilidade de uma leitura de duplo enfoque
das rotas desviantes: (i) o desvio como
expressão do agravamento das trajectórias de
deriva juvenil, representando forma última da
desinscrição do jovem na ordem social
estabelecida; (ii) o desvio como alternativa de
inscrição no plano da normatividade, permitindo
o acesso do jovem às instituições e à
confirmação da existência do Eu pela reacção
social do Outro.
Esta leitura sugere a necessidade de repensar
as narrativas sociais sobre a desviância e o
ideal de reintegração inerente à lógica de
funcionamento das instituições de custódia das
metrópoles actuais.
Palavras-chave: desvio juvenil; trajectórias de
deriva; desinscrição social.
- MANSO, Ana

- FERNANDES, Luís
Ana Manso
Professora de Filosofia do Ensino Secundário público. Termina, em 2006, o mestrado em Estudos da Criança, na área de especialização em Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho. Tem dedicado o seu trabalho de investigação à problemática do desvio juvenil e aos processos de desinscrição social de populações jovens. Frequenta atualmente o Programa Doutoral em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, sob orientação de Luís Fernandes.
PAP1183 - Condições de vida, necessidades e percepções de bem-estar: elementos para uma abordagem sociológica da qualidade de vida
A noção de qualidade de vida, nas suas encarnações contemporâneas
de aplicação científica, tem origem há cerca de 40 anos provindo
contudo de uma vasta tradição muito fragmentada de pensamento
sobre as condições necessárias para uma vida humana "digna" de ser
vivida. A necessidade de uma apreciação científica das condições de
vida dos indivíduos que devolva uma imagem apropriada, porque
multidimensional na sua abrangência, dos seus determinantes
económicos, por certo, mas também sociais e culturais, foi
precisamente um dos pontos que as discussões em torno da qualidade
de vida, pese embora a sua variedade, sempre partilharam. Uma das
vantagens, ilustrada empiricamente, das perspectivas científicas sobre
a qualidade de vida, passa pela apreciação das formas como as
experiências de vida e as subjectividade das pessoas são afectadas por
condições de existência e quadros de vida complexos e
multidimensionais, que não se resumem à componente económica de
estruturação da vida social.
Por isso mesmo, o tema da qualidade de vida mantém a sua
relevância num momento de concentração obsessiva de atenções e
discursos nas temáticas financeira e económica, uma quase hegemonia
que ameaça remeter para a sombra aspectos da sociedade que são
cruciais para a determinação de níveis de bem-estar que qualifiquem
os quotidianos.
Contudo, sendo a noção de qualidade de vida importante do ponto de
vista sociológico, ela também contém fragilidades de natureza teórica e
metodológica, nomeadamente pela sua utilização incontrolada em
vários tipos de discurso. É simultaneamente um conceito bastante
difundido e muito contestado, especialmente no âmbito científico, o
que se deve em parte à sua pluralidade teórica que nasce dos
contributos de várias disciplinas científicas.
Perante este panorama, o principal objectivo desta comunicação é
contribuir para a construção de um quadro teórico de cariz sociológico
adequado de análise da qualidade de vida. Para tal, é necessário
destituir a noção de algumas conotações menos adequadas e dotá-la
de uma densidade sociológica renovada que traga algo de novo e
relevante ao debate sobre as condições de vida e as experiências de
bem-estar. Em termos simplificados, pode dizer-se que a perspectiva
que informa este trabalho considera que se trata de um conceito com
potencialidades mas a necessitar de uma síntese que faça justiça ao
seu cariz multidimensional: na sua aplicação empírica e articulação
teórica, permite focar aspectos fundamentais da vida social e intersecta
simultaneamente vários nódulos fundamentais da teoria sociológica
(objectivo/subjectivo, individual/colectivo, material/cultural). É porém
necessário, num primeiro momento, tornar mais visíveis e, num
segundo, procurar dar resposta às implicações e interrogações que a
utilização do conceito pode ter no domínio da problematização
sociológica e na construção de modelos de análise apontados à
pesquisa empírica.
- RODRIGUES, Eduardo Alexandre

Nome: Eduardo Alexandre Rodrigues
Afiliação Institucional: Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)
Área de Formação: Sociologia
Interesses de investigação: Qualidade de vida
PAP1442 - Condomínios Habitacionais Fechados: (im)precisões conceptuais. Apontamentos para um debate sobre urbanidade e autonomia, segregação e qualidade de vida
Esta comunicação é dedicada à reflexão sobre as imprecisões históricas e conceptuais de que parecem revestir-se algumas das analogias e comparações recorrentemente estabelecidas entre condomínios habitacionais fechados (sua definição e origem) e outras formas e realidades – nomeadamente, o gueto, e áreas de génese ilegal, castigadas pela pobreza e exclusão social, como as favelas, os bairros de barracas ou shanty towns. Metaforicamente poderosas, defende-se que tais analogias e comparações prejudicam a análise sobre o que está em jogo em cada umas das realidades que, mais ou menos retoricamente, se tende a aproximar.
Elaborada no âmbito do curso de Doutoramento em Arquitectura – Dinâmicas e Formas Urbanas da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), nela se defende que a reflexão em torno do fenómeno do surgimento e expansão dos condomínios habitacionais fechados reveste-se de um particular potencial estratégico no alavancar de uma discussão sobre a cidade que pensamos ter e a cidade desejada, sobre a importância (também) simbólica das características da vizinhança próxima e sobre os mecanismos e conteúdos que legitimam a concepção de modelos ideais de habitat e modos de organização vocacionados para o governo do/sobre o espaço.
- MARTINS, Marta

Marta Martins
Estudou Sociologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), instituição pela qual se licenciou, em 2006.
Presentemente, é doutoranda em Arquitectura – Dinâmicas e Formas Urbanas na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), onde colabora, enquanto Bolseira de Investigação, com o Centro de Estudos em Arquitectura e Urbanismo (CEAU-FAUP).
Nesse âmbito, e também com o apoio do DINÂMIA’CET-IUL, Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território do ISCTE-IUL, o projecto que actualmente mais a ocupa (e preocupa!) propõe-se apreender e interpretar os códigos de convivência e negociação que estruturam o quotidiano da vida em comum na metrópole contemporânea, sedimentando novas coexistências em áreas atravessadas por dinâmicas de recomposição do seu tecido social e edificado.
Nele se revisita, pois, o clássico problema da urbanidade, interrogado a partir da tensão entre a moderna valorização da autonomia crítica das escolhas individuais e a emergência de dinâmicas de segregação sócioespacial que, além de descrever, importa compreender.
PAP1284 - Confiança e Acção Social: Uma Abordagem a Partir da Complexidade
A acção social é precedida por um processo de tomada de decisão que liga passado (o que aconteceu), presente (a decisão) e futuro (a acção social e as suas consequências). Este processo, ao possibilitar o desenrolar da acção na ausência de conhecimento relativo ao que está por acontecer, é irredutível à racionalidade. É neste sentido que propostas como as de Jack Barbalet, que sugere que racionalidade e emoção são críticas para o desenvolvimento do processo de tomada de decisão, se revestem de uma relevância particular, dado que a incerteza e risco associados a um tempo futuro, impossibilitam a circunscrição da decisão à realização de cálculos de custos/benefícios precisos (Barbalet, 1998).
A incerteza e risco associados a um tempo futuro caracterizam os processos de inovação, onde a confiança – uma emoção social entendida como expectativas seguras auto-projectadas, baseada em experiências passadas e presentes, e que decorre no limiar da consciência – possibilita o desenvolvimento da acção.
Barbalet, a este respeito, indica-nos que as emoções são experienciadas subjectivamente e expressas comportamentalmente, apresentando simultaneamente componentes cognitivos (imagens e projecções do Eu no futuro), disposicionais (disposições para agir com base nas referidas imagens) e fisiológicas (com outputs musculares, respiratórios e cardiovasculares).
Neste sentido, o trabalho do grupo de António Damásio revela pistas interessantes. Os autores mostram que outputs fisiológicos específicos, passíveis de serem socialmente construídos através da regulação de vias metabólicas inatas, estão disponíveis aos actores em condições de incerteza, possibilitando uma tomada de decisão inconsciente, quando uma análise racional e consciente se apresenta inoperável (Bechara et al., 1997). Estas alterações fisiológicas, podem ser ou não perceptíveis a observadores externos, dependendo primeiro, do sistema fisiológico que foi accionado, e segundo, da resposta que esse sistema desencadeia. Enquanto que alterações como expressões faciais ou tons de voz, posturas corporais ou gestos, são externamente perceptíveis, outras, como os ritmos cardíacos ou os padrões respiratórios, apesar de enquadrarem o processo de tomada de decisão, não se encontram disponíveis a observadores externos.
Não negligenciando a complexidade da acção social, abordaremos o papel de inputs sociais, culturais e fisiológicos para o processo de tomada de decisão em contextos de inovação. Atravessando fronteiras disciplinares almejamos uma compreensão mais abrangente do papel da confiança na acção social.
Bibliografia
Bechara, Antoine; Damásio, Hanna; Tranel, Daniel; Damásio, António (1997). Deciding Advantageously Before Knowing the Advantageous Strategy. Science, 275: 1293-1295.
Barbalet, Jack (1998). Emoção, Teoria Social e Estrutura Social – Uma Abordagem Macrossocial. Lisboa: Instituto Piaget.
- FERREIRA, Ana

- LISBOA, Manuel
Ana Margarida Alves Ferreira
Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico eDoutoranda em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.Tema de investigação: construção da Identidade Profissional em professores de Educação Física.
Últimas publicações: Ferreira, A.; Pereira, A.; Silveira, G.; Batista, P. (2012). Discursos de professores cooperantes iniciantes e experientes acerca da função de orientação: um estudo com professores cooperantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, 1, 188-200.
Alves, M.; Pereira, A.; Graça, A.; Batista, P. (2012). Practicum as a space and time of transformation: self-narrative of a Physical Education pre-service teacher. US-China Education Review. [In Press]
PAP1319 - Configurações da magistratura judicial portuguesa na longa duração: a exiguidade do fenómeno depurativo (sécs. XIX-XX)
Pretende-se examinar o ritmo cadenciado do poder de inscrição da norma até à generalização do sistema de burocratização da carreira judiciária, tendo por base o impacto do ordenamento legislativo na modelação singular da magistratura judicial portuguesa, fixado nos primórdios do longo ciclo liberal português, tendo por referência o modelo europeu de magistratura. Em paralelo, analisa-se o grau diferenciado de participação política activa e de envolvimento com o campo político por parte da judicatura com o fim de situar e de interpretar a exiguidade do fenómeno da depuração da magistratura judicial portuguesa, quando comparado com a intensidade que este fenómeno regista entre as magistraturas congéneres da Europa do Sul e de França. Com efeito, excluindo o ciclo de instauração do liberalismo monárquico (1833-1834) que assiste à “criação do corpo da magistratura judicial”, ou, dito por outras palavras, que dá lugar a uma autêntica recomposição da ordem judiciária, o fenómeno depurativo passa, doravante, a revestir um perfil marginal, como o evidenciam as ocorrências que têm lugar em momentos de acentuada instabilidade política, ainda durante o ciclo de consolidação do Constitucionalismo Monárquico (Revolução de Setembro e Revoltas Populares), ou então em momentos de transição política (I República, Ditadura Militar, Estado Novo e Revolução de Abril). Procura-se, por fim, refletir sobre o poder da tradição e da orgânica corporativa, entre outras variáveis, no sentido de potenciar a compreensão do fenómeno, tendo presente as interpretações avançadas por outros especialistas das Ciências Sociais.
- FERREIRA, Fátima Moura
PAP1568 - Configurações relacionais: uma análise comparativa ao longo do percurso de vida
As sociedades ocidentais têm vindo a assistir, ao longo do último século, a alterações fundamentais na vida familiar e nos percursos de vida, reflectindo-se numa transformação da intimidade e na pluralização dos círculos sociais de interacção. De forma a acompanhar este cenário de diversificação dos percursos de vida e de uma maior complexidade das configurações relacionais nas quais o indivíduo está inserido - na medida em que as relações íntimas e familiares não se circunscrevem nem à família nuclear nem aos limites do parentesco – o presente estudo faz um deslocamento do olhar exclusivo sobre as relações familiares per se em direcção a um espaço relacional mais alargado, o das relações de proximidade. O objectivo principal deste estudo é analisar comparativamente as redes de proximidade de portugueses pertencentes a diferentes coortes, e que atravessam, actualmente, diferentes fases do ciclo de vida. Procura-se compreender de que forma os indivíduos constroem as suas relações de proximidade ao longo do percurso de vida, privilegiando, em particular, o modo como equilibram os laços de sangue, de aliança e de afinidade. Através das perspectivas do percurso de vida e da abordagem teórico-metodológica da Análise de Redes Sociais, este estudo permitir-nos-á extrair diferentes configurações relacionais e perceber de que forma essas diferenças são atribuíveis a factores socio-estruturais (coorte, género, classe, escolaridade, profissão, localização geográfica), familiares e biográfic (eg., situação na conjugalidade, parentalidade) e biográficos (eg., mobilidade geográfica, acontecimentos e transições). Desta forma, queremos averiguar as diferenças nas configurações relacionais entre as coortes, i.e., como dependentes do percurso de vida, mas ao mesmo tempo encontrar uma diversidade de configurações dentro das coortes atribuíveis aos factores acima enunciados. Estes perfis morfológicos basear-se-ão na composição das configurações em termos de laço, mas também nas suas propriedades funcionais, ou seja, em indicadores estruturais como o tamanho, a densidade e a transitividade das redes.
- GOUVEIA, Rita

Rita Isabel do Carmo Gouveia, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL)
Licenciada em Psicologia Social pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
Actualmente a fazer o doutoramento em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).
Interesse na área da Sociologia da Família, mais concretamente, no estudo das redes pessoais e no estudo dos percursos de vida.
PAP1091 - Conflito entre uma profissão instituída e uma actividade profissional em emergência: quais as percepções dos profissionais do Direito sobre a eficácia e a pertinência da mediador de conflitos no âmbito dos Julgados de Paz em Portugal?
A comunicação apresenta uma investigação em curso na área da mediação de conflitos, na qual se procura analisar o possível conflito entre os profissionais do Direito e uma nova actividade profissional de gestão do social, o mediador, no contexto dos Julgados de Paz.
A actuação dos Julgados de Paz está vocacionada para permitir a participação cívica dos interessados e para estimular a justa composição dos litígios por acordo das partes. Os procedimentos estão orientados por princípios de simplicidade, adequação, informalidade, oralidade e absoluta economia processual. São tribunais com características especiais, competentes para resolver causas de valor reduzido de natureza cível, excluindo as que envolvam matérias de Direito de Família, Direito das Sucessões e Direito do Trabalho.
Cada Julgado de Paz possui um serviço de mediação, de acesso totalmente voluntário, constituindo uma forma de desmaterialização da justiça e de proximidade ao cidadão, cujas características apontam no sentido de celeridade na resolução das contendas, informalidade e baixo custo.
Esse serviço de mediação tem como principal objectivo proporcionar às partes a possibilidade de resolverem as suas divergências de forma amigável e concertada, sendo o papel do mediador o de conduzir a mediação em cooperação com as partes, de forma a que esta se conclua em prazo adequado à natureza e complexidade do litígio em causa. Esta intervenção é feita com recurso a técnicas específicas próprias da mediação.
Assemelha-se inegável a importância do mediador, com uma intervenção que se pauta por critérios integradores, em que as partes assumem o papel de protagonistas na construção da sua realidade, promovendo-se uma atitude de cooperação entre as elas e a busca dos seus interesses.
O objectivo principal da investigação consiste em identificar e analisar as percepções de vários “actores da justiça” sobre a mais-valia, a pertinência e a eficácia da mediação como forma alternativa na resolução dos litígios.
Os objectivos específicos passam por identificar as percepções dos sujeitos da amostra seleccionada (advogados sem formação em mediação, advogados sem formação em mediação, mas que já nela participaram acompanhando os seus clientes, advogados que simultaneamente sejam mediadores nos Julgados de Paz e Juízes de Paz) quanto às características dos mediadores com vista ao êxito da mediação; identificar as percepções desses Profissionais do Direito em relação à pertinência da mediador como agente social alternativo na resolução de contendas; e identificar as percepções dos mesmos quanto ao modus operandi dos Julgados de Paz.
Aposta-se na complementaridade dos métodos quantitativo e qualitativo, que se consubstancia na aplicação, respectivamente, de um questionário de elaboração própria para o efeito e na aplicação de um guião de entrevista semi-estruturada.
- CUNHA, Pedro

Pedro Cunha
Pós-Doutorado em Psicologia na USC, sob orientação dos Profs. Doutores Gonzalo Serrano (Espanha) e Jorge Correia Jesuíno (Portugal). Doutor em Psicologia pela USC (bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia), Licenciado em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela FEP da Universidade Católica e Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, possui Certificado de Mediador de Conflitos e Mediador Familiar.
Director da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (2001-2004), na qual é Professor Associado com Agregação. Docente convidado da FEP – Faculdade de Economia e na EGP/Business School da Universidade do Porto. Os seus interesses de investigação direccionam-se prioritariamente para as áreas de gestão de conflitos, negociação e mediação.
PAP0629 - Conflitos ambientais, redes de resistência e a perspectiva do lugar na mobilização dos moradores do bairro Camargos/Brasil.
As contradições que entrelaçam o paradigma do desenvolvimento sustentável e a emergência de conflitos ambientais devem ser pensadas através da crítica à perspectiva que considera a priori a existência do meio ambiente como uma realidade objetiva ao mesmo tempo em que universal. Nesse sentido, ao largo do debate globalcêntrico (ESCOBAR, 2005) a respeito das causas da alarmada crise ambiental ou ecológica, sujeitos e grupos sociais se organizam em busca da legitimidade e do reconhecimento de suas visões a respeito do espaço vivido (LEFEBVRE, 1999), resistindo frente a processos cada vez mais intensificados pela apropriação capitalista do espaço.
No Brasil, tem-se verificado como os conflitos ambientais evidenciam assimetrias nas relações de poder do campo ambiental (BOURDIEU, 2007; CARNEIRO, 2005) que se expressam muitas das vezes de forma objetiva em instâncias decisórias, como nos conselhos gestores do meio ambiente. Contudo, considerando a perspectiva crítica que pressupõe o ambiente como uma construção simbólica e material (ACSELRAD, 2004a; ZHOURI et al. 2005), o caráter conflitivo dessas situações atravessa questões que remetem a uma reflexão analítica pautada na centralidade das construções sociais do ambiente a partir dos pontos de vista do lugar (ESCOBAR, 2005; ZHOURI & OLIVEIRA, 2010).
A partir da análise da configuração de um conflito ambiental envolvendo moradores do bairro Camargos - localizado na cidade de Belo Horizonte/Brasil - e uma empresa de incineração de resíduos, o presente artigo discute como a perspectiva progressista do lugar (MASSEY, 2000) permeia significações e práticas sociais a respeito do ambiente e suas formas de expressão enquanto mobilização política em torno de sua defesa.
Com efeito, a organização do movimento do bairro Camargos remete às interpretações sobre os movimentos sociais na atualidade, que têm no conceito de rede sua chave analítica (SCHERER-WARREN, 2003; ESCOBAR, 2003). No entanto, a própria formação sociohistórica do bairro traz à luz aspectos identitários e políticos intrínsecos às relações sociais estabelecidas no e com o lugar, que se configuram de fundo como uma luta por reconhecimento de uma autonomia frente à heteronomia dos atores dominantes em fazer valer sua visão sobre o espaço concreto.
- VASCONCELOS, Max

Max Vasconcelos
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atua desde 2008 como pesquisador do GESTA - Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da UFMG no âmbito das pesquisas Mapa dos Conflitos Ambientais do Estado de Minas Gerais e A Política dos Biocombustíveis e os Conflitos Ambientais. Tem experiência na área de Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: conflitos ambientais; meio ambiente; justiça ambiental; desenvolvimento.
PAP0873 - Conflitos inter-geracionais e apoio aos desempregados
O envelhecimento demográfico poderá gerar conflitos inter-geracionais não apenas no que se refere à distribuição de benefícios sociais (Longman, 1987), mas também quanto à forma como o funcionamento dos mercados de trabalho deverá ser regulado. Este facto é tanto mais importante se tivermos em conta que a forma como os mercados de trabalho são regulados pode ter impacto sobre o seu desempenho (Nickell e Layard, 1999), e consequentemente sobre a capacidade das sociedades mais envelhecidas em assegurarem níveis de crescimento que assegurem a sustentabilidade do Estado-Providência.
Este paper tenta analisar até que ponto o envelhecimento demográfico poderá condicionar o apoio às politicas de apoio aos indivíduos em situação de desemprego (ver Bonoli, 2008). Mais precisamente, o paper irá testar a hipótese de que as pessoas aposentadas, como não estão expostas ao risco de desemprego, são menos favoráveis à protecção no desemprego do que as pessoas mais jovens activas no mercado de trabalho.
Para testar esta hipótese, vou usar dados do módulo ‘Role of Government’ do International Social Survey Programme (2006), que cobre 27 países europeus, e inclui informação relativa às atitudes dos inquiridos quanto ao nível de protecção que deve ser garantido às pessoas em situação de desemprego, e quanto ao nível desejável dos subsídios de desemprego. Os dados serão analisados através de métodos de análise estatística multivariada.
Bonoli, G. (2008) “The political economy of activation. Explaining cross-national variation in active labour market policy”, IDHEAP Working paper, Politiques sociales 2008/1.
ISSP (2006) 2006 ISSP Module on Role Of Government. Available at: http://info1.gesis.org/dbksearch/file.asp?file=ZA4700_bq.
Longmen, P. (1987) Born to Pay: The New Politics of Aging in America , Boston: Houghton Mifflin.
Nickel, W. and Layard, R. (1999) “Labor market institutions and economic performance” in O. Ashenfelter & D. Card (ed.) Handbook of Labor Economics, Elsevier, edition 1, volume 3, number 3.
Svalfors S. (1997) “Attitudes toward the welfare state in the Scandinavian countries”, Scandinavian Journal of Social Welfare, Nº. 6, pp. 233-246
- MOREIRA, Amilcar

Amílcar Moreira é licenciado em Sociologia (Univ. beira Interior) e doutorado em Política Social (Univ. Bath, UK). Desde Maio de 2011, é Investigador Pos-Doc no Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa, onde desenvolve um projecto sobre a economia política dos mercados de trabalho em envelhecimento. Os seus interesses de investigação centram-se sobre políticas sociais activas, pobreza e exclusão social, envelhecimento activo e política social comparada.
PAP0294 - Conflitos socioambientais e Regimes de Propriedade comum: a territorialização da pesca comercial na Amazônia brasileira
A discussão sobre os regimes de propriedade comum há muito tempo estão sendo repensados como um instrumento de reflexão para políticas públicas na resolução dos conflitos socioambientais gerados pela disputa ao acesso e uso de recursos naturais entre grupos sociais rurais. Este estudo apresenta uma dimensão sobre os conflitos socioambientais e as transformações do trabalho entre os pescadores comerciais na Amazônia brasileira e sua relação a criação de regras de acesso ao uso comum dos recursos pesqueiros nos rios e lagos da região Amazônica enquanto instrumentos de política local/comunitárias e conservação do meio ambiente.
Os conflitos socioambientais abrangem nesta região do Brasil a demarcação de áreas de uso comum entre os pescadores e também a constituição de territorialidades na pesca que se configuram enquanto elementos cruciais no debate político sobre os modelos de apropriação dos recursos naturais de uso comum. A região Amazônica apresenta dimensões bastante específicas em seus rios e lagos quanto ao uso de seus recursos em áreas geralmente consideradas livres de qualquer controle, contudo, a existência de mecanismos que de forma prática regulam os tipos de pescaria existentes em cada lugar são resultados das mudanças sociais do trabalho na pesca e do surgimento nas últimas décadas de conflitos pela posse e comercialização dos recursos pesqueiros.
Neste sentido, as modalidades de controle do acesso aos recursos naturais e sua relação com a sociedade local pressupõem na maioria dos casos a regulação múltipla das formas de uso do meio ambiente. Estes aspectos refletem os modelos de apropriação de uso comum e coletivo dos recursos naturais disponíveis, a forma como são representados os conflitos indica maior ou menor grau de controle sobre as áreas transformadas pela pesca comercial nos rios da região, e pelo uso comunitário dos lagos em atividades de pesca para a subsistência das comunidades rurais locais.
A interpretação destes fenômenos sociais requer o entendimento das formas de uso do ambiente e a maneira como são representados material e simbolicamente pelos indivíduos que compartilham de forma comum estes recursos. Esta relação, entre sociedade e ambiente, indica o importante papel do comportamento humano na tomada de decisões políticas e escolhas sobre o processo de apropriação social dos ambientes e recursos disponíveis.
- RAPOZO, Pedro
PAP0415 - Conflitos socioambientais e coletivos de mulheres: reflexões sobre a oposição às novas agrobiotecnologias no Brasil e Argentina
O artigo discute a centralidade da atuação de mulheres que se autodenominam camponesas ou agricultoras/rurais na formulação das críticas ao modelo de desenvolvimento em curso no Brasil e Argentina, que em grande medida, vigora também no restante dos países latino-americanos nas três últimas décadas.
Na América Latina as políticas de fortalecimento de uma economia agroexportadora (ainda fortemente baseada na plantation colonial), incorporam durante o período de 60-70 os conhecimentos tecnocientíficos da chamada Revolução Verde. “Revolução” caracterizada pelo uso de agroquímicos e de métodos e tecnologias que pudessem gerar aumento de produtividade dos principais monocultivos.
Nos anos 90 os “pacotes tecnológicos para o campo” incorporam as “inovações” na própria genética dos cultivos. As novas agrobiotecnologias ganham espaço com a disseminação de sementes transgênicas, que se tornam amplamente utilizadas pelos principais países exportadores de grãos em todo mundo. Apesar da rápida disseminação dessa tecnologia, não se pode afirmar que seja amplamente aceita. Os alimentos transgênicos enfrentam oposição de agricultores, consumidores, organizações e movimentos sociais. Os riscos dos Organismos Geneticamente Modificados e as questões de biossegurança seguem sendo temas controversos.
A proposta deste artigo é refletir sobre os discursos e as práticas de movimentos que compartilhem críticas as agrobiotecnologias, evidenciando o papel das mulheres. No Brasil, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), coloca questões como: soberania alimentar por meio da produção agroecológica camponesa, da recuperação de sementes crioulas e não cultivo de transgênicos. Na Argentina, grupos de mulheres ou coletivos mistos do meio rural também têm colocado propostas semelhantes. A metodologia para a pesquisa esteve baseada em entrevistas e observação nos dois países em viagens durante o ano de 2011. O material obtido foi colocado em diálogo com abordagens de autores como Alberto Melucci, Boaventura Sousa Santos e com autoras que exploram as relações entre gênero e ambientalismo (Ecofeminismo).
O fio condutor é a discussão sobre como a participação de mulheres em coletivos no Brasil e Argentina pode estar contribuindo para formação de um discurso singular que articula a dimensão da ecologia e do feminismo a um enfrentamento econômico e político às grandes corporações e proprietários de terra que monopolizam o agronegócio.
- LIMA, Márcia Maria Tait

Comunicadora social e especialista em jornalismo científico. Concluiu
o mestrado em Política de Ciência e Tecnologia na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), local onde desenvolve atualmente o
doutorado e participa como pesquisadora do Grupo de Análise de
Política de Inovação (Gapi). Seu mestrado deu origem ao livro
“Tecnociência e Cientistas: cientificismo e controvérsias na política
de biossegurança brasileira”. Atualmente trabalha com o tema da
oposição às novas agrobiotecnologias e relações com movimentos sociais
de mulheres e está realizando um estágio de pesquisa exterior (com
bolsa Fapesp) vinculado a Universidade de Valladolid. Também acaba de
concluir uma especialização em Teoria do Feminismo vinculada à Cátedra
de a Universidade Complutense de Madrid.
PAP0289 - Conformación histórica del campo educativo en Brasil y la Argentina (1930-1976)
Se describe la conformación del campo intelectual de la educación en Brasil y la Argentina. El trabajo parte de un repaso histórico de las políticas de Ciencia y Técnica en uno y otro país, y establece una comparación en la conformación de la profesionalización moderna en educación desde la mitad del siglo XX. Una de las hipótesis más fuertes es que la dictadura brasilera y los intelectuales de aquel país dieron lugar a políticas de Ciencia y Tecnología que estructuraron la profesionalización académica del campo, mientras que, en la Argentina, el alto nivel de politización impidió generar una regulación fuerte y autónoma respecto de la política.
- ISOLA, Nicolás José

- Nome: ISOLA, Nicolás José
- Bolsista doutoral do Conselho Nacionalde Investigações Científicas e Técnicas (Argentina)
- Afiliação institucional: Candidato a doutor em Ciências Sociais. Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Sede Argentina
- Professor Adjunto Regular na Universidad Nacional de Lanús - Argentina (graduação e pós-graduação)
- Área de formação: Educação
- interesses de investigação:
profissionalização em Educação– campo intelectual em Educação – Acadêmicos em Educação
Publicaçõis
Claudio Suasnábar y Nicolás Isola, “Tomás Amadeo Vasconi y la radicalización del pensamiento político-pedagógico en las décadas del sesenta y setenta”, en Revista Colombiana de Educación, Universidad Pedagógica Nacional, Colombia, N°61, 2012, ISSN: 0120-3916.
Isola, Nicolás. “Perfiles intelectuales en el campo intelectual en educación en la Argentina (1955-1983)” artículo aprobado para su publicación en Cadernos de História da Educação, Volume 11, Número 1, Jan.-Jun. 2012, ISSN: 1982-7806 (On Line); 1807-3859 (Papel), Minas Gerais.
PAP1446 - Conjugalidade e bem-estar mental de seniores em idade ativa face à perda de trabalho remunerado
Em Portugal, uma parte substancial dos desempregados que resultaram da actual conjuntura económica e social, terá mais de 50 anos. Particularmente para estes activos mais velhos o desemprego poderá resultar numa saída prematura do mercado de trabalho. Esta desvinculação precoce da vida activa, bem como a própria experiência de desemprego, acarretam riscos acrescidos também para a saúde. Desempregados e reformados em virtude de redundância, apresentam frequentemente sintomatologia depressiva, perturbações de ansiedade, comportamentos suicidas e de adição e têm maior risco de acidente cardiovascular (Wanberg, 2012)
Sabemos ainda que a conjugalidade será um factor de proteção do bem-estar, pelo que aqueles que estão casados ou vivem em união, apresentam melhores níveis de bem-estar psicológico do que os solteiros, divorciados ou viúvos (Reneflot e Mamelund, 2011). Contudo, um evento complexo como a desvinculação do mercado de trabalho acaba por ter implicações negativas na vida familiar e conjugal, pelo que o divórcio/ separação é recorrente após o desemprego de um dos membros do casal. A experiência de desemprego tem efeitos a nível individual, social e familiar, ficando assim as relações conjugais mais expostas a efeitos colaterais. Segundo vários estudos o desemprego de um dos membros do casal tende a aumentar o divórcio (Rege et al., 2007), contudo há ter em atenção um conjunto de condições socais, económicas e culturais.
Metodologicamente, procuraremos saber de que forma certas relações _nomeadamente de conjugalidade _ podem ser recursos/ ou afectadas numa situação de desemprego ou de afastamento prematuro do mercado de emprego. Para que se possa atingir este objectivo será utilizada a informação recolhida muito recentemente em Portugal através do SHARE (Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe) projeto europeu transnacional que compila informação sobre a população com 50 e mais anos em 14 países. De uma amostra de 1500 indivíduos procura comparar-se os que estão numa situação de conjugalidade com os que não estão. A satisfação com a relação será também considerada aquando da análise. Trataremos ainda de distinguir diversos clusters em função de um alargado número de características socioeconómicas.
Wanberg, C. (2012), The Individual Experience of Unemployment, Annu. Rev. Psychol. 63:2.1–2.28
Rege,M., Telle, K., Votruba,M. (2007). Plant Closure and Marital Dissolution.
Discussion Papers No. 514, Statistics Norway, Research Department.
Reneflot, A., Mamelund, SE (2011)The Association Between Marital Status and Psychological Well-being in Norway European Sociological Review Vl.0 No. 0 1–11
- NEVES, Rita Borges
- BARBOSA, Fátima
- MATOS, Alice Delerue
- RODRIGUES, Victor Terças

Victor Rodrigues é docente no departamento de Sociologia da
Universidade do Minho e investigador na linha População, Família e
Saúde do Centro de Investigação em Ciências Sociais. Formou-se nas
áreas da Sociologia, Demografia e Sociologia da Saúde. Tem
desenvolvido trabalhos na área da Sociologia da saúde, saúde
reprodutiva, saúde e bem-estar mental, migrações e envelhecimento.
Neste momento é doutorando na área da saúde e do envelhecimento.
PAP0637 - Constrangimentos Sociais em Torno dos Jogadores Portugueses da Seleção Nacional Masculina de Rugby de Sub-17
Ao nível internacional, vários estudos apontam que os atletas profissionais apresentam “um nível elevado de tolerância à dor, juntamente com um desejo em continuar a treinar e a competir, mesmo quando têm dores ou estão lesionados” (Liston, Reacher, Smith e Waddington, 2006: 388). No caso particular Português, estudos a este nível são escassos, mais ainda no que concerne a atletas não profissionais. Através do nosso estudo, pretendemos compreender os possíveis constrangimentos sociais a que os jogadores não profissionais de Rugby Portugueses estão sujeitos, dado que pertencem a uma configuração desportiva e, como tal, interagem direta e indiretamente com os outros elementos dessa configuração. Os dados para o nosso estudo foram obtidos através da realização de quinze entrevistas semiestruturadas de cerca de quarenta e cinco minutos cada. Foram entrevistados quinze jogadores Portugueses da Seleção Nacional Masculina de Rugby de Sub-17. Juntamente com objetivos pessoais, eles são frequentemente pressionados pelos outros membros da figuração para aceitarem a ‘cultura de risco’. Os jogadores estão de tal modo envolvidos na configuração desportiva que as suas ações e ideias estão intimamente ligadas com as ações e ideias dos restantes elementos (treinadores, equipa médica, dirigentes, colegas de equipa e adversários). Essa influência pode incrementar o nível de devoção, nomeadamente através de níveis de treino e competição mais elevados. Para atingirem esses níveis elevados, os atletas demonstram uma predisposição para normalizar a dor e a lesão. Desta forma observa-se uma cultura de risco inerente à configuração desportiva a qual normaliza e glorifica os atletas predispostos a praticar e a competir com dor e lesão.
- PIMENTA, Nuno
- PINHEIRO, Claudia
PAP1256 - Construcionismo Crítico: a teoria da construção social da realidade
CONSTRUCIONISMO CRÍTICO: A TEORIA DA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE
O que, hoje, nas ciências humanas, torna-se possível nomear como sendo um construcionismo crítico existente, configura-se como uma teoria social, síntese de pressupostos, descobertas e conclusões comuns aos estudos sobre indivíduo, cultura e sociedade, realizados pela antropologia, sociologia e história, assim como também formulados por concepções filosóficas, teorias em linguística, em psicologia etc. Nosso objetivo é apontar os pressupostos gerais e alguns dos postulados da concepção construcionista crítica da realidade, que encontra suas bases nas reflexões de um amplo conjunto de autores, não necessariamente identificados como pertencentes a uma única escola de pensamento nem necessariamente concordantes entre si.
Que é, pois, a concepção construcionista da realidade social? Que deve ser entendido por construcionismo crítico? Este é um pensamento radical. Se há um postulado que pode resumi-lo, é o que afirma que o mundo humano-social, em toda sua diversidade e em todos os seus aspectos, é produto de construção humana, cultural e histórica. O construcionismo crítico propõe entender a realidade social existente (incluindo as dimensões imaginárias, simbólicas e subjetivas) como uma decorrência das práticas dos seres humanos, no curso histórico e antropológico de sua contínua exteriorização e atuação nos vários espaços em que se distribuem. Esse caráter de coisa construída da realidade humano-social – experimentada de diversas formas na vida cotidiana pelos indivíduos: línguas, religiões, leis, normas sociais, valores, moral, sexualidade, ideias etc. – foi apontado por diversos estudos em antropologia, sociologia e história, assim como por concepções filosóficas e teorias em linguística, psicologia e psicanálise.
Assim, por construcionismo crítico, deve-se entender uma teoria da realidade social que tem como postulado fundamental a afirmação radical segundo a qual tudo é construído: isto é, uma compreensão de toda realidade social como resultado de construção (invenção, criação, produção, convenção) na duração histórica e antropológica. Nesses termos, uma teoria construcionista crítica da realidade social constitui um modo de pensar teórico-filosófico-científico próprio ao estudo das organizações sociais complexas que são as sociedades e culturas humanas e à compreensão de nossa existência nelas. Assim, como efeito epistemológico mais importante desse entendimento está que, como tudo é construído, tudo é reversível.
Uma ampla concepção construcionista crítica torna-se base e ponto de partida para o vasto programa de pesquisas, orientações metodológicas e reflexões sobre a realidade humano-social que vem sendo praticado pelas ciências humanas desde seu nascimento, o que configuraria uma verdadeira vocação do campo.
- FILHO, Alipio de Sousa
PAP1382 - Construção da Usina de Belo Monte no Brasil - Argumentos a favor e contra analisados sob a ótica social, ambiental e territorial na nova ordem mundial.
A territorialidade é definida por Aurélio
Buarque de Holanda como algo que conecta os
indivíduos pertencentes a uma mesma região,
sabe-se que na prática, as coisas sucedem-se de
forma diferente. A briga por território ligada
a questões ambientais deriva-se de atitudes
muito mais antigas do que a sociedade, de forma
genérica, possui conhecimento. A destruição da
Mata Atlântica no Brasil, por exemplo, teve seu
início na época da colonização dos portugueses;
E hoje, o que possuímos conservado da mesma são
apenas 20% do seu estado original, tudo
ocorrido pelo uso inconsciente e incessante da
população que ali habitava e de outros que dali
dependiam. Atualmente, uma discussão em nível
nacional, tem ocupado grande espaço nos
noticiários e gerado diversos debates acerca,
que é a construção da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte, a ser construída no estado do Pará,
na região da Volta Grande do rio Xingu. Em que
pese o governo e entidades interessadas na
construção afirmarem que haverá um baixíssimo
nível de danos para a população ribeirinha e
indígena, em contrapartida do grande benefício
esperado, ambientalistas afirmam, que a usina
diminuirá o volume de água de dez terras
indígenas, onde vivem pessoas de oito etnias
diferentes. O território dessa população será
modificado, o que nos remete não mais a uma
integração, mas sim a mudanças decorrentes de
interesses econômicos. Para evitar que isso
ocorra, um movimento contrário, encabeçado pela
sociedade civil vem ganhando corpo, com o
objetivo de impedir a construção desta usina
que modificará o cenário ambiental e o
território pertencente a um numero considerável
de pessoas, principalmente índios. A título de
curiosidade, a energia proveniente das usinas,
apesar de economicamente viável e agredir menos
a natureza, ainda assim é produtora do gás
metano, responsável por piorar em 20 vezes o
efeito estufa, sem falar nos inúmeros outros
prejuízos decorrentes da sua construção.
Grandes potências vivem a especular terras
preservadas. O Brasil, lugar da biodiversidade
e de grandes riquezas naturais disponíveis,
tornou-se o ponto chave na discussão
territorial ambiental no mundo, entretanto,
apesar da politização e consciência ser muito
mais presente, hodiernamente, na sociedade, a
mixórdia relacionada à posse de territórios e
preservação ambiental é alarmante, tornando-se
necessário o aprofundamento do tema para que os
atores envolvidos possam embasar seus
posicionamentos de forma clara.
- PEIXOTO, Carlyle Victor Santana
PAP0064 - Construção de um Painel de indicadores para a monitorização social da cidade do Porto
A monitorização da realidade social constitui
um importante contributo para a caracterização
e acompanhamento das dinâmicas urbanas,
permitindo aferir situações de maior
fragilidade, potencialidades e recursos e
apoiar o estabelecimento de objectivos
estratégicos relacionados com o
desenvolvimento social do território. O
trabalho de monitorização em curso no Gabinete
de Estudos e Planeamento do município do
Porto – decorrente da elaboração do Pré-
Diagnóstico da Rede Social da cidade –,
constituindo um input para a definição de um
quadro de referência capaz de informar as
políticas e agentes intervenientes na acção
social local, afigurou-se uma oportunidade
para a construção de um Sistema de Indicadores
Sociais, através de uma metodologia de
trabalho alicerçada numa sequência de etapas
que se pretende apresentar.
Definiu-se, à partida, como objectivo
principal a necessidade de obter um quadro de
análise tão completo quanto possível sobre a
realidade social do Porto, cuja actualização
da informação permitisse dispor, a todo o
tempo, de conhecimento actualizado sobre a
situação social da cidade. A proposta de base
contendo a estrutura lógica de domínios e
temas de análise, a identificação de critérios
que sustentam a escolha dos indicadores e a
sua posterior discussão e validação interna
tornaram possível a constituição de um Painel
de Indicadores Sociais, traduzindo um
exercício que é sempre de selecção no conjunto
imenso dos indicadores passíveis de
monitorização social.
No processo alargado de construção de um
Sistema de Indicadores Sociais emergem
vicissitudes/desafios de natureza diversa -
desde os que se relacionam com procedimentos
técnicos de trabalho propriamente ditos a
cond
- FERREIRA, Célia

- ROCHA, Eugénia

Célia Ferreira nasceu em 1983 em Valongo. É Licenciada em Geografia, ramo de Ordenamento do Território, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde frequenta atualmente o Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Ordenamento do Território. Faz parte, desde 2006, da equipa técnica do Gabinete de Estudos e Planeamento da Câmara Municipal do Porto, onde tem realizado trabalhos no âmbito da análise das dinâmicas demográficas e sociais da cidade e integrado projetos relacionados com a manutenção de sistemas de indicadores sobre a Qualidade de Vida Urbana e a Monitorização social.
Eugénia Rocha, nasceu no Porto, em 1968. Licenciada em Sociologia pelo ISCTE (atual IUL), onde obteve uma pós-graduação em Sociologia do Território. Trabalhou em projetos de investigação sobre o tema da pobreza e exclusão social. Foi responsável pela Avaliação dos Impactos Sociais da Reabilitação Urbana no centro histórico do Porto. Desde 2000 integra a Câmara Municipal do Porto onde começou, no Pelouro da Qualidade de Vida Urbana, por coordenar e assegurar iniciativas e eventos centrados no tema da Qualidade de Vida. A partir de 2002, integra a equipa técnica do Gabinete de Estudos e Planeamento, participando em estudos diversos centrados no diagnóstico, na monitorização e análise das dinâmicas sociais e urbanas como instrumentos de apoio ao planeamento e à decisão. Integra a equipa de projeto do Sistema de Monitorização da Qualidade de Vida Urbana do município. Os resultados dos projetos em que participa estão publicados e /ou divulgados no site institucional.
PAP1024 - Consumo Sustentável e Energia
O desenvolvimento sustentável é um dos objectivos prioritários das sociedades modernas. Neste contexto, é essencial a adopção de políticas energéticas e ambientais cuidadas, que passam pela eficiência energética (utilização racional dos recursos energéticos), pela utilização das energias renováveis e pela minimização do impacto ambiental no âmbito das diversas actividades humanas, tanto ao nível das empresas como dos indivíduos em particular. De facto, a opinião pública tem uma consciência cada vez maior da necessidade de alterar o actual paradigma energético baseado na queima de combustíveis fósseis, devido não só às suas implicações no clima e no ambiente, mas também ao aumento do preço do petróleo. Existe, hoje em dia, um consenso generalizado de que, uma nova política energética deve ser baseada no aumento do recurso às energias renováveis, no incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias energéticas e na eficiência energética. A implementação desta nova política implica transformações nas atitudes e nos comportamentos dos cidadãos. Deste modo, importa analisar os comportamentos dos indivíduos em três vertentes diferenciadas: Consumo doméstico de energia, eficiência energética no lar e autoprodução energética para auto-consumo.
Nesta comunicação apresentam-se os principais resultados de uma pesquisa das atitudes e dos comportamentos de consumo energético dos indivíduos no lar, recolhidos no âmbito de um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Procedeu-se à aplicação de um inquérito, no segundo trimestre de 2010, a uma amostra representativa de 527 indivíduos seleccionados aleatoriamente no universo das famílias portuguesas residentes no continente, com o objectivo de aferir as motivações e as resistências relativas à poupança energética, à eficiência energética no lar e ao investimento na autoprodução de energias alternativas (micro geradores eólicos, painéis solares e fotovoltaicos).
Palavras-chave: energias renováveis, eficiência energética; sociologia do consumo; consumo sustentável
- ALEXANDRE, Sílvia

Sílvia Alexandre é Investigadora de pós-doutoramento no SOCIUS - ISEG/UTL com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Doutorada em Gestão (Especialidade em Organização e Desenvolvimento dos Recursos Humanos) pelo ISCTE e Mestre em Sistemas Socio-organizacionais da Atividade Económica pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). Atualmente está a desenvolver trabalhos na área do consumo sustentável, da publicidade e da alimentação.
PAP1237 - Consumo cultural do cinema: práticas de exibições itinerante e em praças
Desde seu nascedouro o cinema tem a marca inelutável da transformação, mas da origem até a atualidade ocorreram muitas mudanças no modo de consumir essa grande arte. A seara da produção, distribuição e exibição cinematográfica serve de lente de análise do cenário mundial, onde a tônica assenta-se na distribuição de produtos das corporações transnacionais de entretenimento e informação. Nesse contexto, a cultura passa ser vista como área estratégica de investimento, tornando-se, por isso, cada vez mais forte, os debates em torno das questões referentes às políticas culturais. No cenário brasileiro destaca-se alguns aspectos importantes, quais sejam: número reduzido de salas de cinema, (nos bairros e nas cidades de médio/pequeno portes) em que a produção nacional não dispõe de um amplo espaço para ser exibida; a preponderância norte-americana nos processos de exibição de filmes; as mudanças nos modos de consumo do cinema. Diante desse quadro, medidas do Governo brasileiro vem sendo tomadas para consolidar um plano de desenvolvimento, no qual se insere a cultura como setor estratégico, em especial o audiovisual. Explicita-se, igualmente, a compreensão do cinema como meio de difusão de valores, como forma de expressão, capaz de modelar a identidade cultural. Nesse sentido, ações pertinentes às políticas culturais, são implementadas com o intuito de possibilitar aos brasileiros o acesso ao conhecimento acerca do cinema nacional e às salas de exibição. O que vem possibilitando a conformação de diversas práticas (cineclubes, aumento de festivais e das produções de filmes, projetos de exibição em espaços sociais como universidades e praças). No rastro dessas considerações, surge o presente trabalho que consiste em analisar a prática social de exibição da arte cinematográfica, tendo como ponto de investigação os projetos de apresentação de cinema itinerantes e em praças públicas, que atualmente pululam em todo o país.
- SILVA, Alzilene Ferreira da
PAP0299 - Consumo cultural juvenil na era digital. Perfis e usos sociais dos universitários cabo-verdeanos.
Partimos dos estudos clássicos do consumo cultural, para discutirmos as suas limitações desde as novas abordagens sociológicas do campo da cultura, que sublinham a passagem para as renovadas sociedades da informação marcadas por uma realidade global/local/cibernética. O debate centra-se pois, como estas alterações associadas a era digital, propõem novas pautas para o consumo cultural juvenil, onde a desmaterialização marca novas formas de apropriação cultural por parte dos jovens. Importa perceber como esta mudança de sociabilidade com o produto cultural pode estar a alterar os seus usos sociais. Neste trabalho, queremos aplicar estas últimas abordagens conceptuais ao contexto de um país em vias de desenvolvimento, Cabo Verde e aos seus jovens universitários, com o propósito de compreender a relação dos jovens com os bens culturais e as funções que lhes são atribuídas, independentemente da realidade onde estes se produzem.
- REIS, Bruno Miguel Carriço dos
PAP0084 - Consumo de drogas, tratamento e reinserção
Os consumos e
dependências de
drogas são um
fenómeno transversal
a qualquer
sociedade, tanto no
tempo como no espaço
(Escohotado, 2004).
Uma das
singularidades deste
fenómeno nas
sociedades
ocidentais
contemporâneas
consiste na
possibilidade de
abandonar estes
consumos e
dependências com
recurso a ajudas
formais, de entre
uma pluralidade
delas, as
comunidades
terapêuticas.
As comunidades
terapêuticas têm
origem no Reino
Unido, datam da
década de 40 do
século passado,
tendo-se tornado
populares nos EUA a
partir de meados dos
anos 50. As actuais
comunidades
terapêuticas
resultam de um
desenvolvimento dos
grupos informais de
auto-ajuda criados
por
ex-toxicodependentes
que foram
incorporando no seu
staff especialistas
– médicos,
psicólogos,
psiquiatras, etc.
(Leon, 2000).
A presente
comunicação
apresenta dados de
um projeto de
investigação mais
abrangente que tem
como objetivo
estudar as
trajectórias sociais
de
ex-toxicodependentes
após alta clínica
numa comunidade
terapêutica.
A nível metodológico
a comunicação
congrega dados
provenientes de duas
fontes de
informação: em
primeiro lugar, os
processos clínicos
dos utentes que
completaram o
processo terapêutico
entre os anos de
1999 e 2009 na
Comunidade
Terapêutica Quinta
das Lapas da
Associação Dianova;
em segundo lugar, um
inquérito por
questionário
aplicado
telefonicamente a
ex-utentes desta
comunidade
terapêutica entre
Setembro e Dezembro
de 2010.
A comunicação que se
apresenta tem como
objectivos:
1) Efectuar uma
comparação da
situação social
destes ex-utentes,
em dois momentos no
tempo – à entrada do
tratamento e na
atualidade – tendo
por base os
indicadores de
caracterização
social, bem como a
sua situação perante
os consumos;
2) Identificar
estratégias e
agentes chave no
processo de
reintegração
vivenciado pelos
sujeitos.
- HENRIQUES, Susana

- CANDEIAS, Pedro

Nome:
Susana Henriques
Habilitações académicas/profissionais:
Doutorada em Sociologia, especialidade me Sociologia da Educação, da Comunicação e da Cultura. Professora Auxiliar do Departamento de Educação e Ensino a Distância da Universidade Aberta, responsável por UCs de 1º, 2º e 3º ciclos. Investigadora no CIES-IUL e no LE@D-UAb, na área da educação, lideranças, literacias e das competências pessoais e sociais, bem como na área da comunicação.
Morada:
UAb – DEED
Campus do Taguspark
Edifício Inovação I
Av. Dr. Jacques Delors
2740-122 Porto Salvo, Oeiras
E-mail:
susanah@uab.pt; susana_alexandra_henriques@iscte.pt
Tel.:
213916300
Pedro Candeias. Licenciado em Sociologia no ISCTE em 2008, mestrando em Sociologia na mesma instituição. Assistente de investigação no CIES-IUL (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia - Instituto Universitário de Lisboa) desde 2009. Principais áreas de investigação: migrações, tolerância social e reinserção social.
PAP1060 - Consumo de revistas e Feminilidades: O seu impacto na relação com o corpo e no consumo de álcool e drogas por adolescentes e jovens adultas
Esta comunicação apresenta os resultados de um estudo quantitativo realizado junto de 122 jovens estudantes, de sexo feminino, com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos de idade. Neste estudo procurou perceber-se se para as adolescentes e jovens adultas portuguesas (estudantes do ensino secundário e universitário) as representações sociais sobre o álcool e as drogas, bem como as estratégias utilizadas para atingir o corpo perfeito, funcionam simultaneamente como causa e consequência da frequência da leitura de revistas específicas, tendo como efeito moderador as “representações sociais” de feminilidade. Foram administrados quatro questionários on-line: Questionário sobre hábitos de consumo de revistas, Escala de Ideologia de Feminilidade Adolescente (EIFA), Inventário de Esquemas sobre a Aparência (ASI-R) e Escala de representações sociais sobre álcool e drogas.
Os resultados obtidos indicam que as jovens que dão mais importância às dicas para melhorar a imagem corporal estão mais insatisfeitas com o seu corpo e que quanto mais elevada for essa insatisfação corporal, mais elevada será a saliência auto-avaliativa e a saliência motivacional. No que diz respeito às diferenças existentes entre as estudantes do Ensino Universitário e do Ensino Secundário, as primeiras procuram menos que as segundas temas como famosos, televisão e publicidade, enquanto os temas mais procurados pelas últimas são sexo, a arte e a cultura. As atitudes face ao consumo de álcool e drogas não se relacionam com a frequência de leitura de temas como dieta, moda e desporto, e temas como sexo e ter estilo correlacionam-se de forma positiva (embora fraca) com as atitudes face ao consumo de álcool e drogas.
As conclusões deste trabalho sugerem a necessidade de supervisão e fiscalização dos meios de comunicação social em geral, e das revistas em particular, pois estas difundem e vendem imagens que podem levar as jovens a assumir comportamentos de risco.
- SOARES, Diana
- NEVES, Sofia
PAP0436 - Consumo de tecnologia: proposta sobre a “verdade” do objecto.
Considerando o domínio dos objectos tecnológicos de consumo (principalmente do âmbito das TIC), assiste-se nos últimos anos à instalação do discurso da “vontade” ou “necessidade” do consumidor não só como condição de sucesso comercial mas também como realidade cada vez mais presente na inovação. Já antes inscrita noutras esferas, esta máxima tão própria do marketing ganha terreno em relação a artefactos onde a novidade, por tender a uma maior radicalidade, sempre foi mais difícil de “imaginar” ou “necessitar” por parte dos consumidores.
Este discurso salienta a aproximação entre os contextos de uso e invenção. Alguns construtivistas sociais da tecnologia colocam o consumidor enquanto actor importante na construção social da técnica (ver Cowan, 1989; Bijker & Pinch, 1989); estudiosos da inovação referem-se a uma democratização dos processos de criação tecnológica (ver von Hippel, 2006); no marketing, fala-se em dinâmicas de co-criação (ver Prahalad & Ramaswamy, 2000). Em todo o caso, estas concepções herdam a perspectiva de Alvin Toffler, nos anos 1980, segundo a qual assiste-se a uma terceira vaga em que o consumidor é cada vez mais um produtor, isto é, um “prosumer”. Hoje, sociólogos como George Ritzer (2009) aprofundam esta concepção à luz de desenvolvimentos recentes como a Web.2.
A comunicação proposta pretende problematizar estas concepções no que à construção de funcionalidades para artefactos tecnológicos diz respeito. Considerando críticas à sociedade de consumo e à construção de necessidades, como sejam as que apontam para a alienação das “necessidades verdadeiras e vitais” (Marcuse, 1964), o desaparecimento do “objecto verdadeiro” (Baudrillard, 1972) ou a falta de “coincidência entre poder e vontade” (Habermas, 1968), sugere-se uma abordagem crítica da origem das «soluções» tecnológicas que coloque em causa uma certa simplificação encontrada nas perspectivas que argumentam uma efectiva influência do consumidor na coisa produzida.
Com estes objectivos, relevamos a relação entre problema e solução na construção de artefactos tecnológicos funcionais no pressuposto de que uma solução «verdadeira» será aquela que procede de um problema declarado pelo utilizador. Neste sentido, distinguimos entre soluções produzidas a priori este tipo de declaração e soluções criadas a posteriori. Estas serão as mais espontâneas.
Em termos empíricos, analisamos fóruns na internet e outro tipo de plataformas onde consumidores de um artefacto tecnológico de navegação (GPS), desenvolvido por uma empresa portuguesa (Ndrive), propõem novas funcionalidades ou transformações às existentes. À luz da conceptualidade proposta, estabelecemos algumas distinções que nos permitem um olhar mais crítico e profundo à agência sobre a produção ou propensão para esta por parte dos consumidores de artefactos tecnológicos.
- MENDONÇA, Pedro

Pedro Mendonça; doutorando no Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa;
Licenciatura em Filosofia, doutorando de Sociologia; tem interesse pela sociologia e pela
filosofia da tecnologia, em particular pela interferência dos processos persuasivos, típicos de um quadro retórico, no desenvolvimento tecnológico.
PAP0996 - Consumo e lixo na sociedade portuguesa: uma evolução histórico-ambiental (1960-2010)
Muitas das práticas de consumo com impactos no ambiente têm um carácter mundano, invisível e inconspícuo. Um dos aspectos invisíveis destas práticas remete para a questão do lixo – o outro lado do consumo – cuja invisibilidade quotidiana se reflecte também na negligência com que os estudos sociais sobre consumo a têm tratado. As preocupações com a sustentabilidade das sociedades contemporâneas tornam crucial analisar o consumo, não só no acto de compra e aquisição (mercado), como também enquanto processo indissociável dos fluxos materiais de produção, uso e desperdício.
O objectivo desta comunicação é sublinhar e dar visibilidade à articulação entre consumo e lixo na esfera quotidiana e doméstica dos portugueses, através de uma análise evolutiva de algumas práticas com impactos no ambiente desde os anos 60 (por exemplo, energia, água e alimentação). Sendo Portugal, comparativamente a outros países europeus, uma sociedade de consumo relativamente recente, é também uma sociedade de desperdício recente. Estando Portugal a entrar numa recessão económica que já está a afectar as dinâmicas de consumo, também o desperdício carece de uma nova leitura.
Para efectuar esta análise evolutiva (1960-2010) recorreu-se a vários dados de estatísticas nacionais (INE) sobre o consumo doméstico e sobre a produção de resíduos (APA) que permitem verificar o crescimento concentrado de ambos num curto período de tempo no nosso país, bem como as respectivas oscilações. Complementando esta abordagem de dados de carácter factual e objectivo, a pesquisa desenvolvida recorreu a uma análise evolutiva, da mediatização do consumo articulado a questões ambientais, assim como à temática do ‘lixo’ na RTP para um período que vai desde o início das suas emissões regulares – 1957 - até 2010. Por fim, analisa-se um conjunto de dados de opinião pública provenientes dos Eurobarómetros, que oferecem uma série no tempo considerável (desde a integração na União Europeia até à actualidade).
Esta comunicação contribui assim para uma reflexão analítica e, empiricamente fundamentada, sobre a evolução dos múltiplos fluxos e circularidades de apropriação, de uso e de desuso de recursos naturais e materiais que sustentam as práticas de consumo e lixo na esfera doméstica.
- VALENTE, Susana
- SCHMIDT, Luísa

- TRUNINGER, Mónica

Luísa Schmidt
Socióloga investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação 'Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço' e integra o Comité Científico do Programa Doutoral em "Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável". Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade que actualmente dirige, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente.
Mónica Truninger, socióloga, integrou o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) em 2008 como investigadora auxiliar. Tem uma Licenciatura em Sociologia pelo ISCTE (1996), trabalhou como assistente de investigação no Observa entre 1997 e 2001 em vários projectos sobre ambiente e sociedade. Em 2001 vai para Inglaterra onde fez o seu doutoramento em Sociologia na Universidade de Manchester. A tese intitulada Organic Food in Portugal: Conventions and Justifications tratou o consumo e o mercado dos produtos de agricultura biológica em Portugal, particularmente na cidade de Lisboa. Entre 2005 e 2008 integrou uma equipa interdisciplinar das Universidades de Bangor (País de Gales) e de Surrey (Inglaterra) como investigadora de pós-doutoramento. Antes do regresso a Portugal, passou ainda pela Universidade de Cardiff (País de Gales) onde foi assistente de investigação num projecto comparativo entre o Reino Unido e Itália sobre ementas escolares e sustentabilidade. Em 2010 publicou o livro O Campo Vem à Cidade – Agricultura Biológica, Mercado e Consumo Sustentável, editado pela Imprensa de Ciências Sociais. E em 2012 publicará o livro em co-autoria com Mara Miele intitulado Children, Food and Nature: linking the plate and the planet through school meals (Ashgate). Tem publicado artigos em revistas internacionais como: Journal of Consumer Culture; Food Trends in Science and Technology; International Journal of Agricultural Resources, Ecology and Governance e International Journal of Life Cycle Assessment.
PAP0183 - Consumo e poupança infantil: diferenças por contexto socioeconómico
Neste artigo, explora-se a importância do contexto socioeconómico para as práticas de consumo e poupança das crianças. O estudo das desigualdades e do consumo tem prestado pouca atenção à infância e à educação para o consumo. Esta investigação tem por objectivo comparar as representações e os comportamentos de crianças, pais e encarregados de educação de estratos sociais diferentes, identificando oportunidades educativas que promovam a literacia financeira e a inclusão social. Para tal, recorre-se a uma pesquisa quali-quantitativa centrada em 245 crianças das escolas básicas da Penha de França, em Lisboa, e dos Salesianos do Estoril. Os resultados apontam para diferenças relevantes por escola e contexto socioeconómico dos agregados, levando-nos a reflectir sobre os contributos de Goldthorpe e Lockwood, por exemplo, acerca da mentalidade das classes no que toca ao gasto, ao investimento, ao planeamento do futuro e ao adiamento da gratificação.
- RIBEIRO, Raquel Barbosa

Raquel Barbosa Ribeiro é Doutora em Ciências Sociais, na especialidade de Sociologia, pelo ISCSP-UTL, onde lecciona desde 1998. É professora auxiliar e investigadora no CAPP – Centro de Administração e Políticas Públicas, integra a equipa de coordenação da Secção Temática Classes e Desigualdades da Associação Portuguesa de Sociologia e é membro da ESA Consumption Research Network. Os seus principais interesses de pesquisa incidem sobre o consumo, as classes sociais e a poupança. A sua produção sobre o consumo inclui: “Consumo e classes sociais em Portugal: auto-retratos” (2011, Causa das Regras), “Sociologia do Consumo” (2010, ISCSP-UTL); “Children spend, children save” (10th ESA Conference, 8 de Setembro de 2011, Genève, Suíça), “The impact of economic downturn on “distinctive” consumption choices” (ESA Consumption Research Network Interim Meeting, 27 de Agosto de 2010, Tartu, Estónia); “Consumption and contemporary distinction”, (9th European Sociological Association Conference, 5 de Setembro de 2009, Lisboa); “O consumo: uma perspectiva sociológica” (VI Congresso Português de Sociologia, 26 de Junho de 2008, Lisboa).
PAP1395 - Consumo solidário como articulador de novos valores e modos de vida na sociedade contemporânea
Na sociedade contemporânea, marcada pelo risco, a performance constitui palavra de ordem e, na condição de valor norteador do consumo, conforma também um modo de vida. Diante da competição pela ascensão social, o consumo de bens materiais e simbólicos está entre os pilares que sustentam o desempenho na vida quotidiana. O risco social aumenta à medida que se naturaliza a idéia de que o consumo seja o principal marcador identitário. Como os sentidos em circulação nos bens são sociais, o consumo tem efetiva influência na constituição dos vínculos sociais e na naturalização das hierarquias. Partindo do pressuposto de que a cultura de consumo consolida um sistema de classificação social, esta comunicação pretende, antes de mais, analisar alguns desdobramentos sócio-econômicos do modelo neoliberal de produção e consumo, que coloca em situação de vulnerabilidade e risco muitas populações. Neste contexto, observa-se a emergência de novos (e antigos) modelos de troca, que buscam romper com a racionalidade ocidental dominante, como forma de reação aos riscos econômicos e sociais que pairam sobre as populações mais vulneráveis. Esta perspectiva alternativa para o consumo se desenvolve no âmbito das experiências da Economia Solidária, fundamentada em princípios de cooperativismo, associativismo e solidariedade. Interessa-nos observar,aqui, que o consumo solidário estimula outra perspectiva de construção das identidades e parâmetros diversos de conformação do modo de vida. Mediados por moedas sociais, os mercados solidários promovem diversidade epistemológica, reunindo de modo equitativo saberes e ritmos diversos. No âmbito da Economia Solidária e Popular, estes clubes de troca estimulam uma produtividade não-capitalista, propondo alternativas ao mercado e reduzindo, assim, a vulnerabilidade destas comunidades. Tendo em vista uma “ecologia das trocas” - termo cunhado a partir dos conceitos de sociologia das emergências e de justiça cognitiva de Boaventura de Sousa Santos -, buscamos aprofundar o estatuto ontológico destes sistemas alternativos de troca. Como experiência prática, analisamos, aqui, o mercado de trocas das crianças, em Portugal, realizado no Jardim Botánico de Coimbra, com a criação da moeda social Jardins. Considerando que há todo um projeto pedagógico por trás da iniciativa, analisamos seu objetivo de desprender as trocas de um modelo capitalista de atribuição de valor. Discutimos também sua proposta de trabalhar não só o desapego das crianças em relação aos seus brinquedos, mas ainda o mito de que só as coisas novas têm valor e servem para brincar. Neste sentido, buscamos refletir de modo mais amplo sobre o valor pedagógico de modelos alternativos de troca (não-direta) entre crianças para a constituição do consumo em novas bases, relativamente às questões da identidade, do modo de vida e dos valores norteadores da convivência social.
- SANTOS, Luciane Lucas dos
PAP0252 - Consumo verde: práticas quotidianas e preocupações ambientais dos estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa
As acções humanas têm sérias implicações negativas sobre os ecossistemas. Já há vários anos que a comunidade científica alerta para o facto de que a produção e consumo de bens e serviços são a grande causa dos problemas ambientais e que urge uma mudança de atitude.
Dada a dimensão dos problemas ambientais e sociais que o consumo tem trazido e o aumento do acesso à informação sobre os mesmos, muitos consumidores começaram a preocupar-se com esses aspectos e a mudar os seus hábitos de consumo, numa tentativa de proteger o ambiente. Nasceu, assim, o consumo verde, ou seja, um consumo que se preocupa fundamentalmente com a protecção ambiental.
Para além de ter um elevado poder de compra, a população juvenil representa o grupo de consumidores do futuro e, portanto, é importante perceber que ideias orientam as suas práticas. Assim, procurámos apreender os hábitos de consumo que pautam o quotidiano dos estudantes universitários face às suas preocupações de índole ambiental.
No âmbito do projecto de investigação Making Science Work in Society (Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Strathclyde, Glasgow), que visa conhecer as atitudes pró-ambientais dos estudantes do ensino superior, foi aplicado um inquérito que partiu da adaptação da escala NEP (New Ecological Paradigm, Dunlap et al., 2000) em associação com questões relacionadas com padrões de consumo verde, gaps de comportamento pró-ambiental, ligação ao campus universitário e felicidade.
Esta comunicação incidirá e reflectirá sobre os principais resultados desse mesmo inquérito, no sentido de perceber se existe ou não uma tendência para o consumo verde, por parte dos estudantes da FCSH – UNL.
- RIBEIRO, Salomé Cosme

Salomé Ribeiro
Licenciada em Sociologia, pelo ISCTE, trabalhou em Educação e Formação de Adultos nos últimos 4 anos. No passado, trabalhou com Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento e de Ambiente, nomeadamente como investigadora, formadora e coordenadora de projectos. Frequenta actualmente o 1º ano do doutoramento em Ecologia Humana, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH-UNL), em Lisboa. Os seus interesses de investigação prendem-se com sociologia do consumo e sociologia do ambiente.
Votos de continuação de bom trabalho,
PAP0492 - Consumo, informalidade e ilegalismos
A pretensão deste trabalho é fazer uma discussão sobre a sociedade de consumo e suas variantes na periferia do mundo a partir de 1980 e a sua relação com a informalidade. Pretende-se analisar uma mudança radical nas relações do comércio informal, principalmente no caso dos camelôs da cidade de Belo Horizonte (MG/Br). Pode-se dizer que a partir de tal década, ao mesmo tempo em que há uma relativa ampliação do mercado consumidor interno, fica mais evidente a distância entre as classes sociais no Brasil. A comunicação de massa encarregou-se de divulgar as marcas e incutir os valores a ela associados. No entanto, a maior parte da população não tinha como comprar tais mercadorias. Não se constitui no Brasil um modo de consumo ligado à marca no seio das camadas populares. A distância entre o produto de marca e o salário dos trabalhadores foi gradualmente sendo encurtado com a expansão do comércio de produtos pirata e/ou contrabandeados. Nos anos de 1990, verifica-se a proliferação de produtos falsificados, ou que tentam imitar as marcas mais famosas e os camelôs passam a ser os principais varejistas de tais mercadorias. Apesar de a forma e de o contexto serem bem diferentes em relação aos países de capitalismo avançado, a formação de uma sociedade de consumo no Brasil tem, em grande medida, a mesma função de amortecedor dos conflitos sociais. A partir de então, se estabelece uma complexa relação entre trabalho informal e produtos ilegais. A percepção dual do legal/ilegal torna-se ainda mais frágil na medida em que há um envolvimento direto ou indireto do Estado na regulação da atividade dos camelôs. Especificamente no caso de Belo Horizonte, a retirada dos camelôs das ruas, antes de resolver o problema, tornou ainda mais complexa a questão, com a criação do shopping popular.
- JESUS, Cláudio Roberto de
PAP0977 - Consumos, Identidades e Processos de Diferenciação Social no Parque das Nações
Na cultura de consumo que também tem caracterizado a sociedade portuguesa nas últimas décadas, o valor de uso dos objectos é suplantado pelo seu valor de significação. Os objectos entram na mesma lógica identitária e estetizante que envolve as práticas quotidianas e os espaços onde elas acontecem, sendo manipulados pelos consumidores com vista a marcar posições sociais e a compor estilos de vida. Estilos de vida que tanto podem ser entendidos enquanto formas padronizadas de estabelecer identificações sociais através dos significados dos objectos consumidos, como de retratar as opções que formalizam as negociações das identidades pessoais.
Tendo por base esta articulação de postulados teóricos pretende-se nesta comunicação demonstrar como é que o consumo se pode traduzir em formas complexas de composição identitária e de representação social, com repercussões directas ao nível dos valores e modos de vida. Para tal será apresentado um caso de estudo centrado nos residentes do Parque das Nações e nos seus hábitos de consumo.
É amplamente reconhecido que o consumo de praticamente todo o tipo de bens deixou de estar sujeito à simples satisfação de necessidades para funcionar, entre outros aspectos, como uma espécie de negociação de identidades, valores e imagens, sublinhando-se a sua capacidade de expressão e comunicação. Acontece que esta capacidade também participa na inevitável categorização da realidade e na consequente diferenciação social.
Tendo como ponto de partida o consumo do espaço habitacional, o percurso desta comunicação em direcção a escalas de análise mais finas sobre hábitos de consumo e práticas de vida quotidiana visa demonstrar não só a existência de diferentes sentidos e relações com o consumo dentro de um estilo de vida aparentemente único, como também a importância das estratégias de diferenciação social na construção e recomposição de identidades, valores e modos de vida.
- GATO, Maria Assunção

Maria Assunção Gato
Afiliação institucional: DINÂMIA'CET-ISCTE/IUL
área de formação: doutoramento em Antropologia Cultural e Social
principais interesses de investigação: recomposições sociais, consumos e estilos de vida, modos de vida em espaço urbano
PAP1210 - Contingências e disposições na sala de aula: a relação pedagógica no secundário e a influência de processos extra-escolares
Pretende-se dar a conhecer uma pesquisa feita no âmbito da tese de doutoramento em Sociologia. Tendo em conta o título da comunicação, o objecto geral da análise encerra em si, à partida, inúmeras linhas de partida para aspectos muito diversificados da vida escolar. Bastará, no entanto, um determinado conjunto de lógicas operacionais para se analisar a ligação entre a interacção na sala de aula e algumas dinâmicas de mudança da sociedade em geral.
A sala de aula é aqui entendida como o ponto de convergência, o reflexo das mudanças maiores, com implicações ao nível do habitus dos agentes (re)socializados no espaço escolar.
Numa qualquer aula do secundário podemos encontrar toda uma série de dinâmicas de negociação e de atenção que giram em torno da relação entre professor e aluno(s). São como diferenciadores de atitudes em termos da relação com a autoridade e as normas, revelando mais ou menos autonomia ou mais ou menos proximidade com o professor. Estas dinâmicas, transfiguradas em práticas de sala de aula, transmitem modos e maneiras de estar perante o trabalho escolar (no sentido de Perrenoud), reflexos de disposições mais ou menos concorrentes entre si, e acabam por revelar aspectos éticos que regem de uma forma ou de outra a conduta dos alunos. O conjunto de mudanças despoletadas por uma nova ética perante o plágio, com recursos informacionais cada vez mais presentes, é disso exemplo.
A observação no terreno, revelou importantes dinâmicas de confiança, afinal subjacentes às dinâmicas atrás descritas. Faz, portanto, todo o sentido contemplar a própria confiança na autoridade e a forma como esta se entrelaça na confiança depositada e dada nos alunos, pelo professor. São estes os ingredientes da definição da situação (Goffman). Mas como identificar, então, uma eventual influência dos processos extra-escolares?
A forma mais óbvia – contudo, fundamental – será ter em conta o impacto das TIC na sala de aula, sob uma perspectiva da permeabilidade do contexto de sala de aula face à influência da comunicação ou conectividade permanente possibilitadas pelos telemóveis. Refira-se – de forma menos óbvia – que tal permeabilidade abrange o efeito – ao nível, então, das disposições – no trabalho escolar (ritmo, atenção, etc.) e nos modos e conduta na relação pedagógica, com impacto relevante na definição, também, dos papéis. Trata-se, no fundo, de dar a conhecer a própria negociação de papéis e de diferentes disposições incorporadas (trabalho, lazer, etc.) entre professor e alunos.
Pretende-se, enfim, dar a conhecer os resultados da pesquisa, apoiada num dispositivo metodológico que incluiu observação no terreno (sala de aula), recolha de dados extensivos (inquérito por questionário), entrevistas a professores do secundário e entrevistas a jovens em idade escolar do secundário.
- FERREIRA, Nuno

Nuno Ferreira: licenciado em Sociologia pelo ISCTE-IUL. Presentemente
a terminar o
doutoramento em Sociologia pela mesma instituição. Tem como interesses de
pesquisa as metodologias de investigação, a identidade pessoal, os processos
educativos e juventude. Assistente convidado na ESECS - Instituto
Politécnico de Leiria.
PAP0518 - Contradições e riscos que determinam o cotidiano de adolescentes explorados como mulas do narcotráfico na fronteira Brasil – Paraguai
Apresentamos algumas observações obtidas no projeto de pesquisa “Trajetória dos adolescentes que atuam como ‘mulas’ na rota de tráfico de drogas internacional do Paraná: crime global, violência e exploração”, desenvolvido para o doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UNESP (Franca-SP-Brasil). Analisamos as trajetórias e contradições que determinam o cotidiano de adolescentes que são explorados como “mulas” no tráfico de drogas na região da fronteira Brasil - Paraguai. Este problema decorre do fato desta fronteira ser uma das principais portas de entrada de drogas ao Brasil, especialmente de derivados de Cannabis, havendo a utilização de diversas formas de transporte, dentre elas, o tráfico “formiguinha” através do trabalho de “mulas” em onibus interurbanos. A metodologia se pauta especialmente na revisão bibliográfica acerca da temática e pesquisa de campo que foi desenvolvida em dois momentos. Primeiro baseamo-nos em pesquisa documental em programas de internação de adolescentes (Centros de Socioeducação) que foram apreendidos como “mulas” nas regiões de Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo e Londrina, na qual fizemos um breve mapeamento quantitativo do fenômeno. Depois desenvolvemos pesquisa qualitativa a partir de entrevistas semi-estruturadas com doze adolescentes que foram (são) “mulas”, buscando conhecer as trajetórias de vida dos mesmos e como acontece o trabalho no narcotráfico. Até então, o que pudemos observar é que em meio de toda a organização do tráfico internacional de drogas, os adolescentes que atuam no transporte pertencem aos grupos mais vulneráveis da rede. Constatamos nas entrevistas que o cotidiano destes meninos e meninas é construído abaixo de contradições extremas, pois se por um lado recebem a remuneração do tráfico de drogas, por outro, estão em situação de exploração e risco constante. Além do mais, a investigação possibilitou que constatássemos que as ações de combate e repressão ao narcotráfico se direcionam muito mais para os jovens e adolescentes pobres que estão na “ponta da rede”, materializando a criminalização da pobreza, que é um fenômeno que tem tomado novas roupagens no século XXI. E, finalmente, salientamos que a partir da pesquisa fica visível que a grande maioria dos meninos e meninas explorados como mulas do narcotráfico vive em territórios vulneráveis e suas histórias são marcadas pela pobreza, violência e negação dos direitos sociais, problemas esses agravados na sociedade neoliberal. Portanto, é necessário que o “olhar” voltado a estes adolescentes leve em conta as contradições vivenciadas pelos mesmos, percebendo-os como sujeitos explorados por um negócio extremamente lucrativo para os grandes agenciadores, considerando os riscos que estão submetidos para o desenvolvimento do trabalho e a negação dos direitos sociais que os coloca em condição de vulnerabilidade.
- ROCHA, Andréa Pires
PAP1146 - Contraterrorismo: o papel da Intelligence na acção preventiva e ofensiva
A eficácia concertada, que os ataques terroristas perpetrados em Setembro de 2001 nos EUA lograram alcançar, foi responsável pelas reformulações operadas, a partir de então, nas estruturas de segurança e de defesa de grande parte dos Estados Ocidentais.
Estas reformulações são, desde logo, resultado da (re)configuração da própria ameaça: exponencialmente letal, de implantação difusa e carácter imprevisível, com o intuito de dificultar, se não mesmo anular, a prossecução de quaisquer estratégias contraterroristas até então implementadas contra o terrorismo internacional, agora especialmente emanado através da al-Qaeda e da “nebulosa terrorista” a ela directa ou indirectamente associada, através de grupos afiliados, autoproclamados afiliados e, ainda, de células locais ou indivíduos isolados, fenómenos emergentes e agora denominados, respectivamente, de “home-grown” e “lone-wolf” terrorism.
As experiências ocidentais até então ditadas pelo “terrorismo doméstico” privilegiaram, quase sempre, uma abordagem contraterrorista de pendor reactivo.
No actual “quadro de ameaças” julgamos que a resposta contraterrorista necessita, de igual modo, de operar activamente na área da Intelligence (HUMINT), promovendo a infiltração em células, grupos ou redes de organizações terroristas que constituam, ou possam constituir-se, como fontes de ameaça à segurança e defesa de Estados, regiões ou mesmo no plano internacional.
Falamos, em concreto, da dinâmica, estratégica e operacional, que envolve a “manobra de infiltração”, ou penetração, em grupos ou organizações terroristas, especialmente as conotadas com o terrorismo internacional de matriz islamista, no âmbito da actividade de serviços de informações ou forças policiais.
Pensamos que só assim se pode obter informação privilegiada que permita, em última análise, prever ou anular o curso de uma acção terrorista e, como tal, desencadear os mecanismos de resposta adequados.
No caso concreto do terrorismo de matriz islamista, o processo de infiltração torna-se mais difícil de gizar, dadas as assimetrias culturais, religiosas e linguísticas que, não raro, se verificam.
Neste sentido, impõe-se uma análise dos diversos estádios do processo de infiltração – da captação à desactivação (ou “exfiltração”) do “agente” de infiltração.
Aliás, como a história recente do contraterrorismo internacional tem demonstrado, nesta área de actuação da Intelligence (HUMINT), afigura-se-nos passível de ser estabelecida uma analogia entre o modus
- MATOS, Hermínio Joaquim de

Hermínio Matos
Investigador e docente do ICPOL - ISCPSI
Docente Convidado do ISCSP - UTL (Pós Graduação em Informações e Segurança)
Doutorando e Mestre em História, Defesa e Relações Internacionais - ISCTE-IUL e Academia Militar
Licenciado Antropologia ISCTE - IUL
Auditor do Curso Defesa Nacional - Instituto da Defesa Nacional
Autidor de Gestão Civil de Crises na União Europeia - Instituto da Defesa Nacional
Áreas de Interesse/Investigação: Sistemas de Segurança Interna, Intelligence, Terrorismo e Contraterrorismo
PAP1571 - Contribuiçôes para o estudo da diáspora goesa para Portugal
Alguns indivíduos de Calecute , Cochim e Ilhas de Angediva , mas não de Goa foram os primeiros indianos a chegar a Portugal nas naus de Vasco de Gama de acordo com os cronistas Gaspar Correia e João de Barros . Raulu Xett que trabalhou na côrte portuguesa como ourives e cuja obra de arte foi celebrada na exposição “ A herança de Rauluchantim” no Museu de S. Roque em 1996 , sinaliza entre 1518 e 1520, a presença de indus de Goa na côrte Real portuguesa no século XVI . Dois séculos e meio depois de Raulu Xett, José Custódio Faria, natural de Colvá, Salsete, Goa mais conhecido como Abade Faria , acompanhado pelo pai Caetano Vitorino Faria chegou a Portugal , na côrte, emigrando para Paris onde se dedicou ao hipnotismo , após desvendado o seu compromisso com a malograda conspiração goesa,dos Pintos , emergindo no célebre romance de Alexandre Dumas “ O conde de Montecristo “ na prisão de IF , perto de Marselha. Bernardo Peres da Silva e Constâncio Roque da Costa após a Revolução Liberal portuguesa, de 1820 e a Independência do Brazil , em 1822,marcam a diáspora goesa , neste período,em Portugal emergindo como deputados de Goa do Parlamento, ganhando sucessivas eleições até à sua morte em Portugal. A criação da Escola Médica de Goa em 1840 , após a perda do Brazil e o declínio do Império do Oriente nos séculos XVII –XVIII deveu-se eventualmente à necessidade de combate às doenças endémicas e tropicais das colónias africanas tornadas essenciais para um 3º Império Português de Á frica , nomeadamente depois da Conferência de Berlim na segunda metade do século XIX . Como única instituição de estudos superiores do Império Português da À sia , a Escola Médica de Goa , , formou licenciados que se tornaram uma elite subalterna no esquema imperial português ( Sousa, 2007) , mediando as relações do centro da Metrópole Colonial com as populações colonizadas de África da periferia . A fase seguinte da diáspora goesa para Portugal , foi marcada por centenas ou milhares de licenciados goeses de Medicina que vinham completar os estudos médicos nas Faculdades de Medicina, de Lisboa, Coimbra e Porto . Um contingente de estudantes goeses das Faculdades de Direito , na manifesta insuficiência da Escola Colonial de Quepém, Goa vinha engrossar este grupo . Mais tarde a Engenharia aprendida no IST foi outra alternativa dos estudantes goeses emigrados para Portugal nos anos cinquenta. Nomes como Alfredo da Costa que deu o nome à maternidade de Lisboa , Júlio Raimundo Gama Pinto , célebre oftalmologista , Adeodato Barreto , notário ,poeta e estudioso da cultura indiana em Coimbra e Lisboa ,e seu divulgador , Sebastião Rodolfo Delgado , professor de sânscrito na Faculdade de Letras de Lisboa, o patologista Mortó Dessai , os juristas Vassanta Porobo Tambá e XEncora Camotim , o professor de Ciências Políticas e Sociais Narana Coissoró , O engenheiro Civil Alfredo Bruto da Costa , assinalam esta auto-afirmação da diáspora goesa de vários séculos ao longo dos anos cinquenta e sessenta. A diáspora goesa em Portugal veio a engrossar após o fim da colonização portuguesa de Goa já há cinquenta anos com a integração na Índia e a emigração de centenas ou milhares de goeses via Bombaim , hoje Mumbai na Ìndia e Karachi no Paquistão onde atracavam os navios enviados pelo Estado Novo , vindos de Lisboa , por razões de opção de cidadãos pela nacionalidade e cultura portuguesas. O autor desta comunicação fêz parte com os pais já falecidos e duas irmãs vivendo em Lisboa dessa diáspora , tendo emigrado de Dabolim , Mormugão, Goa via Karachi para Lisboa ( Cais da Rocha) em Junho- Setembro de 1962. Após 1986, com a integração de Portugal na União Europeia a diáspora goesa para Portugal mudou eventualmente de motivações . Uns optaram por fixar-se em Portugal mas a maioria vem talvez para Portugal, adquirir a nacionalidade , emigrando para outros países da União mais prósperos e onde a relação no mercado de emprego entre a oferta e procura seja mais favorável com as suas habilitações. Esta situação talvez se tenha alterado com a recessão de Portugal desde 2007-2008. A integração da minoria goesa na sociedade portuguesa justificam que se digam como inexistentes manifestações de racismo , presentes apenas na memória colectiva goesa localizadas em termos larvares ,em Moçambique antes da independência , embora por analisar adequadamente . Em Portugal tal facto não existe nomeadamente depois de Abril de 1974, pelo menos em relação á minoria goesa. Bibliografia "Sousa, Teotónio R: de Sousa -Goan Diáspora in Portugal-Different Times , different Hues, -Lisboa 2007 ( a ser incluida na Monografia sobre Goa " Goa Antes e Depois" no prelo a ser publicada em Lisboa em 2012-2013)
- DIAS, José Manuel da Graça
PAP0286 - Contributo das migrações internacionais na alteração da estrutura etária do Sul Ibérico
A quebra da fecundidade e a sua perseverança em níveis abaixo do limiar de reposição das gerações e o intrínseco envelhecimento populacional, com tendência crescente, tem destacado a importância dos movimentos migratórios internacionais sobre a estrutura etária dos países desenvolvidos. Bongaarts (2009) e Coleman e Scherbov (2005), argumentam que a imigração - especialmente a de indivíduos com origem nos países subdesenvolvidos, cuja estrutura etária tende a ser jovem e a sua taxa de fecundidade superior à dos países de destino – será a força motriz do crescimento populacional, inclusive com maior peso demográfico que a fecundidade – que deve permanecer abaixo do limiar mínimo necessário à renovação das gerações.
O nosso objectivo será perceber a importância da imigração internacional sobre a alteração da estrutura etária populacional de Portugal e Espanha, cujas taxas de fecundidade são das menores no contexto Europeu, e reflectir sobre o possível impacto que um rápido declínio da fecundidade em termos globais, nomeadamente nos países “fornecedores” de imigrantes, poderá ter sobre o Sul Ibérico. Pretende-se discutir ainda algumas questões que neste âmbito se colocam com particular pertinência. Tais como, por exemplo, se o movimento imigratório se vem operando dos países mais pobres, com mercados de trabalho saturados, para países mais ricos, as recentes crises económica e financeiras, e o consequente aumento das taxas de desemprego no Sul Ibérico, não farão com que esta região deixe de ser atractiva para a imigração, já que as conjunturas económicas influenciam grandemente os processos migratórios? A nível metodológico utilizar-se-á a estatística descritiva, com cálculos de indicadores demográficos, a partir de dados disponibilizados pelas Nações Unidas, World Population Prospects e pelo Eurostat. Após a análise da situação demográfica, tentaremos compreender as consequências do processo migratório sobre ambos os países e os efeitos que a actual crise económica e financeira possa ter na intensidade e atractividade de imigrantes internacionais, especialmente no caso das mulheres, bem como nas possíveis alterações sobre a direcção dos fluxos migratórios.
- MACIEL, Andréia Barroso Figueiredo

- MENDES, Maria Filomena

Nome: Andréia Barroso Figueiredo Maciel
Licenciada em História, mestre em Sociologia e atualmente doutoranda também em Sociologia pela Universidade de Évora. Membro integrado do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS) e bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), atuando principalmente nos temas fecundidade e imigração. Possui trabalhos completos publicados nos Anais do XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais (2011); no Livro de Comunicações da Conferência Internacional Sobre Envelhecimento (2011); nas Atas do XIV Encontro Nacional de SIOT (2011) e resumo expandido no Livro de Resumos da XIX Jornada de Classificação e Análise de Dados (2012).
Maria Filomena Mendes, licenciada em Economia e doutorada em Sociologia na especialidade de Demografia pela Universidade de Évora é Professora Associada no Departamento de Sociologia desta Universidade.
Publicou recentemente, entre outras, as seguintes publicações:
2010, “A diferença de esperança de vida entre homens e mulheres: Portugal de 1940 a 2007” (com I. T. de Oliveira) in Análise Social, Vol. XLV (1.º), 2010 (n.º 194), 115-138.
2010, “Perfil dos imigrantes em Portugal: dos países de origem às regiões de destino” (com C. Rego, J. R. dos Santos e M. G. Magalhães), in Revista Portuguesa de Estudos Regionais, RPER, nº 24-2º Quadrimestre, artigo 7, APDR, Coimbra, pp. 17-39.
PAP0930 - Contributo para a definição de uma tipologia de comportamentos e atitudes face aos sintomas de doença
A comunicação que se propõe centra-se na apresentação dos resultados de uma investigação que teve por objectivo a construção de uma tipologia de atitudes face a sintomas de doença com base nos dados disponibilizados pelo European Social Survey. Procura-se, desta forma, contribuir para a caracterização de padrões diferenciados de comportamento perante a doença através da definição de perfis de comportamento e da identificação dos referenciais simbólicos envolvidos no processo de cura e na relação médico/paciente.
A metodologia seguida baseou-se no recurso a diferentes técnicas estatísticas: numa primeira fase, recorreu-se à Análise de Clusters, de modo a identificar diferentes perfis de comportamento em relação a um conjunto de sintomas de doença; posteriormente, utilizou-se a Análise de Componentes Principais na análise dos referenciais simbólicos relativamente ao processo de cura e à relação médico/paciente.
Os resultados obtidos demonstram a existência de padrões diferenciados de comportamentos associados a factores sociais e culturais relacionados com a condição dos indivíduos. Foi possível definir uma tipologia de atitudes face aos sintomas de doença constituída por quatro grupos, confirmando que as diferenças de atitude correspondem a diferentes universos de referência relativamente à idealização do processo de cura e à conceptualização da relação médico/paciente.
Perfil 1: constituído por indivíduos que valorizam, sobretudo, o papel do médico e as propriedades dos medicamentos no processo de cura, desvalorizando, de forma acentuada, a capacidade auto-regenerativa do organismo. Na concepção da relação médico/paciente evidenciam facilidade na comunicação e proximidade no estatuto dos actores envolvidos.
Perfil 2: perfil marcado por posições intermédias relativamente às diferentes questões consideradas. Ao nível do processo de cura, os indivíduos atribuem o mesmo grau de importância às capacidades do médico, às propriedades do medicamento e à capacidade regenerativa do organismo.
Perfil 3: constituído por indivíduos que, face aos sintomas de doença, privilegiam os contactos informais, constatámos que as atitudes evidenciadas no processo de cura passam pela confiança na capacidade de autocura e nas propriedades dos medicamentos. Em termos comparativos, este grupo, entre todos os considerados, é o único que desvaloriza o papel do médico no processo de recuperação.
Perfil 4: indivíduos que apresentam grande confiança na capacidade auto-reguladora do organismo na recuperação dos desequilíbrios fisiológicos e subestimam o papel dos medicamentos nesse processo. A percepção que têm da relação médico/paciente é marcada, em especial, pelo distanciamento entre os intervenientes e pela desconfiança de ocultação da informação por parte do médico.
- CALHA, António Geraldo Manso

António Calha é docente na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Portalegre, licenciado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e mestre em Sociologia pela Universidade de Évora. Investigador do C3I-IPP. Doutorando em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). As suas áreas de interesse incluem: sociologia da saúde; sociologia da educação; sociologia do desenvolvimento. Contactos: antoniocalha@hotmail.com; antoniocalha@essp.pt.
PAP1266 - Contributo para o debate sobre os desafios que se colocam à Humanidade e, sobre o papel da Sociologia numa época de incerteza e risco acrescidos
Na comunicação o autor apresenta o levantamento dos principais problemas com que a Humanidade (após ter entrado na era pós-moderna) se debate actualmente, conforme referido por vários autores e organismos internacionais que se têm debruçado sobre esta matéria.
Seguidamente, e com base nas mesmas e outras fontes, apresenta um conjunto de prováveis cenários com que os decisores e as populações em geral se podem deparar nos próximos dezoito anos (horizonte 2030), horizonte escolhido devido à informação disponível em diversos estudos sobre o futuro que incidem sobre os panoramas globais ou sectoriais para a data referida.
Num outro ponto abordará brevemente o papel que a Sociologia tem vindo a desempenhar ao longo dos tempos, face às grandes questões suscitadas e colocadas pela vida social.
Face às constatações provenientes da análise realizada sobre o corpus seleccionado, discute-se depois o papel que a Sociologia em geral, e, em particular algumas Sociologias especializadas, podem desempenhar actualmente e no futuro, para que se conheça e domine melhor os mecanismos subjacentes à situação que a Humanidade atravessa e, por conseguinte se destaque o contributo que esta ciência pode proporcionar para que sejam identificadas e debatidas as consequências não desejadas decorrentes de algumas opções e decisões (ou indecisões) que, representando um ou mais riscos, se traduzem posteriormente em repercussões gravosas na vida colectiva e no dia-a-dia de múltiplas existências individuais.
Pretende-se assim com esta comunicação contribuir no Congresso para um momento de debate sobre as características e desdobramento prováveis duma época em que incertezas e riscos dos mais diversos tipos nos colocam perante encruzilhadas cruciais, que requerem um esforço de reflexão crítica sobre o caminho mais adequado para as tornear, o que suscita do ponto de vista do autor a importância do papel que o pensamento divergente pode e deve desempenhar no pensamento sociológico, ao qual se coloca o desafio da reflexão sobre a radicalização das consequências da modernidade, sob a mútua dependência entre os sistemas sociais e ambientais.
- SANTOS, Marcos Olímpio Gomes dos
PAP0875 - Contributos para a desocultação das relações entre o sistema escolar e o sistema educativo na sombra
Contributos para a desocultação das relações entre o sistema escolar e o sistema educativo na sombra
Com esta comunicação
pretende-se
desocultar as
relações entre o
sistema escolar e o
chamado “sistema
educativo na
sombra”, designação
proposta para a
diversidade de
serviços pagos,
conhecidos em
Portugal por
‘explicações’, cuja
finalidade é apoiar
a melhoria dos
resultados
académicos em
contexto
extra-escolar. Este
trabalho incluirá
reflexões sobre as
condições de
produção dos
resultados escolares
e da excelência,
sobre o
efeito-escola, a
renovação do
discurso da
“liberdade de
escolha” (da escola
e das opções
“formativas”) e as
formas de
(re)legitimação do
capital familiar,
que passa por
discutir os “novos”
herdeiros e a
problematização da
equidade.
- NETO-MENDES, António Augusto

António A. Neto Mendes
Docente e investigador do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro. Doutor em Ciências da Educação, com participação em vários projectos e redes de investigação quer nacionais quer internacionais, com diversas publicações. Os seus interesses de investigação actuais são as representações sobre profissão e trabalho docente, a actividade das explicações como “sistema educativo na sombra” e alguns efeitos da reconfiguração do papel do Estado através de políticas educativas de carácter dito 'descentralizador', relacionados nomeadamente com a emergência dos municípios.
PAP0835 - Contributos para o Desenvolvimento de Cultura de Risco na Infância – o caso de duas Escolas Básicas do distrito de Aveiro
O crescimento das preocupações sociais e institucionais com o risco e a sua gestão e mitigação, assim como o crescente reconhecimento da relevância da perceção e atuação do público leigo naqueles processos, conduziram a que se atribua atualmente grande importância ao desenvolvimento e consolidação da chamada cultura de risco.
A cultura de risco, que basicamente consiste na dotação de conhecimentos para a prevenção e autoproteção de/ em situações de risco e da sua materialização, deve ser desenvolvida desde a infância, sobretudo no contexto escolar. Ainda que se trate de uma matéria considerada relevante, são escassos os estudos empíricos e as reflexões teóricas neste domínio. A presente comunicação visa contribuir para o debate em torno desta problemática, apresentando um diagnóstico preliminar acerca da formação e desenvolvimento de cultura de risco e da relevância da implementação de ações de sensibilização sobre riscos entre os estudantes e os responsáveis em duas Escolas Básicas do distrito de Aveiro,
Os dados empíricos apresentados resultam da aplicação de inquéritos por questionário e de entrevistas semiestruturadas, respetivamente aos estudantes do ensino básico e aos responsáveis escolares em duas Escolas Básicas (EB) do distrito de Aveiro – uma situada em meio urbano (EB1 da Glória, concelho de Aveiro) e outra localizada num meio predominantemente rural (EB1 de Casalmarinho, concelho de Oliveira de Azeméis). O inquérito por questionário foi elaborado tendo em conta a faixa etária dos inquiridos – entre os 7 e os 10 anos. Assim, privilegiou-se uma linguagem simples e a utilização de imagens como formas de verificar o conhecimento que os estudantes possuíam quanto aos riscos e formas de prevenção, assim como quanto à sinalização de emergência e modos de atuação em caso de ocorrência de acidentes. Foram inquiridos 148 alunos, representando cerca de 43% do total e selecionados segundo o ano de escolaridade e o sexo. As seis entrevistas realizadas (aplicadas aos Diretores do Agrupamento de Escolas; aos Coordenadores do 1º Ciclo e aos responsável pela segurança), tinham como objetivo conhecer as medidas de segurança implementadas nas escolas, assim como as ações de sensibilização desenvolvidas.
Os dados permitem concluir, entre outros aspetos, pela existência de uma clara relação entre as ações de sensibilização desenvolvidas e a existência de planos de prevenção de risco nas escolas e a formação de cultura de risco na infância. Efetivamente, os alunos EB1 da Glória – escola que possui Plano de Prevenção e Emergência e na qual são realizadas diversas ações de prevenção e sensibilização da comunidade escolar – apresentam maiores conhecimentos sobre riscos e formas de atuação em caso de acidentes, i.e., maior cultura de risco, do que os alunos da EB1 de Casalmarinho – escola onde tais atividades e Plano não existem.
- SILVA, Alexandra
- FIGUEIREDO, Elisabete

Elisabete Figueiredo, Socióloga (ISCTE, 1989), doutorada em Ciências Aplicadas ao Ambiente (Universidade de Aveiro, 2003). Professora Auxiliar no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território e investigadora na Unidade de Investigação GOVCOPP – Governança, Competitividade e Políticas Públicas. Os principais interesses de investigação são a sociologia rural, o turismo rural, a sociologia do ambiente e as perceções sociais de riscos ambientais e tecnológicos. É autora e co-autora de mais de 100 comunicações e publicações nacionais e internacionais nas áreas mencionadas. Coordena atualmente o projeto Rural Matters – significados do rural em Portugal- entre as representações sociais, os consumos e as estratégias de desenvolvimento, financiado pela FCT e COMPETE.
PAP0424 - Contributos para uma análise de Cloud Computing em Portugal
Atualmente o desenvolvimento de aplicações em Tecnologia de Informação (TI) é uma área em crescimento exponencial, proporcionando melhorias nos benefícios para a sociedade. O ritmo de desenvolvimento da sociedade humana moderna é consequente dos avanços científicos e tecnológicos. Neste sentido, Cloud Computing é um conceito emergente, que possui um grande potencial para atender de maneira eficiente a crescente necessidade de uso de recursos informáticos. No ambiente de Cloud existe uma combinação de tecnologias já existentes (virtualização, padronização e automatização) que fazem os recursos físicos serem melhor utilizados e os processos de gerenciamento automatizados, permitindo uma redução de desperdícios e consequentemente a redução de gastos (Taurion, 2009).
Além de permitir um sistema mais dinâmico, a Cloud Computing oferece alguns atributos interessantes, tais como: mobilidade, elasticidade, conveniência, flexibilidade, pagamento pelo uso (da quantidade de armazenamento e memória), implementação rápida e menos burocrática. Além disso, dispensa os gastos das empresas em capital físico, uma vez que irão apenas ser necessários investimentos em custo operacional, reduzindo o desperdício com recursos informáticos ociosos.
O conceito de Cloud Computing tem despertado cada vez mais interesse e curiosidade principalmente por parte dos gestores e executivos de TI das grandes empresas. Existe uma grande expectativa e especulação sobre a redução dos gastos com infra-estrutura informática (capacidade de armazenamento de dados) e o aumento do poder computacional que esta tecnologia pode proporcionar. A difusão de Cloud Computing permite algumas tansformações na área de Tecnologia da Informação e nos modelos de negócios. Os efeitos de Cloud já são percebidos nos segmentos dos data centers, tablets e smartphones que passam a ser desenhados como elementos de acesso à nuvem, enfraquecendo o potencial das empresas baseadas na produção de computadores. Consequentemente isso reflete em mudanças no comportamento da sociedade, o impacto de novas tecnologias e a mudança social são tratados nos trabalhos de Carlsen, Dreborg, Godman et al (2010); Kroes e Meijers (2002).
Existem inúmeros estudos sobre Cloud Computing que abordam especificamente questões técnicas (Velte, Velte e Elsenpeter, 2010; Kim, Ng e Lim, 2010). Porém, visto o seu potencial disruptivo e a sua capacidade de modificar a maneira como se gerencia TI atualmente, torna-se indispensável também a investigação no âmbito da Avaliação da Tecnologia nas suas diferentes abordagens.
Nesta comunicação pretende-se abordar algumas importantes reflexões de ordem estratégica, política e económica sobre as oportunidades e os desafios da aplicação de Cloud Computing em Portugal.Pretende-se ainda apresentar algumas conclusões pertinentes ao panorama atual das iniciativas do país no âmbito da adoção desta tecnologia.
- CÂNDIDO, Ana Clara

Ana Clara Cândido, Estudante do Programa Doutoral em Avaliação de Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. É licenciada em Economia pela Universidade Regional de Blumenau (Brasil) e mestre em Economia e Gestão da Inovação pela Universidade do Porto. Tem interesse de investigação nos temas de: Gestão de Tecnologia, Cloud Computing, Inovações Disruptivas, Inovação Aberta e Redes de Colaboração.
PAP1055 - Contributos para uma análise histórico-social da biotecnologia em Portugal: os debates parlamentares
Foi na biotecnologia que ocorreu a mais destacada revolução científica do último quartel do século XX, comparável em alguns aspectos à utilização da energia atómica entre os anos 1940 e 1960. Esta transformação assume implicações sociais, culturais, políticas e económicas profundas. O enorme potencial científico deste novo campo tem vindo a assegurar vastos financiamentos em investigação, quer por parte do Estado, quer pelas empresas e pelas próprias universidades que se empolgaram no estabelecimento de relações comerciais.
A biotecnologia apresenta-se como uma fonte de novas oportunidades. De tal forma que vários têm sido os países a promover estratégias para o seu incremento. Desde a década de 1980 que a Comunidade Europeia tem vindo a elaborar recomendações, directivas e programas que assinalam o elevado interesse nesta área, apontada como basilar para atingir os objectivos definidos na Estratégia de Lisboa. Portugal tem acompanhado esta tendência.
Pretende-se com esta comunicação apresentar uma breve panorâmica do trajecto percorrido pela biotecnologia em Portugal, nomeadamente mediante a análise dos debates levados a cabo na Assembleia da República que fazem referência a este domínio.
- CORREIA, Rita Gomes
PAP0586 - Controle e uso das atividades lazer e do tempo livre durante os governos militares no Brasil (1964-1984)
O regime militar, em termos muito resumidos, foi um período de estagnação das manifestações artísticas e culturais, de proliferação das empresas multinacionais e ampliação da dívida externa. As práticas de lazer caracterizaram-se pela presença da censura, apropriação de manifestações populares pela indústria cultural, utilização ideológica do esporte, expansão do turismo e exclusão social. As manifestações populares foram cerceadas e os sucessivos governos militares incentivaram a expansão dos meios de comunicação, em particular a televisão, com as telenovelas. O período marca o retrocesso do lazer popular e o início de um lazer urbano-industrial, com o Estado autoritário tomando para si a tarefa de ofertar lazer para as camadas populares, enquanto busca controlar as manifestações espontâneas. O referencial teórico fundamenta-se na percepção de que os sujeitos agentes da ação social buscam, de formas racionais, objetivos que podem ser compreendidos a partir da sua observação (ALMEIDA e GUTIERREZ, 2011). A partir das contribuições da sociologia compreensiva, é fundamental perceber o controle de estado por um grupo que se hegemoniza sobre a sociedade, com características próprias e articulados internamente a partir de um projeto comum e conhecido, para ilustrar a evolução das práticas de lazer e ocupação do tempo livre. Esta interpretação é auxiliada pelo corte temporal, o período dos governos militares no Brasil, durante o qual, apesar das transformações que levam á sua derrubada e à restauração da democracia, há uma continuidade ideológica e nas formas de intervenção. Concluiu-se que o regime militar se caracterizou por: (a) um empobrecimento cultural nas artes, com inúmeras produções censuradas e artistas exilados; (b) a limitação do lazer popular pela vigência do estado de sítio e repressão nas ruas; (c) a ampliação do lazer urbano-industrial com cinemas, teatros, clubes e turismo; (d) investimento de grandes grupos econômicos na área do lazer; (e) a utilização ideológica das vitórias esportivas; (f) uma preocupação em promover programas de atividade física a exemplo do Esporte para Todos; e (g) o desenvolvimento da televisão e das telenovelas como a mais freqüente forma de lazer da maioria dos brasileiros. Não é possível, nos limites deste resumo, expor toda a complexidade do período abordado. O regime passou por fases de endurecimento e distensão. Ocorreram divergências no interior do próprio grupo dominante assim como a relação com os representantes
- ALMEIDA, Marco Antonio Bettine de
PAP1379 - Cooperativismo y Fábricas Recuperadas ante la crisis de 2001 en Argentina. La autogestión obrera en FASINPAT (Ex Zanon)
Área temática: ST5
Grupo de Trabajo:
"Sociedad, Crisis y Reconfiguraciones en América Latina"
Coordenadores:
Susana Novick (UBA-Argentina)
Nilson Araújo de Souza (UNILA-Brasil)
Arturo Guillen Romo (UAM-México)
Título de la ponencia: Cooperativismo y Fábricas Recuperadas ante la crisis de 2001 en Argentina. La autogestión obrera en FASINPAT (Ex Zanon)
Autora: Laura Meyer
Licenciada en Sociología, docente y becaria doctoral, investigadora de la UBA
Pertenencia Institucional: Instituto de estudios de America Latina y el Caribe, (IEAL) Facultad de Ciencias Sociales – Universidad de Buenos Aires. Argentina
Se aborda aspectos del proceso de “Fábricas Recuperadas” y puestas a producir por sus trabajadores, en el período que va desde la crisis de 2001 (algunas un poco antes) hasta mediados de 2003. En comparación con el cooperativismo histórico en nuestro país, el cual tiene orígenes totalmente distintos.
Abordamos la relación de fuerzas que significan las conquistas laborales como producto de la lucha histórica de la clase obrera, donde por un lado las cooperativas, desde una supuesta ubicación “autónoma”, se niegan a utilizar estas conquistas y por el contrario, cómo éstas son aprovechadas desde la experiencia de 10 años de Gestión obrera en la fábrica ceramista FASINPAT (ex Zanon), mientras siguen construyendo un camino y la relación de fuerzas necesaria para alcanzar sus objetivos de fondo, buscando afianzar los elementos contrahegemónicos conquistados.
- MEYER, Laura

Laura Meyer
Licenciada en Sociología.
Doctoranda en Ciencias Sociales
Docente e investigadora de la Universidad de Buenos Aires, Instituto de Estudios de América Latina y el Caribe, en el área de trabajo, identidad y formas de organización
Algunas publicaciones acerca del proceso de “fábricas recuperadas” y el “sindicalismo de base” en Argentina:
Fabrica tomada y sindicato clasista de “Zanon” a “Fasinpat” en El fantasma socialista y los mitos hegemónicos, Gramsci y Benjamín en América Latina. Ed. Herramienta 2010. ISBN 978-987-1505-17-3.
Winds of freedom: An Argentine Factory under workers control. Revista Socialism and democracy. ISSN 0885-4300, Ed. Routledge Taylor and Francis Group. Somerville, Massachussets, 2009.
Fábricas recuperadas en Argentina, la experiencia de los ceramistas de Zanón, elementos de un potencial poder contrahegemónico. En Hegemonía y Emancipación, de la fábrica recuperada al poder bolivariano Ed. Monte Avila. Caracas, Venezuela 2007
PAP1401 - Cooperativismo y Fábricas Recuperadas ante la crisis de 2001 en Argentina. La autogestión obrera en FASINPAT (Ex Zanon)
"GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA
AMÉRIC LATINA",
Coordenadores:
Susana Novick (UBA-Argentina)
Nilson Araújo de Souza (UNILA-Brasil)
Arturo Guillen Romo (UAM-México)
Título de la ponencia: Cooperativismo y
Fábricas Recuperadas ante la crisis de 2001 en
Argentina. La autogestión obrera en FASINPAT
(Ex Zanon)
Autora: Laura Meyer
Licenciada en Sociología, docente y becaria
doctoral, investigadora de la UBA
Pertenencia Institucional: Instituto de
estudios de America Latina y el Caribe, (IEAL)
Facultad de Ciencias Sociales – Universidad de
Buenos Aires. Argentina
Se aborda aspectos del proceso de “Fábricas
Recuperadas” y puestas a producir por sus
trabajadores, en el período que va desde la
crisis de 2001 (algunas un poco antes) hasta
mediados de 2003. En comparación con el
cooperativismo histórico en nuestro país, el
cual tiene orígenes totalmente distintos.
Abordamos la relación de fuerzas que
significan las conquistas laborales como
producto de la lucha histórica de la clase
obrera, donde por un lado las cooperativas,
desde una supuesta ubicación “autónoma”, se
niegan a utilizar estas conquistas y por el
contrario, cómo éstas son aprovechadas desde
la experiencia de 10 años de Gestión obrera en
la fábrica ceramista FASINPAT (ex Zanon),
mientras siguen construyendo un camino y la
relación de fuerzas necesaria para alcanzar
sus objetivos de fondo, buscando afianzar los
elementos contrahegemónicos conquistados.
- MEYER, Laura

Laura Meyer
Licenciada en Sociología.
Doctoranda en Ciencias Sociales
Docente e investigadora de la Universidad de Buenos Aires, Instituto de Estudios de América Latina y el Caribe, en el área de trabajo, identidad y formas de organización
Algunas publicaciones acerca del proceso de “fábricas recuperadas” y el “sindicalismo de base” en Argentina:
Fabrica tomada y sindicato clasista de “Zanon” a “Fasinpat” en El fantasma socialista y los mitos hegemónicos, Gramsci y Benjamín en América Latina. Ed. Herramienta 2010. ISBN 978-987-1505-17-3.
Winds of freedom: An Argentine Factory under workers control. Revista Socialism and democracy. ISSN 0885-4300, Ed. Routledge Taylor and Francis Group. Somerville, Massachussets, 2009.
Fábricas recuperadas en Argentina, la experiencia de los ceramistas de Zanón, elementos de un potencial poder contrahegemónico. En Hegemonía y Emancipación, de la fábrica recuperada al poder bolivariano Ed. Monte Avila. Caracas, Venezuela 2007
PAP1541 - Cooperação Transfronteiriça no eixo Norte de Portugal – Galiza: uma análise de redes sociais no sector automóvel
Desde que a primeira Euroregião foi criada no final dos anos 50, várias formas de cooperação transfronteiriça foram desenvolvidas em toda a Europa. A cooperação transfronteiriça, como parte de um processo de eliminação das fronteiras tem sido apoiada por fundos e programas da UE (como por exemplo, INTERREG) e a cooperação territorial surge como o terceiro pilar da política de coesão para o período 2007-2013, juntamente com a convergência e competitividade regional. Apesar de partilharem uma das mais extensas, antigas e estáveis fronteiras da Europa não havia tradição de cooperação transfronteiriça, ao nível institucional, entre Portugal e Espanha decorrente de restrições políticas. A adesão à CEE, em 1986, e o consequente processo de eliminação das fronteiras criou um novo contexto, que viria a facilitar e até mesmo a estimular o desenvolvimento das relações entre os dois países ibéricos. Embora se tenha verificado um aumento nas relações económicas entre os países, nem todas as regiões parecem ter sido particularmente activas. Estudos anteriores demonstram que apenas as regiões mais fortes foram participantes activos (Madrid, Catalunha, Lisboa e Vale do Tejo), enquanto as regiões de fronteira, ao contrário de outros países da UE, têm estado menos envolvidas. Um dos casos que parece contrariar esta tendência é a região transfronteiriça da Galiza e Norte de Portugal, onde podemos encontrar talvez um dos mais altos níveis de integração económica. As exportações da Região Norte para a Galiza de componentes para a indústria automóvel, apresentava em 1994 um peso reduzido (2,2%), uma década depois, estes produtos representavam 8% do total das exportações. Estes fluxos estão provavelmente relacionados com a localização da fábrica do consórcio francês PSA (Renault, Peugeot-Citroën), em Pontevedra e a CEAG, o cluster de produção galega de componentes para automóveis. Podemos assim formular a hipótese de que aquela fábrica e outras empresas do cluster externalizam etapas de produção para as empresas do Norte de Portugal, beneficiando da proximidade geográfica, acessibilidade alta e da diferença de salários. Na realidade, o sector automóvel na Região Norte assume uma importância bastante significativa, nomeadamente no subsector de componentes, constituindo uma das aglomerações mais fortes desta indústria em Portugal. Esta relevância aumenta se alargarmos o enfoque para a região transfronteiriça que abrange o eixo Norte de Portugal – Galiza. Ora, é justamente este o ponto de partida da presente comunicação, procurar perceber as dinâmicas regionais decorrentes da existência de formas de cooperação entre empresas do sector automóvel, tendo por base o projecto CB-Net - Redes Transfronteiriças de Relações entre Empresas: Norte de Portugal/Galiza e Alentejo-Extremadura (PTDC/CS-GEO/100409/2008).
- URZE, Paula
- PIRES, Iva Miranda
PAP0121 - Corpos com género: resultados preliminares de um projecto de investigação
No contexto da modernidade tardia assiste-se a uma erosão das formas tradicionais de ancoragem das identidades de género, ainda que velhas lógicas de acção se entrecruzem com novas formas de ser homem e ser mulher. Tendo como pano de fundo este cenário, as identidades devem ser cada vez mais equacionadas como um projecto que é construído e trabalhado de forma reflexiva pelos indivíduos. Esta construção implica uma organização da biografia cada vez menos de acordo com papéis sociais atribuídos à partida, cabendo agora aos indivíduos a tarefa de forjar a sua auto-identidade num campo de possibilidades mais amplo. O corpo é muitas vezes, neste âmbito, encarado como uma importante ferramenta/acessório.
Este é o contexto em que emerge o projecto de investigação que serve de base à comunicação proposta. Trata-se de um projecto de doutoramento que se debruça sobre as masculinidades e problematiza a dicotomia feminino/masculino, dando especial atenção à dimensão corporal da expressão identitária. As práticas de produção corporal aqui em causa remetem para um fenómeno que os media baptizaram de “metrossexualidade” e são tradicionalmente associadas ao universo feminino ou homossexual. O objectivo genérico do projecto é o de compreender sociologicamente se o aumento do consumo dos serviços e produtos de cuidado e bem-estar pessoal por parte de alguns homens traduz apenas uma intensificação do nível de produção corporal ou se tem implicações profundas e socialmente significativas no sentido de uma (re) construção das masculinidades, de alguma forma e em diferentes graus, distintas do modelo de masculinidade tradicional. A hipótese de partida era a de que se estaria perante um grupo de homens protagonistas de formas de masculinidade alternativas na forma como constroem as suas relações de género.
A estratégia metodológica de cariz qualitativo esteve na origem de 21 entrevistas intensivas, muitas levadas a cabo em diferentes sessões, cujos primeiros resultados se propõe aqui divulgar. Nesta comunicação explorar-se-ão os sentidos que os homens dão às suas práticas de produção corporal e a forma como estas são reflexivamente articuladas com as identidades de género masculinas. Para além dos dados relativos às práticas de produção corporal, analisar-se-ão os tipos de conjugalidades por estes homens protagonizadas, bem como as suas representações de género. As conclusões remetem para a rejeição da hipótese de partida, uma vez que as modalidades de produção corporal identificadas não se fazem necessariamente acompanhar por modelos de masculinidade na sua essência distintos dos modelos mais tradicionais. Variáveis como a classe social ou os níveis de escolaridade introduzem importantes diferenciações no grupo dos homens entrevistados.
- RODRIGUES, Elisabete

Elisabete Rodrigues é investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES, ISCTE-IUL) e doutoranda no ISCTE-IUL. Tem desenvolvido trabalho na área da educação, literacia, sociologia da saúde, género e corpo. A tese de doutoramento é dedicada às questões das masculinidades e relação corpo-identidade.
PAP0770 - Corpos em arquivo: lepra, migrações, iteração classificatória e rasura institucional
A medicalização da lepra, em finais do século
XIX, cristalizou a sua classificação como uma
doença residual de atraso civilizacional, isto
é, como uma enfermidade antitética do projecto
moderno cujo traço matricial seria a
exterioridade (Said, 2004). Uma vez expulsa do
Norte Global, em meados do século XX, a lepra
converteu-se num objecto de programas de saúde
pública verticalizados e desenvolvimentistas,
dirigidos a enfermidades incidentes no Sul
Global. Se o programa para a eliminação global
da lepra difunde um discurso soteriológico que
sintetiza a cura bacteriológica com a
emancipação social, o mesmo assenta na
farmacêutização (Biehl, 2007) da saúde pública
e falha em responder à lepra no Norte Global,
num recorte da sua geografia médica (Lock e
Nguyen, 2010) ao Sul Global que denuncia a
epidemiologia enquanto tecnologia de
invisibilidade (Biehl, 2007).
Em Portugal, o declínio epidemiológico da
lepra precedeu a deposição do internamento
compulsivo, em vigor entre 1947 e 1974 (Cruz,
2008). O arquivamento classificatório da lepra
como uma doença residual de atraso
civilizacional, aliado à recriação da
sociedade civil pelo Estado (Santos, 1985),
exauriu de dialéctica a relação entre as
pessoas portadoras e o Estado, invisibilizando
a doença sob uma linha abissal (Santos, 2007).
Durante a década de 1980, o seu semblante
metamorfoseou-se numa doença importada
associada à imigração, contraindo o vazio
institucional de uma doença rara e assomando
como doença reemergente que desestabiliza os
paradigmas da transição epidemiológica e do
nexo território/saúde pública.
Com base numa etnografia multi-situada
(Marcus, 1998) nas escalas transnacional,
nacional e local que justapõe as divergências
entre dois contextos representativos da
expressão polar da lepra e ligados pelos
trânsitos de migração da doença - Portugal e
Brasil -, discutir-se-á a relação entre as
permanências da história e as turbulências
contemporâneas, com ênfase na relação entre
paisagens morais (Pálsson e Hardardóttir,
2002), participação leiga e respostas
institucionais à doença.
A etnografia na escala local, enquanto
metodologia que produz evidências alternativas
(Biehl, 2007), revela a incerteza (Walker et
al, 2003) de uma clínica-previdência, o
estigma institucional (Mak et al, 2009) e a
interseccionalidade entre diferentes barreiras
sociais ao acesso ao tratamento, induzindo uma
análise realizada entre micro e macro escalas
de análise (Latour, 1999) acerca dos
corolários dos abusos do esquecimento
(Ricoeur, 2000) e da repetição do arquivo
(Derrida, 2001) para a política ontológica
(Moll, 2009) da lepra em Portugal, que
desemboca numa ponderação extra-
institucionalista do acesso aos serviços de
saúde, por um lado, e da determinação de
processos colectivos de produção de respostas
institucionais na escala nacional para os
determinantes sociais da iniquidade em saúde
(Whitehead e Dahlgren, 2007), por outro.
- CRUZ, Alice
PAP0843 - Corpos, Género, Envelhecimento e Exercício Físico – os corpos percecionados por idosas antes e depois de um programa de exercício físico.
Género e idade são entendidos como construções sociais que se estruturam em relações de poder, ainda dominadas pelo masculino e pela juventude (Butler, 1993; Lorber, 1994). Para Connell (2002), género envolve uma relação específica com os corpos, por considerar não haver uma ‘base biológica’ fixa para o processo social de género, mas antes uma ‘arena reprodutora’ na qual os corpos são trazidos para processos sociais. O corpo deve ser conceptualizado na sua dimensão material - corpórea e discursiva - e representativa, e a idade deve ser reconhecida como uma construção social, mais especificamente como uma realização (Laz, 2003).
Parece consensual que a adoção de estilos de vida ativos em geral, e a prática de exercício físico em particular, pode melhorar as funções mentais, sociais e físicas da pessoa no envelhecimento (ACSM, 2004). O exercício físico, entre outros fatores, parece constituir-se como fonte de prazer corporal para além de manter um senso de pessoa ativa, fisicamente forte, o que pode ser central na identidade, particularmente no caso das mulheres (Krekula, 2007).
Este estudo faz parte de um projecto de investigação que contempla uma avaliação longitudinal de idosas submetidas a um programa multicomponente de exercício físico (PEF), e visa o entendimento, numa perspectiva de género, dos efeitos percebidos pelas idosas nos seus corpos decorrente da sua participação no PEF.
Foram realizadas 2 entrevistas semi-estruturadas individuais a 19 idosas (idade média de 69,5; ± 5,3 anos), antes e depois do PEF - 2 sessões por semana, durante 10 meses na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Os dados foram sujeitos a uma análise interpretativa decorrente do tratamento da informação pelo programa QSRNVivo.
Antes da realização do PEF as idosas enfatizam percepções relacionadas com a aparência do corpo mais gordo e o avanço da idade, que o torna fonte de inquietação, o torna em um corpo que parece não ter mais lugar (Loland, 2000)
Após o PEF a percepção de um corpo mais magro e mais ágil por parte das idosas traz algumas alterações como o ressurgir da vaidade. Sugerem-se a reestruturação e a reorganização de sentimentos como a confiança, a segurança, a ousadia, que se espelham através de uma nova disponibilidade ostentada pelo corpo. Em muitas idosas (re)cria-se uma imagem positiva de si e um novo posicionamento do corpo em relação ao mundo. O PEF parece recuperar o corpo ao gosto dos ditames sociais.
O empoderamento pelo corpo está patente, reconfigurando posições no espaço social que parecia já inacessível a estas idosas, dado sentirem-se novamente capazes de responder ao papel estereotipado pelo género que a sociedade espera delas enquanto mulheres.
O presunto estudo teve apoio financeiro da Fundação para Ciência e Tecnologia [FCOMP-01-0124-FEDER-009587 - PTDC/DES/102094/2008].
- SILVA, Paula

- NOVAIS, Carina

- CARRAPATOSO, Susana
- BOTELHO-GOMES, Paula
- CARVALHO, Joana

Paula Silva nasceu no Porto, Portugal, e é doutorada em Ciências do Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto onde exerce funções de docência e de investigação no CIAFEL. Desenvolve estudos e projetos de investigação no domínio dos Estudos de Género e Desporto. É autora de vários livros e artigos nacionais e internacionais. Foi distinguida com o Prémio Investigação “Carolina Michaelis de Vasconcelos”, (ex-aequo) em 2007. Vice-presidente da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto.
Carina Novais, mestre em sociologia pela Faculdade de Letras desenvolve o seu percurso profissional em investigação científica tendo desenvolvido trabalhos diversos resultantes da pesquisa sobre o género e o desporto na área da infância e adolescência e também no âmbito do envelhecimento ativo participando nos projetos "Iniquidades sociais, ambientais e de género na prática de actividade física e desportiva de adolescentes" e atualmente no projecto "Actividade física objectivamente avaliada e obesidade em adolescentes: Estudo dos determinantes pessoais, sociais e ambientais" no Centro de Investigação em Atividade Física e Lazer da Faculdade do Desporto da Universidade do Porto. Tem também contributos enquanto investigadora na organização "Movimento Democrático de Mulheres" participando num projeto "Uma vida de Trabalhos? Trajetórias Profissionais de Mulheres e Participação cívica" onde desenvolveu o seu projeto de mestrado em torno da temática,"género, família e trabalho" e com a publicação "Percursos de Mulheres: Trabalho e Participação Política de Mulheres na área Metropolitana do Porto".
Joana Carvalho, Professora do Instituto Superior de Tecnologias Avançadas. Doutoranda em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais da Universidade de Aveiro e Faculdade de Letras da Universidade do Porto e licenciada em Engenharia Multimédia no ISTEC. Desenvolve atualmente trabalho de investigação em Social Media, Comunicação e Cibermuseologia, dedicando-se a construção da Tese de doutoramento com o título “A adopção de social media por museus como uma ferramenta de comunicação”.
PAP0601 - Corpus Christi: Manifestações Simbólicas na Arte dos Tapetes
O objetivo deste trabalho é apresentar através
da festa de Corpus Christi, celebração
religiosa católica, uma reflexão sobre as
dinâmicas e interações dos diversos atores
sociais que participam do processo de
construção social desta celebração em Piabetá,
na cidade de Magé no Rio de Janeiro.
O foco principal de observação é o processo de
produção da festa e a confecção do tapete,
levando em consideração o caráter aglutinador
de pessoas, grupos e categorias sociais que
participam deste evento, sendo por isso mesmo
um acontecimento que escapa da rotina da vida
diária.
Em muitos lugares, é costume ornamentar as ruas
por onde passa a procissão com tapetes de
colorido vivo e desenhos de inspiração
religiosa. Entendo a procissão como o momento
da ida do religioso ao espaço público, a partir
disso, questões como espaço, identidade,
sagrado x profano, igreja x rua, sociabilidade,
podem ser levantadas e desenvolvidas. A
criatividade marca a confecção dos tapetes, que
é uma arte que passa de geração para geração e,
na maior parte, são os jovens que iniciam os
preparativos.
Minha hipótese inicial é que para o religioso
estas dicotomias e distinções, entre sagrado e
profano no âmbito do espaço, se relacionam de
forma harmoniosa, ao ponto de muitas vezes se
ausentarem dos discursos, mostrando não ser um
questionamento para o religioso.
O objetivo geral é analisar o significado de
uma expressão artística que parte de uma
manifestação sagrada – os tapetes
confeccionados para o evento de Corpus Christi.
Várias lógicas são articuladas à visão do
Sagrado e Profano com suas imposições e
significados, principalmente a ressignificação
do espaço em um tempo específico, ou seja, o
caráter normativo do religioso. Deste modo,
sagrado e profano poderiam ser relativizados, a
partir do momento em que os concebemos como
posições dinâmicas. O espaço no qual o fiel
realiza suas atividades é marcado pela forma
como ele busca explicar sua vida.
- OLIVEIRA, Elza Aparecida de
PAP0426 - Cow Parade: obra de arte como outdoor.
O conteúdo das exigências metropolitanas é antagônico a peculiaridade da “arte popular”. A arte que provem das camadas populares não é a mesma proveniente da indústria cultural (Adorno, 1986), posto que não é uma cultura que emerge espontaneamente das próprias massas, senão que é a reformatação contemporânea da expressão cultural.
A reprodução de 2500 vacas pelo Cow Parade ou circuito das vacas, nos traz elementos para refletir sobre a mercantilização da arte. A mega exposição de rua que já rodou mais de 28 cidades ao redor do mundo, dentre as quais podemos destacar: Chicago, Nova York, Londres, Genebra, Praga, Las Vegas, Bruxelas , São Paulo, Rio de Janeiro e Moscou, já foi vista por mais de 100 milhões de pessoas. Com um discurso enfático sobre democratização da cultura, da arte e responsabilidade social, o evento apresenta, segundo o ponto de vista político e sociológico, aspectos contraditórios no que tange aos termos “democracia” e “arte”. As vacas seriam obra de arte? Existe autonomia do artista sobre sua obra, ou o patrocinador é quem decide sobre o seu outdoor em forma bovina? Para responder estas questões exploro aspectos do regulamento de inscrição de artistas no sitio oficial da empresa promotora do evento no intuito de contrapôr as reflexões do marxismo e da Teoria Crítica.
Como qualquer outra atividade do trabalho humano, a arte é também um objeto de consumo. Se a principal característica de uma obra de arte no sistema capitalista é ela ser um objeto de consumo, isso mostra que há algo de errado na sua especificidade enquanto obra de arte. Marx em Grundrisse (2011), assevera que “o consumo cria o impulso para produzir”. Nesse sentido, se a Cow Parade produz “obras de arte” “impulsionando a produção” de vacas em grande escala, esse impulso será consequentemente comercial, o que torna a obra uma mercadoria ou mais duramente, o trabalho do artista como mercadoria.
- DALLMANN, João Matheus Acosta

João Matheus A. Dallmann é graduando do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina no Brasil. Trabalhou como auxiliar de pesquisa I em projeto do Instituto de pesquisa econômica aplicada (IPEA) no período de 2011 a 2012. Atualmente é bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIBID) financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Seu trabalho mais expressivo, Táticas locais e estratégias internacionais: Um olhar etnográfico sobre o Bolsa-Família no Brasil, foi apresentado no X Congresso Argentino de Antropología Social em dezembro de 2011 na Universidad de Buenos Aires.
PAP1170 - Crença e política entre portugueses(as): valores, práticas e percepções
É frequente afirmar-se que, perante o processo de secularização, as pessoas vão deixando de professar e sobretudo praticar actividades religiosas e, por outro, perante a crise do sistema político-partidário, vão descrendo dos políticos profissionais e da própria política, designadamente partidária.
O objectivo desta comunicação visa testar e aferir estas afirmações com base em dois tipos de instrumentos: um primeiro, de teor estatístico, que dê conta da evolução das crenças e práticas religiosas com base nos censos e noutros estudos já realizados em Portugal; e um segundo com base em dados empíricos recolhidos a propósito de uma investigação centrada nas (des)igualdades de género, que teve, entre outros instrumentos e técnicas quantitativas e qualitativas, a aplicação de um inquérito a 800 pessoas em Portugal Continental distribuídas por sexo, idade, profissão, tipo de residência (rural ou urbano), activo-não activo, projecto este aprovado e financiado pela FCT e finalizado em 2011 (PTDC/SDE/72257/2006).
As questões colocadas remetem para problematização e uma breve avaliação sobre as várias perspectivas sobre a religião e, sobretudo, para a necessidade de analisar a relação da religião quer com os valores, quer com a política.
Considerando variáveis como o sexo, a profissão, a idade, foram colocadas e analisadas diversas questões tais como o tipo de crença ou religião professada (ou nenhuma) e respectivas práticas diferenciadas por profissão e género, o grau de adesão e confiança, também por profissão e género, nos partidos para defender seus interesses ou resolver problemas e, em especial, as atitudes perante as desigualdades de género por sexo, grupo profissional e nível de escolaridade.
Os dados recolhidos confirmam que a grande maioria dos portugueses é católica, distribuindo-se os restantes por outras religiões ou simplesmente são agnósticos ou ateus. Todavia, em termos de práticas religiosas regulares, além de a taxa de não praticantes ser superior à dos praticantes, as taxas de praticantes são diferenciadas por grupos profissionais e mais elevadas entre as mulheres que entre os homens. Por outro lado, em termos de expectativas e percepções face aos partidos no que respeita a defesa dos seus interesses e resolução de problemas, os inquiridos mostram, em termos relativos, uma maior confiança em entidades não partidárias (sindicatos, movimentos cívicos, centros sociais/paroquiais e associações de vária ordem) que nos partidos políticos.
Palavras- chave: religião, política, valores, práticas e percepções, Portugal.
- SILVA, Manuel Carlos

- RIBEIRO, Fernando Bessa
Silva, Manuel Carlos
Licenciado e doutorado pela Universidade de Amesterdão em Ciências Sociais, Culturais e Políticas. Professor catedrático em Sociologia e Director do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) na Universidade do Minho. Distinguido com o Prémio Sedas Nunes pela obra “Resistir e Adaptar-se” (1998, Afrontamento) sobre o campesinato, tem publicado sobre o rural-urbano, o desenvolvimento e as desigualdades sociais. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS).
PAP0163 - Criança Provedora: Efeitos de Uma Política Pública no Brasil
A partir de pesquisa de campo realizada no município de Catingueira, localizado no semiárido do Estado da Paraíba, Brasil, sobre o Programa Bolsa Família e seus efeitos na configuração de poder familiar, no que tange especialmente as crianças, esse artigo debruça-se sobre as políticas de transferência condicionada de renda, notadamente aquelas que focam na educação. Na medida em que a escolarização tornar-se um dever - sujeito à punição-, ao garantir a sobrevivência de toda uma família, a política em questão coloca a criança, antes de um sujeito de pouco status, na posição social, antes paterna, de provedor material.
PAP0597 - Crianças e computador Magalhães: usos e contextos
Propomo-nos apresentar resultados provenientes de uma pesquisa sociológica sobre os usos e efeitos, escolares e sociais, do computador Magalhães num agrupamento de escolas de Leiria. Centrar-nos-emos aqui nos seus usos por parte das crianças, em diversos contextos (casa, escola e outros espaços de sociabilidade), a partir do cruzamento do olhar de distintos atores sociais: as próprias crianças, pais e professores.
Um dos desafios que se coloca na sociedade da informação refere-se às desigualdades e relações de poder que lhe estão subjacentes, fenómeno que tem assumido designações diferentes, como infoexclusão, divisão digital ou fosso digital. Genericamente, o que parece estar em causa é a clivagem entre dois grupos opostos: os que têm e os que não têm acesso às tecnologias de informação. Múltiplas investigações realizadas nos últimos anos têm vindo a mostrar os contornos destas clivagens noutros países (Cruz, 2008) e em Portugal (Cardoso et al., 2005), apontando estudos relativamente recentes para uma realidade crescentemente complexa e multifacetada. Assim, por um lado, Almeida et al. (2008) sugerem uma rápida disseminação no uso de computadores e da internet, com algum esbatimento das desigualdades sociais entre as crianças e jovens em idade escolar; por outro, Rodrigues e Mata (2003) notam que a utilização das TIC apresenta uma correlação mais forte com o nível de escolaridade do que com a idade, parecendo esbater, pois, o efeito geracional; paralelamente, dados recentes mostram que em Portugal o número de crianças que usa computadores tende a aumentar, mas diminui a vantagem que este grupo tinha sobre os adultos quanto ao uso da internet, estando, agora, quase a par (EU Kids on-line, 2011).
A presente pesquisa visa encontrar respostas para um variado leque de questões, nomeadamente: quem usa o computador Magalhães? Quais os seus usos? Em que contextos? Quais os modos de regulação sobre os usos? Por parte de quem? Que efeitos, escolares e sociais, dos seus usos nos vários atores sociais e nas suas interações? Em particular, na sala de aula e na relação escola-família?
Perante o problema e este conjunto de questões, a pesquisa assumiu uma natureza longitudinal (2009-2011), pelo que se optou por um design metodológico misto, com uma natureza extensiva (questionários a crianças, professores e famílias) e intensiva (etnografia de uma turma). O tratamento da informação incluiu procedimentos estatísticos com recurso ao SPSS e análise de conteúdo.
Os dados apontam para a) uma adesão maciça ao computador Magalhães, mais notória nas famílias de meios desfavorecidos; e b) um uso regular deste portátil pelas crianças, em particular no espaço doméstico. Ele sobressai ainda como c) um computador pessoal para a criança; d) parcialmente, um computador familiar; e, e) um instrumento que permite respeitar os ritmos de aprendizagem, o que se revela particularmente significativo no contexto de sala de aula.
- SILVA, Pedro
- COELHO, Conceição
- FERNANDES, Conceição
- VIANA, Joana
PAP0569 - Crianças e espaço urbano em Maputo: as práticas e o direito à cidade.
A relação entre as crianças e o espaço urbano tem vindo a constituir uma área problemática de grande actualidade científica, de manifesta relevância social e de importante incidência no domínio das relações sociais e das políticas públicas. A partir dos olhares cruzados da Sociologia Urbana e da Sociologia da Infância, que considera as crianças como actores sociais competentes na construção e na interpretação dos seus mundos de vida, o estudo pretende investigar o conhecimento que as crianças de um bairro periférico da cidade de Maputo têm sobre os diferentes espaços da cidade e as formas de mobilidade e circulação que elas praticam entre os mesmos. O estudo das práticas quotidianas das crianças mostra como as suas identidades e as suas vidas se fazem e refazem através do uso e apropriação dos sítios em que decorre o dia-a-dia. Os instrumentos de investigação privilegiados são observação participante, entrevistas e diários escritos pelas próprias crianças.
Palavras-chave: crianças, cidade, Maputo.
- COLONNA, Elena
PAP0678 - Crianças e jovens constroem significados por meio da imagem: uma investigação-ação participativa a partir de ferramentas comunicacionais
Como histórias de crianças e jovens contadas através de ferramentas comunicacionais visuais (fotografia e vídeo) nos convidam a perceber o seu mundo?
A partir de uma metodologia de investigação-ação participativa (Projeto Olhares em Foco), que posicionou crianças e jovens moradores da Quinta do Mocho (um bairro social de Loures habitado principalmente por imigrantes dos PALOP) como agentes desta mesma investigação e como “experts” nas suas próprias vidas, queremos conhecer a sua percepção sobre as suas realidades, identidades e culturas. De que maneira vêem a si mesmos? Que imagens constroem e querem mostrar das suas famílias? Como se relacionam com a comunidade onde vivem? O que escolheram destacar nos registos fotográficos e de vídeo que fizeram? Que constrangimentos e oportunidades encontraram quando tentaram registar suas vidas e a sua comunidade em imagens? Em que medida se sentiram agentes e participantes deste projeto de investigação-ação?
O Projeto Olhares em Foco já foi realizado em duas comunidades em situação de vulnerabilidade social no Brasil (uma urbana e outra rural) e agora foi replicado com adaptações ao contexto de um bairro social em Portugal. Câmaras fotográficas e de vídeo estiveram na posse de cerca de 20 crianças e jovens do Projeto Esperança (Programa Escolhas) em encontros semanais durante seis meses. A finalidade era representarem visualmente a si próprios, a sua família, amigos e os contextos sociais onde vivem. A imagem é utilizada para estimular o diálogo entre pares, a reflexão identitária e cultural e para promover a autonomia, participação, garantia de direitos e desenvolvimento de competências pessoais e coletivas.
Neste artigo nos propomos a analisar o processo de produção e os produtos comunicacionais elaborados pelas crianças e jovens, além das negociações de sentido que constroem sobre estas fotografias e vídeos.
- MEIRINHO, Daniel
- MARÔPO, Lidia

Lidia Marôpo
Investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação Media e Jornalismo/Universidade Nova de Lisboa
Professora auxiliar na Universidade Autónoma de Lisboa
Doutorada em Ciências da Comunicação (FCSH/UNL)
Interesses de investigação: representações de crianças e jovens no discurso noticioso, crianças e jovens como audiências dos media, sociologia da infância e sociologia do jornalismo.
PAP0176 - Crianças em ambiente extra-familiar. Elementos para a construção de uma tipologia.
Anualmente, as Comissões de Protecção intervêm
junto de cerca de 63.000 famílias (Estudo de
Diagnóstico e Avaliação das Comissões de
Protecção de Crianças e Jovens, 2008; Relatório
Anual de Avaliação da Actividade das Comissões
de Protecção de Crianças e Jovens, 2010) e
cerca de 2000 crianças chegam ao ponto da
institucionalização, perfazendo um total de
9136 crianças e jovens nesta situação
(Relatório de Caracterização das Crianças e
Jovens em Situação de Acolhimento em 2010).
Quando uma criança é retirada à sua família
biológica, encontra-se já num momento extremo e
muito avançado da intervenção. Para responder à
pergunta que motivos levam a que uma criança
seja institucionalizada? existem diversos
relatórios e estudos. Contudo, a maioria
assenta no pressuposto do mau-trato e/ ou
simplifica a razão da institucionalização, não
correspondendo a uma realidade que, sabemos, é
complexa.
No âmbito da nossa investigação para
Doutoramento, orientada pela Prof. Doutora
Anália Cardoso Torres, propusemos uma leitura a
partir dos elementos contidos nos processos
individuais de 180 crianças, desde 1996 até
2010; e daí partimos para a construção de uma
tipologia de motivos que levam as crianças ao
ponto da institucionalização. A nossa pergunta
nesta fase da investigação pode ser descrita
como o que fizeram as famílias de origem às
crianças?
Por um lado, aferimos que as famílias
biológicas nem sempre causam dano intencional
às crianças e jovens (e daí não podermos
considerar esta tipologia como sendo de maus-
tratos); por outro, de uma perspectiva
metodológica e académica, concluímos que as
situações, pela sua densidade, não podem ser
tratadas de forma simplista e, por isso,
criámos uma tipologia com múltiplos patamares,
nos quais se identifica uma problemática
principal, mas rodeada por uma ou mais
problemáticas causais.
A nossa comunicação pretende abordar não apenas
os resultados atingidos até agora mas também as
questões da construção de uma tipologia.
- OLIVEIRA, Clara
PAP0007 - Crianças: estilo de vida e vida com estilo
Por muito tempo, porventura confundível com a sua própria existência, as crianças puderam manter no seu quotidiano estilos de vida onde o uso informal e discricionário de um tempo próprio tinha lugar antecipadamente marcado, sobretudo para, em grupo, se devotarem a vivências que lhes são muito próprias e por onde se consubstanciam as culturas da infância e, dentro destas, a cultura lúdica, sua expressão primordial que a riqueza do folclore infantil passado como herança cultural intrageracionalmente alimentava em permanência.
Era por aqui que ganhava expressão efetiva uma componente seminal do processo de socialização de cada criança, através do qual a destreza física, a autonomia, a aprendizagem da (con)vivência grupal, onde o papel do mais velho se constituía como importante veículo de transmissão cultural, o contacto com a natureza e a constante confrontação com o imprevisto e a consequente necessidade de ultrapassar, de per si, etapas cada vez mais exigentes que a cada instante se colocavam, fazia desse espaço-tempo um riquíssimo momento de apreensão das coisas do mundo em que a geração mais nova se ia, também por aí, paulatinamente, inserindo.
O tempo de agora cassou positivamente esse outro que há pouco mais de uma dúzia de anos atrás ainda ocupava um bom pedaço da agenda diária das crianças, hoje cada vez mais ilhadas em instituições que lhes formatam por igual os seu quotidianos, sem deixar uma nesga sequer que seja para esse momento de liberdade de que ontem puderam usufruir.
Neste modus vivendi estampa-se um estilo de vida que, paradoxalmente, interroga o que, por inquestionável pertinência, deverá conter uma vida com estilo. A partir dos resultados a que conduziram as investigações que desenvolvemos no decurso de um estudo empírico feito com quatro gerações, pretendemos discutir esta realidade que nos confronta e com isso começar a olhar as identidades e os valores que a adultez trará aos que hoje crescem dentro deste novo paradigma.
- SILVA, Alberto Nídio

Alberto Nídio Silva é Doutor em Estudos da Criança, especialização em Sociologia da Infância, pela Universidade do Minho, Instituto de Educação. Pertence ao Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC, unidade 317 da FCT), do Instituto de Educação da Universidade do Minho. Tem desenvolvido investigação no domínio das culturas da infância, aqui com particular enfoque na cultura lúdica e no folclore infantil enquanto sua expressão primordial. É autor de vários livros, artigos e capítulos de livros. E-mail: albertonidio@hotmail.com
PAP1577 - Criatividade, instituições e novos desafios à vida dos artistas e dos profissionais da cultura
O debate em torno dos desafios que se colocam hoje aos artistas e profissionais da cultura decorre da extrema curiosidade que os mundos das artes encerram e da forte visibilidade dos fenómenos de mudança na organização e no funcionamento das profissões, organizações e mercados de trabalho em geral. Se por um lado se assiste à «criativização» de todas as profissões, com a esfera do estético e do simbólico a invadir progressivamente a generalidade das atividades económicas, como Richard Caves (2001) tão claramente nos mostrou; por outro lado, há especificidades das artes cuja análise pode ainda ajudar-nos a ler os acontecimentos atuais, de reconfiguração e de crise, com o indivíduo a aparecer como um empreendedor com necessidade de reconhecimento em círculos cada vez maiores, como G. Engel Lang e K. Lang (1990) nos habituaram a pensar nas artes. Todas estas interrogações são relevantes no debate atual sobre as atividades culturais e as carreiras artísticas e cruzam-se com uma panóplia de questões que têm marcado a discussão mais recente sobre a criatividade, as dinâmicas criativa e a economia criativa e a sua relação com a cultura, a arte, a educação e a força de trabalho. É pois com base nestas questões que esperamos promover uma reflexão mais aprofundada sobre aqueles que são hoje os desafios e as oportunidades que se colocam aos criadores e aos artistas e à forma como eles organizam a sua vida na sociedade contemporânea.
- BORGES, Vera

- COSTA, Pedro
Vera Borges
Instituto de Ciências Sociais - Universidade de Lisboa
Sociologia
Profissões, organizações e mercados de trabalho artísticos
PAP0094 - Crime, DNA e ficção: Os impactos da cultura televisiva no sistema de justiça criminal em Portugal
A tecnologia de perfis de DNA tem vindo a estabelecer-se como a derradeira prova em contexto criminal, assumindo crescente relevância no combate ao crime e na investigação criminal. Este poster tem por objetivo a descrição de um projeto de doutoramento cujo propósito principal incide sobre o estudo das representações e usos judiciais da prova de DNA, partindo de uma metodologia centrada no estudo de casos, e combinando análise documental com entrevistas. Pretende-se, através do estudo de casos criminais desde o seu início até à sentença judicial, compreender as perspetivas de uma diversidade de atores na co-construção social de representações da genética forense e os impactos das representações ficcionais e mediáticas nos usos do DNA na investigação criminal. O foco predominante incidirá sobre eventuais reflexos do chamado ‘Efeito CSI’ – fruto da disseminação popular da genética forense por via da ficção televisiva –, mas também sobre possíveis impactos da prova de DNA como ‘máquina da verdade’ em contexto judicial, isto é, o seu potencial incriminatório ou inocentador.
- SANTOS, Filipe José da Silva Cardoso

Filipe Santos é mestre em sociologia e doutorando em sociologia na Universidade do Minho. Foi investigador nos projetos “Justiça, Media e Cidadania” e “Base de dados de perfis de DNA com propósitos forenses em Portugal: questões atuais de âmbito ético, prático e político do Centro de estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Tem pesquisado na área dos estudos sociais da ciência, tecnologia e tribunais e estudos de comunicação na área da justiça, tendo recentemente editado, com Helena Machado, o livro Direito, Justiça e Média: Tópicos de Sociologia (Afrontamento, 2012).
PAP0327 - Crime, Enforcement and Compliance: Guidelines for the Reform of the Common Fisheries Policy
Public enforcement of law, that is, the use of public agents to detect and sanction violators of legal rules, is an obvious important theoretical and empirical subject for Social Sciences. First literature dates from eighteen century: Montesquieu, Beccaria and Bentham. Curiously, after the sophisticated analysis of Bentham, the subject “lay essentially dormant” in socio-economics scholarship (Polinsky and Shavell, 2000), until the influential article of Becker, 1968, “Crime and Punishment: An Economic Approach”.
In the context of Fisheries Socio-Economics, the problem can be seen as an externality arising when exclusive property rights are absent (Cheung, 1970). That absence depends, among other things, on the costs of defining and enforcing exclusivity.
In spite of the theme’s importance, monitoring and enforcement considerations have been largely ignored in the study of fishery management. This paper explores this issue with a formal model to show how fishing firms behave and fisheries policies are affected by costly, imperfect enforcement of law. The theoretical analysis combines a standard bio-socio-economic model of fisheries (Gordon/Schaefer) with Becker’s theory of Crime and Punishment. The model sustains a rule of optimal behavior for a homo economicus operator: For a given stock size, the firm sets its catch rate at a level in excess of its quota, where marginal profits equal the expected marginal penalty.
Model conclusions are used to discuss the design of the control regime of the Common Fisheries Policy and the guidelines the Commission has been proposing for next CFP reform (2012).
Implementing common policies is never easy, especially when myopic individual interests do not match with long term collective interests. This is the fisheries case. Without a clear and effective policy of control, the Commission is certain that the Tragedy of the Commons (over-fishing) will result.
According to Becker, individuals rationally decide whether or not engage in criminal activities by comparing the expected returns to crime with the legitimate business. The Commission proposals seem to give a special attention to the increase of the probability of detection as a means to deter criminal behavior and increase compliance with regulation. The introduction of severe penalties is not a priority. The Commission believes that financial support will guarantee the indispensable means of surveillance and increase the deterrence capacity of Member States (in uniform manner), the transparency and trust between partners.
The Commission knows that legal administrations have significant differences and that the judicial organization has a great inertia. The efficiency of Justice is not only a question of financial means. It has cultural and historical roots. It is virtually impossible to put all the Member States in uniform position in terms of speed and severity of penalty application.
- COELHO, Manuel Pacheco

- FILIPE, José
- FERREIRA, Manuel
Manuel F. Pacheco Coelho é Doutorado e Agregado em Economia, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, onde é Professor, desde 1984.
A Economia dos Recursos Naturais e Ambiente, a Economia Regional e Urbana, e as questões da Integração Europeia constituem as suas áreas de investigação privilegiadas, com vasta obra publicada. Na área da Sociologia, os seus estudos têm recaído, especialmente, em temáticas da Maritime Sociology.
É membro do SOCIUS/ISEG e integra a Comissão Executiva do CIRIUS /ISEG.
É professor do programa Doutoral MIT - Portugal em Sustainable Energy Systems.
PAP0911 - Crise da sociedade salarial: Redes de solidariedade, recursos e estratégias de auto-organização do trabalho para a geração de renda e reprodução social de famílias pobres.
A compreensão das famílias em seu cotidiano, das formas como elas se organizam, produzem, reproduzem e criam novas formas de viver, suas maneiras de transpor as dificuldades por meio de sua própria visão de mundo, é um exercício complexo. As estratégias de reprodução social retratam a vida se desenvolvendo dentro daquilo que é concreto na existência das pessoas, a sobrevivência, a busca diária de superação das adversidades advindas de um contexto de desigualdade e pobreza. Os pobres são partes constituintes do sistema econômico, nasceram dele e diante de um abandono, respondem com uma capacidade de resilir e inovar diante das dificuldades. Diante desse contexto, a presente pesquisa tem por objetivo (i) traçar um perfil socioeconômico das famílias/grupos objetos desse estudo de modo a discutir a ocorrência de mudanças econômicas, sociais e simbólicas dos grupos/famílias estudados; (ii) identificar as diferentes estratégias de reprodução social das famílias pobres e de seus esforços de auto-organização para geração de trabalho e renda, destacando a emergência (ou não) de redes de solidariedade e dos princípios da Economia Solidária; (iii) identificar os recursos mobilizados no cotidiano das famílias, para sua sobrevivência, bem como os recursos não-monetários, proveniente das sociabilidades primárias e do acesso a bens e serviços coletivos, proporcionados pelo Estado ou por setores organizados da sociedade civil, como também pelo mercado. A matriz analítica do trabalho encontra-se assentada na discussão da questão social da sociedade pós-salarial; nas desigualdades sociais e pobreza; nas redes de solidariedade; nos recursos e estratégias das famílias para a sua reprodução social; e, na responsabilidade social (do Estado, da sociedade civil e do mercado).
- RODRIGUES, Luciene
- BALSA, Casimiro
- GONÇALVES, Maria Elizete
- ARAÚJO, Yara Mendes Cordeiro
PAP0366 - Crise e Emprego: O Turnover no sector da hotelaria em Andorra
Será analisado ao
longo deste texto, a
hotelaria desde a
sua característica
humana á
sua mão-de-obra.
Várias teses
abordaram e
continuam a abordar
o fenómeno do
Turnover como
resultado de uma
insatisfação no
trabalho (Mobley,
1977); como
consequência de
uma difícil
conciliação entre os
diversos tempos
sociais; como
consequência de uma
percepção positiva
das oportunidades
existentes no
mercado de trabalho
(Gerhart,1990), de
<>, etc.
O meu tema central
parte da ideia de
que existem outras
razões, além das já
apresentadas, para
esta rotação
permanente de
trabalhadores na
hotelaria.
O turnover de
trabalhadores, tema
central na minha
pesquisa, tem sido
visto e
analisado unicamente
como consequência
directa de uma
decisão estratégica
e
voluntária por parte
do trabalhador.
Após os primeiros
resultados extraídos
das minhas análises
produzidas durante o
meu
trabalho de campo,
outros pontos de
reflexão surgiram.
O Turnover é
entendido como um
fenómeno mais
complexo; um
processo que não é
unilateral (decisão
feita
estrategicamente
pelo trabalhador)
mas sim bilateral (
decisão
feita
estrategicamente por
ambas as parte:
trabalhor/empregador).
“Agora somos nós
(empresários) que
temos de mandar
embora os
trabalhadores”
(discurso de um
director de Hotel 3*
de gerência
familiar).
A situação económica
actual, que atinge
cada vez mais
sectores
profissionais, pode
ser
um dos elementos
para reflexão e
explicação para o
turnover por parte
dos
trabalhadores/empresários
o que fortalece o
que disse
anteriormente, em
relação aos
outros pontos de
reflexão, que
surgiram, podendo
vir a ser motivo de
investigação.
Richard Sennett
(2000) e Annette
Jobert (2011)
expuseram nas suas
obras as
problemáticas sobre
o crescimento
exponencial da
flexibilidade no
trabalho, a perda
de emprego,
projectos pessoais a
longo prazo e a
dificuldade que isso
vem impor nas
relações laborais.
Uma presencia
crescente de curto
prazo que esta a
começar a quebrar a
estrutura
tradicional dos
tempos sociais dos
indivíduos,
levando-os assim um
menor
investimento perante
as atividades
profissionais. Uma
visao de
inestabilidade e de
curto prazo nas
atividades
professionnais que
se està a
enfortalecer frente
a situaçao
de crise actual.
Depois de um breve
resumo sobre o tema
principal da minha
pesquisa e de uma
breve descrição
sócio-histórica e
institucional do
terreno de estudo –
Andorra – vou expor
a
minha metodologia de
recolha de dados e
irei demonstrar o
turnover como
resultado
de uma sociedade com
planos a curto prazo
levando os
trabalhadores
(conscientes do
curto período de
validade do seu
contracto, acordado
por eles ou
entendimento com o
patrão) a não
investirem ou
investirem pouco nas
relações entre os
trabalhadores.
Palavras Chave:
Hotelaria, Turnover,
Tempo de Trabalho,
Crise, Observação
Participante,
Andorra
- SILVA, Diana Margarida Oliveira da

Diana Margarida Oliveira da Silva
Doutoranda em sociologia
Université de Toulouse II- Le Mirail
UMR5044 CERTOP – pôle TAS
oliveira@univ-tlse2.fr
Doutoranda em sociologia na Universidade de Toulouse II- Le Mirail, eu, Diana Margarida Oliveira da Silva sou nativa de Viana do Castelo, porém resido em Andorra desde 1990.
Este trajeto migratório, assim como minha experiência profissional no setor do turismo e no Centre de recerca i d’Estudis Sociologics d’Andorra (CRES), influenciaram os meus interesses de pesquisa por temas relacionados com a trajetória dos imigrantes em território de acolhimento, a influência dos fluxos turísticos em território andorrano e as questões mais gerais ligadas a sociologia do trabalho e das organizações.
Atualmente, a minha pesquisa de doutorado trata-se principalmente dos determinantes sociais e culturais do turnover de pessoal no setor da hotelaria em Andorra. Para realizar este estudo, e desta forma, compreender minha problemática central, me baseio na análise estratégica e sistêmica através do uso de metodologias qualitativas e quantitativas.
PAP0896 - Crise e novas configurações do Estado na América Latina
GT: "Sociedade, crise e reconfigurações na América Latina"
Este trabalho tem como objetivo analisar as novas configurações do Estado na América Latina que surgem no contexto da crise do projeto neoliberal. Realizaremos a análise a partir da concepção critica da teoria da dependência que preconiza que, nos países em situação de dependência, por suas relações subordinadas às economias centrais e aos interesses das suas classes dominantes, ficam comprometidas a soberania nesses países e a democracia até para as burguesias locais.
Por outro lado, ao se esgotar o padrão de reprodução por meio de uma crise que debilita o poder das potencias imperialistas e acirra as contradições entre elas, abre-se espaço à emergência de novas classes sociais, locais e regionais que passam a erigir blocos de poder inseridos no padrão de reprodução regional e nas contradições entres os níveis locais de avanço das forças produtivas.
Após o ciclo das ditaduras militares na América Latina (anos 1960-80), quando, nos principais países da região, o Estado estava refém dos interesses vinculados ao capital monopólico internacional, implementou-se o programa preconizado pelo Consenso de Washington, nos moldes da doutrina neoliberal isto é, o Estado deixaria de cumprir o seu papel de garantidor do bem estar social para ficar omisso e assim favorecer abertamente a “cidadania” proposta pelo mercado.
Na América Latina, cujo desenvolvimento econômico, social e politico foi historicamente subordinado aos interesses estrangeiros e à sua expansão em direção aos países do então chamado Terceiro Mundo, já no inicio do seculo XXI o povo, os intelectuais e os partidos políticos se aperceberam o quanto esse Estado era transportador da crise cíclica do capitalismo mundial, e seu papel passa a ser questionado pela sociedade em movimento
Se na Venezuela Hugo Chavez propõe o socialismo do seculo XXI, no Brasil os resultados sociais da diminuição do Estado levam a uma onda de mobilização social que deságua na eleição de Lula da Silva. Já nos países andinos, a exemplo da Bolívia, a retomada da força politica das comunidades indígenas, das quais é reconhecida autonomia, leva a um pacto social e de poder que se configura em Estados Plurinacionais, em que se dá a simbiose dos poderes comunais com o poder do Estado Nacional através de Constituições que garantem, via politicas públicas, a participação popular no poder do Estado.
- SILVA, Luisa Maria Nunes de Moura e

Socióloga. Portuguesa. Doutora em Sociologia pela USP-Brasil e UNAM-México. Mestre em Sociologia pela UFPE-Brasil e Especialista em Metodologia da Pesquisa Social pela Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. Professora aposentada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Professora Titular de Sociologia da Universidade Ibirapuera no Programa de Mestrado em Direito Regulatório e Responsabilidade Social Empresarial. Professora Visitante da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA, onde coordenou a produção do musical Nuestra América (2010) e coordena o Grupo de Estudos da Teoria da Dependência (www.teoriadadependencia.blogspot.com ). Autora de vários livros, entre os quais Relações Internacionais do Brasil e Integração da América Latina, além de capítulos e artigos científicos sobre os temas: Responsabilidade Social e Desenvolvimento, Integração e Estado na América Latina.
PAP0579 - Crise e reconfigurações no Brasil e no Equador
GT: "Sociedade, crise e reconfigurações na América Latina"
O objetivo deste texto é examinar como a crise que hoje grassa o mundo impactou dois países da América Latina: Brasil e Equador. Depois de várias crises ao longo da década de 1990 na periferia do mundo capitalista e no começo da de 2000 no centro, a economia dos países centrais ingressou em nova e forte crise a partir do segundo semestre de 2007. A crise representou, simultaneamente, o colapso da financeirização da economia mundial e da forma de regulação desse sistema, representada pela implementação da ideologia neoliberal; representou também a aceleração do declínio da economia dos Estados Unidos. Na essência, trata-se do desdobramento da crise mais geral, que se deflagrou no começo dos anos de 1970 nos EUA.
Num primeiro momento, a crise não trouxe maiores transtornos para a América Latina. Mas, a partir de determinado momento, o impacto da crise financeira e da recessão nos países centrais sobre a região afetou diretamente a economia real latino-americana. Todos os países da América Latina sofreram esse impacto da crise. No entanto, alguns deles estavam melhor aparelhados política e economicamente para defender-se da crise e assim amenizar seus efeitos internos, dentre eles o Brasil e o Equador.
A economia brasileira estava em pleno processo de expansão, induzida pelas mudanças ocorridas no governo Lula, quando foi surpreendida por essa nova crise internacional. É possível afirmar que, durante essa crise, o governo brasileiro contava com condições mais favoráveis do que as que dispunha nos anos de 1990 para adotar medidas no sentido de proteger e fortalecer a economia nacional. No entanto, como demonstraremos no texto, as condições adversas também eram muito fortes.
Na época, o Equador havia recém iniciado um processo de transformação com base no programa implementado pelo governo de Rafael Correa. Essa transformação, no entanto, defrontava-se com vários obstáculos, dentre os quais se destacava a dolarização da economia. Esse limite bloqueava a capacidade de o governo praticar políticas econômicas. Apesar disso, a economia equatoriana foi uma das que melhor enfrentou a crise. A combinação entre o elevado preço do petróleo e as medidas adotadas pelo governo para aumentar a apropriação nacional e pública da renda do petróleo contribuíram para enfrentar esse desafio.
O que existe de comum entre os dois países é o fato de seus respectivos governos haverem reconstruído parte dos mecanismos de ação estatal sobre a economia e promovido o fortalecimento do mercado interno. Investimentos públicos e gastos sociais combinados com crédito barato e abundante constituíram a receita para enfrentar a crise nos dois países.
Palavras-chave: crise internacional, reconfigurações, Brasil, Equador
- SOUZA, Nilson Araújo de

Nilson Araújo de Souza possui graduação em Economia pela Universidade Federal do Pará (1974), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio do Rio Grande do Sul (1976), doutorado em Economia pela Universidad Nacional Autónoma de México (1980) e pós-doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (1985). Atualmente, é professor visitante sênior CAPES da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Tem experiência em docência e pesquisa na área de Economia, com ênfase em Economia Mundial, Economia Latino-Americana e Economia Brasileira Contemporâneas. Nessas áreas, publicou dezenas de livros, ensaios e artigos. Seus mais recentes livros são: Economia Brasileira Contemporânea - de Getúlio a Lula (Atlas, 2007) e Economia Internacional Contemporânea - da depressão de 1929 ao colapso financeiro de 2008 (Atlas, 2009)
PAP1553 - Crise econômica, fechamento de unidades industriais e dois casos de resistência e gestão operária na América Latina: Zanon e Flaskô
É uma tendência que as crises mundiais sejam acompanhadas de desaceleração produtiva nos países mais afetados. Isto se traduz em fenômenos de reestruturação produtiva tais como o aumento no índice de deslocamento e fechamento de unidades industriais, com consequente aumento dos índices de desemprego neste setor, o quê contribui com o aumento dos índices de desemprego aberto. Inclusive porque as políticas econômicas governamentais para os períodos de crise têm fracassado em impedir tais consequências, em função dos objetivos fixados em acordos acerca das políticas fiscais, monetárias e cambiais. As quais podem agravar o desempenho produtivo nacional, sobretudo nos casos onde se observam assimetrias econômicas no interior de mercados comuns. Derivado destas tendências, a sequência de crises mundiais da década de 1990 afetou sobremaneira as economias dos países da América Latina e culminou no colapso argentino em 2001. E atualmente, desde 2008, após curto período de crescimento, novamente a crise repõe ameaças sobre o setor industrial na região, mas também na Europa e EUA. Neste contexto, desde há duas décadas, surgiram iniciativas de coletivos operários para resguardar seus postos de trabalho, em particular na América Latina. São casos de empresas, sobretudo no setor manufatureiro, as quais, antes ou depois de sua falência, passam a administração dos trabalhadores cujo objetivo é o de as manterem produtivas. Neste estudo, focamos as consequências das crises na Argentina e no Brasil, entre 2001 e 2010, comparando o impacto sobre sua base industrial, sobre o crescimento do desemprego aberto e do crescimento da taxa de falência de empresas industriais em ambos os países. Dentro do contexto comparativo dos efeitos da crise sobre a economia de ambos os países do MERCOSUL, também realizamos um largo estudo sobre dois casos particulares de empresas que, na eminência de falência e fechamento, foram ocupadas pelos trabalhadores com amplo apoio social e seguem sob administração coletiva dos operários: a cerâmica Zanon na região patagônica da Argentina e a produtora de embalagens industriais Flaskô, na região sudeste do Brasil. Observamos que tais experiências se destacaram entre centenas de outras em cada país a partir da década de 1990, por sua resistência temporal, pela capacidade de a gestão coletiva operária manter e ampliar os postos de trabalho e a remuneração dos trabalhadores. Também por outras modificações internas como: redução da jornada de trabalho, achatamento da hierarquia salarial rumo a remuneração igualitária, coletivização das decisões, rotatividade nos postos de responsabilidade e progressividade de funções, redução drástica de acidentes e da incidência de enfermidades físicas e mentais ligadas ao trabalho, além da ampliação do ativismo social dos trabalhadores envolvidos, seja nas organizações sindicais, movimentos sociais e na agenda política local, regional e nacional.
PAP0487 - Crise nuclear? Globalização de incertezas e riscos e o contexto brasileiro
Interessa-nos examinar, a partir do debate Sociedade, Crise e Reconfiguração, o processo de rediscussão e de reconfiguração acerca da adoção da matriz energética nuclear, com especial atenção ao cenário brasileiro, após o acidente nuclear no Japão (2011). O assunto voltou a pautar não somente as agendas midiáticas, mas também as políticas, econômicas, científicas e sociais, e de diferentes formas o mundo voltou a compartilhar uma série de incertezas e questionamentos que podem, para muitos, caracterizar uma “crise” no setor nuclear. Nesse contexto, a sociedade do risco (de acidentes nucleares) configura-se como um assunto a ser debatido atrelado à discussão de possíveis perigos para a saúde humana e de contaminação ao meio ambiente. À luz da literatura de Beck e Giddens, sobretudo pela ideia de “sociedade de risco” (1997), e Jasanoff (2003) através do conceito de “co-produção”, dentre outros autores do campo da sociologia do risco, da sociologia ambiental e sociologia da ciência e tecnologia, procuramos discutir como a incerteza e a complexidade de definição e controle dos riscos (sejam eles naturais, tecnológicos ou de outra natureza) se tornam elementos chave em momentos de tomada de decisões que não são somente tecnológicas, mas também sociais e políticas, próprias da interface ciência, tecnologia e sociedade. Uma relação constituída de agentes heterogêneos, com participações e percepções distintas de risco que se combinam e se transformam. Neste estudo, queremos mostrar e analisar como tais incertezas estão perpassando, sobretudo, a esfera de formulação de políticas públicas brasileira, que dentre várias ações tem, em um momento de redefinição do Programa Nuclear Brasileiro, pensado e proposto medidas que tornem mais efetiva a participação pública por meio de plebiscito em momentos decisórios e medidas de compensação para possíveis vítimas de desastres relacionados. Por isso mesmo este estudo busca discutir como as fronteiras entre ideias de segurança e risco e argumentos para investir ou não na energia nuclear transitam, muitas vezes de forma tênue e vulnerável, por entre diferentes influências, não somente critérios científicos, mas também, políticos, econômicos, sociais, bem como aspectos éticos. Dentre algumas perguntas norteadoras do estudo, de caráter qualitativo-exploratório, estão: que atores e quais argumentos têm participado dessa discussão? Como os conceitos de “crise” e “risco” têm sido empregados no debate? Como se observa o gerenciamento/governança de risco nesses casos?
- CAMELO, Ana Paula

- MONTEIRO, Marko S.

Ana Paula Camelo é bacharel em Comunicação Social (2009) na modalidade Jornalismo e mestre em Divulgação Científica e Cultural (2011). Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica no Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - São Paulo/Brasil, além de bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Suas pesquisas abarcam os seguintes temas: práticas de comunicação e divulgação científica; meio ambiente e C&T; sociedade do risco; e sociologia da ciência e da tecnologia.
Marko Synésio Alves Monteiro possui graduação em Antropologia (1997), mestrado em Antropologia Social (2000) e Doutorado em Ciências Sociais (2005), todos pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Realizou estágio de pós-doutorado na University of Texas at Austin, junto ao programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade (2008), e no Departamento de Política Científica e Tecnológica da UNICAMP (2010). Suas pesquisas abarcam os seguintes temas: antropologia da ciência e da tecnologia; culturas visuais da ciência; gênero, masculinidades e mídia; biotecnologias e o corpo; visualidade do corpo na ciência e na medicina. Atualmente é professor no Departamento de Política Científica e Tecnológica (UNICAMP).
PAP1558 - Crise, novo paradigma, o próximo jornalismo e arbitragem da ética
A emergência dos novos média e o crescente empoderamento das audiências puseram em causa a agenda comunicacional e informativa unilateral e centralizada, prevalecente ao longo do século passado. A crise financeira de 2008 acelerou o fim do modelo industrial em que assentara a prosperidade do sistema de imprensa.
Gurus do novo jornalismo matraqueiam a ideia de que users can do it for themselves e que uma onda sísmica digital submerge os modelos jornalísticos tradicionais (Starkman, 2011e 2012).
A partir duma reflexão crítica sobre o estado dos média à luz do ComitteeofConcernedJournalists e da respectiva réplica portuguesa, o Projecto Jornalismo e Sociedade, o autor problematiza tentativas de conciliar, no próximo jornalismo, a dominante digital, nas suas diferentes declinações, com um núcleo de regras e padrões éticos e profissionais do velho jornalismo (Rosen, 2006 e 2012; Kovach e Rosenstiel, 2007 [2001] e 2010, e Beckett, 2008).
- GOMES, Adelino

Adelino Gomes
Investigador no CIES-IUL e docente no mestrado Comunicação, Cultura e Novas Tecnologias, do ISCTE-IUL
Doutorado em Sociologia (especialidade em Sociologia da Comunicação, da Cultura e da Educação).
Interesses de investigação: Sociologia da Comunicação e Jornalismo.
Integrou a equipa, coordenada por José Rebelo, que procedeu à Análise Sociológica do Jornalista Português (na origem do livro Ser Jornalista em Portugal. Perfis sociológicos). A investigação alarga-se actualmente ao perfil das Novas Gerações de Jornalistas, num trabalho que conta agora também com os sociólogos José Luís Garcia e Rui Brites. Integra ainda a equipa coordenada por Gustavo Cardoso, do Projecto Jornalismo e Sociedade.
PAP0145 - Crises identitárias nas Inovações e (re)Construções Estéticas na Produção e Divulgação de BD´s Online
A produção de BD´s, dentro das produções artístico-midiáticas da indústria cultural, se consolidou durante o séc. 20 como objeto de consumo nos mais diversos países e para as mais diversas classes etárias e sociais. Não só como desenho, pintura ou literatura, as BD´s têm uma importância fundamental nas representações sociais. Com a cibercultura o consumo de BD´s tem cada vez mais se ampliado em novas modalidades, primeiro em relação ao consumo de BD´s digitalizados numa pirataria solidária, traduzidos pelos fanfics e por fansubs (ambos essencialmente pela internet) e posteriormente, produzidos já em um suporte cibernético. Estas inovações vêem causando uma série de mudanças estéticas na produção de BD, alterando a idéia de página, de quadro e de seqüencialidade. Elementos estruturais da linguagem artísticas dos BD´s. O trabalho avalia estas mudanças sob duas óticas: a primeira, a partir do estudo de caso dos principais materiais lançados no Brasil, nos EUA e em Portugal na última década, de modo a criticar os limites fronteiriços destas inovações na BD, afastando-se do impresso pelos meios gráficos tradicionais e esta nova forma de produzir um quadrinho digital e cibernético. E também pela veiculação e divulgação, não só das bandas desenhadas independentes, mas daqueles do circuito comercial pela plataforma online. E a segunda, mapeando as novas técnicas, mediadas pelos sistemas cibernéticos que alteram a estética da produção, mesmo pelos meios impressos. Como a pintura digitalizada, as promoções na internet e os contatos entre leitores e fãs com os agentes produtores e comercializadores de quadrinhos pelas redes sociais e suas influências recíprocas. Estas mudanças podem ser entendidas através da discussão sobre os limites das Vanguardas e seu papel na construção identitária e cultural de uma dada localidade em que são produzidas.
- BRAGA JR, Amaro Xavier

Amaro Braga, é Professor da Universidade Federal de Alagoas no Brasil. Graduado, mestre e Doutorando em Sociologia, desenvolve pesquisas na área de sociologia da comunicação, do consumo e da arte. Estudando no campo das Representações Sociais e da Mudança Social nas Bandas Desenhadas e outros veículos de Arte e Comunicação.
PAP0781 - Crisis del tiempo en la modernidad. Una genealogía negativa.
El tiempo es un
objeto de estudio
complejo, ya que
deviene generalmente
extraño y
enigmáticamente
obvio. Recordando la
famosa expresión de
Agustín ante la
pregunta sobre el
tiempo, si nadie nos
pregunta,
cotidianamente
sabemos lo que es,
pero si debemos
explicarlo a quien
nos interroga,
surgen numerosas
aporías en relación
a su extrañeza
familiar.
La dificultad de
pensar el tiempo
surge en nosotros
porque tenemos una
doble experiencia
del mismo. Formamos
parte de un tiempo
público, compartido,
propio del mundo
social, pero nuestra
experiencia íntima
del tiempo es vivida
como una distensión
a partir de un
presente que
permanece desde un
pasado que se está
yendo y hacia un
futuro que todavía
no ha llegado. El
problema del tiempo
consiste en
articular esa
distancia que en el
hombre parece
infranqueable entre
el tiempo vivido,
auténtico pero
incomunicable
(subjetivo o
interno), y el
tiempo social
(externo),
manifiesto en la
posibilidad objetiva
de la representación
del tiempo en el
mundo.
El orden
socio-temporal es
producto de una
síntesis humana, un
constructo o
herramienta
simbólica de
orientación que no
puede comprenderse
independientemente
de ciertos procesos
sociales y
culturales. Las
experiencias
temporales son
múltiples, y cada
sociedad articula
una relación
particular con el
pasado, el presente
y el futuro,
dotándoles de
sentido. El interés
de nuestra
investigación apunta
a la reflexión sobre
el concepto de
tiempo propio de la
modernidad avanzada
y, en particular, al
estudio de las
experiencias del
tiempo vivido como
riesgo e
incertidumbre en las
sociedades
contemporáneas,
aproximándonos a las
causas y
consecuencias de los
procesos de
aceleración social y
a la noción de
“presentismo” como
clave heurística
para comprender la
realidad en la que
estamos inmersos.
La sociedad moderna,
volcada hacia el
futuro en una
permanente búsqueda
de innovación, nos
sitúa ante un mundo
que se vuelve cada
vez un lugar más
inseguro, mientras
el tiempo se
acelera. Cuando de
más tiempo
disponemos, menos
tiempo tenemos... El
síndrome temporal de
la prisa o la
urgencia, con sus
requisitos de
flexibilidad,
movilidad y
provisionalidad,
condicionan la
construcción de
nuestra identidad y
el proyecto político
de una sociedad en
crisis de
configuración. La
teoría sociológica
debe hacerse cargo
no sólo de la
reflexión sobre
estos tiempos de
crisis, sino también
sobre las crisis del
tiempo y sus
transformaciones.
- MARTÍN, Estefanía Dávila

Estefanía Dávila Martín, investigadora en formación de la Universidad Pública de Navarra (Pamplona, España) es Licenciada en Filosofía y Master en Teoría Sociológica. Actualmente trabaja en su proyecto de tesis doctoral, estudiando las transformaciones del concepto de tiempo en la modernidad.
PAP0127 - Critérios de justiça e penas em Portugal
Uma das principais características da sociedade pós-moderna ou do capitalismo avançado, a configuração contemporânea que articula sociedade, instituições e modos de vida, é o aumento imparável do número de prisioneiros, bem como os sinais evidentes de discriminação social na selecção étnica, etária, sexual dos encarcerados. Há quem entenda tal facto como uma consequência da perversidade das instituições. E há quem acrescente ou contraponha a perversidade da própria opinião pública: os sentimentos de insegurança das populações, mais ou menos aumentados ou provocados pelos media sensacionalistas e em luta de audiências, reclamariam “acção e não palavras”. As propostas políticas de troca da liberdade por segurança são populares e fazem o seu caminho.
No estudo de inquérito por questionário feito com uma amostra de conveniência sobre como punir criminosos e como os reabilitar, procuraram-se indicações sobre qual a convicção dos inquiridos relativamente às soluções em escrutínio, qual a força dos partidos dos duros e dos moles com o crime, quais os principais agentes de ressocialização dos condenados, aos olhos dos inquiridos.
O objectivo principal do estudo foi observar a reacção dos inquiridos à proposta de ser o Estado a ficar encarregue de dar emprego aos condenados à saída da prisão, já que o Estado está encarregue de cumprir a principal finalidade da pena que é a reintegração social.
A análise dos dados aponta sobretudo para uma importante margem dos inquiridos para aceitarem a posição socialmente dominante relativamente ao que possa ser a solução a adoptar.
- DORES, António Pedro

Doutorado e agregado em Sociologia no ISCTE em 1996 e 2004 respectivamente, http://iscte.pt/~apad/novosite2007/. Docente responsável pelo ramo “Sociologia da Violência” do mestrado de Sociologia do ISCTE-IUL. Membro da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento/ACED, http://iscte.pt/~aced/ACED, iniciativa de pessoas reclusas para romperem o cerco que as inibe de exercer os direitos de livre expressão.
Organizador dos livros a) Vozes contra o silêncio – movimentos sociais nas prisões portuguesas, com Alte Pinho, Prisões na Europa – um debate que apenas começa e Ciências de Emergência; b) Autor da trilogia Estados de Espírito e Poder (Espírito Proibir, Espírito de Submissão e Espírito Marginal).
PAP0208 - Cross-border European Identities: Lights and Shadows in European Cross-border Cooperation
Abstract:
Since first cross-border policies of the European Cohesion Policy started the map of Europe has acquired a new relief where borders are crossed continuously for the European Integration purpose. Programmes like Interreg and entities like Euroregions or Working Communities and EGTCs are intended to increase the level of cooperation between countries with common borders and with common problems and challenges. At the same time the historical heritage, cultural similarities and linguistic similarities are taken as granted for boosting conditions for this cooperation. Traditionally these programmes claim explicitly the development of a new common identity, based on the territorial space of the border areas, both as a clue for future cooperation and European cohesion and as a product of long-term cross-border programmes. The possibilities and scenarios for the constructions of new identities have been of interest in the scholar debate.
However, over twenty years of institutional cross-border programmes has passed in many border regions of Europe, and the query for a common identity remains an issue of scholar and political importance.
The research that feeds this paper is focused in two different border areas, south Portugal and Spain, and south Finland and Estonia. A comparative study has been conducted through more than 40 qualitative interviews to people with expertise in cross-border projects within Interreg programmes or in other forms of cross-border cooperation.
Results on one hand show that after twenty years of cooperation and after an intensive dynamic of cooperation the expression of a common or share identity is based more on the past and historical roots and cultural similarities than in the possible impact of cross-border programmes. Among the majority of national and regional identities coexists the increasing global-international identification process, and certain expressions of cross-border identities are based on the specific personal and/or professional profiles of interviewees.
This paper brings out doubt if we are at the threshold of a common identity developed thanks to Cross-border projects, but rather remain the same historical regional identity existing during centuries. On the other hand, it defends that the development of a common identity over these border regions does not need to be the key stone or even the right word for the evaluation of success of cross-border cooperation in terms of identify process. The idea of emotional proximity towards the neighbors seems a more reasonable empirical approach to the issue.
- GOMÉZ, Teresa González

- CABALLERO, Estrella Gualda
Teresa González holds a MA in Sociology from the University of Granada in Spain and MA in Social Sciences (Baltic Studies) from the University of Tartu in Estonia. She is Associated Professor of Sociology at the Faculty of Social Work (University.of Huelva, Spain). Her research is focused in the areas of Social Capital, and Cross-Border Cooperation. Currently she is doing PhD. Research in Cross-border Cooperation. Email: teresa.gonzalez@dstso.uhu.es
PAP1306 - Cultivo da palma forrageira com adubação orgânica: uma estratégia de convivência com o Semiárido brasileiro
O Semiárido, que engloba nove estados brasileiros, apresenta características de clima e solo diferentes de outras regiões do país. Devido às alterações climáticas, agricultores e rebanhos convivem com a degradação ambiental, que já atinge mais de vinte milhões de hectares, isso significa 12% da área total do Nordeste. Tal fato provoca a redução na disponibilidade e no valor nutritivo das forragens da região utilizadas para alimentação animal, principalmente na época de escassez de chuvas. A produção de forragem no semiárido brasileiro é comprometida em conseqüência do baixo índice pluviométrico que varia de 400 a 500 mm por ano e pela ausência ou má distribuição das chuvas durante grande parte do ano. Devido esta oscilação, a oferta de alimentos para os rebanhos influencia negativamente a pecuária local e estimula o êxodo rural (saída do homem do campo para a cidade). Torna-se um desafio para profissionais das Ciências Agrárias a produção de alimentos para os animais, considerando que o cultivo pode ser de alto risco, além de competir com a agricultura tradicional. Com a finalidade de amenizar essa situação, a palma forrageira apresenta-se como alternativa de alimento, pois produz elevada fitomassa no período seco com bom coeficiente de digestibilidade da matéria seca e é rica em carboidratos. Objetivou-se com este trabalho avaliar como o cultivo da palma forrageira com adubação orgânica pode se tornar uma estratégia de convivência com o Semiárido. O experimento foi conduzido em blocos casualizados, em esquema fatorial 8 x 2, sendo oito variedades de palma (Miúda, Alagoas, Gigante, Redonda, IPA 20, Copena F1, Copena V1 e Italiana) e dois tratamentos de adubação (ausência de adubação e adubação orgânica) com cinco repetições. Nas condições edafoclimáticas em que se encontra essa pesquisa, a altura de planta bem como a produtividade das variedades de palma forrageira, foram superiores nos tratamentos com adubação orgânica. Considerando então que a redução de custos e benefícios da adubação orgânica sobre as características físicas e biológicas do solo, esta pode ser indicada. A adubação no cultivo da palma forrageira na região é escassa e quando ocorre não é praticada de forma adequada, predominando a adubação orgânica com utilização de esterco encontrado nas próprias unidades rurais ou vizinhas. A produção de palma forrageira é destinada principalmente a alimentação de bovinos, caprinos e ovinos.
- MUNIZ, N. S
- FEITOSA, E. M. S
- SILVA, D. S.
PAP0826 - Cultura Organizacional e Avaliação no Terceiro Sector
É no enquadramento de europeização das estruturas nacionais e de governação multinível que se articulam os diversos atores (públicos, privados e não lucrativos) implicados na concepção, implementação e avaliação de políticas e programas/projetos de intervenção social no nosso país. A crescente importância da avaliação nas organizações do terceiro sector (OTS) resulta dos novos desafios que estas enfrentam e dos efeitos da sua nova relação com o Estado e outras entidades financiadoras. Num contexto de projetificação das políticas sociais, a avaliação surge como elemento indispensável na contratualização entre Estado e terceiro sector tendo em vista a implementação de programas sociais. Inerentemente associada ao controlo exercido pelas entidades de financiamento, a avaliação acaba frequentemente por ser vista como mera obrigação contratual a cumprir para prestar contas do financiamento recebido e não como um instrumento de aprendizagem, capacitação e mudança organizacional.
Nesta comunicação será feito um primeiro mapeamento da produção de conhecimento sobre avaliação nas organizações do terceiro sector, a nível nacional e internacional, e serão apresentados os primeiros resultados empíricos de um estudo conduzido pela autora no âmbito da sua dissertação de Doutoramento. Propõe-se discutir as pressões para o desenvolvimento de processos de avaliação nas OTS e suas especificidades, e conhecer as práticas de avaliação vigentes, compreendendo em que medida elas se têm vindo ou não a constituir em instrumentos de governação e gestão estratégica dessas organizações e perscrutando o papel que as entidades financiadoras ou tutelares desempenham na construção de processos de avaliação potenciadores da aprendizagem organizacional. Pretende-se testar até que ponto as fragilidades que caracterizam as OTS portuguesas – elevada dependência relativamente às entidades financiadoras, gestão imediatista, falta de recursos, etc. – fazem prevalecer modelos de avaliação tecnocráticos e não participativos, orientados para a prestação de contas ascendente a entidades financiadoras e agências reguladoras e obstaculizam a emergência de modelos de avaliação mais participativos e potenciadores da capacitação e desenvolvimento organizacional.
- LOPES, Mónica Catarina do Adro

Mónica Lopes é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra e frequenta, actualmente, o programa de
doutoramento em Sociologia pela mesma Faculdade. Enquanto
investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES), tem participado em
diversos projectos de investigação/avaliação relacionados com
políticas e práticas de igualdade entre mulheres e homens,
responsabilidade social das organizações e organizações da sociedade
civil. Os seus interesses de investigação incluem avaliação de
políticas públicas, terceiro sector, políticas sociais e relações
sociais de sexo, políticas de conciliação trabalho/família, mercado de
trabalho e maternidade/paternidade.
PAP0246 - Cultura Organizacional, Participação e Desenvolvimento de Recursos Humanos em IPSS.Estudos de Caso.
A realização do estudo subordinado ao tema
Cultura Organizacional, Participação e
Desenvolvimento de Recursos Humanos em IPSS -
Estudos de Caso, destina-se à obtenção do grau
de Mestre em Sociologia (área de
especialização: Recursos Humanos e
Desenvolvimento Sustentável) na Universidade
de Évora.
Como objectivo central, esta investigação
procura compreender a relação que se
estabelece entre cultura organizacional e as
práticas de gestão de recursos humanos nas
IPSS e respectivos efeitos sobre participação,
comunicação, autonomia e relações de trabalho.
Com este estudo, o que se pretende analisar é,
se de facto os modelos de organização das
entidades do terceiro sector, assentam em
modelos participativos e democráticos, onde os
colaboradores tem oportunidade de participar
no processo de tomada de decisão e
experienciar sentimentos de autonomia,
flexibilidade, envolvimento e responsabilidade
ou pelo contrário, assenta em relações de
domínio e de controlo, por parte de quem
representa e dirige, promovendo um modelo de
organização centralizado, autoritário e
alienante, e consequentemente, uma menor
oportunidade para os colaboradores
participarem no processo de tomada de decisão?
As razões que presidiram à escolha do tema
residem em interesses académicos,
profissionais e pessoais, mas igualmente pela
pertinência sugerida pelas especificidades do
Terceiro Sector/Economia Social e das
Instituições Particulares de Solidariedade
Social (IPSS) em particular e pela quase
inexistência de pesquisa empírica relevante
sobre o tema, no contexto geográfico
seleccionado.
O método privilegiado é o estudo de caso,
sendo objecto de estudo duas instituições
particulares de solidariedade social
localizadas no Baixo Alentejo.
Pela pertinência do tema, sugerida pelas
especificidades do Terceiro Sector/Economia
Social e das Instituições Particulares de
Solidariedade Social (IPSS) em particular,
acredita-se que o trabalho final possa
contribuir para o avanço da problemática em
estudo, em simultâneo forneça pistas para o
aprofundamento do tema, assim como para o
desenvolvimento de futuros estudos.
Conceitos chave: Cultura Organizacional,
Participação, Desenvolvimento de Recursos
Humanos, Práticas de Gestão de Recursos
Humanos e Terceiro Sector/Economia Social.
- CUSTÓDIO, Ana
PAP0437 - Cultura e Música: Instrumentos de Transformação da Juventude da Periferia
Cultura e Música: Instrumentos de transformação da juventude da periferia.
Sueli Maria Pereira Guimarães
Ana Lucia Hazin Alencar
Este trabalho é parte de uma pesquisa realizada na Fundação Joaquim Nabuco, com jovens da cidade do Recife, Estado de Pernambuco, participantes de programas culturais desenvolvidos pelos governos federal, estadual e municipal e tem como questão central o impacto dos programas culturais no jovem carente proveniente das camadas populares, onde vivenciam a violência e a pobreza.
Com o objetivo de contribuir para a compreensão desse impacto no jovem, foi importante entrevistar gestores dos programas que lidam com este contingente que moram em localidades de baixa renda na periferia da cidade.
Trabalhamos com a noção de juventude como categoria social, historicamente construída, segundo referenciais de Pierre Bourdieu, partindo do pressuposto de que não há uma cultura jovem única.
O universo amostral é constituído de jovens com idade de 15 a 29 anos que participam do projeto cultural Orquestrando, do Conservatório Pernambucano de Música. Esses jovens mostram-se felizes e relatam a mudança pessoal trazida pela música. Muitos viviam na rua, sem nenhum objetivo de vida, em uma situação de total vulnerabilidade. Hoje, tornaram-se profissionais da música e passaram a se considerar cidadãos mais valorizados por todos da comunidade. Os instrumentos que tocam são de cordas: violino, violoncelo, viola, dentre outros.
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, através das quais se buscou identificar, a partir de depoimentos dos jovens, mudanças ocorridas nos seus valores e na sua vida, através do consumo cultural. Apesar de o tema cultura ser hoje mais valorizado, ainda não é uma prioridade nas discussões das políticas públicas nem dos orçamentos públicos.
A cultura é um direito de todo jovem, indispensável à vida de qualquer pessoa, alarga os conhecimentos, através das informações, proporcionando, assim, uma maior participação no universo simbólico da sociedade. Assim, ela não deve ser vista simplesmente como uma medida para resolução de problemas dos jovens.
A teoria de Bourdieu, o seu conceito de habitus, será uma ferramenta utilizada para explicar como o espaço social age sobre os indivíduos na esfera cultural e nas formas de apropriação da cultura e da identidade, através do aspecto simbólico do consumo.
- GUIMARÃES, Sueli Maria Pereira
- ALENCAR, Ana Lúcia Hazin
PAP0228 - Cultura e comunicação na contemporaneidade
Nesta comunicação pretende-se apresentar algumas ideias e sugestões sobre diversas modalidades de relações que empreendem e envolvem todos os elementos necessários para uma clara abordagem sobre a noção de cultura e de comunicação na sociedade contemporânea. Pode dizer-se que a cultura é uma modalidade totalizante da experiência humana e caracteriza-se-á, antes de mais, pela assimilação das diferentes dimensões ontológicas da realidade. No entanto, para as modalidades tradicionais da experiência humana, aquilo que é verdadeiro é simultaneamente belo e bom. Pode dizer-se também que a comunicação, não exclui a cultura, mas produz o contexto específico da cultura. Portanto, o que significa a cultura e a comunicação para nós? Segundo Tony Schirato & Susan Yell: ―Communication can be understood as the practice of producing meanings and the ways in which system of meaning are negotiated by participants in a culture. Culture can be understood as the totality of communication practices and system of meaning” (Schirato & Yell 2000). No entanto, a cultura e a comunicação são, sem dúvida, um instrumento ou uma condição humana que engloba o labor, a diversão e todos os demais aspectos da vida, pois o homem na sua plenitude serve-se dela para enfrentar o universo e exprimir as suas competências dentro dos grupos sociais a que pertence. Mas, será possíveis os dois conceitos – cultura e comunicação – podem ajudar-nos afastar o conflito que se encontra todos os dias? será a violência humana e guerra é também uma prática cultural? Será o conflito como a guerra é também influenciada pelo poder da comunicação e influenciada pela cultura do outro? Qual é o papel do Estado para preservar a identidade cultural de seu povo - no caso concreto do povo timorense - no mundo de tecnologia de informação e de comunicação? Estas questões vão ser abordadas também neste trabalho.
- PAULINO, Vicente

Pequena bio-nota
Vicente Paulino é licenciado e mestre em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É doutorando em Comunicação e Cultura no Departamento Anglístico – FLUL. Foi fundador e redactor do Bulletin kuda Ulun Lian, em Maliana – Timor-Leste e Vogal do Conselho Fiscal da APARATI em Lisboa. Actualmente é investigador do Projecto: As ciências da classificação antropológica em “Timor Português” – Projecto HC/0089/2009, financiado pela FCT (2010-2014) e membro do Conselho de Política Científica da AICSHLP e Sócio da SOPCOM. Tem publicado artigos em capítulos de livros e actas, como “A imprensa católica Seara e a tradição timorense: 1949-1973”, in: Silva, Kelly & Sousa, Lúcio (org), Ita Maun Alin - o livro do irmão mais novo, 2011, Lisboa: Edições Colibri; “Crónica literária e relato jornalístico no jornal Seara, 1950-1970”, in Actas do Colóquio Timor: Missões Científicas e Antropologia Colonial, 2001, Lisboa: IICT; “Cultura e Múltiplas identidades linguísticas em Timor-Leste”, in Sousa, Ivo Carneiro de & Correia, Ana Maria (org), Lusofonia encruzilhadas culturais, Macau: Saint Joseph Academic Press; “Remembering the Portuguese Presence in Timor and Its Contribution to the Making of Timor’s National and Cultural Identity”. In Laura Pang (ed.), Portuguese and Luso-Asian Legacies, 1511-2011: Complexities of Engagement, Culture, and Identity in Southeast Asia. Vol. 2: The Tenacities and Plasticities of Culture and Identity, 2011, Singapura: Institute of Southeast Asian Studies. Tem apresentado as comunicações em colóquios, congressos e conferências nacionais e internacionais.
PAP0079 - Cultura e educação: o papel da mediação e dos intermediários nas práticas e políticas culturais contemporâneas
A presente
comunicação decorre
da pesquisa
desenvolvida no
âmbito da minha
dissertação de
Mestrado em
Sociologia – Cidade
e Culturas Urbanas,
bem como do
Doutoramento em
Sociologia em curso.
Proponho-me a
discutir o papel da
mediação e dos
intermediários na
modelação de
práticas culturais
em contextos
urbanos,
centrando-me na
crescente relevância
dos chamados
“serviços
educativos” de
organizações
culturais. Num
primeiro momento,
procurarei inserir
esta tendência no
contexto mais
alargado, explorando
as principais
dimensões que
caracterizam as
políticas culturais
contemporâneas e,
neste contexto, a
importância do
debate em torno da
“democratização
cultural” e da
“formação de
públicos”. Tentarei
desenvolver, em
seguida, uma breve
analise da
importância que o
desenvolvimento de
programas de
formação,
qualificação e
atracção de públicos
para as artes e a
cultura tem vindo a
assumir,
particularmente na
Europa, quer no
plano das práticas
culturais, mas
também em toda a
retórica política e
técnica que, em
geral, enquadra o
surgimento de muitos
deste projectos.
Finalmente,
exploram-se pistas
de investigação para
o contexto
português, no
sentido de colmatar
a escassez de
análises
sociológicas em
torno das
estratégias de
mediação cultural
presentes em
diferentes
estruturas,
organismos e
instituições e, em
particular, do papel
dos serviços
educativos neste
contexto. Deste
modo, procurarei
evidenciar o
interesse, a
pertinência e a
actualidade da
análise da mediação
e dos intermediários
para a compreensão
sociológica de novas
e/ou renovadas
formas das
instituições
culturais se
relacionarem com os
seus públicos e, em
alguns casos,
desenvolverem novos
formas de tentar
aproximar estes de
práticas criativas
em diversos campos
artísticos.
- QUINTELA, Pedro

Pedro Quintela – Nota Curricular
Licenciado em Sociologia pelo ISCTE – IUL. Mestre em Cidades e Culturas Urbanas pela FEUC, onde actualmente frequenta o Doutoramento em Sociologia. Consultor da Quaternaire Portugal, onde desenvolve estudos nas áreas dos projectos e políticas culturais, planeamento estratégico e projectos e políticas urbanas. Os seus interesses de investigação académica centram-se em domínios relacionados com as cidades, políticas culturais e culturas urbanas.
PAP1576 - Cultura e políticas urbanas para a criatividade
Hoje é reconhecido o papel que a cultura tende a cumprir nos processos de desenvolvimento urbano e de afirmação das cidades. Esta questão tem sido objeto de reflexão profícua nos diversos campos teóricos e referência crescente nos processos de tomada de decisão e de governação das cidades. A compreensão da dimensão espacial da cultura e da criatividade abrange perspetivas muito diversas: da cultura como construção da identidade do lugar; à cultura como instrumento de empowerment e de integração territorial; à cultura como fator de regeneração urbana; à relação entre os recursos artísticos e culturais, os ambientes e as atmosferas urbanas e a criatividade; aos processos de interação e de cooperação entre atividades culturais e criativas com expressão espacial e às evidências reais de clusterização do setor. Propomo-nos refletir sobre a cidade e as políticas urbanas a partir de uma dimensão espacial da cultura e da criatividade, relacionando nomeadamente com o conceito de cidade criativa.
- BABO, Elisa Pérez

Maria Elisa Pérez Babo
Membro do Conselho de Administração da Quaternaire Portugal, Presidente do Conselho de Administração da Fundação do Museu do Douro (não executiva) e membro do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras do Porto.
Economista, mestre em Inovação e Políticas de Desenvolvimento, pela Universidade de Aveiro.
Áreas de investigação: políticas culturais, cultura e políticas urbanas, economia da cultura e criatividade.
PAP1151 - Cura física e espiritual: uma reflexão em torno dos conceitos e dos seus usos (work in progress)
O mundo contemporâneo caracteriza-se pela
coexistência de processos de manutenção da
tradição, invenção e reinvenção da tradição,
mas também de destradicionalização. No campo
da religião fica bem patente essa realidade,
onde a encruzilhada de diversas crenças dá
corpo a novos quadros de significação e de
orientação na vida do homem. O mesmo se
constata na esfera da medicina convencional do
Ocidente, onde nos deparamos com tensões e
debates sobre novos saberes sobretudo
inspiradas em filosofias orientais. Atendendo
a esta propensão, torna-se sociologicamente
pertinente o estudo dos fenómenos relacionados
com a busca da cura, bem-estar físico e
espiritual, nomeadamente, na sociedade
portuguesa contemporânea, onde se revelam
dinâmicas sociais híbridas e uma crise de
homogeneidade das práticas e ou doutrinas do
campo da saúde e da religião.
Se, por um lado, surgem as terapias
alternativas ou complementares à medicina
alopática, porque esta enferma de uma
abordagem holística do indivíduo (mente-corpo-
espírito), potenciada e saciada em práticas
ancestrais do oriente; por outro, encontramos
dentro da mesma perspetiva, mas no
cristianismo, a ênfase nos dons do espírito
como forma de libertação e de cura. Um
fenómeno não exclusivo do pentecostalismo
evangélico tendo emergido, ainda que com pouca
visibilidade, em grupos carismáticos católicos
com o Vaticano II e adquirido maior impacto
nas últimas décadas.
Trata-se de tendências religiosas e
terapêuticas que convocam um olhar sociológico
com vista a compreender esta imbricação da
terapia e da espiritualidade, numa sociedade
cada vez mais global, secular e individualista
mas que, em contraponto, revela, igualmente,
sinais de reencantamento do mundo pela busca
da cura e bem-estar através de vivências
mágicas.
Face ao fenómeno social exposto e no âmbito do
projeto de doutoramento em curso, propomo-nos
refletir nesta comunicação, de modo tão
abrangente quanto possível, conceitos que são
centrais nesta pesquisa, nomeadamente, o
conceito de espiritualidade e terapia, cura e
doença. Uma reflexão que pretende ser um
contributo para a análise da complexidade do
fenómeno que se perspetivará num estudo
comparativo dos praticantes de terapias
alternativas (New Age) e dos carismáticos
católicos.
- LUZ, Manuela Sousa

Manuela Sousa Luz , após um percurso profissional de cerca de 15 anos na área da assessoria de comunicação e jornalismo, em 2004, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e obteve o grau de licenciatura de Sociologia (pré-Bolonha, licenciatura cinco anos), em 2009, com a tese “Terapias Alternativas: formas contemporâneas de cura física e espiritual”. Interessada nas questões de confluência entre saúde e religião na sociedade portuguesa, iniciou o Doutoramento em Sociologia, em 2011, na Universidade do Minho, onde se encontra a frequentar o primeiro ano lectivo.
Em 2003, no exercício da sua cidadania, foi co-fundadora do Movimento para a Oncologia Pediátrica Integrada, em 2003, e nesse seguimento apresentou no ano 2005 uma comunicação em co-autoria no XVIII Seminário Internacional "Participação, Saúde e Solidariedade: Riscos e Desafios", sob o título Defesa e desenvolvimento do direito à saúde no âmbito da Oncologia Pediátrica Estudo de caso de exercício de cidadania.
PAP0166 - Current Transitions in Armenia
The social transformations at the end of the 20th century following the breakup of the Soviet Union are remembered as the beginning of a new historical era. The reforms continue in a state of implementation process. But definite social changes and consequences of the reforms are already evident.
Western theories of modernization have recently seen revision. The main idea of the theoretical revision is to account for an absence of a universal modernization model for all countries on the way to “postindustrial” development. The “postindustrial” period which comes after developed industrial capitalism represents the future social order, but there are multiple paths leading toward it. Post-socialist countries involved in the process of social modernization experience serious developmental difficulties, regression, a partial decrease in industrialization, and even some “archaic reverse” of separate sectors of the economy.
The “modernization rebound” and some deindustrialization represent a common stage of post-socialist development. As a rule, classical Western models of modernization applied to post-soviet societies bring some social destruction. The problem lies in the absence of direct inclusion into models of modernization distinct ethno-cultural variation and processes.
The results of social reformations in the post-soviet countries will not repeat the ways of Western development exactly, because of the post-soviet countries’ unique political and economic history. Almost all former communist countries suffer from a weakness of civil society, which results, in part, from a centralization of authority in state institutions. Today, the post-soviet areas provide extremely different pictures of liberal, semi-liberal and even authoritarian regimes. The process of transforming the economy thus became a stumbling block in each of these states. In the case of Armenia, for example, ''modernization rebound'' brought real deindustrialization to the country, out-migration and depopulation.
- POGHOSYAN, Gevorg
PAP1443 - DESAFIOS PARA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA IDOSOS: O CASO DO DISTRITO DO ARAJARA, MUNICÍPIO DE BARBALHA – CEARÁ, BRASIL
O objetivo do presente trabalho é analisar as políticas publicas existentes para os idosos, categoria da sociedade brasileira que vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário social, trazendo consigo uma crescente demanda por novas posturas públicas voltadas ao social, político e educacional. Como forma de verificar o impacto dessas políticas, escolheu-se uma comunidade no interior do Brasil para proceder a pesquisa aqui apresentada, o Distrito de Arajara, município de Barbalha, integrante da Região Metropolitana do Cariri, localizada na porção sul do estado do Ceará, Nordeste do Brasil. De forma específica, esse artigo busca também averiguar se estas políticas públicas foram formuladas de modo a se adequarem às características regionais dos territórios, nesse caso o território caririense. Nas últimas décadas o Brasil tem melhorado em termos econômicos e sociais, aumentando o número de empregos, melhorando a distribuição de renda e permitindo um maior acesso da população em geral a serviços básicos de saúde, habitação e saneamento, dentre outros. Além disso, políticas que levam informação às famílias, o acesso da mulher ao mercado de trabalho e outros fatores socioecômicos tem levado a que a população do país se mostre mais velha, com a ampliação da faixa etária de pessoas com mais de 60 anos, como mostra o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este fenômeno pode ser percebido na comunidade escolhida para a pesquisa, cujos habitantes ocupam um espaço que tem como forte característica suas riquezas naturais, como fontes de água mineral e seu fértil solo, além de uma grande Área de Proteção Ambiental (APA), legalizada pelo governo federal. A maioria das famílias pratica agricultura de subsistência com a plantação de frutas e hortaliças. Para o alcance dos objetivos citados, a pesquisa, que é um estudo de caso, se utiliza de dados oficiais dos órgãos de pesquisa brasileiros como o IBGE e o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE); da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA); além do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); e o Índice de Desenvolvimento Humano da comunidade estudada. A pesquisa também se vale de entrevistas semiestruturadas com representantes do Poder Público municipal, estadual e federal, líderes comunitários e agentes de saúde locais. Os dados são analisados com base no método da Arena de Atores, pelo qual é desenhada a arena com os principais atores e conflitos, possibilitando assim uma análise mais apurada dos dados. A pesquisa, ainda em andamento, tem previsão de conclusão para janeiro de 2012. Os resultados preliminares demonstram que no distrito de Arajara a população de idosos tem aumentado nos últimos anos e que a assistência à saúde do idoso, no âmbito municipal, tem melhorado.
- ROCHA, Gledson Alves

- CHACON, Suely Salgueiro

- NASCIMENTO, Verônica

Gledson Alves Rocha
Universidade Federal do Ceará
Licenciado em História
Realiza pesquisas acerca de temas relacionados à memória, Cultura, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional Sustentável.
Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
Psicóloga, possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2009). É professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Campus de Sobral - Setor de Estudos: Psicologia Escolar/Educacional. Tem experiência na área de Psicologia e Educação, com ênfase nos estudos sobre Juventudes, Escola e Cultura de Paz. Atualmente, coordena o programa de extensão Observatório da Infância e Juventude de Sobral. Integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável - Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri. Área de investigação: educação para sustentabilidade. Integra a Linha de Pesquisa: Sociedade, Estado e Desenvolvimento Regional Sustentável. Desenvolve pesquisa com o tema: Mulheres do sertão.
PAP0988 - DESIGUALDADES DE PERCURSO DOS ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR
A partir de uma abordagem assente no cruzamento de três escalas de observação, apresentamos nesta comunicação os resultados de um processo de pesquisa sobre factores de insucesso, sucesso e abandono escolares no ensino superior português, em resposta a um desafio em forma de concurso lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da FCT (PSE/DIV/0001/2006, realizado entre 2008 e 2009 em consórcio entre o CIES/ISCTE-IUL e o ISFLUP).
Assim, procurámos desenvolver a análise destes fenómenos em torno de três níveis intrinsecamente articulados: um nível extensivo, de enquadramento estrutural, simultaneamente sincrónico e diacrónico, assente na exploração de uma vasta plêiade de bases de dados, nacionais e internacionais, sobre condições sociais e (in)sucesso nos estudantes do ensino superior; um segundo nível, de tipo meso, centrado em estudos organizacionais sobre a missão das instituições de ensino superior (analisando documentos e discursos de actores); um terceiro nível, o mais desenvolvido, de cariz microssociológico, elaborado a partir da construção de 170 retratos sociológicos (metodologia inspirada em Bernard Lahire e que visa resgatar a pluralidade disposicional e contextual das práticas sociais). Sobre este nível delinearam-se oito percursos-tipo de estudantes no ensino superior.
Concluiu-se, então, pela existência cumulativa e intersectada de desigualdades de índole vária: de acesso (concomitante aos fenómenos da “democratização” e “massificação”), de sucesso e de percurso, estas últimas frequentemente sub-representadas em pesquisas análogas e fortemente relacionadas à articulação entre modos de agência e coeficientes de singularidade dos actores sociais.
- LOPES, João Teixeira
- COSTA, António Firmino da
PAP1483 - DIFERENÇAS DE GÉNERO E APOIO SOCIAL EM CONTEXTO CONJUGAL: AS REDES SOCIAIS EM ANÁLISE
Vários estudos apontam a existência de diferenças de género na interação social, desde a adolescência até à idade adulta e velhice. As mulheres tendem a construir redes sociais mais extensas e variadas que os homens (Kalmijn, 2003) e contam mais frequentemente com alguém confidente (Elgar et al., 2011), despendem mais tempo do que os homens a prestar apoio a outrem (Pinquart e Sörensen, 2006) mas também recebem mais apoio (Kessleretal, 1985; Turner, 1994).
A maioria dos estudos que têm posto em evidência estas e outras diferenças de género no que diz respeito às redes sociais, em geral, e redes de suporte, em particular, não têm em conta as dinâmicas familiares ou conjugais que suportam ou limitam a prestação de apoio social. A presente proposta pretende contribuir para a compreensão das diferenças de género no apoio social a outrem, tendo em conta precisamente o contexto conjugal, adoptando uma perspectiva comparativa que engloba 20 países europeus. Partindo dos resultados preliminares da quarta vaga (2010) do projecto SHARE (Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe), propõe-se pois a análise transnacional das diferenças de género ao nível das características das redes sociais de homens e mulheres casados/em união e suas implicações na prestação de apoio social, dentro e fora do agregado familiar.
Comparam-se homens e mulheres casados/em união com 50 e mais anos quanto à composição e satisfação com a rede social (composição, frequência de contacto, nível de proximidade percebido, nível de satisfação pessoal percebido) e analisa-se o impacto da rede social na prestação de apoio social a outrem, atendendo a aspectos como o tipo de ajuda disponibilizado, a relação estabelecida com o receptor do apoio (filhos, netos, outros), o número de pessoas auxiliadas ou a frequência do apoio prestado. Em suma, visa-se a identificação de redes sociais mais e menos promotoras de comportamentos de apoio, ao mesmo tempo que se equacionam as diferenças entre homens e mulheres em união de diferentes países europeus.
A análise contribui para o aprofundamento do estudo das diferenças de género na relação entre a rede social e a prestação de apoio, reflectindo sobre a variabilidade do contexto europeu.
- CRAVEIRO, Daniela

- MATOS, Alice Delerue
- MARTINEZ-PECINO, Roberto
- SCHOUTEN, Maria Johanna

- SILVA, Sara Gabriela
Daniela Craveiro é membro integrado do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Mestrada em Psicologia Social pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, tem trabalhado nos últimos 4 anos como assistente de investigação em projectos nas áreas da Educação, Psicologia e Sociologia. Actualmente desenvolve um projecto de doutoramento em Sociologia, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, sobre Desigualdade Social e Envelhecimento.
Maria Johanna Schouten
Universidade da Beira Interior;
Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho.
Áreas de formação: Antropologia, História, Sociologia.
Interesses de investigação:
Sociologia da família, sociologia do género, sociologia da saúde, sociologia do envelhecimento, relações interculturais, estudos sobre o Sudeste Asiático
PAP1019 - DISCUTINDO O CONSUMO E A CULTURA INFANTIL CONTEMPORÂNEA
A relação entre infância e mídia se reconfigura
em função de processos históricos, econômicos e
culturais que jamais podem ser dissociados do
fenômeno da cultura do consumo. O trabalho tem
como objetivo problematizar as representações
da estreita relação do consumo e a criança
contemporânea. A análise partiu das chamadas de
anúncios publicitários e comerciais, tendo como
questão norteadora a representação do universo
infantil na mídia. Tomando contribuições de
Zigmunt Bauman, Nestor Garcia Canclini e
Beatriz Sarlo, o texto procura trazer elementos
que possam potencializar a problematização das
relações entre cultura infantil contemporânea e
consumo. O texto resulta de pesquisa
qualitativa que, em termos metodológicos, foi
desenvolvida com base em duas abordagens
técnicas: 1) análise de dois conjuntos de
anúncios publicitários veiculados na mídia
brasileira onde a infância esteja representada:
o primeiro voltado para o público infantil e o
segundo para o público adulto; 2) oficinas de
Educação e Consumo desenvolvidas em uma escola
pública. Este trabalho procura trazer ao centro
do debate acadêmico as relações entre infância
e cultura do consumo. A obesidade, a anorexia,
a pedofilia e a erotização precoce fazem parte
da rotina das crianças e são pautas recorrentes
quando o assunto é infância e consumo na mídia
brasileira. Ao mesmo tempo, no atual contexto
em que vivemos, são inúmeros os argumentos e
evidências para afirmar que o consumo infantil
pode ser considerado a grande “descoberta
mercadológica”. É neste sentido que este texto
aposta na pertinência de problematizar a
pedagogia do consumo que nos educa de
diferentes formas para olhar, compreender e
naturalizar o universo infantil. Quando o tema
é a criança estamos lidando com narrativas
culturais que nos interpelam e nos fazem crer
em certezas naturalizadas como únicas e
universais. Vivemos um tempo em que a criança
aparece de forma multifacetada na mídia nossa
de cada dia, onde os pequenos aprendem nas
propagandas que o mundo é daqueles que tem o
poder e sabem chegar antes e que as meninas
precisam saber seduzir desde a mais tenra
idade. Talvez com tais discussões seja possível
estabelecer uma nova relação entre os campos da
Comunicação, da Educação e da Sociologia,
buscando os contornos de um debate sobre
consumo e cultura infantil.
- SCHMIDT, Saraí Patrícia

Saraí Patrícia Schmidt possui Doutorado (2006) e Mestrado (1999) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduada em Comunicação Social (1991) é Professora Titular da Universidade Feevale, docente do Mestrado Acadêmico em Processos e Manifestações Culturais e coordenadora do projeto de extensão Nosso Bairro em Pauta na mesma instituição. Tem experiência como pesquisadora nas áreas de Comunicação e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: juventude, infância e consumo.
PAP0468 - DN Jovem (1983-2007) - Trajecto, dinâmicas e legado de um suplemento juvenil
GT Comunicação Social
O DN Jovem foi idealizado em 1983 por Mário Mesquita, então director do DN, à imagem do antecessor DL-Juvenil mas com o objectivo de ter um rumo mais próximo do jornalismo de investigação, podendo até “servir até um pouco de escola” nessa área. Porém, a participação dos leitores (logo aí tornados colaboradores) inclinou o suplemento para a poesia, o conto, a fotografia...
Ao longo de 13 anos, este lugar único na imprensa portuguesa foi a rampa de lançamento de escritores entretanto reconhecidos, como José Eduardo Agualusa, José Luís Peixoto ou António Manuel Venda, divulgou os primeiros trabalhos dos cartoonistas e ilustradores Álvaro e João Fazenda e acolheu textos de José Mário Silva ou Pedro Mexia, hoje reputados críticos literários.
Mas, apesar do êxito cultural e do aplauso público de que o DNJ granjeava, a Administração/Direcção e o departamento comercial do jornal que o publicava questionavam a sua valia do ponto de vista financeiro e, em Junho de 1996, aproveitando a propalada emergência da Internet, deslocaram o caderno juvenil do papel para o suporte digital.
A empresa ficou livre dos custos inerentes à impressão das oito páginas do suplemento. No entanto, e dado que a rede era, à data, inacessível à generalidade dos colaboradores e leitores do DNJ, os participantes e o público viram-se privados daquela montra artística semanal.
Esta transição - que exaltou ânimos dentro e fora do Diário de Notícias - foi sucedida de um desinvestimento progressivo no DN Jovem, cujo destino não foi também alheio à turbulência vivida no DN, que mudou do Grupo PT para a Controlinveste em 2005 e teve cinco directores entre 1996 e Março de 2007, data em que o DNJ foi extinto, a cerca de um ano de celebrar um quarto de século.
O trabalho de investigação de onde se extrai a presente comunicação incluiu uma análise dos conteúdos do DNJ em quatro períodos distintos e o exame de 18 entrevistas semi-estruturadas a colaboradores e coordenadores do DNJ e a membros da Direcção do Diário de Notícias, visando conhecer o trajecto, as dinâmicas e o legado de uma iniciativa emblemática na imprensa portuguesa.
- FREITAS, Helena de Sousa

Helena de Sousa Freitas (Lisboa, 1976) é licenciada em Comunicação Social, pós-graduada em Direito da Comunicação Social e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação.
Bolseira da FCT no CIES – IUL, desenvolve actualmente a investigação “Histórias Que as Paredes Contam – O Muralismo como Forma de Comunicação Alternativa na Cidade de Setúbal (1974-2010)” no âmbito do doutoramento em Ciências da Comunicação.
Jornalista desde 1996, ingressou na agência Lusa em 1998 e foi galardoada pela APDSI com o Prémio Editorial Sociedade da Informação 2010.
É autora dos ensaios “Jornalismo e Literatura: Inimigos ou Amantes?” (2002), “Sigilo Profissional em Risco” (2006) e “O DN Jovem entre o Papel e a Net” (2011).
PAP0786 - Da Crise Cultural e Artística na Sociedade Actual: ameaça ou ocasião?
A presente comunicação inscreve-se na esteira da Sociologia da Arte e pretende ajudar-nos a reflectir sobre o papel actual da cultura e das artes, procurando perspectivar se a crise presente é uma ameaça ao que nos caracteriza enquanto seres humanos, ou antes uma oportunidade de mudança de paradigmas.
Na sociedade de consumo em que vivemos (e a que alguns autores, como Guy Debord, também chamam sociedade do espectáculo), o homo sapiens tornou-se no homo consumericus (Gilles Lipovetsky, Le Bonheur paradoxal). No campo cultural e artístico também se denotam várias alterações fruto desta conjuntura. Procuraremos, com esta comunicação, indagar sobre algumas das mutações que este quadro conjuntural provoca, tais como a reflexão sobre a questão sempre premente da utilidade da arte (e que arte?), interrogando, desde logo, a pertinência deste assunto num momento em que as indústrias culturais e criativas se apresentam como vias de desenvolvimento económico e social.
A noção de cultura (material e imaterial) continua a merecer debates inflamados. Na Declaração Universal da Diversidade Cultural, a UNESCO define-a nos seguintes moldes: «culture should be regarded as the set of distinctive spiritual, material, intellectual and emotional features of society or a social group, and that it encompasses, in addition to art and literature, lifestyles, ways of living together, value systems, traditions and beliefs». Se pensarmos a arte e a cultura a partir destas premissas, e dentro de um contexto que promove o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas, poderemos questionar, num segundo momento, sobre aquilo que as artes e as culturas nos trazem e causam enquanto sociedade composta de indivíduos e organizada colectivamente.
Num terceiro e último momento, procederemos a uma cogitação sobre o papel da cultura e da(s) arte(s) nos cenários de crise e, pertinentemente, no âmbito da conjuntura presente. Uma crise é uma ruptura de um determinado equilíbrio. A etimologia da palavra (Krisis) remete para campos como a decisão, o julgamento, a distinção. Assim, momentos de ruptura como aquele que vivemos acarretam perigos, mas constituem-se como charneiras que servem para alterar paradigmas, para o questionamento e decisão sobre novos rumos enquanto sociedade activa e consciente. Que arte servirá estes momentos?
- MARQUES, Lénia
- GONÇALVES, Carla Alexandra
PAP0894 - Da Liberdade à Identidade Cultural. Estratégias de valorização da cidade
Podemos ter o atrevimento de afirmar que a cultura é, numa definição simplista e redutora, a luta contra a uniformidade. Os processos de difusão e imposição de culturas, imperialisticamente definidos como universais, têm sido confrontados por múltiplos e engenhosos processos de resistência de identificação cultural. Neste processo, cabe ao Estado a materialização de políticas, para efectivar os direitos sociais.
Existe uma relação entre um baixo nível de renda e uma inadequação da capacidade, uma vez que a renda é um meio fundamental na obtenção desta. É importante considerarmos que a redução da pobreza de renda não pode ser o único objetivo das políticas que a combatem, só o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liberdades das pessoas. O processo de desenvolvimento centrado na liberdade é em grande medida uma visão orientada para o agente. Este com oportunidades sociais adequadas pode, efetivamente arquitetar a sua própria conduta e ver as capacidades aumentadas, por intermédio de políticas públicas. Por sua vez, a direção destas é influenciada pelo uso efetivo das capacidades participativas. A perceção do objeto cultural só é possível depois deste processo de transformação social.
O Plano Diretor Municipal concretiza-se, frequentemente, enquanto forma de aplicação das políticas de combate à problemática social da pobreza. Assim, as áreas clandestinas e/ou preteridas do espaço urbano vêem-se globalmente restruturadas nas diretrizes destes. Sendo as comunidades abrangidas continuamente em projetos de realojamento, tipologicamente idênticos e os locais destruídos ou banalizados em prol de interesses imobiliários, disfarçados de preocupações com a estética urbana. Como o caso do assentamento Avieiro, de génese ilegal e informal, na Póvoa de Santa Iria. Abrangido por inúmeras políticas de reestruturação social (previstas em PDM), que mantêm uma perspectiva de atuação redutora da realidade existente. É desvalorizada a identidade cultural em prol duma realidade cosmopolita, caracterizadora do dormitório periférico que é esta cidade.
Procura-se portanto, numa perspectiva multicultural, fomentar estratégias de intervenção que conduzam à resolução das problemáticas trazidas pela pobreza, em áreas urbanas desclassificadas. A identidade cultural apresenta-se como o caminho para a regeneração.
- FIGUEIREDO, Adriana
- LOUREIRO, Vânia Teles
PAP0074 - Da Medida do Desenvolvimento ao Índice de Desenvolvimento Humano Sustentável
As designações crescimento e
desenvolvimento, quando aplicadas à dinâmica
social, são, muitas vezes, tomadas uma pela
outra. Mas, hoje, tende se, cada vez mais, a
usar o termo crescimento, quando se refere aos
aspetos económicos dessa dinâmica, e
desenvolvimento para se reportar à evolução,
para mais e melhor, da interligação de todos
os aspetos do social. No âmbito da análise
aqui proposta, é, sobretudo, o desenvolvimento
que se terá em conta, procurando uma medida
para ele.
Por isso, a partir de uma noção de
desenvolvimento suficiente simples e precisa,
para poder ser quantificada, vai-se procurar
criar um Índice de Desenvolvimento Humano
Sustentável, tendo em conta a informação
disponível de conceituadas entidades
internacionais e os dados empíricos de uma
situação concreta.
Palavras-chave: Bem-estar, Desenvolvimento,
Indicadores, PIB.
- ANTUNES, Manuel de Azevedo
PAP0799 - Da des-securitização à securitização expansiva: implicações da security actorness da União Europeia - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
A especialização económica da organização internacional europeia e o fracasso do projeto da Comunidade Europeia de Defesa associados à natureza da ameaça e à garantia das necessidades de segurança pelos EUA e pela NATO, durante o período da Guerra Fria, adiaram a incorporação da área da segurança no processo de construção europeia. As alterações ocorridas no pós-Guerra Fria criaram a oportunidade para uma nova etapa, catalisando a explicitação do ator de segurança europeu. Na fase inicial, a União Europeia reproduziu o modelo estadual assente na separação entre segurança externa e ‘segurança interna’, reforçada pela estrutura em pilares A importância crescente da dimensão civil da PESD/PCSD, a participação crescente da Comissão neste domínio e, sobretudo, a abordagem transpilares adoptada na luta contra o terrorismo internacional, após os ataques do 11/09, contribuíram para a abordagem compreensiva da segurança. O discurso europeu tem sido prolixo na afirmação da interdependência dos problemas de segurança, das “ameaças dinâmicas”/“multiplicador da ameaça”, do nexo segurança interna-externa, da externalização das políticas internas e da internalização das políticas externas, expandindo a racionalidade securitária a novas áreas tais como o desenvolvimento, o ambiente e a energia. Mais recentemente, o Presidente da Comissão Europeia reiterou a interconexão “dos desafios decorrentes da globalização da economia, da globalização da segurança e da globalização das sociedades”, sustentando a necessidade de estender “a Europa 2020 a outras áreas especialmente ao domínio da segurança”. Assiste-se assim a uma tendência securitizadora expansiva que inverte o processo inicial sucedido na criação e no alargamento de uma comunidade de segurança através de mecanismos des-securitizadores. A comunicação analisa os mecanismos e as consequências da securitização expansiva associada à construção da security actorness da União Europeia.
- BRANDÃO, Ana Paula

Nome - Ana Paula Brandão
afiliação institucional - NICPRI-Universidade do Minho
área de formação - Relações Internacionais
interesses de investigação - Estudos Europeus (sistema político da UE; PESC/PCSD; cooperação policial europeia); Estudos de Segurança (teorias e conceptualização; segurança europeia; segurança humana).
PAP1074 - Da formação de um mercado de discos à institucionalização do campo fonográfico em Portugal
A primeira metade do século XX representou, para a indústria fonográfica, o tempo de constituição dos seus mercados e de institucionalização dos seus principais campos de atividade, a que sucedeu, na segunda metade do século, um período de acentuado desenvolvimento e expansão. Em Portugal, esses mesmos processos tiveram ritmos substancialmente diferentes. Na primeira metade do século, assistiu-se à introdução de algumas companhias fonográficas no país e à formação de um incipiente mercado de discos, um processo que não se traduziu na institucionalização de um verdadeiro campo de atividade para a indústria fonográfica. A divulgação da música gravada e a formação de uma nova cultura musical beneficiou das sinergias geradas entre os discos, o teatro de revista, o cinema sonoro e a radiodifusão, ao longo dos anos trinta e quarenta. Mas as condições sociais, económicas e políticas do país não eram propícias à intensificação do consumo e da produção de música gravada.
Haveria de ser necessário aguardar outro tanto tempo para que, finalmente, se pudesse desenvolver um campo fonográfico autónomo e um mercado plenamente estruturado. Do final da década de 1940 até 1974, e apesar das transformações conhecidas nos domínios da economia e da sociedade, Portugal continuou marcado pelo regime político autoritário do Estado Novo. Na década seguinte, viveu-se a euforia do processo revolucionário, o entusiasmo da construção do Estado democrático e social, mas também as dificuldades económico-sociais resultantes da frágil modernização das estruturas económicas e dos impactos de um contexto económico internacional de crise. Só no final da década de 1980, o país iria encontrar maior estabilidade política e económica e conhecer os principais efeitos das profundas transformações vividas pela sociedade portuguesa, desde a década de setenta. Só nessa altura, na transição entre os anos oitenta e noventa do século XX, se encontram os traços característicos de um campo fonográfico claramente institucionalizado e autorregulado.
A comunicação propõe-se analisar o processo de transformação de um mercado de discos num campo fonográfico, no nosso país, à luz de um quadro teórico-analítico que cruza as perspetivas de Bourdieu acerca dos campos culturais, de DiMaggio e Fligstein sobre os campos organizacionais e de Boltanski e Thévenot acerca das ordens de grandeza e dos modos de coordenação das ações de relevância comum.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
- ABREU, Paula

Paula Abreu
Doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra (2010).
Professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Investigadora do Centro de Estudos Sociais, integrando o Núcleo Cidades, Culturas e Arquitectura (CCA).
Os seus interesses de investigação focam-se nos domínios da produção e do consumo culturais, das políticas culturais, das culturas urbanas, do turismo, do património imaterial e das culturas populares.
PAP1356 - Da imputabilidade do trabalho escolar à inimputabilidade dos seres que nela co-habitam? Indagações sobre controvérsias que emergem das experiências escolares
GT: Controvérsias, vulnerabilidades e
Transitoriedades
Segundo Martha Nussbaum (2010), vivemos
atualmente uma «crise mundial da educação»,
paralela à, e mais profunda que, a crise
económica instalada nos países industrializados
do Ocidente. Esta crise “silenciosa” diz
respeito à atuação da escola na promessa que
lhe é atribuída de formar o cidadão democrático
para o século XXI. Ela radica no mal-estar
oriundo das profundas transformações ocorridas
nas estruturas sociais contemporâneas dos
últimos decénios, as quais trouxeram para a
escola múltiplos desafios: o alongamento da
escolaridade obrigatória, o multiculturalismo e
a crescente individualização social. À escola
delega-se a incumbência de a mesma dar resposta
ao cumprimento dos ideais humanistas
universalizantes de fabricação de cidadãos
tolerantes, críticos e solidários.
Contudo, a escola atual, é ela própria objeto
de controvérsias no espaço público, enquanto
território atravessado por inúmeras tensões e
conflitos no seu seio: violência e desacatos
entre alunos; confrontos e altercações entre
alunos e professores; disputas sobre os
sentidos a atribuir ao mérito escolar. No
centro destas polémicas, emergem assídua e
alternadamente os espectros acusativos do jovem
indecente, do discente indiferente ou do futuro
cidadão alienado. Fará este entendimento
inteira justiça à realidade vivida nas escolas?
Ou estará o mesmo enformado por um viés
adultocêntrico?
Com o intuito de conhecer a perspetiva dos
alunos e de averiguar junto deles as suas
modalidades de (com) vivência e de gestão das
diferenças no espaço comum da escola, bem como
sobre os seus sentidos de justiça e de
decência, uma equipa de investigação concebeu
uma estratégia de investigação, combinando
tanto técnicas de recolha e análise de
informação, tendo como unidades de análise 6
escolas secundárias portuguesas, contrastantes
quer geograficamente quer quanto à composição
social dos alunos. Mobilizou-se como técnica
principal de recolha de informação, o inquérito
por questionário por cenários, tendo-se
inquirido os alunos do 12º ano de escolaridade
sobre as regras da sua experiência no
quotidiano escolar, posteriormente,
construíram-se perfis de envolvimento dos
alunos atendendo às variáveis sociodemográficas
básicas (conferindo-se especial atenção à
variável sexo). Concretamente constituiu nossa
intenção conhecer as: diferentes modalidades de
gestão das diferenças no plano das
sociabilidades, procurando-se aferir os seus
sentidos de humilhação, de rebaixamento e de
respeito, segundo as situações
experimentadas;as diferentes modalidades de
habitar a escola e os sentidos de justiça.
- RESENDE, José Manuel
- DIONÍSIO, Bruno

- CAETANO, Pedro
Bruno Dionísio é professor da área científica de Sociologia e Mediação Social na Escola Superior de Educação de Portalegre. É investigador integrado do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (cesnova) e do Centro Interdisciplinar de Investigação e Inovação do Instituto Politécnico de Portalegre (c3i). Tem publicado e participado em projectos de investigação sobre políticas de orientação escolar e profissional, cidadania e justiça escolar, fenómenos de humilhação nas escolas, processos de (in)visibilidade pública e de participação política numa perspectiva comparada Portugal/Brasil. O seu projecto de pós-doutoramento centra-se nos processos de reconhecimento político e de administração institucional da vulnerabilidade de crianças e jovens em situações de alta complexidade social.
Endereço electrónico bmdionisio@gmail.com
PAP0011 - Da metáfora da rede aos parceiros em rede: Uma leitura sobre o que mudou no combate à pobreza e à exclusão social na sequência da implementação do programa Rede Social em Portugal.
Constitui propósito desta comunicação partilhar
um conjunto de reflexões em torno de alguns
resultados obtidos no combate à pobreza e à
exclusão social, na sequência da implementação
do programa Rede Social em Portugal.
Como o título sugere, partir-se-á de uma breve
explanação do conceito de rede, nas suas
diferentes acepções, espelhadas em
variadíssimas propostas conceptuais de índole
sociológica, para, posteriormente, o discutir
por relação aos seus significados e traduções
empíricas no domínio do trabalho em rede entre
parceiros, em torno de projectos locais de
combate à pobreza e à exclusão social.
Com recurso a um conjunto de dados empíricos
decorrentes de uma investigação recentemente
concluída e convertida em tese de doutoramento
, procuraremos ilustrar alguns resultados e
mudanças operadas em determinados territórios,
destacando em particular as dinâmicas e os
impactos gerados a partir de projectos locais
promotores de emprego e de empreendedorismo.
A ênfase da nossa análise será dirigida a
alguns projectos locais que, potenciando o
trabalho em rede e envolvendo, por exemplo,
actores ligados ao universo das empresas,
tendem a constituir soluções complementares e
de suporte às políticas globais definidas a
nível nacional e internacional para o combate à
pobreza e à exclusão social. Muitos desses
projectos traduzem-se em estratégias
territorializadas para o desenvolvimento local
particularmente bem sucedidas, sobretudo nos
casos em que o carácter pró-activo, inovador e
eficiente na gestão dos recursos locais e na
assunção partilhada das responsabilidades entre
actores, produzem benefícios não desprezíveis à
escala local, em particular nos territórios de
baixa densidade demográfica e economicamente
vulneráveis.
- ALVES, João Emílio

- João Emílio Alves
- Doutor em Sociologia pelo ISCTE-IUL;
- Investigador integrado e Coordenador do Núcleo de Estudos para a Intervenção Social, Educação e Saúde do Centro Interdisciplinar de Investigação e Inovação do Instituto Politécnico de Portalegre (NEISES/C3I-IPP);
- Investigador colaborador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia- Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL);
- Áreas de interesse e investigação: Políticas sociais, Pobreza e Exclusão Social, Desenvolvimento local, Planeamento regional e em educação, Avaliação de projectos.
PAP1338 - Da violência contra às mulheres à violência de género em Portugal: quinze anos de politicas públicas e de reflexão sociológica
Apesar dos significativos avanços no combate às desigualdades sociais na sociedade portuguesa após 25 de Abril de 1974, só em 1991 é publicada a primeira lei que criminaliza vários actos de violência contra as mulheres.
Se, por um lado, tal medida reflectia a consciência crescente que o poder político ia tendo em relação a um problema social, por outro lado, a nova lei era sobretudo o resultado da pressão prolongada de ONGs e militantes isolados, particularmente de organizações de feministas emergentes no Portugal democrático. Todavia, a Lei n.º 61/91, de 13 de Agosto reflectia ainda ideia que se estava perante um problema social cuja solução poderia passar sobretudo pela intervenção legislativa e policial, com resultados expectáveis a curto prazo.
A lei era mais informada pela perspectiva do legislador do que pela do sociólogo. Faltava questionamento sobre as condicionantes sociais e culturais que estavam na origem do fenómeno.
Em 2007, o Código Penal é alterado e em 2009 é publicada uma lei abrangente que inclui a protecção das vítimas, o combate aos actos de violência e a prevenção, nomeadamente em relação às gerações futuras. Os factores sociais e culturais que produzem e reproduzem a violência estão já presentes nas novas medidas adoptadas. Igualmente, em 2010 são aprovados os IVs Planos Nacionais: para a Igualdade, Cidadania e Género e de Combate à Violência Doméstica.
Nos anos mais recentes, as políticas públicas passaram a ser influenciadas não só pela visão do legislador, mas também das ciências sociais; o que no plano Europeu colocou Portugal entre os países mais progressistas.
A investigação desenvolvida pela sociologia portuguesa teve, a esse nível, uma importância incontornável. São disso exemplo os resultados do I Inquérito Nacional Sobre a Violência contra as Mulheres (1995), dos inquéritos nacionais sobre os custos da violência (2003 e 2005) e dos inquéritos nacional e regional nos Açores sobre a violência de género (2007 e 2008).
Esta comunicação procura fazer uma reflexão sobre a importância da sociologia ao longo desse percurso de década e meia.
- LISBOA, Manuel
PAP1525 - Dano, justiça e moral: a indemnização das vítimas de violência doméstica em Portugal
Esta comunicação procura responder à seguinte pergunta: quanto vale a vida, o corpo e a dignidade de uma mulher vítima de violência doméstica em Portugal? Animada por esta interrogação de partida, esta comunicação possui como principal objectivo a caracterização e análise sociológica dos mecanismos legais e institucionais de indemnização das vítimas de violência doméstica em Portugal, procurando escrutinar e desconstruir a economia política do dano através da mobilização dos contributos críticos e feministas do direito. O fenómeno da violência doméstica contra as mulheres tem vindo a ganhar uma visibilidade crescente nas sociedades contemporâneas, beneficiando tanto de um aumento dos estudos académicos dedicados ao aprofundamento e complexificação do tema, como da sua projecção mediática e da consciência pública da sua gravidade e censurabilidade social. As políticas públicas de defesa e protecção das vítimas têm acompanhado este percurso, densificando-se os instrumentos legislativos de combate e prevenção do crime, aperfeiçoando-se os planos de formação dos operadores de justiça, sensibilizando-se os profissionais de saúde e ampliando-se as preocupações com o estatuto da vítima no processo. No campo dos estudos sociais do direito e da justiça, a problemática da reparação moral e corporal das vítimas permanece, no entanto, secundarizada face às abordagens criminológicas do fenómeno, centrando-se grande parte da investigação científica na resposta penal dos tribunais, nas condições sociais potenciadoras do crime e nos modelos e instituições de assistência às vítimas. O direito a uma indemnização justa e célere é, todavia, um indicador sociológico único sobre o valor do corpo, da vida e da dignidade nas sociedades contemporâneas. Compreender os pressupostos indemnizatórios, as suas formas de cálculo e os modos de produção de relevância ou irrelevância dos danos constitui, assim, uma tarefa essencial para compreender e desmontar as concepções puras e despolitizadas da lei e das decisões judiciais, encarando-as como processos criadores ou reprodutores de diferentes formas de dominação social, de que a violência doméstica contra mulheres constitui exemplo particularmente elucidativo e prisma a partir do qual é possível ampliar a discussão para os diferentes perfis da relação entre justiça, dano e desigualdade.
- RIBEIRO, Tiago
PAP1016 - De um modelo biomédico de saúde a um modelo reflexivo de saúde: controvérsias em torno do Testamento Vital
O processo de afirmação e respeito pelos direitos humanos, particularmente das pessoas doentes, tem assumido uma maior centralidade na sociedade portuguesa, nomeadamente no que respeita ao direito ao acesso à informação pessoal do doente, ao consentimento informado em cuidados de saúde e à possibilidade de emitir declarações antecipadas de vontade, jurídica e socialmente designadas por Testamento Vital, uma manifestação escrita que declara antecipadamente a sua vontade em relação a cuidados de saúde que deseja ou não receber no caso de se encontrar incapaz de se expressar pessoalmente e de forma autónoma.
Esta comunicação pretende reflectir sociologicamente sobre os juízos que estão na origem da criação das directivas antecipadas de vontade, não se tratando apenas de um instrumento de regulamentação de vontades em relação ao fim de vida, mas de toda uma atitude reflexiva em torno da autodeterminação da pessoa doente e dos dilemas e controvérsias a que estes estão sujeitos na sua vulnerabilidade.
Partindo da génese da controvérsia pretendo caracterizar dois sistemas de argumentação, onde os modos de envolvimentos dos agentes envolvidos na disputa se fazem a partir de uma maior ou menor autonomia e autodeterminação face aos cuidados de saúde a que são sujeitos.
O modelo biomédico de saúde, centrado no avanço das tecnologias da saúde e das ciências da vida, através da criação de novos instrumentos de prevenção, diagnóstico e análise cada vez mais sofisticados, que define a doença através de critérios objectivos, coloca o profissional de saúde no centro da acção médica, e defende que um corpo pode voltar a ser saudável quando submetido a um tratamento médico assistindo-se a um aumento da esperança média de vida e por consequência de situações de doença terminal, que levam a um prolongamento desnecessário da vida humana e de situações de grande sofrimento que podem advir deste modelo de acção. A partir da reflexão sobre este modelo de cuidados de saúde surge uma nova problemática mais direccionada aos direitos das pessoas doentes destacando todo um conjunto de questões relacionadas com a bioética, assumindo uma maior sensibilidade pelos direitos individuais dos doentes, no que respeita à sua situação de dependência, vulnerabilidade e dignidade, surgindo a necessidade de regulamentação que destaque o direito dos doentes relativamente à sua autonomia em cuidados de saúde, quebrando-se o papel de doente passivo, sem poder de acção decisivo sobre o seu tratamento e processo de cura.
- VICENTE, Inês Pedro

Inês Pedro Vicente é Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e mestranda da mesma instituição em Sociologia, especialização em Conhecimento Educação e Sociedade, sob a orientação do Professor Doutor José Manuel Resende, com o projecto Controvérsias públicas em torno do direito dos doentes à informação e ao consentimento informado e às directivas antecipadas de vontade e bolseira de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia no projecto Construindo caminhos para a morte: uma análise de quotidianos de trabalho em cuidados paliativos, desenvolvido pelo CESNOVA – Centro de Estudos em Sociologia da Universidade Nova de Lisboa.
PAP1588 - Debate: Que desafios e direcções para os estudos sociológicos sobre sexualidade e género em Portugal?
Debate: Que desafios e direcções para os estudos sociológicos sobre sexualidade e género em Portugal?
PAP0397 - Debates éticos em torno da investigação em embriões de origem humana
Desde 2006 que, em Portugal, os embriões de origem humana sem possibilidade de envolvimento num projeto parental podem ter como destino a investigação científica (Lei n.º32/2006, de 26 de Julho). A disseminação da investigação em embriões de origem humana como um imperativo terapêutico de mobilização coletiva tem contribuído para a sua configuração numa questão de saúde pública que suscita problemáticas normativas e éticas. Nesta comunicação pretendemos compreender os temas que orientam o debate ético em torno da investigação em embriões de origem humana em Portugal, perspetivando tal conhecimento como um elemento fundamental para que a participação de todos os cidadãos nesse debate se materialize.
O mapeamento dos documentos éticos produzidos no âmbito da investigação em embriões de origem humana no nosso país foi realizado através de uma pesquisa nas bases de dados do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e Associação Portuguesa de Bioética, utilizando para o efeito as palavras-chave “embrião” ou “embriões”. Selecionaram-se para análise de conteúdo doze documentos emitidos entre janeiro de 2006 e dezembro de 2010.
O debate ético sobre a investigação em embriões de origem humana envolveu apenas especialistas, sobretudo na área da medicina, e centrou-se em três temas principais; 1) classificação do estatuto do embrião de origem humana, acentuando-se a sua dimensão biológica, em alinhamento com a perspetiva concepcionista do embrião; 2) princípios que devem orientar o equilíbrio entre as expectativas e os riscos associados à investigação em embriões de origem humana; 3) e princípios que sustentam a discussão ética neste domínio. Os resultados mostram a diversidade de posições e argumentos usados neste debate, quer entre organismos, quer entre os elementos de um mesmo organismo. A discussão baseia-se na potencial instrumentalização dos embriões de origem humana e na definição dos princípios que devem orientar o controlo e a regulação das práticas de investigação em embriões de origem humana. Ao mesmo tempo, tal debate alerta para a avaliação das expectativas da opinião pública, num contexto em que a escassez de comprovação empírica dos resultados prometidos pela investigação com células estaminais embrionárias deve ser complementada por pesquisas de soluções médicas que utilizem fontes e tecnologias alternativas.
Conclui-se que a discussão dos aspetos éticos associados à investigação em embriões de origem humana focaliza-se nos princípios morais e socioculturais que devem ser usados para regulamentar tal prática científica e enquadra-se numa bioética interventiva onde está ausente a reflexão sobre as visões e experiências dos casais que tornam possível a concretização da investigação em embriões de origem humana.
- ALVES, Bruno
- SILVA, Susana

Susana Silva
susilva@med.up.pt
Susana Silva, doutorada em Sociologia, é investigadora auxiliar no Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, exercendo as suas atividades no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Na investigação privilegia o estudo da compreensão pública da biotecnologia e da saúde e dos usos sociais das tecnologias reprodutivas e genéticas. Participa em diversos projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, destacando-se a coordenação de estudos sobre as decisões dos casais em torno do destino dos embriões criopreservados e papéis parentais e conhecimento em unidades de cuidados intensivos neonatais. Tem publicações recentes em revistas internacionais, como a Sociology of Health & Illness; Health; Health, Risk & Society; PLoS ONE; Journal of Biomedicine and Biotechnology; Forensic Science International; New genetics and society; e BioSocieties.
PAP1039 - Decrescimento e da transição: um estudo empírico sobre as experiências pioneiras em Portugal
Este paper tem como objetivo apresentar a proposta geral de um projeto de investigação de pos doutoramento a iniciar em Janeiro de 2012 no SOCIUS/ISEG e CES/ UC. O seu objetivo principal é estudar a aplicação, apropriação, tradução e reformulação dos discursos/ conceitos do decrescimento e da transição em Portugal, avaliando os desafios sociais, ambientais e políticos que se colocam na busca de uma nova organização de sociedade. A caracterização da cultura do tóxico - estrutura, implicações, sua relação com o paradigma do desenvolvimento sustentável e o facto de ser um dos pilares do modelo de produção e consumo dominante -será um dos aspetos norteadores para a caracterização de experiência alternativa de sociedade. Serão realizados estudos empíricos em quintas, ecovilas, hortas urbanas e experiências/ projetos de permacultura em que os conceitos do decrescimento e da transição servem como base ideal para experimentações de modelos de produção e consumo alternativos. Os principais atores das experiências de terreno são os chamados "neo rurais", habitantes das cidades que anseiam uma vida mais saudável e harmoniosa, mas também habitantes do interior que alteram as suas práticas diárias rumo a uma vida mais sustentável. Vários outros agentes e entidades também são parte integrante dos projetos. As práticas agrícolas são um dos temas centrais dos projetos, mas também as fontes energéticas e infra-estruturas. Os impactos ambientais, sociais, económicos e para a saúde do surgimento das experiências de decrescimento e/ou transição em Portugal são um aspeto relevante do projeto. As experiências serão analisadas também através do estudo de práticas concretizadas noutros contextos, em particular em Inglaterra e Espanha, países pioneiros na teorização e aplicação desses conceitos em cidades, propriedades agrícolas e bairros urbanos.
- FERNANDES, Lúcia de Oliveira
PAP1251 - Deficiência, Trabalho e Pobreza na Família: por uma integração teórica
A deficiência pode ser entendida como um fenômeno físico e social, circunscrita em âmbito individual ou coletivo. O amplamente difundido Modelo Social da Deficiência a define como um estilo de vida imposto àqueles que possuem um corpo que difere de uma normalidade esperada e socialmente construída. Nesse sentido, a deficiência ocorre quando a restrição na participação social dos indivíduos é atribuída aos seus corpos, no que diz respeito à sua estrutura e funcionamento.
A pobreza, uma condição vivenciada de forma ampla e persistente no Brasil, é definida pela incapacidade de um indivíduo, família ou outras coletividades conseguirem recursos suficientes para a manutenção de um modo de vida considerado digno na sociedade onde se encontram. Estar em situação de pobreza ver a inserção social restringida, o que, no limite, traduz-se em ter a existência e a reprodução ameaçadas.
Ambas as condições, deficiência e pobreza, possuem em comum a exclusão social como parte de seus elementos definidores, criando uma aproximação conceitual entre elas. Empiricamente, tal aproximação já foi verificada em diferentes contextos, não somente na ocorrência concomitante de ambas, mas também na determinação que a pobreza tem na ocorrência da deficiência e vice-versa.
O objetivo desta apresentação consiste em examinar como a pobreza e a deficiência se conjugam teoricamente, com destaque para a análise dos agregados domésticos. A presente proposta procura apontamentos que subsidiem a investigação empírica acerca do modo como a deficiência pode alterar o risco de pobreza nos agregados familiares brasileiros, na atualidade. Confere-se especial importância ao trabalho, enquanto elemento fundamental de inserção social. Ainda pouco se sabe do poder do trabalho da pessoa com deficiência como elemento transformador da realidade das suas famílias no que diz respeito ao risco de pobreza. É esta lacuna que se pretende preencher. Sobre a função social e familiar do trabalho da pessoa com deficiência se desenvolverá a análise central da tese de doutoramento da qual advêm as reflexões aqui propostas.
- FRANÇA, Tiago Henrique

Tiago Henrique França, brasileiro de Belo Horizonte, é bacharel em Ciências Sociais (PUC-Minas) e mestre em Demografia (UFMG). No mestrado dedicou-se a investigar as implicações de factores socioeconómicos na escolarização de pessoas com deficiência. Agora, no doutoramento na Universidade de Coimbra, dedica-se ao estudo da relação entre deficiência e pobreza no Brasil.
PAP1056 - Delinquência Juvenil na Cidade da Praia (Cabo-Verde)
A presente comunicação pretende reflectir sobre os resultados de uma investigação de natureza qualitativa realizada com 20 jovens delinquentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 12 e os 21 anos, oriundos/as das zonas suburbanas da cidade da Praia, em Cabo Verde.
Em Cabo Verde a delinquência juvenil tem vindo a assumir proporções preocupantes, como são disso evidência as estatísticas oficiais. Os estudos que procuram caracterizar os percursos de desvio e de transgressão destes/as jovens têm vindo a ganhar notoriedade nos últimos anos. Dada a complexidade desta problemática, que deriva nomeadamente das diferentes formas e modalidades de expressão da actividade delinquente e das suas diferentes trajectórias evolutivas, a investigação qualitativa neste domínio assume especial relevância.
Considerando que a delinquência juvenil não depende somente das características internas do indivíduo, constituindo-se antes como um fenómeno plurideterminado procuramos, através da observação participante e da realização de entrevistas semi-estruturadas, compreender e caracterizar os percursos de vida de um grupo de jovens delinquentes, procedendo à análise dos factores facilitadores dos seus percursos transgressivos.
Os resultados da investigação convergem no sentido de se apontar três grupos de factores que parecem determinar fortemente o envolvimento destes/as jovens em práticas criminais: (a) a precariedade socioeconómica, (b) a desorganização das estruturas sociais e (c) a desestruturação e violência familiar.
- DIAS, Jorge
- NEVES, Sofia
PAP0329 - Delinquência e Vitimação de Jovens Estrangeiros/as
Nesta comunicação pretende-se apresentar e discutir os resultados provisórios de um projeto em curso sobre Delinquência e Vitimação de Jovens Estrangeiros/as, cujo objetivo central passa pelo mapeamento do fenómeno, a nível nacional, e pela caracterização das trajetórias, práticas e discursos dos/as jovens estrangeiros em cumprimento de medidas tutelares educativas e com medidas de acolhimento em Lares de Infância e Juventude. A leitura e discussão dos dados terá como referencia teórica a relação entre delinquência, vitimação e interseccionalidade, que nos permitirá firmar interdependências estabelecidas entre algumas categorias identitárias potencialmente vulnerabilizantes como é o caso da etnia, do género e da classe.
- DUARTE, Vera

- NEVES, Sofia
Vera Mónica Duarte. Socióloga, doutorada em Sociologia (2011), pela Universidade do Minho, com um projeto financiado pela FCT sobre Delinquência juvenil feminina. Atualmente é docente no Instituto Superior da Maia (ISMAI), investigadora no Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS/UM) e na Unidade de Investigação em Criminologia Ciências do Comportamento (UICCC/ ISMAI), da qual é diretora executiva. O trabalho de docência, produção científica e investigação tem sido, predominantemente, nas áreas da sociologia do desvio, da criminalidade e da delinquência juvenil (feminina).
PAP1499 - Democracia, Segurança e Desenvolvimento nos países do Magrebe
O Magreb é formado por estados soberanos com processos históricos muito díspares, mas com uma inequívoca vontade comum de afirmação no contexto internacional.As suas tendências de longo prazo evidenciam grandes progressos, ao nível do rendimento, saúde e educação. Tunísia, Argélia e Marrocos encontram-se entre os 10 países com melhor desempenho a nível mundial, e a Líbia surgia entre os 10 países do topo em termos de IDH de não-rendimento, de acordo com o PNUD/RDH de 2010. Progresso que se deve sobretudo a melhorias na educação e na saúde, enquanto o défice democrático se mantém. Os recentes protestos pró-democracia impulsionados por jovens citadinos instruídos, vêm evidenciar a ligação entre movimentos de democratização e o progresso do desenvolvimento humano. Com este trabalho pretende-se a partir do novo quadro conceptual de segurança e desenvolvimento reforçar a premissa de que a prevenção de conflitos e o desenvolvimento sustentável e equitativo se reforçam mutuamente. E em que os objectivos delineados para orientar a presente pesquisa são: analisar os níveis de desenvolvimento e relevância geoestratégica do Magrebe, no plano internacional e ainda contribuir para a identificação de impactos destas convulsões políticas na reconfiguração da actual ordem internacional.
- BALTAZAR, Maria da Saudade

MARIA DA SAUDADE BALTAZAR é professora auxiliar, com nomeação definitiva, do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e investigadora integrada no CESNOVA – FCSH da UNLisboa e colaboradora do CISA-AS da UÉvora. Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora, em 1990, Mestre em Sociologia pelo ISCSP - Universidade Técnica de Lisboa, em 1994 e Doutorada em Sociologia pela Universidade de Évora, em 2002. É Auditora de Defesa Nacional (IDN/Curso 2006). Tem diversas publicações sobre as áreas a que correspondem os seus principais interesses de investigação: Segurança, Defesa e Forças Armadas; Desenvolvimento; Planeamento (metodologia e instrumentos de intervenção). Tem coordenado e constituído várias equipas de investigação de projetos nacionais e internacionais sobre desenvolvimento regional e local, prospetiva, planeamento, intervenção comunitária e relações civil-militares. Tem uma vasta experiência no acompanhamento e apoio técnico a projetos de intervenção comunitária. Tem exercido diversos cargos de gestão na Universidade de Évora, entre os quais Diretora de vários cursos e do Departamento de Sociologia.
PAP0259 - Democratização da educação e reconfiguração da escola
A modernidade
caracterizou-se pela
construção de
sistemas educativos
baseados numa
interpretação
uniformista da
igualdade
progressivamente
concretizada num
currículo uniforme,
numa pedagogia
transmissiva e numa
organização
pedagógica destinada
a facilitar o ensino
colectivo.
Esta interpretação
típica da escola
liberal e
republicana
mostrou-se adequada
a uma escola que
promovia a
democratização
através do
alargamento da base
social de
recrutamento para a
formação das elites,
porquanto mantinha a
sua tradicional
função selectiva mas
adiava-a cada vez
mais para níveis
mais elevados de
ensino.
Contudo, a
selectividade
escolar faz do
projecto político de
democratização
social uma utopia
incapaz de resistir
à prova da realidade
do insucesso e do
abandono,
evidenciando a crise
dos dispositivos
sobre os quais
aquele projecto se
implementou.
Contudo, o projecto
político de
democratização
social através da
escolarização
persiste e obriga a
repensar a escola e
a sua organização,
convida a revisitar
propostas de
organização
pedagógica
alternativas e a
reconstruir a escola
democrática.
A democratização da
escola é agora
concebida como
acolhimento de todos
sem excepção,
aceitação das
diferenças,
tratamento pessoal e
consideração do
aprendente como
sujeito de direitos
e partícipe no
processo de
aprendizagem e de
identidade cultural,
ao mesmo tempo que
reclama a
diversificação
curricular e a
diferenciação
pedagógica.
Nesta comunicação,
evidenciamos, numa
primeira parte, como
as políticas de
igualdade no campo
educativo conduziram
à homogeneidade e à
uniformidade
curricular,
desenvolvendo uma
pedagogia de
transmissão
remediada com uma
pedagogia
compensatória e
abstraindo da
diversidade e da
individualidade.
Numa segunda parte,
colocamos no centro
da pedagogia a
questão das
diferenças e das
desigualdades e as
respostas
necessárias: à
desigualdade a
escola responde com
medidas de
discriminação
positiva que
promovam a justiça e
a equidade, às
diferenças responde
com a sua
valorização como
parte integrante da
afirmação da
individualidade que
não deve ser negada
no processo de
integração social.
- FORMOSINHO, João
- MACHADO, Joaquim
PAP0349 - Demolição em contexto urbano: Apagamento ou reforço da memória?
Convencionalmente pensamos na demolição como
um acto destruidor e menos vezes a encaramos
liminarmente como um processo que pode
permitir o renascimento de um espaço
moribundo. Nesse sentido, a demolição pode ser
uma forma de fazer cidade. Mas pode ser mais
do que isso. Pode ser também um mecanismo que
promove o apagamento de memórias. Tal como
pode despertá-las. Pode anunciar um fim, tanto
quanto pode marcar um princípio. Encarado
desta forma, o acto da demolição pode afigurar-
se, em si, um fascinante e complexo fenómeno,
tão ecléctico quanto ambíguo.
O ensaio a apresentar pretende salientar a
demolição como algo mais do que um mero acto
técnico num qualquer processo de
requalificação urbana. Pretende afirmá-la
enquanto acto cultural e social. O objectivo
principal é salientar a forma como o seu papel
pode ser preponderante no reforço da memória,
na medida em que o apagamento material que ela
provoca em determinadas
construções “adormecidas” nas cidades pode,
por outro lado, revitalizar a sua lembrança,
uma presença imaterial que confere uma “aura”
de nostalgia e saudosismo à memória do
edifício desaparecido.
Pretende-se neste estudo fazer uma abordagem
inicial de índole predominantemente teórica,
debruçando-nos sobre a demolição,
genericamente falando, enquanto acto
dinamizador da memória. Numa segunda fase
materializaremos, de forma breve, os
argumentos defendidos, através da análise à
reacção pública em torno de uma demolição
levada a cabo em 2005, em Santa Comba Dão. “O
Engenho”, edifício que cumpria originalmente a
função atribuída pelo nome, “jazia” no centro
da cidade, inactivo há vários anos,
completamente votado ao abandono. Estando
localizado numa zona privilegiada, do ponto de
vista imobiliário tornou-se naturalmente, alvo
do interesse de investidores. Os rumores da
sua demolição geraram uma onda de oposição na
cidade que, contudo, se verificou não ter
quaisquer repercussões. Não obstante, o
saudosismo e a nostalgia mantiveram-se após a
demolição e prolongam-se até hoje. Um fenómeno
de personificação do património construído,
essencialmente plasmado na imprensa local, em
torno de um edifício de cuja forma original,
bem vistas as coisas, já muito pouco restava.
- FERREIRA, Joana Rita Pedro

Licenciou-se em Arquitectura na Universidade Lusíada (2001), é Mestre em Arquitectura pela Universidade de Salford, UK (2006) e encontra-se a desenvolver doutoramento em Sociologia na Fac. Economia da UC. A sua tese, subordinada ao tema da demolição enquanto prática e enquanto discurso no processo de evolução da cidade, é orientada pelo Professor Carlos Fortuna. É também, desde 2006, docente do Dept. Arquitectura da Escola Universitária Vasco da Gama, em Coimbra.
PAP0731 - Desafios e tendências das políticas de igualdade de mulheres e homens em Portugal: o feminismo de Estado desafiado
Na apresentação pretendo expor algumas das minhas conclusões acerca do “feminismo de Estado” em Portugal, tema pouco estudado no país e objeto central da minha investigação de doutoramento em Sociologia do Estado, Direito e Administração (FEUC/CES). Na pesquisa interroguei a ação do Estado português na promoção da igualdade de mulheres e homens desde 1970, concretamente o papel que atualmente designada Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (anteriormente CCF, CIDM) como mecanismo oficial para a igualdade tem vindo a desempenhar em articulação com os movimentos de mulheres na promoção de políticas públicas de igualdade. Baseando-me no contributo da abordagem do feminismo de Estado, questionei a eficiência deste mecanismo oficial na produção de políticas de igualdade e na representação e empowerment dos movimentos de mulheres num quadro de governação global.
Uma das dimensões da investigação centrou-se numa análise diacrónica dos mais de 30 anos de existência de feminismo de Estado em Portugal, que permitiu detetar tendências, marcos na evolução das políticas, da Comissão e da relação entre o Estado e os movimentos de mulheres. Esta evolução está, como demonstrarei, associada a episódios de produção do Estado, a metamorfoses no contexto político-institucional e nas dinâmicas de interação e de “cooperação conflitual” (Guiny e Passy, 1998) entre atores institucionais. Defini como principais fases da evolução do fenómeno no nosso país: feminismo de Estado emergente, feminismo de Estado potenciado, feminismo de Estado formal e feminismo de Estado desafiado.
É sobre esta última fase ou tipo de feminismo de Estado (2002-2007) que me concentrarei nesta apresentação, uma vez que nela se expressam com especial ênfase e impactos tendências e desafios não só para a Comissão, mas também para o restante Estado e para as associações de mulheres. Intensificou-se a nova abordagem das políticas de igualdade – o mainstreaming de género. Deram-se saltos legislativos marcantes que desafiam agora a capacidade do Estado na sua implementação. Intensificaram-se as tecnologias e retóricas de nova governação, da nova gestão pública. Alterou-se substancialmente a relação com as ONG. Adotaram-se conceções sobre a diversidade e a inclusão de novos agentes e de novas desigualdades. Alterou-se a linguagem para uma linguagem de “género”, expressa, por exemplo, na mudança de designação da Comissão, com a nova lei orgânica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
- MONTEIRO, Rosa

Rosa Monteiro
Socióloga. Professora no Instituto Superior Miguel Torga e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Doutorada em Sociologia, tem desenvolvido o seu trabalho em torno das questões da desigualdade de género ao nível do emprego, trabalho e organizações, bem como no estudo e avaliação das políticas públicas. Membro da equipa de avaliação dos Planos Nacionais para a Igualdade, e atualmente da “avaliação da integração da Igualdade de género nos fundos estruturais (QREN)” - IGFSE. Publicações mais recentes: “Metamorfoses das relações entre o Estado e os movimentos de mulheres em Portugal: entre a institucionalização e a autonomia”, Exaequo, 25 (2012); “A agenda da descriminalização do aborto em Portugal: Estado, movimentos de mulheres e partidos políticos”, Análise Social, no prelo; “A Política de Quotas em Portugal: O papel dos partidos políticos e do feminismo de Estado”, RCCS, 92 (2011).
PAP1171 - Desafios pedagógicos da educação à distância no nordeste brasileiro: uma análise a partir da Sociologia da Educação na Universidade Federal da Paraíba
São variadas as concepções e referências epistemológicas e teórico-metodológicas que fundamentam os formatos institucionais, práticas pedagógicas e processos de ensino e aprendizagem na educação à distância na contemporaneidade. Também variam, sendo por vezes contraditórias ou antagônicas, a caracterização da educação a distância e a avaliação de seus potenciais impactos e conseqüências sociais. No Brasil, a partir de 2005 ocorre uma expansão em larga escala dessa modalidade ou estratégica educacional, através da Universidade Aberta do Brasil – UAB, um sistema integrado por universidades públicas que, ofertando vagas em cursos superiores, prioriza a formação dos professores da educação básica. Até 2010, a UAB articulava 158 Instituições Públicas de Ensino Superior e 556 pólos municipais de apoio presencial, tendo ofertado 114.353 vagas em 583 cursos diferentes. Esses números ampliam-se ano após ano. Para 2012, por exemplo, apenas na Universidade Federal da Paraíba – UFPB são ofertadas 1.850 vagas no ensino superior, para 07 Licenciaturas diferentes. Nesse contexto, de rápida expansão e institucionalização e de paradoxos, contradições e tensões de diversas ordens, cabe caracterizar criticamente os processos de ensino e aprendizagem na educação à distância, destacando dificuldades e desafios enfrentados pelos docentes. A partir de dados gerados através de observação direta e participante e de análise documental, esse texto analisa as experiências pedagógicas em uma disciplina de Sociologia da Educação do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia – Magistério em Educação Infantil, modalidade à distância, na UFPB. Nos últimos dois anos, matricularam-se 1.147 aprendentes nessa disciplina, vinculados a 19 pólos presenciais em municípios dos Estados da Paraíba e Pernambuco. Para efetuar a análise, contextualizando-se a educação à distância no país e na UFPB, são apresentados processualmente aspectos importantes das referências conceituais, perfil dos aprendentes, estrutura curricular, ambiente virtual de aprendizagem, design instrucional e objetos de ensino e aprendizagem do Curso. Em seguida, são identificadas e caracterizadas questões educacionais, metodologias, formas de mediação pedagógica e contradições e desafios enfrentados pelos docentes na disciplina de Sociologia da Educação. A partir das análises e reflexões efetuadas, finaliza-se evidenciando potencialidades e restrições que perpassam a educação à distância, identificando constrangimentos estruturais e intersubjetivos que interpelam e condicionam a evolução dos processos de ensino e aprendizagem e o cotidiano de trabalho dos docentes na educação à distância.
- MACHADO, Eduardo Gomes
PAP0750 - Desarrollo de municipios pequeños y exclusión
Desarrollo de municipios rurales de pequeño tamaño.
Este trabajo trata de analizar el futuro inmediato del medio rural en el contexto de crisis generalizada que es vivida en la actualidad y la relación directa que tiene con las políticas sociales que se articularán en este periodo. (Políticas Europeas, Nacionales y Regionales).
El futuro del Desarrollo Rural en Europa y más concretamente en la Península Ibérica alberga grandes incógnitas que es preciso desentrañar con el fin de estructurar, resolver y disponer las políticas que se han de llevar a efecto para que los ciudadanos puedan hacer uso en igualdad de condiciones de los servicios que el Estado de Bienestar dispone para todos.
La continua búsqueda de nuevos enfoques y soluciones a los problemas sociales y económicos específicos del medio rural nos revelan una situación cada vez más polarizada con respecto a las personas que pueblan los territorios urbanos. El diferente acceso a todos los bienes y servicios, las comunicaciones, los transportes, el ocio o la búsqueda de lugares de encuentro provoca que se esté abriendo una brecha que hasta el día de hoy ha sido, de alguna manera, atenuada por la inyección de recursos de las Políticas Públicas Europeas.
El verdadero Desarrollo Social y Económico no se ha logrado en el pasado reciente con la utilización de numerosos recursos económicos y en la actual coyuntura de crisis ésta se hace más complicada si cabe; no obstante es importante tener en cuenta que la actual coyuntura podría rebajar las expectativas de la población urbana lo cual podría provocar un éxodo urbano en dirección al Campo; pero para que ello ocurra es preciso articular los mecanismos adecuados a las necesidades de los ciudadanos rurales del mañana.
En definitiva, el futuro del territorio rural y más específicamente de los municipios pequeños está sometido a una gran incertidumbre; Incluso interpretando la situación de un modo optimista se habla de reordenación del territorio suprimiendo y/o uniendo Ayuntamientos, creando entes que sustituyan a las Diputaciones y Ayuntamientos y que sean más “operativos” (y más baratos). En cuanto a la Sanidad y la Educación pública se buscan urgentemente “soluciones” (recortes) para su financiación, habida cuenta de la dificultad que tiene el hecho de mantener unos servicios muy costosos dirigidos a una población escasa poco numerosa. En definitiva se habla de nuevas ordenaciones del territorio siempre en la misma dirección cual es la de reducción de rec
PAP1503 - Desastres ditos naturais: um domínio entre dois paradigmas
As estatísticas sobre a incidência de desastres induzidos por fenómenos naturais extremos no mundo contemporâneo revelam a sua omnipresença, expressa tanto no aumento da frequência com que ocorrem como nos impactes crescentes que provocam. Segundo dados da Munich-Re, fenómenos de origem hidroclimática, como sejam cheias ou tempestades, têm-se intensificado nas últimas décadas, mantendo-se os de pendor geológico, mais concretamente os sismos, constantes no tempo, pelo menos a partir dos anos 50. Tal tendência é reveladora de um paradoxo. A modernidade foi palco de um avanço sem precedentes no domínio da ciência aplicada ao conhecimento do ambiente físico. Contudo, verifica-se um aumento dos impactes sociais e económicos induzidos pela ocorrência de fenómenos ambientais extremos. Tal contradição interpela directamente as sociedades na sua relação com o ambiente biofísico, mas não pode deixar de interpelar também a ciência no modo como tem abordado a problemática do risco e dos desastres ditos naturais. A presente comunicação pretende constituir-se como um contributo para a compreensão do referido paradoxo. Argumenta-se que a sua génese situa-se no efeito duradouro que uma visão paradigmática de pendor geofísico teve, e tem ainda, na estruturação da relação humana com a natureza e seus extremos ambientais. Esta moldou a ciência, privilegiando o conhecimento da geofísica de fenómenos como sejam cheias ou sismos, e a acção humana apostada em respostas orientadas para a domesticação da natureza. Contrapõe-se tal paradigma com um outro alimentado por abordagens das ciências sociais que dão corpo a um paradigma alternativo emergente. Na sua diversidade, todas estas abordagens operam uma ruptura com a noção de desastre natural apenas enquanto produto dos processos geofísicos, postulando que tais fenómenos são mais cabalmente compreendidos quando perspectivados enquanto resultado das práticas sociais, com especial enfoque para os processos sociais que organizam as interacções sociais e moldam a relação humana com a natureza. Propomo-nos, nesta comunicação, dar conta das principais abordagens situadas na órbita do paradigma emergente e os conceitos que mobilizam para melhor captar os processos sociais que interferem na causalidade e magnitude dos desastres ditos naturais.
- SILVA, Delta Sousa e
PAP0501 - Descalificación del trabajo y depreciación del sujeto laboral.
Los modernos procesos de trabajo se apoyan en desarrollos tecnológicos y organizacionales que han generado incrementos sustanciales en la producción. ¿Esto ha exigido mayores destrezas en los trabajadores? El argumento central de R. Sennett, en El artesano, y antes en La corrosión del carácter, ¿no apunta hacia la historia del declive en las calificaciones de innumerables procesos productivos –los panaderos griegos desplazados por neo “panaderos” que lo que saben hacer, únicamente, es programar el horno, sin identificarse con el gremio ni con los olores y percepciones que acompañaban al oficio, o los expertos en cómputo que si no renuevan su software más vale que se despidan de sus centros laborales antes de que se aplique la prerrogativa del patrón de echar a los trabajadores que no fueron capaces de ponerse a la altura de las circunstancias modernas? El argumento de J.Rifkin sobre el desempleo tecnológico, esto es de la dirección de las tecnologías contra los puestos de trabajo, ¿ya no encuentran un asidero en nuestro siglo XXI, es decir hay problemas para construir evidencia empírica sobre el desempleo tecnológico y la descalificación? Se pone en escena la vieja discusión calificación versus descalificación, degradación del trabajo y flexibilidad por otra parte, así como se discute sobre el relieve de la escolaridad, con un aumento importante en los años de escolaridad –la prolongación de una capa de población que aumenta su escolaridad al tiempo que retarda su ingreso en el mercado de trabajo-, lo que al menos en la experiencia mexicana no encuentra correspondencia con el enriquecimiento de saberes para la realización de procesos productivos dada la simplificación de los propios procesos de trabajo, a la par de que encuentra correspondencia con un incremento del desempleo en los segmentos sociales con más escolaridad, es decir podemos hablar de desempleo ilustrado. En los paradigmas de las nuevas formas de organización del trabajo, el nuevo sujeto laboral, movilizado por los afectos, sin encadenamiento de horarios rígidos, ¿está más calificado que el obrero Schmidt, en el ejemplo de F. Taylor? ¿Nos apartamos de las modas y los discursos dominantes si afirmamos que el disciplinamiento de la fuerza de trabajo en el espacio fabril, proceso que Gasparini (1990) lo ilustra como la configuración del taller y el reloj como nuevos géneros de prisión y de carcelero, continúa en los tiempos re-modernos (“humanware”, el proceso de tránsito del sometimiento del cuerpo a la movilización de “los afectos y las capacidades mentales de cada asalariado” (Ehrenberg, en Montaño, 2007a: 69-70), aunque repensando a Goffman uno se constituya en su propio guardián? A partir de lo enunciado documentamos y evaluamos el alcance del proceso de descalificación y depreciación del trabajo y del sujeto laboral en México
- ESPINOSA YÁÑEZ, Alejandro
PAP0983 - Desconstruindo o conceito de
Grupo de Trabalho Usos, significados e contextos de utilização da internet e dos media digitais por crianças e jovens.
Os indivíduos que cresceram na era digital são, de acordo com alguns autores inspirados por Prensky (2001), nativos digitais, pela capacidade acrescida, face ao resto da população, de utilizar tecnologias digitais como parte integrante da sua vida. No entanto, com esta comunicação pretende-se fazer uma reflexão e avaliação crítica sobre as abordagens naturalizadas de “nativo digital”, olhando para os dados disponíveis sobre a realidade portuguesa no que respeita à relação das crianças com as novas tecnologias. A utilização do conceito de nativos digitais sem levar a cabo uma análise da realidade portuguesa corre o risco de mascarar assimetrias de condição (social, económica, geográfica, de género, educacional, cultural), tanto nas camadas mais jovens como na população adulta. Nesta análise, leva-se em linha de conta propostas alternativas com a de Helsper e Enyon que defendem que a experiência e extensão do uso têm maior poder explicativo que a simples comparação inter-geracional do uso das novas tecnologias. Desde modo, pretende-se imprimir um novo olhar à leitura dos dados do Inquérito à Utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação nas Famílias do INE, levando em linha de conta variáveis relacionadas com a experiência (antiguidade) e a extensão do uso (frequência, actividades realizadas) à luz dessa proposta.
- ESPANHA, Rita

- LAPA, Tiago

- TABORDA, Maria João
Rita Espanha
Professora Auxiliar do ISCTE-IUL
Investigadora do CIES-IUL
Membro da Comissão Executiva do OberCom - Observatório da Comunicação
Tiago Lapa
CIES-ISCTE, Instituto Universitário de Lisboa; ISLA-Campus Lisboa
Licenciado em Sociologia, ISCTE; Mestre em Ciências Sociais e
Políticas, Universidade de Cambridge, Reino Unido; Doutorando em
Sociologia, ISCTE-IUL
Sociologia da Comunicação e Sociologia da Família
PAP0592 - Desemprego e acção colectiva: um estudo exploratório
À semelhança do verificado na maior parte dos países europeus, o desemprego é hoje um dos maiores desafios enfrentados em Portugal. Ao mesmo tempo que uma parte importante da população é excluída do mercado de trabalho, é colocado em causa o paradigma do pleno emprego, com implicações quanto à sua salvaguarda enquanto direito de cidadania, tal como foi internacionalmente consagrado após a II Guerra Mundial, e, a nível nacional, após a Revolução de 1974. A presente dissertação pretende explorar os constrangimentos e as potencialidades à acção colectiva de pessoas desempregadas e, adoptando uma lógica investigação-acção, fornecer contributos para uma melhor compreensão da relação entre desemprego e acção colectiva. No processo de recolha e análise de dados, foi adoptada uma estratégia articulando aquilo que são os aspectos estruturais associados ao desemprego com as definições que as pessoas fazem da sua situação, com vista a identificar apotencialidades de partilha colectiva de significados e pistas para o desenvolvimento de estruturas de mobilização sensíveis à experiência do desemprego. Foram equacionados quatro problemas chave: a acção colectiva não é uma categoria abstracta que se sustente fora da história e da política; o isolamento das pessoas e o seu desenraizamento social bloqueiam a sua capacidade de envolvimento na acção colectiva; a mobilização colectiva é mais difícil entre pessoas com identidades e interesses heterogéneos; para que os processos de elaboração possam potencialmente questionar a legitimidade do sistema, as pessoas têm de se sentir simultaneamente lesadas acerca de algum aspecto das suas vidas e optimistas quanto às possibilidades de êxito da acção colectiva para a solução dos problemas. A partir da análise de entrevistas a pessoas desempregadas, foram identificadas orientações e possíveis modalidades de participação e são tecidas breves considerações sobre estratégias para ampliar as possibilidades de acção colectiva de pessoas desempregadas.
- FERNANDES, Lídia
PAP1125 - Desemprego feminino envelhecido: do trabalho para a vida a uma nova vida no desemprego
As alterações drásticas nos percursos de vida obrigam a adaptações que, a não encontrarem uma possibilidade de comunicação, escorregam para o silêncio. A reflexão que se ensaiará nesta comunicação começa com um fim: o encerramento da fábrica Estaco, uma emblemática cerâmica de Coimbra falida em 2001. Na sequência deste acontecimento de ruptura, trabalhadores e trabalhadoras vêem-se confrontados com a necessidade inédita de interrogarem o seu percurso de vida, de avaliarem os constrangimentos que enfrentam e de equacionarem as oportunidades que se lhes abrem para sair da situação de desemprego.
Partindo da narrativa de uma ex-operária da Estaco, procurar-se-á mostrar o modo como a perda de emprego num momento crítico pode funcionar como um redutor de oportunidades operando quer ao nível das estratégias de enfrentamento da situação de privação de emprego, quer na transição entre desemprego e regresso ao emprego. A restrição dos horizontes — expressa na redução das oportunidades profissionais — e os destinos traçados — expressos na limitação do acesso à integração profissional a actividades «femininas» e desqualificadas — são reveladores do modo como as desigualdades entre homens e mulheres, ainda fortemente presentes no mercado de trabalho, encontram eco nas experiências do desemprego das mulheres.
A reflexão que se propõe nesta comunicação não trata directamente de desemprego feminino ou mesmo de desemprego feminino em Portugal, mas sim da experiência concreta de uma desempregada com um perfil bem delineado — envelhecida, sem habilitações ou qualificações formais — que ocupava na fábrica uma posição importante adquirida graças a uma longa experiência de trabalho e que, na sequência da perda do emprego, se confronta a uma estrutura de oportunidades rígida e sexualmente diferenciada que a obriga a reconverter-se na área dos cuidados a crianças. Andreia oferece um testemunho impressionante sobre as diferenças que podem fazer a diferença para as mulheres em situação de desemprego, sobre o modo como o desemprego corresponde efectivamente a uma perda de si, sobre o modo como o desemprego feminino pode estreitar horizontes e delimitar destinos possíveis, oferecendo, deste modo, algumas pistas para a análise das experiências femininas do desemprego, um campo ainda pouco explorado.
- ARAÚJO, Pedro

Pedro Araújo é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e licenciado pela mesma Faculdade. É investigador e doutorando do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e membro do Centro de Trauma. Os seus interesses de investigação centram-se em questões relacionadas com a sociologia dos desastres e a cidadania.
PAP1041 - Desentrañando las características de un emergente Estado post-neoliberal en Argentina: representaciones del gobierno nacional de la participación del Fondo Monetario Internacional en la crisis del 2001
GT: "SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA AMÉRIC LATINA"
Hasta momentos antes del default del año 2001 las organizaciones multilaterales de crédito consideraban al modelo de convertibilidad argentino como el mejor modelo económico del mundo. Poco tiempo después Argentina tocaba fondo en lo que muchos consideran la peor crisis económica de su historia. ¿Que había pasado? ¿Cómo el país qué más había avanzado en la reforma neoliberal de su Estado caía en un pozo tan profundo? ¿Cómo se había producido ese desenlace cuando estas organizaciones controlaban palmo a palmo la economía nacional, y otorgaban miles y miles de millones de dólares para que el gobierno escapase de la recesión?
Se inició, así, un extendido debate académico tendiente a determinar las causas que habían desencadenado los acontecimientos en Argentina. Lo que estaba en cuestionamiento bajo este objetivo inmediato era, en realidad, la capacidad de intervención del FMI en los países emergentes y, en último término, el propio neoliberalismo como modelo de desarrollo económico-social. Bajo estas premisas, un número relativamente importante de instituciones y analistas de las más diversas partes del mundo se pronunciaron al respecto. El nuevo gobierno argentino no fue la excepción.
Este artículo tiene como objetivo presentar e interpretar las representaciones discursivas que el gobierno del presidente Kirchner efectuó de la participación del FMI en la crisis del 2001 y su tiempo inmediatamente anterior. A estos efectos selecciona del corpus de datos recabado (compuesto por aproximadamente 400 artículos del diario Clarín referidos al canje de la deuda externa 2003-2005) una muestra pertinente que es analizada a partir de herramientas teóricas-metodológicas propias del análisis del discurso.
Previo a ello, utilizando bibliografía pertinente, sintetiza los aspectos centrales de la “explicación fiscalista” de la crisis dada por el Fondo y los de la “crítica heterodoxa” a dicha explicación. El artículo parte de presuponer que a partir de este análisis y su comparación con aquél propio de las representaciones efectuadas por el gobierno se podrán inferir características distintivas de un emergente Estado post-neoliberal en Argentina.
- MANZO, Alejandro Gabriel

- MANZO, Mariana Anahí

Alejandro Gabriel Manzo
Doctor en Derecho y Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Córdoba (UNC), Argentina, y Magister del Master Internacional de Sociología Jurídica de Oñati, España.
Recientemente presentó su tesis en la Maestría de Sociología de la UNC bajo el título “El Proceso de Canje de la Deuda Externa Argentina 2003-2005: estrategias y discursos del gobierno kirchnerista tendientes a la configuración de un nuevo Estado post-neoliberal”.
Se desempeña como profesor universitario en las carreras de abogacía de la UNC y de la Universidad Nacional de Chilecito (UNDeC).
Desarrolla proyectos de investigación financiados por la Secretaría de Ciencia y Tecnología (SECyT) de la UNC y el Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina.
Mariana Anahí Manzo
Es Doctoranda en Derecho y Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Córdoba (UNC), Argentina, bajo el proyecto "Movimientos Sociales y Ongs, Luchas y rreivindicaciones: Estrategias Políticas-Jurídicas en Córdoba, Argentina" y Magister del Master Internacional de Sociología Jurídica de Oñati, España.
Se desempeña como profesora universitaria en la carrera de Derecho de la UNC en la asignatura de Sociología Jurídica.
Es becaria Post-Grado Tipo II del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) y desarrolla proyectos de investigación grupales financiados por la Secretaría de Ciencia y Tecnología (SECyT) de la UNC.
PAP0447 - Desenvolvimento e percepção dos impactos socioambientais entre as populações pesqueiras litorâneas no Espírito Santo/Brasil.
O objetivo do presente trabalho é analisar os impactos socioambientais resultantes dos processos de desenvolvimento localizados na região litorânea do estado do Espírito Santo (ES), na região sudeste do Brasil. Mais especificamente interessa investigar a faixa costeira onde tem sido recorrentemente implantados grandes empreendimentos industriais potencialmente produtores de riscos ambientais (a Petrobras; a Aracruz Celulose, atual Fibria; a Vale do Rio Doce; a Arcelor Mittal, etc.) em áreas onde anteriormente viviam somente as populações pesqueiras artesanais.
O estudo se atém, ainda, às percepções desses grupos pesqueiros, acerca do processo já narrado, avaliando, a partir de suas próprias interpretações culturais, as formas como identificam os impactos socioambientais sofridos em suas localidades, em seus modos de vida e em suas atividades produtivas.
O enfoque no estudo da percepção ambiental foi escolhido por permitir expressar os modos locais de interação com tais fontes de impacto e, também, por permitir revelar ainda, a partir de uma perspectiva construtivista, o quanto as percepções não são fontes vazias de significados. Com isso, espera-se abrir espaço para a compreensão de como se processam localmente formas de ressignificação, reapropriação, ou mesmo de embate e confronto com relação a esse tipo de política de desenvolvimento posta em curso no Espírito Santo/Brasil.
- TRIGUEIRO, Aline

- KNOX, Winifred

Primeira autora: Profa. Dra. Aline Trigueiro
Graduação em Ciências Sociais (UFRJ); Mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ); Doutorado em Sociologia (UFRJ), com Bolsa Sanduíche na Universidade de Oxford (Inglaterra). Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e uma das Coordenadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento do ES (GEPPEDES). Áreas de estudo e interesse: Sociologia Ambiental; Sociologia do Desenvolvimento; Ética e Epistemologia Ambiental; Política Ambiental.
Segunda autora: Profa. Dra. Winifred Knox
Possui especialização em filosofia (UFRN - 1996), mestrado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e antropologia do IFCS pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nos últimos anos tem se dedicado à pesquisa e à docência na área de Sociologia e Antropologia com grande ênfase em Comunidades Pesqueiras. Atualmente é professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo e uma das coordenadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento do ES (GEPPEDES).
PAP0866 - Desenvolvimento social e violência homicida no Brasil do século XXI.
Neste texto nós apresentamos os resultados de uma investigação sociológica sobre a produção de crime de homicídio no Brasil. A pesquisa foi realizada na cidade de Campina Grande, que tem uma população de trezentos e oitenta e três mil habitantes. As investigações foram desenvolvidas em 2010 e 2011 e estudou os homicídios dos anos de 2009 e 2010. O objetivo principal foi o de compreender as causas dos homicídios e as características dos atores envolvidos. Na metodologia, trabalhamos com análise quantitativa e qualitativa. Recolhemos dados referentes às mortes em três fontes secundárias, a saber, dois dos principais jornais escritos do município: Jornal da Paraíba e Diário da Borborema; depois, colhemos os dados produzidos pelo Instituto de Polícia Científica da Paraíba, órgão estatal responsável pelos exames cadavéricos de vítimas de morte violenta. A terceira fonte foi representada pelos Boletins de Ocorrência produzidos pela Polícia Judiciária. Nessas fontes buscamos levantar elementos que de forma direta ou indireta contribuíram para a ocorrência dos homicídios. Assim, tipos de armas utilizadas, local do crime, circunstâncias do conflito que ocasionou a morte, local de moradia de agressores e vítimas, grau de escolaridade, profissão e situação de emprego, estado civil, envolvimento com drogas, idade e gênero foram algumas das variáveis a partir das quais procuramos entender as causas, os principais grupos e atores sociais envolvidos na produção da violência homicida no Brasil. Após o levantamento estatísticos, desenvolvemos análise qualitativa. Os resultados das análises demonstram que o Brasil vive um momento paradoxal de desenvolvimento. De um lado, o país alcançou o lugar de sexta potência do mundo capitalista em 2011. Todavia, esse desenvolvimento capitalista não tem se apresentado para todos os segmentos da população da mesma maneira, sobretudo no que se refere à violência. Nas metrópoles os índices de violência e nomeadamente de homicídios têm recuado nos últimos anos, em parte graças à melhoria da infra-estrutura dos serviços públicos e do acesso de setores sociais tradicionalmente excluídos às instâncias legais para resolução de conflitos. Um melhor aparelhamento dos órgãos policiais e o conseqüente aumento do combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, em particular, têm contribuído para a diminuição dos casos de homicídios em metrópoles como São Paulo. No sentido inverso, cidades como Campina Grande, situada no Nordeste do Brasil, têm assistido o aumento da criminalidade homicida. Em 2009 tivemos 140 homicídios e 187 em 2010, o que coloca a cidade com uma taxa de homicídios acima de 40 casos para cem mil habitantes. As vítimas são em sua maioria, jovens negros e pobres da periferia, tendo entre 16 e 24 anos, com baixo grau de escolaridade e pouca qualificação profissional. Em muitos dos casos, o envolvimento com drogas se mostrou uma variável relevante.
- SILVA, Vanderlan
PAP0132 - Deserção e alistamento duas estratégias para evitar a guerra: um estudo de caso
A guerra colonial (1961-1975) constitui um fenómeno bélico que suscitou as mais díspares reacções na sociedade portuguesa da época. Muitos jovens adultos, por razões políticas, filosóficas, religiosas ou de simples sobrevivência pessoal, optaram por estratégias defensivas que evitassem a sua participação directa no conflito armado.
Neste estudo apresentamos os casos de dois jovens que escolheram caminhos aparentemente opostos mas com igual objectivo: evitar ter de se encontrar numa situação de ter de matar ou morrer por uma causa perdida.
A deserção, decisão escolhida por milhares de jovens, acarretava muitas vezes a saída para o estrangeiro. O alistamento voluntário em ramos das Forças Armadas afastados do conflito é uma estratégia mais sofisticada e subtil mas também conscientemente implementada, como veremos, por outros
- ALMEIDA, Jorge Manuel Fernandes Fonseca de

JCurta nota curricular
Jorge Fonseca de Almeida, 52 anos, casado, dois filhos, diretor bancário na área do Marketing com experiência profissional em Portugal, Holanda e Polónia, licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Economia, Master in Business Administration (MBA) pela Universidade Nova de Lisboa, mestrado (parte escolar) em Comportamento Organizacional pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Aluno de Doutoramento em Sociologia no ISCTE-IUL, terceiro ano, a desenvolver tese “Elites económicas e Capital Social: o caso português”.
Autor do livro “O essencial sobre o Capital Social” editado pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (2011) e de várias apresentações a congressos e encontros científicos.
Interesses de investigação: Capital Social, Redes Sociais, Entrelaçamento, Normas, Confiança, Sociedade e desenvolvimento, Elites económicas e políticas.
PAP0218 - Desigualdade e temporalidade: a projecção do futuro por parte de jovens com inserções profissionais pouco qualificadas
O mercado de trabalho é um eixo determinante dos processos de transição para a vida adulta. É em grande medida através dele que se define a autonomia económica face à família de origem, a possibilidade de constituir família ou a contratação de um conjunto de obrigações, tais como o empréstimo para a compra de habitação ou de outros bens. Ele assume-se também como um factor estruturante das condições de existência dos indivíduos.
O mercado de trabalho em Portugal tem vindo a conhecer mutações importantes nos últimos anos. Os níveis elevados de desemprego são acompanhados pela crescente precarização das relações laborais, fenómenos que assumem uma dimensão ainda mais expressiva entre as populações mais jovens. Não só o acesso ao mercado de trabalho é uma realidade cada vez mais difícil para as populações mais jovens, como as garantias formais de permanência no emprego vão diminuindo. Dado este quadro estrutural, uma das questões que interessa analisar prende-se com as representações e atitudes dos jovens perante um campo social que, tal como foi mencionado, é central nas transições para a vida adulta e na definição das suas condições de existência.
Nesta comunicação pretendemos analisar os modos de projecção do futuro laboral de jovens que têm inserções profissionais pouco qualificadas e de baixa remuneração. Procura-se, portanto, compreender as atitudes e representações acerca do futuro profissional de jovens que ocupam posições desfavorecidas no mercado de trabalho. A partir de 80 entrevistas a jovens que trabalham em Portugal foram encontrados dois modos de projecção do futuro profissional: as projecções cumulativas e as projecções não cumulativas. Dentro desta segunda categoria foram identificadas três sub-tipos: as projecções contingentes, as projecções orientadas para imobilidade e as projecções laborais descontínuas. Num primeiro momento da comunicação proceder-se-á à explicitação destas categorias; de seguida analisar-se-á a relação existente entre os modos de projecção do futuro e a situação profissional e educativa destes jovens; finalmente problematizar-se-á o tempo futuro enquanto variável sociológica.
- CANTANTE, Frederico
- CARMO, Renato Miguel do
- ALVES, Nuno de Almeida
PAP0999 - Desigualdades de género no mercado de trabalho português – a satisfação laboral enquanto possível indicador
A deslocação das questões de género para a esfera dos direitos públicos abriu todo um novo conjunto de possibilidades e também de debates, consubstanciados no estabelecimento das primeiras disciplinas de estudos sobre as mulheres. Esta fase foi marcada por uma série de alterações que concorreram não só para a emancipação das mulheres como também para o próprio questionamento das desigualdades de género baseado numa assimetria de poder. Transformações ao nível das relações familiares, ao nível educativo e tecnológico que permitiram a problematização das desigualdades em termos de papéis de género distintos e socialmente construídos e reproduzidos.
A esfera do trabalho é uma arena privilegiada para a análise das desigualdades de género. A relativamente recente entrada massificada das mulheres no mercado de trabalho, as condições em que a sua entrada se processou, as representações e valores associados ao feminino e as questões da conciliação da vida familiar com a profissional contribuíram para delinear os contornos da participação das mulheres no mercado de trabalho. Muitos trabalhos têm sido desenvolvidos nesta área tentando explicar a por vezes difícil relação das mulheres como o mercado de trabalho. Com a presente análise pretende-se explorar uma outra dimensão da problemática laboral: a satisfação no trabalho enquanto espelho de desigualdades de género reificadas nas práticas e nas percepções dos homens e das mulheres. A satisfação laboral, para além de ser um campo de análise autónomo, pode afigurar-se também como um terreno de pesquisa importante para compreender os mecanismos que subjazem aos diferenciais objectivos e para perceber até que ponto os papéis de género estão ou não enraizados nas estruturas mentais não só dos homens como também das mulheres.
- DIAS, Ana Lúcia Teixeira

Ana LúciaTeixeiraDias
Doutorandaem Sociologia e Mestre emProspecção e Análise de Dados;Investigadora do ObservatórioNacional de Violência e Género e do CESNOVA (FCSH-UNL), onde temdesenvolvidoprojectos de investigaçãonasáreasdosestudos de género.
PAP0932 - Desigualdades sociais e acção colectiva: propostas teóricas para o estudo das práticas associativas em contexto local
A relevância do estudo da acção colectiva enquanto elemento configurador central das dinâmicas das sociedades contemporâneas tem constituído, ao longo do percurso pelas teorias sociológicas (desde os clássicos até à actualidade), um terreno de fértil e desafiante conhecimento sociológico acumulado. A persistência e perenidade das desigualdades sociais nas sociedades contemporâneas terão relevância sobre a acção colectiva e cidadania modernas? Mais especificamente, é proposta uma discussão teórica com vista ao aprofundamento do estudo das práticas associativas sob a óptica problemática das desigualdades sociais.
Com vista a um profícuo e acutilante «estado da arte» das relações entre as desigualdades sociais e a acção colectiva, serão convocados os contributos de Marx, Weber e Simmel; procurar-se-á um debate actualizado das teorias das classes sociais e do conflito (nas suas variantes neo-marxistas, neo-weberianas e interaccionistas); tal implicará a discussão das teorias organizacionais, da mobilização dos recursos e dos novos movimentos sociais; e incorporar-se-ão os novos contributos teóricos de autores como Pierre Bourdieu, Margaret Archer e Nicos Mouzelis.
As propostas teóricas avançadas visam o aprofundamento de perspectivas de pesquisa em contexto local, que procurem analisar a relevância e o impacto das desigualdades sociais sobre as práticas associativas dos actores colectivos e individuais, e respectivas dinâmicas de identidade cultural geradas. Ancorando no conceito de práticas associativas, e partindo da mobilização dos actuais e principais instrumentos da sociologia das classes sociais, constituem objectivos de investigação sociológica, a parametrização de um programa holístico no estudo da acção colectiva que, articulando os níveis macro, meso e micro–sociais, entrecruze os processos e as dinâmicas estruturais, institucionais, configuracionais, simbólicas, interactivas, posicionais e disposicionais que atravessam um determinado espaço social associativo.
Este é um contributo para um maior conhecimento das dinâmicas da acção colectiva, relativamente aos perfis e relações das classes sociais, condições objectivas, modos e estilos de vida, valores e referentes simbólico-ideológicos e correspondente produção de identidades culturais (individuais e colectivas), características e dinâmicas dos actores colectivos e do conflito, presença das instituições, configurações e processos de reprodução e mudança social.
São propostos horizontes teóricos que integrem no estudo da acção colectiva os efeitos multidimensionais e das intersecções das desigualdades sociais contemporâneas, no que diz respeito aos domínios das relações de produção, das sociedades do conhecimento e das instituições políticas.
- NUNES, Nuno

Envio a seguinte Nota Biográfica: Nuno Nunes é investigador do CIES-IUL do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e membro do Observatório das Desigualdades. As desigualdades sociais, a análise de classes, a ação coletiva e a mudança social são os seus principais interesses de investigação. A participação em projetos internacionais como o "European Social Survey" e o desenvolvimento de uma investigação pós-doutoral intitulada "Desigualdades sociais, atores coletivos e identidades culturais: práticas associativas em contexto local" visam o aprofundamento da problemática das desigualdades sociais. Destacam-se as seguintes publicações: Carmo, Renato and Nunes, Nuno (2012). Class and social capital in Europe: a transnational analysis of the European Social Survey, European Societies; Nunes, Nuno and Josué Caldeira (2011), "Desigualdades sociais e ação coletiva na sociedade portuguesa", in Carmo, Renato Miguel (coord.), Desigualdades em Portugal: Problemas e Propostas, Lisboa, Edições 70; e, Nunes, Nuno, and Renato Miguel do Carmo (2010), “Condições de classe e acção colectiva na Europa” in Carmo, Renato Miguel do (org.), Desigualdades Sociais 2010. Estudos e Indicadores, Lisboa, Editora Mundos Sociais.
PAP0200 - Desigualdades sociais e imigração no mercado de trabalho português
A teorização sobre as desigualdades sociais tem conhecido um grande avanço na última década, centrando-se sobretudo nas desigualdades assentes na desigual distribuição dos recursos da sociedade. Mas de acordo com Therborn (2006), antes de mais há que considerar as desigualdades vitais (isto é, os diferenciais de exposição a riscos fatais – medidos pela esperança média de vida, taxa de mortalidade, etc); depois há as desigualdades existenciais – decorrentes de haver um desigual reconhecimento dos indivíduos enquanto pessoas (o patriarcado, a escravatura, o racismo são formas institucionalizadas de desigualdades existenciais). As desigualdades de recursos são a terceira forma de desigualdades sociais apontada por este autor.
Na verdade, não há nenhum domínio da actividade social que não esteja marcado por profundas desigualdades entre as categorias sociais. Estas desigualdades reforçam-se reciprocamente, formando um sistema, em que os que acumulam desvantagens num determinado campo tenderão a acumular desvantagens noutros campos, enquanto a acumulação de vantagens num campo atrairá a acumulação de vantagens noutros campos (Bihr e Pfefferkorn, 2008).
A igualdade de oportunidades entre indivíduos não é possível quando as condições de existência não permitem o aproveitamento dessas oportunidades. A igualdade de oportunidades pressupõe uma mobilização e reforma sociais da saúde, da habitação, da educação, etc. para que as relações sociais estabelecidas permitam a efectiva igualdade de oportunidades entre os indivíduos (Savidan, 2007). O medo da despromoção social no mercado laboral é um fenómeno expressivo em sociedades onde as possibilidades de mobilidade social são limitadas e onde a ordem social assenta em desigualdades estruturais (Maurin, 2009).
No caso de Portugal, os indicadores apontam para uma sociedade fortemente desigual, nomeadamente na disparidade de rendimentos.
Esta comunicação propõe um enquadramento teórico e uma análise empírica ao estudo das desigualdades sociais no mercado de trabalho em Portugal com um enfoque particular nas desigualdades de que são alvo os trabalhadores de nacionalidade estrangeira.
Tendo como campo de observação os Quadros de Pessoal – bases de dados que reúnem todos os trabalhadores das empresas portuguesas – ter-se-á em conta que as formas de inserção dos imigrantes no mercado de trabalho são diversificadas. Como refere Machado (2007), na relação entre desigualdades sociais e imigração, a importância da lógica classista sobrepõe-se à lógica “étnica” ou “cultural”. No espaço social das classes existem contrastes e continuidades entre populações imigrantes e autóctones, mas também ente sectores e grupos imigrantes.
- CARVALHO, Margarida
PAP0647 - Deus no Hospital: a assistência espiritual e religiosa nos hospitais portugueses.
Os serviços de assistência espiritual e religiosa dos hospitais portugueses, cujas práticas desde sempre estiveram associadas ligadas à Igreja Católica, tendem, hoje em dia, a promover um suporte espiritual, baseado na liberdade religiosa.
A investigação de doutoramento que suporta esta comunicação tem três objectivos. Em primeiro lugar, assume a pretensão de constituir uma reflexão sobre a importância da espiritualidade na esfera dos cuidados de saúde, apesar da sua volatilidade enquanto objecto de análise. À partida, considerar a dimensão espiritual como um aspecto relevante e com elevadas contribuições para o bem-estar dos indivíduos parece ter razão de ser, já que no âmbito das práticas dos cuidados, cada vez mais os profissionais a reconhecem, fundamentalmente nos cuidados paliativos, onde a aproximação da morte contém uma carga pesada de questionamento da situação em si e avaliação do percurso de vida de um indivíduo.
Em segundo lugar, esta investigação pretende também compreender de que forma se procede ao acompanhamento espiritual no contexto global da saúde, tal como ele é actualmente desenvolvido nas unidades de saúde, em concreto, perceber de que modo é considerado o acompanhamento ao nível de outras práticas religiosas, como é que os actuais dinamizadores dos serviços desenvolvem a sua actividade, que instrumentos possuem para realizar o seu trabalho, ou ainda, que tipo de contributos oferecem ao modelo de produção de cuidados em que se inserem.
Em terceiro lugar, procurará definir a importância de aspectos exógenos, nomeadamente a celebração da Concordata, da Lei de Liberdade Religiosa e da consequente negociação que desembocou no Decreto-Lei nº253/2009 de 23 de Setembro, e a importância da atribuição de um espaço igualitário às diferentes confissões e práticas religiosas.
Esta comunicação incidirá, assim, na reflexão sobre os três aspectos que compõem o segundo objectivo da investigação: como é que é prestada a assistência espiritual e religiosa nos hospitais portugueses actualmente, como é que são consideradas as outras expressões religiosas e quais são os contributos do serviço de assistência espiritual e religiosa para o modelo de cuidados do hospital.
PAP1009 - Devo não nego. Pago quando puder. Um estudo sobre despesas, endividamento e justificação moral de consumidores de camadas populares
Esta pesquisa propõe um estudo sobre o significado social da dívida, suas justificativas e os impactos morais que circundam o universo social de famílias endividadas. Nesse sentido, procuramos desenvolver uma análise sobre as mudanças de estilos de vida e de consumo de ex-moradores que viviam em áreas de risco em um morro carioca e que foram contemplados com apartamentos construídos pelo governo brasileiro, através do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC .
Propomos analisar como a mudança de endereço se repercutiu nos padrões de consumo destas famílias, sobretudo, através da obtenção de novos tributos e de uma nova configuração espacial.
Ao longo de nove meses de pesquisa de campo, observamos que a presente mudança, se por um lado trouxe a segurança de uma moradia de alvenaria no asfalto, trouxe por outro, novas despesas (condomínio, luz e água) e o estímulo em comprar novos utensílios e mobiliário domésticos. O que nos reafirma a ideia de que a casa possui a centralidade no que se refere ao consumo dessas famílias, uma vez que as dívidas contraídas pelas mesmas são em quase sua totalidade ligadas às despesas e aos investimentos domésticos.
A princípio, este aumento da dívida, acompanhado de uma naturalização do endividamento é também o resultado de novos interesses contemporâneos de consumo que tem seduzido os indivíduos.
A mudança de percepção dos sujeitos nos últimos quinze anos em relação à aquisição e acúmulo de dívidas está diretamente ligada às mudanças políticas e econômicas do país, estabilização econômica através do Plano Real e a adoção de medidas mais democráticas em relação à concessão de crédito, uma vez que este possibilitou, sobretudo aos segmentos mais populares, a aquisição de bens tecnológicos, uso do cartão de crédito; de empréstimos pessoais; financiamento de veículos, da casa própria; dentre outros.
A despeito do aumento do consumo e do relativo endividamento, o presente estudo ressalta a importância em estudar o consumo de famílias de classes populares não só a partir da esfera da exclusão e da ilegalidade, mas principalmente como referência de consumidores ativos e conscientes.
A pertinência em desenvolver um estudo sobre endividamento se deve ao fato de que este possui uma série de desdobramentos sociais, que nos fazem refletir sobre alguns valores que estão diretamente ligados aquilo que a sociedade brasileira tem como referencial de honra, honestidade e trabalho, e que além dos efeitos práticos (ficar sem crédito) desencadeia vários estigmas sociais, gerando ao devedor, na maioria das vezes, mal estar e sensação de desconforto.
- TORQUATO, Shirley Alves

Possui bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), Especialização em Sociologia Urbana(2002) e Mestrado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (2005). Atualmente é aluna de doutorado em Antropologia pela mesma Universidade. Fez estágio de doutoramento na Écoles des Hautes Etudes en Sciences Sociales ( EHESS) em Paris, França. É pesquisadora do Laboratório de Etnografia Metropolitana do Rio de Janeiro (LE Metro) e do Núcleo de Estudos da Modernidade. Tem experiência docente no ensino superior e atua na área de Antropologia do Consumo e Antropologia Urbana
PAP0524 - Diagnóstico gerontológico: um instrumento para influenciar a política social
Apreciar as repostas sociais existentes para demonstrar as insuficiências da oferta de serviços face às necessidades da população mais velha é objectivo central da investigação. Para isso, começamos por determinar a incidência da pobreza na população envelhecida de uma área geográfica (Póvoa de Varzim) e por relacionar a taxa de risco de pobreza com as diferentes categorias etárias discrimináveis na população com mais de 55 anos. Interessa-nos determinar a sua incidência segundo o género, o nível de escolarização, a profissão e a classe social. Não menos importante é determinar o peso relativo dos idosos que permanecem nas suas famílias, dos que vivem isolados e dos que já se encontram institucionalizados. Quanto aos primeiros, procuramos esclarecer se existem (des)complementaridades entre os cuidadores das redes de sociabilidade primárias e os cuidadores institucionais e o mesmo a respeito dos idosos que vivem sozinhos. A dispersão geográfica da família e a autonomização das residências são indicadores que nos interessa medir para saber se estamos num concelho onde as redes de interacção familiar e de vizinhança conservam um potencial protector da velhice.
No objecto de estudo cabe a análise crítica dos modos como as instituições definem as necessidades dos idosos residentes em lares, dos utilizadores de serviços domiciliários e dos frequentadores dos centros de dia. Mais concretamente, propomo-nos analisar até que ponto as práticas institucionais assumem que as necessidades dos idosos são mais amplas do que as inerentes às actividades básicas da vida diária. Se têm em conta, e como, que o envelhecimento tem uma dimensão relacional que agrava severamente a vulnerabilidade social dos indivíduos. Serão estas redes capazes de responder às exigências de protecção que decorrem do prolongamento da esperança de vida e dos inerentes riscos de deterioração da saúde e da autonomia dos idosos? Qual a disponibilidade dos membros da população envelhecida para se implicarem na prestação de serviços à colectividade para permanecerem integrados na vida social e demonstrar a sua utilidade social?
Se o discurso das instâncias públicas assume que a humanização desta idade da vida exige serviços diversificados e disseminados no território, cabe ao diagnóstico explicitar os seus défices quer em quantidade, quer em diversidade e qualidade.
- ALMEIDA, Maria Sidalina

- GROS, Marielle
Nome: Maria Sidalina Almeida
Afiliação institucional: Instituto Superior de Serviço Social do Porto
Área de formação - licenciatura em serviço social; mestrado em serviço social e política social e doutoramento em ciências da educação.
Interesses de investigação: diversos temas no campo da gerontologia social; transição dos jovens para a vida adulta.
PAP0192 - Diferentes Primaveras e Semelhantes ares: uma comparação entre a Primavera Árabe e a Primavera dos Povos
Temos o interesse de apresentar uma
comunicação que busca estabelecer uma
comparação entre os acontecimentos recentes da
chamada Primavera Árabe e os eventos da
Primavera dos Povos de 1848. Guardadas as
particularidades históricas de cada um dos
eventos, podemos verificar semelhanças em
termos políticos, sociais e econômicos, já que
alguns elementos que caracterizam esses
fatores sociais parecem ser de muita
proximidade – descreveremos os mais
pertinentes à associação. A Primavera dos
Povos é resultado de uma combinação de
fatores, como a crise de liberdade de crédito
e de comercio, o que impedia o desenvolvimento
do setor econômico influenciado pelo
liberalismo econômico em países como a França
e a Alemanha (Confederação dos Estados
Alemães); a crise política dos regimes da
Restauração (1815) diante de diferentes grupos
sociais, como os comerciantes, operários,
camponeses e banqueiros; as dificuldades
sociais das condições de vida da população,
que encontrava respaldo para o questionamento
em seus organismos de atuação política, como
Ligas e sindicatos.
Tais elementos que se combinavam foram
propulsores de um período relativamente curto
de confrontos sociais, que resultaram numa
reorganização geral da sociedade em diferentes
termos. Assim, era comum a necessidade de se
repensar a configuração política no sentido de
alterar a econômica, sendo este o melhor
caminho para a melhoria das condições gerais
que estavam atravancadas por conta de regimes
limitadores. Pode-se considerar a existência
de três grandes setores organizados da
sociedade nesses países: as monarquias, as
classes altas e médias, e o setor de
trabalhadores, estudantes e camponeses. O
choque entre essas frentes levantava a
necessidade de liberdades democráticas na
economia e na política, através da liberdade
de comercio e derrubada das monarquias
retrogradas. O resultado foi a conquista de
alguns pontos das reivindicações associado à
conformação de instituições democráticas, como
Assembleias legisladoras; mas também houveram
ações antidemocráticas, como o envio de
milhares de pessoas para o exílio, a punição
sem julgamentos e morte de vários
contestadores sociais. Regimes políticos se
modificaram, modificando a situação econômica
em partes também.
Temos na Primavera Árabe, condições
que não são novas na história, embora sejam
exclusivas, como a necessidade de democracia
frente aos regimes políticos totalitários,
melhoria das condições comerciais e de vida. A
combinação desses fatores desencadeou o
processo ainda aberto de enfrentamentos entre
a população e os regimes, levando a queda de
alguns deles, tal como em 1848. Assim,
buscaremos relacionar os dois processos
tomados em algumas de suas semelhanças,
levantando questões a respeito dos limites que
estão dados pelas diferentes condições
históricas, como também analisar os tipos de
organizações dos diferentes setores sociais em
atuação.
- ISMAEL, Rodrigo
- MAIA, Francisco
PAP0331 - Dilemas das redes de cooperação interorganizacionais e a formação dos profissionais de saúde. O caso da Enfermagem.
Mobilizadas pela indispensabilidade de partilha de recursos, as organizações de serviços de saúde e as de ensino superior procuram cada vez mais plataformas de entendimento e lógicas de acção para melhor atender às necessidades de aprendizagem in loco das componentes clínicas dos estudantes da área da enfermagem, de formação contínua dos seus profissionais, assim como às solicitações da própria comunidade. Por outro lado, sabemos que a cooperação interorganizacional é cada vez mais entendida como uma estratégia de desenvolvimento para gerar progresso e ainda que a “University- business dialogue and co-operation” é recomendada (European Commission, 2011).
Face a tais pressupostos é objectivo desta comunicação, promover o debate e a reflexão sociológica acerca das lógicas de redes de cooperação entre instituições de ensino superior e de saúde, questionando, por um lado, as diferentes formas de governação das acções na rede, e por outro lado, a estratégia emancipatória para o desenvolvimento do conhecimento e geradora de capital social na saúde.
Para tal, contamos com os resultados da investigação que efectuámos em doze organizações (onze de saúde e uma organização de ensino superior na área da enfermagem) através do recurso a metodologias qualitativas e das técnicas de análise de redes sociais, designadamente através da aplicação informática do UCINET e do NETDRAW.
Neste estudo desocultámos a estrutura, conteúdo e dinâmicas das relações interorganizacionais estabelecidas, verificando a existência de uma cooperação assente em redes de relações formais e informais, sustentadas em normas, mas também em valores simbólicos e ideológicos ligados à profissão, assim como relações de confiança e amizade, que eram condicionadoras do funcionamento. Identificámos potencialidades, mas também constrangimentos ao desenvolvimento da rede.
Num desafio critico mas construtivo, colocamos à discussão os resultados encontrados reflectindo acerca dos mesmos, propondo soluções alternativas para um modelo de governação da cooperação interorganizacional para a formação em saúde, em geral, e para a enfermagem, em particular, que ainda se configura mais perto do tradicional que dos novos paradigmas, ainda que vestido com roupagens apelativas ornadas por protocolos onde estão prescritas eventuais filosofias inovadoras.
- ARCO, Helena

- SILVA, Carlos Alberto da

Helena Maria de Sousa Lopes Reis do Arco – ProfessoraAdjunta da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Portalegre.Doutora em Sociologia pela Universidade de Évora, Mestre em Sociologia pelamesma Universidade, Licenciada em Enfermagem e Especialista em EnfermagemComunitária. Investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação eInovação do Instituto Politécnico de Portalegre. Tem nos últimos anosdesenvolvido os seus trabalhos em torno das questões relacionadas com as redessociais no âmbito da saúde. Os seus atuais interesses de investigação situam-senas áreas da Sociologia da Saúde e da Educação, bem como na Análise de RedesSociais enquanto ferramenta metodológica para o diagnóstico e intervençãosocial.
e-mail: helenamaria.arco@gmail.com
Carlos Alberto da Silva - Director do Departamento de Sociologia da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora (2011-...). Director do Programa de Doutoramento em Sociologia da Universidade de Évora (2011-...). Investigador integrado no CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (2011-...). Doutorado em Sociologia. Agregação em Sociologia. Mestrado em Sociologia. Licenciatura em Investigação Social Aplicada. Bacharel em Radiologia. Autor de vários trabalhos científicos e relatórios técnicos co-finaciados por programas nacionais e europeus nas áreas do diagnóstico e avaliação de projectos sociais, planificação estratégica e desenvolvimento regional. Principais áreas de interesses deinvestigação: a) Análise de redes sociais como ferramenta metodológica para o diagnóstico e intervenção social; b) Redes e cooperação territorial e transfronteiriça; c) Análise prospectiva; d) Avaliação da qualidade e satisfação de utentes e profissionais nas unidades de saúde; Avaliação em tecnologias da saúde.
PAP1535 - Dilemas e desafios do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências Profissionais (RVCC-PRO) – Uma abordagem sociológica
As características e necessidades da sociedade moderna conduziram à criação de novos dispositivos de intervenção que pretendem levar ao desenvolvimento, à inclusão social e a Novas Oportunidades para os que vivem tempos de mudança.As novas dinâmicas de aprendizagem, pretendem ser uma lufada de ar fresco nas antigas abordagens metodológicas aos métodos de ensino – criatividade, inovação, ousadia, estão na vanguarda das novas concepções emergentes de uma sociedade moderna. Surge então um novo paradigma centrado nas diversas formas que assumem os ancestrais saberes, fala-se hoje de: conhecimentos e aprendizagens (saber-saber), artes e ofícios (saber-fazer) e posturas (saber-ser) e fala-se também de competências, validações e certificações, conceitos emergentes de um modelo novo centrado numa perspectiva de auto-avaliação e no reconhecimento intrínseco das próprias aprendizagens...Quem sou eu? De onde venho? E para onde vou? O que pretendo conseguir? E para quê? Que expectativas tenho? E que mais-valias me vão trazer o meu esforço? Projectos para quê? Que Novas Oportunidades são estas que me estão a dar? .....É neste contexto que surgem os Processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), quer de âmbito escolar (RVCC ESCOLAR), quer de âmbito profissional (RVCC PRO). Pretende-se aferir o impacto causado na sociedade pelos Processos de RVCC, concretamente na sua vertente profissional, analisando a sua eficácia e eficiência; as grandes questões que se colocam são a de saber quais são as motivações e que valores acrescentados trouxeram estes processos para os seus intervenientes e para a sociedade em geral nos campos pessoais, profissionais e sociais. Falamos de benefícios pessoais (fraquezas/pontos fortes), auto-estima, auto-valorização (valor das aprendizagens formais, informais e não formais e das competências adquiridas), capacidade de autonomia, auto-critica e auto-realização - reforço do património pessoal, falamos de benefícios profissionais: empregabilidade, inserção ou progressão profissional, responsabilidade no trabalho, produtividade, rendimentos, eficiência e eficácia, falamos de benefícios sociais: estatuto social, reconhecimento de colegas e chefes, aumento da rede de relações, desempenho de novas tarefas.Este trabalho pretende-se como inovador num Centro de Novas Oportunidades (CNO) e numa Região (Alentejo), onde não existem estudos sobre os Processos RVCC de âmbito exclusivamente profissional. É por isso fundamental que os actores envolvidos compreendam não só os princípios subjacentes á filosofia destes processos, a sua rentabilização, mas também as estratégias de intervenção que estão ao seu alcance (ou que podem criar) e que podem conduzir a mais um passo no desenvolvimento da região. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagens, Competências, Processos de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências Profissionais
- FERNANDES, Maria Eduarda
PAP1020 - Dilemas éticos e morais em torno de uma doença genética autossómica dominante
Esta comunicação insere-se na investigação de doutoramento em Sociologia, integrada no CesNova, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, iniciada em 2007, com orientação do Prof. Doutor José Manuel Resende, intitulada A construção social do estigma dos doentes de Machado-Joseph: os dilemas científicos, morais e sociais.
Pretende-se reflectir sobre as controvérsias em torno da doença de Machado-Joseph, procurando perceber as lógicas de acção dos diversos actores envolvidos.
Procurar-se-ão apresentar os resultados da recolha de informação realizada ao longo dos últimos dois anos em Portugal e no Brasil, mais especificamente nas ilhas de São Miguel e Flores no Arquipélago dos Açores e em Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul no Brasil.
Para esta comunicação integrada no doutoramento em Sociologia, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas (cerca de 70 entrevistas) numa perspectiva de "narração de vida" a doentes, portadores, cuidadores e familiares acompanhantes, em São Miguel e Flores (nos Açores) e em Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (no Brasil), com questões que abordaram as experiências do sujeito e as suas concepções sobre saúde e doença, relações e interacções com os outros actores sociais envolvidos, abordando-se também a experimentação da fase inicial da doença e do seu diagnóstico, as controvérsias relativas ao diagnóstico pré-natal e teste preditivo numa situação de transmissão autossómica dominante e consequente hereditariedade da DMJ. Além destes actores, também foram entrevistados, em Portugal e no Brasil, especialistas médicos e profissionais de saúde, e um terceiro grupo de actores constituído por técnicos e dirigentes de Ong’s e IPSS’s que apoiam estes doentes e familiares.
Nesta investigação recorreu-se às teorias crítica e da justificação durante todo o processo de investigação, desde a problematização e fundamentação do quadro de referência à pesquisa empírica e análise de conteúdo.
Parte-se do pressuposto que a reflexividade é uma característica dos actores e que estes apresentam denúncias e críticas perante o que consideram (des)igual e (in)justo. Assim, nesta pesquisa pretende-se responder às questões: como as famílias vivenciam a experiência da visibilidade social desta doença crónica incapacitante nas várias regiões em análise? Que factores influenciam as vivências da doença? Que denúncias de (in)justiça são apresentadas pelos actores face à desigual distribuição e acesso ao diagnóstico e à saúde?
- SOARES, Daniela

Nome: Daniela Almeida de Medeiros de Sousa Soares
Afiliação institucional: Doutoranda na FCSH-UNL, investigadora (não doutorada) do CESNOVA, investigadora (não doutorada) do CESUA, assistente convidada no Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores.
Área de formação: Licenciada e mestre em Sociologia
Interesses de investigação: Sociologia da Saúde; Metodologias de Investigação
PAP1358 - Dimensão sociológica do processo de decisão de compra de bens de grande envolvimento: automóveis de gama média-alta
No processo de
(re)construção das
identidades, no
contexto de uma
sociedade de consumo
e de consumidores,
os actores sociais
consomem os objectos
enquanto signos
diferenciadores,
através dos quais
mobilizam a
expressão de uma
posição social, de
status ou a
expressão de um
estilo de vida.
Sem perder de vista
a importância de que
se revestem os
lugares de classe
referenciais na
subjectividade dos
actores, damos conta
da existência de uma
classe burguesa,
cujas práticas de
consumo são
passíveis de
revelar,
ostensivamente, os
respectivos lugares
de classe de
pertença.
Surge, deste modo,
uma classe de bens,
cujo consumo
representa a
assumpção de um
conjunto de signos
enquanto símbolos de
sucesso de pertença
classista distintiva
e, em última
análise, de
mobilidade
ascendente
consolidada ou em
processo de
consolidação.
Genericamente, os
bens de grande
envolvimento e
particularmente os
bens de luxo, são
exemplo disso.
É precisamente sobre
este tipo de bens
que, no âmbito de
uma investigação
doutoral em curso,
procuramos dar
resposta à questão:
“Qual o papel
desempenhado pelo
contexto de
socialização dos
indivíduos no
processo de decisão
de compra de bens de
grande
envolvimento?”. Para
dar corpo e
concretizar esta
questão, elegemos a
aquisição de
automóveis de gama
média-alta como
objecto de estudo,
realizada entre os
anos 2005 e 2010.
O objecto de estudo
circunscreveu-se aos
detentores de
Mercedes Classe E,
Audi modelo A6 e BMW
Série 5. Foram
escolhidas estas
marcas/modelos, não
só por essas marcas
serem consideradas
“marcas premium”, de
acordo com as
entrevistas
exploratórias
realizadas nos
diferentes pontos de
venda, mas também,
porque esses modelos
representam
proporções
significativas nas
vendas deste
segmento, variando
de 79% até 88%, no
período em estudo.
O interesse em
estudar o processo
de decisão de compra
de automóveis de
gama média-alta
inscreve-se num
quadro que pretende
averiguar de que
forma essa posse
funciona como fonte
de prestígio para o
proprietário, dentro
de uma lógica de
representações
simbólicas e dos
correspondentes
lugares de classe,
enquanto
manifestação de um
capital, não só
económico mas também
cultural, social e
simbólico, e
enquanto
manifestação de um
conjunto de
disposições
incorporadas.
- SILVA, Rui Almeida e

Nome: Rui Manuel Silva
Afiliação Institucional: Instituto de Sociologia - Departamento de Sociologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Área de Formação: Gestão de Marketing
Interesses de Investigação: Sociologia do Consumo; Classes Sociais; Mobilidade Social
PAP1254 - Dinâmicas Intra-Organizacionais. Um Olhar na perspectiva da Análise De Redes Sociais num Serviço de Saúde.
A cooperação encontra-se presente na vida do Ser Humano desde a sua existência primordial, apontando assim para colaboração entre indivíduos, no sentido de alcançar objectivos comuns. No entanto, ainda que a totalidade dos membros de um grupo beneficiem da cooperação de todos, o interesse próprio de cada indivíduo pode agir em sentido contrário. Cooperar é para cada ser humano, fazer a sua parte na rede de interdependências necessárias à sua sobrevivência. Um aumento de nível de cooperação pode levar a um aumento de competitividade para com outros grupos externos à organização, levando a que a esta apresente vantagens competitivas. Esta comunicação centra-se na identificação do nível de cooperação numa Equipa Multidisciplinar de um serviço de saúde no distrito de Évora, tentando compreender as dinâmicas intra-organizacionais entre os diferentes actores sob a orientação metodológica da Análise de Redes Sociais “Social Analysis Networks”. Segundo Piseli (1998), citado por Portugal (2003), o conceito de rede social constitui uma ferramenta metodológica a partir da qual se pode observar a complexidade e riqueza dos laços sociais, as dinâmicas de interacção e os processos através dos quais as formas e os espaços são construídos. Desta forma a tarefa da investigação não é estudar as relações entre unidades de sistema social e fixá-las em modelos estáticos, mas sim analisar processos, dinâmicas de interacção, movimentos do sistema social e mecanismos de mudança. Assim, abordando o conceito de redes sociais numa perspectiva dinâmica que não está fixo socorre-se a uma investigação dual, através de uma abordagem quantitativa (questionário sociométrico) e, num momento posterior, indo ao encontro dos actores chave, através de uma abordagem qualitativa (entrevistas), confrontando dados colhidos anteriormente e aprofundando a dinâmica de cooperação existente nesse serviço. Segundo Cross (2010), a maior parte das organizações retira pouco partido da gestão do capital relacional. A perspectiva de redes sociais permite tomar decisões e simplificar as exigências de colaboração, permitindo verificar onde é que existe o bloqueamento de informação dentro de uma organização. A ARS permite simular o que aconteceria aos índices de produtividade e criatividade se actores chave saíssem da organização, fornecendo sinais de alerta antecipados. Num futuro não muito longínquo, iremos olhar e gerir as organizações de uma forma muito diferente, iremos olhar para as organizações numa visão activa, em movimento, a terem uma vida cheia oportunidades e ameaças. As organizações não são mais que o reflexo das pessoas que lhe dão vida dia após dia.
Palavras-Chave: Redes sociais, análise de redes sociais, cooperação intra-organizacional, organização e capital social.
- SANTANITA, Carla

Carla Santanita;
Licenciatura em Enfermagem na Escola Superior De S. João De Deus, Universidade de Évora;
Mestranda do 2.º ano na VIII edição do Mestrado Intervenção Sócio - Organizacional em Saúde;
Desempenho funções como Enfermeira no Hospital S. João De Deus em Montemor-o-Novo.
PAP0712 - Dinâmicas sociais da metropolização: uma abordagem longitudinal das trajectórias residenciais da população da AML
O estudo das trajectórias residenciais situa-se
na confluência de duas questões distintas: a
das dinâmicas sociais de (re)composição dos
territórios e aquela outra das biografias
residenciais individuais que, nesta pesquisa,
se desenvolve a partir da abordagem do curso de
vida. Nesta comunicação, analisa-se as
trajectórias residenciais da população da Área
Metropolitana de Lisboa num aprofundamento do
conhecimento das lógicas de desenvolvimento
deste território nos últimos 60 anos,
justamente o período coincidente com o arranque
e expansão do respectivo processo de
metropolização. Esta análise desenvolve-se a
partir de uma metodologia longitudinal que,
distintamente dos procedimentos metodológicos
dominantes centrados em análises transversais,
põe a tónica na diacronia e na reconstituição
dos percursos de vida dos indivíduos ao longo
do tempo, os quais no caso da habitação têm
três componentes fundamentais: 1. a localização
que reenvia para o sentido geográfico dos
percursos; 2. o modelo habitacional que remete
mais directamente para a questão da morfologia
dos espaços; 3. o regime de ocupação que ganha
no actual contexto de crise, marcado pelas
crescentes dificuldades de acesso ao crédito de
onde resulta o recuo da propriedade, um
interesse redobrado. Serão apresentados os
resultados de um inquérito (N=1500) à população
residente na AML nascida entre 1945-1975 e cuja
aplicação decorreu em 2011. Focar-nos-emos,
apenas, na exploração da primeira componente
supra-referida de modo a identificar as
trajectórias dominantes (ex: Norte Portugal –
AML Norte; Sul Portugal – AML Sul; LX-LX,
etc.). Segue-se uma discussão acerca dos
diversos perfis sociológicos dos protagonistas
das trajectórias dominantes, percebendo as
múltiplas constelações de variáveis - classe
social (ISPC) e respectiva trajectória, idade,
tipo de família, estado civil e género - que
os caracterizam e diferenciam mutuamente.
- PEREIRA, Sandra Marques

- FERREIRA, Ana Cristina

- RAMOS, Vasco

- COTO, Marta
Sandra Marques Pereira,
Doutorada Em Sociologia
Investigadora Pós-Doc do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET
Áreas de Interesse: habitação, cidades, arquitectura
Ana Cristina Ferreira, nascida em Lisboa em 1962, licenciada em Sociologia, pelo ISCTE, 1984 e Doutoramento em Sociologia, especialidade em Sociologia da Família e da Vida Quotidiana (Família e Habitat (ISCTE 2002)). Sou actualmente professora Auxiliar do ISCTE, na área dos Métodos Quantitativos para Ciências Sociais, Departamento de Métodos de Pesquisa Social e Investigadora do DINAMIA/CET (ISCTE).
Os meus principais interesses relacionam-se com os domínios da sociologia do Território (modos de vida e apropriação do alojamento e território) e com a Demografia (nomeadamente a integração dos imigrantes em Portugal).
Vasco Ramos
Doutorando FCT no ICS-UL.
Mestre em Sociologia pelo ISCTE-IUL
Interesses: Classes e Estratificação Social; Família e Género; Populações, Gerações e Ciclos de Vida.
PAP0287 - Direito da Família em Portugal: desafios ao princípio constitucional da igualdade
A consagração do princípio da igualdade na Constituição da República em 1976, após a revolução de 1974, teve impactos especialmente profundos no Direito da Família e na condição das mulheres em Portugal, com a consagração do princípio da igualdade entre homens e mulheres, entre marido e mulher e entre crianças nascidas dentro e fora do casamento. Contudo, e apesar de já terem passado quase quarenta anos desde a consagração do princípio da igualdade, a igualdade material contínua longe de ser uma realidade, o que é visível nas contribuições desiguais de homens e mulheres para a vida familiar, a assimetria nas horas de trabalho e nos salários ou na diferença de horas dispensadas por homens e mulheres com a família (Torres, 2008).
Nesta comunicação discutiremos, em primeiro lugar, os desafios e limitações do princípio da igualdade entre homens e mulheres, a partir da perspectiva crítica e feminista do direito. Em seguida, apresentaremos as rupturas e continuidades do Direito da Família em Portugal desde 1974 até aos dias de hoje, no que respeita ao princípio da igualdade. Por fim, discutiremos se e como estas transformações têm impacto na prática judiciária, através do estudo de caso de processos findos de regulação de responsabilidades parentais em dois tribunais portugueses, Lisboa e Braga.
Em suma, partimos nesta comunicação, como no projecto de investigação “O Género do Direito e da Justiça de Família em Portugal” no âmbito do qual é desenvolvida, da hipótese geral que, apesar da transformação do direito de família nos últimos 30 anos, a lei e a prática judiciária são ainda dominadas ou pelo menos reflexo, de forma manifesta ou latente, pela/da ideologia patriarcal ou masculina.
- PEDROSO, João
- CASALEIRO, Paula
- BRANCO, Patrícia
PAP0890 - Direitos Humanos e Educação: Questões e possibilidades para o enfrentamento da violência no contexto escolar
A escola vem ocupando foco de diversas violências, seja de forma explícita ou velada, as novas e graves configurações que esta tem atingido explicam ainda mais o interesse em discutir a problemática inserida no contexto escolar e a coloca na ordem do dia. Desta forma o presente estudo pretende aprofundar a compreensão das relações entre escola e violência no contexto atual discutindo as diferentes percepções e sentidos atribuídos ao termo violência buscando definir o que pode ser considerado violência escolar e compreendendo seus determinantes na sociedade contemporânea. Para além de uma conceituação básica do termo e partindo do pressuposto que a violência pode ser gerada também dentro do ambiente escolar, identifico inicialmente diferentes manifestações do problema, bem como possíveis formas de intervenção e enfrentamento situando o mesmo a partir do plano pedagógico. Desta maneira o trabalho dedica-se a discutir um novo olhar para a questão da violência escolar pensando seu enfrentamento a partir a perspectiva da Educação em Direitos Humanos e no desenvolvimento de uma educação intercultural, tal como é defendida por autores como Candau (2010), o que rompe com uma análise reducionista das questões ao viés da segurança pública. Desta forma proponho pensar a questão da violência escolar articulada as questões relativas às diferenças culturais assumindo uma perspectiva intercultural, que une políticas de igualdade a políticas de identidade na negociação e enfrentamento de conflitos no espaço escolar promovendo uma educação para o reconhecimento do outro. Assim, a questão da diferença é colocada como fundamental para pensar a teia de relações do interior da escola associando as manifestações de violência não somente a sua dimensão estrutural como também ao próprio caráter monocultural que escola assume.
- ARAGÃO, Amanda Aluani da Silva
PAP0891 - Direitos Humanos e Educação: Questões e possibilidades para o enfrentamento da violência no contexto escolar
A escola vem ocupando foco de diversas violências, seja de forma explícita ou velada, as novas e graves configurações que esta tem atingido explicam ainda mais o interesse em discutir a problemática inserida no contexto escolar e a coloca na ordem do dia. Desta forma o presente estudo pretende aprofundar a compreensão das relações entre escola e violência no contexto atual discutindo as diferentes percepções e sentidos atribuídos ao termo violência buscando definir o que pode ser considerado violência escolar e compreendendo seus determinantes na sociedade contemporânea. Para além de uma conceituação básica do termo e partindo do pressuposto que a violência pode ser gerada também dentro do ambiente escolar, identifico inicialmente diferentes manifestações do problema, bem como possíveis formas de intervenção e enfrentamento situando o mesmo a partir do plano pedagógico. Desta maneira o trabalho dedica-se a discutir um novo olhar para a questão da violência escolar pensando seu enfrentamento a partir a perspectiva da Educação em Direitos Humanos e no desenvolvimento de uma educação intercultural, tal como é defendida por autores como Candau (2010), o que rompe com uma análise reducionista das questões ao viés da segurança pública. Desta forma proponho pensar a questão da violência escolar articulada as questões relativas às diferenças culturais assumindo uma perspectiva intercultural, que une políticas de igualdade a políticas de identidade na negociação e enfrentamento de conflitos no espaço escolar promovendo uma educação para o reconhecimento do outro. Assim, a questão da diferença é colocada como fundamental para pensar a teia de relações do interior da escola associando as manifestações de violência não somente a sua dimensão estrutural como também ao próprio caráter monocultural que escola assume.
- ARAGÃO, Amanda Aluani da Silva
PAP0003 - Discursos e trajectórias na delinquência juvenil feminina
Esta comunicação resulta da investigação que desenvolvi no âmbito da
minha tese de doutoramento que procurou entender a problemática da
delinquência juvenil feminina, especificamente as experiências e os
significados da transgressão nos percursos de vida de raparigas em
cumprimento de medidas tutelares educativas institucionais e na
comunidade.
A relevância social do tema é indissociável da sua construção social e
científica. Objecto de invisibilidades, a delinquência juvenil no feminino
tem sido remetida para nota de rodapé, o que tem tido consequências
quer no campo conceptual, quer no campo das práticas. Retratada como
vítima, torna-se invisível como agressora e, quando surge no quadro da
delinquência, perpetua imagens e representações estereotipadas, eivadas
de interpretações que sugerem a biologização, a sexualização, a
patologização e a masculinização dos seus comportamentos. Adoptando
uma postura crítica relativamente a estas lógicas, sublinha-se a
importância de olhar a figura feminina não apenas como vítima, mas
também como sujeito activo na construção da própria vida.
Assumindo como referente empírico as jovens internadas em Centro
Educativo e a executar medidas não institucionais sob acompanhamento
das Equipas Tutelares Educativas da área da Grande Lisboa, analisaram-se
27 processos individuais e realizaram-se 19 entrevistas que permitiram,
através da construção narrativa, fazer emergir os sentidos e significados
das experiências transgressivas nos diferentes contextos interactivos. Do
cruzamento destas duas técnicas construíram-se retratos sociológicos e
das análises de conteúdo e de discurso acedeu-se às densidades
biográficas que permitiram explorar os discursos dominantes em relação
à transgressão e traçar quatro perfis de percursos transgressivos:
transgressão enfatizada (por revolta e por escalada), transgressão rebelde,
transgressão - influência e transgressão circunstancial.
- DUARTE, Vera

Vera Mónica Duarte. Socióloga, doutorada em Sociologia (2011), pela Universidade do Minho, com um projeto financiado pela FCT sobre Delinquência juvenil feminina. Atualmente é docente no Instituto Superior da Maia (ISMAI), investigadora no Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS/UM) e na Unidade de Investigação em Criminologia Ciências do Comportamento (UICCC/ ISMAI), da qual é diretora executiva. O trabalho de docência, produção científica e investigação tem sido, predominantemente, nas áreas da sociologia do desvio, da criminalidade e da delinquência juvenil (feminina).
PAP1064 - Discursos técnico-científicos sobre energias renováveis em Portugal
As energias renováveis têm sido apontadas como cruciais não só para a mitigação das alterações climáticas mas também como panaceia para a dependência dos combustíveis fósseis em países que não os produzem, como Portugal. Neste país, nos últimos anos, o governo fez um forte investimento na promoção destas energias. As respostas sociais a estas tecnologias são um factor essencial para a sua difusão e sucesso. Porém, a macro-geração de energias renováveis, designadamente as centrais solares e eólicas, não produz apenas consensos, sendo igualmente alvo de crescentes controvérsias socio-técnicas pelo mundo fora, que tardaram mas chegaram a Portugal. Veja-se o caso de resistências à instalação de centrais eólicas por parte de grupos de conservação da natureza e de populações locais em espaço rural e periurbano, numa clara manifestação do efeito NIMBY (not in my backyard).
Pretende-se então traçar uma imagem abrangente do debate em torno destas tecnologias, com base nas acções e discursos dos actores sociais envolvidos: políticos, decisores, empresas, ONG ambientais, outras organizações da sociedade civil, cientistas. Sob análise estarão os processos de desenvolvimento de políticas e incentivos, de planeamento e tomada de decisão sobre localizações específicas, de gestão de interesses e valores divergentes. Será prestada uma atenção particular ao recurso ao aconselhamento de peritos e ao uso de argumentação científica, ao tipo de participação dos cidadãos nos processos deliberativos e como esta é vista pelos diferentes intervenientes. A metodologia escolhida para esta actividade é a análise documental e a entrevista a informantes privilegiados (cientistas, decisores políticos, empresários, representantes de ONG). Uma análise detalhada dos processos de Avaliação de Impacto Ambiental das centrais solares e eólicas é uma fonte central para este trabalho.
Esta apresentação tem por base um projecto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, executado por uma equipa multidisciplinar numa parceria entre várias instituições científicas.
- DELICADO, Ana

- TRUNINGER, Mónica

- HORTA, Ana

- FIGUEIREDO, Elisabete

- SILVA, Luis
Ana Delicado é investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Socióloga, licenciada pela FCSH-UNL, mestre e doutorada pela Universidade de Lisboa. Foi investigadora do Observatório das Ciências e Tecnologias (Ministério da Ciência e Tecnologia) e do Institute for Prospective Technological Studies (Joint Research Centre - European Commission).
Trabalha principalmente na área dos estudos sociais da ciência. Já desenvolveu investigação sobre organizações não governamentais e voluntariado, riscos ambientais, museus de ciência e cultura científica e mobilidade internacional dos cientistas. Coordena atualmente projectos sobre associações científicas e sobre energias renováveis. Participa ainda em outros projectos sobre o uso da internet pelas crianças, sobre erosão costeira, sobre energia nuclear e sobre alterações climáticas.
É autora de um livro, "A musealização da ciência em Portugal" (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian), que recebeu o Prémio de Investigação em Museologia da APOM Associação Portuguesa de Museologia, co-autora de outros dois livros e tem publicados 14 capítulos de livros e 20 artigos em revistas científicas nacionais e internacionais.
Mónica Truninger, socióloga, integrou o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) em 2008 como investigadora auxiliar. Tem uma Licenciatura em Sociologia pelo ISCTE (1996), trabalhou como assistente de investigação no Observa entre 1997 e 2001 em vários projectos sobre ambiente e sociedade. Em 2001 vai para Inglaterra onde fez o seu doutoramento em Sociologia na Universidade de Manchester. A tese intitulada Organic Food in Portugal: Conventions and Justifications tratou o consumo e o mercado dos produtos de agricultura biológica em Portugal, particularmente na cidade de Lisboa. Entre 2005 e 2008 integrou uma equipa interdisciplinar das Universidades de Bangor (País de Gales) e de Surrey (Inglaterra) como investigadora de pós-doutoramento. Antes do regresso a Portugal, passou ainda pela Universidade de Cardiff (País de Gales) onde foi assistente de investigação num projecto comparativo entre o Reino Unido e Itália sobre ementas escolares e sustentabilidade. Em 2010 publicou o livro O Campo Vem à Cidade – Agricultura Biológica, Mercado e Consumo Sustentável, editado pela Imprensa de Ciências Sociais. E em 2012 publicará o livro em co-autoria com Mara Miele intitulado Children, Food and Nature: linking the plate and the planet through school meals (Ashgate). Tem publicado artigos em revistas internacionais como: Journal of Consumer Culture; Food Trends in Science and Technology; International Journal of Agricultural Resources, Ecology and Governance e International Journal of Life Cycle Assessment.
Investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Membro da equipa de investigação do Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade. Doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura e Educação, licenciatura em Sociologia e mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Actualmente participa em projectos de investigação sobre questões sociais relacionadas com energia, sustentabilidade e alimentação.
Elisabete Figueiredo, Socióloga (ISCTE, 1989), doutorada em Ciências Aplicadas ao Ambiente (Universidade de Aveiro, 2003). Professora Auxiliar no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território e investigadora na Unidade de Investigação GOVCOPP – Governança, Competitividade e Políticas Públicas. Os principais interesses de investigação são a sociologia rural, o turismo rural, a sociologia do ambiente e as perceções sociais de riscos ambientais e tecnológicos. É autora e co-autora de mais de 100 comunicações e publicações nacionais e internacionais nas áreas mencionadas. Coordena atualmente o projeto Rural Matters – significados do rural em Portugal- entre as representações sociais, os consumos e as estratégias de desenvolvimento, financiado pela FCT e COMPETE.
PAP0451 - Discussão e operacionalização do conceito de Cidadania Política
Propõe-se discutir o conceito de cidadania enquadrando-o no contexto da teoria sociológica, sem descurar questões mais abrangentes, de modo a proceder a uma operacionalização informada do mesmo. Pretende-se, então, confrontar um conjunto proposições teóricas com a realidade empírica por via de dados quantitativos, expondo a sua articulação com o objectivo de descrever o processo de construção do mesmo.
O debate sobre o conceito de cidadania abrange vários campos do conhecimento humano. Se uma reflexão sobre o mesmo tem origem na filosofia, actualmente expressa-se nas várias ciências sociais herdeiras da tradição clássica. Na sociologia a discussão foi aberta por T.H. Marshall: a sua visão do desenvolvimento histórico tripartido da cidadania (direitos civis, políticos e sociais) é base de todas as discussões em torno deste conceito. Na Modernidade, de um ponto de vista sociológico, refere-se, em termos genéricos, à vinculação adquirida através da nacionalidade, isto é, a um estatuto político e numa definição estrutural à incorporação dos cidadãos no centro político (Mouzelis, 2008).
A cidadania política pode ser entendida como um conceito que dá conta de como os agentes se relacionam quer com o Estado, quer com outros cidadãos, i.e., é um indicador das reais possibilidades de influência dos processos democráticos e das instituições. É, também, a única dimensão do conceito de cidadania vinculada à acção dos indivíduos. Com base na literatura é possível distinguir duas dimensões que são normalmente confundidas relativamente a esta dimensão (Ekman e Amna, 2009): latente (relativa ao envolvimento cívico, comunitário e moral) e activa (participação política).
O objectivo desta comunicação é, então, apresentar uma tipologia de cidadania política construída a partir dos dados do European Social Survey, procurando ultrapassar dicotomizações do mesmo como, por exemplo, participativo e não participativo. A partir de variáveis referentes às dimensões latente e activa encontrou-se quatro formas de cidadania política através de uma análise de correspondências múltiplas: apolíticos excluídos, votantes passivos, activos apartidários e activistas mobilizados.
Pretende-se, ainda, caracterizar extensivamente esta tipologia em duas dimensões: condições sociais de vida e valores sociais, de modo a introduzir questões relativas ao foco da acção cidadã e das suas bases sociais. A partir desta é possível empreender discussões teóricas informadas, ou seja, completar o ciclo de investigação entre teoria e empiria.
- CARVALHO, Tiago

Nome: Tiago Carvalho
Afiliação institucional: CIES-IUL
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Classes sociais, sociologia política
PAP0157 - Disputas em torno da regulamentação publicitária: tensões entre Estado e Mercado no Brasil
Para pensar as questões relativas à regulação da publicidade no Brasil, faz-se necessário a compreensão de que a publicidade brasileira, nas últimas décadas, se consolidou como setor empresarial forte, recebendo grandes investimentos anualmente, tanto por parte da iniciativa privada como do Estado. Organizações da sociedade e órgãos estatais de várias cidades brasileiras começam a discutir essa ocupação do espaço público pelos anúncios privados e os impactos psicológicos, sociais e econômicos que as mensagens publicitárias causam nos indivíduos. Muitos estudos apontam que embora os impactos psicológicos, econômicos, políticos e sociais da publicidade sejam sentidos no cotidiano da sociedade brasileira, a regulação dessa atividade se constitui como um “ponto cego” e apenas recentemente ganhou espaço nas produções acadêmicas. Assim, o debate em torno da regulação surge como uma reação ao crescimento da importância da publicidade na sociedade atual, sendo, pois, apropriado de diversas maneiras pelo mercado publicitário, pelo Estado e pela sociedade civil. A relevância deste trabalho está na possibilidade de avançarmos em relação à compreensão do papel da publicidade e do mercado publicitário no Brasil, investigando as forças que o sustentam, as suas estruturas de poder e as disputas em torno da regulação da publicidade no Brasil. Para essa pesquisa nos interessa, sobretudo, compreender o patamar alcançado pelo neoliberalismo, pois, apesar do insucesso econômico que conduziu à grande crise econômica de 2008, esse modelo não teve revertida – apesar de contestada – a hegemonia do seu discurso de defesa do mercado autônomo, independente, livre de regras impostas pelo Estado. A publicidade se inclui como ferramenta dos setores industriais estando ao mesmo tempo como acessório necessário à persuasão e como fundamento essencial do sistema capitalista. É nesse contexto que a defesa da autorregulamentação publicitária se relaciona com o ideário neoliberal e finca as suas raízes, por meio do enfraquecimento do Estado e defesa da autonomia do mercado frente às iniciativas de regulação, abarcando também as indústrias culturais, representadas, no caso desse estudo, pela publicidade. Assim, a estratégia retórica em torno da autorregulamentação ganha força e se torna uma estratégia corporativa do mercado publicitário em defesa dos seus interesses econômicos.
- BEZERRA, Glícia Maria Pontes
PAP0129 - Distinção e Classe Social: o consumo de bens de luxo.
O consumo de luxo, problematizando as desigualdades de classe e reequacionando a pertinência teórico-metodológica do conceito de distinção social reassume hoje uma especial relevância social e científica perante a crise económica e financeira e pelo seu contraste com as situações de pobreza e exclusão social.
Neste quadro o consumo de luxo e ostentação das ditas classes médias e sobretudo altas, assim como sobre as razões materiais e simbólicas do consumo de ‘produtos de marca’ em dois contextos geográficos e tradições culturais e religiosas distintas um na região norte de Portugal e outro num país do centro-norte Europa.
A noção de distinção e operações de diferenciação social constituem-se em fio condutor de um problema bem localizado nas sociedades tradicionais hierarquizadas (cf.Veblen 1972), para quem a “classe ociosa” era tanto mais honrada e prestigiada quanto mais longe do trabalho manual, detentora de riqueza e poder e consumidora de bens de luxo, de ostentação (conspicous leisure). Mas ela é também aplicável nas sociedades modernas, revelando a sua estrutura profundamente desigual e ecologicamente insustentável. O potencial heurístico do conceito de distinção social permite convocar outros conceitos, cruzar territórios de pesquisa e envolver diversos campos de actuação na vida quotidiana. Com efeito, a distinção social, o gosto e seus correlativos como imagem e prestígio, remete-nos, por sua vez, para os conceitos como volume e espécies de capitais e/ou recursos, reprodução e mobilidade social, classe de pertença e classe de referência, hábitos e estilos de vida, identidade e trajectória, representações simbólicas e narrativas de sentido. Em suma, hábitos, estilos de vida e modos de consumo só se entendem quando alicerçados e articulados com o conceito de classe social.
- CARVALHO, Dina de Jesus Peixoto de

Graus académicos (do mais recente ao mais antigo)
Grau Doutor – aprovada com distinção.
Área/ especialidade Sociologia do Conhecimento, da Cultura e da Comunicação.
Concessão do grau Universidade Universidade de Coimbra
Faculdade: Faculdade de Economia
Grau Mestre
Área/ especialidade Sociologia da Saúde
Concessão do grau Universidade Universidade do Minho
Grau Licenciatura
Área/ especialidade Sociologia das Organizações
Concessão do grau Universidade Universidade do Minho
Filiação Institucional:
Investigadora integrada do CICS e Docente convidada da Escola Superior de Educação do Porto.
Interesse de Investigação: Sociologia da Saúde e das Desigualdades sociais e Sociologia do Consumo.
PAP0882 - Ditadura Militar no Brasil e Igreja evangélica: tensões, anuências e implicações
Antes do golpe militar de 1964, os evangélicos no Brasil podiam facilmente ser distinguidos em quatro grandes grupos. A saber, os pentecostais, os carismáticos, os tradicionais e os liberais (ou os ecumênicos). Nos quatro anos que se seguiram ao golpe, o cenário protestante mudou completamente. Alguns sairiam deste período histórico fortalecidos numericamente, mas notabilizados por uma postura política indiferente; outros grupos empreendem uma dura autocensura através de intervenções nos movimentos progressistas que resistiam dentro das comunidades eclesiásticas, alinhando-se assim aos interesses do regime. É nesse contexto, enquanto padecia sob ditaduras de extrema direita, a América Latina viu nascer a Teologia da Libertação, com foco na revolução política e com uma leitura bíblica centrada na luta de classes. Além disto, vários líderes protestantes ligados a outros movimentos que pregavam a responsabilidade social da igreja e a transformação do país sofreram perseguição. Este trabalho pretende configurar e problematizar, sob uma ótica socioantropológica, este cenário histórico-político dando maior ênfase às implicações das tensões ocorridas na igreja evangélica.
Para uma maior pujança analítica, nesta comunicação privilegiaremos a análise de um caso específico, de um ex-pastor protestante e uma das principais referências no que diz respeito à Teologia da Libertação: Rubem Alves. Esta abordagem irá assinar desde o ingresso de Rubem Alves no pastorado da Igreja Presbiteriana (evidenciando as influências progressistas e os laços construídos ao longo deste percurso que o levaram a ser rotulado de "inimigo do Regime"), passando pelo difícil rompimento entre o pesquisado e a igreja a qual ele estava vinculado. Rompimento este ocasionado, em parte, devido ao posicionamento da igreja em relação ao regime militar que se instaurava no Brasil. Alguns presbíteros planejaram entregar Rubem aos militares acusando-o de subversivo.
A partir desta análise será possivel ponderar sobre as tensões entre política e religião na história recente do Brasil, e, as implicações destas tensões na vida de líderes e intelectuais protestantes.
- SILVA, Anaxsuell Fernando da
PAP1311 - Diversidad cultural como diversidad expresiva. Una discusión sobre las desigualdades en las construcciones simbólicas.
En la presente ponencia se discutirá a partir de los conceptos de pluralización de identidades y complejización social, esgrimidos por José Maurício Domingues (2007), la hipótesis de un mercado unificado planteada por Pierre Bourdieu (1996) en la fijación de los valores de los diversos capitales en el campo de la cultura. La aplicación del esquema conceptual de Bourdieu al contexto latinoamericano abre la discusión sobre su funcionamiento en un marco de una fuerte fragmentación socioeconómica.
La obra de arte como un bien simbólico solo existe como tal para aquel que posee “el código históricamente constituido” para apropiársela. El acto de conocimiento, desciframiento, decodificación que supone el encuentro con una obra de arte, implica la aplicación de un patrimonio cognitivo, un código cultural que funciona, de hecho, como un capital cultural debido a que se encuentra desigualmente distribuido, otorgando automáticamente beneficios de distinción (Bourdieu, 2010: 233). El habitus significa el “conocimiento, y el reconocimiento de las leyes inmanentes del juego, de los objetos en juego” (2011, 113), siendo el capital cultural, la intervención legitima y reconocida de apropiación simbólica. La diversidad cultural y los distintos enclaves socioeconómicos, problematizan esta propuesta en función de la coexistencia de múltiples marcos de referencia, estableciendo valoraciones locales e informales que interactúan con las formales y hegemónicas.
Sin desconocer la conformación de hegemonías, los enclaves desarrollan una producción de sentido propia que implica la ponderación de ciertos capitales locales, que coexisten e interactúan con el establecimiento de capitales hegemónicos. Se trata pues, de centrarse en la construcción de significado como un proceso desigual pero interactivo entre sectores hegemónicos y subalternos. No se niega ni la existencia de hegemonías ni su pretensión de imposición, sino que se procura evidenciar la efectiva capacidad de los sujetos para construir significados distintos a los hegemónicos.
Bourdieu, Pierre (1996) A economía das trocas lingüisticas. Editorial EDUSP, San Pablo
Bourdieu, Pierre (2010): El sentido Social del Gusto. Elementos para una sociología de la cultura. Siglo XXI, Buenos Aires.
Bourdieu, Pierre (2011): Cuestiones de Sociología. Akal, Madrid
Domingues, José Maurício (2007) “Aproximações à América Latina”. Editorial Civilização Brasileira, Río de Janeiro.
- ACQUISTAPACE, Maximiliano Duarte
PAP0675 - Diversidade cultural nas escolas: uma ponte para novos (des)encontros?
Sendo a igualdade de oportunidades um ideal em permanente (des)construção, e a massificação do ensino persistentemente associada a baixos níveis de qualidade, o direito à diferença tem vindo a ganhar protagonismo nas escolas públicas, em diferentes espaços de afirmação institucional, familiar e individual. As diferenças de mérito são fixadas através de rituais renovados – os prémios escolares – que permitem seleccionar e distinguir os alunos com as melhores performances escolares; embora sem consenso generalizado, as crianças com necessidades educativas especiais são introduzidas num sistema que procura para estas um encaixe, simultaneamente, especial e inclusivo.
Mas o que acontece quando alunos afrodescendentes assumem o uso do crioulo, ou quando famílias de etnia cigana hesitam no valor a atribuir à escola? Diferentes experiências etnográficas revelam o potencial de dissociação e confronto que estas interações encerram, permitindo problematizar o papel da escola enquanto instância de aculturação.
Mas o que pode acontecer quando, em contexto de formação contínua, desafiamos um grupo de professores-formandos a pensar nas regras escolares como opções culturais, associadas a significados historicamente produzidos com base em relações de poder? Poderá a noção de mediação funcionar como um instrumento útil numa aproximação ao outro enquanto produtor de significados? Como fazer esta viagem sem cair num vazio comprometedor ou numa incerteza paralisante? Este parece ser um terreno que exige uma continuada reflexão sobre os diferentes referenciais em jogo e sobre as modalidades de partilha, debate e recriação experimentados.
- LEANDRO, Alexandra

Alexandra Leandro, doutoranda do Departamento de Antropologia do ISCTE, em fase de conslusão da tese de doutoramento, as áreas de interesse são - educação, escolas e segurança e formação de professores.
PAP0644 - Diversidade e sinergias na indústria discográfica em Portugal nos anos 1998-2008
Nesta comunicação examinarei o espaço das editoras discográficas em Portugal no período de 1998 a 2008 através de uma análise das estratégias e políticas em torno do repertório doméstico desenvolvidas pelas editoras multinacionais (também conhecidas por majors) e pelas independentes que operam em Portugal. Centramos a nossa análise num período de dez anos em que a indústria fonográfica em Portugal, à semelhança do verificado no resto do mundo, evoluiu de uma fase de crescimento para uma fase de retração causada, entre outros factores, pela prática generalizada de descarregamento ilegal de música através de ficheiros digitais. Apoiamos as nossas conclusões na análise de informação recolhida através de entrevistas realizadas junto de administradores, managers e membros de staff em editoras multinacionais e independentes, bem como em alguns dados quantitativos recolhidos na Associação Fonográfica Portuguesa. A análise será enquadrada pela discussão em torno da noção de indústria discográfica e a sua articulação com a noção mais abrangente de indústria musical, bem como com o equivalente plural proposto, em alternativa, por Cloonan & Williamson (2007), de indústrias musicais. Tomaremos também em consideração os debates acerca da oposição entre o local e o transnacional na indústria fonográfica.
Concluiremos que o espaço das editoras fonográficas em Portugal conhece duas tendências: uma de diversidade entre editoras, com mais “independentes” a ocuparem o espaço aberto pelas políticas de contenção de catálogo nacional nas multinacionais; e outra de diversidade dentro das editoras com grande parte destas a expandir o seu negócio a outras áreas para além da edição de discos. Contudo tais tendências não sustentam a ideia de que existem várias e não apenas uma indústria musical em Portugal. Fará mais sentido admitir a coexistência de diferentes áreas/setores que poderão bem constituir-se como uma indústria musical caraterizada pela diversidade dentro das editoras e pela criação de sinergias entre as mesmas em contexto Português.
- NUNES, Pedro
PAP1297 - Divisão sexual do trabalho, recursos e poder doméstico: alguns resultados de uma pesquisa em Portugal continental
No âmbito dos estudos sobre a família, designadamente em Portugal, não obstante os notáveis avanços no conhecimento sobre esta área temática, há um tema que tem sido pouco analisado no âmbito da divisão sexual do trabalho doméstico: o grau e a distribuição do poder doméstico entre homem e mulher, tratando-se de casais ou uniões de facto heterossexuais.
Este texto, começando por fazer uma breve revisitação de posicionamentos relativamente à (in)existência de relações patricêntricas/patriarcais ou matricêntricas/matriarcais nas casas em Portugal, tem por base dados empíricos recolhidos a partir de uma investigação centrada nas (des)igualdades de género, em que, entre outros instrumentos e técnicas quantitativas e qualitativas, foi aplicado um inquérito a 800 pessoas em Portugal Continental distribuídas por sexo, idade, profissão, tipo de residência (rural ou urbano), activo-não activo, projecto este aprovado e financiado pela FCT e finalizado em 2011 (PTDC/SDE/72257/2006).
Entre outros resultados, os dados recolhidos confirmam conclusões de outros trabalhos nacionais e internacionais: a desigualdade entre homem e mulher em desfavor desta na distribuição das tarefas domésticas e respectivas horas semanais despendidas e, em particular, a discrepância entre representações e práticas analisadas por sexo e grupo profissional. Porém, o foco de análise incide, no quadro da dinâmica (in)comunicativa entre os membros do casal, sobre quais os aspectos da vida que se alteraram com a entrada na conjugalidade e após o nascimento dos filhos, qual o tipo relações (mais fusional ou mais individualista) no que concerne conversas, iniciativas e actividades levadas a cabo por cada um dos membros do casal ou por ambos e em que medida, como se organiza a gestão e aplicação do dinheiro, quem decide e em que medida – o homem, a mulher ou ambos – sobre determinadas questões mais importantes (por exemplo, autorização de actividades dos filhos mais a cargo da mulher, compra de casa e/ou carro mais por parte do homem, local de férias por ambos).
Por fim, conclui-se que, para além da persistência de um determinado grau de desigualdade na repartição de tarefas domésticas e nos cuidados despendidos com os filhos com sobrecarga para a mulher, não há, em regra, relações que se caracterizem por serem de tipo patriarcal ou matriarcal e, portanto, verifica-se em certo equilíbrio por co-decisão ou por esferas de acção, embora seja de observar um certo predomínio por parte do homem em determinadas matérias nomeadamente quando este seja o único ou principal provedor económico da casa.
Palavras-chave: poder doméstico, família, género, desigualdade, Portugal
- SILVA, Manuel Carlos

Silva, Manuel Carlos
Licenciado e doutorado pela Universidade de Amesterdão em Ciências Sociais, Culturais e Políticas. Professor catedrático em Sociologia e Director do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) na Universidade do Minho. Distinguido com o Prémio Sedas Nunes pela obra “Resistir e Adaptar-se” (1998, Afrontamento) sobre o campesinato, tem publicado sobre o rural-urbano, o desenvolvimento e as desigualdades sociais. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS).
PAP0828 - Divórcio e assimetrias de género: processos, negociações e impactos
As estatísticas evidenciam uma elevada taxa de
divorcialidade nas últimas décadas com um
considerável impacto nas vidas familiares e na
sociedade.
O divórcio, seja nos seus antecedentes, seja
nos próprios processos e seja ainda nos seus
impactos e consequências nomeadamente nas
responsabilidades parentais em relação aos
filhos configura um campo em que desigualdades
de género afloram, se reproduzem ou mesmo se
agravam.
Neste âmbito, após um breve enquadramento
teórico sobre as diferenças e assimetrias de
género, far-se-á uma breve resenha histórica
da evolução numérica e social do divórcio e
correlativas alterações legais desde a I
República ao 25 de Abril de 1974 e
subsequentes alterações. Seguidamente serão
apresentados dados relativos ao divórcio tendo
por base as respostas de 56 inquiridos
divorciados (34 mulheres e 22 homens) no
âmbito de uma pesquisa levada a cabo em
Portugal, tendo por base a aplicação de um
inquérito a 800 pessoas sobre as (des)
igualdades de género em Portugal num projecto
aprovado e financiado pela FCT e finalizado em
2011 (PTDC/SDE/72257/2006).
Considerando na análise variáveis como o sexo,
a profissão, a idade, os 56 divorciados
inquiridos responderam, para além das questões
comuns a pessoas não divorciadas, a
determinadas questões relativas ao divórcio:
as suas opiniões passadas face ao divórcio, os
motivos para a decisão do divórcio, a
iniciativa da separação ou divórcio, qual o
tipo de processo (litigioso ou por mútuo
consentimento), a atitude inicial face ao
divórcio, a existência ou não de tentativa de
reconciliação, o grau de satisfação face ao
divórcio, a avaliação da decisão do divórcio,
a probabilidade de novo casamento e eventuais
razões.
Para além destas respostas ao referido
inquérito foram ainda realizadas entrevistas
semi-estruturadas a pessoas divorciadas que,
do ponto de vista qualitativo, permitiram um
olhar mais aprofundado sobre as diferenciadas
representações e expectativas sobre o
casamento, tensões e negociações no exercício
do poder doméstico, assim como motivações e
razões, balanços e impactos do divórcio, uns
positivos outros negativos.
Dos dados de ordem quantitativa e qualitativa
foi possível inferir que o divórcio se, por um
lado, gera, em grande parte dos casos,
processos de descompressão, alívio e
satisfação recíproca, por outro, comporta
práticas e representações diferenciadas por
sexo e, por vezes, impactos desiguais
nomeadamente em termos económicos e psico-
sociais, com mais frequência em desfavor da
mulher, embora nalguns casos com impactos
negativos no homem nomeadamente de dependência
na gestão do quotidiano, o que leva mais
homens que mulheres a recasarem-se.
Palavras chave: divórcio, desigualdade,
família, género,Portugal
- SILVA, Manuel Carlos

- JORGE, Ana

- QUEIROZ, Aleksandra

Silva, Manuel Carlos
Licenciado e doutorado pela Universidade de Amesterdão em Ciências Sociais, Culturais e Políticas. Professor catedrático em Sociologia e Director do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) na Universidade do Minho. Distinguido com o Prémio Sedas Nunes pela obra “Resistir e Adaptar-se” (1998, Afrontamento) sobre o campesinato, tem publicado sobre o rural-urbano, o desenvolvimento e as desigualdades sociais. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS).
Ana Jorge é doutoranda em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com bolsa da FCT, e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Integra o projecto europeu de investigação EU Kids Online, sobre crianças e internet.
Aleksandra Queiroz
Socióloga, Mestre em Políticas Comunitárias e Cooperação Territorial, pela Universidade do Minho em co-tutela com a Universidade de Vigo, área de especialização Desigualdades Sociais e Desenvolvimento Rural.
Assistente de Investigação no âmbito projeto intitulado "Desigualdade de género no trabalho e na vida privada: das leis as práticas sociais (PTDC8/SDE/72257/2006) no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho (CICS-UM), Braga. Bolseira co-coordenadora no terreno, em Portugal, do Projeto europeu SHARE (Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe) referência VP/2009/009/0048. Comunicante em vários Congressos Nacionais e Internacionais, é co-autora de vários artigos sobre os temas dos projectos referidos. E-mail: aleksandraqueiroz@gmail.com
PAP1246 - Divórcio e responsabilidades parentais: dinâmicas de partilha e resistências
Portugal assistiu nas últimas quatro décadas,
particularmente após a Revolução de Abril de
1974, a importantes alterações legais em
matéria de responsabilidades parentais,
nomeadamente em situações de ruptura conjugal.
Neste contexto, a alteração ao regime jurídico
do divórcio, materializada na lei nº65/2008,
configurou-se como um marco central, não
apenas relativamente às questões do divórcio
em si mas também no que remete para o
exercício das responsabilidades parentais, até
àquela data denominadas de poder paternal.
Este novo diploma, que reivindicou para a sua
exposição de motivos as actuais dinâmicas que
permeiam as realidades familiares – mais
paritárias e alegadamente assentes em
elementos como a afectividade e
individualização – consagrou um novo regime de
responsabilidades parentais, tendente a
privilegiar formas de exercício partilhado
dessas mesmas responsabilidades, contrariando
assim a tradicional subsunção das decisões
relativas às crianças à residência das mesmas
e a correlativa centralização da parentalidade
no progenitor guardião.
A lei significou também um esforço no sentido
de uma maior paridade de género neste
contexto, dada a diagnosticada tendencial
sobrecarga financeira e ao nível das tarefas
de cuidado/ educativas das mães com o
dovórcio. Assim, indaga-se aqui em que medida
esta lei pode contribuir para a transformação
de determinadas práticas sociais,
designadamente ao nível das rotinas familiares
e parentais no pós-divórcio, não raras vezes
apontadas como fortemente genderizadas.
Mediante a análise de entrevistas conduzidas
com magistrados judiciais e pais e mães
divorciados/as – realizadas no âmbito do
projecto de doutoramento
denominado “Desigualdades de género: processos
de ruptura conjugal e subsequente tutela das
crianças” – procuro avançar neste texto os
factores que permeiam as possibilidades de
partilha do exercício da parentalidade e
tomadas de decisão face às crianças com a
separação/ divórcio. Assume aqui centralidade
quer o contexto e práticas judiciais quer os
percursos sócio-económicos e dinâmicas
conjugais e parentais decorrentes das
vivências durante o casamento e alterações com
a separação.
- JORGE, Ana Reis

Licenciada em Sociologia pela Universidade do Minho, concluiu, em 2006, este grau com a tese intitulada “MST: velhas questões, um novo movimento. Origens, trajectos e consciência de classe”, na sequência da realização de um seminário de investigação realizado no Brasil. Trabalhou como assistente com bolsa de investigação no projecto “Mestrados em Portugal: modelos socioculturais de persistência entre homens e mulheres”. Actualmente encontra-se a realizar o doutoramento na mesma universidade com o tema “Desigualdades de género: processos de ruptura conjugal e subsequente tutela das crianças”, sendo bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. É investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS-UM) e do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE). Colaborou no projecto de investigação “Desigualdades de género no trabalho e na vida privada: das leis às práticas sociais”. Tem especial interesse pelas temáticas da Justiça, Género, Família, Políticas Sociais e Movimentos Sociais. Tem colaborado na organização e apresentado comunicações em eventos científicos nacionais e internacionais e publicado artigos nestas áreas.
PAP1188 - Do Popular ao Lúdico: Lugares Urbanos em transformação.
A partir de uma investigação de doutoramento em desenvolvimento, o objectivo deste artigo é, a partir e uma etnografia da rua, lugar onde se revela o sentido que a interacção urbana quotidiana tem para cada citadino, discutir as transformações que incluem o espaço urbano, mas que vão muito além dele. A rua é o recorte empírico que permite a análise destas dinâmicas citadinas. A partir da rua, é possível compreender o modo como se reestruturaram os sentimentos de pertença e como se reorganizam as redes de sociabilidade, as vivências quotidianas, as solidariedades e conflitos vicinais, mas também o(s) modo(s) como estas transformações afectam a cidade.
Num tempo marcado pela ideia de globalização, a centralidade do bairro, não só não desapareceu como se viu reforçada. Assiste-se mesmo a um regresso ao bairro. No entanto, as políticas públicas, que parecem promover as vivências de rua tão características dos bairros de Lisboa, acabam por promover uma convivência marcada pela desigualdade.
Assistimos hoje nas nossas cidades à reabilitação e revitalização dos centros históricos urbanos. Em muitos casos, esses processos de revitalização têm como objectivo claro o desenvolvimento da indústria turística nesses locais que passa pela ludificação do espaço. Conscientes da importância do turismo para o desenvolvimento das cidades, e numa lógica de competição global, os municípios apostam na reabilitação e requalificação dos centros urbanos, áreas que têm maiores potencialidades turísticas. Pela regulamentação procuram promover uma espécie de pastoral urbana, uma imagem harmoniosa onde nada destoa, onde nada está fora do seu lugar.
O caso empírico é a Rua da Bica Duarte Belo, situada no bairro da Bica. A partir do final da década de 1990 este lugar sofreu uma profunda transformação. A juntar aos processos de reabilitação urbana surgem inúmeros bares e restaurantes que a transformaram num lugar privilegiado de diversão nocturna. Estas transformações tiveram impactos na vida local e parecem ter criado mundos distintos e separados: um, dos moradores mais antigos, das colectividades e das tascas; o outro, dos novos restaurantes, dos bares e daqueles que os frequentam. Esta coabitação implica necessariamente usos do espaço público que podem ser contrastantes e, por vezes até conflituosos. Esta, entre outras coisas, serão os aspectos analisados.
- GOMES, Bruno

Bruno Gomes é licenciado e Mestre em Antropologia pelo ISCTE-IUL. Frequenta no mesmo instituto o programa de Doutoramento em Antropologia, onde se especializa em Antropologia Urbana. É investigador colaborador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) e as suas principais áreas e interesses de investigação são a transformação urbana, as identidades e imaginários urbanos, os bairros, ruas.
PAP1049 - Do bioconhecimento ao biocapital
A comunicação desenvolve a ideia segundo a qual uma das tendências mais características da economia de mercado nas últimas três décadas tem como base a sua transformação numa economia política da vida biológica estimulada pelas biotecnociências. A abordagem a este processo incide na análise das condições e implicações sociais, ideológicas, económicas e tecnológicas de emergência de uma nova economia da vida biológica. A hipótese neste domínio é que um dos caminhos mais importantes do lucro tem sido a anexação de formas de vida biológica para o interior do domínio empresarial-comercial (corporate-commercial domain). Este movimento histórico revela-se como um processo multifacetado e alargado de anexação que transforma tanto o carácter das formas de vida como do próprio capital. Este projecto propõe uma leitura que conjuga conceitos da economia política com reflexões vindas dos estudos sociais da ciência e da tecnologia. A emergência da nova economia da vida faz-se sob a directriz da ideia de inovação e liga-se directamente ao tema da transformação do capitalismo em "economia de conhecimento" enquanto mecanismo fulcral de reconstrução tecnocientífica do capitalismo numa ordem económica apoiada no factor cognitivo (e em outros elementos, como a informação, o marketing, os recursos comunicacionais e imaginativos).
- GARCIA, José Luís

José Luís Garcia, investigador do ICS-UL, sociólogo, dotourado pela Universidade de Lisboa. Áreas de interesse: sociologia da ciência e da tecnologia, sociologia da comunicação, teoria social..
PAP0245 - Do direito à participação (cívica e política): o desenho e o artigo nos jornais escolares
Enquadrado no contexto social actual em que vigora a instabilidade dos espaços, dos tempos e das práticas de socialização, considera-se fundamental reconhecer a competência social das crianças como co-construtoras de conhecimento, identidade e cultura e como parceiras dos adultos na resolução dos problemas que as afectam e na reconstrução social do espaço público (Madeira, R., 2009; Oliveira-Formosinho, J. & Araújo, S. B., 2008).
O desenho constitui-se como ferramenta cultural (ao mesmo nível da linguagem), utilizado na mediação e transmissão de uma experiência, constitui-se como forma de comunicação na sua produção e como forma de expressão simbólica. É a capacidade que o desenho apresenta de trazer algo para o significado do individuo, que caracteriza o seu interesse na investigação com crianças (Veale, A., 2005), pois este revela muito relativamente ao mundo que as envolve (Sarmento, F., et al, 2007). “Quando desenham, as crianças estão a abrir janelas para que outros entrem nos seus mundos” (Carvalho, M. J. L., 2010: 205).
No início do século XX, Célestin Freinet já se dedicava a pensar os jornais escolares como espaços de socialização e os alunos como elementos nucleares nesse processo, a sua proposta assentava no saber fazer e na expressão livre. Pensando os jornais escolares como espaços de construção da cidadania na infância, pretende-se dar conta da contínua necessidade de pensar a infância na sua pluralidade e também na sua capacidade interventiva no mundo, na sociedade e na política.
Tendo em conta a problematização anterior, incidimos a nossa análise num conjunto de desenhos e produções escritas que foram feitos por crianças de ensino básico em jornais escolares no âmbito do Concurso Nacional de Jornais Escolares promovido pelo Público (2008/2009) intitulado: “Por que é que a política também é para nós?”. Quais são os contextos sociais e de que forma se reflectem nas expressões da imagem do que é a política? Quais são as representações temáticas dos desenhos? O que podemos aprender com essas representações?
A análise dos jornais e dos desenhos realça a mais-valia que os media assumem no efectivar/promover da participação cívica e política de crianças e jovens. No espaço de partilha e expressão de opiniões, crianças e jovens demonstram conhecimento e preocupação com as questões que dominam a agenda pública/política nacional. A sensibilidade para a operacionalização eficaz da democracia quando contemplam os grupos minoritários e/ou desfavorecidos e a responsabilidade social na preservação do meio ambiente são temas recorrentes em todos os níveis de ensino. Os resultados apontam ainda para uma complementaridade entre as produções escritas, que evidenciam os modelos de cidadania e questionam direitos e deveres do cidadão, e os desenhos que retratam formas de reivindicação, formas de participação cívica e política.
- DIAS, Teresa Silva

- BRITES, Maria José

- MENEZES, Isabel
- PONTE, Cristina
Nome: Teresa Silva Dias
Afiliação institucional: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, UP
Área de formação: Psicóloga/aluna doutoramento em Ciências da Educação
Interesses de investigação: Participação cívica e politica de crianças e jovens (foco no contexto escolar)
Maria José Brites é doutoranda em Ciências da Comunicação na FCSH-UNL e está a desenvolver uma tese de doutoramento sobre “O lugar das notícias na construção do comportamento cívico dos jovens” (apoiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia). Investigadora do Centro de Investigação Media e Jornalismo – CIMJ, também é assistente na Universidade Lusófona do Porto, desde 2008. Foi membro dos projectos Crianças e Jovens em Notícia (financiado pela FCT) e Digital Inclusion and Participation (com UT Austin) e integra a rede de investigadores COST – Transforming Audiences, Transforming Societies. Áreas de investigação: audiências e participação juvenil; produção e consumo noticioso juvenil; representação da delinquência juvenil nas notícias; e uso participatório do digital. Trabalhou a tempo integral como jornalista entre 1992 e 2008. Entre 1998 e 1999, coordenou um atelier de jornalismo com jovens num bairro de habitação social.
PAP0815 - Do discurso público sobre saúde às concepções e investimentos de saúde dos indivíduos: regularidades sociais e atribuições de sentido
Nesta comunicação pretende-se dar conta das concepções, orientações e práticas de saúde dos indivíduos, situando-os duplamente. Primeiro, no plano macro, já que essas concepções e práticas ocorrem num quadro cultural valorizador de determinadas formas de perspectivar a saúde e a doença, e num quadro normativo que define o que é desejável e indesejável em termos de práticas relacionadas com a saúde. Segundo, no plano micro, uma vez que o carácter contigencial das concepções e práticas está patente na sua variação entre os grupos sociais, na sua mutabilidade ao longo do ciclo de vida dos indivíduos, bem como na sua dependência relativamente à condição de saúde dos indivíduos num determinado momento.
Num contexto social e ideológico de forte valorização da saúde e de um correlativo imperativo da prevenção, enquanto estratégia dominante do discurso público, quais as lógicas que presidem às práticas quotidianas dos indivíduos em matéria de saúde e de doença? Que tipo de orientações face à saúde e à doença podem ser identificadas? Que tipo de investimentos de saúde são valorizados e em que medida são confluentes ou contraditórios relativamente à ideologia dominante? Qual a relação entre as orientações gerais e os investimentos concretos dos indivíduos face à saúde?
A procura de respostas a este encadeamento de questões resulta da discussão do material empírico produzido no âmbito de uma pesquisa sociológica sobre consumos terapêuticos desenvolvida no CIES-IUL. Recorreu-se a uma estratégia de investigação pluri-metodológica, combinando a aplicação de um inquérito por questionário a uma amostra representativa da população residente em Portugal, com a realização de entrevistas semi-directivas a 75 indivíduos, de ambos os sexos, de diferentes grupos etários e com diferentes níveis de qualificação académica, em contextos urbano e rural.
A categorização das orientações e investimentos de saúde dos indivíduos permitiu identificar as tendências dominantes, mas também as lógicas emergentes, as ambivalências e as aparentes contradições. Em traços gerais, prevalecem orientações face à saúde que designámos por “activismo preventivo”, isto é, a crença na possibilidade de prevenir as doenças e a ênfase na responsabilização individual. Em consonância, os investimentos de saúde dos indivíduos assentam sobretudo em lógicas preventivas, essencialmente de carácter “higienista” (associadas ao que correntemente se designa por “estilos de vida saudáveis”) ou “medicalizado” (concretizadas no recurso às tecnologias médicas de controlo da saúde). Parece ainda estar a emergir uma outra lógica preventiva, a “prevenção terapêutica natural”, que passa pelo consumo de produtos terapêuticos/medicamentos naturais com fins de prevenção. Por fim, um número significativo de indivíduos revelou ausência de investimentos de saúde, ou por efectivo alheamento face à saúde, ou por adesão a uma cultura hedonista.
- PEGADO, Elsa
PAP0020 - Do envolvimento associativo à mobilização cívica: o potencial das redes sociais
A participação dos cidadãos através das novas tecnologias tem marcado os estudos mais recentes sobre comunicação e democracia. A participação cívica e política, através da Internet, surgem-nos neste contexto como o objecto de estudo.
Contudo, nos últimos anos tem sido dedicada atenção especial às associações e aos seus efeitos no plano político, entendendo-as enquanto mecanismos de representação de determinados interesses.
Consideramos que este trabalho vai ao encontro de recentes recomendações de alguns estudos na área do associativismo e da democracia, segundo os quais é necessário “(...) continuar a investir na produção de conhecimento analítico sobre o universo associativo português”, nomeadamente indagando “(...) em que medida a adesão a modalidades de associativismo novas, menos orgânicas e não baseadas na integração hierárquica dos seus membros, está a crescer e o que significa esse crescimento eventual” (Viegas, Faria e Santos, 2010, p. 178).
É no seguimento deste conjunto de estudos que procuramos desenvolver o nosso trabalho, reflectindo sobre o papel das associações e o envolvimento associativo na democracia e muito particularmente, sobre as alterações que o desenvolvimento das novas tecnologias, e em particular a Internet, trouxeram ao movimento associativo. Nesta medida, questionamos se a integração nas redes sociais na Internet se assumem como mecanismos alternativos de associação ecapacitação dos sujeitos para a intervenção cívica? Assim, na primeira parte do trabalho será realizado o estado da arte do fenómeno associativo. Num segundo momento, pretende-se verificar até que ponto o nvolvimento associativo tem vindo a sofrer mudanças no âmbito das novas plataformas da Internet. Neste sentido, desenvolvemos uma análise exploratória quanto à presença de associações nas redes sociais, de seguida retendemos aplicar a análise de conteúdo às respectivas páginas, através da prévia concepção de uma grelha de análise.
- MORAIS, Ricardo

- SOUSA, João

Ricardo Morais - Investigador de Doutoramento em Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior. Nesta mesma Universidade tirou a licenciatura em Ciências da Comunicação e o Mestrado em Jornalismo: Imprensa, Rádio e Televisão. Desenvolve a sua investigação na análise das diferentes dimensões das oportunidades de participação oferecidas aos cidadãos pelos novos media. É Bolseiro de Investigação do projecto “Agenda dos Cidadãos: jornalismo e participação cívica nos media Portugueses” no Laboratório de Comunicação Online.
João Carlos Sousa - Licenciado em Sociologia pela Universidade da Beira Interior. É Bolseiro de Investigação do projecto “Agenda dos Cidadãos: jornalismo e participação cívica nos media Portugueses” no Laboratório de Comunicação Online. As suas áreas de interesse na investigação estão centradas na sociologia da juventude, política e religião.
PAP1082 - Do habitus religioso ao habitus político
Partindo da articulação entre três conceitos fundamentais da teoria da prática (Bourdieu) – campo, capital e habitus – explora-se, nesta comunicação, a relação entre habitus religioso e habitus político para tentar perceber de que modo uma socialização religiosa intensa é, também ela, uma forma de socialização política. Com efeito, a socialização religiosa tem sido visto, quase sempre, como uma das modalidades da socialização secundária (Berger, Luckmann). No entanto, a socialização religiosa é política na medida em que inculca um conjunto de disposições nos actores sociais que os obriga a reconhecer um centro de autoridade (religiosa e eclesiástica), com um grupo de agentes dispostos de forma organizada numa estrutura de relações de dominação (campo).
Com base numa pesquisa empírica recente – A Sagrada Aliança. As relações do campo religioso com o campo político nos Açores, 1974-1996 – explora-se o conjunto de relações existentes entre os dois processos de socialização e a criação de um habitus religioso e de um habitus político e procura-se ver de que modo o primeiro influencia o segundo. Para a aquisição de capital religioso é fundamental a socialização religiosa operada desde tenra idade na família. Os actores sociais revelam ter sido inseridos religiosamente muito cedo, com o primeiro sacramento (o baptismo) que sinaliza e atribui a identificação propriamente dita e institui a qualidade de cristão sem a qual não se pode pertencer ao campo religioso. Rito iniciático do campo religioso, realiza-se quase sempre com pouco tempo de vida e é uma clara subordinação do sujeito às regras do campo religioso na medida em que se efectua sem a expressão da vontade individual do agente. É acto religioso mas também de dominação e, por isso, político.
O campo religioso está subordinado a esta lógica de impor dominação e a sua particularidade é dominar dando a aparência que não domina pelo efeito de monopolizar a vida religiosa e de esta ter subordinado a vida social. Esta primeira aquisição permite que o novo membro do campo religioso possa adquirir os outros interesses desenvolvidos pelos agentes eclesiásticos, colocados à sua disposição sem se dar conta que está a escolher interesses produzidos com vista a essa escolha. Catequese, ensinamento cristão, comunhão, crisma, casamento, etc., são a expressão dos interesses estruturantes do campo religioso.
- BORRALHO, Álvaro

Álvaro Borralho
Professor auxiliar da Universidade dos Açores e investigador no Centro de Estudos Sociais (UAc).
Doutor em Sociologia pela Universidade dos Açores (2010).
Interesses de investigação: relação política e religião; Estado e Igreja; políticas públicas, cidadania e participação política.
PAP1482 - Doença psiquiátrica e Itinerários terapêuticos – contributos para uma reflexão sobre a reconfiguração dos cuidados formais de saúde mental
Pese embora uma legislação pioneira, que desde a década de 60 preconiza um sistema de cuidados psiquiátricos de proximidade, integrados no seio da própria comunidade – por contraposição ao modelo tradicionalmente vigente, centrado nas grandes instituições psiquiátricas (“totais”) –, Portugal só muito recentemente iniciou o seu processo de desinstitucionalização. Trata-se de um processo de reconfiguração dos serviços formais de saúde mental que se tem traduzido num desigual andamento dos objectivos estabelecidos pelo Plano Governamental. Com efeito, tem-se assistido mais rapidamente ao desmantelamento dos hospitais psiquiátricos do que à criação dos correspondentes serviços alternativos na comunidade. No actual contexto de crise financeira (como se sabe, já traduzida em significativos retrocessos do Estado Social), é muito elevado o risco de que o processo de desinstitucionalização em curso venha a ser interrompido ou venha a concretizar-se de forma muito incompleta, potenciando o aprofundamento da vulnerabilidade das pessoas com doença mental e suas famílias. É este um risco tanto mais elevado quanto se sabe que, historicamente, estamos perante um domínio tendencialmente desvalorizado pelo investimento estatal, mesmo em tempos de relativa estabilidade económica. Assim sendo, perante um tal enquadramento, é acrescida a responsabilidade da Sociologia quanto à realização e disseminação de estudos empiricamente sustentados, capazes de contribuir para uma profícua reflexão sobre os desafios em causa. É precisamente neste sentido que se propõe a presente comunicação. Partindo dos resultados de um estudo recentemente concluído no Centro de Estudos Sociais, analisam-se os itinerários terapêuticos de um conjunto de homens e mulheres com diagnósticos de doença mental (esquizofrenia e doença bipolar). Tendo como referência as suas primeiras experiências de institucionalização hospitalar, a análise faz-se percorrendo as seguintes fases: fase que antecede o 1º internamento; fase coincidente com o 1º internamento; fase posterior ao 1º internamento. Do estudo empreendido, decorrem importantes conclusões quanto às características das modalidades de acompanhamento actualmente existentes, bem como à forma como estas se articulam (ou não) entre si. Numa última análise, pela forma como permite identificar quer os aspectos mais negativos, quer os aspectos mais positivos do modelo vigente, a análise dos itinerários individuais permite-nos escrutinar um conjunto de ilações para o futuro, não apenas sobre os caminhos que se devem abandonar, como também sobre os caminhos que se devem manter/desenvolver, como, finalmente, sobre os caminhos que se devem reinventar ou até mesmo inventar de novo no sentido de incrementar o mais possível os níveis de bem-estar e de autonomia de quem tem uma doença mental.
- NOGUEIRA, Cláudia
PAP0222 - Domestic services, gender and migration in Portugal: a quantitative contribution
The study of domestic services has been recently nourished by an array of empirical studies. Precious international overviews can be found in Anderson (2000), Ehrenreich and Hochschild (2002), Lutz (2008), or Isaksen (2010). In particular, the notion of in-house paid labour as a trait of traditional societies about to be washed away by the flush of modernity has been replaced with the observation of these services as instantiations of the global (Sassen, 2007), persistently intertwined with issues of gender, class and ethnic relations. Yet, two limitations can be identified in research to date: the exclusive focus on urban settings and the lack of quantitative analysis.
How many individuals are currently employed in domestic and care occupations? What can be said about their demographic profile? And how did numbers evolve over the last decade? In this paper, Portugal is proposed as a singular case of study within Europe. Two data sources are combined to examine the period between 2000 and 2010: the European Union Labour Force Survey and the national Social Security Records.
The first section of the paper offers an overview of previous studies on domestic labour and a short characterization of the case of Portugal regarding employment, gender and migration. A description of methodology is then provided. To be sure, large-scale datasets on employment provided by statistic offices entail specific limitations regarding domestic services. These require close attention.
According to examined data, cleaning and care services employ a growing number of individuals since 2000. This is the case both in Portugal and the European Union at large. By 2010, the occupational group of ‘Domestic and related helpers, cleaners and launderers’ comprised 5.6 percent of the total employed population in Portugal (280.2 thousand individuals), while the group of ‘Personal care and related workers’ stood at 3 percent (146.9 thousand individuals). Considering women only, the dimension of these two groups is significantly larger, comprising 11.5 and 5.8 percent of all women in paid employment. The particular number of individuals employed in domestic services increased between 2000 and 2008, and decreased under the economic recession of 2008-10. The combination of the two data sources suggests that there are indeed two concomitant trends in operation. On the one hand, a mild decrease in the number of individuals employed in domestic services; on the other, a significant fall in the share of workers who are registered in the social security system. Change in the profile of domestic workers since 2000 is also apparent: average age and the number of migrants both increased. The very large share of women in the workforce remains unaltered. Some recommendations for future research are included in the concluding remarks.
- ABRANTES, Manuel

Manuel Abrantes é membro do SOCIUS: Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, Universidade Técnica de Lisboa, e Professor Convidado de Sociologia do Trabalho e do Lazer na Universidade Aberta. Os seus principais interesses académicos incluem o trabalho, o género, a migração e a participação política. É autor do livro Borders: Opportunities and Risks for Immigrant Workers in Cities of the Netherlands e tem contribuído para diversos volumes conjuntos e revistas científicas. Desde 2010, está a conduzir estudos de doutoramento na Universidade Técnica de Lisboa sobre as condições e as relações de trabalho no setor dos serviços domésticos.
PAP0535 - Dos cientistas sem fronteiras metodológicas e da sua responsabilidade intelectual
As Ciências Sociais no Brasil vivem processo de revigoramento, em consequência dos debates em torno das inovações metodológicas que se realizam nos congressos das suas grandes áreas – Sociologia, Antropologia e Ciência Política. Na Sociologia brasileira apresentou-se, nos anos de 1990, a tese de a fenomenologia sair-se como projeto teórico-metodológico vitorioso. Afirmava-se, a partir de então, a necessidade de os cientistas trazerem, sempre, evidências empíricas ao debate dos considerados novos fenômenos sociais; que as reflexões teóricas abstratas, mesmo que rigorosas deixavam de refletir compreensão profunda dos temas presentes. A exigência de rigor na análise empírica dos fenômenos levou a muitos a se distanciarem de referenciais éticos de produção de conhecimento científico, comprometendo a produção científica, em seus valores universais como, também, a integridade de grupos humanos investigados. Esses cientistas foram objeto de crítica acadêmica e pública, no México e no Brasil. Confrontos de posições ocorreram e ocorrem, na busca de se redefinirem, ou se reafirmarem concepções de liberdade intelectual, limites éticos, sujeitos do conhecimento e fronteiras territoriais no reconhecimento dos sujeitos investigados e o próprio fundamento social do conhecimento científico. Retoma-se, no século XXI, no início de sua segunda década, o debate sobre a configuração dos sujeitos do conhecimento, suas referências históricas e culturais, seus lugares e sua responsabilidade intelectual. Fenomenologia, hermenêutica, dialética kantiana e concepções teóricas e metodológicas gramscianas se encontram num fértil campo de luta. A fenomenologia adere aos estudos de criminalidade e delinquência; a dialética kantiana às pesquisas vinculadas à compreensão de todas as gerações de direitos humanos; a hermenêutica na construção da verdade e do consenso. E princípios teóricos e metodológicos gramscianos constituem-se em base de compreensão das dimensões dos confrontos sociais presentes. Todos, com vistas ao alcance de maior lucidez.
- CACCIA-BAVA, Augusto

Graduação em Ciências Políticas e Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1974); Mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987) e Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Atualmente é editor da Revista Segurança Urbana e Juventude da Faculdade de Ciências e Letras, da Unesp, Campus de Araraquara..Representou essa Faculdade no Foro Latinoamericano para la Seguridad Urbana y la Democracia, México, de 2002 a 2008. É professor assistente doutor junto ao Departamento de Sociologia e professor permanente junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia, dessa universidade. É membro, ainda, da Sociedade Brasileira de Sociologia. Tem experiência em projetos de extensão e de pesquisa na área de Sociologia, com ênfase em segurança urbana, e democracia, pesquisando, principalmente, os seguintes temas: violência e segurança urbana, juventude e prevenção de delitos, movimento de jovens, cidadania de crianças e jovens, redes sociais de prevenção de abuso e exploração sexual de meninas, crianças e adolescentes. É lider do Grupo de Pesquisa: Segurança Urbana, Juventude e Prevenção de Delitos do CNPq.
PAP0403 - Dos cravos ao bouquet. O casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal
Não existem, até ao momento, quaisquer estudos sobre o processo que conduziu à aprovação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal, nem na área das ciências sociais, nem em nenhuma outra. Este processo afigura-se consideravelmente opaco para o observador desatento, incluindo o cientista social, 36 anos depois da revolução de 1974 e quatro décadas decorridas desde o início dos movimentos LGBT contemporâneos, mas apenas uns escassos quinze anos após a instalação tardia deles no nosso país. Um processo com fases sequenciais bem demarcadas, em sociedades tidas por modelares neste âmbito, ter-se-ia concluído em Portugal sem etapas intermédias. O presente paper pretende ensaiar uma primeira abordagem das interrogações e perplexidades por aquele levantadas. As questões relevantes para esclarecer o sentido da lei tratam de inquirir: em que consiste o seu adquirido (jurídico-político, social, cultural) no plano da alteração qualitativa por ele provocada no associativismo (representatividade, credibilidade e influência) e na inserção (visibilidade, aceitação e integração) das comunidades LGBT na sociedade portuguesa. As respostas permitem concluir, em contraposição, que: a) um grupo formalmente discriminado obtém um direito universal, com b) a consequente aquisição em termos de capital simbólico e c) cujo maior efeito para a sociedade portuguesa e para as comunidades LGBT é a desautorização das pretensões dos detratores históricos destas a representar qualquer maioria sociológica e o exclusivo de autoridade moral; mas que, em contrapartida, d) o processo foi inteiramente temporalizado pelas necessidades estratégicas da agenda político-partidária/governamental e por isso, centrífugo relativamente ao associativismo LGBT, desempoderando-o numa dependência imposta e ameaçando-o com o espetro da irrelevância; e) a lei tem o ónus do contra-ciclo, com o recuo em múltiplas outras conquistas sociais, por outro lado coincidente com um pico de descredibilização da classe política; f) à dinâmica emancipatória não correspondeu equivalente integração, visibilidade e capacidade de ação das pessoas LGBT que constituem a massa social de apoio ao casamento, cuja situação prevalecente de marginalidade tolerada as impede de tirar proveito próprio da lei, com o consequente risco de imposição de uma nova (homo)normatividade. Finalmente, as conclusões do presente estudo confirmam idênticos fenómenos e tendências verificados em estudos comparativos já realizados para os países europeus onde existe uma lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
- CASCAIS, António Fernando

António Fernando Cascais
Docente de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e membro do Centro de estudos de Comunicação e Linguagens. Doutor em Ciências da Comunicação. Interesses de investigação: mediação dos saberes, filosofia e ética das ciências e das técnicas, estudos queer, biopolítica.
PAP1164 - Dos saberes à prática
Dos saberes à prática...
Na atualidade, os responsáveis pelas organizações escolares, são pressionadas pelo poder político e pelos vários atores da comunidade educativa a inscrever nos seus projetos educativos de escola estratégias de intervenção com o objetivo de atingirem patamares de qualidade e excelência do serviço de educação/formação prestado à sociedade.
Essas estratégias passam por uma eficiente utilização dos recursos financeiros, materiais e humanos o que implica um complexo processo de análise, conceção e implementação de projetos e programas que na prática se traduzem na aplicação de instrumentos de diagnóstico, novos processos de trabalho, monitorização e avaliação de todo o sistema sociotécnico da organização.
É neste cenário que as organizações escolares se movem e assumem essa missão, a qual devido à sua dimensão e complexidade, exige profissionais altamente qualificados do ponto de vista científico e profissional. É um nicho de experiências, uma janela de oportunidades que se abre ao sociólogo, um desafio estimulante.
Quer seja no papel de assessor ou de consultor do órgão de direção ou integrado em equipas multidisciplinares, o sociólogo pode dar um contributo importante nessa missão, disponibilizando à organização os seus conhecimentos científicos e os seus saberes profissionais.
É dessa experiência profissional (realizada numa escola secundária do Alto Minho) que o autor se propõe dar testemunho, enfatizando os principais obstáculos ou constrangimentos que se lhe colocaram no plano das competências científicas exigidas e em que medida o seu “know-how”, (teórico e a prático) foram uma mais valia para a organização e ajudaram a (re)construir a sua representação social como sociólogo.
José Miguelote de Castro Monteiro
(Núcleo Regional do Minho da APS)
31/12/2011
- MONTEIRO, José Miguelote de Castro
PAP0321 - Dos valores tradicionais à Bancada da Macumba – Por uma etnografia das reações produzidas pelos sacerdotes das religiões afro-brasileiras à intolerância religiosa
Verifica-se no Brasil das últimas décadas um novo cenário de intolerância religiosa na esfera pública. Nele há a emergência do conflito declarado entre o sistema religioso pentecostal e os diversos modelos que compõem o sistema religioso afro-brasileiro (notadamente os diversos candomblés e umbandas), obrigando as religiões afro-brasileiras a tecerem estratégias específicas neste novo contexto.
Este paper, fruto da dissertação de mestrado que desenvolvo junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS-USP), busca mostrar, através do trabalho etnográfico, alguns aspectos envolvidos neste processo, em especial as estratégias que as religiões afro-brasileiras vêm tecendo frente a este novo cenário de intolerância religiosa. Para tanto, tomo como campo empírico de observação duas associações organizadas por sacerdotes das religiões afro-brasileiras em São Paulo.
A primeira associação é o INTECAB-SP (Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-brasileira – Coordenação São Paulo), grupo com predominância de sacerdotes candomblecistas e sua campanha em torno da união entre a diversidade de sacerdotes dos mais variados modelos religiosos afro-brasileiros, dialogando em prol de um objetivo central, a saber, o zelo pelos valores tradicionais herdados da África.
A segunda associação é Os Guerreiros do Axé, grupo com predominância de sacerdotes umbandistas e que procura tecer uma organização política eleitoral, a qual possui como objetivo maior a eleição de sacerdotes afro-brasileiros às casas legislativas, buscando a emergência de uma Bancada da Macumba no Congresso Nacional brasileiro.
- BORTOLETO, Milton
PAP0194 - Dos velhos aos “novos” protagonistas dos “espaços de opinião” nos media portugueses: quando o humor se torna um recurso argumentativo na análise política
O subcampo que substancia e dá visibilidade à
actividade de tornar pública a opinião - lugar
de intersecção entre o campo político e o
jornalístico – é um “espaço” protagonizado
pelos actores tradicionais. Da caracterização
destes e da “conceptualização” desta
actividade, das percepções dos colunistas
sobre a política nacional (publicadas em
jornais de “referência portugueses”)e da
receptividade que obtêm junto dos leitores,
nos ocupámos anteriormente (tese de
doutoramento apresentada em 2009, ISCTE-IUL).
Para a presente comunicação, propomo-nos
retomar brevemente algumas questões e
resultados que daqui emergiram, mas também
prestar, agora, atenção a outros protagonistas
de reconhecida notoriedade mediática, a
outros “conteúdos” com considerável impacto
nas “audiências” (entendidas aqui em sentido
lato).
Importará partir da ideia de que na
actualidade se observa não só uma sob
representação de áreas como a economia, alguns
indícios de “afunilamento ideológico”, como
assume cada vez mais destaque um pequeno grupo
de colunistas ligado à cultura (escritores,
poetas ou jornalistas relacionados com
actividades culturais). Os seus textos,
publicados nos jornais ou servindo de base a
intervenções em programas televisivos e
radiofónicas, têm características
particulares. Realçam-se duas: estão presentes
nos “ media de referência” – os que estão mais
direccionados para a informação e análise
política; nos seus comentários recorrem ao
humor e à ironia enquanto “ recurso
argumentativo “ - um misto de informação e
diversão, um certo modo de infotainment -
informando e analisando a actualidade
política, combinam o registo interpretativo
com o humor. Obedecendo a estas
características, em Portugal identificamos
quatro projectos jornalísticos em cujos
conteúdos encontramos a “assinatura” destes
espaços.
Assim, partindo das concepções e perspectivas
teóricas que já accionámos para interpretar
a “opinião publicada”, bem como dos resultados
da pesquisa empírica então efectuada, propomo-
nos agora também iniciar a exploração de uma
nova abordagem que, por um lado, contemple
protagonistas que ainda não tínhamos
suficientemente considerado; e, por outro,
aprofunde as questões das identidades
profissionais na actividade de tornar pública
a opinião. Em tempos de crise, estará também
este subcampo em reconfiguração?
- BARRIGA, Antónia do Carmo

Antónia do Carmo Barriga é Licenciada em Sociologia, Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, e Doutora em Sociologia pelo ISCTE_IUL. Foi docente no Ensino Profissional, tendo aí desempenhado cargos directivos. Leccionou no Instituto Superior de Serviço Social. Atualmente é Professora Auxiliar convidada na Universidade da Beira Interior. É investigadora no CIES-IUL e colaboradora no CICS-UM. Interessa-se pelo estudo das interações entre o campo político e o campo dos media. Tem investigado a "opinião publicada" nos media tradicionais. Mais recentemente, tem-se interessado também pelos "novos media" e pelo seu papel na participação política".
PAP0725 - Dos “antigos” aos “novos” movimentos sociais
Contestação social sempre existiu ao longo dos tempos, de acordo com as conjunturas de cada período histórico.
No século XVIII, a transição do Antigo Regime para o Liberalismo provocou revoltas consideradas por alguns autores como “primitivas” ou “pré-modernas”. O século XIX trouxe a afirmação do movimento operário e do sindicalismo com a consequente organização das manifestações sociais, como as greves. O século XX assistiu ao surgimento de uma série de movimentos sociais que se demarcam dos tradicionais quanto aos objetivos e atores envolvidos, como os movimentos pacifistas, ecologistas, feministas, atuando à margem de partidos e sindicatos.
Hoje, o mundo assiste a movimentos sociais como o dos “Indignados”. Estaremos perante uma nova forma de protesto?
É tudo isto que procuraremos analisar.
- SILVA, Célia Maria Taborda da

Célia Taborda Silva é doutorada em História Contemporânea pela Faculdade de Letras do Porto. É Professora Auxiliar na Universidade Lusófona do Porto e membro Efetivo do CETRAD (Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento) da UTAD. A sua área de investigação são os Movimentos Sociais no século XIX, história política e económica. Tem dois livros publicados, um deles intitulado:Movimentos sociais no Douro no período de implantação do liberalismo (1834-1855). Porto: Gehvid, 2007, e vários artigos em revistas científicas portuguesas e estrangeiras.
PAP0136 - Drogas e Justiça Criminal em São Paulo
Esta comunicação tem por objetivo apresentar alguns dados quantitativos sobre o funcionamento do sistema de justiça criminal para o uso e tráfico de drogas na cidade de São Paulo, entre os anos de 2004 a 2008. Este recorte é especialmente relevante, pois é no ano de 2006 que entra em vigor, no Brasil, a Nova Lei de Drogas.
De maneira bem sucinta, este novo dispositivo legal aboliu a pena de prisão para o uso de drogas (art. 28) no Brasil, embora o tenha mantido como crime, prevendo algumas medidas criminais. Isto ainda ocorre, na medida em que o usuário deve ser levado à delegacia, prestar depoimento e comparecer ao JECRIM (Juizado Especial Criminal) para audiência sujeito às seguintes medidas: advertência verbal, prestação de serviço à comunidade, medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo e multa. De outro lado, a pena mínima para o tráfico foi aumentada de 3 apara para 5 anos e, a pena máxima foi estipulada em 15 anos (art. 33).
No trabalho aqui proposto, apresento o “perfil social” dos indivíduos envolvidos nessa modalidade de delito a partir dos dados das ocorrências registrados em dois distritos policiais, da cidade de São Paulo. Por meio das estatísticas “oficiais”, analiso as relações entre classe, idade, gênero, “ocupação” dos incriminados. Quais são as escolhas morais que fundamentam o reconhecimento de um determinado sujeito como traficante ou (e) usuário na cidade de São Paulo, após a nova Lei de Drogas?
Assim, esta comunicação problematiza as seguintes questões: i) qual é o ‘perfil social’ dos indivíduos envolvidos no uso e comércio de drogas?; ii) é possível afirmar que o funcionamento do sistema de justiça criminal para o tráfico de drogas seja um importante dispositivo de segurança acionando “carreiras de criminosos”?; iii) em suma, quais são os efeitos que a nova Lei de Drogas (lei 11.343 de 2006) está exercendo nestas instituições?
No campo teórico, dialogo com Michel Foucault e sua reflexão sobre a arte de governar que consiste em manipular, manter, distribuir e restabelecer relações de força num dado espaço de concorrências. Num campo relacional de forças, a polícia é o cálculo e a técnica que estabelece uma relação móvel, mas estável e controlável, entre a ordem interna do Estado e o crescimento de suas forças. A hipótese é, portanto, que o perfil social do acusado possui uma eficácia discursiva que se efetiva nos registros e estatísticas sobre quem é o “traficante” e quem é o usuário, aumentando assim as forças do Estado pelo controle das atividades - das ocupações - dos homens. O que, por conseguinte, constitui um elemento diferencial de fortalecimento interno do desenvolvimento das forças estatais e da gestão dos ilegalismos na sociabilidade contemporânea.
- CAMPOS, Marcelo da Silveira

Marcelo da Silveira Campos é Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e Mestre em Ciência Política pela UNICAMP (2010). Pesquisador da área de Sociologia Política e da Violência, desenvolve pesquisas sobre o Congresso Nacional, política criminal, violência e sistema de justiça criminal. É pesquisador-colaborador do NEV-USP e do Observatório de Segurança Pública (UNESP). Atualmente é sociólogo do Projeto Justiça Criminal - Brasília envolvendo as seguintes organizações: Conectas Direitos Humanos, Instituto Sou da Paz, Instituto Terra, Trabalho e Cidadania- ITTC e Pastoral Carcerária.
PAP0824 - Duas experiências de investigação participada: uma reflexão metodológica
A comunicação tem por base duas experiências recentes de trabalho em que nós, como sociólogo, docente e investigador, fomos convidados a participar. A primeira experiência: monitorização externa do projecto teatral ENTRADO, realizada entre Dezembro de 2009 e Julho de 2011, no âmbito de uma parceria estabelecida entre a PELE e o Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (ISFLUP). O intuito foi o de acompanharmos o processo de criação teatral do projecto ENTRADO no Estabelecimento Prisional do Porto (de Setembro de 2009 a Maio de 2010). Sobre esta história, construída por vários interlocutores, com diferentes papéis atribuídos, o nosso foi o de monitorizar o projecto. Fizemo-lo num duplo papel: como profissional que, a dado momento, faz o acompanhamento das várias impressões deixadas por todos os participantes; como actor social, interessado em processos criativos de cariz cultural e social, que tornam protagonistas actores sociais anónimos. A segunda experiência: projecto pluridisciplinar em torno do Centro Histórico de Guimarães (CHG), realizado de Setembro de 2010 a Maio de 2012, e no âmbito de uma parceria estabelecida entre a SETEPÉS e o ISFLUP. Este projecto procura caracterizar os modos como a população de Guimarães se relaciona com a área classificada Património Cultural da Humanidade (o espaço patrimonial CHG), elaborar um plano de acção que promova na população o envolvimento cívico na vivência desta área classificada e sensibilizá-la para adoptar uma postura activa quanto a actividades de conservação, reabilitação e classificação do CHG. Situamo-nos como sociólogo tanto na fase exploratória de auscultação de actores sociais locais como na fase de caracterização dos perfis sociodemográficos dos moradores e não moradores desta zona da cidade e das suas representações e expectativas face a ela. Num trabalho participado, de feição teórico-metodológica e artística, o sociólogo desenvolveu uma prática de construção conjunta de conhecimento que fundamenta propostas de intervenção no CHG. É nas componentes do saber e do saber-fazer em acção, e no conjunto de discursos, práticas e relações de poder, que se exige ao sociólogo um papel profissional reflexivo e interventivo. Estas duas experiências de investigação, de carácter qualitativo e exploratório, configuram aprendizagens quanto às virtualidades e às dificuldades do processo da investigação, desde o papel do sociólogo na relação com os demais actores envolvidos até às fases e tarefas assentes na conciliação contínua e progressiva entre teoria e empiria. O metadiscurso em torno destas e doutras dimensões constitui sempre um dos parâmetros exigíveis da prática da investigação sociológica.
- AZEVEDO, Natália

Natália Azevedo.
Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Sociologia.
Doutoramento, mestrado e licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Áreas privilegiadas de investigação: sociologia da cultura e das artes e metodologias de investigação e avaliação, em particular nos temas das culturas urbanas, práticas e políticas culturais, turismo cultural e desenvolvimento, metodologias de investigação, intervenção e avaliação.
PAP0641 - Dynamics and diversity in theatre: a typology applied to theatre structures in the Lisbon area
We have elsewhere proposed a typology that aimed at characterizing theatre structures operating in the Lisbon area. This typology focused on five criteria, namely organizational structure, artistic work, embeddedness, economic structure and geographical scope. In this paper, we apply this typology to theatre structures that received structural grants from the government. Over the last three years, empirical data was collected in the course of the work developed by the authors in close relation to the theatre groups.
The first section will focus on the description of the context in which the research was conducted, on the general characterization of the theatrical domain in Lisbon, and on the methodology used to build the typology presented.
On the second section, the typology is applied to around 40 theatre structures, considering each analytical dimension and the set of indicators defined for the criteria. Based on the quantitative and qualitative data collected, we classify the structures under the five criteria, resulting in an identification of clusters.
The third section will be devoted to the analysis of the challenges to the sustainability of the theatre structures and to the construction of possible scenarios of public policy intervention.
- BORGES, Vera

- COSTA, Pedro
- GRAÇA, Susana
Vera Borges
Instituto de Ciências Sociais - Universidade de Lisboa
Sociologia
Profissões, organizações e mercados de trabalho artísticos
PAP0164 - E Depois do Rendimento Social de Inserção? Uma análise longitudinal e biográfica de ex-beneficiários no concelho de Ribeira Grande
A comunicação a realizar ocupa-se da análise
do impacte do Rendimento Mínimo Garantido
(RMG)/Rendimento Social de Inserção (RSI) nas
trajectórias de inserção social e
autonomização dos beneficiários, tendo por
base um estudo realizado em 2009.
A abordagem adoptada inscreve, num plano
analítico, as perspectivas teóricas relativas
à pobreza e exclusão social, bem como os
actuais dispositivos de acompanhamento social,
de que são exemplo as políticas de inserção.
Num plano empírico, desenvolveu-se uma
pesquisa eminentemente intensiva-qualitativa,
com uma vertente extensiva-quantitativa.
Analisaram-se os processos sociais referentes
a situações de cessação da prestação de RSI no
ano de 2004, no concelho de Ribeira Grande, na
ilha de São Miguel e efectuaram-se 12
entrevistas de orientação biográfica ao antigo
titular da prestação.
Os resultados obtidos revelam os impactes
significativos do RSI ao nível da satisfação
de necessidades básicas e reforço de
competências pessoais, sociais e
profissionais, determinantes na construção de
percursos de autonomização e inserção social.
As trajectórias de vida após a cessação da
prestação são marcadas, maioritariamente, por
percursos de emprego/desemprego, sem que
ocorra uma melhoria estável das condições de
vida dos indivíduos, o que poderá justificar
os percursos de reentrada na medida.
- DUTRA, Ana Cristina Resendes
PAP0105 - E depois da troika? Medidas de austeridade e os direitos humanos das pessoas com deficiência
As pessoas com deficiência encontram-se entre os grupos que apresentam mais elevada taxa de risco de pobreza na sociedade portuguesa. No cenário de austeridade e redução da despesa pública que caracteriza o atual contexto nacional, as relações multidimensionais entre pobreza e deficiência tendem a agudizar-se. No entanto, quer no debate político quer na investigação sobre pobreza em Portugal a questão da deficiência tem permanecido largamente ignorada. A presente comunicação contribui para colmatar esta lacuna.
Neste sentido, identificam-se primeiramente as mudanças introduzidas nas políticas públicas de apoio às pessoas com deficiência em Portugal, no seguimento do acordo assinado entre o governo português e a troika. Seguidamente, e recorrendo à análise de dados empíricos, obtidos através de 35 entrevistas semi-estruturadas, realizadas junto de pessoas com diversos tipos de deficiência, e de dados estatísticos secundários, problematiza-se o impacto destas medidas no exercício de direitos humanos deste grupo, explorando-se também os fatores estruturais que estão na origem das desigualdades existentes.
Tomando a deficiência e a pobreza como manifestações de processos de exclusão social, conclui-se sugerindo caminhos para a investigação e para o desenho de políticas públicas, que assentes no respeito pelas normas e padrões da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promovida pelas Nações Unidas e ratificada pelo Estado Português, possam contribuir para compreender, expor e travar o crescente empobrecimento e a persistente exclusão social das pessoas com deficiência em Portugal.
- PINTO, Paula Campos
PAP0460 - EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO SERTÃO: O CASO DO CAMPUS CARIRI
EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO SERTÃO: O CASO DO CAMPUS CARIRI
RESUMO
O presente trabalho tem como tema a criação do Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento Regional Sustentável, tendo como pano de fundo a implantação da Universidade Federal do Cariri. Partindo dos conceitos discutidos por Edgar Morin (2001), busca-se avaliar a influência potencial desse curso na consolidação da nova Universidade, sob a ótica da sustentabilidade. Do ponto de vista metodológico a pesquisa trata o problema sob o viés qualitativo. O levantamento das informações se dá inicialmente no banco de dados da secretaria do referido curso, a fim de obter dados referentes às datas de criação e funcionamento, além do Projeto Pedagógico. Posteriormente, foi realizada entrevistas com o corpo discente e docente, considerando os seguintes aspectos: a contribuição do curso na consolidação da nova IES, as ações concretas que podem advir dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do Mestrado e a relação entre o curso e a comunidade local. Os resultados obtidos sugerem, dentre outras coisas, a relevância dos temas tratados no Programa para a possibilidade de reforma do pensamento proposta por Morin (2001), além da convicção dos envolvidos sobre suas responsabilidades na proposição de ações com vistas à sustentabilidade.
- BARRETO, Polliana de Luna Nunes
- CHACON, Suely Salgueiro

- BEZERRA, Fabiana Correia
- ROCHA, Gledson Alves

Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
Gledson Alves Rocha
Universidade Federal do Ceará
Licenciado em História
Realiza pesquisas acerca de temas relacionados à memória, Cultura, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional Sustentável.
PAP0847 - EGRESSOS DO SISTEMA PRISIONAL E INCLUSÃO SOCIAl: FORMAS DE PREVENÇÃO A CRIMINALIDADE
Este trabalho tem o escopo de discutir sobre o egresso do sistema prisional como sujeito duplamente excluído, destacando a existência programas destinados a este segmento no Brasil, através da experiência do Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) no Estado de Minas Gerais. O PrEsp tem como objetivo o acolhimento aos indivíduos que passaram pela privação de liberdade propiciando melhores condições a retomada da vida social pós cárcere, por meio de ações que promovam o resgate da cidadania aos egressos e seus familiares. Além de estigmatizados, os egressos do sistema prisional se encontram excluídos socialmente, desprovidos de sua cidadania e dignidade. A trajetória de vida da maioria destes indivíduos antes de chegar à prisão é marcada pela falta de acesso a condições mínimas de dignidade e cidadania, ou seja, é marcada de formas de exclusão, seja pelo fato de ser pobre, negro e morador de favela. Para este estudo foi realizada uma análise acerca dos resultados obtidos pelo PrEsp no ano de 2010, focando-se especificamente nas ações que objetivam a qualificação profissional, encaminhamento para a rede de proteção social e inserção no mercado de trabalho, bem como o exame do índices de reentrada prisional pelos egressos que passaram pelo programa em 2010. Os dados referentes as ações, parcerias e projetos implementados pelo PrEsp foram obtidos mediante a coordenação do próprio programa. Os dados referentes a reentrada prisional foram coletados através de pesquisa nas Varas de Execuções Criminais dos municípios estudados e pelo INFOPEN do Ministério da Justiça com os indivíduos inscritos no PrEsp em 2010. Constatou-se que o programa contribui para inclusão social dos egressos do sistema prisional, principalmente nas ações de qualificação profissional, maior aproximação com a rede parceira dos municípios, participação em grupos de promoção a cidadania e inserção no mercado de trabalho, por meio de proposta promissora de real de obtenção de emprego formal para egressos do sistema prisional. Pesquisas preliminares encontraram baixos índices de reentrada prisional em egressos nos municípios estudados onde há a atuação do Programa.
- SOUZA, Rafaelle Lopes
PAP0036 - EL CONSUMO-MUNDO. EL UNIVERSO TOTAL DEL CONSUMO EN LA OBRA DE GILLES LIPOVESTKY
El consumo es quizás uno de los fenómenos que
más relevancia han cobrado en las sociedades
occidentales desde la segunda mitad del siglo
XX. En el transcurso de este periodo ha pasado
de ser una actividad de la que participaban
fundamentalmente las élites a formar parte del
estilo de vida del común de las gentes. En
este contexto se ha producido un desarrollo
sin precedentes de los textos consagrados a su
estudio, entre los que cabe nombrar
principalmente los de Gilles Lipovestky.
Lipovestky se ha destacado, en efecto, por
construir una obra articulada alrededor del
mundo consumo. En su opinión, a su influencia
se deben las transformaciones en los estilos
de vida, en las actitudes y en los valores que
se han producido en las sociedades
occidentales desde la segunda mitad del siglo
XX.
Cabe preguntarse, sin embargo, una vez
transcurridas casi tres décadas de la
aparición de sus primeros textos, si el
consumo tiene el papel tan determinante que él
le ha atribuido.
Para contestar a esta pregunta se propone un
recorrido por la obra de Lipovestky, en el que
se muestra cómo y por qué el consumo se ha
convertido para él en el hecho explicativo
total, válido para interpretar cualquier
aspecto de la realidad. A partir de aquí, en
la parte final del texto, se plantea una
reflexión crítica, en la que se argumenta que,
si bien sus análisis sobre las sociedades
contemporáneas están llenos de agudas
sugerencias, carecen de la suficiente
profundidad analítica al remitir todos los
fenómenos que describe al universo total del
consumo.
- VÁZQUEZ, José Francisco Durán

Autor: José Francisco Durán VÁZQUEZ
Formación: Doctor en Sociología, licenciado en CC Políticas y en
Geografía e Historia
actividad profesional: Profesor de Sociología Universidad de Vigo
Principales publicaciones:
-Durán Vázquez, José Francisco (2011) La metamorfosis de la ética del
trabajo. Constitución, crisis y reconfiguración de la ética del
trabajo en la modernidad tardía, Santiago de Compostela, Andavira
Editora
-El imaginario educativo moderno y el problema de la autoridad, en
Nómadas, Vol I, nº 33
-La crisis de autoridad en el mundo educativo. Una interpretación
sociológica, en Nómadas: Revista Crítica de Ciencias Sociales y
Jurídicas, nº 28, 2010, 4
-Del círculo a la flecha y de la flecha al Boomerang: las
representaciones del tiempo tardo-modernas en las esferas del trabajo
y del consumo, en: Bararataria, Revista castellano-manchega de
Ciencias Sociales, nº 10, 2009, pp 91-104
-Constitución, crisis y reconfiguración del valor moral del trabajo en
el postfordismo". En: Sociología, problemas e prácticas, nº 56, 2008
-La educación moral durkheimiana y la crisis de la esfera educativa en
el mundo tardo-moderno
-Los nuevos discursos del mundo del trabajo". En: Cuaderno de
Relaciones Laborales, Vol. 24, nº 2, 2006; pp 175-199
PAP1501 - ENSINO SUPERIOR E GÉNERO: DIPLOMADOS E MERCADO DE TRABALHO
A inserção profissional dos jovens diplomados continua a ser uma preocupação, muito em particular em momentos como o actual em que a taxa de desemprego tende a subir, e em que os diplomados do ensino superior encontram dificuldades acrescidas no acesso ao mercado de trabalho europeu. E se são as mulheres que apresentam taxas de conclusão do ensino superior mais elevadas, inversamente são elas que têm maiores dificuldades em ingressar no mundo do trabalho. Partindo do pressuposto que as políticas de promoção a igualdade de género têm nos últimos anos sido reforçadas, com particular destaque no âmbito da UE27, estamos perante algumas constatações reveladoras de diferenças de género no conhecimento assim como nas trajectórias académicas e carreiras. Com recurso à metodologia da análise de clusters, será desenvolvido um estudo comparativo em países da UE27, com vista à identificação dos factores com maior significância para a compreensão das formas de segregação no acesso ao mercado de trabalho.As relações de poder subjacentes à problemática do género assim como o produto do trabalho colectivo de socialização difusa e contínua corporiza em habitus claramente diferenciados, de acordo com P. Bourdieu (1990), leva-nos a admitir que as áreas de formação preferencialmente escolhidas pelas mulheres são as que denotam menor procura no mercado de trabalho.
- BALTAZAR, Maria da Saudade

- CALEIRO, António

- REGO, Conceição
MARIA DA SAUDADE BALTAZAR é professora auxiliar, com nomeação definitiva, do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e investigadora integrada no CESNOVA – FCSH da UNLisboa e colaboradora do CISA-AS da UÉvora. Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora, em 1990, Mestre em Sociologia pelo ISCSP - Universidade Técnica de Lisboa, em 1994 e Doutorada em Sociologia pela Universidade de Évora, em 2002. É Auditora de Defesa Nacional (IDN/Curso 2006). Tem diversas publicações sobre as áreas a que correspondem os seus principais interesses de investigação: Segurança, Defesa e Forças Armadas; Desenvolvimento; Planeamento (metodologia e instrumentos de intervenção). Tem coordenado e constituído várias equipas de investigação de projetos nacionais e internacionais sobre desenvolvimento regional e local, prospetiva, planeamento, intervenção comunitária e relações civil-militares. Tem uma vasta experiência no acompanhamento e apoio técnico a projetos de intervenção comunitária. Tem exercido diversos cargos de gestão na Universidade de Évora, entre os quais Diretora de vários cursos e do Departamento de Sociologia.
António B.R. Caleiro, é professor auxiliar no Departamento de Economia da Universidade de Évora. Licenciou-se em Economia, na Universidade de Évora, em 1988, concluiu o curso de Mestrado em Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, em 1993, e realizou o seu Doutoramento em Economia, no Instituto Universitário Europeu (Florença), em 2001. A sua visão multi-disciplinar, facilmente identificável no âmbito das suas publicações, tem conduzido o autor a realizar investigação em diversos temas, incluindo alguns associados às interfaces Economia-Demografia, Economia-Política e Economia-Sociologia.
PAP0776 - ENTRADO - andamentos breves de uma monitorização in progress
A comunicação tem por base um Relatório de Monitorização Externa do projecto teatral ENTRADO, realizada entre Dezembro de 2009 e Julho de 2011, no âmbito de uma parceria estabelecida entre a PELE e o Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Quando iniciámos esta colaboração, a PELE e nós, foi com o intuito de acompanharmos o processo de criação teatral subjacente ao projecto ENTRADO (Setembro de 2009 a Maio de 2010). Fazê-lo não tanto dentro, e a partir, do espaço da prisão, mas sim fora, e à distância relativa dos actores, dos micro-espaços e tempos, das relações que, entretanto, se estabeleciam entre reclusos, equipa artística e equipa directiva e técnica da prisão. O primeiro andamento desta história foi o de decidir que tal acompanhamento incidiria sobre as percepções, as vivências, os afectos, as expectativas, os discursos daqueles actores, sem, de algum modo, interferir in loco num território que seria mais próximo e próprio dos actores directos, já integrados no terreno, do que de nós mesmos. Desta forma, o nosso primeiro momento de observação – no sentido do confronto com o meio social em causa – foi o das conversas regulares com a equipa artística e o da leitura atenta e orientada dos traços documentais que aquela ia desenhando com o grupo de reclusos e todos os outros intervenientes. Fizemo-lo entre Dezembro de 2009 e Setembro de 2010. Neste mesmo período, e com andamentos a velocidades diferenciadas, realizámos entrevistas a todos os actores institucionais envolvidos e inquéritos por questionário a alguns dos reclusos participantes.
Com o acompanhamento externo do projecto, desde logo nos apercebemos das suas especificidades: por um lado, a singularidade da arte teatral como mecanismo de um co-processo de criação cultural (criadores, reclusos, técnicos, guardas e direcção); por outro, as dificuldades em tornar visível e exequível tal projecto no contexto institucional prisional. Dificuldades estas decorrentes tanto da lógica de funcionamento da instituição em causa – uma prisão, o Estabelecimento Prisional do Porto – como de algumas resistências dos diferentes actores participantes, internos e externos ao contexto prisional. Contudo, a temporalidade do processo transformou-o, pouco a pouco, num processo partilhado, conquistado e construído por todos.
- AZEVEDO, Natália

Natália Azevedo.
Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Sociologia.
Doutoramento, mestrado e licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Áreas privilegiadas de investigação: sociologia da cultura e das artes e metodologias de investigação e avaliação, em particular nos temas das culturas urbanas, práticas e políticas culturais, turismo cultural e desenvolvimento, metodologias de investigação, intervenção e avaliação.
PAP0300 - ENTRE A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O MERCADO DE TRABALHO: UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DO COTIDIANO PEDAGÓGICO DE ALUNOS E ALUNAS DOS CURSOS TÉCNICOS DO INSTITUTO FEDERAL
O presente trabalho trata das expectativas que jovens estudantes brasileiros têm de ingressar pela primeira vez no mercado de trabalho ou de obter melhor colocação profissional. O mercado de trabalho, atualmente, sinaliza abertura de vagas ao mesmo tempo em que há a promessa de que os melhores qualificados não ficarão à mercê do desemprego. Para tanto, muitos jovens procuram as instituições de educação profissional crentes de que após o curso estarão empregados dignamente. Entre as instituições de ensino mais procuradas, estão as que pertencem à Rede Federal de Educação Profissional. A pesquisa situa-se no Instituto Federal de Sergipe, uma escola centenária, localizada no Nordeste brasileiro. Nela, por meio de grupos focais e de entrevistas colhemos depoimentos de alunos e alunas dos cursos técnicos Eletrônica e Eletrotécnica. Deles, procuramos perceber, além de suas expectativas, como se dá a formação acadêmico-profissional, como se relacionam com os professores e com os colegas, como interagem com as novas tecnologias, como se veem homens e mulheres trabalhadores da indústria etc. Evidentemente, aparecem na pesquisa dois grandes binarismos, a saber: escola – empresa e homem – mulher. O primeiro trata da aproximação existente entre a instituição e o mercado de trabalho, afinal a própria formação pedagógica conta com estágio e visitas técnicas. Apesar de parecerem integrados, não raro ocorrem distorções entre o que é ensinado e o que é cobrado na empresa. O segundo binarismo aparece fortemente marcado pelas relações de gênero presentes na escola, nas indústrias e na sociedade de modo geral. Apesar de serem todos jovens buscando melhor qualificação para o mercado, o fato de estarem nos cursos de Eletrônica e de Eletrotécnica levou-nos a perceber, inevitavelmente, que se trata de cursos em que há a predominância de rapazes. Mais que isto, levou-nos também a perceber que as fábricas continuam empregando muito mais os homens do que as mulheres. O trabalho, presente nessa comunicação, está voltado para a educação profissional, para o mercado de trabalho e para as relações de gênero. Assim, sua base teórica está composta de Charlot (2005; 2007), Demo (1998), Hirata (2003), Butler (2003) entre outros. Suas entrevistas e grupos focais foram estudadas a partir da análise de discurso numa perspectiva foucaultiana (FOUCAULT, 1998). Os resultados apontam para uma necessária reflexão acerca das relações entre mercado de trabalho e educação profissional. O cenário brasileiro, bem como dos países ibero-americanos, exige novos posicionamentos diante das demandas trabalhistas que muitas vezes camuflam com novas roupagens velhos e repetidos problemas que oprimem os trabalhadores. Apesar de Portugal e Brasil terem distintas culturas, possivelmente, a realidade educação e trabalho em que se inserem os jovens brasileiros tem pontos de contato com a realidade dos jovens portugueses.
- SANTOS, Elza Ferreira

Elza Ferreira Santos
Professora do Instituto Federal de Sergipe - IFS
Licenciada em Letras Vernáculas pela U. Federal de Sergipe - UFS;
Mestra em Ciências da Educação pela U. Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ULHT
Doutoranda em Educação pela U. Federal de Sergipe e Bolsista da CAPES/CNPQ de estágio de doutoramento na ULHT de janeiro a julho de 2012.
Líder do Grupo de Pesquisa Educação profissional, Gênero e Tecnologia IFS/CNPQ
SANTOS, E. F. (2009) Mulheres entre o Lar e a Escola: os porquês do Magistério. São Paulo Annablume.
PAP0178 - ENTRE AS CORDAS DO CARNAVAL DE SALVADOR: TERRITÓRIO AMBIGUO DE ANGUSTIAS E ALEGRIAS
Atualmente, o Carnaval de Salvador se organiza a partir de seus atores sociais: O folião associado, que pagou para desfilar em um bloco (conjunto formado por um grande carro de som chamado trio elétrico, outro carro de apoio e uma grande corda que marca o espaço para as pessoas que pagaram se divertirem), o folião “pipoca”, brinca a festa de forma descompromissada no restante do espaço, e o cordeiro, aquele que delimita o bloco com o auxílio das cordas. Em torno disso existe a presença do comércio informal através dos vendedores ambulantes e as instituições de poder representadas pelo Estado, Polícia e demais órgãos organizadores da festa. Muitas pessoas fazem uma expectativa em torno do Carnaval não só para se divertir, como é o caso dos vendedores ambulantes e cordeiros que encontram ali um emprego temporário e informal. Dessa maneira, o problema da pesquisa caracteriza-se em saber quais as necessidades e os desejos (a realidade do desemprego e a oportunidade de se incluir na festa) que os cordeiros atribuem a sua prática durante os festejos. Sendo assim, o objetivo central do estudo busca compreender os multiplos significados que os cordeiros atribuiem na prática do trabalho. O estudo analisa, também, as relações sócio-culturais que ocorrem no Carnaval soteropolitano, contribuindo para uma melhor compreensão das relações carnavalescas. Pra tal, o trabalho trata-se de uma pesquisa de aproximação etnográfica e lançou mão de entrevistas semi-estruturadas, observações e pesquisa documental. A produção de dados se deu durante os carnavais de 2009 a 2011, nos quais fomos às ruas buscar, através de gravações, fotos, filmagens e anotações colher material necessário para a elaboração do exame. Diante da observação pudemos identificar os aspectos do meio de sobrevivência ser fator preponderante a justificar a presença dos trabalhadores mal remunerados nas ruas baianas, porém o trabalho, ali, pode ser uma estratégia encontrada para se incluir no folguedo. Nas falas pudemos identificar as nuanças de troca e prazer encontradas durante os dias de exploração na festa. Outro fator, percebido por nós, foi o desejo de se trabalhar nos blocos que têm as grandes marcas musicais, pois ali existe o desejo de auto-afirmação, entre eles há a necessidade de um “status”, uma espécie de disputa em se inserir nas atrações mais famosas e caras. Assim, o Carnaval se revela um espaço onde a iniciativa privada “invade” as ruas e explora o espaço público e ao mesmo tempo manipula “quase que de graça” a força do trabalhador que resiste e desenvolve suas “linhas de fuga” para poder se divertir enquanto é explorado cruelmente.
Palavras-chave: Cordas, Carnaval e Alegria.
- JÚNIOR, Flávio Cardoso dos Santos

- JÚNIOR, Luís Vitor Castro

Flávio Cardoso dos Santos Júnior - Professor Pesquisador do GEPAC - Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão Artes do Corpo: Memória, Imagem e Imaginário da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) é Graduado em Educação Física e tem como foco de estudo o corpo dentro das manifestações culturais, principalmente as Festas Populares.
Luis Vitor Castro Junior. Professor Dr. em História. Professor adjunto da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e coordenador do Grupo Artes do Corpo da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Estudioso das Festas a partir do uso da imagem e oralidade como dispositivos de pesquisa.
PAP0554 - ENTRE FRAGMENTAÇÕES E PERMANÊNCIAS: IDENTIDADES DE GÊNERO E AS VIOLÊNCIAS NA ESCOLA
Partindo da perspectiva de que não são as características sexuais que determinam o que é ser masculino ou feminino, defende-se que é a forma como essas características são representadas, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai constituir identidades gendradas em uma dada sociedade e em dado momento histórico. Na modernidade tardia descentramentos e fragmentações caracterizam as identidades de homens e mulheres, provocando a perda das estabilidades, das ancoragens que forneciam elementos para o “sentido de si” estável, conhecido, previsível. Na escola este processo é intensificado por ser local de socialização e aprendizagens diversas, onde diferenças são produzidas, espaços são delimitados, relações de poder e discursos delineiam as práticas; gestos, sentidos, movimentos, olhares, condutas e posturas são incorporados por alunos e alunas tornando-se parte de suas experiências e representações cotidianas. A escola não apenas transmite conhecimentos, mas também fabrica sujeitos, produz identidades étnicas, de gênero, de classe, geralmente através de relações desiguais. Compreender as relações de gênero como constituinte da identidade dos sujeitos, nos levou a investigar jovens de ambos os sexos de 15 a 24 anos de uma escola da rede pública da cidade de Aracaju, capital do estado de Sergipe, localizada no nordeste brasileiro. Fruto de pesquisa ora em andamento este artigo busca fomentar reflexões em torno dos valores nos quais estão sendo embasadas as construções das identidades de gênero e seus possíveis nexos com as violências no âmbito escolar. O estudo de caso de cunho etnográfico permitiu utilizar além das conversas informais, técnicas e instrumentos de investigação como a entrevista semi estruturada, a observação participante e o diário de campo de modo a perceber a cultura escolar, suas práticas rotineiras e comuns, os gestos e as palavras banalizados, tornando-os alvos de atenção, de questionamento e, em especial, de desconfiança. Conclusões preliminares apontam para identidades lastradas em bases tradicionais de oposição entre o masculino e o feminino tendo como elemento novo a representação feminina associada à ascensão no espaço público através do trabalho. Identifica-se ainda o preconceito velado contra a homossexualidade expondo o não reconhecimento das identidades consideradas diferentes, bem como o entrelaçamento das violências.
- COUTO, Maria Aparecida Souza

Maria Aparecida Souza Couto, professora de Educação Física da Rede Pública Estadual de Ensino de Sergipe, doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe; Mestra em Educação por essa mesma Universidade; graduada em Serviço Social pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher e Relações de Gênero (NEPIMG), integrante do grupo de pesquisa Educação, Formação, Processo de Trabalho e Relações de Gênero, ambos da Universidade Federal de Sergipe. Temas de investigação de interesse: Gênero; Violência de Gênero;Violências nas Escolas; Bullying; Sexualidade; Diversidade Sexual; Juventudes; Família; Educação Física escolar.
PAP0273 - ESTUDIO DE LA RESPONSABILIDAD SOCIAL CORPORATIVA DE UNA EMPRESA MULTINACIONAL ESPAÑOLA EN EL CONTEXTO DE LA GLOBALIZACIÓN: EL CASO DE REPSOL.
El contexto mundial a comienzos del siglo XXI se caracterizada por estar un profundo proceso de interconexión y deslocalización de empresas que traspasan más allá de sus fronteras nacionales su actuación en todos sus ámbitos, no solo el meramente económico, sino también actuando como agente social. Muchas de estas empresas multinacionales buscan a través de estrategias de calidad y responsabilidad social corporativa (RSC) dar un elemento de excelencia a su marca. La Responsabilidad Social Corporativa o Responsabilidad Social Empresarial (RSE) se definen como un compromiso que ejercen las empresas de forma activa a la mejora social, económica y ambiental, a través de un conjunto de medidas integradas en un plan propio que establece las actuaciones para lograr dichos fines. Como también entre sus objetivos se encuentra el velar por el cumplimiento de acuerdos y compromisos internacionales a nivel social y ecológico allí donde se asientan, siempre partiendo de las legislaciones nacionales en materia laboral, medioambiental y social. Por tanto, la misión a través de estos planes de responsabilidad social corporativa es erigirse como un actor fundamental en el desarrollo local y su práctica empresarial. Esta investigación tiene dos objetivos fundamentales, en primer lugar partirá de una definición exhaustiva de lo que es y representa la responsabilidad social corporativa, para posteriormente, realizar un repaso por el contexto de la Responsabilidad Social Corporativa en multinacionales españolas, posteriormente se profundizará en el estudio del plan de Responsabilidad Social Corporativa de la multinacional petrolera REPSOL, con el objeto de establecer los modos de implementación del mismo, objetivos y diseño de dicha estrategia.
- GÓMEZ, Eduardo Haz
PAP1487 - ESTUDIO LONGITUDINAL DE LAS AUTOIDENTIFICACIONES IDENTITARIAS DE ADOLESCENTES Y JÓVENES INMIGRANTES EN HUELVA (ESPAÑA): ESTABILIDAD Y CAMBIOS ENTRE 2007 Y 2011
Las construcciones identitarias cambian a lo largo del tiempo influidas por diferentes factores, entre los que las experiencias personales tienen un papel especial. Las edades de la adolescencia a la juventud, y los tránsitos vitales que comportan son momentos donde esta construcción identitaria puede verse alterada. En el año 2007 se llevó a cabo una encuesta a una muestra representativa de adolescentes y jóvenes inmigrantes en la provincia de Huelva, principalmente de generación y media de inmigrantes. La edad media de los entrevistados en aquel momento era de 14 años. En 2011 se contacta con la misma muestra de chicos y chicas, y se les vuelve a entrevistar.
En la encuesta de 2007 la muestra se dividía entre adolescentes y jóvenes inmigrantes orientados identitariamente algunos a su país de origen, otros a España y un tercio de ellos declararon identidades múltiples o híbridas, como identidades en las que se superponían y convivían elementos socioculturales que se nutren del origen, el destino, así como de otros lugares.
En esta comunicación exploramos qué ha pasado desde 2007 a 2011 respecto a la construcción identitaria de los chicos y chicas entrevistados, analizando los factores que parecen estar ligados a dicha construcción: trayectoria vital, experiencias personales, lugar de origen, tiempo de estancia en España, conocimiento lingüístico, aspiraciones y experiencias educativas y laborales, redes personales, etc. Observamos la contribución de estos factores distinguiendo según la orientación identitaria señalada sea a origen, destino o múltiple/ híbrida.
El empleo en ambos estudios de cuestionarios con preguntas abiertas/ cerradas idénticas ha permitido observar la pervivencia o evolución de las autodeclaraciones de identidad entre ambos años. La comunicación muestra los resultados obtenidos en ambos años y, con apoyo de técnicas de análisis multivariable, se analizan y exponen los factores que para cada tipo de identidad declarada parecen explicar la identidad declarada por chicos y chicas.
- GUALDA, Estrella

- TIRADO, Aurora
Estrella Gualda holds a PhD in Sociology and a MA in Politics and Sociology Sciences from the Complutense University of Madrid. She is a Professor in Sociology at the University of Huelva and Director of the Social Studies and Social Intervention Research Center. She has directed numerous projects and published several books, book chapters and scientific articles in the field of sociology, migrations, crossborder issues and social networks. Email: estrellagualda@gmail.com
PAP1389 - ESTUDO SOBRE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA INFÂNCIA BRASIL – PORTUGAL
A presente pesquisa, vinculada ao Grupo de Pesquisa “Profissão docente: formação, identidade e representações sociais” tem como objetivo geral mapear o perfil dos estudantes em formação docente para atuação no 1º nível da educação básica e anos/séries iniciais do Ensino Fundamental; identificar as representações sociais construídas pelos estudantes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente e na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém (Portugal) sobre ser professor, sobre o aluno atual que deverá ensinar e sobre as relações aluno-professor em sala de aula. Os sujeitos da pesquisa são alunos em processo de formação inicial matriculados no curso de formação de docentes, além dos professores formadores atuantes nos referidos cursos. Para o levantamento dos dados utilizamos questionários mistos, entrevistas semi-estruturadas, histórias de vida e revisão bibliográfica. Para tratamento e análise dos dados, utilizamos ate o momento, o software estatístico SPSS. Neste texto apresentamos dados preliminares sobre os contextos locais (Presidente Prudente, Brasil e Santarém, Portugal) relativamente aos perfis dos estudantes em processo de formação inicial. Preliminarmente, observamos que: em ambas as populações (Presidente Prudente e Santarém), observa-se a concentração de jovens (62,3% e 61,8% respectivamente) candidatos à profissão docente; predominam estudantes do sexo feminino (87,00% e 100% respectivamente); outro fato a se destacar é que percentual significativo dos estudantes (48,1% e 45,5% respectivamente) exercem ou exerceram alguma atividade laboral; no caso dos estudantes de Presidente Prudente, 50,7% iniciaram suas atividades laborais antes dos 17 anos de idade; no caso dos estudantes portugueses, esse índice representa menos da metade (20%). Quanto às representações sobre ser professor, os estudantes expressam certo otimismo e valorizam a função docente, embora demonstrem algumas preocupações com relação às dificuldades que esperam encontrar em sua futura atuação profissional.
- GOMES, Alberto Albuquerque

- GUIMARÃES, Célia Maria
- GARMS, Gilza Maria Z.
- REIS, Pedro Guilherme da Rocha
Graduado em Ciências Sociais pelo Centro de Estudos Superiores de Londrina (1983), mestrado em Educação (1993) e doutorado em Educação (1998) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Estágio de pós-doutoramento em Sociologia da Educação na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em Lisboa, Portugal (2003/2004). Professor do Programa de Pós-graduação em Educação (Mestrado e Doutorado) e do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Tecnologia - UNESP. Vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP. Membro do Conselho Editorial da revista Nuances (Presidente Prudente). Tem experiência na área de Sociologia da Educação atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, representações sociais, políticas públicas e pedagogia.
PAP0413 - EXPANSÃO URBANA E SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL DA GRANDE TERRA VERMELHA
O desenvolvimento que marcou o estado do Espírito Santo a partir da segunda década do século XX desestruturou a tradicional economia agrário-exportadora, em favor de um padrão de acumulação apoiado na industrialização, mudando o perfil urbano da Região Metropolitana da Grande Vitória, composta pelos municípios de: Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. Na esteira dessa modernização industrial, além do crescimento econômico, que se tornou dominante, intensificou-se o processo de pobreza, exclusão e vulnerabilidade socioambiental, decorrente, dentre outros fatores, da precarização do trabalho e das condições mínimas necessárias a sobrevivência.
O município de Vila Velha, campo de estudo desta pesquisa, apesar de passar pelo mesmo processo de desestruturação sócioespacial dos outros municípios da Região, possui características diferentes dos mesmos. Vila Velha é uma região tipicamente habitacional, com o maior número de bairros da Região Metropolitana da Grande Vitória, e suas atividades econômicas mais dinâmicas sempre foram a pesca e o comércio. E um dos fatores de maior influência para a expansão populacional do município foi “[...] a implantação da política habitacional, que desenvolveu no município um amplo programa de construção de casas populares, projetadas e implantadas pela Cohab/ES e Inocoop/ES, a fim de diminuir a pressão populacional sobre Vitória” (SIQUEIRA, 2001:110).
Entretanto, essa política não foi suficiente para atender as necessidades de habitação da região, havendo assim uma proliferação de favelas e invasões em áreas de risco e proteção permanente. Esse cenário, aliado a carência de oportunidades de trabalho intensificou a pobreza, a vulnerabilidade socioambiental e a violência urbana, que se expandiram e ganharam expressão no tecido urbano do município, com ampla representatividade na região periférica.
Nesse contexto, este trabalho analisa o redesenho do espaço urbano da microrregião da Grande Terra Vermelha, a redefinição de sua dinâmica local, as novas clivagens que afetam a economia local, as novas formas de sociabilidade e redes sociais em suas diferentes formas de expressão e suas correlações com a violência, em 2000. Num cenário, caracterizado pela pobreza, desemprego, precariedade urbana e vulnerabilidade ambiental, (e, portanto, complexo), o aprofundamento do estudo da trajetória e expansão urbana da microrregião da Grande Terra Vermelha, permite uma leitura mais realística das questões empíricas do fenômeno da desigualdade socioespacial e segregação na região.
- MATTOS, Rossana
PAP0342 - EXPERIÊNCIAS E VOZES: UMA LEITURA BIOÉTICA DE SOLAR, DE IAN McEWAN
A reflexão sobre a acção humana de modo a fazer o bem e sobre o significado deste bem remete para a questão da experiência, porque a acção é uma das formas de experimentar e está intrinsecamente ligada a outras vertentes da experiência, ao pensamento e à emoção. O agir ético implica sempre motivação, intenção e hábito. A educação em Bioética permite dar uma dimensão humana ao acto, distinguindo-se neste contexto o acto do Homem do acto humano, na medida em que só este implica uma reflexão e uma intenção no agir livre. A premissa da liberdade de escolha é a base do respeito pela autonomia, pelo bem individual e pelo bem comum.
A Bioética sendo transdisciplinar, implica necessariamente um diálogo entre as várias áreas do saber, do qual nasce um novo modo de olhar a realidade e de comunicar esse conhecimento, respondendo, deste modo, à especificidade da acção pedagógica enquanto prática intencional que promove os valores através da reflexão e da acção.
Sendo o respeito pelo outro a base da construção do conhecimento bioético, na discussão sobre questões e problemas éticos exige-se esse mesmo respeito pela autonomia de cada membro do grupo de discussão. O respeito pela autonomia promove o respeito pela identidade de cada um, que tem necessariamente diferentes modos de se expressar, diferentes vozes.
A reflexão bioética sobre as questões ambientais servirá de exemplo desta inter-relação entre o ensino da bioética e o desenvolvimento das capacidades de deliberação e tomada de decisão dos jovens enquanto futuros cidadãos.
- ARAÚJO, Joana
- MAGALHÃES, Susana

- BAPTISTA, Isabel
Susana Magalhães; Universidade Fernando Pessoa e Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa; Áreas de formação: Línguas e Literaturas Modernas e Bioética; Áreas de Interesse: Bioética e Literatura.
PAP1057 - Ecogastronomia e Ecogastrônomos: a construção social de identidades no movimento Slow Food
O presente trabalho objetiva discutir o processo de construção de identidades biológicas (CASTELLS, 1999) no âmbito do movimento social ambientalista Slow Food. Tal movimento se insurge principalmente contra a degradação ambiental, social e cultural promovida pela lógica "Fast" totalizadora da agroindústria. O debate promovido pelo movimento politiza a gastronomia por meio da elaboração de novos sentidos para o ato de se alimentar, buscando equilibrar o prazer sensorial presente no ato de comer com a adesão a compromissos holísticos referentes à humanidade e ao meio ambiente. Assim, os comedores são implicados na produção alimentar, devendo se autoperceber como coprodutores do alimento. Com isso, pretendemos compreender: 1) os processos envolvidos na construção dessas identidades biológicas e 2) o modo como estas orientam as ações individuais e coletivas dos membros desse movimento.
- BORBA, Clarissa Galvão Cavalcanti
PAP1161 - Education and Poverty: an empowerment approach
The aim of this poster is to present the
relation between education and poverty from the
perception of beneficiaries of food help on
education as promoter of empowerment.
Although poverty is a multidimensional concept
(Rodrigues et al, 2005), the option for taking
education as a focus lies on the believe that
it has the potential to promote the necessary
empowerment to improve live conditions.
Education is only a helping point given that
there are several other dimensions that
influence our live, and in this case, poverty
condition. We can point, for instance, family
or self ownership, residence territory, job
conditions, housing, health, education, power
and participation (Rodrigues et al, 2005; Sen,
1981; Doyal & Gough, 1991; Bruto da Costa,
2005). There can be established relations
between these dimensions in what concerns to
poverty condition, nevertheless, education was
chosen on the basis of its relation with power
and participation and with the ability to be
aware of rights and duties and so, the
dimension which provides more autonomy to the
individuals.
The link between poverty and education was
carried through the Theory of Human Need by
Doyal & Gough (1991). This theory suggests two
basic human needs common to all human beings in
anywhere in the world. They are: survival
(health) and autonomy. It is established a
connection between the need survival and
poverty, by one side, and the need autonomy and
education, on the other hand. All of them are
subsequently interconnected in order to
establish a relation between poverty and formal
education.
The research was held between 2008 and 2009, in
the scope of the European Master of Development
Studies in Social and Educational Sciences,
specialization in “European Perspectives on
Social Inclusion”. It was used a qualitative
methodological approach, by the attainment of
13 interviews to beneficiaries of food help in
2 care institutions. The data were treated with
content analysis.
The results evidence that interviewees
attribute a negligible value to formal
education in what respects to its effects on
income and employment. However, they place some
hope in education and its effects on upward
social mobility in what concerns to their
children. Despite this hope, they also show
some resignation with the possibility that
their children do not pursue their studies.
These apparent contradictions seem to result
mainly from their low expectations about life
and also from some internalization of self-
exclusion (Clavel, 2004) resulting from the
disbelief on their capabilities and potential.
- OLIVEIRA, Alexandra Alves

Alexandra Oliveira é professora da Universidade do Porto, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, onde exerce funções de docente e de investigadora na área da Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça. Os seus interesses relacionam-se com o género e a sexualidade; a norma, o desvio e a reação social, tendo vindo a dedicar as suas pesquisas ao trabalho sexual. Das suas publicações destaca o livro "Andar na vida: prostituição de rua e reacção social" (Almedina, 2011), uma adaptação da sua tese de doutoramento.
PAP0394 - Educational Mobility in Intercultural Perspective. The Polish-Portuguese Case
The opening of state borders and job markets encourages mobility processes and intensifies intercultural contacts. These interactions are especially visible in the case of international programs, such as the Erasmus scholarship. The special value of these exchanges lies in the opportunity given to the attendants in their adolescence period: to associate with a different culture and society in a longer perspective, to get to know “the difference” and to develop their own cultural potential. The student exchange creates better educational conditions, gives the opportunity to raise the social status of scholarship holders and makes them gain new competences in a multicultural environment (e.g. language, education). To put it in Bourdieuan terms, they obtain a new habitus. Moreover, most of them become part of an international network of contacts and accumulate social capital – this fact influences later on their life attitudes and choices. The life learning process in an international environment is regarded nowadays as highly valuable. The competences acquired during this process smooth the path to the understanding of “the others”, and enable the work in the framework of different organizational cultures (G. Hofstede). However, the advantages of scholarship programs are not exploited enough in Polish-Portuguese relations. This causes losses both in the economical and socio-cultural dimensions, as mutual opportunities remain neglected. The aim of the paper will be to present the results of a research conducted among Polish youth of former holders of Erasmus scholarship in Portugal. The results will provide a sketch of the framing of Portuguese culture by Polish students, and also information about the influence of the Erasmus experience on their attitude life choices. We will try to answer the question whether these “Portuguese elements” are present in the career and private life of Polish students. It is a vital issue if experiences gained during external scholarships help to improve the competences to work in an international environment and facilitate intercultural contacts.
- BUKALSKA, Izabela

Izabela Bukalska is a PhD candidate in The Institute of Philosophy and Sociology of Polish Academy of Science and member of Sociology of Culture Department in Institute of Sociology in Cardinal Stefan Wyszyński University in Warsaw. She held scholarships in University in Porto and Eotvos Lorand University in Budapest. Research interests: intercultural communication, national minorities, changes in national identity as an effect of intercultural contacts, etc
PAP0606 - EducaçSexualidades, Juventude portuguesa
mmmmm
- FONSECA, Laura
PAP1221 - Educação Sexual em contextos heterogéneos: Instituições de acolhimento de crianças e jovens de Braga
Como quaisquer outros jovens a viverem com as suas famílias, os que foram institucionalizados sentem-se agradavelmente melhor, quando encontrem quem mostre interesse por si e pelo que digam, sem se sentirem desvalorizarem por terem ultrapassado o risco sexual e/ou sofrido assédio, abuso, negligência e maus tratos.
Nesse sentido, nas sociedades ocidentais, para o domínio da Educação Sexual, continuam a ser analisados e debatidos programas modelares de formação de adultos em escolas (Barragán, 1991; Kirby, 2007; Kirby et al., 2007), e em instituições de acolhimento de crianças e jovens (Daly, 2004; Garcia Ruíz, 2009).
Na equipa multidisciplinar da Universidade do Minho – Instituto de Educação, realizamos uma investigação-ação, em Braga, junto de escolas públicas e instituições religiosas de acolhimento, com as seguintes ações ordenadas, oficializados acordos de cooperação entre instituições (ação 1): (1) analise/interpretação de espírito de missão/finalidades e crenças, valores e ideologias, presentes nos discursos e nos processos de trabalho formativo/educativo das estruturas e organizações locais, com projetos socioeducativos e individuais explícitos (ação 2); (2) levantamento de potencialidades, necessidades e formação de adultos implicados e utentes (crianças e jovens), de acordo com nível de desenvolvimento profissional e psicossocial e etário, respetivamente, conhecidas as retaguardas familiar e institucional (ações 3 e 4); (3) caracterização de dinâmicas escolares e institucionais, a partir da análise dos dados quantitativos e qualitativos recolhidos (ação 5); (4) diagnóstico biopsicossocial, ponto de chegada/partida para a planificação e implementação de ação/programa de Educação Sexual, uma intervenção heterogénea (com a colaboração de unidades de saúde pública) (ações 6 e 7); (5) registo e avaliação de dados do programa de intervenção, por meio de instrumentos adequados a estratégias e técnicas utilizadas e posterior triangulação de análise quantitativa e qualitativa (ações 8, 9 e 10); (6) avaliação global, com base nos resultados (ação 11); e (7) formulação de orientações futuras (ação 12).
No Congresso, iremos apresentar dados iniciais e exploratórios das ações 1 e 2, relativos às instituições de menores. A possível eficácia de intervenções planeadas será explorada, por análise de congruências, discrepâncias e da sua superação nessas realidades, consumadas orientações e sugestões a aplicar em organismos religiosos e educativos similares da região (ação 12).
Aposta-se na capacitação bilateral e dialética (formadores/formandos; adultos/crianças), com recurso a metodologias diversas e complementares, que pretendemos desenvolver um projeto de Educação Sexual não para todos, esperando-se ir ao encontro de modelos viáveis de educação para o amor e sexualidade saudável.
- ZAMITH.CRUZ, Judite

- ANASTÁCIO, Zélia
- TERROSO, Nuno
Judite Maria Zamith Cruz - doutorada em psicologia, mestre em educação e mestre em ciências cognitivas, é professora auxiliar no Instituto de Educação, da Universidade do Minho, onde realiza formação em domínios de desenvolvimento na infância e adolescência, motivação e dificuldades de aprendizagem, em licenciatura e mestrados. Trabalha em projeto de educação sexual, em contexto de acolhimento de crianças e jovens. Tem experiência clínica, em necessidades especiais (sobredotação com perturbação de Asperger) e em atendimento neuropsicológico a doentes de Alzheimer. É autora de livros e publicou artigos nas áreas psicossociais, por metodologias qualitativas: Grounded Theory, Histórias de Vida e Análise de Discurso.
PAP0935 - Educação e Humanização: uma liberdade fragmentada no ensino médico brasileiro
As pretensões
definidas pelas
Diretrizes
Curriculares
Nacionais perpassam
pelos movimentos das
transformações de
ensino superior em
saúde no Brasil. Com
isso, pensar em
formar recursos
humanos capazes de
enfrentar a “crise
da saúde” no mundo é
um desafio
incontestável, mesmo
por que, este mundo
vive em constantes
transformações, seja
na estrutura social,
política, econômica
ou científica.
Todavia, a
responsabilidade
torna-se maior
quando a escola
médica está situada
no Brasil, um país
de enormes
desigualdades
sociais e mais
ainda, se ela
encontra-se na
região nordeste, a
mais pobre da nação
e uma das mais
desprovidas do
mundo. O desafio
imposto pelas
Diretrizes
Curriculares
Nacionais, às
instituições de
ensino do país, a
partir das quais,
destaca-se a
Universidade Federal
do Rio Grande do
Norte (situada na
cidade do Natal, no
Estado do Rio Grande
do Norte-Brasil) e
mais precisamente, o
Curso de Medicina é
formar um “novo
médico”, “um médico
cidadão”, dotado de
conhecimento,
habilidades e
atitudes. Além de
está apto a
desenvolver ações de
promoção e prevenção
da saúde, tanto para
o indivíduo como
para a coletividade.
Consequentemente,
dessa formação se
espera um
profissional capaz
de respeitar o
homem, seu corpo,
espírito e sua
natureza, que possa
incorporar os
conceitos
psicossociais como
determinantes para
identificar os
aspectos das doenças
e dos doentes, assim
como, reconhecerem a
partir da preparação
técnica, a
importância e o
valor do trabalho
interdisciplinar.
Diante disso, este
estudo busca
identificar no
Projeto Pedagógico
do Curso de Medicina
da UFRN, ao longo do
seu período de
implantação
(2002-2012), os
aspectos que
contribuem para uma
formação humanizada,
dentro do núcleo
temático formação de
habilidades
políticas e
ético-humanistico,
na visão dos
docentes, na
perspectiva da
interligação entre
os conteúdos
ministrados e na
ótica do discente,
através dos diálogos
nas discussões
grupais de temas
afins. A coleta de
dados foi realizada
em dois momentos
distintos: aplicação
de entrevista
semi-estruturada
para os docente;
grupo focal e
observação
participante em
salas de aula para
os discentes. A
análise dos dados se
deu na perspectiva
qualitativa e com
esse levantamento
obteve-se a
construção das
fontes orais por
meio dos diálogos
captados,
resultantes da
utilização de uma
análise de conteúdo
temática categorial.
Os sujeitos
participantes do
estudo foram
docentes que atuaram
em disciplinas em
forma de módulos e
discentes do 2º; 4º
e 6º períodos. Como
resultado,
concluiu-se que na
perspectiva dos
docentes, os
conteúdos se
apresentam de forma
interligada, muito
embora ao
ministrá-los sejam
repassados
fragmentadamente.
Na ótica dos
discentes, o papel
dos grupos de
discussão contemplam
as propostas
presentes no
currículo, no
entanto ainda há
ausência de um maior
engajamento por
parte dos docentes.
- SOUZA, Antonia Núbia Oliveira Alves de

- FORTES, Lore
Nome: Antonia Núbia Oliveira Alves de Souza
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN-Natal-RN- Brasil
Graduada em Ciências Sociais com Bacharelado em Antropologia; Especialização em Antropologia Urbana; Mestre em Ciências da Saúde e Doutoranda em Ciências Sociais.
Área de atuação: Pensamento Social, Espaço Urbano, Educação, Humanização e Formação Médica.
PAP0620 - Educação mas não só: determinantes da mobilidade social em diferentes regiões da Europa
Um entendimento do que se tem passado, nas últimas décadas, quanto à mobilidade social na Europa é crucial para o debate sobre as crises e as reconfigurações que hoje vivemos. Embora exista um registo amplo das transformações estruturais que ocorreram nos mercados de trabalho e nos sistemas educativos, os efeitos destas sobre os padrões de mobilidade social permanecem difusos e controversos. Em particular, importa questionar se a noção de igualdade produzida em estudos anteriores está a ser posta em causa por desenvolvimentos recentes.
A comunicação começa por reunir contributos clássicos e recentes da sociologia das classes e da mobilidade social. Três questões são nomeadas: (1) que padrões de mobilidade social podemos observar ao longo das últimas décadas na Europa?; (2) qual o impacto dos diferentes sistemas educativos nesses padrões; (3) poderá a variação identificada ao longo do tempo e entre países estar relacionada com eixos de diferenciação interna das populações como o género e a etnia, amplamente documentados noutros campos da sociologia? A resposta é procurada com a análise de dados do European Social Survey de 2008. Numa breve secção sobre opções metodológicas, descrevem-se os indicadores utilizados e os cálculos de ‘mobilidade absoluta’ e ‘mobilidade relativa’. A comparação internacional assenta em cinco clusters regionais definidos a partir de afinidades significativas no que toca a estrutura de classe, regime de previdência social e sistema educativo.
Os resultados confirmam índices crescentes de mobilidade, na 2ª metade do século XX, associados a transformações estruturais de grande monta. A erosão do elo educação-ocupação constitui hoje uma ameaça a esta tendência. Os sistemas educativos do Reino Unido e Irlanda surgem como mais igualitários, mas a sua capacidade sobre a estrutura ocupacional é menor. Os sistemas escandinavos apresentam probabilidades mais elevadas de mobilidade social através da educação. Há diferenças significativas ao comparar homens e mulheres, assim como nativos e imigrantes. Mais do que corroborar a vulnerabilidade de mulheres e imigrantes, os números sugerem que o género e a imigração são aspectos fundamentais para entender as diferenças de padrões de mobilidade entre regiões da Europa.
O cluster dos países mediterrânicos merece especial atenção. Desde logo, estamos perante índices de fluidez menores quer na relação origem-educação (como na Europa de Leste), quer na relação educação-destino (como no Reino Unido e Irlanda). Em segundo lugar, a correlação entre desempenho escolar e classe de destino é mais acentuada entre as mulheres do que entre os homens, isto em ambas as extremidades da escala socioeconómica. Também a diferença entre população nativa e população imigrante é especialmente forte, fenómeno que congrega efeitos da reduzida escolaridade entre imigrantes e a sua elevada probabilidade de empregos abaixo das qualificações.
- ABRANTES, Pedro
- ABRANTES, Manuel

Manuel Abrantes é membro do SOCIUS: Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, Universidade Técnica de Lisboa, e Professor Convidado de Sociologia do Trabalho e do Lazer na Universidade Aberta. Os seus principais interesses académicos incluem o trabalho, o género, a migração e a participação política. É autor do livro Borders: Opportunities and Risks for Immigrant Workers in Cities of the Netherlands e tem contribuído para diversos volumes conjuntos e revistas científicas. Desde 2010, está a conduzir estudos de doutoramento na Universidade Técnica de Lisboa sobre as condições e as relações de trabalho no setor dos serviços domésticos.
PAP1518 - Educação para o Ambiente: o processo de aprendizagem dos pais através dos filhos
No âmbito da área: Educação para o Desenvolvimento Sustentável pretende-se apresentar os resultados de um trabalho de investigação centrado nos processos e na dinâmica de aprendizagem dos pais através dos filhos, em torno das questões ambientais.Os resultados baseiam-se no estudo exploratório realizado a pais e respectivos filhos a frequentar o 2.º e o 6.º ano do Ensino Básico. Neste estudo consegue-se demonstrar como, no domínio da preservação ambiental, os pais aprendem e que barreiras existem à sua aprendizagem através da convivência com os filhos. Analisa-se a consciência das aprendizagens dos pais e a evolução das mesmas, nomeadamente de hábitos para a preservação do ambiente, aprendidos ou não com os filhos.Verifica-se também que a educação ambiental informal de pais através da convivência com os filhos se concretiza, principalmente, através da conversa entre ambos. As acções e as opiniões dos pais estão a mudar e o respeito pelo ambiente nota-se nas suas rotinas diárias.São os filhos que estão a educar os pais para a acção, pois os media, nomeadamente a televisão, podem esclarecer e chamar a atenção para as questões ambientais, mas não corrigem as acções erradas dos pais como os filhos fazem. Palavras-chave: educação para o ambiente; educação intergeracional; preservação ambiental.
- MARCOS, Sílvia
- SAÚDE, Sandra

· Sandra Saúde
Doutorada em Sociologia, com especialização em Sociologia do Trabalho e das Organizações. É Profª Adjunta no Instituto Politécnico de Beja, desde 2003, e integra, atualmente, o Departamento de Educação, Ciências Sociais e do Comportamento.
Tem participado e coordenado vários projetos de investigação, de âmbito nacional e internacional, nas áreas da inserção profissional, da formação profissional e da avaliação de competências.
Atualmente é Pró-Presidente e Coordenadora dos Serviços de Planeamento e Desenvolvimento Estratégico do IPBeja. É consultora convidada do Observatório Português de Boas Práticas de Direção Estratégica em Instituições de Ensino Superior.
PAP0118 - Educação para os Media: Uma nova abordagem educativa
A educação para os Media constitui uma nova
abordagem educativa nas learning cultures
contemporâneas. Sem grande controvérsia, é
considerada o centro da aquisição de
competências de literacia mediática num mundo
global, consentindo (e potenciando) a inclusão
social, a vida activa e participativa, a acção
cívica, as práticas de cidadania.
Para além da família e da escola, os Media são
um elemento determinante das práticas e
atitudes dos indivíduos. A informação, em
particular a que é transmitida pelos Media, é
a principal “tecnologia” das sociedades ditas
da informação e do conhecimento. Aceder a essa
informação e, simultaneamente, ter
competências interpretativas, críticas e
comunicativas que possibilitem a sua
descodificação/codificação de forma eficaz e
responsável parecem ser determinantes para a
integração social. Estas competências são, em
rigor, competências de literacia mediática, o
outcome do processo de educação para os Media.
Esta comunicação –, em rigor, uma versão
abreviada de um dos capítulos de “Literacia
Mediática e Cidadania”, trabalho de
investigação actualmente em curso no âmbito do
Programa de Doutoramento em Sociologia do
ISCTE-IUL, com apoio da FCT, que indaga acerca
da relação específica entre competências de
literacia mediática e práticas de cidadania –
reflecte sobre o papel da educação para os
Media nas sociedades multimediáticas do século
XXI. Por um lado, traça-se o percurso
diacrónico desta prática de ensino-
aprendizagem desde os anos 70 do século
passado (na Europa e muito particularmente em
Portugal) e, por outro, caracterizam-se e
enquadram-se os seus conceitos capitais,
objectivos, problemas e frustrações, lançando
pistas sobre o que será a educação para os
Media no futuro.
PAP1514 - Educação prioritária em Portugal: que políticas, que saberes, que resultados?
Neste artigo pretende-se contribuir para a análise das políticas de educação prioritária desenvolvidas em Portugal nas últimas décadas e, em especial, acompanhar a evolução das iniciativas governamentais associadas com a criação e implementação dos Territórios de Intervenção Prioritária (TEIP).De facto, estudos internacionais recentes têm demonstrado que continua a existir uma relação muito forte entre origem social e percurso escolar e que os grupos sociais desfavorecidos estão sobre – representados nas “populações em risco“.Esta situação constitui um grande desafio para a comunidade académica, que deve contribuir para interpretar a persistência deste fenómeno, que contraria princípios fundamentais das sociedades democráticas. Além disso, os problemas de inclusão escolar são particularmente preocupantes em países como Portugal, onde persistem importantes segmentos da população em situação de pobreza e com reduzidos níveis de qualificação escolar e profissional. A reflexão que iremos empreender baseia-se em procedimentos metodológicos diferenciados mas complementares:1. Análise das principais diretrizes legislativas promulgadas nas últimas décadas em Portugal, no domínio da educação prioritária; 2. Mapeamento dos saberes académicos sobre os programas de inclusão social e escolar (dissertações de mestrado e doutoramento, relatórios de avaliação de programas governamentais), com particular incidência nos estudos realizados sobre os TEIP; 3. Evolução dos resultados escolares dos agrupamentos abrangidos pelo programa TEIP e situação relativa, no quadro nacional. Esta comunicação insere-se no âmbito do projeto “Estratégias Locais de Melhoria da Escola em Áreas Desfavorecidas: Programas públicos e privados de intervenção” (PTDC/CPE-CED/114789/2009), que pretende analisar os percursos de mudança que estão a ser ensaiados nas escolas Portuguesas situadas em zonas desfavorecidas, associados com a implementação de novos programas de intervenção educativa e social. Nesta etapa de trabalho visamos sistematizar e difundir o conhecimento produzido sobre o Programa TEIP e explicitar algumas vertentes da evolução do seu impacto no que respeita a: (i) qualidade do percurso e dos resultados escolares dos alunos; (ii) redução do abandono e insucesso escolar (iii) natureza das relações entre a escola e as comunidades em que se insere. Palavras-chave: Políticas de Educação Prioritária; Territórios de Intervenção Prioritária; Saberes Académicos
- DIAS, Mariana
- TOMÁS, Catarina

- GAMA, Ana
- LOPES, Rui
Catarina Tomás
Docente do Instituto Politécnico de Lisboa (Escola Superior de Educação de Lisboa)
Investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho,
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Direitos da Criança; Infância e Participação; Metodologias participativas com crianças.
PAP0728 - Educação, desigualdades sociais e usos do computador Magalhães: uma pesquisa comparativa
A educação tem sido assumida como uma das áreas chave de intervenção no âmbito da promoção do que se tem designado de sociedade da informação, do conhecimento ou em rede (Castells, 2005; Lyon, 1992; Webster, 2006). Ao longo das últimas décadas têm-se implementado múltiplos programas governamentais e realizado investimentos consideráveis em tecnologias da informação e comunicação nas escolas, na generalidade dos países europeus, incluindo no nosso país. Uma das crenças que acompanha este esforço é a de que estão em causa políticas essenciais para a inclusão digital das novas gerações, particularmente dos grupos sociais mais desfavorecidos.
Na esteira destas políticas, a distribuição de computadores portáteis às crianças do 1º ciclo do ensino básico, em Portugal, realizada no quadro do programa e.escolinha, com início em 2008/09, tem, ainda, a particularidade de pretender promover precocemente o uso das tecnologias de informação e comunicação desde o início da escolaridade, bem como de incidir a sua intervenção, além da escola, no contexto familiar.
Alguns dados já apurados apontam para o efeito que este programa teve na democratização do acesso a estas tecnologias na população em causa (GEPE, 2001; Silva e Diogo, no prelo). Resta, contudo, aprofundar em que medida esta democratização de acesso se está a traduzir numa verdadeira democratização de usos. Interessa-nos enquadrar este problema no campo da Sociologia da Educação, nomeadamente, na questão das desigualdades sociais face à educação, mais especificamente, na análise da articulação entre escola e família nos velhos e novos processos de (re)produção social e cultural (Zanten, 2005).
A partir de dados de dois estudos de caso, um na Região Centro e outro na Região Autónoma dos Açores, baseados em métodos extensivos (inquérito a pais, alunos e professores) e intensivos (entrevistas a pais e professores e registos etnográficos de uma turma), com tratamento da informação por procedimentos estatísticos e por análise de conteúdo, propomo-nos analisar, numa perspetiva comparativa, como é que as crianças dos diferentes grupos sociais usam o computador Magalhães e como é mediado esse uso pela escola e pela família. Nesse sentido, serão analisados dados provenientes da pesquisa nas duas comunidades educativas.
- DIOGO, Ana
- SILVA, Pedro
- COELHO, Conceição
- FERNANDES, Conceição
- GOMES, Carlos
- VIANA, Joana
PAP0531 - Efeitos da crise na reconfiguração dos consumos de classe média urbana
Desde meados do século passado que vivemos
orientados pela chamada cultura de consumo. Os
avanços científicos e tecnológicos, coadjuvados
pela intensa interpenetração económica e
cultural e apoiada pela comunicação à escala
global sustentam a consolidação, nas sociedades
modernas avançadas, de um modelo de referência
de “qualidade de vida” que toma como direitos
adquiridos o acesso universal a bens ditos
essenciais.
Ora um dos efeitos sentidos pela «crise» no
quotidiano das famílias e dos indivíduos
repercute-se nas várias formas de consumo,
perspectivando-se um retraimento transversal e
a necessária reconfiguração dos limiares entre
«consumos básicos ou essenciais», «consumos
alargados» e mesmo «consumos elitistas». As
mutações em curso parecem dar lugar a
alterações profundas na delimitação dos padrões
e orientações que configuram estes vários
segmentos. Quais são as áreas e os tipos de
despesa que reflectem maior retraimento e
mudança?
Nesta proposta de comunicação, tendo por base
uma análise de fontes institucionais
resultantes de operações de inquérito do
Eurobarómetro e Eu-SILC Statistics on Income &
Living Conditions analisam-se os efeitos da
contracção e incertezas económica e social nas
práticas e orientações de consumo de indivíduos
e famílias localizadas nas classes médias
urbanas. A pesquisa desenvolvida contempla quer
a diversidade e os níveis de consumos, quer as
tendências subjacentes.
- MAURITTI, Rosário

- MARTINS, Susana da Cruz
Mauritti, Rosário
Docente e investigadora do Instituto Universitário de Lisboa - ISCTE-IUL
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
Interesses de investigação: classes e desigualdades, quotidiano, gerações e estilos de vida
PAP0070 - Efetividade Deliberativa e Desenho Isntitucional: Trajetória, Limites e Desafios do Conselho Municipal de Saúde de João Pessoa-PB.
Na área de saúde, a criação de fórum
participatório, como Conselhos de Saúde e o
efeito do processo de descentralização
enfatizado a partir da Constituição de 1988,
resultou em maiores atribuições e aumento da
importância da esfera pública municipal de
administração. Contudo, a participação de
Conselheiros no processo de tomadas de decisão
tem sido apontada como um dos aspectos
desafiadores na atuação desses colegiados, em
razão das limitações impostas à representação
pelos poderes instituídos. A pesquisa está
voltada à apreensão desta reflexão, com ênfase
nas análises do Conselho Municipal de Saúde de
João Pessoa- PB (CMS/JP), mais
especificamente, no que diz respeito à
efetividade deliberativa desse colegiado a
partir do estudo de caso: “O fechamento da
Maternidade Santa Maria-(MSM)”. A escolha da
Maternidade de Mangabeira justifica-se por
apresentar grande repercussão e resultar no
conjunto de acontecimentos/enfrentamentos
entre a Sociedade Civil e a Gestão Pública
Municipal de Saúde desta capital, sobretudo,
entre os anos de 2008 e 2009. Vale enfatizar
que a realização desse estudo se deu através
da combinação de instrumentos metodológicos
qualitativos e quantitativos, sendo utilizado
o cruzamento de dados entre três elementos
basilares no referido estudo: informações
obtidas através das observações no CMS/JP,
textos das Atas do CMS/JP e textos elaborados
a partir das entrevistas com alguns dos
Conselheiros Municipais de Saúde/JP-PB. Para
fins de estudo foram construídas algumas
categorias: Princípio de Paridade;
Representatividade dos segmentos; Deliberações
enquanto formalidade. As subcategorias que
emergiram das análises foram: (a) Demanda de
tempo; (b) Demanda de conhecimento
técnico/específico; (c) Publicização das ações
do Conselho. Vale destacar, no que diz
respeito ao termo representatividade no âmbito
deste estudo, ele traduz conceitualmente, a
idéia de se representar com efetividade
e “qualidade” os segmentos que os elegeram.
- GONZAGA, Rosalba Maria Morais
- PERRUSI, Artur Fragoso de A.
PAP1178 - El Neoconstitucionalismo y La Reforma Constitucional: Su influencia en el proceso de judicialización de los conflictos sociales en Argentina de la década de los 90
GT "Sociedad, Crisis y Reconfiguraciones en América Latina"
La incorporación en Argentina del núcleo central de tratados de derechos humanos a la Constitución Nacional de 1994 favoreció al proceso de avance en el reconocimiento de los derechos económicos y sociales así también como de instrumentos procesales para promover el acceso a la justicia (figuras del Habeas Corpus, Amparo, etc).
Dio lugar, asimismo, a un cambio en el rol profesional de los jueces que aparecieron en adelante como “Garantes del Estado de Derecho” y adquirieron un mayor protagonismo en discusiones de política pública. A través de sus resoluciones, estos jueces han tenido un impacto decisivo en la revisión de los lineamientos centrales de la política neoliberal formulada durante la década de los 90 y en la construcción de un marco jurídico garante de la democracia.
En este contexto, la sociedad civil, ONGs y Movimientos Sociales (Ms) comenzaron a utilizar el derecho como herramienta de reclamos políticos generándose un progresivo proceso de judicialización de los conflictos sociales tendiente al efectivo reconocimiento de derechos de grupos marginados y excluidos.
Nuestra ponencia tiene por objeto analizar la recepción del neo-constitucionalismo en la Reforma Constitucional de 1994 e indagar sobre su influencia en el progresivo proceso de judicialización de los conflictos sociales, tomando como base de análisis el rol que desempeñaron los jueces frente a “casos testigos” representados por abogados de Ms y ONGs.
A estos efectos, utilizamos como material empírico de análisis bibliografía pertinente sobre la materia que nos permite reflexionar sobre categorías como: “neoconstitucionalismo”, “judicialización de conflictos”, “acceso a la justicia”, “Organizaciones Sociales” en torno a un periodo histórico concreto que abrió el espacio para la politización del campo jurídico Argentino.
- MANZO, Alejandro Gabriel

- MANZO, Mariana Anahí

Alejandro Gabriel Manzo
Doctor en Derecho y Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Córdoba (UNC), Argentina, y Magister del Master Internacional de Sociología Jurídica de Oñati, España.
Recientemente presentó su tesis en la Maestría de Sociología de la UNC bajo el título “El Proceso de Canje de la Deuda Externa Argentina 2003-2005: estrategias y discursos del gobierno kirchnerista tendientes a la configuración de un nuevo Estado post-neoliberal”.
Se desempeña como profesor universitario en las carreras de abogacía de la UNC y de la Universidad Nacional de Chilecito (UNDeC).
Desarrolla proyectos de investigación financiados por la Secretaría de Ciencia y Tecnología (SECyT) de la UNC y el Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina.
Mariana Anahí Manzo
Es Doctoranda en Derecho y Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Córdoba (UNC), Argentina, bajo el proyecto "Movimientos Sociales y Ongs, Luchas y rreivindicaciones: Estrategias Políticas-Jurídicas en Córdoba, Argentina" y Magister del Master Internacional de Sociología Jurídica de Oñati, España.
Se desempeña como profesora universitaria en la carrera de Derecho de la UNC en la asignatura de Sociología Jurídica.
Es becaria Post-Grado Tipo II del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) y desarrolla proyectos de investigación grupales financiados por la Secretaría de Ciencia y Tecnología (SECyT) de la UNC.
PAP1293 - El derecho a la vivienda adecuada en Argentina, Paraguay y Uruguay
Este trabajo busca contribuir a la reflexión sobre el derecho a la vivienda adecuada en Argentina, Paraguay y Uruguay, mediante la caracterización y el análisis de la evolución de la legislación nacional sobre vivienda de estos países, con énfasis en el período 1990-2010.
La caracterización y análisis que se propone se basa en los desarrollos recientes del derecho internacional de los derechos humanos. No obstante, se recuperan, a lo largo del trabajo, aportes conceptuales clave, con miras a la realización de un mayor esfuerzo de reflexión teórica acerca de las problemáticas actuales asociadas al respeto, garantía y satisfacción del derecho a la vivienda adecuada.
La realización de este trabajo se justifica en el supuesto de que el conocimiento del marco normativo del derecho a la vivienda adecuada en la región, y su interpretación armónica junto con otros marcos normativos, constituye un punto de partida fundamental para avanzar en la formulación de preguntas de investigación que puedan contribuir a la reflexión sobre los procesos y estrategias actuales de respeto, garantía y satisfacción del derecho a la vivienda adecuada.
- VACCOTTI, Luciana
PAP0411 - El papel de los comerciantes de Zona Monumental en la dinamización turística del casco histórico de Pontevedra.
El objetivo de la presente comunicación es mostrar, a través del análisis de caso, que existen otros actores sociales -más allá de los propiamente del ámbito turístico o procedente de la Administración- cuya labor contribuye a mejorar la atracción turística de un espacio a través del desarrollo de actividades y acciones de dinamización turística.
El marco teórico se sitúa en la definición de turismo cultural caracterizado por el contenido cultural del espacio y la existencia de recursos intangibles de gran valor. A través del caso concreto del casco histórico de la ciudad de Pontevedra se muestra, empleando como aproximación metodológica la revisión documental y la realización de entrevistas en profundidad, cómo el papel desempeñado por la Asociación de Comerciantes Zona Monumental ha sido estratégica por dos razones: 1º) apostar por la promoción turística cuando ésta se presentaba como una estrategia poco viable, y, 2º) emprender acciones novedosas (primera visita guiada al casco histórico organizadas en Galicia).
- OUTÓN, Sara Mª Torres

Sara Mª Torres Outón es profesora asociada de Sociología en la
Universidad de Vigo desde el año 2001. Licenciada en Sociología por la
Universidad de Deusto (1994), especialidad en Sociología Urbana,
Máster en Sociología y Planeamiento Regional en la Ball State
University (Indiana-USA)(1998) y Licenciada en Ciencias Políticas por
la Universidad de Santiago de Compostela (2011). Como freelance
participó en proyectos de investigación en diferentes fases: trabajo
de campo, análisis y redacción. Vinculada desde el 2000 al Seminario
de Estudios Socioeconómicos de Pontevedra Carlos Velasco, se
especializó en diagnóstico comercial y estudios de intervención
municipal hasta que ocupó el puesto de Agente de Desarrollo Local
(2007-2010). Actualmente, centra su actividad en la docencia e
investigación.
PAP1038 - Elementos para uma interpretação da democracia cosmopolita de Jürgen Habermas: da
O objetivo principal consiste em delinear a
trajetória interna na obra de Jürgen Habermas
que resulta, na década de 1990, na proposição
de uma "democracia constitucional cosmopolita".
O exame de Habermas parte de uma constatação
geral, segundo a qual se a fronteira nacional
ainda orienta, em boa medida, o funcionamento
do sistema político, o mesmo não se pode dizer
do sistema econômico nem do sistema sócio-
cultural.
Uma vez que os dilemas concernentes à relação
entre política, economia e cultura perpassam,
grosso modo, a trajetória do autor, faz-se
necessário considerar caminhos internos da
obra. Para tanto, concentro-me principalmente
em cinco livros: "Légitimationsprobleme im
Spätkapitalismus" (1973), "Theorie des
komunikativen Handels" (1981), "Faktizität und
Geltung. Beiträge zur Diskurstheorie des Rechts
und des demokratischen Rechitstaats" (1992),
"Die Einbeziehung des Anderen - Studien zur
politischen Theorie" (1996) e "Die
postnationale Konstellation: politische Essays"
(1998). Como hipótese, argumento haver uma
coerência interna, para não dizer uma
complementaridade, entre o diagnóstico de crise
da esfera nacional, a proposição de uma
democracia cosmopolita e o diagnóstico de época
elaborado no início dos anos 1970. A coerência
interna caracteriza-se por uma ênfase
específica em cada um desses momentos da obra:
sob a preocupação geral com a associação
histórica entre capitalismo e democracia, em
1973 o acento é dado ao capitalismo, enquanto
nos anos 1990, à democracia. Sugere-se, pois,
que as tendências econômicas, políticas e
sócio-culturais para a crise, diagnosticadas em
1973, mantiveram-se empiricamente válidas e,
deste modo, vieram a combinar-se com a "crise
gerencial" de um Estado nacional confrontado a
uma globalização intensificada.
No âmbito do sistema político, o déficit de
racionalidade que representa, no sistema
administrativo, uma produção coletivizada e
orientada por interesses não-univesalizáveis,
combina-se com a perda de capacidade reguladora
de uma jurisdição nacional que atua num
contexto pós-nacional. No sistema econômico, a
valorização do capital e a taxa decrescente de
lucro combinam-se, por um lado, com a
emergência de uma economia que "escapa", porque
desterritorializada, da regulação/planificação
nacional do Estado social, e por outro, com o
aumento da produtividade. E no sistema sócio-
cultural, na medida em que a intensificação da
globalização diversifica o conteúdo cultural
que compõe as imagens de mundo, a relação
intersubjetiva com o "outro" cultural e/ou
socialmente distante tende a reconfigurar-se,
i.e a resignificar-se o pertencimento sócio-
cultural contido na idéia de "nação" e na
classe. No sistema sócio-cultural, sugere-se
portanto que as crises de legitimação e
motivação diagnosticadas por Habermas sejam
acrescidas de uma reconfiguração da relação
entre o local e a cultura, como efeito anexo da
globalização.
- BOSCO, Estevão

"Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP),mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), atualmente cursa doutorado em Sociologia na mesma universidade, desenvolvendo pesquisa na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Social, Teoria Política contemporânea e sociologia ambiental, mais especificamente nos seguintes temas: reflexividade, risco, questão ambiental, individualização, globalização, modernidade, interdisciplinaridade e cosmopolitismo"
PAP1042 - Eles sabem que são os mal amados da escola: representações dos CEF na blogoesfera
Os Cursos de Educação Formação para jovens assumem uma particular importância no panorama educativo português. Criados para combater o insucesso e abandono escolares e permitirem a inserção na vida activa, eles constituíram-se numa via alternativa à conclusão da escolaridade obrigatória, principalmente a partir do no lectivo de 205/2006. Ainda que os poucos estudos realizados sobre esta modalidade formativa (Clemente, 201; Ouro, 2009; Figueiredo, 2009; Cunha 2010) não sejam conclusivos quanto ao efectivo cumprimento das finalidades a que se propõem, eles têm sido objecto de uma forte polémica na esfera pública.
Nesta comunicação propomo-nos analisar as representações sobre os CEF enquanto medida política e oferta curricular nas escolas e as representações sobre os alunos que os frequentam. A netnografia (Montardo & Passerino, 2006) aplicada a blogues foi a opção metodológica escolhida para a prossecução destes objectivos. Iniciámos a pesquisa na comunidade de bloggers em língua portuguesa blog.com.pt, na categoria alusiva a educação e ensino, considerando para efeito de análise blogues de autores portugueses e tópicos de entrada que versassem sobre os Cursos de Educação e Formação. Tendo como ponto de partida este directório, fomos guiados, numa fase posterior, pelo método de amostragem purposive–snowball (Patton, 2002), a partir da lista de blogues que outros autores recomendavam e/ou seguiam.
Posteriormente, escolhemos os blogues que estavam há pelo menos três anos em actividade e no activo, de forma a consolidar a sua presença na blogosfera e que tivessem entradas que discutissem os CEF, reunindo um conjunto de 6 blogues, 64 tópicos de entrada e 1552 comentários. Numa primeira leitura, fomos escolhendo e rejeitando elementos de análise segundo as nossas sensibilidades interpretativas (Philips & Hardy, 2002). A análise de conteúdo que realizámos incidiu sobre 53 tópicos de entrada e 234 comentários.
Os resultados mostram que a maioria das representações dos professores sobre os CEF é bastante negativa: estes cursos foram criados para as estatísticas e legitimam uma cultura de laxismo facilitismo. Além disso, a forma como são implementados nas escolas gera também algum descrédito/desmotivação por parte dos professores. Por último, os alunos são também eles objecto de representações maioritariamente negativas. Eles são descritos como mal-educados, preguiçosos, desmotivados… e sabem que são os mal amados da escola.
- ALVES, Natália
- MARCELO, Marques
- CANÁRIO, Rui
- CAVACO, Carmen
PAP0381 - Em busca de práticas sustentáveis: A influência das crenças, dos valores e das atitudes ambientais nos comportamentos de uso de energia
O estudo que se apresenta é parte integrante do projecto Net Zero Energy School: Reaching the community (FCT-MIT), cujo objectivo é identificar como as percepções e os comportamentos relativos à energia, conjuntamente com a caracterização de parâmetros físicos do espaço, podem contribuir para uma maior eficiência e sustentabilidade no consumo de energia numa escola secundária de Lisboa, recentemente requalificada. Assim, com base na Teoria da Acção Planeada (Azjen & Fishbein, 1980; Azjen, 1991), na Teoria dos Valores e Crenças Normativas (Stern et al., 1999; Stern, 2000) e no Novo Paradigma Ambiental de Dunlap et al (2000), o estudo identifica a forma como as representações sobre energia, os valores sociais e ambientais e a cidadania ambiental podem contribuir para um uso mais eficiente de energia e para o reforço das práticas de conservação, delineando os aspectos que mais se destacam para a planificação de intervenções para a mudança comportamental face ao ambiente e para a promoção de práticas sustentáveis no contexto escolar. Os principais resultados, obtidos através de um inquérito por questionário aplicado a uma amostra representativa de 731 estudantes do 3º ciclo e do ensino secundário, mostram a forte influência do género, da idade e da classe social nas representações e práticas de uso de energia. Mais especificamente, as raparigas apresentam uma representação mais tradicional da energia, sobretudo associada à luz e à electricidade e ao uso de equipamentos domésticos, atribuem uma maior importância à conservação de energia, e apresentam uma maior preocupação com o ambiente e com a diminuição do consumo de energia no país do que os rapazes. Por outro lado, os rapazes, revelam um conhecimento mais preciso a respeito do uso e das fontes de energia, mas parecem menos sensibilizados em relação ao tema da energia em contexto doméstico e referem falar menos sobre o assunto. Em geral, estes resultados mostram que os jovens estão preocupados com os riscos ambientais e essa é a principal razão para a conservação da energia. Além destes resultados gerais, foi desenvolvido um modelo de equações estruturais para compreender os factores de influência das práticas de eficiência energética. A dimensão directa de explicação das práticas de eficiência energética refere-se às atitudes pró-activas de conservação dos recursos naturais (energia, água) e de prevenção das alterações climáticas. Estas, por seu lado, são formadas a partir da influência do contexto familiar na exposição ao tema da energia e nos valores altruístas e tradicionais. O planeamento da intervenção escolar para a mudança de comportamento deve tomar em conta estes resultados, nomeadamente, a necessidade de continuadamente expor os alunos a informação precisa sobre a energia, de fomentar uma monitorização activa dos consumos de energia e das formas eficientes de uso do recurso, de modo a ajustar comportamentos e a promover práticas sustentáveis.
- REBELO, Margarida

- MENEZES, Marluci

- CAEIRO, Tiago
- SCHMIDT, Luísa

- HORTA, Ana

- CORREIA, Augusta
- FONSECA, Susana

Nome: Margarida Rebelo
Afiliação: Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Área de formação: Doutoramento em Psicologia Social
Interesses de investigação: Dimensões psicológicas e socio-culturais dos
comportamentos de sustentabilidade ambiental, designadamente, dos
comportamentos de uso e conservação de água e de energia.
Nome: Marluci Menezes
Afiliação Institucional: Núcleo de Ecologia Social (NESO) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)
Área de formação: Geografia / Antropologia
Interesses de Investigação: habitat, espaço público e qualidade de vida urbana, cultura, património e intervenção urbana, práticas e representações do espaço e de sustentabilidade.
Luísa Schmidt
Socióloga investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação 'Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço' e integra o Comité Científico do Programa Doutoral em "Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável". Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade que actualmente dirige, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente.
Investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Membro da equipa de investigação do Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade. Doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura e Educação, licenciatura em Sociologia e mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Actualmente participa em projectos de investigação sobre questões sociais relacionadas com energia, sustentabilidade e alimentação.
- Susana Maria Duarte Fonseca
- Doutoranda do ISCTE-IUL no Programa de Doutoramento em Sociologia a trabalhar no projecto: “O princípio da prevenção nas políticas de ambiente - o caso da eficiência energética”;
- Colabora em projectos de investigação na área da sociologia do Ambiente no ISCTE– UL (Projecto GISA - Gestão Integrada da Saúde e do Ambiente no Litoral Alentejano) e no ICS-UL (Net Zero Energy School – Reaching the Community e Consensos e controvérsias socio-técnicas sobre energias renováveis);
- Tem colaborado em vários projectos de investigação nas áreas da percepção de risco, representações sociais, movimentos sociais, energia, ambiente e saúde;
- Voluntária da Quercus, tendo sido membro da Direcção Nacional entre Março de 2003 e Dezembro de 2011.
PAP0488 - Em busca do anel de grau: universitários de direito bolsistas do PROUNI (BRASIL)
De 2000 a 2010 conquistaram o diploma de
Bacharel em Direito 776.995 estudantes no país
e 14.020 em Mato Grosso (Amazônia Legal
Brasileira), caracterizando-se como o terceiro
curso de graduação mais procurado pelos
estudantes brasileiros. Nesse universo
encontra-se uma enorme diversidade cultural
presente na expansão desse nível de ensino. O
objetivo foi analisar os habitus herdados e
adquiridos a partir das trajetórias de
universitários e suas motivações para escolher
uma profissão jurídica sob a luz da teoria
bourdieusiana. Focou-se nos universitários do
curso de direito matriculados na Universidade
de Cuiabá (UNIC) por dois motivos: o primeiro
por serem desprovidos de recursos financeiros
e o segundo por terem sido contemplados com
bolsas do Programa Universidade para Todos
(PROUNI). O estudo teve como ponto de partida
as seguintes indagações: quais são os habitus
herdados da família e os novos habitus
solicitados e adquiridos silenciosamente no
campo universitário jurídico? Novos capitais
são agregados? ou Há subtração dos antigos
capitais? Se sim, em que medida ocorrem? A
pesquisa empírica foi desenvolvida mediante a
realização de entrevistas semiestruturadas e
faz parte de uma pesquisa maior (tese de
doutorado) denominada o processo de expansão
do ensino jurídico. Como resultado preliminar
constatou-se que as relações que os iniciados
(universitários de direito) passaram a ter no
campo oculto (ensino jurídico), através das
práticas jurídicas voluntárias, contribui no
aumento do capital social e cultural tendo
como efeito secundário o estabelecimento de
uma melhor relação com a sua família e com a
sua própria comunidade.
- GIANEZINI, Quelen
PAP0654 - Em louvor da automobilidade: representações do automóvel na televisão
A automobilidade, entendida como o uso de
veículos a motor para transporte, tornou-se a
forma dominante de mobilidade nas sociedades
contemporâneas, correspondendo a uma
característica central e essencial à
modernidade (Dennis e Urry, 2009). Segundo
Urry (2004), este modo de dependência do carro
com base no petróleo traduz-se num sistema
complexo e estável que domina paisagens,
ambientes e infraestruturas, desencorajando
outras formas de mobilidade e prendendo a vida
social ao uso individual do carro, na medida
em que diversas estruturas sociotécnicas
tornam o uso do carro uma necessidade (caso do
planeamento urbano, da falta de transportes
públicos eficientes ou das pressões sociais e
de marketing). Neste regime sociotécnico que
modela rotinas e convenções, o carro emerge
como um dispositivo hipermoderno de
conveniência (Shove, 2003), fornecendo a
indivíduos pressionados pelo tempo maior
controlo sobre as suas deslocações diárias que
outros meios de transporte, não obstante os
fortes impactos negativos em termos ambientais
e de saúde pública (decorrentes da utilização
de combustíveis fósseis), entre outros. Ter um
carro torna-se necessário à autonomia e
expressão da liberdade individual (Dennis e
Urry, 2009), além de poder também oferecer
status ao seu proprietário, permitindo-lhe
colocar-se numa posição que a cultura
dominante valoriza (Urry, 2004).
Nesta comunicação propõe-se uma análise do
modo como são socialmente construídas nas
emissões televisivas as representações do
automóvel, identificando-se os tipos de
enquadramentos discursivos mais salientes, os
atributos que lhes surgem associados e os
modelos de comportamento apresentados.
Considerando que as emissões televisivas
participam no processo de socialização não só
através da transmissão de informação, como
também do reforço da definição de padrões de
normalidade, normas de comportamento e
valores, nesta comunicação analisam-se quer os
conteúdos televisivos noticiosos quer os não-
noticiosos. Os dados empíricos consistem numa
amostra, seleccionada aleatoriamente, de 36
períodos de emissões televisivas em horário
nobre (das 20h. às 23h.) dos quatro canais
nacionais de sinal aberto (RTP1, RTP2, SIC e
TVI) durante uma semana de Maio de 2011. Os
resultados permitem identificar padrões de
representação do automóvel, bem como as
mensagens, explícitas e implícitas, que lhe
estão associadas.
- HORTA, Ana

Investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Membro da equipa de investigação do Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade. Doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura e Educação, licenciatura em Sociologia e mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Actualmente participa em projectos de investigação sobre questões sociais relacionadas com energia, sustentabilidade e alimentação.
PAP0756 - Em quem dói mais?: exclusão e pobreza entre idosos em tempo de retração na proteção social
Num momento de aceleradas mutações no domínio das políticas sociais, ao abrigo de argumentos que enfatizam a igual distribuição nos cortes, impõe-se perguntar se o machado cai sobre todos da mesma forma ou se, pelo contrário, se faz sentir de forma mais aguda, e dolorosa, entre alguns. Na comunicação discutem-se um conjunto de efeitos esperados ao nível dos processos de exclusão social e de pobreza entre a população idosa, a partir de uma abordagem de simulação aos impactos das recentes alterações operadas em alguns instrumentos de política social directa ou indirectamente desenhados para esse grupo da população.
PAP1412 - Em torno da crise dos meios de obtenção de prova em processo penal
O nosso país está presentemente a atravessar uma fase, tida por muitos como uma verdadeira crise. Uma crise transversal a todas as áreas da nossa mundividência, atingindo, nomeadamente, a área do direito. O direito ocupa um lugar de destaque nas nossas vidas, ditando o nosso dever-ser, e como tal não pode ser estático, tendo de atender à sua dimensão constituenda, para poder adaptar-se às diversas mudanças que vão surgindo, tanto no âmbito económico como axiológico-cultural.
É precisamente devido à nossa condição mundanal, que surgem conflitos de interesses que merecem a tutela do direito, que carecem de especial atenção para que efectivamente possamos coexistir pacificamente. O direito penal é visto, pela maioria, como aquele que serve o seu propósito ao punir quem prevarica as normas que visam proteger bens jurídico-penais e possibilitam a nossa vivência em sociedade, e o processo penal, na esteira desse pensamento, cumpre a sua missão ao, não só, mas também, adjectivar o direito penal e possibilitar a punição ou absolvição daqueles que são constituídos arguidos.
As várias fases do processo penal complementam-se para culminar numa sentença (ou acórdão) devidamente fundamentada. Essa fundamentação tem como pedra angular a prova. Ora, como é que a prova surge? Em que fase ou fases? Por excelência, será na fase do inquérito, não obstante o juiz de julgamento, se considerar que tal será profícuo para o processo, poder ordenar que sejam mobilizados outros meios para obter prova bastante, em vias de poder tomar uma decisão munida de fundamentos adequados.
É precisamente sobre a prova penal que faremos incidir a nossa intervenção. A prova deve ser vista como o elemento fulcral do processo penal e considerando que estamos no âmago de uma verdadeira crise social, humana e criminológica, devemos dar especial atenção a esta peça do processo, que em nada tem de instrumental. Para tanto, revela-se profícua a revisão tanto dos meios de obtenção de prova, como da inerente tramitação, isto é, estando cientes que existem cada vez mais meios inovadores de cometer crimes; que com as crescentes carências económicas, existem mais tentações para o Homem resvalar para o mundo do crime; que com a desmistificação da estratificação social dos delinquentes, existe um maior espólio de crimes e de quem os comete, revela-se imperioso, repensar a nossa doutrina penal e processual penal, mesmo que apenas para reafirmar o que já estava esquecido ou desvanecido.
Propomos-nos, por conseguinte, a fazer uma análise dos meios de obtenção de prova e dos actores que estão incumbidos de tal tarefa, não apenas em termos doutrinais, mas também com análises casuísticas, para aferir se efectivamente aqueles se adequam à realidade que nos é hodierna, que em pouco se assemelha à que viu nascer os nossos códigos. Na nossa análise seguiremos grandes mestres portugueses e estrangeiros, sem nos eximirmos de dar um cunho pessoal à nossa comunicação.
PAP1567 - Emotions Matter: Cognizing Social Reality in Situation of Uncertainty
We argue that the cognitive potential of emotions especially saliently reveals itself in the situation of uncertainty. Cognition in uncertain conditions should be regarded as such that correlates and adjusts social actor to social reality and maintains social activity. To fully envelop the cognitive role of emotions, we make accent on methodology basing on induction from situated sociobiological nature of emotions to their impact on processes of social cohesion when the habitual patterns of identification and practices are damaged. We elaborate theoretical framework relevant for such a focus through establishing connection with system approach, especially, its considerations on the cognitive process, and incorporating insights of theories of embodied emotions, evolutionary theories of emotions, cognitive emotion theories (in particular, those of them, which regard emotions as cognitive intentional mental states). We regard emotions as special states of grounded cognition tied with processes of coupling with environment which allow social actors to improve their knowledge of the changing social reality and to adjust themselves to these changes. The key aspects of emotions’ role and place in cognition in situation of uncertainty are the following. 1) Basic embodied emotions signal us our state in social environment and either direct us to act the way evolution has selected the best or give impulses to seek for chances to retain our security (or other preferred project. 2) Blended emotions are crucial for complex feeling of social agency, i.e., if goal attainment is interrupted this arouses mixed negative emotions and social agent becomes aware that his project is hindered. 3) Grounding on nonreflective basic emotions, reflective emotional experience contributes to self-understanding and becomes the basis for rational adaptive or even innovative action. 4) Situation of uncertainty provokes new emotional inputs, which cause reformulating of the existing mental models of the world and Self in correlation with the vital situation. 5) While emotive interaction rules are damaged, e.g., become more wild-life like, during interaction the Self becomes aware of concrete manifestations of the disturbed social order and new laws of communal conduct. 6) Preserving and enforcement of affiliative networks has a big impact for maintaining socially constructive behavior.
- NENKO, Oleksandra
PAP0209 - Emotions, Traditions, and Rationalities: Approaches from Portuguese Social Movements
If social movements’ actors are moved both by
individual and collective interests, the study
of social movements is irreducible to the
study of their instrumental or teleological
rationality as this mainly appears in the
mainstream Anglo-American sociology on social
movements, namely the resource mobilisation
theories and the related political process
model.
Inspired by diverse philosophical, political
and scientific theories, social movements’
actors also produce theories about the world
and are great doers of knowledge. Borrowing
Raymond Boudon’s sociological language, they
generate positive collective beliefs
(cognitive rationality), and prescriptive and
evaluative ideas (axiological rationality).
Social movements, following the Weberian
terminology, are forms of sociation that are
both determined purposive associations in
which the rationality in purpose predominates
and associations relying on convictions
wherein rationality in value is also pervasive.
Notwithstanding, beyond the different types of
rationality, Max Weber also stressed the
importance of the role of affects (or the
emotions) and of traditions in social
activity. They are determinants in the
constitution and the development of social
movements, and in the creation of their
knowledge as well. Hence, beyond sociation and
the related rational motives (rationality in
purpose and rationality in value), a certain
sense of community or a sort of
communalisation is present within and through
social movements.
Thus, in this paper, I shall observe the role
of emotions in the formation of contemporary
social movements in Portugal – emotions that
necessarily enter into a dialectical
relationship with rationalities and
traditions, and thereby having to be
considered a fortiori through this dialectic
in order to be fully examined. Furthermore,
collective emotions are always socially
situated. In that sense, it is relevant to
regard the sociocultural context wherein the
movements take place and similarly to observe
the dialectic between emotions and society.
The sociology of emotions along with further
theoretical approaches will be particularly
significant for understanding and explaining
these movements.
- MASSE, Cédric

Trained in social sciences, notably in anthropology and sociology, Cédric Masse is working on topics related to social movements, non-governmental organisations (NGOs), civil society. More precisely, he is currently doing research on alter-globalisation and social movements in Portugal as part of a doctoral thesis in sociology at the Institute of Social Sciences of the University of Lisbon and with the financial support of FCT. This study also deals with sociology of action, knowledge and identity from an epistemological perspective. He published a book entitled Les organisations non-gouvernementales face aux gouvernants: Les rapports majeurs des ONG avec l’ONU, la Banque Mondiale et la Commission Européenne (2007, Paris, Editions Le Manuscrit).
PAP0101 - Emoções e intersubjectividades no trabalho de campo: vivências e considerações epistemológicas
Esta comunicação reporta-se à análise da vivência de emoções por parte da investigadora durante o seu trabalho de campo sobre comportamentos de sedução heterossexual em contexto urbano nocturno (2000-2001), mais concretamente em quatro espaços de congregação nocturna (bares) situados nas zonas da “movida” lisboeta.
Serão descritas as etapas do trabalho de campo, nomeadamente observação dos comportamentos de sedução heterossexual dos frequentadores dos espaços de congregação nocturna, e a forma como a investigadora seduzia e era seduzida. Seguidamente, será analisado o processo de inscrição no Diário de Campo das interacções e das emoções vividas pela antropóloga e o impacto da subjectividade na construção da identidade da investigadora, tendo em conta o registo autobiográfico. Este registo liga o self físico ao lugar e à representação do trabalho de campo, não deixando o investigador incólume relativamente às experiências vividas no terreno Por último, é aflorada a relevância epistemológica da dicotomia objectividade/subjectividade relativamente à experiência pessoal da investigadora no terreno, nomeadamente as suas emoções tendo em conta a relação intersubjectiva. Far-se-á referência a duas posturas (uma pró e outra contra) relativamente à inclusão da experiência subjectiva do antropólogo no terreno, tendo em conta a relação intersubjectiva.
Com este estudo, procura-se alcançar um duplo objectivo. Em primeiro lugar, reflectir sobre o papel das emoções da investigadora e os impactos decisivos na construção do seu estudo sobre os comportamentos de sedução heterossexual em contexto urbano nocturno. O segundo objectivo é o de incorporar a discussão da subjectividade, na análise das relações estabelecidas por antropólogos e sociólogos durante o trabalho de campo. Estes objectivos são desenvolvidos a partir de dois eixos. O primeiro trata da incorporação das emoções do investigador durante o trabalho de campo, âmbito dos contextos relativos aos comportamentos sexuais. O segundo deles refere-se à discussão sobre os valores associados à “objectividade científica” e à “distância” ou “neutralidade” do cientista social.
- BRAK-LAMY, Guadalupe
PAP0650 - Emoções que aprisionam: o papel das emoções na permanência das mulheres vítimas de violência doméstica
Pretende-se com a presente proposta de comunicação, aprofundar o conhecimento na área da violência de género a partir de uma perspectiva da sociologia das emoções.
Tendo em conta os resultados obtidos através das pesquisas realizadas pela equipa de investigação do SociNova/CesNova, sabemos que a maior parte das mulheres de demonstram passividade em relação aos actos de violência dos quais são vítimas. Recorrentemente, na resposta à pergunta “Como reage/reagiu ao acto”, a maioria das mulheres refere “não fazer nada ir calando”.
Através e tais referências, interessa-nos elaborar novas interpretações no sentido de percepcionar o papel que as emoções sociais, particularmente a vergonha e a culpa, desempenham na vivencia das situações de violência e de que forma esta poderão, eventualmente, condicionar a sua acção social. Assim, vergonha e a culpa serão analisados como duas emoções sociais que funcionam como motores de inibição de uma (re)acção explicita aos actos de violência. Sabemos que as emoções sociais se diferenciam de outros patamares de emoções uma vez que estas são alvo de um processo de aprendizagem e de assimilação de valores sociais: «aquilo que aprendemos a gostar ou a detestar, discretamente, ao longo de uma longa experiência de percepção e emoção» (Damásio, 2003: 66). As emoções não são apenas experiências individuais, importando definir o que em nós é inato ou socialmente adquirido.
Desta forma, a importância da sociologia das emoções para este trabalho reside na sua capacidade de perceber a forma como as emoções influenciam o self, como as teias da interacção social são moldadas pelas emoções, como o indivíduo desenvolve ligações e laços com a estrutura social e com os seus símbolos culturais e, a forma como estes últimos condicionam a vivência e a forma como se expressam as emoções. (Turner e Stets, 2007).
Parece-nos importante referir que quando falamos de uma acção/reacção/decisão, falamos de um de conjunto de variáveis de natureza diversa, imbricadas entre si, algumas remetendo para dimensões justificativas mais racionalizáveis, outras decorrentes de factores emocionais, ou mesmo biológicos. De algum modo, e de acordo com o que referem alguns autores provenientes das teorias dos sistemas, a compreensão da acção ou da ausência de uma acção ou reacção explícita, só poderá ser explicado através de fecundação entre o sistema de personalidade, o sistema social e o sistema cultural: os principais elementos da teoria da acção. Tais sistemas ao interpenetrarem-se conduzem a acção do actor (condicionam-na, até) dentro de uma estrutura de acção social que muitas vezes confronta o actor social como “um dilema de acção” ou “dicotomias”.Em jeito de súmula, a presente proposta de comunicação ancora-se na teoria da acção social beneficiando da sociologia das emoções, sendo que a tentativa de produção do conhecimento novo far-se-á a partir da análise da relação entre “estrutura social” e “acção”.
- CEREJO, Dalila

Bolseira de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia desde 2009 e assistente de investigação no CesNova - Centro de Estudos em Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa desde 2007, e também assistente de investigação no Observatório Nacional de Violência e Género da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, desde 2008. É conferencista convidada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para 1º e 2º ciclo, desde 2006. Membro da Secção de Sociologia das Emoções, da Associação Portuguesa de Sociologia.
PAP0609 - Empreendedorismo no Sector da Beleza: Brasileiras na Quinta do Conde
O ponto de partida para este trabalho surgiu no decorrer de um trabalho anterior (2009) para a Câmara Municipal de Sesimbra e para o ISCTE/CIES intitulado: “Estudo de Diagnóstico e Caracterização da População Imigrante, Identificação dos seus Problemas e dos seus Contributos para a Dinâmica de Desenvolvimento dos Municípios”, em que durante o trabalho no terreno, constatou-se a sobre-representação de um sector que doravante será designado por sector/ramo da beleza na Quinta do Conde, freguesia do concelho de Sesimbra que, para além da sua enorme visibilidade, encontra-se centrado no género feminino e num grupo étnico bem concreto. Nessa perspectiva, pretende-se efectuar uma etnografia da globalização no feminino, mapeando os percursos migratórios de mulheres brasileiras residentes na freguesia da Quinta do Conde e que se tornaram empreendedoras no sector da beleza, ou seja, que abriram os seus próprios cabeleireiros, tornando-se empresárias e contribuindo para a economia portuguesa. Nessa linha, procurar-se-á descodificar se a sua opção por este ramo, se deveu a uma questão de oportunidade e/ou necessidade (?) e se o mercado se encontra baseado nesse aspecto, numa lógica marcada pela etnicidade (?). Serão salientadas questões económicas que lhes são inerentes: averiguar os prós e contras na tomada de decisão que se pensa ser neste processo decisiva e fulcral e que passa pela sua partida do Brasil e chegada a Portugal e pela opção de abertura de um salão de cabeleireiro e tudo o que isso acarreta (burocracia; dinheiro; energia; tempo; disponibilidade; conhecimentos).
Outras questões abordadas prendem-se com o capital social, as cooperações/redes e relações de família e conterrâneos que se vão tecendo entre quem se estabelece em Portugal e aqueles que aguardam a sua vez de fazer o mesmo; condições relacionadas com o mercado de trabalho português, bem como a exposição ainda que em traços genéricos da vida dos imigrantes na Quinta do Conde, sem nunca esquecer duas premissas que desde sempre alavancaram o presente trabalho – o género feminino e a etnia brasileira.
Uma nota final para a re(entrada) no terreno este ano (2011). No seguimento do trabalho de campo, registaram-se alguns comentários que convergem com um discurso de teor xenófobo. Ainda que por enquanto ténue ou porventura ocultado por parte da população nativa, face à maior ou pelo menos a mais visível etnia empreendedora no ramo da beleza na Quinta do Conde: “elas não têm formação”, expressão algumas vezes repetida no trabalho de campo, revela uma tendência de alguma radicalização do discurso por parte da população autóctone feminina em relação à mulher brasileira empreendedora. Decidiu-se face a estes factos novos, incorporar na Grelha de Entrevista várias questões que procuram explorar, confrontar e “colocar em diálogo” a mulher empreendedora portuguesa com a mulher empreendedora brasileira no sector da beleza.
- CHAVES, Tiago

Notas Biográficas
Nome: Tiago Miguel Marques Chaves
Formação Académica: Pós-graduação em Antropologia, especialidade em Globalização, Migrações e Multiculturalismo (ISCTE-IUL)
Percurso Profissional(mais recente): Bolseiro de Investigação no CIES/ISCTE no âmbito do Projecto PTDC/CS-SOC/101693/2008 - Culturas de Convivência e Super-diversidade, coordenado pela Profª Drª. Beatriz Padilla e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Áreas de Investigação e de Interesse:Antropologia; Sociologia; Migrações; Género; Etnicidade; Multiculturalismo; Relações inter-étnicas
Comunicações/Publicações (mais recentes):
“Empreendedorismo no Sector da Beleza: Brasileiros na Quinta do Conde”. II Seminário de Estudos sobre a Imigração Brasileira na Europa. Lisboa. ISCTE-IUL (04/06/2012-06/06/2012).
“Bairro e Diversidade: Mouraria e Cacém”. Conferência Internacional no âmbito no Projecto de Investigação PTDC/CS-SOC/101693/2008 – Conviviality&Superdiversity. Lisboa. ISCTE-IUL (11/06/2012-12/06/2012).
“Empreendedorismo no Sector da Beleza: Brasileiros na Quinta do Conde”. VII Congresso Português de Sociologia subordinado ao tema Sociedade. Crise e Configurações. Porto. Universidade do Porto na Faculdade de Letras e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (19/06/2012-22/06/2012).
PAP0377 - Empreendedorismo no contexto do Ensino Superior: reflexões empíricas
No contexto actual, o ensino superior tem sido assumido como um instrumento vital de promoção do empreendedorismo. Desde o início da reforma de Bolonha que esta estratégia tem estado no centro das preocupações das instituições universitárias europeias e nacionais, visível quer pela variedade de oferta educativa (unidades curriculares, licenciaturas, mestrados/especializações e doutoramentos), quer pelo seu envolvimento em actividades organizativas de transferência de conhecimento (centros de empreendedorismo, oficinas de incubação, laboratórios de ideias, etc.).
Apesar dos progressos alcançados, o empreendedorismo tem ainda um longo caminho a percorrer no Ensino Superior. Para além dos constrangimentos orçamentais que actualmente afectam a sua operacionalização nas universidades, verificam-se, igualmente, dificuldades em termos do seu enquadramento político-estratégico ao nível da governação académica. Com efeito, o modelo de organização de cariz mais ou menos burocrático da Universidade, a par da sua cultura institucional de perenidade que desvaloriza as mudanças (Santos, 2008) pode afigurar-se como factor crítico à criação de uma ambiente favorável ao empreendedorismo.
A presente comunicação começará por abordar o significado da actual reforma universitária europeia decorrente do processo de Bolonha, procurando fazer um breve enquadramento histórico desta reforma em relação às políticas de promoção do empreendedorismo académico, bem como no que diz respeito às mudanças recentes verificadas no contexto português. Com base nos resultados preliminares da tese de doutoramento “Empreendedorismo qualificado: políticas do ensino superior e (re)configuração das trajectórias profissionais dos diplomados”, designadamente da sua componente empírica assente na aplicação de um inquérito nacional sobre o potencial empreendedor aos estudantes (graduação e pós-graduação) das universidades públicas portuguesas, pretende-se, em seguida, analisar criticamente de que modo a cultura e a identidade das universidades podem ou não constituir um factor de força das opções relativas ao empreendedorismo, em particular no ensino superior em Portugal. Para tal, iremos reflectir sobre o posicionamento organizacional de “fechamento ou “abertura” das diferentes universidades que fizeram parte desta investigação, com o intuito de atribuir sentidos às práticas nos vários contextos organizacionais, onde, por vezes, se contradizem e tendem a evidenciar a vertente mais instrumental e gestionária sobre a temática do empreendedorismo – a empresalidade.
- MOREIRA, Rita

Rita Moreira é actualmente Doutoranda da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e investigadora integrada no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho com o projecto de doutoramento em Sociologia intitulado “Empreendedorismo qualificado: políticas do ensino superior e (re)configuração das trajectórias profissionais dos diplomados”.
Nos últimos anos participou em diversos projectos de investigação do CICS/UM financiados por entidades nacionais e internacionais. Destes projectos foram feitas publicações científicas e relatórios técnicos da sua autoria e em co-autoria.
PAP1184 - Empreendedorismo social e mediação: articulações e complementaridades na criação de mudança social
A comunicação agora proposta trata-se da apresentação dos resultados preliminares de uma tese de mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo. Procurar-se-á promover uma discussão entre empreendedorismo social e mediação, analisando-se o modo como estes dois paradigmas se articulam e complementam entre si.
A sociedade contemporânea é marcada por uma complexidade crescente, onde os conflitos surgem revestidos de múltiplas formas, com níveis variados, envolvendo actores diversos. Em paralelo, deparamo-nos com alguma ineficácia ao nível das respostas tradicionais, que se demonstram falíveis. A emergência de realidades sociais complexas exige respostas criativas e inovadoras, nomeadamente a criação de mecanismos de mediação, capazes de promover o (re)estabelecimento e, ou a (re)configuração de laços sociais. A mediação assume-se, neste contexto, como um meio estruturado para promover a coesão social, capaz de promover o diálogo e a participação dos intervenientes.
Por outro lado, como forma de dar resposta a um conjunto de problemas diagnosticados têm surgido algumas iniciativas de intervenção social, que se assumem como uma forma de regulação partilhada entre o Estado, a sociedade civil e o próprio mercado. Grande parte destas iniciativas de intervenção híbrida são exemplos vivos daquilo que podemos designar por empreendedorismo social, na medida em que, com uma abordagem de proximidade inovadora, conseguem dar respostas sustentáveis para determinados problemas sociais, promovendo ainda o empowerment individual e colectivo dos cidadãos por eles abrangidos.
As iniciativas de empreendedorismo social e mediação social surgem em contextos de conflito. Ambos os modelos de intervenção, através de uma abordagem inovadora e participativa, procuram alcançar respostas sustentáveis para os problemas ou necessidades diagnosticadas. No seu modo de actuação, quer o empreendedorismo, quer a mediação, têm em comum o objectivo de alcançarem mudança social.
Defendemos que, para se alcançarem mudanças sociais efectivas, na prossecução de iniciativas de empreendedorismo social, os intervenientes no seu modo de agir assumem os princípios da mediação. Defendemos igualmente que as iniciativas de mediação social, ao transformarem os conflitos em momentos de aprendizagem social e ao converterem os problemas sociais em oportunidades, se assumem como exemplos de empreendedorismo social. Com base na investigação empírica em curso, procurar-se-á fundamentar cada uma destas hipóteses de trabalho.
- CARDOSO, Pedro

- ALMEIDA, Helena Neves

Pedro Cardoso é licenciado em Sociologia e pós graduado em Gerir Projetos em Parceria pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Atualmente frequenta o mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo pela Faculdade de Economia e pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. A sua tese de mestrado procura discutir a relação entre mediação e empreendedorismo social. É membro da ISFEUC - Incubadora Social da Universidade de Coimbra. Em termos profissionais, tem colaborado com algumas organizações do terceiro setor, nas áreas do planeamento, gestão e avaliação de projetos. É co-autor de um programa de cultura de mediação em contexto escolar. Presentemente exerce as funções de coordenador de um projeto de intervenção social.
Helena Neves Almeida é professora convidada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC). Licenciada em Serviço Social, mestre em Psicologia é doutorada em Trabalho Social, com tese em “Mediação Social”, pela Faculdade de Letras da Universidade de Fribourg (Suiça). Professora do ensino superior desde 1976, leciona atualmente na licenciatura em Serviço Social e no mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo. Tem várias publicações na área da Intervenção Social, Mediação e Serviço Social, em revistas nacionais e estrangeiras, bem como livros e colaborações em obras coletivas. É investigadora do Instituto de Psicologia Cognitiva, do Desenvolvimento e Vocação Social (IPCDVS) da Universidade de Coimbra e consultora sénior em Serviço Social e Mediação do Observatório da Cidadania e Intervenção Social (OCIS) da FPCEUC, no âmbito do Projeto Europeu “Advisory Bureau of Social andCommunityMediation”.
PAP1376 - Empreendendo a independência e a autonomia – uma reflexão sobre o potencial emancipatório do auto-emprego feminino
Em virtude da relativa invisibilidade social das mulheres na esfera empresarial, só muito recentemente a temática do empreendedorismo feminino se traduziu, no nosso país, em objecto de análise sociológica, constituindo-se, pois, no actual momento, como uma área ainda muito pouco estudada. Ora, no âmbito da presente comunicação, pretende-se dar conta dos principais resultados de um trabalho de investigação qualitativa, com recurso a entrevistas aprofundadas, desenvolvido, precisamente, com o objectivo de contribuir para o colmatar dessa lacuna.
Assim, partindo de biografias de mulheres com itinerários de vida que passam pela criação do próprio emprego, o estudo em questão toma como objecto principal de análise o potencial emancipatório inerente a esses mesmos projectos de empreendedorismo. Valendo-se dos conceitos de independência e autonomia como instrumentos analíticos primordiais – dois conceitos que, sendo frequentemente confundidos entre si, remetem, teoricamente, para dimensões bem distintas da emancipação individual: respectivamente, para uma dimensão mais material (relacionada com a capacidade de auto-subsistência) e para uma dimensão mais subjectiva (relacionada com a capacidade de se ditar as regras da própria vida) –, o estudo resulta na identificação de um conjunto de variáveis explicativas dos diferentes níveis de emancipação conquistados, que colocam claramente em evidência a emergência de múltiplos constrangimentos, específicos da condição feminina no contexto empresarial.
Num cenário de crise laboral, como o que se vive actualmente, em que tanto se apela à capacidade de combater o desemprego (por conta de outrem) por via da criação do próprio emprego, o estudo que ora se apresenta permite, em última instância, reflectir profundamente sobre a eventual necessidade de repensar as políticas governamentais direccionadas para o incentivo à entrada das mulheres naquela que tem sido, tradicionalmente, uma esfera dominada pelo sexo masculino.
- NOGUEIRA, Cláudia
PAP0856 - Emprego e Diplomados: o caso do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
Em tempos marcados por profundas mudanças a vários níveis (sociais, económicas, geopolíticas, culturais e tecnológicas), com significativas repercussões ao nível da organização do trabalho e da configuração do sistema de ensino, as questões da transição para o trabalho dos diplomados do ensino superior têm sido objecto de atenção crescente, constituindo um tema de discussão nas sociedades contemporâneas. Do ponto de vista teórico, esta problemática tem sido objecto de uma diversidade de perspectivas de análise que põem em relevo um grande número de dimensões e que evidenciam uma grande variedade de factores que influenciam, quer do lado de quem oferece emprego, quer do lado de quem o procura, as relações que se estabelecem entre ensino superior e mercado de trabalho. O reconhecimento da heterogeneidade desses factores (não só de ordem económica, mas também de natureza social e cultural), reflecte-se na complexificação crescente do modo como se perspectiva a transição dos diplomados da universidade para o mundo do trabalho. Transição que apresenta características específicas, de entre as quais de destacam: o alongamento temporal e o aumento da complexidade das trajectórias profissionais, o que corresponde a um tempo mais prolongado de acesso a um emprego estabilizado, em percursos marcados pela mobilidade entre desemprego, emprego instável ou ocasional e formação profissional sem que os mesmos estejam condicionados a uma linha de continuidade, mas fundamentalmente de oportunidade; a sujeição a novas formas de emprego, pautadas pela precariedade contratual, flexibilidade profissional e organizacional e incerteza face ao futuro profissional.
Enformada por estes eixos teóricos, a nossa comunicação centra-se na apresentação e análise de um conjunto de dados que caracterizam a actual situação profissional dos diplomados do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). Esses dados resultam da aplicação de um inquérito por questionário aos diplomados que terminaram a sua formação académica nos anos lectivos de 2004/05 a 2006/07 e encontram-se inseridos num trabalho de investigação mais amplo que temos vindo a desenvolver sobre as articulações entre o ensino politécnico e o mercado de trabalho.
- PINHEIRO, Luisa

Nome: Luisa Pinheiro
Afiliação institucional: Investigadora do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (ISFLUP)
Doutoranda na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Trabalho, Emprego e Ensino Superior; Sociologia da Educação.
PAP0027 - Emprego e Trajectórias Profissionais: o caso dos diplomados Instituto Superior Politécnico de Viseu
A dificuldade
crescente dos jovens
diplomados do ensino
superior em aceder
ao emprego é um
reflexo da evolução
da oferta de
mão-de-obra
qualificada,
consequência da
expansão do ensino
superior e da
mutabilidade das
características do
mercado de trabalho.
O investimento em
educação e a
obtenção de diplomas
de ensino superior
representam assim,
cada vez mais, uma
postura de risco,
não garantindo a
priori o acesso ao
emprego. Esta
questão não pode ser
somente colocada ao
nível do acesso ao
emprego, mas também
ao nível do aumento
efectivo da
precariedade
laboral, sobretudo
visível numa
desclassificação
progressiva dos
jovens diplomados,
particularmente no
exercício do
primeiro emprego.
Este artigo, que se
enquadra na análise
do processo de
transição para o
trabalho dos
diplomados 2005/06
do Instituto
Superior Politécnico
de Viseu, apresenta
as trajectórias
profissionais
destes, 18 meses
após a obtenção do
diploma académico.
Paralelamente o
enquadramento
geográfico desta
instituição de
ensino superior,
tendo presente a
realidade nacional,
apresenta-se como
uma oportunidade de
verificar o seu
papel no processo de
desenvolvimento
local, através da
capacidade de
atracção e fixação
de mão-de-obra jovem
qualificada, a nível
regional.
A estratégia
metodológica, em
termos das técnicas
de recolha e
tratamento da
informação, assenta
na interligação e
complementaridade
entre um inquérito
por questionário aos
finalistas e outro
aos diplomados,
entrevistas
semi-directivas a
diplomados e a
coordenadores dos
cursos, além da
incontornável
análise documental.
Com o objectivo de
tipificar as
trajectórias
profissionais
iniciais dos
licenciados, foi
aplicada ainda uma
técnica de análise
multivariada em que
se conciliou a
análise factorial de
correspondências
múltiplas (AFCM) e a
análise
classificatória
(AC), sendo
utilizado no seu
tratamento
estatístico o
programa informático
SPAD – Logiciel d’
analyse des donnés,
seguindo a linha de
investigação já
utilizada em Parente
(2003), Veloso
(2004) e Gonçalves
(2009).
- SOUSA, Luis Nuno

Luís Nuno Figueiredo e Sousa
Licenciado em sociologia pela FLUP (1999), Mestre em Ciências Sociais pelo ISCTE (2003), Doutor em Sociologia pela FLUP (2011).
Professor-Adjunto da ESEV/IPV onde lecciono desde o ano letivo de 2000/01.
Áreas de investigação: Sociologia do Trabalho/Organizações - Transição/Inserção Profissional dos diplomados do Ensino Superior.
PAP0953 - Encarnando a personagem mãe ou pai: representação de um papel socialmente construído
Criar uma criança é um desafio de grande responsabilidade para os progenitores, pela complexidade de competências e saberes necessários, e exige profundas alterações nos papéis sociais do casal, acompanhadas de necessidades de redefinição e reorganização de projectos de vida, com padrões de prestação de cuidados que podem influenciar a futura interacção Pais-criança.
Este estudo procurou compreender como se desenvolve a transição para o exercício da parentalidade durante o primeiro mês de vida da criança. O conhecimento e a compreensão destas experiências parentais são fundamentais para se poder apoiar os Pais na busca de uma transição bem sucedida.
É parte dos resultados da tese de doutoramento que investigou a experiência de casais que vivenciam o primeiro ano de exercício parental. Utilizou como referencial metodológico a Grounded Theory e contou com a participação de cinco casais participantes. A recolha de dados realizou-se a partir de entrevistas semi-estruturadas (total = 75) e observação participante (total = 111 horas).
Descreve a categoria - ENCARNANDO A PERSONAGEM MÃE OU PAI - constituída pelas subcategorias: “assumindo cuidados no feminino ou masculino”, “descrevendo-se como mãe”, “descrevendo-se como pai”, “vendo a esposa como mãe” e “vendo o marido como pai”, referente às condições, presentes na transição para a parentalidade, que permeiam as acções (ou não acções) que os Pais realizam frente ao fenómeno e o modo como as conduzem.
Os resultados reflectem e patenteiam valores e ideologias relativos aos papéis masculinos e femininos, paternos e maternos, evidenciando a riqueza e a complexidade dos factores psicossociais que operam sobre esta transição. Permitem-nos equacionar a importância que a estrutura social tem neste processo, nomeadamente o sistema simbólico que culturalmente e historicamente determina os significados e as representações da parentalidade, e da própria experiência parental.
Os Pais são levados a uma polarização de papéis de género que define e constrói o significado de ser “boa” mãe/“bom” pai, esposa/marido, mulher/homem, representando ou personificando um papel materno ou paterno socialmente construído.
- MARTINS, Cristina Araújo
PAP0761 - Ensinar valores religiosos para formar o cidadão: reflexões acerca da introdução do ensino religioso confessional em escolas públicas no Rio de Janeiro (Brasil)
A escola pública no Rio de Janeiro tem sido
palco de controvérsias em função da introdução
do ensino religioso confessional e obrigatório
(Lei estadual 3459/2000). A principal questão
do debate está voltada à pertinência legal, ou
não, do ensino religioso, sem que se
problematize como os distintos atores vivenciam
e reagem aos conteúdos e práticas pedagógicas.
Trata-se de uma comunicação voltada a discutir
resultados de uma pesquisa empírica ainda em
curso, cujo foco é problematizar como uma
gramática de valores religiosos, em especial,
de matriz cristã, tem sido introduzida na
escola pública, a partir da observação de como
esses conteúdos têm sido apresentados em salas
de aula.
Essa estratégia metodológica tem possibilitado
perceber como os diferentes grupos, que
interagem no espaço público escolar, agem e
interagem, manifestando conflitos vivenciados
dentro e fora da escola, que se relacionam a
possíveis formas de expressão de diferenças
identitárias, com destaque para as de natureza
étnico-religiosa.
Tal abordagem tem permitido identificar a
existência de um constrangimento velado em
relação aos estudantes, em especial os que
tinham vínculos com religiões afro-brasileiras,
que não manifestavam publicamente sua opção
religiosa no espaço escolar.
O foco analítico parte de uma problemática
acerca das características democráticas do
Estado brasileiro e seus possíveis limites no
reconhecimento do status genérico de “cidadão”
a diferentes sujeitos sociais tomando como
recorte empírico a instituição escola e os
processos de controle dos usos e dos recursos
presentes neste espaço público. Assim, a
escola tem sido pensada como um espaço
simbólico de interações que representa um
complexo e rico cenário, no qual os atores
colocam à prova suas múltiplas competências
(citadinas, cívicas, morais, etc.) para a
administração de seus conflitos, o que permite
perceber a pluralidade de ações e atores em
face da tentativa de imposição de modelo de
moralidade de base cristã.
Tal perspectiva é fundamental para avançar no
debate acerca do papel da escola como agente de
socialização e transformação social, presente
nos documentos legais e no discurso dos atores,
na medida em que deixa transparecer que a
argumentação de que escola pública deve ser
laica não é suficiente para retirar os valores
religiosos do ambiente escolar, do mesmo modo
que as aulas de ensino religioso não atuam para
converter todos os alunos às respectivas
doutrinas.
PAP0775 - Entre a defesa e o ataque, os imigrantes do futebol português
Num processo que não é novo, o futebol português participa na dinâmica global de forte competição pela procura de jogadores com características físicas, técnicas e táticas capazes de materializar em vitórias a ambição dos clubes, adeptos e patrocinadores. Em distintas escalas, essa procura tem desencadeado um intenso processo migratório internacional caracterizado, sobretudo, pela sua complexidade assente, em grande parte, na diversidade de origens e destinos migratórios. A observação dos plantéis dos principais clubes europeus, muitos deles constituídos, quase exclusivamente, por jogadores estrangeiros, é reveladora da importância que assume a migração internacional de futebolistas, sendo reflexo de uma cultura desportiva na qual o trabalho atlético atravessa fronteiras políticas, culturais, étnicas, e económicas
Também em Portugal os futebolistas estrangeiros são parte integrante e relevante do cenário futebolístico. Nomes anónimos ou mediáticos, os futebolistas estrangeiros representam mais de metade da totalidade dos jogadores da Primeira Liga, sendo que há clubes nos quais os jogadores nacionais ocupam lugar meramente residual. Se para alguns protagonistas do futebol português esta é uma consequência inevitável do funcionamento das leis de oferta e procura do mercado futebolístico, outros apelam a uma atitude defensiva invocando que os futebolistas estrangeiros retiram espaço laboral aos jogadores nacionais. A presente comunicação visa caracterizar o fluxo imigratório do futebol português, determinando o volume, a origem, as reacções e consequências desse processo, considerando ainda que este fenómeno é determinado por dinâmicas de globalização bem como por especificidade da sociedade portuguesa. Esta análise terá em consideração as épocas futebolísticas mais recentes.
- NOLASCO, Carlos

Carlos Nolasco, doutorando em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra/Centro de Estudos Sociais, com uma dissertação na área das migrações de trabalho desportivo. Licenciado em Sociologia e Mestre pela FEUC. Profissionalmente foi assistente de investigação no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra entre 1993 e 2002. Docente do Instituto Piaget desde 1997. Entre 2002 e 2005 exerceu o cargo de Presidente da Direcção da Escola Superior de Educação Jean Piaget de Viseu. Tem como áreas de interesse a sociologia do desporto, migrações e direito e globalização.
PAP0812 - Entre a docência e a investigação: o sociólogo situado em experiências co-construídas
A comunicação tem por base a nossa trajectória profissional, situada entre as práticas da docência e da investigação. Estas têm sugerido, desde que iniciámos percurso em 1992, uma directriz estruturante: o papel profissional do sociólogo configura-se na relação constante e reflectida entre a formação graduada e pós-graduada de públicos-alvo e o olhar orientado sobre o mundo social, com o desenho de projectos de investigação, pluridisciplinares e de feição interventiva/aplicada. É da confluência entre ambos que se constrói um papel profissional situado. Apresentamos aqui duas experiências recentes de trabalho em que nós, como sociólogo, docente e investigador, fomos convidados a participar. Fora do campo estritamente académico, mas sempre em relação estreita com ele. Primeira experiência: monitorização externa do projecto teatral ENTRADO, realizada entre Dezembro de 2009 e Julho de 2011, no âmbito de uma parceria estabelecida entre a PELE e o Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (ISFLUP). O intuito foi o de acompanharmos o processo de criação teatral do projecto ENTRADO no Estabelecimento Prisional do Porto (de Setembro de 2009 a Maio de 2010). Sobre esta história, construída por vários interlocutores, com diferentes papéis atribuídos, o nosso foi o de monitorizar o projecto. Fizemo-lo num duplo papel: como profissional que, a dado momento, faz o acompanhamento das várias impressões deixadas por todos os participantes; como actor social, interessado em processos criativos de cariz cultural e social, que tornam protagonistas actores sociais anónimos. Segunda experiência: projecto pluridisciplinar sobre o Centro Histórico de Guimarães (CHG), realizado entre Setembro de 2010 e Maio de 2012, e no âmbito de uma parceria entre a SETEPÉS e o ISFLUP. Este projecto procura caracterizar os modos como a população de Guimarães se relaciona com a área classificada Património Cultural da Humanidade (o espaço patrimonial CHG), elaborar um plano de acção que promova na população o envolvimento cívico na vivência desta área classificada e sensibilizá-la para adoptar uma postura activa quanto a actividades de conservação, reabilitação e classificação do CHG. Situamo-nos como sociólogo tanto na fase exploratória de auscultação de actores sociais locais como na fase de caracterização dos perfis sociodemográficos dos moradores e não moradores desta zona da cidade e das suas representações e expectativas face a ela. Num trabalho participado, de feição teórico-metodológica e artística, o sociólogo desenvolveu uma prática de construção conjunta de conhecimento que fundamenta propostas de intervenção no CHG. É nas componentes do saber e do saber-fazer em acção, e no conjunto de discursos, práticas e relações de poder, que se exige ao sociólogo um papel profissional reflexivo e interventivo.
- AZEVEDO, Natália

Natália Azevedo.
Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Sociologia.
Doutoramento, mestrado e licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Áreas privilegiadas de investigação: sociologia da cultura e das artes e metodologias de investigação e avaliação, em particular nos temas das culturas urbanas, práticas e políticas culturais, turismo cultural e desenvolvimento, metodologias de investigação, intervenção e avaliação.
PAP0449 - Entre a escola e a família: usos do computador Magalhães
A distribuição de computadores portáteis às crianças do 1º ciclo do ensino básico, em Portugal, constituiu uma medida política que, no seguimento de outras, teve como desígnios democratizar o acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC) e, assim, promover a utilização destas nos processos de ensino-aprendizagem, preparando precocemente as novas gerações para a sociedade do conhecimento.
Contudo, a ideia de que as TIC, por si sós, podem ser geradoras de mudança e progresso, presente em muitos discursos sobre a sociedade da informação, parece padecer de algum determinismo tecnológico que tem vindo a ser denunciado pela evidência empírica (Lyon, 1992). No campo da educação, estudos têm revelado que a aplicação simples das TIC, sem nada modificar as práticas de ensino, não traz mudanças significativas aos sistemas educativos e pode agravar desigualdades de aprendizagem iniciais (Eurydice, 2001; Miranda, 2007). Ao distribuir computadores às famílias, o programa e.escolinha veio amplificar o potencial alcance deste tipo de iniciativas, colocando questões relativas ao processo de integração das novas tecnologias no espaço escolar, como também no espaço familiar, e, em particular, em relação à articulação entre estes dois contextos. A sociologia da educação tem dado conta de obstáculos estruturais e dificuldades de interacção na relação escola-família (Dubet, 1997; Montandon e Perrenoud, 2001; Silva, 2003) que poderão contribuir para compreender a forma como a medida política em causa está a ser apropriada pelos actores sociais.
Com o objectivo de investigar os usos e efeitos do computador Magalhães no 1º ciclo do ensino básico no quadro da relação escola-família, temos em curso um estudo de caso numa Escola Básica Integrada de Ponta Delgada (Açores), baseado em métodos extensivos (inquérito a pais, alunos e professores) e intensivos (entrevistas a pais e professores e registos etnográficos de uma turma).
Entre os resultados já apurados (Diogo, Gomes e Barreto, 2010), foi possível constatar que o computador Magalhães tem sido muito mais amplamente utilizado em casa do que na escola, quer pela frequência do uso, quer pela amplitude do tipo de utilizações que lhe é dado. Trata-se de resultados que não são surpreendentes, na medida em que estão em consonância com os encontrados noutros trabalhos em relação ao uso das TIC em geral (Almeida, Alves e Delicado, 2008; Fluckinger, 2007). Nesta comunicação iremos centrar-nos na exploração de pistas para a compreensão desta constatação, incidindo, especialmente, na hipótese relativa aos modos de articulação e colaboração estabelecidos entre escola e família. Para o efeito, serão mobilizados dados provenientes de inquéritos por questionário, entrevistas e registos etnográficos realizados na comunidade escolar onde o estudo decorre.
- DIOGO, Ana
- GOMES, Carlos
PAP0981 - Entre a identidade e a justiça: contributos da teoria do reconhecimento
A teoria do reconhecimento tem sido desenvolvida consistentemente por Charles Taylor e Axel Honneth, a partir da ideia original de F. Hegel e com os contributos da psicologia social de George Mead. Honneth (2011) formula uma concepção intersubjetiva da autoconciência humana, uma vez que ela é obtida na medida em que o sujeito compreende a sua própria ação a partir da perspetiva, simbolicamente representada, de uma segunda pessoa. Para Honneth, esta tese representa a primeira etapa na fundamentação naturalista da teoria do reconhecimento de Hegel, em que Mead inverte a relação do “Eu” e “mundo social”, afirmando a antecedência da percepção do outro sobre o desenvolvimento da autoconsciência.
O sujeito obtém assim a capacidade de participação nas interações normativas do seu meio e ao adotar como suas as normas sociais de ação do outro generalizado, desenvolve a identidade de um sujeito aceite na sua comunidade. Neste processo de socialização, operado na relação intersubjetiva, o conceito de reconhecimento é desdobrado em três esferas: Amor, Direito e Estima Social. Estas esferas, através da aquisição cumulativa de autoconfiança, auto respeito e auto-estima, criam as condições sociais que permitem os atores chegar a uma atitude positiva para com eles mesmos, originando o indivíduo autónomo. De igual forma, às correspondentes formas de reconhecimento mútuo, poder-se-á atribuir experiências paralelas de desrespeito social.
Para Taylor (2009), a importância do reconhecimento é admitida hoje universalmente de uma forma renovada. No plano da intimidade somos todos conhecedores de como se forma e deforma a identidade no nosso contato com os outros significativos. No plano social temos uma política incessante de reconhecimento no plano da igualdade. O reconhecimento igual ao ser negado pode prejudicar aquele a quem é recusado. Para Taylor, a projeção no outro de uma imagem depreciativa pode realmente oprimi-lo, na medida em que for interiorizada.
A identidade de cada um depende das relações dialógicas estabelecidas com os outros. Segundo Taylor, definimo-nos sempre em diálogo, exterior e interior, por concordância ou oposição, com a identidade que os outros significativos querem, ou quiseram, reconhecer em nós.
Neste trabalho pretende-se uma abordagem sociológica capaz de aferir os princípios normativos próprios de uma época, estruturalmente inscritos na relação de reconhecimento recíproco, de modo a explicar os processos de mudança social. Parece adequada uma metodologia qualitativa, compreensiva, com recurso à análise documental e a entrevistas semi-directivas. Pretende-se aplicar o quadro teórico à pesquisa da sociedade insular micaelense, a partir de dois grupos sociais extremos no espetro social, como sejam os indivíduos que se encontram desafiliados socialmente, como o caso dos sem-abrigo por contraste aos indivíduos que se encontram no topo da estratificação social.
- FONTES, Paulo Vitorino

Paulo Vitorino Fontes, nascido a 9 de Junho de 1975, nos Estados Unidos da América, vive desde a infância nos Açores. Licenciado em Sociologia em 2001 e a realizar a dissertação de mestrado na Universidade dos Açores. Exerce actividade profissional de coordenação e intervenção social e interessa-se pela investigação na teoria crítica com articulação e especial enfoque na teoria do reconhecimento.
PAP0746 - Entre a profissão e a comunidade académica: Contributos para uma caracterização sócio-organizacional
A profissão académica foi apelidada em 1969 por Harold Perkins de ‘profissão-chave’. O autor pretendia com esse termo, enfatizar a influência e o papel central destes profissionais na sociedade em geral. A associação da actividade académica a uma ‘profissão’ tem sido amplamente discutida na literatura (Altbach, 2000; Askling, 2001; Becher, Trowler, 2001; Enders, 1999; 2001). Tendo por referência o contexto anglo-saxónico alguns autores criticam a existência de uma ‘profissão’ académica dado que não lhe reconhecem a existência de boa parte das características associadas às profissões na literatura do campo (Brennan, Locke & Naidoo, 2007). Com isto não pretendemos argumentar a recusa da utilização do termo ‘profissão académica’, mas, pelo contrário, defendemos uma discussão comparativa do termo em relação ao conceito de ‘comunidade académica’. A ‘comunidade académica’, baseada no ethos mertoniano e no próprio conceito de ‘profissão académica’, emerge na sociedade portuguesa como errática (Sousa, 2010) não sendo claro quem constitui a comunidade académica e como se caracterizam os académicos. Tal carácter errático permite-nos enfatizar a única dimensão em comum a todos os académicos: o conhecimento. Seja ele relativo à sua transmissão (na docência), produção (na investigação), difusão ou aplicação (no serviço).
Não obstante a problemática em torno da sua classificação os académicos têm, nos últimos anos, enfrentado desafios importantes decorrentes do impacto das alterações da sociedade em geral e, de forma mais particular, das mudanças nas Instituições de Ensino Superior (IES). Face aos desafios colocados por estas alterações os académicos são cada vez mais interpretados como meros assalariados, em lugar de ‘profissionais de elite’ (Carvalho, 2011; Musselin, 2004; 2008; Carvalho, 2011).
Em Portugal os estudos neste domínio são relativamente escassos (Sousa, 2010, 2011; Meira-Soares, 2001; Santiago & Carvalho, 2008; Carvalho & Santiago, 2010). Assim, é objectivo desta comunicação contribuir para a discussão desta problemática usando os conceitos de profissão académica e o de comunidade académica para caracterizar o corpo de profissionais das instituições de ensino superior em Portugal. Para que se inicie uma discussão mais profunda sobre esta temática importa saber quem são os académicos em Portugal. Esta análise é empiricamente suportada pela discussão de dados quantitativos provenientes de uma base de dados compilada pela Agência Nacional de Avaliação e Acreditação no Ensino Superior (A3ES) relativa a docentes do ensino superior português. A comparação com estudos anteriores permite-nos analisar e discutir o sentido da evolução deste grupo profissional no contexto nacional.
- CARVALHO, Teresa

- SOUSA, Sofia
BIOGRAFIA
Teresa Carvalho é professora auxiliar no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro. Licenciada em Sociologia pela Universidade de Coimbra, Mestre em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Minho e Doutorada em Ciências Sociais pela Universidade de Aveiro. É investigadora no Centro de Investigação e Políticas do Ensino Superior (CIPES). É membro eleito da Comissão Executiva da RN19 – Sociologia das Profissões da ESA (European Sociological Association).
PAP1249 - Entre a reivindicação da autonomia e o reconhecimento de influências – os alunos do ensino secundário face às suas escolhas escolares.
Na contemporaneidade, a individuação é uma experiência tão fundamental quanto problemática. Ela constrói-se através de uma sucessão de “provas” (Martuccelli, 2006), com implicações nas escolhas e nas decisões tomadas pelo indivíduo, num espaço de liberdade fortemente amplificado.
Actualmente, dada a extensão temporal da sua obrigatoriedade, a escola assume um lugar central nas biografias juvenis. De facto, a individuação adolescente inscreve-se duradouramente no sistema educativo e expressa-se através de múltiplas opções escolares. Tal é particularmente verdade quando se atinge o ensino secundário, uma vez que a sua frequência implica a definição de um projecto individual. Neste caso, a autenticidade articula-se com a “obrigação” de livremente escolher uma dada via escolar. Definir um projecto vocacional que dê sentido aos estudos revela-se, assim, um dos problemas cruciais com que o adolescente hoje se defronta.
Esta comunicação pretende confrontar a obrigação estudantil de ser autêntico na escolha de uma dada vocação/área de estudo com a percepção das múltiplas influências e apoios que servem de suporte à sua escolha – como a família (pai, mãe, irmãos e outros familiares), o mundo escolar (professores e psicólogos/orientadores), os amigos, os media tradicionais (TV, revistas e jornais) e a internet.
O material empírico, recolhido no âmbito do projecto “O futuro em aberto: incertezas e riscos nas escolhas escolares” (proj FCT nº FCT nº PTDC/CED/67590/2006) desenvolvido entre 2008 e Dezembro de 2010, envolve a combinação de métodos de tipo extensivo com métodos de tipo intensivo. Neste texto, serão explorados resultados da análise ao inquérito por questionário aplicado em Abril de 2008 ao universo de 1793 alunos que frequentavam o 10º e o 12º ano de escolaridade em seis escolas secundárias públicas portuguesas, escolhidas em virtude dos perfis sociais e culturais contrastantes dos seus públicos, em articulação com dados resultantes da análise de 24 entrevistas semi-directivas recolhidas junto de 24 alunos do 10º e 12º ano de escolaridade de três das seis escolas da amostra (8 entrevistas por escola).
- VIEIRA, Maria Manuel
- PAPPÁMIKAIL, Lia
- MELO, Maria Benedita
PAP1247 - Entre a vitimização e o heroísmo: relatos autobiográficos da experiência escolar produzidos no âmbito do processo RVCC
A educação de adultos tem vindo a ser reordenada com base em políticas e práticas que consolidam o discurso em torno da aprendizagem ao longo da vida. Entre as novas ofertas educativas destinadas ao público adulto sobressai, pela sua originalidade, o Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), assente na valorização das aprendizagens não-formais e rompendo com os tradicionais modelos de educação escolar.
As práticas de reconhecimento, validação e certificação de competências, ainda que orientadas pelos Referenciais de Competências-Chave, são bastante diversificadas e contextualizadas. Várias investigações (Ávila, 2005; Cavaco, 2008; Freire, 2009) têm revelado que o modo como é concretizado este processo pode apresentar variações de Centro para Centro. Apesar da diversidade de instrumentos utilizados pelos Centros Novas Oportunidades, o processo RVCC baseia-se num conjunto de pressupostos metodológicos: o Balanço de Competências e a abordagem Autobiográfica.
A metodologia adoptada, baseada sobretudo na escrita, visa promover um trabalho reflexivo do adulto sobre si mesmo, permitindo o reconhecimento do valor das suas experiências de vida.
Nesta comunicação iremos apresentar alguns resultados da análise de um corpus documental de cem autobiografias elaboradas por adultos que passaram pelo sistema RVCC em quatro Centros Novas Oportunidades da região Alentejo. Iremos centrar-nos, sobretudo, nos relatos e descrições das experiências escolares destes indivíduos. No caso particular dos adultos certificados através do processo RVCC, a prova escolar (na acepção de D. Martuccelli, 2006) compõe-se de percursos escolares de duração bastante variável e de casos de sucesso e insucesso.
Assim, a comunicação irá estruturar-se em duas partes distintas. Em primeiro lugar, o julgamento que os indivíduos fazem da experiência escolar, elucidando os critérios de julgamento tidos em consideração. Dada a abrangência intergeracional do programa, são várias as formas escolares e os modos de socialização que configuraram as diferentes experiências escolares.
Em segundo lugar, a análise dos motivos e das condições em que ocorreu a interrupção do percurso escolar. A larga abrangência do programa, correspondendo aos quatro ciclos de ensino não superior, abarca indivíduos com níveis de qualificação bastante díspares, envolvendo, por um lado, aqueles com níveis de qualificação escolar muito baixos e, por outro, indivíduos com níveis de qualificação acima da média verificada na sociedade portuguesa. Procuraremos, pois, identificar quais os factores que favorecem o encurtamento e o prolongamento das trajectórias escolares, caracterizando, quer os percursos e o abandono escolares, quer os retornos à escola, ao longo da vida.
- CALHA, António Geraldo Manso

António Calha é docente na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Portalegre, licenciado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e mestre em Sociologia pela Universidade de Évora. Investigador do C3I-IPP. Doutorando em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). As suas áreas de interesse incluem: sociologia da saúde; sociologia da educação; sociologia do desenvolvimento. Contactos: antoniocalha@hotmail.com; antoniocalha@essp.pt.
PAP0822 - Entre a ‘gaiola de ferro’ e a ‘gaiola de cristal’: percepções dos académicos portugueses sobre o controlo e a regulação política e institucional do trabalho académico
O objectivo geral deste estudo é compreender a forma como os académicos, em Portugal, se posicionam face às
crescentes
tentativas de
institucionalização
de novas tecnologias
de controlo e
regulação das suas
acções e condutas
profissionais.
Seguindo de perto a
conceptualização de
Foucault (2004),
sobre a emergência e
ascensão do
neoliberalismo nas
sociedades
ocidentais, estas
tentativas parecem
traduzir dinâmicas
governamentais
‘construtivistas’
(Gordon, 1991; Rose,
1996) visando a
hegemonização do
modelo de empresa e
de
concorrência/competição
no ensino superior.
Activa e
deliberadamente, as
políticas
governamentais
procuram construir,
artificialmente, um
‘ambiente
institucional’ de
mercado no ensino
superior, visando a
transformação do
habitus e modus
operandi (Bourdieu,
1989, 2006) herdados
do modelo
humboldtiano. Neste
processo, a Nova
Gestão Pública
(NGP), é assumida
como um paradigma
político-instrumental e
uma tecnologia de
controlo e regulação
(Deem, Hillyard e
Reed, 2007) usado
para criar esta
‘nova ordem’ no
sistema e nas IES.
Elege, como alvo
principal, a
conquista dos
académicos para este
´projecto’empreende.
Tal tem significado
a mobilização de
dois modos
contraditórios de
controlo e regulação
do trabalho
académico – as
técnicas de
dominação (Weber,
1999) e as técnicas do ‘self’ (Foucault,
1991; 2004; Costea
et al., 2007).
O suporte empírico
deste estudo é
constituído pelos
dados obtidos com um
questionário
internacional –
‘Mudanças na
Profissão Académica’
– administrado a
académicos
portugueses (N=1320)
vinculados às IES
públicas. A análise
dos dados permite
suportar as
seguintes principais
conclusões. A
maioria dos
académicos
inquiridos: a)
percepciona de forma
tendencialmente
negativa as mudanças
ocorridas na
governação e gestão
das IES; b) mantém
um relativo
auto-controlo da
divisão e das
condições de
desenvolvimento do
trabalho académico
(ensino e
investigação); c)
enfatiza os valores
e práticas
profissionais
‘tradicionais’
(colegialidade e
autonomia
individual) face ao
‘modelo de empresa’
e aos mecanismos de
concorrência/competição
injectados no
sistema. Nesta
lógica, a
intersecção das
técnicas de
dominação e do
‘self’ ainda não são
sentidas como uma
dimensão
estruturante do
controlo e regulação
do comportamento e
do trabalho
profissional dos
académicos.
- SANTIAGO, Rui

- FERREIRA, Andreia

“Rui Santiago é professor associado com agregação na Universidade de Aveiro e investigador no Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior. Os seus principais interesses de investigação são a governação e a gestão institucional do ensino superior e a profissão académica. Publicou, recentemente, vários artigos nas revistas internacionais Higher Education, Higher Education Quarterly , Higher Education Policy, Minerva e European Journal of Education. É co-editor dos livros Non-University Higher Education in Europe (Springer, 2008) e The Changing Dynamics of Higher Education Middle Management (Springer, 2010). Ao nível nacional é, igualmente, co-editor, entre outros, do livro Grupos Profissionais, Profissionalismo e Sociedade do Conhecimento: tendências, problemas e perspectivas (Edições Afrontamento, 2012).”
Andreia Ferreira
Bolseira de projecto FCT – Universidade de Aveiro e CIPES – Doutoranda no Programa Doutoral ‘Estudos em Ensino Superior” (Universidade de Aveiro e Universidade do Porto)
Área de Formação: Sociologia
Interesses de investigação: Profissões; Ensino Superior
PAP0277 - Entre as Políticas e Práticas de Cooperação Transfronteiriça Alentejo-Extremadura: um debate sobre o diagnóstico prospectivo da Rede de Actores no Contexto do Terceiro Sector
A presente comunicação resulta duma síntese reflexiva dos aspectos teórico-metodológicos duma investigação em curso, subordinada ao tema da Cooperação Transfronteiriça Alentejo-Extremadura, delimitado ao nível do Terceiro Sector. Apresentamos na primeira parte os traços gerais dos pressupostos de análise da cooperação territorial transfronteiriça, questionando a problemática da cooperação como um requisito indispensável à ordem social e coesão territorial, enquanto processo de actuação e negociação entre entidades públicas, privadas e do terceiro sector que interferem com as estratégias conjuntas de desenvolvimento local, regional e transfronteiriço. Na segunda parte, damos a conhecer as linhas orientadoras do modelo de análise e as propostas de observação, análise e compreensão das práticas de cooperação transfronteiriça dos actores não governamentais, desenvolvidas nas regiões limítrofes Alentejo-Extremadura, identificando os principais actores em interdependência no contexto da EUROACE. No seguimento destes dois pontos, abrimos um debate sobre os dilemas do diagnóstico prospectivo da rede de actores no contexto do terceiro sector, questionando a pertinência dos seus contributos no âmbito da antecipação reflexiva sobre as novas lógicas de acção, capazes de desocultar os possíveis níveis e padrões de interacção dos diferentes actores não-governamentais ao nível da cooperação transfronteiriça, para apontar eventuais formas de concepção das hipóteses de “cenarização” prospectiva dos futuros possíveis nos próximos dez anos, designadamente ao nível das “redes sociais”, “parcerias”, “partenariado”, “acções comunitárias”, “solidariedades locais” e “redes territoriais de desenvolvimento local” e transfronteiriça Alentejo-Extremadura.
Palavras-chave: cooperação transfronteiriça; rede; actores; diagnóstico prospectivo; terceiro sector
Autores:
Graça Viegas
Doutoranda em Sociologia, Univ. Evora / colaboradora do CESNova-UNL
E-mail:palulaviegas@yahoo.fr
Carlos Alberto da Silva
Univ. Évora, ECS, Dep. Sociologia / CESNova-UNL
E-mail: casilva@uevora.pt
- VIEGAS, Graça

Doutoranda em Sociologia, na Universidade de Évora, Mestre em Sociologia (vertente de Recursos Humanos e Desenvolvimento sustentável), pela Universidade de Évora e Licenciada em Sociologia, pela mesma Universidade. É Formadora na EPRAL - Escola Profissional da Região Alentejo, propriedade da Fundação Alentejo, na disciplina de Sociologia e demais disciplinas na área das ciências sociais.
É investigadora integrada no CESNOVA – FCHS-UNL, desenvolvendo actividades de investigação no âmbito da tese de doutoramento.
Os interesses de investigação incidem na prospetiva estratégica e a análise de redes sociais, nos domínios do território, desenvolvimento loca/regional, recursos humanos e cooperação transfronteiriça.
PAP0169 - Entre as folhas dos jornais: a ciência e tecnologia na imprensa, entre 1976 e 2005
Esta comunicação debruça-se sobre a discussão em torno da Compreensão Pública da Ciência e da Tecnologia (Public Understanding of Science and Technology), em particular, aborda a presença da ciência e da tecnologia na imprensa portuguesa.
Partindo do princípio que os artigos sobre ciência e tecnologia publicados nos jornais nacionais, são representativos e fonte da cobertura dada pelos média a estes assuntos, o objectivo desta comunicação é possibilitar a construção de um retrato do que tem sido a cobertura mediática de assuntos de ciência e tecnologia, entre 1976 e 2005.
Parece claro, que para possibilitar a transferência de conhecimento da actividade científica para a sociedade em geral, a comunicação de ciência e tecnologia tem um papel central. O estudo e a análise desta “ciência popular” podem fornecer um bom indicador do nível de conhecimentos, sobre ciência e tecnologia, que possui o cidadão comum.
O período em análise foi marcado por avanços, científicos e tecnológicos, gigantescos que contribuíram para o avanço do conhecimento científico, de forma indiscutível. Foi um tempo em que o mundo viveu eventos cruciais. Este foi um período em que as fronteiras da ciência conheceram novos territórios, alargando os seus limites, para lá do imaginável.
Portugal também viveu uma autêntica revolução, em termos científicos e tecnológicos, nomeadamente, através de uma maior participação nas relações científicas internacionais, de um aumento significativo do investimento, público e privado, em ciência e tecnologia e do consequente aumento dos recursos humanos, a trabalhar nas áreas de investigação científicas e tecnológicas.
Também a adesão á União Europeia, trouxe novas perspectivas de trabalho e colaboração, aos investigadores portugueses, crescendo a sua mobilidade e reconhecimento internacionais.
Baseada na análise, qualitativa e quantitativa, de 1440 edições, seleccionadas aleatoriamente, de 2 dos principais jornais “populares” e 2 dos principais jornais “qualidade”, ambos jornais diários, pagos e de distribuição nacional, chegou-se a um total de 4311 artigos de jornal, sobre assuntos de ciência e tecnologia
Esta comunicação pretende contribuir para a compreensão da cobertura mediática da ciência e da tecnologia, entre 1976 e 2005, reflectindo sobre o seu futuro.
Esta pesquisa é financiada pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
- FONSECA, Rui Brito

Rui Brito Fonseca. Licenciado em Ciência Política, com especialização em relações internacionais, pela Universidade Lusófona. É também mestre em Ciência do Trabalho, pelo ISCTE-IUL, onde frequenta o programa de Doutoramento em Sociologia, estando a desenvolver dissertação sobre a ciência e a tecnologia na imprensa portuguesa, entre 1976 e 2005. É, desde 2000, investigador no CIES-IUL, onde tem vindo a desenvolver trabalho sobre comunicação, media e compreensão pública da ciência. É também Director de Recursos Humanos na AHBVA e docente no Instituto Superior de Ciências Educativas.
ruibritofonseca@yahoo.com
PAP0285 - Entre as fronteiras da regulação managerial da ideia de qualidade e o discurso da praxis dos técnicos de radiologia nos hospitais públicos da Região Algarve
Na última década, assistimos à introdução “feroz” dos pressupostos managerialista da nova gestão pública na esfera ideológica e jurídica no sector hospitalar português. Na verdade, tais lógicas gestionárias vieram fomentar uma reorganização do campo da regulação managerial nos serviços de saúde, pressionando os actores, entre outras questões, a adopção da normalização dos pressupostos da qualidade na praxis dos protagonistas na prestação de cuidados de saúde, incorporando as ditas "práticas baseadas na evidência" nos discursos tecnologizantes da governação das acções, via materialização de "protocolos" de procedimentos específicos (Castel, 2009; Fraisse, 2003; Robetet, 2002).
A presente comunicação tem como objectivo apresentar os principais resultados dum estudo sobre os determinantes organizacionais da qualidade das tecnologias de saúde nos serviços de radiologia dos hospitais públicos da Região Algarve, tendo em vista descodificar e desocultar o sistema de regulação managerial da qualidade, em geral, e dos pressupostos dos discursos da "prática baseada na evidência" protagonizada pelos técnicos de radiologia dos serviços hospitalares, em particular, questionando ainda os horizontes dos futuros possíveis no que concerne à adopção generalizada de tais práticas no quotidiano de trabalho ao nível da praxis em tomografia computarizada (TC).
São apresentados na presente comunicação os resultados decorrentes da análise qualitativa do diagnóstico efectuado com recurso à entrevista semiestruturada.
Os dados qualitativos foram tratados através ao software livre Iramutep, recorrendo à extracção com a técnica Alceste, facto que permitiu gerar quatro classes das verbalizações dos protagonistas entrevistados. A classe das verbalizações mais representativa é a classe 2 (36,26%), sendo interpretada como a "regulação autónoma da melhoria do contexto de trabalho". Segue-se a classe 4 (27,47%), interpretada como as "perspectivas de regulação de controlo managerial da melhoria da qualidade". A classe 3 (20,88%) oferece-nos um conjunto de verbalizações sobre as fronteiras da "autonomia profissional" e as lógicas de "controlo organizacional". A classe 4 (15,38%), interpretada como "ser competente", congrega o campo dos possíveis da noção de técnico de radiologia como produtor de regras e como protagonista das estruturas de produção, de mediação e de negociação das relações indivíduo-organização nos serviços hospitalares estudados.
Os principais resultados sugerem a presença da inviabilidade dum campo de regulação managerial da qualidade e da praxis profissional determinados pelo jogo dos interesses individuais e colectivos dos técnicos de radiologia, nem sempre convergentes quanto à aceitação ipsis verbis dos pressupostos de normalização na governação das práticas no quotidiano de trabalho em TC.
- ABRANTES, António

- SILVA, Carlos Alberto da

ANTÓNIO FERNANDO ABRANTES, Prof. Adjunto e Diretor da área departamental de
Radiologia da Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve Membro da
Comissão Coordenadora e docente do curso de mestrado em Gestão e Avaliação
de Tecnologias em Saúde (curso em parceria UALG/ESTESL-IPL) e Doutorando em
Sociologia (Titulo da tese entregue em Abril de 2012-DETERMINANTES
ORGANIZACIONAIS NA QUALIDADE EM TECNOLOGIAS DA SAÚDE) e Mestre em
Intervenção Sócio-Organizacional na Saúde pela Universidade de Évora,
Licenciado em Radiologia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de
Coimbra. Tem desenvolvido trabalho na área da qualidade em Radiologia.
Principais interesses de investigação: a) Avaliação da qualidade dos
serviços de radiologia; b) estudos prospectivos dos serviços de saúde.
Áreas
gerais interessantes para investigação: Sociologia da Saúde, Tecnologias da
saúde, Radiologia, organizações de saúde.
Titulo de Especialista de Reconhecido mérito em Radiologia/Imagilogia
Colaborador no CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade
Nova de Lisboa (2011-...)
Carlos Alberto da Silva - Director do Departamento de Sociologia da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora (2011-...). Director do Programa de Doutoramento em Sociologia da Universidade de Évora (2011-...). Investigador integrado no CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (2011-...). Doutorado em Sociologia. Agregação em Sociologia. Mestrado em Sociologia. Licenciatura em Investigação Social Aplicada. Bacharel em Radiologia. Autor de vários trabalhos científicos e relatórios técnicos co-finaciados por programas nacionais e europeus nas áreas do diagnóstico e avaliação de projectos sociais, planificação estratégica e desenvolvimento regional. Principais áreas de interesses deinvestigação: a) Análise de redes sociais como ferramenta metodológica para o diagnóstico e intervenção social; b) Redes e cooperação territorial e transfronteiriça; c) Análise prospectiva; d) Avaliação da qualidade e satisfação de utentes e profissionais nas unidades de saúde; Avaliação em tecnologias da saúde.
PAP0237 - Entre estratégias de deslegitimação moral e negociações: reflexões sobre direitos humanos, cidadania e desigualdade social a partir da trajetória de ex-abrigados no Brasil.
Conceitos como cidadania e direitos humanos são construídos dentro de campos de disputa circunscritos em contextos históricos, socioeconômicos e culturais diversos. Dessa forma, não serão vivenciados de maneira homogênea pelos diferentes grupos, classes e indivíduos que formam uma dada sociedade.
Partindo disto, pretendo refletir a cerca das tensões existentes ao redor desta temática, tomando como foco os diferentes discursos e representações a cerca das influencias que a experiência do abrigamento institucional pode ter na vida de sujeitos que a vivenciaram durante sua infância e/ou adolescência. Portanto, será necessário estabelecer interlocuções tanto com estes, como com toda a rede de atores a eles relacionados: membros de suas famílias de origem e agentes institucionais, por exemplo.
As reflexões aqui apresentadas, de caráter preliminar, foram suscitadas, dentre outros fatores, a partir do contato tanto com egressos quanto com funcionários de um abrigo para crianças e adolescentes sob medida de proteção (BRASIL, 1990) em Natal-RN. Compreende-se que os agentes institucionais vivenciam as tensões de um Estado que vem fortalecendo sua “mão direita” – interesses econômicos – e vai enfraquecendo a “mão esquerda”, formada pelos diversos trabalhadores sociais que findam por não gozar de meios materiais e simbólicos para exercerem as funções que lhe são atribuídas e cobradas (BOURDIEU, 1998).
- JÚNIOR, Gilson J. Rodrigues
PAP1456 - Entre o estigma e a afirmação positiva: os territórios educativos como espaços de mediação sociopedagógica
O aumento da diversidade de públicos na escola portuguesa tem originado políticas de discriminação positiva que investem na luta contra a indiferença à diversidade sociocultural, e num ensino centrado na organização e gestão de situações diferenciadas e interactivas de aprendizagem que contemple a educação social na própria escola. Temos, assim, vindo a assistir à criação de pedagogias que conjugam políticas de discriminação positiva e sua aplicação num território específico. A territorialização das políticas públicas visa colmatar necessidades específicas tendo em conta as características de determinado território, contando, para tal, com a participação da população territorializada, buscando a articulação entre o Estado e o Local. Estas práticas implicam alterações profundas nas formas de trabalhar dos professores e dos novos actores sociais na escola.
Num Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) e num Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), de que aqui daremos conta, tem-se optado por dotar os agrupamentos escolares com equipas de profissionais sociais (educadores sociais, técnicos de serviço social, mediadores, outros trabalhadores sociais…) que, em conjunto com os professores, respondam à multiplicidade de solicitações e responsabilidades que são pedidos à escola actualmente.
Os principais objectivos desta comunicação são dar conta de um trabalho de natureza etnográfica feito num TEIP e num GAAF para construir projectos educativos inclusivos e significativos para todos os alunos. Nos dois territórios educativos que apresentaremos, situados na região de Leiria, há um estigma associado à maioria dos alunos que os frequentam e a educação social e mediação sociopedagógica pretende pôr em diálogo a cultura da escola com a cultura dos bairros donde provêm os alunos.
Através de narrativas dos actores sociais destes agrupamentos escolares, discutir-se-ão as vantagens e desvantagens desta mediação sociopedagógica e seus efeitos perversos que têm levado à coisificação dos territórios e dos alunos que os habitam.
Dar-se-á ainda conta da interacção, complementaridade e tensões várias nestes processos de mediação que são alguns dos temperos que constroem as representações sociais destes territórios.
- VIEIRA, Ana

- VIEIRA, Ricardo

Ana Vieira é Assistente Convidada do Instituto Politécnico de Leiria e investigadora do CIID-IPL. Foi professora no ensino básico durante 20 anos. É doutorada em Ciências da Educação, na área da educação social e mediação sociopedagógica. A sua investigação incide sobre mediação sociocultural, área onde tem publicado em revistas nacionais e estrangeiras e onde tem desenvolvido comunicações que tem apresentado em congressos nacionais e internacionais.
Ricardo Vieira, antropólogo e sociólogo, é Professor Coordenador Principal da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria e investigador do CIID-IPL. Concluiu a sua Agregação em 2006. A sua investigação tem incidido sobre multiculturalidade e educação intercultural; histórias de vida e identidades; identidades pessoais e profissionais; identidades e velhices; mediação intercultural; educação e serviço social. No ano de 2000 foi galardoado com o prémio Rui Grácio, prémio para a melhor investigação em Portugal no domínio das Ciências da Educação. É autor e co-autor de uma dúzia de livros e de dezenas de artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras.
PAP1534 - Entre o gueto e a cidade: perspectivas cruzadas sobre a ‘colónia’ portuguesa na região de Boston no início do século XX
No início do século XX a ‘colónia’ de emigrantes portugueses em Nova Inglaterra, segundo a designação da época, constituía, do ponto de vista de Portugal, a segunda maior ‘colónia’ emigrante, a seguir à que escolhia o Brasil como destino. Constituída maioritariamente por açorianos, incluía também ‘continentais, cabo-verdianos e madeirenses’ e concentrava-se nalgumas das mais importantes cidades industriais da região: New Bedford, Fall River, Boston, Cambridge, Somerville (MA) Providence (RI). Localmente, tinham a dimensão suficiente para suscitarem a curiosidade e algum interesse científico. Os portugueses eram, apenas, um dos muitos grupos nacionais que nalgumas cidades americanas iam construindo esta ‘nação de imigrantes’, suscitando formas de conhecimento diversificadas, desde a análise sociológica, às descrições etnográficas, históricas e literárias, fazendo emergir a cidade como objecto de estudo e desenvolvendo os estudos urbanos a partir do pólo difusor da Universidade de Chicago, em redor dos anos 1920. Esta comunicação tem como objectivo fazer uma incursão nestas temáticas, a partir de um ponto de vista sócio antropológico e histórico. A revisitação de algumas das questões fundadoras da chamada ‘Escola de Chicago’, desde o ciclo de relações raciais do contacto à assimilação (ou integração), às formas de segregação sócio-espacial que, dialogicamente, fazem as cidades no fio da história, impõe-se, juntamente com outras perspectivas teóricas mais recentes que ajudam a melhor compreender o jogo complexo de múltiplas e sempre dinâmicas formas de identidade social, cultural, racial, étnica, política. Concretamente, propomo-nos fazer uma análise cruzada de alguns textos que se refetextos de referência que, na década de 20, se debruçaram sobre a comunidade portuguesa na região de Boston, tanto do lado americano como do lado português. Tal análise pretende identificar alguns elementos fundamentais que, do ponto de vista semântico e social, ajudam a compreender, na actualidade, os lugar dos territórios urbanos específicos e das representações particulares que compõem o caleidoscópio (para usar a expressão de Ulf Hannerz) da ‘Portuguese-speaking community’ nesta região do globo – neste início do século XXI.
- CORDEIRO, Graça

- VIDAL, Frédéric
Graça Índias Cordeiro
Departamento de Métodos de Pesquisa Social e CIES-IUL
Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL
Antropologia Urbana
Etnografia Urbana
PAP1077 - Entre o “défice” e o “diálogo”: uma proposta de análise para diversas modalidades de promoção de cultura científica
Fruto dos processos de mudança em curso no domínio das ciências e da sua relação com outras esferas sociais, nos últimos anos tem vindo a registar-se uma crescente atenção à questão da promoção da cultura científica das populações. Tal é patente tanto no plano da reflexão teórico-analítica sobre os processos de educação científica e de comunicação pública da ciência, como no que toca ao desenvolvimento de acções específicas neste domínio (de que são exemplo múltiplos projectos de ensino experimental das ciências, exposições científicas, dias de “portas abertas” em laboratórios, colóquios dirigidos a audiências alargadas, cafés de ciência, entre outros).
Qualquer que seja o plano considerado, a noção de cultura científica tende a ser alvo de entendimentos bastante diversificados, como diversas são também as modalidades adoptadas no que respeita à sua promoção junto de públicos não especializados. Na bibliografia de referência é frequente encontrar-se alusão à oposição entre duas abordagens fundamentais: por um lado, o chamado “modelo do défice”, que grosso modo pressupõe a transmissão didáctica e discursiva de conhecimentos científicos, numa perspectiva internalista das ciências, em actividades dirigidas a públicos considerados como homogéneos e despojados de saberes relevantes; e, por outro, o que se pode designar como o “modelo do diálogo”, que apela a uma transformação de tais actividades (e da própria forma de entender a relação dos cidadãos com a ciência).
Tendo por base uma análise teórica aprofundada destes modelos e dos debates em torno de noções como literacia científica, compreensão pública da ciência ou diálogo entre ciência e sociedade, bem como a observação de várias acções concretas neste domínio, o que agora se apresenta é uma tipologia para análise deste tipo de actividades, particularmente atenta à diversidade dos seus enquadramentos e modos de concretização. Considera-se que esta pode constituir não só um instrumento relevante para a análise de intervenções públicas nesta área, como também suscitar o debate em torno da multiplicidade e eventual complementaridade das opções que podem estar aqui em causa (e que tendem a ficar algo obscurecidas quando se enuncia cada um daqueles dois modelos de forma agregada). De modo a ilustrar a operacionalização daquela tipologia são tomadas em consideração algumas das actividades desenvolvidas em Portugal no âmbito do programa Ciência Viva, nas suas várias vertentes.
- CONCEIÇÃO, Cristina Palma

Cristina Palma Conceição, investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, onde também leciona. É doutorada em Sociologia, interessando-se em particular por questões no domínio da sociologia da ciência e comunicação pública da ciência.
PAP0367 - Entre obrigações e direitos na saúde: polémicas, dilemas e transladações actuantes entre a expertise e os seres vulneráveis
Quando habitualmente os técnicos de saúde são convidados a falar sobre temas de saúde pública, os seus pontos de vistas estão associados a inúmeras noções e termos que qualificam os sujeitos sociais em indivíduos responsáveis e irresponsáveis, uma vez que estão em causa condutas avaliadas como adequadas ou inadequadas considerando obviamente os fins daquelas acções. Esta clivagem assume particular importância quando se está perante a figura de doentes crónicos. Apesar de haver diferenças substantivas entre doenças crónicas que são ou não transmissíveis a outros seres humanos, o cumprimento ou não daquilo que é prescrito aos doentes pelos médicos assistentes não deixa de ser um objecto tensional entre uns e outros. Esta tensão é, por sua vez, objecto de questionamento, de um lado e do outro, porque a medicação, os tratamentos, ou os meios de diagnóstico aconselhados não deixam de expor uns e outros a variadíssimos dilemas. Neste sentido, se a gramática de responsabilidade é um dos eixos actuantes nos modos de envolvimento na acção dos indivíduos que de um lado estão mais ou menos sujeitos à exposição dos riscos que visam a progressão ou não de diversas doenças crónicas, mas que do outro lado, estão perante a adopção de procedimentos e de dispositivos que visam a sua vigilância, regulação e controlo, a mesma gramática da responsabilidade continua a ser um eixo actuante nos momentos da determinação, do cumprimento e da regulação da terapêutica definida aquando do aparecimento e comprovação da referida doença crónica. Ao abrigo dos dilemas, tem-se vindo a assistir a movimentos políticos de crítica e de resistência em aceitar as prescrições definidas pelos médicos assistentes, levando os doentes isolada ou colectivamente a denunciar tais práticas como lesivas do seu estado de saúde físico, psicológico e emocional. A publicitação das críticas é muitas vezes acompanhada por demandas aos médicos para que estes reconheçam que os doentes têm o direito de não só conhecerem integralmente os efeitos a que ficam sujeitos caso adiram à terapêutica definida, mas também para que estes conferirem a possibilidade de optar por outras terapêuticas alternativas. Usando um conjunto de dados recolhidos em investigações realizadas sobre doentes crónicos – seropositivos e oncológicos – esta comunicação pretende reflectir sociologicamente sobre os efeitos da gramática de responsabilidade nos modos de envolvimento de médicos e doentes no processo de definição e redefinição da terapêutica, não deixando de incluir nesta reflexão os dilemas e controvérsias públicas que tal acto possa suscitar, uma vez que os embates que aquelas promovem dão azo a um conjunto de movimentações políticas cujo acompanhamento é fundamental para se compreenderem as articulações entre a referida gramática, a figura do ser vulnerável, os processos de reconhecimento e as operações críticas de todos os indivíduos envolvidos nestas causas.
- RESENDE, José Manuel
- MARTINS, Alexandre
PAP1062 - Entre os interstícios das estruturas e a metamorfose social: uma reflexão sobre o impacto da pouca abrangência dos serviços públicos de saúde brasileiros na vida de crianças diagnosticadas com câncer
Este trabalho
analisa a trajetória
de crianças de 7 a
12 anos em
tratamento contra o
câncer,
institucionalizadas
temporariamente em
uma casa de apoio
localizada em
Fortaleza/Ceará/Brasil.
A metodologia
utilizada foi a
etnografia, aliada a
entrevistas
semiestruturadas. Os
brasileiros
diagnosticados com
câncer tem
disponível uma rede
pública de saúde
integral, universal
e gratuita formada
por unidades e
centros de alta
complexidade em
oncologia que tem
sido mantida e
aperfeiçoada ao
longo dos anos para
tratar a doença de
forma cada vez mais
eficaz. Entretanto,
apesar de sua
amplitude, o Sistema
Público de Saúde
brasileiro (SUS)
ainda não consegue
cobrir muitas
localidades,
principalmente nas
regiões norte e
nordeste do país.
Percebemos no estado
do Ceará (nordeste),
por exemplo, que
existe no sistema
público tratamento
completo de câncer
em apenas três
cidades. Este número
tem se mantido desde
a realização de
nossa pesquisa
realizada entre os
anos de 2004 e 2005.
Por seu caráter
grave, crônico,
mutilador e
potencialmente
letal, o câncer é
uma doença capaz de
trazer uma série de
transformações na
vida daqueles que
recebem seu
diagnóstico. O
impacto de um câncer
desestrutura a
criança emocional e
socialmente de forma
a mudar as
estruturas de suas
relações. Além
disso, em se
tratando de
localidades
desprovidas de
centros de
tratamento
especializado no
sistema público de
saúde, a criança é
obrigada a se
deslocar para
grandes centros
urbanos,
intensificando o
rompimento simbólico
após o diagnóstico e
ao longo do
tratamento. A teoria
do rito de passagem
facilitou o
entendimento dos
processos de
desconstrução das
relações familiares,
comunitárias,
escolares e a
construção de novos
vínculos na casa de
apoio e no hospital
a partir do olhar da
criança participante
do processo ritual.
Os dados da pesquisa
foram apresentados
primeiramente em
2005, através de um
trabalho
monográfico. Desde
então, pouco mudou
no interior do Ceará
no tocante à oferta
de tratamento do
câncer infantil.
Atualmente, trazemos
uma releitura dos
dados com novas
discussões para o
assunto,
demonstrando
principalmente que
muitas das
implicações do
diagnóstico do
câncer na vida das
crianças – desde a
mudança na forma de
comer até a completa
transformação na
estrutura familiar –
estão diretamente
relacionadas à falta
de um sistema
público de saúde
melhor distribuído
nas regiões
brasileiras.
- COSTA, Irlena M.M. da

- ANDRADE, J.T

- LIMA, R.C.A

Autora 1: Irlena Maria Malheiros da Costa
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Ceará (2005), cujo trabalho de conclusão de curso foi "Os meninos jesus: crianças com câncer acolhidas em uma casa de apoio". Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia da Criança e da Saúde. É especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (2010). Atualmente, é aluna do Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade (UECE) e seu interesse de pesquisa alia Antropologia, Sociologia e Políticas Públicas na compreensão de questões relativas à violência sexual infantil.
CV: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4506330U2
Autor 2: João Tadeu de Andrade
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (1985), com Mestrado em Sociologia pela Universidade de Brasília (1990) e Doutorado em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia (2004), tendo realizado estágios na Case Western Reserve University, nos EUA, e na London School of Hygiene and Tropical Medicine, na Inglaterra. Professor adjunto da Universidade Estadual do Ceará. Tem experiência em Antropologia médica, atuando nas seguintes áreas: sistemas e processos terapêuticos, medicina complementar, práticas de cura tradicional, humanização da atenção à saúde e métodos qualitativos de pesquisa. Atualmente realiza Pós-doutoramento na University of Toronto, Canada, com bolsa PDE do CNPq.
CV: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4782226D6
Autor 3: Roberto Cunha Alves de Lima
possui graduação em Antropologia pela Universidade de Brasília (1993) , mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (1997) , doutorado em Antropologia pela Universidade de Brasília (2002) e pós-doutorado pelo Colegio de Mexico (2010) . Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Goiás, Membro de corpo editorial da Sociedade e Cultura e Membro de corpo editorial da Cadernos de Campo (USP. 1991). Tem experiência na área de Antropologia , com ênfase em Teoria Antropológica. Atuando principalmente nos seguintes temas: Rio São Francisco, Memória, Antropologia Social, Mimesis, Narrativas. CV: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4700029J0
PAP0134 - Entre sobreviventes: o impacto da violência do parceiro íntimo no curso de vida das mulheres
Nas últimas décadas,
a violência no casal
constituiu-se em
problema social e é
alvo de políticas
públicas. A
violência doméstica
é, desde 2007,
objecto de
criminalização e,
presentemente,
vigora o IV Plano
Nacional contra a
Violência Doméstica
(2011-2013).
Ao nível das medidas
políticas,
salientam-se as
direccionadas para a
protecção das
vítimas de violência
doméstica,
nomeadamente, a
implementação de uma
rede nacional de
apoio (e.g.
casas-de-abrigo,
centros de
atendimento) e a
definição do
Estatuto de vítima.
A comunicação
apresenta resultados
da pesquisa
“Mulheres vítimas do
parceiro íntimo:
práticas e
representações da
violência”, projecto
coordenado pela
Professora Doutora
Maria das Dores
Guerreiro, realizado
no CIES, ISCTE-IUL.
A pesquisa visa
conhecer o processo
de violência contra
a mulher no casal e
as dinâmicas de
legitimação e/ou
deslegitimação da
violência. Através
da perspectiva do
curso de vida,
pretende-se
enquadrar as
dinâmicas do casal e
de vitimação, os
processos de
ruptura, a
importância do papel
de terceiros
(principalmente,
associações e
técnico/as
especializados/as)
no processo de
transição da
condição de “vítima”
para a de
“sobrevivente” de
violência no casal.
Metodologicamente, a
pesquisa assenta em
entrevistas
semi-directivas a
mulheres vítimas de
violência no casal
que pediram apoio à
Associação de
Mulheres Contra a
Violência – AMCV. As
entrevistas foram
objecto de análise
de conteúdo. A
comunicação dá conta
de uma primeira
análise ao discurso
das entrevistadas.
PAP0639 - Entrevistas ao domicílio: desafios e estratégias a partir da experiência de um inquérito internacional (PIAAC)
Os dados estatísticos de que os países dispõem são cada vez mais diversificados e rigorosos, permitindo um melhor retrato das populações e demais recursos. Para isso muito contribuiu o surgimento de instituições nacionais e internacionais especializadas na recolha de informação, como a OCDE. As estratégias metodológicas são mais complexas e o controlo da qualidade mais exigente, permitindo comparações internacionais de um rigor acrescido.
A informação recolhida é variada e é hoje possível medir de forma directa, a um nível internacional, questões tão complexas como as competências da população adulta. Nesse sentido, para além da recolha de informação genérica, espera-se que os inquiridos resolvam exercícios que permitem aferir níveis de competências em domínios diversos como a literacia ou a numeracia. Os desafios metodológicos são muitos e neste domínio de análise em particular acresce-se o tempo de administração, o tipo de tarefas que são solicitados aos entrevistados e a entrada na esfera privada – a casa, uma vez que a resolução dos exercícios exigem uma série de condições físicas mínimas.
Nesta comunicação pretende-se reflectir exactamente sobre os desafios que os inquéritos internacionais acarretam, especialmente os que resultam de projectos de avaliação de competências com base em entrevistas realizadas no domicílio dos entrevistados. A reflexão baseia-se na experiência do pré-teste do Programme for the International Assessment of Adult Competencies (PIAAC) em Portugal. Os dados analisados de cariz quantitativo e qualitativo permitirão responder a duas perguntas principais. Por um lado, importa analisar em profundidade as recusas em colaborar com o projecto. Nesse sentido, explorar-se-ão os padrões de recusa tendo em conta variáveis como o sexo, idade, dimensão do agregado familiar e tipo de área de residência (urbana/rural). Por outro lado, interessa saber o que acontece quando entramos na casa das pessoas para administrar um questionário. Ou seja, durante a administração dos instrumentos de recolha de dados que tipo de factores potencialmente distractivos são mais frequentes e em que grupo de indivíduos são mais visíveis? Para além das respostas a estas perguntas, partilhar-se-ão as estratégias desenvolvidas pela equipa portuguesa para assegurar a qualidade dos dados ao abrigo dos padrões de exigência internacionais do PIAAC, um projecto promovido pela OCDE.
- ÁVILA, Patrícia
- RODRIGUES, Elisabete

- MAURITTI, Rosário

Elisabete Rodrigues é investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES, ISCTE-IUL) e doutoranda no ISCTE-IUL. Tem desenvolvido trabalho na área da educação, literacia, sociologia da saúde, género e corpo. A tese de doutoramento é dedicada às questões das masculinidades e relação corpo-identidade.
Mauritti, Rosário
Docente e investigadora do Instituto Universitário de Lisboa - ISCTE-IUL
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
Interesses de investigação: classes e desigualdades, quotidiano, gerações e estilos de vida
PAP1118 - Envelhecer ativamente num contexto intergeracional: o Programa IPL60+ como uma aposta na formação e participação social dos seniores
Envelhecer ativamente apresenta-se atualmente como um imperativo e uma constante, à qual dificilmente escapam os investigadores que têm a velhice e o envelhecimento como objeto de estudo, os que intervêm em contextos sociais e educativos direcionados para a população sénior e os próprios seniores, que se esforçam cada vez mais para “envelhecer bem”.
O IPL 60+ é um Programa de formação sénior, desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Leiria, que teve início em 2008. Inscreve-se numa lógica de promoção de um envelhecimento ativo, facilitando a integração das pessoas com mais de 50 anos em novos contextos sociais, a construção de novas redes relacionais, a partilha de saberes e a aquisição de novos conhecimentos e competências através da aprendizagem em contexto intergeracional.
O Programa tem tido grande recetividade por parte de pessoas que se reformaram recentemente, que mantêm elevados níveis de autonomia, vontade de participar socialmente e de completarem a sua formação académica. É, em geral, uma população com níveis de escolaridade médios ou elevados, que desempenhou funções profissionais qualificadas, que apresenta expetativas elevadas em relação ao programa e que se revela exigente, aguardando propostas criativas e estimulantes, bem como serviços de qualidade.
Os estudantes seniores têm acesso a uma oferta formativa e sociocultural diversificada, assim como a todos os serviços que o IPL disponibiliza aos restantes estudantes (cantinas, bibliotecas, recursos multimédia, serviços académicos, etc.). Podem inscrever-se em unidades curriculares das licenciaturas ministradas pelo IPL, integrando-se no contexto normal de aula, ou usufruir de formação complementar, de acordo com os seus interesses e necessidades, em áreas como as línguas estrangeiras e as T.I.C. Podem, ainda, integrar e/ou dinamizar projetos em áreas diversas: atividade física, música, educação para a saúde, leitura.
É de realçar a importância que o Programa tem tido no quotidiano dos estudantes seniores, pelo reconhecimento das suas competências e potencialidades, assim como pelo acesso que lhes proporciona a novas oportunidades de aprendizagem e de enriquecimento pessoal; mas, também, a relevância que tem tido para os estudantes mais jovens, uma vez que a convivência e interação com os mais velhos contribuiu para a sua formação global, através do reconhecimento de uma sociedade plural e inclusiva, assim como para o enriquecimento da sua formação académica, através do acesso a novos saberes.
- PIMENTEL, Luísa

Luísa Pimentel, licenciada em Serviço Social, mestre e doutora em Sociologia, na especialidade de Sociologia da Família e da Vida Quotidiana. É professora na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, onde, para além da leccionação de diversas unidades curriculares nas licenciaturas em Serviço Social e Educação Social, bem como no mestrado em Intervenção para um Envelhecimento Ativo, é membro do Conselho Técnico-Científico e da Comissão Científica do Curso de Serviço Social. É coordenadora do Programa IPL60+ (programa de formação sénior em contexto intergeracional). É investigadora do CIES-ISCTE. Participa no Grupo de Trabalho sobre o Envelhecimento Activo, coordenado pela EAPN. É membro do Conselho Consultivo do Observatório da Cidadania e Intervenção Social da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Dedica-se à investigação e à divulgação de conhecimento nos domínios da Velhice e do Envelhecimento, dos Cuidados Familiares às Pessoas Idosas e das Relações Intergeracionais.
PAP1174 - Envelhecer na Prisão: Processos identitários, vivências prisionais e expectativas de reinserção por reclusos idosos
Nas últimas duas décadas, a literatura internacional no domínio dos estudos prisionais, mas também em áreas de saúde pública e da administração da justiça, tem vindo a evidenciar questões específicas relacionadas com o progressivo aumento do encarceramento de reclusos mais velhos. Contudo, são escassos os estudos e inexistentes as políticas institucionais direcionadas para as necessidades e características específicas deste grupo. Pretende-se nesta investigação compreender e explicar as causas, condições e processos de encarceramento dos reclusos mais velhos e saber como estes lidam com os efeitos do encarceramento, nomeadamente ao nível das representações por si projetadas sobre o estigma da delinquência, formas de adaptação ao meio prisional, formas de reconstrução identitária, manutenção dos laços familiares e expectativas pós-reclusão. No envelhecimento o medo da morte pode emergir de forma acentuada, fragilizando expectativas quanto à reintegração futura na sociedade. Uma vez que os idosos são amiúde alvo de violência e abusos reais e simbólicos na sociedade exterior, importa escrutinar e descortinar tais relações na prisão. Este estudo pretende contribuir para a compreensão e a avaliação dos impactos societais do envelhecimento em contexto prisional, tendo como objectivo geral procurar captar os processos identitários, representações das vivências prisionais e expectativas de reintegração futura na sociedade da parte de reclusos (homens e mulheres) com mais de 50 anos. Neste poster propomo-nos a discutir os contributos teóricos que têm vindo a ser efectuados neste sentido e que ajudarão a construir o futuro projeto.
- SILVA, Adriana

- MACHADO, Helena

Adriana Silva é licenciada e mestre em Sociologia pela Universidade do Minho desde 2009. Entre 2010 e 2011 foi bolseira de investigação em dois projetos de investigação coordenados pela Doutora Helena Machado. Desde janeiro é doutoranda no Centro de Investigação em Ciências Sociais na Universidade do Minho com um projeto de doutoramento intitulado “Envelhecer na Prisão: Processos identitários, vivências prisionais e expectativas de reinserção por reclusos idosos”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Os seus interesses de investigação incidem principalmente sobre os estudos prisionais, envelhecimento e género.
Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
PAP0809 - Envelhecimento humano: reflexões sobre a sociedade e o espaço socialmente produzido na cidade do Recife, Pernambuco - Brasil
O envelhecimento humano tem como ponto de partida a premissa de ser um processo biológico, mas em função das particularidades socioeconômicas, culturais e psicológicas se manifesta de diversas formas, o que o converte em uma problemática de comum interesse para diversas áreas do conhecimento. Historicamente as ciências da saúde vêm tratando do tema, não obstante na atualidade não se pode tratá-lo sem entender quais são seus vínculos com o conjunto social e como isto se reflete no território. Neste sentido, esse artigo apresentará questões que envolvem as formas, funções, estruturas e processos envolvidos na trama do envelhecimento humano buscando reflexões acerca da reprodução do território urbano na cidade do Recife, região nordeste do Brasil, Pernambuco. De acordo com as principais agências estatísticas brasileiras (IBGE, IPEA, etc.) as últimas décadas apontam uma mudança significativa no desenho da pirâmide populacional brasileira, notadamente nas grandes regiões metropolitanas, o que inclui fortemente a cidade do Recife, principalmente quando ela se apresenta como a metrópole nordestina com o maior índice de envelhecimento. Cada vez o grupo dos idosos aumenta, enquanto o número de crianças e jovens diminui, sistematicamente. Do ponto de vista da organização da vida, alguns paradigmas têm que ser quebrados, uma vez que a cidade da década de 1990 era construída para um perfil diferente do que se vislumbra para 2020, por exemplo. As questões de acessibilidade, em uma dimensão mais física e concreta, têm que corresponder a um novo padrão ético de respeito e inclusão dos mais idosos, o que parece ser um desafio quando pensado no contexto metropolitano do Recife. Não é mais possível reproduzir a idéia de que os idosos correspondem a uma exis social, como apontava Beauvoir em ‘A Velhice’. É preciso abandonar a lógica do valor de uso ou de troca associados aos grupos humanos, não há uma classe de indivíduo mais apta que outras para habitar e vivenciar o urbano. Faz-se fundamental que se reproduza materialmente na cidade os pactos sociais necessários para que os que têm uma vida prolongada tenham direito à cidade, em toda a sua particularidade.
- NÓBREGA, Pedro Ricardo da Cunha
PAP0347 - Envelhecimento, Educação e Autonomia - Investigação sobre um grupo de seniores na área urbana de Viana do Castelo
O fenómeno do envelhecimento constitui uma das dimensões da crise vivida pelas sociedades ocidentais atuais. Entendemos, na senda de muitos outros autores que também se debruçaram sobre o tema, que importa aprofundar o estudo e a reflexão sobre as características sociológicas do problema do envelhecimento populacional, enquanto um dos caminhos que permitirá contribuir para encontrar soluções para a crise atual.
A população mundial, a população europeia e também a população portuguesa têm vindo a envelhecer ao longo das últimas décadas. O facto é tido como um problema social, na medida em que a sociedade atual tem dificuldades em integrar plenamente uma população crescente com as características dos seniores. Entre estas características destaca-se o problema da autonomia/dependência deste grupo populacional.
Esta comunicação tem como principal objetivo apresentar, sucintamente, um projeto de investigação em curso sobre as diferentes características educativas e socioculturais, advindas ou não da emigração durante a vida laboral, de uma amostra da população idosa residente numa área urbana do Norte de Portugal e sobre como as referidas características condicionam ou influenciam as vivências diárias autónomas dos seniores estudados. Pretendemos também apresentar alguns dados recolhidos no âmbito do referido projeto e refletir sobre o significado sociológico dos mesmos. A investigação que aqui se apresenta insere-se num projeto de doutoramento e é constituída por duas partes fundamentais: uma primeira parte de contextualização teórica do envelhecimento enquanto fenómeno social com múltiplas dimensões e implicações e uma segunda parte constituída por uma investigação empírica de caráter qualitativo onde se procura compreender as situações e os fatores que condicionam o envelhecimento autónomo numa área geográfica concreta. Os dados são, sobretudo, o resultado da realização de um inquérito por entrevista a uma amostra de população com mais de sessenta anos.
- CACHADINHA, Manuela

- CARMO, Hermano
- FERREIRA, Manuela
Nota Biográfica
Manuela Cachadinha é Professora Adjunta na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo desde 1985, onde tem lecionado diversas Unidades Curriculares da área das Ciências Sociais e Humanas em diferentes Cursos de Mestrado e Licenciatura. É Mestre em Sociologia Aprofundada e Realidade Portuguesa pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Licenciada em Sociologia pela mesma Faculdade. Prepara atualmente um Doutoramento em Educação, na Especialidade de Educação e Interculturalidade, na Universidade Aberta. Tem realizado trabalho de investigação sobretudo nas áreas da Sociologia, da Etnografia, da Educação e do Envelhecimento. Tem publicado diversos trabalhos em revistas nacionais e internacionais.
PAP0479 - Envolvimento e Activismo: Testemunho Articulado e Responsabilidade na produção de conhecimentos
O objetivo do presente texto é, por meio de uma breve apresentação do testimonio latinoamericano, compreender seus atuais desdobramentos e as discussões que o inserem dentro do conceito de testemunho-articulado. Conceito esse, que pode ser considerado tanto como uma epistemologia, que defino como não-contemplativa, quanto como uma metodologia de trabalho no campo das ciências sociais, que leva em conta a responsabilidade, uma política de posicionamentos explícitos e os conhecimentos situados, como ferramentas de trabalho na construção de um conhecimento científico comprometido com a transformação social.
Assim, partiremos de uma análise ampla das configurações teóricas do testimonio latinoamericano, para debruçar-nos sobre as implicações da proposta do “testemunho articulado”, como uma epistemologia e metodologia que, forjadas entre as influências da teoria crítica, dos estudos sociais das ciências, da epistemologia feminista, dos estudos culturais e dos estudos pós-coloniais possa transformar nossa prática acadêmica em um espaço concomitante de produção de conhecimentos e formação que seja capaz de criar uma política de coalizão, ampliando e por conseguinte, democratizando e inter-relacionando os conhecimentos dos diversos atores envolvidos na produção da ciência.
- SILVA, Rosimeire Barboza
PAP0102 - Epidemia midiática: produção de sentidos e riscos na configuração social de uma doença em discurso jornalístico
Meios poderosos de circulação de sentidos, os veículos de comunicação de massa têm capacidade de reestruturar os espaços de interação social, propiciando novas configurações à realidade. Situado no campo da comunicação e saúde, o presente estudo teve como objetivo analisar o discurso veiculado pelo jornal Folha de S. Paulo durante a epizootia de febre amarela silvestre, no verão 2007-2008. Para tanto, ancorou-se no referencial teórico das práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, segundo o qual o sentido é uma construção social, de caráter coletivo e interativo, em que as pessoas, na dinâmica de relações sociais historicamente datadas e culturalmente localizadas, constroem os termos que lhes permitem compreender e lidar com as situações e fenômenos no cotidiano. A pesquisa baseou-se, ainda, nas hipóteses de agendamento (agenda-setting) e enquadramento (framing) para entender as condições de produção da notícia e evidenciar os repertórios interpretativos que conferiram novos sentidos ao acontecimento amarílico. Foram analisadas 118 matérias jornalísticas, entre 21 de dezembro de 2007 e 29 de fevereiro de 2008, recorte temporal que permitiu localizar a notícia que deu início ao fenômeno de agendamento do acontecimento amarílico, a evolução do grau de noticiabilidade do tema no jornal e o seu desgaste como pauta de relevância. Ao mesmo tempo, foram selecionados e analisados 40 documentos institucionais sobre a doença, emitidos pela autoridade de saúde pública brasileira no período do fenômeno em análise. Os achados indicam que o noticiário do jornal conferiu novos sentidos à febre amarela, deslocando discursivamente o evento de sua forma silvestre, espacialmente restrita e de gravidade limitada, para a urbana, de caráter epidêmico e potencialmente mais grave. Secundariamente, foram identificados os riscos a que a população brasileira foi exposta em função dos sentidos produzidos pelo discurso midiático, com a ocorrência de óbitos diretamente relacionados ao noticiário veiculado pela imprensa brasileira como um todo, e seus impactos sobre o sistema público de saúde.
- MALINVERNI, Cláudia
PAP0919 - Escola e Educação nas Sociedades Democráticas Hipermodernas:uma análise neo-durkheimiana
Escola e Educação nas Sociedades Democráticas Hipermodernas: uma análise neo-durkheimiana
Assumindo um posicionamento teórico inspirado na análise sociológica da educação desenvolvida por Émile Durkheim, e um posicionamento político inspirado na minha identificação com a democracia liberal representativa, a comunicação defenderá, assinalando e teorizando as diferenças em relação às posições teóricas originais de Durkheim no campo da educação e da pedagogia, as seguintes ideias principais: 1) a escola continua a ser, por razões políticas, sociais e culturais, uma instituição social fundamental nas sociedades democráticas, abertas, multi-étnicas, multiculturais e hipermodernas (Lipovetsky); 2) A definição sociológica de educação proposta por Durkheim, segundo a qual a educação é um processo social que envolve necessariamente uma interacção entre gerações adultas e jovens, continua também a ser fundamental para analisar e compreender a problemática da educação nas sociedades actuais; 3. A ideia durkheimiana de que a escola (o sistema educativo) deve prestar um duplo serviço educativo, ao indivíduo e à sociedade, continua ser fundamental para entender o sentido, a utilidade (em particular, para as jovens gerações) e as funções estratégicas (ao nível, por exemplo, da formação cívica e da formação para a cidadania democrática) da escola nas actuais sociedades hipermodernas. Finalmente, a comunicação defenderá a ideia de que é um grave erro estratégico desvalorizar a dimensão educativa da escola recentrando-a exclusiva ou principalmente nas suas dimensões cognitivas e competitivas.
PAP1444 - Escola, leitura(s) e imagem(ens): contribuições metodológicas
Este trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado na área da educação. O objetivo geral do estudo foi discutir com professores e alunos de uma escola pública de ensino médio do Rio de Janeiro algumas questões relacionadas com as suas práticas de leitura. De modo mais específico queríamos discutir a relação das denominadas novas tecnologias com a leitura, entendida como uma prática cultural mais ampla, realizada em diferentes suportes e sujeitas a diferentes avaliações. Tal compreensão da leitura como prática social mais ampla seguiu principalmente as proposições de Roger Chartier. Com isso foi possível superar uma visão restrita de leitura identificada apenas com o material impresso, em particular com os livros, e sua restrição à leitura literária.
Em termos metodológicos optei por utilizar imagens fotográficas produzidas pelos sujeitos da pesquisa. O uso da imagem tinha o objetivo inicial de promover uma melhor aproximação com esses sujeitos, dirimindo a sua possível resistência à participação na pesquisa. Elas também proporcionariam o ponto de partida para a realização das entrevistas. Ao longo da realização da pesquisa a produção das imagens trouxe importantes contribuições tanto do ponto de vista da discussão das relações entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa e do próprio fazer da pesquisa, quanto em relação às discussões dos temas relacionados à leitura. Desta forma, pude problematizar minha intenção inicial de utilizar as imagens fotográficas apenas como forma de estimular a participação dos sujeitos e como ponto de partida para a realização das entrevistas. Elas foram incluídas com a pretensão de serem mais do que uma ilustração ao texto escrito. Também tentei não utilizá-las como uma cópia do real, prova de realidade, acentuando minha autoridade como pesquisador. Várias foram então as possibilidades abertas pelo uso das imagens fotográficas nessa pesquisa. Sua produção por parte dos sujeitos serviu para conferir-lhes maior liberdade, tornando o processo de muito mais colaborativo, diluindo a autoridade do pesquisador. Seu uso também permitiu conferir importância e visibilidade a determinados aspectos do cotidiano escolar relacionados à diferentes práticas de leitura que muitas vezes passam desapercebidas. São essas e outras possibilidades do uso das imagens em minha pesquisa que gostaria de discutir nesse texto.
- ROCHA, Sérgio Luiz Alves da

Sérgio Luiz Alves da Rocha. Professor do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos. Doutor em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) . Possui graduação e licenciatura em Ciências Sociais pela UERJ. Atua também no ensino médio como professor de sociologia da rede pública. Sua área de interesse são os estudos sobre as práticas de leitura dos jovens na sua relação com as denominadas novas tecnologias.
PAP1332 - Escolarização moderna: entre as promessas políticas e tangibilidade da injustiça escolar
A invenção histórica da «forma escolar moderna»
tem estado a transportar ao longo dos anos às
sociedades modernas inúmeros desafios, em
diversos planos. Contudo, e sem o intuito de
desqualificar outros dos planos possíveis, esta
comunicação concentra-se com mais atenção em
dois roteiros que tornam viável tocar em
questões que podem animar o debate sociológico.
O primeiro roteiro segue uma linha de
raciocínio que pode ser desfiada a partir desta
grande interrogação: o que trazem as promessas
políticas da modernidade educativa para a
Sociologia que tem estado a questionar os
princípios da «igualdade de oportunidades
escolares» e o princípio da «obrigatoriedade
escolar»? Tal como se antevê uma parte da
comunicação vai incidir sobre os efeitos que
estes dois princípios têm trazido para o
interior da discussão sociológica,
nomeadamente, as consequências que estes
princípios têm trazido para as (re) definições
das políticas e acções públicas. O segundo
roteiro desloca-se para o interior das escolas,
com o propósito de perscrutar as diferentes
traduções que as orientações normativas das
políticas públicas acarretam, quer para os
projectos educativos das escolas, quer para o
trabalho dos professores, particularmente, para
as suas artes de ajuizar os trabalhos escolares
produzidos pelos seus alunos. Entre um e o
outro roteiro o foco analítico centra-se em
questões que indagam sociologicamente as
transitoriedades entre a excelência escolar e
os modos de conceber a escolarização, quer a
partir das maquinarias culturais das
jurisdições, quer a partir dos modos de
envolvimento dos docentes nas causas escolares.
Estas viagens têm um sentido histórico num vai
e vem entre as experiências escolares retidas
no Estado Novo e ao longo do período da
refundação democrática acontecida após 25 de
Abril de 1974.
- RESENDE, José Manuel
PAP1416 - Espaços de interpretação e construção identitária: A Casa Fernando Pessoa
As casas-museu dedicadas à vida e obra de escritores constituem um dos mais antigos tipos de museu e revestem uma forma particular de exposição entre o pessoal e o impessoal, o privado e o público, o produto genial do autor e o impacto da sua obra, o lugar de vida e o lugar de memória. Subjacente à organização do espaço museológico, nomeadamente na sua constituinte pública, encontra-se uma filosofia que se exprime em opções estratégicas interpretativas que configuram amplamente as imagens veiculadas, quer em relação ao escritor, quer em relação à sua obra literária. Estas imagens são fundamentais na criação de valor simbólico que configura ícones constitutivos de locais e de identidades colectivas.
É neste contexto que nos propomos desenvolver uma reflexão desdobrada em dois eixos transversais, tendo como estudo de caso a Casa Fernando Pessoa, em Lisboa. O primeiro grande eixo trata de abordar a transposição espacial do discurso museológico. A questão fundamental é aqui a apresentação no espaço do escritor e da sua obra, analisando o modo como essa representação é definida e concretizada, nomeadamente no respeitante aos suportes museológicos utilizados. Esta reflexão articula-se com um segundo eixo que trata da análise do trabalho interpretativo que se opera nas esferas da instituição (estratégias) e do público (visitantes e comunidade).
Baseando-se numa abordagem de estudo de caso, a metodologia de investigação proposta combina: 1) a observação in situ da apresentação espacial da Casa Fernando Pessoa e levantamento arquitectónico da cenografia de exposição; 2) entrevistas de tipo semi-directivo aos responsáveis da instalação expositiva; 3) observação dos percursos de visita e elementos que os compõem; e 4) inquéritos aos visitantes sobre a experiência de visita da Casa Fernando Pessoa e de outros lugares pessoanos.
Sendo Fernando Pessoa actualmente um ícone de Lisboa e arauto de Portugal, um estudo da Casa-Museu que lhe é dedicada permite-nos compreender, a partir dos elementos físicos e da sua disposição espacial, o impacto desta figura no imaginário colectivo. Afinal, será este imaginário reflexo de identidades fragmentadas à imagem daquela veiculada pela obra do escritor ou identidade colectiva estruturada em torno de um ícone?
- MARQUES, Lénia
- SARAIVA, Maria do Rosário
PAP0648 - Espaços de religiosidade no Porto: o seu papel na integração dos imigrantes brasileiros
A presente comunicação resulta de uma pesquisa de doutoramento em Sociologia, em curso, intitulada “Os imigrantes brasileiros no Grande Porto: mobilidade social e apropriações espaciais”. No âmbito desta pesquisa, em que procuramos analisar a forma como uma deslocação inter-sistemas de ordem e de interação (migrações) se relaciona com a mobilidade social e apropriação espacial (Rémy e Voyé, 2004) dos imigrantes brasileiros no Grande Porto, é igualmente nosso objetivo contribuir para a problematização mais alargada dos processos de integração das populações migrantes na sociedade portuguesa.
Neste sentido, entre outras dimensões da nossa análise – nomeadamente, a dimensão política, social, cultural e territorial do fenómeno migratório –, na abordagem aos processos de integração social, e no que ainda consideramos ser parte da dimensão cultural do fenómeno, damos um particular enfoque à análise das redes de sociabilidade e, portanto, à noção de capital social (Bourdieu, 1980). Para além das redes familiares, de amizade, família e vizinhança, assumem um papel integrador relevante as comunidades religiosas que, não se limitando ao suprimento das necessidades espirituais, se tornam também espaços de encontro, de expressão de identidades culturais, equilíbrio emocional e até de resolução de problemas de natureza material e logística da vida quotidiana (Vilaça, 2008).
Em particular, propomo-nos refletir sobre o modo como espaços de religiosidade distintos – concretamente, a Obra Católica Portuguesa de Migrações e a Igreja Pentecostal das Missões, igreja evangélica de origem brasileira – contribuem para potenciar a formação de redes e a integração social dos imigrantes brasileiros no Porto. Avançamos com esta reflexão com base em entrevistas semi-diretivas realizadas a diferentes representantes religiosos, nomeadamente à coordenadora da Pastoral e Ação Social do Secretariado Diocesano das Migrações do Porto da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) e ao pastor fundador e presidente da Igreja Pentecostal das Missões (IPM). Entrevistas levadas a cabo com o objetivo de compreender do ponto de vista das instituições o trabalho que tem sido realizado ao longo do tempo com os imigrantes brasileiros no Porto.
- OLIVEIRA, Maria João

Oliveira, Maria João
Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é atualmente estudante de doutoramento em Sociologia pela mesma faculdade. Encontra-se a desenvolver uma tese sobre imigração brasileira no Grande Porto, que mereceu financiamento da FCT. É ainda investigadora integrada do Instituto de Sociologia da UP e, para além da pesquisa de doutoramento, está ligada ao Groupe Européen de Recherche Interdisciplinaire sur le Changement Religieux (Gericr), pelo que concilia o interesse pela Sociologia das Migrações e das Religiões.
PAP1353 - Espaços semipúblicos de bebidas e de bebidas e/ou restauração: plano de ação e percurso metodológico subjacente à seleção de plataformas empíricas
Qualquer trabalho de natureza científica exige considerável clarificação quanto aos processos adoptados para o implementar, tendo em vista o tipo de outputs que, em termos de respostas, se pretendem alcançar.
A comunicação que nos propomos apresentar resultou de um trabalho de investigação decorrido em espaços semipúblicos portuenses associados ao vinho, tendo contado com um conjunto articulado de múltiplas estratégias metodológicas com vista a um maior conhecimento da realidade em estudo. Tentar conhecer a realidade passa, precisamente, por um processo de construção dessa mesma realidade, à qual não é alheia nem a perspectiva de abordagem nem a prática acional adotadas. Assim, esteve presente um traçado metodológico tão rigoroso quanto a própria pesquisa o permitiu.
Nesse sentido, para evitar arbitrariedades e garantir o rigor sociológico exigido pela ciência, elaborámos, meticulosamente, um plano de ação e um percurso metodológico conducentes à seleção de plataformas empíricas para recolha de informação.
Nesta comunicação propomo-nos, por conseguinte, apresentar o processo de construção da amostra de espaços semipúblicos associados a consumos vínicos, incidindo particularmente em três etapas: i) delimitação do universo no espaço geográfico circunscrito ao estudo; ii) construção de uma tipologia dos estabelecimentos inseridos nos Centros Históricos do Porto e de Vila Nova de Gaia; iii) seleção das plataformas de observação empírica para um estudo focalizado nos consumos vínicos.
- MAGALHÃES, Dulce Maria da Graça

Nome, - Dulce Maria da Graça Magalhães
afiliação institucional - Faculdade de Letras da Universidade doPorto
área de formação - Sociologia
interesses de investigação - Sociologia das classes sociais, sociologia da Educação e sociologia do consumo
PAP1044 - Espectáculos com “gente real”
Hoje é frequente encontrarmos o próprio público com núcleo central de um espectáculo, não como receptor último, agente que assiste a uma obra/processo/mensagem pré-definida e que tem de a descodificar nos códigos próprios cunhados pelo artista, mas como agente activo, “colaborador”, “co-criador”, ou mesmo “conteúdo” desse mesmo espectáculo. O próprio espectador torna-se um meio para questionar e dar corpo a questões/ problemáticas do social. Esta “activação” do espectador no sentido da criação e participação no acto artístico ainda que não traduzindo uma dinâmica nova tem-se ampliado desde os anos 90 através de um contexto de maior “hibridação estrutural” (Pieterse) onde a esfera da arte se articula/mistura ou se dilui com as outras esferas do social.
Essa dinâmica que no campo da crítica de arte tem vindo a ser definida como “retorno ao real” (Hal Foster), “ viragem para o social” (Claire Bishop), “estética relacional” (Nicolas Bourriaud) e que na filosofia tem vindo a ser problematizada por Jacques Ranciére através do conceito de “emancipação do espectador”, parece encontrar uma base analítica na “sociologia performativa” de Jeffrey Alexander. A partir desta perspectiva e tendo por base um conjunto de entrevistas efectuadas a artistas portugueses de diversas esferas do que pode ser denominado de uma” arte social” (uma arte implicada intencionamente e performativamente no social) — desde a arte política, à arte pública, à arte género, à bio arte, à arte ambiental e à arte tecnológica—, procuraremos analisar as representações sobre a reconfiguração e hibridização de papéis — do artista e do espectador— através do conceito de participação, assim como analisar recorrências e especificidades entre esferas artísticas sobre como são pensadas e problematizadas hoje pelos artistas as funções da arte na sociedade.
- MADEIRA, Cláudia

Cláudia Madeira (1972) Socióloga. Encontra-se desde Setembro de 2009 a desenvolver o seu projecto de pós-doutoramento, intitulado "Arte Social", no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, enquanto bolseira da FCT. Com o apoio destas duas instituições doutorou-se em Sociologia com a tese" O Hibridismo nas Artes Performativas em Portugal" (2008), da qual já resultou uma publicação dedicada à análise do conceito de híbrido desde o mito, passando pelas ciências exatas e pelas ciências sociais, que se denominou "Hibrido: do Mito ao Paradigma Invasor?" (Mundos Sociais, 2010), encontrando-se no prelo para publicação no ICS outra dedicada ao processo de hibridização nas artes em Portugal. É ainda autora de "Os Programadores Culturais: Novos Notáveis" e de vários artigos sobre novos hibridismos nas artes. Actualmente, dá o seminário "Metamorfoses do Espectáculo" no mestrado de Comunicação e Artes, na Universidade Nova de Lisboa.
PAP0042 - Esporte e o protagonismo juvenil em competições escolares.
O presente texto é fruto do projeto de
pesquisa intitulado ‘Democracia e participação
na relação esporte e juventude: uma análise
acerca do teor moral das competições escolares
na formação do jovem esportista’, em
desenvolvimento pelo Núcleo de Pós-graduação
em Educação (NGPED) da Universidade Federal de
Sergipe (UFS/BRASIL), Doutorado em Educação,
cujo objetivo é o de investigar o lugar das
competições escolares no processo de formação
moral da juventude. A par do entendimento do
usufruto do esporte como um direito social a
ser garantido pelo Estado, o problema a ser
investigado se relaciona com o modo como a
formação da moral esportiva participa das
antinomias para consolidar o esporte como um
direito social em uma sociedade, como a
brasileira, marcada pela desigualdade social.
Especificamente para o trabalho a ser
apresentado neste evento, o intuito é o de
discutir os referencias teóricos e
procedimentos metodológicos utilizados
compreender a formação da moral esportiva
efetivada pela participação dos alunos-atletas
em eventos esportivo-escolares. Como tal
investigação é pautada na idéia
de ‘protagonismo juvenil’, que reconhece os
jovens como sujeitos capazes de avaliar e
propor políticas públicas e práticas
pedagógicas direcionadas a eles próprios, a
proposta é a de organizar grupos de diálogo
pela realização de, com apoio da
CAPES/PIBID, ‘Conferencias Escolares de
Esporte’ para que os alunos-atletas possam
debater sobre a temática esportiva. Com isso,
será possível coletar dados para analisar os
valores acerca da participação dos jovens
atletas em competições escolares.
PAP0065 - Espírito e sociedade – retomar investigações esquecidas com novos métodos
O biologismo tem
funcionado como
argumento de
legitimação de uma
estratégia
epistemológica de
fechamento da teoria
social às
oportunidades e
necessidades de
cooperação
interdisciplinar com
as ciências da vida,
com consequências
limitativas tanto da
clareza como da
capacidade
científicas da
sociologia.
Para lá das
propostas de
interdisciplinaridade dentro
das ciências sociais
e entre estas e as
ciências da cultura
e da comunicação,
este artigo
considera a
possibilidade de
retomar as
perspectivas
positivistas para
organizar um
programa de
investigações sobre
a natureza social
humana, tomando como
equivalente do átomo
na sociologia a
noção de
estados-de-espírito.
Estes poderão ser
observados e
caracterizados
através de medidas a
produzir pelas
modernas tecnologias
de saúde, utilizadas
por métodos
adequados. Desse
modo, velhas noções
clássicas
abandonadas, como os
espíritos
revolucionário,
solidário, do
capitalismo, poderão
ser revisitadas,
clarificadas e
desenvolvidas.
Em tempos de
transformação
social, este debate
teórico e
metodológico espera
ser uma contribuição
para o avanço de
processos de
integração das
ciências sociais e
das ciências da
vida, no novo ciclo
que irá
provavelmente
denunciar as
limitações e mesmo
os malefícios da
hiper-especialização
vigente nas ciências
sociais.
- DORES, António Pedro

Doutorado e agregado em Sociologia no ISCTE em 1996 e 2004 respectivamente, http://iscte.pt/~apad/novosite2007/. Docente responsável pelo ramo “Sociologia da Violência” do mestrado de Sociologia do ISCTE-IUL. Membro da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento/ACED, http://iscte.pt/~aced/ACED, iniciativa de pessoas reclusas para romperem o cerco que as inibe de exercer os direitos de livre expressão.
Organizador dos livros a) Vozes contra o silêncio – movimentos sociais nas prisões portuguesas, com Alte Pinho, Prisões na Europa – um debate que apenas começa e Ciências de Emergência; b) Autor da trilogia Estados de Espírito e Poder (Espírito Proibir, Espírito de Submissão e Espírito Marginal).
PAP1213 - Esquadras de polícia: reflexões etnográficas sobre ethos profissionais
As esquadras de polícia, e com elas o policiamento no contacto directo e assistência a cidadãos, tem sido o modelo dominante da polícia de segurança pública em Portugal marcado que é por uma tendência de polícia preventivista. Desde meados dos anos 2000 observam-se todavia investimentos de cariz profissionalizante nos corpos de polícia nacional. Ainda assim, a esquadra tende a subsistir; esta mantém-se como a unidade organizacional que popularizou o policiamento urbano e local no país. Algumas questões de natureza funcional, limites e abrangências da autoridade presente nas actuações policiais e um sentimento de alguma desautorização moral dos polícias na sua actividade quotidiana tornou-se perceptível ao percorremos várias esquadras de norte a sul do país. Baseando-nos em observações de campo decorrentes de vários projectos sobre a Polícia em Portugal, que nos levaram a conhecer de perto os modos de trabalho e vida em cinco diferentes esquadras nos últimos anos, procuraremos interpretar as principais questões que nos permitem hoje falar de um ethos policial de esquadra. Procuraremos retratar os traços mais característicos, do ponto de vista social e cultural, destes funcionários do Estado português, tendo em conta as suas próprias experiências de vida e de trabalho. Como veremos, tal obriga a considerar perspectivas e abordagens teóricas que não encontramos na literatura anglo-sáxónica sobre culturas e sociabilidades policiais que conjugam as políticas práticas do policiamento e a economia emocional dos polícias de esquadra.
- DURÃO, Susana
- DARCK, Marcio
PAP1267 - Esta crise que nos governa: instrumentos e processos de construção de uma narrativa hegemónica
A proposta desta comunicação não é tanto a de discutir a crise económica e financeira que vem agitando Portugal, a Europa e o mundo, mas a de tentar perceber alguns dos mecanismos e processos que conduziram à afirmação e legitimação de uma narrativa que não só pretende explicar essa crise como o faz com suficiente eficácia para a tornar hegemónica. Um dos instrumentos fundamentais do processo foi, e continua sendo, os mídia. Quer se trate de jornais quer de audiovisuais, o seu papel é decisivo, através da veiculação de um conjunto de verdades, em torno das quais se cria um espaço suficientemente consensual para dispensar o contraditório. Este efeito de verdade, que tanto abrange a explicação da crise quanto as terapias recomendadas, sustenta-se numa combinação de enunciados de senso comum com interpretações acríticas das teorias dominantes da economia política. Nesta comunicação, recorrer-se-á à leitura e análise de órgãos de comunicação social de referência, procurando perceber de que forma a crise foi explicada e narrada aos leitores. Serão escolhidos alguns episódios particularmente significativos na experiência da crise em Portugal, procurando, dessa forma, perceber o processo numa dinâmica diacrónica. Dessa forma, as continuidades e descontinuidades narrativas, bem como o confronto entre o local (neste caso o país) e o global, constituem-se em níveis de observação de um processo complexo, no qual a crença na verdade que se enuncia desempenha papel fulcral.
- CUNHAS, Luís
PAP0726 - Estado democratico de direito, globalização e neoliberalismo na América Latina
Nesta comunicação, pretendemos discutir o
Estado democrático de direito na sua versão
mais recente, isto é, neoliberal. Trata-se de
analisar o processo contraditório de
redemocratização da America Latina e do
Caribe, ocorrido nos meados da década de 1980.
Assim, a nossa hipotese central é a de que o
neoliberalismo que domina a America Latina
desde o inicio da década de 80 possibilitou
certa democratizaçao da região. Esse processo
será analisado como necessário para o
estabelecimento do Estado democratico-
neoliberal, o qual não é senão o corrolario
das politicas neoliberais e da implementação
de maquiladoras deslocadas do Norte. Isso como
resposta à crise do fim dos anos sesenta no
centro do capitalismo em particular. Com
efeito, no contexto de reconceitualização e/ou
de ampliação da cidadania no chamado Terceiro-
mundo, ocorreu a neoliberalização dos Estados
latino-americanos e caribenhos. Portanto,
tentaremos, num primeiro momento,
contextualizar o processo de redemocratização
da região. Num segundo momento, procuraremos
mostrar como, num movimento dialético, o
neoliberalismo, tanto propiciou a volta da
democracia, o surgimento da sociedade civil, e
a recolocação da defesa da cidadania nas
pautas políticas na America Latina, quanto
contribuiu para a sua derrota. Num terceiro
momento, queremos mostrar como enquanto
occoria este processo, no centro do
capitalismo continuava a ser observado um
minimo de “ welfare state”, até as ofensivas
radicais mais recentes da logica neolibéral-
capitalista nas politicas governamentais em
momentos de crise profunda do sistema
capitalista. Discutiremos com enfãse as
categorias de cidadania, liberalismo e
democracia nos marcos da sociabilidade
capitalista-racista-machista. Pois acreditamos
que é neste ambito que devem ser apreendidos
os debates sobre: Globalização, Política e
Cidadania, e as Crises globais que rodam o
mundo hoje e que se expressam nas atuais “
revoltas sociais” nos países do chamado Norte
em particular e no mundo em geral.
- DESROSIERS, Michaëlle

Michaëlle Desrosiers possui graduação em Serviço Social pela Universidade do Estado de Haiti (UEH, Port-au-Prince, Haïti) e é mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE, Pernambuco, Brasil). É doutoranda em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, São Paulo, Brasil) e professora do departamento de Serviço social da UEH. Ela vem trabalhando desde a graduação a questão de gênero, da educaçâo diferenciada segundo o sexo e a dominação masculina e os direitos das mulheres. Presentemente, as suas linhas de pesquisa são: trabalho, gênero, raça e lutas feministas além de interessar-se pela cidadania, democracia e neoliberalismo na contemporaneidade capitalista. Ela trabalhou na intervenção feminista em violencia contra mulheres de 2003 à 2007 assim como publicou varios artigos no jornal feminista Ayiti-fanm entre 2004 e 2007. Publicou em revistas hatiana e estrangeira sobre a questâo das mulheres haitianas e a formação social haitiana. O seu atual tema de pesquisa é: As operarias das zonas francas no Haiti e as organizaçôes feministas ditas progressistas no Haïti contemporâneo.
PAP1011 - Estagiários e Empresários: o emprego em contexto organizacional
A análise dos percursos dos jovens na transição para a vida activa, assente em estudos extensivos de fluxos e sequência de empregos, desemprego e inactividade, permite caracterizar os processos de emprego juvenil e alguns dos seus problemas. A tendência dos jovens atrasarem a saída do sistema de ensino e o início da actividade profissional, a sua sobrequalificação e efeitos no processo de transição para a vida adulta têm sido evidenciados. No entanto, ao não incidir sobre os contextos organizacionais das primeiras experiências de trabalho, dificultam a compreensão do que, nas organizações, pode influenciar a obtenção do primeiro emprego.
Um estudo de caso de um programa de estágios dirigidos a jovens diplomados, sem experiência de trabalho na área do curso, em pequenas empresas, facilitou a análise da socialização organizacional e dos factores que podem influenciar a criação de emprego, no final do estágio. Pretendeu-se identificar perfis de ajustamento mútuo entre estagiários e empresários, conceito que, embora teorizado, não tem sido estudado empiricamente. Neste estudo entende-se o ajustamento mútuo como resultante do processo de socialização organizacional e para a sua operacionalização foram úteis os trabalhos desenvolvidos nas áreas do comportamento organizacional e sociologia das organizações.
Os estudos realizados sobre socialização organizacional têm como principal referência a teoria de socialização organizacional de Edgar Schein e John Van Maanen (1979), notando-se evolução nas questões centrais e nos métodos de investigação prosseguidos.
O estudo apresentado segue as orientações metodológicas mais recentes para o estudo da socialização organizacional: a) assenta num desenho de pesquisa indutivo; b) não se baseia apenas nos relatos dos indivíduos em socialização, recorrendo a informação recolhida de outras formas, como documentos de arquivo e observação.
Realizaram-se entrevistas exploratórias a estagiários, ex-estagiários, empresários e tutores externos. Recorreu-se a métodos não interferentes como a análise documental de questionários já aplicados e outros documentos. Para além da análise de conteúdo e recorreu-se aos modelos de classes latentes para a criação da variável latente ajustamento mútuo e identificação dos seus perfis.
A solução óptima consistiu num modelo que conduziu à estratificação em duas classes latentes, suportada pelas análises qualitativa e quantitativa: uma com 75% dos casos, a outra com os restantes 25%, constituindo os perfis de ajustamento mútuo, que classificámos de Ajustados e Desajustados, face às características evidenciadas. Discutem-se as possíveis implicações para as políticas de emprego e gestão de recursos humanos.
Palavras-chave: Ajustamento mútuo; socialização organizacional; emprego de diplomados; estágios; métodos mistos de investigação
- RAMOS, Rosária
- FONSECA, Jaime
PAP1107 - Este Estado social não é para jovens
Os Estados sociais dos países prósperos aprenderam a viver, desde há cerca de duas décadas, num regime de permanente dificuldades financeiras. Embora as despesas sociais tenham atingido, na maioria dos países, um tecto que se mantém relativamente inalterado, os problemas sociais a que os Estados sociais são chamados a dar resposta não diminuíram; pelo contrário, a somar aos riscos tradicionais a que os Estados sociais deram historicamente resposta - velhice, invalidez, doença e desemprego -, surgiram novos riscos que colocaram pressão financeira, institucional e política sobre a arquitectura de sistemas públicos tradicionalmente difíceis de reformar: o fenómeno da exclusão social; a entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho; o problema dos trabalhadores pobres; o desemprego de longa duração; e a inserção profissional e protecção social dos jovens.
Se todos os Estados sociais são, em larga medida, orientados não apenas para os riscos tradicionais como, em particular, os que afectam a população idosa - na medida em que as despesas com pensões de reforma e com os cuidados de saúde representam entre metade e dois terços da despesa social pública -, existem importantes diferenças entre modelos: enquanto os países com um Estado social de arquitectura social-democrata e liberal procuram (ainda que os primeiros tenham níveis de desmercadorização e generosidade superiores aos segundos) equilibrar as respostas institucionais e financeiras entre os riscos tradicionais e os novos riscos que respondem aos desafios que se colocam à população em idade activa, os do modelo continental estão mais orientados para os riscos tradicionais e, ao nível de despesa, para a população idosa. Os Estados sociais do modelo mediterrânico ampliam esta tendência, com a consequência que os riscos tradicionais e a população idosa quase monopolizam os recursos disponíveis. Daqui resulta um desequilíbrio institucional e financeiro que penaliza as populações em idade activa e, em particular, os jovens.
Esta comunicação analisa o caso português numa perspectiva comparada. Num primeiro momento, vemos como Portugal se inscreve, nos últimos 30 anos, no padrão de despesas próprio do modelo mediterrânico, fortemente orientado para aos idosos e, simetricamente, deficitário na respostas dada aos mais jovens.
Num segundo momento, é explorada a hipótese de que, em Portugal, a diferença entre os partidos no Governo não está tanto no nível de despesa social realizada (como alguma literatura defende), mas na distinta atenção e prioridade dada pela esquerda e pela direita aos riscos tradicionais ou aos novos riscos e, em particular, na atenção dada aos problemas dos jovens.
- MENDES, Hugo
PAP0888 - Estilo de vida e apropriação social em cidades intermediárias
Tendo como referência a noção sociológica de espaço, cotejada das pesquisas de Jean Remy na Universidade de Lovaina (Bélgica), este trabalho discute estilo de vida, modos de apropriação e formas de espacializações em “cidades intermediárias”. Procura estabelecer uma comparação da noção que se tem do conceito intermédiarie, tanto em Portugal como no Brasil, considerando seu aspecto primordialmente interpretativo (Gault, 1989). No entanto, ao estudar espacializações do social, tendo como referência a noção de “cidade intermediária”, nossa análise assimila uma situação concreta, como propõe Jean Remy (1992) – juntamente com Liliane Voyé –, quando desenvolve sua interpretação de espaço e de transacção social. A cidade é, por excelência, o lugar onde indivíduos vários, embora permanecendo distintos uns dos outros, encontram entre si possibilidades múltiplas de coexistência e de trocas mediante a partilha legítima de uma “unidade social”. O espaço surge como lugar de convergência onde se detecta facilmente a presença de atores diferentes, que participam na vida cotidiana da transacção social. Na cidade, as configurações dos espaços sociais são ambíguas, onde a construção de um estilo de vida moderno, no contexto binário rural/urbano, caracteriza-se pelo hibridismo cultural – refratário e acessível, concomitante, ao que ainda é considerado “local” e “estrangeiro”, “tradicional” e “moderno”, paradoxalmente. Em meio a contrastes e similaridades, no dia a dia a estética da cidade suscita formas “tradicionais” e “modernas” de vida social, cuja visibilidade pública se reproduz nos estilos de habitação e ocupação dos espaços urbanos. Como “situação concreta”, a referência empírica é uma cidade brasileira que consideramos “intermediária”, Montes Claros, a maior aglomeração urbana de Minas Gerais localizada na interseção Sudeste/Nordeste do país, onde se verifica intensa mobilidade espacial, difusa e generalizada. Concomitante, identificamos alguns estudos realizados em Portugal que aplicam o conceito de “cidade intermediária”, formulado por Michel Gault. O nosso interesse é discutir a pertinência prática do conceito – apesar de contextos diferenciados de cada cidade – por considerar que a expansão urbana atinge proporções históricas e universais. Entende-se que o estudo do fenômeno urbano, suas dinâmicas sócio-culturais e mobilidades passam pela construção de um paradigma sociológico que extrapole a visão funcionalista do “urbanismo”, cuja interpretação de urbanização e posições intermédias das cidades é definido como processo que integra a mobilidade/fluxo regional, não apenas de pessoas e de bens, mas também de mensagens e de idéias na vida cotidiana.
- CARDOSO, Antonio Dimas

CARDOSO, Antônio Dimas
É bacharel e especialista em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES (Brasil), mestre e doutor em Sociologia, com tese sobre ação coletiva e arranjos corporativos, no Centro de Pós-Graduação sobre as Américas, na Universidade de Brasília (UnB/Brasil). Atualmente, está realizando projeto de pós-doutoramento na Universidade Nova de Lisboa/UNL, Portugal, com investigação sobre "Modos de Apropriação de Espaço", no estudo da Sociologia de Jean Rémy. É professor efetivo da Universidade Estadual de Montes Claros (Brasil), na Graduação em Ciências Sociais, onde ministra cursos de Sociologia Urbana, e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Possui experiência como sociólogo em Administração Pública, com atuação em projetos de geração de trabalho e renda e apoio às atividades produtivas, além de atuar como gestor público em planejamento de cidade média no Brasil, implementando programas de governança democrática.
PAP0238 - Estilos e perfis dos líderes com funções de avaliação de desempenho docente – discussão conceptual
Nesta comunicação pretende-se discutir os conceitos do perfil de liderança e estilo de liderança a partir das lideranças intermédias que, nas organizações escolares, têm a função de avaliar o desempenho dos docentes.
A proposta de comunicação aqui apresentada dá conta da investigação em curso no âmbito do Programa de Doutoramento em Educação, especialidade em Liderança Educacional, na UAb, com o título Estilos e perfis dos líderes intermédios na escola com funções de avaliação de desempenho docente. Neste contexto, procuramos distinguir os dois conceitos partindo do entendimento de perfil enquanto predominantemente relacionado com as características profissionais / académicas existentes / exigidas e de estilo mais ligado às características pessoais moldáveis e relacionadas com os traços de personalidade ou eventualmente com as formas de actuação impostas pelo líder de topo.
Os recentes desenvolvimentos das políticas educativas têm vindo a colocar as instituições escolares no centro das preocupações sociais. Concretamente, medidas como a generalização dos programas de avaliação de desempenho docente e a sua relação com a implementação de um novo modelo de gestão da escola têm contribuído para a reconfiguração da organização escolar ao nível das suas dinâmicas internas de funcionamento.
Neste sentido, interessa compreender os modos como a organização escolar reage a este tipo de imperativos, de que forma recria as suas dinâmicas através da compreensão das práticas e olhares dos sujeitos nos seus contextos de ação. Começamos, pois, por mobilizar os conceitos de estilo de liderança e perfil de liderança fazendo a sua discussão tendo por referência a conjuntura atual de acentuados condicionalismos, o quadro de reflexividade social e a complexidade organizacional escolar. Desta forma, esperamos que esta comunicação (nesta fase, mas também o nosso trabalho) possa constituir um contributo para o entendimento coletivo do modo como as reconfigurações – que resultam das crises e outras – são refletidas e geridas no campo educativo.
Palavras-chave: estilos de liderança; perfis de liderança; avaliação de desempenho docente; organizações escolares; reconfigurações sociais.
- RICARDO, Luís

- HENRIQUES, Susana

- SEABRA, Filipa.

Luís Ricardo
Habilitações académicas/profissionais:
- Licenciado em Engenharia Eletrotécnica (Instituto Superior de Engenharia de Coimbra);
- Licenciado em Educação na especialidade Administração Escolar (Escola Superior de Educação de Leiria);
- Pós graduado em Educação na especialidade Administração Escolar e Planificação da Educação (Universidade Portucalense);
- Mestre em Educação na especialidade Administração Escolar e Planificação da Educação (Universidade Portucalense);
- Doutorando em Educação na especialidade Liderança Educacional (Universidade Aberta) sob a orientação da professora doutora Susana Henriques e da professora doutora Filipa Seabra;
- Tutor na Universidade Aberta (mestrado em Administração e Gestão Educacional; licenciatura em Educação; Curso de Profissionalização em Serviço de professores);
- Professor no Grupo 540 (Esc. Sec. Engº Acácio Calazans Duarte – Marinha Grande).
Morada:
Rua das Arroteias, Lt 39, 2500-568 Caldas da Rainha
E-mail:
luisffricardo@gmail.com
Tel.:
960223344
Nome:
Susana Henriques
Habilitações académicas/profissionais:
Doutorada em Sociologia, especialidade me Sociologia da Educação, da Comunicação e da Cultura. Professora Auxiliar do Departamento de Educação e Ensino a Distância da Universidade Aberta, responsável por UCs de 1º, 2º e 3º ciclos. Investigadora no CIES-IUL e no LE@D-UAb, na área da educação, lideranças, literacias e das competências pessoais e sociais, bem como na área da comunicação.
Morada:
UAb – DEED
Campus do Taguspark
Edifício Inovação I
Av. Dr. Jacques Delors
2740-122 Porto Salvo, Oeiras
E-mail:
susanah@uab.pt; susana_alexandra_henriques@iscte.pt
Tel.:
213916300
Nome:
Filipa Seabra
Habilitações académicas/profissionais:
Doutorada em Ciências da Educação, especialidade em Desenvolvimento Curricular, pela Universidade do Minho. Professora Auxiliar do Departamento de Educação e Ensino a Distância da Universidade Aberta. Investigadora no LE@D-UAb, na área da educação, lideranças e no CIEd-UM, na área da teoria e desenvolvimento curricular.
Morada:
UAb – DEED
Campus do Taguspark
Edifício Inovação I
Av. Dr. Jacques Delors
2740-122 Porto Salvo, Oeiras
E-mail:
fseabra@uab.pt
Tel.:
216011417
PAP0016 - Estratégias colectivas de governação local no campo social
Perfila-se um novo paradigma de governança-
local, colectivo, negocial e integrado- que,
além das questões relacionadas com a assunção
de arquitecturas institucionais mais
horizontais, incorpore a ideia de,
participação dos actores chave nos assuntos
públicos. Este paradigma esboça-se, ao mesmo
tempo, que, se afirma um novo paradigma
sociopolítico de intervenção social, cujos
grandes marcos teóricos, reconhecendo a
relação entre os fenómenos protecção social e
desenvolvimento local, sublinham a importância
da intervenção intersectorial e da preparação
do contexto de referencia, recontextualizando
o discurso oficial e promovendo, no decurso da
acção, processos reflexivos capazes de gerar
aprendizagem e espaço de manobra para os
actores locais. As teorias de Beck (2000),
Giddens (1997, 2001), Fukuyama (2006),
Castells (2007), entre outros, oferecem
elementos de fundamentação do novo paradigma,
que, sugerem a experimentação de novos
mecanismos de acção conjunta, como redes,
parcerias e outras fórmulas de associativismo.
Este novo paradigma comporta a necessidade de
se encontrarem estratégias adequadas de
intervenção territorial, capazes de acautelar
um certo oportunismo do Estado, de
distribuição da responsabilidade do combate à
pobreza por novos e diferentes actores. Tratar-
se-á de concretizar os princípios de um Estado
Social accionando no local, fórmulas de
governação ou governança, capazes de
comprometer, em complementaridade, outros
agentes e outras redes sociais, no suporte
social aos indivíduos e famílias.
Entende-se a noção de governança como um
fenómeno pluridimensional, que, além das
questões relacionadas com a arquitectura dos
órgãos locais, mais centralistas ou mais
horizontais, incorpora a ideia de participação
dos actores chave nos assuntos públicos e
corresponde ao conjunto de processos e de
actores locais envolvidos na acção local.
- GONÇALVES, Hermínia Fernandes

Hermínia Júlia de Castro Fernandes Gonçalves, Professora auxiliar na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), Departamento de Economia, Sociologia e Gestão (DESG). Investigadora Efetiva do Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (CETRAD- UTAD). Com Interesses de investigação em políticas sociais, democracia participativa, cidadania, governança; ação coletiva; redes sociais; parcerias; movimentos sociais, pobreza, desenvolvimento local, responsabilidade social, terceiro sector e metodologias participativas. Doutorada em Sociologia, pela Universidade de Salamanca. Recebeu o Prémio de Investigação Doutoramento Extraordinário, pela Universidade de Salamanca.
Exerce ainda funções:
Vice Directora da Licenciatura de Serviço Social da UTAD
Coordenadora da REAPN/EAPN (rede Europeia Anti-Pobreza, Núcleo Distrital de Vila Real;
Juiz Social na Comarca de Vila Real para a área dos menores em risco.
Já exerceu funções:
Directora da Unidade de Proteção Social de Cidadania no Centro Distrital de Segurança Social de Vila Real.
Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vila Real
Coordenadora do Grupo de Ação Local da Associação do Douro Histórico (ADH) para aplicação do Programa LEADER (Ligação de Acções de Desenvolvimento Rural).
PAP1451 - Estratégias de gestão dos processos de aculturação: as identidades pessoais como processos em gerúndio
A partir de entrevistas etnobiográficas com professores, com idosos e com imigrantes brasileiros em Portugal, tenho tentado compreender a identidade como processo inacabado, em gerúndio, de reconstrução ontológica entre o passado (memória) e o futuro (projecto) sendo a aculturação vista como processo de aprendizagem e de transformação de si.
Nesta comunicação, procuro mostrar como os sujeitos interiorizam os vários elementos culturais de que se apropriam, nesse processo de bricolage (Lévi-Strauss, 1977, 1983 ), e como gerem as várias pertenças e identificações. Simultaneamente, cruza-se a análise com os conceitos de projecto e metamorfose estudados por Gilberto Velho (1981; 1994) para quem a existência de projecto é a afirmação de uma crença no indivíduo-sujeito.
A construção de identidade, tal como a operacionalizamos, consiste em dar um significado consistente e coerente à própria existência, integrando as suas experiências passadas e presentes, com o fim de dar um sentido ao futuro. Trata-se de uma incessante definição de si próprio: o que/quem sou, o que quero fazer/ser, qual o meu papel no mundo e quais os meus projectos futuros, processo nem sempre pacífico e causador, por vezes, de muitas crises e angústias existenciais (Dubar, 2000).
Neste quadro orientador, daremos conta, através das vozes dos entrevistados, das estratégias de gestão das diversidades culturais que atravessam o Ego, essa identidade pessoal que, assim, é sempre, também, social. O Eu é um nós mais monocultural, mais multicultural (ou ambivalente) ou intercultural que gere múltiplas pertenças de modo estratégico, como daremos conta na comunicação.
- VIEIRA, Ricardo

Ricardo Vieira, antropólogo e sociólogo, é Professor Coordenador Principal da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria e investigador do CIID-IPL. Concluiu a sua Agregação em 2006. A sua investigação tem incidido sobre multiculturalidade e educação intercultural; histórias de vida e identidades; identidades pessoais e profissionais; identidades e velhices; mediação intercultural; educação e serviço social. No ano de 2000 foi galardoado com o prémio Rui Grácio, prémio para a melhor investigação em Portugal no domínio das Ciências da Educação. É autor e co-autor de uma dúzia de livros e de dezenas de artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras.
PAP0928 - Estratégias e dinâmicas de género nos encontros online: a apresentação de si e as características preferidas no/a parceiro/a
Esta comunicação resulta de uma investigação mais alargada que propõe desvendar uma realidade recente no âmbito das alterações que nos últimos anos se têm sucedido ao nível familiar: a formação de relações conjugais a partir da Internet e as modalidades que podem assumir. A evolução tecnológica e o crescimento da Internet é um dos mais relevantes fenómenos culturais do nosso tempo e marca indelevelmente a paisagem da pós modernidade. Embora o uso da Internet siga objectivos comerciais e organizacionais, a sua utilização para fins de sociabilidade e comunicação mantém-se elevada e com tendência para aumentar. Estudos diversos têm demonstrado que a Internet é um meio válido para iniciar relações sociais de vária ordem, nomeadamente, relações íntimas e românticas. Estas relações iniciam-se no mundo virtual mas, na maioria dos casos, transferem-se e consolidam-se, depois, num mundo real.
Em particular, esta comunicação versa sobre as estratégias e as dinâmicas de género observadas nos perfis de apresentação pessoal num site de encontros online. O foco recai, por um lado, na apresentação que cada utilizador faz de si, por outro, naquilo que busca no/a parceiro/a. No sentido de alcançar o objectivo de encontrar um/a parceiro/a amoroso/a como é que mulheres e homens concretizam esta apresentação de si? Em relação às mensagens de apresentação, o que redigem? Em que termos o fazem? Quais as características pessoais que procuram fazer sobressair? E em relação às imagens/fotografias apresentadas online, o que revelam e de que modo? Quais as características preferidas de mulheres e homens em relação a um/a potencial parceiro/a amoroso/a?
O emprego de uma metodologia qualitativa, com recurso a análise de conteúdo (tanto de mensagens de apresentação escritas como de fotografias) realizada a um conjunto alargado de perfis de um site de encontros online, revela como o género produz diferenças em termos dos atributos pessoais que são salientados e também das características desejadas nos/as parceiros/as. Verificam-se persistências de valores, normas e papéis em torno do género, é certo, mas a análise permite também descortinar algumas mudanças que marcam as relações sociais de género nas sociedades contemporâneas.
- CASIMIRO, Cláudia

Nome: Cláudia Casimiro
Afiliação Institucional: Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL), Lisboa, Portugal.
Área de Formação: Licenciatura em Antropologia (FCSH-UNL), Mestrado em Ciências Sociais na especialidade de "Família: Olhares Interdisciplinares) (ICS-UL), Doutoramento em Ciências Sociais, especialidade em Sociologia Geral (ICS-UL)
Interesses de Investigação: Sociologia da Família; Violência na conjugalidade; Encontros e Relações Online (ciberconjugalidades); Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); Métodos de Investigação Qualitativa.
PAP0035 - Estrutura de oportunidade política e abordagem relacional: a representação política em espaços de participação
A criação dos
espaços
institucionais de
participação social
fez com que surgisse
uma nova forma de
representação
política .A partir
do conceito de
oportunidade
política combinada à
abordagem da
sociologia
relacional
pretende-se entender
a representação de
organizações da
sociedade civil
nesses espaços e
como o ambiente
político também pode
fornecer incentivos
para a ação desses
grupos. Trata-se de
entender como essas
organizações, a
partir do
aprendizado derivado
do envolvimento no
dia-a-dia do
colegiado,
estabelecem
relações, mudam suas
ações, criam e/ou
utilizam
oportunidades
políticas e/ou
constroem um novo
projeto político.
- MOURA, Joana Tereza Vaz de
PAP1325 - Estudo da Anatomia da Saúde Pública a Partir da Análise às Veias de Orientação Estratégica e Prática da Estratégia da Saúde EU (2008-2013)
Estudo da Anatomia da Saúde Pública a Partir da Análise às Veias de Orientação Estratégica e Prática da Estratégia da Saúde EU (2008-2013)
Mónica de Melo Freitas
Doutoranda em Sociologia
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e Universidade Nova de Lisboa
Investigadora em Estudos Sociais
Centro de Investigação em Estudos Sociais CESNOVA
monicaflul@hotmail.com
José Manuel Resende
Prof. Associado e Orientador Científico
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa FCSH/UNL
Investigador em Estudos Sociais
Centro de Investigação em Estudos Sociais CESNOVA
josemenator@hotmail.com
Maria João Nicolau dos Santos
Profa. Associada e Co-Orientadora Científica
Instituto Superior de Economia e Gestão ISEG
Investigadora SOCIUS
mjsantos@gmail.com
RESUMO
O presente artigo visa sobretudo compreender em que medida as linhas de orientação da estratégia de saúde EU (2008-2013) vêm sendo incorporada pelas políticas públicas de saúde dos estados membros da CE e que argumentos justificativos foram accionados com vista a mobilizar os actores a realizarem a referida incorporação.
Partindo do pressuposto que a referida estratégia não foi integrada na sua totalidade pelos estados – membros e demais parceiros da CE , devido às assimetrias existentes nas linhas de orientação estratégica e de acção http://ec.europa.eu/health/strategy/docs/midtermevaluation_euhealthstrategy_2011_report_en.pdf, consultado em 26.11.11), propomos analisar as lógicas argumentativas que estiveram na base da mobilização social a partir da Grelha Taxonómica das Lógicas de Justificação (Boltanski & Thèvénot, 1991).
Acreditamos que a compreensão das lógicas de justificação que estiveram na base da mobilização social dos actores da saúde possui a pertinência de dar a conhecer aos outros actores e instituições interessadas, a possibilidade de tomarem conhecimento do que verdadeiramente move os actores deste sector.
Importa-nos ainda neste artigo, verificarmos até que ponto as referidas lógicas de justificação mobilizadas incentivam ou não a prática da Responsabilidade Social e a constituição de clusters da saúde, pelo facto destas estratégias terem sido evidenciadas pelos autores ligados à economia e à gestão, como as formas mais viáveis de conciliação dos interesses relacionados ao bem - comum e à prosperidade económica (Almeida, 2010); (Blownfield & Murray, 2010); (Krisher, Nueva Sociedad:202); (Lee, 2007); Rego, Cunha, Costa, Gonçalves, Cabral-Cardoso (2006), (Porter, 1996).
- FREITAS, Mónica de Melo

Mónica de Melo Freitas
É Doutoranda em Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Investigadora Associada no Centro de Estudos Sociológicos da Universidade Nova de Lisboa.
No âmbito do Doutoramento realiza uma investigação intitulada «A Responsabilidade Social e a Saúde: Um Estudo Compreensivo das Lógicas de Acção, Sentidos e Valores» sob a orientação científica do Professor Doutor José Resende da Universidade Nova de Lisboa e co-orientação científica da Professora Doutora Maria João dos Santos do Instituto Superior de Economia e Gestão.
Realiza um projecto voluntário de investigação científica nas áreas da Segurança e da Defesa em conjunto com a Escola da Guarda Nacional Republicana e com a Universidade Nova de Lisboa com o seguinte título «Angola, Brasil e Portugal: Um Triângulo Estratégico e Técnico - Operacional de Expressão Portuguesa com Potencialidades Internacionais.
Realizou o estudo acerca das potencialidades e dificuldades para a constituição de um cluster na área da saúde em Cascais o qual foi integrado na Agenda XXI (2008) do Concelho de Cascais.
Participou no 12 th European Congress on Creativity and Innovation que decorreu no Algarve entre os dias 14 e 17.09.11, com a apresentação da Comunicação «O Estudo da Responsabilidade Social da Saúde em Portugal» com publicação em e-book.
Integrou a equipa de investigadores da Universidade Nova de Lisboa que participou no Congresso Luso-Afro-Brasileiro que se realizou entre os dias 10 e 14.08.11 em Salvador da Bahia – Brasil, tendo apresentado neste a comunicação intitulada «A Responsabilidade Social enquanto ferramenta estratégica de redução de conflitos e de concertação da acção social entre os actores da área da Saúde» com publicação no anal a ser editado pelo Congresso.
Foi convidada a fazer publicações pela China-USA Business Review em 15 de Setembro de 2011 devido à sua apresentação no 12th European Congress on Creativity and Innovation.
PAP1515 - Estudo das razões de saída do RV/RC nas Forças Armadas
O actual sistema de recrutamento das Forças Armadas, assente num modelo baseado exclusivamente em militares profissionais, evidencia que o seu sucesso depende da capacidade da Instituição Militar em identificar, atrair, incorporar, reter nas suas fileiras e reinserir no mercado de trabalho um conjunto significativo de jovens cidadãos de forma sistemática.Para participar na elaboração de estratégias consolidadas, que permitam uma intervenção eficaz nesta área, importa recolher dados que possibilitem identificar os seus principais problemas, considerando-se assim como objecto de análise as percepções dos jovens no momento da sua saída da Instituição. É neste âmbito que se insere este estudo cujo objectivo é identificar e caracterizar as razões de saída dos militares em regime de voluntariado e contrato, bem como, identificar as motivações de ingresso e os factores impulsionadores da permanência dos militares na Instituição Militar. Ambiciona-se que este estudo produza uma análise do fenómeno das desistências no sentido de definir acções e medidas que visem potenciar o tempo de permanência dos militares na Instituição, permitindo assim o retorno do investimento efectuado pela mesma. A fase de recolha de informação decorreu entre Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011 com a aplicação de questionários a todos os militares em regime de voluntariado e contrato que terminam o serviço militar, em qualquer fase da sua carreira.
- PALHOCO, Vitor
- ALVES, Maria Clara
PAP1194 - Evolução do propósito da prática sexual feminina: alongamento dos pequenos lábios genitais
A sexualidade tem cada vez mais um papel determinante e importante na vida dos indivíduos. A sua complexidade, as inúmeras exteriorizações e as diversas formas de procura e realização sexual têm sido um dos aspetos do quotidiano que mais se tem regulado por normas, símbolos e significados socioculturais. Em certas regiões africanas, no sistema de educação tradicional, ensinam a prática da extensão dos lábios menores. Esta prática milenar consiste numa auto manipulação (massagens incitadoras das áreas exógenas de prazer). Este procedimento é acompanhado de ensinamentos tradicionais, histórico-socio-culturais, sobre a relação conjugal, sexual e comunitária. Por conseguinte, é realizada antes da menarca, após os primeiros sinais de puberdade. Consequentemente, a prática possui um grande peso na inclusão e na coesão grupal e, principalmente, na obtenção de prazer. Em primeira instância verifica-se um incremento do prazer por parte da mulher e, consequentemente, por parte do parceiro. Este costume foi explorado em Portugal, entre Março e Setembro de 2011, através de uma investigação qualitativa efetuada a treze indivíduos moçambicanos. A investigação permitiu a emersão de dados que demostraram a evolução do propósito da alteração do órgão genital feminino. A modificação da interpretação da prática permitiu visionar a dinâmica evolutiva do ato sexual em si. Os resultados conduziram à concordância que o objetivo principal para a realização do alongamento se têm mantido. Por outras palavras, a objetivação de incrementar a área neurosensitiva visando proporcionar o aumento da sensibilidade da mulher, visto que esta reage mais intensamente a estimulação sexual, se tem preservado. Contudo, a forma como tem sido percecionada e utilizada tem evoluído. Inicialmente, as mulheres alteravam os seus genitais para que pudessem sentir prazer sem que os seus parceiros se apercebessem. Atualmente, este aumento da área neurosensitiva do órgão genital faz parte do jogo de erotismo e da potencialização de maior prazer, por isso, também tem sido executada por mulheres adultas, originárias de regiões que não possuem esse costume. Logo, tem deixado de possuir o peso de inclusão e coesão grupal que possuía.
- COSTA-REIS, Analisa
PAP1143 - Exclusão epistémica da crimigração
Área Temática: Imigração, Crime e Reclusão
Qual a importância comparada do estudo da situação nas prisões e dos estudos sobre a indústria, agricultura e pescas, serviços, condição cultural, política ou financeira para caracterizar uma sociedade? E que importância têm o conhecimento sobre as relações de uma sociedade com a imigração para a caracterizar? Não é estranho que sendo o controlo das fronteiras, da nacionalidade e do monopólio do uso legítimo da força das principais características principais das sociedades modernas – as funções do Estado que a todos parecem inalienáveis – a imigração e a criminalização sejam processos epistemologicamente marginalizados, senão excluídos, da caracterização das sociedades?
A discussão desta questão será ilustrada com a actual situação de crise, em que o problema financeiro global tem sido usado como pretexto para suspensão das referências à teoria da escolha racional em nome da necessidade de empobrecimento e de sacrifícios de todos os que não pertencem às classes cada vez mais privilegiadas.
- DORES, António Pedro

Doutorado e agregado em Sociologia no ISCTE em 1996 e 2004 respectivamente, http://iscte.pt/~apad/novosite2007/. Docente responsável pelo ramo “Sociologia da Violência” do mestrado de Sociologia do ISCTE-IUL. Membro da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento/ACED, http://iscte.pt/~aced/ACED, iniciativa de pessoas reclusas para romperem o cerco que as inibe de exercer os direitos de livre expressão.
Organizador dos livros a) Vozes contra o silêncio – movimentos sociais nas prisões portuguesas, com Alte Pinho, Prisões na Europa – um debate que apenas começa e Ciências de Emergência; b) Autor da trilogia Estados de Espírito e Poder (Espírito Proibir, Espírito de Submissão e Espírito Marginal).
PAP0849 - Exigências atuais à docência da Educação Física e Desporto
A responsabilidade, afirmação e ação dos profissionais cuja matriz formadora foi a Educação Física e Desporto tem ganho uma abrangência e um impacto social merecedor de uma reflexão e análise mais profundas, cujo objetivo aponta para uma reformulação e renovação do âmbito do estatuto e das funções do Professor de Educação Física. Considerando estes pressupostos e de acordo com a Aligning a European Higher Education Structure in Sport Science (AEHESIS 2006) são consideradas quatro áreas de ocupação profissional no âmbito do desporto: Educação Física, Treino Desportivo, Fitness e Atividade Física Adaptada. O estudo que se apresenta partiu de uma proposta de matriz essencial das responsabilidades do professor de Educação Física a partir de três dimensões principais: i) dimensão pessoal; ii) dimensão profissional e; dimensão social. Esta matriz permite avançar para uma reflexão focalizada na área de intervenção da Educação Física e Desporto, constituindo-se como referente essencial para um estudo empírico, que procurou compreender as conceções dos professores de Educação Física, com escassa experiência profissional, sobre algumas das dimensões da profissionalidade docente. Neste sentido, aplicou-se um questionário a cem participantes, Licenciados em Educação Física e Desporto, 66 do sexo masculino e 34 do sexo feminino com uma idade média de 27.2 (±5) anos. Os resultados deste estudo permitem avançar para algumas conclusões preliminares que apontam para a valorização de perfis de profissionalidade que envolvam grande dedicação e paixão pela lecionação da EF. Além disso, apontam para o desenvolvimento de competências de natureza ética, consentâneas com a sociedade em que se insere e também para o domínio específico da sua disciplina, assim como, uma capacidade de individualizar o ensino com elevados padrões de justiça.
- RESENDE, Rui

- PINHEIRO, Claudia
- CASTRO, Julia
- ALBUQUERQUE, Alberto
Respondendo à solicitação
Rui Resende
Doutor pela Universidade da Corunha em Ciências da Actividade Física e do Desporto; INEF da Galiza; (Julho de 2009).
Mestre em ciências do desporto na área do treino desportivo de alto rendimento na Faculdade de Desporto e Educação Física da Universidade do Porto (1995/1996).
Licenciatura em educação física pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto (1985/1990).
Coordenador do Mestrado em Ciências da Educação Física e Desporto com a especialização em Treino Desportivo (2011-2012)
Professor do Instituto Superior da Maia de Metodologia da Investigação; Competências do treinador desportivo (mestrados); Princípios de investigação científica (licenciatura em EF)
Experiência de 22 anos como professor de Educação Física no ensino secundário
Formador de treinadores de Voleibol: Preletor em mais de 20 cursos de treinadores de Voleibol de todos os níveis.
Treinador de Voleibol em mais de vinte anos de todos os escalões e divisões em Portugal. Destaca-se a selecção nacional de Juniores de Portugal (1990-1992; 1996-1998) e a selecção nacional de Voleibol de Praia (1993-1995).
Presidente da ANTV (Associação Nacional de Treinadores de Voleibol) (2007-2009; 2009-2011).
PAP0202 - Exogamia e Endogamia: escolhas conjugais dos imigrantes nos Açores
Volvidos mais de 25
anos após a entrada
de Portugal na União
Europeia e
concluídos os
trabalhos de
reconstrução das
ilhas do Faial e
Pico, a entrada de
imigrantes nos
Açores continua a
ocorrer, ainda que
com intensidades
distintas. Apesar do
decréscimo registado
no ano de 2010, em
relação a 2009, –
justificável, em
parte, pelo agudizar
da crise económica
nacional e
internacional e pela
conclusão de algumas
das grandes obras de
construção civil nas
ilhas – observamos
que, numa análise
diacrónica, a
tendência geral
manifestada foi a de
um crescimento
efectivo da
população
estrangeira
residente
contribuindo,
consequentemente,
para a
heterogeneidade e
diversidade da
população imigrante
actualmente
residente nos
Açores.
Num espaço social
multiétnico, onde o
processo de
integração não se
tem revelado um todo
integrado, sobretudo
no mercado de
trabalho onde
persistem situações
de desadequação
entre as actividades
exercidas e as
qualificações
possuídas pelos
imigrantes (cf.
Rocha, et al., 2009;
2004; Ferreira,
2008), as relações
exogâmicas
constituem, na
perspectiva da
Teoria da
Assimilação
Segmentada, um
importante passo
rumo à integração
plena. (Dribe &
Lundh, 2010; 2008).
Tendo por base este
pressuposto,
consideramos que as
relações exogâmicas
desenvolvidas na
sociedade de
acolhimento
potenciam a
aprendizagem dos
costumes culturais,
da língua e do
conhecimento do
mercado de trabalho
local, em virtude
dos contactos e das
relações
estabelecidas com a
comunidade de
acolhimento,
contribuindo,
consequentemente,
para que a
integração económica
dos imigrantes
ocorra com sucesso.
Estando perante um
fenómeno social
complexo e
multidimensional,
orientado por
factores individuais
e contextuais que
determinam os
processos
migratórios, a
composição e a
diversidade das
formas conjugais
regionais, a análise
das diferentes
percepções e
representações
construídas pelos
imigrantes em torno
dos açorianos, do
‘outro’ étnico e da
endogamia e da
exogamia. A nossa
investigação passou,
consequentemente,
pela identificação
de quais é que
poderão ser os
factores
facilitadores das
relações exogâmicas
e endogâmicas nos
Açores.
- MENDES, Derrick
PAP1067 - Expectativas associadas ao cuidar das gerações mais velhas: comparação entre filhos únicos e membros de fratrias
A sociedade contemporânea é marcada por mudanças que se repercutem nas opções dos indivíduos e das famílias no que concerne ao cuidado informal intergeracional.
A comunicação objetiva problematizar os resultados de um estudo sobre as expectativas de adultos face à eventual necessidade de cuidar dos seus pais - a geração precedente - analisando diferenças entre filhos únicos e filhos membros de fratrias.
O estudo, de coorte prospetivo, de natureza quantitativa, utilizou na recolha de dados um inquérito por questionário de administração indireta. A amostra, constituída por adultos portugueses em idade ativa (dos 25 aos 65 anos) - não cuidadores - com pelo menos um dos progenitores vivo, abrangeu 186 participantes com uma média de idade de 32 anos, maioritariamente do sexo feminino (88%) e com habilitações literárias ao nível do ensino superior (91%).
Os respondentes revelam o amor e a ternura como o principal motivo para cuidar dos seus progenitores. Os filhos únicos preveem dificuldades a nível económico, ponderando recorrer a recursos formais no cuidado, ao contrário dos respondentes membros de fratrias que perspetivam optar por uma estratégia de exclusividade da fratria no cuidado informal. As rotinas domésticas, as atividades de lazer e a produtividade no trabalho são as principais áreas que os inquiridos conjeturam poderem ser afetadas ao cuidarem dos seus progenitores.
Tendo em conta a centralidade que as problemáticas associadas ao envelhecimento patológico assumem na quotidianidade familiar, optar por cuidar informalmente não pode ser penalizador. No sentido de antecipar eventuais dificuldades no curso da vida as famílias deverão ser estimuladas a refletir sobre a prestação de cuidados informais face às disritmias que as longevidades acarretam. Urge, por isso, repensar as respostas que as políticas públicas apresentam neste domínio, redefinindo-se e ampliando-se programas que respondam efetivamente às necessidades das pessoas dependentes, dos cuidadores e das famílias, garantindo os seus direitos enquanto cidadãos e promovendo o seu bem-estar social.
- DEUS, Andreia

- GUADALUPE, Sónia

- DANIEL, Fernanda

Andreia Deus: Assistente Social, Mestre em Serviço Social pelo Instituto Superior Miguel Torga.
Sónia Guadalupe: Assistente Social, investigadora do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade e Professora Auxiliar no Instituto Superior no Instituto Superior Miguel Torga. Mestre em Família e Sistemas Sociais. Doutorada em Saúde Mental. Investiga sobre Redes de Suporte Social em populações vulneráveis.
Fernanda Daniel: Assistente Social, investigadora do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade e Professora Auxiliar no Instituto Superior no Instituto Superior Miguel Torga. Doutorada em Desenvolvimento e Intervenção Psicológica a sua tese a par das publicações individuais enfocam, maioritariamente, o envelhecimento e as políticas públicas.
PAP0396 - Expectativas dos Adolescentes Brasileiros com Relação à Igreja Católica Romana
O autor fez um doutorado na Escola Superior de Teologia, de São Leopoldo - RS, Brasil, no ano de 2006, onde - para construir um método novo de trabalho com adolescentes urbanos fazendo o sacramento da confirmação, saiu a perguntar aos adolescentes da grande Porto Alegre o que eles esperavam, gostavam ou criticavam na Igreja Católica Romana.
A pesquisa de sondagem nas ruas gerou mais duas outras: em um colégio católico e um questionário na catequese de crisma.
O resultado destas entrevistas e destes questionários demonstram as opiniões de adolescentes com relação à Igreja Católica Romana.
O panorama do catolicismo brasileiro (como em todo o mundo) vem passando por inúmeras transformações no seu campo religioso interno. Considerar a opinião de adolescentes e jovens que não tem sido ouvidos, nos dá uma nova perspectiva de análise.
OS resultados das pesquisas tem mostrado que os adolescentes já tem uma opinião com relação à Igreja e à sua atuação na sociedade brasileira, especialmente na grande Porto Alegre, onde foi realizada a pesquisa.
Escutar e levar a sério a opinião e a expectativa deles com relação à Igreja Católica Romana nos dá uma visão bastante ampla do universo religioso brasileiro, visto a partir da perspectiva dos que usam a religião para receber os sacramentos da confirmação e da eucaristia.
A presente comunicação quer - reportando ao universo português - contribuir para uma panorâmica mais internacional do fenômeno das migrações religiosas do universo do catolicismo.
- DEA, Paulo Fernando Dalla

Paulo F. Dalla-Déa
Pesquisador da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS-SP-BRASIL, Membro da SOTER e da Sociedade Brasileira de Catequetas
Bacharel em Filosofia e Teologia, Mestre em Teologia Pastoral e Doutor em Religião e Educação
Áreas de interesse: adolescentes e religião e discurso religioso contemporâneo ( com base nas reflexões de M. Bakhtin)
PAP0708 - Experiência sexual: contributos para um novo conceito nos estudos de sexualidade e género
Nesta comunicação apresento uma proposta de um novo conceito para os estudos de sexualidade e género, o conceito de experiência sexual, desenvolvido numa tese de doutoramento defendida em 2011 (Policarpo, 2011). Partindo das três lógicas de acção propostas por F. Dubet – integração, estratégia e subjectivação -, pretendo explorar os significados que cada uma destas lógicas assume no que respeita à vida sexual.
Cada uma pode ser descrita em três níveis diferentes. Em primeiro lugar, cada uma reporta a diversos aspectos da vida dos indivíduos (profissional, familiar, afectiva, sexual), com destaque para a sexualidade. Porém, é a forma como o indivíduo se «move» nas restantes dimensões da vida que explica os modos que a sexualidade assume, em cada lógica. Um exemplo muito evidente seria o de um indivíduo que, tendo uma forte integração profissional em determinada fase, vê a sua vida sexual reduzir-se em frequência, diversidade de parceiro/as e/ou práticas. Este nível descreve onde tudo se passa: é o das dimensões da vida pessoal.
O que nos leva a um segundo nível analítico, em cada lógica da acção: o grau de «compromisso individual» com cada uma das dimensões consideradas. Trata-se de uma medida de intensidade da adesão do actor social à lógica em questão, nos seus diversos desdobramentos (familiar, profissional, sexual). Ela pode ser «medida» em termos de grau como «forte», «média» ou «fraca».
Conforme a conjugação dos diferentes graus de intensidade do posicionamento do actor social em cada uma das lógicas (e respectivas dimensões), podemos chegar então a um terceiro nível, em que qualificamos o modo de posicionamento do actor. Em cada lógica, conforme a intensidade da adesão for «forte», «média» ou «fraca», teremos três modalidades de acção.
Deste modo, partindo da intensidade da adesão a papéis sociais, valores, grupos e comunidades (integração), nas várias dimensões da vida individual, chegamos a diversas modalidades de viver essa pertença: convencional, marginal ou alternativa. Na lógica estratégica foi possível identificar três modalidades de acção: limitadas, ocasionais ou ad hoc, e diversificadas. Finalmente, foi possível chegar a várias modalidades de subjectivação, modos qualitativos de construção do sujeito sexual e sua identidade: padrão, problematizada e singular.
Este novo conceito permitiu construir seis ideais-tipo de experiência sexual: convencional, alternativo-singular, marginal-diversificado, alternativo-diversificado, ambivalente.
- POLICARPO, Verónica

Nota biográfica:
Doutorada em Ciências Sociais (Sociologia), pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), com uma tese com o título Indivíduo e Sexualidade: a construção Social da Experiência Sexual. Mestre (pré-Bolonha) em Sociologia, pela Universidade de Coimbra; e licenciada (pré-Bolonha) em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica Portuguesa. Desde 2000 leciona na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Católica Portuguesa, diversas disciplinas às licenciaturas e mestrados, com destaque para as Metodologias de Investigação das Ciências Sociais. É membro do Conselho de Coordenação do Centro de Estudos em Serviço Social e Sociologia (CESSS-UCP), vogal da Direção do Centro de Estudos de Povos de Cultura e Expressão Portuguesa (CEPCEP, UCP), investigadora do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica (CESOP, UCP) e do Centro de Estudos Comunicação e Cultura (CECC, UCP), onde co-organisou a primeira Spring School on Advanced Methodologies in Communication Studies (Abril 2012). Os seus interesses de investigação são multidisciplinares, e incluem temas como a construção do indivíduo contemporâneo; sexualidade, género, transformações da vida privada e íntima; redes e comunidades pessoais; valores e atitudes face às minorias, preconceito, discriminação, desigualdades sociais; métodos e técnicas de investigação qualitativa e quantitativa em ciências sociais. Entre as suas publicações mais recentes contam-se os livros Os Imigrantes e a Imigração aos Olhos dos Portugueses: Manifestações de preconceito e perspectivas sobre a inserção de imigrantes, (Coord. com João H.C. António, Fundação Calouste Gulbenkian, 2012) e Imigrantes Sem Abrigo em Portugal, (em co-autoria) Lisboa, ACIDI (no prelo); dois capítulos do IV Volume da História da Vida Privada, pelo Círculo de Leitores (coord. Ana Nunes de Almeida), «Sexualidades em construção: entre o público e o privado» e «Media e Entretenimento» (em co-autoria), 2011; Viver a telenovela: um estudo sobre a recepção (Livros Horizonte, 2006); Os Imigrantes e a População Portuguesa: imagens recíprocas (coord. Mário Lages, Observatório da Imigração, 2006). Coordena actualmente diversos projectos, entre os quais Jovens e Idosos: relações intergeracionais e envelhecimento activo (CEPCEP)e Personal Communities: transformations in private life, family relationships and intimacies (CESSS).
PAP0627 - Experiências de Movimento Corporal de Crianças no Cotidiano da Educação Infantil
A investigação teve como objeto o estudo compreensivo-critico das experiências de movimento corporal das crianças no contexto da educação infantil. A questão de partida perguntou como tais experiências ocorrem no dia a dia de um CMEI, do sistema de ensino público de Vitória (ES). A investigação foi inspirada nos postulados propostos por Sarmento (2000, 2003a, 2003b) e Sarmento, Thomás, Fernandes (2004). O objetivo foi contribuir para que a Educação Física constitua elementos teóricos e metodológicos capazes de orientar a atuação e a formação do professor envolvido no processo de educação das crianças na educação infantil. A observação em contexto nos permitiu compreender que as experiências de movimento corporal das crianças tendem a ser sistematicamente interditadas pela cultura institucional; que as crianças na educação infantil não têm direito a movimentar a si e ao seu mundo como precisam e gostariam de fazê-lo; que o sentido interpretativo desenvolvimentista corrente na educação infantil indica que quando a criança move a si e ao seu mundo provoca um forte conflito entre sua perspectiva cultural ética estética e a ordem cultural estética ética institucional. Ao compreender esses indicadores, passamos a considerar que tais experiências são uma chave de socialização das crianças; pois, movimentos corporais executados por elas são fundamentais para a configuração de ações inerentes aos jogos e às brincadeiras no momento em que ocorrem; são uma necessidade e um interesse típico e parte significativa do ofício de criança. Se essas necessidades e interesses não forem considerados no dia a dia da educação infantil, expropria-se a chave e compromete-se sensivelmente o desenvolvimento, a educação, socialização da criança como sujeito de direitos. Experiências de movimentos corporais vividas pelas crianças são necessárias como fontes e possibilidades efetivas de aquisição de um tipo de conhecimento objetivo, estruturante, regulador e revelador das experiências, das ações, das linguagens, da subjetividade, das representações das dimensões reais e virtuais da vida e das condições efetivas de socialização da criança. Radicalizando na compreensão crítica, sugerimos que no processo de escolarização, as experiências de movimento corporal configuram ações ontologicamente violentas. Concorrentes indóceis às nossas boas intenções para com as necessidades e interesses pessoais e sociais das crianças. Chamamos o debate para o campo do direito a ter direitos e, nos valendo das proposições de Rosenfield (2001), consideramos as experiências de movimento corporal como um acontecimento produzido pelas crianças e um momento fundador de novos direitos. A escola infantil não pode continuar a ignorar as experiências de movimento corporal das crianças no seu fazer pedagógico, tampouco mantê-lo intacto, exigindo que as crianças continuem se adaptando à sua ordem cultural.
PAP0628 - Experiências de Movimento Corporal de Crianças no Cotidiano da Educação Infantil
A investigação teve como objeto o estudo
compreensivo-critico das experiências de
movimento corporal das crianças no contexto da
educação infantil. A questão de partida
perguntou como tais experiências ocorrem no
dia a dia de um CMEI, do sistema de ensino
público de Vitória (ES). A investigação foi
inspirada nos postulados propostos por
Sarmento (2000, 2003a, 2003b) e Sarmento,
Thomás, Fernandes (2004). O objetivo foi
contribuir para que a Educação Física
constitua elementos teóricos e metodológicos
capazes de orientar a atuação e a formação do
professor envolvido no processo de educação
das crianças na educação infantil. A
observação em contexto nos permitiu
compreender que as experiências de movimento
corporal das crianças tendem a ser
sistematicamente interditadas pela cultura
institucional; que as crianças na educação
infantil não têm direito a movimentar a si e
ao seu mundo como precisam e gostariam de fazê-
lo; que o sentido interpretativo
desenvolvimentista corrente na educação
infantil indica que quando a criança move a si
e ao seu mundo provoca um forte conflito entre
sua perspectiva cultural ética estética e a
ordem cultural estética ética institucional.
Ao compreender esses indicadores, passamos a
considerar que tais experiências são uma chave
de socialização das crianças; pois, movimentos
corporais executados por elas são fundamentais
para a configuração de ações inerentes aos
jogos e às brincadeiras no momento em que
ocorrem; são uma necessidade e um interesse
típico e parte significativa do ofício de
criança. Se essas necessidades e interesses
não forem considerados no dia a dia da
educação infantil, expropria-se a chave e
compromete-se sensivelmente o desenvolvimento,
a educação, socialização da criança como
sujeito de direitos. Experiências de
movimentos corporais vividas pelas crianças
são necessárias como fontes e possibilidades
efetivas de aquisição de um tipo de
conhecimento objetivo, estruturante, regulador
e revelador das experiências, das ações, das
linguagens, da subjetividade, das
representações das dimensões reais e virtuais
da vida e das condições efetivas de
socialização da criança. Radicalizando na
compreensão crítica, sugerimos que no processo
de escolarização, as experiências de movimento
corporal configuram ações ontologicamente
violentas. Concorrentes indóceis às nossas
boas intenções para com as necessidades e
interesses pessoais e sociais das crianças.
Chamamos o de
- FILHO, Nelson Figueiredo de Andrade
PAP0784 - FALTA DE FAIR PLAY OU EXCESSO DE VIRTUOSE? BREVES REFLEXÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DE CRISTIANO RONALDO E NEYMAR NO FUTEBOL ATUAL
A prática do futebol profissional, desde o final do Século XX, passou a caracterizar-se por uma racionalização crescente, em função da organização empresarial dos clubes, da regulamentação profissional dos setores técnicos envolvidos (as equipas hoje dispõem de uma infinidade de profissionais que lhe dão suporte, como fisiologistas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas, preparadores físicos, diretores etc.), do desenvolvimento de novos esquemas táticos, do maior rigor na preparação dos atletas, entre outros aspectos – o que fez diluir em parte a essência lúdica da prática esportiva, como apontou o historiador holandês Johan Huizinga em sua célebre obra “Homo Ludens”. No entanto, e sem prejuízo desses aspectos profissionalizantes, o futebol contemporâneo ainda representaria um terreno fértil para a busca do prazer e a efetivação do impulso lúdico, o que, para o autor português António Cabral, realizar-se-ia por meio da imitação (mimese) e da competição (agon), conceitos definidos pelo sociólogo francês Roger Caillois.
O rigor e a complexidade de regras e regulamentos, tão característicos do esporte de alta competição, não estão presentes da mesma forma nos chamados jogos populares; mesmo assim, os atletas profissionais, segundo António Cabral, poderiam continuar a exercer sua prática profissional e dar vazão ao prazer lúdico que está na gênese das atividades esportivas. É como se o jogo representasse um regresso ao paraíso da infância, quando a atividade lúdica tem início; mais do que um regresso ao paraíso, o jogo seria o “paraíso do regresso”.
A partir destas considerações, o presente trabalho procura tecer algumas reflexões sobre o comportamento em campo do futebolista português Cristiano Ronaldo (atleta vinculado ao Real Madrid) e do futebolista brasileiro Neymar (vinculado ao Santos FC). Acusados algumas vezes, por críticos e pelos media, de agirem com falta de ética e de fair play, os dois atletas costumam fazer uso da habilidade técnica como demonstração da virtuose de seus estilos.
Em significativos estudos sociológicos no Brasil sobre o futebol, o drible e a irreverência seriam fatores de valorização estética (como atestam as obras de Gilberto Freyre, Roberto DaMatta e Anatol Rosenlfeld). Essa sublimação foi coroada pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, que em texto publicado em 1970 afirmou que as equipas sul-americanas praticariam um “futebol de poesia”, enquanto as europeias, um “futebol de prosa”. Tais considerações serão colocadas em perspectiva na leitura do jogo praticado por Cristiano Ronaldo e Neymar, em confronto com os aspectos disciplinadores e civilizatórios que seriam promovidos pelo esporte, conforme denunciado pelos sociólogos Norbert Elias e Pierre Bourdieu.
- MARQUES, José Carlos

Prof. Dr. José Carlos Marques
Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Brasil). É Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP - Brasil) e Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP - Brasil). Licenciou-se em Letras (Português-Francês) pela Universidade de São Paulo. Ocupa atualmente, pelo segundo mandato consecutivo, o cargo de Diretor Administrativo da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). É autor do livro "O futebol em Nelson Rodrigues" (São Paulo, Educ/Fapesp, 2000) e de diversos artigos em que discute as relações entre comunicação e esporte. É líder do GECEF (Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol - UNESP) e integrante do LUDENS (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol e modalidades Lúdicas - USP).
PAP0031 - FAMÍLIA(S): distintas práticas de “solidariedade” no mundo contemporâneo
A família é cada vez mais objeto de atenção dos
cientistas sociais pela diversidade de
atividades de socialização e interação que ela
desenvolve, bem como a sua importância como
valor social e moral na sociedade
contemporânea.Partindo do princípio que
qualquer fenômeno social, situado em um
determinado tempo e espaço, deve ser
compreendido através de uma dimensão relacional
com outro fenômeno ou evento social, implica
dizer, que não existe uma análise das formas de
sociabilidade nas famílias sem levar em
consideração as influências das transformações
políticas, sociais, econômicas e culturais de
uma sociedade. A família no contexto
contemporâneo configura-se como uma geometria
variável e elástica. Premidos pelas mudanças
sociais, estas vão adquirindo uma pluralidade
de relações sociais e trocas intergeracionais
cada vez mais complexas, perpassando não só o
espaço da casa, mais também o espaço da rua
(vizinhos, instituições, entre outros). Neste
contexto, o presente estudo tem como objetivo
analisar a correlação entre as mudanças sociais
na sociedade contemporânea e seus traçados nos
distintos arranjos familiares a partir das
dimensões sociais de gênero, classe, raça/etnia
e idade/geração ampliando o horizonte de
discussão para novas estruturas interpretativas
na dialética da vida social. Nessa perspectiva,
constatamos que as transformações políticas,
econômicas e sociais, tais como o processo de
globalização, enxugamento do papel do Estado na
garantia dos direitos sociais, precarização das
relações de trabalho e insuficiência de
políticas públicas provocaram mudanças
significativas nas relações de sociabilidade
das famílias, no qual os idosos emergem neste
contexto como um ente arrim
PAP0384 - FOREIGNERS STUDENTS IN THE ANDALUSIAN COMPULSARY EDUCATIONAL SYSTEM: ACCESS AND INTEGRATION
ABSTRACT
Since the early nineties foreign population in Spain has increased rapidly. The average of the total foreign population in Spain is 12.6%. In the case of Andalusia, the immigration rate is 8.6%.
This paper focuses on the process of incorporation of immigrants children and students in Spanish educational system.
Educational System in Spain is organized in stages, cycles, grades, courses and levels. The education competences are distributed between the State and Regional Governments. The central government has the responsibility to safeguard the homogeneity and unity of the education system and the conditions to guarantee the Constitutional rights to education. Children and students proceeding from international migrations can present specific needs to which educational authorities respond with different actions.
As for the process of access for immigrant students to Compulsory Primary Education and Secondary Education the legislation states that the educational centers are responsible for the access, design and application of instruments for the curricular adaptation. This explains the differences between the access and integration process of foreign students in the Andalusian schooling system. Our field work shows some elements which difficult the academic recognition process. Regarding the incorporation in the educational centres and in an administrative level, we can point the lack of official documentation to accredit previous studies or the mismatch between Spanish Educational System and those from foreign countries. In a practical level, among others, the ignorance or low knowledge of Spanish language of many students, the families’ participation in the educative process and the low level in intercultural competences in the staff determined the educational integration.
This project has been supported by the ARCKA "Assessing, recognizing competences and certifying knowledge acquisition valuing human capital of children of foreign origin in education and training in Europe". Project Number: HOME/2009/EIFX/CA/1880, Project co-financed under the European Integration Fund
- VÁZQUES, Carmen Márquez
- GARCÍA, Marta Ruiz
- GÓMES, Jose Andrés Domínguez

Dr. José Andrés Gómez Domínguez (Granada, España, 1972)
Profesor en la Universidad de Huelva desde 1995. PhD en Sociología, Universidad de Granada, Máster por la Universidad de Huelva. Enseña métodos de investigación y aspectos relacionados con la relación medio ambiente – sociedad. Ha impartido cursos y conferencias sobre estos asuntos en Grado, Máster y Doctorados en universidades de diversos países. Ha participado en varios proyectos de I+D, financiados en convocatorias públicas regionales, nacionales y europeas. Sus principales temas de investigación en la actualidad son: análisis y diagnóstico de dinámicas socioculturales e impactos en turismo, planeamiento urbano, agua, construcción de grandes infraestructuras… Es socio fundador de la empresa EISmethods SL, empresa de base tecnológica especializada en investigación social aplicada y evaluación de impacto social. Actualmente dirige un proyecto de investigación sobre los impactos socioambientales de la agricultura insostenible.
Professor at the University of Huelva since 1995. PhD in Sociology, University of Granada, Master Degree got in University of Huelva. His teaching focuses on research methodologies and on the interaction society - environment. He has taught subjects and courses on this topics on Degree, Master and Ph.D levels in diferent Universities and countries. During his various stays abroad (Univ. of Puerto Rico, Univ. of Paraná-Brazil, Panama Univ., Univ. of Algarve-Portugal, Univ. of Heidelberg) has been required to seminars and conferences on methodological issues. He has participated in various R&D projects, funded by regional, national and european calls. His main themes: analysis and diagnosis of social and cultural dynamics and impacts in field such as tourism, urban planning, water, construction of large infrastructures, management… He is founding-partner of EISMethods SL., spin-off specialized on social research and social impact assessment. Currently he manages an European-funded research project, about the social impacts of unsustainable agriculture in Andalusia (Spain).
PAP0348 - FORMAÇÃO INTEGRADA E EMPREGABILIDADE: CONCEPÇÕES TEÓRICAS E POSSIBILIDADES NO IFBA/SALVADOR
Este trabalho traz relato de pesquisa concluída sobre a educação profissional, a qual teve como objetivo analisar a concepção de integração proposta no Projeto do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Manutenção Mecânica Industrial do IFBA/Salvador. Inicialmente realizei o cotejamento do Projeto com os documentos oficiais e a legislação sobre educação profissional vigente, em que as dimensões da integração são balizadas sob os princípios do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia. A análise foi realizada à luz da produção acadêmica da área trabalho e educação, tomando como subsídio os fundamentos produzidos pelos autores que debatem a educação profissional no contexto brasileiro, tais como: Ciavatta, Frigotto, Kuenzer, Machado, Oliveira, Ramos e Saviani. O Projeto estudado foi elaborado em obediência ao Decreto nº 5.154/2004, que (re)estabelece a possibilidade de integração curricular entre o ensino médio e a educação profissional. A abordagem utilizada na pesquisa foi de natureza histórico-dialética, pois permitiu a análise das relações trabalho e educação, dialogando com os diversos contextos, historicizando-os. O procedimento metodológico utilizado foi a pesquisa bibliográfica e documental, em que foram analisados os principais documentos do Ministério da Educação que nortearam a implantação da integração (Leis, Decretos, Pareceres e Legislação), e o Projeto do Curso. Realizei, também, entrevistas com professores que participaram da Comissão que elaborou o Projeto. Discuti as categorias trabalho e educação e sua relação com a educação profissional no Brasil contemporâneo. Abordei o desafio da integração da educação profissional ao ensino médio. A relação educação profissional e a empregabilidade foi abordada a partir da noção de competência que no processo produtivo é vista como elemento diferenciador da competitividade, da força de trabalho empregada, da qualidade no desempenho das atividades. Finalmente, apresentei os resultados da análise do referido Projeto, incluindo os resultados das entrevistas, constatando que o Projeto foi elaborado sem uma fundamentação consistente do que seja a concepção de integração. Foram identificados os seguintes desafios: promover debates com a comunidade do IFBA para esclarecer sobre o que seja realmente um curso integrado; desenvolver um planejamento de ensino coletivo entre os professores de formação geral e de formação específica; mobilizar os alunos no sentido de envolvê-los nas ações concretas da integração, inclusive nas relações interpessoais; melhorar as condições comunicacionais, materiais e de infraestrutura; estabelecer uma relação dialógica com as empresas e, principalmente, desenvolver uma educação profissional técnica integrada ao ensino médio de qualidade na qual o educando possa ser sujeito de sua história.
- BRITO, Edenice da Silva Pereira
PAP1398 - FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DO ECOTURISMO NO GEOPARQUE ARARIPE, CEARÁ, NORDESTE DO BRASIL
O principal objetivo desse artigo é analisar as formulações de políticas públicas para o ecoturismo no Geoparque Araripe, situado na região do Cariri, sul do estado do Ceará, Nordeste do Brasil. É enfatizada aqui a importância dessas políticas públicas como uma forma de conservar esse Território e proporcionar um turismo voltado para a sustentabilidade. A metodologia utilizada é baseada principalmente em estudos bibliográficos e análise de dados secundários. O estado do Ceará vem apresentando um crescimento considerável na área turística, e isso ocorre principalmente por as belezas naturais e culturais que o estado possui. Não é diferente no interior desse estado, principalmente pela existência do Geoparque Araripe, único geoparque das Américas, instituído em 2006 pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e integrando a Rede Global de Geoparks (Global Geoparks Network – GGN). As práticas do turismo ecológico são constantes nessa localidade. O Geoparque Araripe localiza-se na bacia sedimentar do Araripe, tendo seus geossítios abrangendo seis cidades do interior do Ceará, e fazendo limites com os estados de Pernambuco, Piauí e Paraíba. Devido ao aumento de turistas nessa região, surge a necessidade de se estabelecerem políticas públicas que proporcionem a prática de um ecoturismo que leve em consideração as dimensões da sustentabilidade (ambiental, social, econômica e institucional), a fim de conservar as áreas que sofrem influência da ação humana, e valorizando as populações locais. É possível praticar atividades turísticas sem prejudicar a natureza, principalmente quando tratamos de um Geoparque, que é um território reconhecido por sua grandiosidade natural e histórica. As principais conclusões revelam a necessidade de existirem políticas públicas menos generalizadas e que analisem as particularidades do ecoturismo no Geoparque Araripe, já que foram encontradas políticas públicas de âmbito nacional para Unidades de Conservação, como a Lei Federal 9.985 e recentemente houve a criação de uma comissão para aprovar a política nacional de desenvolvimento do ecoturismo.
- LOPES, Eva Regina do Nascimento
- CHACON, Suely Salgueiro

Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
PAP0739 - Factores estruturais, práticas e consumo – Impactos percebidos e efectivos na saúde das crianças
Investigação realizada pela Organização Mundial
de Saúde demonstra que as causas ambientais são
um dos principais factores que influenciam a
mortalidade/morbilidade das crianças com menos
de 5 anos. Problemas como a poluição do ar
exterior e interior, contaminação da água,
produtos tóxicos e a degradação dos
ecossistemas estão entre os principais factores
de risco de origem ambiental para as crianças.
Nos países desenvolvidos a poluição do ar (seja
exterior, seja interior) surge como uma das
preocupações principais em termos de impactos
sobre a saúde das crianças.
Tendo em consideração que na região do Alentejo
Litoral está instalado um dos principais
clusters industriais em Portugal, um consórcio
de diferentes organizações juntaram-se para
procurar avaliar o impacto que a poluição
industrial pode estar a ter nas populações e,
muito em particular, nas crianças. O projecto
GISA – Gestão Integrada de Saúde e Ambiente na
região do Alentejo Litoral apresenta como
principal objectivo desenvolver um sistema de
gestão que possibilite às autoridades locais,
regionais e nacionais, bem como aos diferentes
grupos de interesse, analisarem a evolução da
poluição do ar e os seus potenciais impactos na
região do Alentejo Litoral.
Uma das principais linhas de investigação do
GISA prende-se com a procura de compreender o
impacto da poluição do ar nas crianças com
menos de 2 anos de idade. Para o cumprimento
deste objectivo foram realizados inquéritos
presenciais a mais de 1600 mães dos concelhos
de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém,
Sines e Odemira, tendo estes sido
complementados com 20 entrevistas em
profundidade. A informação recolhida permite
monitorizar indicadores sócio-económicos
(profissão, condições de habitabilidade,
contexto familiar) e indicadores culturais
(estilos de vida; práticas alimentares, de
cuidado pessoal e de consumo; práticas
relacionadas com a saúde) que poderão assumir
um papel relevante na saúde das crianças.
Permite ainda conhecer as percepções das mães
sobre relações potenciais entre factores
estruturais, práticas quotidianas, práticas de
consumo e a saúde das crianças.
Os resultados preliminares apontam no sentido
de uma reduzida percepção dos possíveis
impactos dos diferentes indicadores em análise
sobre a saúde das crianças, particularmente dos
relacionados com práticas quotidianas. A
elevada confiança depositada nos profissionais
de saúde enquanto conselheiros sobre as
melhores práticas, associado ao facto destes
não integrarem no seu aconselhamento muitos das
práticas e factores em análise, surge como uma
interessante hipótese de trabalho para explicar
os resultados obtidos.
- FONSECA, Susana

- NAVE, Joaquim Gil
- PEREIRA, Maria João
- RIBEIRO, Manuel
- SANTOS, Fernanda
- Susana Maria Duarte Fonseca
- Doutoranda do ISCTE-IUL no Programa de Doutoramento em Sociologia a trabalhar no projecto: “O princípio da prevenção nas políticas de ambiente - o caso da eficiência energética”;
- Colabora em projectos de investigação na área da sociologia do Ambiente no ISCTE– UL (Projecto GISA - Gestão Integrada da Saúde e do Ambiente no Litoral Alentejano) e no ICS-UL (Net Zero Energy School – Reaching the Community e Consensos e controvérsias socio-técnicas sobre energias renováveis);
- Tem colaborado em vários projectos de investigação nas áreas da percepção de risco, representações sociais, movimentos sociais, energia, ambiente e saúde;
- Voluntária da Quercus, tendo sido membro da Direcção Nacional entre Março de 2003 e Dezembro de 2011.
PAP1126 - Fado, património pessoal: uma microscopia da herança cultural
Passado pouco mais de meio ano sobre a inclusão do fado na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, surge quase como uma inevitabilidade fazer coincidir uma comunicação sobre este género musical com a problemática do património. Todavia esta comunicação incide sobre outras escalas da temática — a pessoal ou subjectiva e a familiar —, e é precisamente esta assinalável mudança de divisão do objecto (da planetária à íntima) que não deixará de ter implicações no escopo e na significação dos conceitos convocados.
Nesta óptica, ao se reconhecer valor patrimonial ao fado, realça-se de imediato um feixe de questões: para quem constitui uma herança? Como se opera a sua transmissão entre gerações? Qual a constelação favorável à sua reprodução? Para que fins é apropriado? Que se retira da durabilidade do vínculo ao legado?
Talvez porque a história deste género musical, tal como noutros, se venha alicerçando substancialmente em nomes singulares e/ou porque as abordagens mais sociologizantes se tenham focalizado em outros conjuntos sociais — e.g., bairro, marginalidade e ambiente social, género —, não se tem pesquisado o indício do fado poder estar a ser transmitido de geração em geração no interior de grupos de pessoas aparentadas como um importante elemento de solidariedade e identidade familiar. Nestes casos em particular, o fado é vivenciado como um traço intrínseco da família.
Procura-se, assim, explorar e compreender os pragmáticos significados e justificações da adesão a uma tradição comum na família — seja paixão ou prática musical partilhada com outros membros de gerações diferentes ou da própria —, acedendo-lhes através de entrevista a fadistas, instrumentistas e cultores de fado, para quem esta canção urbana se lhes afigurou reapropriável, na medida em que era, desde muito cedo, omnipresente e incontornável nas redes de relações familiares e/ou no fundo sonoro do lar e/ou na discografia acessível e/ou nos instrumentos musicais disponíveis e/ou nos hábitos de frequência das casas ou tertúlias de fado.
- GONÇALVES, Ana

Ana Gonçalves é socióloga, doutoranda em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) e bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Desenvolve atualmente uma pesquisa conducente a tese de doutoramento sobre transmissão familiar e intergeracional do fado em Lisboa. Os seus atuais interesses de pesquisa incluem cidades, culturas urbanas, património, famílias e gerações.
PAP1472 - Familia. Homosexualidad. Rupturas y Continuidades
F Durante el proceso en el cual un/a hijo/a reconoce su homosexualidad frente a sus padres ocurren profundas modificaciones en el núcleo familiar. Considerando que las investigaciones sobre el tema no focalizan en este aspecto, nos hemos propuesto: explorar cuáles son y cómo se presentan esos cambios en las relaciones intrafamiliares; indagar las representaciones sobre sexualidad; y describir de qué manera un grupo de autoayuda permite a las familias otorgar nuevos significados a las construcciones simbólicas ya existentes.
Con el objetivo de analizar este proceso, realizamos observaciones no participantes y entrevistas en profundidad en el Grupo de Padres, Familiares y Amigos de Gays y Lesbianas que funciona en la Ciudad de Buenos Aires, Argentina, durante el año 2008
- PEDRAZZOLI, María
- SAMANES, Graciela Cecilia

Graciela Cecilia Samanes
Maestranda en Políticas Sociales. UBA (cohorte 2012-2013)
Licenciada en Sociología. Orientación Diagnóstico Social (egresada 2010)
Analista Programadora en Sistemas (año 1985)
Pertenencia institucioanl: Programa de Estudios del Control Social (PECOS) en el Instituo de Investigaciones Gino Germani (IIGG) . Facultad de Ciencias Sociales. UBA
Derechos Humanos. Memoria colectiva. Criminología.
PAP0056 - Familiares dos encarcerados no Estado do Rio de Janeiro: famílias visíveis ou invisíveis?
RESUMO
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo conhecer como
estas famílias vivenciam o encarceramento dos
seus familiares presos; apresentar como se
percebem e são percebidas dentro deste
contexto excludente. Considerando que a Sanção
Penal imposta a um dos seus membros trará
conseqüências para a rede familiar.
O interesse pela temática surgiu dos
atendimentos realizados ao longo dos anos como
Assistentes Sociais das Unidades prisionais a
Penitenciaria Gabriel Ferreira Castilho,
conhecida como Bangu III e a Penitenciaria
Lemos Brito, conhecida como Bangu IV, ambas
são de regime fechado, com penas altas e
longas e com efetivo carcerário de alta
periculosidade.
Palavras chaves: família, prisão, serviço
social
Área temática: Serviço Social e desenvolvimento
O universo pesquisado foram os familiares
visitantes que são na quase totalidade
composto por mulheres, que visitam os internos
(companheiros, esposos, filhos, pais, irmãos)
comparecendo semanalmente as visitas.
Acompanhar o movimento destas visitantes torna-
se de fundamental importância, como diz
IAMAMOTO “Dar conta das particularidades da
questão social na história da sociedade
brasileira é explicar os processos sociais que
as produzem e reproduzem e como são
experimentadas pelos sujeitos sociais que as
vivenciam em suas relações sociais
quotidianas” (Iamamoto, 1998).
Torná-las visíveis requer um olhar além, do
que percebê-las tão somente como “familiares
de presos” ou “mulheres de vagabundos”, como
muitas das vezes está na fala de alguns
funcionários, é enxergá-las como sujeitos de
uma história intramuros e extramuros que se
constrói e se reconstrói a cada visita, onde
vivenciam muitas das vezes várias formas de
violência simbólica.
- DIVERIO, Sirley Araujo Avello
- COSTA, Newvone Ferreira

Possui graduação em Serviço Social pela Faculdade de Serviço Social do Rio de Janeiro (1983), graduação em Estudos Sociais pela Faculdade Regina Coeli (1981).Especialização em Supervisão em Serviço Social pela Univesidade Veiga de Almeida (1987).Especialização em Direitos Humanos, Mestrado em Psicopedagogia pela Universidade La Habana- Cuba (1999). Ex- Coordenadora Adjunta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta . Professora Adjunta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta .Criou a disciplina Violência e Criminalização com carater interdisciplinar que faz parte da grade curricular do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta.Coordenadora do curso de Pós Graduação Justiça e Direitos Humanos no Centro Univerisitário Augusto Motta . Tem experiência na área de pesquisa em criminologia, violência e sistema prisional .Membro titular do Conselho da Comunidade do município do Rio de Janeiro. Foi Conselheira nas gestões de 2005 -2008 e 2008 -2011 no Conselho Regional de Serviço Social do Estado do Rio de Janeiro.Atualmente é Assistente Social do presidio Ary Franco no Rio de Janeiro.Membro titular do Cômite de combate a tortura da ALERJ .Coordenadora da linha de pesquisa violência e sistema penitenciário do Centro Universitário Augusto Motta. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase no campo sóciojurídico, atuando principalmente nos seguintes temas: supervisão em serviço social, prisão, adolescente com medidas sócioeducativas, familia , ato infracional , execução penal , violência e criminologia
PAP1205 - Família, Escola e Equipe Multidisciplinar: sensibilização dos estudantes sobre doenças sexualmente transmissíveis e aborto no Brasil
O estudo da sexualidade e gênero nas escolas do Brasil aponta para uma abordagem superficial quando consideramos o ponto de vista lúdico na relação professor-aluno. Desta forma, as escolas vem implementando palestras realizadas por equipe multidisciplinar com o intuito de reconfigurar as diretrizes curriculares para complementar a sensibilização para conhecimento do corpo, os riscos das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), assim como as consequências pela realização de abortos criminosos. Em palestra realizada pelas autoras, acadêmica de Enfermagem e bacharel em Direito para estudantes do Ensino Médio no Instituto Federal de Mato Grosso-IFMT na cidade de Cáceres, Mato Grosso foram debatidas as origens das DSTs, sinais, sintomas, tratamento e prevenção, bem como a temática do aborto considerando a legislação brasileira, caracterização e formas de criminalização. A estratégia metodológica foi respaldada com exposição de imagens, textos e materiais educativos como maquetes das genitálias, além de preservativos femininos e masculinos onde destacaram a importância do sexo seguro com uso correto das informações e dos preservativos. Procuramos ressaltar obstáculos impostos pelos próprios jovens que se veem onipotentes, pois acreditam que estão imunes às doenças e uma possível gravidez. Abordando o aspecto da criminalização do aborto, perceberam que é resultado da ausência de planejamento familiar e pela falta de responsabilidade no ato sexual. Por ser um tema polêmico, surgiram várias indagações: Quando a vida começa existir? Se as mulheres têm direito de abortar? Qual a expectativa gerada por esta pessoa que deixa de existir? Desta maneira discutimos os aspectos éticos, científicos, morais, jurídicos, teleológicos e políticos, além de ressaltar que se trata de questão de saúde pública, tendo em vista os severos resultados tanto para o aborto espontâneo ou para o provocado considerando as elevadas taxas praticadas no Brasil em comparação com a estatística mundial. Diante da realidade vivenciada no Brasil, a sexualidade deve ser um tema de discussão entre a família, os docentes e as equipes multidisciplinares, objetivando estratégias para conscientizar, sensibilizar, informar e orientar esta população para que sejam responsáveis e valorizem a autoestima quando iniciarem suas vidas sexuais. Outro aspecto a ser destacado é a aproximação família-escola, pois atualmente os pais delegam totalmente à escola a tarefa de educar sexualmente seus filhos. Para os estudantes essas temáticas são imprescindíveis frente aos desafios impostos pela ciência e pelo conhecimento tanto na esfera educacional e na saúde, quanto nos assuntos políticos e jurídicos do país, pois possibilita a participação ativa enquanto cidadão emancipado na responsabilidade e cuidado com o próprio corpo e sua identidade.
- LIMA, Sandra Maria Silva de

- DELUQUE, Alessandra Lima
Graduada em Licenciatura em História e Bacharel em Ciências Jurídicas; Especialista em Educação Ambiental e Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade do Estado de Mato Grosso. Especialista em Processo Civil pela Universidade Gama Filho-Rio de Janeiro. Oficial de Justiça - TJMT e Docente na Faculdade Indígena Intercultural (UNEMAT). Experiência na área de EducaçãoIndígena, Direito e Legislação Agroambiental.
PAP1193 - Família, Trabalho e Género: Cenários de Análise na Migração Feminina
A família e o trabalho representam dois campos constitutivos da identidade, em que a asserção do binómio conciliação família e trabalho assume uma nova configuração estreitamente relacionada com as mudanças sociais e surge como uma área de incertezas constituindo um desafio à sua recriação.
Com esta comunicação pretende-se apresentar e discutir os resultados de uma investigação de cariz qualitativo realizada em Portugal. A partir dos discursos de 10 mulheres imigrantes de diferentes nacionalidades procuraremos compreender e caraterizar o fenómeno da conciliação entre os domínios da vida familiar e da vida profissional e o modo como estes domínios se articulam com a organização dos papéis de género dentro da família, nomeadamente, quanto ao número de horas de trabalho dedicado ao desempenho familiar e profissional, a divisão das tarefas domésticas, quais as medidas de apoio à família e qualidade da relação conjugal.
Pelas evidências encontradas observa-se que o projeto migratório, para algumas destas mulheres, contribui para gerar situações de conflito entre a vida profissional e a vida familiar configurado por situações de dupla (e tripla) jornada feminina (Guerreiro & Perista, 1999; Guerreiro & Pereira, 2006) e com a utilização de práticas familiares promotoras de desigualdade de género o que torna incompatível uma solução para um maior equilíbrio na conciliação (Núncio, 2008).
Deste modo, ao estabelecer o debate em torno destes dois eixos, a presente comunicação, enquadrada num projeto de doutoramento em Psicologia Social, pretende contribuir para um novo referencial de análise (Silva, Nogueira & Neves, 2010) nos estudos sobre imigrações femininas.
- SILVA, Estefânia

- NOGUEIRA, Conceição
- NEVES, Sofia
Nome: Estefânia Gonçalves Silva
Afiliação Institucional: Universidade do Minho e Instituto Superior da Maia
Área de Formação: Psicologia
Interesse de Investigação: Estudos feministas e de género, migrações e psicologia social crítica.
PAP0388 - Famílias contemporâneas: crise ou reconfigurações?
Famílias Contemporâneas: crise ou
reconfigurações?
Daniela Bogado Bastos de Oliveira
Doutora em Sociologia Política
Mestre em Direito
Professora - UNIFLU
Advogada
O presente trabalho questiona como vai a
família diante da suposta crise familiar.
Trata-se do direito de família na perspectiva
da
Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 e delineia-se as entidades familiares,
ressaltando a homoparental, pois se por um
lado há um processo de naturalização de um
tipo de família particular (a nuclear calcada
no matrimônio monogâmico), por outro lado,
convive-se com um processo de normalização de
entidades familiares tidas como alternativas.
A família é vista à luz da teoria de gênero
num contexto democrático, reflexivo, em que há
desdobramentos na esfera pública. Para tanto,
ressalta-se a politização do privado e
demonstra-se a relevância, numa ótica de
cidadania, da ampliação dos direitos para
contemplar os homossexuais. Outrossim,
demonstra-se as repercussões da
homoparentalidade na mídia, no legislativo e
no judiciário brasileiro. Neste viés, aborda-
se a judicialização da política, das relações
sociais e dos sentimentos, tendo como base
decisões judiciais referentes à casamento,
união homoafetiva e adoção por casal do mesmo
sexo. Finalmente, são caracterizados os novos
sentidos e formas de compreensão da família,
numa perspectiva reflexiva e investigativa
sobre caminhos já percorridos e a percorrer
para a construção dos liames afetivos de
conjugalidade e de filiação-parentalidade,
onde ressignificações da família e da adoção
acontecem.
PAP0462 - Famílias reconstruídas - A figura da madrasta: dos contos infantis às representações das crianças
Segundo as estatísticas do INE os casamentos de homens divorciados e viúvos ascendia em 2009 aos 18,8%, número que tem vindo a aumentar exponencialmente desde o início do século. As famílias têm assumido novas formas nas sociedades actuais, sendo o foco de interesse nesta comunicação as famílias reconstituídas, também designadas como recompostas ou reconstruídas.
As crianças são um dos actores envolvidos, e por vezes, mais confundidos, nesta reconstrução que não é imediata, mas que se caracteriza por um processo adaptativo, contínuo, por vezes bastante prolongado e nem sempre de fácil aceitação por implicar simultaneamente perdas, ganhos e novas vivências. Enquanto sujeitos activos da sua vida, e das vidas dos que as rodeiam, as crianças olham o mundo e interpretam-no com uma perspectiva própria, enriquecida de sentido e que até há pouco tempo não era considerada válida ou sequer existente. Baseados neste olhar infantil, com maturidade suficiente para explicar e compreender o seu mundo, analisamos a figura da madrasta, isto é, quais as representações das crianças sobre esta “mãe de substituição” que tantas vezes povoa o imaginário dos contos de fadas que nos habituámos a ouvir desde pequenos.
Os contos infantis analisados, como “A Branca de Neve”, “A Cinderela”, entre outros, mostram-nos a negra imagem da madrasta, tão consentânea com expressões idiomáticas da língua portuguesa que se foram enraizando no nosso quotidiano: “Vida madrasta”, significando que a vida foi realmente dura ou recheada de tribulações. Mas afinal, será que é assim que as crianças vêm a figura da madrasta?
Os discursos escritos de dezanove alunos do 3º ano do 1º ciclo do ensino básico trazem-nos uma perspectiva desmistificada do que é ser madrasta no século XXI. Nesta amostra incluem-se 13 crianças em famílias nucleares, 5 em famílias monoparentais maternas e uma numa família adoptiva.
Da análise de conteúdo das composições escritas encontramos três categorias principais: a madrasta boa, avaliada desta forma por todas as raparigas, sete, e cinco rapazes; a madrasta má, referida maioritariamente por rapazes; e a madrasta enquanto figura materna aceite pelas crianças mas numa posição inferior à da mãe.
- CARREIRA, Marta Almeida

Licenciada em Ciência Política (ISCSP – UTL), mestre em Desenvolvimento, Diversidade Locais e Desafios Mundiais – Análise e Gestão (ISCTE – IUL) e pós-graduada em Proteção de Crianças em perigo e intervenção local (ISCSP – UTL). Atualmente é doutoranda de Sociologia no ISCTE-IUL e bolseira de doutoramento da FCT no CIES-IUL. Tem como principais interesses de investigação a sociologia da infância, crianças e jovens em risco, sociologia da família, ONGs, desenvolvimento social e humano, pobreza e exclusão social.
PAP1347 - Famílias, rendimentos e reclassificações: alguns resultados de um estudo em Portugal continental
A análise das relações familiares e sua relação dinâmica com a sociedade abrange vários aspectos e pode ser estudada sob várias dimensões: económica, afectiva, política e cultural-simbólica. Tem sido objecto de estudo por várias disciplinas, sendo de salientar a História, a Antropologia e a Sociologia e, nomeadamente dentro destas duas últimas, sob diversos tópicos: relação família e parentesco, composição dos grupos domésticos e padrões de residência, trocas matrimoniais e transmissões de bens, formas de gestão e divisão sexual do trabalho em contexto doméstico, entre outros.
Este texto, começando por fazer um breve enquadramento sobre a família e sua relação com os grupos sociais de pertença, tem por base dados empíricos recolhidos a partir de uma investigação centrada nas (des)igualdades de género, em que, entre outros instrumentos e técnicas quantitativas e qualitativas, foi aplicado um inquérito a 800 pessoas em Portugal Continental distribuídas por sexo, idade, profissão, tipo de residência (rural ou urbano), activo-não activo, projecto este aprovado e financiado pela FCT e finalizado em 2011 (PTDC/SDE/72257/2006).
Neste texto, tendo presentes alguns dos relevantes contributos e avanços, em Portugal e numa perspectiva comparada nomeadamente em contexto europeu, no conhecimento sobre a família quanto às suas formas, componentes e dimensões, o objectivo circunscreve-se a analisar (auto)imagens, representações e (auto)reclassificações das pessoas e suas famílias quanto ao seu lugar na sociedade e relacioná-las com outras variáveis nomeadamente o grupo profissional, os rendimentos e o tipo de agregado familiar e sua evolução. Com base na recolha e no tratamento dalguns dados proporcionados pelos resultados do referido inquérito e sua comparação com outros trabalhos já realizados, tais dados permitem-nos classificar a natureza socio-jurídica das casas de residência dos inquiridos, as suas principais fontes de rendimento por sexo, a entrada dos inquiridos na conjugalidade, a composição dos agregados familiares, o estado civil dos pais e dos filhos dos inquiridos, entre outros aspectos. São, porém, as imagens e autorepresentações dos inquiridos/as, em termos económicos e sociais, sobre as respectivas famílias nos diversos momentos do seu trajecto – por altura do nascimento (por referências interpostas), da entrada na conjugalidade ou do casamento (para os que tenham casado) e na actualidade – que constituirão o foco de análise, procurando articular estas autoimagens e auto/heteroclassificações com a natureza e tipos de recursos designadamente os profissionais e outros não só de ordem socio-económica como política e simbólica.
Palavras-chave: família, imagens, reclassificação social, grupo profissional, Portugal.
- SOBRAL, José Manuel
- SILVA, Manuel Carlos

Silva, Manuel Carlos
Licenciado e doutorado pela Universidade de Amesterdão em Ciências Sociais, Culturais e Políticas. Professor catedrático em Sociologia e Director do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) na Universidade do Minho. Distinguido com o Prémio Sedas Nunes pela obra “Resistir e Adaptar-se” (1998, Afrontamento) sobre o campesinato, tem publicado sobre o rural-urbano, o desenvolvimento e as desigualdades sociais. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS).
PAP0075 - Fazer corpo na duração, na duração do fazer corpo: o caso da procissão do Corpo de Deus em Portugal
Fazer corpo na
duração pode ser
tomada como uma
espécie de fórmula
de compreensão das
procissões, no
geral, e em Portugal
no particular.
Duração porque
remetem a uma
hi[e]stória de longa
de séculos e
séculos. Fazer corpo
porque operar
ligações é seu
intento e feito
fundamental. A
expressão em francês
– faire corps -
indica, devido à
homofonia entre
corps (corpo) e
coeur (coração), um
potente double bind
entre corpo e
sentimento, agentes
fundamentais em se
tratando de festa.
Além disso, como
aplicada maussiana
que sou, sigo o
mestre que sempre
dizia que a questão
fundamental das
ciências sociais era
entender a sociedade
e a sociedade é
aquilo que faz
corpo. Sociedade é
corpo constituído
por regras e
práticas. Falo em
fazer corpo também
porque uma procissão
é um cortejo de
corpos, marchando
corpo a corpo.
Corpos em desfile,
constituindo um
corpo processional.
Um corpo constituído
a partir de vários
corpos, que se ligam
por sentimentos. Um
corpo emocional,
comunidade emocional
em termos
weberianos. Uma
corporação:
corpo/coração em
ação.
Corpo-r-ação/Cor-p-ação.
Na procissão do
Corpo de Deus,
estamos no núcleo
duro do fundamento,
isto é, no corpus
mítico-místico-ideológico
do cristianismo: um
deus que se faz
corpo (kenosis)e que
dá seu corpo em
sacrifício (dádiva
oblativa de si) para
a salvação da
humanidade, para sua
redenção. A
comunicação intenta
empreender refletir
sobre o fazer corpo
na duração na
duração do fazer
corpo por meio do
relato de uma
experiência pessoal
da dramatização
ritual que faz a
memória desse corpus
na Procissão do
Corpo de Deus em
Portugal,
notadamente em
Lisboa.
- PEREZ, Léa Freitas
PAP1035 - Fazer mais com menos: um programa de transformação capitalista do trabalho escolar - o caso português
Assume-se nesta comunicação que, num plano global, a corrente principal nas mudanças educativas do presente consubstancia um processo de transformação capitalista dos sistemas públicos de escolarização de massas, através do qual se procuram impor na actividade educativa princípios e métodos semelhantes aos existentes nos demais sectores produtivos. Este processo é acompanhado pelo surgimento e expansão de novas e poderosas empresas educativas de natureza privada e com fins lucrativos, as quais vão progressivamente penetrando e dominando todas as áreas da actividade escolar, desde as instalações e infra-estruturas até à gestão global de escolas e sistemas escolares, passando pela administração do currículo e da avaliação das aprendizagens, pela contratação, formação e avaliação dos professores e educadores, etc.
No centro das mudanças que estão em curso nos sistemas públicos de educação está a transformação do trabalho que é desenvolvido no meio escolar. Esta transformação decorre actualmente nas escolas através de uma profunda alteração, por métodos políticos e jurídicos, nas relações sociais de produção educativa e de uma aplicação e utilização intensivas de novas tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem. O mote principal das políticas educativas assim configuradas é “fazer mais com menos”, tal correspondendo a uma importação directa de princípios e métodos utilizados na grande produção capitalista e visando obter o máximo de resultados com o mínimo de recursos. A diminuição do rácio professores/alunos, o aumento do horário de trabalho e o corte nas remunerações dos professores, a transferência de uma proporção crescente do trabalho vivo dos professores para trabalho morto incorporado nas novas tecnologias de informação e para trabalho independente dos alunos – estas são algumas das mudanças integradas no referido princípio “fazer mais com menos” e que envolvem uma transformação profunda no trabalho escolar.
Sendo nos países mais avançados do chamado mundo anglo-saxónico que as mencionadas transformações educativas se revelam com maior clareza e desenvolvimento, defendemos que as mesmas adquiriram já uma dimensão global e universal. Nesta comunicação procuramos demonstrar que as políticas educativas recentes em Portugal se inserem naquela corrente global e que existe um forte nexo de continuidade nessas políticas, tornando-as relativamente imunes às alternâncias políticas e aos ciclos eleitorais.
Palavras-chave: capitalização da actividade educativa; transformação do trabalho escolar; mudanças educativas em Portugal
- MESQUITA, Leopoldo

Leopoldo Tejada Mesquita Nunes
Membro integrado do CIIE - Centro de Investigação e Intervenção Educativas (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto).
Licenciatura em Economia (ISEG), mestrado em Sociologia Económica (ISEG), doutoramento em Ciências da Educação (FPCEUP).
Áreas de interesse principais: Sociologia política da educação; Economia da educação.
PAP0549 - Feminismo islâmico no Oriente Médio: Egito e Turquia
Os feminismos no Oriente Médio são as expressões da intersecção entre modernidade e Islã. Enquanto defesa e luta política pela emancipação da mulher surge pioneiramente no Egito, nos anos 20, com inspiração nos modos de vida seculares franceses, porém em conseqüência de hibridação cultural se transformaram profundamente, num processo de confrontação e assimilação teórico-discursiva entre movimentos seculares e islâmicos.
No Egito o feminismo secular amargou ostracismo com as repressões de Gamal Nasser e sofreu limitações pelo autoritarismo de Hosni Mubarak. Na Turquia, o feminismo secular surgiu apoiando incondicionalmente as reformas de emancipação de Kemal Atatürk, contudo ressurge nos anos 80 com um posicionamento altamente crítico a estas mesmas reformas, alegando que elas reafirmavam o status quo islâmico de sexualidade e gênero na esfera privada. Nesse mesmo processo histórico surgem no Egito os movimentos islâmicos de mulheres, o que origina por volta dos anos 80 o feminismo islâmico.
Atualmente, o feminismo secular e o islâmico convergem, paradoxalmente, com agendas programáticas e políticas diferentes. As argumentações teórico-discursivas do feminismo islâmico são de justiça e emancipação a homens e mulheres que seriam expostas se as leituras das escrituras sagradas do Islã forem feitas com um olhar feminista. Nesse sentido, esta comunicação compreende num primeiro momento, um detalhamento dos feminismos seculares no Oriente Médio, considerando como exemplos o Egito e a Turquia e num segundo momento propõe reflexões a cerca dos métodos e discursos do feminismo islâmico e sua inter-relação com a modernidade.
- LIMA, Cila
PAP0550 - Feminismo islâmico no Oriente Médio: Egito e Turquia
Os feminismos no Oriente Médio são as expressões da intersecção entre modernidade e Islã. Enquanto defesa e luta política pela emancipação da mulher surge pioneiramente no Egito, nos anos 20, com inspiração nos modos de vida seculares franceses, porém em conseqüência de hibridação cultural se transformaram profundamente num processo de confrontação e assimilação teórico-discursiva entre movimentos seculares e islâmicos.
No Egito o feminismo secular amargou ostracismo com as repressões de Gamal Nasser e sofreu limitações pelo autoritarismo de Hosni Mubarak. Na Turquia, o feminismo secular surgiu apoiando incondicionalmente as reformas de emancipação de Kemal Atatürk, contudo ressurge nos anos 80 com um posicionamento altamente crítico a estas mesmas reformas, alegando que elas reafirmavam o status quo islâmico de sexualidade e gênero na esfera privada. Nesse mesmo processo histórico surgem no Egito os movimentos islâmicos de mulheres, o que origina por volta dos anos 80 o feminismo islâmico.
Atualmente, o feminismo secular e o islâmico convergem, paradoxalmente, com agendas programáticas e políticas diferentes. As argumentações teórico-discursivas do feminismo islâmico são de justiça e emancipação a homens e mulheres que seriam expostas se as leituras das escrituras sagradas do Islã forem feitas com um olhar feminista. Nesse sentido, esta comunicação compreende num primeiro momento, um detalhamento dos feminismos seculares no Oriente Médio, considerando como exemplos o Egito e a Turquia e num segundo momento propõe reflexões a cerca dos métodos e discursos do feminismo islâmico e sua inter-relação com a modernidade.
PAP0551 - Feminismo islâmico no Oriente Médio: Egito e Turquia
Os feminismos no Oriente Médio são as expressões da intersecção entre modernidade e Islã. Enquanto defesa e luta política pela emancipação da mulher surge pioneiramente no Egito, nos anos 20, com inspiração nos modos de vida seculares franceses, porém em conseqüência de hibridação cultural se transformaram profundamente num processo de confrontação e assimilação teórico-discursiva entre movimentos seculares e islâmicos.
No Egito o feminismo secular amargou ostracismo com as repressões de Gamal Nasser e sofreu limitações pelo autoritarismo de Hosni Mubarak. Na Turquia, o feminismo secular surgiu apoiando incondicionalmente as reformas de emancipação de Kemal Atatürk, contudo ressurge nos anos 80 com um posicionamento altamente crítico a estas mesmas reformas, alegando que elas reafirmavam o status quo islâmico de sexualidade e gênero na esfera privada. Nesse mesmo processo histórico surgem no Egito os movimentos islâmicos de mulheres, o que origina por volta dos anos 80 o feminismo islâmico.
Atualmente, o feminismo secular e o islâmico convergem, paradoxalmente, com agendas programáticas e políticas diferentes. As argumentações teórico-discursivas do feminismo islâmico são de justiça e emancipação a homens e mulheres que seriam expostas se as leituras das escrituras sagradas do Islã forem feitas com um olhar feminista. Nesse sentido, esta comunicação compreende num primeiro momento, um detalhamento dos feminismos seculares no Oriente Médio, considerando como exemplos o Egito e a Turquia e num segundo momento propõe reflexões a cerca dos métodos e discursos do feminismo islâmico e sua inter-relação com a modernidade.
- LIMA, Cila
PAP0503 - Fenomenologia da Imigração e da cidadania
Este trabalho tem por objetivo discutir as possibilidades que a cultura de senso comum oferece à comunicação de conteúdos legais, à transação entre diferentes tradições e concepções jurídicas, e ao intercâmbio das noções de legitimidade das instituições legais, ou seja, de como a cultura, em seu sentido mais lato, antecipa-se ao Direito na comunicação das noções do justo e do injusto e influencia direta e indiretamente a aplicação dos códigos legais conferindo-lhes legitimidade no contexto das relações sociais. Parte, portanto, da assunção de que a cultura do senso comum constitui um veículo, na verdade é o principal veículo, de comunicação entre diferentes culturas legais não importando as diferenças que estas apresentem entre valores, estágios de desenvolvimento econômico e tradições jurídicas. Procura deste modo, contribuir para as discussões sobre o alargamento das noções de cidadania e da não cidadania no contexto da intensificação dos fluxos de imigração que têm acompanhado a integração econômica dos países.
Em termos objetivos, nosso esforço se encontra na tentativa de formularmos uma teoria fenomenológica sobre os contatos interculturais numa situação específica, qual seja nos contatos entre estrangeiros e nativos de diferentes culturas propiciados pelo fenômeno da imigração.
Os estudos fenomenológicos das relações sociais são bem conhecidos dos sociólogos e suas ênfases nos aspectos mais cognitivos da ordem social sua marca distintiva. Desde Alfred Schutz, inúmeros trabalhos teóricos e empíricos têm devotado seus esforços para explicar como as pessoas, em suas atividades cotidianas, orientam as suas ações práticas a partir de um esforço compartilhado para tornar explícitos e evidentes os sentidos de sua ação. O foco desses estudos tem sido assim, a análise da construção de uma “cultura comum”.
Em parte devido a essa perspectiva de explicação dos métodos e dos recursos disponíveis pelos nativos de uma mesma cultura para dar sentido às suas ações, tais estudos não têm abordado, com a devida atenção, as particularidades desses mesmos processos de construção de um mundo social comum e naturalizado entre nativos de culturas diferentes quando colocados em situações limites: nos processos de imigração em suas diversas motivações. Como consequência, temos poucos registros de estudos fenomenológicos acerca do conjunto de problemas associados a cidadania.
Em síntese, o foco da nossa atenção será reunirmos elementos conceituais e metodológicos que permitam uma abordagem fenomenológica dos fenômenos da imigração e da cidadania.
- MELLO, Marcelo Pereira de

Marcelo Pereira de Mello
Doutor em Ciências Humanas;
Professor Associado III da Universidade Federal Fluminense – RJ/Brasil;
Vice Presidente da Associação Brasileira de Sociologia do Direito;
Vice Coordenador do Programa de Pós Graduação em Sociologia e Direito;
No momento, realizando os estudos de Pós Doutorado na Università Degli Studi di Macerata – Marche/Itália.
PAP1299 - Filhos de duas mães: Representações médicas e jurídicas da maternidade lésbica
A Medicina e o Direito são, historicamente, duas
agências de regulação social que têm vindo a definir
– não sem dinâmicas de consensos e conflitos – quem
são as mães e os pais “adequados”, com base em
modelos normativos de género e de sexualidade. Mas
se essa regulação tem agido no sentido da
“normalização”, parece, também, abrir opções não
normativas de vivência individual. Uma dessas opções
é a procriação dissociada do acto sexual, ligada à
emergência de novos aparatos tecnológicos que
permitem encetar um processo reprodutivo medicamente
assistido e legalmente regulado.
A questão da procriação fora do âmbito de uma
relação heterossexual parece ser problemática, na
medida em que as tecnologias de PMA parecem
contribuir para um tipo de reprodução “não natural”,
reconfigurando a relação entre casamento, sexo e
parentalidade. Desta forma, novos mecanismos de
regulação do exercício da parentalidade têm sido
accionados, assumindo a forma de requisitos de
admissão aos tratamentos disponibilizados pela
medicina da reprodução. Contrariando a ideia de que
o destino das mulheres é a maternidade, existem
determinados grupos de mulheres aos quais tem sido
tradicionalmente negado o acesso às tecnologias de
PMA, nomeadamente, as mulheres solteiras e as
mulheres lésbicas, supostamente por não serem mães
“adequadas”. O caso das mulheres lésbicas é o foco
deste trabalho, procurando-se captar as
representações médicas e jurídicas da maternidade
lésbica, por via da realização de entrevistas semi-
directivas junto de médicos especialistas em
medicina da reprodução e de juízes que exercem a sua
actividade em tribunais de família.
Ainda que os discursos médicos e jurídicos acerca da
maternidade lésbica por recurso à PMA pareçam ser
unificados e conservadores, pretende-se, aqui, dar
conta da existência de uma mescla de argumentos que
derivam do habitus pessoal – incluindo a trajectória
pessoal e o contexto social externo aos campos da
medicina e do direito – em relação com o habitus
profissional dos actores. As representações de
médicos e juristas acerca da maternidade lésbica
parecem ser trespassadas tanto por posições
profissionais e/ou institucionais, como por posições
individuais, nuns casos convergentes, noutros,
divergentes.
- MACHADO, Tânia Cristina
- LOPES, Alexandra
PAP0328 - Fisheries: The Tragedy of the Commons Revisited and the Return of Co-Management
In the literature on Natural Resources it would be difficult to find a concept as misunderstood as commons and common property. Important researchers in the field of Natural Resource Socio-Economics do not distinguish between the concepts of common property and non-property. But, that distinction is crucial for the design of Natural Resources Management Policy.
Schlager and Ostrom (1992) remind that Political Economy’s understanding of property rights, and the rules used to create and enforce them, shape perceptions of resource degradation problems and prescriptions recommended to solve such problems. “Ambiguous terms blur analytical and prescriptive clarity” and the term “common property” is a glaring example. One of the purposes of this paper is to rectify this confusion and establish an adequate conceptualisation. So, a typology of property-rights regimes relevant to common property resources is presented and the reflex of this distinction between regimes on the design of the natural resources policy is discussed.
In this context, the paper also discusses the legacy of Nobel prized researcher E. Ostrom. Her work is fundamental in the substitution of the “Tragedy” metaphor to the more interesting “Drama of the Commons”. Of course we’ll have tragedies, in the open access/ res-nullius situation, but sometimes we’ll have also reasons to laugh. Ostrom stresses that a commons can be well governed and that most people, when presented with a resource problem, can cooperate and act for the common good. “Co-management” and self–regulation are the keys for sustainable resource management.
A particular example of this kind of preoccupations is the fisheries case (Gutiérrez et al, 2011). A third of the fish stocks worldwide are over exploited. Using individual cases many researchers have been arguing that community–based management should prevent the commons tragedies and that cooperative management often results in sustainable fisheries. Our paper surveys the contribution of several studies of evaluation of those experiences. This analysis identifies strong leadership and robust social capital as important factors of success of co-management in the fisheries case.
- COELHO, Manuel Pacheco

Manuel F. Pacheco Coelho é Doutorado e Agregado em Economia, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, onde é Professor, desde 1984.
A Economia dos Recursos Naturais e Ambiente, a Economia Regional e Urbana, e as questões da Integração Europeia constituem as suas áreas de investigação privilegiadas, com vasta obra publicada. Na área da Sociologia, os seus estudos têm recaído, especialmente, em temáticas da Maritime Sociology.
É membro do SOCIUS/ISEG e integra a Comissão Executiva do CIRIUS /ISEG.
É professor do programa Doutoral MIT - Portugal em Sustainable Energy Systems.
PAP1276 - Fluxos migratórios em espaço lusófono: a experiência e a narrativa
Partindo de um projecto em curso, centrado na ideia de lusofonia, sua interpretação e práticas que se lhe associam, esta comunicação procurará fazer um primeiro balanço de um vasto conjunto de entrevistas a migrantes, que procuram cobrir múltiplas situações de interacção migratória em contexto lusófono. Na verdade, mais do que entrevistas, trata-se da enunciação de histórias de vida, de experiências do passado e do presente, abrangendo diferentes grupos sociais e distintas motivações. O objectivo é o de perceber a dinâmica de um processo longo e transversal às populações e aos territórios que tem o português como língua oficial. Entre a imigração portuguesa para o Brasil das décadas de 1950 e 1960 e actual que diferenças e semelhanças podemos encontrar? E entre a emigração para Portugal de cidadãos brasileiros da última década e a que trouxe africanos no pós 25 de Abril? Para lá das diferenças óbvias, que existe de semelhante em tão diversificada experiência migratória e nas narrativas que sobre ela se tecem? Estas são algumas das perguntas para as quais esta comunicação ensaiará algumas respostas.
- CUNHA, Luís

Luís Cunha, docente na Universidade do Minho e investigador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), tem realizado investigação sobre memória social, constituindo a fronteira um dos temas que tem abordado nesse âmbito. A outra área de investigação de que mais se tem ocupado é a das identidades nacionais, trabalhando sobre várias vertentes do tema. Uma dessas vertentes, de que ultimamente se tem ocupado, prende-se com as representações da lusofonia.
PAP0185 - Fontes e fundamentos da argumentação jurisprudencial
Os sistemas jurídicos, nacionais e internacionais, têm vindo a ser crescentemente pressionados pelos sistemas políticos, económicos e financeiros. Essa pressão exerce-se sob o signo da inevitabilidade de adopção de um conjunto alargado e multidimensional de políticas, nomeadamente na área do trabalho e da segurança social. Num mundo de apregoadas inevitabilidades políticas, o sistema jurídico parece encontrar-se numa situação de aparente permeabilidade. Mas quais as suas formas de interacção com a realidade envolvente? Obedecerão primacialmente estas a uma lógica de abertura ou de fechamento?
Nesta comunicação proponho-me problematizar as relações entre o sistema jurídico e a realidade exterior a partir da análise de conteúdo de um acórdão do Tribunal Constitucional português. Em causa está a análise da argumentação accionada pelo Tribunal Constitucional quando instado a pronunciar-se sobre a conformação constitucional do Decreto 9/XI, que propunha a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A este nível, interessar-me-á explorar até que ponto este acórdão se sustenta essencialmente em modalidades de argumentação jurídicas formais, reconhecidas e legitimadas pelo próprio sistema jurídico, ou se esta narrativa jurídica integra também modalidades de argumentação válidas no exterior desse sistema. Relativamente à argumentação formal, irei descrever os tipos de fontes jurídicas convocadas para a argumentação jurisprudencial, a sua natureza jurídica vinculativa ou de mero enquadramento e os tipos de operações argumentativas. Quanto à argumentação substantiva, demonstrarei que a fundamentação deste tipo de operação sustenta-se em factos, pressupostos e níveis de conhecimento reconhecidos como legítimos no exterior do sistema jurídico.
Do ponto de vista teórico e conceptual, a comunicação que me proponho apresentar é em grande medida enformada pela teoria dos sistemas de Niklas Luhmann. O objectivo da comunicação não será o de promover a defensa das premissas teóricas do pensamento sociológico do autor, nem o de elencar as suas fraquezas teóricas e metodológicas, mas sim analisar as relações entre o sistema jurídico e o ambiente exterior a partir de um tipo de comunicação muito particular produzida no interior desse sistema. De facto, enquanto “observação de segunda ordem” (Luhmann, 2004) pelo qual o sistema jurídico se auto-observa, o discurso jurisprudencial é um bom indicador para se analisar as lógicas de interacção mantidas pelo sistema jurídico com o ambiente exterior e os fundamentos da legitimação e estruturação da racionalidade jurídica no sistema jurídico português.
- CANTANTE, Frederico
PAP0769 - Fora do hospital: desinstitucionalização da doença mental e redes informais de apoio
Conhecer as formas de intervenção da família e das redes sociais e analisar a articulação entre cuidados formais e informais revela‐se um elemento fundamental para avaliar os impactos da desinstitucionalização na vida das famílias e dos indivíduos. O mapeamento dos actores activos na prestação de cuidados às pessoas com doença mental permite conhecer a capacidade de resposta das redes sociais, o tipo de apoio prestado e as necessidades sentidas, fornecendo elementos para a identificação dos factores que bloqueiam ou facilitam a implementação da filosofia de desinstitucionalização.
Esta comunicação procura responder a este objectivo recorrendo a conceitos e metodologias da teoria das redes. Com base nos resultados de um projecto de investigação que permitiu aceder à história de vida dos indivíduos, reconstituindo trajectórias, necessidades, estratégias, laços e apoios sociais, a análise apresentada centra‐se em vinte entrevistas realizadas a pessoas com doença mental e em sete estudos de caso seleccionados a partir desse conjunto. No âmbito dos estudos de caso foram realizadas vinte e oito entrevistas (entre duas a oito pessoas por caso) a elementos das redes sociais dos indivíduos – familiares, amigos, colegas, vizinhos, técnicos. Estes instrumentos analíticos permitiram olhar as redes sociais das pessoas com doença mental e identificar alguns traços que apresentamos nesta comunicação.
Em primeiro lugar, a reduzida dimensão e densidade das suas redes sociais. A doença mental produz um fechamento das redes sociais que começa antes do seu diagnóstico, mas que se intensifica com este, rompendo com muitos dos laços anteriormente estabelecidos. O eclodir da doença condiciona fortemente os laços relacionais dos indivíduos, restringindo as suas sociabilidades e limitando as suas possibilidades de apoio social e afectivo.
Em segundo lugar, a orientação das redes é para os laços de parentesco e, especificamente, para o parentesco restrito – pais, cônjuges, irmãos, filhos. No interior da família restrita, as mulheres são as grandes polarizadoras das relações e por quem passa a articulação entre diferentes laços e apoios. A escassez de nós na rede e o centramento no parentesco restrito relaciona‐se com outra característica que encontramos nas redes sociais das pessoas entrevistadas – a forte sobreposição de papéis dos elementos da rede, traduzida, sobretudo numa forte sobrecarga familiar no enfrentamento da doença. Esta deve‐se sobretudo a um outro traço das redes – a sua segmentação. Sobretudo entre redes formais e informais, encontramos ausências de interacção e articulação que prejudicam a inserção social e a autonomia dos indivíduos.
- PORTUGAL, Sílvia
PAP1131 - Forced changes: family response to Alzheimer in Portugal
As a general phenomenon in Europe, the phenomenon of ageing, as well as the associated increase in chronic disease, and Alzheimer's disease (AD) in particular, also concern Portugal.
This situation has considerable implications for families, often called upon to provide caring tasks. Focusing more specifically on adult children, the paper explores how, in a context of a high rate of female employment and low availability of services, adult children do experience and face the situation, both at the practical and symbolic levels.
Drawing on qualitative interviews with adult children providing care to one of their parent with AD, we identify the main care arrangements set up by families.
Confronted to the unexpected and demanding situation of caring for a parent suffering from AD, it is mostly one adult child who becomes the main carer. The care situation induces tremendous practical and emotional consequences and implies many adjustments for the carers. In Portugal family care is central, though often complementary to paid care. The analysis highlights how, in order to reconcile work and care, both demanding tasks, adult children set up a variety of care arrangements, combining most often informal and formal care, in and outside the house. Most carers have also a professional activity which induces many consequences for the carers, not only the daily family life, but also on social and professional life. However, results suggest that while working induces constraints, it is also a resource to face the caring situation.
- SAMITCA, Sanda

Sanda Samitca, socióloga Suíça, bolseira pós-doc no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Os meus domínios de investigação têm sido desenvolvidos no quadro das questões do envelhecimento através do aprofundamento do conhecimento acerca dos padrões de cuidados existentes atualmente na sociedade portuguesa, em duas populações alvo: os idosos dependentes e os doentes de Alzheimer.
PAP0657 - Formas da Casa e Ideologias da Família
Nesta comunicação, a autora desenvolve uma análise sociológica da evolução das plantas dos apartamentos comercializados na cidade de Lisboa ao longo do século XX e dirigidos às classes médias e médias altas. Trata-se de uma pesquisa realizada no âmbito da sua tese de doutoramento - Casa e Mudança Social: uma leitura das transformações da sociedade portuguesa a partir da casa – defendida em Dezembro de 2010 no ISCTE-IUL. Partindo do pressuposto de que o ambiente construído se reveste sempre de um carácter sociológico que o condiciona a montante, porquanto todo o projectista é antes de mais um indivíduo socialmente enquadrado que consciente ou inconscientemente faz reflectir nos seus projectos os referenciais da sociedade que o contextualiza, a pesquisa tem o seguinte objectivo: identificar as representações sociais sobre a vida privada, a família e o indivíduo, subjacentes às diferentes formas de organização do espaço doméstico que foram marcando o mercado privado na cidade de Lisboa entre a década de 30 e o finais dos anos 90. Para tal, as plantas são analisadas não apenas do ponto de vista da sua composição – relativa aos compartimentos existentes – mas também, e não menos importante, ao nível da sua morfologia – relativa à forma como os vários compartimentos se organizam, relacionam e hierarquizam. Propõe-se uma tipologia de modelos habitacionais, constituída por 8 tipos: i) a matriz pré-moderna; ii) a matriz “Estado-Novo”; iii) o modelo transição tradicional-moderno; iv) a matriz moderna-pura; v) o modelo de privatização conjugal contígua; vi) o modelo de privatização genérica contígua; vii) o modelo de privatização genérica radicalizada; viii) o modelo de privatização genérica radicalizada. Se os dois primeiros modelos pressupõem estruturas familiares e sociais claramente conservadoras e centradas no valor da hierarquia, os últimos, pelo contrário, já subentendem novas formas de estruturação da vida privada claramente marcadas pelos processos actuais tendentes ao reforço da autonomia individual de cada um dos membros da família.
- PEREIRA, Sandra Marques

Sandra Marques Pereira,
Doutorada Em Sociologia
Investigadora Pós-Doc do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET
Áreas de Interesse: habitação, cidades, arquitectura
PAP1076 - Formas de classificação profissional: aproximações e controvérsias. Das actividades delimitadas (profissões) às categorias socioprofissionais difusas (ocupações)
Tendo por base o trabalho empírico realizado pelos autores durante os respectivos mestrados, o artigo proposto visa compreender as lógicas de acção que fundamentam a busca de reconhecimento profissional por parte de dois grupos profissionais distintos: os enfermeiros e os animadores socioculturais. No fundo, o que se procura é perceber como é que diferentes sistemas de representação (político, técnico e cognitivo) convergem ou não no sentido de naturalizar os agrupamentos profissionais.
Numa perspectiva histórica e comparada das duas actividades profissionais, encontramos, embora a níveis diferentes, uma série de controvérsias pela construção de espaços de equivalência a partir dos diversos tipos de bem comum. As controvérsias reportam a questões que dizem respeito ao sentido de justiça invocado pelos actores sociais no que concerne à distribuição de bens materiais ou simbólicos, como os títulos ou os estatutos.
Na busca de um entendimento sobre a pluralidade de formas pelas quais os actores procuram o reconhecimento social da sua profissão, baseámo-nos no modelo teórico saído da obra De la Justification. Les Economies da la Grandeur (Boltanski e Thévenot, 1991). Considerando que estes autores estudaram formas de generalidade alternativas que fizeram aparecer tensões críticas resultantes da confrontação entre diversas maneiras de formar equivalências entre os seres e, portanto, de generalizar.
Procurando destacar diferentes legitimidades que podem proporcionar o acesso aos ofícios (ocupações) e/ ou às profissões, salientamos duas lógicas de argumentação: uma delas assente no mundo industrial que tem na base formas de julgamento baseadas em métodos formalizados expressa em qualificações profissionais, e outra assente numa gramática justificativa do mundo doméstico, cuja grandeza se evidencia por uma legitimidade fundada na experiência conferida pelo posto de trabalho, uma autoridade manifesta numa competência facultada pela prática. Encontramos assim uma distinção clara entre lógicas diferentes, mesmo contraditórias, de justificação. Trata-se de formas de identificação profundamente divergentes, entre imperativos muito dificilmente conciliáveis: enquanto o saber conferido pelos diplomas permite, em alguns casos, uma correspondência entre títulos e postos; em outros, esta codificação não existe porque o mandato profissional, não sendo claro, traduz-se numa indefinição de fronteiras profissionais, não havendo, por isso, uma paridade entre os títulos e os postos ocupados.
- COTOVIO, Ana Cristina
- CARVALHO, Paula Cristina
- BAPTISTA, António Manuel Rodrigues Ricardo

NOTA BIOGRÁFICA
• António Manuel Rodrigues Ricardo Baptista, aricardo1959@gmail.com.
• Formação académica: Doutorando em Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Diploma de Estudos Avançados em
Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa (Novembro de 2010). Mestrado em Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais
e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Janeiro de 2010). Pós-Graduação em
Sociologia. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa (Agosto de 2008). Licenciatura em Sociologia, ISCTE – Instituto Superior de
Ciências do Trabalho e da Empresa (Julho de 1985).
• Experiência profissional após a licenciatura até ao presente: áreas do emprego, da
educação e da formação profissional.
• Áreas de investigação: trabalho, organizações e profissões.
PAP1271 - Formação Policial e Segurança Pública no Ceará: a experiência do Programa Ronda do Quarteirão
A partir do ano de 2000, com a criação do Plano
Nacional de Segurança Pública (PNSP), o Governo
Federal Brasileiro iniciou sua preocupação
quanto à formação, qualificação e valorização
profissional dos agentes de segurança pública,
propondo ações que pudessem garantir uma
reforma substancial nas polícias estaduais.
Aliado a isto, passou-se a estimular, nos
Estados brasileiros, o desenvolvimento de
experiências de policiamento comunitário, com o
objetivo primordial de superação do modelo
tradicional de se fazer policiamento implantado
no País desde suas origens, mais identificado
com ações reativas e repressivas do que com
ações proativas e preventivas. Não contrariando
este contexto regional, o governador do Ceará,
Cid Gomes, durante seu primeiro mandato (2007-
2010), trilhou sua campanha eleitoral,
focalizando-a em uma nova proposta de
policiamento com feições comunitárias,
denominado Programa “Ronda do Quarteirão”.
Também conhecido como “a polícia da boa
vizinha”, o programa se propôs a desenvolver
uma modalidade de policiamento por meio de
ações ostensivas e preventivas, tendo como
diferencial sua proposta de proximidade com a
população e a contribuição desta na prevenção
da criminalidade. Com o passar do tempo, as
abordagens do novo policiamento, antes
respeitosas e cordiais, começaram a assemelhar-
se ao policiamento tradicional. Velhos
problemas ressurgiram, dentre eles, o de
“abordagens policiais desastrosas”, associadas
à formação policial deficitária, resistências,
sabotagens e dificuldades que fizeram com que o
Programa perdesse sua credibilidade junto à
população. O presente trabalho tem como
objetivo compreender o processo de qualificação
desses policiais e se esta qualificação está em
acordo com os mecanismos legais e as políticas
públicas que subsidiam a formação dos
operadores de segurança pública no Brasil. O
estudo revela que formalmente houve uma
preocupação em unir o ensino das técnicas e
culturas militares a fundamentos teóricos mais
humanísticos, que permitissem uma atuação
policial de proximidade com a comunidade.
Entretanto, percebe-se um ensino fragmentado,
sem interdisciplinaridade e em desacordo com os
mecanismos legais pertinentes. Assim, as
deficiências da formação podem ter contribuído
para a reprodução de práticas abusivas e de
desrespeito aos direitos humanos não
capacitando os recém-formados para não
reproduzir as práticas de uma polícia
tradicional, conservadora e pouco contribuindo
para a modificação da mesma.
- CRUZ, Lara Abreu

- LOPES, Emanuel Bruno

- BRASIL, Glaucíria Mota

Lara Abreu Cruz
Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e é aluna do Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade (MAPPS/UECE). Participa do Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética (Labvida/UECE) e do grupo de pesquisa Direitos Humanos e Políticas de Segurança Pública do CNPq. Tem experiência na área da Sociologia da Polícia, atuando especialmente nos seguintes temas: formação policial, policiamento comunitário e políticas públicas de segurança.
Emanuel Bruno Lopes de Sousa
Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade pela UECE e aluno do Curso de Doutorado em Política Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói/RJ). Pesquisador do Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética (Labvida/UECE). Tem atuado nas seguintes áreas: políticas de segurança pública, práticas policiais, policiamento comunitário,
Maria Glaucíria Mota Brasil
Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É professora efetiva da Universidade Estadual do Ceará, onde coordena o Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade (MAPPS) e o Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética (Labvida). É líder do grupo de pesquisa Direitos Humanos e Políticas de Segurança Pública e pesquisadora de produtividade do CNPq. Tem
PAP0783 - Formação de aglomerados tecnológicos em torno da nanotecnologia
Desde a observação de Alfred Marshall em finais do século XIX que os grupos de firmas industrializadas obtinham vantagens nos custos marginais, na concentração da produção, no acesso à mão de obra, mas sobretudo nos efeitos de spillover, muitas transformações já ocorreram na formação de aglomerados e de clusters industriais. Mais do que factores de cariz endógeno à economia são os factores exógenos, tais como tecnologias, conhecimento, competências, e aquisição de inputs, que parecem estar a assumir maior preponderância. A nanotecnologia aparece, no século XXI, neste campo enquanto uma tecnologia multidisciplinar e convergente e por isso agregadora de múltiplas tecnologias e de sectores de aplicação (como energético, agricultura, saúde, militar entre outros) carecendo ainda de estudos sistemáticos no impacto desta tecnologia no sector empresarial.
Esta apresentação visa demonstrar a ligação entre os elementos da triple-helix - Estado, Universidades e Empresas – tendo por base o desenvolvimento tecnológico (em especial a nanotecnologia), podem fomentar a criação e/ou a expansão de clusters industriais e de clusters científicos numa determinada região, possibilitando um efeito de free riding (“andar à boleia”) e de causalidade circular cumulativa (utilizando as diferenças conceptuais introduzidas por Myrdal e Kapp em relação a Veblen e Kaldor) junto das instituições e organizações trabalhadas.
Este artigo sustenta-se numa análise aprofundada de bibliografia, assim como na utilização de dados estatísticos sobre a formação e clusterização empresarial em território nacional incidindo no sector da nanotecnologia, mas também nos sectores de aplicação (SA’s) ligados a esta forma tecnológica.
A combinação de vários clusters, em especial os cluster científico, industrial e tecnológico, embora de importância territorial regional, comporta uma mais-valia que extravasa o plano regional no desenvolvimento da nanotecnologia.
- CRUZ, Rui Vieira

Rui Vieira Cruz, Centro de Investigação em Ciências Sociais na Universidade do Minho, área de formação em Sociologia, com especialidade em Desenvolvimento e Políticas Públicas e com tese de Mestrado apresentada na área de Ciência e Tecnologia em especial ligada ao desenvolvimento da nanotecnologia
Os interesses de investigação manifestam-se em áreas como ciência e tecnologia, nanotecnologia, desenvolvimento local/regional, sociologia do desenvolvimento e sociologia económica.
PAP0215 - Formação e Trabalho: o caso da Autoeuropa
Este estudo pretende contribuir para o
entendimento do potencial formativo de uma
grande empresa, através da metodologia do
estudo de caso organizacional. Com vista à
problematização em redor das relações
estratégicas entre formação e trabalho, o
estudo traça o retrato estrutural e cultural
da organização, procurando explicitar os
modelos e conceitos de organização do
trabalho, através da análise e caracterização
das relações entre o sistema de produção e os
dispositivos de formação da empresa.
A investigação parte de uma tese: a formação
em contexto profissional desempenha um papel
fundamental, não só no âmbito da formação
profissional contínua, mas também no campo da
educação de adultos, uma vez que as suas
componentes técnica, profissional e
comportamental intervêm no processo de
educação e, por inerência, de socialização ao
longo da vida.
Na sequência de uma relação prévia (externa,
mas continuada) da investigadora com a
empresa, foi estabelecido um protocolo de
colaboração com a investigadora e o Instituto
da Educação, viabilizando a metodologia de
trabalho escolhida, o estudo de caso, através
do qual se pretende fazer uma aproximação à
realidade formativa, sobretudo através da
observação in loco das acções internas de
formação do Centro de Treino da Produção. Este
Centro fundamenta-se na assunção de que é
preciso aproveitar as competências,
o “knowhow” dos trabalhadores da própria
empresa para garantir uma formação adequada
aos que ali trabalham, numa lógica contínua,
centralizadora e “de dentro para dentro”.
Assim, a metodologia de estudo visa “conhecer
por dentro” para fazer uma análise sobre a
relação dinâmica entre a formação e os
objectivos estratégicos da empresa, mas também
de que modo a relação formação/trabalho define
e caracteriza a empresa.
A problematização que se procura fazer passa
por observar as dinâmicas e lógicas dominantes
da formação, por reporte ao paradigma
dos “saberes da acção”, que cada vez mais se
instala nestes contextos formativos, através
de processos de transformação da experiência
em saber explícito e transferível, no reforço
da importância e da formatividade da
experiência e das situações de trabalho. As
grandes empresas sentem estas mudanças e
promovem-nas, entendendo que a sua capacidade
de adaptação e crescimento está refém da
capacidade de adaptação e crescimento da sua
massa humana, o que dependerá, em grande
parte, das estratégias de formação contínua
que a organização levar a cabo.
- RODRIGUES, Sandra Pratas

Sandra Pratas Rodrigues é doutoranda em Formação de Adultos, pelo Instituto da Educação da Universidade de Lisboa, é bolseira pela FCT e faz parte do grupo de investigação de Formação de Adultos, da Área de Políticas de Educação e Formação daquele Instituto. A sua área de interesse principal é a Educação e Formação de Adultos, em que tem desenvolvido trabalho, quer no terreno através da integração de equipas de criação e implementação de ofertas formativas para adultos em diversas entidades públicas (ANEFA, DGFV, ANQ e IEFP), quer através de publicações, ao longo dos últimos 12 anos. Das suas publicações destacam-se o Guia de Operacionalização para os Cursos EFA, publicado pela ANQ (2009), o artigo “Educar, Formar, Qualificar”, inserido no livro Formação de Adultos: Desafios, Articulações e Oportunidades em tempo de Crise, organizado e publicado pela Universidade dos Açores e o artigo “Formação e Trabalho: o caso da Autoeuropa”, a publicar brevemente pelo ISCTE, na sequência do II Simposium Nacional sobre Formação e Desenvolvimento Organizacional.
PAP0711 - Fragmentos de vidas profissionais de professores: vivências e reacções às recentes reformas educativas
Enquanto medidas profissionais e gestionárias definidas “de fora para dentro”, a implementação da revisão do Estatuto da Carreira Docente (2007) e da Gestão e Direcção Escolar (2008) tiveram implicações na autonomia e autoridade dos professores, desafiando e reenquadrando as suas identidades profissionais. Apresentamos nesta comunicação resultados parciais obtidos numa investigação qualitativa que, procurando um aprofundamento das trajectórias profissionais dos professores para desvendar as suas identidades profissionais, permitiu entender a relação entre perfis de identidade e respostas às reformas educativas. Interessou-nos, fundamentalmente, analisar as reacções em função de variáveis que têm sido consideradas relevantes - anos de serviço, género, área disciplinar, experiência profissional -, mas também o nível de envolvimento dos professores em associações e sindicatos de professores. Esta abordagem implica, por um lado, uma análise dos processos institucionais tendo em consideração os processos individuais e, por outro, o entendimento da identidade profissional como processo dinâmico, construído e reconstruído em determinadas épocas histórias e contextos sociais, através de dinâmicas de conflito e negociação. A partir de uma discussão articulada entre a Sociologia da Educação, a Sociologia das Profissões e a utilização da metodologia de Histórias de Vida, analisamos fragmentos de biografias e discursos de um conjunto de professores do ensino secundário que ilustram características-chave das formas de posicionamento e apropriação simbólica das reformas: aceitação, conformidade, afastamento, resistência, transformação. Os resultados obtidos permitem constatar que os professores se posicionam baseando-se em esquemas de pensamento e acção reflexivos, na mobilização de valores e poderes e na expressão de emoções. Trazemos para a discussão algumas questões pertinentes e actuais: poder-se-á falar de um posicionamento generalizado dos professores face às reformas? Existirão diferenças consoante grupos específicos? São essas reacções estratégias de preservar poderes profissionais, uma identidade profissional reivindicada?
- STOLEROFF, Alan
- SANTOS, Patrícia
PAP0933 - From here to somewhere: do espaço social ao subcampo do rock alternativo em Portugal
A abordagem que apresentamos pretende
evidenciar que, ao falarmos de rock
alternativo em Portugal, na actualidade,
estamos a referir-nos a um conjunto de
posicionamentos num espaço social específico
que deve ser situado no interior do universo
pop rock e que, ao mesmo tempo, não pode
deixar de ser perspectivado na sua relação com
a estrutura do campo artístico português e do
espaço social contemporâneo (globalmente
considerado). O objectivo principal desta
comunicação é o de reconstituir analiticamente
essa inserção, concedendo dessa forma
profundidade à análise sociológica da génese e
estruturação deste espaço social específico. O
título desta comunicação contem uma
intencionalidade que se prende com a
consideração das oportunidades teóricas
actuais apresentadas em interrelação fecunda
com a teoria bourdiana. Partimos do
pressuposto de que a música enquanto prática e
consumo se insere numa lógica de funcionamento
complexa das estruturas sociais
contemporâneas; como tal, a música que se faz,
se divulga ou se consome depende das
instâncias criativas contemporâneas, a maior
parte das vezes sujeitas a imperativos
culturais, económicos, sociais ou simbólicos
relevantes. Também nos interessem os
significados que os agentes dão às suas
posições, produtos e artefactos num dado
espaço social que marca, delimita e esboça
relações de força e de sentido. O valor, e o
interesse, do rock não se prende apenas com
uma questão de prazer; importa fugir às
asserções que defendem que o valor de qualquer
objecto não é senão o seu valor instrumental
na produção de prazer: a apreciação estética
da música rock não esgota todos os aspectos
relevantes na sua avaliação. Com este foco,
apresentaremos o recorte, a definição e a
dinâmica do subcampo do rock alternativo em
Portugal e concomitantemente, as ferramentas e
processo de produção de saber que os tornaram
possíveis.
- GUERRA, Paula
PAP1557 - Fundamentos, propósitos e intenções manifestos na interacção profissional-doente no contexto do Gabinete de sub-visão do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto
A institucionalização do direito à saúde na constituição de 1976 como direito social e humano não parece ter conseguido, na prática dos profissionais de saúde, abalar a relação paternalista que coloca o doente numa situação de submissão face à dominância do poder/saber médico central ou periférico que o doente, nos termos de Parsons, deve acatar humildemente como “um bom doente”. É este papel de passividade e submissão do doente que nos propomos problematizar nos meandros dos direitos humanos/direitos sociais de cidadania como campo de construção social assente em práticas norteadas por direitos e deveres que, nos termos de Foucault, submetem os cidadãos a constrangimentos inerentes às relações de poder. O observatório dos sistemas de saúde (2002) apresenta o empowerment do doente como uma questão central que não se coloca tanto ao nível da reivindicação mas do exercício efectivo dos direitos. Nesta perspectiva promotora de saúde, de capacitação e aquisição de competências, informação e conhecimento que permitam ao doente agir e decidir conscientemente enquanto cidadão, os profissionais de saúde assumem particular relevância enquanto agentes facilitadores ou condicionadores da capacitação do doente, uma vez que, a sua acção pode mobilizar recursos promotores do doente cidadão ou, por outro lado, condicioná-la fazendo emergir o seu poder de decisão assumindo uma postura autoritária. Ou seja, a acção dos profissionais de saúde pode assumir uma atitude de ajuda paternalista de decisão em favor dos doentes sem apelo à participação destes ou, ao invés, incrementar uma relação de parceria facultando informação propiciadora de uma acção partilhada e conscientemente informada. Tomando por base estas premissas propomo-nos apresentar uma perspectiva analítica sobre a prática dos profissionais de saúde no serviço de sub-visão do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto enquanto agentes fomentadores ou não de capacitação e autodeterminação do doente.
- SILVA, Maria Teresa Denis da
PAP0672 - Funk para além da festa: Um estudo sobre disputas simbólicas e práticas culturais na cidade do Rio de Janeiro
A cidade do Rio de Janeiro tem sua trajetória histórica marcada pela presença de portugueses, africanos, holandeses, entre outros grupos que compuseram o que tem sido classificado como “cultura nacional”. No entanto, um especificamente, os africanos, escravizados no Brasil, mantiveram por séculos, suas formas de culto, dança, canto e resistência cultural. Do samba ao funk, estas manifestações têm passado por períodos de perseguição e posterior incorporação a cultura mais ampla e, no caso do samba, a expressão é consagrada como maior símbolo de cultura nacional. O funk como uma expressão endereçada principalmente a juventude negra das favelas, é associado no Brasil, a música típica de “marginais”, “traficantes”. Embora existam discursos dissonantes em relação a estas representações, há no caso do funk, uma disputa entre artistas e Estado em relação ao seu lugar nos espaços urbanos. Estes conflitos geram justificativas para enfrentamentos violentos em bailes, proibição de bailes e controle de horários em favelas pacificadas pelo Estado, através das Unidades de Polícia Pacificadora. O trabalho a ser apresentado, discutirá a partir de entrevistas em favelas cariocas, análise documental e entrevistas com agentes do Estado, como as políticas de cultura e segurança focam o fenômeno funk, que movimenta anualmente 174 milhões de reais e mais de 500 mil jovens, semanalmente só na cidade do Rio de Janeiro. A discussão possibilita refletir sobre como certas manifestações culturais são valorizadas, definidas como cultura de bom gosto, no caso do Brasil, a bossa nova, em detrimento de outras, cujas tentativas de controle por parte do Estado demonstram as relações entre políticas institucionais e expressões urbanas de periferia.
- DA SILVA, Luciane Soares
PAP1587 - Futebol e migrações: primeiras anotações
Apesar do peso descomunal que o futebol ocupa na vida quotidiana, económica, política e cultural das sociedades, sendo que o futebol, enquanto desporto-espetáculo (Bourdieu, 1985) atua como arena pública no processo de construção das identidades culturais em diversas instâncias: regionais, nacionais, supra-nacionais, geracionais, de classe, de claques, desportistas, organizações, burocracias, ciência e tecnologia. A vida de trabalho que os jogadores levam numa sociedade globalizada ainda vem sendo pouco conhecida, sobretudo dos jogadores migrantes e que “rodam” pelo mundo.
- CRISTAN, Mara Lúcia

Mara Lúcia Cristan de Lomba-Viana
Luso-Brasileira, nascida na cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, Brasil, em 28.02.1965.
Ao completar os seus 47 anos, a Profa. Doutora Mara Cristan, se aposentou de professora efetiva na UFES-Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória-ES (Brasil), com catorze anos de serviço e afecta ao Centro de Educação Física e Desportos, de que foi Vice-Directora e Decana do Depto. de Ginástica, onde leccionou Sociologia do Desporto, Educação Física Comunitária, Estudos do Lazer e Recreação (Animação Sócio-Cultural), tendo sido “Professora Homenageada em 2004 e 2005”.
Actualmente é investigadora especializada na área da Ciência do Desporto (Sociologia do Desporto e do Lazer).
Participou ainda como convidada na co-orientação de Mestrados e Doutoramentos, ainda como docente das unidades curriculares de Sociologia do Desporto, de Sociologia do Lazer, de Introdução às Ciências Sociais e ainda de Teorias e Metodologias de Pesquisa Científica em várias universidades portuguesas, tendo merecido de 2005 a 2011, a atribuição de uma bolsa para investigação pela FCT-Fundação para a Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência e do Ensino Superior de Portugal e sido distinguida em Agosto de 2009, com o VI Prémio do Consejo IberoAmericano en Honor a la Calidad Educativa 2009”, com atribuição de um Mestrado em Gestión Educativa e um Doutoramento Honoris Causa (Lima, Peru).
PAP0694 - Futebol, Racismo e Eurocentrismo: Os media portugueses e o mundial na África do Sul
O debate teórico em torno do fenómeno do futebol tem envolvido investigadores de diferentes áreas. A persistência e continuidade dos actos violentos nos jogos de futebol atraiu a atenção inicial dos autores que se centraram, quase exclusivamente, na questão da violência no contexto britânico.
A partir da última década do século XX, os estudos estendem-se a outras realidades empíricas com a publicação dos primeiros trabalhos sobre as culturas de adeptos na Europa do Sul. Num plano secundário, surgiram, simultaneamente, diversas investigações que procuraram abordar a questão do racismo e dos movimentos anti-racistas no contexto do futebol.
Porém, este tipo de análise evidencia alguns limites críticos que impedem o avanço do debate teórico. De um modo geral, as manifestações racistas no contexto do futebol têm sido atribuídas a grupos de extrema-direita que, de uma forma mais ou menos organizada, veriam nos estádios uma arena privilegiada para expressar as suas ideologias. Numa tentativa de combater este tipo de manifestações - comummente atribuídas a ‘marginais’ e ‘extremistas’ - inúmeras iniciativas de ‘combate ao racismo’ têm sido desenvolvidas, em diversos países europeus, abrangendo diferentes actores. No entanto, simultaneamente, de uma forma mais ou menos subtil, as visões eurocêntricas e racistas são constantemente difundidas pelos organismos que tutelam o futebol, pelos media, pelos dirigentes e pelos adeptos.
Esta comunicação tem como objectivo analisar de que forma é que o futebol constitui um poderoso veículo de produção e perpetuação de perspectivas eurocêntricas e racistas, presentes nos discursos e nas práticas dos diversos actores, nomeadamente, nos media.
Partindo da análise das publicações dos media portugueses a propósito do campeonato mundial realizado na África do Sul, pretende-se mostrar que o futebol constitui não só uma metáfora da sociedade, como também produz, reproduz e reifica determinados valores e normas sociais contribuindo assim para uma naturalização das identidades culturais. Tendo sido o primeiro evento do género realizado no continente africano, desde cedo se assistiu a um discurso marcadamente eurocêntrico, que iria, ainda que no plano futebolístico, pôr em confronto a ‘modernidade’ e o ‘tradicional’, a ‘razão’ e a ‘magia’, ganhando assim uma nova visibilidade um discurso altamente enraizado na herança colonial. Este trabalho pretende contribuir para um alargamento do debate teórico nos estudos sobre futebol e sociedade que, de um modo geral, têm abordado a questão do racismo meramente sob uma perspectiva durkheimiana, isto é, como um mero reflexo ou espelho das relações sociais ou sob uma perspectiva historicista, assente na ideia de que o racismo é um fenómeno marginal e residual nas sociedades europeias e, consequentemente, nos estádios de futebol.
- ALMEIDA, Pedro Sousa de

Pedro Sousa de Almeida é licenciado em Antropologia pela Universidade de Coimbra. Realizou o Mestrado, na área da Sociologia, no Instituto Superior Miguel Torga de Coimbra onde exerceu, entre 2002 e 2010, funções de docência. Actualmente frequenta o programa de doutoramento em ‘Democracia no Século XXI’, do Centro de Estudos Sociais. Privilegiando o futebol como via de acesso ao estudo da própria sociedade, o seu trabalho de investigação tem-se centrado na abordagem crítica do fenómeno do racismo e eurocentrismo nas sociedades contemporâneas, nas inter-relações entre futebol e neoliberalismo e no papel do futebol em contextos pós-conflito.
Violência e Euro 2004: a centralidade do futebol na cultura popular, publicado pelas edições Colibri, em 2006, constitui a sua principal publicação.
PAP0400 - GEOGRAFIA E SUSTENTABILIDADE: Diálogos transversos.
A pesquisa que originou este trabalho, buscou apresentar, observar, acompanhar, intervir e avaliar, para finalmente validar, o programa de Educação para a Sustentabilidade, desenvolvido com alunos do quinto ano do Ensino Fundamental no Centro de Atenção Integral a Criança e ao Adolescente - CAIC - São Francisco de Assis, que teve origem nas atividades do Projeto Geografar, Viver e Plantar Ecologicamente no CAIC - São Francisco de Assis – Catalão (GO), apoiado pelo Programa de Bolsas de Licenciatura - PROLICEN – Universidade Federal de Goiás - UFG. Nossa atuação se deu na forma de uma metalinguagem, ou seja, tivemos como objetivo avaliar, mensurar e identificar realidades e potencialidades das estratégias e objetivos deste Projeto. Assim, nos integramos à rotina do Projeto, mas com o objetivo (metaobjetivo) de fazer a crítica do processo de ensino com suas metodologias. Neste sentido, fazíamos a crítica e retroalimentávamos o processo com as observações e considerações obtidas a partir do momento que a realização dos objetivos originais eram inicializados. Sendo assim, foram preparadas algumas intervenções que se deram por meio de ações teóricas e práticas educativas com a finalidade de estimular a consciência crítica e coletiva dos alunos e dos educadores. De modo a permitir uma mediação socioambiental que qualifique as relações sociedade-natureza, desenvolvendo atitudes e hábitos sustentáveis. Para tanto, foram abordados temas como a sustentabilidade, água, reciclagem, destinação e segregação de resíduos e culminamos com a implantação da composteira e da horta escolar, que além de apresentar uma alternativa para o encaminhamento dos resíduos orgânicos provenientes da cozinha instalada nas dependências do CAIC - São Francisco de Assis, também proporcionou maior e melhor variedade na merenda escolar. Após a conclusão do primeiro ciclo de intervenções, realizamos uma reunião com a coordenação e professores envolvidos, para conversarmos sobre a viabilidade da continuação do Projeto, e nesta ocasião foi sugerido por parte da escola que auxiliássemos na elaboração de uma atividade com questões referentes aos assuntos estudados, a qual pudesse ser aplicada aos alunos para que obtivéssemos as respostas pretendidas. Os resultados obtidos apontaram para a necessidade de intervenções mais efetivas, pois observamos que os objetivos iniciais do Projeto não foram completamente alcançados, levando-nos a considerar dentre outros aspectos a importância de se trabalhar esses temas a partir dos primeiros anos do Ensino Fundamental, o que acreditamos a principio que garantiria melhores resultados na internalização dos conhecimentos e assim nas relações com o meio.
- NOGUEIRA, Ariane Martins
- BERTAZZO, Cláudio José.

Claudio José Bertazzo
Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor em Geografia pela UNESP de Presidente Prudente.
Professor no Departamento de Geografia da UFG – Campus Catalão e Professor do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia da UFSCAR – Campus Araras.
Líder do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Agroecologia e Coordenador do Programa Institucional de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES. Realiza pesquisas sobre ensino de Geografia, Sustentabilidade Ambiental e Agroecologia.
PAP0876 - GESTÃO CULTURAL E ECONOMIA CRIATIVA: UM ESTUDO DE CASO EM UM GRUPO DE ARTESÃS DA PALHA DA CARNAÚBA.
O objetivo do presente trabalho consiste em analisar a experiência do processo de empoderamento econômico e social do grupo de artesãs que trabalham com a palha da carnaúba no município de Juazeiro do Norte, principal município do Cariri cearense, localizado no sul do estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Para tanto, foi realizado um estudo de caso sobre o projeto de extensão realizado pela Universidade Federal do Ceará, no Campus do Cariri, entitulado “Mulheres da Palha: Empreendedorismo social no grupo de artesãs da palha da carnaúba em Juazeiro do Norte”, que teve início em fevereiro de 2010. O Território do Cariri cearense é tradicionalmente conhecido pelas expressões culturais, os trabalhos artesanais e a religiosidade. O município de Juazeiro do Norte, com uma população de aproximadamente 500 mil habitantes e um fluxo de mais de 2 milhões de pessoas por ano, que visitam a cidade atraidas principalmente pelo turismo religioso, é o principal centro de vendas das peças produzidas na região. O grupo de artesãs conhecidas coma as “Mulheres da Palha” está vinculado à Associação dos Artesãos de Juazeiro do Norte. Elas confeccionam chapéus, bolsas, leques, caixas e embalagens para garrafas de água ardente, com a palha da carnaúba, palmeira abundante nas regiões litorâneas e centro-sul do estado do Ceará. A Economia da Cultura possui como mais importante recurso o patrimônio imaterial, pois está baseada na força criativa e de inovação dos indivíduos. Assim, os empreendimentos culturais e criativos, que surgem impulsionados por esta nova economia, devem ser organizados e geridos por uma lógica diferente daquela que rege a gestão tradicional, devendo articular cultura, mercado e desenvolvimento sustentável. A pesquisa mostrou que a renda familiar das mulheres que participam do grupo de artesãs é composta pela renda obtida por seus maridos (que, em sua maioria, não possuem emprego formal e obtêm renda flutuante que não ultrapassa um salário mínimo), por um auxílio do Governo Federal e pelo arrecadado com a venda do artesanato. O trabalho que vem sendo realizado pela Universidade visa aperfeiçoar a interação entre as artesãs, a gestão do grupo, o processo de produção, as vendas e o marketing, com o intuito de promover a comercialização sustentável do artesanato por elas produzido. A observação leva a concluir que, a partir do trabalho realizado, já é possível perceber que houve melhorias na qualidade e variedade dos produtos e as mulheres se encontram cada vez mais envolvidas com as necessidades do grupo. Porém, ainda são muitos os desafios, principalmente no que diz respeito à volorização do trabalho artesanal pelas próprias artesãs e pela comunidade em que estas estão inseridas, passando pelo estímulo ao aumento da auto-estima e da inserção social do grupo.
- DA SILVA, Milanya Ribeiro
- CHACON, Suely Salgueiro

Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
PAP1469 - GESTÃO PÚBLICA E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UM ESTUDO DE CASO NO TERRITÓRIO DO CARIRI CEARENSE, BRASIL
O objetivo do presente trabalho é verificar
qual a compreensão que agentes públicos
responsáveis pela formulação das políticas
públicas têm sobre conceitos que norteiam essa
temática. Verificando ainda como esses
conceitos são eventualmente usados no processo
de planejamento e na tomada de decisão. A
pesquisa se baseia em um estudo de caso
realizado nas três maiores cidades do
território do Cariri cearense. Esse território
está localizado na região Sul do Ceará,
Nordeste do Brasil, e foi escolhido porque
atualmente atravessa um período de acelerado
crescimento econômico. A pesquisa parte do
pressuposto que as políticas públicas
destinadas ao território devam ser planejadas e
adequadas às suas especificidades. E para isso,
é preciso que os formuladores dessas políticas
entendam, em um primeiro momento, o que é uma
política pública e como e a quê e a quem se
destina. Isso se baseia, por sua vez, no fato
de que uma das formas dos Estados propiciarem à
suas populações o acesso a direitos como saúde,
educação e segurança, é pela adoção de
políticas públicas. Nos últimos anos, no
Brasil, o Governo tem adotado uma série de
medidas objetivando desenvolver o país, muito
embora fundamentado na concepção da
industrialização nacional como modelo de
desenvolvimento. Contudo, essa escolha não
provocou a melhoria social almejada, criando
lacunas que se transformaram em crises sociais.
Mas nos últimos anos as políticas públicas têm
sido pensadas visando o desenvolvimento de
territórios, que são espaços singulares onde a
atuação estatal pode ser aplicada de forma mais
eficaz. Um desses territórios é o Cariri. Para
atingir os objetivos propostos foi utilizada a
pesquisa bibliográfica e documental para o
levantamento dos dados secundários, e aplicação
de entrevistas semiestruturadas com os
representantes dos Poderes Públicos municipais,
estadual e federal na obtenção dos dados
primários. De posse das informações, a
metodologia utilizada para a análise dos dados
foi a Arena de Atores, que revela uma arena que
apresenta os principais atores e conflitos
relacionados com o tema em estudo. A partir da
Arena são percebidas as características dessa
configuração. Com o processamento das
informações, observou-se que a maioria dos
entrevistados possui noções de território,
desenvolvimento territorial e políticas
públicas condizentes com a doutrina dominante
no assunto e foram apontados alguns exemplos
correspondentes de utilização dos conceitos na
prática.
- NASCIMENTO, Ives Romero Tavares do

- CHACON, Suely Salgueiro

- JÚNIOR, Jeová Torres Silva

Ives Romero Tavares do Nascimento
Possui graduação em Direito pela Universidade Regional do Cariri (2007) e em Administração pela Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri (2010). Atualmente é aluno do Curso de Mestrado em Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Curso de Especialização em Direito Constitucional da Universidade Regional do Cariri (URCA). É integrante do Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido LEADERS, da Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri; e da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária e Gestão do Desenvolvimento Territorial - ITES, da Universidade Federal da Bahia.
Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
Jeová Torres Silva Júnior
Jeová Torres Silva Junior é Graduado em Administração pela Universidade Estadual do Ceará e concluiu o Mestrado em Administração (ênfase em Gestão Social) na Universidade Federal da Bahia, em 2004. Atualmente, realiza o Doutorado em Administração na Universidade Federal da Bahia. Desde 2006, é Professor Efetivo do Curso de Administração da Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri e membro do grupo de pesquisa Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social - LIEGS/UFC Cariri. Em suas atividades profissionais e acadêmicas na área de Administração, atua nas temáticas GESTÃO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL, ECONOMIA SOLIDÁRIA, FINANÇAS SOLIDÁRIAS, ASSOCIATIVISMO, COOPERATIVISMO e ORGANIZAÇÕES QUE ATUAM NO CAMPO SOCIAL.
PAP0763 - GESTÃO em GOVERNÂNCIA, uma proposta para a sustentabilidade da SERRA da ABOBOREIRA
Para a implementação da governância colocam-se
novos desafios às instituições governativas e
aos cidadãos, sendo crucial que haja um maior
envolvimento e participação destes em
processos de tomada de decisão sobre os
problemas complexos do território. Para tal é
fundamental que se desenvolvam novos formatos
participativos e se construam modelos de
gestão que permitam maior partilha de poder,
tornando o “Estado parceiro do Cidadão”.
A presente comunicação problematiza e
apresenta uma proposta de modelo de Gestão em
Governância, desenhado para a Serra da
Aboboreira (Baixo Tâmega), e designado por
Plano de Parceria.
Pensar estratégias para a revitalização e
gestão integrada de um território que
apresenta características geomorfológicas
específicas e que, enfrenta problemas de
desertificação e abandono graves, foi o grande
desafio proposto.
A aposta na participação activa dos actores
locais na co-gestão destas áreas traduzir-se-á
na continuidade desta paisagem, dos seus
recursos naturais e dos serviços
ecossistémicos a ela associados, no sentido de
alcançar a sustentabilidade económica para as
populações locais.
O modelo desenvolvido assenta em três pilares -
Governância Colaborativa, Cidadania Activa,
Gestão Sustentável conjugando políticas
económicas, sociais e culturais com a
preservação e conservação da natureza e da
biodiversidade da Serra da Aboboreira,
enquanto património colectivo.
Em termos metodológicos, a conceptualização do
Plano-modelo resultou da revisão de
literatura, em matéria de governância,
participação pública activa e gestão
sustentável, da análise de um estudo de caso
europeu e dos Estudos-base recentemente
efectuados para a Serra da Aboboreira.
Posteriormente, as visitas de campo permitiram
consubstanciar o conhecimento das componentes
sociológica, biofísica e paisagística obtendo-
se uma maior compreensão desta unidade
espacial.
Nesta apresentação damos a conhecer a
arquitectura do modelo e as fases pioneiras
para a Implementação deste instrumento de
gestão, do tipo bottom-up, e apresentamos o
seu enquadramento jurídico e instrumental no
presente quadro legislativo.
- GONÇALVES, Alcide

- HONRADO, João
- AZEITEIRO, Ulisses Miranda

Alcide Gonçalves
alcide.goncalves@yahoo.com
Arquitecta Paisagista licenciada pela Universidade de Évora, mestre em Cidadania Ambiental e Participação pela Universidade Aberta e doutoranda em Desenvolvimento Social e Desenvolvimento na mesma universidade. Pertence ao Grupo de investigação em Ecologia e Sociedade do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, coordenado pelo seu co-supervisor, Ulisses M. Azeiteiro, Professor na Universidade Aberta. Os principais interesses de investigação centram-se em Governância, Processos participativos e Dinâmicas de Participação. A publicação mais recente, como autora intitula-se Collaborative Governance for the Preservation and Valorization of the Ecosystem Services and Biodiversity in Serra da Aboboreira Sustainable Planning Instruments and Biodiversity Conservation (com Honrado, J. e Azeiteiro, U.Miranda, 2011). Tem experiência como docente no Ensino Superior e colabora em estudos e planos no âmbito do ordenamento do território e planeamento, desde 1995.
Ulisses M. Azeiteiro estudou na Universidade de Aveiro, onde recebeu o grau de Mestre em 1994, na Universidade de Coimbra onde completou o doutoramento em Ecologia, em 1999, e na Universidade Aberta onde recebeu a Agregação em Biologia, em 2006. É professor assistente com agregação na Universidade Aberta, no Departamento de Ciências Exatas e Tecnologia, onde ensina Educação Ambiental, Biologia, Biodiversidade e Metodologias de Investigação. É Investigador Sénior no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, onde exerce a função de Coordenador do Grupo de Ecologia e Sociedade e de Investigador do Grupo de Ecologia de Ecossistemas Marinhos e Costeiros. Os principais interesses de investigação são os processos ecológicos marinhos e estuarinos relacionados com os padrões climáticos.
PAP0744 - GRADO DE SATISFACCIÓN LABORAL DE LOS TRABAJADORES SOCIALES EN LA COMUNIDAD AUTÓNOMA DE CASTILLA Y LEÓN (ESPAÑA)
La presente comunicación recoge los resultados de un estudio sobre los determinantes de la satisfacción e insatisfacción laboral en los trabajadores sociales en Castilla y León (España). Para ello se contrastan la posible influencia que ciertas variables, referentes tanto al trabajador social (sexo, estado civil, edad, etc.), como al puesto de trabajo (dependencia del salario, tipo de contrato, dedicación, horas trabajadas, etc.), pueden ejercer sobre el nivel de satisfacción e insatisfacción laboral expresada por los participantes.
Los datos se basan en una encuesta realizada al colectivo de trabajadores sociales de Castilla y León en el año 2010. La muestra estuvo constituida por 1453 trabajadores sociales que contestaron al cuestionario. Para cuantificar el grado de asociación utilizamos la odds ratio, y un intervalo de confianza del 95%.
Los resultados muestran un alto grado de insatisfacción, superior en los varones. La variable que mejor efecto positivo tiene sobre la probabilidad de estar satisfecho en el trabajo sería la edad (más probabilidad cuantos más años). El estar separado/divorciado o viudo, ser católico o creyente de otra religión y tener unos ingresos inferiores a los 1000 euros afecta negativamente.
Estos resultados vienen a ser una confirmación más de que la satisfacción laboral es una respuesta compleja, de carácter multidimensional, en la que se mezclan aspectos de muy diverso tipo (sexo, edad, ideología, salario, entidad…) y que localizar los factores que influyen en la satisfacción y potenciarlos parece aún un reto pendiente para la mayoría de las entidades donde estos profesionales trabajan.
El hecho de que la encuesta se realizase por correo postal, añadido a la circunstancia de que la pregunta sobre satisfacción se integrase en un cuestionario más amplio, en el que se abordaban otros temas muy diversos, permitió obtener, a mi juicio, un tipo de respuestas menos automáticas y menos “prejuiciados” que en otras investigaciones sobre este tema
- GARCÍA, Rogelio Gómez

Rogelio Gómez García (Laguna de Negrillos, 1965), es Doctor en Sociología por la
Universidad Pontificia de Salamanca y Diplomado en Trabajo Social por la Universidad
de León. Ejerce como profesor en la Facultad de Educación y Trabajo Social de
Valladolid, desarrollando una importante labor de investigación en el campo del Trabajo
Social y de los Servicios Sociales. Premio Nacional de Investigación “Ana Díez
Perdiguero” 2007-2008.
PAP0806 - GT Estudos Ciganos em Portugal - A integração de ciganos em Portugal
A integração social consiste na aprendizagem das normas sociais que se incorporam nas formas de estar, agir e sentir, ou seja, fazem com que o indivíduo se identifique com a realidade social que o rodeia. A aprendizagem decorre com o processo de socialização, nos quadros de vida envolventes e nas experiências sociais a que cada um tem acesso. Trata-se de uma realidade dinâmica com múltiplas combinações de traços sociais, culturais e identitários.
Num estudo qualitativo realizado em Portugal sobre ciganos integrados, constatou-se que os motivos ou factores na origem da integração podem ser diversos, sendo que há distinções de percursos e de histórias de vida de integração sobretudo por razões que se prendem com questões de género, com as origens socioeconómicas e culturais, a ascendência familiar, o tipo de uniões conjugais, a escolaridade, a habitação e as relações sociais diversificadas.
Os resultados deste estudo revelam a diversidade dessas trajectórias e percursos de vida, a heterogeneidade de origem e de traços culturais e identitários que, aparentemente, não coloca em causa o sentimento de pertença e de ancoragem à identidade cigana.
- MAGANO, Olga

Olga Magano, Universidade Aberta/ Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI). Licenciatura e Doutoramento em Sociologia.
Interesses de investigação: ciganos; sociologia da integração; sociologia da exclusão; identidade social; mobilidade social.
PAP1522 - GT Estudos Ciganos em Portugal - Ciganos na Área Metropolitana de Lisboa: um duplo olhar, a “partir do interior” e face à alteridade
GT Estudos ciganos em Portugal
Nesta comunicação procurar-se-á discutir e compreender as modalidades de auto-representação dos ciganos, bem como, os modos de representação mobilizados pelos mesmos para representar a sociedade maioritária. Pediu-se ainda aos membros do grupo em análise para olharem sobre si próprios “a partir de fora”, isto é, tentando ver como os Outros, as suas instituições e os Media os percepcionam e representam. Trata-se de um estudo de carácter qualitativo em que se confere um lugar de centralidade à entrevista em profundidade realizada aos ciganos portugueses a residir na Área Metropolitana de Lisboa, embora se tenham utilizado outros recursos técnicos, como a análise documental e a análise estatística. Os resultados permitem evidenciar a conjugação de processos de construção e de reconstrução de pertença e de diferença na definição do Nós e dos Outros. Os ciganos auto-representam-se como culturalmente diferentes face à sociedade maioritária, evocando essencialmente o seu quadro de valores e a moral cigana. Parece clara a tendência para o exagero das diferenças essencialmente culturais, mas os discursos também se focalizam em certos aspectos apreciados positivamente e em algumas similaridades (convergência), assim como em zonas de tensão e na distância social e relacional através do confronto com a alteridade. A este propósito, os sujeitos foram ainda interrogados sobre a forma como pensam que são representados pela maioria. Nos processos de construção de estereótipos e preconceitos face aos ciganos não é esquecido o contributo dos Media, tentando-se apreender as percepções e as reacções dos protagonistas sociais face às mensagens difundidas por estas agências.Os ciganos apercebem-se dos preconceitos de que são alvo, manifestando também as suas pré-concepções face à maioria. Foi assim possível apreender a combinação de vários atributos na valorização do Nós, bem como os atributos e os estereótipos hetero atribuídos pelos Outros, elementos-chave para compreender os níveis de distanciamento e de proximidade entre o grupo em análise e sociedade maioritária. A par das regularidades, no seu interior, encontram-se diversidades e singularidades. Os ciganos não se constituem assim em entidades homogéneas, havendo antes uma diversidade de protagonistas, de trajectórias de vida e de formas de representação. Entre os ciganos, são perceptíveis clivagens e posições polarizadas intragrupo, consoante o género do indivíduo, a posição no ciclo de vida, o volume dos capitais económico, cultural e simbólico, a área de residência e o grau de rigidez e/ou flexibilidade com que são praticadas as tradições e a “lei” ciganas. Esta apresentação e a dinâmica de discussão deste GT pretende ainda reflectir e questionar o lugar que é atribuído aos “estudos ciganos” em contexto nacional, dado a situação paradoxal em que este domínio de pesquisa se encontra: parece padecer também de uma certa “marginalidade”, apesar de ter adquirido nos últimos anos uma crescente visibilidade social e científica.
- MENDES, Maria Manuela

Maria Manuela Mendes
Maria Manuela Mendes é licenciada e mestre em sociologia (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) e doutora em ciências sociais (Instituto de Ciências sociais da Universidade de Lisboa). É docente na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FA-UTL) e investigadora no CIES, ISCTE – IUL desde 2008 nas áreas da etnicidade, imigração, exclusão social, desenvolvimento local, realojamento e territórios desqualificados. Publicou em 2005 o livro Nós, os Ciganos e os Outros: etnicidade e exclusão social.
Mais recentemente em 2012 e 2010, respectivamente, publicou as obras: Identidades, Racismo e Discriminação: Ciganos da Área Metropolitana de Lisboa, Caleidoscópio, Lisboa e Imigração, identidades e discriminação: imigrantes russos e ucranianos na área Metropolitana de Lisboa, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
Interesses de investigação: migrações, etnicidade, cidade e diversidade cultural, exclusão sócio-espacial.
PAP0625 - GT: estudos ciganos em Portugal- Os ciganos transmontanos: contributo para o conhecimento dos ciganos em Portugal
A investigação efetuada para a tese de doutoramento, apresentada na universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em junho de 2011, acerca da população cigana do concelho de Bragança, veio contribuir para a desomogeneização dos ciganos de Portugal.
O trabalho empírico decorreu em meio urbano, em três bairros da cidade, de outubro de 2005 a outubro de 2006 e em seis localidades do meio rural, onde se considerou que o número de famílias residentes era significativo, de outubro de 2006 a meados de 2007.
Para a pesquisa efetuada, optou-se por uma metodologia de caráter qualitativo, com uma permanência prolongada no terreno tentando compreender os significados que os sujeitos atribuiam às suas ações, complementando-se com entrevistas à população cigana e não cigana das localidades estudadas e com um intenso trabalho de pesquisa nos arquivos locais.
Em Trás-os-Montes, tanto no meio rural como urbano, podemos encontrar dois grupos de ciganos: os Gitanos ou Quitanos e os Chabotos ou Recos. Estas são as denominações que cada um dos grupos atribui ao outro, sendo que ambos se auto-denominam Ciganos. Segundo os mesmos as diferenciações entre si são evidentes, em vários aspetos, como o sócio-cultural, económico, linguístico, moral e também físico e o afastamento entre eles é uma realidade, pois não se verifica qualquer tipo de interação entre ambos.
O trabalho de investigação incidiu sobre o grupo de ciganos que maioritariamente habita na região (Chabotos), tanto no meio rural como urbano. Estes, apesar de um percurso vivencial idêntico até época recente, na atualidade diferenciam-se relativamente ao seu modo de vida e às relações que estabeleceram com a população não cigana, dependendo da localidade onde habitam.
Na cidade, para onde se deslocaram há cerca de vinte anos, residem em barracas localizadas na periferia de bairros periféricos, em condições de pobreza extrema e discriminados socialmente. Vivem essencialmente de ajudas sociais, das quais dependem há vários anos, tendo-se criado um círculo de pobreza difícil de romper. No meio rural a realidade é diversificada, aglomerando-se as suas habitações em espaços contíguos ou dispersando-se pela aldeia. Na maioria das localidades os indivíduos ciganos trabalham como jornaleiros para os agricultores locais, sendo que nalgumas povoações são considerados mão-de-obra essencial, uma vez que a população não cigana está muito envelhecida e perde capacidade para realizar trabalhos agrícolas. Algumas famílias ciganas cultivam terrenos (principalmente produtos hortícolas), adquiridos pelos próprios ou cedidos pelos não ciganos e criam animais para auto consumo.
.
- NICOLAU, Lurdes

Lurdes Fernandes Nicolau
Desde 2002 desenvolve trabalho com a população cigana do nordeste transmontano. Frequentou o mestrado em Cultura Portuguesa na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e em 2003 apresentou a dissertação acerca dos ciganos portugueses a residir em Pamplona, Espanha. O trabalho de investigação para a tese de doutoramento,em Ciências Sociais e Humanas (UTAD, 2010),centrou-se nos ciganos transmontanos, aprofundando os conhecimentos acerca dos mesmos e tratando, também, as relações interétnicas, abrangendo a população que reside no meio urbano e no meio rural.
Investigadora do Centro em Rede de Antropologia- CRIA (polo FCSH-UNL) e do Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (CETRAD/UTAD) tem como principais interesses de pesquisa as áreas da identidade, etnicidade e culturas.
PAP0959 - Gays em busca de cidadania no Rio de Janeiro: controvérsias e avanços
Nosso trabalho pretende demonstrar que os homossexuais freqüentadores do trecho da Praia de Ipanema em frente às ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Mello, na cidade do Rio deJaneiro, buscam afirmar sua cidadania. Nesse local é freqüente o hasteamento da bandeira do arco-íris símbolo do movimento homossexual no Brasil e no mundo. Nele pode-se observar também comportamentos e atitudes denunciadoras da condição homossexual desses freqüentadores. Por isso, buscamos pensar tal espaço como lócus de afirmação da identidade e da luta política homossexual, bem como identificar alguns valores (de gênero, sexo e cidadania), compartilhados pelos freqüentadores do referido espaço da praia de Ipanema. Para isso, realizamos entrevistas e pesquisa de campo no local. Do ponto de vista teórico nos estribaremos nos textos de Daniel Welzer-Lang, Pierre Bourdieu e Elisabeth Badinter.
Dessa forma, a pesquisa , pretendeu demonstrar que os homossexuais freqüentadores do trecho da Praia de Ipanema em frente às ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Mello buscam afirmar sua cidadania. Para isso, consideramos que a demonstração pública de sua orientação sexual é uma estratégia de luta política em prol da mesma. Tal estratégia de luta que, em um primeiro momento pode parecer limitada, tem, porém repercussões nacionais e internacionais contribuindo dessa forma para o avanço das lutas dos homossexuais.Consideramos em nossas reflexões que o trecho da praia de Ipanema, em análise neste trabalho, é um lócus importantíssimo da luta política homossexual, para dar visibilidade pública a homossexualidade como possibilidade fora dos parâmetros heterossexuais e também para reafirmar os pressupostos básicos da homossexualidade como uma condição possível. Nossa afirmação se legitima quando analisamos o resultado da pesquisa realizada pelas fundações, Perseu Abramo e Rosa Luxemburgo, sobre o preconceito e a intolerância da população brasileira contra homossexuais. Nessa pesquisa foram entrevistados 2.014 brasileiros em 150 cidades. Os dados coligidos demonstram que 99% da população brasileira tem preconceito contra homossexuais. Os resultados da pesquisa foram classificados em dois blocos: o dos indivíduos que assumiram não gostar de gays, lésbicas e travestis ou transexuais somando 29% dos entrevistados. Estes consideram os homossexuais como safados, sem caráter e doentes. E o dos que possuem o preco
- PESSANHA , Fábio
PAP0823 - Gestão de Conhecimento em Organizações Turísticas
O debate sobre a Gestão do Conhecimento tem mobilizado uma variedade de áreas que procuram descortinar a complexidade do conceito e do próprio processo. Atendendo à importância crescente do conhecimento nos processos de inovação e de desenvolvimento das sociedades na era da globalização, a diferença entre as sociedades e as organizações depende, cada vez mais, da qualidade da gestão do capital humano e do conhecimento.
O cerne da questão não se encontra no recurso em si mas sim na criação de um contexto, onde a criação, a aquisição e a difusão de novo conhecimento possa ser promovida e alimentada, recorrendo aos instrumentos organizacionais explicitamente criados para o efeito.
Assim, o conhecimento da organização deve ser entendido como o fruto de interacções específicas entre indivíduos, sendo um activo socialmente construído.
No âmbito das organizações, a Gestão do Conhecimento emerge intrinsecamente ligada à capacidade destas utilizarem e combinarem as várias fontes e tipos de conhecimento organizacional, com os objectivos de promoverem o desenvolvimento de competências específicas e assumirem uma capacidade inovadora, traduzida em novos produtos, novos processos e, desejavelmente, a liderança do mercado onde se inserem.
A importância da Gestão do Conhecimento no sector turístico é ainda mais fulcral devido ao facto de este se basear em serviços que apresentam características associadas à intangibilidade, à perecibilidade ou à heterogeneidade.
Neste âmbito, a presente comunicação, consubstancia-se na apresentação do um modelo de análise e dos resultados preliminares de uma investigação, designada “Gestão do Conhecimento Organizacional em Organizações Turísticas”. A qual, tem como objectivo analisar a forma como organizações turísticas no Algarve gerem o seu conhecimento, ou seja, observar como criam, retêm, partilham e utilizam o conhecimento.
A investigação empírica, ainda a decorrer, tem como metodologia de base a análise aprofundada a três estudos de caso em grupos hoteleiros com recurso ao inquérito por questionário, à entrevista semi-estruturada e à análise documental.
O modelo de análise utilizado nesta investigação estrutura-se em torno de dois eixos analíticos: i) as etapas do processo e ii) as práticas facilitadoras da Gestão do Conhecimento; os quais, embora não existindo isoladamente afiguram-se como fundamentais para uma abordagem global dos processos de Gestão do Conhecimento Organizacional.
A abordagem da Gestão do Conhecimento centra-se nos processos relacionados com a criação, retenção, transferência e utilização do conhecimento organizacional, realçando a importância de diversas práticas de gestão facilitadoras dos mesmos: gestão estratégica; cultura organizacional; estrutura e processos de trabalho; políticas de recursos humanos; sistemas de informação e comunicação; medição de resultados e relação com o ambiente externo.
- SEQUEIRA, Bernardete Dias

- SERRANO, António Manuel
- MARQUES, João Filipe

Bernardete Dias Sequeira, Assistente da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, investigadora integrada do Centro de Investigação em Inovação, Espaço e Organizações (CIEO) da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, licenciada em Sociologia, Mestre em Organização e Sistemas de Informação, interesses de investigação em Sociologia das Organizações, Recursos Humanos, Sociologia da Comunicação e Metodologias de Investigação.
João Filipe Marques é Doutor em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, Professor Auxiliar na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve e Director da Licenciatura e do Mestrado em Sociologia daquela Universidade. Para além de leccionar na área das Teorias Sociológicas, tem publicado e ensinado nas áreas da Sociologia do Racismo, das Relações Inter-étnicas e da Etnicidade. Para além de vários artigos e capítulos de livros sobre aqueles temas é autor do livro Du «non racisme» portugais aux deux racismes des Portugais, (Lisboa, Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, 2007). Atualmente, é membro da Direção da Associação Portuguesa de Sociologia.
PAP0505 - Gestão de riscos e acidentes organizacionais
Nesta comunicação pretende-se debater a temática da gestão de riscos e dos acidentes organizacionais. Uma das abordagens que melhor identificou e concebeu as múltiplas dimensões que se encontram subjacentes a uma adequada gestão de riscos foi preconizada por Jens Rasmussen (1997). Este autor discutiu o problema de forma ampla e integrada (rejeitando a visão tradicional) a partir de especificidades encontradas nas sociedades actuais. Segundo a sua opinião as sociedades quotidianas são fortemente dinâmicas e estão em permanente mudança; isto constitui um problema acrescido para quem tem de gerir ou lidar com os riscos da modernidade. A perspectiva organizacional clássica de “comando e controlo” sobre as actividades, baseada em directrizes de cima para baixo, pode ter tido algum sucesso em sociedades com maior estabilidade, porém, mostra-se agora inadequada perante a dinâmica da actual conjuntura social. Segundo Rasmussen, a comparação das condições de estabilidade do passado com as condições dinâmicas das sociedades contemporâneas trouxe algumas mudanças dramáticas para a gestão de riscos das organizações. Os principais sinais desta mudança são dados através dos seguintes pressupostos:
1. Em certos domínios sociais verificou-se um ritmo muito elevado de mudanças tecnológicas que não foram acompanhadas, ao mesmo ritmo, com medidas adequadas de gestão, ou seja, verificou-se um desfasamento entre o desenvolvimento e inovação tecnológicas e as técnicas de gestão para gerir os riscos destas novas realidades. Um desfasamento ainda maior pode ser observado ao nível da regulação pública e da produção legislativa.
2. O aumento em número, dimensão e complexidade de instalações industriais de alto-risco vieram elevar substancialmente o potencial para provocar acidentes de larga escala. É verdade que nas sociedades dinâmicas do presente as baixas possibilidades de ocorrer um grande acidente tendem a ser aceites socialmente. Mas, apesar desta aceitabilidade pública, os novos modelos de gestão de riscos não podem apenas considerar as situações normais ou a performance média das organizações, devem também incluir a possibilidade de ocorrerem eventos muito raros (como é o caso dos acidentes maiores).
3. O último aspecto apontado por Rasmussen está relacionado com período de elevada agressividade e competitividade que as empresas vivem actualmente. Regra geral, o ambiente agressivo e competitivo leva ao aumento de potenciais conflitos entre quem toma as decisões.
- AREOSA, João
PAP0517 - Gestão democrática: consenso no discurso, insuficiente na presença
Durante décadas, tanto no Brasil quanto em outros países, especialmente nos europeus, procurou-se vincular as teorias adotadas pelas administrações escolares com as teorias clássicas de administração, particularmente com a concepção de Taylor em que a segmentação entre o planejamento e ação, a fragmentação entre o pensar e o agir e a dicotomia entre o planejar e o executar tiveram como consequência a divisão entre os grupos de trabalho. Apesar de o momento contemporâneo requerer competências para a adaptação às constantes rupturas e transformações e estimular a administração dinâmica, participativa e a tão propalada gestão democrática, não é tarefa complexa citar rotinas demonstrativas de que, ainda hoje, a maioria das escolas baseia grande parte de suas práticas nos modelos gerais das teorias administrativas, contemplando muito mais posturas burocráticas do que democráticas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é de elencar situações do cotidiano que ilustram a desvinculação da escola com posturas democráticas, presentes no dia-a-dia. Parte-se de análise da própria legislação brasileira em que a gestão democrática é prescrita na Constituição do país e na Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A participação, um dos aspectos mais relevantes desse tipo de gestão, deveria ser conquista e aprendizado e não, estabelecimento legal. Prossegue-se analisando a excessiva quantidade de regras e normas comumente estabelecidas apenas para comprimento das instituições escolares. Avalia-se que papel da escola é fundamental na formação de uma sociedade participativa e o adequado funcionamento de órgãos auxiliares e conselhos escolares ainda representa desafios para os profissionais dessa instituição. Outros aspectos igualmente relevantes são abordados e explorados, procurando-se a partir dessas ilustrações, elaborar propostas que envolvam especialmente os educadores para que possam modificar estas práticas, vinculando-as à possível transformação social.
- ZERO, Maria Aparecida

Maria Aparecida Zero
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade de Franca (1987), graduação em Ciências com Habilitação em Física pela Universidade de Franca (1978), mestrado em Ciências e Práticas Educativas pela Universidade de Franca (1999), com o tema: Repetência e avaliação: a legislação secundária fez diferença e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2006), com o tema: Diretor de Escola: compromisso social e educativo. Atualmente é professora da Universidade de Franca e Supervisora de Ensino do Governo do Estado de São Paulo. Tem experiência na área de educação presencial e a distância, com ênfase em Avaliação da Aprendizagem, Gestão e Supervisão Escolar e Legislação do Ensino Brasileiro . Recentemente foi aprovada no Processo de Certificação Ocupacional para Dirigente Regional de Ensino promovido pela Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo-Brasil.
PAP1113 - Gestão democrática:consenso no discurso e insuficiente na presença
GESTÃO DEMOCRÁTICA: CONSENSO NO DISCURSO, INSUFICIENTE NA PRESENÇA
Durante décadas, tanto no Brasil quanto em outros países, especialmente nos europeus, procurou-se vincular as teorias adotadas pelas administrações escolares com as teorias clássicas de administração, particularmente com a concepção de Taylor em que a segmentação entre o planejamento e ação, a fragmentação entre o pensar e o agir e a dicotomia entre o planejar e o executar tiveram como consequência a divisão entre os grupos de trabalho. Apesar de o momento contemporâneo requerer competências para a adaptação às constantes rupturas e transformações e estimular a administração dinâmica, participativa e a tão propalada gestão democrática, não é tarefa complexa citar rotinas demonstrativas de que, ainda hoje, a maioria das escolas baseia grande parte de suas práticas nos modelos gerais das teorias administrativas, contemplando muito mais posturas burocráticas do que democráticas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é de elencar situações do cotidiano que ilustram a desvinculação da escola com posturas democráticas, presentes no dia-a-dia. Parte-se de análise da própria legislação brasileira em que a gestão democrática é prescrita na Constituição do país e na Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A participação, um dos aspectos mais relevantes desse tipo de gestão, deveria ser conquista e aprendizado e não, estabelecimento legal. Prossegue-se analisando a excessiva quantidade de regras e normas comumente estabelecidas apenas para comprimento das instituições escolares. Avalia-se que papel da escola é fundamental na formação de uma sociedade participativa e o adequado funcionamento de órgãos auxiliares e conselhos escolares ainda representa desafios para os profissionais dessa instituição. Outros aspectos igualmente relevantes são abordados e explorados, procurando-se a partir dessas ilustrações, elaborar propostas que envolvam especialmente os educadores para que possam modificar estas práticas, vinculando-as à possível transformação social.
PAP0943 - Gestão do voluntariado no terceiro sector português: pistas preliminares de reflexão
O conceito de voluntariado caracteriza-se por uma forte fluidez, divergindo consoante o país, as tradições nacionais e locais. Como fenómeno plurifacetado (Delicado et al, 2002), sustentado por uma diversidade teórica acresce à sua indefinição a preocupação com a sua gestão, nomeadamente os processo e ferramentas aplicados nas organizações do terceiro sector. A investigação académica acerca desta temática é ainda incipiente, sendo notória a predominância dos modelos gestionários assente na lógica de Gestão de Recursos Humanos das organizações do sector público e privado.
Tendo como base um conjunto de estratégias que contribuem para a integração e permanência dos voluntários nas organizações do terceiro sector, tais como: i) uma estrutura hierárquica reduzida; ii) uma boa gestão comunicacional; iii) estilos de liderança e iv) modalidades de governação democráticas e potenciadoras da participação dos seus diversos "stakeholders" (Santos, 2007; Teodósio, 2002), pretendemos discutir o processo de gestão do voluntariado promovido pelas organizações do terceiro sector em Portugal.
Esta comunicação surge enquadrada num projecto de investigação a decorrer sobre “Empreendedorismo Social em Portugal: as políticas, as organizações e as práticas de educação/formação”, que tem subjacente uma abordagem do Plano de Voluntariado (La Caixa, 2007) enquanto processo e ferramenta de gestão do voluntariado na dimensão organizacional, obrigatória de acordo com a legislação nacional e que pretende formalizar (não burocratizar) um compromisso entre a organização e o voluntário, assente num conjunto de direitos e deveres, traduzido na identificação de processos gestionários e responsabilidades recíprocas.
Os resultados que serão apresentados nesta comunicação baseiam-se nos dados obtidos a partir de um inquérito por questionário aplicado a 89 organizações do terceiro sector português entre Maio e Julho de 2011. A análise dos dados aponta, em traços gerais, para os seguintes resultados preliminares: i) ausência de definição e implementação de um Plano de voluntariado a montante, como processo gestionário do voluntariado, por cerca de metade das organizações alvo de objecto de estudo; ii) no caso das organizações que declararam definir um Plano de voluntariado, regista-se uma preocupação significativa com a primeira fase do ciclo do Plano de voluntariado, que foca a integração e respectiva formação dos voluntários na e pela organização, em detrimento da operacionalização da fase intermédia e final do mesmo ciclo, no qual é primordial o acompanhamento e formação contínua, a avaliação de desempenho e a gestão de desvinculação dos voluntários da organização.
Na comunicação pretendemos aprofundar o(s) significado(s) associado(s) a estes resultados e contribuir, deste modo, para o debate teórico em torno das práticas gestionárias das organizações do terceiro sector sobre o voluntariado.
- PARENTE, Cristina

- MARCOS, Vanessa

- AMADOR, Cláudia

Cristina Parente
Socióloga, professora auxiliar com agregação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e investigadora do Instituto de Sociologia da FLUP (IS-FLUP). Doutorada e licenciada em Sociologia, mestre em Políticas e Gestão de Recursos Humanos, vem exercendo desde 1990 funções de docência, orientação científica, responsabilidade executiva gestionária da secção de Formação e Educação Contínua e de Comunicação externa no DS-FLUP. Coordenou a linha de investigação Trabalho, Emprego, Profissões e Organizações (TEPO) - do IS-FLUP, onde desenvolve actividades quer como investigadora, quer como coordenadora e responsável científica de projectos sobre as temáticas da gestão de recursos humanos e da formação de adultos, da sociologia empresarial e da economia social. Desde 2010, que assume as funções de editora da nova série working papers (2º série) do IS-FLUP. Desenvolve actividades de formadora, de consultora metodológica e avaliadora de projectos de intervenção social e organizacional.
Vanessa Marcos
Doutoranda em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto sobre a problemática da sustentabilidade e profissionalização das ONGD portuguesas. Mestrado em Desenvolvimento e Relações Internacionais pela Universidade de Aalborg, Dinamarca, com estágio curricular em Moçambique e em Portugal, integrada numa ONGD nacional. Licenciatura em Relações Internacionais - ramo Cultural e Político pela Universidade do Minho. Efetuou um estágio profissional no Instituto de Estudos Estratégicos de Cracóvia, Polónia. Integrou projectos na área da Cooperação para o Desenvolvimento na Guiné-Bissau e em Direitos Humanos na Guatemala. Tem realizado formações gerais sobre voluntariado e voluntariado empresarial. Investigadora sobre empreendedorismo social pelo Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras/UP, em parceria com a Associação para o Empreendedorismo Social e a Sustentabilidade do Terceiro Sector (A3S) e o Dinamia-CET/ISCTE-IUL e financiado pela FCT.
Cláudia Amador
Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto desde 2008. Mestre em Sociologia, desde 2010, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A Dissertação de Mestrado focou a lógica de articulação entre o Estado, o mercado e a comunidade na prestação de cuidados na velhice. Fez parte de uma equipa deinvestigação da A3S no âmbito do Projecto Dangerous Liaisons - The connection between prostitution and drug abuse promovida pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal. Voluntária em Organizações Não Governamentais de Cooperação para o Desenvolvimento (ONGD) no desenvolvimento de projectos de intervenção social e humanitária. Integra a equipa de investigação do projeto Empreendedorismo Social em Portugal do Instituto de Sociologia da FLUP.
PAP1094 - Gestão em Rede Vs Gestão Burocrática: Redes interoganizacionais nas políticas públicas
Nesta comunicação discute-se um modelo de gestão em rede (horizontalidade, confiança, aprendizagem, risco e interdependência), identifica o seu potencial transformador e os seus limites, contrapondo-o com o modelo de gestão burocrático (vertical, formal parcelar, centralizado e dependente).
A crise de modelos tradicionais da gestão organizacional, resultado do questionamento da eficácia das estruturas burocráticas e verticais, tem favorecido o aparecimento de outras formas de organização e gestão do trabalho de pendor mais interactivo e horizontal. Há uma crescente procura de novos arquétipos organizacionais surgidos da desadequação e desajustamento dos paradigmas mais influentes da gestão e organização às “novas realidades”. Acontecem um pouco por todas a parte parcerias, alianças, redes entre organizações dos sectores público, privado e não lucrativo (cooperativo, colectivo). Assiste-se a uma crescente necessidade de inovação na busca e experimentação de abordagens mais consentâneas com a complexidade, mudança, incerteza e risco em que se vive e das alterações que vêm acontecendo na relação entre o Estado e a sociedade civil.
Pretende-se, nesta comunicação, contribuir para uma reflexão dos limites e das potencialidades de um modelo de gestão induzido por uma política pública, designadamente Programa Rede Social. Propõe-se uma análise crítica da bibliografia sobre redes e redes interorganizacionais, transversal a várias áreas do saber, de que se destaca a sociologia, em que os paradigmas do conhecimento da modernidade e contemporaneidade têm especial relevância para a compreensão do contexto actual, favorecedor da emergência de novos paradigmas para o desenvolvimento das organizações contemporâneas distintos das burocracias Weberianas modernas.
- AREIAS, Helena Maria

- Docente Universidade Católica, Faculdade de Ciências Sociais - Centro Regional de Braga
-Licenciada em Serviço Social (Instituto Superior de Serviço Social do Porto) Mestre em Desenvolvimento, (Instituto Superior do Trabalho e da Empresa) Doutoranda em Sociologia (univ. Minho)
- Area de Investigação/interesse: O modelo de organização/gestão em rede (o trabalho colaborativo na intervenção social).
PAP0082 - Gestão organizacional do conhecimento potenciado pelos acidentes de trabalho
Ao longo das últimas
décadas as questões
relacionadas com a
aprendizagem
organizacional e a
gestão do
conhecimento têm
suscitado imenso
debate e produção
científica. Tendo
por base o
pressuposto que as
práticas
organizacionais eram
espaços
privilegiados de
confluência, de
produção, de troca e
de aplicação de
conhecimento,
passou-se a refletir
e a problematizar
sobre a capacidade
das organizações
aprenderem.
É uma problemática
que surge
perspetivada como
uma capacidade por
estar relacionada
com atributos
referentes à gestão
do conhecimento
organizacional. Os
domínios
organizacionais de
onde podem advir
conhecimento e
aprendizagem são
diversos, variam em
função do número de
áreas funcionais que
uma organização
considerar. A
segurança e saúde no
trabalho não só pode
como deve ser uma
dessas áreas, em
especial devido à
sinistralidade
laboral. Os
acidentes de
trabalho e as
doenças
profissionais não
são acontecimentos
que as organizações
desejam que se
sucedam, muito menos
que se reeditem, por
isso são situações
que exigem que se
aprenda e se retire
conhecimentos para a
ação.
Evidenciar como
estas
conceptualizações se
transpõem para a
área da segurança e
saúde no trabalho e
ajudam a
caracterizar a
capacidade das
organizações em
aprenderem e
utilizarem o
conhecimento
potenciado pelos
acidentes de
trabalho é o grande
objetivo desta
comunicação.
Através de uma
abordagem
teórico-metodológica
que se desenvolveu
foi possível colocar
em evidência as
principais dimensões
da sinistralidade e
demonstrar como a
operacionalização de
um conjunto de
extensões analíticas
referenciais a essas
dimensões pode
fornecer dados
importantes de
caracterização, bem
como mostrar como
uma organização
aprende e utiliza,
em benefício
próprio, ocorrências
indesejadas como os
acidentes e as
doenças
profissionais. Com a
realização de um
estudo de caso numa
empresa de
metalomecânica foi
possível obter
elementos empíricos
pertinentes sobre
como se configuram
estes processos em
contextos
organizacionais
propriamente ditos.
- NETO, Hernâni Veloso
PAP1129 - Girls' Pleasure in Boys' Love: Yaoi Fandom as Women Empowerment
INTRODUCTION
The history of technology evolution has always been permeated by fierce voices that denounced the mind control that they would cause. In this sort of criticisms were include mass communication and culture. Following this logic, consumers were not able to interpret and select the information, but absorbed everything that was delivered to them. I wish to present a phenomenon that demonstrates the existence of a culture of participation and the challenging and active role of women on it. Named Yaoi, from the Japanese, and meaning Boys Love, refers to a diverse range of entertainment productions, all centered in the theme of male homosexuality. Mostly created by women and for women, Yaoi can use already popular masculine figures, and transform them into gay figures, or can create their own characters. These sort of productions came not only from professionals but there is a whole fan culture surround it and around the world. Following the steps of the western partner Slash Fiction, women and girls manipulate what we can call "hegemonic masculinity role models.
OBJECTIVES
The purposes of my presentation are to explain the Yaoi fandom, their purposes and characteristics, always having in mind three main goals. The first is to demonstrate Yaoi as a possibility for women empowerment in mass media and gender manipulation. The second is to reveal that they are unable to really contradict the gender dichotomy. AT last, I would like to expose the different representations of boys and girls concerning Yaoi.
METHODOLOGY
My communication will be based specially on literature review. Theoretical articles, studies, and even fan pages will be taken into account. They will be compared to some of the conclusions that I have gathered during my master's thesis, namelly concerning the comparison of the attitudes of girls and boys facing Yaoi and male homosexual scenarios.
CONCLUSIONS
The power of Yaoi comes from the sexual, erotic and gendered manipulation of masculine characters and from the deeply participatory culture around it. Yet the couples are still organized according to the dual logic, that associates the dominant with the masculine and the submissive with the feminine. In this way, it seems difficult to escape gender and sex inequality. Although using femininity and submission connected to a man can be a possibility of breakdown from the bipolar perspective about gender and sex, when it is the only, or the mainly, standard for this couples, it works as a reinforcement of the association of the feminine with subordination, This is even more accurate considering that most of the stories and situations involve the coercion by the dominant partner so that the submissive one accepts the relationship and all his demands. At last, and as expected, boys do not accept lightly this kind of productions, while girls are more open to it.
KEYWORDS: Yaoi, gender, sexuality, fandom, culture, Japan
- MONTEIRO, Núria Augusta Venâncio

Núria Augusta Venâncio Monteiro,
Licenciada em Sociologia, com o Mestrado obtido na mesma área de estudos, exerce funções de investigação no Sapo Labs, Departamento de Comunicação e Arte, da Universidade de Aveiro. Os interesses de investigação orientam-se para as esferas da construção do género e da sexualidade, assim como para qualquer domínio de índole (sub)cultural.
PAP0120 - Global Crisis, Local Protests: Decoding the #SpanishRevolution
Along this year 2011, youth riots have spread out around several countries of Northern Africa, Middle East and Europe. In some cases they express a cry for freedom. In other ones, a call for a greater social justice, a better distribution of wealth and a cry for the real improving of Western democracies. The case of the #SpanishRevolution is of great scientific interest largely due to geographical, social, economical and political factors in Spain are unique in Europe. Throughout a sub-regional scale analysis taking into account several socioeconomic variables, this paper pretends to remark the very urban nature of the #SpanishRevolution. In that sense, while in the 93.10% of the Spanish cities of over 200,000 inhabitants as well in the whole of cities over 500,000 inhabitants took place encampments and/or social rallies, solely a 1.48% of Spanish municipalities with less than 10,000 inhabitants registered any kind of protest act on May 21, 2011. For that very reason this papers suggests the #SpanishRevolution must be seen as a sociological phenomenon of the Urban Spain. Based on the poet Antonio Machado’s idea about the existence of Two Twin Spains, this paper pretends to reinforce the idea that the #SpanishRevolution must be seen as clash between these both Spains, this is, the urban, young, modern Spain against the rural, elder, traditional one. This paper will end up offering some firsts suggestions about what the #SpanishRevolution can mean in a mid-term Spanish as well South-European context.
PAP1279 - Globalização, crime e direito: o Mandado de Detenção Europeu em Portugal
Na vastidão de campos da praxis social transformados pela globalização, o crime constitui um caso relevante. A globalização tem enfraquecido a capacidade de regulação dos Estados nacionais sem reciprocamente criar instâncias de regulação global, o que cria problemas de governação global de difícil resolução e abre novos terrenos de operação ao crime organizado transnacional, que poderá plausivelmente ser alinhado entre os vencedores da globalização.
Uma resposta Europeia ambiciosa à globalização do crime é o Mandado de Detenção Europeu (MDE). O MDE, que substituiu no espaço Schengen o tradicional procedimento de extradição, inaugurou um novo regime assente no princípio do reconhecimento mútuo das decisões judiciais, que retirou à decisão de extraditar qualquer margem política e deixou uma margem judicial reduzida, porque subordinada àquele princípio.
Esta comunicação – que deriva de um projecto de investigação sobre o MDE em Portugal e mais 3 países Europeus, coordenada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – pretende, a partir do caso concreto da aplicação do MDE em Portugal, indagar hipóteses sobre a articulação entre globalização, crime e direito na contemporaneidade, e as especificidades de Portugal enquanto terreno onde estes de desenrolam. O MDE incide por regra, tanto quanto Portugal requer arguidos a outros países como no caso inverso, sobre pequena e média criminalidade, cometida mais de modo ocasional que profissional por homens de todas as idades, entre países geograficamente próximos ou com laços migratórios sólidos a Portugal, e resulta quase sempre na entrega do arguido, mesmo quando este é cidadão Português pedido por país estrangeiro.
Estaremos a assistir ao fim da excepção da nacionalidade, último reduto de soberania em matéria penal, segundo a qual um país não deveria por princípio extraditar os seus próprios cidadãos? Estaremos perante um cenário de europeísmo deslumbrado, onde os magistrados portugueses, na semiperiferia, se revelam mais dispostos que os seus congéneres do Centro a abdicar de competências e poderes em nome de aparecer como bons alunos da Europa? Que imagens de credibilidade têm os juízes dos outros países Europeus, até que ponto são elas empiricamente verificáveis, como afectam as práticas e decisões? Após um quarto de século de experiência, será a integração portuguesa na Europa – em matéria judicial e mais além – uma integração subalterna ainda, mantendo o fado semiperiférico?
- REIS, José Borges
PAP1029 - Globalização, integração europeia e crise do social-liberalismo
A integração europeia marcou o ritmo das recentes transformações institucionais do capitalismo português no quadro de um regime global progressivamente neoliberal. Isto traduziu-se, entre outros aspectos, na perda de instrumentos de política económica à escala nacional, sem que tal perda tivesse sido adequadamente compensada à escala da União Europeia. Este constrangimento sente-se de forma particularmente aguda em épocas de crise, como a actual, criando um enviesamento nas politicas públicas de resposta prosseguidas. Esta comunicação pretende expor, em primeiro lugar, a lógica das políticas de austeridade em curso à escala europeia, mas com particular intensidade nas suas periferias, e argumentar que estas decorrem da chamada “regulação assimétrica” que marca a integração europeia desde Maastricht. Esta regulação é assimétrica porque favoreceu a coexistência da integração monetária e dos mercados, em especial dos mercados financeiros, com a fragmentação nacional dos regimes sociais, fiscais, orçamentais e laborais. Em segundo lugar, esta comunicação pretende argumentar, em diálogo com alguma literatura de sociologia económica e de economia política comparada, que os mecanismos que permitiram, no quadro da UEM, manter uma certa “incrustração social” das politicas neoliberais de recomposição da economia, estão a ser profundamente erodidos. A crise revela então o esgotamento de um projecto político e intelectual, o social-liberalismo, que correspondeu também a uma divisão de tarefas disciplinar entre uma certa economia e uma certa sociologia, apostado em manter uma separação artificial sintetizada pela fórmula equívoca: “economia de mercado, mas não sociedade de mercado”. A estagnação económica, o desemprego de massas e o incremento da polarização social e regional reintroduzem, em novos moldes, a temática do desenvolvimento desigual que marcou a economia e a sociologia críticas. Esta estrutura e esta conjuntura geram uma crise de legitimidade do projecto europeu nos seus actuais moldes, criando condições para uma discussão, necessariamente interdisciplinar, das várias configurações possíveis, no campo socioeconómico e sociopolítico, de um processo europeu de integração promotor de uma regulação democrática e igualitária do processo de provisão. Contribuir para esta discussão em Portugal é o terceiro objectivo desta comunicação.
- RODRIGUES, João
- REIS, José Borges
PAP1459 - Globalização, pobreza e políticas sociais: o caso da região do semiárido brasileiro
O objetivo deste trabalho é contribuir para a reflexão sobre a variação da pobreza na região do semiárido brasileiro, considerando o ambiente histórico de globalização do capitalismo das últimas décadas e das inovações em políticas sociais implementadas na atualidade em um quadro de acentuada desigualdade social e regional. Nosso objeto de estudo ganha complexidade e relevância na medida em que estamos considerando realidades sociais com as seguintes características: o Brasil é o país mais desigual da América do Sul e a região do semiárido brasileiro uma das mais desiguais do Brasil.Há uma mudança essencial em marcha no capitalismo. Esta mudança é abordada como financeiração global, globalização, mundialização do capital, sociedade reflexiva, etc. É fato que a produção está subsumida à lógica do capital financeiro, que conquistou liberdade de movimento global e trafega à velocidade da luz pelos chamados mercados. Na actual globalização do capitalismo, surge uma nova classe de pobres excluídos das novas estruturas de comunicação e informação. Eles são mais vulneráveis a fome e outros males. No Brasil os seus membros são adicionados ao contingente histórico de uma economia de subsistência. A pobreza é significativa no Nordeste e mais especificamente no semi-árido rural, definida como uma área territorial de umidade predominantemente baixa, pouco volume de chuva e risco de seca em mais de 60%, sendo 86,48% do seu território semi-árido, correspondendo a 1.133 municípios com muitos camponeses sem terra. Outro aspecto relevante da região é a forte presença da agricultura familiar. A política de combate à seca caraceriza por políticas de emergência e grandes projectos. A principal política social para reduzir a pobreza é caracterizada por foco: o programa "Bolsa Família". A pobreza e exclusão social tem sofrido declínio relativo. No entanto, há muito a fazer, principalmente porque as políticas atuais não mudaram radicalmente a concentração de renda e as estruturas sócio-econômicas vigentes.
- GENNARI, Adilson
- SILVA, Ana Carolina A. B.
- ASEI, Lureen
PAP0715 - Governança e sustentabilidade Local: Resultados de um Inquérito aos Municípios portugueses
Desde o Relatório Bruntland e, mais ainda, desde a Cimeira da Terra, o Desenvolvimento Sustentável tornou-se num oximoro omnipresente com um efeito prático limitado, ainda que não inconsequente. Ao longo destas duas décadas o conceito tornou-se de tal maneira elástico que deu origem a uma infinidade de apropriações e aplicações, onde cada governo, cada agência, cada organização se baseia na sua própria definição para justificar ações e procedimentos particulares, nem sempre conducentes com os princípios mais estritos da sustentabilidade. Daí o interesse em focar a análise nas A21L onde esta pluralidade de aplicações e definições encontra terreno fértil para se exprimir e onde a sustentabilidade melhor se interliga com um dos seus imperativos mais consensuais: a participação. De facto, para a generalidade dos autores e protagonistas (pelo menos de forma declarada), o desenvolvimento sustentável sem a prévia implementação de processos de governança participativa é tarefa inglória de improvável sucesso, interligando-se os dois conceitos nas origens, nos propósitos e nos potenciais.
Com base em alguns resultados específicos de um inquérito, aplicado aos municípios portugueses entre 2008 e 2009, procurar-se-á discutir as atuais condições de participação do público na sustentabilidade local, destacando alguns elementos vitais para a emergência, desenvolvimento e continuidade de tais iniciativas: 1) o compromisso e envolvimento das autoridades políticas com a legitimidade necessária para compartilhar a tomada de decisões com o público, 2) informações claras e procedimentos transparentes para se certificar de que a tomada de processos de tomada de levar em conta os resultados do debate público. No caso específico português, e apesar da persistente falta de um quadro de concertação nacional (programa nacional de enquadramento e/ou implementação), o avanço ocorrido nos últimos anos é incontestável. Os resultados desta dinâmica, no entanto, ainda surgem irregulares, permanecendo no terreno alguns equívocos e práticas insustentáveis. Nos municípios onde podemos encontrar as mais bem-sucedidas iniciativas de Agenda 21 Local, no entanto, tanto as autoridades locais, como os representantes da sociedade civil reconhecem que tais processos permitem aumentar o nível de confiança e contribuir para o desenvolvimento local.
- GUERRA, João

João Guerra, Sociólogo, doutorado e mestre em Ciências Sociais pelo ICS-UL, é licenciado em Sociologia e Planeamento pelo ISCTE-IUL.
Desde 1998 é investigador do OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade onde actualmente é membro da Comissão Executiva.
É, ainda, mebro da Comissão Nacional do projecto ECO XXI que procura avaliar características e práticas de sustentabilidade local entre os municípios concorrentes.
Os seus interesse de investigação centram-se, sobretudo, na sociologia do ambiente, no desenvolvimento sustentável e nas políticas e questões da participação pública na implementação da sustentabilidade.
PAP1312 - Governação Liberal Global e Assistência Internacional à Democratização na Bósnia-Herzegovina e na Federação Russa: Uma análise Pós-Colonial
Resumo
Os processos de assistência internacional à democratização e de construção da paz assentam num quadro de governação liberal que tem sido amplamente criticado. As críticas incidem sobre o facto de esta intervenção ser feita tipicamente de modo estandardizado e de cima para baixo, usada para promover os interesses securitários dos doadores ocidentais, em vez de ser motivada por uma preocupação genuína pelo bem-estar dos recipientes, contribuindo deste modo para aumentar a divisão entre o Norte e o Sul, “vida segurada e vida não segurada”. As Organizações Não Governamentais (ONGs), em particular, são vistas como representantes desta perspectiva, ao promoverem as narrativas globais dos direitos humanos, democracia e cidadania global. Os objectivos desta comunicação são: 1) partindo das teorias críticas e pós-coloniais, propor uma análise das dinâmicas de poder situadas entre doadores e recipientes e do modo como os diversos actores sociais dos países recipientes reapropriam, contestam ou modificam os discursos e as práticas de democratização; 2) apresentar os resultados do meu projecto de doutoramento, um estudo de caso múltiplo que compara dois contextos deliberadamente escolhidos pelos seus resultados esperados de contraste, no modo como estes respondem à expansão do projecto de governação global para a Europa de leste, nos processos de democratização e ajuda ao desenvolvimento: o pequeno Estado periférico da Bósnia-Herzegovina e o poder emergente da Federação Russa. Focar-me-ei, em particular, nas ONGs ligadas aos direitos humanos, nos seus discursos, relação com os doadores e impacto na sociedade recipiente, com o objectivo de investigar as respectivas reacções e contestações ao projecto liberal global de democratização.
Palavras Chave
governação liberal global; democratização; ONG; Pós-Colonial; Federação Russa; Bósnia-Herzegovina
- SEIXAS, Eunice Castro

Nome: Eunice Cristina do Nascimento Castro Seixas
Afiliação: Doutoranda do CES/FEUC no programa 'Pós-Colonialismos e Cidadania Global', recebe uma bolsa da FCT no âmbito do QREN - POPH - Tipologia 4.1 - Formação Avançada, comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MCTES.
Área de Formação: Licenciada em Psicologia e Mestre em Psicologia Social pela FPCE da UP
Experiência Profissional: na investigação, na educação (foi assistente na Universidade Fernando Pessoa, no Porto) e na psicologia clínica
Interesses de Investigação: Perspetivas pós-coloniais/descoloniais; sociedade civil; democratização e governação global; migração e expatriados contemporâneos; análise crítica de discurso.
PAP0156 - Governo Electrónico Local: Acção Colectiva e Políticas Públicas dos Municípios do Distrito de Évora (Portugal).
Numa época em que se verificam perdas de legitimidade do Estado, de confiança e de interesse dos cidadãos na sua articulação com os órgãos de decisão, assistimos ao surgimento e desenvolvimento de um novo modelo de estrutura governamental local, a Administração-Rede, onde confluem vínculos entre a lógica burocrática, a lógica política e as relações inter-administrativas, entre outros aspectos. Estamos perante novas lógicas de reconfiguração do governo local balizadas por um novo conjunto de regras, processos e práticas que dizem respeito à qualidade do exercício do poder, essencialmente no que se refere à responsabilidade, transparência, coerência, eficiência e eficácia.
Esta comunicação centra-se na explicação das lógicas da acção colectiva desenvolvidas por municípios do distrito de Évora no domínio da concretização de políticas orientadas para o governo electrónico local (Local e-Government), enquanto processo de uso das TIC por parte dos órgãos de governo local (como as câmaras municipais) com vista à optimização da prestação de serviços públicos (e-Administração) e ao aumento da participação cívica e política (e-Democracia) dos cidadãos no seu território.
Tomando como pano de fundo os eixos da sociologia da acção, questionámos os processos de dinamização de políticas públicas na área do governo electrónico local no Distrito de Évora. Mediante uma orientação metodológica situada no quadro dos exercícios prospectivos (La Prospective) complementada com o recurso a técnicas de análise de redes sociais (Social Analysis Network), explicitámos o sistema do governo electrónico local (e-Governo Local) no Distrito de Évora e procedemos à análise da estratégia de actores, através da identificação dos projectos estratégicos dos actores e a sua posição relativamente aos seus objectivos estratégicos, da compreensão das dinâmicas da rede de actores e da avaliação das tácticas e as alianças possíveis no seio do sistema de governo electrónico local concreto.
As principais conclusões sugerem que a) as estruturas de acção colectiva identificadas são produtoras de ordem, de certa forma incompatíveis com o jogo da mera configuração estrutural pré-existente ao desenvolvimento da região digital; b) as relações de dependência e influência e o cenário tendencial resultam de um compromisso de mudança por parte dos actores-chave ancorado numa bifurcação da sua racionalidade que opõe a lógica utilitarista do governo electrónico local e a racionalidade subjectiva dos actores; c) a participação cidadã através das novas tecnologias (e-Participação) é um desafio assumido discursivamente pelos actores, mas sem correspondência em acções estratégicas concretas e eficazes em termos de políticas públicas, situação que obstaculiza o surgimento de um novo paradigma de governança electrónica no território.
- SARAGOÇA, José

- SILVA, Carlos Alberto da

- FIALHO, Joaquim

José Saragoça
É Professor Auxiliar na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.
No Departamento de Sociologia leciona Sociologia da Educação, Planeamento e Gestão de Projetos, Diagnóstico e Prospetiva Social, Sociologia do Desporto, entre outras u.c..
É adjunto do Diretor do Departamento de Sociologia e membro do Conselho Pedagógico da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.
É Docente Convidado no Instituto Piaget (Campus de Santo André).
É investigador integrado do CESNOVA (Centro de Investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa).
Os seus interesses de investigação científica direcionam-se para os future studies/prospetiva estratégica e para a análise de redes sociais/social network analysis, sobretudo nos domínios da educação/formação, cooperação entre territórios e governo eletrónico. É autor de diversos artigos científicos, de capítulos de livros e do livro Tecnologias da Informação e da Comunicação, Educação e Desenvolvimento dos Territórios (publicado pela Fundação Alentejo em 2009).
Carlos Alberto da Silva - Director do Departamento de Sociologia da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora (2011-...). Director do Programa de Doutoramento em Sociologia da Universidade de Évora (2011-...). Investigador integrado no CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (2011-...). Doutorado em Sociologia. Agregação em Sociologia. Mestrado em Sociologia. Licenciatura em Investigação Social Aplicada. Bacharel em Radiologia. Autor de vários trabalhos científicos e relatórios técnicos co-finaciados por programas nacionais e europeus nas áreas do diagnóstico e avaliação de projectos sociais, planificação estratégica e desenvolvimento regional. Principais áreas de interesses deinvestigação: a) Análise de redes sociais como ferramenta metodológica para o diagnóstico e intervenção social; b) Redes e cooperação territorial e transfronteiriça; c) Análise prospectiva; d) Avaliação da qualidade e satisfação de utentes e profissionais nas unidades de saúde; Avaliação em tecnologias da saúde.
JOAQUIM MANUEL ROCHA FIALHO, Licenciado em Serviço Social, é quadro superior do Instituto do Emprego e Formação Profissional desde 1999, onde exerce funções de assistente social no Centro de Formação Profissional de Évora. É detentor do Mestrado em Sociologia, na variante de recursos humanos e desenvolvimento sustentável (2003), tendo desenvolvido a tese sobre a re-integração de desempregados de longa duração no mercado de emprego. Em 2008, obteve, com distinção e louvor a aprovação nas provas de Doutoramento em Sociologia, onde apresentou a sua investigação sobre as redes de formação profissional. É professor auxiliar convidado no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e docente no Campus Universitário de Santo André do Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares (Instituto Piaget). Tem mais de uma de dezena de artigos publicados sobre organizações e formação profissional, bem como a participação em inúmeros eventos científicos como orador. As suas principias linhas de investigação são a análise de redes sociais, dinâmicas organizacionais e a formação profissional.
E-mail: jfialho@uevora.pt
PAP0998 - Grandes eventos da pequena cultura popular: festivais internacionais CIOFF realizados em Portugal em 2010
. Dimensão dos festivais realizados em Portugal em 2010
. O festival de folclore como espaço de sociabilidade entre os participantes
. O festival como espaço de espetáculo
Metodologia qualitativa intensiva
Visionamento de Festivais internacionais CIOFF em Portugal 2010
- NEVES, José Soares

- LIMA, Maria João

José Soares Neves, investigador do Observatório das Actividades Culturais, professor auxiliar convidado no ISCTE-IUL, sociólogo.
Interesses de investigação: Práticas de leitura; Práticas culturais; Públicos da cultura; Políticas culturais; Museus.
Maria João Lima, investigadora do Observatório das Actividades Culturais.
Mestre em Ciências Musicais (ramo Etnomusicologia) pela FCSH-UNL.
Áreas de interesse: Sociologia da Cultura; Políticas Culturais; Práticas Culturais Expressivas.
PAP0798 - Greenwashing na publicidade associada ao consumo de energia e às alterações climáticas
O aparecimento e a renovação dos objectos e desejos de consumo são acompanhados pela criatividade dos meios publicitários com o objectivo de ampliar o anseio do consumidor na aquisição dos produtos. Desde os anos 80 têm sido desenvolvidas estratégias de marketing dirigidas aos consumidores interessados na protecção do ambiente. Nesse sentido, as empresas têm muitas vezes recorrido à “publicidade verde”, ou seja, a anúncios que contêm alusões a qualidades ecológicas dos produtos, embora muitas vezes não possam ser realmente comprovadas ou a informação fornecida seja insuficiente para o efectivo esclarecimento do consumidor. É o caso de menções como "produto amigo do ambiente", “protege a natureza”, "100% natural" ou “não poluente”.
Algumas destas expressões violam o direito do consumidor à informação, desrespeitando princípios como a veracidade, a transparência, a objectividade e a clareza, entre outros. O criticismo gerado pelos abusos praticados conduziu a que diversos autores apelidassem o fenómeno de greenwashing (Westerveld, 1986), sugerindo uma camuflagem de produtos convencionais com uma errónea imagem de impactos ambientais reduzidos. O cepticismo desenvolvido relativamente a este tipo de marketing poderá explicar o decréscimo na «publicidade verde» a partir de meados dos anos 90 (Corbett, 2002; Hansen, 2002).
Nos últimos anos, a atenção pública internacionalmente dada aos problemas relacionados com as alterações climáticas e à crise energética parece ter motivado um recrudescimento deste género de publicidade, sobretudo com recurso a argumentos relativos ao consumo de energia e à redução de emissões de gases com efeito de estufa (Alexandre e Horta, 2011). Neste trabalho analisam-se os argumentos veiculados nos anúncios publicitários considerados «verdes», identificando e caracterizando as estratégias de greenwashing centradas na eficiência energética, na utilização de energias renováveis e na redução de emissões com impacto nas alterações climáticas. A análise realizada incidiu em todos os anúncios com aqueles argumentos inseridos na revista de informação geral semanal Visão, de 2008 a 2011.
Palavras Chave: Greenwashing, Discurso Publicitário, Alterações climáticas, Energia.
- HORTA, Ana

- ALEXANDRE, Sílvia

Investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Membro da equipa de investigação do Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade. Doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura e Educação, licenciatura em Sociologia e mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Actualmente participa em projectos de investigação sobre questões sociais relacionadas com energia, sustentabilidade e alimentação.
Sílvia Alexandre é Investigadora de pós-doutoramento no SOCIUS - ISEG/UTL com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Doutorada em Gestão (Especialidade em Organização e Desenvolvimento dos Recursos Humanos) pelo ISCTE e Mestre em Sistemas Socio-organizacionais da Atividade Económica pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). Atualmente está a desenvolver trabalhos na área do consumo sustentável, da publicidade e da alimentação.
PAP0508 - Grupo de Trabalho Estudos ciganos em Portugal - Relações Interétnicas, Dinâmicas Sociais e Estratégias Identitárias de uma Família Cigana Portuguesa – 1827 – 1957
Grupo de Trabalho Estudos ciganos em Portugal.
Relações Interétnicas, Dinâmicas Sociais e
Estratégias Identitárias de uma Família Cigana
Portuguesa são estudadas desde 1827 – ano do
nascimento de Manuel António Botas – até 1957,
ano do falecimento de António Maia, neto
deste, e filho de Maria da Conceição de Sousa
e Botas. As histórias de vida destes três
indivíduos pertencentes a uma família cigana
lisboeta são investi¬gadas a partir dos
relatos orais de membros desta família; do
jazigo de família; dos registos paroquiais de
batismo, casamento e óbito; dos jornais
relativos aos períodos que medeiam aquelas
datas; dos arquivos militares e da Liga dos
Combatentes da Grande Guerra. Estas fontes
foram instru¬mentalizadas de maneira a
possibilitar e a inter-rela¬cio¬nar categorias
de informa¬ção que permitiram, através da sua
triangulação, a consoli¬da¬ção, descoberta e a
criação de novos conhecimentos.
Nascido dois anos depois do primeiro quartel
do século XIX, Manuel António Botas foi
bandarilheiro, diretor de corridas,
guitarrista, amigo da Severa e do Conde de
Anadia, entre outros. A sua participação
pessoal e, sobretudo, profissional na
sociedade oitocentista portuguesa influenciou
a geração do seu tempo e as vindouras. A sua
filha, Maria da Conceição de Sousa e Botas,
casou pela igreja católica e de acordo com a
Lei cigana, com um cigano, José Paulos Botas,
com quem conceberia oitos filhos. Tia Chata,
nome pelo qual viria a ser conhecida na idade
adulta, transformou-se numa mulher de
respeito. Um dos seus filhos, António Maia,
casou com uma jovem cigana que não seria,
segundo os testemunhos, o amor da sua vida.
Foi combatente na Primeira Grande Guerra,
vindo a falecer, vítima de gases nela
inalados. A sua atividade
política/social/económica/profissional e,
sobretudo, a mediação cultural fize¬ram dele
um tradutor-intérprete intra/intercultural.
As dinâmicas sociais, culturais e étnicas
desenvolvidas por estes três indivíduos, e a
sua família, foram objeto de investigação de
forma a compreender a pluralidade das suas
pertenças étnicas através dos contrastes e
continuidades, nas suas dimensões sociais e
culturais, com a restante sociedade portuguesa.
- SOUSA, Carlos Jorge dos Santos

Nome: Sousa, Carlos Jorge dos Santos
Afiliação institucional: CEMRI – Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais – Universidade de Lisboa
Área de formação: Doutoramento em Sociologia (Especialidade em Relações Interculturais)
Interesses de investigação: Cultura, Etnicidade, Trajetórias, Narrativas e Identidades
Outros interesses:
· A50 - Sociologia
· A91 - Ciência Política
· B12 - Políticas Educativas
· C03 - Conceção e Organização de Projetos Educativos
· D02 - Educação e Multiculturalidade
· D05 - Relações Entre Educação e Sociedade
(Formador creditado pelo Conselho Cientifico e Pedagógico da Formação Continua (CCPFC/RFO-14653/02)
PAP1116 - Grupo de Trabalho: A habitação ilegal e informal e o direito à cidade. Comunicação: A qualificação do Bairro da Cova da Moura. O Plano de Pormenor como arena social.
A comunicação aqui proposta incide sobre o processo, em curso, de qualificação do Bairro da Cova da Moura, que se desenvolve no quadro da Iniciativa Bairros Críticos, lançada em 2005. Numa primeira fase, procedeu-se a um diagnóstico participado, o qual serviu de base para um Plano de Intervenção (P.I.), subscrito em Novembro de 2006 por um número alargado de parceiros institucionais. Um dos principais eixos de intervenção propostos nesse P.I. é a elaboração de um Plano de Pormenor, considerado a peça chave para a qualificação do Bairro.
A elaboração do Plano de Pormenor, em curso e contratualizada pelo município com um atelier particular de arquitectura, não reúne pleno consenso, perfilando-se dois tipos de entendimento do mesmo. Um é focado nas características mais problemáticas do edificado e do espaço público, designadamente no que se refere a questões de salubridade, (in)segurança e (in)cumprimento da legislação e assenta numa classificação do tecido urbano tendencialmente abstractizante, que não toma em conta cada situação concreta, priveligiando operações de demolição, conducentes à criação de vazios que abram pontos de partida para a requalificação. Esta abordagem enfrenta a resistência de associações locais, proprietários e outros actores os quais, em contrapartida, privilegiam o enfoque nas características positivas dos espaços vividos e densos de sentido, a valorizar. Identificados pela dinâmica positiva que criam, tais espaços podem configurar pontos de partida para transformar o tecido urbano como um todo.
O carácter inovador da Iniciativa Bairros Críticos assenta em 3 princípios fundamentais: o desenvolvimento de parcerias inter-institucionais alargadas, facilitadoras de uma intervenção socio-espacial integrada; a participação das populações e o ajustamento das propostas aos problemas específicos de cada área de intervenção. Apesar destas marcas distintivas, a intervenção pública abre, em si mesma, tal como tem sido problematizado nas ciências sociais, um campo de acção social cuja complexidade vai muito além da execução prática de um plano previamente delineado. Enquanto processos sociais, intervenções como a que aqui nos ocupa são interfaces dinâmicos, de encontro e negociação entre lógicas e entendimentos sociais diversificados.
A partir de uma perspectiva processualista e centrada nos actores, esta comunicação tem dois propósitos. Por um lado, restituir as contradições inerentes ao processo complexo de elaboração de um Plano de Pormenor para uma área de ocupação não legal, enquanto arena social onde se encontram e confrontam diferentes entendimentos do bairro e da sua transformação. Por outro, reflectir de forma fundamentada sobre o que este processo nos pode ensinar em termos de quais as práticas que mais propiciam a promoção do direito à cidade, especificamente no caso da chamada 'cidade informal' e da sua reconversão em 'cidade formal' e legal.
- RAPOSO, Isabel

- CAROLINO, Júlia

- VALENTE, Ana

Isabel RAPOSO é arquitecta pela ESBAL e doutora em Urbanismo pela Université de Paris XII. Actualmente é professora associada na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), responsável pelo grupo de estudos GESTUAl do CIAUD da FAUTL e pelo Master Erasmus Mundus EURMed na FAUTL. Foi consultora de municípios e associações em Portugal e responsável do Centro de Formação de técnicos de planeamento físico em Maputo/Moçambique. Tem desenvolvido e coordenado várias pesquisas sobre transformação do habitat rural em Moçambique e Portugal e, desde 1998, sobre subúrbios habitacionais suburbanizados em Lisboa, Luanda e Maputo, destacando-se o projecto de investigação "Reconversão e reinserção de bairros de génese ilegal", financiado pela FCT, e o de investigação-acção sobre “Técnicas e processos de planeamento participativo” na Vertente Sul de Odivelas, financiado pelo município.
Júlia CAROLINO é antropóloga social (mestrado/doutoramento) e socióloga (licenciatura) , sendo actualmente investigadora de pós-doutoramento (enquanto bolseira da FCT) no grupo de estudos multidisciplinar GESTUAL, do CIAUD da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Os seus interesses de pesquisa incluem a co-produção de identidades sociais e formas espaciais. A patrimonialização dos campos no quadro do desenvolvimento rural e a paisagem como manifestação de valor social foram os objectos da investigação realizada entre 1998 e 2010 em diferentes terrenos empíricos, no Alentejo e Serra Algarvia. Desde 2011 tem vindo a desenvolver pesquisa empírica em contexto urbano, estando presentemente a preparar trabalho de campo etnográfico sobre a produtivdade social dos ambientes auto-construídos na cidade informal.
Ana da Palma VALENTE é licenciada em arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, mestre em urbanismo pelo Instituto Francês do Urbanismo e pela Universidade de Marne-la-Vallée em Paris e é actualmente doutoranda em urbanismo pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, sendo bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Colaborou no projecto de investigação “Reconversão e reinserção de bairros de génese ilegal” e no projecto de investigação-acção na Vertente Sul de Odivelas, sobre técnicas e processos de planeamento participativo, coordenados pela Professora Isabel Raposo e desenvolvido no Grupo de Estudos GESTUAL do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da FAUTL.
PAP1119 - Grupo de Trabalho: A habitação ilegal e informal e o direito à cidade. Comunicação: Os instrumentos urbanísticos como arena social e a percepção do direito à cidade: a regeneração urbana da Vertente Sul de Odivelas
Na óptica de “observar enquanto se realiza”, e numa perspectiva processualista e centrada nos actores, esta comunicação pretende contribuir para dois debates.
Por um lado, discutem-se as diferentes concepções relativamente a instrumentos urbanísticos, reportando-as a corpos teóricos, mas também, a distintas posições socio-profissionais (Bourdieu, 1980) e desmontam-se as lógicas, estratégias e percepções subjacentes aos vários actores sobre os instrumentos para a regeneração urbana da Vertente Sul de Odivelas. Este território incorpora cinco bairros delimitados como “áreas urbanas de génese ilegal”, no quadro da Lei n.º 91/95, os quais são, em grande parte, insusceptíveis de reconversão de acordo com o Plano Director Municipal em vigor e no âmbito da sua revisão. Dadas as condicionantes deste plano municipal, das características do solo e do seu uso e da candidatura lançada e aprovada pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional, estão a ser elaborados simultaneamente, um Plano de Urbanização e um Programa de Acção Territorial.
Por outro lado, esta discussão relativa à Vertente Sul de Odivelas tem subjacente diferentes posicionamentos sobre o modelo de cidade (horizontal ou vertical; homogénea ou plural) e, em última instância, diferentes visões sobre o direito à cidade: o direito de acesso a infra-estruturas, a serviços e a outros recursos urbanos, ou o direito à transformação das nossas cidades (Lefebvre, 1968) que representa o poder colectivo sobre o processo de urbanização (Harvey, 2008).
- RAPOSO, Isabel

- CRESPO, José Luis

- CAROLINO, Júlia

- JORGE, Sílvia

- PESTANA, Joana

- VALENTE, Ana

Isabel RAPOSO é arquitecta pela ESBAL e doutora em Urbanismo pela Université de Paris XII. Actualmente é professora associada na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), responsável pelo grupo de estudos GESTUAl do CIAUD da FAUTL e pelo Master Erasmus Mundus EURMed na FAUTL. Foi consultora de municípios e associações em Portugal e responsável do Centro de Formação de técnicos de planeamento físico em Maputo/Moçambique. Tem desenvolvido e coordenado várias pesquisas sobre transformação do habitat rural em Moçambique e Portugal e, desde 1998, sobre subúrbios habitacionais suburbanizados em Lisboa, Luanda e Maputo, destacando-se o projecto de investigação "Reconversão e reinserção de bairros de génese ilegal", financiado pela FCT, e o de investigação-acção sobre “Técnicas e processos de planeamento participativo” na Vertente Sul de Odivelas, financiado pelo município.
José Luís CRESPO é licenciado e mestre em Geografia Humana e Planeamento Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, actualmente doutorando em Planeamento Regional e Urbano na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL). É assistente nesta instituição, como docente nas disciplinas de Geografia Urbana, Geografia Física e Gestão Urbanística e é membro do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD) da FAUTL. Integra a equipa do projecto de investigação-acção em curso na Vertente Sul de Odivelas, sobre técnicas e processos de planeamento participativo, coordenado pela Professora Isabel Raposo e desenvolvido no Grupo de Estudos GESTUAL do CIAUD/FAUTL.
Júlia CAROLINO é antropóloga social (mestrado/doutoramento) e socióloga (licenciatura) , sendo actualmente investigadora de pós-doutoramento (enquanto bolseira da FCT) no grupo de estudos multidisciplinar GESTUAL, do CIAUD da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Os seus interesses de pesquisa incluem a co-produção de identidades sociais e formas espaciais. A patrimonialização dos campos no quadro do desenvolvimento rural e a paisagem como manifestação de valor social foram os objectos da investigação realizada entre 1998 e 2010 em diferentes terrenos empíricos, no Alentejo e Serra Algarvia. Desde 2011 tem vindo a desenvolver pesquisa empírica em contexto urbano, estando presentemente a preparar trabalho de campo etnográfico sobre a produtivdade social dos ambientes auto-construídos na cidade informal.
Sílvia JORGE é arquitecta, mestre em "Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos" pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL) e doutoranda em Urbanismo na mesma instituição. Foi bolseira de investigação da FCT no projecto de investigação "Reconversão e reinserção de bairros de génese ilegal", coordenado pela Professora Isabel Raposo, e foi também bolseira do Programa Inov-Art, promovido pela Direcção Geral de Artes, tendo colaborado com o Centro de Estudos e Desenvolvimento do Habitat em Maputo. Actualmente, integra a equipa do projecto de investigação-acção em curso na Vertente Sul de Odivelas, sobre técnicas e processos de planeamento participativo, coordenado pela Professora Isabel Raposo e desenvolvido no Grupo de Estudos GESTUAL do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da FAUTL.
Joana Pestana LAGES é licenciada e mestre em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), doutoranda em Urbanismo na mesma instituição, desenvolvendo uma pesquisa sobre áreas de génese ilegal consideradas insusceptíveis de reconversão urbanística e sendo bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Integrou a equipa do projecto de investigação-acção na Vertente Sul de Odivelas, sobre técnicas e processos de planeamento participativo, coordenado pela Professora Isabel Raposo e desenvolvido no Grupo de Estudos GESTUAL do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da FAUTL.
Ana da Palma VALENTE é licenciada em arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, mestre em urbanismo pelo Instituto Francês do Urbanismo e pela Universidade de Marne-la-Vallée em Paris e é actualmente doutoranda em urbanismo pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, sendo bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Colaborou no projecto de investigação “Reconversão e reinserção de bairros de génese ilegal” e no projecto de investigação-acção na Vertente Sul de Odivelas, sobre técnicas e processos de planeamento participativo, coordenados pela Professora Isabel Raposo e desenvolvido no Grupo de Estudos GESTUAL do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da FAUTL.
PAP0538 - Grupo de trabalho: A habitação ilegal e informal e o direito à cidade - Perfis, trajectórias e percepções face ao espaço dos residentes nas Áreas Urbanas de Génese Ilegal na Área Metropolitana de Lisboa
Esta análise focalizada em Portugal pretende contribuir para o estudo e reflexão da especificidade do fenómeno das áreas urbanas de génese ilegal e clandestina em contexto nacional. Mas na verdade, em Portugal este fenómeno tem uma extensão e dimensão significativa sobretudo nas margens norte e sul da Área Metropolitana de Lisboa. Nesta discussão, conferir-se-á especial importância à análise dos principais actores sociais intervenientes nos processos de construção e aquisição deste tipo de terrenos e habitações, mas sobretudo aos seus habitantes (perfis sociais, trajectórias de vida, motivações e representações sociais). Constitui ainda nosso objectivo voltar a recolocar na agenda pública e de investigação esta temática que no passado deu azo a uma pluralidade de estudos, principalmente durante as décadas de 80 e 90. Em sintonia com as conclusões de várias pesquisas realizadas nos anos80 do século passado, é óbvio que hoje também não há uma homogeneidade e linearidade de situações, de protagonistas, de trajectórias devida, de motivações e de representações sociais.
- MENDES, Manuela
- SÁ, Teresa

Teresa Vasconcelos e Sá, licenciada em Sociologia (ISCTE), mestre em Planeamento Regional e Urbano pela Universidade Técnica de Lisboa e doutorada na área de Sociologia do trabalho pelo ISCTE. Lecciona actualmente na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa as disciplinas “Antropologia do Espaço”, “Sociologia da Cidade e do Território” e “Sociologia da Moda”.
Desenvolve investigação nas áreas da sociologia do trabalho e do território.
PAP0532 - Grupos étnicos e estrangeiros em contexto prisional: representações de guardas prisionais e elementos da direcção
Nas últimas décadas a imigração tornou-se um fenómeno relevante em vários países, incluindo Portugal. Esse fenómeno terá contribuído para firmar discursos provenientes de várias esferas da sociedade civil que alegam que certos grupos sociais, como estrangeiros e minorias étnicas, apresentam uma maior propensão para comportamentos criminais. Com efeito, estudos prisionais realizados em vários países apontam para a uma forte tendência de encarceramento de grupos socialmente vulneráveis. Em Portugal existe, grosso modo, uma sobrerepresentação em contexto prisional de estrangeiros e do grupo étnico cigano. A população reclusa estrangeira vem aumentando sistematicamente nas prisões portuguesas, sendo as nacionalidades com maior historial imigratório no contexto português as mais representadas no sistema prisional (ex. PALOP), verificando-se de igual modo a expansão gradual da presença de indivíduos do Leste Europeu.
O objectivo desta comunicação não é questionar o que estará na base desta sobrerepresentação de estrangeiros dos PALOP e do Leste Europeu e de ciganos em contexto prisional. Através da análise de entrevistas com guardas prisionais e elementos da direcção de estabelecimentos prisionais portugueses, quer masculino quer feminino, pretendemos expor as representações sociais que estes profissionais detêm, no que diz respeito à relação destes reclusos com o crime e ao seu comportamento em meio prisional. Não obstante as representações destes actores do sistema prisional sobre os reclusos se apoiarem, em larga medida, na proximidade institucional que possuem com estes, argumentaremos que as representações partilhadas projectam também visões do mundo que se interconectam com mensagens culturais que circulam noutras esferas da vida em sociedade (ex. média), que, por sua vez, reforçam estereótipos e consolidam processos de estigmatização social de grupos sociais desfavorecidos.
- GOMES, Sílvia

- MACHADO, Helena

- SILVA, Manuel Carlos

Gomes, Sílvia
Investigadora no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Licenciada em Sociologia pela Universidade do Minho (2008), é estudante de doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da mesma universidade, sob as orientações dos Professores Doutores Manuel Carlos Silva e Helena Machado. O projecto de doutoramento tem como título provisório “Criminalidade, Exclusão Social e Racismo: um estudo comparado entre portugueses, ciganos e imigrantes dos PALOP e do Leste Europeu”. No âmbito do projecto de doutoramento, desenvolveu o projecto “Criminalidade, Etnicidade e Desigualdades” junto de Estabelecimentos Prisionais portugueses e foi investigadora visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley, sobre a orientação do Professor Loïc Wacquant. O seu trabalho está relacionado com a criminalidade, exclusão social e etnicidade, designadamente as representações sociais dos grupos étnicos e imigrantes nos media, as representações sociais dos guardas prisionais sobre os fenómenos da imigração e do crime e também as trajectórias de vida e estatísticas da reclusão feminina e masculina em Portugal.
Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
Silva, Manuel Carlos
Licenciado e doutorado pela Universidade de Amesterdão em Ciências Sociais, Culturais e Políticas. Professor catedrático em Sociologia e Director do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) na Universidade do Minho. Distinguido com o Prémio Sedas Nunes pela obra “Resistir e Adaptar-se” (1998, Afrontamento) sobre o campesinato, tem publicado sobre o rural-urbano, o desenvolvimento e as desigualdades sociais. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS).
PAP1521 - GÉNERO, EDUCAÇÃO E PODER: PERSPETIVAS SOCIOLÓGICAS E ORIENTAÇÕES POLÍTICAS EM CONFRONTO E EM JUSTAPOSIÇÃO
A problemática género, educação e poder tem feito parte da agenda da Sociologia da Educação a partir de diversos quadros axiológicos, teórico-concetuais e metodológicos. Uma análise crítica do conteúdo de alguns estudos académicos alocados às teorias de cariz funcionalista, às teorias da reprodução social e cultural, às teorias críticas, às teorias pós-modernas, às teorias feministas e pós-feministas, assim como uma análise crítica do conteúdo discursivo de algumas políticas de género, permitem-nos apresentar e discutir, nesta comunicação, algumas noções que não podem deixar de ser convocadas quando se perspectivam as relações sociais de género como relações sociais de poder. Com a noção de poder instituído, aludimos à institucionalização de um Estado Educador e à afirmação da masculinidade hegemónica, quantas vezes reforçada por tentativas não bem sucedidas do seu desmantelamento. Com a noção de poderes instituintes, colocamos no centro da análise sociológica as agências humanas com propósitos de construção da igualdade de género, expondo as forças, mas também as fragilidades, dessas agências. As noções de poder instituído e de poderes instituintes, em contra-balanço, obrigam-nos a fazer referência a políticas de género que, sob a capa da igualdade e da equidade, se inscrevem numa lógica imediata e instrumental de resposta às exigências económicas e que, em contextos de educação, formação e trabalho, têm vindo a propiciar a reconsolidação de outras (e por vezes as mesmas) formas de diferenciação hierárquica entre os homens e as mulheres.
- ROCHA, Custódia
PAP0306 - Género na perspectiva individual: agência, constrangimentos e oportunidades
A comunicação "Género na perspectiva individual: agência, constrangimentos e oportunidades", inserida no Congresso Português de Sociologia com o tema Sociedade: Crise e Reconfigurações, pretende explorar resultados iniciais da tese de doutoramento, orientada pela Professora Anália Torres, que visa compreender como o indivíduo vive a sua condição de género na sociedade portuguesa actual, num contexto de grandes e rápidas mudanças sociais, económicas e culturais.
Sendo que se entende o género numa perspectiva que engloba quatro níveis de análise (Messner, 2000): o nível individual (o património individual de disposições e esquemas de acção, avaliação e percepção de si (Lahire, 2001)); o nível interaccional (as interacções e relações tidas e mantidas pelo indivíduo com os outros e como esse indivíduo, nesse contexto, desenvolve a sua condição de género e a sua reflexão de si); o nível estrutural (as possibilidades e os constrangimentos impostos pelas situações e posições ocupadas pelo indivíduo genderizado); e o nível cultural (as concepções normativas de género que foram sendo transmitidas e adquiridas ao longo da história de vida do indivíduo, com as quais o indivíduo pode ter rompido ou agido em conformidade).
Deste modo, no contexto do projecto de tese de doutoramento, percepciona-se o género enquanto integrando não só uma perspectiva individualista em que o indivíduo é agente da sua condição de género (West e Zimmerman, 1987 e 2009; Butler, 1990), mas também uma perspectiva estruturalista, em que esse mesmo indivíduo se encontra integrado numa sociedade que lhe oferece constrangimentos e possibilidades estruturais ao exercício dessa agência no âmbito da sua condição de género (Connell, 2009; Martin, 2003; Messner, 2000).
Para a compreensão do que consiste, no século XXI, na sociedade portuguesa em mudança acelerada, ser homem ou mulher, começou-se a realizar entrevistas biográficas a indivíduos dos 30 aos 60 anos, de modo a encontrar-se diferenças culturais e sociais provenientes de diferenças geracionais; e de proveniências diversificadas no que diz respeito à classe social. As entrevistas são constituídas por duas partes distintas. Uma relativa ao curso de vida do indivíduo nos vários níveis de análise mencionados (individual, interaccional, estrutural e cultural) ao longo da infância, adolescência e vida adulta. Outra relativa ao momento presente e como o indivíduo investe e coloca prioridades em cinco planos distintos: a conjugalidade, a parentalidade, o trabalho profissional, a política e a religião. São os resultados preliminares das primeiras entrevistas realizadas que se pretendem abordar nesta comunicação.
- MACIEL, Diana

Diana Maciel
CIES-IUL
Mestre em Família e Sociedade pelo ISCTE-IUL e Doutoranda em Sociologia no ISCTE-IUL
Interesses de investigação: Género, Sociologia da família, Participação política, Família e trabalho, e Toxicodependências
PAP0717 - Género, envelhecimento e tecnologias digitais em Portugal
A presente comunicação incide na análise das
representações e dos usos das tecnologias de
informação e comunicação (TIC) por parte de
dois grupos de seniores (55-65 anos e 66 ou
mais anos). Pretende-se conhecer o uso
diferencial que os seniores mais jovens e mais
velhos fazem das TIC, em particular o
telemóvel, o computador e a internet, a
relação que mantêm com elas, a par da sua
importância para o desenvolvimento de
competências digitais e de integração social.
Foram usados dados de um inquérito por
questionário, aplicado a uma amostra de 792
indivíduos das cidades de Lisboa, Porto e
Coimbra, a par de informação proveniente de 30
entrevistas semi-estruturadas realizadas a
seniores situados nos referidos grupos etários.
Os resultados evidenciam uma relação entre a
idade, o género e o uso de algumas
tecnologias. Com efeito, são os homens
seniores que fazem um uso mais frequente do
computador e da internet. Entre as mulheres,
são as seniores mais novas que usam mais
frequentemente as referidas tecnologias. A
relação dos seniores com alguns media é
distinta da descrita relativamente ao uso do
computador e da internet. A televisão e o
telemóvel surgem como os meios de comunicação
mais frequentes quer para entretenimento e
lazer, quer com o fim de comunicação. O
telemóvel é representado por todos como um
meio essencial de comunicação com a família e
os amigos, desempenhando uma função de
incremento das sociabilidades.
Em suma, o interesse dos seniores pelas
tecnologias digitais e o seu uso contribui
para a sua inclusão nas sociedades
tecnológicas atuais e para o fomento das
relações e solidariedades intergeracionais e
amicais. Porém, são as mulheres mais velhas
(66 e mais anos) que manifestam níveis
inferiores de interesse pelas TIC, o que nos
conduz a estar atentos ao “género” da(ex)
inclusão digital nesta fase do ciclo de vida
humana.
- DIAS, Isabel

Nome: Isabel Dias
Afiliação institucional: Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Departamento de Sociologia.
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Sociologia da família e do género; Sociologia do envelhecimento; Violência doméstica.
PAP0243 - Género, justiça e direito: representações e experiências sobre violência doméstica contra mulheres
A violência nas relações de intimidade, ou violência doméstica como é mais comummente designada, tem sido objecto de diversas políticas dirigidas à prevenção dessa violência, à sua criminalização e ao apoio às vítimas.
Com efeito, se até há uns anos a maioria dos países tendia a negligenciar a existência deste problema, hoje podemos afirmar que a criminalização da violência doméstica é uma prioridade, facilitando a intervenção do Estado e outros organismos nestas situações. Obviamente que as respostas para os casos de violência doméstica não se esgotam no direito e o Estado tem actuado noutras áreas. Mas a centralidade que o direito assume no combate à violência doméstica e nas reivindicações e expectativas quer das vítimas, quer das organizações de mulheres, é incontestável.
Nos últimos anos tem sido intensa a produção teórica e empírica em torno da ligação entre feminismo e direito, emergindo os estudos feministas críticos do direito como um importante espaço de debate e reflexão que desafia o cânone mais tradicional do direito. A questão prévia, e mais ampla, consiste em saber se o direito – aqui entendido como direito estatal – pode ser um instrumento de promoção da igualdade e um recurso efectivo das mulheres para a garantia dos seus direitos, ou se, pelo contrário, este não é mais do que um sistema de opressão. Se há dúvidas que o direito produza, per se, relações patriarcais, o mesmo parece não acontecer relativamente à contribuição que aquele dá à perpetuação, legitimação e reprodução das mesmas na sociedade. Nesta comunicação procuro desenvolver sucintamente alguns dos principais argumentos desta discussão, recorrendo para tal a entrevistas realizadas com mulheres vítimas de violência, operadores judiciários e organizações não governamentais, bem como à análise de processos judiciais.
- DUARTE, Madalena
PAP1343 - Gênero, Emoções e Produção Cultural: uma Análise da Autoajuda Brasileira
Tendo em vista as reflexões desenvolvidas ao longo do trabalho de Mestrado, concluído no final de 2009, e as que as seguem atualmente em meu Doutorado, apresento uma discussão sobre as formas através das quais os marcadores sociais da diferença de gênero e de idade flexionam algumas construções sócio emocionais presentes em livros de autoajuda brasileiros. Tomo especificamente a produção literária de meados da década de 1990, quando este mercado editorial ganhou significativa popularidade no país, tornando-se um dos principais responsáveis pela consolidação das imagens do homem na idade do lobo e da mulher na idade da loba para caracterização de pessoas experimentando a chamada crise da meia-idade. O esforço é pela apreensão das alterações que tais marcadores trazem para a configuração da meia-idade neste nicho de produção cultural: tratando aparentemente da mesma etapa da vida de pessoas em dado contexto social, os livros acabam reproduzindo criativamente diferenças e, mais do que isso, desigualdades, a respeito das experiências sociais e emocionais de homens e mulheres. A partir do referencial dos campos da antropologia e sociologia das emoções e da vasta produção teórica sobre curso da vida, abordo as diferenças existentes entre as imagens do homem frágil e infantilizado e da mulher poderosa e responsável, que continua a seduzir, a despeito das transformações físicas que marcam o período, presentes nessa produção cultural. Além destas, cabe também destacar os procedimentos de construção das marcas etárias por meio das quais as figuras do lobo e da loba se erigem, entre jovens apresentados como fúteis e inocentes, e velhos sem corpo e perspectivas. A crise da meia-idade surge, portanto, como um possível resultado de uma tendência de prolongamento da vida adulta e positivação da experiência de envelhecimento, que cria desigualdades entre aqueles que podem ou não acessá-la. Por meio de diferentes estratégias linguístico-literárias, temas tais como amor, cuidado, crise, segurança e medo – entre outros – são alinhavados ao longo das páginas dos volumes analisados e algumas importantes reflexões podem ser feitas sobre marcas sociológicas de gênero e geracionais para construção, expressão e significação de emoções humanas.
- CASTRO, Talita

Talita Castro
Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP, Brasil
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Unicamp
Formada em Ciências Sociais pela Unicamp
Áreas de interesse: produção cultural; autoajuda; gênero e curso da vida; mercado editorial.
PAP1493 - HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: a preservação da memória social nos museus da Região do Cariri cearense
A informação em tempos hodiernos é um
instrumento modificador da consciência humana e
do seu grupo social, pois o sintoniza com a
memória do seu passado e expõe as perspectivas
para o seu futuro. Diante da realidade
socioeconômica e sociocultural da Região do
Cariri, surge a proposta da utilização da
preservação da memória através da recuperação,
organização, disseminação e uso da informação,
como uma ação de reestruturação e reconstrução
da historicidade e memória social. O patrimônio
histórico-cultural da Região do Cariri cearense
é rico e diversificado, um verdadeiro caldeirão
cultural. Além disso, a região está localizada
no coração do Nordeste Brasileiro,
possibilitando o encontro da memória social
regional com a identidade coletiva, situação
perfeitamente possível, disto que por meio da
socialização política ou histórica, possa
ocorrer fenômenos de projeção ou identificação
com determinada situação do passado, tão
intensa e presente, que podemos falar em
memória herdada. Considerando o desenvolvimento
da Região do Cariri, tornam-se indispensáveis
estudos sobre o processo de formação sócio-
cultural, embasado na dimensão histórica.
Analisando o patrimônio sob diversos olhares,
com ênfase nos museus e memoriais, possibilita-
se o uso de seus acervos e da sua documentação
histórica para a divulgação da memória social,
através da educação patrimonial. Dentro desse
contexto, nos perguntamos: Qual a importância
dos museus e memoriais para a divulgação da
memória social? De que maneira, os museus e
memoriais, contribuem para a preservação da
memória social da região? Deste modo, essa
pesquisa se fundamenta na construção da
identidade social da Região do Cariri, no
intuito de socializar os diferentes enfoques e
fontes especializadas de informação, através
dos lugares de memória; propiciando uma
consciência plena sobre a importância da
preservação e das políticas de salvaguarda do
patrimônio histórico-cultural, bem como
utilização de políticas de educação patrimonial
para divulgação da memória social. Desta
maneira, pretende-se abrir espaços para a
discussão desta temática, sob perspectivas
interdisciplinares, peculiarmente a partir de
experiências concretas e abordagens
conceituais. Considerando também a tessitura
socioeconômica e cultural, em suas múltiplas
expressões, individuais e coletivas.
- MARINHO, Rosana Pereira
PAP0753 - Heteronomias profissionais: um ensaio tipológico de estratégias empreendedoras e criação de auto-emprego de diplomados do Ensino Superior
Proposta de inscrição no GT “Inserção de
diplomados do ensino superior: relações
objectivas e subjectivas com o trabalho”.
A partir da análise dos resultados
preliminares de investigação “Percursos de
inserção dos licenciados: relações objectivas
e subjectivas com o trabalho” (PTDC/CS-
SOC/098459/ 2008) , discutiremos as
transformações recentes no processo de
transição para o mercado de trabalho junto de
diplomados do Ensino Superior. Com efeito,
desde os anos 90 do séc. XX que se assiste a
uma reestruturação em profundidade dos antigos
modelos de transição profissional que espalha
os jovens por diferentes itinerários
profissionais, onde dominam as dimensões de
incerteza, flexibilidade e reversibilidade
(Galland, 1991), integrando-se num movimento
mais vasto de “crise de identidades” (Dubar,
2001). Perante os impasses na vivência dos
jovens face ao futuro – designando-se
por “gerações de fronteira”/ “gerações
sanduíche”/ “jovens adultos” (Pais, 2001), os
modelos actuais de transição têm configurado
processos de “individualização”
ou “modernização flexível” (Beck, Giddens e
Lasch, 1994), em (des)articulação com os
processos de “institucionalização” que
configuram estruturas de oportunidades
impulsionadas por políticas públicas ou por
lógicas de mercado. Nesta comunicação, será
dada particular atenção à constituição de
heteronomias profissionais que assumem a
particularidade de se expressar pela autonomia
e independência contratuais face à relação de
trabalho. Ao se aprofundar as dimensões
de “auto-emprego/ empreendedorismo”, propomo-
nos apresentar uma tipologia deste género de
estratégias de inserção que permita captar a
heterogeneidade de situações e perfis
profissionais de diplomado após cinco anos de
conclusão da licenciatura. Nesta construção
analítica mobilizam-se variáveis explicativas
como género, idade, formação académica, áreas
de negócio privilegiadas, sector de
actividade, entre outras, resultantes da
aplicação de um inquérito extensivo à coorte
de 2004/05 de licenciados da Universidade de
Lisboa e Universidade Nova de Lisboa (N=1004).
Pretende-se, igualmente, contribuir para uma
discussão crítica dos conceitos de
autoemprego, empreendedorismo e criação de
empresa à luz dos debates académicos e
políticos sobre a crise de regulação do
emprego (difusão de formas flexíveis de
contratação) e sobre as medidas de combate ao
desemprego.
Palavras-chave: Ensino Superior, transição
profissional, auto-emprego, empreendedorismo.
- MARQUES, Ana Paula

Ana Paula Marques é Professora Associada com Agregação do Departamento de Sociologia e investigadora permanente do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) da Universidade do Minho. Doutorou-se, em 2003, em Sociologia – área de Organizações e Trabalho por esta universidade. Exerce funções de promotora e mentora científica do Spin-Off Laboratório MeIntegra e CICS – Universidade do Minho. Integra, do lado do Norte de Portugal, os Serviços de Estudos “Educação e Formação” do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular Galiza-Norte de Portugal.
É autora e co-autora de vários artigos e livros, destacando-se nestes últimos Inserção Profissional de Graduados em Portugal. (Re)configurações teóricas e empíricas (2010), Estudo Prospectivo sobre Emprego e Formação na Administração Local (2009), Trajectórias Quebradas. A vivência do desemprego de longa Duração (2008), Administração Local. Políticas e práticas de formação (2008), Actores Intermédios da Orgânica Empresarial. O futuro do emprego, das competências e da formação (2007), Entre o diploma e o emprego. A inserção profissional de jovens engenheiros (2006) e Assimetrias de género e classe. O caso das empresas de Barcelos (2006).
PAP0296 - Heterossexualidade(s): heteronormatividade e subversão em Married Love, de Marie Stopes
Este ensaio visa focar alguns aspectos que se
centram na construção de identificações
sexuais, as quais emergem dos discursos
dominantes, que condicionam práticas e
relações sociais. Partindo de uma análise da
obra Married Love de Marie Stopes,
identificarei alguns elementos que contribuem
para a construção da heterossexualidade,
abordando o conceito de heteronormatividade e
a forma como emergiu na sociedade ocidental.
Tornarei evidente que, ao apelar para novas
práticas sexuais entre marido e mulher, a
autora subverteu a norma vigente na sua época.
Ao mesmo tempo, ao escrever um manual de
casamento que insiste na reformulação das
convenções matrimoniais, Stopes reforça a
ideia da heteronormatividade, acabando ela
própria por criar novas convenções
relacionadas com a prática heterossexual, as
quais são impostas na sociedade como a norma.
Proponho, neste trabalho, introduzir um
diálogo entre os objectivos da obra em si com
alguns dos fundamentos desenvolvidos pela
teoria queer.
O século XIX marcou o início das grandes
discussões em torno da sexologia, através das
quais emergiram modelos sexuais que
cientificamente foram sendo instituídos na
sociedade. O primeiro capítulo do livro
Heterosyncrasies: -Female Sexuality When
Normal Wasn’t (2005), de Karma Lochrie,
intitulado “Have We Ever Been Normal?” dá-nos
uma breve descrição histórica centrada nesse
mesmo século, dado ser uma época fulcral na
normalização dos padrões da sociedade. Nessa
altura, surgiu uma terminologia específica
para a(s) sexualidade(s), através da qual a
sua própria concepção se distanciou dos ideais
da reprodução para um padrão baseado no
desejo/prazer sexual (Lochrie 2005: 11).
Married Love é um livro que descreve a
sexualidade humana e explica como se deve
fomentar a “arte do amor” entre marido e
mulher, apelando ao conhecimento do corpo e da
sua relação com a sexologia. Não há dúvida de
que os teóricos de sexologia do século XIX
tiverem um papel relevante na origem da obra
de Stopes.
Considerando que a teoria queer descentraliza
a heterossexualidade como a identidade
privilegiada que restringe a naturalidade do
sexo, ao longo da discussão deste ensaio,
veremos que Marie Stopes apresenta uma
reformulação da norma relativa às práticas
sexuais entre marido e mulher, o que por si
reforça a ideia da heteronormatividade. Após
uma breve análise dos fundamentos da teoria
queer chegamos à conclusão de que tais
fundamentos se opõem aos propósitos de Married
Love. O que se procura na teoria queer, no
fundo, é a desconstrução das categorias e
padronizações da(s) sexualidade(s). Ao entrar
em ruptura com essas categorizações da
sexualidade humana, o discurso feminista
deverá ter em conta que a sociedade ocidental,
ainda predominantemente heterossexista e
patriarcal, necessita de criar espaço para a
diversidade e investir na mobilização para a
mudança desse paradigma.
- ORFÃO, Jorge Correia
PAP1108 - Histórias Biográficas de Imigrantes em Lisboa - Memórias, Trajectórias e Processos Sociais
A presente investigação visa compreender, a partir do discurso dos imigrantes residentes na região de Lisboa, as motivações, projectos e aspirações dos sujeitos que agem e definem as suas trajectórias migratórias. Desta feita, não nos interessa estudar ‘comunidades’ mas sim sujeitos, na sua condição de imigrante, que vivem o seu quotidiano na cidade de Lisboa. Pretende-se questionar dois pressupostos que têm orientado muitos dos estudos cujo objecto são os imigrantes. Concretamente, o pressuposto do imigrante-comunitário – os imigrantes vistos como membros indiferenciados de uma comunidade – e o pressuposto do imigrante-problema (desqualificado e desprotegido) – os percursos individuais dos imigrantes são pouco estudados. Entre os objectivos do projecto destacam-se a organização de um banco de dados integrado, criação de “links” entre portais das diferentes instituições para facilitar o acesso a informações sobre legislações, indicadores referentes às condições de vida do imigrante; agregação e a disponibilização das entrevistas registadas em suporte audiovisual e das imagens recolhidas no decorrer da pesquisa. Um factor de inovação da investigação prende-se com a opção de estudar imigrantes cujos percursos são menos visíveis destacando as suas singularidades, pois pouco se sabe sobre os projectos e os percursos actuais dos imigrantes de outras nacionalidades numericamente menos representativas, chegando assim a outros imigrantes que são menos visíveis na investigação desenvolvida no âmbito das ciências sociais em Portugal. A estratégia metodológica concebida articula dois enfoques, um de carácter extensivo e outro intensivo. Partindo de uma caracterização extensiva do universo de imigrantes na AML, pretende-se realizar um conjunto alargado de entrevistas biográficas audiovisuais a imigrantes que residam e/ou trabalhem na cidade de Lisboa, contemplando uma diversidade de trajectos pessoais de sujeitos provenientes de diferentes países, com qualificações e actividades profissionais distintas, tendo em comum a sua condição de imigrante com um projecto migratório construído na primeira pessoa. Recorrendo a uma pesquisa qualitativa serão realizadas entrevistas qualitativas semi-estruturadas a imigrantes residentes em Lisboa. A dimensão provisória da amostra será de 32 entrevistas biográficas, perspectivadas enquanto uma conversa com objectivos, permitindo que os entrevistados transmitam asua visão do seu projecto migratório e adaptação à sociedade portuguesa.
- BACKSTROM, Bárbara

- PEREIRA, Sofia Castro
Bárbara Maria Granés Gonçalves Backstrom
Professora auxiliar da Universidade Aberta
Investigadora do cemri
Licenciada em Sociologia, mestre em demografia e doutorada em saúde internacional tem trabalhado na última écada e meia em temáticas relacionadas com a saúde dos imigrantes, as representações e práticas de saúde de doença, as acessibilidades aos serviços de saúde, os imigrantes e a integração e o envelhecimento dos imigrantes.
PAP1045 - Homicídios no Brasil: dinâmicas espaciais, temporais e políticas públicas
Homicídios no Brasil: dinâmicas espaciais, temporais e políticas públicas
O Brasil é um dos países mais violentos do mundo. Mas os distintos tipos de violência interpessoal não estão distribuídos igualmente pelo país e há significativas variações regionais ainda pouco exploradas. Este artigo tem dois objetivos: a) em primeiro lugar, tenta compreender os padrões espaciais e temporais de distribuição das taxas de homicídio no Brasil entre 1980 e 2010, dialogando com as principais propostas explicativas para tais fenômenos presentes na literatura sociológica sobre o tema; b) finalmente, busca fazer um balanço crítico dos diferentes tipos de políticas públicas voltadas para a redução das mortes violentas intencionais, nos planos federal, estadual e municipal no período citado, evidenciando suas singularidades regionais.
- RATTON JR, José Luiz de Amorim
PAP0372 - Homossexualidade Feminina no Cárcere: estratégias e (re)configurações de gênero como forma de sobrevivência.
O presente trabalho, tem como objetivo mostrar/desnudar quais são as estratégias e as (re)configurações de gênero que as detentas fazem uso no cárcere como forma de sobrevivência. Que a travestilidade feminina é uma forma de conseguir poder, estabelecer respeito e manter a segurança bem como de conseguir privilégios que a nossa sociedade reserva exclusivamente aos homens. Que por baixo das roupas masculinas está encoberto interesses materiais e simbólicos. Assim, mostrar que mesmo as relações homossexuais reproduzem a ordem de gênero marcando a permanência do padrão heterocêntrico, bem como da dominação masculina. O trabalho tem como ponto central identificar quais os fatores que levam as mulheres presas a estabelecerem relações homossexuais umas com as outras quando encarceradas.
- FRANCISCO, Renata de Souza
- SILVA, Marusa Bocafoli da
PAP1132 - Hábitos Desportivos dos Jovens - Estudo da População Jovem do Concelho de Torres Novas
Tendo como objectivo proporcionar ao poder
local, instituições educativas e desportivas,
particulares e públicas, uma melhor
compreensão dos hábitos desportivos e condutas
sociais da população jovem, aprofundou-se o
conhecimento das diferentes relações que se
estabelecem entre a variedade de factores
sociais e a carga relativa de cada um. Neste
sentido, e com base no contributo dos autores,
definimos a nossa problemática de análise,
objecto de estudo, hipóteses/questões e
respectiva metodologia.
Através da aplicação de um
questionário a uma amostra representativa do
universo do nosso estudo de caso, composta por
189 jovens dos 10 aos 15 anos, 93 do sexo
feminino e 96 do sexo masculino, residentes no
concelho de Torres Novas, que frequentam o
ensino básico público e privado do concelho,
recolhemos a informação, tratada no programa
SPSS versão 17 para Windows, que nos permitiu
testar a veracidade da hipótese em estudo.
Concluímos que a Participação Desportiva dos
jovens (71%) é superior, mais regular e
organizada nos jovens do sexo masculino e em
anos de escolaridade mais baixos, continuando
a verificar-se um défice de participação
desportiva quando comparada com a média dos
jovens europeus. A maioria dos jovens afirma
praticar desporto de forma organizada,
inserida numa prática de Lazer e de forma
institucionalizada (rapazes mais no âmbito do
Desporto Federado/Competição e as raparigas
mais inserida numa prática de Lazer).
A diversidade de actividades de lazer
traduziu-se numa diversificação de práticas de
lazer, não determinando uma diminuição da
participação desportiva dos jovens. Em relação
ao habitat e a actividade físico-desportiva,
no meio rural inicia-se mais cedo a prática
desportiva, apresentando índices de
Participação Desportiva e de Abrangência
superiores.
Os jovens inseridos em famílias do grupo
social EQS (Empresários e Quadros Superiores),
são os que apresentam hábitos desportivos mais
elevados, com mais ligações ao desporto e um
maior valor de participação desportiva,
verificando-se a influência do contexto
sociocultural na participação desportiva dos
jovens e nas actividades praticadas.
O sexo, a idade, o grupo social, o habitat e
os hábitos desportivos da família, revelaram-
se variáveis estruturantes dos hábitos
desportivos dos jovens, sendo que a existência
de outros consumos culturais não determinam
uma diminuição dos mesmos.
Palavras-Chave: Hábitos Desportivos, Sexo,
Grupo social, Habitat, Jovens, Concelho
- GONÇALVES, João

João Carlos Fernandes Pessoa Gonçalves
Formação:
Licenciatura em Professores do ensino Básico Variante de Educação Física - ESECB - Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Licenciatura em Educação Física - FCDEF – Universidade de Coimbra
Mestrado em Lazer e Desenvolvimento Local – FCDEF – Universidade de Coimbra
Percurso profissional:
Professor de Educação Física 2º e 3º ciclo; Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico; Profissional de Atividade Física nas áreas da natação, andebol, hidroginástica, gerontomotricidade, fitness e motricidade infantil
Temas de Investigação:
Jogos e Emoções” - A Expressão Emocional em situações reais de jogo.
Hábitos Desportivos dos Jovens
Comunicações Livres:
2010 - Participou no Painel “Partilha de experiências” no seminário final no âmbito do Programa de Formação Contínua do Novo Programa de Matemática para o Ensino Básico. Escola Superior de Educação de Santarém.
2012 - Submeteu e apresentou no VII Congresso Português de Sociologia o trabalho intitulado
GONÇALVES, João, PAP1132 - Hábitos Desportivos dos Jovens - Estudo da População Jovem do Concelho de Torres Novas
PAP1486 - IDENTIDAD, LENGUA Y PERCEPCIÓN Y EXPERIENCIAS DE DISCRIMINACIÓN Y RECHAZO EN ADOLESCENTES Y JÓVENES INMIGRANTES: EL CASO DEL ESTUDIO HIJAI EN HUELVA (ESPAÑA), 2007 Y 2010
La bibliografía reciente sobre cuestiones identitarias relativas a la población de origen inmigrante y, especialmente, respecto a su descendencia ha venido poniendo de relieve cómo muchos jóvenes inmigrantes e hijos de inmigrantes (primeras y segundas generaciones, pero especialmente las últimas) configuran su desarrollo identitario desplegando identidades múltiples o híbridas en las que se superponen y conviven elementos socioculturales que se nutren del origen y el destino. La flexibilidad que aporta para la vida cotidiana esta hibridación, como elemento que facilta la adaptación a nuevos entornos, también ha sido destacada. Por otra parte, se ha venido resaltando la importancia que ha tenido el conocimiento de la lengua del país de destino migratorio de los padres en los procesos de integración, así como también, las ventajas que reporta el desarrollo del bilingüismo en algunos procesos, como el de la integración laboral.
Junto a la cuestión de la identidad y la lengua (muy ligadas de por sí), introducimos en este trabajo un tercer elemento, que comprende las percepciones y experiencias de discriminación y rechazo relatadas por chicos y chicas. Nos preguntamos en este trabajo, a partir del análisis de lo que cuentan de sus biografías unos y otras, si sus percepciones y experiencias de discriminación son compatibles con desarrollos identitarios ligados a España, o si estas experiencias parecen ir unidas a la declaración de las identidades ligadas al origen, orientadas al destino o múltiples.
Para responder a esta pregunta nos basamos en dos estudios cuantitativos transversales dirigidos a la población adolescente y joven inmigrante y de origen inmigrante en Huelva (con trabajos de campo en 2007 y 2010, 413 y 303 encuestas respectivamente). Los cuestionarios de ambos estudios, prácticamente idénticos, permiten observar si existen pautas regulares de respuesta entre ambos años, a pesar de haber sido aplicada la encuesta a muestras representativas diferentes de chicos y chicas residentes en Huelva y provincia, de una edad media en torno a los 14 años. Los cuestionarios empleados, de carácter semiestructurado, permiten ofrecer información tanto cualitativa como cuantitativa. Se incorporaron en el análisis igualmente otras variables que sirven de control tales a el país de origen, la nacionalidad, la edad, el número de años que lleva residiendo en España, las amistades, confianza interpersonal en los demás, y otras.
Los resultados discuten sobre los vínculos existentes entre identidad, percepción y experiencias de discriminación y rechazo, y lengua comparando ambas muestras. Se comparan igualmente los factores que parecen intervenir en estos vínculos en ambos años y se valora finalmente si las diferencias existentes parecen estar o no ligadas a los macro acontecimientos económicos del entorno.
- GUALDA, Estrella

Estrella Gualda holds a PhD in Sociology and a MA in Politics and Sociology Sciences from the Complutense University of Madrid. She is a Professor in Sociology at the University of Huelva and Director of the Social Studies and Social Intervention Research Center. She has directed numerous projects and published several books, book chapters and scientific articles in the field of sociology, migrations, crossborder issues and social networks. Email: estrellagualda@gmail.com
PAP0862 - IDENTIDADE CULTURAL E POLÍTICA CULTURAL EM TIMOR-LESTE
Este comunicação procura explorar, por um lado, as preocupações do Estado e da sociedade civil timorenses sobre a relação entre a identidade cultural e a política cultural. De facto, em muitos países, por exemplo, a questão da identidade cultural tem sido considerada como um objectivo de política cultural (Conselho da Europa 1997:45-46; Bradley 1998:351-367; Burgi-Golub 2000:211-223). Questões do multiculturalismo, a diversidade cultural e da globalização cultural estão intimamente ligadas à questão da identidade cultural (Jong 1998:357-387; Held et al 1999:328-375; Tomlinson 1999; Bauer 2000:77-95). No entanto, as características e as causas da questão da identidade cultural variam, dependendo das características dos países em que a identidade cultural é formulada e transformada. Estas diferenças podem, portanto, afectar a maneira como o governo trata da questão da diversidade cultural e identitária. Além disso, a política cultural em todo o país tende a mudar de acordo com as mudanças nos vários contextos da política cultural (Bennett 1995:199-216; Kim 1999:1-19), a política de identidade cultural pode ser vista nas diferentes fases da política cultural. Por outro lado, centra-se na forma como o governo timorense tentou lidar com a questão da identidade cultural através da evolução da política cultural. Em primeiro lugar, as principais questões da identidade cultural serão identificadas em função da política cultural. Pretende discutir-se sobre como a questão da identidade cultural afectou a política cultural. Procuraremos identificar as características distintivas da política cultural timorense e como o próprio governo desenvolve e realiza os seus objectivos políticos através da evolução da sua política cultural. Ao fazê-lo, o trabalho irá considerar os objectivos da política cultural indicados nos planos globais de política cultural, como estabelecido pelo governo junto do seu Secretário de Estado e Cultura de Timor-Leste, desde o ano de 2002 até à presente data. Além disso, nesta comunicação focalizar-se-ão também os programas do governo de cariz cultural e do conteúdo dos discursos formais das autoridades sobre a política cultural do país.
- PINTO, Filomena da Imaculada Conceição
PAP1500 - IMPACTOS DA PROFISSÃO MILITAR NOS PADRÕES FAMILIARES: RECONFIGURAÇÕES A PARTIR DO CASO PARTICULAR DO COMANDO DE INSTRUÇÃO E DOUTRINA
As Forças Armadas (FA) são um dos pilares mais relevantes em qualquer Estado e a especificidade da profissão militar, reforça a pertinência deste estudo, inserindo-o numa temática ainda pouco desenvolvida em Portugal. Concomitantemente, na actualidade a reconfiguração das FA emerge como uma incontornável realidade numa sociedade que se caracteriza por um elevado grau de insegurança/instabilidade associado um novo perfil de risco e de ameaças difusas. As mudanças que se fazem sentir a nível de estrutura, organização e doutrina das FA têm evidentes repercussões, directa ou indirectamente, na sociedade no seu todo assim como nas suas principais instituições sociais. É o caso da instituição família, mas muito em particular da denominada Família Militar pela diferenciação desta profissão face aos demais contextos profissionais.Decorrente deste pressuposto, pretende-se contribuir para uma melhor compreensão sobre o impacto da profissão nas famílias dos militares do Comando de Instrução e Doutrina (CID). Dada a multidimensionalidade do conceito Família Militar, no presente estudo foram destacadas algumas das suas dimensões, que são condicionadas pela noção de solidariedade - resultante de todos os militares estarem sujeitos a determinadas contingências profissionais – e cujos efeitos no contexto familiar sempre têm demarcado as dissemelhanças entre o grupo militar e demais profissionais. O presente estudo baseia-se numa abordagem intensiva, a partir da recolha de informação através de inquéritos por entrevistas e questionários junto de militares, e intergeracional, o que possibilita a identificação de similitudes e diferenças entre a família militar no contexto das guerras coloniais e das actuais missões militares. As condutas destes profissionais são condicionadas por regras e normas inerentes à especificidade da sua profissão, afectando de forma significativa o dia-a-dia do meio familiar, numa permanente reconfiguração das FA no seio de uma sociedade em constante e rápida mudança.
- BALTAZAR, Maria da Saudade

- SALVADOR, Rafaela

MARIA DA SAUDADE BALTAZAR é professora auxiliar, com nomeação definitiva, do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e investigadora integrada no CESNOVA – FCSH da UNLisboa e colaboradora do CISA-AS da UÉvora. Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora, em 1990, Mestre em Sociologia pelo ISCSP - Universidade Técnica de Lisboa, em 1994 e Doutorada em Sociologia pela Universidade de Évora, em 2002. É Auditora de Defesa Nacional (IDN/Curso 2006). Tem diversas publicações sobre as áreas a que correspondem os seus principais interesses de investigação: Segurança, Defesa e Forças Armadas; Desenvolvimento; Planeamento (metodologia e instrumentos de intervenção). Tem coordenado e constituído várias equipas de investigação de projetos nacionais e internacionais sobre desenvolvimento regional e local, prospetiva, planeamento, intervenção comunitária e relações civil-militares. Tem uma vasta experiência no acompanhamento e apoio técnico a projetos de intervenção comunitária. Tem exercido diversos cargos de gestão na Universidade de Évora, entre os quais Diretora de vários cursos e do Departamento de Sociologia.
Rafaela Sofia Ferreira Salvador é Licenciada em Sociologia, pela Universidade de Évora, tendo concluído o curso em 2010. Participou ativamente nas atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Estudantes de Sociologia da Universidade de Évora. Tem uma publicação na sua principal área de interesse de investigação: Forças Armadas. Colaborou com as equipas de investigação e técnica num projeto de desenvolvimento local, participação que fomentou o interesse pela área do desenvolvimento local e planeamento estratégico, assim como o contato com a população do concelho desencadeou o interesse pela área das políticas de integração e exclusão social.
PAP1413 - INCLUSÃO SOCIAL: MELHORIA NA QUALIDADE DE VIDA E SATISFAÇÃO DA COMUNIDADE DO ASSENTAMENTO ACOCI EM CAMPOS SALES–CEARÁ-BRASIL.
A política fundiária no país desenvolveu-se sob um histórico de acumulação de terras e imprecisões quanto à reforma agrária. Em busca de melhorar essa situação, projetos e políticas de inclusão social foram realizados. Sob análise ao assunto, destacamos o caso do Assentamento Acoci. O objetivo foi analisar a qualidade de vida e satisfação da comunidade do assentamento a partir da importância do crédito, advindo de políticas públicas e de programas de inclusão social. Como metodologia, utilizou-se bibliografias sobre o tema, além da coleta de dados pela pesquisa de campo, com a aplicação de 53 questionários na população de 240 famílias. Para avaliação do Índice de Qualidade de Vida dos Assentados (IQVA) - antes e após o crédito, a referência foi Monte, 1999 apud Oliveira (2000); e como variáveis: consumo, saúde, educação, moradia, lazer e trabalho (renda). A diferença entre o IQVA1 e o IQVA2 foi de 0,4207. No teste de hipótese, nível de significância de 5% com “t” de Student, verificou-se uma diferença entre os índices nos dois momentos. Constatou-se mudança considerável na melhoria do nível de qualidade de vida dos assentados do Acoci, centrada na participação de políticas públicas intensificadoras do crédito na comunidade.
- SANTOS, Francivaldo Pereira dos
PAP0336 - INDIANIDADE E A LUTA PELA “MÃE TERRA”: articulação de resistências latifundiárias e políticas agrárias na re-fundação do Estado Plurinacional de Bolívia (2006-2010).
Nadie niega que en estos tiempos actuales América del Sur está viviendo cambios, innovaciones y rupturas históricas, en el caso boliviano, la demanda por el acceso a la tierra fue una de las largas luchas de los pueblos indígenas contra el Estado monocultural y “blancoide”. Hasta mediados del siglo XX, la Reforma Agraria de 1952 frustrada e inconclusa, no transformó las estructuras agrarias coloniales de la posesión de la tierra.
En ese sentido, el actual proceso que vive Bolivia de reformular su institucionalidad, de sacudirla de su peso colonial, (neo)liberal e imperial y re-fundarla desde abajo, para que realmente refleje y represente la diversidad de sus pueblos, dio paso a la creación del Estado Plurinacional Comunitario, Descentralizado y con Autonomías Indígenas, que no sólo intenta desestructurar el sistema de clasificación social basada en una jerárquica racial de blancos e indios; sino, con las nuevas lógicas de gobierno mediante el reconocimiento de sistemas “no positivos”, se rompe con las matrices eurocéntricas, canalizando así, a las formas de indianidad como preponderantes en las formulaciones de políticas estatales.
Mientras ocurrían las transformaciones, sobre todo de políticas públicas, existió la resistencia de sectores conservadores a los procesos de atención a las demandas agrarias, iniciadas por el gobierno de Evo Morales en el 2006, es decir, a las políticas de “Reconducción Comunitaria de la Reforma Agraria”, que significó en la reiniciación del proceso inconcluso de la Reforma Agraria de 1952, -esta vez- con un agregado, lo comunitario, en contraposición de lo que fue la colectivización e individualización de la tierra.
Reconducción, porque es un modelo de acceso colectivo a la tierra, diferenciándose de otras experiencias de Reforma Agraria por la definición de formas de uso y acceso de los beneficiarios, no sólo a la Gestión Comunitaria de la Tierra (Madre Tierra) según normas propias de comunidades indígenas, sino también, a los espacios territoriales otorgados por el Estado, que incorporan modelos “no desarrollistas” en el marco del Vivir Bien, que bajo la cosmología indígena significa “sumaq kausay”.
Sin embargo, este modelo fue bloqueado con resistencias racistas hasta xenofóbicas y separatistas, que fueron transversales en cada hecho de conflictividad, acciones que estuvieron promovidas por los sectores conservadores, los mismos articulados a la derecha latinoamericana y europea.
La redistribución de la tierra a favor de familias indígenas quechuas y aymaras (altiplánicas) que se beneficiaron con la dotación de tierras en zonas orientales, ha hecho que los indígenas sean los principales vehiculadores de estos procesos de cambio, empero sufrieron una serie de abusos de rechazo de “grupos de choque”, en un contexto vinculado al agronegocio, a los mercados internacionales, que confluyen los ejes económicos y políticos de la oposición gubernamental.
- LÓPEZ, Wilbert Villca
PAP0529 - ISCO 2008: a nova classificação de profissões em perspectiva
Esta comunicação propõe estabelecer alguns
referenciais em termos de conceitos e
procedimentos de operacionalização que devem
pautar o uso da classificação internacional de
profissões ISCO – International Standard
Classification of Occupations.
A actualização da ISCO em 2008 – depois de 20
anos de utilização intensa da classificação
anterior, que data de 1988 – tem na base a
preocupação de incorporar na nomenclatura
algumas das mutações mais significativas que
atravessam o mundo laboral numa escala global.
Nomeadamente, tendências de inovação
tecnológica e de reposicionamento de sectores
com maior capacidade de influência e decisão,
de emergência de novas áreas de actividade
económica, de novas formas de estruturação da
divisão social do trabalho e de delimitação de
saberes técnicos e periciais.
É pressuposto que no uso da nomenclatura, seja
para fins de produção de estatísticas
institucionais, seja para construção de
indicadores nucleares na investigação, os
agentes que decidem como classificar estejam
bem cientes dos conceitos e critérios que a
mesma tem subjacentes na sua organização. Isto
embora estes não sejam, de facto, definidos de
forma explicita em metainformação. É pois nesta
linha que se situa o principal contributo desta
apresentação: definir conceitos e estabelecer
recomendações operatórias que facilitem a
harmonização, comparabilidade e controlo de
qualidade em momentos-chave de realização de
uma investigação que toma como dimensão
analítica a abordagem dos indicadores
socioprofissionais e o uso da nomenclatura
estandardizada de classificação de profissões.
As orientações e os procedimentos seguidos no
pré-teste do PIAAC em Portugal - Programme for
the International Assessment of Adult
Competencies - servirão como exemplos de boas
práticas na implementação destas orientações.
- MAURITTI, Rosário

- COSTA, António Firmino da
- ÁVILA, Patrícia
Mauritti, Rosário
Docente e investigadora do Instituto Universitário de Lisboa - ISCTE-IUL
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
Interesses de investigação: classes e desigualdades, quotidiano, gerações e estilos de vida
PAP0459 - Idade cronológica e doença como determinantes do envelhecimento bem-sucedido?
O envelhecimento da sociedade é fato universal, suas causas são multifatoriais e diferentes em países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas suas consequências são igualmente importantes do ponto de vista social, médico e de políticas públicas (Kinsella,1996; Paixão e Reichenheim, 2005).
O conceito de envelhecer, emerge do princípio de que inúmeras alterações ocorrem nos seres vivos a medida que esses progridem cronologicamente nos seus ciclos de vida, com crescente probabilidade de alterações fisiológicas que conduzem a manifestação de patologias nos organismos. Somado a esse conceito biomédico, abordagens pluralistas apontam a idéia de que o "corpo deficiente" transcende o fenômeno biológico sendo também um indivíduo socializado e contruído com o passar do tempo.
Sendo as condições de saúde e doença dinânicas e comuns à todos os cilclos de vida, torna-se inadequada a associação da idade ao declíneo das funções do corpo e a prevalência ou não de determinada doença, uma vez já reconhecido que o processo de envelhecimento é altamente variável entre os indivíduos (Botelho 2007). Assim, o desafio torna-se entender as complexas relações entre fatores biológicos e sociais, refinando a análise a partir da percepção do corpo como fenômeno biológico e de produção social (Le Breton, 2006).
Experiências de vida (contexto biológico, social e psicológico) nos conduzem paulatinamente à morte por caminhos distintos, não coincidindo necessariamente com a idade cronológica. Por isso a importância de avaliar o estado de saúde, não só segundo uma perspectiva objetiva (no que se refere ao “corpo físico doente”) mas, sobretudo segundo uma compreensão que abranja o pessoal e subjetivo (Berger e Mailloux-Poirier, 1995).
Conceitos como o envelhecimento bem-sucedido, onde os domínios biofísico, emocional, cognitivo e social estão presentes, ganham cada vez mais notoriedade. Avaliado através de indicadores objetivos e subjetivos, esse conceito enfatiza uma diversidade de condições (aptidão física, saúde, funcionamento cognitivo, estados emocionais e envolvimento social) com caráter positivo durante todo o processo de envelhecimento e na velhice (Fernández-Ballesteros, 2011), impossibilitando a redução deste conceito a indicadores biomédicos.
É essencial compreender como os idosos e outros grupos sociais, descrevem ou percebem o envelhecimento bem sucedido, afim de identificar seus componentes e conhecer a diferença entre a doença no sentido biológico e no sentido de mal-estar (Botelho, 1999).
Portanto, faz-se necessária a reflexão sobre o questionável papel da idade e das patologias como fatores determinantes do envelhecimento bem-sucedido, avaliando a magnitude dessas variáveis na perspectiva objetiva e subjetiva-individual, permitindo a compreensão do impacto dessas variáveis no processo de envellhecimento.
- COELHO, F.M.

- MASANET, E.
- SOUZA, L.
- FONSECA, A.M.G.
- BOTELHO, M.A.
Fernanda Monteiro Coelho
Doutoranda em envelhecimento
Universidade Nova de Lisboa (UNL)
Mestre em biologia do envelhecimento
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Bacharel e licenciada em educação física
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
PAP0596 - Identidade e Ação Coletiva: caracterização do associativismo em jovens recém-licenciados na área de informática.
Este artigo tem por base uma investigação integrada num doutoramento em sociologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, concluído em Junho de 2009.
Analisamos as práticas associativas de recém-licenciados em informática em instituições de ensino superior localizadas na área metropolitana do Porto.
Pretendeu-se situar as práticas associativas no contexto da temática das identidade e da negociação coletiva, obtendo um panorama do conjunto de interesses deste grupo específico da população no que respeita à negociação no e do espaço público. A vertente do associativismo e da identidade é são dimensões de análise dos moldes que caracterizam o exercício da cidadania num grupo da população que reúne todas as habilidades vendáveis para uma integração no mercado de trabalho em termos internacionais e para uma participação e na lógica conexionista que carateriza os fluxos que correm em termos planetários.
Este grupo da população é entendido aqui como um indicador de práticas e representações de uma sociedade em transição para a sociedade em rede, proto-industrial e proto-informacional.
Assumindo a negociação coletiva como uma das formas de destradicionalização individual, coletiva e institucional,avaliamos continuidades entre características estruturais nacionais e os desafios que se apresentam em termos de mudança social, num contexto de incerteza e de risco.
As tecnologias de informação e comunicação apresentam um conjunto de possibilidades, insuspeitadas à algum tempo atrás, em termos do alargamento da negociação coletiva, pelo que a avaliação do interesse pela arena política da negociação do espaço público pode ser aferido não só pela identificação dos cidadãos com temáticas e interesses individuais e coletivos, ou ainda com instituições nacionais e supra-nacionais, mas também por praticas associativas tradicionais ou de tipo novo, estas últimas vocacionadas mais para a mudança social e para as temáticas dos novos movimentos sociais do que para a preservação de traços culturais tradicionais.
Apresentam-se dados numéricos de modo a caracterizar as referidas práticas associativas, cruzadas com indicadores de caracterização social, evidenciando-se continuidades e transformações entre instâncias de estruturação de habitus primário e secundário.
Mais do que abordar a integração destes cidadãos pela via do trabalho, perspectiva-se um exercício da cidadania contemplador de outras dimensões que caracterizam o social para além do económico, num exercício de imaginação sociológica que pretendeu ligar o «local» (mão-de-obra, espaços concretos de lugares,significações construídas em torno de traços culturais,históricos e geográficos estruturas nacionais, «nível» de desenvolvimento nacional e local, vontades individuais)
e o «global», o espaço dos fluxos, e a sua intemporalidade e simultaneidade.
- MORAIS, José Carlos Pereira de

José Carlos Pereira de Morais licenciou-se em sociologia no ISCTE em 1992. Conclui mestrado em sociologia na FLUP em 1997. Posteriormente concluiu Doutoramento em Sociologia pela Universidade do Porto em 2010. É Professor Coordenador no Instituto Superior Politécnico Gaya, sendo professor do ensino superior desde 1997. Publicou 7 artigos em revistas especializadas e 4 trabalhos em atas de eventos, possui 1 livro publicado. Atua nas áreas de Ciências Sociais com ênfase em Sociologia e Humanidades com ênfase nas problemáticas das exclusões sociais contextualizadas na sociedade em rede. Os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: Políticas Sociais; Exclusões Sociais; Democracia; Lógica Conexionista; Sociedade em Rede; Desenvolvimento; Associativismo; Acesso ao Ensino Superior; Cidadania; Democracia; Ensino Superior; Ética.
É investigador do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Ispgaya, perspetivando o contínuo envolvimento em projetos de investigação vocacionados para o desenvolvimento e mudança social.
PAP1548 - Identidade e bem-estar: desemprego em fim de carreira profissional
O desligamento da vida profissional pode ainda privar de contextos fundamentais para um sentido de pertença e identidade. Em virtude de mecanismos vários de exclusão, a perda do emprego em fim de carreira profissional pode significar um fim antecipado da vida ativa com consequências nas condições e estilo de vida (Gallo et al., 2000), bem como da saúde mental e física numa população eventualmente mais vulnerável. Apesar destas constatações os efeitos do desemprego em portugueses com mais de 50 anos estão ainda por aprofundar do ponto de vista sociológico. Este estudo pretende focar precisamente esta população de ativos entre os 50 e os 64 anos de idade que perdem o trabalho pago ao nível do seu bem-estar psicológico e da sua (re) definição identitária. Para o efeito foram recolhidas histórias de vida através de entrevistas semi-estruturadas a homens portugueses desempregados com profissões pouco qualificadas. Da análise das entrevistas e dos percursos profissionais e pessoais retira-se que os efeitos percebidos do desemprego ao nível do bem-estar são menos visíveis quando há ausência de compromissos financeiros; quando o evento é percebido como libertador das restrições do trabalho; quando existe possibilidade de optar pela pré-reforma sem grande perda de rendimentos e é interiorizado um estatuto de reformado ou pré-reformado ao invés de desempregado; ou quando os indivíduos se percebem como “velhos”. O estatuto perante o mercado de trabalho está interligado com diferentes fases do ciclo de vida e o envelhecimento está ainda associado ao desligamento dos papéis da vida adulta como o profissional. Contudo, o desemprego e subsequente exclusão precoce do mercado de trabalho é percebido como a traição a um compromisso social tácito de acesso ao emprego, bem como a um curso de vida “normal”. Para obviar alguns dos efeitos nefastos do desemprego, estes ativos são obrigados a incorporar uma identidade de pessoa “idosa” e inativa que dá lugar aos “novos”
- NEVES, Rita Borges
PAP0278 - Identidade(s) e mobilidade(s)
A comunicação proposta estruturar-se-á em torno de três questões:
1) Práticas e representações da (auto) mobilidade
2) As formas pelas quais a materialidade da mobilidade modela a sua percepção
3) Mobilidade como muito mais do que Movimento
Partindo de uma perspectiva mais individualizada da experiência de mobilidade metropolitana evolui-se para uma perspectiva sociológica sobre os modos e as formas em que as pessoas se movem na metrópole. A materialidade das viagens, (construída a partir das opções particulares quanto aos modos de transporte, as temporalidades, as paisagens, as atividades efectuadas e o binómio presença(s)/ausência(s)) define percepções e representações da mobilidade em geral, enquanto experiência quotidiana mas também enquanto conceito e valor social. Por outro lado, a moblidade dos actores é o resultado ou produto da construção social de mobilidade, intensamente moldada pelos discursos sobre a(s) mobilidade(s). Na terceira questão, que é uma das conclusões da nossa investigação de doutoramento, vou argumentar que a mobilidade se tornou muito mais do que o movimento ou deslocação de pessoas e bens e que a materialidade da mobilidade pode ser expressão simbólica das alterações da estrutura social. O movimento social de passagem das deslocações de transporte público ou colectivo para o privado/individual é concomitante com o processo de terciarização e a transição do “blue” para o “white collar” e presentemente a mudança social é moldada também pela forma como as pessoas se movem nas cidades. As formas materiais que a mobilidade urbana assume pode ser a expressão de um empoderamento social, sustentando e legitimar posições sociais. Face a isto, levanta-se a questão numa sociedade capacitista (Pereira, 2008), que valoriza a (auto)mobilidade e a pressupõe nos seus agentes, que espaço urbano para os “auto excluídos”?
- OLIVEIRA, Catarina Sales de

Catarina Sales Oliveira
UBIF - aculdade de Ciências Sociais e Humanas - Departamento de Sociologia
Sociologia do Trabalho, das Organizaçoes e do Emprego ISCTE - IUL
Mobilidades, Transportes e Ambiente
Organizações e género
PAP0622 - Identidade, Trabalho Docente e a expansão do ensino superior público no Estado do Ceará – Brasil.
As transformações econômicas e educacionais em consonância com as “novas” exigências sociais ocorridas na sociedade brasileira desde meados da década de 1990 têm provocado mudanças significativas na estrutura, no funcionamento e na reconfiguração do ensino superior no Brasil. Múltiplos olhares, sociológicos, geográficos, educacionais, econômicos e políticos se voltaram a esta temática com a finalidade de debater, prioritariamente, a expansão deste nível de ensino – tanto espacial como educacional -, os impactos sociais e urbanos, as condições estruturais e organizacionais para este crescimento acelerado, as políticas públicas educacionais além, claro, dos custos (investimentos) necessários para promover e executar tamanha política.
Entendemos que todas essas contribuições são fundamentais para a real compreensão deste fenômeno. Todavia, percebemos que as Instituições de Ensino Superior – IES - (sobretudo no estado do Ceará – locus desta pesquisa) eram geograficamente “amarrados” a um lugar específico (ou em poucos lugares), têm se tornado cada vez mais errante numa extensão sócio-espacial sem precedentes; em decorrência, tem havido vasta migração e/ou mobilidade de profissionais – na maioria das vezes iniciantes na carreira docente – oriundos de várias cidades brasileiras em busca tanto de estabilidade quanto de realização profissional. Há desta forma um duplo desenraizamento: um movimento das instituições de ensino superior (tanto pública quanto privada) em direção a pessoas e às cidades menores; e um movimento de pessoas em busca de trabalho. Esta combinação tem modificado as características das cidades e o perfil pessoal e profissional dos professores universitários que desenvolvem ou buscam desenvolver suas atividades nestes ‘novos’ locais.
Desta forma, acreditamos que estas transformações têm provocado ainda, profundas mudanças no trabalho docente e no perfil destes profissionais Neste sentido este trabalho propõe uma reflexão teórico-metodológica acerca da (re)construção das identidades ocupacionais e sociais mediadas pelo processo de des-re-territorialização, fundamentadas nas idéias de mobilidade e migração, pois consideramos que ambas fazem parte do cotidiano dos sujeitos pesquisados.
- PINHEIRO, Carlos Henrique Lopes
PAP0334 - Identidades e cirurgia plástica no contexto do multiculturalismo
O que haveria de novo na redefinição do corpo e dos traços fenótipos étnicos de imigrantes por meio de cirurgias plásticas? Como poderíamos pensar a intervenção cirúrgica como estratégia
identitária? Quais seriam os significados sociológicos desse“acontecimento”, cada vez
mais recorrente, no contexto do debate sobre multiculturalismo? Trata-se de uma expressão da liberdade de escolha e de adesão às identidades na chamada sociedade pós-moderna? Ou seria mais
pertinente ver nesse procedimento cirúrgico um limite para a idéia de pluralidade das identidades?
O objetivo do presente trabalho é estabelecer as bases de um estudo que contribua para o debate sobre os limites da liberdade dos sujeitos sociais e sobre aspectos da construção de suas identidades
descentradas e móveis. A recorrência à cirurgia plástica como recurso de redefinição da identidade pessoal não é recente. O presente trabalho tem como objeto de estudo o uso de cirurgia plástica por imigrantes nas passagens do século XIX para o XX e do XX para o XXI. A pesquisa foi realizada com base em pesquisa bibliográfica e reportagens de jornais publicados na internet. Como resultado, o estudo aponta que na passagem do século XIX para o XX, as cirurgias plásticas podem ser compreendidas como recurso de afirmação de identidades centradas e unívocas legitimadas científica e politicamente por idéias como a de superioridade racial e evolução social. Já na transição do século XX para o XXI, as intervenções cirúrgicas para mudar traços físicos se constituem como estratégia que não elimina a possibilidade de adesão a outras identidades (gênero, orientação sexual etc.). Não obstante estas diferenças, as cirurgias plásticas realizadas por imigrantes, nos dois contextos, possuem em comum o fato de serem motivadas pela necessidade de “apagar” marcas corporais que denunciam sua condição de estrangeiros o que pode representar obstáculos para sua inserção nas sociedades receptoras.
- ENNES, Marcelo Alario
PAP0323 - Identidades econômicas face a projetos políticos: a construção e institucionalização da categoria do empreendedor no Brasil
Empreendedorismo, especialmente após a seminal coletânea de Richard Swerberg (2000), vem gradualmente chamando a atenção de cientistas sociais. Entretanto, trabalhos sociológicos concentram-se quase que exclusivamente nas dimensões econômicas da atividade empreendedora (por exemplo, taxas de criação e destruição de empresas; processos de inovação; redes sociais de empreendedores). Em contraste, pouca atenção se dá ao papel simbólico do empreendedor no imaginário social e aos modos de vida que epitomizam o discurso, a prática e a indentidade empreendedora; um relapso que reflete um justificado receio de caricaturização identitária seguido pela sugestão de cautela de Gartner (1988), para quem a pergunta “quem é um empreendedor?” é improfícua e potencialmente essencializante. Entretanto, o presente trabalho examinará o aspecto identitário desse ator econômico e buscará uma maior compreensão da construção discursiva de identidades (e sua concomitante institutionalização) por diversas instituições, embora com o devido cuidado de evitar o retorno a estudos sobre a personalidade empreendedora (comum nas décadas de 50 e 60 durante o apogeu do comportamentalismo nos Estados Unidos). Este artigo focalizará no estudo de caso do Brazil, país em que a noção de empreendedorismo é relativamente recente e intrinsicamente conectada ao datado movimento de redemocratização e liberalização econômica que se deu desde o final dos anos 80 (Colbari, 2006). Esta comunicação articulará as diversas searas de construção identitária empreendedora – econômica, política e educacional – e prestará especial atenção a discursos políticos institucionais que propõem e legitimam políticas de desenvolvimento econômico que atribuem um "papel nacional” ao empreendedor e a outros significados e valores associados a seu estatuto. É assim que se examinará a convergência entre processos políticos e a constituição de uma categoria social que encarna representações sociais, políticas e cognitivas (Boltanski, 1982). O papel político, cultural e econômico projetado no empreendedor por políticas desenvolvimentistas nos permitirá compreender a construção coletiva do sistema de representações da identidade empreendedora, apaziguando recentes aportes teóricos que insistem na natureza individualista moderna da constituição de aspectos identitários.
- COUTINHO, Aline
PAP1269 - Identidades em terreno cultivado: A experiência do outro na literatura lusófona
Esta comunicação pretende dar sequência a uma investigação em curso, e que teve uma primeira expressão pública no último Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. A proposta é a de trabalhar em torno das representações identitárias presentes em obras literárias de expressão lusófona. A este primeiro critério, de natureza linguística, juntam-se outros dois na definição do corpus analítico sobre o qual trabalharemos. Consideraremos apenas obras publicadas posteriores a 1974 e que, na sua narrativa, envolvam mais que um espaço lusófono. O objetivo fundamental é o de perceber de que forma – e num território menos vigiado como é o da literatura, em confronto, por exemplo, com o ensaio académico – se pensa e recria a relação entre o mesmo e o outro. Seja a partir da guerra colonial – como em Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes, por exemplo – seja com base na interpretação das relações coloniais oitocentistas – como em Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa, por exemplo – encontramo-nos perante um conjunto de representações identitárias, através das quais é possível observar a dinâmica das relações entre povos que se cruzaram cedo na história e nela continuam entrelaçados, pelo menos graças ao uso de uma língua comum.
- CUNHA, Luís

Luís Cunha, docente na Universidade do Minho e investigador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), tem realizado investigação sobre memória social, constituindo a fronteira um dos temas que tem abordado nesse âmbito. A outra área de investigação de que mais se tem ocupado é a das identidades nacionais, trabalhando sobre várias vertentes do tema. Uma dessas vertentes, de que ultimamente se tem ocupado, prende-se com as representações da lusofonia.
PAP0751 - Identidades profissionais no campo do trabalho social e a mudança de paradigma nas organizações do Terceiro Sector
Nesta comunicação, analisaremos a relação entre os recentes desenvolvimentos no campo profissional do trabalho social, analisando a evolução da respectiva formação superior, e o contexto organizacional do Terceiro Sector, na sua recente transformação. Quanto ao campo profissional, adoptamos a concepção francófona com base em Chopart, que se centra no conceito de intervenção social, entendido como o conjunto de actividades exercidas em contexto organizado que visem “pessoas ou públicos com dificuldade de integração social ou profissional numa perspectiva de ajuda, de assistência ou de controlo, de mediação ou de acções de animação ou de coordenação” (2003: 17 [itálico do autor].). Em detrimento da visão anglo-saxónica que inclui neste campo profissões da área da saúde, como os enfermeiros, pondo a tónica na satisfação das necessidades dos clientes no desenvolvimento da prática profissional (Abbot e Meerabeau, 1998).
Em Portugal, as profissões do trabalho social têm-se vindo a organizar internamente de forma fragmentada, em associações específicas a determinadas profissões, como assistentes sociais, educadores sociais, entre outros. Concomitantemente, assistimos a uma proliferação na oferta de formação superior nestes domínios. Das listagens de oferta formativa da DGES, seleccionamos 59 cursos de licenciatura ministrados nos vários tipos de ensino, entre os quais ressalta a formação em Serviço Social, com 26 cursos, em Educação Social, com 13 cursos, e em Animação Sociocultural, com 10 cursos (DGES, 2011). Entendendo o contexto organizacional como espaço de redefinição (Queirós, 1994:4) das práticas profissionais, escolhemos aqui o Terceiro Sector, pelo papel central que lhe é dado na literatura sobre inovação social e empreendedorismo social, associados à prossecução da mudança social que, em última análise, é também o propósito do trabalho social, na sua actual acepção (Carvalho, 2006).
Deste modo, equacionaremos de que forma as teorias da Inovação Social e do Empreendedorismo Social são basilares no entendimento do Terceiro Sector, enquanto campo em transformação, afectado pelas mudanças na política social e nas relações intersectoriais, e a nível interno, marcado pela emergência de orientações metodológicas estruturantes de uma intervenção mais integrada e sistemática, proporcionadas pela profissionalização da mão-de-obra (Ferreira, 2000). Ora, o desafio desta comunicação é o de apresentar a articulação entre duas dimensões fulcrais na concretização do trabalho social em Portugal, a saber, a formação e o contexto organizacional.
- DIOGO, Vera Lúcia Alves Pereira

"Vera Diogo é Doutoranda em Sociologia na Faculdade de Letras da UP, Mestre em Riscos, Cidades e Ordenamento do Território pela mesma faculdade, e, licenciada em Sociologia pela Universidade do Minho, desde 2006.Tem alguma experiência profissional e voluntária em organizações do Terceiro Setor, em Portugal e na Turquia. Faz parte da equipa de acompanhamento de estágios do curso de Educação Social - Pós Laboral da ESE do Porto, onde também lecciona Sociologia das Organizações. Os seus interesses de investigação têm se concentrado nas temáticas do Trabalho Social, Empreendedorismo Social, Educação para o Empreendedorismo, Ensino Superior, Terceiro Setor, Inovação Social, Habitação Social e Exclusão Social."
PAP0210 - Identities, Knowledge and Life-World: The case of Portuguese Social Movements
Inspired by diverse philosophical, political and scientific theories, social movements’ actors produce theories about the world and about themselves and the others. They are great doers of knowledge that especially include axiological knowledge, scientific knowledge, everyday knowledge and identity knowledge. Borrowing Raymond Boudon’s sociological language, they generate descriptive ideas (representations of their immediate and more distant environment, positive collective beliefs) and prescriptive ideas (evaluations, normative and axiological collective beliefs). Thus, they carry out an important cognitive activity that both precedes and orients concrete actions but also that is built from the latter. They think about themselves and theorise on who they are, where they come from and on who they should be. They follow a temporality in which the past (their social origins), the present (their current life) and, more significantly, the future or the becoming (projections of invented and desired selves that can become possible and be concretised within forthcoming projects and actions) are intellectually reworked but not necessarily in a linear way. By this reflexive process, they necessarily come to define the Other as well.
Their cognitive praxis converts their movements into public spheres, areas of public life or life-world open to the (in)formation, communication and debates on public issues. To speak with Jürgen Habermas, they construct “communicative reason” as when they denounce “instrumental rationality” under its economicist and neoliberal variant or when they call into question globalisation in its current and hegemonic form. Movements are places for “ideal speech situation”, that is, for rational discussion and criticisms, notably via assemblies, print and virtual media.
Furthermore, identities and knowledge are always socially situated. In that sense, it is relevant to regard the sociocultural context wherein the movements take place and to observe the dialectic between identities/knowledge and society. The sociology of identity and of knowledge along with further theoretical approaches will be particularly significant for understanding and explaining these movements.
Thus, in this paper, I shall observe and analyse the formation of identities and knowledge (notably values), and the life-world within current Portuguese social movements.
- MASSE, Cédric

Trained in social sciences, notably in anthropology and sociology, Cédric Masse is working on topics related to social movements, non-governmental organisations (NGOs), civil society. More precisely, he is currently doing research on alter-globalisation and social movements in Portugal as part of a doctoral thesis in sociology at the Institute of Social Sciences of the University of Lisbon and with the financial support of FCT. This study also deals with sociology of action, knowledge and identity from an epistemological perspective. He published a book entitled Les organisations non-gouvernementales face aux gouvernants: Les rapports majeurs des ONG avec l’ONU, la Banque Mondiale et la Commission Européenne (2007, Paris, Editions Le Manuscrit).
PAP0133 - Ideologia gerencialista e instabilidade no terceiro setor
O terceiro setor, formado por organizações privadas de interesse público, cresce em tamanho e relevância no Brasil. Há uma ligação histórica dessas organizações com a benemerência, o humanismo e a luta por direitos. Entretanto, o crescimento dessa população organizacional tem gerado competição por recursos, com a consequente busca por sistemas e modelos gerenciais que possam viabilizar a sobrevivência de cada organização via vantagens comparativas associadas à eficácia, eficiência, efetividade e posicionamento de marca. Neste contexto, nota-se uma crescente adoção de modelos importados do segundo setor – privado de interesse privado. Entre os elementos importados, destacam-se modelos de gestão movidos pela ideologia gerencialista, orientada por uma racionalidade finalística e marcada por processos de hipercompetição, aceleração, quantofrenia e precarização das condições de trabalho. Também se investe no culto à excelência e na mobilização psíquica do sujeito como formas de se manipular a pessoa como recurso estratégico da organização. Tal ideologia conflita com a racionalidade substantiva, baseada em valores e ética, geralmente ligada à fundação e à manutenção de organizações do terceiro setor. Desenvolveu-se pesquisa qualitativa, baseada em entrevistas com profissionais do terceiro setor, para fazer emergir, por meio da análise de conteúdo e do discurso, a percepção dessas pessoas sobre o fenômeno em questão. Os resultados mostram que a ideologia gerencialista foi, pelo menos nos casos estudados, assimilada pelo trabalhador; que as relações de trabalho estão se precarizando em nome da rentabilidade financeira dos investimentos na organização; que as estratégias de defesa e adesão implicam sofrimento subjetivo e que há distanciamento crescente do terceiro setor de sua identidade histórica de esfera de agenciamento marcada por uma racionalidade substantiva.
- SALIMON, Mário Ibraim

Graduado em comunicação e mestrado em administração pela UnB, Mário Salimon trabalhou inicialmente como repórter e crítico de artes, música e cinema. Posteriormente, assumiu postos de coordenação e consultoria de comunicação em organismos internacionais e fundações como o UNICEF, UNESCO,IICA, UNDCP e AVINA. Em anos recentes, dedicou-se aos estudos relacionados à gestão da estratégia e ao gerencialismo no Terceiro Setor, além de manter suas carreiras de consultor, cinedocumentarista e compositor.
PAP1154 - Idoso, velho e velhice.
A definição de idoso tem se transformado
rapidamente na sociedade brasileira – como em
outros países – com as transformações sociais,
econômicas, políticas e dos valores associados
às etapas da vida. Nesse sentido, a proposta
desse trabalho trata-se de discutir preceitos
sociais em que ideias do que é idoso, velho,
velhice e envelhecimento têm ganhado nos
últimos tempos, a partir da pesquisa concluída
de mestrado sobre uma política pública
habitacional alternativa, chamada de Repúblicas
de Idosos de Santos, e, ainda, dos Conselhos
(Municipais e Estaduais) de Idosos de Santos e
São Paulo e das Conferências de Direitos da
Pessoa Idosa realizados em 2010, campo de
pesquisa de doutorado, em andamento. Nos dois
casos, pontua-se fortemente elementos como
protagonismo, independência e a participação
política do idoso em busca de seus direitos.
É, dessa forma, que esse trabalho pretende
problematizar os preceitos sociais em que a
velhice contemporânea está imersa e se
atualiza. Tal modelo prima por fundar-se uma
noção de idoso diretamente oposta a de velho.
As Repúblicas é um projeto promovido pela
prefeitura municipal em que dez idosos dividem
uma casa, gerenciam suas contas, tarefas
domésticas e possuem a chave de casa. Essas são
as vantagens ressaltadas pelos agentes da
prefeitura. Mais do que uma moradia, refere-se
a um estilo de vida e de desenhar um modelo de
velhice em que atividade, autonomia e
independência são valorizadas. Se essa
concepção é fundada na direção de extrapolar a
ideia de velho, na direção de valorizar
perspectivas e possibilidades de vivências,
cria-se também um modelo muito bem definido de
perfil do candidato, em que a juventude
permanece referência de estilo de vida.
Os Conselhos de Direitos dos Idosos são
espaços em que se discutem propostas de
políticas públicas e fiscaliza as ações do
Estado. Tais propostas estão diretamente
relacionadas com ao modelo democrático de
gestão estatal e controle das ações promovidas
para essa população. Em 2010, acompanhei
assembleias gerais ordinárias mensais dos
Conselhos Municipais das cidades de Santos e de
São Paulo e do estado de São Paulo. Além disso,
as Conferências são realizadas com certa
periodicidade, com a finalidade de chamar a
sociedade civil para discutir e propor novas
sugestões de política pública. O campo abrangeu
aquelas relacionadas aos conselhos estudados,
além da nacional no mesmo ano.
Os casos estudados nas pesquisas de mestrado e
de doutorado apresentam políticas pensadas pelo
Estado que revelam valores, ideais e estilos de
vida associados ao modelo de velhice em voga.
- OLIVEIRA, Glaucia S. Destro de

Estudante de doutoramento em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), na linha Cultura e Política, desenvolve pesquisa sobre discursos de velhices em políticas sociais, sob orientação da profa. dra. Guita Debert. Defendeu o mestrado em março de 2009 em Antropologia Social na Universidade Estadual de São Paulo (USP), sob orientação do prof. dr. Júlio Simões, e é bacharel em Sociologia e Antropologia, além de licenciada em Ciências Sociais também pela UNICAMP.
PAP0720 - Igreja Universal: criação de novos espaços e estratégias no campo religioso
A Catedral da Fé, também conhecida como Templo Maior, da IURD – Igreja Universal do Reino de Deus, sede da instituição no Rio de Janeiro, Brasil, foi construída com materiais de construção oriundos de Israel. Configura-se aqui um fenômeno de transnacionalização do sagrado, mas de uma maneira específica: o bem simbólico não necessita ser o mesmo existente em Jerusalém, ou seja, um pedaço, ou fragmento do muro dito original, mas apenas ser oriundo do mesmo local. Dessa forma, segundo os esquemas de percepção de muitos fiéis, os bens simbólicos que ali circulam carregam um sentido de sacralidade, inerente ao seu local de origem e também são ressignificados de acordo com a lógica local. A existência desse tipo de espaço garante à instituição religiosa uma eficaz estratégia de capitalização simbólica dentro do campo religioso. Afinal, pessoas de diferentes denominações passam a circular dentro da Igreja e algumas chegam até a frequentar algum culto, mesmo que de forma esporádica, o que constitui também uma importante estratégia para obtenção de fiéis e/ou simpatizantes à instituição. Em 2008, a IURD inaugurou o CCJ - Centro Cultural Jerusalém, que conta com uma maquete de 736 m² da cidade antiga de Jerusalém, do séc I. O segundo andar do Centro Cultural abriga exposições itinerantes e também tem espaço para uma exposição fixa. A comunidade judaica pediu muito à direção do Centro e a exposição sobre o Holocausto, que a princípio era itinerante, tornou-se fixa, assim como a exposição sobre a formação de Israel e o movimento sionista. Dessa forma, a Igreja Universal passa a adotar símbolos ditos judaicos em seus rituais, com o propósito de aumentar a fé e aproximar o homem de Deus. É importante ressaltar como a IURD passa, com esses espaços, na liminaridade entre o religioso e secular, a formar um determinado circuito religioso nacional e até mesmo transnacional, promovendo uma circulação de agentes de instituições distintas, que mesmo sem integrar o corpo de fiéis, reconfigura a posição ocupada pela Universal no campo religioso e lhe confere o monopólio de distribuição de bens simbólicos ditos judaicos, um fenômeno cada vez mais marcante nas religiões ditas evangélicas, que vem adotando tais signos em seus rituais. A circulação de agentes ditos judaicos em uma instituição vinculada à Universal passou a legitimar os bens simbólicos vendidos na loja de souvenires e também diversos cultos e campanhas promovidas pela Igreja. Dessa forma, protestantes históricos passaram a frequentar o Centro Cultural, a adquirir bens simbólicos no local, já que a presença judaica concedeu à IURD certo monopólio na produção e distribuição de signos ditos judaico, por meio da criação de um ambiente laico, para certos agentes, mas que mantem traços religiosos, para publicização da IURD.
- GUTIERREZ, Carlos
PAP0053 - Igualdade como meta na obra de Ronald Dworkin
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento
Humano (RDH) do Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), cerca de 2,6 bilhões
de pessoas vivem com menos de US$2 por dia
(PNUD, 2007/2008, p. 90), e o estado de pobreza
torna estas pessoas ainda mais suscetíveis às
perdas geradas por impactos das mudanças
climáticas. Sem investimentos públicos, decisão
política e programas de proteção e recuperação,
estas populações serão levadas a novas
restrições de consumo e desenvolvimento,
ampliando as estatísticas de desigualdade de
acesso aos recursos mínimos necessários a uma
vida digna. Apesar dos relatórios indicarem
níveis de pobreza calamitosos em um mundo de
alta tecnologia e grandes conquistas
científicas, a pobreza absoluta de milhões de
seres humanos não está proibida em nenhuma
legislação, embora muitas tenham adotado a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
prega a igualdade explicitamente em seus
artigos 1º., 7º., 10º., e 23º. , e o direito à
vida, no seu artigo 3º. e estabeleça nos
artigos 22 e 25, respectivamente, o direito de
“exigir a satisfação dos direitos econômicos,
sociais e culturais indispensáveis” e “Toda a
pessoa tem direito a um nível de vida
suficiente para lhe assegurar e à sua família a
saúde e o bem-estar, principalmente quanto à
alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à
assistência médica”.
Conforme aponta Luiz Moreira (DWORKIN 2005, P.
XXV) “Embora Dworkin parta de uma perspectiva
britânico-americana, sua reflexão almeja
validade universal”. Assim como Amartya Sen e
John Rawls, Dworkin relaciona igualdade com
liberdade, pensando sobre a superação do estado
atual de extrema desigualdade econômica e
social. Para o autor, a diminuição das
desigualdades sociais é uma meta que não pode
ser abandonada e sua obra, ao analisar os
aspectos teóricos e as possibilidades de
aplicação prática de sua teoria, pretende
contribuir para a construção de uma sociedade
mais justa, sem negar as diferenças.
- CARMO, Carolina
- FERREIRA, Maria
PAP1333 - Iliteracias Digitais, Uma Perspectiva Diferente Sobre a Digital Generation
Crianças e jovens são comummente apontados como utilizadores de primeira linha das novas tecnologias, nomeadamente da internet. Contudo, a pesquisa empírica evidencia dificuldades várias que estes “especialistas do online” são passíveis de encontrar ao ser-lhes solicitado o emprego de usos mais elaborados: tarefas como pesquisar informação para trabalhos escolares, ou mesmo avaliar da fiabilidade da informação em geral podem ser complicadas para adolescentes, peritos em redes sociais ou na cultura dos jogos. Isto porque na prática são observáveis diferentes níveis de conhecimentos e competências digitais entre crianças, algo pouco enfatizado e que em parte se deve a um optimismo propagado em torno das capacidades de uma dita homogénea digital generation.
Ao reflectir sobre estes processos, é-se conduzido em última instância para o tema da aquisição de literacias digitais. Estudos recentes indicam que em países com níveis de difusão da internet mais elevados, as iniciativas de promoção da literacia tendem a assumir maior relevo nas agendas políticas. Com efeito, o interesse crescente pela literacia dos media digitais integra-se no mesmo espírito de promoção dos direitos digitais das crianças e do uso positivo do online. Nesta linha, as acções relacionadas com literacia dos media reconhecem crianças e jovens como agentes, daí a preocupação em investir-se em competências online mais complexas e analíticas dos mais novos, lado a lado com as suas capacidades críticas e criativas.
Às questões teóricas acima equacionadas procuramos associar um trabalho em curso, de pesquisa no terreno, para com ele reflectir acerca da agência dos alunos de uma turma de Tecnologias de Informação e Comunicação, de uma escola pública da região da Grande Lisboa, que reúne sobretudo crianças de estratos socioeconómicos mais fragilizados. Com base na aplicação de materiais metodologicamente desenvolvidos para o efeito, pretendemos identificar por um lado o que estes alunos consideram ser “capazes de fazer” e dominar no contexto das TIC; por outro, avaliar os seus efectivos conhecimentos e práticas correntes com o computador e internet. Em suma, iremos analisar potenciais clivagens entre o discurso destas crianças acerca das respectivas competências digitais e o que efectivamente constitui a sua experiência com novas tecnologias. A reflexão a levar a cabo neste plano, exigirá ainda um trabalho de prospecção de contextos que nos permita compreender em que medida o estatuto socioeconómico das famílias onde se inserem os alunos envolvidos neste estudo, poderá constituir uma variável influenciadora dos respectivos níveis de literacia digital que se venham a identificar.
- FRANCISCO, Kárita Cristina
- NEVES, Marta

nome: Marta Dias Neves.
Sou doutoranda do 3º ano de Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a investigar questões relativas às crianças e Internet (presentemente a matrícula está temporariamente suspensa).
Interesses de investigação: questões relacionadas com mediação parental, literacia digital, riscos online, redes sociais.
Sou licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Comunicação pelo ISCTE.
Actualmente também colaboro como investigadora em projectos do Observatório de Comunicação.
PAP0735 - Illusio perversa: a construção da identidade juvenil em territórios de exceção
Diversamente dos modelos tradicionais de socialização descritos por Bourdieu (2001), como a família e a escola, os jovens e adolescentes do Jangurussu, um dos bairros mais pobres e violentos da cidade de Fortaleza-Ceará, veem a inserção no mercado ilegal do tráfico de entorpecentes como uma forma de dar vazão a sua fonte de energia vital. Esse modelo de entrada na vida adulta, como pudemos observar por meio de entrevistas, parece ser a regra do jogo social naquele território de exceção (CAVALCANTE, 2011), é a sua illusio, na definição do sociólogo francês. Mais do que uma questão meramente econômica, a filiação a esse mundo da violência e da droga apresenta-se como um componente definidor e estruturador de identidades. Talvez resida aí a razão de muitos adolescentes não conseguirem explicar por que decidiram se envolver com esse tipo de atividade e, principalmente, por que não conseguem deixá-la. Sua adesão ocorre quase que sob o efeito de uma força gravitacional irresistível. Reformulando o conceito desenvolvido por Zaluar (2004), poderíamos dizer que o que ocorre no Jangurussu – e, por extensão, a uma série de regiões em que o tráfico se apresenta como a atividade econômica predominante - é uma illusio perversa. Sem levar isso em consideração, acreditamos ser muito difícil compreender as relações sociais nesse território. Um ponto comum nos relatos dos adolescentes ouvidos durante a pesquisa é a ausência ou pouca influência dos pais em suas ações cotidianas, aliada à insignificância da instituição escolar em suas vidas. A presença do Poder Público é quase nula no Jangurussu. Por causa disso, seu poder de socialização torna-se pouco relevante. Paralelamente a isso, as famílias deixam de ter influência sobre esses jovens muito cedo, conforme relatos ouvidos. Em determinado momento de suas trajetórias, eles abandonam essas duas instituições rumo a um mundo novo marcado pela autoafirmação constante e mediado pela violência. As regras do jogo social de uma parcela significativa dos adolescentes do Jangurussu são adquiridas então em meio a grupos secundários de socialização, como os amigos e, mais adiante, criminosos mais experientes que passaram, muitas vezes, pelo mesmo processo de formação identitária. O ingresso no mundo do crime ocorre sempre após um chamado, uma proposta que oferece, de certa maneira, um propósito à vida daquela pessoa em formação. Do ponto de vista da constituição de identidade, que outras illusios existentes no bairro possuem tanta força, a ponto de se opor a essa trajetória? Evidentemente, não se trata aqui de afirmar que todos os adolescentes do bairro têm suas identidades constituídas por meio dessa socialização secundária. O que queremos ressaltar é que, pelas razões já expostas, eles se encontram bastante suscetíveis a isso.
- CAVALCANTE, Ricardo Moura Braga
- FREITAS, Geovani Jacó de
PAP1437 - Imagens da sexualidade e virtudes femininas: Um diálogo afro-brasileiro de Imaculada Conceição e Iemanjá
Esta comunicação tem
por mote uma
interpretação acerca
de imagens de duas
entidades femininas,
que centralizam no
Catolicismo e no
Candomblé a
feminilidade e o
papel da mulher
diante das virtudes
determinadas pelas
suas qualidades.
Considerando que o
Candomblé tem base
nas tradições pagãs
africanas e que, a
partir do
sincretismo com a
primeira,
constitui-se em uma
religião cristã
eminentemente
brasileira, bem como
a constatação de
Roger Bastide de que
a Imaculada
Conceição, a partir
do mesmo
sincretismo, é
reconhecida pelos
candomblistas como
Iemanjá, entidade
das águas salgadas,
dona dos reinos
marítimos, e
decorrência direta
das mães ancestrais
(Iá Mi Oxongá), são
debatidas as
confluências e
embates entre essas
duas representações
sacras, no sentido
de identificar como
a sexualidade e a
transposição dos
vícios
sexualizados-femininos
passam a ser
evidenciados por
meio de pinturas e
imagens de ambas no
imaginário
ocidental,
principalmente
brasileiro. A
partir de narrativas
mitológicas, textos
litúrgicos e
registros
imagéticos,
procura-se
evidenciar o modo
pelo qual essas
imagens apresentam
características que
delineiam as
qualidades
femininas,
considerando uma
passagem e, também,
um confronto entre a
fecundidade e a
condição de mãe,
assim como o papel
da sexualidade e a
categoria de amante,
já que há, por um
lado, a fecundação
sem sexo e a
superação do corpo
nu de Eva e Lilith,
por exemplo, e por
outro a relação com
a deusa de seios
gigantes e a sereia,
em contraponto à
mulher branca de
cabelos e vestido
longos, representada
por uma beleza casta
e distanciada. Neste
sentido, abordar o
tema por meio da
imagem remete à
interpretação
objetiva acerca da
artificialidade do
corpo coletivo, onde
é possível percorrer
as representações
que se sublimam
através dele pelos
olhares que o viram
e o vêem em
continuum, sendo
que, num
relacionamento entre
a imagem do feminino
e a construção da
imagem das
mulheres-referenciais,
é possível também
promover um olhar
sobre as construções
contemporâneas na
percepção dos
indivíduos, no
sentido de ilustrar
os desejos, vontades
e as expressões
corporais que se
elaboram como
respostas às
prerrogativas e
provocações do mundo
exterior a ele
mesmo, sobretudo
quando estas dizem
respeito à
convergência entre
sexualidade e
religiosidade.
- EDOARDO, Laysmara Carneiro

Laysmara Carneiro Edoardo - PAP1437
Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, bacharel e licenciada em Ciências Sociais pela mesma instituição. Docente no ensino superior, produz pesquisa interdisciplinar sobre as relações entre imagem, juventude e sexualidade, no que tange a ficcionalização do cotidiano.
PAP1452 - Imbricações do campo religioso católico com a cultura contemporânea
A cultura é cada vez mais entendida pela Igreja Católica Romana como setor estratégico de intervenção e plataforma essencial de evangelização. Em Portugal várias iniciativas têm sido tomadas neste sentido, ao longo da última década, sendo a criação em 2003 da Pastoral da Cultura um exemplo disso. Essa aposta foi materializada, entre outras aspetos, pela criação de um site eletrónico direcionado para novos conteúdos mediáticos que conjuga arte e teologia, informações sobre outras confissões religiosas, interação entre organismos católicos e governamentais. O site promove ainda o diálogo entre diversos atores sociais dentro e fora da Igreja Católica, laicos e religiosos, que vão do mundo literário, à música, à arquitetura e outras esferas artísticas.
A cultura é assim tomada como plataforma de mediação entre a mensagem religiosa e a sociedade nos seus planos macro, meso e micro e como instrumento privilegiado em termos comunicativos.
Nesta apresentação pretendo analisar a interação entre o campo religioso católico e o campo cultural, dando especial atenção aos tipos e conteúdos culturais apropriados pelo primeiro, aferindo de que modo isso tem contribuído para a reestruturação do campo católico e respetiva redefinição identitária, através da formulação de novos princípios, regras de funcionamento, relações com outros campos e os efeitos produzidos sobre o conjunto da sociedade.
Importa ainda identificar as lógicas de comunicação na relação estabelecida com a cultura, as convergências e as estratégias competitivas num duplo registo: ora assente na história, na tradição, no património simbólico e material, ora nas novas temporalidades de um mundo global, diverso e permeável ao exógeno. São estas combinações que contribuem para a singularidade identitária do catolicismo português.
A participação católica direta e indireta na cultura e também na política é uma modalidade – mais do que de resistência – de relação com a secularização, que se opera segundo uma ação que visa a totalidade da vida social, muitas vezes de uma forma difusa e subtil e que contrasta com outros tipos de intervenção, nomeadamente aqueles que são marcados por clivagens.
- VILAÇA, Helena

Com um doutoramento em Sociologia, atribuído pela Universidade do Porto, Helena Vilaça é Professora Auxiliar com Agregação do Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras e investigadora do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto. O seu trabalho científico tem incidido de modo dominante sobre a sociologia das religiões, nomeadamente, pluralismo religioso e étnico, religião e política, novas formas de religiosidade e espiritualidade.
PAP1069 - Imigrantes Idosos em Portugal: Um Retrato Panorâmico
Nem as migrações representam sempre um potencial de rejuvenescimento demográfico das sociedades de acolhimento, nem os imigrantes são sempre jovens adultos. A formação de uma categoria de imigrantes idosos é, em Portugal, principalmente resultado de um processo de sedentarização das migrações e da chegada de indivíduos reformados que decidem migrar uma vez terminada a vida economicamente activa nos seus países de origem.
Para além dos imigrantes africanos, que constituíram os fluxos pioneiros da imigração laboral em Portugal, iniciada nos anos 60 e tendo atingido o seu ponto mais alto na década de 90, e que começam agora a chegar aos 65 anos, existe um número assinalável de imigrantes que decidiram migrar para Portugal uma vez terminada a vida economicamente activa nos seus países de origem. Desde a década de 80, em concomitância com o desenvolvimento e expansão da actividade turística, Portugal tem sido destino de um crescente número de idosos reformados do Norte da Europa que privilegia como destino as zonas costeiras do país, especialmente o Algarve, enquadrando-se na chamada “migração internacional de reformados” (IRM). Cabe ainda dizer que apesar de uma certa homogeneidade, encontramos dentro do segmento de idosos originários dos PALOP indícios da confluência de dois fluxos distintos da imigração africana, aquele que decorreu nos anos logo após os processos de independência dos PALOP e o fluxo de imigração laboral propriamente dita.
Mas para além da IRM e da sedentarização da imigração africana, encontramos ainda outras formas de envelhecimento da imigração, os “re-fluxos” da antiga emigração portuguesa no Brasil e na Europa e um fluxo recente e diminuto, aparentemente resultante da solidariedade intergeracional, de idosos, mais frequentemente idosas, provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Esta tipologia do envelhecimento da imigração em Portugal, sobre a qual a presente comunicação versará, é produto de uma pesquisa mais ampla, quantitativa e qualitativa, mas que aqui se abordará apenas a componente extensiva, com a análise das estatísticas nacionais disponíveis, nomeadamente os dados dos Censos 2001 e das Estatísticas Demográficas 2000-2007, assim como da literatura nacional e internacional sobre o tema.
- ROLDÃO, Cristina

- MACHADO, Fernando Luís

Cristina Roldão
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL)
Licenciada e doutoranda em Sociologia
A investigadora tem-se dedicado, entre outras coisas, à análise das desigualdades sociais – de classe e de origem étnico-nacional – no acesso à escola e no sucesso escolar, quer de um ponto de vista extensivo, através da participação no Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES), quer qualitativo, por via do trabalho de terreno em projetos como a avaliação do Programa Escolhas, do Programa TEIP e nos territórios do Programa K’CIDADE. Outra linha de trabalho, tem sido aquela iniciada no projecto “Imigrantes Idosos: Uma Nova Face da Imigração em Portugal”, onde teve a oportunidade de desenvolver uma análise extensiva de fundo sobre esta população ainda pouco conhecida, assim como intensiva, através de múltiplas entrevistas biográficas.
Fernando Luís Machado é Professor Auxiliar do Departamento de Sociologia do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e ainda Investigador e Director do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL). As suas áreas de pesquisa são as migrações internacionais e etnicidade, desigualdades e integração social na sociedade portuguesa.
PAP0779 - Imigrantes brasileiros em Portugal: Como casam e com quem casam
O número de estrangeiros residentes em Portugal tem vindo a aumentar sucessivamente. A comunidade brasileira, em particular, tem vindo a assumir um peso cada vez mais importante, passando de 22411 em 2000 para 116220 em 2009, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Em 2009 é a nacionalidade mais representada com um peso de 25% no total de residentes estrangeiros em Portugal.
Esta evolução tem, como seria de esperar, reflexos a outros níveis, nomeadamente no contexto do casamento. Em Portugal, contrariando a tendência observada para o total de casamentos ocorridos entre 2001 e 2009 - onde se regista uma diminuição de cerca de 31% -, os casamentos nos quais pelo menos um dos cônjuges nasceu no Brasil passaram de 947 para 3773.
De um ponto de vista sociológico, podemos entender os padrões de casamento existentes numa determinada sociedade como indicadores dos padrões de interação social existentes nessa mesma sociedade. A existência de um nível elevado de casamentos mistos indicia a existência de interações que atravessam fronteiras (nacionais, culturais, linguísticas, económicas…) e uma sociedade que se caracteriza pela abertura ao exterior. De forma contrária, um baixo nível de casamentos mistos remete para o seu fechamento (Alba e Golden, 1986; Kalmijn, 1998; Lieberson e Waters, 1986; Pagnini e Morgan, 1990). Mas, para além de uma medida da integração dos imigrantes na sociedade de acolhimento, os casamentos mistos são também um fator potenciador de interações, podendo influenciar essa mesma integração (Lieberson e Waters, 1986; Kantarevic 2004; Meng e Gregory, 2005).
Assim, pela importância que os casamentos mistos podem ter enquanto motor de mudanças sociais e culturais, e dada a importância da comunidade brasileira residente em Portugal, parece nos particularmente importante analisar os padrões de casamento desta comunidade.
Iremos apresentar a evolução dos casamentos, registados em Portugal entre 2001 e 2009, onde estiveram envolvidos elementos da comunidade brasileira residente em Portugal, através da análise estatística dos micro-dados dos casamentos disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística. Pretende-se com este estudo determinar as características dos imigrantes que se casaram em Portugal neste período, bem como as características desses casamentos, a partir de indicadores como a forma de celebração do casamento, o regime de comunhão de bens, o estado civil anterior, a existência de filhos anteriores ao casamento, a nacionalidade, o sexo, a idade, as habilitações, as características do cônjuge(naturalidade, nacionalidade, idade e habilitações), entre outros.
- RAMOS, Madalena

- FERREIRA, Ana Cristina

Madalena Ramos, Doutorada em Educação pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é professora auxiliar no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), no Departamento de Métodos de Pesquisa Social. Integra o grupo de investigadores do CIES-IUL e é membro da Direção da APS. Áreas de interesse: sociologia da família e das migrações e análise de dados. Publicações mais recentes: i) Ramos, M. e Carvalho, H. (2011). “Mapping Representations about Quantitative Methods in Higher Education”, Higher Education, 61(6): 629-647, Springer. ii) Parente, C., Ramos, M., Marcos, V., Cruz, S., Neto, H. (2011). “Efeitos da escolaridade nos padrões de inserção profissional juvenil em Portugal”, Sociologia Problemas e Práticas, 65:69-93. Ferreira, A.C. e Ramos, M. (2011). “Casamentos Mistos em Portugal: Evolução e Padrões”, Sociologia On Line, Nº 2, Associação Portuguesa de Sociologia.
Ana Cristina Ferreira, nascida em Lisboa em 1962, licenciada em Sociologia, pelo ISCTE, 1984 e Doutoramento em Sociologia, especialidade em Sociologia da Família e da Vida Quotidiana (Família e Habitat (ISCTE 2002)). Sou actualmente professora Auxiliar do ISCTE, na área dos Métodos Quantitativos para Ciências Sociais, Departamento de Métodos de Pesquisa Social e Investigadora do DINAMIA/CET (ISCTE).
Os meus principais interesses relacionam-se com os domínios da sociologia do Território (modos de vida e apropriação do alojamento e território) e com a Demografia (nomeadamente a integração dos imigrantes em Portugal).
PAP1244 - Imigrantes sem-abrigo em Portugal
Esta comunicação baseia-se num estudo financiado pelo Instituto da Segurança Social e solicitado pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, e ao Centro de Estudos de Serviço Social e Sociologia da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, com o objectivo de compreender o fenómeno dos imigrantes sem-abrigo na sociedade portuguesa, tendo em vista o esboço de um perfil de imigrantes sem-abrigo; a identificação dos principais padrões do fenómeno, baseados em origem étnica e/ou nacionalidade, condição legal, nível de instrução, condição face ao trabalho, região do país; a delineação dos ideais-tipo de percurso de vida até à condição de sem-abrigo; bem como a apreciação das políticas e do papel da sociedade civil (ONG’s, associações de imigrantes, organizações religiosas, etc.) na resposta ao fenómeno. Pretendeu-se interrogar os factores sociais que ajudam a compreender as razões que podem levar os imigrantes à condição de sem-abrigo na sociedade portuguesa. Recorreu-se a uma metodologia semi-indutiva através da qual se procurou, simultaneamente, testar algumas hipóteses sobre a população imigrante e a população sem-abrigo, bem como explorar pistas de investigação surgidas do material empírico recolhido. Em primeiro lugar, foi realizado um inquérito, a nível nacional, que procurou conhecer o fenómeno em extensão, caracterizando a população imigrante sem-abrigo em Portugal, desenhando o seu perfil e os principais padrões do fenómeno. A aplicação deste inquérito ficou a cargo do Centro de Sondagens da Universidade Católica Portuguesa (CESOP). Em segundo lugar, foram realizadas 20 entrevistas semi-directivas a imigrantes sem-abrigo em 2 instituições que os apoiam em Lisboa: o Centro Padre Alves Correia e o Centro Pedro Arrupe. A análise do material recolhido nestas entrevistas permitiu esboçar ideais-tipo do percurso de vida do imigrante sem-abrigo, desde o seu projecto migratório até à condição de sem-abrigo, subdivididos em 2 categorias: na Categoria de Sem-abrigo imigrante encontramos um sem-abrigo que também é imigrante, ou seja, a condição em que se encontra não depende, directamente, da sua condição de imigrante. A categoria de imigrante sem-abrigo revela uma realidade que abrange as situações de pessoas sem-abrigo em que essa condição depende directamente da de imigrante. Em primeiro lugar, é feita uma aproximação quantitativa ao fenómeno dos sem-abrigo em Portugal, em segundo lugar, procura-se um olhar em profundidade sobre os factores sociais que podem levar imigrantes à condição de sem-abrigo na sociedade portuguesa, procurando através da análise do seu discurso chegar a ideais-tipo dos seus percursos de vida.
- MONTEIRO, Líbano
- LÍBANO, Teresa
- RAMALHO, Vanda

Vanda Sofia Braz Ramalho. É Presidente da Associação Nacional de Futebol de Rua, Docente de Política Social e Economia Social na Universidade Lusófona do Porto e investigadora no Centro de Estudos de Serviço Social e Sociologia da Universidade Católica (CESSS), colaborando ainda com o Centro Lusíada de Investigação em Serviço Social e Intervenção Social (CLISSIS). Doutoranda em Serviço Social, concluiu o mestrado, em 2008, na Universidade Lusíada de Lisboa – Instituto Superior de Serviço Social e a licenciatura em 2003, na Universidade Católica Portuguesa. Actua na área das Ciências Sociais, mais concretamente, na área do Serviço Social, das Políticas Sociais e da Sociologia. A sua produção científica e tecnológica recai sobre temas como a Intervenção Social e Sociodesportiva, o Serviço Social, as Políticas Públicas, a Sociedade Civil Organizada, a Pobreza e Exclusão, as Pessoas Sem-abrigo, as Migrações, o Diálogo Intercultural e a Inovação social.
PAP0115 - Imigração e Sinistralidade Laboral
Ainda que se verifique que o perfil
socioeconómico dos imigrantes se diversificou
ao longo destas últimas décadas, nota-se que
em muitos casos ainda se verifica a sua
ligação aos chamados trabalhos dos três D’s –
demanding, dangerous and dirty –, ou seja, aos
trabalhos mais exigentes, perigosos e sujos.
À semelhança de outros países, observa-se em
Portugal uma segmentação do mercado de
trabalho, estando os imigrantes sobre-
representados em algumas actividades
económicas. Ora a segmentação do mercado de
trabalho associada a algumas características
de inúmeros trabalhadores imigrantes – e.g.
dificuldades linguísticas, experiência
profissional, tempo de permanência no país,
barreiras legais, experiência de situações de
discriminação no acesso ao mercado de
trabalho, limitado conhecimento dos direitos
laborais e sistemas de segurança e saúde no
trabalho, acesso a formação e informação para
o exercício de determinadas actividades ou
tarefas – pode ter inúmeras consequências
negativas nomeadamente no que diz respeito a
baixos salários, excesso de horas de trabalho,
instabilidade nos vínculos laborais, maiores
exigências físicas no trabalho e maiores
riscos de acidentes de trabalho.
Da análise da sinistralidade laboral mortal e
não mortal dos últimos anos, em função da
nacionalidade, resulta que são os
trabalhadores imigrantes os mais vulneráveis a
acidentes. Não se verifica, contudo, uma
relação causal entre o fenómeno da imigração e
o problema da sinistralidade laboral. Por
outras palavras, o aumento ou diminuição da
imigração não influencia a respectiva evolução
da sinistralidade laboral, uma vez que não são
os países com mais imigrantes que apresentam
as mais altas taxas de sinistralidade laboral.
Em Portugal, em anos de aumento da imigração
não se verifica por correlação o aumento da
sinistralidade laboral no país. Há, pois,
outros factores específicos inerentes ao
próprio contexto de acolhimento de explicam a
sinistralidade laboral na sua globalidade e/ou
a segurança dos trabalhadores.
Globalmente, a maior sinistralidade laboral
dos imigrantes verifica-se não porque esses
trabalhadores são imigrantes, mas antes os
acidentes reflectem os sectores e/ou ocupações
e condições em que esses trabalhadores estão
empregados. Como se irá analisar em detalhe,
os trabalhadores imigrantes mostram-se mais
expostos ao risco de se associarem a trabalhos
menos saudáveis e fisicamente mais exigentes.
Uma melhor protecção dos trabalhadores
imigrantes com vista à diminuição da sua
sinistralidade laboral exige tanto medidas
políticas na vertente da integração de
imigrante, como políticas de segurança e saúde
no trabalho sensíveis às necessidades e
vulnerabilidades especificas desses
trabalhadores tão necessários ao mercado de
trabalho português.
- OLIVEIRA, Catarina Reis

- PIRES, Claudia
Catarina Reis de Oliveira é socióloga, tem um mestrado em estatística e análise de dados, uma pós-graduação em Migration and Ethinc Studies e é doutoranda em sociologia. Desde 2005 é a Coordenadora do Gabinete de Estudos e Relações Internacionais do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI) e, desde 2007, a Coordenadora Editorial da Revista Migrações do Observatório da Imigração. Até 2005 Catarina foi docente na licenciatura de Sociologia e na Pós-Graduação em Migrações, Minorias Étnicas e Transnacionalismo na Universidade Nova de Lisboa. Entre 2004 e 2008, foi a coordenadora da Rede Europeia Ethnic Minority Entrepreneurs. Catarina tem vindo a publicar extensamente acerca da integração económica de imigrantes, sendo autora de vários capítulos de livros nacionais e internacionais – e.g. “Understanding the diversity of Immigrant entrepreneurial strategies” (2007), in Léo-Paul Dana (ed.), Handbook of Research on Ethnic Minority Entrepreneurship; “The determinants of immigrant entrepreneurship and employment creation in Portugal” (2010), in OCDE (ed.) Open for Business. Migrant Entrepreneurship in OECD Countries; “When Diversity Meets Heritage: Defining the Urban Image of a Lisbon Precinct” (2012), in Volkan Aytar & Jan Rath (ed.), Selling Ethnic Neighborhoods. The rise of Neighborhoods as places of Leisure and Consumption, New York: Routledge -, de artigos em Revistas Cientificas e de três livros – Estratégias Empresariais de Imigrantes em Portugal (2004), Empresários de Origem Imigrante (2005), e Imigração e Sinistralidade Laboral (2010). Em 2008 organizou também com Jan Rath um número temático da Revista Migrações acerca de Empreendedorismo Imigrante, Vol. 3, Outubro (em Português e Inglês).Em 2000 foi distinguida com um Prémio pela Fundação Calouste Gulbenkian na área científica Multiculturalismo e etnicidade na sociedade contemporânea.
PAP0475 - Imigração e ilegalidade/ irregularidade: dos direitos dos sem direitos e do seu acesso em Portugal
Vivemos numa sociedade global, onde as pessoas se deslocam e movimentam em busca de recursos e benefícios que nem sempre estão disponíveis nos países onde residem.
Portugal ainda que tradicionalmente um país de emigração, verificou nos últimos anos uma entrada acentuada de imigrantes, sendo característica dominante desta vaga de imigração o facto de os cidadãos entrarem no país sem se sujeitarem aos critérios legais de regularidade/legalização. Consequentemente não lhes é reconhecido o direito de entrada ou residência no país pelo que permanecem na violação das leis nacionais. Pese embora tal, é imprescindível saber se lhes são assegurados direitos e quais.
A Constituição da República Portuguesa consagra no seu artigo 12.º que os direitos inerentes à dignidade da pessoa humana são universais, para todas as pessoas, independentemente da sua cidadania. Também o artigo 13.º desse diploma consagra o princípio da igualdade e dá enfâse a que todos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. Nos termos do artigo 15.º da CRP vigora um princípio geral de equiparação entre os nacionais e os estrangeiros, equiparação essa que se aplica a estrangeiros em situação ilegal/irregular, nos termos das Declaração Universal dos Direitos do Homem que serve de matriz interpretativa e integrativa à CRP.
Concluindo-se necessariamente que a situação de irregularidade/ilegalidade do cidadão estrangeiro não implica que a este lhes sejam negados direitos decorrentes da sua própria dignidade enquanto pessoa humana (nomeadamente direito à vida, à integridade moral e física, ao desenvolvimento da personalidade, à reserva da vida privada e familiar, o direito à não retroactividade da lei penal, o direito de acesso aos tribunais, o direito ao habeas corpus, o direito à liberdade de expressão e informação, à liberdade de consciência, de religião e de culto), com o presente artigo iremos desenvolver quais os direitos que a legislação nacional consagra especificamente em campos como a saúde, educação, segurança social e justiça, desde já avançando, porém que, apesar das fragilidades que poderão verificar-se o nosso país assume-se como inovador nestes campos, salvaguardando – ainda que com algumas restrições – o acesso dos imigrantes em situação irregular/ilegal ao sistema Nacional de Saúde, à escolaridade básica obrigatória, à justiça e a determinadas prestações sociais.
Saber quais os específicos termos em que tal é salvaguardado e qual a legislação que o prevê é o que nos propomos fazer com o presente artigo.
- SILVA, Vera Lúcia
- PEDROSO, João
- BRANCO, Patrícia
PAP1425 - Imigração e trabalho em Portugal: entre relações laborais individuais e colectivas num contexto de flexibilização do trabalho. Percepção do sindicalismo e representação sindical.
Baseado em análise documental e entrevistas semi-directivas com líderes sindicais, líderes de associações de imigrantes e trabalhadores imigrantes, o texto crusa as posições dos sindicatos face aos trabalhadores estrangeiros com a forma como são vistos os sindicatos pelos imigrantes. Descreve algumas das actividades desenvolvida pelos sindicatos para responder às necessidades destes trabalhadores ao longo da última década. Procura questionar a ideia convencional que os sindicatos tendem a defender políticas restrictivas de imigração porque os imigrantes poem em causa o seu controlo sobre à força de trabalho. Analisa a complexidade das relações entre imigrantes e sindicatos, assim como os desafios que os sindicatos enfrentam com a globalização, a flexibilização e individualização do trabalho.
O trabalho conclui que existe uma forte individualização das relações de trabalho que os imigrantes estabelecem no seus projectos migratórios fortemente individuais (ou familiares) num contexto de flexibilização dos mercados de trabalho e precariezação do emprego. Eles ocupam em grande parte os empregos mais desprotegidos e frequentemente informais onde o movimento sindical não tem influência. No entanto, regista-se uma abertura significativa no sindicalismo de acção em Portugal, apesar da existência de muitas lacunas, nomeadamente, no relacionamento e trabalho com as associações de imigrantes, assim como na informação sobre a actividade sindical dirigida aos trabalhadores estrangeiros.
- KOLAROVA, Marina
PAP1139 - Imigração, Crime e Crimigração: alteridades e paradoxos
Área Temática: Imigração, Crime e Reclusão
Os movimentos migratórios têm-se acentuado nos últimos anos, apesar de se afirmarem uma excepção à regra. Na verdade, apenas 3% da população mundial se encontra nesta condição, não fazendo verdadeiro jus à designação de “século em movimento”. Os migrantes têm sido cruciais para o desenvolvimento das principais economias, disponibilizando mão-de-obra de baixo custo e contribuindo para o crescimento da população, factores frequentemente desconsiderados em épocas de crise e recessão.
Apesar de plasmados internacionalmente determinados direitos inalienáveis a todos os seres humanos, os migrantes estão sujeitos às regulamentações específicas definidas por cada Estado, em contextos precisos. Os Estados, empossados de uma soberania pós-vestefálica regulamentam a entrada, permanência e saída de estrangeiros dos seus territórios, através de leis às quais os migrantes têm que se sujeitar. Votados com frequência a situações de irregularidade, muitos deles ingressam em esquemas criminosos na demanda de melhores condições de vida, tornando-se presas de grande vulnerabilidade. A resposta de alguns Estados tem sido crescentemente severa no que respeita à intolerância pela irregularidade, confundindo com frequência vítimas com ofensores. Estes papéis alternam por vezes, passando as vítimas a ofensores e estes últimos a vítimas. A crimigração resultante da convergência da lei penal com a lei de imigração promulgada nos EUA nos finais do séc. XX veio levantar determinadas questões e paradoxos, uma vez que a distinção entre a vítima e o ofensor não nacional se torna difícil de descortinar. Avoluma-se uma névoa de desconfiança e endurecimento relativamente aos ofensores não nacionais, frequentemente sob a forma de medidas semelhantes à resposta dada à irregularidade. Olhando para a Europa, podemos vislumbrar também traços preocupantes neste campo, ainda que em níveis diferentes em diversos Estados e não se afirmando ainda em todos.
No caso dos ofensores não nacionais em Portugal, e pensando no caso específico da criminalidade violenta, a recolha quantitativa e qualitativa de condenações referentes ao período de uma década (2002-2011), vem mostrar-nos que as diferenças em relação às condenações de cidadãos nacionais não são, aparentemente, significativas e que haverá factores a ter em conta na análise destes casos, num exame mais acurado deste problema. A forma como são apresentados estes casos pela comunicação social e o sentimento de insegurança que, dessa forma, é suscitado tem contribuído para a afirmação de uma crescente intolerância.
Procuramos nesta apresentação abordar as questões acima levantadas, tentando identificar dilemas enfrentados e soluções previstas por vários Estados, focando em específico o caso português, ao lidar com um problema que se afigura cada vez mais necessitado de atenção.
- GUIA, Maria João
PAP1152 - Impactos das campanhas em África na vida dos ex-combatentes portugueses: um ponto de situação a partir das queixas de saúde registadas entre 1997 e 2006
Meio século passado sobre o início da guerra
nas ex-colónias portuguesas, quase quarenta
anos depois de terminadas as campanhas em
África, é ainda escassa a atenção dedicada
pela investigação às complexas e múltiplas
implicações de tal realidade na sociedade
portuguesa em geral e na vida dos ex-
combatentes em particular. A presente
comunicação focaliza-se neste último aspecto,
visando contribuir para um melhor conhecimento
do impacto da guerra na vida dos ex-militares
que a experienciaram e dela guardam marcas
físicas e ou psicológicas. A análise baseia-se
numa investigação, financiada pelo Ministério
da Defesa, sob a coordenação de Andrade da
Silva, que teve como objectivo global
caracterizar as situações de campanha (ou
equiparadas) envolvendo os militares
portugueses e os problemas de saúde a que as
Juntas Hospitalares Militares reconheceram
nexo de causalidade com o desempenho de
funções militares. O universo de observação
reporta-se a um total de 3020 indivíduos,
correspondente aos militares que apresentaram
requerimentos durante o período de 1997 a
2006. Desse universo extraiu-se uma amostra
aleatória de 575 casos, acautelando a
representatividade global dos queixosos e as
respectivas categorias/postos (sinopse do
estudo disponível no n.º 20 da Revista do
CPAE).
Nesta comunicação, tratar-se-á de caracterizar
a amostra obtida, tipificar os problemas de
saúde ocorridos e descrever o imbrincado
processo com que se confrontam os ex-militares
ao requererem junto do Estado português as
condições previstas no estatuto de Deficiente
das Forças Armadas (DFA). Demonstrar-se-á que
ao contrário do que se poderia pensar,
atendendo ao tempo decorrido sobre as
ocorrências, o número de queixas não é
residual. Contrariando ideias por vezes
veiculadas, os dados apurados revelam que a
maior parte das queixas não se refere a stress
pós traumático tardio (PTSD), mas sim a
ferimentos e a doenças do foro emocional
distintas do stress pós traumático. A
apresentação dos requerimentos ocorre,
tendencialmente, por volta dos 50 anos.
Somando a essa idade um tempo médio de cinco
anos percorrido nas longas e intrincadas
tramitações administrativas e legais, resulta
que na amostra considerada o reparo possível
aos problemas de saúde relacionados com a
guerra ocorreu muito tardiamente no ciclo de
vida dos indivíduos.
Palavras-chave: campanhas em África,
ferimentos de guerra, doenças emocionais, DFA
- ROMÃO, Ana

- SILVA, João Andrade
- QUEIROZ, Sandra M.
- BRITO, Bruno
- SILVA, Mário Pinto
- RODRIGUES, Mafalda
- CARRIÇO, Rui
- BORGES, Marcello
- SANTOS, Álvaro
Ana Romão é Professora Associada na Academia Militar, no Departamento de Ciências Sociais e Humanas, desde 2004. Foi docente na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, onde se doutorou, em Sociologia, com uma dissertação sobre Representações da Ruralidade na Imprensa Portuguesa. Coordenou projetos sobre inserção profissional de diplomados; socio-demografia das áreas de baixa densidade; empreendedorismo feminino; cuidadores informais de pessoas idosas. É investigadora no CINAMIL e no CesNova. Pertence ao Conselho Consultivo da Associação Portuguesa de Demografia. É co-coordenadora do RN27 – Research Network on Southern EuropeanSocieties (EuropeanSociologicalAssociation). Foi vogal da Direção da APS e Vice-Presidente, assumindo desde junho de 2012 a função de Presidente. Os seus interesses de investigação estão, presentemente, direcionados para o estudo dos media, do espaço público e das forças armadas.
PAP1134 - Impactos sociais e culturais das novas interações sociotécnicas decorrentes dos avanços e das promessas da nanotecnologia
GT Ambiente e Sociedade, Mercado e Novas Tecnologias
A presente comunicação analisa os impactos sociais e culturais resultantes das novas interações sociotécnicas decorrentes dos avanços e das promessas da nanotecnologia. A publicização desses avanços e, principalmente, dessas promessas tem como resultado o fomento de expectativas e mesmo convicções dentro do espaço pluriforme do imaginário social. Os novos passos da nanotecnologia são lançados na dimensão do fantástico e levam a contínuas interpenetrações entre as descobertas e as previsões desse campo tecnocientífico e o que se convencionou chamar de ficção científica. Do mesmo modo que as promessas da nanotecnologia atiçam a criatividade dos ficcionistas, muitas das maravilhas vislumbradas por esses já são parte de nosso cotidiano ou fazem parte das promessas tidas como certas. Os riscos envolvendo a nanotecnologia oscilam, então, entre os atribuídos aos avanços atuais e os atribuídos às promessas do setor. Ambos devem ser levados em consideração. Do mesmo modo devem ser analisados não apenas os riscos mensuráveis, aqueles que podem ser apreendidos mediante testes laboratoriais, mas também os riscos percebidos, isto é, os riscos que os agentes atribuem. Tal leitura ajuda a apresentar de modo mais amplo e denso os impactos da nanotecnologia. Essa comunicação insere-se em uma pesquisa em andamento que está associada a uma rede nacional de pesquisa em nanotecnologia, meio ambiente e sociedade e resultará em uma tese de doutorado.
- CALAZANS, Diego
PAP0795 - Impasses na sociologia dos discursos: bases teóricas e dinâmicas metodológicas da análise de textos publicitários
A proximidade entre objetos de pesquisa do campo das ciências sociais e de áreas tais como a História e a Linguística – no sentido de incorporação e elaboração de problemáticas – têm dado origem a questões e campos carregados de transversalidade. Os estudos de análise do discurso e o uso de fontes documentais em pesquisas qualitativas na sociologia e na antropologia, por exemplo, marcam uma tradição própria de etnografias do texto, criando um novo corpo de dificuldades e ferramentas de observação deste recorte conceitual nas ciências da cultura.
O presente trabalho, organizado em torno de duas pesquisas empíricas, visa discutir algumas ferramentas sociológicas usadas na análise da produção de sentido em textos publicitários – mais precisamente, em veículos de imprensa ligados ao consumo gastronômico e em websites de partidos políticos no Brasil. À luz destas experiências metodológicas diversas, o estudo reflete sobre as bases práticas de se tratar o texto como sociabilidade passível de interpretação, passando pela releitura da análise de discurso sociologicamente alimentada, produzida por Michel Foucault e Pierre Bourdieu, até uma revisão das estratégias propostas por um grupo de estudos ligados à “netnografia”, como inserção de pesquisa em espaços de expressão na Internet.
Desde a configuração de um corpus de documentos como forma de “recorte” de um objeto de análise, até a compreensão do discurso como ato ou ação social – nos termos de Weber – , a sociologia do texto vive um ruptura heurística para com as tradicional separação entre teoria e pesquisa de campo. O discurso publicitário, neste contexto, é uma representação desafiadora para o pensamento sociológico tradicional, na medida em que é um produto intelectual materializado, ao mesmo tempo que configura-se não como comportamento etnograficamente observável, nem como documento histórico no sentido lato. Como abordar, então, tais práticas, sem reduzi-las a acessórios informativos de outros métodos? As falas publicitárias, pensadas como práticas de comunicação dotadas de sentido e estratégia, portam-se como ações produtoras de imagem e identificação, concebíveis plenamente apenas a partir de análises comparativas que vasculhem o imaginário que as gera. Trazem, como desafio mais específico, a relação de sentido de sua autonomia parcial, com relação aos seus agentes produtores e os agentes receptores. Em outras palavras: como texto de consumo, vinculado a apresentação de pessoas públicas ou produtos, elas exigem leituras “em rede”, afastadas da prática convencional de se estudar o discurso a partir da análise do comportamento de seus produtores.
- BENEVIDES, Mário Henrique Castro
- LIMA, Maria de Fátima Farias
PAP1243 - Impulso externo e evolução da qualidade das águas superificias - cronologia de um problema ambiental ainda sem solução
A adesão de Portugal à União Europeia, a 1 de Janeiro de 1986, induziu importantes mudanças, motivadas, por um lado, pela necessidade de adequação aos compromissos europeus e, por outro, pela aspiração do país em atingir novos patamares de qualidade de vida e bem-estar, mais próximos daqueles que se verificavam noutros estados-membros. A área do ambiente, até então negligenciada, foi uma das que sofreu maiores alterações. Em causa estava a necessidade de transpor novas regras e novas orientações políticas, e a necessidade de o país demonstrar capacidade para introduzir reformas profundas. No entanto, no que diz respeito à poluição das águas de superfície, e apesar de avultados investimentos, Portugal não deverá atingir plenamente, e nos prazos estabelecidos, as metas definidas pela Directiva Quadro da Água. Por outro lado, persiste a incapacidade de dotar o país de uma rede de recolha e tratamento de águas residuais completa e eficiente, e de cumprir as exigências das directivas europeias relativas ao tratamento das águas residuais urbanas.
Nesta comunicação, focaremos a nossa atenção sobre as principais medidas e políticas que têm procurado resolver o problema da poluição das águas de superfície em Portugal e os resultados por elas produzidos. Apresentaremos um quadro geral daquilo que é o problema da degradação da qualidade ecológica das águas de superfície nas principais bacias hidrográficas nacionais a partir de uma perspectiva evolutiva e considerando as suas causas mais importantes. Abordaremos os principais instrumentos criados no sentido de combater a degradação ecológica dos cursos de água doce no nosso país, evidenciando a dupla importância que, para isso, teve a adesão à União Europeia, através da imposição de padrões de qualidade mais elevados por via das directivas comunitárias e da disponibilização de avultados meios financeiros para inverter a tendência negativa. Por fim, sem se rejeitar os progressos significativos verificados, avançaremos com algumas hipóteses que permitem perceber as razões que explicam porque é que, apesar de uma maior exigência relativamente à qualidade das águas de superfície e do importante investimento efectuado ao longo das últimas décadas, as metas comunitárias ainda não foram alcançadas e, provavelmente, não serão atingidas nos prazos propostos.
- SILVA, José Pedro

- FERREIRA, José Gomes

José Pedro Silva.
Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Doutorando em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Interesses de investigação actuais: ambiente, acção colectiva
José Gomes Ferreira, licenciado em Sociologia pelo ISCTE-IUL e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação pelo mesmo Instituto. Encontra-se actualmente a terminar o seu projecto de doutoramento em Ciências Sociais, especialidade de Sociologia, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, com o título “Saneamento básico: factores sociais no insucesso de uma política adiada. O caso do Lis”, orientado pela Prof. Doutora Luísa Schmidt. Integra desde 1998 a equipa do Programa Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade, onde tem colaborado em diversos projectos.
PAP1103 - In-school marketing: between social responsibility and commercialism
Advertising has long been taboo in public education, but budget reductions and shortfalls have annulated schools as “commercial free zones” (Molnar, 2007:7). This study was built on an analysis about the state, market and society working together and demarcates one another to enhance a win-win relationship, a legitimacy/visibility one.
One strand of my research uses the school as the unit of analysis (Feuerstein, 2001), trying to understand how in-school marketing activities are taking place according to the headteachers perceptions in the last 5 years in Portuguese public schools (10-15 year olds). The majority of studies have focused more on a passive type of marketing, that which children see, hear and read (Alves, 2002), rather than forms of interactive marketing (Moran, 2006). Therefore, this study developed a national survey to show that interactive in-school marketing includes activities to be carried out revolving a given company.
Other strand looks deep in the position of directly or indirectly involved state, market and civil society players (26 semi-structured interviews were made to WFA's National Advertiser Association Member, Ministry of Education, teachers, parent/guardian representative, marketers and advertising agencies, consumer rights-related institutions, town councils, Federations) to illustrate the inherent paradoxes: How can a profit orientated commercial activity be distinguished by a social responsibility one? What are the general views of in-school marketing? Is it morally controversial? Which ethical and law safeguards are needed in a world of brands and globalised products? In fact, the verbal analysis shows different ideological viewpoints about the win-win effect of socially responsible in-school marketing vs commercialism itself.
Another purpose was also testing a “Working with Schools-Best Practice Principles Checklists" as a business decision-making tool for schools and partners to ensure that both schools and their commercial and non-commercial partners can build an ethical and responsible relationship.
We are able to say that headteachers have autonomy, although some in-school marketing activities remain an ideological or controversial issue. Also, the inclusion of any advertising messages necessarily implies the acquisition of consumer competencies by children and teachers, a way to decode commercial messages in today’s consumer society, and that acquisition of media literacy competencies can prevent the ‘manipulated child’. Finally, there were several messages from schools headteachers indicating that they wouldn´t participate in the survey because they are deontological and morally against it.
Key Words: in-school marketing, school commercialism, child consumer, captive audience.
- FARINHA, Isabel

Nome: Isabel Farinha
Afiliação Institucional: Professora Assistente IADE;Investigadora
IDIMCOM/UNIDCOM
Área de Formação: Licenciada em Sociologia, e mestre em Comunicação,
Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE-IUL, onde se encontra
também a concluir o doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura
e Educação.
Interesses de Investigação: Marketing e Comunicação Escolar
PAP1391 - Indicadores de Apropriação de Tecnologias da Informação. Entre a conceituação e construção de categorias analíticas
O presente artigo tem como objetivo a conceituação e construção de categorias elementares para a organização dos indicadores de Apropriação de Tecnologias da Informação. Essa proposta surge da necessidade inicial de entender e pontuar o conceito de Apropriação tecnológica, e da própria condição da revolução informacional. Buscamos ultrapassar a analise superficial dos números de uso das tecnologias da informação, através de uma categorização que atrele os dados de acesso e perfil de navegação na internet.
Entendemos a Apropriação Tecnológica como a forma em que se configura o acesso as TIC’s, seguindo assim uma tendência de disposição social tanto na perspectiva individual quanto de suas relações sociais. A possibilidade de acesso crescente e veloz de informações potencializa a necessidade de indicadores que consigam abarcar o mundo digital como espaço de conhecimento.
A origem dessa revolução informacional estaria na oposição entre a máquina como instrumento objetificado e a automação com a transferência de funções cerebrais para a máquina. O caráter novo da dinâmica informacional e da revolução iniciada envolve a complexidade de condicionalidade das tecnologias, o que demonstra que não é uma simples revolução do instrumento ou do computador, mas influi nas relações profissionais e não profissionais.
A perspectiva comunicativa e emancipatória que as tecnologias da informação englobam, demonstram como a discussão dos indicadores de TIC’s tem de buscar também os ‘sentidos’ latentes dos números de navegação, dos conteúdos visitados e da produção de conhecimentos através da internet.
Através da identificação de um panorama de constituição das tecnologias da informação em uma determinada realidade, é possível analisar a condição de apropriação das TIC’s baseada em três categorias centrais em que se observem as condições físicas, digitais e sociais de acesso às tecnologias.O nosso exercício metodológico se acresce com preenchimento dessas categorias com os indicadores concernentes a cada uma, em que pese as seguintes descrições:
Condição Física – Conformação do acesso a computadores e conexão com de internet. Condição Digital – Material digital, páginas criadas, perfil de acesso as informações. Condição Social – Relação estabelecida com as estruturas socioeconômicas e relação com as tecnologias.
A analise conceitual dessas três categorias nos possibilita a organização dos dados de pesquisas sobre TIC’s serem concentradas e analisadas cada qual em sua esfera epistemológica, possibilitando a identificação de avanços e empecilhos para o desenvolvimento da sociedade informacional.
- OLIVEIRA, Janikelle Bessa
- CARDOSO, Antonio Dimas

CARDOSO, Antônio Dimas
É bacharel e especialista em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES (Brasil), mestre e doutor em Sociologia, com tese sobre ação coletiva e arranjos corporativos, no Centro de Pós-Graduação sobre as Américas, na Universidade de Brasília (UnB/Brasil). Atualmente, está realizando projeto de pós-doutoramento na Universidade Nova de Lisboa/UNL, Portugal, com investigação sobre "Modos de Apropriação de Espaço", no estudo da Sociologia de Jean Rémy. É professor efetivo da Universidade Estadual de Montes Claros (Brasil), na Graduação em Ciências Sociais, onde ministra cursos de Sociologia Urbana, e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Possui experiência como sociólogo em Administração Pública, com atuação em projetos de geração de trabalho e renda e apoio às atividades produtivas, além de atuar como gestor público em planejamento de cidade média no Brasil, implementando programas de governança democrática.
PAP0087 - Indicadores de Dotação e Qualidade das Infra-Estruturas – O Caso Português
A multidimensionalidade do conceito de infra-estruturas requer indicadores que consigam captar as suas componentes mais relevantes. Nesse âmbito, as duas ópticas de medição mais difundidas analisam as diferentes vertentes de infra-estruturas de forma isolada ou através da utilização de um índice de infra-estruturas. Este artigo procura contribuir para uma medição mais apropriada das infra-estruturas e, nessa medida, compreende: (i) uma nomenclatura de infra-estruturas que inclui as dimensões fundamentais do fenómeno; (ii) um leque alargado de indicadores de dotação e qualidade para cada uma das dimensões individualmente consideradas, os quais, sendo periodicamente analisados de forma conjunta, possibilitam uma avaliação mais completa das infra-estruturas; (iii) um leque mais restrito daqueles que integrados numa medida compósita de infra-estruturas permitem uma monitorização mais imediata e permanente da evolução do fenómeno entre espaços económicos. Os indicadores sugeridos são aplicados a um caso concreto, Portugal.
- MOREIRA, Sandrina

- Docente na Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal. Pertence ao Departamento de Economia e Gestão.
- Investigadora na Business Research Unit (BRU) do ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa. Pertence ao Grupo de Economia do Centro BRU/UNIDE.
- Doutora em Economia pelo ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa; Mestre em Economia pelo ISEG, Instituto Superior de Economia e Gestão; Licenciada em Economia pela FEUC, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
- Atuais Interesses de Investigação: Medição do Desenvolvimento de Países ou Regiões, incluindo Componentes do Desenvolvimento como Distribuição do Rendimento, Emprego, Saúde...
PAP0220 - Indignados, resignados e mediados
Um pouco por todo o mundo, muito em especial no último ano, tem-se desenvolvido um processo de democratização da participação, designadamente através de manifestações de rua, muitas delas tendo como ponto de partida a internet. No caso concreto português como são entendidos estes processos, são mais nacionais ou globais? Que intuitos servem? O que leva à indignação?
Quando Stephane Hessel sugere aos jovens para olharem em redor e encontrarem motivos de indignação refere-se designadamente aos direitos humanos (2011: 30). Serão esses os motivos que têm emocionado e levado à indignação? Quais são as implicações da mediação desta participação, tendo em conta as oportunidades que as redes sociais proporcionam? Isto tendo em conta que a internet é um conceito integrante da cultura cívica (Dahlgren, 2009).
Para tentarmos refletir e dar algumas pistas de resposta a estas questões pretendemos analisar duas amostras diferentes. A mostra principal será composta por seis grupos de foco realizados entre Setembro e Novembro de 2011, no contexto de uma investigação longitudinal, iniciada em 2010 com a realização de 35 entrevistas aprofundadas com jovens (32: 15-18 anos; 2: 21 anos; 1: 14 anos), 30 desses mesmos jovens foram novamente entrevistados em 2011, na sequência das eleições presidenciais. O culminar do estudo longitudinal deu-se precisamente com a realização dos seis grupos de foco.
A outra amostra, usada em segundo plano, é um conjunto de comentários alargados, que o Público publicou a propósito da manifestação Geração à Rasca. Estes comentários tinham como base a justificação do porquê da ida ou não à manifestação.
Da conjugação das duas amostras pretendemos contribuir para o debate sobre as emoções entendidas, mais do que as razões, como condicionantes da ação cívica e política. Os indicadores apontam para uma sobreposição dos interesses pessoais em relação à indignação pelo bem comum e que as identidades políticas são preditores das intenções de participar ou não participar.
Palavras chave: indignação, jovens, participação, internet
Referências
Dahlgren, Peter (2009a). Media and Political Engagement: Citizens, Communication, and Democracy. Cambridge, Cambridge University Press.
Hessel, Stephane (2011). Indignai-vos!. Objectiva.
- BRITES, Maria José

- MENEZES, Isabel
- PONTE, Cristina
Maria José Brites é doutoranda em Ciências da Comunicação na FCSH-UNL e está a desenvolver uma tese de doutoramento sobre “O lugar das notícias na construção do comportamento cívico dos jovens” (apoiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia). Investigadora do Centro de Investigação Media e Jornalismo – CIMJ, também é assistente na Universidade Lusófona do Porto, desde 2008. Foi membro dos projectos Crianças e Jovens em Notícia (financiado pela FCT) e Digital Inclusion and Participation (com UT Austin) e integra a rede de investigadores COST – Transforming Audiences, Transforming Societies. Áreas de investigação: audiências e participação juvenil; produção e consumo noticioso juvenil; representação da delinquência juvenil nas notícias; e uso participatório do digital. Trabalhou a tempo integral como jornalista entre 1992 e 2008. Entre 1998 e 1999, coordenou um atelier de jornalismo com jovens num bairro de habitação social.
PAP0880 - Individualização, ruptura transacional e sofrimento
Individualização, ruptura transacional e
sofrimento
Esta comunicação apresenta um estudo que tem
como principal objectivo explorar as relações
entre a individualização e o sofrimento
associado aos distúrbios mentais (vg.
ansiedade e depressão) na sociedade
portuguesa.
O aumento da depressão, nos países
ocidentais, convida a analisar a sua dimensão
social. As explicações biológicas ou
genéticas não se revelam suficientes para
explicar o aumento da doença. Torna-se
importante convocar a perspectiva
sociológica¸ bem como os cruzamentos
possíveis com a psicanálise e a filosofia. Na
perspectiva teórica da actual fabricação
social dos indivíduos surgem váris teorias
(Demailly, 2011). A depressão pode dever-se
ao desenvolvimento do individualismo e do
valor da autonomia, da economia neoliberal e
do culto da performance. É o que afirma Alain
Ehrenberg (2010), segundo o qual, na
sociedade actual, a nevrose é substituída
pela depressão. Ao mesmo tempo, Robert Castel
(1971,1981) com o seu conceito de
desafiliação ou Bertrand Ravon (2005) com
conceitos similares como o de laço social
desfeito, apresentam o aumento da depressão
como resultado da exclusão a que a sociedade
remete alguns dos seus membros. Por último, o
mesmo fenómeno é explicado, em autores como
Charles Melman (2002) e Jean Pierre Lebrun
(2007) para quem a depressão é uma
melancolização ou uma patologia narcísica que
resulta do enfraquecimento das instituições e
da ordem simbólica.
Por outro lado, e no plano empírico, um
estudo recente de natureza quantitativa
revela que quase cerca um quarto dos
portugueses sofreu no último ano de problemas
de ansiedade e depressão (Almeida, 2010).
Pela operacionalização de variáveis como a
classe social, o género, a situação conjugal
e a idade sabe-se que as mulheres, os que
vivem sós, os mais jovens e os menos
instruídos são os grupos mais vulneráveis.
Estes resultados mostram a extensão do
fenómeno em Portugal, a pertinência empírica
do seu estudo, bem como a necessidade de uma
aproximação qualitativa que permita
compreender as correlações descritas.
A depressão surge, então, como objecto de uma
sociologia do sofrimento (Foucart, 2003) que
a perspectiva como fenómeno social e, mais
especificamente, como ruptura transacional,
na fluidez social da ultramodernidade
(Foucart, 2003). Do ponto de vista
metodológico e para atingir os objectivos
enunciados serão realizadas entrevistas em
profundidade na àrea da Grande Lisboa.
- MONTEIRO, Teresa Líbano
PAP0737 - Indústria Farmacêutica, Patentes de Medicamentos e Saúde Pública: contradições permanentes entre o Mercado e a Vida
A pesquisa científica tecnológica, mais conhecida como pesquisa e desenvolvimento (P&D), se tornou um potente instrumento de desenvolvimento capitalista na busca de invenções e inovações de produtos que possam adentrar na exploração de novos mercados e intensificação dos já conquistados através de suas mercadorias monopolizadas. Os países pioneiros de desenvolvimento tecnológico criaram uma série de barreiras e salvaguardas para que suas empresas transnacionais possam atuar livremente pelos mercados mundiais sem que seus produtos pudessem ser violados. Desta maneira, a liberdade e permutabilidade do conhecimento se tornaram cerceados por interesses de proteção das descobertas e técnicas científicas que, por sua vez, tem como interesse a garantia do monopólio dos lucros por parte das grandes indústrias farmacêuticas (criando uma enorme estrutura política de lobby internacional da chamada “Big Pharma”). A dimensão do poder destas empresas transnacionais que não se limitam às barreiras políticas e geográficas e atuam em muitos aspectos como verdadeiros Estados Nacionais, seja na agressividade da imposição de preços e proteção às suas mercadorias, seja no poder internacionalizado de coação econômica e jurídica perante nações de maior fragilidade institucional e socioeconômica. O impacto dos preços monopolizados se potencializa na dificuldade de acesso aos medicamentos nos países de menor potencial econômico e na ampliação da partilha desigual de renda oriunda das diferentes classes sociais. O objetivo geral deste presente trabalho é buscar compreender alguns dos mecanismos estabelecidos numa nova etapa capitalista sob a forma da apropriação dos bens intangíveis. Neste ínterim, as patentes de medicamentos é um elemento sob o qual o conhecimento (sob a luz da ciência e a tecnologia) se tornou uma forma quase inesgotável de lucratividade por parte das indústrias farmacêuticas. Na busca por mercados com viés monopolista, o conhecimento cerceado por patentes priorizam os lucros para seus detentores ao mesmo tempo em que as reais necessidades da saúde pública e o acesso humanitário aos medicamentos dentro de uma sociedade deixam de ser a prioridade.
- MENEZES, Wellington Fontes
PAP0461 - Infância (in)visível e (ar)riscada: a parentalidade (des)protectora e a intervenção da CPCJ no discurso de pais de crianças em perigo
Em 2010 as 300 Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do nosso país acompanharam 68300 processos de crianças e jovens em perigo. Mas por que razão estas crianças foram consideradas em perigo? Quem são os seus progenitores? Que representações estes pais têm dos direitos e necessidades das crianças e de uma parentalidade protectora? De que forma avaliam a intervenção da CPCJ na sua família?
Vários estudos internacionais têm mostrado o alto grau de satisfação dos pais na sua relação com os serviços de protecção à infância, Ghate and Hazel (2002); Quinton (2004); Sweet and Appelbaum (2004); Baldwin & Spencer (2005), algo que em Portugal ainda não foi estudado. Partindo daqui, e sabendo que se a família não protege, o Estado tem de intervir na protecção, fizemos uma incursão no mundo das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, uma das formas de operacionalização das políticas públicas de protecção à infância. Paralelamente observámos e falámos com as famílias (des)protectoras que vêm assim trazer uma imagem mais escondida e negra desta instituição, contrariando um pressuposto básico: a família é o elemento base da sociedade que visa proteger e ajudar no desenvolvimento integral e harmonioso das crianças e jovens.
No âmbito da pesquisa para a tese de doutoramento, esta comunicação apresenta algumas conclusões da observação participante de um ano e meio numa CPCJ da área metropolitana de Lisboa e da análise de conteúdo de 28 entrevistas estruturadas a progenitores de crianças/ jovens em perigo com processo naquela comissão.
Uma das conclusões mais relevantes deste estudo é que as CPCJ são avaliadas positivamente por parte dos pais de crianças e jovens em perigo, sendo finalmente desconstruído o mito de que as CPCJ “só servem para tirar os filhos”. Estas instituições são até consideradas parceiras no desenvolvimento e melhoria das suas competências parentais (assim como pessoais e sociais) por mais de metade dos entrevistados.
Relativamente aos direitos e necessidades das crianças, concluímos que os direitos referidos pelos pais foram em muitos casos aqueles cujo desrespeito grave e reiterado originou o risco, levando-a à sinalização das crianças e jovens na CPCJ, o que nos leva a concluir que no decorrer do processo em comissão houve uma aprendizagem construtiva destes progenitores. Além disso, a parentalidade é considerada protectora quando impõe regras, aplica a correcção física e contempla os afectos e a atenção aos filhos, havendo uma contradição evidente entre o discurso e a prática educativa diária.
- CARREIRA, Marta Almeida

Licenciada em Ciência Política (ISCSP – UTL), mestre em Desenvolvimento, Diversidade Locais e Desafios Mundiais – Análise e Gestão (ISCTE – IUL) e pós-graduada em Proteção de Crianças em perigo e intervenção local (ISCSP – UTL). Atualmente é doutoranda de Sociologia no ISCTE-IUL e bolseira de doutoramento da FCT no CIES-IUL. Tem como principais interesses de investigação a sociologia da infância, crianças e jovens em risco, sociologia da família, ONGs, desenvolvimento social e humano, pobreza e exclusão social.
PAP0147 - Infância, socialização e território: a aprendizagem social da delinquência por crianças em contexto de realojamento
Tendo como pano de fundo as profundas mudanças sociais ocorridas nos últimos anos no tecido (sub)urbano em Portugal, nesta comunicação procura-se debater alguns dos principais resultados obtidos num projeto de investigação de Doutoramento em Sociologia apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/ BD/ 43563/ 2008) Fundando-se nos campos do interacionismo simbólico, da ecologia social e da sociologia da infância, esta pesquisa teve por objetivo estudar as relações emergentes entre a delinquência de crianças em idade escolar (1º Ciclo do Ensino Básico: 6-12 anos) e os modelos de urbanização em que se integra a construção de seis bairros de realojamento no concelho de Oeiras, Área Metropolitana de Lisboa. Com base numa linha orientadora que cruza três vetores – infância, delinquência e território – partiu-se da hipótese de que esses modelos articulam-se com o desenvolvimento de processos de socialização e modos de vida facilitadores do acesso das crianças a janelas de oportunidades para a prática de delinquência.
Entre final de 2005 e 2009 realizou-se um estudo de caso, de base etnográfica e caráter exploratório no contexto selecionado, desenvolvendo-se uma metodologia qualitativa que resultou da conjugação e complementaridade de diferentes técnicas e instrumentos, de entre os quais se destaca a observação participante, entrevistas a crianças e adultos, técnicas visuais (desenho e fotografias dos bairros) e análise documental, numa lógica analítica compreensiva que teve como ponto de partida a voz das crianças.
No final, constatou-se a invisibilidade da problemática da delinquência na infância na estatística oficial não sendo possível identificar os seus contornos a nível nacional por limitações nos instrumentos de notação de diversas entidades. A nível local, a espacialização da diferenciação social na origem destes bairros traduz-se em fragilidades do controlo social, identificando-se um quadro de desorganização social e de baixa eficácia coletiva que favorece a aprendizagem social da delinquência. Detetou-se uma precocidade nas práticas delinquentes que escapa à ação oficial e onde a associação diferencial se faz sentir de modo particular. A transmissão dos valores delinquentes, especialmente em famílias que se constituem como modelos de não conformidade social, assume significativa importância espelhando-se na diluição do controlo social informal e na fraca presença de mecanismos de sanção. Parte das culturas da infância aqui geradas sustenta-se num código e cultura de rua, integrando contributos inter e intrageracionais. Para várias crianças, a delinquência assume um caráter funcional e instrumental, nela encontrando formas atrativas e gratificantes de socialização que variam entre o que consideram ser uma brincadeira e a necessidade de obtenção de reconhecimento em territórios socialmente estigmatizados.
- CARVALHO, Maria João Leote de

Maria João Leote de Carvalho
Investigadora Integrada do CESNOVA – Centro de Estudos de Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), Universidade Nova de Lisboa (UNL).
Doutorada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.
Principais áreas de investigação: delinquência de crianças e jovens, violência urbana, dinâmicas espaciais do crime e eficácia coletiva, sistemas de Justiça Juvenil, Direitos das Crianças, trabalho infantil, e o papel dos meios de comunicação em notícias sobre a delinquência e Justiça Juvenil.
Perita no European Council for Juvenile Justice – Academic Section, do European Juvenile Justice Observatory (EJJO).
Consultora técnica no Programa “Crianças e Jovens em Risco” da Fundação Calouste Gulbenkian.
Docente de Educação Especial em Agrupamento de Escolas abrangido pelo Programa TEIP II, Ministério da Educação.
Autora e co-autora de livros e artigos em publicações nacionais e internacionais.
PAP1349 - Iniciativa Novas Oportunidades: genealogia de uma política de educação de adultos.
Nesta comunicação apresentam-se resultados preliminares do Projecto Eduqual (financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia), com base numa revisão de literatura e análise documental, a qual inclui depoimentos orais de alguns dos decisores e executores do programa "Novas Oportunidades". A primeira década deste século é, sem qualquer dúvida,marcada, em Portugal, pela concepção e implantação no terreno do programa "Novas Oportunidades", o qual materializou um conjunto de ofertas formativas dirigidas a jovens e adultos trabalhadores. Trata-se de um programa que, na sequência do trabalho realizado na viragem do século pela ANEFA (e pelo Grupo de Missão que lhe deu origem) representou o "relançamento" da educação de adultos que passa a ocupar um lugar central na agenda educativa portuguesa. A importância e dimensão deste programa podem ser avaliadas pelas suas metas extremamente ambiciosas, por ter assumido o carácter de uma campanha massiva com vista a elevar o nível de qualificações da população adulta, pelo modo como articula a acção pública com a intervenção de entidades de direito privado, pelo conjunto de recursos financeiros que mobiliza, pelas inovações organizacionais e pedagógicas que introduz. Para compreender a genealogia desta política recorre-se não apenas a antecedentes imediatos, mas também à evolução do campo da educaçõ de adultos, em Portugal, no último quartel do século XX. A especificidade do caso português é acompanhada por uma análise das políticas de educação e formação ao nível internacional as quais constituem um quadro de grande constrangimento externo. O nosso objectivo consiste em argumentar sobre as mudanças mais significativas das políticas de educação de adultos, recolocando-as num novo quadro interpretativo.
- CANÁRIO, Rui
- ALVES, Natália
- CAVACO, Carmen
- MARQUES, Marcelo
PAP0695 - Iniciativas colaborativas para aproximar as ciências da vida e ciências sociais da sociedade
A crescente complexidade resultante do envolvimento da ciência com distintos públicos tem estimulado o desenvolvimento de novas abordagens para a compreensão da ciência, educação científica e investigação, por um lado, e das preocupações, experiências e conhecimentos do público, por outro.
Iniciativas como as Science Shops ou investigações de cariz comunitário e participativo são fundamentais para a promoção de diálogos inovadores entre a ciência e diferentes públicos e comunidades.
Através dos distintos modelos de investigação-ação, essas iniciativas procuram ampliar o espaço da ciência para projetos colaborativos que operem na intersecção das ciências sociais e ciências da vida, em domínios como os da saúde e do ambiente.
Desta forma, cientistas e públicos leigos podem trabalhar em conjunto na identificação de problemas relevantes e projetar, implementar e avaliar respostas adequadas. No entanto, e apesar da diversidade a nível mundial de experiências e modelos de investigação deste tipo de iniciativas, Portugal surge como um dos poucos países que não apresenta uma tradição nestes modelos.
Assim, e inspirada nestas experiências, foi criada uma unidade de investigação que promove atualmente uma série de projetos de investigação-ação. Alguns destes incluem associações de doentes e organizações ligadas à promoção dos direitos de pessoas portadoras de diferentes tipos de deficiência ou criadoras de estigma social, comunidades de imigrantes e escolas, entre outros, com o objetivo de demonstrar as características inovadoras e as potencialidades destas abordagens.
O projeto “ (BioSense) O envolvimento da ciência com a sociedade: Ciências da Vida, Ciências Sociais e Públicos ”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, visa criar e implementar esta unidade dentro de universidades e centros de investigação em Portugal. Neste momento envolve os esforços das Universidades de Coimbra e Porto através da cooperação do Centro de Estudos Sociais e do Instituto de Biologia Molecular e Celular, respectivamente. Como parte das estratégias de implementação, foram estabelecidas parcerias de trabalho com outras instituições de investigação, e com estudantes de doutoramento, pós-doutorados e projetos de investigação e extensão.
Como parte do BioSense foi também criada uma plataforma online (http://biosense.org.pt) para a partilha dessas experiências, com informação sobre os projetos em curso, tal como para divulgação de iniciativas de formação de facilitadores para o trabalho de investigação.
- CASTRO, Irina
- NEVES, Daniel
- SERRA, Rita
- SANTOS, José Borlido
- MARTINS, Sónia
- SILVA, Sandra
- NUNES, João Arriscado
PAP0817 - Inovamos ou só Reconfiguramos? Estudo de casos de parcerias publico-privadas no combate à violência doméstica
O esforço para aumentar a ajuda às mulheres em situação de violência doméstica fica patente na elaboração de Planos Nacionais para a Igualdade e Contra a Violência Doméstica, no aumento de estruturas de atendimento e casas abrigo, na formação de agentes judiciais e de profissionais da saúde. Este esforço e a mudança legislativa dão visibilidade à iniciativa dos Governos no combate à violência no seio da família. É consensual que as intervenções que pretendem estimular a transformação do quadro tradicional das relações familiares e de género não são suficientes. As estatisticas continuam a dar-nos conta da existência de relações familiares violentas.
No contexto de reconfiguração das relações e do papel do Estado e da sociedade civil na interferência (protetora) na família, interessou-nos compreender o modo como os atores sociais se articulam, colaboram e contribuem para atenuar efeitos perversos de revitimização decorrentes da ineficiência no controlo social da violência sobre a mulher.
Apresentamos resultados de uma pesquisa compreensiva sobre casos de colaboração em parceria envolvendo entidades públicas e da sociedade civil. O objectivo é perceber até que ponto estas configurações institucionais, que representam ‘novos’ actores sociais, são inovadoras.
Os resultados do estudo de casos revelaram que estes atores sociais reproduzem o modelo burocrático-administrativo adotado pelos Governos e sugerido por organismos internacionais na elaboração de planos de ação, que são definidos pelos profissionais sem a participação de mulheres em situação de violência conjugal. Os atores sociais adotam o conceito de ‘violência doméstica’ usado na sociedade sem o sujeitar a reflexão critica e não fazem avaliação de impacto da sua ação. Isto reforça o fato de a sua ação ficar circunscrita à prestação de apoio a mulheres vítimas de violência conjugal. Apesar de reconhecerem a complexidade do fenómeno, optam por não intervir com agressores nem com vítimas vicariantes da violência.
Na intervenção direta verificou-se uma replicação dos modos de intervenção do serviço social tradicional (fortemente assente no encaminhamento e na promoção da ‘reinserção social das vitimas’ através da integração no mercado de trabalho) revelando pouca inovação. A inovação manifesta-se ao nivel da colaboração interinstitucional. Esta inovação não é entendida por estes atores sociais como conhecimento, logo, não a difundem. Isto faz com que boas práticas não sejam divulgadas nem incluidas na política social para a violência doméstica.
- COSTA, Dália

Dália Costa é Professora Auxiliar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa – onde leciona desde 1996. Fez o seu Doutoramento em Sociologia da Família, na Universidade Aberta; é Mestre em Sociologia, pelo ISCSP-UTL; possui uma Pós-graduação em Ciências Criminais, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde; fez a sua Licenciatura em Política Social, no ISCSP-UTL. Tem interesse em temas de: Política Social; Crimiminologia e Vitimologia; Violência Familiar; Promoção e proteção dos Direitos Humanos. Contactos: Dália Costa daliacosta@iscsp.utl.pt
PAP0872 - Inovação Urbana nos serviços de base local prestados pelas organizações da economia social
A cidade congrega todo o potencial associado à sua densidade. Por um lado, é palco privilegiado da criatividade, do movimento e dos fluxos. Por outro, concentra dualidades sociais marcantes que evidenciam as desigualdades na redistribuição dos rendimentos. Distinguir estes campos traduz-se apenas num exercício analítico que não procura tratar cada uma das dimensões de forma desligada. Muito pelo contrário, o que existe de mais interessante é a miscigenação entre as diferentes variáveis em jogo.
Face às tensões e às oportunidades que emergem da cidade, interessa perceber a forma como as organizações procuram dar uma resposta direta aos problemas e às necessidades dos cidadãos. Incidindo sobre as organizações cujo perfil se enquadra nos critérios europeus de definição da economia social (Ávila e Campos, 2007), o enfoque é centrado sobre aquelas que desenvolvem serviços de base local. Entendem-se por estes serviços aqueles que suprem necessidades sociais dos indivíduos a partir de uma perspetiva assente nas características específicas de cada local (Bradford, 2011) e a partir de relações subjetivas e objetivas de proximidade (Laville, 2005; 2009). Estaremos perante um novo localismo ou uma outra abordagem territorialista que recupera as potencialidades das intervenções «bottom-up» não descurando o caráter sistémico e global em que se enquadram as relações sociais.
Trata-se de saber que tipo de respostas são dadas por estas organizações, que recursos mobilizam e qual a sua importância na construção da vida da cidade. A partir de uma análise descritiva que decorre do seu mapeamento na cidade de Lisboa, pretende-se dar conta dos elementos mais inovadores. Uma inovação entendida: i) pela forma como são mobilizados os recursos para além das lógicas assistencialistas que medeiam parte da intervenção social; ii) a partir da mobilização de áreas de ação e de grupos sociais distintos como meio de promoção da inclusão; iii) pela ativação de novas formas de organização coletiva para o consumo e a produção que valorizam a proximidade como elemento central na construção de uma cidadania ambiental urbana; iv) pela reivindicação e lobby exigindo o direito à vivência e à apropriação da cidade; v) através da participação ativa dos cidadãos na valorização e na reabilitação do património; vi) pela criação de sistemas autónomos de proteção face a riscos assentes na confiança entre desconhecidos.
Apresentam-se os casos mais emblemáticos que refletem a capacidade de auto-organização cidadã para a criação de respostas diretas aos problemas emergentes da cidade.
- SOUSA, Vanessa

“Vanessa Duarte de Sousa é assistente convidada da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, associada do Dinâmia’CET, ISCTE – IUL e Bolseira da FCT para o doutoramento em Cidades e Culturas Urbanas pelo Centro de Estudos Sociais e Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. É licenciada em Sociologia e Planeamento e Mestre em Planeamento e Avaliação de Processos de Desenvolvimento, ambos pelo ISCTE. Áreas de interesse: construção de indicadores de desenvolvimento social, investigação-ação, sociologia da intervenção, sociologia do território, políticas sociais e economia social urbana, tema em que se centra a tese de doutoramento em desenvolvimento.”
PAP0217 - Insiders and Outsiders: a autoetnografia como forma de investigação
GT Comunicação Social
Insiders and Outsiders in the domain of knowledge, unite.
You have nothing to lose but your claims.
You have a. world of understanding to win.
(Merton, 1972, p. 44) (Merton, 1972, p. 44)
Passei, nos últimos anos, por uma estranha experiência: depois de mais de 30 anos de trabalho como jornalista, ao longo dos quais fui levada a reflectir intensamente sobre a minha profissão, decidi regressar à Universidade a fim de aprofundar essa reflexão com apoio do conhecimento científico. Conclui, com êxito, a parte curricular de um doutoramento em Sociologia e vi o meu projecto de dissertação aprovado. Mas, ao começar a minha investigação, deparei-me com um paradoxo: a minha observação como investigadora era claramente menos aprofundada que a que fizera enquanto elemento do campo e os resultados dos inquéritos que levei a cabo correspondiam mais à representação da profissão do que ao seu exercício. A minha memória parecia-me mais fiável do que os dados agora recolhidos. Mas, naturalmente, não tinha documentos de apoio a muitas das coisas que recordava e que não ocorreriam frente a um observador exterior. Ora da minha investigação fazia parte um conjunto de “histórias de vida” realizadas no contexto do projecto “Análise Sociológica do Jornalista Português” e isso levou-me a pensar que a minha própria “história de vida”, sujeita ao mesmo guião aplicado aos entrevistados, poderia ser também parte da investigação. Utilizado nos cultural studies, o método autoetnográfico não faz também sentido nos estudos profissionais, numa altura em que o aumento da esperança de vida está a levar de volta à universidade tantas pessoas que desenvolveram, antes, uma carreira profissional? E não será essa colaboração entre insiders e outsiders, como sugere Merton, positiva para o conhecimento?
- ANDRINGA, Diana
PAP1260 - Institucionalização da Transferência de Conhecimento: Politicas Públicas e Formação de Actores-Rede na Universidade Portuguesa
A universidade em Portugal foi sujeita, em anos recentes, a um conjunto alargado de mudanças com reconfigurações na sua arquitectura e relação com a sociedade, nomeadamente com o mundo empresarial. Neste contexto a universidade consolidou rapidamente o estatuto de principal actor na produção de conhecimento científico no panorama nacional. Este papel fulcral, que se aliava à missão central no âmbito do ensino superior, foi alargado ao que tem vindo a ser denominado de terceira missão da universidade. Esta terceira missão designa um conjunto de actividades focadas na transferência de conhecimento entre a universidade e actores externos. Neste contexto, as políticas públicas têm enfatizado as relações da universidade com as empresas, através de um conjunto de mecanismos. Entre estes incluem-se iniciativas no âmbito da propriedade industrial, da criação de empresas spin-off ou da promoção da contratação de I&D, fortemente apoiadas em Portugal por programas como os GAPI, OTIC, NEOTEC e UTEN, estimulando o surgimento de novos actores de interface académico. A presente comunicação recorre à abordagem da Teoria do Actor-Rede para compreender a emergência destas dinâmicas de intermediação no contexto académico português. Ilustrando o processo de tradução procura-se analisar de que modo um gabinete de transferência de conhecimento se torna, ou não, como ponto passagem obrigatória na relação universidade-empresa, contribuindo assim para a institucionalização destes processos, numa perspectiva da endogeneização da mudança. A análise de redes do gabinete de transferência permite ainda identificar objectos de fronteira e o enfoque central em actividades de apoio à criação de spin-offs e patenteamento. Os resultados sublinham a evolução recente no contexto português, através de tentativas de estandardização de processos de transferência de conhecimento e formalização de actores de fronteira, mas revela também tensões emergentes na academia com a mudança institucional verificada.
- PINTO, Hugo

- PEREIRA, Tiago Santos
Hugo Pinto
hpinto@ualg.pt
Hugo Pinto é Mestre em Economia Regional e Desenvolvimento Local e Licenciado em Economia pela Universidade do Algarve, tendo preparado tese de Doutoramento no CES - Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, apoiado por uma bolsa individual da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Os seus temas de investigação são os sistemas de inovação, a transferência de conhecimento e o papel das universidades. Também interessado no debate da Economia enquanto ciência e na turbulência económica. Foi em 2008 finalista do Academic Tech Transfer and Commercialization Graduate Student Literature Review Prize da Association of University Technology Managers e vencedor do Prémio Bartolomeu 2012 (melhor comunicação de investigador jovem) da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional. Desde 2003 foi gestor de projectos em várias entidades de I&D em Portugal. Em 2010, Hugo Pinto foi investigador visitante no Instituto de Estudos Sociais Avançados do CSIC em Córdoba, Espanha. É assistente convidado na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (desde 2006/07) e actualmente membro associado do Centro de Investigação sobre Espaço e Organizações.
PAP1479 - Insucesso e Abandono Escolar e a Construção Social da Masculinidade
A relação entre o insucesso escolar e identidade de género é claramente relevante, quando dados estatísticos nos diferentes países da Europa confirmam um maior insucesso escolar e elevadas taxas de abandono nos jovens do sexo masculino com menores recursos económicos ou com capital cultural não reconhecido pela escola (Araújo et al, 2010; Charlot, 2009; Nóvoa, 2005; Derouet, 2004).
Influenciados por contextos culturais de uma masculinidade assente em valores de poder e afirmação mas experimentando dificuldades na obtenção de sucesso escolar, muitos jovens, integram uma masculinidade marginalizada (Connell 1995; 1997, 2001) baseada em atitudes de contestação, agressividade e heterossexualidade performativa, que precocemente “os empurra” para formas de trabalho precário, desvalorizadas e mal remuneradas (Entwisle et al, 2005; Kane, 2006).
Na linha dos estudos referidos procura-se reflectir sobre a construção da masculinidade no contexto escolar, recorrendo a sessões de Focus Group, no sentido de entender a heterogeneidade e as singularidades dos jovens com percursos escolares marcados pelo insucesso e em risco de abandonar o sistema de ensino.
Uma análise exploratória do material recolhido permite-nos perceber o desejo de virem a alcançar uma certificação escolar, embora o estudo seja desvalorizado, enquanto actividade necessária ao êxito escolar. Referem que “se quisessem” até tinham boas notas, mas “não têm paciência para os livros”, “nunca estudaram na vida”, indiciando uma adesão, mais ou menos consciencializada, ao binómio masculinidade/actividade física em contraponto com feminilidade/ trabalho mental (Arnot, 2007).
Os valores hegemónicos encontram-se muito presentes, sendo uma referência normativa dos comportamentos adequados à masculinidade, As diferenças de género são percepcionadas e fundamentadas de acordo com concepções essencialistas pois a defesa de características “naturais”, que distinguem rapazes e raparigas, homens e mulheres, aparece como um discurso normativo raramente questionado. A homofobia e a defesa da heteronormatividade desempenham um papel muito forte, servindo não só para a marginalização e punição de todos os que divergem da norma, mas também, como um exemplo para os que tentem desviar-se do comportamento socialmente sancionado.
Ouvem-se outros discursos, minoritários, que remetem para diferentes formas de viver a masculinidade, “masculinidades dissonantes” (Silva & Araújo, 2007), que assumem práticas mais distanciadas dos valores hegemónicos, encontrando contudo dificuldade, na afirmação das suas vozes, relativamente a uma ordem de género (Connell, 2001) muito poderosa no contexto escolar. Como defende Connell (2001: 160): “No hay ningún mistério sobre el porqué algunas escuelas construyen masculinidades: fueron creadas para eso”.
- CARRITO, Manuela

- ARAÚJO, Helena C.

Maria Manuela Ribeiro Carrito
Doutoranda em Ciências da Educação
Membro do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE)
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Interesses de investigação: Ciências da Educação e Estudos de Género
Helena Costa Araujo
hcgaraujo@mail.telepac.pt;
haraujo@fpce.up.pt
Professor of Sociology of Education
and Gender Studies
University of Porto/Faculty of Psychology and Education
and Director of the
Centre for Research in Education (CIIE)
tel. 351.22.6079700
fax. 351.22.6079725
http://www.fpce.up.pt/ciie/?q=researchers/helena-c-araújo
PAP0922 - Integrando Cultura em Comunidades Sustentáveis: Uma análise comparativa entre Canadá e Europa
A comunicação pretende apresentar alguns dos primeiros resultados de um projecto dedicado à análise comparativa entre o Canadá e a Europa, denominado 'Culture in Sustainable Communities: Improving the Integration of Culture in Community Sustainability Policy and Planning in Canada and Europe' (financiado pelo Governo do Canadá, 2001-2012). Este projecto de investigação multidisciplinar integra as perspectivas das ciências políticas (governança e administração pública), política cultural e planeamento, património e sociologia.
O projecto analisa as estratégias, as inovações e os desafios colocados na integração da cultura em iniciativas de planeamento local com especial atenção a iniciativas de desenvovimento sustentável de comunidades. Busca igualmente a identificação de conceitos-chave, linhas de gestão e abordagens estratégicas que implementem sensibilidades e consciências culturais, enquadramentos holísticos de planeamento para comunidades sustentáveis, gestão territorial e desenvolvimento.
A investigação envolve análise documental, entrevistas e inquéritos destinados a investigadores e profissionais no Canadá e na Europa.
A apresentação apresenta os resultados globais deste estudo, tendo em consideração e reflectindo a situação portuguesa em comparação com esforços realizados neste âmbito no Canadá e noutros países europeus. O projecto conta com a coaboração de outros investigadores do CES de forma a obter um quadro comparativo nacional durante o período 2012-2013.
Apresentação em Inglês e em Português.
Investigadores do Projecto:
Dra. Nancy Duxbury, Investigadora PhD, CES
Dr. João Mascarenhas Mateus, Investigador PhD, CES
Ms. M. Sharon Jeannotte, Research Fellow, Centre on Governance, University of Ottawa
Dr. Caroline Andrew, Director, Centre on Governance, University of Ottawa
Apresentadores:
Dra. Duxbury e Dr. Mascarenhas Mateus
- DUXBURY,Nancy

- MATEUS, João Mascarenhas

- JEANNOTTE, M. Sharon

- ANDREW, Caroline

nome: Dr. Nancy Duxbury
afiliação institucional: Centro de Estudos Sociais (CES), Universidade de Coimbra
área de formação: comunicação (em política cultural) [Simon Fraser University, Canadá)
interesses de investigação: cultura e sustentabilidade, centrando-se nas práticas de planeamento cultural das cidades Europeias e de integração cultural no âmbito de iniciativas de sustentabilidade urbanas
Dr. João Mascarenhas Mateus is a Senior Researcher at the Centre for Social Studies and a member of the Cities, Cultures and Architecture research group. He holds a MSc in Architecture from the Katholieke Universiteit Leuven, Belgium, and a PhD in Civil Engineering issued by the Technical University of Lisbon (2001) and prepared at the University ‘La Sapienza’ of Rome, Italy. He has worked as an expert for the General Directorate X – Culture from the European Commission on the evaluation of projects of Preservation of Cultural Heritage. In Rome, he designed and directed several restoration projects for the Portuguese Institute and for the Portuguese Pontifical College. He was technical coordinator of the Candidature of Baixa Pombalina of Lisbon to the World Heritage List and senior advisor to the Lisbon City Council Councillor and to the Lisbon Mayor for historical neighbourhoods policies (2003-2006). One of his current fields of research is the relation between urban history and image.
M. Sharon Jeannotte is Senior Fellow at the Centre on Governance of the University of Ottawa. From 2005 to 2007, she was Senior Advisor to the Canadian Cultural Observatory in the Department of Canadian Heritage. From 1999 to 2005, she was the Manager of International Comparative Research in the Department’s Strategic Research and Analysis Directorate. She has published research on a variety of subjects, including the impact of value change on Canadian society, international definitions of social cohesion, the points of intersection between cultural policy and social cohesion, the role of culture in building sustainable communities, culture and volunteering, and immigration and cultural citizenship. In 2005, she co-edited with Caroline Andrew, Monica Gattinger, and Will Straw a volume entitled Accounting for Culture: Thinking through Cultural Citizenship, published by the University of Ottawa Press. In 2011, she co-edited with Nancy Duxbury a special issue of the journal Culture and Local Governance on the subject of culture and sustainable communities.
Dr. Caroline Andrew is the Director of the Centre on Governance at the University of Ottawa. Her research areas centre on local government social and cultural policies, and particularly on the relations between local equity seeking groups and their impact on social and cultural policy at the local level. Among recent research projects, she is part of a research team looking at the use and production of non-English, non-French media in the Ottawa region. In 2005 she co-edited with Monica Gattinger, Sharon Jeannotte, and Will Straw a volume entitled Accounting for Culture: Thinking through Cultural Citizenship, published by the University of Ottawa Press. Caroline Andrew is on the steering committee of the City for All Women Initiative and chair of the Board of Women in Cities International.
PAP0764 - Integração de elementos socioculturais em programas de Equipamentos para a Educação Ambiental – estudo na zona costeira da Euroregião do Eixo Atlântico
A presente comunicação centra-se em equipamentos para a educação ambiental (EqEA) considerando estes espaços de educação não formal como potenciadores de experiências socioambientais significativas e de incremento do sentido de pertença de lugar.
Tais princípios foram analisados em zonas costeiras - áreas estratégicas mas também extremamente vulneráveis - nas quais cabe reconhecer o papel da educação ambiental e dos EqEA para uma gestão costeira integrada e participativa.
Numa óptica de mobilização a nível local, a natureza física e conceptual dos EqEA (com a proximidade à população) configura possibilidades reais de desenvolvimento comunitário e reforço de coesão social.
No contexto actual, torna-se, assim, pertinente considerar o critério nível de impacto social (maior ou menor “peso” na população local) na análise estratégica destes recursos.
Nesse sentido, estudou-se o nível de integração de elementos socioculturais locais, nos programas educativos sobre temáticas costeiras, em EqEA do Eixo Atlântico (Norte de Portugal e da Galiza). Através de uma aproximação metodológica quantitativa e com uma finalidade exploratória, foi enviado um questionário a um universo de EqEA em temas costeiros previamente identificado (27 equipamentos), da qual resultou uma amostra de 22 iniciativas analisadas (12 na região portuguesa e 10 na região galega do Eixo Atlântico).
Através da análise a elementos como, as metodologias educativas que os EqEA usam, as formas de participação da população local, e a colaboração com outras entidades, foram comparados os equipamentos das duas zonas transfronteiriças. Os resultados são apresentados considerando o factor integração das dimensões sociocultural e biofísica nestas zonas costeiras.
Trata-se de indagar se efetivamente os EqEA actuam como dinamizadores sociais dos contextos nos quais operam ou se obedecem a outras lógicas.
Este trabalho é financiado pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia (Ref. da bolsa de doutoramento SFRH / BD / 69059 / 2010).
- CARVALHO, Sara Costa

- AZEITEIRO, Ulisses Miranda

- MEIRA-CARTEA, Pablo Ángel

Sara Costa Carvalho é estudante de doutoramento em Educação Ambiental na Universidade de Santiago de Compostela, Galiza, sendo bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Em 2055 concluiu o Mestrado em Estudos da Criança – Saúde e Promoção do Meio Ambiente, pela Universidade do Minho. Pertence ao Grupo de investigação em Ecologia e Sociedade do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra. As principais áreas de investigação estão relacionadas com os equipamentos para a educação ambiental (EqEA), integração sociocultural na EA, a participação e sentido de pertença de lugar, e a EA em zonas costeiras.
Ulisses M. Azeiteiro estudou na Universidade de Aveiro, onde recebeu o grau de Mestre em 1994, na Universidade de Coimbra onde completou o doutoramento em Ecologia, em 1999, e na Universidade Aberta onde recebeu a Agregação em Biologia, em 2006. É professor assistente com agregação na Universidade Aberta, no Departamento de Ciências Exatas e Tecnologia, onde ensina Educação Ambiental, Biologia, Biodiversidade e Metodologias de Investigação. É Investigador Sénior no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, onde exerce a função de Coordenador do Grupo de Ecologia e Sociedade e de Investigador do Grupo de Ecologia de Ecossistemas Marinhos e Costeiros. Os principais interesses de investigação são os processos ecológicos marinhos e estuarinos relacionados com os padrões climáticos.
Pablo A. Meira-Cartea é Doutor em Ciências da Educação e Professor de Educação Ambiental na Universidade de Santiago de Compostela (Galiza). É membro do Grupo de Investigação em Pedagogia Social e Educação Ambiental (SEPA). As suas linhas de investigação centram-se nas bases teóricas, ideológicas e éticas da educação ambiental (EA), na educação e comunicação relacionadas com as alterações climáticas e no desenvolvimento estratégico da EA. Participou na produção e avaliação das estratégias territoriais da EA em Espanha e foi galardoado com o Prémio Maria Barbeito de investigação pedagógica, em 2009.
PAP0626 - Integração laboral e social dos adultos no domínio das políticas públicas: os benefícios da formação EFA no concelho de Santiago do Cacém.
A presente proposta de comunicação, decorre do trabalho elaborado em contexto de mestrado em Serviço Social, tendo sido apresentado no passado mês de Dezembro do ano de 2010, na Universidade Lusíada de Lisboa.
Este trabalho visa contribuir para percepcionar o impacto da escolaridade e qualificação na empregabilidade no concelho de Santiago do Cacém.
Especificamente, propõe aferir a adequação dos programas de formação EFA-B3 aos seus objectivos, nos indivíduos beneficiários destas acções de formação, vigentes no âmbito das políticas sociais de integração/reintegração da população activa. Será esta linha de formação capacitadora de competências pessoais que reforcem o auto-conhecimento e auto-estima? Elevará simultaneamente o potencial humano de forma à manutenção/reconstrução ou criação de projecto de vida do adulto? De que forma é determinante o papel dos actores sociais, nesta medida em particular, na busca de um caminho que oriente para o desenvolvimento e evolução do indivíduo?
A investigação revela que este processo de qualificação não é só crucial na configuração de projectos de vida profissional dos adultos, como na construção de um auto-conhecimento pessoal, dotando-os de competências que lhes permitem o desenvolvimento activo nas esferas pessoal e social. A frequência desta tipologia de formação fomenta a construção de um cidadão que percepciona a realidade social e a importância da sua actuação nela. É ainda sustentada a motivação para a qualificação ao longo da vida por parte dos frequentadores destas acções.
Metodologicamente, este estudo apoia-se nos indivíduos que concluíram acções de formação de tipologia EFA (Educação e Formação de Adultos) no período de 2006-2007. Estes formandos residiam à data da formação, no concelho de Santiago do Cacém. A abordagem foi o preenchimento de questionário telefonicamente. Recolha de dados estatísticos, entrevistas abertas à equipa de técnicos envolvidos nos processos. Observação participante.
- OLIVEIRA, Ana Filipa de Brito Soares Costa
PAP1545 - Intelligence Analysis in Knowledge Age: The Challenge for Romania
For the last twenty years, technology has been the key driver of every society with specific implications for an intelligence revolution. Specialized literature has been pointing out that we assist to an unprecedented increase of the amount of information, which it makes practically impossible to manage, in the classical way, the data flow and, implicitly, the intelligence flow. The reality is even more complex as the unprecedented information flow is doubled by its specific vulnerabilities: the world’s information is doubling every two years and in the next five years, these files will grow by a factor of 8, while our abilities of understanding and manage all the available data will change only slightly. It is in this context that intelligence analysis aims at an intellectual pursuit, solving puzzles, managing uncertainties and understanding things. Given this context, the paper defines the main nowadays challenges for knowledge and it tackles upon the steps that Romania have taken in adapting to the “knowledge worker” and the “intelligence factory“ standards
PAP0608 - Interacção Escola-Família, parceria ou mera aproximação? – a influência sobre os alunos, escola e comunidade
O tema da presente investigação é a problemática da interacção escola-família em diferentes contextos nacionais e locais, procurando dar resposta: à premissa de que nas sociedades actuais todos os alunos têm de frequentar a escola e com sucesso escolar; à dificuldade em promover a participação das famílias nas escolas, sobretudo em países onde a participação cívica e a responsabilização social são baixas; e em fazer despertar nos professores a necessidade de trabalhar em parceria com as famílias dos alunos. O objectivo será analisar o que as políticas públicas, as estratégias das escolas e as práticas dos professores exigem das famílias relativamente à participação na escola, ao envolvimento parental nos trajectos escolares dos educandos e de verificar se existe uma interferência da escola nas dinâmicas familiares sem colocar em causa a distinção entre a esfera do público e a esfera do privado. Na primeira parte serão analisadas/comparadas as políticas educativas de incentivo à interacção escola-família de países com diferentes ideologias, níveis de participação cívica e responsabilização social e resultados escolares diferenciados, de forma a tentar posicionar Portugal numa escala de interacção escola-família, ou seja, quanto à capacidade que se espera que as escolas tenham em integrar os pais dos seus alunos em actividades pedagógicas, em casa e na escola, e de gestão escolar. Da análise macro avança-se para uma análise meso de como as escolas se apropriam das políticas educativas nacionais no nosso país e de como, com elas, constroem ou não a sua estratégia de aproximação às famílias. Essa visão estratégica para a promoção da interacção escola-família das escolas será recolhida, através de entrevistas semi-directivas, junto dos representantes da educação das Câmaras Municipais e Directores de algumas escolas de cinco concelhos do país (representativos das realidades socio-económicas e educacionais nacionais). Uma vez que a figura escolar da efectiva ligação entre a escola e a família é o director de turma e à grande autonomia profissional dos professores, a análise da apropriação das políticas educativas nacionais não ficará completa sem uma análise ao nível micro de como os professores de facto praticam ou não as directrizes das políticas nacionais e das estratégias escolares com as famílias dos seus alunos (através de entrevistas semi-directivas e da análise de práticas). O fio condutor será o de verificar se as políticas nacionais, estratégias escolares e práticas dos professores são influenciados pelos e/ou terão influência sobre os níveis de participação e de responsabilização social das populações, como é que profissionais da escola e famílias olham para a menor separação entre escola e casa numa aproximação exigida pelas políticas de expansão de autonomia das escolas e se a colaboração entre professores e famílias tem alguma influência sobre os resultados escolares dos alunos.
- GONÇALVES, Eva

Eva Patrícia Duarte Gonçalves, licenciada (UAL) e mestre em Sociologia do Conhecimento, Educação e Sociedade pela FCSH da UNL. Encontra-se a frequentar o programa de doutoramento em Sociologia no ISCTE-IUL, estando em fase de desenvolvimento da tese sobre a temática da Interação escola-família, também realizado no âmbito do projeto ESCXEL, rede de escolas de excelência, coordenado pelo Professor Doutor David Justino no CesNova onde foi bolseira desde 2009. É atualmente bolseira da FCT.
PAP0921 - Intergenacionalidade: Que futuro?
Neste trabalho realizado no âmbito da Gerontologia Social, com o tema a “Intergeracionalidade: Que futuro?” o contacto entre gerações assume-se como uma temática assaz pertinente na época que se vive, numa sociedade a envelhecer, na qual é necessário redimensionar o papel dos mais velhos na sociedade, e mais especificamente, o futuro das relações entre jovens e idosos.
Pretendemos realçar o valor da pessoa idosa na sociedade e a importância das relações entre gerações diferentes, neste caso específico, relações entre pessoas jovens e idosas, assim como os benefícios que estas relações podem ter para ambas as partes.
Apresentamos exemplos de que relações entre gerações são possíveis, podendo ser proveitosas ao nível da intervenção com jovens e com pessoas idosas, na promoção do seu desenvolvimento individual através da intergeracionalidade.
Defendemos que participar e interagir em actividades intergeracionais positivas, são exemplos a seguir e práticas possíveis de ser implementadas. Constatámos através de testemunhos e depoimentos de jovens e idosos intervenientes nos projectos em causa a importância e impacto que tiveram na sua vida, elevando a auto-estima e contribuindo para o envelhecimento activo e positivo.
Envelhecer bem, depende de uma constante aprendizagem durante a vida de cada ser humano. Uma aprendizagem cujo principal objectivo é alcançar e manter, tanto quanto possível, estilos de vida saudáveis, bem como, continuar a desenvolver capacidades físicas e psíquicas no último estádio da vida, sem deixar de reconhecer que as bases de uma velhice sadia e enriquecedora são lançadas numa etapa inicial da vida.
Olhar o Futuro a partir dos desafios que a intergeracionalidade nos proporciona é, sem dúvida, promover o envelhecimento activo e poder acreditar que os mais velhos são cidadãos de pleno direito, numa sociedade que se sentiria incompleta sem a mais-valia daqueles que a ajudaram a construir, e ainda são fonte de grande potencial para a sua (re)construção.
.
- SOUSA, Ana Paula

- CORTEZ, Mariana Grazina

Nome: Ana Paula Sousa
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Licenciatura em Gerontologia Social
Interesses – Gerontologia Social e Políticas Sociais
Nome: Mariana Grazina Cortez
Escola Superior de Educação João de Deus
Doutoramento em Sociologia
Interesses – Sociologia do Género e Ciclo de Vida Humano
PAP1006 - Internet, riscos e segurança online de crianças e jovens: resultados portugueses do projecto EU Kids Online
Comunicação a apresentar no Grupo de Trabalho "Usos, significados e contextos de utilização da internet e dos media digitais por crianças e jovens":
A presente comunicação tem como fundo o inquérito EU Kids Online, realizado em 2010, a uma amostra de 25000 crianças e jovens e os seus respectivos pais, em 25 países europeus (ver www.eukidsonline.net). Para além de abordar questões relativas a acessos, usos, competências digitais e mediações (de pais, amigos, escola, entre outros agentes), esse inquérito teve um foco especial em questões ligadas aos riscos e à segurança online. Nesta comunicação iremos centrar-nos nos resultados relativos a Portugal. Como surge o país neste inquérito, cinco anos depois das políticas para o digital decorrentes do Plano Tecnológico? Que formas de acesso e usos caracterizam as crianças e jovens portugueses? Com que riscos se deparam online? Qual a mediação dos outros (sobretudo dos pais e dos professores) nas suas actividades online? Algumas conclusões apontam para uma utilização abaixo da média europeia por parte das crianças e jovens portugueses e, igualmente, para uma menor frequência de utilização do que os seus pares europeus. Constata-se, igualmente, uma aparente contradição entre a fraca frequência diária ao nível do uso e uma elevada posse de portáteis, sendo notória a importância dos espaços informais de acesso, como as bibliotecas e os centros juvenis. Dentro do espaço doméstico, o quarto da criança ou do adolescente apresenta-se como um contexto primordial para as actividades online. Verificou-se ainda que a incidência de riscos contemplados é relativamente baixa, o que se encontra associado ao baixo uso. Com efeito, os resultados europeus mostraram que o risco está positivamente correlacionado com o uso e que nem sempre o risco conduz a situações danosas. Em Portugal, o dano incidiu sobretudo sobre jovens de famílias menos favorecidas, os mais novos e as raparigas. Como o inquérito europeu concluiu, utilização sem riscos é improvável, pelo que o aumento dos usos (e a sua diversificação) comporta riscos, mas também oportunidades. São estas algumas das questões que serão indagadas nesta comunicação.
- SIMÕES, José Alberto
- PONTE, Cristina
- JORGE, Ana

- CARDOSO, Daniel

Ana Jorge é doutoranda em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com bolsa da FCT, e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Integra o projecto europeu de investigação EU Kids Online, sobre crianças e internet.
Daniel Cardoso
Doutorando em Ciências da Comunicação na FCSH-UNL e Professor Assistente na ULHT
Interesses de investigação: jovens, novos media, cibercultura, sexualidades, género, não-monogamia responsável, intimidade, teoria queer
PAP0494 - Interrogações sobre a natureza do poder dos media noticiosos
GT Comunicação Social
O que se propõe nesta comunicação é uma reflexão sobre os contornos do poder dos jornalistas e dos media noticiosos, revisitando teorias da comunicação que se cruzam com a sociologia dos media e tendo em conta a centralidade do seu papel na vida pública e o questionamento da sua legitimidade.
Únicos actores da vida pública a recolherem a sua legitimidade apenas no espaço público, na leitura de Missika e Wolton (1983), os jornalistas teriam uma legitimidade fundamentada “na recolha e tratamento da informação” e seriam como que “guardiões” do espaço público. Mas poder dos jornalistas e poder dos media noticiosos não devem confundir-se. Glorificados, uns e outros, mas também eles objecto de escrutínio permanente, o seu trabalho é exercido em quadros de constrangimentos que nos propomos identificar.
Para além de balizar os termos em que é exercida a actividade dos media noticiosos, enquanto dispositivos de produção do jornalismo; e de convocar distintos entendimentos do conceito de “opinião pública”; propõe-se um questionamento da natureza do poder mediático. Se em regimes autoritários o espaço para os media serem outra coisa que não instrumento de propaganda será nulo ou inexistente, distintos autores realçam a importância do seu papel nas democracias.
Quarto poder? Contrapoder? Instrumento de exercício de poderes e controlo social? Poder delegado por outros campos, exercido num quadro de constrangimentos? As questões sobre os media noticiosos, que pelo seu papel na vida pública podem ser encarados como actores políticos, multiplicam-se.
- ROCHA, João Manuel

João Manuel Rocha é estudante de doutoramento em Ciências da Comunicação no ISCTE-IUL, onde prepara uma tese sobre narrativas jornalísticas na guerra colonial. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa, é pós-graduado em Jornalismo e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação pelo ISCTE. Membro do Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), interessa-se pela sociologia e história do jornalismo e pelas relações entre media e poderes. Publicou o livro "Quando Timor-Leste foi uma causa" (MinervaCoimbra, 2011). É jornalista profissional desde 1984.
PAP0603 - Intervención social con mujeres inmigrantes en Galicia: desafíos para su integración social.
El póster propuesto tiene el objetivo de presentar los principales resultados obtenidos en el proyecto de investigación: “La integración social de las mujeres inmigrantes”, (Vicepresidencia de Igualdade, Xunta de Galicia) realizado a lo largo del año 2008 y contextualizado en Galicia, y principalmente en la provincia de Ourense.
Si bien existe ya una amplia bibliografía referente a “mujer e inmigración” en lengua española, ésta aborda aspectos puntuales del fenómeno migratorio (servicio doméstico y de cuidados, prostitución, etc.); dicha literatura específica se contextualiza por lo general en territorios como Cataluña, Valencia, Madrid o País vasco. Las conclusiones que presentaremos abordan por tanto, un área temática escasamente desarrollada. En concreto, el fenómeno de la integración social fue analizado desde la perspectiva de la interveción social llevada a cabo desde distintos ámbitos: el público y el privado. Se han seleccionado diferentes dispositivos de ambos ámbitos para evaluar la situación de las mujeres inmigrantes en ellos.
La intervención social desde el ámbito público abarca aquellos sistemas de protección social a los cuales tienen derecho los/as ciudadanos/as de los Estados de Bienestar, en especial, desde los servicios sociales, pero también desde los servicios educativos, el sistema sanitario, etc. Se presentará el perfil de las mujeres inmigrantes en la provincia de Ourense respecto al acceso a la renta mínima “renta de integración social de Galicia” (Risga). Fueron recogidos la totalidad de casos tramitados en 2008 en la provincia de Ourense (47). Los resultados apuntan que son determinadas nacionalidades las que se encuentran sobrerrepresentadas, como por ejemplo las mujeres procedendes de Respública Dominicana y de Colombia; mientras que las mujeres portuguesas o brasileñas, se encuentra infrarrepresentadas en el acceso a este tipo de renta mínima. El análisis de estas usuarias nos ha proporcionado información acerca de la edad, tipo de documentación, tipo de familia de origen, empleo, etc.
En segundo lugar, desde el ámbito privado, la intervención social es llevada a cabo por profesionales sociales especialmente desde el Tercer sector, pero también desde empresas con ánimo de beneficio que se han especializado en ofrecer servizos que necesitan de intervención social especializada. En este caso, nuestro proyecto ha escogido el caso de las asociaciones de inmigrantes, analizando el tipo de participación llevada a cabo por las mujeres inmigrantes en dichas organizaciones en el contexto gallego. La principal conclusión en este caso apunta que las mujeres inmigrantes en Galicia participan, por ahora, más como usuarias de ciertas organizaciones pro-inmigrantes que como socias de las organizaciones de inmigrantes.
- SILVA, Iria Vázquez

- DIEGO, Carmen Verde.
Iria Vázquez Silva, socióloga pola Universidade da Corunha; e mestrada em género pola U. autònoma de Barcelona e a Universidade de Vigo. Está a finalizar a súa tese de doutoramento na Universidade da Corunha, sobre o trabalho de coidados e as migraçoes. As súas linhas principais de investigaçao son o genero, o trabalho de coidados, as migraçoes, e o envellecemento na Galicia. Sobre estes temas participou en diferentes projectos de investigaçao a nivel galego e espanhol.
PAP0279 - Intervenção organizacional e igualdade de género
Um plano organizacional de igualdade de género é, na sua essência, um instrumento de gestão estratégica para a mudança, consistindo na estruturação e calendarização de um conjunto de medidas de intervenção que visam promover a igualdade de acesso e oportunidades para todos/as os/as trabalhadores/as. Este tipo de plano procura mitigar ou solucionar os desequilíbrios e desigualdades de género existentes.
Não obstante a pertinência e racionalidade do cenário apresentado, as práticas reais no seio das organizações que desenvolvem planos de igualdade de género, são muitas vezes dissonantes e apresentam entropias. Concretamente nas instituições públicas de ensino superior, as questões do género tendem percepcionadas como pouco relevantes.
O projecto UBIgual é promovido pelo UBI_CES e co-financiado pela União Europeia e Estado Português, no âmbito da Tipologia 7.2 do Programa Operacional Potencial Humano (POPH) do QREN, tendo como organismo intermédio a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Com esta iniciativa o UBI_CES pretendeu que a Universidade da Beira Interior fosse a primeira Universidade portuguesa a elaborar um Plano de Igualdade de Género. O objectivo é promover medidas que favoreçam a incorporação, a permanência e o desenvolvimento da carreira profissional das pessoas, com a obtenção de uma participação equilibrada de mulheres e homens em todos os cargos e em todos os níveis de responsabilidade.
Com base na experiência do projecto UBIgual, procuraremos nesta comunicação debater as dificuldades que um projecto de igualdade de género numa instituição do ensino superior pode encontrar e as potencialidades do mesmo na promoção da eficácia organizacional e na mobilização dos actores estratégicos, com o objectivo de encontrar algumas pistas que, auxiliando a compreensão deste fenómeno, nos sugiram linhas de actuação futura ao nível da intervenção em igualdade de género em organizações deste tipo.
- OLIVEIRA, Catarina Sales de

- BOAS, Susana Villas
Catarina Sales Oliveira
UBIF - aculdade de Ciências Sociais e Humanas - Departamento de Sociologia
Sociologia do Trabalho, das Organizaçoes e do Emprego ISCTE - IUL
Mobilidades, Transportes e Ambiente
Organizações e género
PAP0049 - Intimidades em (des)conexão com a prisão: as relações amorosas de mulheres antes e durante a reclusão
Os estudos prisionais sobre mulheres reclusas
tendem a negligenciar as configurações e
transformações das suas relações amorosas.
Partindo de um conjunto de entrevistas com 20
reclusas em Santa Cruz do Bispo (Portugal),
nesta comunicação almeja-se explorar as
trajetórias conjugais destas mulheres
reclusas, focando, por um lado, as relações
amorosas no período prévio à reclusão, por
outro, as reconfigurações das mesmas nos
primeiros meses do cumprimento da pena. Estas
evidenciam matizes específicos e singulares –
ao nível dos contextos e motivações que as
envolvem, sobretudo se comparadas às dinâmicas
que tendem a caracterizar as primeiras
relações de namoro e conjugalidade em estratos
sociais mais favorecidos. Partindo de uma
abordagem crítica ao modo como o tema das
relações amorosas de reclusas tem sido
abordado pela literatura, serão analisados
pontos de conexão e desconexão entre estas e
os comportamentos desviantes das mulheres.
Serão explorados fenómenos sociais que
atravessam as relações amorosas destas
mulheres – maternidade, violência, pobreza,
reclusão de companheiros – e as consequências
que cada um destes elementos imprime nas
vivências amorosas, tanto no período que
antecedeu a reclusão, como ao nível dos
impactos que o cumprimento da pena de prisão
teve
nessas mesmas relações.Os nossos dados
evidenciam como as relações amorosas destas
mulheres as conectaram às malhas da justiça e
do sistema penal antes da sua própria reclusão
e independentemente dos seus próprios
comportamentos desviantes. Estes vínculos ao
sistema penal resultam do apoio que estas
mulheres, antes de serem reclusas, prestavam
aos seus companheiros reclusos. Este é um
papel que não se esbate perante a própr
- GRANJA, Rafaela

- CUNHA, Manuela Ivone

- MACHADO, Helena

Rafaela Granja é socióloga e está atualmente a desenvolver a sua tese de doutoramento que se intitula Representações sobre os impactos sócio-familiares da reclusão: visões femininas e masculinas. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. As principais áreas de interesse do seu trabalho centram-se nos estudos prisionais, relações familiares, criminalidade, género e etnicidade.
Manuela Ivone Cunha é doutorada em antropologia e ensina na Universidade do Minho. É membro do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, pólo CRIA-UM (Portugal) e do Institut d'Ethnologie Méditerranéenne et Comparative (IDEMEC/ CNRS, França). Foi galardoada com o Prémio Sedas Nunes para as Ciências Sociais pela obra, Entre o Bairro e a Prisão: Tráfico e Trajectos (2002).
Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
PAP0190 - Intragroup conflict and effectiveness: the moderate role of group emotional intelligence
Conflict plays a part in every group dynamic and it is a phenomenon inherent to any organization (Dimas, Lourenço & Miguez, 2005). A lot of research has been done about the impact of intragroup conflict on team effectiveness (e.g., Dimas, 2007; Jehn, 1995, 1997; Jehn & Mannix, 2001; Passos & Caetano, 2005), however the results have been inconsistent. With our study we intended to contribute for a better understanding of the relationship between intragroup conflict (task and relationship conflict) and team effectiveness (team performance and satisfaction) by adopting a contigencial approach with the main purpose of testing the role of group emotional intelligence (GEI) as a moderating variable in that relationship.
GEI is already seen as a key feature in a successful team (c.f., Druskat & Wolff, 2001a; Goleman, Boyatzis & McKee, 2002) and is linked to group conflict (Ayoko, Callan & Hartel, 2008). Druskat and Wolff (2001a, 2001b) highlight that GEI concerns the group's ability to develop rules to manage their emotional processes and they presented a Model of GIE with six dimensions divided through three levels of analysis. Each one of the dimensions includes several GEI norms that allow the team to achieve a higher effectiveness (Druskat & Wolff, 2001a).
As for conflict, Dimas et al. (2005) defined it as "(...) a divergence of perspectives, perceived as generating tension at least by one of the parties involved in the interaction" (p. 106). Intragroup conflict is usually divided in task conflict – awareness of disagreements about the tasks (Jehn, 1997) and relationship conflict – interpersonal incompatibilities (Jehn & Bendersky, 2003). Despite of the new vision of task conflict as having a positive impact on team effectiveness, the empirical results on the relationship between intragroup conflict and effectiveness are not conclusive (De Dreu & Weingart, 2003).
Therefore we conducted a non-experimental research with a sample of 72 working teams from different functions and organizational contexts.
Our results showed that task conflict had a negative impact on both team outcomes, but our findings also suggest that this impact may be changed when we take into account group regulation of members (dimension of GEI), specifically if the team has high levels on that dimension. In that case when task conflict increases, team performance also increases.
We found some support for the positive impact of GEI on team outcomes, since the dimensions of group social awareness/skills and group self-regulation had a positive impact in team satisfaction, whereas group self-awareness had a positive impact on team performance. However, we found an unexpected negative impact of group regulation of members on team performance.
Our findings provide some insights into the role played by GEI in working teams suggesting that it is an important variable for improving team effectiveness. More research is needed in this area.
- ANTUNES, Teresa

- DIMAS, Isabel

- LOURENÇO, Paulo

TERESA COELHO ANTUNES
teresa.c.antunes@gmail.com
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Universidade de Coimbra
Rua do Colégio Novo
Apartado 6153
3001-802 Coimbra PORTUGAL
Teresa Coelho Antunes is a master student of the European Master of Work, Organizational and Personnel Psychology – Erasmus Mundus Programme at the University of Coimbra. Her current research interests include workgroups, intragroup conflict, emotions in the group and creativity in groups.
ISABEL DÓRDIO DIMAS
idimas@ua.pt
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda
Universidade de Aveiro
Apartado 473
3754 – 909 Águeda PORTUGAL
Phone: (+351) 234 611 500
Fax: (+351) 234 611 540
Isabel Dórdio Dimas is an Assistant Professor of Organizational Psychology at University of Aveiro (Portugal) and a collaborator and researcher at University of Coimbra. She earned her PhD in Organizational Psychology from the University of Coimbra. Her current research interests include workgroups, intragroup conflict, conflict management, diversity and emotions in the group. She has written several academic papers within these fields. She is also a member of the team of the Tordesillas Doctoral College in Work, Organizational, and Personnel Psychology.
PAULO RENATO LOURENÇO
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Universidade de Coimbra
Rua do Colégio Novo
Apartado 6153
3001-802 Coimbra PORTUGAL
Paulo Renato Lourenço is an Assistant Professor of Work, Organizational and Personnel Psychology at the Coimbra University (Portugal). He earned his PhD in Work and Organizational Psychology from the University of Coimbra. His current research interests include work teams, effectiveness, conflict management and leadership. He has written several academic papers about these topics (Leadership and effectiveness: a revisited relationship, Conflict and group/team development: an integrated approach, From plurality to bi-dimensionality of group effectiveness) and he is a member of the Coordination Team of the European Master on Work, Organizational, and Personnel Psychology (WOP-P) - Erasmus Mundus Programme, in Coimbra, and also a member of the Coordination Team of the College Doctoral Tordesillas (CDT) in Work, Organizational, and Personnel Psychology.
PAP0859 - Inundações e ação social em Campos dos Goytacazes (Rio de Janeiro, Brasil)
O presente artigo aborda pesquisas realizadas
no Brasil no campo da sociologia dos desastres,
buscando esclarecimentos conceituais e
metodológicos relevantes à interpretação da
dimensão sócio-política do acontecimento das
inundações periódicas na região Norte do estado
do Rio de Janeiro, com destaque para o
município de Campos dos Goytacazes. Entre os
meses de novembro e dezembro de 2008, Campos
recebeu um grande volume de chuvas que
desencadeou intensas inundações, como a que
atingiu o bairro de Ururaí, localizado às
margens do rio de mesmo nome, que atravessa
parte deste município. Neste período, mais de
setecentas pessoas foram alojadas em abrigos
improvisados nas escolas do bairro, mas logo
tiveram de ser transferidas para outras escolas
do centro da cidade – interrompendo-se assim o
calendário escolar –, em função de uma nova
elevação do nível das águas. Segundo a Defesa
Civil cerca de 8 mil pessoas foram “atingidas
pela chuva” nas áreas mais críticas do evento
neste município (2.450 desabrigados e 5.500
desalojados), e em todo o estado do Rio de
Janeiro contabilizou-se mais de 394 mil pessoas
afetadas pelas inundações. Concordando com
Mattedi & Butzke (2001), partimos da
compreensão do desastre como um fenômeno
social, buscando interpretar o acontecimento da
inundação através de uma abordagem integrada a)
da construção das condições sociais prévias ao
desastre e b) da dinâmica de enfrentamento,
durante e após o evento. Diferentemente das
situações de desterritorialização a partir de
eventos de desastres, apontadas em Valencio e
outros (2009) – quando a prática institucional
da Defesa Civil aliada ao discurso técnico dos
mapeamentos de áreas de risco promove o
deslocamento involuntário dos moradores –,
chamou-nos à atenção o fato do governo
municipal de Campos intensificar os trabalhos
para a consolidação da urbanização do bairro de
Ururaí em 2011, nesta chamada área de risco.
Este fato pareceu-nos indicar, por um lado, um
esforço de fortalecimento de alianças políticas
locais por parte do governo municipal – como
também sugerem alguns depoimentos de moradores
locais; e por outro lado, provoca-nos a
construir uma compreensão mais aprofundada
sobre a percepção, enraizamento e ação dos
próprios moradores do bairro, que lutam por
permanecer na área. Buscamos assim debater
algumas possibilidades de interpretação desta
dinâmica social associada às inundações
periódicas neste bairro, de modo a trazer novos
elementos que colaborem para uma reflexão
crítica das políticas públicas de enfrentamento
das inundações no município e região.
- MALAGODI, Marco Antonio Sampaio
- SIQUEIRA, Antenora Maria da Mata
PAP1191 - Investigação-acção: aproximar a ciência á acção social
A incorporação de novos elementos metodológicos nas ciências sociais contribui para o processo de auto-reflexão necessário na construção de conhecimento, favorecendo o desenvolvimento de propostas inovadoras de investigação que privilegiem a participação e a discussão crítica na procura de soluções.
Num contexto de instabilidade e incerteza, a investigação-acção participativa torna-se fundamental como modo de maximizar os recursos existentes e criar novas oportunidades. Assim, a coligação comunitária, uma ferramenta fundamental de investigação-acção, promove metodologias participativas e empowerment dos agentes envolvidos, trabalhando a partir de uma perspectiva transversal de diálogo com os diferentes representantes do Estado, da sociedade civil e do terceiro sector. Neste sentido, a abordagem das problemáticas através desta ferramenta permite no plano analítico discutir soluções desde uma perspectiva participativa e igualitária e no plano prático o empoderamento dos participantes e a possibilidade de acção directa sobre as questões analisadas.
A clara tendência para o desenvolvimento de um Estado social activo que privilegie as capacidades de acção dos indivíduos e das comunidades, promove este tipo de investigação na medida em que cria condições para a realização de acções socialmente significativas. São assim criados espaços de diálogo e discussão entre os diferentes agentes privilegiando uma relação democrática que permita a participação na elaboração das políticas sociais, bem como o acompanhamento das estratégias de intervenção e solução de problemas.
A utilização deste tipo de investigação num contexto de vulnerabilidade e onde as intervenções sociais têm um carácter predominantemente paliativo apresenta um desafio importante. Unicamente, a própria prática e a sua avaliação contínua proporcionarão uma reflexão rigorosa e útil, identificando as suas potencialidades e riscos. Neste sentido, a proposta de comunicação tem como objetivo fornecer elementos para a reflexão e discusão desta inovadora ferramenta metodológica a promoção de transformações sociais a nível local, a partir das experiências de investigação das autoras neste campo e de um projecto de investigação-acção em desenvolvimento sobre as necessidades na atenção sanitária às mães imigrantes na Região Metropolitana de Lisboa.
- PADILLA, Beatriz
- HERNÁNDEZ-PLAZA, Sonia
- MASANET, Erika

- SANTINHO, Cristina
- ORTIZ, Alejandra
Erika Masanet Ripoll
Investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL).
É Licenciada e Doutora em Sociologia pela Universidade de Alicante, Espanha.
As suas áreas de interesse são a migração qualificada, a migração brasileira e a equidade nos serviços de saúde.
PAP1429 - J-ROCKS E OTAKUS: A juventude da Amazônia em meio á cultura pop-japonesa
A proposição de tema de investigação para esta
pesquisa são as tribos urbanas de origem pop-
nipônicas#, Otakus# e J-Rock#, da cidade de
Belém do Pará, no Brasil. Pretende-se discutir
conceitos como cultura, identidade, sociedades
complexas e pós-modernidade com o objetivo de
abordar como essas tribos são vistos pelas
sociedades e sociabilidades existentes no meio
urbano da capital paraense. A pesquisa será
desenvolvida em duas áreas em que ocorre a
maioria de seus eventos, a saber: o Colégio
Moderno e a Estação Gasômetro. Os eventos de J-
rock são apartados dos eventos otakus, e ambos
estão ganhando força pelos seguidores belenenses.
Na cidade de Belém, essas tribos urbanas
começaram a despontar no início dos anos 2000,
porém a cultura pop nipônica já existe no Brasil
desde o início dos anos de 1980 (LOURENÇO,
2010). Neste período, a então inaugurada Rede
Manchete de Televisão comprou vários desenhos
animados e seriados de ação japoneses com o
intuito de preencher espaço para a sua
programação, principalmente no horário da tarde,
na qual afirmação de Lourenço (2010) era onde
tinha pouca disponibilidade de anunciantes.
Nesse período ainda não se usava o termo anime #
e os desenhos mais conhecidos eram Patrulha
Estelar (Uchuu Sekan Yamato) e Pirata do Espaço
(Groizer X). Também tinham seriados com heróis
individuais e em grupos, conhecidos como “Metal
heros”#, tendo como principais exemplos O
Fantástico Jaspion e Comando Estelar Flashman
(Choushinsei Flashman). Essas produções fizeram
crescer no Brasil, o interesse pela cultura pop
japonesa. Nos anos noventa o termo anime
apareceu com o desenho animado Os cavaleiros do
Zodíaco e logo em seguida Pokémon, esse
originado de um game boy (console de vídeo game
portátil), transformado não só em anime, como
também em mangá, card game etc. Isso tudo fez
com que desenvolvesse uma admiração dos jovens e
adolescentes pelos animes e mangás#, criando
assim um novo termo no Japão chamado otaku
(literalmente fanático), logo aderido no Brasil,
mas com resignações diferentes, uma vez que no
Japão os otakus, são jovens isolados, sem nenhum
contato com o mundo externo, no qual a sua única
diversão é ler e assistir anime e mangás.
Os j-rock, ou rock japonês, começaram a
despontar no Japão nos anos de 1990, a sua
principal influência foi a banda de heavy metal
chamada X-japan#, aqui no Brasil, esse estilo
veio despontar de fato também somente nos anos
2000, em Belém do Pará, embora já existam bandas
de J-rock, elas só foram apare
- CARDOSO, Denise Machado
- RAMOS, Paula
PAP0041 - JOVENS ESTRANGEIROS SOB PRISÃO EFECTIVA: INTER-ACÇÕES PRESENCIAIS FOCALIZADAS NO LAZER. ESTUDO DE CASO NO ESTABELECIMENTO PRISIONAL DO FUNCHAL
Este estudo, exploratório e tendo por cenário
e palco um Estabelecimento Prisional de Regime
Fechado, visa compreender e tipificar as inter-
acções presenciais focalizadas no lazer que os
jovens estrangeiros (unicamente do sexo
masculino), em prisão efectiva, improvisam e
repetem no decurso das suas vivências diárias,
quando manietados de liberdade física.
A captação deste espaço cénico e das
representações que aí ocorrem, tornou
indispensável que a investigadora
acompanhasse, no terreno, os quotidianos
ordinários pontuados de aspectos
extraordinários. A senda empírica, a qual
decorreu no Estabelecimento Prisional do
Funchal, foi, particularmente, incidente sobre
contornos de lazer vivenciados no quadro de
uma moldura penal já determinada.
Nessa óptica, o corpus teórico - metodológico,
formatado pelo Inter - accionismo Simbólico da
Etnometodologia, foi fecundado por uma
combinação de metodologias / técnicas
qualitativas possíveis de aplicar locus in quo
como sejam a Etnografia, a observação
distanciada, as autoscopias individuais e as
entrevistas em profundidade.
Com efeito, ao longo do mês de Julho de 2011,
foram estudados, em termos contingenciais, os
matizes das inter-acções presenciais
focalizadas conexas com o lazer,
protagonizadas por 18 (dezoito) jovens
estrangeiros sob custódia prisional.
A partir deste trabalho de campo preliminar,
poder-se-á (re)conhecer melhor traços de vida
de jovens estrangeiros em prisão
efectiva, espelhados em actos de (re)criação /
repetição de momentos quotidianos de lazer, os
quais ocorrem, num ziguezague permanente entre
a licitude e a ilicitude, em espaços físicos
exíguos e colectivamente partilhados.
- RESENDE, Cláudia
PAP1087 - JUVENTUDE E DESIGUALDADE: a escola como lugar-comum da questão
Este texto objetiva discutir a questão da juventude em contextos de desigualdade, utilizando-se da escola para ilustrar alguns dos possíveis entrecruzamentos dos temas. A escola foi aqui escolhida como um local que paulatinamente tem se tornado espaço de socialização dos jovens com as políticas de Educação de Jovens e Adultos, programas de correção de fluxo e fomento ao Ensino Médio no Brasil. (PEREGRINO, 2006)
MARTINS (1997) e OLIVEIRA (1998) indicam que a desigualdade é marca distintiva da/na sociedade brasileira. E ainda que não é possível entendermos a sociedade brasileira apartados da categoria que nos permite sua explicação e análise: a desigualdade. (PEREGRINO, 2008.p. 115)
MARTINS (1997) aponta como origem da desigualdade as formas de sociabilidade dos brasileiros. OLIVEIRA (1998), como as desiguais maneiras de incorporar econômica, social e politicamente as classes, recusando a incorporação das maiorias.
MATOS (1998), afirma que as desigualdades no contexto contemporâneo exigem hoje outros modelos explicativos porque os antigos não conseguem mais contemplá-los. Argumenta que hoje, as desigualdades configuram-se como multiformes e heterogêneas, não apenas a desigualdade óbvia da distribuição de renda e equipamentos sociais, materializada na dicotomia: rico X pobre no que tange ao território, por exemplo. Hoje, apesar da segregação e da pobreza, há desigualdades desfocadas e menores em lugares que era de se imaginar serem maiores.
A desigualdade na distribuição dos bens sociais e também dos bens educativos não configura uma singularidade brasileira. Ela é marca importante da relação entre escola e sociedade nos países capitalistas ocidentais. (PEREGRINO, 2008. p. 116)
BOURDIEU & PASSERON (1975), BOWLES E GINTIS (1976), BAUDELOT & ESTABLET (1971), FRIGOTTO (1984) e CUNHA (1991), alertam que parte importante da ação dos sistemas escolares, consiste na reprodução das desigualdades sociais. (PEREGRINO, 2008)
Dessa forma, as desigualdades sociais relacionam-se intrinsecamente com as desigualdades educacionais. LEON & MENEZES-FILHO (2002) falam sobre a questão do progresso educacional no Brasil que as variáveis de renda e idade se mostraram significativas na explicação da reprovação em todas as série-diploma: estudantes mais pobres e/ou com mais idade apresentam maior chance de reprovação. E também que os jovem inseridos na população economicamente ativa (PEA), apresentam maior chance de reprovação em relação àqueles que estão fora da PEA. Ou seja, quem é pobre, com distorção idade/série e trabalha, tem mais chance de reprovação e insucesso educacional. Tal dado levanta indagações e hipóteses com relação às desigualdades sociais e educacionais. Sendo assim, esse estudo servirá par a ampliação da discussão da juventude tendo como eixo as desigualdades, para se pensar o contemporâneo em crise.
- PRATA, Juliana de Moraes
PAP1088 - JUVENTUDE EM MIL PLATÔS: resistência em tempos de crise
A juventude é uma categoria posicional e relacional na sociedade contemporânea. Possui sentidos que está para além de um simples conceito. É signo, símbolo, objeto de disputa, poder e designado segundo o tempo sócio-histórico.
Nesse trabalho, procura-se aproximar o tema juventude com o contexto de crise vivenciada na Europa. A opção feita foi por um ensaio inspirado em conceitos de Pelbart, Deleuze e Guattari, usando-os como pano de fundo essencial para se pensar a juventude enquanto condição no mundo atual. Para tal, elegi o exemplo da “Geração à Rasca”, jovens portugueses que se organizam em ações de resistência ante ao biopoder, por se encontrarem numa realidade de desemprego e precariedade.
Uma das hipóteses é que jovens situados neste contexto fazem transições diferenciadas para o mundo adulto por estarem em condições diferenciadas.
Para Deleuze, o rizoma é inter-relação entre os conceitos. O rizoma é o modelo de realização dos acontecimentos, que tem espaços e tempos livres, onde os acontecimentos são potencialidades desenvolvidas das relações entre os elementos do principio característico das multiplicidades. Logo, a exemplo que será apresentado a seguir tem essa característica: de não estar enquadrado em determinada posição. Ele é livre, constituído por sujeitos sem compromissos entre si. Apenas unem-se em torno de um sentimento comum a sua geração.
Essa condição juvenil de valores, normas e atitudes não objetiva esgotar a temática, do contrário, este visa em breves linhas, ampliar a discussão sobre juventude em ação, nessa crise do comum na contemporaneidade.
Os sujeitos ético-político- singulares, podem não “vencer” o poder sobre a vida, mas através da organização, ainda que desinstitucionalizada, realizam um movimento de infiltração nesse sistema. Isso não no sentido de incorporação, mas de enfraquecimento em pequenas e locais ações que se constatam nos últimos meses na Europa (Espanha, Grécia e Portugal) e no Norte da África (Egito e Líbia).
Essa organização de resistência da juventude contemporânea não se dá somente vinculada às instituições. Ela se dá num contexto em formato de rizoma, fora da lógica de estratificação arbórea. Essa forma de se organizar que antes se dava no espaço público, atualmente se realiza também nos chamados “espaços virtuais”, na internet, principalmente através das redes sociais.
Os jovens, através desses sites, se conhecem e compartilham diferentes informações. E ainda, “compartilham” no sentido virtual de trocar arquivos e no sentido de sentimentos, valores, percepções e as próprias subjetividades, num “rizoma virtual”, que não se detém a internet, mas com ela ganha força, potência e modela novas formas de transição para a vida adulta em tempo de crise, como o movimento dos jovens portugueses. A pergunta que fica é: são as novas formas de transição para a vida adulta ou a vida adulta que está em transição?
- PRATA, Juliana de Moraes
PAP0702 - Jogos de poder no sincretismo religioso: relações de transação e concorrência no campo religioso setecentista da Minas colonial
O artigo, que se constitui como parte integrante de uma Pesquisa de Mestrado, analisa o papel da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos e de sua Festa, no século XVIII, na cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto em Minas Gerais. A partir da observação de uma construção cultural de base sincrética estabelecida no Brasil interpreta-se as atividades religiosas e sociais das personagens escravos e libertos, negros e mulatos, enquanto confrades, e como elemento estruturador na integração do negro junto à sociedade brasileira. A Irmandade do Rosário propiciava não somente o culto à santa de devoção, mas promovia a proteção dos irmãos das contingências da vida e também da morte, inseridos neste grupo praticavam a caridade e estabeleciam relações. Dessa maneira, depreende-se que a importância das associações de leigos não estava restrita à sua atuação nas questões religiosas, mas se estendia ao fator material, contudo, ambos serviam para o fortalecimento das relações sociais entre os confrades. Quando se observa a capitania de Minas Gerais nota-se que as organizações de leigos foram fundamentais para a sustentação da fé católica na região. Dessa maneira, analisa-se o entrecruzamento das relações de transação e das relações de concorrência, princípios que configuram a dinâmica do campo religioso brasileiro, porquanto é um campo aparelhado de trocas sociais e simbólicas que produz significados sociais legitimatórios. Dentre os procedimentos relacionais do campo religioso brasileiro, o sincretismo é o mais complexo, pois é um processo dinâmico de identidade social que consiste na percepção coletiva de uma “homologia entre os sistemas em interação” das relações entre o universo próprio e o universo do outro. O estudo busca compreender a experiência negra no Brasil da escravidão, entendendo que as Irmandades espelhavam tensões e alianças sociais que permeavam a sociedade escravocrata em geral e o setor negro em particular. Ao se entender a cultura como teias de significado tecidas pelo próprio ser humano, o estudo considera que os discursos históricos devem ser interpretados como peças num jogo de poder, pois estão inseridos numa trama irregular e assimétrica de estratégias e táticas discursivas, cuja pesquisa permite compreender como se puderam formar domínios de saber a partir de práticas sociais.
- EVARISTO, Maria Luiza Igino
PAP0706 - Jornalismo e Tecnologia: das práticas inovadoras à profusão das “ameaças” – o “datajournalism” enquanto dispositivo de vigilância
GT Vigilância na sociedade contemporânea: estudos e perspectivas
As evoluções tecnológicas, particularmente as
materializáveis no advento da Web, trouxeram
inúmeras e relevantes questões para pensarmos
a publicitação/partilha da “informação”: as
que reposicionam o papel das ideologias e
práticas profissionais dos jornalistas; as que
remetem para as questões éticas; as que
configuram o debate da ténue fronteira entre o
que deverá ser do domínio público ou do
privado, do conhecimento dos cidadão ou da
reserva dos Estados; ou, ainda, as que
questionam o papel do “cidadão-jornalista”.
Para além do potencial que as tecnologias
possibilitam, será evidentemente inevitável
atentar-se em todo contexto em que estas
alterações ocorrem. Entre os vários paradoxos
com que Jornalismo actualmente se depara, está
este que Neveu sublinha: “Jamais dans
l’histoire autant de don¬nées n’ont été
disponibles pour la masse des audiences.
Jamais les responsables de la produc¬tion et
de l’analyse des informations – le
journalisme – n’avaient été aussi fortement
affaiblis par l’effondrement de leurs sources
de financement. ” (2010 : 39)
O conceito de “vigilância”, quando aplicado
ao “campo dos media”, remete para as “boas
práticas” do papel dos jornalistas, na medida
em que é expectável um exercício de escrutínio
da liberdade, da transparência democrática, da
cidadania, do salutar funcionamento das
instituições e da “lisura” dos governantes,
entre outros aspectos. No entanto, e ainda que
por ora sem expressão entre nós, emergem
noutros países “práticas jornalísticas” que,
extravasando os limites da “vigilância”- agora
em sentido lato -, nos fazem questionar se não
estaremos já na presença de um “ jornalismo
hacker”.
O “conceito Wikileaks”, de modo genérico,
encontra-se em variados e inúmeros
procedimentos, que estão acontecer um pouco
por todo o lado. Assim, importará partir dele
para recensear algumas dessas práticas, bem
como para discutir o modo como as mesmas estão
a “contaminar” o jornalismo.
Nesta medida, parece-nos importante trazer a
debate o “datajournalism”, também designado
de “database journalism”ou “jornalismo de
dados”. Trata-se de uma prática baseada na
recolha, análise estatística e visualização de
dados a partir da internet. O “datajournalism”
consiste, pois, numa cadeia de operações (que
envolve práticas de cooperação entre
jornalistas e não jornalistas: informáticos,
estatísticos, etc.) de recolha de dados,
observáveis através de uma interface Web,
susceptíveis de traz
- BARRIGA, Antónia do Carmo

Antónia do Carmo Barriga é Licenciada em Sociologia, Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, e Doutora em Sociologia pelo ISCTE_IUL. Foi docente no Ensino Profissional, tendo aí desempenhado cargos directivos. Leccionou no Instituto Superior de Serviço Social. Atualmente é Professora Auxiliar convidada na Universidade da Beira Interior. É investigadora no CIES-IUL e colaboradora no CICS-UM. Interessa-se pelo estudo das interações entre o campo político e o campo dos media. Tem investigado a "opinião publicada" nos media tradicionais. Mais recentemente, tem-se interessado também pelos "novos media" e pelo seu papel na participação política".
PAP0539 - Jornalistas e Consultores de Comunicação Estratégica - Reconfiguração, precisa-se
GT Comunicação Social
A democraticidade do ato de comunicar/informar, através de um progressivo número de suportes, redes e plataformas, para públicos cada vez mais diversificados e em contextos de grande transformação social, exige o surgimento do Novo Comunicador/Jornalista.
Enquadre-se este na atividade jornalística formal, ou na consultoria de comunicação estratégica, junto das fontes.
As novas tecnologias de informação, as redes sociais, os novos canais posicionaram o jornalista-cidadão lado a lado com o cidadão-jornalista.
A visão utópica da isenção jornalística recolocou a autocensura no seio dos profissionais, enquanto a opinião pública ignora a existência condicionante do gatekeeping, nas plataformas mais modernas, “em favor dos mais fortes”.
A profunda alteração necessária ao exercício dos novos comunicadores passa também pela Escola, sob pena de os jovens profissionais, recém-formados, qualquer que seja a dimensão em que se situem, não percecionarem, em tempo útil, que os mercados mudaram.
Os meios de comunicação social tradicionais estão em plano descendente e existe uma nova realidade a que têm de se adaptar.
Na reorganização da atividade comunicacional, dos novos meios e dos seus agentes/atores, há um novo papel para o Gestor/Consultor de Comunicação Estratégica e para o Jornalista, ainda não interiorizado.
Em tempo de mudança, reconfiguração, precisa-se.
- ESTEVES, Álvaro

Álvaro Batista Esteves
Doutorando/Ciências da Comunicação/ISCTE-IUL.
Antigo jornalista profissional (1974-88); chefe dos Serviços de Comunicação Social (1988-89); sócio e director geral da agência Média Alta - Comunicação (1989-2012).
Antigo vogal do Conselho Fiscalização da EPNC-Emp. Pública Jornais Notícias e Capital (1979-88); antigo membro da Direção do Sindicato dos Jornalistas; ex-membro e presidente da APECOM-Assoc. Port. Empresas Conselho em Comunicação e Relações Públicas (1996-2002); ex-presidente do Conselho Consultivo e coordenador Comissão do Código de Conduta da APCE-Assoc. Port. Comunicação de Empresa. Membro da Comissão Organizadora do Congresso Port. Relações Públicas (out.2012).
PAP0052 - Jornalistas: jovens profissionais de um ofício em mutação
GT Comunicação Social
No presente artigo pretende-se esboçar um retrato dos jovens jornalistas portugueses, num ofício que se encontra em ebulição
devido a vários factores. Podemos nomear alguns: a tendência de concentração dos órgãos de comunicação social em grupos
económicos, o que provoca sinergias de jornalistas que, não raras vezes, desempenham funções em vários meios - o que conduz ao estreitamento do mercado de trabalho.
Outra questão são as condições de precariedade em que, sobretudo os jornalistas mais jovens, trabalham –
e os que efectivamente conseguem emprego, já que há uma larga fatia dos licenciados em jornalismo que encontra barreiras
praticamente intransponíveis no acesso à profissão. Vivem de estágios sucessivos, normalmente não remunerados, alimentando-se da esperança de uma possível contratação. As
relações de poder nas redacções também se reconfiguram, na
medida em que o jornalista não conhece o proprietário do meio
de comunicação onde trabalha (poderão ser uma série de
accionistas, por exemplo). As relações com as chefias tornam-se
impessoais, mediadas por editores ou directores que poderão ter acesso aos conselhos de administração, mas cuja influência nos mesmos não é certa. Dentro da profissão, surgem cisões entre os jornalistas e traços distintivos entre as várias gerações.
Procurar-se-á identificar os elementos de identificação ou divergência entre elas - os percursos, a formação, as representações sociais, por exemplo. As novas tecnologias
de informação desempenham também um papel importante
neste domínio, uma vez que transformaram o modelo de
comunicação, em que assentavam os média tradicionais. As
metodologias utilizadas na investigação passam pelas entrevistas e análise de dados estatísticos fornecidos pela
Comissão para a carteira Profissional do Jornalista e do
Sindicato de Jornalistas.
- PACHECO, Liliana

Liliana Pacheco
Assistente de Investigação no Centro de Investigação e Estudos em Sociologia, do ISCTE-IUL. Licenciada em Comunicação Social e mestranda em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação. Investigadora nas áreas do jornalismo, novos media, cinema e juventude.
PAP0216 - Jovens (sub)urbanos: identidades e estilos de vida juvenis no Pica Pau Amarelo
Esta comunicação baseia-se na pesquisa que estamos a desenvolver no âmbito do Doutoramento em Sociologia Urbana. Trata-se de um estudo de caso do Bairro Amarelo em Almada, especificamente dos jovens deste bairro. Interessava-nos perceber se a uma imagem exterior de uma população homogénea (de jovens "párias urbanos" e marginais e/ou anómicos) correspondia uma realidade interna. Através da pesquisa de terreno - observação participante, conversas informais e entrevistas - cedo começámos a perceber que não estamos, de facto, na presença de uma população homogénea. Estes jovens apresentam, com efeito, diversas estratégias de vida, diversas formas de configuração das suas identidades e de gestão de si face aos "outros significativos". Podemos identificar, assim, diversos estilos de vida entre estes jovens. Num primeiro grupo encontramos os jovens que desenvolvem as suas sociabilidades, estilos de vida e identidade nas imediações da actividade desenvolvida pelas instituições representantes da Política Pública desenvolvida nos "bairros críticos" (nomeadamente através do Programa Escolhas e da Santa Casa da Misericórdia de Almada), girando a sua vida em torno das propostas de actividades destas instituições. Num outro grupo identificamos jovens que se “constroem” enquanto indivíduos “dentro” da actividade das associações de bairro criadas por “filhos do bairro”, associações estas também impulsionadas pelo objectivo de “retirar os jovens dos maus caminhos” de que o bairro seria indutor (falamos, especificamente de duas associações, uma que desenvolve a actividade das marchas populares e outra que centra a sua acção no atletismo junto dos jovens). Encontramos, por fim, dois grupos de jovens que se constituem como actores e desenvolvem os seus estilos de vida em torno de grupos informais “alternativos”: um constituído pelos “jovens do hip hop underground” que se desenvolvem como indivíduos dentro desta subcultura/tribo urbana (uma reflexão sobre a adequação de uma ou outra categoria, ou de outras, será feita na comunicação), afectando os seus tempos e recursos a esta actividade que se torna, para eles, a parte central das suas existências. Temos, por fim, o grupo de jovens que vive “à margem”, isto é, numa cultura de contranormatividade, praticando actividades e desenvolvendo a sua identidade e estilo de vida “contra o sistema” e propondo (tal como muitos dos jovens do hip-hop aliás), uma forma de vida alternativa e um novo modelo de sociedade, pondo em prática uma estratégia de “inversão simbólica” dos atributos valorizados. Mais interessante do que inventariar a diversidade de identidades e estratégias de vida destes jovens será, no entanto, perceber como estes diferentes estilos de vida se entrecruzam e criam realidades e estilos de vida “híbridos”, através da análise das biografias dos jovens do Pica Pau Amarelo.
- BARBIO, Leda

Leda Barbio, Socióloga pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa.
Doutoranda em Sociologia Urbana na mesma universidade, associada ao
Cesnova e bolseira de doutoramento FCT.
Investigação desenvolvida nas áreas da exclusão social, espaços urbanos
degradados e culturas juvenis, a nível de formação académica e ainda
nas áreas de sociologia da educação e dos consumos de substâncias
psicoactivas a nível de investigação desenvolvida no Cesnova.
PAP0573 - Jovens do ensino médio: Fazendo escolhas em um contexto de múltiplas socializações
Ao se tratar do tema juventude na sociedade contemporânea é importante que se reflita sobre o mundo em que os jovens se inserem e como é tecida sua rede de socialização. Para isso é necessário o reconhecimento de há “múltiplas juventudes” e “múltiplas socializações”. Assim, faz se necessário deixar um pouco de lado a concepção unívoca que confere às instituições modernas a competência de formar moral e cientificamente as novas gerações e atentar para outros domínios sociais em que o jovem está envolvido e em permanente trânsito – não apenas a escola, a igreja e a família –, vêm contribuindo para novas abordagens sociológicas e educacionais de um problema de pesquisa que se torna cada vez menos compreensivo pelas fórmulas teóricas e metodológicas clássicas. A juventude brasileira contemporânea apresenta formas de socialização pouco similares à tradicional matiz, os variados domínios sociais se imiscuem na dinâmica social contemporânea, competem entre si e se integram na formação juvenil: as escolas dominicais, a internet, a família nuclear, a revolução sexual, a sala de aula, o shopping, o diploma e o mercado profissional, configuram uma realidade nova, que exige outro enfoque analítico. Com base em autores como Lahire, Guidens, Singly entre outros autores, a pesquisa ora apresentada se insere nesse impasse epistemológico e metodológico: Como conceber as “múltiplas socializações” da juventude? Quais domínios sociais e como influem na orientação dos jovens egressos do Ensino Médio para o mercado de trabalho? Perseguindo a resposta para tais perguntas foram definidos os seguintes objetivos: Analisar a rede de socialização em que o jovem concluinte do Ensino Médio está envolvido e a presença de disposições familiares nas suas escolhas para o futuro profissional.
Através da abordagem qualitativa foram analisados questionários aplicados a 149 estudantes egressos do Ensino Médio de duas escolas de Mariana/MG e duas de Belo Horizonte/MG, foram entrevistados e 12 professores e diretores e 9 famílias de alunos. Os resultados demonstraram que apesar da família ser o principal agente de influência dos jovens nas suas escolhas profissionais, estes não desejam seguir a mesma profissão de seus pais/mães. Amigos e namorados (as) também desempenham importante papel nessas escolhas e a escola, apesar de sofrer críticas por parte dos pais e dos alunos, ainda é considerada o principal meio para seus filhos alcançarem o que consideram um bom futuro profissional.
- COUTRIM, Rosa Maria da Exaltação

- CUNHA, Maria Amália A
- ASSIS, Cristina Ferreira
- ALEIXO, Vítor Corrêa
Rosa Coutrim é professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e membro do Núcleo de Estudos Sociedade, Família e Escola (NESFE) e do Centro de Investigação Identidade(s) e Diversidade(s) (CIID). Atualmente está fazendo seu pós doutoramento no Instituto Politécnico de Leiria e suas áreas de interesse são relação família-escola e relações intergeracionais.
PAP0705 - Jovens e Forças Armadas
Nas sociedades actuais qualquer instituição, entre elas a militar, não é mais julgada pelo que se propõe fazer, mas pelo que efectivamente faz. Tratadas pela sociedade e pelo mercado como qualquer outra instituição, as Forças Armadas estão, assim mais sujeitas ao escrutínio e controlo social.
Cultivar a legitimidade tornou-se cada vez mais uma necessidade, tendo em vista a prevenção de possíveis situações de banalização institucional. Para além desta atitude de cariz pró-activo, os pressupostos da profissionalização, enquanto novo modelo de organização, também lhes exigem uma permanente capacidade para conseguir obter os recursos humanos necessários ao desenvolvimento das suas missões.
Para contribuir para a construção de estratégias solidificadas de intervenção neste domínio, torna-se necessário recolher elementos que permitam traçar um diagnóstico da situação, o que implica, forçosamente, considerar como objecto de análise, as inter-relações estabelecidas entre as Forças Armadas e a sociedade envolvente. É neste quadro que se insere este estudo que, a coberto da realização do Dia da Defesa Nacional, procura apreender e caracterizar o que pensa das Forças Armadas e das suas ofertas de emprego um dos segmentos populacionais mais importantes no contexto da profissionalização, ou seja, a população jovem (de ambos os sexos) com 18 anos de idade.
Tendo em consideração o facto de o Dia da Defesa Nacional permitir a recolha de dados desta natureza desde 2005, será possível agora apresentar as tendências evolutivas dos mesmos.
- BAPTISTA, Luis
- RESENDE, José Manuel
- CARDOSO, Antonio

- VIEIRA, Inês

- MENDONÇA, Claudia
António Maria Ferreira Cardoso
Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, doutorado em Sociologia pela Universidade Complutense de Madrid, Mestre em Extensão e Desenvolvimento Rural e Licenciado em Ciências Agrárias e do Ambiente, pela Universidade de Wageningen (Holanda). É investigador do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) da Universidade do Minho e membro de várias associações profissionais e culturais; tem participado com comunicações em congressos nacionais e internacionais e outras reuniões científicas, sobre temáticas de desenvolvimento rural/regional, políticas de sustentabilidade e organizações; desenvolveu tese de doutoramento sob o título Desenvolvimento local: virtualidades e limites. Um estudo de caso do concelho de Barcelos- noroeste de Portugal.
Inês Vieira
CesNova, a frequentar o doutoramento em Ecologia Humana na FCSH-UNL
Licenciatura em Educação de Infância (ESE-IPP), mestrado em Ecologia
Humana e Problemas Sociais Contemporâneos (FCSH-UNL)
Interesses de investigação:
1. Actualmente foco em migrações e ambiente (PhD);
2. Participação prévia: educação de jovens e cidadania (protocolo
CesNova-MDN sobre o Dia da Defesa Nacional), atitudes ambientais de
estudantes universitários ("Making Science Work in Society", Acção
Integrada Luso-Britânica, FCSH-UNL e Universidade de Glasgow, frequência
enquanto opção livre do Curso de Doutoramento em Ecologia Humana),
dinâmicas territoriais e mobilidade humana (no âmbito do grupo de
trabalho do CesNova).
PAP0748 - Jovens gestores brasileiros e os valores na esfera do trabalho
Os jovens brasileiros diplomados, assim como grande parte da juventude contemporânea, vivenciam uma tensão por terem mais anos de estudo do que a geração precedente e, no entanto, se depararem com um mercado mais competitivo e seletivo. Essa tensão altera a relação linear entre diploma do ensino superior, posição social e rendimento. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa empírica centrada na análise dos valores do trabalho, seguindo a hipótese de Bourdieu de que essa “geração enganada”, que vivencia o mal estar experimentado pela defasagem estrutural entre as aspirações idealizadas na escola e as oportunidades configuradas na esfera do trabalho, responderia com uma recusa global aos veredictos propostos pela sociedade, promovendo uma reviravolta na tabela de valores. Diversas pesquisas internacionais que utilizam a dimensão valores do trabalho têm ressaltado que a transição do estatuto de estudante para o de trabalhador é um período singular uma vez que os jovens expressam mudanças com relação ao que esperam conquistar no ou por meio do trabalho. O confronto efetivo com o trabalho na formação dos aspectos valorizados no trabalho ainda não foi objeto de intensa investigação à luz da instabilidade que pode ocorrer nesta escala ou hierarquia dos valores do trabalho durante a transição para a vida adulta.
Este artigo é fruto de uma pesquisa de doutorado em que se almejou investigar a forma como um grupo de jovens, alunos do último ano do curso superior em gestão, em uma das maiores instituições brasileira de ensino privado, na fase inicial de confronto com a esfera do trabalho, se posiciona diante dessas tensões e elabora os valores na esfera do trabalho. Esta pesquisa foi realizada em duas etapas, a primeira com a aplicação de questionários em três unidades da instituição e a segunda etapa com a realização de 5 focus groups, um em cada turma do 8º período em curso.
Os resultados indicam que no trabalho, assim como em diversas esferas da vida social, algumas âncoras, que outrora concediam segurança e estabilidade ao longo de todo o processo de transição para a vida adulta, são rompidas ou afrouxadas na modernidade tardia. No novo capitalismo, o tempo de curto prazo, flexível, parece impedir que façamos uma narrativa linear da inserção na esfera do trabalho. Não há uma trajetória certa e nem uma segurança em termos de conquistas decorrentes de ações. O que, entretanto, não impede os jovens de elaborarem e expressarem os aspectos que mais valorizam na esfera do trabalho e de posicionarem a esfera do trabalho em relação às demais esferas da vida social.
PAP0598 - Jovens gestores portugueses : trajectórias sociais e (des)ajustamentos disposicionais
Jovens gestores portugueses : trajectórias sociais e (des)ajustamentos disposicionais
A crescente expressão das profissões cientificas e técnicas, de directores e de gestores, tem contribuído fortemente para a tecnicização e a cientifização da estrutura produtiva portuguesa, seguindo a tendência do capitalismo cognitivo contemporâneo. Neste processo, o ensino superior tem permitido a formação de uma geração mais qualificada e preparada que a anterior. Em particular, o diploma universitário de gestão é hoje um dos mais procurados pelos candidatos ao ensino superior em Portugal. A abertura de cursos e a sua frequência têm contribuído fortemente para a profissionalização dos gestores portugueses ao longo dos últimos 30 anos, e as novas escolas e cursos de gestão têm formado coortes de indivíduos que veiculam novos valores e competências relativas ao neomanagement.
Nesta comunicação propomo-nos reflectir sobre os dados de um inquérito aplicado a nível nacional em Portugal, junto de jovens gestores portugueses (com idades entre os 21 e os 35 anos), durante os anos de 2009 e 2010. Neste estudo, aborda-se a questão da relação entre as posições do actor no espaço social e as suas disposições, e questiona-se a ideia de ajustamento automático entre as primeiras e as segundas, em particular na sua dimensão profissional. Mais precisamente, são contrastados casos de reprodução social (gestores filhos de gestores) com casos de mobilidade social ascendente pela via escolar (filhos de não gestores, nomeadamente oriundos do operariado).
As «variações inter-individuais» (B.Lahire) dos percursos profissionais dos jovens diplomados em gestão são assim discutidas com base na relação entre as suas origens sociais, os seus percursos académicos e profissionais, e os seus graus de identificação com as tarefas gestionárias – em particular, o modo como a entrada na profissão pode provocar «múltiplas ocasiões de desajustamento e de crise».
- AMÂNDIO, Sofia
PAP1095 - Jovens gestores portugueses : trajectórias sociais e (des)ajustamentos disposicionais
[Grupo de Trabalho “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho” (proposto à Secção Temática - Trabalho, Organizações e Profissões)]
A crescente expressão das profissões cientificas e técnicas, de directores e de gestores, tem contribuído fortemente para a tecnicização e a cientifização da estrutura produtiva portuguesa, seguindo a tendência do capitalismo cognitivo contemporâneo. Neste processo, o ensino superior tem permitido a formação de uma geração mais qualificada e preparada que a anterior. Em particular, o diploma universitário de gestão é hoje um dos mais procurados pelos candidatos ao ensino superior em Portugal. A abertura de cursos e a sua frequência têm contribuído fortemente para a profissionalização dos gestores portugueses ao longo dos últimos 30 anos, e as novas escolas e cursos de gestão têm formado coortes de indivíduos que veiculam novos valores e competências relativas ao neomanagement.
Nesta comunicação propomo-nos reflectir sobre os dados de um inquérito aplicado a nível nacional em Portugal, junto de jovens gestores portugueses (com idades entre os 21 e os 35 anos), durante os anos de 2009 e 2010. Neste estudo, aborda-se a questão da relação entre as posições do actor no espaço social e as suas disposições, e questiona-se a ideia de ajustamento automático entre as primeiras e as segundas, em particular na sua dimensão profissional. Mais precisamente, são contrastados casos de reprodução social (gestores filhos de gestores) com casos de mobilidade social ascendente pela via escolar (filhos de não gestores, nomeadamente oriundos do operariado).
As «variações inter-individuais» (B.Lahire) dos percursos profissionais dos jovens diplomados em gestão são assim discutidas com base na relação entre as suas origens sociais, os seus percursos académicos e profissionais, e os seus graus de identificação com as tarefas gestionárias – em particular, o modo como a entrada na profissão pode provocar «múltiplas ocasiões de desajustamento e de crise».
- AMÂNDIO, Sofia
PAP0427 - Justiça e Política em Portugal: do Estado Novo ao sistema democrático
A justiça, em Portugal, sofreu um forte impacto com a Revolução de 25 de Abril de 1974. À partida, poder-se-ia afirmar que se registou um processo de democratização das estruturas judiciárias, bem como uma melhoria efectiva das condições para um desempenho profissional independente e autónomo de quaisquer controlos que limitem o livre exercício das suas competências. Contudo, analisando o percurso das reformas judiciárias no período de transição, em particular na organização judiciária e nos estatutos das magistraturas, nos quais se incluem os seus órgãos de gestão, avaliação e fiscalização (os Conselhos Superiores de Magistratura e do Ministério Público), verificamos algumas perplexidades resultantes das tensões que se viveram na altura, entre a justiça e a política.
É, assim, nosso objectivo, reflectir e questionar se o processo de transição democrática foi completamente terminado na área da justiça ou se, pelo contrário, foi mais uma transição legislativa, longe das práticas judiciárias.
Este trabalho integra-se no projecto “Quem são os nossos magistrados? Caracterização profissional dos juízes e magistrados do Ministério Público em Portugal”, actualmente a decorrer no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, tem por objectivo proceder à caracterização e análise destas profissões. Estudar estas profissões implica, igualmente, analisar a evolução do sistema judicial desde 1974 até aos nossos dias, em múltiplos aspectos, de modo a melhor compreender a integração profissional e o papel que desempenham no funcionamento dos tribunais. Por conseguinte, a equipa de investigação do projecto encetou uma análise do sistema judicial desde 1974 até aos nossos dias.
- DIAS, João Paulo

- FERREIRA, António Casimiro
- GOMES, Conceição
- FERNANDO, Paula
- DUARTE, Madalena
- CAMPOS, Alfredo

João Paulo Dias é sociólogo e Mestre em Sociologia do Direito pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e doutorando em Sociologia do Direito na mesma instituição.
Actualmente é Diretor-Executivo e Investigador do Centro de Estudos Sociais. Autor de diversos artigos e livros, debruça-se, em termos de interesses de investigação, sobre as questões do Acesso ao Direito e à Justiça, do papel do Ministério Público e, em particular, da caraterização sociológica das magistraturas.
"Alfredo Campos é Investigador Júnior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, integrando o Núcleo de Estudos em Democracia, Cidadania e Direito – DECIDe.
É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, na especialidade de Sociologia do Trabalho e do Emprego, com a tese "Imigração, Participação e Protesto". É Mestre em "Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo", pela mesma instituição, com a tese "O Trabalho Qualificado Escapa à Precariedade? Um Estudo de Caso da Profissão Científica".
Os seus actuais interesses de investigação centram-se na sociologia do trabalho, do emprego e das organizações, além de metodologias de análise de dados quantitativos."
PAP0788 - Justiças, sociedades e vulnerabilidades: o papel da sociedade civil organizada no acesso ao direito e à justiça
Esta comunicação resulta de um projecto de
investigação centrado na análise comparativa
do papel da sociedade civil no acesso ao
direito e à justiça em diferentes contextos
sociais, jurídicos e políticos: Lisboa,
Luanda, Maputo e São Paulo. O acesso ao
direito e à justiça é consensualmente
considerado como um direito estruturante na
ordem jurídica das sociedades contemporâneas.
Subjaz-lhe a ideia de que, se não existir uma
real igualdade de acesso ao sistema jurídico e
judicial, não é possível falar num verdadeiro
Estado democrático de direito, pelo que o
aprofundamento e a intensidade da democracia
nas sociedades contemporâneas se encontram
fortemente relacionados com a garantia dos
direitos dos cidadãos, de acordo com as
sucessivas gerações de direitos reconhecidos e
com a histórica específica de cada uma das
sociedades. A maioria dos estudos sociológicos
sobre a relação entre direito e sociedade
concentraram-se em identificar e discutir as
políticas, os modelos e instrumentos legais e
oficiais de acesso à justiça, negligenciando o
envolvimento da sociedade civil organizada
tanto no seu contributo para a transformação
político-jurídica, como no seu papel
multifacetado de interface entre os cidadãos e
os tribunais. Em cada uma das cidades
escolhidas estas dinâmicas revelam práticas e
culturas muito heterogéneas de reconhecimento
e articulação da sociedade com a justiça,
incluindo a presença e o cruzamento de uma
grande diversidade de ordens normativas e de
agentes investidos na disputa e resolução de
conflitos. Esta realidade tem vindo a desafiar
as concepções sociojurídicas hegemónicas,
tanto incapazes de compreender as relações de
poder intrínsecas aos processos e bloqueios
sociais no acesso ao direito, como
condicionadas por uma epistemologia centrada
no monopólio normativo do Estado, exigindo por
isso novas grelhas conceptuais e uma
perspectiva analítica inovadora, que dê conta
da espessura, complexidade e contradições
inerentes aos modos de acesso e produção de
justiça nas sociedades contemporâneas.
Neste sentido, a presente comunicação procura
problematizar a acção coordenada de
organizações da sociedade civil (de movimentos
sociais a instituições) no sentido de
potenciar o acesso à justiça e de responder,
nas suas diferentes militâncias e actividades,
à desigualdade e à vulnerabilidade social. As
práticas, as estratégias, as contingências e
os significados deste interface entre os
cidadãos e a justiça protagonizado pelas
instâncias, associações e e organizações da
sociedade civil serão o ponto de observação
para uma discussão mais ampla sobre o Estado,
a justiça, o poder e a intensidade da
democracia nos diferentes contextos em estudo,
procurando estimular uma aprendizagem mútua
entre diferentes experiências, seguindo as
pistas de uma Epistemologia do Sul que consiga
resgatar o sentido da emancipação social e
densificar o projecto de uma ecologia de
saberes.
- SANTOS, Boaventura de Sousa
- MENEZES, Paula
- GOMES, Conceição
- LAURIS, Élida
- RIBEIRO, Tiago
PAP1265 - Juventude brasileira vulnerável ao crime: um panorama fruto da desigualdade
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um panorama da juventude brasileira, buscando descrever o perfil predominante dos jovens que comentem atos infracionais no Brasil, uma vez que esse perfil tem cor, renda e gênero claramente demarcados. Para compreender alguns dos motivos que levam o jovem a criminalidade será pontuada a questão do trabalho, da escolarização e da violência, visando caracterizar em que contexto esse jovem está inserido. A fundamentação teórica será pautada em Ribeiro, Dias & Carvalho (2008); Sinase (2006); Araújo et alii (2009); Rédua & Souza (2009); Leher (2007); Pochmann (2008); Neri (2009); Spósito (2003); Haddad (2002) e Veloso (2009). Dessa forma, será possível compreender que os adolescentes em conflito com a lei são vítimas e culpados, estão incluídos de forma excludente, e são frutos de um sistema desigual. O fato de serem diferentes do padrão desejado, por subverterem o que é tomado como correto, os impulsionam para um mundo cruel, o da violência. Sua inclusão nesse grupo socialmente desprezado, configura uma sociedade na qual é melhor excluir o indesejável, e discursar o falso desejo de inclui-los, sem assumir que o padrão de inclusão é definido pelos dominantes. Em meio a esse jogo de poder estão os jovens, excluídos, querendo se incluir, lutando por espaço, onde as fronteiras são limitadas. Romper com essas forças é um desafio, e é nessa luta que esses adolescentes se contextualizam. Os centros de reabilitação onde os adolescentes em conflito com a lei ficam privados de liberdade deveriam ser o local da “socioeducação”; todavia, em suas práticas há marcas da desigualdade. Desse modo, será apresentado os achado de um Estudo de Caso realizado no Educandário Santos Dumont, que atende adolescentes infratoras, do sexo feminino, maiores de 12 anos, no Rio de Janeiro. Assim, nesse campo marcado pela desigualdade que esse trabalho busca compreender as tramas que cercam a juventude e almeja subsidiar futuros estudos educacionais sobre menores infratores, tema pouco presente nos cursos de educação e das ciências humanas e sociais das universidades públicas brasileiras.
- FARIAS, Monique Lima Soares de
PAP1419 - Juventude e Pertencimento: reflexões sobre o sentimento de pertença ao bairro Bom Jardim
O objetivo do estudo foi compreender o
sentimento de pertença do jovem morador do
bairro Bom Jardim em Fortaleza, Ceará, Brasil.
A história de cada indivíduo está em conexão
com o lugar onde ele vive. Segundo Mayol
(1996), o bairro está inscrito na história do
sujeito como uma marca de uma pertença
indelével. Essa "marca" pode gerar tanto uma
afirmação de pertencimento, uma identidade,
como pode deixar registrada uma negação, dado
as representações que são construídas. O Bairro
em questão é protagonista de inúmeros discursos
que suscitam aspectos positivos e aspectos
negativos. A partir de tais discursos percebeu-
se que alguns fatores fazem com que os
moradores demonstrem algum tipo de aversão,
como também sentimentos favoráveis ao lugar de
moradia. No processo de elaboração deste
trabalho alguns referenciais foram importantes
para interpretação dos dados coletados no
trabalho de campo. Esses referenciais
proporcionaram a aquisição de um arcabouço
teórico capaz de fornecer elementos
interpretativos para compreensão da realidade
que seria estudada. Dessa forma valeu-se de
estudos e pesquisas já realizadas no Bairro,
assim como de teorias sociológicas consideradas
significativas para interpretação das
sociabilidades locais pertinentes à relação do
morador com outros moradores e do morador com
seu local de moradia. O estudo procurou
verificar que fatores influenciavam e
determinavam o sentimento destes jovens em
relação ao seu pertencimento. Foram realizadas
visitas a instituições e equipamentos do Bairro
freqüentados por jovens e a partir de então
foram realizadas entrevistas exploratórias e
observação, utilizando anotações em diário de
campo. Posteriormente foram realizadas
entrevistas individuais com os que se mostraram
interessados em narrar suas vivências e seus
sentimentos relacionados ao Bom Jardim. Foi
possível verificar entre os participantes que
alguns, negavam o pertencimento ao sentirem sua
auto-estima diminuída ou ausente. Outros
afirmavam o pertencimento mesmo diante de
situações que os estigmatizassem. A pesquisa
não pôde dar conta de todas formas de viver no
Bairro e dos inúmeros sentimentos que permeiam
a vida de cada morador jovem daquele lugar. A
atitude de negar e/ou afirmar o pertencimento
nem sempre foi algo definitivo, havendo
dualidade de sentimentos decorrentes das
diversas situações experimentadas pelos jovens
que participaram do estudo.
- LESSA, Maria das Graças Guerra
- PAIVA, Luiz Fábio Silva
- MARQUES, Ana Maria Almeida
PAP1564 - Juventude e Religião: individualização e sua vivência
Na Linha de trabalhos anteriores, onde pudemos discutir a hipótese da confiança, ou por outras palavras, levou-se a cabo a análise de dados empíricos, no sentido de problematizar e discernir tendências contemporâneas, no campo da vivência e construção simbólica que preside ao domínio da religiosidade da juventude. Para tal, partiu-se da hipótese da confiança, onde o campo religioso é concebido como uma “fonte” de confiança ontológica para os actores sociais. Ora, partindo de um enquadramento em que a vivência religiosa é vista como “fonte” de confiança e onde essa procura construtiva desta, se faz de um modo indubitavelmente individual, procuramos aferir até que ponto existe conexão com um grupo de questões como o aborto, divórcio, eutanásia e suicídio. Aspectos estes, que encerram em si uma forte simbologia no domínio da Igreja Católica, tal como é a população portuguesa em termos genéricos. Por conseguinte, analisa-se também o modo, com que a pertença religiosa, quer ao nível da prática, quer no plano simbólico da religiosidade, se representam na adopção de um modelo de vida de carácter mais individualista ou colectivista. A presente análise tem como suporte empírico, os resultados obtidos da aplicação de um inquérito por questionário, aos estudantes da Universidade da Beira Interior no ano lectivo de 2008/2009 no âmbito da unidade curricular de Seminário de licenciatura intitulado «A Juventude em Tempo de Transição», com uma amostra de 245 inquiridos. Palavras-chave: Religião; Juventude; Individualização Reflexividade Social
PAP0923 - Juventude: de fase da vida a estatuto. “Conjunturas vitais” nos percursos de vida de jovens urbanos pobres em Cabo Verde.
Esta comunicação apresenta resultados de uma pesquisa etnográfica conducente a doutoramento em Antropologia realizada na cidade do Mindelo, em Cabo Verde, entre 2008 e 2010. Focada nas trajectórias e narrativas biográficas de jovens pobres em contexto urbano, a pesquisa procurou dar conta dos processos que estruturam os percursos de vida juvenis num contexto pós-colonial em rápida transformação. As drásticas mudanças económicas, políticas e culturais ocorridas em Cabo Verde desde a independência, em 1975, têm vindo a colocar a juventude num lugar paradoxal: se por um lado se ampliam e a globalizam as aspirações sociais dos jovens e das famílias, por outro lado é experienciada uma efectiva limitação das possibilidades de realização destas aspiração. Este lugar paradoxal evidencia a vulnerabilidade social da juventude em Cabo Verde e é claramente expresso pela incerteza dos jovens face ao futuro.
Nos percursos de vida dos 21 jovens (entre 16 e 30 anos de idade) que acompanhei e entrevistei constatei que marcos biográficos tão importantes como a inserção no mercado de trabalho, a obtenção de residência própria, a conjugalidade e a parentalidade não são apenas difíceis de atingir mas também frequentemente desarticulados ente si e mesmo reversíveis. Partindo destes dados procurarei mostrar como a linearidade e a previsibilidade dos percursos de vida é questionável em Cabo Verde. A análise à categoria de juventude, de extensão cronológica crescente e de limites sociais imprecisos, experienciada pelos próprios jovens de forma ambígua (entre um “espírito jovem” que não querem perder e uma dependência que procuram evitar) permitirá questionar os conceitos de “transição para a vida adulta” e de “fases da vida”.
Em alternativa apresentarei uma análise processual, compósita e assíncrona das transições ao longo da vida, definidas antes por sucessivas “conjunturas vitais” (como a conclusão de um grau académico, o nascimento de um filho, uma migração, uma doença ou uma mudança laboral) que configuram “zonas de possibilidade socialmente estruturadas em que potenciais futuros estão em debate” (Johnson-Hanks, 2002). Estas conjunturas vitais e as trajectórias biográficas delas resultantes dependem não apenas da natureza dos acontecimentos mas também das instituições sociais que as enquadram e da posição social de cada actor. Tal perspectiva permitirá interpretar as “fases da vida” como estatutos (de autonomia, conhecimento e poder) que os indivíduos anseiam, reivindicam e negoceiam de forma mais contextual do que sequencial. A “fase” da juventude, assim entendida, presta-se a um novo questionamento, não sobre a sua natureza e limites, mas antes sobre os factores sociais e institucionais que a produzem, tornando-se uma lente privilegiada para compreender as forças e as transformações sociais mais amplas que marcam a sociedade cabo-verdiana (e global) contemporânea.
- MARTINS, Filipe Daniel Santos Silva
PAP1511 - Juventudes africanas em Lisboa e o kuduro: imigração, etnicidade e expressividade
O trabalho em questão é fruto de uma pesquisa realizada em Lisboa, em 2010 e 2011. O kuduro é um estilo de dança e música que chegou em Portugal através imigração angolana e da comunicação entre os imigrantes e os amigos e familiares que permaneceram em Angola. Recentemente, passou também a ser produzido entre jovens imigrantes ou descendentes na Região Metropolitana de Lisboa. Através dos computadores pessoais são elaboradas as batidas e através das reuniões de grupos de amigos são produzidas as letras. Os temas são relacionados ao cotidiano, aos atritos entre grupos e as festas que frequentam. A reprodução e a circulação é realizada através dos suportes digitais de música (telemóveis, pendrives, ipods e mp3), mas também através das plataformas digitais através das quais se disponibilizam os arquivos de música e vídeos na internet. Neste contexto, formam-se redes de produtores e consumidores de kuduro e se estabelecem formas de sociabilidades no interior dos bairros e entre os bairros no entorno de Lisboa, onde vivem as populações de imigrantes oriundos de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe e seus descendentes. Lembrando que outras formas de expressão musical também estão aí presentes, com suas próprias dinâmicas (rap, reggae, funaná e kizomba).No entanto, atualmente o kuduro e suas variações eletrônicas ocupam uma presença muito significativa, principalmente entre os mais jovens e associados a imigração africana, apesar de compartilhado sem restrições em escolas, eventos, festas e espaços públicos sem distinção social. É através das formas de expressão, da produção, da circulação e do consumo kuduro que proponho analisar como se estabelecem sentidos compartilhados de identificação e diferença entre estes jovens num contexto percepcionado como imigratório. Se alguma percepção de identificação étnica e de diferença é acionada através do kuduro, como ela é expressa e quais as dinâmicas de tal processo num contexto de análise sobre o fenômeno contemporâneo da imigração e neste caso particular da em Portugal, envolvendo jovens imigrantes ou descendentes dos Países Africanos de Língua Portuguesa. Aparentemente, o kuduro tem se mostrado associado à juventude e à imigração africana, mas que tipo de análise pode ser acionada por fenômenos como este para compreendermos a imigração na contemporaneidade, em seus aspectos locais e globais, suas características econômicas e políticas e os processos de identificação e diferenciação sociais?
- MARCON, Frank Nilton

FRANK NILTON MARCON
Doutor em Antropologia. Professor de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (BRASIL). Atua no mestrado e doutorado em Sociologia e no mestrado em Antropologia na mesma universidade. Coordenada o Grupo de Estudos Culturais, Identidades e Relações Interétnicas.
PAP1510 - Kuduro, estilos de vida e processos de identificação em Lisboa
O kuduro é um estilo de dança e música que surgiu em Luanda, nos anos noventa, e que chegou a Portugal logo em seguida.Um dos objetivos é compreender como, ao lado de outras formas de expressão cultural juvenis, em Lisboa, o kuduro, assim como o hip-hop, o rap e o reggae, passou a fazer parte integrante do consumo e da produção cultural dos jovens da periferia, principalmente dos jovens africanos e descendentes. Em meio à música e à dança como formas de entretenimento, um universo de tensões sociais, étnicas e geracionais se fazem presentes em tal contexto e fazem emergir interessantes processos de identificação social, demarcados pelo conteúdo e pelo modo particular como os jovens envolvidos com o kuduro se expressam e dinamizam a presença deste estilo de música e dança.A escola, a rua e a internet se tornaram os principais espaços de socialização do kuduro, principalmente na Região Metropolitana de Lisboa, fazendo emergir um estilo de vida que parece constituir laços de afinidade geracionais, além de afinidades sonoras, corporais, linguísticas e culturais, expressas na forma de fazer e ouvir música, de vestir, andar e dançar, de falar, assim como de reproduzir saberes, práticas e histórias familiares e de vida. Como são expressos e se constituem os processos de produção, circulação e consumo local do kuduro, quais suas características e quem são os atores sociais envolvidos, estas são algumas das questões que serão abordas na apresentação deste trabalho, que está baseado em dados obtidos a partir de pesquisas de observação direta realizada na Região Metropolitana de Lisboa nos últimos dois anos. tidos a partir de pesquisas de observação direta realizada na Região Metropolitana de Lisboa nos últimos dois anos. A análise de tais questões está implicada pelas novas dinâmicas dos fluxos contemporâneos transnacionais de pessoas, de produtos culturais e de informações, em contextos metropolitanos e pós-coloniais, no qual Portugal e as ex-colônias estão mutuamente envolvidos.
- MARCON, Frank Nilton

FRANK NILTON MARCON
Doutor em Antropologia. Professor de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (BRASIL). Atua no mestrado e doutorado em Sociologia e no mestrado em Antropologia na mesma universidade. Coordenada o Grupo de Estudos Culturais, Identidades e Relações Interétnicas.
PAP0304 - LA CONSTRUCCIÓN DEL TIEMPO EN EL CONOCIMIENTO SOCIAL
En la metodología de la investigación social el tiempo, como el espacio, suelen ser visto meramente como parámetros de ubicación del objeto de investigación, como las coordenadas que permiten delimitar un problema a ser investigado.
Sin embargo, si consideramos que el tiempo, y el espacio, son las maneras en las que de lo real-histórico se muestra, se torna necesario reflexionar sobre las formas en que los fenómenos se expresan temporalmente y no sólo en un tiempo cronológico en el cual pueden ser situados.
En esta ponencia se discutirán los problemas metodológicos asociados a la concepción del tiempo como una dimensión constitutiva de los fenómenos sociohistóricos.
- GARCÍA, Guadalupe Valencia
PAP0037 - LA EDUCACIÓN Y LA ESFERA PÚBLICA. DEL ENCANTO DEL PROGRAMA COLECTIVO A LOS AVATARES DEL INDIVIDUALISMO DEMOCRÁTICO
Como tantos otros campos de las sociedades de
la segunda modernidad, la educación atraviesa
por un periodo lleno de incertidumbres. Muchas
de estas incertidumbres están relacionadas con
la erosión progresiva del proyecto colectivo
que la modernidad había construido alrededor
del mundo educativo. En este contexto, desde
los años 80 del siglo pasado se está
produciendo una transformación gradual que
está redefiniendo muchas de las funciones y de
las justificaciones que los Estados-Nación
habían atribuido al ámbito educativo, y que
está detrás de su enorme desarrollo a lo largo
de todo el siglo XX. Todo lo cual está
contribuyendo a dificultar los procesos de
legitimación y de integración en esta esfera.
Desde este punto de vista se propone,
primeramente, un análisis diacrónico, en el
que se relata como el Estado se ha interesado
por la educación, primero como proyecto
cilvilizatorio. Y, más tarde, como medio de
justicia social y de progreso individual y
colectivo, a través de la integración de la
población en los ámbitos del Estado-Nación, la
sociedad del trabajo y el mundo de la cultura.
Posteriormente, se muestra cómo y en qué
términos estas formas de legitimación y de
integración se han ido reconfigurando, creando
un escenario con una serie de posibilidades,
pero también de incertidumbres.
- VÁZQUEZ, José Francisco Durán

Autor: José Francisco Durán VÁZQUEZ
Formación: Doctor en Sociología, licenciado en CC Políticas y en
Geografía e Historia
actividad profesional: Profesor de Sociología Universidad de Vigo
Principales publicaciones:
-Durán Vázquez, José Francisco (2011) La metamorfosis de la ética del
trabajo. Constitución, crisis y reconfiguración de la ética del
trabajo en la modernidad tardía, Santiago de Compostela, Andavira
Editora
-El imaginario educativo moderno y el problema de la autoridad, en
Nómadas, Vol I, nº 33
-La crisis de autoridad en el mundo educativo. Una interpretación
sociológica, en Nómadas: Revista Crítica de Ciencias Sociales y
Jurídicas, nº 28, 2010, 4
-Del círculo a la flecha y de la flecha al Boomerang: las
representaciones del tiempo tardo-modernas en las esferas del trabajo
y del consumo, en: Bararataria, Revista castellano-manchega de
Ciencias Sociales, nº 10, 2009, pp 91-104
-Constitución, crisis y reconfiguración del valor moral del trabajo en
el postfordismo". En: Sociología, problemas e prácticas, nº 56, 2008
-La educación moral durkheimiana y la crisis de la esfera educativa en
el mundo tardo-moderno
-Los nuevos discursos del mundo del trabajo". En: Cuaderno de
Relaciones Laborales, Vol. 24, nº 2, 2006; pp 175-199
PAP0267 - LA IMPORTANCIA DEL CAPITAL SOCIAL COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA EL DESARROLLO.
El concepto de Capital Social es muy utilizado en las ciencias sociales desde la década de los 90 del siglo XX, gracias a estudios realizados por autores como Bourdieu, Coleman o Putnam. Constituye un elemento decisivo a la hora de la vertebración social de la acción en todas las comunidades, sectores o grupos. Por lo que, su estudio es una de las más importantes aportaciones a la teoría sociológica contamporanea. A pesar de que el concepto cuenta con numerosos debates sobre su correcta definición dentro de la comunidad científica, que implica un debate a su vez sobre su alcance y dimensiones, esto no ha impedido que organismos internacionales como las Naciones Unidas, Banco Mundial o la Unión Europea, administraciones nacionales, locales o regionales hagan uso de este concepto para actuar implementando políticas y planes para el desarrollo, actuaciones que tenienen al Capital Social como una piedra angular. Esta comunicación pretende dar a conocer el valor del estudio del Capital Social y su importancia elemento fundamental para el desarrollo comunitario, siendo muy importante su estudio para poder fomentar una cultura participativa, confianza, y el éxito en el desarrollo de acciones que impliquen una colaboración comunitaria como es el caso del desarrollo.
- GÓMEZ, Francisco Eduardo Haz
PAP0527 - LA OLVIDADA DIMENSIÓN SOCIAL DEL PATRIMONIO URBANO
Desde su concepción inicial, el concepto de
patrimonio ha sido objeto de muchas
reflexiones, ha conocido una profunda evolución
y, sobre todo en los últimos años, ha adquirido
una importancia creciente. Hoy en día es un
término habitual, generalmente desde la
perspectiva de recurso económico susceptible de
ser explotado, y con una interpretación de
claro signo monumentalista. Una interpretación
que se superó ya en el primer tercio del siglo
XX, con la obra de Gustavo Giovannoni y la
formulación del concepto de patrimonio urbano,
de conjunto patrimonial, en el que, superando
la visión monumental -generalmente de edificios
vinculados al poder-, adquiere protagonismo la
creación colectiva y la relación entre los
diversos elementos. Esta idea se ha
desarrollado, y se plasma hoy, más elaborada,
en los diferentes conceptos de paisaje (paisaje
cultural, paisaje urbano histórico), que
acentúan más este tipo de interpretación.
Pero quizá la mayor implicación de estas
“nuevas” formas de interpretar el patrimonio
sea la importancia de la dimensión social. Por
lo que tienen de creación social, pero también
por su valor como elemento de identidad, en un
mundo donde la globalización tiene cada vez más
fuerza. Más importante todavía, y al mismo
tiempo más olvidado, es que implica un cambio
radical en la política de conservación del
patrimonio, tanto en el patrimonio urbano como
en los paisajes culturales, donde los aspectos
sociales deben de ejercer un papel dominante,
frente al secundario que ocupan en la
conservación de los monumentos.
La condición patrimonial no deja de ser el
producto de una elección y es, por lo tanto,
una construcción social, dentro de la continua
tensión entre cambios y permanencias. El
patrimonio es, pues, una fuente de información
sobre nuestra sociedad. Pero además, y desde
una perspectiva más operativa, es indispensable
la participación de los profesionales del
análisis social en la conservación del
patrimonio, en campos como la articulación de
la participación ciudadana -la implicación de
la población es a la vez una condición
imprescindible y una condición del éxito en las
políticas de conservación del patrimonio-, o en
el desarrollo de un sistema de indicadores que
permitan identificar y cuantificar los procesos
(marginación, terciarización, elitización,
cambios en la composición demográfica o la
estructura productivas, etc.). La defensa de
la arquitectura y sus formas, como ya señalaban
diversos autores italianos en la década de
1970, no tiene sentido si no va acompañada de
la conservación social.
- SOTO, José Luis Lalana

- GANGES, Luis Santos y
- ROMÓN, María Castrillo
- JIMÉNEZ, Marina
José Luis Lalana Soto, al igual que los demás autores de la comunicación, es Profesor del Departamento de Urbanismo y Representación de la Arquitectura en la Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Valladolid, y miembro del Instituto Universitario de Urbanística de esta Universidad.
Geógrafo de formación, sus campos de investigación se centran en diversos campos relacionados con el patrimonio (especialmente patrimonio urbano, patrimonio industrial y paisajes culturales), y con la movilidad (tráfico, ferrocarriles y movilidad urbana sostenible).
PAP0365 - LAZER, ESPORTE EDUCACIONAL E EDUCAÇÃO: DESAFIOS E PROPOSTAS PARA O PROFISSIONAL DO ESPORTE E LAZER NO BRASIL
A descentralização das políticas sociais brasileiras no início da década de 90 foi cercada de estratégias para que o Governo Federal mantivesse certa influência política nos municípios e estados. Os Programas sociais foram as principais formas de descentralizar políticas públicas de esporte e lazer, e, no Brasil, essa divisão se deu pelas políticas de esporte educacional, de esportes para o desenvolvimento do lazer e esporte de alto rendimento. As políticas públicas de esporte educacional surgem na perspectiva de manipular o caráter formador do esporte para contemplar a formação para a cidadania no Brasil. Contudo, enraizada nas relações educacionais da educação física, o esporte educacional ainda possui desafios no seu sistema operacional, como compreender a aprendizagem do esporte e seus valores na prática social fora das relações escolares. Mas para pensar esse desafio é necessário pensar na atuação do profissional de esporte e lazer e seu sistema de formação. Este artigo contribuirá com reflexões acerca da atuação e qualificação dos profissionais do esporte educacional no Brasil. Esta qualificação perpassa por processos de formação profissional de esporte e lazer, que se preocupa com a intervenção dos recursos humanos nas atividades esportivas quando o esporte é convocado a educar para a cidadania; preocupa com os objetivos do esporte educacional e sua origem histórica; e preocupa com as características que o profissional de políticas públicas de esporte e lazer vem assumindo. Este trabalho, em resumo, é uma reflexão sobre a identidade desse profissional do esporte e lazer.
- RIBEIRO, Sheylazarth

Nome: Sheylazarth Ribeiro
Afiliação Institucional: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Área de Formação: Graduação em Educação Física pela UFMG, Especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Gama Filho e Mestre em Lazer pela UFMG.
Interesses de investigação: Lazer, Formação profissional, políticas públicas de esporte e lazer.
PAP0018 - LE ROLE DU GOUVERNEMENT DANS L’ÉCONOMIE SOCIALE ET SES POLITIQUES DE COOPÉRATION INTERNATIONALE POUR LE DÉVELOPPEMENT RÉGIONAL.
Cet article constitue une réflexion sur le rôle
du gouvernement dans l’ Économie Sociale et ses
politiques de Coopération Internationale pour
le développement Régional. Il fait également
objet d’ une étude exploratoire avec comme
objectif, la réflexion sur les raisons par
lesquelles les relations internes de la
communauté européenne interviennent dans l’
État et sa politique de réglementation de ses
activités de Coopération Internationale et dans
la Communauté Universitaire. Dans la seconde
moité du XX siècle, on a suivi avec intérêt
certains débats intenses dans les domaines de
l’ économie sociale et sur la théorie de l’
innovation faisant état à des différents
courrants de pensées sur divers auteurs
classiques qui recouvrent plusieurs matières
telles que l’ économie, la sociologie, les
sciences politiques parmi tant d’ autres.La
thématique "intégration régionale et
développement économique" est d’actualité, en
l’occurrence dans les pays qui furent l’objet
de processus colonisateurs très importants
socialement. Des pays et des universités, mais
aussi diverses organisations internationales
sont préoccupés par la question: c’est le cas,
parmi tant d’autres, de l’Organisation
internationale de la francophonie, de
l’Organisation internationale de l’anglophonie –
COMMOWEALTH – ou de la Communauté des pays de
langue portugaise (CPLP). Celles-ci sont des
organisations qui désirent construire des liens
d’union entre divers peuples avec comme
programmes, intégration interétatique et
développement socioéconomique dans cette ère du
processus de globalisation. Ces programmes par
défaut d’inadaptation aux réalités
socioculturelles locales, ne parviennent pas à
enregistrer des résultats espérés. Les enjeux
sont nombreux, car ces pay
- SANÉ, Abdou
- SILVEIRA, Luiz Alfredo
PAP0376 - La condición del Espacio Urbano como Construcción Social. A propósito del Derecho a la Ciudad como realización de su apropiación colectiva.
La condición del Espacio Urbano como Construcción Social.
A propósito del Derecho a la Ciudad como realización de su apropiación colectiva.
Se trata de establecer una relación precisa entre necesidades sociales, realmente sentidas, y su satisfacción a través de una específica forma de concebir la apropiación del Espacio Urbano. Aquellas, pueden manifestarse mediante Derechos, lo que nos lleva a formular la hipótesis de que estos Derechos se satisfacen en la medida en que deben y necesitan adquirir ciertas manifestaciones espaciales. Derechos Ciudadanos y Ciudad, por tanto, se reúnen en el marco de un proceso de "apropiación espacial" que los realiza. Lo que estamos planteando es de qué manera dichos Derechos exigen, para hacer efectiva su reivindicación, una cierta materialización espacial, una "forma urbana" precisa. Estamos hablando de aquellos Derechos que se expresan a través de "movimientos sociales urbanos", ya que estos movimientos surgen en la medida en que se constatan ausencias significativas, medidas en un plano social, que hacen incompleta la existencia humana, movimientos que se manifiestan en una dinámica reivindicativa por cuanto han tomado conciencia del hecho que, la clase social que los impulsa, está dando más a la sociedad, al "sistema", de lo que realmente recibe. Ahora bien, la necesaria componente espacial que requieren ciertos Derechos Ciudadanos, para que alcancen una realización concreta, esta es la hipótesis que estamos planteando, encuentra sus límites si consideramos, a priori, una relación directa entre un catálogo de Derechos Ciudadanos y su correspondencia con aquel otro que muestre la diversidad de "tipos de espacios" que los expresen, los realicen y los identifique como tales. En contra de esta opción, es decir, que la vertiente espacial de los Derechos Ciudadanos no resista su "fragmentación espacial", cabe aquella otra posición a favor del "derecho a unos servicios" que se disponen de manera dispersa, realizándose en la medida en que se materializa una concreta apropiación del espacio, por tanto, el Derecho a la Ciudad. Dos hipótesis a considerar que implican argumentar, por un lado, la realización de dichos Derechos en el marco del Derecho a la Ciudad, o de manera fragmentaria, recurriendo, en este caso, a particularidades espaciales, lo que, probablemente, no entraría en contradicción con la dinámica de la "ciudad segregada".
- MORA, Alfonso Álvarez
PAP1054 - La crisis internacional y la educación. Impacto de la crisis capitalista en el área educativa.
La crisis capitalista internacional, negada años atrás, es hoy una realidad. Esta se manifiesta en diferentes ámbitos, pero impacta con mayor crudeza en los sectores populares donde la pauperización en las condiciones laborales afecta profundamente la vida social en general y provoca retrocesos sociales y culturales.
A la hora de enfrentar la crisis, los gobiernos realizan recortes sobre reivindicaciones populares conquistadas históricamente por la clase obrera. El primero en sufrir el impacto suele ser el ámbito educativo. A partir de allí el recorte se extiende a otras áreas, pero no de forma pacífica. Los recortes en educación tienen su contraparte en las movilizaciones estudiantiles que luego se extienden a otros sectores populares.
Los ejemplos históricos abundan, para no ir lejos en el tiempo podemos citar la movilización estudiantil argentina como “pre infarto” en la crisis del 2001; la resistencia de los estudiantes de universidades europeas como un adelanto de lo que serían los indignados; y la extraordinaria movilización de los estudiantes chilenos en 2011.
La “crisis del trabajo”, con tasas de desempleo crecientes fortalece las contradicciones insalvables entre lo que es un discurso escolar tradicional de “igualdad” así como las relaciones sociales entabladas a partir de ella, con una realidad de pauperización social. Este trabajo intenta analizar esas contradicciones del ámbito educativo a partir de la crisis social provocada por el desempleo y el empeoramiento de las condiciones de los trabajadores dentro de un marco más amplio de “crisis capitalista”.
Nuestro objetivo es poner en perspectiva la crisis capitalista, su descargo en el ámbito educativo, la pauperización y la reacción social que esta provoca. Intentaremos mediante la descripción y el análisis llegar a conclusiones políticas que sean un verdadero aporte a los trabajos en el tema.
- DUARTE, Oscar Daniel

Oscar Daniel Duarte, Profesor de historia, graduado en la Universidad de Buenos Aires, Argentina.
Doctorando en Historia en la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires e investigador becario tipo II del CONICET.
Actualmente se desempeña como docente en las facultades de Filosofía y Letras y de Ciencias Sociales en la Universidad de Buenos Aires.
Libros publicados en coautoría; La revolución rusa en el siglo XXI (2007); Un mundo maravilloso (2008); 1968, un año revolucionario (2009).
PAP0898 - La obsesión por la legitimidad en la modernidad
Se puede considerar la modernidad como la época de la contingencia, es decir, como la época en la que no se da necesariedad alguna en el ámbito de lo que es, pues podría no ser o ser de otra manera. Esta situación conlleva, irremediablemente, una sensación de inseguridad e incertidumbre, a la par que una búsqueda de seguridad y consistencia que compense esa carencia conformadora y definitoria de las sociedades avanzadas. En cierto sentido, este diagnóstico es coincidente con el de Nietzsche, cuando señala al nihilismo como la esencia de occidente.
Desde el plano configurativo de toda sociedad, el hecho de que su propia legitimación devenga contingente establece que, por compensación, se produzca un exceso, casi en forma de obsesión, por la legitimación misma, conduciendo a lo que Odo Marquard ha dado en llamar la tribunalización de la vida moderna. Todo lo que pertenece al ámbito de la modernidad adolece de un defecto de legitimidad y, por lo mismo, de un exceso de ejercicio de autolegitimación. Prueba de ello es la imparable proliferación de protocolos, procedimientos, pautas, inspecciones, etc. relacionadas con agencias de evaluación y calificación que buscan acreditar la “calidad” de lo, en cada caso, evaluado.
La génesis de esta obsesión por la legitimación en la modernidad, que no deja de ser la otra cara de la moneda de la modernidad como ámbito de lo contingente, se va fraguando desde los comienzos del helenismo, con el surgimiento, por ejemplo, del fenómeno “religión”, hasta el cambio epocal que autores como Blumenberg, Koselleck, o Marquard, sitúan a mediados del siglo XVII.
El cuestionamiento de los mitos propios de la modernidad, como pueden serlo el de la calidad, la seguridad, el progreso, la identidad o la legitimidad, puede indicar la forma en la que hemos de hacernos cargo de la contingencia inherente a nuestra época, y que quizá pase por asumir la contingencia como tal en vez de reducirla programaticamente, del mismo modo que para Nietzsche lo que hay que hacer con el nihilismo es asumirlo. En este sentido, la legitimación o el fundamento no pueden recaer en un saber de tipo teleológico, pues todo fin o todo límite se presenta de forma arbitraria, incierta, contingente, nihilica.
- MANGADO, Guillermo Jiménez

Jiménez Mangado, Guillermo.
Universidad Pública de Navarra.
Licenciado en Filosofia por la Universidad Complutense de Madrid y DEA en Estética y Teoría de las Artes por la misma Universidad. Actualmente desarrolla su tesis doctoral en el Departamento de Sociología de la Universidad Pública de Navarra, dentro del programa "Dinámicas de cambio en las sociedades modernas avanzadas".
PAP0839 - La organización sindical de base en Brasil y Argentina: potencialidades para una renovación de las prácticas de resistencia
El actor sindical en Brasil y Argentina, a contramano de los discursos que avecinaban su desaparición, vienen dando muestras de una fuerte vitalidad -especialmente desde el cambio de gobierno de principio del siglo XXI-. Mayor presencia pública, vínculos estratégicos con los gobiernos, aumento de la negociación colectiva de trabajo y mejoras en los salarios son algunos de los indicadores de esta tendencia. Sin embargo, estos procesos fueron acompañados por prácticas de construcción político-sindical similares a las observadas en el pasado donde se privilegía el fortalecimeinto de las cúpulas sindicales. En esta ponencia interpelamos a la organización sindical actual en ambos países desde el prisma de las construcciones sindicales de base, preguntándonos en qué medida este resurgimiento del actor sindical fue acompañado de una revitalización sindical en los lugares de trabajo a partir del aumento y amplitud de las reivindicaciones de las comisiones internas, delegados y activistas de base. A su vez, si el crecimiento o decrecimiento de estas experiencias de base fueron estimuladas o resistidas por las propias dirigencias de los sindicatos y en qué medida el capital personificado en las patronales llevaron adelante estrategias para erosionar su desarrollo. La ponencia se basa en un proyecto de investigación en curso que utiliza fuentes primarias como entrevistas así como fuentes secundarias.
- CATÓ, Juan Montes
PAP0114 - La “cuestión social” en la agricultura de alta dependencia: análisis de redes de riesgos e impactos.
A finales del siglo XX, la tendencia principal en la actividad agrícola ha sido la industrialización de los procesos, es decir, el crecimiento en la inversión e innovación técnica conducente a incrementar la productividad. Las nuevas tendencias de la demanda (producciones integradas, trazabilidad, etiquetas de respeto ambiental y denominaciones de origen), las circunstancias de los mercados globales (presiones a la baja en los precios), las particularidades de la producción (fuerte dependencia de la gestión de agua), los riesgos climáticos (los tradicionales y el cambio ambiental global) y los factores políticos (por ejemplo, política agraria común europea), dibujan un escenario que podríamos definir como “de alto riesgo”. Aparece como esencial un análisis de riesgos e impactos en los contextos geoeconómicos que dependan de la agricultura de alto riesgo. Este análisis posibilitaría el abordaje, por parte del ente decisional, de los factores más importantes para la planificación de escenarios socioeconómicos y ambientales; escenarios que sean lo más sostenibles que sea posible, tanto desde lo económico, lo social y lo ambiental. En este paper se presentan algunos de los resultados de un proyecto de investigación sobre este tipo de zonas agrícolas en Andalucía (España). Se muestra la importancia clave de los factores sociales en las redes locales de interacción socioambiental, y su capacidad de influencia en el resto de factores participantes.
- DOMINGUEZ, A.
- RELINQUE, F.
- BURGOS, E.

Emilio Burgos Serrano. Diplomado en Trabajo Social y Máestrado en
Estudios Migratorios, Desarrollo e Intervención Social por la
Universidad de Huelva, Doctorando en ciencias sociales aplicadas en
la universidad de Huelva. Análisis del turismo rural en la sierra de
Huelva y evaluación de los impactos sobre la población.
PAP1255 - Laboratorio de ensino: um dialogo interdisciplinar
Nos últimos anos ocorreram duas mudanças significativas na legislação brasileira: a obrigatoriedade da disciplina de Sociologia nos currículos dos cursos de ensino médio e o novo currículo dos cursos de Pedagogia. Essas duas mudanças ocasionaram alterações e reconfigurações nas propostas de ensino e aprendizagem e na construção do trabalho pedagógico nas escolas, solicitando dos professores uma reflexão crítica sobre o seu trabalho, o seu papel na sociedade. Uma sociedade que enfrenta tantas questões problemáticas e que, portanto, solicita e exige cada vez mais da escola e dos seus profissionais uma atuação mais protagonista na busca de caminhos para a solução dos seus problemas; a educação, as políticas educacionais são um instrumento do governo brasileiro no enfrentamento das questões sociais nos últimos anos e estão na pauta de prioridades. Essas novas exigências proporcionaram a constituição de uma nova perspectiva do trabalho docente cada vez mais associada ao desenvolvimento de projetos com equipes interdisciplinares que possam refletir sobre os vários problemas e questões que se apresentam cotidianamente nos espaços escolares. As equipes constituídas por sociólogos, pedagogos, psicólogos, filósofos e professores de diferentes áreas do conhecimento, dialogam e trocam experiências, constroem alternativas que auxiliam o trabalho docente, não só nas instituições de educação básica, mas também nas instituições de ensino superior. Portanto, o objetivo do nosso trabalho é apresentar as discussões, reflexões, temáticas, atividades, projetos e materiais que vêm sendo produzidos pela equipe interdisciplinar de docentes dos Institutos Superiores de Ensino La Salle/RJ, no âmbito do Laboratório de Ensino do Curso de Pedagogia. Os profissionais que atuam no laboratório desenvolvem pesquisas e projetos nas escolas de educação básica da região e em outros espaços educativos como centros culturais, organizações não governamentais (Ongs), hospitais e empresas; e também junto à comunidade carente do seu entorno. As reflexões e projetos desenvolvidos pelo grupo se estruturam a partir da perspectiva e dos estudos que concebem a escola como um espaço educativo de possibilidades, de criação e de escuta das crianças e dos jovens; sujeitos sociais e históricos, criadores de cultura e desveladores de contradições; principalmente, uma escola inclusiva, comprometida com as transformações necessárias para que cada vez mais a sociedade se torne mais democrática. Dessa forma, dialogamos com os estudos teóricos de Walter Benjamin, L. Vygotsky, Bakhtin, Paulo Freire, S. Kramer entre outros.
PAP0091 - Laboratórios do sujeito: práticas de meditação como agenciamentos heterogéneos
A literatura dos estudos de ciência e tecnologia tem abordado aspectos de performatividade e política ontológica em temas tão diversos como a medicina (Mol, 1999), a economia (Callon, 1998), metodologias das ciências sociais (Law, 2004) e a cibernética (Pickering, 2010). O tema da performatividade também tem sido um tópico central para o feminismo (Butler, 1990) e para a filosofia da ciência (Barad, 2003). Tendo como pano de fundo essa mesma literatura, o meu objectivo nesta apresentação é analisar práticas de meditação Vipassana e Zen como mecanismos que visam performar modelos de subjectividade.
Através de observação participante em retiros, entrevistas semi-estruturadas, uma extensa revisão de literatura e a análise de experiências com meditação, pretendo demonstrar que os retiros vipassana funcionam como máquinas para transformar o "eu” através do recrutamento de dispositivos heterogéneos, tanto humanos como não humanos. Estes mecanismos comportam a modificação da performance psicossomática do sujeito através da aplicação de tecnologias meditativas, a regulação de aspectos organizacionais e ambientais e o recurso a diversos actantes (como sinos ou televisões transmitindo discursos durante os retiros). Estas formas calculadas de promover diversas associações têm um telos específico - o desenvolvimento de um ethos performativo (Spry, 2010) que governa a forma como o sujeito regula a esfera pessoal e inter-subjectiva. De facto, estas diferentes tecnologias contêm projectos para a transformação do sujeito através da modulação dos seus automatismos e dos ambientes que o rodeiam, constituindo projectos do humano. Tal possibilita que as interpretemos como agenciamentos heterogéneos para a subjectivação do indivíduo meditativo, como redes tecno-espirituais que visam uma modificação do sujeito.
Como estes dois movimentos espirituais têm aplicações sociais mais vastas (como a introdução de cursos Vipassana em prisões para “disciplinar” os automatismos dos prisioneiros, ou a organização de retiros Israelo-Palestinianos, considerando o ethos meditativo como “motor” para a paz mundial), estes situam a prática da meditação numa agenda tecno-ontológica mais vasta. De facto, estas práticas recorrem à modulação tecnológica do indivíduo para governar a esfera psicológica e a social. Reconhecendo a interligação entre o subjectivo, o social e o tecnológico, os modos como diferentes camadas ontológicas são transformadas através da meditação serão explorados através de uma abordagem performativa.
- CARVALHO, António

António Carvalho é doutorando no departamento de sociologia e filosofia da Universidade de Exeter, Reino Unido, e investigador associado do centro de estudos sociais da Universidade de Coimbra. É licenciado em filosofia e mestre em sociologia. Os interesses de investigação dizem respeito aos estudos de ciência e tecnologia, tecnologias do sujeito e práticas de meditação.
PAP0885 - Las implicaciones estéticas y sociales de las Vanguardias en Latinoamérica.
Esta Comunicación se propone observar, además de las mudanzas estéticas que se producen en América Latina en las tres primeras décadas del siglo XX, los cambios sociológicos que advienen de un comienzo de siglo conturbado por las guerras en Europa y las consecuencias sufridas también, en esta parte del mundo.
Cambios que modifican el panorama político y social de una América que apuntaba destinos diferenciadores en el orden político y económico. Nuestro discurso, está centrado en los movimientos de las Vanguardias originados en São Paulo y Buenos Aires, en un recorte temporal de tres décadas, que no dejará de contemplar las causas sociológicas y políticas que dieron lugar a una eclosión de expresiones estéticas que marcaron el rumbo de lo que resultaría más tarde, la cultura latinoamericana. Procesos que hunden sus raíces en la historia peculiar del Brasil Imperio y de una Argentina signada por las mismas divisiones que caracterizaron las políticas de toda América hispano-hablante. Tentaremos aproximarnos a una sociedad construida, desde sus orígenes, en terrenos de sembrados de sucesivas crisis y reconfiguraciones. Procesos que reflejan una realidad social compleja y en permanente cambio. Complejidad que no ha cesado en el mundo contemporáneo, por el contrario, señales de inéditas reconfiguraciones a velocidades y amplitudes nunca antes imaginadas son las características que esperan profundos análisis estéticos, políticos y sociológicos.
De Brasil y Argentina, focalizamos las relevantes figuras de Mario de Andrade en la Semana de Arte Moderna del ’22 y la de Jorge Luis Borges del Grupo Martin Fierro respectivamente, para analizar los rumbos que las estéticas apuntan desde los movimientos de las Vanguardias latinoamericanas hasta el presente. Tentando explicar desde el costado sociológico y político la poesía-espectáculo de Mario de Andrade y la poesía-reflexión de Jorge Luis Borges.
- CRUZ, Clara Agustina Suárez

Clara Agustina Suarez Cruz, Profesora en Letras por la Universidad de Buenos Aires (UBA) Magister en Literatura Portuguesa por la Universidade Estadual Paulista (UNESP. Assis. São Paulo) con la disertación: A narrativa ficional dos objetos. Uma leitura de Objecto Quase de Jose Saramago. Doctora en Literatura Hispanoamericana por la misma Universidad. Desde 2010, Profesora Visitante en la Universidade Federal da Integração Latinoamericana.Ha presentado conferencias y ponencias en Argentina y Brasil y participado de publicaciones en trabajos colectivos y Revistas Académicas, especialmente en las líneas de investigación de las Vanguardias latinoamericanas.
PAP0936 - Las implicaciones estéticas y sociales de las Vanguardias en Latinoamérica.
GT: Sociedade, Crise e Reconfigurações na América Latina.
Esta Comunicación se propone observar, además de las mudanzas estéticas que se producen en América Latina en las tres primeras décadas del siglo XX, los cambios sociológicos que advienen de un comienzo de siglo conturbado por las guerras en Europa y las consecuencias sufridas también, en esta parte del mundo.
Cambios que modifican el panorama político y social de una América que apuntaba destinos diferenciadores en el orden político y económico. Nuestro discurso, está centrado en los movimientos de las Vanguardias originados en São Paulo y Buenos Aires, en un recorte temporal de tres décadas, que no dejará de contemplar las causas sociológicas y políticas que dieron lugar a una eclosión de expresiones estéticas que marcaron el rumbo de lo que resultaría más tarde, la cultura latinoamericana. Procesos que hunden sus raíces en la historia peculiar del Brasil Imperio y de una Argentina signada por las mismas divisiones que caracterizaron las políticas de toda América hispano-hablante. Tentaremos aproximarnos a una sociedad construida, desde sus orígenes, en terrenos de sembrados de sucesivas crisis y reconfiguraciones. Procesos que reflejan una realidad social compleja y en permanente cambio. Complejidad que no ha cesado en el mundo contemporáneo, por el contrario, señales de inéditas reconfiguraciones a velocidades y amplitudes nunca antes imaginadas son las características que esperan profundos análisis estéticos, políticos y sociológicos.
De Brasil y Argentina, focalizamos las relevantes figuras de Mario de Andrade en la Semana de Arte Moderna del ’22 y la de Jorge Luis Borges del Grupo Martin Fierro respectivamente, para analizar los rumbos que las estéticas apuntan desde los movimientos de las Vanguardias latinoamericanas hasta el presente. Tentando explicar desde el costado sociológico y político la poesía-espectáculo de Mario de Andrade y la poesía-reflexión de Jorge Luis Borges.
- CRUZ, Clara Agustina Suárez

Clara Agustina Suarez Cruz, Profesora en Letras por la Universidad de Buenos Aires (UBA) Magister en Literatura Portuguesa por la Universidade Estadual Paulista (UNESP. Assis. São Paulo) con la disertación: A narrativa ficional dos objetos. Uma leitura de Objecto Quase de Jose Saramago. Doctora en Literatura Hispanoamericana por la misma Universidad. Desde 2010, Profesora Visitante en la Universidade Federal da Integração Latinoamericana.Ha presentado conferencias y ponencias en Argentina y Brasil y participado de publicaciones en trabajos colectivos y Revistas Académicas, especialmente en las líneas de investigación de las Vanguardias latinoamericanas.
PAP0491 - Las trabajadoras de cuidado en zonas rurales y urbanas en Ourense (Galicia). Análisis comparado de su situación socio-laboral
En esta comunicación se presentarán algunas de las conclusiones extraídas del estudio realizado con trabajadoras que se dedican al cuidado de personas mayores en la provincia de Ourense (Galicia). Este estudio se contextualiza en el marco del proyecto titulado “Los trabajos de cuidado remunerados: una mirada desde la provincia de Ourense” (Uvigo).
Si el trabajo de cuidado se organiza desde los hogares, su desarrollo se realiza habitualmente a través de una combinación de tres vías: mercado, sector público y trabajo no remunerado (Cristina Carrasco, 2006). En nuestro estudio se han analizado los casos de trabajadoras del cuidado contratadas tanto desde los servicios públicos (fundamentalmente municipales) como de modo privado (por familias a modo individual), en diferentes municipios (rurales y urbanos) de la provincia de Ourense; una provincia especialmente envejecida del estado español. La gestión del cuidado de una persona mayor sigue siendo en la actualidad un “asunto privado”, manejado por la familia de la persona dependiente. Ciertamente, en el estado español se ha avanzado en las opciones que la familia puede barajar a la hora de combinar el trabajo no remunerado realizado desde el ámbito familiar (es decir, desde las mujeres): una vía está en los servicos públicos y otra en el mercado. La combinación de estas diferentes opciones, sin embargo, requieren de una reflexión desde una perspectiva de género, que nos permita evaluar si ello ha supuesto un avance (y en qué medida) para las personas que se “reparten” la responsabilidad de cuidar a las personas de edad avanzada.
Dos serán los ámbitos que serán tratados en esta comunicación: 1. Análisis del perfil de las personas empleadas como cuidadoras desde el ámbito público y privado, diferenciando zonas urbanas y rurales de residencia; 2. Análisis de las condiciones laborales de las trabajadores/as de cuidado, con una especial incidencia en la solución dada a sus propios problemas de conciliación laboral/familiar.
Las conclusiones vertidas en nuestro estudio apuntan a que las zonas más aisladas y envejecidas de la provincia ourensana presentan unas dificultades específicas para la gestión del cuidado de las personas mayores. El aislamiento social de las personas mayores en dichos contextos complejiza las tareas de cuidado llevadas a cabo por las diferentes empleadas y familiares. En cuanto a las condiciones socio-laborales de las empleadas cuidadoras, el sueldo y la propia conciliación de la vida familiar y laboral se muestran como los principales puntos críticos en su realidad laboral.
- SILVA, Iria Vázquez

- RODRÍGUEZ , Rubén González
- OLLEROS, Mª del Carmen Armada
- LIRES, Xavier Álvarez
Iria Vázquez Silva, socióloga pola Universidade da Corunha; e mestrada em género pola U. autònoma de Barcelona e a Universidade de Vigo. Está a finalizar a súa tese de doutoramento na Universidade da Corunha, sobre o trabalho de coidados e as migraçoes. As súas linhas principais de investigaçao son o genero, o trabalho de coidados, as migraçoes, e o envellecemento na Galicia. Sobre estes temas participou en diferentes projectos de investigaçao a nivel galego e espanhol.
PAP1277 - Legados culturais: a migração rural-urbana na cidade do Rio de Janeiro
O desenvolvimento capitalista na sociedade brasileira desencadeou expressivos processos migratórios, em especial o deslocamento massivo de migrantes oriundos da região agrária do nordeste do Brasil, região que passava por transformações em seu sistema agrário em razão do esgotamento de alguns dos modelos de reprodução social camponesa existentes, caso, por exemplo, do sistema de plantation, para a região sudeste, região que passava por um intenso processo de industrialização e urbanização. Estimulados pela efervescência do momento histórico, vários estudiosos, de diversas disciplinas preocuparam-se em entender o fenômeno migratório ocorrido internamente na sociedade brasileira. Os trabalhos que se referem ao tema centraram-se basicamente na identificação das condições estruturais e históricas da nossa sociedade que originaram esse fenômeno, ou nos efeitos desse, investigando os processo de incorporação dos migrantes em uma nova ordem social, na interligação entre os universos sociais de origem e de destino e na reorganização do espaço urbano. Do ponto de vista da perspectiva metodológica, a maior parte dos estudos sobre o mesmo ou trabalhou com uma perspectiva generalizante, visando a compreensão desse fenômeno em termos de sociedade brasileira ou de determinada região, ou era voltado para micro análises, preocupando-se com um determinado grupo ou situação específica.
Não obstante a larga produção acadêmica sobre o assunto e apesar de o Rio de Janeiro ser uma das principais cidades acolhedoras de mão-de-obra migrante, o processo migratório de nordestinos para o Rio de Janeiro não ganhou a atenção merecida dos estudiosos do fenômeno migratório. Por sua vez, os estudos preocupados em refletir aspectos de formação cultural e histórica da vida social carioca praticamente ignoraram o legado da migração de nordestinos para a cidade do Rio de Janeiro. Enquanto a migração de nordestinos para São Paulo, emblemática em razão da intensidade da migração ocorrida, recebeu uma atenção privilegiada, a ponto de ser referência e representação mais exemplar e acabada da migração rural-urbana ocorrida internamente na sociedade brasileira no contexto do desenvolvimento capitalista em nossa sociedade, os estudos sobre o processo migratório de nordestinos para a cidade do Rio de Janeiro não refletiu a importância do fenômeno social ocorrido, além disso, os poucos estudos existentes ficaram restritos, geralmente, a análises de espaços sociais considerados referencias da migração de nordestinos na cidade. Ou seja, as poucas pesquisas realizadas não tiveram como intenção principal investigar as diferentes formas de interlocução de idéias e valores, contraposições e apropriações de estilos de vida e produção de legados culturais de migrantes oriundos da região Nordeste do Brasil na cidade do Rio de Janeiro. O estudo em apreço tem por objetivo, entre outros, refletir sobre tais aspectos.
- BARBOSA, Fernando Cordeiro
PAP0945 - Legibilidade dos Textos Jurídicos, Argumentação Jurídica e Discurso Jurídico
A produção legislativa tem sido objecto de uma crescente atenção por parte das instâncias oficiais, da comunidade académica e da própria sociedade civil: desenvolvem-se estudos de legística, multiplicam-se programas sobre a qualidade, simplificação e acessibilidade da legislação, e multiplicam-se organizações privadas que desenvolvem actividade nesta área e que operam mesmo como parceiros dos programas institucionais.
A utilização de linguagem clara e acessível na comunicação oficial tem sido significativamente incrementada e conta com maior tradição no universo anglo-saxónico, onde se desenvolveram organizações e campanhas de plain english e plain language.
Em Portugal, no âmbito do Programa Simplegis, uma das medidas implementadas pelo Governo para incrementar o acesso à legislação foi a publicação de resumos explicativos de decretos-leis e decretos regulamentares em linguagem clara, simples e acessível. Uma particularidade desta medida é o facto de, ao ser aplicada aos diplomas legislativos, não se aplicar directamente nos textos legislativos, sendo concretizada através de uma publicação electrónica autónoma no sítio do DRE em anexo à publicação oficial do diploma em causa.
A presente comunicação analisa esta iniciativa, caracterizando-a de um ponto de vista objectivo (e.g., metodologias, entidades envolvidas, sujeitos intervenientes, tipo, áreas e número de diplomas abrangidos, utilizadores). Procura-se, igualmente, identificar as expectativas e motivações da iniciativa, auscultar percepções de vários auditórios relativamente aos resultados apresentados e definir os fundamentos teóricos do movimento da plain language no domínio jurídico.
Pretende-se, também, problematizar criticamente a iniciativa do ponto de vista da teoria do direito e da argumentação jurídica, reflectindo sobre o seu sentido em face das características específicas do processo legislativo e da interpretação e aplicação jurídicas, apontando as suas virtualidades e limitações.
Numa perspectiva mais abrangente, equacionam-se as tentativas de promoção de legibilidade jurídica em articulação com as características próprias do discurso jurídico, dos seus autores e destinatários; e procura-se articular as abordagens críticas que advertem para as resistências na comunidade jurídica aos processos de legibilidade jurídica com as leituras que perspectivam o discurso jurídico no quadro da diferenciação funcional das actividades e esferas sociais.
Sustenta-se, em geral, que, sob pena de uma ilusão de claridade, o desígnio legítimo da legibilidade jurídica - tendo em conta as constelações complexas de produção dos sentidos jurídicos, das especificidades do discurso, fenómeno e universo jurídicos - apenas pode ser realizado parcialmente, por um lado, através de uma contínua educação para o direito e com o direito e, por outro, nos quadros da argumentação jurídica lato sensu.
- ANDRÉ, Patrícia

Patrícia André – Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e obteve o grau de Mestre em ‘Novas Fronteiras do Direito’, no ISCTE-IUL (Secção Autónoma de Direito), com a dissertação “ O Discurso da Justiça Constitucional – A Apreciação da Admissibilidade dos Recursos de Constitucionalidade”. É Doutoranda em Direito na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, preparando o seu projecto de investigação e tese de doutoramento subordinado ao tema “Argumentação Jurídica na Justiça Constitucional Portuguesa e Espanhola – Direitos Fundamentais no Recurso de Constitucionalidade e no Recurso de Amparo”. Os seus principais interesses de investigação, nas áreas da Teoria do Direito e Direito e Sociedade, incluem as temáticas do discurso, legibilidade, interpretação e argumentação jurídica. Desenvolve, ainda, a sua actividade profissional como Advogada, em especial, na área da propriedade intelectual.
PAP1559 - Leituras e políticas no fotojornalismo: a World Press Photo Foundation nos novos mundos da arte e da cultura.
Durante os últimos 56 anos, a World Press Photo (WPPh) Foundation tem sido uma das mais importantes instituições a nível mundial na promoção da ascensão dos padrões no fotojornalismo e na sua divulgação para vários tipos de públicos. Uma das suas principais atividades é o concurso anual de fotojornalismo, que une a pertinência social e cultural dos seus temas à estética fotográfica, valorizando o papel da classe fotojornalística para além do seu uso tradicional em jornais e revistas. A exposição itinerante, composta pelas fotografias vencedoras nas diversas categorias, é visitada anualmente por mais de dois milhões de pessoas (www.worldpressphoto.org) em 45 países, uma estimativa que reflete bem a sua popularidade. Tem sido amplamente debatida a noção de que atualmente a fotografia de imprensa é mais do que um meio de documentação de um evento, passando a ser um instrumento de denúncia e facilitador de fortes debates e controvérsias sobre temas específicos como a pobreza, a guerra, emigração, género e sexualidade, ambiente, ciência e outros. A presença das fotografias vencedoras da WPPh nos outros meios mediáticos (por vezes até sem terem sido publicadas nos meios “formais”) ilustra essa relevância. O papel ambivalente da fotografia, simultaneamente opressor e emancipador, possui uma influência inegável na sociedade atual. Este caráter, por vezes indefinido, leva à colocação de questões sobre o objeto de estudo aqui abordado como: enquanto um actor cultural global, a WPPh leva ao estabelecimento de articulações relevantes entre fotografia e crítica social? Qual o papel da WPPh na classe fotojornalística (enquanto reforço ou efeito agregador dos/as profissionais?), assim como nos promotores e organizadores da exposição nos mais de 100 locais onde esta será colocada, vulgo intermediários culturais, que actuam em várias esferas, desde o sector público ao sector privado? O propósito desta comunicação é expor as percepções, convicções e ideias das pessoas e grupos que de vários modos estão vinculadas às fotografias vencedoras e sua decorrente exposição itinerante. Para tal, foram entrevistados/as intermediários culturais que solicitam a vinda da exposição às cidades portuguesas de Maia, Lisboa e Portimão, bem como colaboradores da própria WPPh e fotojornalistas (premiados e não premiados) que dão conta da maneira como esta fundação pode servir interesses variados, numa caleidoscopia de instâncias e vectores como é o caso do campo das políticas culturais.
- BARRADAS, Carlos
PAP1153 - Liberdade, justiça e desenvolvimento: Concepções da vivência da situação de sem-abrigo
No âmbito de um projeto de investigação intitulado perspectivas desenvolvimentais sobre os factores contextuais e individuais associados à exclusão social: A realidade psicossocial dos sem-abrigo, a comunicação que se apresenta respeita à análise comparativa das narrativas que profissionais e indivíduos que experiencia(ra)m a situação de sem-abrigo tecem sobre a(s) sua(s) vivência(s). Reflete-se, em concreto, sobre as singularidades e convergências das leituras críticas destes atores sobre liberdade, justiça e desenvolvimento. Para este efeito, têm-se em consideração as descobertas efectuadas, pela primeira autora, no contexto de observação participante da intervenção desenvolvida por seis Equipas que realizam Giros de rua noturnos (iniciado em 2006, n> 300 giros) e a análise de 95 entrevistas realizadas no Concelho de Coimbra. A análise do discurso dos atores e das notas de campo evidenciou a existência de padrões distintos de conceptualização destes construtos, entre os profissionais e aqueles que experiencia(ra)m a situação de sem-abrigo. Neste contexto, para além de se proceder à análise comparada destes padrões, apresentam-se os principais elementos que os fundamentam, segundo os próprios. Por fim, afloram-se as similitudes entre as concepções referidas e a perspectiva de Amartya Sen. Caracterizando o desenvolvimento humano como um processo de expansão das liberdades dos indivíduos, Sen adverte para a imprescindibilidade das sociedades assegurarem, a todos os seus cidadãos, efetivas oportunidades de participação nas decisões, respeitantes a si e à sociedade. Para que este desígnio se torne realidade é necessária a efetivação de um conjunto de condições, as quais incluem a assegurar a prosperidade (well-being achievement) e a efetivação de escolhas em relação àquilo que (não) pretendem (freedom to achieve). Pelo contrário, se os indivíduos se confrontam com limitações nas oportunidades, porque o seu bem-estar não se encontra assegurado (e.g., devido a ameaças à sua dignidade, ou em resultado de constrangimentos no desenvolvimento de capacidades críticas que lhe permitam a obtenção de níveis aceitáveis de vida em sociedade) confrontamo-nos com constrangimentos severos no que concerne a prossecução da liberdade, da justiça e do desenvolvimento.
- FERREIRA, Sónia Mairos
- GUERREIRO, Daniela
PAP0796 - Liderança na UE em tempos de crise - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
O grau de satisfação dos cidadãos em relação à UE tem vindo a decrescer, verificando-se atualmente um dos mais baixos níveis de apoio popular na história do processo de integração europeia. Dada esta tendência, somos levados a perguntar qual o problema da UE? Sustentamos que uma liderança política adequada é crucial para determinar o sucesso ou o fracasso de uma organização. Períodos de crise representam perigos, mas podem representar também o momento certo para reformar a organização e as suas políticas. Tal tarefa requererá líderes que sejam capazes de transformar desafios em oportunidades. Estarão os actuais líderes europeus à altura do enorme desafio com que nos deparamos? Que estilo de liderança servirá melhor a UE nestes períodos conturbados? Será uma liderança reactiva a melhor forma de gerir a actual mega-crise? Nesta comunicação abordaremos em detalhe os conceitos de liderança e crise. Analisaremos, em seguida, o actual tipo de liderança na UE. Concluiremos este trabalho com uma nota sobre a importância de uma liderança política oportuna e eficiente.
- CAMISÃO, Isabel Ferraz
PAP0747 - Literacia e desigualdades sociais em Portugal: Uma análise a partir dos dados do PISA (2000-2009)
O PISA tem estado na vanguarda da avaliação internacional das competências dos alunos de 15 anos um pouco por todo o mundo (países da OCDE e parceiros) nos domínios da leitura, da matemática e das ciências, permitindo acompanhar a evolução do desempenho e aperfeiçoar a qualidade e eficiência na educação. Para além de sofisticados procedimentos de medição das competências nos domínios referidos, este instrumento de larga escala recolhe também informação socio-demográfica detalhada que permite uma análise comparativa, complexa e de natureza sociológica, da literacia juvenil.
No âmbito dos princípios de comparabilidade pelos quais se rege o PISA, é seguida uma das duas estratégias possíveis nos estudos sobre composição social, a que resulta na utilização de um índice (quantitativo e estandardizado) que usa implicitamente a noção de escala social (por oposição à que utiliza a noção de “classe social”, usando mais uma classificação nominal do que uma ordenação ou hierarquização quantitativa). No caso do PISA, o complexo índice utilizado é denominado de Estatuto Socioeconómico e Cultural (ESCS) e abrange variáveis como o estatuto profissional (com base na classificação ISCO) e o nível (em anos) de escolaridade dos pais, bem como variáveis relacionadas com os bens domésticos (índices de bem-estar familiar, recursos educacionais e culturais em casa).
Entre outras evidências, os dados demonstram que apesar de, em Portugal, o efeito do ESCS na literacia em leitura ter vindo a diminuir entre 2000 e 2009, dos alunos com origens sociais mais desfavorecidas terem sido aqueles que, neste período, mais melhoraram o desempenho neste domínio, e da percentagem dos alunos a que a equipa do PISA denomina de “resilientes” ser superior à da OCDE; o ESCS continua a ser a variável que, em todos os domínios e todas as escalas geográficas (OCDE, UE e Portugal), maior correlação mantém com o desempenho em literacia. A análise destes dados pode colocar-se, desta forma, no centro de um dos infindáveis mas mais importantes debates da arena sociológica, sobre a relação entre percursos escolares e mobilidade social.
- CARVALHO, Helena

- ÁVILA, Patrícia
- NICO, Magda

- PACHECO, Pedro
HELENA CARVALHO tem o doutoramento em Sociologia. Professora auxiliar do ISCTE-IUL. Diretora do Departamento de Métodos de Pesquisa Social no ISCTE-IUL. Diretora da Pós-graduação em Análise de Dados em Ciências Sociais (ISCTE-IUL). Leciona e coordena diversas disciplinas de Estatística e Análise de Dados em Mestrados. É investigadora do(CIES-ISCTE-IUL). A sua área de investigação privilegiada tem por enfoque os métodos quantitativos e multivariados para variáveis categorizadas, privilegiadamente métodos de interdependência e de dependência (Categorical Regression) via optimal scaling (Escola de Leiden). Tem participado em diversos projetos de investigação desenvolvendo as suas competências em análise de dados. Tem publicado diversos livros e artigos. Algumas publicações mais recentes: Ramos, M. and Carvalho, H. (2011) Perceptions of quantitative methods in higher education: mapping students profile. Higher Education, 61, pp:629-647.; Oliveira, L. and Carvalho, H. (2010). Why firms do not enrol in socio-technical networks- empirical evidence from Portugal. Sociology of Science and Technology, Vol 1, 3-d Issue; Oliveira, L. and Carvalho, H. (2009). The segmentation of the S&T space and gender discrimination in Europe. In Prpic, K., Oliveira, L. and Hemlin, S. (editors), Women in Science and Technology. Institute for Social Research, Zagreb, pp. 27-51. Carvalho, H. (2008). Análise Multivariada de Dados Qualitativos. Utilização da Análise de Correspondências Múltiplas (ACM) com o SPSS, Lisboa, Edições Sílabo.
Magda Nico, Investigadora de Pós Doutoramento do CIES - Instituto Universitário de Lisboa, actualmente a desenvolver um projecto sobre gerações, cursos de vida e mobilidade social.
Autora da tese de doutoramento "Transição Biográfica Inacabada. Transições para a Vida Adulta na Europa e em Portugal na Perspectiva do Curso de Vida", desenvolvida no CIES-Institutito Universitário de Lisboa.
Os principais interesses de investigação e temas de publicações são: Metodologias do Curso de Vida, Transições para a Vida Adulta e Mudança Social, Saída de casa dos pais, Gerações, Género e mais recentemente Mobilidade Social.
PAP0973 - Literacia em saúde e fontes de informação em Portugal
A literacia em saúde refere-se aos conhecimentos, competências e motivações para aceder, compreender, avaliar, gerir e utilizar de forma eficaz informações sobre saúde, a fim de formarem juízos e tomarem decisões em termos de utilização do sistema de saúde, prevenção de doenças e promoção da saúde e de qualidade de vida. Baixa literacia em saúde está associada a menor capacidade para autogestão da saúde e a dificuldade em aceder a serviços de saúde de forma eficiente, em obter informações relevantes sobre eles, incapacitando a decisão informada. Melhorar a literacia em saúde pode contribuir para reduzir as desigualdades na saúde.
Uma das principais estratégias de qualquer programa de prevenção/promoção da saúde é a educação para a saúde. Embora a pesquisa científica tenha mostrado que as crenças de saúde não são uma condição suficiente para a adoção de comportamentos saudáveis, é consensual que o conhecimento da saúde seja uma condição necessária, normalmente tida em conta pelos vários modelos que têm sido propostos para predizer o comportamento de saúde, em que as crenças geralmente aparecem como determinante principal. A lógica subjacente baseia-se no facto de as crenças de saúde constituírem um dos preditores dos comportamentos de saúde Assim sendo, aquisições de literacia em saúde permitem transformar crenças erradas em conhecimento útil para autogestão dos processos de saúde/doença.
A forma como se obtêm a informação sobre saúde é portanto crítica no desenvolvimento dos níveis de literacia em saúde de uma população. Neste sentido, é importante considerar as várias fontes possíveis de informação. Além da aprendizagem formal (em escolas, faculdades, etc.), os meios de comunicação (televisão, rádio, jornais, revistas, etc.) e a Internet são conhecidos por serem protagonistas relevantes na difusão de informações de saúde. Quando usados na promoção da saúde, estas fontes de informação podem desempenhar um papel eficaz em termos de ganhos de literacia em saúde.
A partir de um inquérito representativo da população portuguesa sobre a literacia em saúde da população portuguesa, a comunicação propõe uma primeira abordagem à relação entre os conhecimentos sobre saúde da população portuguesa e as fontes de informação através dos quais são obtidos. Procura-se assim identificar as principais fontes de informação, os conteúdos procurados e as motivações de quem os procura, que serão discriminados em função das variáveis sociológicas normalmente usadas nos estudos extensivos. A questão central que se procurará assim analisar é o impacto que o diferencial acesso às fontes de informação exerce nos níveis de literacia da população portuguesa.
- FERREIRA, Pedro
- SANTOS, Osvaldo
PAP0119 - Literacia mediática: Novas competências para infoadictos
Nas culturas multimediáticas típicas da contemporaneidade, a propagação global e extremamente intensa de informação, em particular via digital e em rede, parece estar a potenciar o nascimento de uma geração de infoadictos. A multiplicação de (novos) meios multiplataforma e a correspondente multiplicação de “utilizadores-participantes” (Silverstone) e dos seus conteúdos/mensagens traduz-se na emergência de um novo paradigma sociocomunicacional de grande complexidade. Novas competências interpretativas, críticas e comunicativas são requeridas na sociedade da informação, na sociedade do “tempo-espaço comprimido” (Harvey), e essas competências são, em rigor, competências de literacia mediática.
Esta comunicação – versão abreviada de um dos capítulos de “Literacia Mediática e Cidadania”, trabalho de investigação actualmente em curso no âmbito do Programa de Doutoramento em Sociologia do ISCTE-IUL, com apoio da FCT, que indaga acerca da relação específica entre competências de literacia mediática e práticas de cidadania – reflecte, por um lado, sobre a centralidade da literacia mediática nas sociedades contemporâneas [evidenciada, de forma mais ou menos explícita, desde a “Declaração de Grünwald sobre a Educação para os Media” (1982)], e, por outro, sobre a pesquisa empírica que tem sido desenvolvida neste domínio de investigação científica (na verdade, ainda manifestamente insuficiente), colocando a tónica numa muito adequada distinção entre avaliação de práticas e avaliação de competências de literacia mediática, reflexão que obriga à identificação rigorosa dos principais estudos e investigadores, tanto a nível nacional como internacional.
- LOPES, Paula Cristina

Paula Cristina Lopes (n. 06.12.1967, Lisboa). Investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) do ISCTE-IUL. Bolseira de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (desde 2010). Professora de Jornalismo na Universidade Autónoma de Lisboa (desde 1996).
Licenciada e mestre em Ciências da Comunicação.
Interesses de investigação: Sociologia da Comunicação; Sociologia da Educação. Ciências da Comunicação.
PAP1200 - Luchas sociales, estrategias jurídicas y construcción de ciudadanía en Córdoba, Argentina
Con este trabajo aportamos a la descripción de alternativas de construcción de ciudadanía en contextos de debilitamiento de las instituciones de la democracia representativa y de pérdida de calidad de las mediaciones sociales tradicionales.
Describimos y analizamos experiencias y estrategias llevadas adelante frente a conflictos colectivos vinculados al reconocimiento, protección o ampliación de derechos de diversos colectivos (campesinos que luchan contra el desalojo y a favor de mantener la posesión de sus tierras, jóvenes de estratos marginales que reclaman en contra de abusos policiales e integrantes del colectivo GLTTTBI -gays, lesbianas, travestis, transexuales, transgéneros y bisexuales- que se movilizan contra la discriminación y a favor del reconocimiento de su identidad sexual).
Las estrategias que analizamos reflejan la necesaria articulación entre la dimensión jurídica y la dimensión política de estos conflictos; es precisamente esta articulación la que nos permite describir su actuación como herramientas de construcción y fortalecimiento de la ciudadanía. Estos procesos de reclamo o defensa de derechos no reconocidos, vulnerados o defendidos de manera diferencial desde el sistema según el sector que los invoque, confrontan los valores sociales dominantes consagrados en el ordenamiento jurídico. Esto hace que la lucha por la transformación social no se agote en los cambios legislativos y/o en los resultados judiciales sino que estos son parte integrante de estrategias de luchas políticas más amplias. En estas estrategias el derecho y los instrumentos institucionales por él diseñado se redimensionan, la acción protagónica de los directamente involucrados es necesaria y se produce una redefinición del rol de los abogados y de las estrategias jurídicas como herramientas de lucha y de fortalecimiento de la ciudadanía.
En las experiencias que presentamos las estrategias vinculadas a la dimensión jurídica de los conflictos tienen como finalidad, más allá del resultado del caso concreto, la transformación social mediante la generación de organización social y empoderamiento de los peticionantes.
La metodología que utilizamos es cualitativa y los datos provienen de entrevistas realizadas a abogados de la ciudad de Córdoba en Artgentina, vinculados a movimientos sociales y organizaciones no gubernamentales que “utilizan” el derecho y los mecanismos institucionales y políticos del Estado con propósitos, lógicas y valores “alternativos” en un proceso de construcción de ciudadanía.
- LISTA, Carlos
- BEGALA, Silvana
PAP0957 - Lógica do concreto, lógica do significado: assimilações nuançadas de objetos e modos na obra de Gilberto Freyre
A intensidade e extensão dos contatos entre culturas, tornados contemporaneamente mais freqüentes e velozes, ainda que não menos conflituosos e complexos, têm levado sociólogos a buscar modos de olhar mais generosos à capacidade dos povos em criar maneiras próprias de assimilação do Outro. A variedade das formas de tais contatos – imitação, apropriação, tradução, transculturação, hibridização, entre outros – depende de como a "lógica do concreto" se relaciona com a "lógica da significação" em cada encontro entre sistemas de categorização (Sahlins). Um olhar atento deve ser capaz de rearticular as polaridades criadas pelas próprias ciências humanas, para explicar a estabilidade, bem como a mudança social, a partir da (re)ligação entre mundo material e imaterial, visível e invisível. Parte da obra de Gilberto Freyre, talvez menos conhecida do que a clássica trilogia do autor – Casa Grande e Senzala (1933), Sobrados e mucambos (1936) e Ordem e progresso (1959) – oferece este olhar, sob o qual se desvelam nuançadas trocas entre sociedades que comportam distintas visões de mundo. Neste trabalho, que é apenas uma parte da tese de doutorado em desenvolvimento, constitui objeto de estudo a análise de Freyre das influências francesa e britânica sobre a cultura brasileira nos livros Um engenheiro francês no Brasil (1940) e Ingleses no Brasil (1948). Em tais obras, o foco de análise recai sobre a influência técnica e material transmitida cotidianamente por personagens "menores", figuras na aparência as mais humildes, da história íntima brasileira. Aqui, as trocas culturais, ainda que enredadas por relações de poder – tendo em vista o estado avançado das “carboníferas” culturas estrangeiras em relação à brasileira, impregnada de Orientalismos – jamais ocorrem como via de mão única. Este aspecto da obra de Freyre ressalta criativos processos de tropicalização que ocorrem num tipo de "revolução macia", e tem sido ressaltado em anos recentes não somente por constituir o “coração” e o foco de maior atenção internacional de sua obra (Pallares-Burke, 2011), mas também por sua proficuidade no debate atual. Esta "revolução branca" e de mão dupla se difere do diagnóstico vislumbrado ao final de Sobrados e mucambos, em que a reeuropeização do Brasil aparece como estetização totalizadora, oposta ao equilíbrio de antagonismos próprio à assimilação luso-tropical. É este tipo de revolução que pretendemos capturar em tais obras, revolução que fez Freyre vislumbrar, de maneira entusiástica, o futuro do Brasil como nação exemplar ao mundo, triunfando, na trilha dos britânicos, “nas artes de combinar e fazer interpenetrar contrários”.
- FREITAS, Isabella Mendes

Isabella Mendes Freitas
Doutoranda em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro desde 2010, sob orientação do professor Dr. Ricardo Benzaquen de Araújo. Desenvolve atualmente, em sua pesquisa de tese, investigação sobre os impactos materiais e imateriais da presença estrangeira no Brasil e as formas brasileiras de acomodação de tais influências, a partir da interpretação de Gilberto Freyre em obras específicas sobre o tema. Tem graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa e mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nessas instituições, realizou pesquisas a respeito do tema da urbanização e da condição do estrangeiro a partir da interpretação de Georg Simmel e Walter Benjamin, a partir de representações do cinema latino-americano. Com estes dois autores, procurou desenvolver estudos a respeito de uma perspectiva sociológica estética.
PAP1318 - MANIFESTAÇÕES CULTURAIS CONTEMPORÂNEAS: A PARTICIPAÇÃO DE JOVENS EM MOVIMENTOS RELIGIOSOS DE NATUREZA PENTECOSTAL
Quando falamos em religião, logo nos vem à mente ideias como fé, sagrado, teofania. Se, por um lado, estão corretas tais ideias, por outro, apresentam-se incompletas para entendermos a presença, cada vez em maior número, de jovens em movimentos religiosos, nos quais a emoção, o fervor e a devoção são valorizados e incentivados. Partimos do princípio de que a religiosidade, entendida como manifestação pessoal de fé, em uma busca por experiências e valores que transcendam a dimensão material, dá sentido à existência do indivíduo e equilíbrio para os diferentes aspectos da vida, determinando o comportamento e as ações deste indivíduo, de seu grupo social e mesmo de uma coletividade. Outrossim, as condições materiais objetivas condicionam a percepção e atitudes diante das situações que acontecem ao seu redor, de sua concepção de vida, de religião, de política, de economia. Portanto, movimentos culturais e neles os movimentos religiosos que surgem, extinguem-se e ressurgem, vêm ao encontro das necessidades de homens e mulheres. A partir de observações de celebrações religiosas, foi possível uma primeira aproximação para compreendermos um fenômeno religioso que promoveu o surgimento de centenas de igrejas no Brasil e está presente tanto na Igreja Católica, como nas Protestantes Históricas: o movimento pentecostal, o qual também provocou o aumento da presença de jovens nas igrejas. Fato que nos chama a atenção porque estas igrejas exigem compromissos, como a participação em serviços ou ministérios, e impõem normas de conduta, como proibição do sexo antes do casamento, discrição no vestir e no consumo de bebidas alcoólicas. E ao realizarmos entrevistas com jovens pertencentes às igrejas pentecostais, constatamos que as motivações para estarem ali se concentraram principalmente na busca de amigos, de equilíbrio emocional e/ou cura para doenças. Como pudemos apreender, se a religião não exerce mais a função cultural de centro integrador e harmonizador da sociedade, ela ainda tem a função de oferecer respostas para questões consideradas insolúveis, além de possibilitar a integração social daqueles que se encontram, e se consideram, excluídos da ordem social vigente.
- SILVA, Claudia Neves da
- LANZA, Fábio
PAP1508 - MANIFESTAÇÕES DA CULTURA POPULAR NO BRASIL: Invenções e tradições de identidades regionais.
O texto é uma análise de manifestações culturais em regiões geopolíticas brasileiras e suas influências em vários setores sociais tais como educação escolar, urbanização, saúde coletiva, lazer e identidade cultural. Submetemos um recorte de análise feita a partir de dados coletados em uma região específica do Brasil. O Estado do Espírito Santo. Uma região litorânea do Brasil, com dezenas de comunidades que vivem da pesca, da coleta de mariscos, do artesanato, com destaque para as Panelas de Barro e da culinária, com destaque para a Moqueca de Peixe, uma iguaria específica da região. Junto a estas características, o poder público da região resgatou e fortaleceu algumas manifestações artísticas e culturais que contribuíram de forma significativa com a construção de uma imagem cultural de identidade regional a muito tempo reclamada pelos formadores de opinião, críticos de arte, produtores culturais e imprensa local, pressionados por regiões geopolíticas que dividem suas fronteiras e que possuem traços bastante definidos culturalmente como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Analisamos manifestações nas quais predominam aspectos marcantes da religião afro-cristã e brincadeiras cantadas e dançadas como elementos centrais de construção de identidade regional. Trata-se de práticas enraizadas em comunidades que foram consumidas pelo trabalho das grandes cidades urbanas, pela poluição dos manguezais, pela chegada cada vez maior de templos religiosos de seitas cristãs conservadoras, católicas e protestantes e pela falta de renovação do quadro de praticantes. Se de um lado existem vários fatores internos e externos às comunidades para que as manifestações fossem extintas, por outro lado, os governos municipais e estadual fazem um grande esforço para resgatar e preservar tais manifestações no sentido de garantir imagens e tradição. Tudo isso ocorre a contragosto e grande resistência dos setores conservadores da sociedade local, que não desejam ser identificados culturalmente com práticas fundadas por pobres pescadores, artesãos e cozinheiras de origem africana e indígena. Optamos por uma pesquisa documental e análise apoiada na questão da tradição, invenção e reinvenção. Analisamos vídeos, letras de músicas, publicidades governamentais e textos jornalísticos que nos permitiram concluir que o interesse lúdico e religioso das comunidades é o ponto de convergência no conflito entre as elites sociais, as políticas de governos e a sobrevivência das manifestações.
- MORAES, Antonio Carlos
- SILVA, Paula Cristina da Costa
- SANTOS, Milainy Ludmila
PAP1507 - MAPEAMENTO DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE A INFÂNCIA E AS CRIANÇAS: SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA E ABORDAGENS SOCIO ANTROPOLÓGICAS EM PAÍSES DO HEMISFÉRIO NORTE E BRASIL
Nesta comunicação, refletimos sobre a sociologia da infância com foco em abordagens socio antropológicas, sem a pretensão de esgotarmos o debate, tendo em vista a pluralidade de correntes, tendências e perspectivas que cercam o campo. A análise da literatura nesta área aponta uma multiplicidade de visões e vozes sobre o mundo da infância, o que não é sinônimo de desordem ou caos metodológico, é antes uma última e legítima expressão da própria complexidade e multidimensionalidade do fenômeno a estudar. Nossa opção pelas abordagens socio antropológicas também se explica porque os sociólogos e antropólogos dedicados aos estudos da infância têm privilegiado as perspectivas pluriculturais e comparativas, que colocam em evidência a variabilidade da infância no espaço e no tempo. É importante também aqui referir que a produção de conhecimento sobre a infância e sobre as crianças também tem sido feita sobre as imagens que temos da infância e não a partir da realidade social das crianças, ou seja, há pouco conhecimento dos mundos sociais e culturais das crianças a partir das suas vozes. Deste modo, em consonância com o campo da sociologia da infância, pretendemos apresentar questões socioantropológicas que consideramos relevantes, fazendo um mapeamento de algumas correntes de pesquisa, seus principais enfoques, limites e desafios e no que se diferenciam umas das outras. Na primeira parte expomos uma breve caracterização das produções nos países do hemisfério norte, mediadas pelas suas aproximações, perspectivas teóricas e princípios, mas abrangendo igualmente seus diferentes percursos e problemáticas de análise. Na segunda parte apresentamos breves considerações sobre a produção no Brasil com abertura para análises socio antropológicas. Na terceira parte, destacamos desafios e caminhos teóricos da sociologia da infância considerando a impossibilidade de esgotá-los, na medida em que crescem as pesquisas nesse campo, surgem novas problematizações que reformulam os conceitos anteriores. Para encerrar, apontamos reflexões emergentes esperando que a mudança paradigmática em torno da participação ativa das crianças nas pesquisas possa ter repercussões no que diz respeito às decisões políticas, sociais e educativas que afetam suas vidas.
PAP0594 - MEXICO Y BRASIL: POLÍTICAS MACROECONOMICAS FRENTE A LA CRISIS GLOBAL
GT Sociedade, Crise e Reconfigurações na América Latina
Los resultados positivos obtenidos por Brasil con respecto a México en materia económica y social durante la última década se explican por la aplicación de estilos de desarrollo distintos. Ello no obstante que ambos países siguen políticas macroeconómicas procíclicas de corte neoliberal. Pero mientras México siguió aplicando sin modificaciones el recetario del Consenso de Washington, Brasil se alejó del mismo durante las dos administraciones de Lula, sobre todo en materia de política salarial, política industrial, redefinición del papel del Estado, abandono del programa de privatización generalizada de los activos públicos, rol de la banca de desarrollo, diversificación de sus relaciones con el exterior y política exterior activa, entre los más importantes.
A partir de esa hipótesis, en esta ponencia pretendo enfocarme más que en las estrategias de desarrollo de largo aliento, en el análisis de las políticas macroeconómicas, monetaria, cambiaria y fiscal, que constituyen el “núcleo duro” del modelo neoliberal. El análisis se centrará en las políticas ejecutadas por Brasil y México en el curso de la crisis global, la cual irrumpe con toda su fuerza en agosto de 2007. La revisión de estas políticas la dividiré en las tres fases que ha recorrido la crisis: la primera fase de agosto de 2007 a septiembre de 2008; la segunda de septiembre de 2008 a marzo de 2009; y la tercera de marzo de 2009 a la fecha.
Si bien en México no existe ninguna señal de mudanza en las políticas macroeconómicas en el curso de la crisis, se examinará si en el caso brasileño se están produciendo ajustes hacia políticas más amigables con el crecimiento y el empleo, en el marco de la fase actual de la crisis, y con la llegada de Dilma Roussef al gobierno,
- GUILLEN, Arturo

ARTURO GUILLEN R.
artguillenrom@hotmail.com
grja@xanum.uam.mx
Profesor- Investigador Titular del Departamento de Economía de la Universidad Autónoma Metropolitana Iztapalapa (UAMI). Profesor del Posgrado en Estudios Sociales, Línea Economía Social de la misma universidad. Coordinador General de la RedEurolatinoamericana de Estudios sobre el Desarrollo “Celso Furtado”.Investigador Invitado del Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para el Desarrollo, Rio de Janeiro, Brasil.
Doctor en Ciencias Económicas dela Escuela Central de Planificación y Estadística de Varsovia, Polonia. Miembro del SNI.
Autor de los libros Mito y realidad de la globalización neoliberal (2007), México hacia el siglo XXI: crisis y modelo económico alternativo (2000), Problemas de la economía mexicana (1986), Imperialismo y ley del valor (1981) yPlanificación económica a la mexicana (1971). Coordinador y/o coautor de más de 40 libros colectivos y alrededor de 50 artículos publicados en diversas revistas especializadas de México y del extranjero.
PAP0006 - MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E IDENTIDADE NO NORDESTE CONTEMPORÂNEO (BRASIL)
Este trabalho nasceu a partir do questionamento
sobre a inserção dos imigrantes no campo
econômico de Aracaju e Salvador nas décadas de
1990 e 2010 e suas conseqüências no processo de
negociação das identidades.
Os movimentos migratórios não são recentes, mas
no caso do Brasil eles tornam-se mais fortes a
partir na primeira metade do século XIX com a
entrada dos primeiros grupos de imigrantes
vindos da Europa. É no contexto da recente
globalização que eles ganham novos contornos e
configurações principalmente na passagem do
século XX para o século XXI com a emergência de
novas dinâmicas no mercado de trabalho
internacional.
O referencial teórico está assentado,
principalmente, em Pierre Bourdieu, Abdelmalek
Sayad e Stuart Hall a fim contribuir para o
preenchimento das lacunas referentes aos
estudos migratórios na região nordeste a partir
das noções de campo, habitus e identidades. O
trabalho tem caráter exploratório face à quase
inexistência de pesquisas sobre a temática nos
municípios estudados.
A execução do projeto está ocorrendo a partir
do levantamento bibliográfico sobre migrações
internacionais contemporâneas no mundo e no
Brasil e consulta de dados primários e
secundários. Os dados referentes aos sujeitos
da pesquisa (imigrantes, representantes de
consulados, e órgãos e entidades
representativas de imigrantes recentes nos
municípios estudados) serão obtidos por meio de
métodos quantitativos (questionários) e
qualitativos (história e relatos de vida). O
desenvolvimento da pesquisa até o momento
permitiu-nos identificar o crescente fluxo de
imigrantes, principalmente asiáticos, que estão
constituindo negócios como restaurantes, lojas
de eletrônicos e roupas nos últimos vinte anos
tanto Aracaju como em Salvador. Deste modo, a
inserção destes imigrantes no campo econômico
pode resultar em estratégias que os posicionem
favoravelmente no comércio local de modo a
redefinir e reconstruir suas identidades.
- ENNES, Marcelo Alario
- GOES, Allisson Gomes dos Santos
PAP0864 - MODERNIDADE E EMANCIPAÇÃO NA VENEZUELA BOLIVARIANA
A emancipação social constitui-se, desde o século XVIII, como um objetivo do pensamento ocidental moderno que seria alcançado através do uso da razão. No entanto, desde que os projetos modernos, na busca pela emancipação, foram capazes de gerar as catástrofes das Guerras Mundiais e do Socialismo Soviético e que o Capitalismo, enquanto “alternativa vencedora”, não é capaz de distribuir o progresso que promete, a racionalidade moderna ocidental se encontra em profunda crise. Mas apesar do esgotamento que experimenta a retórica moderna da emancipação social, o final do século XX vai ser palco de uma série de movimentos de resistência à globalização hegemônica neoliberal e de contestação ao pensamento único, trazendo novamente à tona a discussão sobre a ação social emancipatória.
Algumas das experiências contra-hegemônicas atuais mais pujantes têm ocorrido na América Latina, principalmente depois dos processos de redemocratização nos anos 80, como o fortalecimento dos movimentos indígenas, a emergência de movimentos sociais do campo e urbanos (como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) e o estabelecimento de práticas de democracia participativa nos países da região. Na Venezuela, por exemplo, observam-se inúmeras experiências inovadoras nas últimas três décadas. Neste país, o agravamento da crise política e, em geral, da lógica moderna totalizante, vai permitir que emirjam, entre outras coisas, processos de participação política da sociedade civil até então suprimidas pela racionalidade hegemônica, especialmente no que diz respeito ao fortalecimento da democracia participativa em resposta ao esgotamento da visão clássica de democracia representativa liberal. Os Conselhos Comunais são hoje a principal face da democracia participativa e protagônica na Venezuela. Constituem micro-governos construídos no interior das comunidades, compostos pelos próprios moradores e que possuem poder deliberativo e executivo sobre a gestão das políticas locais, atrelados diretamente ao Estado e por este financiados.
A experiência dos Conselhos Comunais, embora ainda seja recente e desperte inúmeras questões, tem se confirmado como uma oportunidade de restabelecer o interesse pela esfera pública e firmar a prática democrática de alta intensidade na Venezuela.
- RIBEIRO, Renato Ferreira
PAP1150 - Mais é melhor? Das escolhas aos desafios conceptuais e metodológicos em narrativas pessoais de doença.
Na heterogeneidade daquilo que é culturalmente entendido e vivenciado enquanto doença, um formato de concepção e análise desse fenómeno tem ganho crescente relevância nos estudos sociais da saúde e da medicina, as narrativas de experiência pessoal de doença.
Estas permitem reconhecer o modo como os indivíduos constroem materiais para explorar a forma pela qual atribuem sentido à experiência de doença, e possibilitam igualmente aceder aos modelos explicativos e protótipos salientes (Kleinman, 1989) a partir dos quais constituem e definem as suas experiências para e com o conhecimento biomédico. É a partir da relação com este tipo particular de conhecimento que vão fazer uso do vocabulário e conceitos ali apreendidos e, consequentemente, estabelecer algum tipo de ligação, mais ou menos informada, com o sistema biomédico.
No projecto de investigação “Avaliação do estado do conhecimento público sobre saúde e informação médica em Portugal”, procuramos explorar, através das narrativas de doença, novas abordagens sobre a experiência da doença e, particularmente, colocar a tónica naquilo que é a multiplicidade e singularidade de experiências, usando uma metodologia designada por sampling for range (Small, 2009), isto é, ao invés de procurar a representatividade estatística, são selecionados casos para entrevistas procurando cobrir uma diversidade de situações associadas a uma patologia específica. Deste modo, torna-se possível explorar os diferentes modos pelos quais emergem as experiências e trajetórias dos sujeitos em relação à doença.
Procuramos, assim, através da apresentação das ferramentas metodológicas privilegiadas no projecto (particularmente o MINI – McGill Illness Narrative Interview, um guião de entrevista) e da sua articulação com resultados preliminares do mesmo, contribuir para um adensamento da discussão em torno das narrativas pessoais de doença (p.e. definição daquilo que conta como conhecimento da doença e do significado do conhecimento baseado na experiência), bem como para um levantamento sobre os desafios conceptuais e metodológicos que tal escolha apresenta.
- BARRADAS, Carlos
- NUNES, João Arriscado
- QUEIRÓS, Ana Filipa
- SERRA, Rita
PAP0402 - Manutenção de uma baixa fecundidade versus alteração da dimensão ideal da família no Sul da Europa
A manutenção das taxas de fecundidade abaixo do limiar necessário à renovação das gerações no Sul da Europa, durante sucessivas décadas, tem-se traduzido numa grande preocupação em termos demográficos e socioeconómicos. O crescente e acentuado processo de envelhecimento demográfico e a perspectiva de declínio da população em idade activa torna ainda mais gravoso o processo de envelhecimento. As reduzidas taxas de fecundidade apresentadas por estes países no decurso das últimas décadas implicaram, ainda, uma redução do número de mulheres em idade fértil, o que em termos concretos aponta para uma menor proporção de nascimentos anda que a fecundidade venha a aumentar.
O aumento da idade média ao nascimento do primeiro filho tem sido referido como uma das principais causas quer do declínio da fecundidade por período, quer da sua manutenção em níveis substancialmente baixos, o que criou uma expectativa de que quando o adiamento da entrada na vida reprodutiva chegasse ao seu termo haveria uma recuperação dos níveis da fecundidade e que as distorções demográficas (diminuição das taxas de fecundidade) apresentadas no decorrer do processo de adiamento seriam apenas temporárias. Contudo, ultimamente, tem-se suscitado o receio de que os diminutos níveis de fecundidade do momento, recentemente verificados, possam ser não somente o resultado do adiamento do nascimento dos filhos, mas também da sua renúncia (a maior parte das vezes parcial). Lutz et al (2006) colocam inclusive a hipótese de que coortes sociabilizadas sob o regime de baixa fecundidade possam ser por este influenciadas a desenvolver preferências por famílias de menores dimensões, já que os níveis futuros da fecundidade são fortemente condicionados pela dimensão desejada da família. Goldstein et al (2003) alertam ainda para o facto de que é difícil conceber que a baixa fecundidade possa perdurar indeterminadamente sem se fazer acompanhar de alterações nas dimensões ideais da família.
Neste contexto, o nosso objectivo será verificar se existem diferenças na dimensão ideal de família consoante os grupos etários, e se de facto as coortes mais jovens apresentam uma preferência por uma família com menor descendência, bem como averiguar se a quantidade de filhos desejados difere entre homens e mulheres. Pretende-se, ainda, perceber em que medida as diferenças entre o número de filhos que os indivíduos têm reportado como o ideal para uma família e o número ideal de filhos nascidos são influenciados por aquelas covariáveis. Deseja-se que este trabalho constitua um contributo para a análise e discussão do comportamento da fecundidade do momento na Europa do Sul. Para a construção de indicadores demográficos e a análise estatística vamos utilizar os dados do Eurobarómetro 2006 e os disponibilizados pelo Eurostat. Ao nível metodológico, a análise estatística assenta-se fundamentalmente em testes não paramétricos e modelos lineares generalizados.
- MACIEL, Andréia Barroso Figueiredo

- MENDES, Maria Filomena

- INFANTE, Paulo
Nome: Andréia Barroso Figueiredo Maciel
Licenciada em História, mestre em Sociologia e atualmente doutoranda também em Sociologia pela Universidade de Évora. Membro integrado do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS) e bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), atuando principalmente nos temas fecundidade e imigração. Possui trabalhos completos publicados nos Anais do XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais (2011); no Livro de Comunicações da Conferência Internacional Sobre Envelhecimento (2011); nas Atas do XIV Encontro Nacional de SIOT (2011) e resumo expandido no Livro de Resumos da XIX Jornada de Classificação e Análise de Dados (2012).
Maria Filomena Mendes, licenciada em Economia e doutorada em Sociologia na especialidade de Demografia pela Universidade de Évora é Professora Associada no Departamento de Sociologia desta Universidade.
Publicou recentemente, entre outras, as seguintes publicações:
2010, “A diferença de esperança de vida entre homens e mulheres: Portugal de 1940 a 2007” (com I. T. de Oliveira) in Análise Social, Vol. XLV (1.º), 2010 (n.º 194), 115-138.
2010, “Perfil dos imigrantes em Portugal: dos países de origem às regiões de destino” (com C. Rego, J. R. dos Santos e M. G. Magalhães), in Revista Portuguesa de Estudos Regionais, RPER, nº 24-2º Quadrimestre, artigo 7, APDR, Coimbra, pp. 17-39.
PAP0906 - Mapa de Alerta: instrumento de apoio à qualidade do Censos 2011
Os recenseamentos da habitação e da população constituem a maior e mais dispendiosa operação estatística de um país e têm como principal objectivo fornecer informação estatística de elevada qualidade que responda às necessidades dos seus utilizadores. Nas operações censitárias existe a possibilidade de erro a vários níveis e em diferentes etapas do processo, tornando-se importante desenvolver e implementar mecanismos associados a processos-chave, passíveis de monitorização ao longo da execução da operação, e que garantam a qualidade final dos resultados.
No Censos 2011 o Instituto Nacional de Estatística implementou mecanismos de detecção de erros na fase de trabalho de campo que permitissem monitorar em tempo real o processo de distribuição e recolha dos questionários, por forma a possibilitar o desencadear de acções de ajustamento ou correcção com vista a garantir os princípios de qualidade que balizam a realização de uma operação censitária. Nesses mecanismos destaca-se o Mapa de Alerta, através do qual foi possível conhecer, para cada freguesia de Portugal, o grau de risco potencial de não se conseguirem garantir os níveis de qualidade desejados no trabalho de campo.
A construção do Mapa de Alerta envolveu a selecção de um conjunto de indicadores capazes de caracterizar o risco de cada freguesia, indicadores estes que serviriam para, numa primeira fase, através da aplicação de modelos de mistura finita, identificar grupos de freguesias e respectivos centróides. Estes resultados serviram de base a uma análise não hierárquica de agrupamento (k-means clusters) para identificação das freguesias a incluir em cada grupo. Os clusters assim encontrados foram validados através de uma análise discriminante com validação cruzada. Os grupos de freguesias encontrados foram caracterizados com base nas dimensões de agrupamento e catalogados com um de três níveis de risco potencial: risco reduzido (coloração verde), risco médio (coloração laranja) e risco elevado (coloração vermelha).
Nesta comunicação é apresentado o Mapa de Alerta desenhado para Portugal, é descrita a sua concepção e discutido o seu contributo para garantir a qualidade do trabalho de campo do Censos 2011.
- REIS, Elizabeth
- VICENTE, Paula

- ROSA, Álvaro
Nome: Paula Vicente
Afiliação: Business Research Unit, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
Área de formação: Doutoramento em Métodos Quantitativos, na especialidade de Sondagens e Estudos de Opinião
Interesses de investigação: Metodologia das Sondagens, Estatísticas Oficiais
PAP0947 - Mapeando e explicando as disparidades de aspirações profissionais entre diplomados do ensino superior
Destinada ao GT proposto: “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho”
Entroncando dados resultantes da aplicação de um amplo inquérito extensivo à inserção profissional dos licenciados da Universidade de Lisboa e da Universidade de Lisboa no ano de 2004/05 num modelo de análise que tem como objectivo promover a articulação conceptual das dimensões objectivas e subjectivas inerentes ao processo de inserção, esta comunicação incidirá nas aspirações profissionais dos diplomados do ensino superior. Especificamente, pretende responder a quatro questões: haverá aspirações profissionais enraizadas em (quase) toda a população observada? De que aspirações se tratam? Inversamente, clivar-se-ão diferentes aspirações no interior desse mesmo universo? E, em caso afirmativo, qual o efeito que as diferentes situações profissionais exercem sobre essas disparidades aspiracionais?
Responder a estas interrogações permitirá restituir a constelação de aspirações profissionais que pontificam no seio do universo estudado, ao mesmo tempo que facultará a possibilidade de testar a hipótese, já antes explorada pelos autores, de que o peso relativo conferido às “aspirações profissionais” se encontra associado às “situações profissionais concretas” que os indivíduos experimentam, tendo estas um significativo impacto na formação daquelas. Tal dever-se-á à convergência de dois movimentos simultâneos mas paradoxais: ao mesmo tempo que os indivíduos exacerbam, em termos relativos, as aspirações que, por não serem concretizadas na sua situação profissional, lhes provocam maiores sentimentos de insuficiência, de frustração ou até de sofrimento, tendem também a ajustar, em grande medida de forma infra-consciente, as suas aspirações à sua situação profissional presente (ou àquela que crêem poder conquistar no futuro), processo bem documentado pela sociologia de inspiração bourdiana. É pois no balanço entre estes dois movimentos que propomos analisar a relação entre a “realidade profissional concreta” e o desenvolvimento dos quadros volitivos na esfera profissional.
Accionar este enfoque analítico e cotejá-lo nos dados empíricos, tem a virtude de permitir identificar e mapear as aspirações profissionais dos diplomados do ensino superior e dar passos significativos na investigação dos processos sociogenéticos que subjazem à sua constituição, destacando, analiticamente, aquele que consideramos ser um dos seus aspectos centrais – a “situação profissional concreta” com que os graduados se deparam num dado momento da sua trajectória.
- CHAVES, Miguel

Miguel Chaves é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador do CESNOVA. Enquanto investigador dedicou parte do seu percurso ao estudo da exclusão social, do desvio e da marginalidade, tendo produzido vários textos sobre estas matérias, dos quais se destaca o livro Casal Ventoso: da Gandaia ao Narcotráfico. Actualmente, desenvolve e coordena vários estudos centrados na inserção profissional e nos estilos de vida de jovens altamente qualificados, tendo neste âmbito publicado o livro Confrontos com o Trabalho entre Jovens Advogados: as Novas configurações da Inserção Profissional, bem como diversos artigos.
PAP1192 - Massa Crítica: um ritual que afirma a necessidade da multidão, da presença do corpo, para dar força a uma causa
O termo Massa Crítica é aplicado no documentário Return of Schorder de Ted White (1992) para explicar a estratégia utilizada pelos ciclistas urbanos chineses nos cruzamentos: esperam até haver número de ciclistas suficiente para juntos, em massa, o atravessarem em segurança. É esta a ideia, estar juntos ao mesmo tempo num mesmo lugar para em massa ganharem força, que sustenta a primeira MC realizada em Los Angeles. A MC é então um conjunto de pessoas que se deslocam de bicicleta à hora de ponta de modo aleatório pelas ruas congestionadas da cidade. Esta massa de ciclistas irá confundir e desafiar a ordem instalada e a sua palavra de ordem We are Traffic será difundida e, do mesmo modo, aproveitada por grupos semelhantes que noutras cidades também reivindicam o lugar da bicicleta na mobilidade urbana e questionam as consequências económicas e sociais do uso massivo do automóvel.
A bicicleta é, no fim do séc. XIX, a nova tecnologia que destabiliza o equilíbrio e renova as emoções associadas à velocidade e, paradoxalmente, serve agora para questionar os valores do progresso associado à capacidade de movimento incrementada pelo automóvel. A MC serve, a este propósito, a mobilização da consciência, tal como Marx a concebeu, levando, já no respectivo grupo do facebook, a discussões que questionam a identidade da cidade, os modos de vida, as diferenças e desigualdades de poder dos peões e ciclistas face aos motoristas, das mulheres face aos homens, da falta de autonomia dos mais jovens, da implicações na saúde e nos gastos associados às doenças ligadas com a sedentarização. É, também, no âmago destas discussões que, paradoxalmente, se dá conta da ambiguidade das categorias uma vez que a maior parte destes ciclistas também são motoristas, que se revelam a quebra de limites e/ou fronteiras entre as ciências aplicadas à interpretação do "tráfego da hora de ponta", ou seja, a todas cabe questionar como é que a cinética se tornou a ética da modernidade.
Depois de quatro participações na MC de Lisboa, com esta comunicação pretendo demonstrar que, não obstante as identidades estarem em constante reciclagem (Bauman, 2007), a força deste ritual, e de acordo com Collins (2004), reside no espectáculo dado pela multidão de 400 ciclistas que em Setembro atravessaram a cidade. São estes corpos e o território da cidade o locus de emoções, o refúgio de segurança, a estrutura sólida de referência do evento. O sucesso de cada MC reside sobretudo no crescente número de participantes e na aparente estabilidade e solidez do seu significado bem como dos símbolos que se lhe associam e que mensalmente são lembrados.
- SANTOS, Ana
PAP0085 - Medindo pobreza, riqueza e desigualdade em saúde
A quantificação da
desigualdade, da
pobreza e, mais
recentemente, da
riqueza tem o seu
espaço próprio na
literatura
especializada. A
aplicação de medidas
tradicionais no
contexto de
avaliação da
distribuição do
rendimento pode ser
desenvolvida com
vantagem no contexto
da avaliação
empírica da saúde. A
nossa contribuição
para a literatura
está na utilização
desse tipo de
medidas com base num
índice de saúde
susceptível de
captar a
multidimensionalidade do
fenómeno. Ilustramos
a aplicação das
medidas de pobreza,
riqueza e
desigualdade em
saúde ao caso
português, usando
dados do último
Inquérito Nacional
de Saúde (INS).
A análise da
desigualdade e da
pobreza –
tradicional no
contexto de
avaliação da
distribuição do
rendimento – pode
ser alargada a
outras dimensões de
fenómenos mais
abrangentes como o
desenvolvimento dos
países ou o
bem-estar das suas
populações.
Enquadra-se neste
âmbito, por um lado,
a literatura que tem
procurado explorar,
de forma individual,
cada uma dessas
dimensões adicionais
e, por outro, a
vertente que se tem
centrado na leitura
multidimensional da
pobreza e da
desigualdade. Neste
artigo, seguimos a
primeira destas vias
de análise,
centrando o nosso
foco na dimensão
saúde.
Adicionalmente,
agregamos à
avaliação da
desigualdade e da
pobreza a leitura da
riqueza em saúde,
alargando, desta
forma, a abrangência
do conceito. Apesar
de relativamente
escassos, é possível
identificar na
literatura
especializada,
contributos no
sentido da
mensuração da
pobreza e da
desigualdade em
saúde. Todavia,
esses trabalhos
utilizam como
variável de
referência uma
variável simples de
saúde, como seja o
peso ou o índice de
massa corporal. A
principal limitação
desse procedimento
reside no facto de
essas variáveis não
captarem cabalmente
a
multidimensionalidade que
caracteriza os
estados de saúde.
Neste artigo
procuramos contornar
essa limitação
propondo o cálculo
de um índice de
saúde, isto é,
aplicando ao caso
português a
metodologia
utilizada pelo
EuroQol na
determinação dos
estados de saúde,
com base nos
micro-dados do INS.
- CRESPO, Nuno
- SIMÕES, Nádia
- MOREIRA, Sandrina

- Docente na Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal. Pertence ao Departamento de Economia e Gestão.
- Investigadora na Business Research Unit (BRU) do ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa. Pertence ao Grupo de Economia do Centro BRU/UNIDE.
- Doutora em Economia pelo ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa; Mestre em Economia pelo ISEG, Instituto Superior de Economia e Gestão; Licenciada em Economia pela FEUC, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
- Atuais Interesses de Investigação: Medição do Desenvolvimento de Países ou Regiões, incluindo Componentes do Desenvolvimento como Distribuição do Rendimento, Emprego, Saúde...
PAP1474 - Memoria y Memoriales. Las Baldosas en Argentina como expresión de las memorias resistentes.
Algunos miembros de las Asambleas Barriales nacidas al calor de la lucha callejera del 19-20 de diciembre de 2001 en Argentina, entraron en contacto con organizaciones preexistentes y fundaron, durante el año 2005, “Barrios x Memoria y Justicia”.
Desde el seno de la ciudadanía, en torno a la figura de los luchadores populares muertos y desaparecidos, se tejieron redes sociales, se recuperaron espacios públicos, se recuperaron sus historias de lucha y de vida y crearon dimensiones propias e innovadoras de memoria colectiva.
Reflexionando sobre la pugna entre las diferentes memorias y la musealización de los DDHH se rescata aquí la hechura y colocación de Baldosas en la Ciudad Autónoma de Buenos Aires como construcción de una novedosa forma de expresar la memoria desde los ciudadanos y de visibilizar a los militantes populares de los años ’70.
A pesar de la instauración de una fuerte memoria oficial con grandes espacios destinados a la apropiación de la historia reciente, la cuestión estética y arquitectónica de las memorias resistentes da lugar a la presencia de la ausencia en el ámbito público de lo cotidiano.
Con una estrategia cuasi etnometodológica participamos en la hechura y colocación de Baldosas para explorar su funcionamiento, a su vez, los diálogos informales permitieron conocer los acuerdos y discrepancias que dieron origen a los textos sintetizados en las Baldosas y el análisis de los dos libros que editaron nos facultaron a comprender la historia procesual de cada grupo que conforma “Barrios x Memoria y Justicia”.
- SAMANES, Graciela Cecilia

Graciela Cecilia Samanes
Maestranda en Políticas Sociales. UBA (cohorte 2012-2013)
Licenciada en Sociología. Orientación Diagnóstico Social (egresada 2010)
Analista Programadora en Sistemas (año 1985)
Pertenencia institucioanl: Programa de Estudios del Control Social (PECOS) en el Instituo de Investigaciones Gino Germani (IIGG) . Facultad de Ciencias Sociales. UBA
Derechos Humanos. Memoria colectiva. Criminología.
PAP0656 - Memórias da Guerra Colonial: Alianças secretas e mapas imaginados
A Guerra Colonial Portuguesa, que teve início há 50 anos atrás, permanece um assunto pouco estudado no que diz respeito às suas implicações sociais e geoestratégicas mais vastas. Esta comunicação pretende trazer à discussão os resultados preliminares de um projecto em curso sobre o Exercício Alcora. Esta aliança secreta, estabelecida entre Portugal, a África do Sul e a Rodésia em 1970, pretendia lutar contra o crescimentos de movimentos independentistas africanos, por forma a preservar uma soberania “branca” na África Austral.
A Guerra Colonial, para além de constituir um momento fundador da realidade sociopolítica do Portugal contemporâneo, foi crucial para as independências das suas antigas colónias em África, tendo tido, igualmente, sérias repercussões nos longos conflitos que lhe sucederam (as guerras civis). Desta forma, uma compreensão detalhada da Guerra Colonial Portuguesa ganha relevância numa aproximação crítica à construção de memórias nacionais em todos os países envolvidos. É fundamental compreender-se as raízes das crises sociais e políticas actuais nos países africanos que conquistaram a independência, bem como reconhecer como segredos de tal importância – como esta aliança “branca” contra os nacionalismos locais na África Austral – alcançaram os dias de hoje imaculados. Explorando linhas de pesquisa sugeridas pelo Exercício Alcora, a Guerra Colonial será vista como parte de um conflito regional – luta contra as independências na África Austral –, e como parte de um conflito global – o que alguns consideram ter sido um subsistema da Guerra Fria na África Austral. Uma das nossas linhas de pesquisa irá, deste modo, centrar-se nas implicações do Exercício Alcora numa nova ordem pós-colonial violenta nos recém-independentes Estados africanos, procurando verter nova luz sobre as raízes das crises sociopolíticas actuais que infelizmente afectam esses países.
Deste modo, centrando-nos na guerra colonial, enquanto conflito de amplas implicações estratégicas, e enquanto duradoura marca na história recente de Portugal, pretendemos pulsar o seu lugar central para a definição da relação entre a sociedade portuguesa e as instituições militares. Mais do que avaliar de que modo as instituições militares têm reagido às transformações sociais e económicas da sociedade mais ampla, importa pensar como, através da guerra colonial e do 25 de Abril, se delineou uma co-implicação fundadora do Portugal contemporânea.
- ROSA, Celso Braga

- MENESES, Maria Paula

- MARTINS, Bruno Sena

Celso Fernando Braga Rosa
Licenciado em Antropologia pela Universidade de Coimbra, em 1999. Escreve uma dissertação sobre a arte africana e o mercado artístico internacional, publicada pela Universidade do Porto. Primeiramente centrou-se em estudos sobre as economias da arte e agentes de transformação da estética. Desenvolveu mais tarde trabalho em Angola, no campo da observação e divulgação culturais, e atualmente integra a equipe do projeto "Os Comprometidos: Questionando o Futuro do Passado em Moçambique" do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, tendo ainda trabalhado no projeto "Alcora – Novas Perspectivas da Guerra Colonial: Alianças Secretas e Mapas Imaginários", da mesma instituição. Tem as questões de identidade e memória na transição de Goa para a União Indiana como projeto de doutoramento.
Maria Paula Meneses
Investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Doutorada em antropologia pela Universidade de Rutgers (EUA) e Mestre em História pela Universidade de S. Petersburgo (Rússia). É igualmente membro do Centro de Estudos Sociais Aquino de Bragança, em Moçambique. No CES integra o núcleo de estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito, que co-coordena. Leciona em vários programas de doutoramento do CES, nomeadamente "Pós-colonialismos e cidadania global"; "Governação, Conhecimento e Inovação" e "Direito, Justiça e Cidadania no séc. XXI". Foi anteriormente Professora da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.
"Bruno Sena Martins é licenciado em Antropologia pela Universidade de
Coimbra e Doutorado em Sociologia pela mesma instituição. Sempre
enleado na questão das representações culturais, tem dedicado o seu
trabalho de investigação aos temas do corpo, deficiência e conflito
social.
Em 2006, publicou o livro 'E se Eu Fosse Cego: narrativas silenciadas
da deficiência', produto da sua dissertação de mestrado galardoada com
Prémio do Centro de Estudos Sociais para Jovens Cientistas Sociais de
Língua Oficial Portuguesa. Foi Research Fellow no Centre for
Disability for Disability Studies (CDS) na School of Sociology and
Social Policy da Universidade de Leeds, entre Abril e Junho de 2007.
Na sua tese de doutoramento - 'Lugares da Cegueira: Portugal e
Moçambique no Trânsito de Sentidos' - explorou as relações entre as
histórias de vida das pessoas cegas e os valores culturais dominantes
através dos quais a cegueira é pensada. Paralelamente, no contexto do
CES tem integrado a equipa de vários projectos de investigação que se
dedicam a temas como Guerra Colonial portuguesa e a inclusão social
das pessoas com deficiência."
PAP1365 - Memórias negras femininas e promoção da saúde
A proposta de comunicação baseia-se num artigo onde a discussão assenta-se nas interfaces da produção de memórias entre mulheres negras na cidade de Juiz de Fora. Os dados da pequisa Entre palavras e silêncios: memórias da educação de mulheres negras em Juiz de Fora – 1950/1970, revelaram a experiência de jovens mulheres negras ocorrendo delimitadas pelas díades sociológicas, proibição x fruição e negação x resistência, que em ultima análise constituem-se como possibilidades de reconfigurações identitárias diante de experiências como a do racismo e do sexismo. Essas díades são percebidas como fruto de uma insistente tentativa de silenciamento das memórias da população negra em geral, e das mulheres negras em particular, Esses dados, recolhidos a partir de depoimentos de história de vida ancorados na história oral como metodologia de pesquisa, motivaram o desdobramento do estudo em busca de perceber, a partir da comparação dos relatos produzidos, a memória de mulheres negras como possibilitadora de promoção da saúde. Assim, discutiremos as impressões e análises possíveis a partir da observarção e sistematização das memórias de mulheres, nomeadas griôs, que compoem como agentes comunitárias de saúde a equipe da Estratégia da Saúde da Família Essa estratégia foi escolhida como um campo de desdobramento da pequisa Entre palavras e silêncios, por se caracterizar como uma modalidade de assistência a saúde, onde as iniciativas educacionais são consideradas instrumentos de promoção da saúde e os determinantes sociais do adoecimento são vistos como integrantes das alternativas de manejo dos diversos problemas de saúde. Essa possibilidade é o que justifica o desdobramento da pesquisa se dando nesse espaço onde o adoecimento do corpo é vislumbrado por fatores outros que não só as causas biológicas. Dentre os determinantes sociais de doenças figuram de maneira significativa os reflexos das práticas de racismo e sexismo fortemente presentes em nossa sociedade e pouco consideradas em suas repercussões materiais e simbólicas.
- ALMEIDA, Giane Elisa Sales de
PAP1396 - Mercados de trabajo flexibles y la profesión de ingeniero
sobre el tema de las profesiones surgen algunas primeras constataciones importantes para todos los que estudiosos de este tipo de problemática: La primera es la importancia decisiva que posee el tema de las formas de organización del proceso de trabajo profesional, pero también la importancia del conjunto de creencias y racionalizaciones que acompañan sus actividades en un momento dado del tiempo y del espacio.En realidad no existe una receta universal de como ser un profesional, no hay como postula el taylorismo un "one best way" para organizar el trabajo profesional y tampoco hay una definición científica de lo que es un grupo profesional.
Esto sumado a la alta heterogeneidad de las prácticas profesionales justifica el fuerte pluralismo encontrado en la teoría sociológica donde cada corriente de pensamiento desarrolla un modelo privilegiando sobre las profesiones, su estructura, su dinámica, su función y sus efectos. No todos estos modelos se plantean las mismas cuestiones, ni recortan sus objetos de la misma manera ni recogen el mismo tipo de datos. En ese sentido no se puede afirmar que exista una sociología de las profesiones, sino que hay acercamientos variados al estudio de los grupos profesionales.
Una segunda constatación encontrada entre los enfoques teóricos más frecuentes , como el funcionalismo y el liberalismo, que han planteado con mayor consecuencia el tema de las profesiones, es que para ellos las profesiones constituyen los elementos esenciales de la estructura social y de su regulación moral y reconocen como problema prioritario el de la reproducción de los grupos profesionales. Para los interaccionistas, en cambio, las profesiones no son "entidades" o suerte de viejas comunidades que comparten la misma cultura, sino movimientos permanentes de desestructuración y de reestructuración de segmentos profesionales en competencia y frecuente conflicto.
Para estas corrientes de pensamiento, las profesiones representan los desafíos inscriptos en trayectorias históricas y las formas de acción colectiva constituyen modelos para las carreras individuales.En este caso se analiza el caso argentino que se encuentra en plena transformación de su perfil de ingeniero.
- PANAIA, Marta

Marta Panaia
Socióloga (UBA) Master en Ciencias Sociales (FLACSO) Dra. en Ciencias Económicas (UBA).Investigadora Principal del CONICET, con sede en el Instituto de Investigaciones Gino Germani de la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de Buenos Aires. Categoría I del Ministerio de Educación. Titular Regular de Sociología del Trabajo, en grado y postgrado de la UBA, de la UTN y de la Universidad de Mar del Plata. Está especializada en Sociología y Economía del Trabajo. Sus principales publicaciones son sobre mercados de trabajo regionales, el sector de la construcción, el sector informal de la economía, la relación formación-empleo y sociología de las profesiones.
PAP0643 - Mercados transicionais, empreendedorismo e “novos” riscos profissionais
No âmbito da investigação “O potencial de empreendedorismo na Universidade do Minho” iremos discutir criticamente o Estado da Arte sobre a temática da transição profissional dos jovens licenciados, identificando as principais tendências sociais, formativas e económicas e as mudanças de políticas que actualmente enfrentam as instituições do Ensino Superior e o Mercado de trabalho. A maioria das trajectórias dos jovens licenciados é caracterizada hoje pela incerteza, descontinuidade e menor correspondência entre o diploma e o emprego (Marques, 2006). Também as práticas de recrutamento envolvem uma crescente inclusão de formas “atípicas” ou flexíveis de emprego (Kovács, 2005). Estas tendências têm conduzido, nas sociedades modernas, à criação de mercados transicionais de emprego (Schmid, 2000), em que as linhas de demarcação entre trabalho, lazer e educação têm sido apagadas, conduzindo a trajectórias de mobilidade e flexibilidade, à não linearização do curso da vida e, no geral, centrada na “empregabilidade”.
Nesta perspectiva, o empreendedorismo ou a criação de um negócio tem sido encarado como uma destas modalidades alternativas de transição profissional. Contudo, não é fácil acompanhar no tempo o “ciclo de vida” das experiências profissionais “empreendedoras”, pelo que pouco se sabe ainda se estas práticas emergentes resultam: i) de “escolhas biográficas” intencionais potenciadas pelas estruturas de oportunidades de mercado, ii) ou de constrangimentos por necessidade de inserção no mercado de trabalho; iii) ou, ainda, se funcionam como moratórias intermitentes entre emprego e desemprego, entre inactividade e formação profissional (Marques, 2011).
Nesta comunicação iremos apresentar os resultados obtidos na investigação em curso, recorrendo-se ao cruzamento de metodologias qualitativas e quantitativas, procurando, por um lado, testar heuristicamente o ensaio tipológico construído sobre o potencial empreendedor e a sua relação com comportamentos diferenciados em relação ao emprego e ao empreendedorismo (predisposição para o auto-emprego, motivações, obstáculos, modelo de influência familiar, entre outros; por outro, reflectir sobre a(s) transição(ões) profissional(ais) dos jovens licenciados na actualidade, destacando a opção pelo auto-emprego associando-a aos “novos” riscos de opacidade das relações laborais e à (re)configuração do processo de transição assente em referentes e estratégias que não são totalmente captáveis pelos conceitos do passado.
Palavras-chave: licenciados, mercados transicionais, emprego, empreendedorismo
- MARQUES, Ana Paula

- MOREIRA, Rita

Ana Paula Marques é Professora Associada com Agregação do Departamento de Sociologia e investigadora permanente do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) da Universidade do Minho. Doutorou-se, em 2003, em Sociologia – área de Organizações e Trabalho por esta universidade. Exerce funções de promotora e mentora científica do Spin-Off Laboratório MeIntegra e CICS – Universidade do Minho. Integra, do lado do Norte de Portugal, os Serviços de Estudos “Educação e Formação” do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular Galiza-Norte de Portugal.
É autora e co-autora de vários artigos e livros, destacando-se nestes últimos Inserção Profissional de Graduados em Portugal. (Re)configurações teóricas e empíricas (2010), Estudo Prospectivo sobre Emprego e Formação na Administração Local (2009), Trajectórias Quebradas. A vivência do desemprego de longa Duração (2008), Administração Local. Políticas e práticas de formação (2008), Actores Intermédios da Orgânica Empresarial. O futuro do emprego, das competências e da formação (2007), Entre o diploma e o emprego. A inserção profissional de jovens engenheiros (2006) e Assimetrias de género e classe. O caso das empresas de Barcelos (2006).
Rita Moreira é actualmente Doutoranda da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e investigadora integrada no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho com o projecto de doutoramento em Sociologia intitulado “Empreendedorismo qualificado: políticas do ensino superior e (re)configuração das trajectórias profissionais dos diplomados”.
Nos últimos anos participou em diversos projectos de investigação do CICS/UM financiados por entidades nacionais e internacionais. Destes projectos foram feitas publicações científicas e relatórios técnicos da sua autoria e em co-autoria.
PAP1497 - Migrações dos profissionais de saúde – a formação de espaços profissionais transnacionais?
O recrutamento de profissionais de saúde com formação estrangeira tem constituído uma prática para se enfrentar necessidades internas. Até que ponto estamos perante uma transferência transnacional de competências profissionais?Esta comunicação procura analisar processos de transformação profissional, resultantes da mobilidade transnacional de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros). Ao compreender a mobilidade profissional destes migrantes qualificados, pretende-se equacionar a existência de espaços profissionais transnacionais. Refira-se que a percepção das trajectórias profissionais e individuais como resultado de diferentes dimensões do processo de ´integração` permite-nos redefinir o que se pode designar como ´migrante qualificado´.No sentido de se incorporar a perspectiva do transnacionalismo nos processos de governação, e regulação, profissional; utiliza-se o conceito de “Espaços profissionais transnacionais”. Julga-se, assim, ainda pertinente aprofundar o conceito de “Espaço Social Transnacional”, tal como proposto por Thomas Faist. Considera-se, para propósito de análise, não só as representações sociais de empregadores e de representantes de Ordens Profissionais e dos sindicatos, mas também, e especialmente no que se refere ao processo de reconhecimento de qualificações, a experiência de profissionais de saúde com formação estrangeira. Para o efeito, apresentam-se dados quantitativos provenientes do Ministério da Saúde, dados qualitativos resultantes de projectos europeus de investigação e dois estudos de caso de “integração profissional”.Num cenário de crise económico-financeira, a mobilidade de profissionais torna-se cada vez mais um factor relevante no desenvolvimento da provisão de cuidados de saúde. Esta comunicação representa um contributo para a reflexão sobre processos sociais transnacionais, com impacto ao nível das políticas de saúde e de migração.
- RIBEIRO, Joana Isabel Teixeira de Sousa
PAP1570 - Migrações dos profissionais de saúde – a formação de espaços profissionais transnacionais?
O recrutamento de profissionais de saúde com formação estrangeira tem constituído uma prática para se enfrentar necessidades internas. Até que ponto estamos perante uma transferência transnacional de competências profissionais? Esta comunicação procura analisar processos de transformação profissional, resultantes da mobilidade transnacional de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros). Ao compreender a mobilidade profissional destes migrantes qualificados, pretende-se equacionar a existência de espaços profissionais transnacionais. Refira-se que a percepção das trajectórias profissionais e individuais como resultado de diferentes dimensões do processo de ´integração` permite-nos redefinir o que se pode designar como ´migrante qualificado´. No sentido de se incorporar a perspectiva do transnacionalismo nos processos de governação, e regulação, profissional; utiliza-se o conceito de “Espaços profissionais transnacionais”. Julga-se, assim, ainda pertinente aprofundar o conceito de “Espaço Social Transnacional”, tal como proposto por Thomas Faist. Considera-se, para propósito de análise, não só as representações sociais de empregadores e de representantes de Ordens Profissionais e dos sindicatos, mas também, e especialmente no que se refere ao processo de reconhecimento de qualificações, a experiência de profissionais de saúde com formação estrangeira. Para o efeito, apresentam-se dados quantitativos provenientes do Ministério da Saúde, dados qualitativos resultantes de projectos europeus de investigação e dois estudos de caso de “integração profissional”. Num cenário de crise económico-financeira, a mobilidade de profissionais torna-se cada vez mais um factor relevante no desenvolvimento da provisão de cuidados de saúde. Esta comunicação representa um contributo para a reflexão sobre processos sociais transnacionais, com impacto ao nível das políticas de saúde e de migração. Palavras-chave: Espaços Sociais Transnacionais, Migrações Qualificadas, Profissionais de Saúde, Mercados Laborais Transnacionais e Políticas de Recrutamento.
- RIBEIRO, Joana Isabel Teixeira de Sousa
PAP0778 - Migrações internacionais na era da mobilidade: novas exigências teóricas e conceituais em pauta
Atualmente vivemos sob a égide da mobilidade
(URRY, 2000) onde os fluxos de bens, serviços e
pessoas através do globo não param de crescer.
No que se refere às migrações internacionais,
os dados disponíveis são imprecisos, e revelam
tanto o aumento quanto a maior diversidade dos
deslocamentos humanos. Tendo em vista este
cenário, o presente artigo discute alguns dos
desafios teóricos e conceituais que a realidade
contemporânea tem colocado aos estudos
migratórios. A etapa migratória chamada pós
industrial tem uma complexidade que as
abordagens clássicas das migrações não
conseguem mais explicar (MASSEY et al, 1998), e
neste sentido novas teorias se fazem
necessárias para o entendimento dos fluxos e
de sua "lógica" de funcionamento, ou seja, quem
migra e para onde migra, porque e como o faz.
Por outro lado, as novas teorias também
demandam novos conceitos, e o próprio conceito
de migração precisa ser repensado na análise
das migrações internacionais ontemporâneas,
considerando a emergência de deslocamentos cada
vez mais difusos (COURGEAU, 1988 e DOMENACH e
PICOUET, 1996). O texto foi estruturado em três
partes. Em primeiro lugar, discute-se a
migração como objeto de pesquisa e as teorias
relacionadas são examinadas considerando o
debate teórico que reconhece os limites
explicativos das abordagens clássicas e aponta
para perspectivas analíticas que permitem
certos avanços. Na segunda parte do texto, os
conceitos – ferramentas do fazer científico nas
ciências sociais – são o foco da discussão que
mostra inclusive a premência de se repensar a
própria definição de migração. Essa tarefa é
resultado de transformações radicais nas formas
com as quais os indivíduos usam os espaços e
edificam os territórios de pertencimento nas
diversas formas de mobilidade. Diante desde
cenário, novos conceitos foram forjados em
função da necessidade de compreender os
processos e as dinâmicas em curso. Na terceira
e última parte do artigo, serão abordados os
impactos de uma época marcada pela lógica da
mobilidade sobre os tipos e as formas dos
deslocamentos humanos. Uma consequência clara
deste processo é a presença concomitante de
tipos distintos de migração e de migrante,
aspecto que aponta para a relevância da
construção de tipologias, revelando a
importância que os critérios classificatórios
assumem nos estudos migratórios contemporâneos.
- ALMEIDA, Gisele Maria Ribeiro

- BAENINGER, Rosana

Gisele Maria Ribeiro de Almeida é economista, mestre em Sociologia e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IFCH/Unicamp – Brasil.
Rosana Baeninger é professara do Departamento de Demografia do IFCH/Unicamp e pesquisadora do NEPO/Unicamp.
PAP0630 - Migrações transnacionais: a situação dos brasileiros entre Portugal e Brasil
Pretender-se-á analisar os fluxos migratórios entre Brasil e Portugal, tendo em vista a incidência da imigração brasileira em Portugal e os casos de retorno. As questões relacionadas com a mobilidade, a imigração, os fluxos, a integração, as exclusões sociais, as expectativas, as redes e o regresso serão analisadas nas suas inter-relações, buscando perceber as dinâmicas migratórias brasileiras e as suas tendências para o futuro.
A presença brasileira em Portugal tem sido acompanhada pela incidência de um número importante de retornos. Desde 2004, os brasileiros são a principal nacionalidade a recorrer ao Programa de Retorno Voluntário português. Em geral, as questões relacionadas com o desemprego têm sido apontadas (42%) como a principal razão para o regresso ao país de origem (OIM, 2007). Qual seria o perfil destes brasileiros? A questão do tempo de permanência no país, a idade, o estado de origem, o género, a situação profissional e a qualificação profissional permitirão mapear a situação destes imigrantes.
- COÊLHO, Christiane Machado

- Nome: Christiane Machado Coêlho
- Afiliação Institucional: Universidade de Brasília (UnB) e Centro de Investigações e Estudos em Sociologia (CIES).
- Área da Formação: Sociologia.
- Interesse de Investigação: Sociologia Urbana e Mobilizações Transnacionais.
Chrisitane Coêlho é formada pela Universidade de Brasília (UnB-Brasília), Mestre e Doutora pela Ecole des Etudes en Sciences Sociales (EHESS- Paris, França) sob direcção dos Profs. Serge Moscovici e Robert Castel respectivamente. Realizou seu pos-doutoramento no Centro de Estudos e Investigação em Sociologia (CIES, Lisboa) sob a direcção do Prof. Antonio Firmino da Costa. Professora Adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB-Brasília) e investigadora associada do Centro de Estudos e Investigação em Sociologia (CIES, Lisboa), tem se consagrado aos estudos na área da Sociologia Urbana, particularmente aos estudos sobre movimentos sociais, mobilizações transnacionais e processos de reconhecimento e legitimação de espaços pioneiros em Brasília e da emigração brasileira no plano internacional.
PAP1436 - Minorias étnicas e cidadania: o caso da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol e do Quilombo Morro Seco
A promulgação da nova Constituição brasileira – a Constituição Cidadã - possibilitou que as denominadas ‘minorias étnicas’ fossem formalmente reconhecidas pelo Estado. Com o reconhecimento observa-se a intensificação das mobilizações pela garantia dos direitos destes grupos, entre eles, podemos citar os direitos territoriais, à educação e à saúde, de maneira que fossem respeitadas as suas especificidades étnicas. Neste contexto podemos mencionar os grupos indígenas e os remanescentes das comunidades de quilombos, que passam a ser vistos pelo Estado como portadores de uma “cultura específica” e, por isso, amparados por direitos também específicos.
A reivindicação pelo reconhecimento étnico de indígenas e quilombolas e a luta pela garantia dos direitos que dele derivam, envolve uma série de agentes e instituições, entre elas, o Estado, organizações não-governamentais e a Igreja Católica. Nessa disputa, categorias e argumentos são acionados pelos agentes na busca pela legitimação destas demandas.
Pretendemos, neste trabalho, pensar sobre processos de construção e afirmação destas identidades, sublinhando elementos que se cruzam em grupos indígenas e remanescentes de quilombos, pós anos 1990. A proposta é analisar de que maneira ocorrem e, mais especificamente, refletir sobre o papel desempenhado por missionários católicos nas demandas de reconhecimento étnico de indígenas e quilombolas. Interessa-nos também analisar os desdobramentos advindos a partir de interpretações do texto constitucional aliado a recomendações internacionais e movimentos sociais, e pensar, se e como, os debates acerca da implementação de tais políticas influenciaram na constituição e/ou fortalecimento de movimentos em torno dos direitos das chamadas minorias étnicas.
Esta análise será realizada a partir de dois estudos de caso, a Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, no Estado de Roraima, e o Quilombo Morro Seco, no Estado de São Paulo. Tomar estes dois casos para pensar estes processos parece interessante, pois, se por um lado, apresentam situações bem diferentes, por outro, têm como ponto de grande importância a questão do seu reconhecimento enquanto pertencentes a dois tipos de grupo, indígenas e quilombolas.
- ARAÚJO, Melvina Afra Mendes de
- ALMEIDA, Sabrina
PAP1037 - Missões militares e internacionalização das Forças Armadas Portuguesas
A partir de meados da década de 1990 a participação das Forças Armadas Portugueses em missões internacionais de apoio à paz intensificou-se consideravelmente. Este crescente envolvimento internacional constitui uma transformação crucial, tanto do ponto de vista estrutural da organização militar como do ponto de vista sociológico e cultural da experiência profissional dos militares portugueses. Nesta comunicação, analisam-se os contornos e implicações desta mudança a partir de dados recolhidos no âmbito de um projecto de investigação desenvolvido entre 2008 e 2011 no CIES-IUL. Analisam-se, em concreto, resultados de um inquérito aos oficiais e sargentos do quadro permanente dos três ramos das Forças Armadas e dados de um estudo de caso de um contingente português em missão no Kosovo.
- CARREIRAS, Helena

- ALEXANDRE, Ana
- ROSA, Marco
Helena Carreiras é professora no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e investigadora no CIES-IUL. É licenciada e mestre em Sociologia pelo ISCTE e doutora em Ciências Sociais e Políticas pelo Instituto Universitário Europeu de Florença. Os seus principais interesses de investigação são forças armadas e sociedade, segurança e defesa, metodologia e epistemologia das ciências sociais.
PAP0568 - Mobilidade geográfica e desigualdades sociais. Desafios para a formulação de políticas públicas na AML.
A produção de mobilidades geográficas tem sido abordada de uma forma multifacetada (Urry, 2000; Cresswell, 2006; Kaufmann, 2004; Montulet, 2005). A mobilidade refere-se tradicionalmente a deslocações geográficas, a movimentos de uma origem a um destino através de uma trajectória que pode ser descrita em termos de espaço e de tempo (Kaufmann e outros, 2004: 746). Condição mutável, é resultado de tendências de classe, acesso às infra-estruturas e da definição social das obrigações familiares, conjugando aspectos sociopolíticos e estratégias diárias dos indivíduos ou das famílias (Camarero e Oliva, 2008:345).
Reflecte então dinâmicas de desigualdade – colocadas em termos de diferentes condições de acessibilidade aos lugares e de mobilidade das pessoas – que configuram situações de inclusão/ exclusão. Estas dinâmicas de desigualdade são simultaneamente produto e matéria do planeamento de base territorial. A estrutura urbana fornece possibilidades e constrangimentos para a mobilidade dos indivíduos e das famílias constituindo um factor determinante na maior ou menor acessibilidade aos lugares (de trabalho, residência, lazer, família, etc.). No entanto, os indivíduos transformam e apropriam-se destes espaços e possibilidades de mobilidade contribuindo para a produção social do espaço (Lefebvre, 1974). Entre a acção sobre a estrutura urbana e a promoção de boas práticas de mobilidade pela população, evocar-se-á o papel das políticas públicas na redução das desigualdades sociais e procura de maior justiça social/espacial (Harvey, 1973; Lefevbre, 1974; Asher, 2010; Soja, 2010).
Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), são estreitas as relações entre o desenvolvimento dos sistemas de transportes, as alterações dos padrões de mobilidade e o desenvolvimento das configurações urbanas (Salgueiro, 2001; Ferrão e outros, 2002; Marques da Costa, 2007). De 1991 para 2001 o fluxo de veículos a entrar em Lisboa aumentou 60% (CML, 2005), colocando não só os mais conhecidos desafios ambientais, de congestão e disfuncionalidade da rede viária mas também questões de diferenciação social que poderão acentuar-se numa cidade cuja mobilidade parece cada vez mais dependente do transporte individual. Um análise preliminar dos dados do recenseamento de 2011 e das politicas urbanas e de transportes de Lisboa, ajudar-nos–ão a compreender como aqui se aborda a relação entre a mobilidade geográfica quotidiana, o planeamento em transportes públicos e dinâmicas de redução ou reprodução de desigualdades sociais.
- SANTOS, Sofia

Sofia Santos. Bolseira de doutoramento (sociologia) no CIES-IUL. Licenciada e mestre em Geografia Humana e Planeamento. Interesses de investigação: mobilidade geográfica, desigualdades socio-espaciais, identidades territoriais, políticas públicas, desenvolvimento local.
PAP0033 - Mobilidade intra-europeia de casais do mesmo sexo
Nos últimos anos, os estudos centrados sobre os
casais do mesmo sexo têm vindo a merecer uma
atenção crescente no âmbito das ciências
sociais. Embora os estudos centrados neste tipo
de casais tenham vindo a aumentar nos últimos
anos, o nível de conhecimento sobre os
diferentes perfis que os caracterizam é ainda
bastante escasso. O objectivo desta comunicação
é oferecer uma análise comparativa de casais
masculinos e femininos do mesmo sexo a residir
em cinco países europeus: Alemanha, Espanha,
França, Inglaterra e Itália. Os dados obtidos
provêm de uma amostra de 97 indivíduos
emigrantes, a viver uma relação conjugal com um
indivíduo do mesmo sexo em pelo menos um dos
países mencionados (EIMSS, 2005). Para a
análise da relação entre diversas variáveis
sócio-demográficas incluídas na amostra – nível
de qualificação, idade, país de residência,
nacionalidade, nacionalidade do parceiro e
motivos de emigração – foi realizada, numa
primeira fase, uma Análise de Correspondências
Múltipla (ACM), e numa fase posterior, uma
Análise de Clusters. Os resultados obtidos
permitiram identificar três perfis diferentes
de casais do mesmo sexo tendo em conta o
conjunto das variáveis seleccionadas. A
variável ‘país de residência’ merece um
destaque especial, uma vez que se observaram
diferentes perfis de casais dependendo do país
de destino. Numa parte final do artigo, procura-
se analisar os motivos subjacentes à
especificidade de cada um destes perfis, assim
como a sua relevância analítica e empírica no
contexto da sociologia da família e da
sociologia das migrações.
- GASPAR, Sofia
PAP0295 - Mobilidade social e migração urbana: Trajetórias, Estratégias e Redes Sociais.
A presente comunicação se interessou a partir do interesse dos estudos migratórios das pesquisas sob títulos de “O debate político sobre a (não)imigração no Estado de Sergipe -1850 - 1930” e posteriormente o “Estrangeiro em Sergipe em três tempos: o Tempo da Imigração, o Tempo da Guerra e o Tempo da globalização”. Realizadas no âmbito do GEPPIP (Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder) e LABEURC (Laboratório de Estudos Urbanos e Culturais) estes da Universidade Federal de Sergipe - UFS. E nos anos de 2009 e 2010 da pesquisa realizada pelo CSEM (Centro Scalabriano de Estudos Migratórios) de forma conjunta com o LABEURC, com o título “Mudanças no Percurso Migratório de Migrantes urbanos”, sob a coordenação do Prof. Dr. Marcelo Allario Ennes. . A pesquisa se problematiza através da teoria de Pierre Bourdieu em sua concepção de Campo social e noção de habitus além dos aportes dos conceitos de trajetória e estratégia de vida. A comunicação almeja de forma crítica retomar parte da tradição sociológica sobre estudos migratórios, de forma que esta pesquisa possa levantar e propor soluções a serem compartilhadas com os estudiosos da área e afins como geógrafos e demógrafos. Em parceria com o CSEM compõem-se de dados e informações que tiveram caráter quantitativos totalizando um total de 150 questionários aplicados de acordo com as unidades censitárias do IBGE. Tais questionários envolviam questões como: o perfil sócio-demográfico, o percurso migratório, mudanças pessoais, convicções e valores, religiosidade e fé, redes sociais e integração, trabalho, renda e remessa. De acordo com os dados obtidos através da pesquisa do CSEM, o processo de imigração identificado na última década em Aracaju tem características singulares, uma vez que, o fluxo de migração envolve pessoas com nível de escolaridade elevada e com grande vínculo familiar. Os dados obtidos por meio de pesquisa de campo ilustraram que, 15,5% dos migrantes em Aracaju são formados por pós-graduados, mestres e doutores. E que 65,8% dos entrevistados estão com nível médio completo, superior completo e incompleto. No tocante ás relações familiares e de amizade, a pesquisa mostrou que essencialmente este dois vínculos estabelecem as redes sociais para o inicio da trajetória do migrante como parte de suas estratégias. Sendo assim, 46,5% responderam familiares e 30,3% dos entrevistados responderam amigos respectivamente no local de destino. Verifica-se, portanto, que os migrantes que fizeram parte da pesquisa vivenciaram um processo de mobilidade social, de acordo com os dados mostram. Cabe portanto, questionar e compreender se as redes familiares e de amizade contribuíram como parte da trajetória e das estratégias.
- NETO, Eduardo Alves
- ENNES, Marcelo Alario
PAP1462 - Modalidades de reconhecimento da diferença na modernidade: direitos diferenciados no Brasil e em França
Pretendo discutir neste trabalho como os princípios de justiça e de reconhecimento adquirem sentidos diversos de acordo com as moralidades e gramáticas que conformam as ações dos atores. Desse modo, busco compreender como elas informam as formas de agir e desenham os vocabulários de motivações impressos nas demandas de reconhecimento. Meu interesse é buscar explorar a situação dos quilombolas, no Brasil, e dos denominados Antilhanos, na cidade de Paris, para refletir sobre as modalidades de regimes de justificativas que são acionados nesses dois espaços públicos.
A partir de pesquisa empírica, de caráter etnográfico, realizado no Brasil e na França, pude identificar as diferenças existentes entre as moralidades que informam as ações dos atores nestes dois mundos. As críticas formuladas no espaço público francês, fundada por um princípio de “solidariedade cívica”, fundamentam uma demanda por reconhecimento vinculado a uma moral “igualitária universalista”. Já no caso brasileiro, a dimensão hierárquica/desigual, associada a uma lógica igualitária/individualista, permite a constituição de uma demanda de reconhecimento, cuja moral da “pessoa” é central à produção dos mecanismos de visibilidade (ou invisibilidade) do reconhecimento público. Enquanto no primeiro caso há uma tendência a uma forte recusa dos vínculos e diacríticos (culturais, raciais, etc.) dos sujeitos para a promoção da justiça, no segundo há uma valorização desses laços, de uma cultura tradicional, ou de uma etnia diferenciada, para a aquisição e distribuição dos bens simbólicos da justiça.
- MOTA, Fabio Reis
PAP1036 - Modelação de movimentos migratórios inter-regionais
O projeto de investigação Demospin (projeto financiado pela FCT PTDC/CS-DEM/100530/2008) tem como principal objetivo a conceção de uma ferramenta de apoio à definição de políticas de desenvolvimento de regiões demograficamente deprimidas.
A partir dos dados demográficos e económicos, desagregados a nível de NUTS III, em Portugal, está em construção um modelo que permite estimar, para um conjunto de cenários, a evolução destes parâmetros nos próximos 20 anos.
Um desafio importante neste quadro é encontrar modelos explicativos para o fenómeno da migração a nível regional. Nesta comunicação apresentam-se algumas das metodologias em desenvolvimento e os resultados obtidos. Foram analisados dados históricos dos censos do INE de 1991 e 2001, com informação a nível de NUTS III, sobre dimensão da população, nascimentos e óbitos, por grupo etário quinquenal e sexo, assim como informação sobre a distribuição do emprego pelos mesmos grupos. Estes dados serão enriquecidos com os recolhidos em 2011.
Foram desenvolvidos modelos que relacionam a migração com a variação de emprego, a relação entre o PIB da região e o PIB nacional e o potencial demográfico regional relativo. Estes modelos conseguem explicar relativamente bem a migração dos grupos etários mais jovens, mas são menos satisfatórios para os mais velhos.
Enquanto os mais jovens tipicamente emigram das zonas mais deprimidas, relativamente aos mais velhos verifica-se em geral um processo de retorno. Este processo está a ser investigado, procurando também encontrar-se uma relação com os movimentos de saída inerentes à emigração histórica anterior. Para este efeito está a procurar-se recolher dados históricos disponibilizados pelo INE.
O regresso de emigrantes para as zonas deprimidas é muito importante, não tanto do ponto de vista da sustentabilidade demográfica direta, mas sobretudo na ótica da sustentabilidade económica das regiões. Com efeito, este retorno pode ser indutor do desenvolvimento de um conjunto de atividades de apoio à idade sénior, relevantes para a economia regional e/ou local, geradoras de emprego e, portanto, com capacidade de fixar e atrair população em idade ativa. Pode assim dizer-se que, por via indireta, contribuirá também para reverter a perda de população das regiões do interior.
O estudo e compreensão destes fenómenos é indubitavelmente de grande importância para o desenho e avaliação de políticas públicas na área do desenvolvimento regional.
- MARTINS, José

- SILVA, Carlos

- CASTRO, Eduardo

José Manuel Martins
Professor Auxiliar na Universidade de Aveiro
GETIN – Grupo de Estudos em Território e Inovação
Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território
Unidade Investigação GOVCOPP – Governança, Competitividade e Políticas Públicas
Universidade de Aveiro (UA)
Licenciado em Engenharia do Ambiente (UA), tem uma pós-graduação em Dinâmica dos Fluidos Aplicada e do Ambiente (Bélgica) e um doutoramento em Ciências Aplicadas ao Ambiente (UA). Participou em vários projectos científicos europeus e nacionais e foi coordenador do projecto “Oikomatrix II, Avaliação dos impactos ambientais, económicos e regionais da implementação de medidas legais para a redução das emissões de CO2”. Integra a equipa de investigação do projeto DEMOSPIN, financiado pela FCT, com responsabilidade no desenvolvimento e automatização de modelos de projeções demográficas. É autor e coautor de diversos artigos científicos nacionais e internacionais.
Carlos Jorge Silva
Bolseiro de investigação na Universidade de Aveiro
GETIN – Grupo de Estudos em Território e Inovação
Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território
Unidade Investigação GOVCOPP – Governança, Competitividade e Políticas Públicas
Universidade de Aveiro (UA)
Licenciado em Administração Pública, no menor de Ordenamento do Território e Urbanismo, e mestrando em Planeamento Regional e Urbano na UA. Faz parte do GETIN. Sob orientação do Prof. Eduardo Castro, participou em estudos para a elaboração de um Plano Estratégico para a Reorganização das Estruturas Cooperativas Vitivinícolas da Região da Bairrada e de uma Estratégia para a qualificação do tecido industrial dos Municípios de Arouca e de Vale de Cambra. Integra a equipa de investigação do projeto DEMOSPIN, financiado pela FCT, com destaque no trabalho de desenvolvimento de modelos de projeções demográficas. É coautor de artigos apresentados em conferências nacionais e internacionais.
Eduardo Anselmo Castro
Professor Associado na Universidade de Aveiro
GETIN – Grupo de Estudos em Território e Inovação
Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território
Unidade Investigação GOVCOPP – Governança, Competitividade e Políticas Públicas
Universidade de Aveiro (UA)
Licenciado em Engenharia Civil pela Universidade de Coimbra (1980), Mestre em Geografia Humana, Planeamento Regional e Local pela Universidade de Lisboa (1987) e Doutorado em Ciências Aplicadas ao Ambiente pela UA (1995). Desde 1992, participa e coordena diversos projetos de investigação nacionais e europeus nas áreas do desenvolvimento regional, das políticas de inovação e da análise do impacto socioeconómico das Tecnologias de Informação e Comunicação. É responsável pela direção do Observatório de Apoio ao Desenvolvimento Estratégico da UA, desde a sua criação em Março de 2002, o qual integra, a par das Universidades de Coimbra e da Beira Interior, o GIADE - Gabinete Inter-Universitário de Apoio ao Desenvolvimento Estratégico. Coordena o GETIN. Lidera o projeto de investigação DEMOSPIN, financiado pela FCT. É autor e coautor de mais de cinquenta artigos apresentados em conferências nacionais e internacionais ou publicados em revistas científicas e livros.
PAP0275 - Modelos Terapêuticos em movimento no Portugal do Século XIX, atores, discursos e controvérsias
O século XIX foi povoado por heróis da nova ciência médica, mas também pelo crescente interesse em métodos ou sistemas alternativos à medicina dominante. Em Portugal além de faltar consenso relativamente ao número de sistemas médicos que estavam em voga e se praticavam no Reino, nesse período histórico, discutiram-se e analisaram-se doutrinas médicas que dominavam noutras escolas da Europa e que se ofereciam aos doentes.
Esta comunicação pretende apresentar os Modelos Terapêuticos em movimento no Portugal do Século XIX, os seus atores, os seus discursos, os poderes e as controvérsias, de modo a contribuir para a necessária reflexão em torno desses modelos terapêuticos que disputavam o palco da saúde e da doença oitocentista. Efectivamente esses sistemas conhecidos e largamente utilizados na sociedade portuguesa de então dividiam opiniões, disputavam poderes e protagonismos, numa época em que a arte de curar oscilava entre as concepções dominantes que já vinham de períodos históricos anteriores e a ciência experimental.
Consideramos que a compreensão da saúde e da doença nas sociedades contemporâneas, com os seus sistemas terapêuticos plurais, só poderá ser compreendida se procurarmos na história os seus sentidos originários que nos permitem perceber como se construiu a saúde e a doença e o cenário de dominação biomédica, bem como mapear a pluralidade de modelos terapêuticos existentes. Desta forma pretendemos dar visibilidade aos saberes plurais, não hegemónicos, que em torno destes fenómenos povoaram a nossa sociedade.
Procedemos à análise documental de textos da época (periódicos, gazetas médicas, revistas, literatura, entre outros), numa tentativa de fazer uma primeira exploração e aproximação à temática. Foram treze os sistemas terapêuticos inventariados em Portugal até meados do século XIX, sendo que parte foi compilada pelo Marechal Duque de Saldanha e os restantes pelo Dr. Bernardino António Gomes, o médico do rei: a Allopatia, ou a medicina das escolas, reconhecida oficialmente; o sistema Chrono-Thermal; a Homeopathia; o Sistema Negativo; o Methodo de Raspail; a Hydroterapia; o Mesmerismo ou Magnetismo Animal; a Isopathia; a Kinesipathia ou Kinesitherapia; o Perkinismo; a Electrobiologia; a Medicina Hygiea e Odylismo.
Será sobre a análise sociológica destes sistemas que esta comunicação se centra, revelando as racionalidades subjacentes em torno da saúde e da doença e as pluralidades terapêuticas no século XIX em Portugal.
Palavras-chave: Sociologia da Saúde e da Doença, História, Modelos Terapêuticos.
- POMBO, Dulce Maria
PAP0718 - Modelos de Participação Pública e a Capacitação de Cidadãos e Comunidades
À medida que aumentam as intervenções tecnológicas nos mundos naturais e humanos, subsiste uma distância entre processos de inovação e escolhas sociais, isto é, entre por um lado, os objectivos e as condições projectadas, e por outro lado, as circunstâncias reais em territórios e comunidades locais. A atenção a estas circunstâncias não é apenas uma questão de encorajar uma adaptação melhor e um apoio público mais amplo a intervenções controversas, mas deve ser sobretudo uma questão de cidadania e governância democrática. A necessidade e o apelo à participação pública reenvia às formas como os actores individuais e colectivos podem envolver-se de forma activa na construção e na implementação de tais processos. Envolver o público desde as fases iniciais pode, por exemplo, criar novos mecanismos de diálogo, permitir o acesso a conhecimento local, e sobretudo capacitar os cidadãos e as comunidades.
Esta comunicação irá começar por apresentar os modelos distintos de participação pública, com referência a boas práticas internacionais e casos nacionais nas áreas de avaliação de impactos e riscos ambientais, planeamento urbano, e gestão local de áreas protegidas e de sistemas de energia renováveis. O enquadramento situa-se no campo dos Science and Technology Studies, sobretudo nos debates em torno do public engagement with science and technology. A discussão a realizar passará pelos desafios em conduzir abordagens top-down, tidas como mais formais e fechadas, e abordagens bottom-up, consideradas mais informais e diversificadas pelo destaque conferido aos cidadãos e às comunidades. Ao aprofundar sobretudo estas últimas, será analisada por fim a proeminência actual e potencial do envolvimento directo de cidadãos e comunidades na co-criação e co-gestão de processos científicos e tecnológicos na área ambiental. Os exemplos a apresentar incidem em particular sobre as experiências internacionais e nacionais de sistemas de energia renováveis constituídos ou geridos por comunidades.
- NASCIMENTO, Susana
PAP1359 - Modelos habitacionais e modos de habitar na AML
A presente comunicação insere-se num projecto financiado pela FCT, designado Trajectórias Residenciais e Metropolização: rupturas e continuidades na AML. A partir de um inquérito à população residente na AML nascida entre 1945-1975 (N=1500), pretende-se, num primeiro momento, caracterizar o território em questão do ponto de vista habitacional, destacando-se os modelos habitacionais dominantes (tipo de casa, tipologia e regime de ocupação) na diversidade dos territórios que compõem a AML. Num segundo momento, pretende-se articular esta diversidade territorial e habitacional com os respectivos perfis sociológicos, numa abordagem que procura interpretar a relação entre territórios, diversamente configurados ao longo do processo de metropolização, modelos habitacionais dominantes e modos de habitar. Para tal, explorar-se-á os resultados do referido questionário sobretudo no que tem a ver com as estratégias residenciais dos moradores da AML, na medida em que estas implicam a concretização de determinados modos de habitar na relação que é pressuposta entre a casa (localização, dimensão, regime de ocupação), o trabalho, as redes de relações sociais, o consumo e o lazer. Esta análise far-se-á dominantemente a partir das várias coortes etárias definidas para a estruturação da amostra.
- PINTO, Teresa Costa
- PEREIRA, Sandra Marques

Sandra Marques Pereira,
Doutorada Em Sociologia
Investigadora Pós-Doc do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET
Áreas de Interesse: habitação, cidades, arquitectura
PAP1458 - Modernização e trabalho: qualificação profissional na agroindústria canavieira paulista
Com base na literatura selecionada, podemos considerar que nos últimos anos diversos cientistas sociais têm se debruçado intensamente sobre as mudanças no mundo do trabalho, evidenciando a necessidade de novos estudos sobre o que tais mudanças têm representado para os sujeitos coletivos (sindicatos e trabalhadores) envolvidos no processo. Sendo assim, questionar as mudanças na percepção e práticas se tornam importantes no decorrer dos estudos. Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns resultados de nossas pesquisas acadêmicas, que atualmente envolvem as temáticas do sindicalismo assalariado rural, da modernização do complexo sucroalcooleiro e das novas ações patronais no desenvolvimento da qualificação profissional. O Brasil hoje caracteriza-se por ser um dos maiores produtores de açúcar e álcool do mundo. A safra de 2008/2009 atingiu a produção de 572,64 milhões de toneladas de cana. O setor na Região de Ribeirão Preto/SP, conta com as mais desenvolvidas formas de tecnologia, gestão e organização da produção e é pólo nacional da produção sucroalcooleira. A produção realiza-se em um processo contínuo em busca de produtividade e qualidade para inserção nos mercados internacionais e, no entanto, essa modernização não se realiza independentemente do trabalho manual precário. A reestruturação produtiva iniciada na década de 1990 tem trazido aos assalariados rurais do corte de cana uma maior precarização das condições de trabalho, com a elevação dos índices de produtividade, combinada ao desemprego de diversos trabalhadores. Além de uma redução significativa da oferta de emprego no setor, hoje, as usinas passam a exigir perfis diferenciados de trabalhadores. No contexto atual, as empresas do setor vêm sendo chamadas a demonstrar critérios de sustentabilidade como forma de inserção ou manutenção nos mercados mundiais. O trabalho precário no corte manual de cana vem sendo substituído progressivamente e, nesse sentido, além das novas qualificações exigidas pelas tecnologias incorporadas, as usinas, juntamente com sindicatos dos assalariados rurais desenvolvem uma série de programas de qualificação profissional, como é o caso do “Programa RenovAção”, que visa requalificar os trabalhadores do corte manual desempregados pela crescente mecanização. Analisamos como este programa tem atuado na reinserção destes trabalhadores, levando-se em conta as especificidades da mão de obra que qualifica, caracterizada pela sazonalidade, condição migrante e baixíssima escolaridade. Buscamos, portanto, entender qual a contribuição deste tipo de requalificação ou capacitação profissional ao trabalho, quais são seus sentidos no mercado de trabalho sucroalcooleiro atual e, posteriormente, quais são as influências desta para a organização do trabalho.
- SALATA, Rosemeire
- MILANO, Mariana Tonussi
PAP1040 - Modes of thought and collective behavior in the sciences
Modes of thought (mot) are very much behind the expressions of collective behavior (cb) in the sciences and other kinds of institutionalization of thinking and acting. Mot are, also, behind the popularity of some concepts; such as sustainable development, resilience or trauma, for example, where the ideas, from time to times, become popular and at some point decline in popularity; they are what we call intellectual fads.
Fads represent recurrent forms of cb and mot that often occur in institutions such as the sciences and the arts that value change, creativity, and improvement. But, also, there may be times when fads condition so the collective behavior towards a conservative way to drive institutions.
As far as we know until now the relationships between collective behavior and modes of thoughts have not been explicated. In this paper we intend to trace the relationship between modes of thought and fads, and how changes in modes of thoughts are associated to the emergence of fads in the production of knowledge. For that we will base our analysis on the mode of thought and respective collective behavior as described by Barefoot university and, also, on the analysis of scientific literature in Health sciences. Barefoot university is build for 4 decades, and tell us a story, out of the formal academia, that conjugate the mot that give expressions of the sustainable development and resilience concepts, which by your turn are the assumptions that feed this specific mot. Health sciences, as any other science, are the expression of rationality, coming from processes of scientific structuration of modes of thought and production that occur over time when knowledge is part of a social organization that operates as a complex open system. We intend to compare studies of both cases, by gathering some data to support ours proposes. As both cases represent long experiences, we will choose two different years (2000 and 2010) and compare the situation of both cases referring to the concepts we are concern with (sustainable development and resilience, and trauma).
These two cases present two sharp different styles of presenting knowledge and its uses. Often the term style is used casually, in passing and without definition, and more specifically without any reflection about the interrelationship between mot and social structuration of thoughts and behavior within disciplines and also its impact on social tissue through, namely, scientific vulgarization, and frequently neglecting the influence of the social frame in mot. We do not separate mot, cb and fads.
- AGUIRRE, Benigno

- GONÇALVES, Carmen Diego

- DORES, António Pedro

BENIGNO AGUIRRE has got his PhD on Sociology in 1977 at Ohio Sate University. Since 2001 is Professor in the Department of Sociology and Criminal Justice at the University of Delaware/USA, and a core faculty member of the Disaster Research Center. Since 2005 is Professor of Latin American Studies Program at the University of Delaware. His specializations are related with: Collective Behavior and Social Movements; Sociology of Disasters; Migration and Ethnic Relations. His work is published, internationally in several books and journals. In recent years has been addressing the issue of disasters and catastrophes, particularly those arising from new hazards. He has developed work about Portugal, especially on the earthquake of 1755 and also on the Azores.
Carmen Diego Gonçalves: Doutorada em Sociologia, especialidade da Comunicação, Cultura e Educação, pelo ISCTE. Investigadora de pós-doutoramento, com bolsa da FCT, e Investigadora Associada ao Núcleo de Estudos em Ciência, Economia e Sociedade, no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A sua investigação centra-se nas dimensões da vulnerabilidade e resiliência, incidindo: (a) na natureza compósita do conceito de desastre natural; (b) no desenvolvimento de métodos e métricas para avaliar e quantificar as condições de base da vulnerabilidade e resiliência aos desastres, mas também para avaliar os adversos e diferenciais impactos dos hazards, nomeadamente o impacto traumático nas populações e equipas de emergência; e (c) os factores que inibem a resposta eficaz a desastres. Desenvolveu a actividade profissional nas áreas da docência, investigação e formação universitárias. Participou em vários projectos nacionais e internacionais. Experiência na concepção, implementação, desenvolvimento e acompanhamento de projectos de investigação em rede, nacionais e internacionais. Autora de diversas comunicações. O seu trabalho tem sido publicado em revistas e livros nacionais e internacionais.
Doutorado e agregado em Sociologia no ISCTE em 1996 e 2004 respectivamente, http://iscte.pt/~apad/novosite2007/. Docente responsável pelo ramo “Sociologia da Violência” do mestrado de Sociologia do ISCTE-IUL. Membro da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento/ACED, http://iscte.pt/~aced/ACED, iniciativa de pessoas reclusas para romperem o cerco que as inibe de exercer os direitos de livre expressão.
Organizador dos livros a) Vozes contra o silêncio – movimentos sociais nas prisões portuguesas, com Alte Pinho, Prisões na Europa – um debate que apenas começa e Ciências de Emergência; b) Autor da trilogia Estados de Espírito e Poder (Espírito Proibir, Espírito de Submissão e Espírito Marginal).
PAP0975 - Modos de apropriação de informação sobre saúde: adaptação de um instrumento de investigação qualitativa.
Este trabalho foca-se, essencialmente, na adaptação e aplicação de um instrumento de investigação qualitativa que pretende avaliar o estado atual do conhecimento da populacão portuguesa sobre um conjunto de doenças (asma e cancro). Trata-se de um guião de entrevista semi-estruturado (McGill Illness Narrative Interview – MINI), que tem como objetivo diagnosticar as representações que emergem das narrativas de doentes sobre o modo como vivenciaram a doença. O MINI, construído por três investigadores do departamento da psiquiatria transcultural da Universidade de McGill, pode também ser utilizado noutras áreas das ciências sociais, nomeadamente, em estudos sociais sobre saúde e medicina (Groleau, Young & Kirmayer, 2006). Nesse sentido, o instrumento está atualmente a ser adaptado e validado pelos membros da equipa de um projeto que tem como objetivo geral investigar o uso e os modos de apropriação da informação em saúde na população portuguesa. O projeto a), onde o presente trabalho se integra, insere-se no âmbito do Programa Harvard Medical School-Portugal Program. O MINI apresenta-se originalmente estruturado em cinco módulos: 1. Narrativa Exploratória; 2. Narrativa Protótipo; 3. Modelo da Narrativa Explicativa; 4. Serviços Médicos e Respostas ao Tratamento; 5. Impacto na Vida. Este guião foi adaptado e reconfigurado para a população portuguesa e em concordância com os objetivos do projeto acrescentou-se um sexto módulo sobre fontes da informação. O MINI adaptado (MINIa) permite compreender até que ponto a doença e a experiência do entrevistado são influenciados pelos processos sociais e pelos contextos culturais, possibilitando identificar os conceitos de angústia e os estereótipos sociais emergentes dos respetivos contextos socioculturais (Groleau e Kirmayer, 2004). Utilizando o guião MINIa, realizaram-se entrevistas piloto durante 12 meses a doentes com patologias específicas: cancro da mama e asma. Uma análise qualitativa preliminar dos dados recolhidos coloca como principais fontes de informação, em primeiro lugar os Médicos, seguidos da Internet e da Televisão. A recolha de dados evidenciou, ainda, que o MINIa se revelou um valioso instrumento quer para estudar a eficácia das ferramentas de comunicação, quer para identificar potenciais fontes/redes de comunicação de sáude.
_________
a O projecto designa-se «Evaluating the state of public knowledge on health and health information in Portugal» do Programa Harvard Medical School Portugal e é financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia.
- ABREU, L.

- BORLIDO-SANTOS, J.
- NUNES, J.A.
- VILAR-CORREIA, M.R.
Liliana Abreu
LicenciadaemSociologia e mestreemSociologia, pelaFaculdade de Letras da Universidadedo Porto. Desde o fim da licenciatura tem trabalhadoemprojetos de investigação, comobolseira FCT. Trabalhouemprojetos no âmbito da Sociologia da Cultura e EducaçãoArtística; Mobilidade de ConhecimentoCientífico e, maisrecentemente, naarea da Sociologia da Saúde, enquantobolseira de investigaçãonumprojeto no âmbito do Programa Harvard Medical School. Demomento, vaiiniciar a suabolsa de doutoramento FCT, ingressando no ProgramaDoutoralemSaúdePública(2012) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
PAP0810 - Modos de relação com as medicinas alternativas: uma abordagem qualitativa de trajectórias terapêuticas
Esta comunicação procura explorar a diversidade de modos de relação com as chamadas “medicinas complementares e alternativas” (correntemente designadas pela sigla CAM, na literatura anglo-saxónica) por parte dos indivíduos que a elas recorrem, bem como o modo como este recurso se inscreve nas suas trajectórias de saúde e de doença.
Trata-se de uma abordagem qualitativa, baseada nas narrativas de indivíduos que, de forma mais esporádica ou mais regular, já recorreram às CAM. Estas narrativas, não sendo centradas exclusivamente nas CAM, mas nas trajectórias e consumos terapêuticos dos indivíduos, têm a vantagem de não isolar artificialmente o recurso às CAM, mas de o situar num quadro mais vasto de consumos, permitindo verificar como a pluralidade de recursos terapêuticos disponíveis se articula e se conjuga, quer nas práticas dos indivíduos, quer nas lógicas e racionalidades que lhes estão subjacentes.
O material empírico é constituído por 30 entrevistas em profundidade realizadas no âmbito de uma pesquisa sociológica sobre consumos terapêuticos, desenvolvida em Portugal, no quadro do CIES-IUL. As entrevistas foram realizadas a indivíduos de ambos os sexos, de diferentes grupos etários e com diferentes níveis de qualificação académica, quer em contexto urbano, quer em contexto rural, em 2009.
Os resultados revelam a existência de uma pluralidade de modos de relação dos indivíduos com as medicinas alternativas ou complementares, a vários níveis: o tipo de terapias a que se recorre; as circunstâncias e trajectórias do recurso; os padrões de recurso; as concepções de risco e eficácia associadas a estas medicinas; a relação com outros consumos terapêuticos; a relação com os terapeutas e os médicos da medicina convencional; as concepções de saúde e de doença e os investimentos de saúde.
A análise culminou na construção de perfis-tipo que caracterizam e sistematizam os modos de relação dos indivíduos com as CAM, baseados essencialmente em duas dimensões: 1) as finalidades associadas ao recurso às CAM (estéticas, de prevenção da doença, de tratamento da doença); 2) e o peso das CAM no quadro dos consumos terapêuticos globais (exclusivismo ou prevalência da CAM, conjugação com a medicina convencional, recurso pontual). Importa referir que, conceptualmente, estes perfis correspondem sobretudo a modos de relação e menos a classificações que se possam atribuir aos utilizadores das CAM. Efectivamente, a análise veio demonstrar que os modos de relação com as CAM não são necessariamente coerentes e constantes ao longo do tempo, mas que vão sendo construídos e reconstruídos em função das várias fases do ciclo de vida e das experiências de doença (directas e indirectas) e, também, em função dos consumos terapêuticos que se vão fazendo.
- PEGADO, Elsa
PAP1120 - Modos de vida e mudanças na vida dos ribeirinhos do médio Solimões após o lugar virar Reserva de conservação ambiental
Este artigo tem como objetivo investigar as
dinâmicas socioambientais relacionadas ao modo
de vida dos ribeirinhos do rio médio Solimões,
estado do Amazonas-Brasil, após a criação de
uma Unidade de Conservação (UC) chamada
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã.
A população ribeirinha (povos que moram as
margens dos rios amazônicos) ora chamada de
população tradicional mantém características
campesinas, ou seja, a organização do trabalho
é estruturalmente familiar; possuem o controle
dos meios de produção; possuem uma economia de
subsistência, onde há uma racionalidade de
minimização dos riscos e aversão a penosidade;
uma relação estreita com o ambiente em que
vivem e desempenham uma multiplicidade de
atividades produtivas, sendo as principais:
agricultura e extrativo.
As famílias aqui analisadas mantém uma relação
estreita com a natureza, seu modo de vida é
muito influenciado pelo ciclo das águas que
sobem em média 12 metros acima do nível do rio
a cada seis meses, onde toda a vida desse
ribeirinho é planejada levando em consideração
esse fator limitante e determinante de subida
e descida das águas. As peculiaridades desse
modo de vida do campesinato na várzea
Amazônica, que é entremeado de especificidades
típicas da região, onde a terra e a água se
completam, principalmente porque suas
características tradicionais são oriundas de
práticas indígenas. A mobilidade na várzea é
uma estratégia de sobrevivência, normalmente
adotada por aqueles que tentam obter melhores
condições de vida para si e para sua família.
Os fatores da mudança são diversos, isto é, as
cheias, as formações de praias, as terras
caídas, que provocam a extinção de
assentamentos, obrigando os moradores a
deslocarem-se temporária ou definitivamente em
busca de outro lugar em que possam plantar e
pescar.
Os camponeses ribeirinhos são principalmente
agricultores, mas também podem ser pescadores,
caçadores, madeireiros, ou seja, não tem uma
ocupação especializada, trabalham conforme a
necessidade, características cultural
indígena, e isso faz com que os moradores
vivam mais ou menos autônomos uns dos outros,
mas não significa que não desenvolvam
atividades em conjunto. A prática do ajuri, um
mutirão geralmente usado para derrubada da
mata e para plantação da roça, ainda é comum
nessas comunidades.
Sendo assim, saber se a vida da população
local melhorou após a criação da UC e
identificar o que mudou e como as mudanças se
integram ao modo de vida ribeirinho ao ser
orientado por um projeto de conservação é
fundamental para entendermos as dinâmicas
sociais ocorridas com esse campesinato da
várzea amazônica.
- NASCIMENTO, Ana Claudeise Silva do
PAP1513 - Modos de vida e os valores das pessoas em situação de rua em Brasília
O artigo Modos de vida das pessoas em situação de rua em Brasília é resultado da pesquisa Renovando a Cidadania financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa- FAPDF e executada pelo Programa Providência de Elevação da Renda Familiar. A coordenação da pesquisa foi realizada por uma equipe formada por professores e pesquisadores relacionados ao Departamento de Sociologia e Serviço Social da Universidade de Brasília. A pesquisa teve como objetivos fazer o levantamento das pessoas em situação de rua no Distrito Federal, compreender as principais causas que motivaram os indivíduos a esta condição, identificar os valores e os modos de vida, localizar as entidades que interagem com esse público e suas ações para criar subsídios para a elaboração e implementação de políticas sociais. As informações coletadas foram discutidas em seminários e audiências públicas com entidades, especialistas na área e com pessoas em situação de rua para apresentar os resultados e discutir propostas de inclusão social. Palavras chaves: Modos de vida, valores, pessoas em situação de rua, inclusão social.
- MACHADO, Maria Salete Kern
PAP1461 - Motivações e modos de acesso na profissão de jornalista
Por que se escolhe ser jornalista? Como se acede a esta atividade profissional? Com as profundas alterações no sistema dos media e no campo jornalístico, observáveis em Portugal, após 25 de Abril de 1974 e de modo muito intenso na viragem do século, o que se alterou nas motivações e nos modos de acesso à profissão? Como se relacionam com as alterações intrínsecas às condições de exercício da profissão? Que alterações foram essas? Quais as suas relações com o processo social?
Estas são algumas das questões objeto de uma investigação em curso, baseada em dados quantitativos e qualitativos integrados em diversos estudos sociográficos sobre os jornalistas portugueses, já apresentados, e sobre dados preliminares de um projeto, denominado “As novas gerações de jornalistas em Portugal”, coordenado por José Rebelo e em execução por uma equipa do CIES-IUL de que o autor faz parte.
Entre os dados das investigações efetuadas assumem relevo os apresentados no estudo “Perfil Sociológico do Jornalista Português”(1) . São dados quantitativos e qualitativos que permitem um olhar retrospetivo desde 2006 até aos anos 50 do século passado. Os dados quantitativos deste estudo permitem traçar as grandes linhas evolutivas do campo jornalístico em Portugal. Os dados qualitativos, resultantes da análise de conteúdo de 47 entrevistas em profundidade, possibilitam uma complementaridade de análise a partir da esfera subjetiva dos jornalistas.
O estudo “As novas gerações de jornalistas em Portugal” possibilita uma atualização dos dados quantitativos até 2011 relativamente ao universo dos jornalistas portugueses e aprofundando-os no respeitante aos jornalistas que acederam à profissão na viragem do milénio. Qualitativamente, a partir da análise das respostas a um questionário e das entrevistas semi-diretivas a realizar, esta investigação permitirá estabelecer um conjunto de respostas cronologicamente contextualizadas para as perguntas inicialmente enunciadas.
(1)Ser Jornalista em Portugal: perfis sociológicos (2011), José Rebelo (coord.) et al. Lisboa, Gradiva, 926 pp.
- FERNANDES, José Luiz
PAP0901 - Mouraria, território de diversidades e de transitoriedades
Esta comunicação tem por base uma pesquisa mais ampla e cuja temática central se desenvolve em torno de uma matriz conceptual que assenta nas propostas teóricas desenvolvidas por P. Gilroy (2004) e S. Vertovec (2007) em torno dos conceitos: culturas de convivência e super diversidade. Procurar-se-á ainda discutir alguns dos resultados derivados da pesquisa de terreno realizada no Bairro da Mouraria em Lisboa e que tem por base a utilização de material empírico resultante da mobilização de uma estratégia metodológica de pendor dominantemente qualitativo, centrada na observação de espaços e eventos públicos. O bairro da Mouraria em Lisboa é conhecido como um lugar que alberga migrantes (por exemplo, de meios rurais) e populações em trânsito ligadas ao comércio e à prestação de serviços diversificados, para além de congregar outros atributos, o de bairro histórico, típico, cosmopolita, exótico…
Interessa ainda reflectir sobre as limitações de outros conceitos que aparecem por vezes como equivalente ou correlativo de diversidade, como o de multiculturalismo e o de etnicidade. Para Charles Taylor (1998) o reconhecimento das diferenças entre os cidadãos implica o reconhecimento da identidade. Ou seja, no plano político, a política da diferença complementa a política da dignidade, na medida em que o reconhecimento identitário é uma necessidade humana vital, não é então algo de fixo e herdado, é antes algo que nas sociedades democráticas hodiernas é construído na esfera pública.
Este contributo para a discussão, pretende, precisamente, problematizar as principais transformações em curso neste bairro lisboeta e avançar com algumas linhas de pesquisa e interpretação que contribuam para uma reflexão em torno dos processos de construção social de imagens públicas sobre a Mouraria enquanto lugar de populações marcadas pela diversidade e em trânsito.
- MENDES, Manuela
- PADILLA, Beatriz
- AZEVEDO, Joana
PAP0030 - Movimentos Sociais latino-americanos
Pretende-se, nesta
comunicação, fazer
um balanço crítico
acerca da noção de
indígena
na Bolívia, em
contraposição à
concepção de
Estado-nação
eurocêntrico.
Busca-se resgatar
algumas
contribuições dos
movimentos indígenas
bolivianos (MIBs), a
partir de sua
formação histórica,
mas principalmente
centrado nos ciclos
de ações coletivas
quase
insurrecionais,
iniciados entre 2000
e 2005. Assim,
visualiza-se, entre
várias
questões, a
reorientação da ação
coletiva dos MIBs,
manifestada por meio
de um forte
discurso étnico, da
luta pela
redistribuição das
riquezas e do
direito de se
governar
tendo como
pressuposto o
direito
consuetudinário,
que, por fim, visa a
uma democracia mais
inclusiva e
participativa com
relação à
plurinacionalidade e
de cunho
“descolonial” para
as trinta e seis
nações originárias
da Bolívia. Por fim,
importa nesse
contexto, apresentar
em traços largos, a
tese do capitalismo
andino-amazônico
(Linera, 2008) ganha
mais visibilidade e
espaço dentro dos
meios de comunicação
hegemônicos e no
seio dos
MIBs. A
plurinacionalidade
“enche os olhos” dos
representantes e
representados
nessa nova realidade
do Estado boliviano,
constituindo-se como
o principal slogan
do governo de Evo
Morales. O
redirecionamento do
discurso indígena em
busca de uma
democracia mais
redistributiva e
equitativa e
fundamentada nos
marcos
descolonizadores faz
jus à perspectiva de
seus ideólogos, que
visam à mudança
dentro dos marcos da
institucionalidade e
do modelo de Estado
ocidental vigente.
- COSTA, Elizardo Scarpati

Sociólogo, é graduado em Ciências Sociais (Sociologia) pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) Portugal,e mestre em Sociologia pela L´École de Haltes Études en Science Sociales (EHESS) Paris-França. Atualmente é doutorando em Sociologia pelo programa de Relações de trabalho, desigualdades sociais e sindicalismo do Centro de Estudos Sociais(CES)da Universidade de Coimbra. Os seus atuais interesses de pesquisa estão voltados para sociologia dos movimentos sociais,do Trabalho e do direito.
PAP1502 - Movimientos sociales: crisis y capacidad destituyente en América Latina
Desarrollaremos una caracterización general de los movimientos sociales que se presentan en el ciclo de protesta abierto en el año 2000 en América Latina para dar cuenta del contexto general en miras a entender las crisis políticas abiertas en Ecuador -2001 y 2005-, Bolivia -2003- y Argentina -2001-. Intentaremos explicar un nuevo atributo de las organizaciones sociales que consiste en la construcción de capacidad destituyente. En los casos mencionados, durante el presente siglo, organizaciones políticas que se encuentran en las periferias urbanas de la región lograron ejercer presión en las calles hasta destituir a presidentes democráticamente electos. Esto evidencia por un lado, una renovada capacidad de cuestionamiento político por parte de estas jóvenes organizaciones, por otro lado, da cuenta de un replanteo a la democracia realmente existente poniendo en cuestión los mecanismos tradicionales de cuestionamiento como la revocación de mandato. Movimientos sociales, pobreza, crisis y desgaste institucional son los temas a ser desarrollados.
- DARLING, Victoria
PAP0829 - Mudanças climáticas e económicas na costa portuguesa: percepções das comunidades, justiça social e democratização
O litoral português, onde se concentra mais de 80% da população e da produção de riqueza do país, é um dos mais vulneráveis da Europa no que respeita à erosão costeira. Queda de arribas, perda de areia das praias e recuo acentuado da linha de costa têm obrigado a avultados investimentos em infra-estruturas e medidas de protecção.
Esta concentração populacional na zona litoral ocorreu em apenas algumas décadas, a um ritmo acelerado, perante um sistema institucional e de gestão que se revelou incapaz de restringir a proliferação de construções em áreas de risco.
Actualmente, as populações e economias costeiras enfrentam dois enormes desafios: a crise climática e a crise económica. Nas próximas décadas, prevê-se que as alterações climáticas venham acentuar a perda de território pelo recuo da linha de costa, devido a um conjunto de factores, em particular a subida do nível médio do mar. Por outro lado, a crise económica pode inviabilizar a continuação de dispendiosas intervenções para conter o avanço do mar, incluindo a construção de esporões e paredões e o enchimento artificial das praias.
Cada vez mais se ponderam estratégias alternativas de adaptação, inclusive a eventual deslocação de populações para áreas mais recuadas. A necessidade de tomar medidas mais drásticas, a génese ilegal de muitas das construções agora em risco na orla costeira, a diversidade de culturas e de modos de vida, assim como de interesses económicos, que nela convergem, fazem antever conflitualidades e problemas de justiça social.
O desafio da sustentabilidade das zonas costeiras passa por criar processos de decisão e de gestão com a participação activa das populações locais e por uma abordagem inovadora face às estratégias de adaptação e ao seu próprio financiamento. Esta procura de modelos de gestão costeira mais sustentáveis não dispensa uma abordagem sociológica das problemáticas mencionadas.
A partir de três casos de estudo na costa portuguesa – Vagueira, Costa da Caparica e Quarteira – nesta comunicação analisam-se os resultados de um inquérito aplicado a uma amostra representativa das populações aí residentes, bem como um conjunto de entrevistas realizadas aos stakeholders locais. Procuramos explorar as avaliações sobre os riscos costeiros e a disponibilidade dos actores locais para a participação em modelos alternativos de gestão e financiamento.
- SCHMIDT, Luísa

- DELICADO, Ana

- GOMES, Carla

- GUERREIRO, Susana

Luísa Schmidt
Socióloga investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação 'Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço' e integra o Comité Científico do Programa Doutoral em "Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável". Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade que actualmente dirige, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente.
Ana Delicado é investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Socióloga, licenciada pela FCSH-UNL, mestre e doutorada pela Universidade de Lisboa. Foi investigadora do Observatório das Ciências e Tecnologias (Ministério da Ciência e Tecnologia) e do Institute for Prospective Technological Studies (Joint Research Centre - European Commission).
Trabalha principalmente na área dos estudos sociais da ciência. Já desenvolveu investigação sobre organizações não governamentais e voluntariado, riscos ambientais, museus de ciência e cultura científica e mobilidade internacional dos cientistas. Coordena atualmente projectos sobre associações científicas e sobre energias renováveis. Participa ainda em outros projectos sobre o uso da internet pelas crianças, sobre erosão costeira, sobre energia nuclear e sobre alterações climáticas.
É autora de um livro, "A musealização da ciência em Portugal" (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian), que recebeu o Prémio de Investigação em Museologia da APOM Associação Portuguesa de Museologia, co-autora de outros dois livros e tem publicados 14 capítulos de livros e 20 artigos em revistas científicas nacionais e internacionais.
Carla Gomes nasceu no arquipélago dos Açores em 1978. Como jornalista, escreveu em diversas publicações generalistas e especializadas, como os jornais “Quercus Ambiente” e “Água & Ambiente”, tendo colaborado ainda em projectos como a publicação internacional “Green China” e o livro “Quercus: 20 Anos”. Colaborou com a CCDR de Lisboa e Vale do Tejo (Ministério do Ambiente) na área da comunicação, entre 2007 e 2009.
Licenciou-se em Comunicação Social em Setúbal e fez o Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais na Universidade de Aveiro, com a dissertação “Desenvolvimento Limpo: uma nova Cooperação entre Portugal e os PALOP”. Este trabalho, que incidiu particularmente no arquipélago de Cabo Verde, deu origem ao livro “Alterações Climáticas e Desenvolvimento Limpo”, premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian (programa Gulbenkian Ambiente) e publicado em Janeiro de 2010. Foi integrada no projecto “Change-Mudanças Climáticas, Costeiras e Sociais” em Maio de 2010, como bolseira de investigação do ICS.
"Bolseira de Investigação no projecto CHANGE – Mudanças Climáticas, Costeiras e Sociais do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, desde Junho de 2011. Licenciada em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE em 2007, com dissertação na área da Psicologia Ambiental centrada no estudo das razões da oposição a áreas protegidas. Em 2010 concluiu uma pós-graduação em Gestão e Intervenção Ambiental nas Empresas e na Administração Pública pela Universidade de Barcelona.
Entre 2008 e 2011 foi Gestora de Programa na ONG Climate Parliament em Londres, sendo uma das responsáveis pela implementação do projecto “Alterações climáticas e acesso à energia das populações mais pobres” nas regiões de África, Caraíbas e Pacifico, financiado pela Comissão Europeia e pela Agência Sueca de Desenvolvimento."
PAP1008 - Mulheres Empreendedoras: Contribuições para uma análise das políticas publicas
Nos últimos anos no Brasil foram criadas muitas políticas públicas na perspectiva de fazer com que vários grupos sociais tenham seus direitos respeitados viabilizando o desenvolvimento de atividades econômicas dentro da legalidade e com incentivos que possibilitem a realização e manutenção da sobrevivência da população. Sabe-se que a presença maciça da mulher na informalidade no Brasil já é algo muito comentado e fundamentado em antecedentes históricos de exclusão e preconceito em relação ao trabalho da mulher, sabe-se ainda que nas cidades uma parcela significante de mulheres são as mantenedoras dos seus lares responsáveis de forma individual pelos seus filhos em todos os aspectos O presente estudo visou compreender como se apresenta a realidade da mulher empreendedora na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, particularmente o grupo que foi capacitado pelo programa que atende mulheres beneficiadas pelo Bolsa Família. A pesquisa adotou o referencial qualitativo da investigação dos dados e foram estabelecidas as seguintes etapas: Um levantamento bibliográfico acerca da temática central; Estudo dos documentos legais referentes ao tema no âmbito dos poderes estadual e municipal; seguidos da entrevista semi-estruturada com as mulheres participantes do programa num percentual de 10% do total capacitado. Os dados obtidos foram trabalhados a partir do referencial da análise do discurso. Os resultados parciais indicam a existência de conflitos de interesses entre o programa bolsa família e o programa de formalização dos profissionais autônomos em empreendedores individuais. Um dos conflitos identificados se refere ao fato das profissionais autônomas ao se formalizarem perderem o direito ao benefício do Bolsa Família comprometendo a viabilização do empreendimento. Algo relevante a ser ressaltado diz respeito à necessidade de se incluir no planejamento e definição de novas políticas públicas a dimensão da escuta dos sujeitos supostamente beneficiados pelos programas.
- ALVES, Fernando
- NASCIMENTO, Verônica

Psicóloga, possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2009). É professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Campus de Sobral - Setor de Estudos: Psicologia Escolar/Educacional. Tem experiência na área de Psicologia e Educação, com ênfase nos estudos sobre Juventudes, Escola e Cultura de Paz. Atualmente, coordena o programa de extensão Observatório da Infância e Juventude de Sobral. Integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável - Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri. Área de investigação: educação para sustentabilidade. Integra a Linha de Pesquisa: Sociedade, Estado e Desenvolvimento Regional Sustentável. Desenvolve pesquisa com o tema: Mulheres do sertão.
PAP0490 - Mulheres Brasileiras em Portugal: o que esconde um sorriso?
A imigração brasileira para Portugal já não pode mais ser considerada um fenômeno novo, seja porque lá se vão quase quatro décadas desde quando se considera seu início (meados dos anos 70), seja porque quantitativamente representam a maior comunidade estrangeira em Portugal, seja porque nos últimos anos vários estudos e investigações tem mapeado de forma exaustiva e cuidadosa a realidade dessa população. Contudo, isso não significa que não sejam possíveis novas problematizações acerca desse tema; principalmente no que diz respeito as questões de gênero, que sistematicamente tem sido ou desconsiderada ou invizibilizada.
O imaginário em relação a mulher brasileira em Portugal é bastante consolidado, as brasileiras gozam de uma identificação própria, não sendo confundidas com outros grupos de imigrantes (Padilla, Fernandes, Gomes 2010) - como acontece por exemplo com romenas, ucranianas e moldavas que, em geral, são classificadas como mulheres imigrantes do leste europeu. Contudo esse imaginário está montado em cima das relações coloniais entre Portugal e Brasil, que confere ao Brasil, e por consequência seu povo, uma posição subalterna. De forma que o lugar reservado as mulheres brasileiras em Portugal é também um lugar de inferioridade. Assim, os discursos – midiáticos, oficiais – acerca das imigrantes brasileiras em geral essencializam, racializam e estigamatizam essas mulheres, uma vez que associam-nas tanto à sexualidade, ao erótico e ao exuberante, como a submissão e docilidade, alegria.
A partir dessas colocações objetiva-se analisar como esse imaginário atuam nos processos de a inserção das mulheres brasileiras na sociedade portuguesa, em especial no mercado de trabalho. Para tanto entrevistou-se e analisou-se o discursos 15 de mulheres brasileiras imigrantes que trabalham em Portugal, bem como algumas matérias veiculadas pela mídia portuguesa.
Observa-se que a ambiguidade desse discurso que ao mesmo tempo em que hiperssexualiza a mulher brasileira, também ressalta características que são socialmente reconhecidas – como a simpatia e a docilidade – age principalmente no sentido de justificar a inserção precária e segregada da mulher brasileira em Portugal, contribuindo para sua marginalização. Cria-se um mecanismos perverso, que por um lado diferenciam as mulheres brasileiras das demais imigrantes, através desses atributos que são positivamente aceitos na sociedade – alegria, sensualidade, beleza – que dificulta que essas mulheres identifiquem que os mecanismos que as aprisionam em uma imagem sexualizada e subalterna.
- FRANÇA, Thais

Thais França.
Doutoranda do Programa de Relações de Trabalho, Desigualdaes Sociais e Sindicalismos do Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra - Portugal. Mestra pelo programa Erasmus Mundos em Work, Organizational and Personnel Psychology - WOP-P pela Universidade de Bolonha - Itália (2008). Gradução em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará - Brasil (2004). Tem experiência na área de Psicologia e Sociologia, com ênfase em Psicologia Social e do Trabalho , atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, feminismos, trabalho, precarização, migrações.
PAP0478 - Mulheres Brasileiras: análise de casos à partir de registros de violência sexual nos prontuários do Hospital das Clínicas em Uberlândia/Minas Gerais,/Brasil
Diante da aparente invisibilidade da violência doméstica e sexual no contexto das violências baseadas no gênero, praticadas contra mulheres, torna-se um desafio aprofundar no estudo de base qualitativa, sobre violência doméstica e sexual contra a mulher e as respostas produzidas no serviço de saúde em relação a este fenômeno. Trabalhamos num projeto de pesquisa, , financiado pelo CNPQ/Secretaria das Mulheres, na catalogação, análise e discussão acerca da temática da violência sexual contra as mulheres adultas, na faixa etária de 18 a 40 anos, registradas pelos profissionais da saúde sobre os procedimentos utilizados no pronto atendimento do Hospital das Clínicas/UFU, na cidade de Uberlândia. Procuramos observar o cumprimento das normas estabelecidas para o procedimento de atendimento de mulheres vitimizadas relacionando os discursos registrados nos prontuários das pacientes que informam sobre a atuação profissional na assistência à violência sexual e as respostas oferecidas para o enfrentamento da problemática no contexto da emergência/urgência Para tal, utilizamos o material registrado nos prontuários do HC/UFU, com vistas a catalogar, quantificar e analisar os dados, bem como tentar compreender o tratamento dessa questão no período de início de 2004 a 12/2010 .Escolhemos esse período, pois a partir da publicação da Lei n° 10.778, de 24 de novembro de 2003 que estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados, em que temos um marco diferenciador no tratamento da questão da violência sexual em relação às mulheres. . A literatura internacional sobre violência contra a mulher tem mostrado a grande magnitude do problema, sua disseminação em todo mundo e as graves ameaças para a saúde da mulher, assim como para seus filhos e demais membros da família. Considerar as conseqüências sobre a vida, a integridade física e mental das mulheres, constitui um problema legítimo da saúde, ainda que não se restrinja a esse setor, pois constitui um problema de toda a sociedade (HEISE, 1994; DESLANDES, 2002). Em Uberlândia-MG, a violência contra a mulher vem sendo retratada em vários estudos. Constata-se que a maior parte das vítimas são mulheres com idade entre 21 e 40 anos, brancas e pardas, que exercem atividades profissionais variadas e sofrem agressões motivadas pelo alcoolismo do companheiro. Nesse contexto discutimos a necessidade de disponibilizar no HCU uma estrutura de atendimento às mulheres vítimas de violência que propicie o acompanhamento das mesmas, o enfrentamento da situação e a notificação dos casos através de uma possível integração de informações por meio de uma ficha única e padronizada que disponibilize dados referentes à vítima, aos agressores e às agressões a fim de agilizar o processo de compreensão da violência bem como de assistência às vítimas.
PAP0612 - Mulheres Imigrantes Empreendedoras: Um Estudo de Caso
Pretende-se efectuar uma etnografia da globalização no feminino, mapeando os percursos migratórios de mulheres brasileiras residentes na freguesia da Quinta do Conde e que se tornaram empreendedoras no sector da beleza, ou seja, que abriram os seus próprios cabeleireiros, tornando-se empresárias e contribuindo para a economia portuguesa. Nessa linha, procurar-se-á descodificar se a sua opção por este ramo, se deveu a uma questão de oportunidade e/ou necessidade (?) e se o mercado se encontra baseado nesse aspecto, numa lógica marcada pela etnicidade (?). Serão abordadas questões relacionadas com o capital social, cooperações/redes e relações de família e conterrâneos que se vão tecendo entre quem se estabelece em Portugal e aqueles que aguardam a sua vez de fazer o mesmo; questões que procuram conhecer as condições relacionadas com o mercado de trabalho português. Em concreto, considera-se essencial conhecer e registar questões de cariz mais formal como saber quais os requisitos necessários para a constituição dos seus negócios, isto é, documentação exigida, capital necessário; apoios/entraves atribuídos e/ou impostos. Uma nota final para um último objectivo que é o de conhecer, ainda que em traços genéricos, a vida dos imigrantes na Quinta do Conde, sem nunca esquecer duas premissas que desde sempre alavancaram o presente trabalho – o género feminino e a etnia brasileira.
A metodologia utilizada assentará em trabalho de campo na Quinta do Conde, durante o tempo considerado necessário para a recolha da informação até aqui mencionada. Os "instrumentos" a utilizar serão vários com recurso à observação participante, através da qual se procurará recolher extractos de histórias de vida que serão gravadas para posterior tratamento; contactos telefónicos; envio de e-mails; entrevistas exploratórias com agentes institucionais ou não, que possam fornecer dados considerados pertinentes para o trabalho (ex: Câmara Municipal de Sesimbra; Associações de Imigrantes; Clubes e Associações desportivas locais; Segurança Social; IEFP; SEF; INE; locais de convívio e como é evidente os próprios cabeleireiros). Será dada primazia à recolha de informação qualitativa, recorrendo-se sempre que for necessário a dados quantitativos. Poderá recorrer-se ainda a meios visuais (câmara fotográfica), de forma a elucidar melhor o(s) local(ais) e os os intervenientes no processo (agentes; instituições).
- CHAVES, Tiago

Notas Biográficas
Nome: Tiago Miguel Marques Chaves
Formação Académica: Pós-graduação em Antropologia, especialidade em Globalização, Migrações e Multiculturalismo (ISCTE-IUL)
Percurso Profissional(mais recente): Bolseiro de Investigação no CIES/ISCTE no âmbito do Projecto PTDC/CS-SOC/101693/2008 - Culturas de Convivência e Super-diversidade, coordenado pela Profª Drª. Beatriz Padilla e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Áreas de Investigação e de Interesse:Antropologia; Sociologia; Migrações; Género; Etnicidade; Multiculturalismo; Relações inter-étnicas
Comunicações/Publicações (mais recentes):
“Empreendedorismo no Sector da Beleza: Brasileiros na Quinta do Conde”. II Seminário de Estudos sobre a Imigração Brasileira na Europa. Lisboa. ISCTE-IUL (04/06/2012-06/06/2012).
“Bairro e Diversidade: Mouraria e Cacém”. Conferência Internacional no âmbito no Projecto de Investigação PTDC/CS-SOC/101693/2008 – Conviviality&Superdiversity. Lisboa. ISCTE-IUL (11/06/2012-12/06/2012).
“Empreendedorismo no Sector da Beleza: Brasileiros na Quinta do Conde”. VII Congresso Português de Sociologia subordinado ao tema Sociedade. Crise e Configurações. Porto. Universidade do Porto na Faculdade de Letras e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (19/06/2012-22/06/2012).
PAP1399 - Mulheres e Música Rock em Portugal
Sendo a música rock, quer em Portugal, quer noutros contextos, um campo predominantemente masculino, um campo de produção, reprodução e valorização de imaginários associados a estereótipos de masculinidade (Bayton, 1993; Fournet, 2010; Guerra, 2010), afigura-se relevante o estudo do papel das mulheres neste campo musical. Nesta comunicação, parte de um doutoramento em curso, pretende-se explorar questões relacionadas com o papel das mulheres músicas de rock, partindo da abordagem da socióloga Tia DeNora no entendimento da música. DeNora (2000) coloca a tónica na forma como a cultura (música) é um meio constitutivo da vida social, um recurso na produção da vida social, que permite modos de ser, pensar e sentir, num processo que designa por “música-em-acção” [music-into-action]. Assim, a música não é sobre o social mas é, sim, o social, uma forma de fazer, que entra na estrutura da experiência social. Pretende-se perceber como é que o rock sustenta um imaginário de género, entendendo a música como recurso para performances de género; como é que, usando a música como recurso, estas mulheres negoceiam imagens, ideias e práticas e como constroem a sua posição, como mulheres músicas, neste campo artístico masculinizado e também fora dele (família, amigos, valores, afiliações políticas, activismo social). Como é que funciona a (re)produção de práticas e significados musicais(rock) genderizados/sexuais? Como é que as mulheres, entendidas como “criadoras mediadas” apropriam a música rock? Tomando então Portugal como estudo de caso, pretende-se analisar as trajectórias das mulheres músicas de rock, tendo-se também em conta a análise das suas redes sociais, online e offline, observando o papel das chamadas redes sociais virtuais da Web 2.0 e da comunicação-mediada-por-computador (CMC) e observando os nós humanos e não-humanos que constituem as redes sociais destas mulheres.
- GRÁCIO, Rita
PAP0476 - Mulheres em Situação de Rua e Afetos: Revisitando o debate sobre o
As práticas feministas vêm contribuindo, através de sua história, para desestabilizar categorias até então inquestionáveis dentro da ciência moderna.
As várias formas de opressão, bem como a diversidade de lutas, espaços, formas de fazer e criar dessas mulheres, seus múltiplos pertencimentos e os silenciamentos aos quais elas eram relegadas serviram de catalisador para a emergência de um novo corpus teórico que questionava, desde a experiência vivida, o universalismo, o essencialismo e o eurocentrismo. Os contributos das várias teóricas, académicas, críticas, activistas feministas, manifestações políticas, lideranças comunitárias e artistas serviram para fundamentar, desconstruir e desvelar a suposta neutralidade da ciência. O não-lugar, de onde costumavam falar os cientistas, era denunciado assim em seu projecto epistémico de sujeição e colonização da diversidade de saberes e pluralidade de conhecimentos assentes nas experiências cotidianas.
Estudos sobre a cultura política das emoções foram escritos com profundidade e rigor e as estruturas patriarcais da ciência moderna foram colocadas em cheque através de debates intensos. Contudo, parece-nos, que mesmo após diversos avanços e o delineamento de um complexo quadro teórico, a questão da objectividade, e consequentemente a ideia de uma razão que lhe sirva de sustentação, embora surjam como revistas e reinterpretadas, seguem sem serem rejeitadas, mesmo pelos estudos que formam actualmente o quê chamamos “affective turn”. Se questionou “a” modernidade, mas não as práticas modernas que persistem informando nossos discursos. O affective turn apesar de ser criticamente contundente ao enfrentar as concepções herdeiras da modernidade falha quando não propõe sua transformação e a superação de tal modelo e, segue privilegiando a razão em detrimento da emoção, expurgando de suas críticas as experiências e saberes dos quais se alimenta.
Assim, o objectivo de nosso paper é, através de uma discussão que dialogue com os recentes estudos que representam o “affective turn” na teoria feminista, recuperar a proposta de uma política dos afectos presente na filosofia de Baruch Spinoza, argumentando sobre a necessidade de superação do legado moderno que libere nossas práticas teóricas e políticas do jugo da “objectividade”. Dessa forma, propomos o (re)encontro da filosofia spinozana pela teoria feminista e destas com as lutas de mulheres lideranças de um movimento de pessoas em situação de rua no Brasil, onde os afetos, já são comumente compreendidos como variações contínuas de nossa capacidade de existir e como lugar de expansão de nossa potência de acção no mundo.
- SILVA, Rosimeire Barboza
PAP0229 - Multi-temporalidades urbanas: Passado e futuro nas estratégias de valorização das cidades
Cidades de universos culturais diversos, histórias e geografias díspares, partilham hoje linguagens, projetos e ações surpreendentemente similares nos seus desígnios de reforço identitário e de diálogo com o mundo da globalização. Este efeito de “proximidade” intercidades que a globalização tem instigado gera um manancial inédito de interconhecimento de tal forma que, face à exposição crescente de umas às outras, acaba devolvendo a cada cidade uma imagem refletida de si própria e, com isso, agudiza-se o eterno desejo de qualquer cidade se poder tornar uma outra. Cidades como Fortaleza ou Coimbra, que no plano formal correspondem a universos geoculturais muito distintos, podem revelar, contudo, partilhas inesperadas nas suas retóricas de ação política e estratégica.
Centrando a nossa apresentação numa reflexão sobre as dimensões patrimonialistas das cidades e a sua relação com a busca de renovação ou revalorização estratégica, refletiremos sobre as múltiplas disputas de sentidos que estas cidades originam na sua relação com o “seu” passado. Nessa relação, as cidades proporcionam hoje novas possibilidades de encontro direto entre pessoas de todas as latitudes e origens: visitantes, residentes e estranhos. Em termos concretos, centros históricos ou prosaicos bairros – funcionando como lugares de memória e repositórios do passado – converteram-se em instrumento privilegiado de análise da dialética urbana entre a permanência e a mudança. Tal acontece por vezes de modo ambíguo: as cidades parecem sujeitar os seus centros históricos a estratégias que os convertem ora em sinais de modernidade e centralidade, ora em marcas de antiguidade e condição periférica. Ser-se centro e periferia de si mesma é um atributo das cidades que tanto preservam para serem modernas como modernizam para permanecerem antigas.
Será que a “virada turística” urbana se pode converter na fórmula mais expedita para “descobrir o passado” da cidade? Bastará recorrer às marcas que as pedras e outros memoriais tornados património revelam? Qual é o limite dessa revelação? O que se esconde por detrás daquilo que se mostra? Procuramos responder a estas questões olhando para as experiências de Fortaleza e Coimbra. O que têm em comum é a valorização do passado como recurso de atração turística. Mas há ainda assim estratégias diferenciadas no uso desse património. Fortaleza aposta numa estratégia que chamaremos de valorização patrimonial “soft”, mais reformista, em que o futuro tem maior visibilidade no presente, enquanto Coimbra aposta numa valorização “hard”, mais conservadora, cujo presente revela mais marcas do passado.
- GOMES, Carina Sousa

- BEZERRA, Roselane Gomes

- FORTUNA, Carlos

- BARREIRA, Irlys
Carina Sousa Gomes
Investigadora do Centro de Estudos Sociais, integra o Núcleo de Estudos sobre Cidades, Culturas e Arquitetura. É licenciada em Sociologia, pela Universidade de Coimbra e mestre em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É doutoranda em Sociologia, no programa "Cidades e Culturas Urbanas", da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Os seus interesses atuais de investigação centram-se nas questões das cidades e seus centros históricos, turismo, imaginários turísticos urbanos, património e culturas urbanas.
Roselane Gomes Bezerra é doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (Brasil), pós-doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra com o o projecto: Narrativas Urbanas: Estratégias, discursos e representações no processo de requalificação na cidade de Almada, supervisão do Prof. Dr. Carlos Fortuna; Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Investigadora do Núcleo de Estudos sobre Cidades, Culturas e Arquitectura (CCArq) do Centro de Estudos Sociais e membro da Rede Brasil-Portugal de Estudos Urbanos. É autora, dentre outras publicações, do livro O bairro Praia de Iracema entre o adeus e a boémia: usos e abusos num espaço urbano (LEO/UFC, 2009). Interesses: Sociologia Urbana e Políticas Urbanas.
CARLOS FORTUNA
Professor de Sociologia na Fac. de Economia da Univ. de Coimbra. Investigador do CES. Doutorado em Sociologia pela Universidade de Nova Iorque (Binghamton), produz hoje investigação na área da Sociologia das Cidades. Foi Presidente da Direção APS (1998-2002).
PAP0693 - Multidisciplinaridade nas acções preventivas face às doenças cardiovasculares: a (r)evolução paradigmática da saúde pública.
É comummente aceite, para os países desenvolvidos, que a saúde pública contemporânea deve ter como objectivo a diminuição da incidência das doenças crónicas como as doenças cardiovasculares e o cancro, cujas causas são múltiplas e complexas.
As acções comunitárias em saúde são definidas por acções centradas na comunidade, capazes de dinamizar o envolvimento de forças locais, cujo objectivo principal é melhorar a saúde da população. A acção comunitária em saúde envolve grandes potencialidades e desafios por descentrar as questões de saúde do modelo médico hegemónico, fazendo intervir outros agentes, grupos, pessoas, como parceiros de projectos e estratégias que visam a saúde.
Tomamos como exemplo de estratégia de prevenção das doenças cardiovasculares o Projecto de Intervenção Comunitária Pão.Come, implementado desde 2006 pela Administração Regional de Saúde do Centro, em que se pretende a redução da quantidade de sal colocada no fabrico do pão, e, portanto, reduzindo aí o consumo individual de sal, num trabalho conjunto dos agentes políticos, científicos, industriais e trabalhadores das panificadoras locais. Com base no que se considera ser uma evidência da relação científica entre excesso de consumo de sal e doença, legitimam-se intervenções e regulamentações de vária ordem.
Se, historicamente, a medicina subestimou a promoção da saúde, hoje, o reconhecimento do impacto dos factores ligados aos estilos de vida nas doenças crónicas e cardiovasculares, entre outras, faz com que a promoção da saúde seja uma prioridade, entendida como o processo de capacitar as pessoas a um maior controlo sobre a sua saúde e sobre o melhoramento da sua saúde (OMS, 1996).
Através da análise documental, entrevistas aos diversos agentes envolvidos, procuramos demonstrar como com contextos estruturais e culturais distintos se constrói uma nova abordagem paradigmática da saúde-doença-prevenção, colocando-se como hipótese de trabalho que estamos a assistir a uma (r)evolução profunda do paradigma alopático da doença para um paradigma holístico da prevenção/promoção da saúde.
PAP1133 - Mutações do trabalho e da pobreza na modernidade avançada
TÍTULO:
Mutações do trabalho e da pobreza na
modernidade avançada.
Palavras – Chave: Trabalho; Mercado de
trabalho; Pobreza; Processos de marginalização
social.
O tema nuclear da comunicação é o das relações
entre trabalho, desigualdades sociais e
pobreza. A argumentação constrói-se a partir
de revisão bibliográfica sobre o tema e de
investigações anteriores levadas a cabo pelos
autores. Organiza-se em duas partes: na
primeira discutem-se as mutações que o
trabalho tem conhecido sobretudo nas últimas
quatro décadas, tanto ao nível das suas
manifestações empíricas como do seu valor
simbólico e poder estruturante dos percursos
biográficos; na segunda, a sua relação com a
pobreza e a marginalização social na
modernidade avançada.
Faz-se de início um breve percurso pelo modo
como foi assumindo, ao longo da Modernidade, o
papel de estratégia de normalização e de ética
da disciplina, adquirindo um elevado estatuto
socioeconómico e politiconormativo. Em
seguida, e com base na revisão de
investigações que têm procurado equacionar o
que está a acontecer ao trabalho e em
indicadores da sua caraterização fornecidos
por vários organismos, analisam-se as
transformações por que tem passado,
sistematizando-as em três linhas: a da sua
rarefação, a da sua segmentação e fragmentação
do estatuto do trabalhador e a da relação do
trabalho com a construção da experiência
biográfica dos atores.
As mutações a que aludimos não se impõem sem
resistência, mantendo-se atualmente respostas
que tendem a prolongar os papéis e a ética
tradicional do trabalho. É deste modo que
contextualizamos a procura de algumas novas
jazidas de emprego, bem como as politicas
implementadas, em Portugal como em grande
parte dos países da União Europeia, para a
promoção do emprego e de apoio aos
desempregados.
Ainda que se insista na manutenção desta
lógica, os dados de variadas investigações
mostram que as transformações em curso no
mercado de trabalho constituem mecanismos de
aprofundamento das desigualdades e de
clivagens sociais. Analisamos algumas leituras
que têm sido propostas para o esclarecimento
destes mecanismos.
Em suma, a problematização que perpassa toda
a comunicação é a das consequências já
detetáveis destas mutações, conduzindo-nos a
questões como a de saber se podemos continuar
a considerá-lo como o grande integrador da
experiência pessoal e social, ou se o papel da
atividade profissional nos processos de
socialização e de construção das identidades
deve ser relativizado, ou ainda, e mais
geralmente, saber se o trabalho se cumpre
ainda como forma de realização de si ou se,
pelo contrário, se arrisca a ser potenciador
de desigualdades e de marginalização social.
- SILVESTRE, Agostinho Rodrigues

- FERNANDES, Luís
Agostinho Rodrigues Silvestre
Assistente social. Mestre em Psicologia do Comportamento Desviante pela FPCEUP, onde frequenta o programa Doutoral em Psicologia. É docente na Universidade Portucalense. É há 17 anos diretor executivo da Agência de desenvolvimento integrado de Lordelo do ouro (ADILO), no âmbito da qual tem concebido e coordenado vários projetos de intervenção social e comunitária. Presidente da associação Norte Vida. Desenvolve investigação sobre trabalho e processos de marginalização social extrema.
PAP0258 - My Contents and Social Values
Suporte para disponibilização de conteúdos próprios.
Os conteúdos, a semelhança da web 2.0, seriam colocados pelos utentes, c/ alguma supervisão e acesso diferido. Há que encontrar um enquadramento técnico para o dispositivo de escolha fácil, como na net, mas na televisão...acesso fácil/diferido aos conteúdos em permanência.
Estudo do Valor Axial e modos de implementação
- MARTINS, João Manuel Abrantes

MARTINS, João Manuel Abrantes
Doutorando em Sociologia na Universidade de Évora
Mestre em Organização e Sistemas de Informação
Interesse em investigar os Conteúdos Próprios (UGC’s) como objeto sociológico, como se transformam em Património Cultural Imaterial e o papel que a tecnologia e o utilizador tem no seu agenciamento.
PAP1160 - Mérito globalizado: televisão e massas no Brasil e Estados Unidos.
O presente trabalho procura estabelecer relações entre o conteúdo meritocrático repassado em programas de televisão no Brasil e nos Estados Unidos da América. O contexto e repasse ideológico através de premiações que são dadas através de merecimento pessoal. É interessante notar que existe uma importação de modelos de entretenimento de maneira global, as formas de aquisição de lazer através da televisão e meios de comunicação em massa. Porém, as formas de lidar com esses modelos divergem culturalmente através de formas particulares de cada sociedade.
O conteúdo meritocrático analisado a partir dos meios de comunicação de massa repassam conteúdos que tendem a naturalizar a desigualdade social. Pessoas são agraciadas com premiações quando demonstram previamente o poder através da aquisição de um bem ou posição social. Programas de televisão que visam reformar carros ou casas têm como pré-requisito que a pessoa tenha adquirido o mesmo, levando em conta assim, através de uma perspectiva de Pierre Bourdieu, a introdução dentro de um conceito de “habitus”, e na perspectiva do sociólogo brasileiro Jessé Souza, uma entrada dentro do “habitus primário”, perspectiva essa que demonstra a capacidade de inserção da pessoa em um modelo estabelecido da sociedade moderna, através de um raciocínio prospectivo, cálculo, entre outras características enunciadas por Charles Taylor.
A espetacularização desse fenômeno é colocada a prova dentro de casa, através da televisão e suas particularidades em conseguir difundir conteúdos ideológicos. Entender como uma sociedade absorve esses conceitos e repassa diariamente através de discurso e conteúdo é essencial para pensarmos a desigualdade social e sua maneira de se propagar através de diversas mídias.
Pensar a sociedade brasileira e norte-americana é um simples exemplo dentre diversas perspectivas que podem ser comparadas em sociedades dentro de um nível global. Pensar os meios de comunicação de massa inseridos em um olhar transnacional é essencial para pensarmos reformulações e novas maneiras de enxergar teorias que se tornam presentes diariamente, mas que são embaçadas através de novas visões e mudanças cada dia mais rápidas.
- ALMEIDA, Pedro
- BURGOS, Tatiana
PAP0688 - Método e ciências humanas: o “argumento do criador” e a “solução” hermenêutica
A retomada da discussão do “argumento do conhecimento criador” – que consagra a máxima “do real só conhecemos aquilo que nós mesmos criamos”, cuja origem é a Scienza Nuova, de Vico –, é de fundamental importância para a devida discussão metodologica no campo das ciências humanas. De fato, é impossivel desconhecer certa marca deixada pelas ciências naturais na modernidade, principalmente a partir do pensamento baconiano (Novum Organum), i.e., a do sujeito construtor moderno ou sujeito epistemológico. Tal retomada, porém, implica o questionamento de tal argumento e a busca concomitante de uma perspectiva mais ampla, que permita ir além desse tipo de tematização, caracteristico da aurora dos tempos modernos. Ademais, trata-se de questão que, de um modo ou de outro, tem atravessado as ciências humanas, desde sua formação como ramos do saber que almejam seu reconhecimento como ciências e, assim, apelam para a trama de sua fundamentação. A pergunta a este respeito, e que orienta nossa proposta, é a seguinte: em que medida o chamado “argumento do conhecimento criador” tem aparecido sucessivas vezes e de diferentes formas transfigurado em outros argumentos aparentemente diversos? Por exemplo: quando da polêmica criada pelas Ciências do Espírito no que se refere ao que Dilthey denominava relação de pertencimento, argumento retomado na contemporaneidade por Gadamer e Ricouer, exatamente para frisar aquela condição de possibilidade do conhecimento característica da experiência histórica (Gadamer) ou, se se quiser, da ciência da História e disciplinas afins? Em que medida testemunhamos nessas tentativas de fundamentação o propósito que acaba por identificar “conhecimento e ação”? Assim, por exemplo, temos que, de acordo com Gadamer, no livro Verdade e Método, o método cientifico moderno, tornado modelo de toda pesquisa do verdadeiro, implica uma restrição da noção de verdade e uma incompreensão da experiência do verdadeiro que se dá no plano extra-científico. Se, ainda segundo o mesmo autor, a verdade, no seu sentido originário, é evento, todo encontro com a verdade será encontro com um fato que, enquanto acontecido, é “passado” e deve ser integrado – (não simplesmente reconstituído, dada a finitude histórica da existência) no mundo atual com aquele que se põe a interpretá-lo.
- VAISMAN, Ester
- MULLER, Ricardo

Ricardo Gaspar Müller: professor associado do Departamento deSociologia e Ciência Política e Coordenador do Programa de Pós-graduação emSociologia Política (PPGSP) – gestão 2012/2014 – da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), Florianópolis, Brasil. Coordenador epesquisador do Núcleo de Estudos das Transformações do Mundodo Trabalho (TMT/CFH/UFSC). Linhas de pesquisa em que atua: Ideias,Instituições e Práticas Políticas; Mundos do Trabalho. Membrodo comitê editorial de Política e Sociedade: revista de SociologiaPolítica (PPGSP/UFSC).Professor do Departamento de ComunicaçãoSocial da Universidade Federal Fluminense (UFF), de 1980 a 1997.Visiting Scholar naUniversidade de Nottingham (1993/1994 e 2001). Pós-doutorado em Sociologia pela UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ).Doutor em História Social pela Universidade de SãoPaulo (USP). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG).
PAP1166 - Música, juventude e etnicidades translocais: o rap negro e o mundo virtual
Comunicação a apresentar no Grupo de Trabalho "Usos, significados e contextos de utilização da internet e dos media digitais por crianças e jovens":
A presente comunicação parte de uma investigação em curso sobre os modos como distintos produtores de música rap amadora utilizam os novos recursos e plataformas digitais não apenas como instrumentos de divulgação das suas produções mas, igualmente, de constituição de redes translocais de natureza marcadamente étnica e cultural que parecem favorecer aquilo que alguns autores definem como uma “esfera pública negra”. Falamos basicamente de jovens e jovens adultos, afro-descendentes, com trajectórias familiares ligadas à migração e que encontram no rap negro (e crioulo) uma poderosa ferramenta de expressão identitária. As plataformas online apresentam-se como recursos fundamentais para a criação de circuitos translocais (nacionais e internacionais) de partilha de conteúdos, que parecem contribuir para a solidificação de uma consciência de comunidade (imaginada) com base na pertença por um lado, a um campo de produção cultural e, por outro lado, a uma condição étnica e de classe. Deste modo, as tecnologias digitais, parecem oferecer a estes jovens uma série de oportunidades que rompem com a falta de visibilidade crónica e a marginalização a que estão submetidas as suas produções culturais.
- CAMPOS, Ricardo

Ricardo Campos é mestre em Sociologia e Doutorado em Antropologia Visual. Actualmente é investigador auxiliar no Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais, da Universidade Aberta (Portugal). É autor do livro Porque pintamos a cidade? Uma abordagem etnográfica ao graffiti urbano (Fim de Século, 2010) e co-organizador do livro Uma cidade de Imagens (Mundos Sociais, 2011). É igualmente um dos editores da revista Cadernos de Arte & Antropologia.
PAP1465 - NARRATIVAS SOBRE O ADOECIMENTO DE POLICIAIS MILITARES NO CEARÁ
O presente estudo analisa as categorizações
simbólicas de policiais militares em situação
de afastamento profissional para tratamento
psicológico, busca-se entender como estes
atores sociais criam significações sobre o
processo de adoecimento e sua relação com o
trabalho. Pretende-se investigar a trajetória
desses policiais considerando a saúde como fio
condutor da narrativa. Ademais, discutiremos o
processo de tratamento oferecido pela
instituição policial militar até o reingresso
da atividade laboral.
Verificaremos como estas narrativas estão
fundamentadas no universo cotidiano dos
policiais militares, baseadas em categorias
moralmente produzidas como a humilhação,
vergonha e o medo. Tais representações podem
indicar uma realidade social e histórica
construída e enraizada nos processos de
idealização do contexto de trabalho, em alguns
casos gerando sofrimento psíquico.
Do ponto de vista do policial em atendimento
clínico, as condições insalubres do próprio
trabalho, tal qual expressas por seus discursos
de denúncia, nos quais eles aparecem submetidos
a escalas exaustivas associadas ao desgaste
físico,’stress’, e ao sofrimento, além do
próprio risco de morte da profissão, provocam
danos psicológicos, às vezes de caráter
permanente, que em alguns casos mais graves
leva ao suicídio.
Essas pressões sobre a corporalidade e a
construção de um self sob a pressão do
exercício ocupacional podem desencadear a
elaboração de uma sintomatologia, com sérios
problemas de saúde, sobretudo de caráter mental
como a depressão e em outros casos essas
pressões são usadas como justificativas de atos
violentos ou ilegais.
Nesse sentido, este estudo baseia-se em um
trabalho de campo no setor responsável pelo
atendimento de militares afastados para
tratamento de saúde e em entrevistas em
profundidade com estes atores sociais no
contexto de interação entre profissionais e
militares em uma clínica.
Palavras Chave: Polícia, doença e sofrimento.
- SALES, Larissa Jucá de Moraes
PAP1226 - Na Cozinha De Famílias Rurais: Práticas De Escolarização De Mães Com Filhos Em Idade Escolar
A comunicação proposta se insere em uma pesquisa mais abrangente denominada As práticas de escolarização de famílias rurais com filhos em idade escolar: o caso do povoado de Goiabeiras, São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil (PORTES e outros, 2010), que vem sendo desenvolvida nos últimos cinco anos. Ela procura responder uma pergunta básica: como é o cotidiano de mães que vivem no meio rural na lida com seus filhos naquilo que diz respeito às questões escolares?
Assim, tomamos os relatos construídos em vivências diárias junto a 15 famílias, acompanhadas de segunda a domingo, de 11 da manhã às 18 horas da noite. Anotamos os acontecimentos diários dessas famílias, mas especialmente aqueles voltados para as ações da criança e daquilo que diz respeito às práticas escolares. Este acompanhamento durou dois meses e meio. Trata-se de um estudo etnográfico e baseamo-nos nos diários construídos durante o acompanhamento.
Queríamos construir um painel complexo de uma realidade já definida, utilizando de diferentes técnicas e métodos de pesquisa, para que pudéssemos cruzar discursos e práticas de famílias e professores. Inspiramo-nos basicamente nos trabalhos de Bernard Lahire, notadamente nas questões configuracionais; nos trabalhos de Daniel Thin, principalmente aqueles relacionados às diferentes lógicas socializadoras da escola e da família; na etnografia efetuada por Pedro Silva sobre um conjunto de escolas portuguesas de diferentes posições sociais e nos trabalhos de Anettle Lareau.
Para além dos aportes teóricos já indicados, concentramos nossas leituras em textos etnográficos de Fonseca, Mauss, Geertz, Velho, Ezpeletta e Rockwell, Van Zanten, Martins, Elias e Scotson. Precisávamos estar providos de uma compreensão simbólica do sentido da nossa inserção nessas famílias e dos efeitos da nossa presença em uma cena complexa, privada, que se abria generosamente à nossa curiosidade investigativa.
Para interpretar esse conjunto de dados, apoiamo-nos em um conceito que vem sendo trabalhado por Portes (2001), denominado circunstâncias atuantes. As primeiras análises indicam um aprofundamento dos estudos no que se refere: ao conceito de famílias rurais, ao significado de tempo e de espaço no meio rural, ao lugar ocupado pela criança nas famílias e no povoado, ao lugar da mãe nas famílias, as manifestações simbólicas das famílias, a ordenação da casa, ao lugar da escola na casa e as práticas específicas de escolarização no meio rural. Os dados mostram que se essas famílias são semelhantes materialmente falando, as inserções simbólicas diferenciam sobremaneira as suas práticas de escolarização.
- PORTES, Écio

- SILVA, Pedro
- CAMPOS, Alexandra
- SANTOS, Valéria
Écio Antônio Portes, professor adjunto da Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, pesquisa no campo da Sociologia da Educação, com ênfase nas trajetórias escolares de estudantes pobres e nas práticas de escolarização da famílias rurais. É ainda, professor do Programa de Pós-Graduação Processos Sócioeducativos e Práticas Escolares da UFSJ.
PAP1449 - Na busca da cura física e espiritual: os praticantes de terapêuticas alternativas e as suas representações da medicina convencional
O crescente aumento da procura das chamadas terapias alternativas e ou complementares na sociedade portuguesa representa na actualidade um fenómeno social alvo de aceso e polémico debate no campo da saúde, assim como político e científico. A progressiva aceitação social dessas práticas terapêuticas por via de uma legitimação informal - designadamente da Medicina Tradicional Chinesa - levanta algumas questões pertinentes nomeadamente quanto aos motivos e processos sociais que estão subjacentes a essas escolhas. Uma adesão que deixa antever atitudes críticas relativamente à actuação da medicina convencional pela ausência de uma abordagem holística, saciada e potenciada em contraponto pelas práticas terapêuticas ancestrais nomeadamente do oriente.
Neste documento propõe-se, deste modo, apresentar alguns resultados empíricos que surgem no âmbito da tese de licenciatura intitulada “Terapias Alternativas: Formas Contemporâneas de Cura Física e Espiritual”, assumindo-se como um contributo para o estudo do fenómeno, alvo de estudo sociológico quer do ramo da saúde quer da religião, pois, estar-se-á face a uma mudança no que se refere ao padrão tradicional de comportamentos em ambos os domínios.
A pesquisa de índole qualitativa dá conta das representações dos praticantes de terapêuticas alternativas (PTA) quanto à abordagem da medicina alopática na busca da cura física e espiritual, colocando como um grande desafio ao paradigma biomédico, nomeadamente, ao nível quer ao nível dos tratamentos das doenças crónicas quer no que respeita aos diagnósticos.
Sem a pretensão de generalizar a informação obtida, a investigação evidencia, contudo, sinais de um sincretismo terapêutico protagonizado nomeadamente por doentes oncológicos pediátricos assim como pelos seus cuidadores, na procura do alívio da dor sem efeitos colaterais dos químicos ou dos sintomas de stress e de ansiedade.
Face a um hibridismo de saberes, o fenómeno em análise dá visibilidade ao carácter proactivo do agente, na busca da cura e do bem-estar, não ficando, assim pelos padrões institucionalizados da medicina convencional. Comportamentos que merecem um olhar atento da sociologia da saúde para melhor compreender e analisar a complexidade do fenómeno.
- LUZ, Manuela Sousa

Manuela Sousa Luz , após um percurso profissional de cerca de 15 anos na área da assessoria de comunicação e jornalismo, em 2004, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e obteve o grau de licenciatura de Sociologia (pré-Bolonha, licenciatura cinco anos), em 2009, com a tese “Terapias Alternativas: formas contemporâneas de cura física e espiritual”. Interessada nas questões de confluência entre saúde e religião na sociedade portuguesa, iniciou o Doutoramento em Sociologia, em 2011, na Universidade do Minho, onde se encontra a frequentar o primeiro ano lectivo.
Em 2003, no exercício da sua cidadania, foi co-fundadora do Movimento para a Oncologia Pediátrica Integrada, em 2003, e nesse seguimento apresentou no ano 2005 uma comunicação em co-autoria no XVIII Seminário Internacional "Participação, Saúde e Solidariedade: Riscos e Desafios", sob o título Defesa e desenvolvimento do direito à saúde no âmbito da Oncologia Pediátrica Estudo de caso de exercício de cidadania.
PAP0699 - Na encruzilhada do desenvolvimento local: os actores e as estratégias para o município de Palmela
As mudanças verificadas no panorama mundial, intensificadas nas duas últimas décadas do século passado, têm sido as principais responsáveis pelas transformações nas estruturas soci-ais, económicas e tecnológicas.
As teorias sobre o desenvolvimento económico e social, que a Sociologia e a Economia, cons-truíram pacientemente durante décadas necessitam cada vez mais de ser reequacionadas, uma vez que até as velhas nações industrializadas devem ser vistas como estando em vias de desenvolvimento.
Tais situações levaram à necessidade de se proceder a novas formas de mobilização do potencial humano, que se distinguem dos modos anteriores de pensar o desenvolvimento e, que podem ser corporizadas a partir de um conjunto iniciativas locais.
Essas formas de acção e de modernização do tecido económico, de requalificação dos espaços urbanos, dos programas de formação profissional, da inserção das regiões marginalizadas na estratégia global do Estado passam a deter um lugar de máxima importância nas estratégias de cada País e de cada Região.
Perante este conjunto de questões de carácter económico e social, pareceu importante proceder-se à construção de um objecto teórico que incidisse sobre a análise das estratégias dos actores locais perante os desafios impostos por uma sociedade que se apresenta cada vez mais globalizada.
O objecto empírico deste estudo recaiu sobre o município de Palmela através da análise da estratégia dos seus actores e os desafios estratégicos que lhes são lançados.
Procurou-se assim dar conta de uma possível articulação entre essas estratégias, o planeamento urbanístico e o desenvolvimento local.
Os processos de desenvolvimento observados quer no município de Palmela, quer nos restantes municípios que constituem a Península de Setúbal, não se produziram de forma linear.
Ao proceder a uma proposta de acção virada para as questões do desenvolvimento local toma-se necessário detectar as representações que os actores locais estabelecem, em torno desse mesmo desenvolvimento à escala da sociedade local.
Os desafios estratégicos apresentam-se no município de Palmela como resultados das estratégias produzidas pelos actores localizados, ou com influência local, onde se dá a confrontação de interesses e de lógicas contraditórias.
- MARQUES, António Pedro Sousa

Nome:António Pedro Sousa Marques
Habilitações:Licenciatura em Sociologia (ISCTE-IUL); Mestrado em Sociologia do Território (ISCTE-IUL) ;Doutoramento em Sociologia (Universidade de Évora)
Profissão / Ocupação:Professor Universitário
Instituição /Empresa:Universidade de Évora, Escola de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia
Cargo desempenhado:Professor Auxiliar Convidado
Outras informações relevantes:
Investigador Associado do CesNova/Universidade Nova de Lisboa
Interesses de investigação nas áreas do desenvolvimento local, estratégias de atores, territórios metropolitanos, territórios de baixa densidade e territórios transfronteiriços
Artigos publicados:
“Da construção do Espaço à Construção do Território”, Fluxos & Riscos, nº 1, Lisboa, Universi-dade Lusófona, 2011, pp.75-88
“Urbanismo e Planeamento Urbano”, Inuaf-Studia, Suplemento nº 16 – Gestão e Me-diação Imobiliária, Loulé, Instituto Universitário D. Afonso III, 2009, edição em CD-Rom
“Mudança Social, Modernidade e Globalização”, Inuaf-Studia, nº 5, Loulé, Instituto Universitário D. Afonso III, 2003, pp. 265-284
PAP1012 - Na festa de São Lourenço: apontamentos para uma perspectiva sociológica do teatro jesuítico de José de Anchieta
O Teatro Jesuítico constituiu-se como base
fundamental no processo de formação da cultura
brasileira. Foi por meio das contribuições dos
jesuítas, desastrosas por excelência, que os
valores cristãos ganharam força e invadiram
espaços nas comunidades nativas existentes no
período. O teatro se mostrou forte aliado e
arma poderosa neste processo que chamamos de
dessubjetivação e subjetivação, alicerçado no
pensamento de Agamben. O que significa dizer
que o teatro foi um dispositivo capaz de
produzir um novo sujeito, naquele caso, o
sujeito europeizado à brasileira. O presente
trabalho propõe uma reflexão teórica, sob a
égide dos estudos sociofilosóficos, da
peça “Na festa de São Lourenço” de José de
Anchieta. Busca-se compreender como o teatro
de Anchieta pode ser considerado um embrião
para o que, mais tarde, no século XIX, se
tornaria o desenvolvimento da identidade
nacional no teatro brasileiro e, como o teatro
era utilizado para fins catequéticos, como
dispositivo, nos termos agambianos, de mudança
cultural. No processo de construção da
investigação foram realizadas pesquisas
bibliográficas sobre a problemática estudada a
fim de identificar como a literatura aborda os
temas relacionados ao teatro jesuítico e à
formação da identidade nacional no teatro
brasileiro. A análise do texto per se segue o
rumo do contexto histórico e cronológico que
aparece Na festa de São Lourenço. Trata-se de
analisar primeiramente a situação política,
histórica e social à qual o autor se insere no
momento em que surge a obra. Assim,
posteriormente, parte-se para a compreensão
das personagens e das representações que
tinham sobre os povos para quem Anchieta
encenou a peça e, por fim, reflete-se sobre a
tentativa embrionária de atribuir um ideal
identitário aos que habitavam a colônia.
- MONTENEGRO, Wagner

- BRITO, Ailton.
Wagner Montenegro é graduando no curso de Licenciatura em Ciências
Sociais da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, integra o
Programa de Educação Tutorial em Ciências Sociais da UFPE, tem
interesses na formação de cientistas sociais em interface com as
artes, com ênfase na expressão corporal e na composição sociológica do
teatro pernambucano. Atua no âmbito do ensino, pesquisa e extensão
universitária.
PAP1566 - Na teia das emoções: uma compreensão da dimensão emocional na Educação de Jovens e Adultos - EJA
O presente artigo se propõe, a discutir os resultados obtidos a partir da conclusão da pesquisa de mestrado, intitulada Pedagogia das Emoções: uma compreensão da dimensão emocional na Educação profissional de jovens e adultos – EJA, desenvolvido na Universidade Federal da Bahia. Tendo como universo pesquisado os alunos do curso de técnico em infra-estrutura urbana do Instituto Federal da Bahia – IFBA. Esta pesquisa se propôs em sua natureza polilógica, suscitar à consciência coletiva acadêmica a dimensão emocional como um construto social fundante para o processo educativo. A proposta que se apresenta de forma mais contundente, é a possibilidade de se pensar a emoção sob um viés que vai além das vias de percepção da emoção como uma categoria que gera o fracasso escolar. Esta perspectiva visa instituir um olhar para a emoção, ou as emoções, fundamentadas no espaço social, que podem ser vistas, criadas e ressignificadas e, sobretudo, se bem desenvolvidas podem criar nos indivíduos um sentimento de pertença e adequação, fundamentais para a sua constituição como partícipe em uma comunidade. A pesquisa é de cunho qualitativo, onde foram utilizados como instrumentos da coleta de dados a entrevista semiestruturada e as histórias de vida desses estudantes, indivíduos que trazem consigo, para dentro do ambiente escolar, uma bagagem de experiências e vivências tanto pessoais quanto profissionais. A análise tomou como suporte a análise sociológica do processo educativo. Ao final pode ser percebida a influência do social sobre a forma de expressar as emoções e como essas emoções influenciaram seus itinerários formativos, suas atitudes e comportamentos. A visão da Sociologia das Emoções pode contribuir na ampliação da análise dos fenômenos que ocorrem cotidianamente mas que estão permeados pelas emoções que os caracterizam, permitindo uma compreensão das estratégias individuais e coletivas de agir sob efeito emocional. Palavras-chave: Emoções, Sociologia das emoções, Educação profissional.
- SANTOS, Glauria Janaina dos
PAP0226 - Narrativas urbanas: propagandas e blogues como diferentes retóricas no processo de requalificação das cidades
O processo de requalificação é um fenómeno urbano contemporâneo e está a ser implementado especialmente em centros históricos, em áreas “degradadas” ou em antigas zonas industriais. Estas intervenções se baseiam, predominantemente, na construção de novas edificações e nas apropriações do espaço urbano como lugar de contemplação e de lazer. A divulgação de propagandas oficiais desses planos de intervenção em outdoors, em revistas e em fóruns de participação com a mostra de maquetes e de slides com visualização tridimensional está a difundir uma concepção de política urbana assente na valorização estética da arquitectura por meio do planeamento estratégico.
Porém, a propagação dessa ideia de mudança no espaço urbano como forma de estabelecer novos usos e apropriações tem gerado alguma polémica entre políticos e “praticantes da cidade” (Certeau, 1994) e está a influenciar o surgimento de discursos que vão de encontro às narrativas oficiais. Percebo que está a existir um certo “conflito simbólico” no tocante a definição do processo de “requalificação” urbana em diferentes meios de comunicação social. No campo dessa “disputa” a respeito da definição do processo de transformação nas cidades, destaco o antagonismo entre a retórica das propagandas oficiais e dos blogues sobre as cidades. Enquanto as propagandas oficiais são utilizadas pelos decisores públicos para divulgar a ideia da intervenção urbana como uma boa estratégia para o desenvolvimento da urbe, os blogues são usados pelos habitantes como um fórum de discussão com críticas e reflexões a respeito desse processo de transformação urbana. No âmbito desse “conflito simbólico”, apresento como referente empírico para esta comunicação, as propagandas oficiais e os blogues sobre projectos de intervenção na cidade de Almada, em Portugal.
- BEZERRA, Roselane Gomes

Roselane Gomes Bezerra é doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (Brasil), pós-doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra com o o projecto: Narrativas Urbanas: Estratégias, discursos e representações no processo de requalificação na cidade de Almada, supervisão do Prof. Dr. Carlos Fortuna; Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Investigadora do Núcleo de Estudos sobre Cidades, Culturas e Arquitectura (CCArq) do Centro de Estudos Sociais e membro da Rede Brasil-Portugal de Estudos Urbanos. É autora, dentre outras publicações, do livro O bairro Praia de Iracema entre o adeus e a boémia: usos e abusos num espaço urbano (LEO/UFC, 2009). Interesses: Sociologia Urbana e Políticas Urbanas.
PAP0789 - Narrativas visuais no ciberespaço lusófono: estudos de caso no Brasil, Moçambique e Portugal
A presente comunicação tem como objetivo apresentar alguns resultados da primeira etapa do projeto de investigação “Narrativas identitárias e memória social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”. O eixo metodológico em que se insere este trabalho tem como propósito analisar as narrativas virtuais no ciberespaço lusófono. A segunda etapa deste eixo metodológico consiste na selecção e desenvolvimento de uma série de estudos de caso sobre as redes virtuais lusófonas. Para este efeito foi desenvolvido um protocolo de análise narrativa do ciberespaço, incluindo análise textual, icónica e multimodal. Nesta comunicação iremos apresentar os resultados da análise icónica, ou seja, de um conjunto de imagens que os bloguistas utilizam para ilustrar os temas que discutem nos seus blogues.
Consideramos que as narrativas virtuais, em texto e imagem, podem desempenhar um papel crucial na experiência da diáspora, possibilitando às pessoas que estão longe de lugares familiares a recriação do espaço que foi abandonado. Compreender a importância das narrativas virtuais para pessoas que se encontram em espaços reais distintos e o modo como veiculam representações identitárias e distintas concepções de lusofonia é um dos objetivos do trabalho de investigação em curso.
Partindo da elaboração de uma cartografia constituída por 350 blogues dos oito países lusófonos, foram selecionados quinze para a realização de estudos de caso (cinco blogues brasileiros, cinco blogues moçambicanos e cinco blogues portugueses). De modo a complementar esta análise, foram mobilizados também os resultados das entrevistas semiestruturadas realizadas aos animadores dos quinze blogues objeto de estudo de caso. Procurou-se examinar que imagens é que estes bloguistas selecionam para ilustrar os temas discutidos e qual a importância que atribuem às mesmas.
Em termos metodológicos, numa primeira fase privilegiamos uma abordagem quantitativa, com recurso a SPSS, para a análise de uma amostra de imagens dos quinze blogues sujeitos a estudo de caso e, numa segunda fase, optamos por uma abordagem qualitativa, procurando compreender que concepções de lusofonia são difundidas pelas imagens analisadas.
A investigação, em curso, indica que o conceito de lusofonia é entendido pelos quinze bloguistas à luz de uma pluralidade de significados e de representações que resultam das diferentes vivências de cada um dos povos que se exprime em língua portuguesa. Nesta comunicação, apresentamos os resultados da análise das narrativas visuais, procurando questionar que conceções de lusofonia são veiculadas pelas imagens que os quinze bloguistas selecionam para ilustrar os temas abordados.
- MACEDO, Isabel

- CABECINHAS, Rosa

- MACEDO, Lurdes

Isabel Macedo é licenciada e mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Minho. Atualmente desenvolve doutoramento em Estudos Culturais, na área da Comunicação Intercultural, com o projeto designado “Migrações e identidades no documentário fílmico português: a literacia cinematográfica na promoção da interculturalidade”. Os seus principais interesses de investigação conjugam as áreas dos media, dos estudos culturais e da comunicação intercultural.É bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Rosa Cabecinhas é doutorada em Ciências da Comunicação (área de conhecimento Psicologia Social da Comunicação) e Professora Associada no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Foi Diretora-Adjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e Diretora do Mestrado em Ciências da Comunicação. Atualmente é diretora do Departamento de Ciências da Comunicação na mesma Universidade. A sua tese de doutoramento, intitulada Racismo e etnicidade em Portugal: Uma análise psicossociológica da homogeneização das minorias, foi premiada pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas em 2004. Atualmente participa como investigadora em diversos projetos nacionais e internacionais, dedicando-se principalmente às seguintes áreas de investigação: diversidade e comunicação intercultural, memória social, representações sociais, identidades sociais, estereótipos e discriminação social. Os seus trabalhos estão publicados em várias revistas científicas internacionais: Journal of Cross-Cultural Psychology, International Journal of Psychology, International Journal of Conflict and Violence, International Communication Gazette, International Sociology, Swiss Journal of Psychology, Science. Entre as suas obras destacam-se os seguintes livros: Preto e Branco: A naturalização da discriminação racial (Campo das Letras, 2007) e Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios (em parceria com Luís Cunha; Campo das Letras, 2008).
Lurdes Macedo é licenciada em Psicologia e mestre em Ciências da Comunicação. Atualmente, prepara a sua dissertação de doutoramento em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, com coorientações na Universidade do Texas e na Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. É membro da equipa de investigação do projeto “Narrativas identitárias e memória social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”. É co-editora do Anuário Internacional de Comunicação Lusófona. É professora na Universidade Lusófona Porto e na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu.
PAP0948 - Nascer num ambiente familiar ou clínico: Tendências de medicalização e de desmedicalização do parto
O processo de dar à luz, inclusive a gravidez e o período pós-parto, tem estado sujeito a uma medicalização crescente. Em Portugal, condições fisiológicas têm-se transformado em patologias, o ambiente social à volta do parto já não é a família mas tem caráter clínico e o hospital tem substituído a casa como o local que vê nascer o bebé. Para além disso, os manuais de obstetrícia, o relógio e a tecnologia médica disponível parecem muitas vezes ter mais poder sobre o processo do que os desejos e as preferências da própria parturiente e os seus próximos.
O crescente acompanhamento médico da gravidez e do parto têm, sem dúvida, trazido grandes benefícios para a saúde e fortemente aumentado as hipóteses de sobrevivência de bebés e mães. Em Portugal, em 1961, a percentagem de partos domiciliares (portanto, sujeitos a intervenção médica mínima ou nenhuma) era de 80, enquanto hoje não atinge sequer o 1 por cento. Esta evolução, em articulação com as transformações profundas no setor da saúde (e na sociedade portuguesa em geral) nas décadas recentes, contribuíram muito para a queda significativa da mortalidade feto-infantil, passando a ser praticamente a mais baixa da Europa, enquanto por volta de 1960 era das mais altas. No entanto, nos últimos anos têm surgido contra-correntes na sociedade portuguesa que advogam uma desmedicalização ou «humanização» do parto, alegando que o «bem-estar» da mãe e do filho sofre pelas diversas intervenções médicas, muitas delas desnecessárias.
Estes pontos de vista serão discutidos da perspetiva sociológica, com atenção especial pelos fatores sociais que contribuem para a ocorrência de sentimentos de medo, bem como para a perceção de risco à volta da gravidez e parto. Serão apresentados dados de outros países, nomeadamente da Holanda, onde ainda hoje 25% dos partos ocorrem no domicílio e onde no ambiente hospitalar as intervenções médicas durante o parto são menos numerosas e rotineiras do que noutros países.
Esta comunicação está associada à Ação COST - “Childbirth cultures, Concerns and Consequences: Creating a dynamic EU framework for optimal maternity care”.
- SCHOUTEN, Maria Johanna

Maria Johanna Schouten
Universidade da Beira Interior;
Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho.
Áreas de formação: Antropologia, História, Sociologia.
Interesses de investigação:
Sociologia da família, sociologia do género, sociologia da saúde, sociologia do envelhecimento, relações interculturais, estudos sobre o Sudeste Asiático
PAP0338 - Negociación colectiva en las empresas multinacionales en Argentina
En los últimos treinta años y en el marco de la llamada globalización, las empresas multinacionales (EMN) se han transformado en actores predominantes de la economía mundial en general y del mundo del trabajo en particular. Este predominio económico condujo a que se convirtiesen en agentes clave para el desarrollo de nuevas prácticas vinculadas con las relaciones laborales. De esta manera, las EMN incorporarían prácticas desarrolladas en el país de origen a sus filiales, dando como resultado en el país la instalación de relaciones laborales convergentes con los modelos desarrollados en otros países.
El objetivo de esta comunicación es doble. En primera instancia se busca establecer las formas de gestión de la fuerza de trabajo, su impacto sobre las relaciones laborales en la firma y las estrategias hacia los representantes de las organizaciones sindicales en el marco de esas formas de gestión en las filiales de EMN instaladas en Argentina, determinando en qué medida las estrategias de las empresas están definidas por variables estructurales tales como el país de origen, el sector y el momento de instalación. Por otra parte se busca dar cuenta de los cambios y continuidades operados en la negociación colectiva vinculada al conjunto de empresas analizadas para poder observar los efectos de las instituciones sobre las lógicas de gestión de la fuerza de trabajo.
El presente análisis parte de los siguientes interrogantes: ¿Cuáles son las estrategias de las EMN en torno a las relaciones laborales? ¿Existen prácticas convergentes en torno a la negociación colectiva? ¿Se observan diferencias en las estrategias empresarias en relación a las variables estructurales? ¿Qué efectos tiene las nuevas formas de gestión de la fuerza de trabajo sobre la acción sindical? ¿Cuáles son las continuidades y rupturas en torno a la década del 90?
Para el desarrollo de este trabajo, se analizará la negociación colectiva llevada adelante en empresas transnacionales en los últimos años, estableciendo los elementos vinculados a la gestión de la fuerza de trabajo y la inscripción en éstas de las lógicas vinculadas a las relaciones entre empresarios y representantes sindicales en la firma.
- DELFINI, Marcelo - Drolas Ana

Marcelo Delfini: Lic. En sociología y Dr. en Ciencias Sociales Universidad de Buenos Aires (UBA). Investigador CONICET. Docente de las carreras de Relaciones del Trabajo, UBA. Publicó en revistas nacionales e internacionales artículos referidos a las temáticas de Sociología del trabajo, procesos de producción, gestión de la fuerza de trabajo y relaciones laborales. mdelfini@conicet.gov.ar
PAP0361 - No labirinto da perda de direitos: a terceirização como ferramenta de precarização do trabalho
Presenciamos no
nosso tempo
histórico uma
confirmação cada dia
mais forte da
“crescente tendência
de precarização do
trabalho em escala
global” (Antunes,
2006), no nosso caso
especialmente notado
e estudado na
América Latina. Isso
porque a
flexibilização e a
intensificação do
trabalho são, ao
mesmo tempo, formas
intensivas e
extensivas de
precarizar e
aumentar a taxa de
mais-valia,
principalmente nos
países de
capitalismo menos
desenvolvido. O
intuito deste artigo
é contribuir para o
entendimento sobre
quais os efeitos da
reestruturação
produtiva no setor
elétrico brasileiro,
a partir do fenômeno
da terceirização.
Como a terceirização
influencia as
condições de vida,
trabalho e
organização e ação
sindical dos
trabalhadores, tendo
como objeto de
análise os
funcionários
terceirizados da
Companhia Energética
de Minas Gerais
(Cemig). Para isso
será apresentado o
estudo que está
analisando como se
configura essas
relações de trabalho
terceirizado na
Cemig; como se
configura a
precarização e
degradação nas
relações de
trabalho,
representação
sindical etc. E
também fazer
apontamentos que
vise entender como a
terceirização
contribui para a
fragmentação da
unidade dos
trabalhadores.
Tentaremos contornar
todos os aspectos
que envolvem a Cemig
atualmente (o que
chamamos de
“atualmente” aqui
neste trecho pode
ser entendido como a
política
implementada pela
Cemig a partir dos
neoliberais anos de
1990, mais
especificamente, no
nosso caso, tendo o
ano de 1995 como
marco), as origens
da política
terceirzante de
substituição da
força de trabalho
própria por uma
contratada
externamente. Enfim,
o artigo versa sobre
a reorganização do
trabalho no Brasil,
trazendo à tona o
exemplo da
terceirização.
Discutiremos sobre a
reestruturação no
setor energético
brasileiro, as
privatizações e as
influências no mundo
do trabalho, a
relação entre
aumento de trabalho
terceirizado e
redução dos
trabalhadores do
quadro próprio com
todas essas mudanças
ocorridas a partir
dos anos 1990 até
hoje.
- FIGUEIREDO, Igor Silva
PAP1560 - No limbo: regimes de propriedade e de uso e administração de espaços comuns em bairros de promoção pública
No âmbito dos trabalhos do projecto REHURB – Realojamento e Regeneração Urbana (PTDC/CS-GEO/108610/2008), dedicado ao estudo dos bairros de promoção pública construídos em Portugal entre os anos de 1970 e a actualidade, analisamos os regimes de propriedade e de uso e administração de espaços comuns activos nesses bairros. Para o efeito, recorremos a vários elementos de caracterização geral do universo estudado, à análise da legislação e dos regulamentos relevantes, e à observação e pesquisa aprofundada de dois casos seleccionados. O tema dos ‘espaços comuns’ enquadra-se de modo principal no grande debate das múltiplas fronteiras e passagens entre o ‘público’ e o ‘privado’. Se bem que antigo, este debate ressurgiu, ampliou-se e diversificou-se ao longo das últimas três décadas, dando origem a um imensa literatura dedicada. De um modo geral, esta tende a dividir-se em duas grandes áreas de pesquisa que, mau-grado a tentativa habitual de divisão de águas, não deixam de apresentar múltiplas interacções entre si: a da ‘esfera pública’ e a do ‘espaço público’. Na nossa abordagem, baseada em trabalhos e reflexões anteriores, distinguimos nesse debate, a par destas duas últimas áreas, mais quatro frentes analíticas, a saber as relativas a: o ‘espaço virtual’, as ‘relações entre corpo, espaço e sociedade’, as ‘relações de propriedade e uso’ e a ‘teoria da escolha pública’. Em conjunto, estas seis frentes de análise parecem poder, contemporaneamente, dar boa conta da complexidade dos fenómenos abrangidos pelo debate ‘público/privado’, ao mesmo tempo que revelam ser, na sua maioria, úteis quando aplicadas a diversos exercícios de análise histórica. No caso deste trabalho, recorremos a várias dessas frentes. Por seu intermédio, cremos poder integrar fenómenos e conceitos teoricamente ainda bastante incertos, como sejam os casos especificamente relevantes de ‘espaços comuns’ e de ‘comum’ (incluindo as suas diversas ligações ao tema dos ‘commons’). De facto, estes constituem o próprio limbo do debate público/privado, reclamando assim uma análise dedicada. Partindo de um terreno de pesquisa particular, o dos ‘bairros sociais’, onde hoje se cruzam diversas relações de propriedade, assim como várias formas de uso e administração dos espaços comuns, vamos à procura da definição dos diferentes regimes que os caracterizam. O recurso ao conceito de ‘regime’ é aqui propositado. Este introduz imediatamente várias e importantes dimensões de análise que privilegiamos nesta pesquisa, com destaque para as de poder, cultura e relações sociais.
- RAPOSO, Rita
- MALHEIROS, Jorge
PAP0448 - Nova Classe Média no Brasil? Do consumo à estratificação.
O artigo analisa o surgimento de uma nova
classe média, como vem sendo proposto pelos
economistas brasileiros, à luz da perspectiva
sociológica dos estudos de classe. Para tanto,
recupera o debate da Economia, que se baseia
na renda e em itens de consumo para definir
classes, assim como o da Sociologia da
Estratificação, de acordo com seus diferentes
marcos teóricos. Usando dados das PNADs 2002 e
2009, apresenta o argumento de que as mudanças
na estrutura de classes não foram
significativas a ponto de apoiar a idéia de
uma nova classe, nem de que houve um
crescimento na classe média tradicional.
- SCALON, Celi
- SALATA, André
PAP0544 - Nova pobreza e desafios às políticas sociais
Portugal é um país que só recentemente partilha com o restante da Europa alguns dos debates sobre políticas públicas e modelos sociais. Aliás, só com a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1985, foi possível iniciar um processo de alguma afirmação de políticas públicas, quer no que respeita ao mercado de trabalho, quer no que respeita ao combate à pobreza e às políticas dirigidas para grupos específicos (abono de família, ação social escolar, pensões reforçadas, etc.).
O contexto socioeconómico da última década, caracterizado entre outras coisas, pela fragilização dos vínculos laborais, fez emergir “novos riscos” (Ulrich Beck), um contrato social reconfigurado (Pierre Rosanvallon) e a emergência de novas “inseguranças sociais” (Robert Castel). Face a essa nova “era da incerteza” (J. K. Galbraith) inauguram-se novas relações com o mercado de trabalho, ora mais precárias, ora mais sazonais, ora mais mal-pagas.
O mercado de trabalho atual tem sofrido rápidas e importantes mudanças estruturais, que têm alterado (estruturalmente) as relações de poder, as dimensões sociais, jurídicas, políticas e económicas. Ao mesmo tempo, este novo contexto refunda a relação entre o (des)emprego e a pobreza, entre o trabalho e o salário e entre o salário e o género, através da criação de um grupo cada vez mais relevante de “working poor”, constituído por cidadãos que vivenciam contextos e modos de vida de pobreza, apesar de manterem uma relação com o mercado de trabalho. Estes serão os temas da presente comunicação.
A transição do milénio trouxe novas dinâmicas económicas. Esta transição inaugura um novo domínio de vulnerabilidades. O trabalho, outrora assumido como caminho para a inserção e para a descolagem da pobreza, já não o consegue mais garantir. A par do desemprego de longa duração, os “novos pobres” (“novos”, não apenas por serem recentes, mas, sobretudo porque obedecem a uma nova dinâmica socioeconômica – o emprego e os baixos salários) edificam uma realidade que rompe com o passado.
Ao mesmo tempo, importantes mudanças legislativas são operadas no sentido da fragilização dos vínculos laborais, da precarização dos contratos de trabalho e da redução de importantes instrumentos de política social, sempre sob a justificação da “competitividade” e dos “constrangimentos financeiros”.
Importará, pois, analisar estas questões, assim como analisar o impacto de medidas concretas, como as políticas de natalidade, as políticas de “mínimos garantidos”, as políticas de incentivo ao mercado de trabalho, entre outras.
- RODRIGUES, Eduardo Vítor
PAP0149 - Novas formas de regulação e as (des)conexões entre Mercado e Sociedade no tocante à Gestão das Florestas no Brasil
O presente texto traz alguns resultados de
pesquisa e análises que tentam compreender
genericamente as novas conformações relativas
entre o Estado (e o funcionamento das
instituições democráticas), o Mercado (através
das novas disposições da empresa capitalista na
contemporaneidade) e a Sociedade relativamente
à constituição do processo complexo e difuso da
produção e consumo de itens florestais no
Brasil. Invariavelmente discutem-se as
limitações dos institutos democráticos no
tocante à capacidade de antecipação dos
problemas socioambientais a despeito da
vigência de políticas e ações regulatórias de
natureza coercitiva do Estado sobre as
empresas. De forma mais situada, o presente
estudo captura novas margens da regulação do
Mercado que parece consolidar um novo campo que
conecta diretamente a Sociedade ao Mercado. A
presente pesquisa em andamento é uma tentativa
de perscrutar as novas dinâmicas e suas
conexões e desdobramentos institucionais
(premeditados e não premeditados) para a
reestruturação do macro e do micro mundo
socioambiental, notadamente na região sensível
que envolve do desmatamento predatório até as
iniciativas mais conectadas aos valores da
sustentabilidade.
Subentende-se que o fenômeno econômico da
produção e consumo de produtos florestais são
arrastados por processos políticos e
societários em que o indivíduo cidadão-
consumidor movido por valores ambientais e de
justiça social, ao conferir credibilidade a
instâncias públicas de natureza privada (como
as Organizações Não-Governamentais
certificadoras socioambientais), orienta seu
consumo gerando estímulos sobre as realidades
econômicas, ajustando-as à demanda intangível
que é a realização de um valor por meio do
consumo. São ponderadas as repercussões sobre
um hipotético campo socioambiental em que se
situa a cadeia produtiva do florestamento e
reflorestamento.
Entre os indivíduos e a esfera econômica são
produzidas e estabilizadas novas fórmulas de
interação homem (consumidor) e meio ambiente,
socialmente sancionadas, mas sem a conotação de
um regime perfeito de intercâmbio humano à
natureza. No caso brasileiro uma riqueza de
realidades sociais perpassa esta relação dos
indivíduos ao mundo econômico, a começar por
uma tipologia de indivíduos — seja pobre e
excluído e sob pressão para migrar para as
grandes cidades, seja índio ou quilombola e não
menos pobre e excluído, sejam os indivíduos de
comunidades extrativistas igualmente pobres, ou
dos indivíduos circunscritos ao campo conhecido
das florestas gerenciadas por projetos de
engenharia de grande monta e de alta eficiência
mais conectada aos interesses do agronegócio —
com recursos variados para agirem em meio aos
mecanismos de regulação e de reprodução
material e simbólica, e dentro de certas
condições dialógicas que sustentam a interação
dos atores no campo.
- LIMA, João Vicente Ribeiro Barroso da Costa
PAP1197 - Novos (e velhos) modelos de desenvolvimento em um mundo globalizado: Economia solidária e autonomia
Resumo para o GT:Sociedade, Crise e
Reconfigurações na América Latina"
O objetivo do trabalho é mostrar como a
necessidade de elaborar modelos de
desenvolvimento autônomos, que respondam à
perspectivas distintas das idealizadas nos
modelos tradicionais, vem estimulando
mundialmente experiências econômico-sociais
inovadoras e estruturadas em torno do eixo da
chamada “economia solidária”, envolvendo a
criação de novas experiências monetárias e
reordenamentos na produção e distribuição,
além do compartilhamento de valores sociais
diferentes dos tradicionais individualismo e
estímulo à concorrência - como forma de
reorientar os objetivos do “novo”
desenvolvimento pretendido.
Uma vez que desenvolvimento exige
transformação, mudança com um sinal positivo
em direção a um objetivo, é sempre necessário
qualificar e explicitar esse propósito a ser
atingido. Nesse sentido a economia solidária
propõe um sistema econômico (sujeito a uma
racionalidade sócio-ética) que responda a
necessidade de produção e consumo através de
redes de cooperação que surgem, basicamente,
tanto das experiências fruto do
empreendedorismo solidário quanto do
cooperativismo; da tensão entre a exclusão e a
reinvenção do mercado. Simultaneamente, grande
parte das experiências com moeda social e com
circulantes locais vem se colocando como
companheiras em todas as variações nas quais à
economia solidária vem se apresentando, tanto
no caso das experiências mundiais e
extraordinariamente ainda no caso das
brasileiras.
Entretanto, em que medida tais relações podem
se colocar como base para um modelo regional,
nacional ou local de desenvolvimento autônomo?
Em que medida o compartilhamento do mundo com
o sistema capitalista globalizado pode
estimular ou, ao contrário, dificultar o
desenrolar dessas experiências que, em
princípio, se entendem locais e “localizadas”?
Estarão essas novas propostas baseadas em
modelos de desenvolvimento diferentes do
neoliberal? Sendo referenciadas regionalmente
e abertas a racionalidades não mercantis,
serão capazes de recuperar a autonomia e a
soberania sobre os recursos naturais e humanos
atualmente apropriados de forma globalizada?
Tentando respondera tais questionamentos o
presente trabalho apresenta os resultados de
uma análise comparativa que leva em conta os
ideais, princípios e instrumentos de algumas
experiências concretas com instituições
monetárias alternativas e sua relação com
experiências de empreendimentos de economia
solidária no Brasil.
- SOARES, Claudia Lucia Bisaggio
PAP1081 - Novos actores em cena: os “Indignados” na Europa e em Portugal. Processos, identidades e estratégias nas formas emergentes de acção colectiva.
O contexto europeu é assolado por uma crise profunda, de traços estruturais, e cujas manifestações atingem os campos económico, político e social. Simultaneamente tem vindo a dar mostras inequívocas da emergência de novos actores colectivos que apresentam traços distintivos, tanto no que diz respeito aos modos de acção adoptados como ao afastamento relativamente às dinâmicas institucionais tradicionais. A conformação destes ocorre num contexto conturbado de mudanças que revela as dificuldades, das sociedades modernas, em acomodarem os processos de modernização: o crescimento do desemprego, o desmantelamento do Estado Social, a “ditadura dos mercados”, a segmentação do mercado de trabalho, entre outros factores.
O contexto europeu e a sua tradição do Estado Social são afectados pela proliferação das ideologias de mercado e pelas novas políticas de produção. Os desafios impostos pela nova ordem são tanto difíceis de ultrapassar como indesejáveis. A exigência de soluções é premente, contudo as respostas institucionais – principalmente dos sindicatos – têm ficado aquém das expectativas. Não obstante, não podemos afirmar que são inexistentes as iniciativas para combater o cenário de crise. A sociedade civil tem vindo a revelar um dinamismo e capacidade de auto-organização surpreendentes, tornando-se locus de emergência de actores políticos e de processos de dinâmicas contenciosas (contentious dynamics).
O nosso objectivo é identificar e analisar os processos subjacentes às recentes mobilizações no espaço europeu, mais conhecidas como o movimento dos “Indignados”. Este nasceu em Madrid mas disseminou-se rapidamente por outros países, muito graças à forte componente de cyberactivismo que permitiu a construção de novas identidades e gerar novos tipos de solidariedade. Ao analisar o contexto de mobilização internacional, temos também por objectivo demonstrar de que forma este interage com o contexto de mobilização português, decorrente em grande medida da tendência de precarização das relações laborais. Dadas as limitações apontadas tanto à perspectiva da Mobilização de Recursos como ao paradigma Europeu (abordagens da Identidade), no que concerne a análise destas formas de acção colectiva com traços inovadores, optámos – na análise a que nos propomos – por combinar outras opções teóricas, como a análise das dinâmicas contenciosas e os elementos fornecidos pelas abordagens de autores como Ernesto Laclau e Chantal Mouffe.
- FONSECA, Dora

Dora Fonseca. É licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. É aluna do programa de Doutoramento em Sociologia: Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e do Centro de Estudos Sociais. Desenvolve a sua investigação nas áreas da sociologia do trabalho, sindicalismo e movimentos sociais e tem publicado vários trabalhos a propósito desses temas.
PAP1466 - O Agente Comunitário de Saúde em Fortaleza: análise de uma política de saúde em uma cidade de grande porte
A profissão de agente comunitário de saúde
(ACS) foi criada no Ceará e posteriormente
exportada para todo o Brasil. Surgiu como
Programa Agente de Saúde (PAS), em 1987, pelo
médico ligado à Reforma Sanitária, Carlile de
Lavor, como parte de programa emergencial
temporário para socorrer a população de algumas
regiões do Estado atingidas pela seca
(MEDEIROS, 2002). Em 1994, o Ceará foi pioneiro
de outra política de saúde denominada Programa
Saúde da Família (PSF), que foi implementado
pelo município de Quixadá, sendo seu lançamento
como programa nacional, em 1995 (VIANA e DAL
POZ, 2005). Cada unidade de PSF foi constituída
inicialmente por uma equipe multiprofissional
formada por um médico, um enfermeiro, um
técnico em enfermagem e aproximadamente seis
agentes comunitários de saúde. Atualmente o
Programa se configura como uma Estratégia,
Estratégia Saúde da Família (ESF. Assim este
estudo objetiva compreender as características
do trabalho do Agente Comunitário de Saúde
(ACS), da Estratégia Saúde da Família (ESF) de
Fortaleza, Ceará, Brasil, contribuem para a
implementação de uma política que visa a
entrada do usuário no Sistema Único de Saúde
(SUS) através da Atenção Básica, propondo a
prevenção de doenças e a promoção da saúde.
Especificamente alguns dos objetivos é
compreender como o ACS percebe seu trabalho
dentro da Equipe enquanto sujeito de
articulação da comunidade com o sistema de
saúde local; examinar a percepção do ACS sobre
seu papel como profissional dentro da
comunidade e como integrante desta; investigar
como esse profissional estabelece espaços de
negociação, no cotidiano de trabalho, tanto com
a equipe de ESF, como com a comunidade por ele
assistida; e, examinar de que maneira as
abrangências de ações na ESF, numa metrópole,
influenciam o desenvolvimento do trabalho do
ACS. Será realizado estudo bibliográfico
considerando estudos anteriores assim como
documentos referentes à Estratégia. Apesar de
Fortaleza ser uma metrópole com características
diferentes dos demais municípios do Ceará, uma
das premissas para a seleção do profissional é
que ele deve, obrigatoriamente, morar na mesma
microárea (ou em seu perímetro) em que vai
atuar. Assim o profissional ACS atua em um
grupo social denominado oficialmente pelo
governo como “comunidade”. Para Bauman (2003),
a expressão comunidade representa a impressão
de lugar cálido, confortável e aconchegante. O
autor destaca que, na atualidade, essa palavra
expressa a esperança do paraíso perdido, não
mais acessível às condições contemporâneas de
sociabilidade (id. ib.). O fato de o ACS
residir na área onde trabalha pode favorecer o
estabelecimento de relações de confiança com
essa comunidade, contudo isso, não significa a
ausência de conflitos e sob essa ótica do
trabalho em uma comunidade a qual se pertence,
se constitui outro ponto de interesse para a
realização dessa investigação.
- LESSA, Maria das Graças Guerra
- MEDEIROS, Regianne Leila Rolim
- MARQUES, Ana Maria Almeida
PAP0126 - O Ambiente e a Sociedade Rural de São José dos Ausentes nos Campos de Cima da Serra, Brasil
O Brasil tornou-se um destino turístico
competitivo e consolidado. Isso se deve aos
segmentos turísticos ofertados, entre eles, o
rural. A partir do inventário das propriedades
rurais do município de São José dos Ausentes
(região dos “Campos de Cima da Serra”, Rio
Grande do Sul, Brasil), as quais desenvolvem
atividades turísticas no espaço rural, a
pesquisa analisou de que maneira os
proprietários rurais e a comunidade local
usufruem do ambiente para desenvolver as
atividades não agrícolas. A pesquisa foi
dividida em duas etapas: a primeira, de
caráter exploratório, constituiu-se no
levantamento do número das propriedades rurais
ali existentes; a segunda, na aplicação de
questionário (perguntas fechadas). A
investigação, de caráter censitário, foi
realizada entre os meses de outubro de 2010 e
janeiro de 2011. Os dados foram coletados
junto a nove propriedades rurais, que
vislumbram, na atividade turística, a
oportunidade de desenvolver atividades não
agrícolas como forma de ampliar as respectivas
receitas. A extensão territorial de São José
dos Ausentes é de 1.176,7 km², e a população
total é de 3.290 habitantes, sendo 1.228 na
zona rural. Seu bioma é caracterizado pela
Mata Atlântica e seu clima é subtropical. A
paisagem da região é marcada por coxilhas e
araucárias. No que se refere às
características dos proprietários dos
empreendimentos que praticam turismo no espaço
rural, 55,6% são homens, 33,3% possuem o
ensino médio completo, 88,9% são casados ou
estão em uma união estável, 88,9% possuem
filhos, e 77,7% residem na própria
propriedade. Atualmente, 33,3% das
propriedades encontram-se na terceira geração,
sendo que uma delas está há sete gerações na
mesma família. As propriedades possuem
extensões territoriais bastante variadas:
66,7% possuem menos de 101 hectares. Em 44,4%
há cachoeiras ou cascatas, como é o caso da
cachoeira formada pelo desnível dos rios
Divisa e Silveira, um atrativo natural que se
constitui que correm paralelamente e em
determinado ponto dos seus cursos, com uma
queda d’agua. Há também oito propriedades
(88,9%) que autorizam a pesca, diferentemente
da caça, que é proibida em todas elas. A
propriedade que mais tempo se dedica ao
turismo está há 15 anos no setor. Entendemos
que existe uma consciência ambiental por parte
dos proprietários rurais dessa região,
contribuindo para a preservação do bioma Mata
Atlântica, e, ao mesmo tempo, assegurando a
continuidade da atividade turística nesse
espaço rural.
- SPINDLER, Magda Micheline
- VALENTINI, Andiara de Souza
- SANTOS, Eurico de Oliveira
PAP0605 - O Artista e a Música na Sociedade Cultural Digital: Evolução dos direitos performativos em Portugal
GT Comunicação Social
A música, como elemento de expressão cultural, é também um negócio. Um negócio que esta presente em todas as esferas de consumo da sociedade, em inúmeros suportes, físicos ou digitais, e variados meios de distribuição, sendo o canal digital o mais recente meio que eleva o debate dentro da classe artística, tanto pelas suas virtudes, como pela controvérsia causada pela aguerrida vontade de uma cultura prossumer, que tem conseguido mudar o paradigma vigente de um consumo exclusivo físico, transformando hoje a tendência do consumo musical, num consumo multiplataforma.
Apesar de ser um crescimento de substituição de hábitos de consumo, os meios complementam-se valorizando o negócio como um todo, dando assim ao consumidor, aos produtores, aos músicos, e a todos os envolvidos no negócio da industria musical (ou fonográfica), novas formas de crescer e valorizar este sector criativo.
A discussão não se prende tanto em se a sociedade caminha para um consumo digital de música, mas em como esse consumo evoluirá ao longo dos próximos anos, e principalmente, qual o papel do artista na gestão da sua própria carreira, e no processo económico, social e digital que se desenrola ao seu redor.
Por outro lado, o artista, criador, interprete, executante de uma obra, é também o resultado de um talento natural, fruto das inúmeras escolhas pessoais e profissionais que o tornaram num músico profissional. É um emissor, criador e intérprete, de algo dificilmente quantificável que eleva os sentidos, e que a todos na sociedade, desde os tempos mais primitivos do homem, nos toca, e nos une culturalmente. Se existe um elemento unificador na cultura humana, a música é certamente um deles.
A sociedade cultural é avaliada não só pela abstração da qualidade artística dos elementos que a compõem, mas pelo valor económico, pela mais valia, e pelo retorno económico que um investimento traz aos seus investidores. Não se pretende uma crítica com esta afirmação, pretende-se uma constatação de facto, possível de ser avaliada e medida, um modelo de base de comparação, favorável à difícil ligação da qualidade artística como modelo de fomentação cultural e meio de retorno económico. A indústria musical ainda a adaptar-se à sua evolução, num debate que ainda não teve um fim, mas no qual se constata que o paradigma do mercado cultural musical mudou, e ainda não terminou a sua evolução disruptiva.
Se o artista é um instrumento de expressão cultural, um produtor de cultura, e o processo de criação é abstracto, como se avalia o seu retorno económico num mundo em que as suas prestações deixam de ser quantificadas em unidades físicas de venda a retalho, e passam para uma quantificação digital de venda em lote, ou por subscrição. O que significa consumo digital para o artista na era da Web 2.0?
- NAVES, Diogo
PAP1115 - O Bio-gráfico: desenvolvimento, aplicação e contributos do instrumento na investigação qualitativa
Esta proposta de comunicação pretende descrever um instrumento qualitativo de apoio à recolha de dados – o bio-gráfico. Desenvolvido a partir da necessidade de dar suporte à realização de entrevistas focadas na reconstituição de informação passada, o bio-gráfico consiste numa representação gráfica de informação histórica de um indivíduo, sendo composto por várias dimensões organizadas sobre uma linha cronológica central, permitindo estruturar os discursos de cada entrevistado e constituindo-se uma base privilegiada para o desenvolvimento da narrativa.
A construção do instrumento teve origem em pressupostos da Psicologia e da Sociologia, em particular nas metodologias usadas no domínio do comportamento desviante (Agra e Matos, 1997) e no modelo da interdependência dos sistemas de vida (Curie, 2000), o que explica a importância atribuída à experiência individual, à dimensão processual dos acontecimentos e ao significado construído pelos indivíduos.
O bio-gráfico foi concebido no âmbito de um estudo sobre envelhecimento e trabalho (Ramos, 2010), incluindo cinco dimensões de análise: percurso profissional; história de saúde; percurso escolar; história familiar; meio social e geográfico. O instrumento foi usado em outros contextos de investigação, como por exemplo na reconstituição de trajectórias de desempregados de longa duração e de trabalhadores temporários,com vista à identificação de perfis. Houve ainda lugar à sua adaptação para contextos específicos de investigação, como é o caso de um estudo sobre análise de projectos de concepção de postos de trabalho (Gil-Mata, Lacomblez & Bellies, 2011). Aqui, o instrumento é centrado sobre um projecto e não sobre um indivíduo, sendo apelidado de projectográfico (Gil-Mata & Lacomblez, 2010), assumindo-se como representação partilhada da evolução do projecto e incluindo também cinco dimensões: espaço de trabalho; meios de trabalho; organização do trabalho; reflexão e elaboração.
A utilização do instrumento tem mostrado vantagens a diferentes níveis: i) na condução de entrevistas, já que este serve de orientação à narrativa dos sujeitos; ii) na validação e restituição dos dados, contribuindo para a validade dos estudos; iii) no cruzamento de dados hetero e autobiográficos, possibilitando a triangulação de fontes de informação; iv) na visualização dos dados, permitindo uma ilustração da trajectória pessoal ou projecto em estudo, permitindo a análise temporal ou histórica dos mesmos; v) no interface entre o sujeito e os dados, ao possibilitar, ao próprio indivíduo, através do confronto com o registo gráfico, repensar a sua trajectória, atribuir novos significados e construir novas relações entre acontecimentos.
Este instrumento constitui não só um suporte para a recolha de dados mas também um elemento de intervenção em si, dada a importância deste exercício de atribuição de significados e sentido às vivências dos indivíduos.
- RAMOS, Sara

- MATA, Rita Gil
Sara Ramos doutorou-se em Psicologia, na especialidade de Psicologia do Trabalho pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação,da Universidade do Porto, em 2006. É Professora Auxiliar no Departamento de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, desde 2007. As suas áreas de ensino incluem métodos de investigação, métodos qualitativos, psicologia do trabalho e recursos humanos. Os trabalhos de investigação mais recentes têm-se centrado na relação entre saúde, idade e trabalho mais especificamente na temática do envelhecimento e trabalho.
PAP1142 - O CONSUMO CULTURAL NA INFÂNCIA COMO UM APRENDIZADO PARA A FORMAÇÃO DE CIDADÃOS
Investir em conquistar a preferência das
crianças é investir no futuro. Garantir que
elas tenham afeição por uma marca, desejo e
identificação por determinado produto é
certamente um dos objetivos de negócios de
grande parte das empresas que atuam no mercado
mundial, ainda que elas não tenham produtos
exclusivamente desenhados aos pequenos
consumidores. Esse cenário é recente, o
reconhecimento das crianças como público
consumidor, que teve início na década de 1980,
foi o primeiro passo para que elas fossem
incluídas em diversas discussões, como a
Convenção Internacional dos Direitos da
Criança, estabelecida pela ONU, em 1989
reforçou a importância de incluir esse público
nos debates sociais e também nos que se
referiam ao consumo e às mídias.
A relação entre consumo das crianças e a
formação de futuros cidadãos parece uma
proposta intrigante e por isso mesmo passível
de ser estudada. Nestor Garcia Canclini, afirma
que o consumo é que define como um indivíduo se
integra à e se diferencia na sociedade e, a
partir dele, cria e organiza novas identidades
culturais. O espaço na esfera política está
cada vez mais restrito, ou menos atrativo, aos
cidadãos, que têm suas escolhas cada vez mais
favorecidas no ambiente do mercado (2006),
quando se trata das crianças então, essa
possibilidade de atuação político-social é mais
distante e a do mercado favorecida. Como,
então, aprender com o exercício de uma atuação
participativa no campo do consumo para gerar
experiência e aprendizado para uma postura
atuante no campo social e político? Isso é
possível e, como em todos os aprendizados,
quanto mais cedo acontecer, mais natural será,
como ensina a sociologia do gosto, de Pierre
Bourdieu (1999).
O objetivo desse artigo é investigar como o
consumo de um produto cultural por parte das
crianças tem a possibilidade de incentivar o
engajamento delas em causas voltadas ao
coletivo, e conseqüentemente a formação de
futuros cidadãos. Para isso foi estudado um
produto cultural que esteve disponivel no
mercado brasileiro em dois momentos diferentes,
na década de 1970 e posteriormente em 2000.
Esse produto é uma revista infantil cujo nome é
Recreio que se propoe a divertir e isntruir
seus leitores com uma abordagem diferenciada.
Porém, após as análises é possivel identificar
que utiliza o mesmo formato do mercado
editorial destinado aos adultos.
- CORREIA, Ligia Stella Baptista

Ligia Stella Baptista Correia
Mestre em Ciências Sociais: antropologia pela PUC-SP (2010). Especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (2002). Bacharel em Comunicação Social: Publicidade e propaganda - habilitação Marketing pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2000). Áreas de pesquisa infância, mídia e educação, cultura e indústria cultural, práticas de consumo e consumo cultural.Atua no mercado de bens de consumo há 15 anos, dos quais a maior parte na área de marketing com foco em consumo infantil e conhecimento do consumidor.
PAP1586 - O Congresso Português de Sociologia e as tendências de evolução da Sociologia da Saúde em Portugal
Alocução introdutória da Secção da Sociologia da Saúde
- TAVARES, David

- LOPES, Noémia
- CARAPINHEIRO,Graça
David Tavares é Professor Coordenador da Área Científica de Sociologia
da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (Instituto
Politécnico de Lisboa), onde é actualmente Presidente do Conselho
Técnico-Científico e lecciona as unidades curriculares de Sociologia das
Profissões e de Sociologia da Saúde. É licenciado em Sociologia pelo
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), mestre
em Sociologia Aprofundada e Realidade Portuguesa pela Universidade Nova
de Lisboa e doutorado em Ciências da Educação - Especialidade de
Sociologia da Educação pela Universidade de Lisboa. É autor do livro
«Escola e identidade profissional - o caso dos técnicos de
cardiopneumologia» e de diversos artigos científicos publicados em
livros e revistas. É investigador do Centro de Investigação e Estudos em
Sociologia (CIES) do ISCTE/IUL - Instituto Universitário de Lisboa e
olaborador da Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Educação e
Formação (UIDEF) do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
PAP0395 - O Consumo Cultural nos Museus Virtuais: O caso do Museu virtual da Rádio e Televisão de Portugal (RTP)
Nas últimas décadas tem-se vindo a observar profundas transformações nos mais diversos contextos, dando origem a novas dimensões culturais. As mudanças de paradigma são o resultado da crescente globalização e interdependência internacional nos finais do século XX. Desta forma, é fundamental implementar novas e criativas soluções no sector cultural, como o recurso às novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Neste sentido, a presente investigação, pretende desconstruir o impacto das mesmas nas instituições culturais, concretamente no caso dos museus, que se deparam com mudanças paradigmáticas ao nível conceptual, impulsionando a emergência de novas tendências de consumo e acessibilidade, nomeadamente através da sua virtualização. Surge assim uma nova concepção do espaço museológico, como forma de ultrapassar as dificuldades de comunicação com o seu consumidor, única e exclusivamente associada à virtualização do seu espaço físico - museu virtual - que se caracteriza pela divulgação de “informações mais detalhadas sobre o seu acervo e, muitas vezes, através de visitas virtuais” (Oliveira e Silva). O museu virtual é ainda caracterizado por Deloche (2001) como um museu ubíquo, sem fronteiras, e como “um espaço paralelo e complementar que privilegia a medição da relação do utilizador com o património” (Oliveira e Silva: 7).
O Museu da RTP é um exemplo desta mudança no contexto museológico português, notando-se um investimento e esforço por parte da instituição em adaptar–se às tendências do consumidor contemporâneo. É de salientar que esta instituição é de carácter estatal, pelo que enfatiza a valorização de reorganização do sector cultural por parte do Estado português, no sentido de actualizar e dinamizar as suas instituições. Em suma, esta investigação centra-se na virtualização do Museu da RTP, procurando identificar as motivações que levam o público a aceder (ou não) a esta plataforma e de que forma esta mudança conceptual contribui para o desenvolvimento do consumo cultural no contexto museológico português.
- ALVES, Sofia Branquinho

- ALVES, Tânia Patrícia Lima
Sofia Branquinho Alves, Research Analyst na Sonae Sierra, Portugal. Licenciada em Comunicação Social – especialização em Comunicação Cultural (ESE- Instituto Politécnico de Setúbal) e Mestranda em Comunicação Social – especialização em Comunicação Estratégica (ISCSP – Universidade Técnica de Lisboa). Iniciou o seu percurso como estagiária na AYR - Consulting, empresa de consultoria na área da inovação estratégica (tendências & consumer research), onde também desempenhou funções de Coolhunting. Colaborou na edição do livro “Tendências e Gestão da Inovação” e publicou um artigo na área do consumo: “Museu Virtual da RTP”. Em 2011, começou a estagiar no departamento de Market Intelligence, da empresa Sonae Sierra (Portugal), onde desempenhou funções na área do Market Research, Competitive Intelligence & Scouting. Em 2012, integrou a equipa de Data Analysis & Reporting, no mesmo departamento, onde exerce atualmente funções.
PAP1004 - O Corpo na Escola - relação entre corporeidade e aprendizagem na educação básica
A infância tem sido compreendida sob uma perspectiva adultocentrada (James & Prout, 1990), defina negativamente (Sarmento, 2003). O conceito de “socialização” define as crianças como seres em transformação num ser social. Este conceito é desconstruído por autores (por exemplo, Corsaro, 1997; James, Jenks & Prout, 1998), que veem as crianças como seres sociais plenos, como atores, e não apenas como receptores passivos no processo de construção social (Mead, 1970).
Porém, na escola exige-se às crianças (Sarmento, 2004) um saber homogeneizado, ética e disciplina mental e corporal (Foucault, 1993), que Foucault defende ser uma expansão dos processos simbólicos de controlo social e exercício de poder. Estas exigências ignoram a possibilidade de criação e o poder interventivo das crianças.
Contrariamente a esta lógica, as crianças são atores sociais, capazes de criação cultural. As suas culturas são essencialmente culturas de pares, em que o jogo e a brincadeira são condição da aprendizagem (Sarmento, 2004), e a imaginação é inerente ao processo de formação e desenvolvimento da personalidade e racionalidade (Sarmento, 2003).
O corpo na escola, do aluno e do professor, têm sido investigados. Contudo, nota-se uma ausência de reflexão sobre outras abordagens (Gaya, 2006), que relacionem aprendizagem e corporeidade, reconhecendo a arte enquanto forma de conhecimento, o movimento e a corporeidade como potenciadores de formas de aceder e integrar a informação.
Pretendemos preencher esta lacuna, conduzindo um estudo de caso multidisciplinar, pesquisando, com alunos do ensino primário, como a escola e a sociedade constroem um corpo-estudante passivo, oposto a um corpo-brincante ativo. Finalmente, estudámos de que forma o movimento influencia a aprendizagem, propondo aulas nas quais os conteúdos curriculares são estudados a partir de uma perspectiva ativa das crianças.
PAP0755 - O Crescimento Abrupto dos Pólos Urbanos e seu Impacto sobre o Indivíduo e Sociedades: Uma Reflexão sobre o Espaço Público de Hoje
A cidade de hoje, a forma como esta se conjuga e relaciona. Que territórios gera e que tipo de relações promove.
É proposta uma reflexão à cerca do crescimento da cidade, repensando a alteração dos seus usos numa dialéctica de causa/efeito para a configuração que conhecemos na estruturação espacial contemporânea, e nas cicatrizes que reconhecemos, de um passado marginal e controverso, no qual a pós-modernidade desempenhou papel incontornável.
As questões sociais e humanas, acompanhadas de uma rápida necessidade de actualização imposta pela força industrial e tecnológica são recordadas para entender uma leitura traduzida pela quantificação – de edifícios, fogos, indivíduos – , na qual cheios e vazios vão compondo e estruturando os nossos núcleos populacionais e a redes compostas por estes. “As distâncias são medidas sem qualidade, são ritmos de presença e ausência. Como os silêncios musicais ajudam a entender as frases sonoras pelo ritmo de pausas, e pela espera constante do intervalo.” (Solá-Morales, 2008)
O constante upgrade urbano reflectiu-se de forma dramática, sobretudo nos territórios mais periféricos, na sua morfologia e paisagem, resultando instantaneamente num rejeitar das pesadas estruturas de escoamento de transito e das “cidades dormitório”, e numa consequente nostalgia pela cidade histórica, consciência patrimonial e ainda a perigosa “musificação” dos centros históricos – que tal como os próprios espaços expositivos, se compõem de movimento sazonal e de frentes bidimensionais sem grande hipótese à apropriação.
Caminhamos para uma crescente desmistificação destes territórios “à margem”, com a estruturação e fusão destes espaços uma vez chamados de “não lugares” (Lynch, 1960), observando-os com menor preconceito, e aceitando que de certo modo se adaptam “à paisagem natural e cultural à sua maneira (...). Os edifícios têm personalidades. Os locais adquirem sons e odores distintos em ocasiões especiais.” (Augé, 1992)
Um percurso impulsionado por uma inquietação, que visa contribuir para a curadoria das cidades de hoje, que por mais antigas que sejam, longe se poderão traduzir apenas pela sua historicidade e que a passos largos caminham para uma dimensão desconhecida, questionando se ainda se poderão assumir por metrópoles, na mais pura das suas acepções.
Defendendo uma rede interdisciplinar que, assuma claramente que as “cidades não são vilas; não são máquinas; não são obras de arte; e não são estações de telecomunicação. São espaços de contacto de enorme riqueza e variedade. São espectaculares – e qual é o mal disso?” (Wilson, 1991)
PAP1362 - O Crescimento de Juazeiro do Norte - Ceará na última década: O Papel das Políticas de Atração de Investimentos Industriais nesse cenário.
A partir da década de 1960, o governo do Estado do Ceará identificou na industrialização, um caminho para promoção do desenvolvimento econômico. A via adotada para intensificar o processo de industrialização do estado, foi a adoção de uma política baseada em incentivos fiscais e de infraestrutura. Assim, apoiado nessa política, o Ceará foi um dos primeiros estado brasileiro a adotar o artifício da concessão de benefícios creditícios e tributários, incluindo, a doação ou oferta de terrenos a preços simbólicos, além das facilidades de infraestrutura e renúncias fiscais.
O aparente crescimento de Juazeiro do Norte, cidade localizada no extremo Sul do Estado do Ceará, tem sido o foco de grandes investidores nos últimos anos. Esse processo de crescimento tem atraído um grande fluxo de pessoas que buscam oportunidades em setores que despontam através de investimentos públicos e privados. Além disso, o perfil industrial da cidade, que concentra a maior parte das indústrias da mesorregião do Sul Cearense também contribui para essa dinâmica
Dessa maneira, o presente trabalho buscou observar o papel das políticas de atração de investimentos industriais no crescimento da cidade de Juazeiro do Norte/CE na última década, evidenciando a situação da indústria local, bem como a evolução do emprego industrial na referida cidade.
Para tanto, dois métodos de pesquisa foram utilizados: a exploratória e a descritiva. Inicialmente, valeu-se da pesquisa exploratória, mais especificamente do método levantamento bibliográfico. A pesquisa descritiva teve como foco principal a comprovação da hipótese. No caso, comportou a investigação de documentos existentes nas Secretarias de Governo de Estadual, especialmente, na Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE), além de documentos obtidos no SEBRAE – Juazeiro do Norte, a fim de coletar dados sobre os instrumentos de incentivos utilizados na implantação, realocação, ampliação, modernização e recuperação de empresas consideradas interessantes para o desenvolvimento socioeconômico de Juazeiro do Norte.
Verificou-se, que a política de descentralização adotada pelo governo estadual tem atraído empreendimentos industriais para o interior, principalmente do setor calçadista. No entanto, conforme resultados apresentados, a concessão de benefícios na cidade de Juazeiro do Norte foi efetuada, em sua maioria, para indústrias que já se encontravam em funcionamento. Dessa forma, constatou-se que as políticas de incentivos industriais contribuíram para potencializar as indústrias locais, muito mais do que conseguiu atrair novos negócios. Também foi observado que os incentivos concedidos pelo Governo Federal também federal não contribuíram para a desconcentração das indústrias por todo o território cearense, restando a Juazeiro do Norte apenas 4% do total destinado ao Ceará no período estudado.
PAP0417 - O DESENVOLVIMENTO RURAL E A CONEXÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS
É recente no Brasil a atenção acadêmica dada aos movimentos políticos, sociais, ambientais e de saúde que têm influenciado no rearranjo de cadeias alimentares de abastecimento e, consequentemente, ancorado um novo paradigma de desenvolvimento rural. O debate internacional, mais avançado, tem apontado para uma necessária vinculação dos estudos sobre domínios interconectados e codependentes: a produção e o consumo de alimentos. Comumente desvinculados epistemologicamente, a complexidade e o hibridismo da atual dinâmica agroalimentar tem evidenciado a fragilidade desta fragmentação dada sua limitação explicativa. Dessa forma, os problemas alimentares como fatos sociais relevantes, deveriam unir perspectivas teórico-metodológicas em uma tentativa de maior abrangência e compreensão. Nesta defesa, argumenta-se que os movimentos que desarticulam o modelo hegemônico assentado no distanciamento das cadeias de abastecimento alimentar, reagem as suas conseqüências, reaproximando as relações de produção e consumo. Para entender esta mudança, é necessário aproximar também os estudos sobre consumo e produção de alimentos, considerando que ambos fazem parte de um processo dinâmico de mudanças que determinam um ao outro, readequando-se constantemente (Douglas e Isherwood (2004). Corroborando essa proposição, Goodman e Dupuis (2002) salientam que a cultura de produção e a cultura de consumo não são “purificadas”, não são categorias separadas da vida social, mas uma constitui a outra. No entanto, consideram que o tratamento da produção e do consumo em estudos agroalimentares ainda é muito assimétrico. Na contramão do modelo produtivista, experiências e práticas têm sido verificadas em que esta relação entre produção e consumo é desconstruída, promovendo o encurtamento da cadeia de abastecimento. As cadeias curtas, determinadas por relações mais próximas, seriam apoiadas por interesses e necessidades de agricultores e consumidores e por valores sociais que ultrapassariam a simplista visão econômica ou simbólica. A partir dessas discussões, sugere-se abordagens teóricas que vêm sendo utilizadas para a compreensão dos processos de mudança e de constituição destes novos mercados, os quais envolvem as relações, ações e significados entre consumidores, produtores e o Estado. A perspectiva orientada ao ator providencia uma base de estudo para a reflexão e entendimento da mudança estrutural na qual os atores e seu poder de agência são partes intrínsecas do processo. Concatena-se a ação estratégica dos atores com a abordagem da construção social dos mercados, evidenciando os significados, as normas, as regras e os recursos implícitos temporal e localmente, entre os quais, a qualidade dos alimentos, que são importantes na modificação institucional e na consolidação de novas cadeias alimentares de abastecimento.
- TRICHES, Rozane Marcia

Rozane Marcia Triches
Possui graduação em Nutrição pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1998), mestrado em Epidemiologia (2004) e doutorado em Desenvolvimento Rural (2010), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Brasil. Atualmente é professora adjunta do curso de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul, atuando principalmente nos seguintes temas: alimentaçao escolar, agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, saúde coletiva, e sociologia da alimentação.
PAP0599 - O Discurso do Conhecimento e da Inovação: reflexões sobre as novas formas de profissionalismo
O discurso sobre o conhecimento e inovação tem
vindo a desenhar novos desafios no âmbito das
profissões e do profissionalismo. A produção e
discurso sobre o conhecimento profissional abrem
novas perspectivas de investigação sociológica. A
legitimação do conhecimento científico e,
particularmente, do discurso sobre o conhecimento,
parece estabelecer uma forte relação com a ideia
de que este tipo de discurso, que emerge de uma
disciplina social em torno da ciência, produz
objectos e princípios que servem de base à
produção do conhecimento. Na esteira de Foucault,
é precisamente o poder disciplinar do discurso
científico que dá forma às sociedades
contemporâneas; a emergência da sociedade pós-
industrial está fortemente ligada às alterações em
termos do valor e do estatuto do conhecimento.
Este tem constituído desde sempre um elemento
central em termos da inovação, mas no contexto
actual emerge uma nova propriedade do
conhecimento: a sua natureza comercial e
económica. Este novo estatuto do conhecimento
coloca o discurso do conhecimento e da inovação na
arena política, onde grupos de interesse se
debatem em torno da sua articulação. O valor
económico do conhecimento redefine a sua natureza.
O discurso do conhecimento está presente nos novos
grupos ocupacionais tais como os consultores de
gestão ou as profissões ligadas às tecnologias de
comunicação e informação, que partilham o mesmo
“título” de trabalhadores do conhecimento com as
profissões científicas tradicionais como os
físicos, os biólogos ou os médicos.
Assim, procura-se reflectir de que modo as
relações de poder entre os diferentes grupos estão
a ser redefinidas e renegociadas em torno do novo
discurso do conhecimento. Desta forma, serão
expectáveis alterações diversas que este novo
discurso faz despoletar em termos dos mecanismos
de regulação profissional e as novas formas de
profissionalismo. Pretende-se reflectir em torno
das questões acima elencadas, desconstruído a
retórica do valor económico do conhecimento que
representa a ideia de um mundo justo onde o acesso
ao conhecimento é universal e onde este se
constitui como um factor determinante para o
sucesso económico. O novo discurso em torno do
conhecimento e da inovação foca a sua atenção (e
promove) uma noção muito restrita de conhecimento,
representando-o enquanto objecto que pode ser
transferido, armazenado e medido, i.e., que pode
ser controlado em termos económicos. Este discurso
parece ter vindo a ser suportado através de novas
técnicas ou tecnologias que permitem o seu
controlo mais efectivo. Aprendizagem contínua,
partilha de conhecimento e inovação tornam-se
imperativos no topo das agendas das empresas e os
gurus das diferentes profissões desenvolvem
soluções, novas qualificações e novas práticas
profissionais tendo em vista não apenas aumentar a
performance das organizações em que se inserem,
mas também reconstruírem as suas estratégias de
profissionalização.
- SERRA, Helena
PAP1526 - O ESPAÇO BIOGRÁFICO CONTEMPORÂNEO: DESAFIOS À METODOLOGIA
Que desafios se colocam hoje à abordagem biográfica na sociologia? Esta comunicação propôe um breviário de questões e novas vias suscitadas pela noção de espaço biográfico com vários sentidos, suportes e narrativas. Uma noção emergente e multidisciplinar que acolhe tanto o registo das histórias de vida nas ciências sociais aos outros de vidas faladas, escritas, documentadas e ficcionadas no quotidiano, nos media, nas imagens, no ciberespaço, nas artes, entre mais horizontes. Auto/biográficamente, habitamos pois um espaço interdiscursivo, polissémico e híbrido, duplamente reflexivo e mediatizado das vidas, mesmo nas suas formas mais intimistas. Um espaço público e privado, trans/local e multi/cultural, cosmopolita e vernacular. Em suma, babélico e dialógico com a polifonia de vozes sobre as vidas, tal como desigual ou segmentado nos modos de cada uma falar e reclamar a sua “verdade”. Assim, a própria definição de auto/ biografia ou récits de vie para os indivíduos e comunidades, ganhou mais cambiantes e extensão nesse espaço em que o “biográfico” tanto convoca como circula quatro grandes eixos com metamorfoses contemporâneas: subjectividade e identidade, memória e história. Para a sociologia, são expressões plurais da vida que também requerem novas abordagens e versatilidade metodológica para além de protocolos mais habituais – ou tradicionais. Note-se, aliás, que este entendimento lato do biográfico advém de várias viragens nas ciências sociais (pós-estruturalista, etnográfica, historicista, narrativista, ético-política, etc.) com problemáticas abrangentes. Nomeadamente, relativas a re/construções, pluralidade e reflexividade dos indivíduos e das suas identidades; multiculturalidade e dialogismos; patrimónios orais, escritos e mnemónicos; remapeamentos contextuais pela glo(c)alização e diáspora; mediatização, interdiscursividade e hibridação das esferas pública/privada; cidadania com as dimensões da literacia, empowerment e inclusão, etc. Daí decorreu a renovação das abordagens biográficas desde finais dos anos 90, segundo “movimento biográfico” depois de um primeiro ainda na primeira metade dos anos 80. Na comunicação será apresentado um quadro conceptual e metodológico tando em vista esta enquadramento e a recontextualização da abordagem biográfica. Segundo uma perspectiva multidimensional quer para a captura factual e cronológica das vidas, quer para a análise das suas narrativas. Isto é, tanto relativa a “conteúdos”, o que os indivíduos (e as comunidades) nos contam ou dizem, quanto a “modos”: como falam, com que modelações reflexivas e discursivas. Tendo eu própria escrito sobre essa perspectiva desde o início dos anos 90, venho então, agora, retomá-la e actualizá-la.
- CONDE, Idalina

Idalina Conde. Docente no Departamento de Sociologia da Escola de Sociologia e Políticas Públicas do ISCTE-IUL Instituto Universitário de Lisboa e investigadora do CIES - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia. Principal domínio de actividade e interesses sociologia da arte e da cultura, bem como abordagens biográficas.
PAP0738 - O FARDO DO “EU-EXAURIDO”: MASSIFICAÇÃO DO DESEJO E A FELICIDADE DESENCANTADA.
Como é possível entender a angústia humana sem recorrer a modelos herméticos, reducionistas ou mecanicistas? A construção alegórica do “desejo” e da “felicidade” se tornou elementos imperativos num tempo de vivencia e competição desenfreada na sociedade ocidental de massificação do consumo. O homem pós-moderno desfruta da possibilidade de uma miríade infindável de produtos graças ao desenvolvimento e massificação dos meios de produção. O capitalismo rompeu seu lastro com o real, na medida em que a riqueza de uma nação não é mais medida pela quantidade de ouro que guardava em suas fronteiras, mas sobretudo, pelo hiper-dinamismo de suas trocas internas e externas (ou seja, a “volatilidade do capital”). O proletariado, refém do chão da fábrica, deu lugar a um homem contemplativo e submisso ao conhecimento técnico falseado por uma remuneração que lhe da “direito a associar-se” a sociedade de consumo diferente dos padrões de outrora. O mal-estar da civilização contemporânea não nasce do desejo desenfreado daquele que desfruta de maneira irascível todos os sentidos da vida, ou de um homem supostamente liberto, a bem da verdade, ele se instala justamente em um modo hiperatrofiado de sentir e viver a vida. Sendo assim, na impossibilidade factual de conduzir a uma vazão total de suas pulsões, o homem tenderá a canalizá-los para uma finitude de possibilidades de realização. O desejo no homo faber era refreado, controlado e legitimado por um discurso social que valorizava a incipiente realização castradora nas esferas: da matéria, da sexualidade, do prazer, e da moral que almejava. O homem fundado pelo mito do homo faber que se insurgia exigindo não somente parte de sua mais valia espoliada pelo sistema capitalista, sobretudo, pela escravidão imposta pela máquina que o impedia da fruição dos frutos de seu árduo trabalho. Sob a falácia da modernidade conseqüência imediata do automatismo capitalista, nasce um “novo homem”, o “homo max”. Escravizado pela idílica “certeza” de viver na bíblica Terra Prometida, degustando um paraíso cerceado de mel e doce, o “homo max” iludido pela promessa de acesso infinito a todos os bens materiais produzidos socialmente. Anacronicamente, este novo homem mesmo servindo voluntariamente ao sistema, supostamente realizando todos seus desejos, desenvolve o sintoma de um “eu-exaurido”, tanto físico quanto espiritualmente, aprisionando-o dentro de um profundo sistema de desencantamento do mundo. Como proposta de uma alternativa para os dilemas apresentados, o “homo ludens” poderia vir a ser uma possibilidade de uma conjuntura mais lúdica para a existência humana.
- MENEZES, Wellington Fontes
- SILVA, Sérgio António da
PAP0676 - O Homem de negócios contemporâneo: três perfis em construção
A pesquisa na qual se insere esta proposta de
comunicação parte do pressuposto de que para a
manutenção e fortalecimento do sistema
capitalista contemporâneo, faz-se necessária a
consolidação de um personagem socialmente
reconhecido como “vencedor”. Diretamente
relacionado a uma fração de classe que orienta
sua existência para alcançar os êxitos
valorizados em nosso tempo, o homem de negócios
é tido, de modo geral, como dinâmico, moderno,
arrojado, possuidor de diplomas de renomadas
escolas de negócios, detentor de “capitais
cultural, social, econômico e simbólico”
(Bourdieu, 2007) específicos. Este tipo de
profissional incorpora os ideais de mercado
hoje vigentes, justamente por apresentar
características e ostentar símbolos que o
situam como referencial social contemporâneo de
“sucesso” e assim constituir fração de classe
que serve de modelo-ideal em tempos
(neo)liberais. Quem são eles? Como vivem? Como
foram constituídos historicamente seus modos de
pensar, agir e sentir, sua visão de mundo? Qual
o impacto de seus estilos de vida nas demais
frações de classes? Estas são, de modo geral,
as questões que norteiam a pesquisa. Os
principais aportes teóricos até então
utilizados foram os trabalhos dos sociólogos
franceses Pierre Bourdieu (2007) e Bernard
Lahire (2010), seus estudos exploratórios e
resultados parciais alcançados foram publicados
em Sá (2011) e Sá et al. (2010a, 2010b).
Inserindo-se no conjunto de esforços já
realizados nesse âmbito, esta comunicação
pretende apresentar os resultados de uma etapa,
recentemente realizada, da referida
investigação: o detalhamento dos principais
traços de três perfis em construção: (1)
Formado para os negócios, (2) Ascendente social
por meio dos negócios, e (3) Herdeiro da
tradição do comércio. Para o avanço na
caracterização destes três perfis foram
acessados e entrevistados empresários e
executivos atuantes em cidades do Nordeste do
Brasil.
Referências:
BOURDIEU, P. A Distinção: crítica social do
julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre:
Editora Zouk, 2007 [1979].
LAHIRE, B. Por uma sociologia disposicionalista
da ação. In: JUNQUEIRA, L. Cultura e classes
sociais pela perspectiva disposicionalista.
Recife: Editora da UFPE, 2010.
SÁ, M. O homem de negócios contemporâneo.
Recife: Editora da UFPE, 2011.
SÁ, M.; et al. Por um lugar no mercado... Ou
jovens em luta na TV: O que os fazem perder?
In: JUNQUEIRA, L. Cultura e classes sociais
pela perspectiva disposicionalista. Recife:
Editora da UFPE, 2010a, p. 63-88.
______. O “super-homem” de negócios. In:
JUNQUEIRA, L. Cultura e classes sociais pela
perspectiva disposicionalista. Recife: Editora
da UFPE, 2010b, p. 271-304.
- SÁ, Marcio

Marcio Sá é doutorando em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais(ICS) da
Universidade do Minho e professor da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE-Brasil). É autor dos livros "Sobre Organizações e Sociedade","O
homem de negócios contemporâneo", "Feirantes: Quem são e como
administram seus negócios" e "Frutos do Agreste: Sobre ensino e
pesquisa em Administração".
PAP0616 - O MUNDIAL DE FUTEBOL DE 2014 E A SUSTENTABILIDADE: ALGUMAS ABORDAGENS SOBRE O SÍTIO OFICIAL DO GOVERNO FEDERAL BRASILEIRO – O PORTAL DA COPA
Em outubro de 2007, a Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) – entidade que regulamenta a prática do futebol em todo o mundo – elegeu o Brasil como sede da XX Copa do Mundo FIFA, evento global a ser realizado nos meses de junho e julho de 2014. Quatro anos após esse anúncio, o país depara-se ainda com alguns problemas ligados a infra-estruturas (transportes e acessibilidades), com atrasos na construção e/ou reforma de estádios, com a polêmica em torno da liberação de recursos públicos para a realização das obras e com a ausência de uma discussão mais séria em torno da sustentabilidade do evento.
Diante desse cenário, o tema e objeto desta comunicação é analisar como vem sendo apresentada a questão da sustentabilidade nos discursos do comitê de organização local do evento publicados no Portal da Copa (http://www.copa2014.gov.br/), sítio oficial do Governo Federal Brasileiro. Com versões de texto em três idiomas (português, espanhol e inglês), o veículo procura ser um porta-voz das autoridades brasileiras na divulgação de notícias e de informações sobre a organização da Copa do Mundo de 2014. O objetivo do estudo é verificar como os principais conceitos relacionados à sustentabilidade (como desenvolvimento sustentável, ecoeficiência, responsabilidade socioambiental e governança corporativa, por exemplo) comparecem no discurso institucional do Portal da Copa e como algumas questões polemizadas pelo discurso dos media são retratadas nesse espaço.
Partimos da hipótese de que as questões vinculadas à sustentabilidade, apesar de nominadas em diversas páginas do Portal da Copa, não têm sido levadas a sério na organização do Mundial de Futebol de 2014. Desse modo, o discurso do Comitê Organizador Local aponta para ações que, à primeira vista, diferem da práxis atual. O conceito do “Triple Bottom Line”, ratificado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e elaborado pelo economista britânico John Elkington – o qual defende a viabilidade econômica do negócio, o cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade social (Profit, Planet, People) – não parece estar sendo considerado na organização do evento esportivo.
Para dar conta dessa análise, colocaremos em perspectiva o conceito de ecosofia definido pelo pensador francês Félix Guattari (segundo o qual o equilíbrio ambiental deveria incluir a subjetividade humana, o meio-ambiente e as relações sociais) e ampliado pelo sociólogo francês Michel Maffesoli (para quem algumas práticas cotidianas da contemporaneidade estariam recuperando valores naturais e arcaicos). A metodologia de análise a ser aplicada nesta comunicação deriva da aplicação de alguns conceitos advindos da Análise do Discurso de linha Francesa (AD), desenvolvidos por Émile Benveniste e Mikhail Bakhtin.
- MARQUES, José Carlos

Prof. Dr. José Carlos Marques
Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Brasil). É Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP - Brasil) e Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP - Brasil). Licenciou-se em Letras (Português-Francês) pela Universidade de São Paulo. Ocupa atualmente, pelo segundo mandato consecutivo, o cargo de Diretor Administrativo da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). É autor do livro "O futebol em Nelson Rodrigues" (São Paulo, Educ/Fapesp, 2000) e de diversos artigos em que discute as relações entre comunicação e esporte. É líder do GECEF (Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol - UNESP) e integrante do LUDENS (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol e modalidades Lúdicas - USP).
PAP1464 - O Médico no Programa Saúde da Família: percepções do profissional sobre a implementação de uma política pública de saúde
A profissão do médico, nas sociedades
ocidentais, se projetou e assumiu um lugar de
destaque, fruto de um processo histórico e
cultural que lhe confere papel central e
hegemônico nas equipes de saúde sendo a base
oficial das explicações objetivas sobre o corpo
humano. Essa objetividade prioriza a doença e
tem por base o hospital. Assim os médicos
delinearam seu papel de expert, de forma a
englobar outros campos sociais, além da
Medicina. A Estratégia Saúde da Família (ESF) –
surgida no Brasil, inicialmente como um
Programa, em 1994 – lançou a proposta de
repensar o modelo de atenção básica à saúde,
“conforme preconizam os princípios e diretrizes
do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, que
consistem em ações de promoção, proteção,
recuperação da saúde de indivíduos e famílias,
de forma integral e contínua”, exatamente em
oposição ao modelo descrito anteriormente
(BRASIL, 1997). Este estudo objetivou:
investigar como o médico se inseriu na Equipe
de ESF, multiprofissional e interdisciplinar,
baseada na proposta de equidade e simetria de
funções; entender a percepção dos médicos com
relação aos princípios norteadores da
Estratégia; e como interpretam as mudanças,
métodos e condições de trabalho em relação às
atividades realizadas em hospitais. Utilizou-se
metodologia qualitativa, partindo do
pressuposto que a abordagem social implica em
um mundo de significados que o pesquisador deve
procurar compreender através da interlocução
com os sujeitos da pesquisa, nesse caso,
médicos ligados à ESF do Ceará, Brasil.
Realizou-se levantamento de fontes documentais
referentes à Estratégia Saúde da Família, assim
como também artigos publicados em periódicos
que subsidiaram a discussão teórico-
metodológica. Foram realizadas entrevistas
abertas com médicos selecionados, onde se teve
liberdade de organizar tópicos do roteiro de
acordo com as necessidades e as condições reais
apresentadas pela entrevista e respostas dos
entrevistados. Dessa forma buscou-se explicitar
as narrativas quanto à história de trabalho dos
médicos. O resultado mostrou insatisfação dos
profissionais quanto à insipiência do sistema
local de saúde e à falta de infra-estrutura;
tentativa de interferência dos políticos no
atendimento; pouca perspectiva em relação à
ESF. Tais condições influenciam a posição dos
profissionais em relação ao funcionamento dos
serviços nas unidades que trabalham. Os médicos
entrevistados entenderam que para trabalhar na
Estratégia é necessário ter habilidades para
lidar com diferentes grupos sociais, que
possuem uma visão de mundo específica. No
cotidiano, no entanto, os médicos ainda se
voltam para as atividades curativas, pautando
suas ações na prática clínica e individual.
Pôde-se concluir que os modelos políticos e
culturais de formação dos médicos interferem na
implementação de políticas publicas e em
relação ao funcionamento dos serviços.
- LESSA, Maria das Graças Guerra
- MEDEIROS, Regianne Leila Rolim
- SALES, Tibério Campos
PAP1121 - O OUTRO LADO DO PRAZER: um estudo de caso das travestis que atuam nos pontos de prostituição do Centro do bairro de Campo Grande (R.J.– BR)
Trata-se do estudo de caso de um grupo de travestis, profissionais do sexo, de um determinado ponto do centro do bairro de Campo Grande, Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro (Brasil), o qual proporcionou a construção de uma amostragem para a identificação e possível análise dos aspectos sociais, que fazem parte do cotidiano deste grupo de trabalhadores. Este retrata um perfil de profissionais que se confrontam com a realidade perversa do mercado de trabalho, a qual se agrava pelas questões de ordem cultural e de identidade sexual dessas trabalhadoras, que por vezes pouco se reconhecem como trabalhadores ou mesmo indivíduos portadores de direitos. Partindo do debate sobre identidades e sua relação com a construção de espaços societários, este ensaio, promove uma reflexão sobre o papel social e mercadológico desenvolvido pelas travestis, apontando a necessidade e a importância de sua existência como trabalhador alienado e desprotegido para o processo de acumulação capitalista, retratando o binômio exclusão x aceitação, que é referido da sociedade para a travesti, da travesti para outra travesti e do trabalhador para a travesti. Para tal a análise, conta com um arcabouço teórico apoiado em literaturas, filmes e reportagens que versam sobre a temática, esboçando seu caráter qualitativo e exploratório, uma vez que, não consegue analisar os dados de forma quantificada, ela se define por meio dentre os discursos coletados, ao passo que explora quando visa obter-se mais informações sobre um determinado assunto, como no caso do presente estudo. Desta forma foi possível pautar o debate sobre a travesti na sociedade e no mercado de trabalho, bem como o processo de construção de identidade destas travestis como trabalhadoras e como homossexuais, articulado com as lutas sociais e ações públicas implantadas no cenário nacional e estadual de defesa e reconhecimento da cidadania deste segmento da sociedade.
- SOARES, Maurício Caetano M.

- FERREIRA, Silvia da S.
Maurício Caetano Matias Soares
Graduado em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestre em Política socail pela Universidade Federal Fluminense atua como asssitente social na área da saúde há 9 anos e há 10 anos realiza pesquisas na área da súde voltadas para atuação profissional frente as políticas sociais de saúde brasileira e avaliação das políticas sociais brasileira frente ao acesso a elas como efetivação de direito através do Nucleo de Pesquisa de Questão Social, Serviço Social e Polítca Social da Escola de Serviço Social da UFRJ e faz parte como membro do corpo docente do centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM/RJ).
PAP1223 - O Olhar Bourdiano sobre os Trajectos Escolares de Contratendência
Parte da curiosidade suscitada pelos trajectos escolares de sucesso de alguns jovens com origens sociais desfavorecidos, aquilo a que chamaremos na linha de Costa e Lopes et al (2008), trajectos escolares de contratendência ascendente, advém de aparentemente terem pouco lugar nas teorias que, entre as décadas de 60 e 80, se debruçaram sobre a maior vulnerabilidade escolar das classes populares. Aliás, as pesquisas pioneiras sobre esses trajectos “inesperados”, na sua maioria de origem francesa, tecem-se num movimento mais geral de crítica àquilo a que podemos chamar, talvez correndo o risco de uma excessiva simplificação, “teorias da reprodução cultura”, na qual o trabalho de Pierre Bourdieu pode ser enquadrado.
Na extensa obra de Pierre Bourdieu não é conhecida nenhuma pesquisa especificamente dedicada a esse tipo de trajectos. É interessante aliás, que das poucas vezes que se refere directamente a esses casos o autor considere que dão “uma aparência de legitimidade à selecção escolar” e “crédito ao mito da escola libertadora” (Bourdieu, 1998, 1966:59). Ainda assim, é possível encontrar não só pequenos apontamentos do autor sobre estes trajectos “inesperados”, como algumas pistas analíticas para a sua explicação, algumas advindas dos contributos do autor para a análise das classes sociais e recomposição social, outras das suas propostas para a análise das desigualdades sociais na escola.
Na presente comunicação pretende-se discutir parte dessas ferramentas analíticas, cruzando-as com as conclusões de algumas pequisas sobre trajectos escolares de contratendência nas classes populares e com os resultados obtidos na análise dos dados do questionário Estudantes à Entrada do Secundário 07/08 do Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES-GEPE/ME).
- ROLDÃO, Cristina

Cristina Roldão
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL)
Licenciada e doutoranda em Sociologia
A investigadora tem-se dedicado, entre outras coisas, à análise das desigualdades sociais – de classe e de origem étnico-nacional – no acesso à escola e no sucesso escolar, quer de um ponto de vista extensivo, através da participação no Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES), quer qualitativo, por via do trabalho de terreno em projetos como a avaliação do Programa Escolhas, do Programa TEIP e nos territórios do Programa K’CIDADE. Outra linha de trabalho, tem sido aquela iniciada no projecto “Imigrantes Idosos: Uma Nova Face da Imigração em Portugal”, onde teve a oportunidade de desenvolver uma análise extensiva de fundo sobre esta população ainda pouco conhecida, assim como intensiva, através de múltiplas entrevistas biográficas.
PAP0567 - O PAPEL DA SEXUALIDADE NOS PERCURSOS DE FORMAÇÃO DOS CASAIS COABITANTES: GÉNERO, MUDANÇAS GERACIONAIS E CONTEXTOS SOCIAIS
A coabitação conjugal, quer como opção transitória, quer como alternativa ao casamento, faz parte de um movimento modernista de formação progressiva do casal e da família (Aboim, 2005; Bozon, 1991; Kaufmann, 1993) em que, por um lado, o início do relacionamento sexual quase sempre coincidente com o começo do namoro e, por outro, a transição para uma vivência a dois sob o mesmo tecto deixam de representar fronteiras perfeitamente definidas. As linhas divisórias entre o «antes» e o «depois» surgem, do ponto de vista sujectivo, cada vez mais diluídas. A coabitação, de acordo com uma interpretação modernista do fenómeno, estaria assim profundamente implicada no processo de individualização da vida familiar (Beck e Beck-Gernsheim, 1995), tornando-a cada vez mais privada e flexível de acordo com a diversidade de escolhas, trajectórias e biografias individuais.
Num contexto de crescente desconexão entre sexualidade e casamento, sexualidade e procriação, conjugalidade e casamento, parentalidade e casamento (Giddens, 1992), alguns autores interrogam-se sobre a própria noção de conjugalidade e as suas fronteiras (Kaufmann, 1993; Singly, 1996). Quando começa um casal? O início do relacionamento sexual como acontecimento marcante na formação dos casais substitui, hoje, o papel outrora desempenhado pelo casamento? Quando é que os homens e as mulheres sentem que fazem parte de um casal? Antes ou depois de irem viver juntos? É necessário viver junto para se ter uma relação conjugal? Neste debate, a própria definição de «coabitação» e de «casal» é problemática.
Os casais pesquisados, residentes, na sua maioria, na região da Grande Lisboa, com diferentes percursos conjugais, com filhos e sem filhos, de diferentes idades e contextos sociais de classe, têm em comum o facto de terem iniciado uma primeira ou segunda conjugalidade de modo informal. Para os coabitantes, apesar da diversidade de trajectórias individuais, situações conjugais, contextos e significados associados à coabitação, o casamento deixou de ser o acto fundador do casal, ritual de passagem para a vida sexual, conjugal e familiar.
Esta comunicação explora alguns dos resultados obtidos através de 48 entrevistas em profundidade que fazem parte de uma investigação mais ampla concluída em 2007 no âmbito de uma dissertação de doutoramento sobre a coabitação conjugal na sociedade portuguesa. Mais especificamente, foca o papel das primeiras vivências e modos de encarar a sexualidade nos percursos de formação dos casais coabitantes, procurando reflectir acerca da importância de algumas variáveis como a classe social, o género, os percursos biográficos mas também a religião, a componente de ruralidade presente em algumas famílias a residir em meio urbano e a pressão social exercida pelas gerações mais velhas sobre os jovens casais, de modo a compreender, em particular, as mudanças e continuidades face à sexualidade e às relações de género.
- SANTOS, Filomena Matias dos

Filomena Santos, 49 anos, dois filhos, actualmente a viver na Covilhã onde trabalha como docente na Universidade da Beira Interior. Licenciada e Mestre em Sociologia pelo ISCTE, concluiu o doutoramento na UBI em 2008. Os seus principais interesses de investigação incidem na área da Família, Sexualidade e Género. O trabalho que conduziu à dissertação de doutoramento, e que teve como principal objectivo mostrar a diversidade dos significados e contextos das experiências de coabitação na sociedade portuguesa, chegou a uma tipologia de oito perfis: a coabitação moderna, de transgressão, de experimentação, de noivado, circunstancial, masculina, de tradição e instável (Cf. Santos, Filomena (2008), Sem Cerimónia nem Papéis – um estudo sobre as uniões de facto em Portugal, Universidade da Beira Interior. Disponível: http://ubithesis.ubi.pt//hdl.handle.net/10400.6/654; Santos, F. (2012). Perfis de Coabitação em Portugal. Forum Sociológico, 21 (II Série, 2011), 117-126).
PAP1305 - O PAPEL DOS VALORES FAMILIARES NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA FAMILIAR E NA CONSTRUÇÃO DE MERCADOS PARA OS PRODUTOS GERADOS
Embora o predomínio das relações mercantis tenha afetado todas as esferas da vida social, as transformações em curso, em particular na agricultura familiar, não dissolvem outras relações sociais geradoras de lógicas diferenciadas. O estado de saber, aprender e fazer dos agricultores familiares passa, em muitos casos, a ser fundamental na concretização de novas atividades. É o caso da agroindustrialização, em que uma arte secular de transformação que existia na lógica de reprodução dos agricultores de subsistência passou a ser aprimorada e desenvolvida com um olhar além da família, objetivando espaços nos mercados. Dessa forma o intuito desta análise e verificar qual o papel dos valores familiares e dos meios de vida no processo de criação e consolidação da agroindústria familiar do Oeste do Estado do Paraná no Brasil. O que se observou com a pesquisa foi que o modo como as famílias se organizam e estabelecem relações entre seus membros e destes com a sociedade varia de acordo com as culturas e as épocas históricas. A família desempenha a função de agente integrador das relações sociais que se desenvolvem no interior das redes sociais e traz consigo toda a complexidade da realidade camponesa herdada pelos agricultores familiares, em que a lógica da atividade agrícola é um valor mais importante que a produção, indissociável, neste caso, da “propriedade-posse-agroindustrialização”. As relações familiares (seja na esfera do parentesco, seja na da produção – relações de reciprocidade, proximidade, generosidade) incluem um ideal, de pensamento ou de representação, que informa as atitudes e os comportamentos que permeiam as agroindústrias familiares. Assim, o modo de vida das famílias demonstram o sentido de suas ações e relações. Importante também para compreender que as relações de construção de mercados da agroindústria é que as famílias possuem uma capacidade de modificar-se face aos contextos, mas não perde completamente sua essência, valores e lógicas.
- LUA, Elizangela Mara Carvalheiro

Elizângela Mara Carvalheiro
Professora Adjunta da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA (Rio Grande do Sul-Brasil). Economista, mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e Doutora em Desenvolvimento Rural. Temas recentes estudados se relacionam com: a sociologia econômica na esfera que tange a construção social de mercados para agroindústrias familiares do Brasil, a economia criativa focando a relação entre o turismo e a cultura. Email: elizangelamara@hotmail.com
PAP0470 - O PODER E SEUS NOVOS DISFARCES: As polícias militares no Brasil num contexto político entre a cidadania e o governo das desigualdades sociais
Neste artigo pretendemos analisar as novas configurações do poder (que aqui referimo-nos como novos disfarces) num contexto que se insere num princípio governativo entre um discurso na atualidade sobre cidadania e como essa concepção democrática pode ser percebida num regime em que uma forte segmentação de classes é uma realidade presente e desafiadora. Para tanto, nos propomos a realizar uma abordagem sócio-histórica das polícias militares brasileiras e como essas desenvolveram-se com características particulares que, por seu próprio nome, traz uma forte dicotomia entre o ser policial e, ao mesmo tempo, carrega as marcas e distinções atreladas a um mundo simbolizado pelo ethos militarista. Nessa concepção, delimitaremos a problemática num eixo em que as polícias militares brasileiras passaram por reformulações para acompanhar a abertura político-democrática ocorrida com o fim da ditadura militar em nosso país no final da década de 90. Assim, novos propósitos institucionais se estabeleceram e a cidadania passou a ser o foco central das políticas institucionais policiais militares que passaram então do discurso de combate ao inimigo interno (o comunista e subversivo) para os “delinquentes” e “marginais” que são alijados do mundo do consumo atual. Por esse escopo, trazemos para reflexão o conceito de poder e governo baseados nas teorias do teórico francês Michel Foucault (poder disciplinar, biopoder, governamentalidade e controle), que denunciam que o poder positiva suas legitimações através de um caráter não repressivo, o que nos desperta a perceber que, num novo discurso veiculado pelas polícias militares brasileiras para destacar a centralidade da cidadania em seus procedimentos, escondem-se novos disfarces das relações de poder entre policiais e moradores pobres que acabam criando novas formas de controle que engendram mecanismos mantenedores de desigualdades sociais.
Palavras-chave: Cidadania; desigualdades sociais; poder; polícias militares.
- FRANÇA, Fábio Gomes de
PAP0122 - O PROCESSO DEMOCRÁTICO EM PORTUGAL E ESPANHA – 1976-2011 DA INSTABILIDADE À ESTABILIDADE GOVERNATIVA
Os anos que se seguiram à queda dos anteriores regimes autoritários em Portugal e Espanha, e ao processo de transição para regimes democráticos, representam na história contemporânea destes países, sob diversos pontos de vista, um período único. A mudança é em especial notável no que respeita à realidade política, não apenas porque assinala o início da consolidação democrática, com a inerente institucionalização dos órgãos de soberania, dos procedimentos democráticos, e, em geral, do modo de ser de uma sociedade em democracia, mas também porque no plano da cidadania se caracteriza por uma intensa participação política e pela emergência de grandes expectativas sobre o novo regime democrático.
O paper visa analisar os processos de consolidação da democracia em Portugal e Espanha explorando-os do ponto de vista político-partidário, e procedendo a uma análise longitudinal alargada (1976-2011). Apesar de haver uma vasta literatura sobre os processos de transição e consolidação da democracia nestes países (e em geral na Europa do Sul), esta não se tem debruçado de forma comparativa e, em simultâneo, alargada no tempo e na amplitude da abordagem. O objectivo do paper não é, por isso, estudar o processo de transição e consolidação democrática nestes países, mas focar a análise no sistema de partidos e processos eleitorais desde a transição e até ao último momento eleitoral em cada um dos países. São duas as perspectivas utilizadas para proceder ao enquadramento político-partidário: o contexto partidário e eleitoral (o sistema de partidos, os governos, a participação eleitoral e a volatilidade eleitoral), e o contexto institucional (em particular, a problemática dos poderes presidenciais em Portugal e do Rei em Espanha).
A análise é essencialmente descritiva, embora se procurem diagnosticar comparativamente entre os dois casos as razões subjacentes aos resultados alcançados.
- BELCHIOR, Ana Maria

- Ana Maria Belchior, professora auxiliar no Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas do ISCTE-IUL, e investigadora sénior no CIES-IUL.
- Doutoramento em Ciência Política;
- Interesses de investigação: representação política, democracia, atitudes e comportamentos políticos, opinião pública, metodologias de investigação em Ciências Sociais.
PAP1270 - O PROJECTO IPBEJA.CASA – QUE ESPAÇO PARA A AUTONOMIA E A INOVAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR POLITÉCNICO?
No actual contexto da modernidade a discussão pública sobre o papel e as funções do ensino superior e das suas instituições ocupa uma centralidade cada vez maior nas agendas internacionais, nacionais e regionais. A reflexão sobre as instituições de ensino superior (IES) apresenta um pendor cada vez mais crítico que não se restringe à adaptação destas instituições às demandas e urgências do mundo económico, mas implica a assunção da capacidade de repensar os sentidos plurais da realidade organizacional e institucional, reflectir sobre os sentidos da ciência e da tecnologia e sobre os sentidos da investigação e da formação. Implica, ainda, conscientizar que a realidade social actual é cada vez mais reticular e conexionista e que cada vez menos se coloca a vocação regional e local destas instituições em sentido restrito. Esta dimensão reflexiva alerta e responsabiliza as IES para as funções sociais que lhe estão associadas e para uma mobilização dos actores sociais internos e externos, incluindo o amplo leque de interlocutores que se incluem nas comunidades locais.
O projecto IPBeja.CASA (Criação de Alternativas Sociais para o Alentejo) constitui uma resposta aos desafios actuais que se colocam ao Instituto Politécnico de Beja. Surge como elemento estruturante de novas formas de contrato social com e entre os actores comprometidos com a instituição, visando mobilizar para novas propostas de intervenção e práticas sociais quer os actores internos quer os actores externos, uns e outros articulados interactivamente numa lógica de construção social, de forma a envolverem-se nos processos e situações e a contribuírem para a construção de um mundo comum com maior qualidade para os actores singulares, colectivos e para a própria IES.
É sobre o processo de estruturação e desenvolvimento do Projecto IPBeja – CASA que irá incidir a comunicação, na qual iremos dar testemunho sobre as dimensões e etapas do mesmo desde a sua concepção às acções que o compõem, às estratégias de mobilização dos actores e das equipas, às modalidades de monitorização e ainda sobre o compromisso e a contratualização estabelecido pela equipa coordenadora e as respectivas equipas operativas a nível do Plano de Desenvolvimento Estratégico do Instituto Politécnico para o triénio de 2010 a 2013.
Procuraremos desta forma provar que embora condicionados por racionalidades mercantilistas e economicistas que subordinam as políticas educativas e que constrangem o funcionamento das IES e que limitam a acção dos actores sociais, o espaço para construir e inovar pode ter expressão e contribuir para a construção de uma autonomia responsável garante de uma instituição com qualidade e que pretende ser publicamente reconhecida como tal.
- ROSÁRIO, Maria José Simão do

Nota Biográfica
Maria José Simão do Rosário
Mestre em Sociologia
Professora-Adjunta no Instituto Politécnico de Beja – Escola Superior de Educação – Departamento de Educação, Ciências Sociais e do Comportamento.
Regência de Unidades Curriculares: Sociologia da Educação, Sociologia das Organizações, Sociologia do Género.
Áreas de investigação com publicação: Sociologia da Educação e as Questões de Género.
Tema de investigação actual: Responsabilidade Social no Ensino Superior.
PAP1357 - O Papel do Desporto na Promoção da Inclusão Social de Crianças e Jovens - o caso do programa 'Judo na Alta de Lisboa'
A presente investigação tem como objectivo o de percepcionar e compreender de que forma o desporto, tal como operacionalizado pelo programa 'Judo na Alta de Lisboa', pode ser um factor potenciador de inclusão social num contexto territorial de realojamento social. A par deste objectivo, outra das pretensões deste trabalho é o de explorar metodologias de avaliação de programas de inclusão social no e pelo desporto.
Assim, este trabalho recaiu sobre um estudo de caso, sendo que a pergunta de partida foi “Qual o impacto do programa 'Judo na Alta de Lisboa' na promoção da Inclusão Social das crianças e jovens que o integram?”
No desenvolvimento definimos três questões de investigação, que se relacionavam com a avaliação da evolução de comportamentos, competências, interacção no meio e rotinas de crianças e jovens judocas, bem como a avaliação do programa no seu todo, a nível interno e externo.
Para a recolha de dados foram efectuados inquéritos por questionário e por entrevista, sendo depois inseridos na base de dados do SPSS e o tratamento dos dados feito no Excel.
As principais conclusões, e de acordo com as questões de investigação inicialmente colocadas, podemos, através da análise dos dados, concluir que, em resposta à questão de partida, pensa-se que sim, que o desporto tem um papel importante no que concerne à prevenção de situações de exclusão social em crianças e jovens. O seu papel essencial será o de promover competências psicossociais e mecanismos de conhecimento de si próprio e de interacção com o outro. Terá também outros papéis, mais indirectos, como o de promover a manutenção do aluno em meio escolar, potenciar o seu desenvolvimento físico e prevenir situações de problemas de saúde.
Considera-se assim que este estudo foi relevante tanto para avaliar o programa em sim, a sua influência nas crianças e jovens e no território como um todo, mas também perceber se esta seria a melhor metodologia de avaliação, já que se pretende que seja um modelo para outros programas idênticos.
- CALDEIRA, Luísa
PAP1220 - O Papel dos Centros Históricos na Cidade: estudo comparativo entre João Pessoa e Tours
O trabalho que ora apresenta-se tem como fito desenvolver um estudo comparativo entre os Centros Históricos das cidades de João Pessoa, no Brasil, e Tours, na França. O intuito precípuo reside em analisar o papel e as representações que são proeminentemente associadas ao Centro Histórico das respectivas cidades – diferenças e semelhanças. Nessa perspectiva faz-se necessário traçar um panorama do histórico dos Centros, verificando nesse percurso suas funções, usos e práticas sociais que contribuíram/contribuem para a consolidação de determinadas representações acerca desses Centros Históricos. A polissemia que envolve o tema, tem proporcionado entrecruzamento de visões, especialmente no que diz respeito a valorização do patrimônio cultural e revitalizações dos Centros. Esses aspectos permeiam o trabalho, pois as intervenções e políticas de conservação do patrimônio contribuem para corroborar as representações sobre esses Centros Históricos. Cumpre, nesse sentido, ressaltar o estrito engate da temática com as políticas de revitalização urbanas, que se alinham a nova onda de processos de gentrification do patrimônio cultural. No rastro dessas alterações sócio-espaciais, as áreas centrais das cidades vêm sendo transformadas em pontos de consumo cultural e turístico. Esse modo de intervenção, inaugurada nos Estados Unidos, ganhou eco também em cidades européias e na América Latina. Na esteira desses acontecimentos os estudos referentes aos Centros Históricos tornaram-se amplamente discutidos pelas diversas áreas do conhecimento, recrudescendo, inclusive, no campo da Antropologia e da Sociologia. Assim, o debate em torno destes referenciais teórico-conceituais tem viabilizado inúmeras discussões interdisciplinares e vem configurando-se em campo fértil de realização de pesquisas, delineando-se, portanto, em um caminho estimulante e rico de possibilidades. O estudo é de natureza qualitativa e comparativa. Seguindo essa trilha a construção de etnografia delineia-se como abordagem de pesquisa, o que contribui sobremaneira para a elaboração da pesquisa qualitativa. Estas relações apontam para a importância de estudos que levem em consideração aspectos referentes às cidades, ao simbólico, às representações, à memória e ao patrimônio. Neste particular busca-se apoio teórico em áreas do conhecimento como: a Antropologia, a Sociologia, o Urbanismo, a Geografia, e a História, que trazem importantes contribuições ao trabalho. Diversos autores vêm desenvolvendo relevantes estudos no âmbito dessas abordagens, a exemplo de Canclini, Certeau, Leite, Peixoto, Castells, Frúgoli, Fortuna, Villaça, Choay, Zukin, Jeudy entre outros autores que apresentam indubitável contributo na realização do presente trabalho.
- SILVA, Alzilene Ferreira da
PAP0096 - O Perfil dos Visitantes e a Preservação Ambiental no Parque Estadual do Caracol no Município de Canela - Brasil
O Brasil tornou-se ao longo dos anos, um
destino turístico competitivo e consolidado
tanto no âmbito nacional quanto internacional.
Isso se deve aos segmentos turísticos
ofertados no país, entre eles, os segmentos
que exploram atividades com a natureza, onde
encontramos algumas áreas de preservação
ambiental, que visam resguardar as
características naturais de uma determinada
região ou município. O Estado do Rio Grande do
Sul tem algumas das principais áreas de
prioridade para a conservação da
biodiversidade do país. Entre elas, temos o
Parque Estadual do Caracol, local de estudo da
presente pesquisa que integra o turismo
natural do município de Canela sendo o
principal parque de visitação. Apresentando
como objetivo geral, descrever o perfil dos
visitantes que estiveram no Parque Estadual do
Caracol. Os objetivos específicos foram,
mencionar as ações relativas ao meio ambiente
que estão sendo aplicadas no parque; apontar
os pontos relevantes que dizem respeito à
infraestrutura do parque e indicar possíveis
melhorias a se realizar no parque.Para essa
pesquisa foi empregado o método descritivo
estatístico, sendo utilizado para a coleta de
dados, o questionário, de caráter
quantitativo, contendo perguntas abertas e
fechadas. Realizada no mês de abril de 2011, a
amostragem contemplou duzentos (200)
visitantes. O Parque Estadual do Caracol se
situa a 7 km do centro do município de Canela
no Estado do Rio Grade do Sul, Brasil,
inicialmente, suas terras eram uma fazenda
produtiva, porém, um lugar que já chamava a
atenção pelas belas paisagens naturais. Em
1954, o poder público e o governo do Rio
Grande do Sul decretaram a área, como de
utilidade pública. No ano de 1968 ocorreu sua
desapropriação legal, e foi transferida para a
Secretária de Turismo do Estado do Rio Grande
do Sul - SETUR e para a Prefeitura Municipal
de Canela. O processo culminou com a criação
do complexo turístico do Parque Estadual do
Caracol em 1973, contando com uma área total
de 100 hectares, apresentando como principal
atrativo a Cascata do Caracol, além de
trilhas, passeio de trem, observatório
ecológico e lojas de artesanato.A pesquisa
revelou que a grande maioria dos entrevistados
são brasileiros provenientes da região sul
totalizando 50,50%, apresentando como
influência para a visita indicação de alguém,
com o percentual de 34,77%, assim como,
estavam visitando o parque pela primeira vez,
um total de 57,50% dos entrevistados,
permanecendo nele de 1 a 3 horas, o percentual
de 77,50%, o turismo e a paisagem receberam
destaque enquanto motivos principais para a
visita, apresentando os resultados de 55,05%
e 18,91% respectivamente e por fim, 95,50% dos
entrevistados disseram que recomendariam e
92,50% disseram que voltariam ao parque.Os
resultados evidenciam que uma revitalização no
parque, visando melhorar aspectos como
infraestrutura e atrativos, faz-se necessária,
buscando atrair cada vez mais visitantes e a
própria comunidade local.
- SILVA, Paula Carina Mayer da
- SANTOS, Eurico de Oliveira
- BONATTO, Gilberto
PAP1517 - O Planeamento Estratégico e a mudança organizacional participada - um estudo de caso numa Instituição de Ensino Superior Público
O novo Regime Jurídico de Instituições de Ensino Superior (RJIES) (Lei nº. 62/2007 de 10 de Setembro) enquadrou e definiu um novo cenário legal de funcionamento das Instituições de Ensino Superior (IES) em Portugal, dando expressão a valores e a preocupações manifestados nas reflexões sobre o ensino superior a nível europeu e mundial. O diploma introduz exigências adicionais ao nível do corpo docente e aumenta as responsabilidades das IES no que se refere à sua missão e objectivos estratégicos. É neste contexto que a IES em estudo desenvolveu o seu Plano Estratégico (PE), para o período de 2010-2013. A conceção decorreu durante 11 meses (entre Novembro de 2009 e Novembro de 2010) tendo assumido como metas fundamentais para o processo: •Melhorar a lógica de actuação transversal e inter-sectorial da instituição (apesar da centralização de serviços e da existência de Departamentos transversais desde 2010, a lógica de trabalho por sectores e/ou por unidades orgânicas tendia a imperar,simultâneo à inexistência de práticas de trabalho em equipa e entre diferentes sectores/departamentos); • Co-responsabilizar todos (pessoal docente, pessoal não docente, alunos e ex-alunos) na definição dos resultados, impactos e metas a alcançar até 2013;• Contribuir para a assunção da missão, visão e objectivos estratégicos organizacionais O PE resultou de um processo dividido em cinco fases assente numa metodologia de forte implicação e participação de todos os actores internos (pessoal docente, pessoal não docente, alunos e ex-alunos) e de múltiplos atores-chave locais, nacionais e internacionais. A metodologia adotada, concretizada em estratégias diversas, a saber: apresentações, workshops, fóruns de discussão, reuniões com as equipas responsáveis pelas intervenções do Plano de Ação, entre outras, contribuiu para que o PE tenha sido apropriado por todos na organização. O PE resultou do comprometimento partilhado entre a Presidência e as equipas responsáveis pelas intervenções do Plano de Ação delineado, que se envolveram afincadamente na definição realista dos indicadores de realização, resultados e metas a atingir no horizonte temporal assumido. Como corolário do processo, regista-se a atual elevada taxa de cumprimento das intervenções propostas e/ou o 1º prémio de boas práticas atribuído pelo Observatório Ibero-Americano de Boas Práticas em Direcção Estratégica no Ensino Superior. Através de uma reflexão sobre o percurso empírico que esteve na base da construção do PE e, igualmente, no respetivo processo de monitorização, pretendemos compreender de que forma se ‘reconfiguraram ‘ os formatos de intervenção e participação, individuais e colectivos, dos diferentes actores que trabalham na instituição. O nosso objectivo é, assim, o de refletir sobre a forma como, no caso em estudo, o planeamento estratégico permitiu a capacitação dos actores para a inovação e mudança organizacional. Palavras-chave:Estratégia, participação, planeamento, mudança organizacional
- SAÚDE, Sandra

- LOPES, Sandra

· Sandra Saúde
Doutorada em Sociologia, com especialização em Sociologia do Trabalho e das Organizações. É Profª Adjunta no Instituto Politécnico de Beja, desde 2003, e integra, atualmente, o Departamento de Educação, Ciências Sociais e do Comportamento.
Tem participado e coordenado vários projetos de investigação, de âmbito nacional e internacional, nas áreas da inserção profissional, da formação profissional e da avaliação de competências.
Atualmente é Pró-Presidente e Coordenadora dos Serviços de Planeamento e Desenvolvimento Estratégico do IPBeja. É consultora convidada do Observatório Português de Boas Práticas de Direção Estratégica em Instituições de Ensino Superior.
Sandra Lopes
Instituto Politécnico de Beja ( desde 1998 docente na Escola Superior de Educação de Beja sobretudo ligada ao cursos de Animação Sociocultural; desde 2009/10, colaboradora dos Serviços de Planeamanento e Desenvolvimento Estratégico do IPBeja);
Licenciada em Sociologia e Mestre em Demografia Histórica e Social (ambos pela FCSH/UNL)
Áreas de Investigação: Planeamento territorial; Demografia, Sociologia da Cultura
PAP0510 - O Planejamento Urbano como um possível instrumento da gestão democrática das cidades
O intuito desse artigo é reconduzir o debate para o tema da gestão democrática das cidades, importante conceito que permeou a formulação de Planos Diretores a partir da década de 1990, para, posteriormente, produzirmos interpretações que diferenciem planejamento de gestão. Objetiva-se, com isso, demonstrar que planejamento e gestão não são termos intercambiáveis, pois possuem referenciais temporais distintos e, por assim ser, se referem a diferentes tipos de atividades. Pretende-se elaborar análises suficientes que possam elucidar as inter-relações entre esses dois termos, planejamento e gestão, fundamentais para compreendermos os processos metodológicos de elaboração de Planos Diretores a partir dos anos 90. O artigo pretende demonstrar que o processo de autocriação do social na e pela história incluiria a dimensão espacial, isto é, os vínculos múltiplos e complexos entre as relações sociais (produtoras de espaços) e a espacialidade (que condicionam de maneiras variadas, as relações sociais). Assim, objetivamos focar a cidade, produto dos processos socioespaciais que refletem a interação complexa entre as várias escalas geográficas, como um ente que não pode ser controlado por um Estado tecnicamente assessorado por racionalistas e tecnocráticos. As análises elaboradas no presente artigo estão fundamentadas em pesquisa bibliográfica, leitura, análise e interpretação de livros e periódicos, a partir da qual foi possível estabelecer um painel crítico sobre o Plano Diretor como um instrumento de reforma urbana, parte de um conjunto de estratégias de promoção da democratização do processo decisório na formulação de políticas públicas urbanas. Entretanto, o procedimento de análise do processo de elaboração do Plano Diretor de Araraquara identificou que o maior desafio para a tarefa de planejar é o de se aliar gestão e metodologias democráticas participativas. O caráter técnico, especializado e burocrático do estado, impõe à realidade social instrumentos de formulação de políticas públicas urbanas que comprometem o desenvolvimento socioespacial e a autonomia individual.
- TOLEDO, Rodrigo Alberto

Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.
PAP0223 - O Potencial dialógico e Interactivo de um programa de rádio comunitária
O presente texto
remete à tese de
doutorado da autora
trazendo uma síntese
teórico-empírica
acerca dos
fundamentos dos
conceitos de
dialogismo e
dialética.
Discutimos aqui
algumas das
dimensões mais
relevantes da
ligação entre esses
temas, no que
concerne às relações
discursivas que
marcam as
manifestações de
comunicação
praticadas pelas
rádios comunitárias
no Brasil.
Centramo-nos sobre
os aspectos
estruturais dos
conceitos e sobre o
funcionamento
comunicacional,
voltado para o
modelo
pragmático-interativo,
mecanismo que
pressupomos ser
sistematicamente
usado por esses
meios.
Epistemologicamente,
buscamos analisar em
que medida essas
agências podem
constituir-se
enquanto meios
dialógicos,
contribuindo para
uma interatividade
dialética entre
locutores e
ouvintes. A partir
daí tentamos tecer
um panorama do real
enquadramento dessas
rádios em
comunidades com
baixo índice de
desenvolvimento
social, aí
incluídos, mormente,
os aspectos
econômico e
educacional.
As rádios
comunitárias foram
criadas no Brasil
com o propósito de
difundir ideias,
culturas e hábitos
sociais dessas
populações,
permitindo-lhes o
exercício da livre
expressão. Contudo,
nossa dúvida inicial
era se essas rádios
vinham,
efetivamente,
cumprindo essas
metas. O que
estariam fazendo
essas agências? Que
tipo de
comportamento
estariam adotando?
Apesar de
consideradas como
canais de abertura
para a participação
crítico-reflexiva e
carregarem, em
teoria, os
princípios da
interação social,
nem todas essas
emissoras podem-se
dizer ativos
instrumentos para a
dialogia e a
dialética. Algumas
se esforçam para
cumprir esse papel.
Outras, entretanto,
apenas reproduzem de
forma sistemática e
tosca os meios
comerciais nas quais
se espelham.
Enquanto promotores
de uma educação
popular
conscientizadora,
elas têm total
liberdade para
construir suas
programações
baseadas na
interatividade e
alteridade junto ao
ouvinte. Todavia,
algo acontece no
decorrer do processo
de funcionamento
desses meios que os
tornam ineficazes,
ou parcialmente
ineficazes, na busca
pelas metas
sugeridas em seus
princípios.
Pretendendo
encontrar esse ponto
de desequilíbrio,
analisamos, para
esse artigo, o
programa Rock da
Larica, da rádio
Alto Falante. Essa
agência foi
escolhida por ter
sido um dos meios
comunitários mais
ativos do Recife,
capital
pernambucana, tendo
sido apontado como
modelo por várias
instâncias públicas
e privadas que
trabalham em prol da
democratização da
comunicação. Para a
análise, focamos a
dimensão da
realização do
programa, observando
a proposta de
interatividade e o
conteúdo da emissão.
Apresentamos, por
fim, algumas
proposições a
respeito da relação
do discurso
realizado no
programa analisado
com a dialogia e a
dialética.
Obviamente que - e
pelo que esperamos
dos leitores -, se
ao dialogarem com
esse artigo
assumirem uma
perspectiva
dialética, essas
considerações finais
não poderão deixar
de ser refutadas.
- ALVES, Eveline

Membro do Cesnova - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco, especialista em Direitos Humanos pela Universidade Católica de Pernambuco, Mestre em Sociologia pela Universidade Nova de Lisboa e doutoranda em Sociologia, na área de Conhecimento, Educação e Sociedade pela mesma universidade. Interesse de investigação: comunicação comunitária.
PAP1300 - O Processo de Bolonha e os desafios do ensino superior português
A universidade no século XXI tem passado por grandes transformações em decorrência de diversas pressões. Por um lado, tanto a sociedade como o mercado capitalista exigem cada vez mais do ensino universitário. Por outro lado, a universidade sofre com a política de redução de financiamento por parte do Estado, e passa a ter que buscar alternativas financeiras. A fim de aumentar a competitividade da União Europeia no âmbito do ensino superior iniciou-se o processo de Bolonha em 1998 com a Declaração de Sorbonne, porém este processo ficou mais conhecido após a Declaração de Bolonha em 1999. Estas duas declarações trazem embutidas os objectivos a serem realizados pelas universidades europeias como a utilização do sistema de créditos para garantir a equivalência entre as universidades e permitir maior mobilidade estudantil. O prazo final para a aplicação dos objectivos de Bolonha era o ano de 2010, sendo que este prazo foi estendido até 2020. A criação do Espaço Europeu do Ensino Superior traz a necessidade de criar uma Europa mais completa e alargada a fim de garantir maior competitividade no cenário internacional. Em resumo, o processo de Bolonha centra-se numa análise do ensino superior europeu voltado para a economia mundial, tendo como aspectos centrais a construção de uma Europa do conhecimento e uma maior competitividade frente aos Estados Unidos, deixando como temas subsidiários os aspectos sociais, como a democratização do ensino e da investigação. Em relação ao financiamento aponta que as universidades devem buscar cada vez mais formas de recursos fora do Estado, mas paradoxalmente aponta para a necessidade de autonomia e independência universitária. A transnacionalização é um importante aspecto no processo de Bolonha que tem como uma das metas prioritárias a mobilidade de estudantes, docentes, investigadores e funcionários. Contudo, pouco debate-se sobre os apoios financeiros a estes atores sociais. Além disso, outro ponto problemático refere-se a ausência do debate sobre a extensão universitária. No decorrer do processo de Bolonha muitas críticas foram surgindo no meio social. As associações das universidades europeias, sindicatos e associações docentes e estudantis têm se mostrado contrárias a esta política de tratamento da educação enquanto comércio e têm solicitado maior debate sobre o tema. Em Portugal, o processo de Bolonha foi aplicado de cima para baixo sem grandes debates com a sociedade civil, o que tem levado a grande rejeição a esta reforma. Além disso, a redução de investimentos estatais e o aumento das mensalidades dos cursos públicos, têm gerado uma grande insatisfação no meio académico estudantil, provocando até mesmo uma greve de alunos. Por outro lado, os docentes reclamam de sobrecarga de trabalho e falta de incentivo para a realização de investigação científica. Deste modo, os efeitos do processo de Bolonha começam a se sentir e os questionamentos estão longe de acabar.
PAP0095 - O RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO PORTUGUÊS E O BRASIL: INTERCÂMBIOS E REJEIÇÕES
A comunicação visa apresentar extratos de pesquisa de campo feita entre dois grupos de oração do Renovamento Carismático Católico em Portugal, em uma cidade da região norte do país. A pesquisa aponta para concepções diferentes de imaginários e práticas religiosas carismáticas entre os dois grupos, no que tange à compreensão da identidade do que é ser um católico carismático, sendo que o pomo de separação nas interpretações da identidade carismática católica, e de sua legitimidade, tem como referência o carismatismo católico brasileiro, interpretado e assumido como positivo por um grupo, e a influenciá-lo, e interpretado e rechaçado como negativo pelo outro grupo. As visões distintas – e assimilações ou rejeições – referentes ao modelo carismático católico brasileiro, particularmente o representado pela Comunidade Canção Nova, dariam a medida paradigmática, segundo o nosso entender, de como o movimento carismático católico em Portugal se divide ou oscila entre uma face abrasileirada de catolicismo carismático, e uma face que se quer portuguesa do carismatismo católico. O Renovamento Carismático Católico em Portugal, como no Brasil, parece viver dilemas e dinâmicas semelhantes: disputa por poder simbólico; distinção pelo contraste com os “outros”; conflitos pela ocupação do campo religioso carismático. Porém, um dos grandes veios conflitivos presente no interior de certos grupos de oração do Renovamento Carismático Católico (RCC) em Portugal é, conforme os dados de nossa pesquisa de campo - que focou dois distintos grupos de oração do RCC -, o Brasil. É pela referência ao Brasil que muitas vezes se dá a tensão e o conflito no campo carismático português. Contudo, para além do Brasil como pivô de crises e disputas, a comunicação também pretende destacar as tensões internas ao RCC a partir do próprio contexto eclesial português, em que, ao menos em certas dioceses, como na diocese minhota em que se deu a pesquisa de campo, as tensões inerentes ao RCC também são devedoras do contraste existente entre as práticas e discursos veiculados pelo RCC e a religiosidade tradicional lusa e resistências localizadas no corpo eclesiástico, delineando, assim, tensões a respeito da hegemonia do campo simbólico-católico em Portugal.
- PORTELLA, Rodrigo

Rodrigo Portella é Doutor em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, tendo realizado estágio doutoral na Universidade do Minho, Portugal. Professor Adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, atuando no Departamento de Ciência da Religião / Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião - PPCIR. Coautor, com Antonio Magalhães, do livro “Expressões do sagrado: reflexões sobre o fenômeno religioso” (Editora Santuário, 2012, 2ª edição).
PAP0878 - O Rendimento Social de Inserção e os Beneficiários Ciganos: O Caso do Concelho de Faro
O Modelo Social Europeu está na base da criação de uma prestação social mínima que se generalizou como instrumento de luta contra a pobreza e a exclusão social. Em Portugal essa medida foi criada em 1996 e designava-se inicialmente por Rendimento Mínimo Garantido (RMG).Trata-se de um subsídio que permite às famílias e indivíduos que estejam em situação de desemprego ou a viver situações de carência económica extrema, subsistirem com um valor mínimo garantido e tem como objectivo principal a saída a prazo dessa situação. Em 2003 ocorreu uma alteração das políticas sociais em Portugal e o RMG passou a designar-se Rendimento Social de Inserção (RSI). Para auferir desta prestação os beneficiários têm de cumprir um programa de inserção social com o objectivo de melhorar as condições materiais e delinear um projecto de vida. O programa de inserção e o novo projecto de vida são elaborados pelo beneficiário e por um técnico de acompanhamento e posteriormente validados pelos parceiros locais. Estes têm a responsabilidade de colaborar na efectivação e cumprimento do programa de inserção. Estas políticas sociais assentam num conjunto de novas metodologias de intervenção social para com os mais vulneráveis e permitem uma melhor articulação institucional; procuram combater a dimensão económica da exclusão, defendendo o direito ao trabalho, o princípio da igualdade de oportunidades e a universalidade de acesso às políticas sociais; porém, também se actua de modo a impedir acomodação e a dependência do subsídio.As questões da pobreza são visíveis nos ciganos portugueses há vários anos. São diversos os trabalhos de investigação que apontam este grupo como um dos mais vulneráveis e mais expostos às situações de exclusão social associadas a uma carência económica extrema. E, embora se saiba que a grande maioria dos beneficiários do RSI não sejam ciganos, estes são com frequência apontados como «abusadores» dos subsídios sociais do Estado, sem que antes tivessem contribuído para tal apoio. Perante este cenário, uma parte significativa da sociedade parece manifestar alguma forma de rejeição deste grupo étnico, o que resulta em grande medida de uma insatisfatória aplicação das políticas sociais do país.Esta comunicação procura fornecer algumas ideias que permitam clarificar as questões em torno dos beneficiários ciganos do Rendimento Social de Inserção (RSI), do Concelho de Faro. São aqui apresentados os resultados iniciais de uma investigação ainda em curso que tem como objectivos conhecer como é experimentada a atribuição do RSI, perceber como é vivida a situação de subsidiariedade junto das populações ciganas e compreender como é percebido por elas o princípio da solidariedade social.Pretende-se também conhecer como é percebida a atribuição deste subsídio às famílias ciganas por parte dos técnicos,quais são as suas perspectivas quanto à inserção e saída do universo da pobreza desta população.
- SANTOS, Sofia Aurora Rebelo

- MARQUES, João Filipe

Sofia Aurora Rebelo Santos, 28 anos, vive em Faro, sul de Portugal.
É técnica da Linha de Emergência Social (linha 144) da Equipa Distrital de Faro. Fez parte da equipa do Contrato Local de Desenvolvimento Social de Faro, num projeto de intervenção social nos bairros críticos da cidade, onde trabalhou com população cigana e não cigana. Em paralelo é estudante do Mestrado de Educação Social na Universidade do Algarve. Uma das suas áreas de interesse é os ciganos. Trabalha todos os dias na luta pelos direitos e pela promoção da cultura e identidade deste grupo étnico. Como projeto futuro pretende criar uma associação juntamente com um grupo de ciganos.
João Filipe Marques é Doutor em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, Professor Auxiliar na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve e Director da Licenciatura e do Mestrado em Sociologia daquela Universidade. Para além de leccionar na área das Teorias Sociológicas, tem publicado e ensinado nas áreas da Sociologia do Racismo, das Relações Inter-étnicas e da Etnicidade. Para além de vários artigos e capítulos de livros sobre aqueles temas é autor do livro Du «non racisme» portugais aux deux racismes des Portugais, (Lisboa, Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, 2007). Atualmente, é membro da Direção da Associação Portuguesa de Sociologia.
PAP0949 - O TEMPO LIVRE EM FAMÍLIA – UMA ABORDAGEM DE GÉNERO
O uso que os atores fazem do tempo é, em grande parte, condicionado por fatores sociais e culturais, em articulação com as características individuais, nas quais se inclui o género. Nesta comunicação abordamos as concepções do tempo e os modos de passar o tempo de homens e mulheres a viver em casal, dando relevo à maneira como percebem e usam o tempo livre. Tendo como base a análise da literatura sobre o tema, apresentamos e interpretamos os dados mais relevantes de uma pesquisa realizada nos distritos de Castelo Branco e Braga através de inquérito por questionário, grupos de foco e entrevistas semidiretivas. Tal como afirmam vários autores, o tempo livre designa o tempo não dedicado a responsabilidades e atividades consideradas «necessárias», tais como o trabalho remunerado, o trabalho doméstico, os cuidados de outros e os cuidados pessoais. Distingue-se do tempo de «lazer» que tende a agregar atividades, por regra com elevado índice de prazer, realizadas durante o tempo livre.
Nesta comunicação pretendemos mostrar que os usos do tempo livre em família evidenciam desigualdades de género de extrema importância, no contexto do debate sobre as políticas igualdade de género no trabalho e na vida privada. Tais desigualdades não são apenas definíveis a partir da dimensão quantitativa (em geral, as mulheres dispõem de menos tempo livre do que os homens com a mesma situação familiar), mas também a partir de outras dimensões, designadamente os índices de previsibilidade e de fragmentação (o tempo que as mulheres podem ter para si é menos previsível e mais fragmentado), a natureza das atividades e das preferências especialmente vinculadas a “identidades de género”. Pretendemos, assim, consolidar algumas hipóteses não só acerca da divisão sexual do tempo livre e do tempo de lazer, mas também sobre a forma como homens e mulheres tendem a valorizá-los, a preenchê-los e a narrá-los. Seguimos, neste contexto, diversas abordagens situadas na sociologia da família e do género, e, igualmente, alguns dos contributos fundamentais sobre a importância das classes sociais na experiência do tempo quotidiano, assim como das características dos modos de vida nas sociedades modernas.
- SCHOUTEN, Maria Johanna

- ARAÚJO, Emilia Rodrigues

Maria Johanna Schouten
Universidade da Beira Interior;
Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho.
Áreas de formação: Antropologia, História, Sociologia.
Interesses de investigação:
Sociologia da família, sociologia do género, sociologia da saúde, sociologia do envelhecimento, relações interculturais, estudos sobre o Sudeste Asiático
Emília Rodrigues Araújo
Universidade do Minho. departamento de sociologia e centro de estudos de comunicação e sociedade
Sociologia, com interesses atuais na área da sociologia do tempo, sociologia política e das mobilidades.
PAP0314 - O Trevo de Quatro Folhas: uma experiência de saúde em Sobral-CE
Neste artigo apresento uma análise das estratégias de saúde pública para mulheres das camadas populares de Sobral-CE, elaboradas pelo Trevo de Quatro Folhas. Objetivo foi compreender como as profissionais do setor de saúde atuam na prevenção da mortalidade materna e neonatal e o que configura uma ação minoritária de cuidar de mulheres/mães e crianças dos extratos mais baixos da cidade de Sobral-CE. Isto se traduz em duas práticas sociais: a prevenção da morte neonatal e materna e a prática de ajuda da mãe social em que a mãe gestacional é substituída, quando necessário pela mãe social. O foco da pesquisa é analisar como são elaboradas as estratégias do Trevo de Quatro Folhas - instituição social de caráter governamental atrelada à secretaria da Saúde e Ação Social do município de Sobral-CE - visando formular políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida de mulheres gestantes, puérperas, recém-nascidos e crianças, no sentido de contribuir para a redução de doenças, complicações e da redução da mortalidade materna e neonatal. Durante a investigação compreendi o sentido da saúde da mulher como uma construção ideológica, um ato político, de enunciação e propagação das políticas públicas para as mulheres. Ao mesmo tempo em que a saúde é vista como um fenômeno de satisfação e realização do indivíduo, a saúde também é compreendida como um dispositivo de afirmação dos valores modernos de controle e dominação de gênero. Neste sentido, a preocupação com a saúde das mulheres de baixa renda por parte do setor público de saúde, aponta para uma política de reconhecimento das diferenças de classe e de gênero. A abordagem metodológica utilizada nessa pesquisa possibilitou a compreensão de como ocorre o atendimento às mulheres residentes nas áreas urbana e rural do Município de Sobral CE, na gravidez, no parto e no nascimento. Além de refletir qual a representação de saúde que orienta os profissionais (médicas, enfermeiras e psicólogas e outros atores do setor de saúde) que trabalham no Trevo de Quatro Folhas. Desse modo, mergulhei no campo de observações com a finalidade de registrar e compreender os fatos através da experiência de observar de forma exaustiva a realidade. Desenvolvi familiaridade com a Estratégia de Saúde através de entrevistas com profissionais. Isso aconteceu, sobretudo, na condição de Professora na Residência em Saúde da Família na Escola de Saúde Visconde de Sabóia localizada no Bairro do Junco.
- GÉMES, Ivaldinete de Araújo Delmiro
PAP0428 - O arranjo produtivo local dos construtores de barcos artesanais; fundamentos para o desenvolvimento endógeno do Baixo-Tocantins(PA).
Este trabalho é um estudo de caso do Arranjo Produtivo Local – APL da indústria da construção naval artesanal no município de Igarapé-Miri região do Baixo – Tocantins. Atividade esta formado por estaleiros gerenciados por mestres trabalhadores detentores de um acervo intelectual tácito, passado de geração em geração. Objetiva investigar o potencial do APL da construção naval artesanal como fundamento do desenvolvimento endógeno na região. Deste modo, se analisou suas principais características, estrutura de produção, custo, ocupação, mercado e emprego nas pequenas empresas do APL da indústria naval bem como a dinâmica e a potencialidade do setor, os seus principais problemas e os entraves ao seu desenvolvimento. Dessa forma, a pesquisa constatou a crescente produção por tonelagem da indústria naval e os atores econômicos, políticos e sociais que dela tem se beneficiado. A pesquisa adotou o padrão metodológico das experiências de estudos de sistema de aprendizagem e inovações buscando entender sistemas e arranjos produtivos locais fundamentado na visão evolucionista sobre inovação e mudança tecnológica.
- CORRÊA, Edson de Jesus Antunes
PAP1234 - O atendimento em contact centers e o ‘trabalho emocional’ dos assistentes: um estudo de caso
Organizações de trabalho do tipo contact centers ocupam um lugar cada vez mais importante para as empresas, não só porque constituem soluções económicas e eficientes para os seus serviços mas também porque representam a sua imagem, e para os clientes, porque lhes permite poupar tempo e recursos na resolução de variadas situações. Esta realidade reflecte-se na Sociologia do Trabalho com a multiplicação de publicações sobre diversos aspectos do trabalho nessas organizações. São locais de trabalho geralmente caracterizados pelo neo-taylorismo (e.g. trabalho repetitivo, monótono, altamente controlado e monitorizado, com altas exigências a nível de qualidade, quantidade e, geralmente, mal remunerado e precário) e por aspectos que causam constrangimentos à qualidade de vida no trabalho dos assistentes. Vários estudos caracterizam o trabalho nestas organizações de altamente stressante e emocionalmente desgastante, por vezes até apelidando-as de "linhas de montagem do século XXI". De facto, a componente fundamental do trabalho nestas organizações é o contacto e atendimento interpessoais, exigindo dos assistentes um esforço de gestão emocional no sentido do auto-controlo constante, de forma a transmitir os sentimentos que a empresa deseja que transmitam e gerir eficazmente as solicitações dos clientes e utentes. Nestas condições, pode-se presumir que o atendimento continuado seja intensificador dos efeitos desgastantes da organização do trabalho, influenciando o bem-estar psicológico dos trabalhadores e levando, em casos extremos, a estados de exaustão emocional ou burnout. Para explorar este aspecto emocional particular do trabalho nos contact centers, realizou-se um estudo de caso numa organização da espécie, onde se aplicou um questionário elaborado a partir de vários contributos (nomeadamente as Frankfurt Emotion Work Scales, a Maslach Burnout Inventory General Survey e o Psychological Contract Inventory) que foram adaptadas às especificidades e objectivos do projecto de investigação. Nesta comunicação relatámos os resultados obtidos de 259 questionários validados. Verificou-se que uma conjugação de vários factores, que vão desde a política de gestão de recursos humanos às características da população em causa, demonstra que o modelo de organização de contact center não é, per se, criador de más condições de trabalho, e que vários factores contribuem para o bem-estar e satisfação dos assistentes, mesmo quando sujeitos a formas de organização tradicionais do modelo de contact center.
- FIGUEIREDO, Ana Isabel
- STOLEROFF, Alan
PAP1050 - O binómio «afiliação/desafiliação» no fenómeno dos sem-abrigo: o caso dos laços entre «pares».
O fenómeno dos
sem-abrigo é
explicável pela
interpenetração de
uma série de
processos de
desafiliação. Tanto
o caminho que leva
os sujeitos até à
vida na rua como
esta última são
marcados por
reconfigurações
profundas dos laços
sociais que ligam os
indivíduos
sem-abrigo a outros
actores.
Maioritariamente,
esses laços
enfraquecem ou são
mesmo quebrados,
gerando uma
diminuição
significativa dos
tipos de protecção e
de reconhecimento
que garantiam.
Todavia, se este
enfraquecimento e
esta ruptura dos
laços são
indicadores da
existência de
processos de
desafiliação neste
fenómeno, é
impossível
compreendê-lo sem
olharmos também para
as múltiplas
afiliações de que a
rua se compõe.
Na rua, os sujeitos
sem-abrigo não ficam
num limbo
existencial e
interaccional mas
desenvolvem novos
laços, onde são de
realçar os laços
entre «pares» –
i.e., entre
indivíduos que, com
ou sem abrigo, se
localizam
estruturalmente na
zona de
desafiliação. As
relações entre
«pares»
apresentam-se como
um agregado díspar
de ligações, tanto
causadoras de
problemas como
claramente
funcionais para a
sobrevivência
quotidiana na vida
na rua. A protecção
entre «pares» é
relevante, ainda que
diminuta devido aos
poucos recursos ao
dispor de quem se
localiza
estruturalmente na
zona de
desafiliação. Mas
estes laços são
significativos,
sobretudo, por
permitirem um
reconhecimento de
tipo particular
entre sujeitos com
posições estruturais
similarmente
dominadas, precárias
e pobres que permite
combater
parcialmente a
desqualificação
social e a
estigmatização
sentidas pelos
indivíduos
sem-abrigo quando
interagem com
elementos das
«sociedade
domiciliada».
Palavras-chave:
Laços sociais entre
«pares»; Protecção;
Reconhecimento;
Sem-abrigo; Zona de
desafiliação.
Nota Biográfica:
Licenciado e Mestre
em Sociologia pela
Faculdade de
Economia da
Universidade de
Coimbra.
Actualmente, a
frequentar o
programa de
Doutoramento em
Sociologia na mesma
Instituição, onde
procura desenvolver
a investigação
iniciada no Mestrado
e que deu origem à
Dissertação
intitulada «A
Barraca do Rui». Os
laços sociais no
fenómeno dos
sem-abrigo.
- ALDEIA, João Miguel Marques Alves
PAP0247 - O bom filho à casa torna: sobre o paradoxo vivido por fieis que retornam ao culto afro após experiencia neo pentecostal.
Se a religião é cada vez mais, como destaca
Prandi (2003), menos aquela que se nasce, mas
uma que se elege - selecionada de uma
pluralidade e permite aos que se ingressam nelas
hoje o não compromisso com esta amanhã -
possibilitando-os pelas variadas opções e
intensa competição, entre elas um fiel cada vez
menos fiel e mais um pesquisador constante,
expresso no pequeno grau de lealdade entre ele e
a religião, é natural que se pense que esses
fiéis que abandonam os cultos afros, e engrossam
as estatísticas censitárias em favor de um
pentecostalismo e neopentecostalismo sempre em
ascensão, muitos deles retornam a sua religião
de origem.
Percebe-se cada vez mais, é que adesão
à igreja não é uma decisão irrevogável. Muitos
dos que convertem se desconvertem,ou seja,
voltam a sua religião de origem. Esse é o caso
de muitos candomblecistas que após passarem
pelos bancos das igrejas neopentecostais
retornam à religiosidade afro, porém, trazem
para esse universo, idéias alheias à este
universo eles: maniqueísmo, vida pós-morte e
noções de individuação entre os sujeitos, uma
vez que essas denominações religiosas,
contrariamente ás religiões afros, são
“religiões do self” (Plaideau 2008).
Esses retornados (nome dados aos
candomblecistas que após um período de
freqüência no neopentecostalismo retornam ao
candomblé), embora poucos mencionem a sua
trajetória pelos cultos afros, é destacado por
essa autora o fato de alterar profundamente a
maneira como estes reconciliados com a religião
de origem se movem dentro deste universo, o que
a leva a supor que o trânsito entre esses dois
mundos não se dá de maneira impermeável.
Questionam as práticas rituais como o
sacrifício animal, critica a materialização da
fé, idolatria além de desejarem estabelecer
acordos diferenciais com as entidades, num claro
sinal da valorização da individuação entre
sujeitos, valor esse caro as religiões de raízes
protestantes, mas, alheio aos cultos afros.
Operando dentro de uma lógica judaico- cristã,
de bem e mal como dimensões diametralmente
opostas, projetando noções de culpa e
responsabilidade individual num universo pagão,
(Pladieu 2008) estes sujeitos que como diria
Isaías Negrão (1996) estão entre a cruz e a
encruzilhada, tentam operar preceitos cristãos,
de um universo escatológico – morte, juízo,
inferno e paraíso (Motta 2004) - em uma
religiosidade que se dirigem para as questões
práticas da vida.
- SILVA, Pablo Juan Candido da
PAP1073 - O centro comercial como espaço de trabalho: reflexões sobre contextos profissionais diversos
Esta comunicação visa promover uma reflexão sobre a diversidade de contextos profissionais existentes no centro comercial, procurando caracterizar o quotidiano dos trabalhadores que laboram no interior destes espaços organizacionais. Partindo do caso concreto dos grupos profissionais da segurança e da limpeza, procura-se reflectir sobre as condições concretas do exercício da sua actividade laboral, destacando em particular as vulnerabilidades que a atravessam, visíveis mediante lógicas particulares de precarização que se desenham no centro comercial.
- CRUZ, Sofia Alexandra

Sofia Alexandra Cruz, Professora na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e Investigadora do Instituto de Sociologia da mesma Universidade. Doutorada em Sociologia, tem como áreas de interesse científico: o trabalho, as organizações e os grupos profissionais.
PAP0345 - O combate à pobreza e à exclusão social na infância: geração Escolhas
O combate à pobreza e à exclusão social na infância: Geração Escolhas
A pobreza é um fenómeno complexo e multidimensional. As abordagens são variadas e têm justificado a pertinência de vários estudos (Townsend, 1979, Silva, 1982, Silva e Costa, 1989, Almeida, 1992; Ferreira, 1997;Pereirinha, 1999; Capucha, 2005; Spicker, 2007; Costa, 2008). Apesar de mais de um século de análise dos fenómenos da pobreza e da exclusão social, é apenas na viragem para o século XXI, que se reconfigura o trabalho investigativo tendo como objecto empírico as crianças, surgindo, em Portugal, pela mão da economia (Bastos, 2008; Bastos, 2011). Não descurando a relevância de uma tal abordagem, torna-se fundamental que a sociologia promova uma análise compreensiva sobre os fenómenos da pobreza e da exclusão consagrando um olhar sobre o lugar da criança em tais processos. A visibilidade social da criança é relativamente recente. Para esta visibilidade contribuiu a publicação da Convenção dos Direitos da Criança (1989). A criança começa a ser vista como sujeito de direitos, dando-se início a uma verdadeira operação de busca do conhecimento sobre a criança em si própria (Corsaro, 1997; Sarmento, 2002; Bastos, 2008; Sarmento e Veiga, 2011). Esta comunicação pretende fazer o ponto de situação das políticas sociais de combate à pobreza e à exclusão social em Portugal, tomando por referência a infância. O período de análise documental situa-se entre 1990 – 2010. Tendo-se procedido a uma análise de conteúdo relativamente à legislação social e às políticas sociais de combate à pobreza e à exclusão na infância, seleccionou-se como objecto de análise empírica o Programa Escolhas. Este Programa, de natureza governamental, tem 10 anos. Uma década constitui um período temporal que permite uma análise minimamente densa dos processos sociais aqui em causa. O Escolhas, pela sua especificidade de base territorial e pelo trabalho social e educativo, de proximidade, procura contrariar a reprodução social da pobreza e da exclusão. O programa tem vindo a incentivar a mobilidade, dando a conhecer modos alternativos de vida, como factor de desenvolvimento pessoal e social, junto das crianças. A análise das entrevistas semi-directivas realizadas ao director nacional do programa e aos coordenadores de projectos implementados no concelho do Porto, assim como os dados recolhidos da aplicação de um inquérito por questionário às crianças, permitem documentar tais processos. Tomando por referência o estudo das condições de vida de crianças com idades entre os 10 e os 18 anos e as suas representações sociais da pobreza e exclusão, procura-se situar a posição da criança face a um triângulo socializador, constituído por família, escola e escolhas, no que concerne à aprendizagem de competências facilitadoras de combate à reprodução social da pobreza e da exclusão.
Palavras-chave: pobreza, exclusão social, políticas sociais, crianças, reprodução
- GANDRA, Florbela Samagaio

Florbela Samagaio Gandra
Florbela Maria S. Samagaio Gandra é socióloga. Iniciou a sua atividade profissional no âmbito de projetos de desenvolvimento local, tendo realizado a Formação Europeia JADE II, Jovem Agente de Desenvolvimento.
Iniciou-se como Investigadora do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no Projeto Pobreza e Exclusão Social: as áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, projeto este, financiado pela
Integrou o quadro docente da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, em 1997, sendo prof. Adjunta desde então. É membro do Conselho Técnico Científico da mesma instituição.
Tem desenvolvido os seus trabalhos de investigação sociológica, com respetivas publicações, nos seguintes domínios: pobreza e exclusão social; desenvolvimento local; sociologia da infância, e voluntariado missionário
Encontra-se atualmente em processo de doutoramento, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com a tese subordinada ao seguinte tema: O fator educativo no combate à pobreza e à exclusão social na infância.
PAP1302 - O conforto térmico e a produtividade
Retoma-se o projecto de Doutoramento da autora “Projectos de Climatização: actores sociais e dissensões ambientais”e com recurso à Teoria da Modernização Ecológica (TME), procura-se neste artigo produzir uma avaliação crítica da importância do conforto térmico do indivíduo, enquanto utilizador de edifícios de serviços e a partir do qual se perscrutam potenciais de participação que envolvem a mobilização de diferentes saberes. De entre os diversos aspectos, salienta-se a) o papel da eficiência energética na qualidade de vida dos ocupantes de edifícios de serviços e b) a contribuição do conforto térmico do indivíduo para o crescimento da economia de um país. Tais aspectos são decorrentes da mudança climática global a acontecer e constituem-se em parâmetros para uma análise sistêmica das relações de interdependência entre a sociedade e a natureza, bem como sobre os modos de apropriação e de transformação desta, dos impactes e dos danos causados nos ambientes de forte fragilidade. Conclui-se então neste artigo que medidas relacionadas com a eficiência energética são por isso componentes importantes de acções a empreender, estão previstas no Programa Europeu para as Alterações Climáticas (ECCP), permitem uma melhor gestão dos recursos naturais, salvaguardam a vida das gerações vindouras e na lide com os desafios climáticos, exigem um olhar aglutinador que envolva as diferentes áreas do saber, onde deve existir a contribuição de uma expertise das ciências, assim como o dever da existência de diálogo, que sabemos de antemão ser difícil e desafiador.
Palavras-chave: Teoria da Modernização Ecológica, Trabalho, Sociedade, Conforto térmico
- MENDONÇA, Ana Soares Mendes

Ana Soares Mendes Mendonça, de nacionalidade Portuguesa, nascida a 11 de Março de 1962, exerce a actividade profissional como engenheira mecânica na área de Climatização e Qualidade do ar interior, com o contacto electrónico asmendonca@sapo.pt.
Formação académica:
- licenciatura na área de Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), Pós-Graduação em Sociologia na área de Território, Cidades e Ambiente, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em Lisboa (FCSH) em Lisboa, Mestrado em Sociologia, na área de Território, Cidades e Ambiente sobre o tema «O risco na Qualidade do Ar em espaços interiores», pela FCSH em Lisboa, sob a orientação do Prof. Doutor João Lutas Craveiro, doutoranda na área de Território, Cidades e Ambiente sobre o tema «Projectos de climatização: actores sociais e dissenções ambientais», pela FCSH, sob a orientação do Prof. Doutor João Lutas Craveiro e do Prof. Doutor Jorge Saraiva do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Formação científica:
- apresentação de artigos em diversas conferências, nomeadamente no VII Congresso de Sociologia, na 5ª Conferência Internacional de Ciências Sociais, na Conferência ECER 2012, na X Conferência de Psicologia Ambiental, no V Congresso Ibérico e III Congresso Ibero-Americano de Ciências e Técnicas do Frio, e no 1º Congresso de Ambiente e Sociedade que decorreu em Lisboa.
PAP0092 - O conservador-restaurador: análise de percursos de construção identitária numa profissão em transformação
A Conservação e Restauro ocupa hoje um lugar preponderante na salvaguarda e recuperação do património. Sendo aparentemente uma disciplina de cariz prático, a Conservação e Restauro é principalmente a aplicação de diversificados conhecimentos teóricos provenientes de várias disciplinas (ex: Química, Física, Biologia, História, História da Arte, Museologia), tendo sempre presente a teoria da Conservação e Restauro e o respeito pelo Código de Ética da Profissão, advogado pela Confederação Europeia dos Conservadores-Restauradores (ECCO).
Vários factores impulsionaram a mudança que se tem vivido nas três últimas décadas no seio desta profissão, residindo principalmente: na criação de programas de nível superior (Magalhães e Curvelo, 2007), na evolução das práticas profissionais, associada a uma crescente especialização sempre atenta à requerida interdisciplinaridade (Philippot, 1960), acompanhada do recente reconhecimento legal da necessária competência técnica na direcção de obras ou intervenções (Decreto-Lei n.º 140 /2009; Remígio, 2010b), no recurso a movimentos associativos e na progressiva valorização e visibilidade desta carreira científica e técnica. Múltiplos factores contribuíram para a gradual legitimação de um discurso e valorização de um saber profissional.
Face a este cenário de mudança, a presente comunicação* procura apresentar uma incursão sobre o processo de socialização e construção da identidade profissional do conservador-restaurador.
Tendo privilegiado uma démarche indutiva, as questões orientadoras do “universo interpretativo do investigador” (Paillé e Mucchielli, 2003: 74) potenciaram a análise deste corpo profissional, assente na conceptualização teórica de identidade profissional de Dubar (1997a), e conduzida numa metodologia de cariz qualitativo. Numa lógica próxima das pessoas, das suas acções e testemunhos, a abordagem biográfica (Demazière, 2007; Bertaux, 1997) consistiu a nossa forma de aproximação ao Outro, conferindo sempre um especial estatuto à palavra dos actores (Demazière e Dubar, 1997).
Neste contexto, cuidaremos de apresentar alguns traços de quatro percursos experienciais, obtidos através de narrativas biográficas orais, analisando a singularidade emergente de cada trajectória profissional, inscrita numa perspectiva dinâmica. Pela justaposição dos perfis, daremos conta de um conjunto de linhas interpretativas da dinâmica identitária deste grupo profissional. Numa recursividade permanente entre leitura do teórico e do vivencial, destacaremos alguns elementos que configuram dimensões de um viver colectivo.
*A comunicação retoma sumariamente os principais resultados da dissertação defendida pela autora, em Outubro de 2011, no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
- SÁ, Silvia

Silvia Sá
Afiliação institucional - Assistente Convidada do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Área de formação - Mestrado em Ciências da Educação e Pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos; Interesses de investigação - Missão Educativa dos Museus; Formação Profissional; Profissões, Identidade Profissional e Trabalho; Metodologias de Investigação qualitativas - estudo biográfico.
Responsável pelo Serviço de Formação do Museu da Presidência da República nos últimos 6 anos, colaborei paralelamente em diversos trabalhos de investigação relacionados com a implementação das TIC em sala de aula, necessidades de formação, acreditação de entidades formadoras.
PAP0062 - O consumo da ficção nacional na televisão portuguesa: uma análise crítica
O contexto português na última década, no que se refere à produção de ficção audiovisual, tem sofrido profundas convulsões, bem patente sobretudo no domínio quantitativo desta, a ser exibida em regime “prime-time” nas principais cadeias televisivas generalistas portuguesas, como são os casos da RTP e SIC, mas sobretudo da TVI, com uma forte aposta neste tipo de produção própria. Ora, partindo do pressuposto estatisticamente observável, de que é a televisão, o principal meio de acesso a informação, bem como a bens de consumo cultural da população portuguesa, em claro detrimento de outros mecanismos, como o teatro ou o cinema, pretende-se desenvolver uma análise crítica a partir do paradigma marxista na pessoa do seu fundador Karl Marx, bem como desenvolvimentos posteriores mormente oriundos da designada escola de Frankfürt, como Walter Benjamin, tal como esforços teóricos contemporâneos, como é o caso de Pierre Bourdieu. Para tal, concebemos como unidade de análise o conjunto das três séries de novelas a exibi actualmente na TVI entre as 21h20 e as 00h30, num período compreendido entre 6 e 10 Fevereiro (apenas dias úteis). Tendo como objectivo a apreensão de representações sociais, assim como formas sub-reptícias de exercício do poder e de dominação a partir de uma determinada ideologia, optámos no plano metodológico, pela aplicação da análise de conteúdo a partir de uma grelha previamente concebida, em que se ensaiarão a operacionalização de diversas dimensões e seus respectivos indicadores, de forma a promover a maior e melhor sistematização da análise que se pretende realizar.
- SOUSA, João

- MORAIS, Ricardo

João Carlos Sousa - Licenciado em Sociologia pela Universidade da Beira Interior. É Bolseiro de Investigação do projecto “Agenda dos Cidadãos: jornalismo e participação cívica nos media Portugueses” no Laboratório de Comunicação Online. As suas áreas de interesse na investigação estão centradas na sociologia da juventude, política e religião.
Ricardo Morais - Investigador de Doutoramento em Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior. Nesta mesma Universidade tirou a licenciatura em Ciências da Comunicação e o Mestrado em Jornalismo: Imprensa, Rádio e Televisão. Desenvolve a sua investigação na análise das diferentes dimensões das oportunidades de participação oferecidas aos cidadãos pelos novos media. É Bolseiro de Investigação do projecto “Agenda dos Cidadãos: jornalismo e participação cívica nos media Portugueses” no Laboratório de Comunicação Online.
PAP1533 - O consumo dos media e dos bens culturais na emergência da consciência europeia nos jovens portugueses
Qual o papel do consumo dos media e dos bens culturais na construção da consciência europeia dos jovens portugueses? Os jovens de hoje estão continuamente imersos em dinâmicas de consumo de conteúdos mediáticos, da televisão à internet, que os coloca numa situação privilegiada de acesso aos conteúdos culturais e ao estabelecimento de relacionamentos transfronteiriços. A vivência neste contexto mediático deveria incrementar o conhecimento que os jovens europeus, (e os jovens portugueses em particular) detêm uns dos outros e ser uma oportunidade para o desenvolvimento do respeito, do reconhecimento e curiosidade mútuo, do pluralismo, da liberdade e da cooperação. Será a linguagem dos media uma linguagem transversal partilhada pelos jovens europeus que potencie a sua aproximação apesar da pluralidade linguística e sociocultural de cada país? Para responder à questão de investigação realizaram-se inquéritos por questionário aos jovens portugueses entre os 15 e os 18 anos de idade que frequentam as escolas nacionais no ensino secundário. Pelos dados recolhidos observa-se que existe uma influência moderada por parte dos media e dos bens culturais na formação da consciência europeia dos jovens portugueses, sendo a União Europeia o motor e o garante deste sentimento de pertença e união entre os cidadãos europeus. Por outro lado observa-se que esta emergência da consciência europeia nos jovens portugueses é gradual e cresce à medida que os indivíduos vão amadurecendo e se vão apropriando desta realidade, como um todo, individual e coletivo.
- REIS, Carlos
- OLIVEIRA, Lídia

- BALDI, Vania
Lídia Oliveira é Professora Auxiliar com Agregação da UA. Licenciada (1991) em Filosofia pela
UC, mestre (1995) em Educação Tecnológica pela UA, Valenciennes (França) e Mons (Bélgica) e
doutorada (2002) em Ciências e Tecnologias da Comunicação também pela UA. Os seus
interesses de investigação concentram-se na sociologia da comunicação, novos media,
ecologia dos media e cibercultura. Investigadora no CETAC.MEDIA e no CES.
PAP1156 - O consumo e suas inferências pedagógicas na produção de identidades infantis contemporâneas
O texto discute a sociologia do consumo a partir da análise de artefatos escolares que tematizam os filmes infantis. O estudo problematiza a ação que a pedagogia do consumo exerce sobre as identidades infantis do século XXI, instituindo referências que asseguram as crianças pertencer ao mesmo grupo dentro e fora da escola, postulando novas formas do ser infantil na sociedade contemporânea. A investigação realiza um mapeamento fotográfico de artefatos da mídia (cadernos, mochilas, lanches) analisando as evidências que apontam para as transformações que estão ocorrendo na sociedade atual, postuladas, sobretudo, pela materialização das práticas de consumo na cultura infantil que inundaram as escolas e por vezes, desestabilizam o fazer pedagógico dentro das salas de aulas. Em termos metodológicos, além do mapeamento dos artefatos escolares, foram realizadas discussões com dois grupos de professores de duas escolas de ensino fundamental (pública e outra privada), tendo como foco principal, o consumo e as suas inferências na vida das crianças, especialmente, na produção destas identidades. Desse modo, destaca-se a importância de uma pesquisa que tem como proposta discutir a educação continuada para o consumo e analisar como a sociedade vem gradativamente se transformando, apregoada pelos estudos do sociólogo Zygmunt Bauman, tendo efeitos dentro e fora das escolas. O estudo faz uma reflexão sobre os possíveis resultados da relação entre educação e consumo infantil que acabam por regular, governar e disciplinar as identidades infantis contemporâneas. Neste sentido, a investigação defende o entendimento de que o consumo de artefatos escolares da mídia – filmes infantis sugerem estar realizando um trabalho pedagógico cultural muito aquém de que às crianças estejam apenas consumindo artefatos escolares da mídia, mas indubitavelmente, que elas estejam remodelando e reproduzindo novas formas de pensar, de ser e de agir, atreladas, sobretudo, pelo atributo moderno consumo, principalmente, para não ficarem obsoletas e sentir-se incluídas e assim, pertenceram à sociedade atual.
- PETERSEN, Michele Luciana
- SCHMIDT, Saraí Patrícia

Saraí Patrícia Schmidt possui Doutorado (2006) e Mestrado (1999) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduada em Comunicação Social (1991) é Professora Titular da Universidade Feevale, docente do Mestrado Acadêmico em Processos e Manifestações Culturais e coordenadora do projeto de extensão Nosso Bairro em Pauta na mesma instituição. Tem experiência como pesquisadora nas áreas de Comunicação e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: juventude, infância e consumo.
PAP1092 - O consumo, as marcas e a influência da publicidade dos telemóveis num grupo de crianças de um bairro social de Lisboa
Este trabalho pretende reflectir sobre diversos aspectos que envolvem o consumo dos telemóveis por crianças de um bairro social de Lisboa, nomeadamente o poder das marcas e da publicidade neste público-alvo. Por meio de campanhas cada vez mais modernas e audaciosas, que visa uma audiência cada vez mais jovem, as empresas de telefonia móvel conseguem, ano após ano, ampliar sua área de influência.
Quando percebemos a relevância dos media para as crianças e quão influenciada esta audiência pode ser, podemos perceber o impacto que a publicidade tem em suas vidas. De acordo com McNeal (1992) as crianças são um mercado muito importante hoje em dia, especialmente porque são capazes de influenciar três áreas deste mercado: as crianças podem ser identificadas como um mercado primário - quando gastam seu próprio dinheiro; como uma influência importante no consumo diário dos pais e também como um mercado futuro, que acontecerá assim que cresçam e se tornem adultos.
Devido a estas três possibilidades referidas, os adolescentes e as crianças têm se tornado o alvo do marketing massivo e das campanhas de publicidade. Estas campanhas moldam o uso de uma ampla gama de produtos. A publicidade é também a característica central deste milieu simbólico dentro do qual os jovens crescem- e, consequentemente, são moldados por estas publicidades (Murray Milner, 2004:149).
Desta forma, este trabalho pretende verificar a relevância da marca e da publicidade no que respeita ao consumo do telemóvel por um grupo de crianças e adolescentes de estatuto socioeconómico mais baixo. Procuraremos verificar quais os aspectos mais marcantes das publicidades de telemóveis para estas crianças, quais as marcas de presença mais forte entre este público e o porquê, percebendo desta forma, um pouco mais sobre o que influencia o consumo do telemóvel entre este público.
References:
Murray Milner, Jr.(2004). Freaks, Geeks, and Cool Kids: American Teenagers, Schools, and the Culture of Consumption. Routledge.
McNeal, J. (1992).Kids as Customers: a Handbook of Marketing to Children. New York: Lexington.
- FRANCISCO, Kárita Cristina
PAP0274 - O cooperativismo enquanto possibilidade de reinserção no mercado de trabalho: uma alternativa ao desemprego no Brasil
Este estudo visa debater sobre a viabilidade de criação de novos postos de trabalho e de recuperação de fábricas em estado falimentar, por meio da formação de cooperativas autogestionárias, com o propósito de reinserir os trabalhadores no mercado de trabalho e de propiciar uma renda básica àquela parcela da população que dificilmente conseguiria se estabelecer em um emprego formal, devido à conjuntura da economia mundial, que reflete suas conseqüências no mercado de trabalho e no cotidiano de trabalhadores.
A partir do início da década de 1990 é possível observar o constante crescimento da taxa de desemprego no Brasil, proporcionado por transformações econômicas internacionais (como, por exemplo, a reestruturação produtiva que estimulou a terceirização e o enxugamento de empresas) e acentuado por políticas públicas nacionais (responsáveis pela abertura comercial, recessão econômica e privatização de importantes empresas estatais). Essas mudanças políticas e econômicas impactaram diretamente o mundo do trabalho e, como resultado dessas tendências, um número considerável de indústrias e empresas fechou suas portas no decorrer dos anos 90, gerando demissões em massa e a ausência de perspectivas para os trabalhadores em relação à recolocação profissional. Esse cenário contribuiu para a contração dos empregos e da renda no país, prejudicando ainda mais a crítica situação da economia nacional.
Com os altos índices de desemprego formal, com o crescimento da informalidade e sem a existência de políticas públicas eficientes para equacionar esses problemas, muitos trabalhadores se viram forçados a buscar soluções para tentar contornar a escassez de emprego, por meio de alternativas de geração de renda. Assim como os trabalhadores, alguns grupos da sociedade civil como igrejas, sindicatos, ONGs, universidades (e posteriormente prefeituras) buscaram saídas para essa crise, e uma das propostas mais discutidas foi a criação de cooperativas autogestionárias, com o objetivo de reintegrar os trabalhadores excluídos do mercado de trabalho. A partir dos anos 90, assistiu-se ao ressurgimento das cooperativas como forma de manter postos de trabalho.
Durante as décadas de 1990 e 2000, o cooperativismo foi muito difundido pelo Brasil. Vários sindicatos começaram a apoiar a recuperação de fábricas por meio da formação de cooperativas, e instituições específicas para articular cooperativas foram criadas. Atualmente, com a economia nacional em crescimento e o mercado de trabalho aquecido, as cooperativas perderam um pouco do espaço que conquistaram no período de crise, mas ainda se configuram como agentes importantes para a manutenção de determinados postos de trabalho e para a geração de renda em comunidades com baixos índices de emprego.
- DUAIBS, Raquel
PAP0877 - O corpo como lugar de experiência e prática religiosa
Entendendo o corpo como o campo privilegiado de observação e compreensão sobre a maneira como as variadas formas religiosas atuam e quais são as implicações disso na vida prática daqueles que nela estão inseridos, o objetivo deste texto é refletir sobre as interdições/transgressões localizadas no corpo dos frequentadores de Igrejas Evangélicas tradicionais (pentecostais clássicas) e que operam sob os signos da “religiosidade”. A noção de religiosidade é compreendida aqui como o universo das práticas, das experiências subjetivas relacionadas à moralidade veiculada por tais igrejas. Neste sentido, desejo refletir sobre as práticas cotidianas relacionadas aos usos do corpo por aqueles que se encontram imersos neste universo evangélico específico. Utilizarei, no decorrer do texto, alguns exemplos empíricos retirados de minha pesquisa de mestrado, uma etnografia realizada numa Igreja Evangélica Assembleia de Deus, na cidade de Campinas, no estado de São Paulo, Brasil. Estes dados foram repensados a partir de algumas mudanças no cenário religioso atual e, principalmente, a partir de dados atuais, sistematizados para a pesquisa de doutorado que está em andamento. Apesar da estreita relação entre evangélicos e comportamentos vinculados a valores morais, percebemos hoje que há um descompasso entre o ensinamento institucional e a prática dos fiéis. O interesse central deste texto está justamente na experiência subjetiva (individual/coletiva) relacionada aos usos do corpo de pessoas que se encontram neste descompasso. Se os evangélicos sempre foram reconhecidos por sua adequação e obediência a padrões comportamentais, a questão central deste texto é: o que, na experiência de cada um, faz com que esses desencontros, em termos de gestão corporal, se tornem mais frequentes a cada dia? Além disso, mais do que pensar em tal descompasso é preciso compreender as novas adaptações a acomodações nas quais ele implica. Em linhas gerais, o que pudemos perceber em relação às práticas corporais, é que tanto as instituições religiosas se adaptam à nova demanda de ofertas para o corpo como o próprio individuo religioso busca realizar uma espécie de compatibilização entre as ofertas religiosas e as outras tantas que compõem a vida cotidiana na sociedade contemporânea.
- RIGONI, Ana Carolina Capellini

Ana Carolina Capellini Rigoni
Doutoranda na Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Formada em Educação Física
Interesses de Pesquisa: Educação do corpo, Religião, Educação Física Escolar, Antropologia
PAP0099 - O corpo escrito - as tatuagens na sociedade contemporânea
A sociedade contemporânea ou como alguns autores se lhe referem como pós-modernidade traz consigo novos valores, novas identidades, novas maneiras de ver o corpo bem como novos hábitos de consumo, inseridos numa lógica de globalização decorrente da emergência desta nova sociedade.
Este artigo aborda as mudanças na sociedades contemporânea em relação à sociedade anterior à revolução tecnológica e das comunicações. Trata, pois, dos novos valores que emergiram a seguir à mesma, da multiplicidade de identidades bem como das novas maneiras de ver o corpo relacionados com a sociedades de consumo e da imagem que trouxe a globalização. Analisa-se através de um estudo empírico a relação dos indivíduos com o seu corpo no âmbito da problemática dos processos de construção identitária, específicos, próprios da sociedade contemporânea. Procura, ainda, compreender e interpretar, sociologicamente, os significados subjectivos que os indivíduos investem nas tatuagens, alcançar as suas lógicas simbólicas e examinar a relação entre a posse de tatuagens e o respectivo papel na criação e manutenção de um sentido de identidade, uma nova maneira de ver o mundo e as estratégias utilizadas para se relacionarem com um mundo em mudança.
Este artigo mostra-nos também que exisem diferentes tipos de tatuados com características diferentes e que têm a ver com a sua maneira de estar no mundo bem como com as influências a que estão submetidos e a sua maneira de ver o p´roprio corpo.
É, pois, objectivo deste artigo inventariar os diferentes usos da tatuagem e reconstruir a pluralidade de sentidos relativos à experiência de marcar o corpo na sociedade portuguesa contemporânea. Queremos, assim, contribuir para uma visão “total” da tatuagem, partindo da noção de prática, tentando reconstruir, com base nessa perspectiva, os contextos socioculturais, os processos, os rituais, as interacções, as formas de apropriação e de construção subjectiva presentes na contemporaneidade.
Procurou-se, enfim, transformar o “exótico” em próximo para que possamos produzir conhecimento
- CASTELA, Ana Paula Robalo do Nascimento
PAP0195 - O corpo mediático: o masculino na publicidade
Este estudo propõe a
análise do
comportamento
social, retratado
através dos meios de
comunicação, das
masculinidades e do
corpo masculino. Nas
últimas quatro
décadas, a sociedade
e os media têm
exercido uma
influência crítica e
observadora sobre o
corpo, estabelecendo
padrões estéticos,
rotulando e
classificando as
pessoas de acordo
com a sua imagem
corporal, prestando
um culto à beleza e
à perfeição,
socialmente aceites.
As regras sociais,
a família e o
desporto, são
factores
preponderantes no
fortalecimento do
cuidado masculino
com a sua imagem e a
sua inserção social.
A relevância do tema
deve-se à inegável
influência dos meios
de comunicação nos
valores estéticos e
na imagem corporal.
Na
contemporaneidade,
as identidades
deixam de ser únicas
e fixas para serem
multifacetadas e
cambiantes. Os
estudos culturais e
de género, ao
analisar o que é
veiculado nos media,
procuram entender
como são retratadas
para a sociedade e
para os indivíduos
as mudanças que
permeiam a sociedade
na actualidade.
Até meados dos anos
80 o corpo masculino
permaneceu oculto.
Pouco se viu e se
falou dele na nossa
cultura. Na década
de 80, personagens
cinematográficos
tornaram-se modelos
de propagação da
imagem corporal
construída através
do corpo musculado e
a intensa veiculação
difundiu-se
globalmente devido
ao alcance do cinema
causando uma
verdadeira corrida
aos ginásios, e
sendo ainda,
referência directa
aos praticantes de
musculação.
Pretende-se
identificar aspectos
da exposição do
corpo masculino na
publicidade, nos
media impressos, e
analisar sua
apropriação pelo
mercado
publicitário.
Centrando a nossa
análise nas questões
ligadas ao corpo, à
masculinidade e à
sexualidade,
procuraremos
perceber como este
tipo específico de
discurso
publicitário
veiculado nos media,
representa o corpo
masculino na
actualidade,
expressando
determinados perfis
de homens e
reconfigurações
importantes na
identidade
masculina. A nossa
investigação trata
justamente de
perceber como é
retratado o corpo
masculino na
publicidade
contemporânea, e de
que forma o corpo e
a masculinidade são
revelados no mercado
publicitário. Neste
sentido,
utilizaremos como
quadro metodológico,
a análise
semiológica de
anúncios impressos
no mercado editorial
europeu. A nossa
discussão parte do
quadro conceitual
estabelecido por
Michel Foucault
acerca do corpo na
sociedade
disciplinar para
analisar a sua
representação na
publicidade. Ainda
acerca do corpo,
recorremos as
teorias de David Le
Breton.
- JANUÁRIO, Soraya Barreto
- CASCAIS, António Fernando

António Fernando Cascais
Docente de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e membro do Centro de estudos de Comunicação e Linguagens. Doutor em Ciências da Comunicação. Interesses de investigação: mediação dos saberes, filosofia e ética das ciências e das técnicas, estudos queer, biopolítica.
PAP0355 - O corpus de uma Eficaz abordagem Cientifica, uma decisão com amor
O conceito de familia, o risco em que muitas das crianças se encontram, foi avaliado a partir de uma metodologia que teve como modelo um programa eficaz de aconselhamento apartir visitas domiciliárias com estratégias diversificadas no aconselhamento.
Guimaraes Idalina (2004/2011) ajuda a escola e a família na modificação de hábitos na melhor integração/parceria e envolvimento das politicas
PAP0189 - O debate público sobre alimentos transgênicos na mídia: enquadrando os riscos
Este artigo tem como
objeto o debate
público sobre
alimentos
transgênicos na
mídia argentina,
brasileira e
mexicana. A partir
da análise de
conteúdo de três
jornais de cada
país, descreve-se
quais são os atores
e argumentos que
participam do
debate, a fim de
identificar o papel
dos enquadramentos
de "risco" no mesmo.
"Risco" é
conceituado como um
tipo de comunicação
política baseada em
conhecimento
especialista, que se
refere ao futuro e
envolve uma parte
afetada
negativamente
(elemento de
injustiça); daí a
necessidade de
estratégias de
visibilização nos
mídia pelos atores
afetados..
O tema dos riscos é
comumente pesquisado
nas áreas da
psicologia social e
dos estudos sociais
da ciência e da
tecnologia. O ponto
de partida comum é
que riscos são
construídos na
percepção e na
comunicação social
e, portanto, não
possuem uma
existência material
independente dos
processos de
construção social.
Os estudos sobre
mídia e comunicação
política, por sua
vez, tendem a usar
exemplos de risco
como uma aplicação a
mais de uma
metodologia. Há,
entretanto, uma
relação estreita
entre estas áreas de
pesquisa.
Considerado como
fenômeno que existe
na percepção e
comunicação sociais
e que se constrói
com objetivo
contestatório, ou
seja, com uma
existência
eminentemente
política, "risco" é
um elemento do
debate público, o
qual, nas sociedades
contemporâneas, se
compõe em grande
parte pelo debate
midiático.
A partir da
conceitualização
sobre risco como
fenômeno socialmente
construído em
processos
comunicativos e com
o uso da metodologia
dos estudos dos
media, este artigo
tem como objetivo
analisar o debate
público sobre
alimentos
transgênicos na
Argentina, no Brasil
e no México. Nove
meios de comunicacao
foram selecionados
como fonte e artigos
foram coletados para
os anos de 2009 e
2010 e submetidos a
análise de conteúdo,
com o uso de duas
categorias: tipos de
atores e frames.
Como resultado,
descreve-se a
participação dos
enquadramentos de
risco e seu uso por
diferentes tipos de
atores.
O argumento será
desenvolvido em
quatro partes:
conceitualização
sobre risco; desenho
de pesquisa;
resultados;
discussão. Por fim,
apresentam-se
algumas
considerações sobre
as vantagens e
limitações
metodológicas de se
usar dados de mídia
para estudar
demandas políticas
sobre risco.
- MOTTA, Renata Campos
PAP0997 - O debate sobre a politecnia na organização do trabalho: estudo de caso em uma cooperativa popular no Brasil
O conceito de politecnia remonta ao debate teórico sobre a fusão entre trabalho intelectual e trabalho manual, elementos separados no processo de trabalho capitalista. A proposta politécnica vislumbra a formação de trabalhadores omnilaterais, detentores dos conhecimentos técnicos e científicos para a execução das atividades e tendo o domínio das ferramentas de gestão da produção e do processo de trabalho, apresentando competências diversas e voltadas para uma atuação complexa na atividade produtiva. O debate teórico sobre politecnia esteve presente nas experiências socialistas do início do século XX, sendo recolocado em discussão sobre as perspectivas da organização democrática do trabalho a partir do final do século XX, enquanto importante elemento na construção da autogestão plena. Na perspectiva da autogestão, a formação dos trabalhadores tem como foco o trabalho associado em empreendimentos autogeridos, o que difere da constituição de um estoque de capital humano convertido em força de trabalho posta em atividade na produção pelas empresas capitalistas. Assim, a questão da empregabilidade, colocada em destaque na formação do capital humano, perde sentido em um ambiente autogestionário, em uma cooperativa popular, pois o foco na formação para o trabalho está em contribuir para o desenvolvimento pessoal e do empreendimento, e não apenas na perspectiva de auferir emprego ou colocação no mercado. A pesquisa realizada em uma cooperativa popular autogestionária no Estado do Rio Grande do Sul, região Sul do Brasil, formada por trabalhadores ligados aos movimentos sociais do campo, permite a observação de elementos em sua organização do trabalho voltados para a ampliação dos conhecimentos dos trabalhadores associados tanto no que tange à execução das atividades quanto no que diz respeito à gestão do empreendimento. Ao se observar a trajetória do trabalho associado, o rodízio de funções, a dinâmica nos cargos de gestão e execução, a forma de remuneração do trabalho e a formação técnica e geral de seus quadros, pode-se apontar a possível aplicação do conceito de politecnia em um ambiente autogestionário.
- CHIARIELLO, Caio Luis

- EID, Farid
Caio Luis Chiariello
Universidade Federal de Sao Carlos - Brasil
Doutorando em Engenharia de Producao
Organizacao do trabalho e cooperativismo
PAP0818 - O desafio do poder de gerir pessoas e intermediar conflitos organizacionais nas sociedades contemporâneas
Em muitas situações contingentes e de mudança, os colaboradores nas organizações dedicam-se à negociação informal. No entanto, é complexa a aferição da intensidade temporal despendida por sociólogos do trabalho, gestores e, sobretudo, pelos gestores de pessoas, ao debruçarem-se sobre questões negociais. Negociar é um acto contínuo à Gestão de Pessoas. Todavia, os estudos empíricos que relacionam o poder negocial com a eficácia organizacional não proliferam na literatura. A Gestão das Pessoas como função ‘partilhada’ e sistémica não se limita à participação das hierarquias em tarefas e actividades desempenhadas pelos responsáveis pela função, desde o Recrutamento à Avaliação de Desempenho. Trata-se de uma gestão dos colaboradores que deverá ser associada a uma gestão do processo de comunicação informal e matricial.
Os principais objectivos do estudo inscrevem-se numa lógica de complexidade ao analisar-se até que ponto o poder negocial inerente à Gestão das Pessoas extravasa uma perspectiva exclusivamente departamental. Pretendeu-se analisar a participação deste tipo de Gestão no processo de tomada de decisão, procurando-se identificar as percepções dos outros departamentos sobre o estatuto e a influência da Gestão das Pessoas na negociação. Paralelamente, estabeleceu-se uma ligação entre as várias formas/orientações de negociação (distributiva, integrativa e de motivação mista) e os recursos utilizados nas diferentes práticas negociais empreendidas, avaliando-se os efeitos da intervenção da Gestão de Pessoas, cada vez mais uma gestão emocional e de sensibilidades, que implica uma política de proximidade na influência dos (des)equilíbrios de poder na negociação.
A opção por uma amostra de conveniência fez-se sentir relativamente à escolha de quatro empresas consideradas, na sua quase totalidade, de grande dimensão.
Foram realizadas 20 entrevistas com o intuito de se analisarem as perspectivas inter-departamentais sobre o poder e a política, tendo como base as diferentes expectativas, preocupações e percepções dos entrevistados, os quais eram Directores de diferentes Departamentos/Unidades, posicionalmente situados no organigrama ao mesmo nível hierárquico de atribuições. O facto de pertencerem, na sua maioria, a organizações com mais de 5000 colaboradores facilita o desenho funcional e estratégico das Unidades de Negócio, dada a complexidade das mesmas.
- MOREIRA, Ricardo Bessa

- CUNHA, Pedro

Mestre em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Minho
Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Fernando Pessoa
Professor Auxiliar na Universidade Lusófona do Porto
Professor Convidado Equiparado a Auxiliar na UMinho
Interesses e áreas de Investigação: Gestão de Recursos Humanos, poder e negociação
Pedro Cunha
Pós-Doutorado em Psicologia na USC, sob orientação dos Profs. Doutores Gonzalo Serrano (Espanha) e Jorge Correia Jesuíno (Portugal). Doutor em Psicologia pela USC (bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia), Licenciado em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela FEP da Universidade Católica e Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, possui Certificado de Mediador de Conflitos e Mediador Familiar.
Director da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (2001-2004), na qual é Professor Associado com Agregação. Docente convidado da FEP – Faculdade de Economia e na EGP/Business School da Universidade do Porto. Os seus interesses de investigação direccionam-se prioritariamente para as áreas de gestão de conflitos, negociação e mediação.
PAP1089 - O desafio do poder de gerir pessoas e intermediar conflitos organizacionais nas sociedades contemporâneas
Em muitas situações contingentes e de mudança, os colaboradores nas organizações dedicam-se à negociação informal. No entanto, é complexa a aferição da intensidade temporal despendida por sociólogos do trabalho, gestores e, sobretudo, pelos gestores de pessoas, ao debruçarem-se sobre questões negociais. Negociar é um acto contínuo à Gestão de Pessoas. Todavia, os estudos empíricos que relacionam o poder negocial com a eficácia organizacional não proliferam na literatura. A Gestão das Pessoas como função ‘partilhada’ e sistémica não se limita à participação das hierarquias em tarefas e actividades desempenhadas pelos responsáveis pela função, desde o Recrutamento à Avaliação de Desempenho. Trata-se de uma gestão dos colaboradores que deverá ser associada a uma gestão do processo de comunicação informal e matricial.
Os principais objectivos do estudo inscrevem-se numa lógica de complexidade ao analisar-se até que ponto o poder negocial inerente à Gestão das Pessoas extravasa uma perspectiva exclusivamente departamental. Pretendeu-se analisar a participação deste tipo de Gestão no processo de tomada de decisão, procurando-se identificar as percepções dos outros departamentos sobre o estatuto e a influência da Gestão das Pessoas na negociação. Paralelamente, estabeleceu-se uma ligação entre as várias formas/orientações de negociação (distributiva, integrativa e de motivação mista) e os recursos utilizados nas diferentes práticas negociais empreendidas, avaliando-se os efeitos da intervenção da Gestão de Pessoas, cada vez mais uma gestão emocional e de sensibilidades, que implica uma política de proximidade na influência dos (des)equilíbrios de poder na negociação.
A opção por uma amostra de conveniência fez-se sentir relativamente à escolha de quatro empresas consideradas, na sua quase totalidade, de grande dimensão. Foram realizadas 20 entrevistas com o intuito de se analisarem as perspectivas inter-departamentais sobre o poder e a política, tendo como base as diferentes expectativas, preocupações e percepções dos entrevistados, os quais eram Directores de diferentes Departamentos/Unidades, posicionalmente situados no organigrama ao mesmo nível hierárquico de atribuições. O facto de pertencerem, na sua maioria, a organizações com mais de 5000 colaboradores facilita o desenho funcional e estratégico das Unidades de Negócio, dada a complexidade das mesmas.
A principal vantagem desta investigação relaciona-se com o possível contributo na tentativa de ligação entre Gestão de Pessoas e Negociação, sob o ponto de vista da distribuição de poder(es), e na aferição de uma perspectiva inter-departamental do(s) mesmo(s) quanto à participação que o Departamento de Gestão de Pessoas pode ter na eficácia organizacional. Este tipo de abordagem afigura-se, de certa forma, inovador no panorama nacional.
- MOREIRA, Ricardo Bessa

Mestre em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Minho
Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Fernando Pessoa
Professor Auxiliar na Universidade Lusófona do Porto
Professor Convidado Equiparado a Auxiliar na UMinho
Interesses e áreas de Investigação: Gestão de Recursos Humanos, poder e negociação
PAP0182 - O desenvolvimento de recursos humanos no contexto das organizações sociais
Esta comunicação baseia-se numa investigação
que sustenta uma tese de Mestrado em
Sociologia (ramo de recursos humanos e
desenvolvimento sustentável).
As motivações que presidiram à escolha do tema
de investigação são de ordem pessoal e
profissional e compreendem a pertinência
sugerida pelas especificidades das
organizações sociais na sociedade globalizada
actual e grandes transformações que as afectam
em todas as áreas. O impacto dessa
reestruturação materializa-se por intermédio
de processos de racionalização e técnicas
oriundas do ambiente empresarial, como as
novas tecnologias e os novos modelos de
desenvolvimento de recursos humanos. Planear,
desenvolver e monitorizar as competências
organizacionais e individuais tem-se tornado
uma das estratégias das organizações para
satisfazer as necessidades dos seus
utentes/clientes. A crescente importância das
organizações sociais, nomeadamente no que
concerne ao significado social das suas
actividades, ao volume de recursos
movimentados, às potencialidades enquanto
entidades empregadoras, são, entre outras,
razões que justificam a maior atenção a estas
organizações no sentido do aperfeiçoamento das
suas estruturas, dos seus instrumentos e
técnicas, e claro das práticas de
desenvolvimento dos seus recursos humanos.
O objectivo geral desta investigação centra-se
na compreensão das dinâmicas de
desenvolvimento dos recursos humanos no
contexto das organizações sociais. Deste modo,
tornar-se relevante abordar dois conceitos
centrais: “organizações sociais”,
e “desenvolvimento de recursos humanos”,
importando também identificar as dimensões de
análise subjacentes aos dois conceitos,
nomeadamente: estrutura da organização;
missão, visão e valores que enquadram os
objectivos estratégicos da organização;
concepção dos dirigentes e técnicos no que
respeita aos RH e ao DRH; recrutamento e
selecção; formação; organização de trabalho;
politica de emprego; avaliação de desempenho e
sistema de recompensas. A estratégia de
investigação escolhida foi o método do estudo
de caso. Especificamente, são estudadas duas
organizações sociais, através da observação e
recolha de dados sustentada em informação
disponível e provocada, utilizando para o
efeito a entrevista e o inquérito por
questionário.
Espera-se que esta investigação possa
contribuir para a compreensão da importância
estratégica e para o papel efectivo das
praticas de DRH no contexto das organizações
sociais, afinal “ (…) a gestão estratégica
integra o planeamento estratégico, as decisões
operacionais e o funcionamento quotidiano das
organizações” (Bilhim, 2004:47).
- COSTA, Ana

- SERRANO, Maria Manuel

Ana Delfina Leal Granjeia Costa
Técnica de Segurança Social no Centro Distrital de Évora do ISS, IP.
desde 1994 com funções nas áreas de Assessoria técnica aos tribunais
em matéria de regulação do poder paternal, bem como gestora de IPSS's
em matéria de acordos de cooperação Interinstitucional
Licenciada em História pela Universidade de Évora
Mestranda em Sociologia, especialização em Recursos Humanos e
Desenvolvimento Sustentável
Áreas de interesse: Assessoria Social; Desenvolvimento Social; Gestão
de Recursos Humanos em Organizações Sociais.
Maria Manuel Serrano é Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações e Mestre em Sistemas Socio-Organizacionais da Atividade Económica, pelo ISEG/UTL e Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora.
É investigadora do SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações do ISEG/UTL .
É Professora Auxiliar no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e Diretora do 1.º Ciclo de Estudos em Sociologia desta Universidade, desde 2009.
É autora de diversas publicações científicas na área da Sociologia Económica e das Organizações.
PAP0047 - O desenvolvimento na perspectiva institucional: Algumas reflexões sobre o processo de legitimação junto à sociedade
Este estudo visa contribuir no entendimento
sobre os processos institucionais e de
legitimação ao qual o conceito de
desenvolvimento é submetido junto à sociedade.
Vale salientar, que atrelado ao conceito de
desenvolvimento está uma disputa por poder e
hegemonia, onde entrar no grupo das comunidades
desenvolvidas garante uma série de privilégios
e o dever de garantir que suas liberdades, ou
modo de vida, não sejam afetados. Sendo assim,
é possível deduzir que comunidades
desenvolvidas e subdesenvolvidas possuem
liberdades e instituições próprias, entretanto,
as comunidades desenvolvidas possuem o poder de
garantir que as suas liberdades e instituições
permanecerão, enquanto que as subdesenvolvidas,
mesmo tendo o poder de resistir, serão
estimuladas a seguir o modelo e o estilo de
vida das comunidades ditas desenvolvidas. Neste
sentido utilizou-se como base teórica nesta
análise as teorias neo-institucionalistas, que
são construções sociais no sentido de abordarem
e criação de instituições como o resultado da
interação social entre atores se confrontando
em campos ou arenas. Mais importante são regras
preexistentes de interação e distribuição de
recursos agem como fontes de poder e, quando
combinadas com um modelo de atores, servem como
a base na qual as instituições são construídas
e reproduzidas. Uma vez existentes, as
instituições tanto capacitam quanto coagem os
atores sociais. Atores privilegiados podem
utilizar as instituições para reproduzir sua
posição (FLIGSTEIN, 2007, p.63). Desta forma,
partindo do pressuposto que o desenvolvimento
está fortemente associado à textura do tecido
institucional e organizacional e ao grau de
cooperação institucional e organizacional
existente em um determinado local. Supõe-se que
pa
PAP0913 - O determinismo cultural na prática esportiva: estudo dos casos do futebol no Brasil e do rúgbi na Nova Zelândia
O Brasil é aclamado, em todo o mundo, como o “país do futebol”. Tal reconhecimento ocorre, primordialmente, pelos excelentes resultados obtidos pelas seleções brasileiras de futebol nas Copas do Mundo de 1958, 62, 70, 94 e 2002. Além do sucesso representado por essas conquistas, a forma dos brasileiros praticarem o esporte futebol é admirada mundialmente pela habilidade de seus jogadores e pela beleza plástica com que suas equipes praticam o esporte. A Nova Zelândia, por outro lado, é reconhecida universalmente pela excelência de sua seleção nacional de rúgbi, os All Blacks. Em sete disputas da Copa do Mundo do esporte, a seleção neozelandesa conquistou o título em duas oportunidades (1987 e 2011). Muito mais do que os triunfos obtidos, a mítica dos All Blacks consagrou a Nova Zelândia como o principal país do esporte. O objetivo deste trabalho é analisar, de forma superficial, as relações existentes entre a formação cultural do brasileiro e do neozelandês com o sucesso obtido pelo futebol, no Brasil, e o rúgbi, na Nova Zelândia. É nossa intenção comprovar que os aspectos culturais são fundamentais para que, na prática desses esportes, os brasileiros tenham sucesso no futebol e os neozelandeses no rúgbi. Tal suspeita se baseia nas ideias de T. S. Eliot que afirma que “a cultura do individuo depende da cultura de um grupo ou classe, e que a cultura do grupo ou classe, e que a cultura do grupo ou classe depende da cultura da sociedade a que pertence este grupo ou classe”. Em função do exposto acima, pretendemos mostrar que, na formação cultural dos brasileiros e dos neozelandeses, estão presentes elementos que, no caso brasileiro favorecem a prática do esporte futebol; e, no caso neozelandês, estimulam o jogo esportivo e as características do rúgbi enquanto esporte. A educação, segundo Eliot, funciona como o elemento propagador da cultura. Cultura que se compõe de vários elementos e, no entender do autor, “vai da habilidade rudimentar e do conhecimento à interpretação do universo e do homem pela qual vive a comunidade”. Determinadas modalidades esportivas, por suas características peculiares, se adaptam melhor à formação cultural de sociedades peculiares. É essa relação – formação cultural x prática esportiva – que pretendemos investigar através do estudo dos casos Brasil-futebol e Nova Zelândia-rugbi.
- JUNIOR, Ary José Rocco
PAP0309 - O duplo consumo do deus: a inserção da festa da Semana Santa no contexto do mercado turístico na cidade de São João del Rei, Minas Gerais
A Semana Santa se inscreve no ano litúrgico do catolicismo romano, que tem como marcadores os eventos da vida de Jesus Cristo, do seu nascimento à sua morte, culminando em sua ressurreição. Contudo, dizer que essa festa se institui a partir do mito cristão da morte e da ressurreição de Jesus, guarda uma questão seminal que funda a sua prática, ou seja, o próprio sacrifício do deus que padece para salvar a humanidade. O sacrifício de Cristo é, então, a base do culto e dos festejos da Semana Santa.
A abnegação de Cristo pela humanidade [diga-se cristã] faz com que esta se reúna periodicamente, em um tempo distinto daquele imposto pelo mundo do trabalho, para dissipar sua própria força em um gesto de penitência pelo dom do deus [através do jejum, das orações, das vigílias e das procissões].
Por se introduzir no princípio que Georges Bataille (1975) denomina de “economia geral” - porque consagrada ao gasto inútil - a festividade da Semana Santa, acaba por se defrontar com estruturas sociais que “orientam-se no sentido inverso ao da valorização do instante, da imersão do presente absolutizado, da destruição sistemática e do consumo de signos que se recusa a acumular” (Sanchis: 1992, p.30). Tais estruturas levam a cabo as concepções do pensamento econômico utilitário que se baseiam nas necessidades de produção, conservação e consumo racional, que visa o lucro e exclui a despesa improdutiva
A Semana Santa da cidade histórica de São João del Rei, em Minas Gerais, se introduz no interior dessa natureza festiva; porém, a iniciativa da cidade em integrar o chamado “mercado mundial de cidades”, faz com que essa festa religiosa seja exaltada como um traço autêntico dessa sociedade e, consequentemente, utilizada como moeda de troca para o consumo turístico. Nessa conjuntura, a festa da Semana Santa [vivenciada como dádiva entre a divindade e os fiéis] se defronta com estruturas de uma outra qualidade de economia inversa àquela da festa, posto que é pautada pela produção para o lucro e o consumo. É, então, na mútua incidência de ambas as lógicas avessas que surgem os paradoxos dessa ação de mercadorização da festa da Semana Santa como parte do contexto brevemente descrito.
Entretanto, o conflito engendrado não declara a morte da festa. Ao contrário, a festa religiosa sobrevive e não o faz de forma estática, mas transformando-se e reinventando-se porque se encontra em permanente conflito com as leis do mercado.
Essa comunicação pretende, então, pensar sobre os paradoxos existentes quando da convergência entre duas lógicas distintas [a do consumo pelo turismo e a da despesa improdutiva pela festa], quando a festa da Semana Santa é empregada como uma moeda para o consumo turístico na cidade de São João del Rei.
- BELONE, Ana Paula Lessa

Afiliação institucional: Universidade Federal de Minas Gerais
área de formação: Mestrado em Sociologia (ainda não concluído)
Interesses de investigação: Religião, Festa, Cidade e Cultura de Consumo.
PAP1504 - O efeito do formato das respostas no tratamento de itens e escalas tipo Likert
Em muitas áreas das Ciências Sociais e afins, as pessoas são a origem da informação: as suas crenças, percepções, opiniões, são o próprio objecto de estudo. Estas noções, complexas, subjectivas e multidimensionais, são, à primeira vista, impossíveis de quantificar. Em 1932, Likert propôs um método de medição que mudou para sempre o papel dos métodos quantitativos na pesquisa social – e despoletou uma controvérsia que dura desde então. Likert preconizou a utilização de afirmações, de tal forma que pessoas com posicionamentos diferentes na atitude em estudo, respondam de forma diferente, cada uma delas a ser pontuada numa valoração de um a cinco, de acordo com o grau de concordância do respondente com a afirmação. A medida da atitude obtém-se pela soma das valorações dos itens elegidos, justificando a denominação de escalas adicionadas pela qual também são conhecidas. Desde essa altura, várias alternativas de formatação das respostas vieram a ser sugeridas. As propostas referem-se tanto ao número de pontos a utilizar, como aos descritores verbais incluídos (descrição, quantidade e posicionamento) e, mais recentemente, à substituição de um conjunto finito de opções de resposta por uma linha contínua (visual analogue scales, VAS). Esta comunicação insere-se no âmbito de um projecto mais amplo acerca de crenças sobre a Matemática. Neste caso particular, pretendemos indagar em que medida, quando trabalhamos com itens tipo-Likert, a utilização de âncoras em todos os pontos ou apenas nos extremos, se traduz em resultados diferentes. Pretende-se avaliar a forma como alunos do 1º ano de um conjunto de licenciaturas do ISCTE vêem a Matemática, em três dimensões: utilidade; enquanto domínio masculino e importância de compreensão dos conceitos. Cada dimensão é composta por seis itens, três com conotação positiva e três com negativa (adaptações de Fennema e Sherman, 1976 e Kloosterman e Stage, 1992). Cada item consiste numa afirmação, para a qual se pede o registo da intensidade de concordância. Foram construídos quatro tipos de questionários: nos dois primeiros (A e B) as afirmações são avaliadas através do posicionamento num segmento de recta (Visual Analogue Scale), sendo o A etiquetado nos extremos e no ponto central e o B apenas nos extremos; no terceiro (C) são usados itens de Likert com 5 pontos, todos etiquetados (discordo completamente, discordo, não concordo nem discordo, concordo e concordo completamente); o questionário do tipo D difere do anterior por ter apenas os extremos etiquetados. Nesta comunicação serão apresentados os resultados da comparação das respostas obtidas através da aplicação dos quatro tipos de questionário item a item e também das escalas obtidas por soma dos respectivos itens teoricamente definidos. A avaliação do comportamento dos itens e das escalas será efectuada com recurso a indicadores de localização, comparação de distribuições e medição de consistência interna.
- BOTELHO, Maria do Carmo

- CALAPEZ, Teresa
- RAMOS, Madalena

Maria do CarmoBotelho,Instituto Universitário de Lisboa (BRU-IUL), doutoradaem Métodos Quantitativos,Professora Auxiliar no Departamento de Métodos de Pesquisa Social do ISCTE-IUL. Interesses de investigação: estatística robusta, amostragem e escalas de resposta.
Madalena Ramos, Doutorada em Educação pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é professora auxiliar no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), no Departamento de Métodos de Pesquisa Social. Integra o grupo de investigadores do CIES-IUL e é membro da Direção da APS. Áreas de interesse: sociologia da família e das migrações e análise de dados. Publicações mais recentes: i) Ramos, M. e Carvalho, H. (2011). “Mapping Representations about Quantitative Methods in Higher Education”, Higher Education, 61(6): 629-647, Springer. ii) Parente, C., Ramos, M., Marcos, V., Cruz, S., Neto, H. (2011). “Efeitos da escolaridade nos padrões de inserção profissional juvenil em Portugal”, Sociologia Problemas e Práticas, 65:69-93. Ferreira, A.C. e Ramos, M. (2011). “Casamentos Mistos em Portugal: Evolução e Padrões”, Sociologia On Line, Nº 2, Associação Portuguesa de Sociologia.
PAP1065 - O empreendedorismo social em Portugal na estratégia de combate à pobreza e exclusão social (1995-2011)
A presente comunicação resulta da reflexão de um dos eixos analíticos do projecto de investigação designado “Empreendedorismo Social em Portugal: as políticas, as organizações e as práticas de educação/formação” (PTDC/CS-SOC/100186/2008). Este eixo pretende analisar o enquadramento político-legal direccionado para a promoção directa ou indirecta do empreendedorismo social e da economia social no terceiro sector português, sector que tem vindo a assumir um papel preponderante na resposta aos diferentes problemas associados ao desemprego e à exclusão social. Propomo-nos perspectivar o sector à luz da problemática do empreendedorismo social, emergente a partir da década de 1990 do século XX, uma vez que tem suscitado e enformado um conjunto de debates sobre novas abordagens de combate à pobreza e à exclusão social, fundamentando-se na capacitação e no desenvolvimento comunitário, na ênfase à sustentabilidade das iniciativas e na orientação primordial da missão social em detrimento da acumulação do capital. Acrescem a este fenómeno, conceitos como economia social e sector não lucrativo que, ao longo do tempo, têm desempenhado um papel complementar e/ou alternativo às incapacidades de resposta quer do Estado quer do mercado às velhas e novas necessidades sociais. Neste sentido, a comunicação visa analisar a forma como o terceiro sector tem sido dinamizado a partir dos eixos teóricos privilegiados, com base na sistematização das políticas sociais nacionais criadas nas últimas duas décadas, no sentido de captar os públicos privilegiados, o papel atribuído aos actores do terceiro sector e o enfoque às dimensões por nós isoladas do empreendedorismo social. Proceder-se-á ainda à identificação dos principais obstáculos inventariados por um conjunto de actores-chave do terceiro sector entrevistados no âmbito do projecto citado e que remetem para o grau de dependência estatal, o isomorfismo institucional e as dificuldades em dar respostas continuadas e profícuas aos públicos com quem trabalham. Ora, esperamos contribuir para uma reflexão alargada sobre como o empreendedorismo social e a economia social podem constituir-se, demarcando-se das tradicionais soluções de forte pendor assistencialista, enquanto estratégias possíveis, legítimas e viáveis de resposta à exclusão, através do fomento de iniciativas sustentáveis, da criação de capital social, da capacitação das comunidades, do desenvolvimento local, da consolidação democrática por via do incremento à participação e à cidadania activa.
- SANTOS, Mónica

- GUERRA, Paula
Mónica Santos, licenciada e mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia de Coimbra. Investigadora integrada do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia com projecto intitulado “As trajetórias profissionais dos licenciados em Direito: análise dos tipos de percursos e identidades sociais e profissionais e sociais” (SFRH/BD/75312/2010). Tem participado em diversos projectos de investigação nas áreas da inserção profissional de licenciados, das escolhas profissionais e escolares e do empreendedorismo social. Co-autora do livro “Licenciados, precariedade e família” (2009), Porto: Estratégias Criativas. Os seus interesses de investigação centram-se na Sociologia do trabalho e das profissões e na sociologia da educação.
PAP0320 - O erro como meio de produção de conhecimento: o caso da utilização da concepção weberiana de
O fato de cientistas da mais alta extração não estarem isentos de erros que se afiguram como bizarros aos olhos de gerações posteriores é bem conhecido na história da ciência. Pasteur, por exemplo, supunha, até 1880, que a imunidade resultava do esgotamento dos nutrientes essenciais de que a bactéria necessita para se multiplicar no organismo em que se hospeda. O pensamento sociológico, ao que parece, não fornece exemplos de erros tão anedóticos. Não obstante, neste artigo quero chamar a atenção para uma concepção sociológica cujo caráter bizarro não escapou aos historiadores e eruditos. Refiro-me ao conceito de povo-pária, tal como Weber o formulou, isto é, como chave para a compreensão do comportamento dos judeus enquanto minoria étnica e religiosa. Apesar de a literatura especializada ter mostrado, nos últimos cinqüenta anos, a inadequação teórica e empírica deste conceito sob os mais diferentes ângulos, na literatura sociológica ele tem sido retido como um meio de explicar a incompatibilidade última entre o judaísmo e o desenvolvimento do racionalismo ocidental. Assim, em seu aclamado livro The rise of western rationalism, o sociólogo alemão Wolfgang Schluchter argumenta que embora a doutrina profética hebraica tenha dado início ao processo de racionalização da conduta no ocidente (ao conceber um Deus único e pessoal que faz demandas éticas), o fato de os judeus terem se transformado (após a experiência do exílio babilônico) em um povo pária impediu que a referida doutrina ganhasse uma dinâmica universalista, problema que viria a ser solucionado posteriormente com o advento do cristianismo. Em um trabalho posterior, Schluchter se mostra ciente de que o conceito de povo-pária é alvo de merecidas críticas, mas faz duas ressalvas: esse conceito é importante para explicar por que os judeus não criaram o espírito do capitalismo moderno e para realçar a condição “marginal” dos judeus, em contraste com a posição “heterodoxa” dos protestantes. Mais recentemente, Schluchter mencionou a inadequação do conceito de povo-pária quando aplicado ao judaísmo na Antiguidade, mas, ainda assim, argumentou que é importante retê-lo (aplicado à Antiguidade) porque sem ele a abordagem mais abrangente de Weber a respeito do desenvolvimento do racionalismo ocidental perderia parte de seu apelo.
Neste artigo eu discuto a pertinência de toda essa linha de argumentação. Meu foco principal é o esforço de Schluchter em reter o conceito de povo-pária aplicado aos judeus da Antiguidade apesar de reconhecer a inadequação empírica desse conceito nesse caso particular.
- FREITAS, Renan Springer de

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980), mestre em Sociologia pela Sociedade Brasileira de Instrução - SBI/IUPERJ (1983) e doutor em Sociologia pela mesma Instituição (1989). Pesquisador visitante na Universidade de Amsterdam, no período 1990-1992, com bolsa de pós-doutorado concedida pela CAPES e Professor visitante na Duke University, EUA, em setembro de 2006. Atualmente é membro do Conselho Editorial da Revista Philosophy of the Social Sciences. Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais. Temas sobre os quais leciona e publica: teoria sociológica, sociologia do conhecimento, sociologia da ciência e sociologia da religião.
PAP1453 - O espaço público da cidade competitva: lazer e mobilidade; inclusão e exclusão
Em 1948, o plano diretor de Lisboa definiu a criação, na região oriental da cidade, de uma zona industrial associada ao porto. Ao longo do século XX, essa região foi também sendo utilizada como abrigo de políticas habitacionais destinadas à população de baixa renda (Gato 1997). Com a desativação e obsolescência de parte das indústrias e a viragem da economia portuguesa para o setor terciário/quaternário (Matias Ferreira e outros, 1997), a região oriental foi se consolidando como uma periferia social. Tais condições justificaram que a zona fosse escolhida para abrigar a Exposição Mundial de 1998, dada como trunfo para tornar Lisboa mais competitiva. A consecução desse objetivo dependia também do sucesso de um projeto de reurbanização que visava constituir ali a "nova centralidade" da capital portuguesa e um de seus principais pontos turísticos. A administração divulga hoje que o perímetro é visitado por 20 milhões de pessoas ao ano ante uma população residente de 25 mil. A gestão do território, batizado de Parque das Nações, é mais distante do poder local e mais próxima do Governo Central, acionista majoritário da empresa criada para realizar a intervenção e fazer a gestão urbana.
Apresentamos aqui os resultados de uma investigação dos espaços públicos do Parque, realizada por meio de observação direta, entrevistas não-estruturadas e análise de documentos. Descrevemos como o urbanismo adotado no Parque combina o favorecimento à circulação – uma característica da modernidade (Foucault, 2007) - com a valorização do lazer - uma característica do urbanismo e do modo de vida urbano atuais (Baptista, 2004). Tal combinação é uma estratégia para ancorar temporariamente o indivíduo nos espaços públicos, permitindo que esses sejam uma ferramenta de competitividade urbana por ajudarem a atrair a massa permanente de população cambiante (Martinotti, 2005) necessária à ocupação do Parque.
Demonstramos então como essa concepção de espaços públicos envolve exclusão de algumas formas de ocupação mas também pela própria inclusão, ainda que condicionada, de outras. Assim, para analisar como se dá a organização das ocupações, é necessário recorrer a uma dinâmica que apreendemos pelo conceito de "processos de inclusão e exclusão". Há uma expressiva negação, pela administração, da exclusão de qualquer indivíduo, o que é condizente com a ideia de que o espaço público deve ser acessível. Uma ideia que condiz com a ficção igualitária da modernidade (Martucelli, 2002).
- PEREIRA, Vitor Sorano

Graduado em comunicação e mestre em Sociologia, é jornalista do diário O Globo (Brasil), e investigador colaborador do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa-UNL/Cesnova (Portugal). Entre 2007 e 2009, foi repórter investigativo de administração local e urbanismo na cidade de São Paulo (Brasil). Com a dissertação “Para o 'cidadão em abstracto': a produção de espaços públicos na cidade reurbanizada”, concluiu o mestrado em Sociologia, linha de especialização Território, Cidade e Ambiente, pela UNL. Apresentou a comunicação “Inclusão e exclusão: a suave e fragmentária organização do espaço de uso público consumível” (Sicyurb/2011). Entre os interesses de pesquisa está a relação entre o lazer e a mobilidade, como competências de indivíduos e características de ações, com a mobilização, a participação cívica e o urbanismo.
PAP0187 - O espaço social em Portugal nos últimos vinte anos: mudança e reprodução social
De acordo com os
indicadores mais
utilizados para
medir e comparar o
nível de
desigualdades de
rendimento entre
países (índice de
Gini e S80/S20),
Portugal é um dos
países mais
desiguais da Europa.
Por exemplo, em 2008
o valor do S80/S20
era de 4,7 para a
União Europeia e de
6,0 para Portugal.
De facto, desde o
final dos anos 90
(quando o Eurostat
começou a publicar
dados regularmente),
Portugal surge
continuamente com os
níveis mais elevados
de desigualdades de
rendimento. Mas se
estes indicadores
são pertinentes em
termos de
comparações
internacionais, ao
mesmo tempo revelam
apenas uma faceta
destes fenómenos
sociais complexos.
Do nosso ponto de
vista, considerar os
rácios de rendimento
como a única medida
de desigualdade não
é suficiente para
produzir uma
perspectiva
relevante sobre as
razões sociais que
causam essas
discrepâncias no
país.
A nossa proposta é
analisar o nível de
desigualdades e a
sua reprodução
social através do
conceito de espaço
social (Bourdieu,
1979).
O objectivo desta
comunicação é
analisar as mudanças
e continuidades
estruturais na
sociedade portuguesa
nos últimos vinte
anos (1988-2008).
Para tal,
realizaremos uma
análise de
correspondências
múltiplas (ACM) e
uma análise de
clusters utilizando
um leque alargado de
variáveis
sociológicas, como a
classe social, o
género, o nível de
habilitações, etc.,
referentes a uma
base de dados
nacional (Quadros de
Pessoal) que cobre
todas as empresas
portuguesas e os
seus
estabelecimentos e
que, para além de
informação sobre as
remunerações dos
trabalhadores,
inclui também outras
variáveis que
permitem
caracterizá-los
sociograficamente.
Através do
desenvolvimento
desta abordagem
complexa,
produziremos não só
diferentes perfis
sociológicos de
desigualdades
sociais, mas também
uma análise sobre as
mudanças estruturais
que ocorreram nas
últimas duas
décadas. Mostraremos
que embora o espaço
social português
seja constituído por
três grupos
socioprofissionais
tanto em 1988 como
em 2008, o seu
tamanho e composição
social alteraram-se,
reflectindo as
tendências sociais e
económicas ocorridas
na sociedade
portuguesa durante
esse período.
- CARMO, Renato Miguel do
- CARVALHO, Margarida
- CANTANTE, Frederico
PAP1326 - O estudo de caso etnográfico como estratégia de observação da complexidade da governação local
Nesta comunicação argumenta-se a favor de uma metodologia etnográfica de estudo de caso teoricamente orientado para observar a complexidade na governação local em rede. Esta complexidade, conforme descrita pela literatura científica e pelos actores envolvidos na governação desafia as teorias e metodologias adaptadas às concepções lineares dos fenómenos sociais. Para a compreensão da governação em rede devemos adoptar teorias e metodologias adaptadas a esta complexidade.
A partir de uma pesquisa baseada num estudo de caso etnográfico sobre parcerias locais para a governação do bem-estar e a qualidade de vida numa localidade Inglesa, parte-se de uma tipologia de modos de complexidade (Rescher 1998) – ontológica, epistemológica e funcional – para identificar o modo como a complexidade na governação em rede afecta o processo de pesquisa e determina as estratégias de observação.
A complexidade ontológica da governação em rede indica o número crescente de sistemas e organizações autónomos envolvidos na governação, descentralização e fragmentação do Estado, governo por actores privados e o esbatimento e questionamento das fronteiras entre sectores e escalas. A complexidade epistemológica é indicada por referências à crescente complexidade dos problemas e variedade de interpretações e de interesses envolvidos, pela complexidade criada pelas próprias soluções, novas formas de risco e a importância crescente do acesso à informação para coordenação e controle. Em termos funcionais assistimos também à multiplicação e interconexão de horizontes temporais e especiais de ação, bem como a prevalência da coordenação através das redes e da auto-organização. Uma estratégia etnográfica permite a flexibilidade, adaptabilidade e a capacidade de identificar os elementos e interrelações que definem uma situação complexa sem forçar a priori uma redução da complexidade através da selecção de um conjunto limitado de elementos e relações.
Inspirada pelo estudo de caso alargado (Burawoy, 1998) ao nível da postura epistemológica e das extensões propostas, esta investigação adopta, porém, a abordagem da cibernética da segunda proposta pela teoria dos sistemas. Tal estratégia implica uma epistemologia construtivista que reconhece que qualquer observador está implicado na observação – incluindo o observador científico – e que privilegia observar as observações presentes nas redes de governação. Estas são observadas como selecções, sujeitas a contestação, reflexividade e reorganização contribuindo para a autoreprodução e a dinâmica da governação.
- FERREIRA, Sílvia
PAP0858 - O estudo do trabalho cultural e artístico pela sociologia em Portugal
A abordagem das profissões pela sociologia
constitui uma tendência recente na história
desta disciplina em Portugal. E se as
primeiras análises sociológicas de grupos
ocupacionais incidiram em profissões
institucionalizadas – como médicos e
engenheiros –, o sector da cultura e das artes
e os agentes que aí intervêm têm sido alvo de
uma vaga analítica mais tardia. Impulsionada
pela expansão da sociologia da cultura nas
últimas duas décadas, esta vaga traduz-se num
acervo de investigações em fase de crescimento.
Que perfis profissionais têm sido focados?
Através de que metodologias? Com que
contributos para o melhor conhecimento do
sector cultural e artístico? O objectivo da
presente comunicação é responder a estas
questões, caracterizando o leque de estudos
que a sociologia em Portugal tem produzido
sobre profissões culturais e artísticas. Trata-
se de ocupações compondo um grupo heterogéneo
e com especificidades, por nele caberem
domínios e ocupações com maior ou menor ênfase
na criação, difusão e conservação e ainda pela
diversidade de funções em causa (artísticas,
técnico-artísticas e de mediação).
Optou-se por estabelecer como critério de
recenseamento de textos a posse conjunta de
três atributos: ter autoria de sociólogos;
ancorar em investigações empíricas; estar
publicado.
No balanço contido nesta comunicação, os
estudos sociológicos sobre o trabalho cultural
e artístico são categorizados de acordo com os
objectos e as metodologias utilizadas. Os
principais resultados dos estudos sistematizam-
se em seis tópicos/seis secções temáticas: i)
artistas e companhias; ii) trajectórias e
reconhecimento – juventude, género,
nacionalidade; iii) escritores, editores e
política; iv) da importância dos mediadores
culturais; v) novos modelos de produção/
difusão e redefinição de perfis; vi)
representações e relação com a profissão.
O balanço aponta as áreas menos abordadas pela
sociologia na análise dos agentes e profissões
culturais e artísticas. Consideram-se ainda os
traços que o trabalho no sector da cultura e
das artes partilha com o emprego noutras áreas
de actividade.
- MARTINHO, Teresa Duarte

Teresa Duarte Martinho é socióloga e completou o doutoramento em Sociologia em 2011 no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). É licenciada em Sociologia (1990) pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). É mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (2000), pelo ISCTE, e em Estudos Curatoriais (2006), pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).
Actualmente, é investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) (http://www.ics.ul.pt). Desde 1996, participou em diversos projectos de investigação no Observatório das Actividades Culturais (OAC) (http://www.oac.pt) entidade fundada em 1996 por: Ministério da Cultura, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Instituto Nacional de Estatística (INE). Interesses de investigação: profissões e ocupações culturais e artísticas; políticas culturais; processos de mediação da arte e da ciência: práticas, actores e trajectórias.
PAP0481 - O feminismo brasileiro e sua tendência ressentida.
Antigamente o homem estabelecia uma relação de poder e conquista sobre a mulher advinda do costume vigente de sua época. Para combater esse mau, o feminismo embarcou em uma luta política por direito igualitários até a última circunstancia. Atualmente, a mulher possui poder de voto nas relações de força, sendo perceptível a sua supervalorização na cultura; política; economia, retirando assim qualquer indício que caracterizaste essa luta política. A moral atual menospreza o machismo e estimula cada vez mais a sensibilidade masculina, fazendo do homem mais consciente de seu papel emocional. A mulher não acostumada com a nova posição de poder, não valoriza a feminilidade do masculino e, também, nega sua própria feminilidade, afirmando o feminismo contemporâneo com preceitos herdados de comportamentos passados. Essa ausência de coerência moral com o contexto atual pode ser encarada como uma atitude ressentida, aonde constantemente retoma as mesmas questões de fraqueza histórica como instrumento de liberdade. Esta pesquisa tentará proporcionar uma relação entre a moral do ressentido em Nietzsche e a visão do feminismo contemporâneo.
PAP1273 - O flâneur virtual: voyeurismo e narcisismo na utilização de redes sociais virtuais.
Este projecto de investigação incide sobre o estudo das tendências voyeuristas e narcisistas presentes na utilização das redes sociais na internet, como é o caso do Facebook. Neste momento, mais de 800 milhões de pessoas usam o Facebook activamente, entre os quais se encontram 4 milhões de portugueses . O número de estudos neste campo tem aumentado significativamente, mas em Portugal a carência é ainda assinalável.
A internet cresce num contexto pós-moderno, marcado por transformações na identidade pessoal dos indivíduos e no modo de funcionamento das sociedades e das suas instituições. As redes sociais online aparecem num quadro de secularização e urbanização do quotidiano dos indivíduos e encerram um conjunto de dinâmicas sociais ora reprodutoras das dinâmicas formadas em contexto físico, ora germinadas num contexto online.
Na intersecção do desenvolvimento da internet com o contexto da transformação das identidades, torna-se relevante retomar o debate em torno da dialéctica público-privado e dos modelos de Sennett, Lasch e Simmel acerca das identidades marcadas por impulsos narcisistas e voyeuristas. A utilização-tipo destas redes vai ao encontro do perfil do flanêur retratado por Simmel que, na teoria do autor alemão, percorria a cidade com uma atenção extrema ao detalhe de tudo o que lhe era externo enquanto assumia uma postura teatral e única por entre os outros.
Através de uma estratégia metodológica qualitativa e assumindo a posição da WPA (World Psychiatric Association) de que todos os indivíduos possuem um determinado grau de narcisismo, procurou-se compreender, à luz destes traços de personalidade, os comportamentos dos utilizadores destas redes. A partir de uma abordagem etnográfica, os dados para a análise foram recolhidos através de entrevistas estimuladas com o recurso a fotografias, de análise de conteúdo dessas entrevistas e de análise documental do perfil online dos inquiridos.
Os resultados permitirão perceber a influência dos distúrbios narcisistas e voyeuristas da personalidade do indivíduo na construção das auto-narrativas em ambiente virtual.
- BARBOSA, Pedro, AZEVEDO, José
PAP0914 - O futebol como produto de consumo na mídia pós-moderna brasileira: o caso Mess- PlayStation
No dia 6 de abril de 2010, em entrevista coletiva concedida à imprensa, após partida em que sua equipe, o Arsenal, da Inglaterra, fora derrotada pelo Barcelona, da Espanha, por 4 a 1 , com quatro gols do jogador argentino Lionel Messi; o técnico francês da agremiação inglesa, Arsene Wenger, não se conteve e disse a seguinte frase aos jornalistas presentes à entrevista: “(Messi) é um jogador de PlayStation ”. Wenger, ao analisar o atleta argentino, o equipara ao videogame da Sony. Para o treinador francês, a precisão do jogador do Barcelona, sua habilidade no manejo da bola, só é possível no universo simulado do jogo eletrônico da multinacional japonesa. Os grandes jogadores de futebol do passado, como Pelé e Maradona, por exemplo, tinham suas façanhas futebolísticas associadas a fatores não humanos. Pelé é o Rei do futebol para os brasileiros. Maradona é simplesmente Deus para os argentinos. A comparação com a realeza, ou com a divindade, típica da modernidade; deu lugar à associação típica da pós-modernidade, onde o consumo norteia a relação estabelecida por Arsene Wenger. A cultura do esporte mundial tem experimentado, nas três últimas décadas, um crescimento financeiro vertiginoso. Desde os Jogos Olímpicos de 1960, quando a competição foi exibida pela primeira vez ao vivo pela TV, até hoje, as transmissões esportivas têm avançado de forma vertiginosa; inclusive, e principalmente, pelo seu crescente apelo financeiro. Os esportes, de uma forma geral, e a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos, de maneira especifica, são os principais elementos para a experimentação de novidades tecnológicas e de transmissão. Hoje, as grandes marcas de artigos esportivos, que vestem as principais seleções e clubes do futebol mundial, em especial os europeus, concentram suas estratégias mercadológicas na “busca do torcedor internacional e na promoção de suas marcas”. Dentro deste contexto, merece destaque a crescente participação de empresas de comunicação e mídia no universo cultural do futebol, como elemento de consumo do esporte enquanto entretenimento e cultura. A proposta deste trabalho é mostrar o quanto o futebol, enquanto fenômeno cultural, está inserido na chamada cultura pop ou cultura popular. É nossa intenção demonstrar que a inserção do esporte mais popular do planeta nesse universo pop, com o apoio dos meios de comunicação de massa, tem como objetivo principal o consumo, estimulando e fortalecendo a crescente indústria do entretenimento esportivo.
- JUNIOR, Ary José Rocco
PAP0017 - O humano na contemporaneidade: a utopia do homem perfeito e as deficiências
Os progressos científicos, sobretudo os que
dizem respeito à revolução genética, trazem à
tona a preocupação com um possível mau uso
desta e de sua indiscriminada exploração
comercial, circunstância em que a liberdade
individual, anunciada como uma liberdade de
escolha sem precedentes, poderia estar ferindo
a dignidade e os direitos humanos, compondo um
novo cenário tão sombrio quanto os anteriores,
visto que a seleção e o descarte dos
incapazes, deficientes e ineficientes não se
dariam mais pela via do extermínio, mas pela
salvação dos eleitos, estes manipulados,
programados e legitimados por argumentos
científicos. Para tal análise apoio-me, em
grande parte em grande parte, em proposições
do paradigma semiótico, como caracterizado por
Ginzburg (1989), uma metodologia que valoriza
o pensamento conjetural, além de acolher o
ensaio como gênero de composição do trabalho.
Tomo por base especialmente publicações
acadêmicas em diálogo com a produção
cinematográfica intitulada Gattaca: a
experiência genética (1997). Abordo neste
entrelaçamento de produtos culturais, impactos
e dilemas relacionados às inovações
tecnológicas, em particular, as da engenharia
genética e sua relação com as deficiências, ao
problematizar a busca de melhorias da vida do
homem pautada por um discurso científico que
cada vez mais tende a almejar a ordenação das
diferenças em nosso mundo, fixando-as no
âmbito da norma e das diagnoses, com a
promessa ou a efetiva oferta de intervenções
que viabilizariam a cura ou a reparação de
imperfeições humanas, sobretudo nas
deficiências, cuja existência poderia ser
previamente eliminada.
- MOURA, Simone Moreira de

Simone Moreira de Moura
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Mestre e
Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. Atualmente
é docente na Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Educação.
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Especial. Os
temas a seguir aparecem com maior frequência nas ações, estudos e
publicações: Educação e Dversidade, Educação Inclusiva, Deficiências,
Eugenia e as Novas Tecnologias. Líder do Grupo de Pesquisa GEPEDETC (Grupo
de Estudos e Pesquisa em Educação, Deficiências e Tecnologias). Aprovada
para o Pós doutorado no Instituto de Psicologia da Universidade do Estado
de São Paulo (USP) com o tema: Eugenia e Deficiências.
PAP0370 - O impacto da agricultura itinerante nos ecossistemas florestais de Timor-Leste
Assiste-se todos os anos à destruição de milhares de hectares da floresta em consequência da prática de agricultura itinerante de “slush and burn”ou “desmatamento e queima”. Esta actividade causa alterações nos ecossistemas florestais devido à destruição do coberto vegetal e consequentes alterações na fertilidade do solo. Em Timor-Leste, a agricultura itinerante ainda é hoje praticada como forma de agricultura de subsistência, em que se efectua essencialmente a plantação de culturas anuais.
Com base na caracterização da agricultura itinerante em dois sucos do distrito de Bobonaro, Timor-Leste, reflecte-se nos problemas, e nas soluções, causadaos pelo impacto dessa prática no desenvolvimento sustentável dos ecossistemas florestais de Timor-Leste.
A recolha da informação primária foi realizada através de inquérito por questionário aos agricultores praticantes de agricultura itinerante. O questionário caracterizou o método de agricultura itinerante, ouviu a opinião dos agricultores sobre o derrube e queima das áreas florestais e sobre a importância da floresta.
Na realidade sócia económica de Timor-Leste, a aplicação de soluções técnicas – reflorestação e gestão florestal, mulching e proibição da agricultura itinerante- não é suficiente dada a complexidade da organização política e social das diferentes comunidades que compõem o seu mundo rural. Nas soluções integradas, as soluções técnicas para melhorar a agricultura itinerante são apresentadas e tratadas com a comunidade em que são elementos fundamentais a participação e a responsabilização dos elementos da comunidade e a valorização económica e social dos bens produzidos pelas actividades agrícolas e florestais por toda a comunidade.
- JEUS, Maria
- HENRIQUES, Pedro
- LARANJEIRA, Pedro
- NARCISO, Vanda

Nome:VandaMargarida de Jesus dos Santos Narciso
Afiliação institucional:Investigadora independente; colabora regularmente em projetos de investigação com docentes do Departamento de Economia da Universidade de Évora
Área de formação:Licenciatura em Engenheira Zootécnica – Ramo de Extensão Rural pela Universidade de Évora; Pós-graduada em Medicina Humanitária pela Universidade de Lisboa; Curso de Especialização em Economia Ecológica pelo Programa de las Naciones Unidas para el Medio Ambiente e InternationalSociety for EcologicalEconomics
Interesses de investigação:Género e Desenvolvimento; Direitosà Terra; Usos da terra e bem-estar;Microfinançasrurais e Timor-Leste
E-mail: vandanarciso@gmail.com
PAP1408 - O impacto das TIC no quotidiano juvenil: implicações para as dinâmicas de confiança, autonomia e identidade pessoal
Esta comunicação pretende apresentar os resultados de uma pesquisa feita no âmbito de uma tese de doutoramento em sociologia na qual se procura desmontar – em disposições e atitudes – as diversas práticas relacionadas com as TIC, entrelaçadas com as dinâmicas de sociabilidade, práticas identitárias e autonomia de adolescentes de classe média urbana e escolarizada. Pretende-se, pois, dar a conhecer os resultados do estudo que utilizou um dispositivo metodológico baseado numa série de entrevistas a jovens e um inquérito extensivo, por questionário.
As TIC, tornaram-se ferramentas predominantes para a coordenação da vida diária, para a actualização de si próprio e das relações sociais. O impacto do telemóvel no quotidiano juvenil, imprime novos ritmos e formas de comunicar. A sobrevalorização da contingencialidade das regras sociais exprime-se na coordenação das actividades diárias, a qual é negociada e alterada no momento, assumindo um carácter flexível e potenciando, ainda, aspectos da autonomia pessoal (Stald; Castells). Outra característica impactante nas disposições quotidianas dos jovens é a possibilidade de conectividade permanente, seja através de SMS’s, telefonemas ou da internet.
Alguns indícios recolhidos na pesquisa revelam uma preponderante necessidade de comunicação e actualização instantâneas. As consequências para a sociabilidade são imensas. Refira-se, por exemplo, a interrupção do fluxo normal de interacção em co-presença, ou a permeabilidade das próprias relações amorosas face aos riscos associados à privacidade ou a um acesso virtualmente ilimitado às redes sociais.
As implicações para a identidade pessoal tornam-se importantes se tivermos em conta o feedback social facilitado e instantâneo dos outros: se este for positivo, os ganhos para a confiança – um dos pilares da construção identitária – são integrados no mundo offline. Contudo, uma sobrevalorização do feedback poder minar a autonomia, evidenciando um conflito latente entre as escolhas pessoais e estilo de vida e a importância da aprovação instantânea – porque mais facilitada e mais rápida – das amizades virtuais ou reais. O risco aumenta com a conectividade permanente, que permite contornar a solidão.
Apesar de terem sido observadas diferentes atitudes perante o uso do telemóvel, sobressaem traços de dependência comunicacional e mesmo alguma compulsividade onde, por exemplo, as chamadas e SMS’s assumem uma função fática – manter a comunicação como o principal objectivo, em detrimento do conteúdo. O telemóvel torna-se, assim, um meio de suporte instantâneo e presença emocional (Stald) actuando como um “substituto” da confiança (Giddens).
O quotidiano juvenil actual parece, assim, ser pautado por complexas dinâmicas de confiança e de reciprocidade, sendo que esta parece assumir um carácter mais imediatista (contingencial) em detrimento de um ethos coerente ao nível dos valores.
- FERREIRA, Nuno

Nuno Ferreira: licenciado em Sociologia pelo ISCTE-IUL. Presentemente
a terminar o
doutoramento em Sociologia pela mesma instituição. Tem como interesses de
pesquisa as metodologias de investigação, a identidade pessoal, os processos
educativos e juventude. Assistente convidado na ESECS - Instituto
Politécnico de Leiria.
PAP0282 - O intelectual engagé dos movimentos sociais
Considerando tanto as continuidades e descontinuidades sócio-
históricas, políticas e culturais, como também as constantes
metamorfoses na esfera pública, este trabalho pretende uma análise
comparativa entre o impacto multidimensional da crítica dos
intelectuais dos anos 60 e 70 com a primeira década dos anos 2000.
Irá, deste modo, averiguar se subsistem algumas nuances do
engagement dos intelectuais dos movimentos sociais dos anos 60/70
no papel do intelectual hodierno face às crises emergentes de índole
cultural, social, político-económica que - embora motivadas por
públicos, interesses e contextos diferentes - tendem a ter algumas
características e contornos em comum.
Tendo como referência modelos distintos de lutas e movimentos
sociais, este artigo procura estudar a relação e/ou transformação da
relação entre activistas e a comunidade intelectual. No entanto, antes
de deslindar esta ligação torna-se fulcral compreender a figura e
representação do próprio intelectual da modernidade tardia. Ora, e
seguindo a tese de Z. Bauman de 1987, os intelectuais legisladores, e
politicamente comprometidos à la Jean-Paul Sartre, Martin Luther King,
Vaclav Havel, que - através da imaginação democrática, de um vasto
repertório de ideias, avaliações, capacidades e lógicas – divulgavam e
defendiam os valores dos direitos humanos, da paz e da democracia,
esfumam-se aquando o próprio desaparecimento das grandes
metanarrativas (Lyotard, 1979). Agora, defende Bauman, os intelectuais
pós-modernos têm de se cingir ao papel de intérprete, ou seja, “o de
traduzir as diferentes tradições [...]” (Bauman, 1987), de traduzir os
múltiplos imaginários, repertórios, códigos que florescem diariamente
na esfera pública e lutam em paralelo pelo reconhecimento
identitário/cultural no campo político. Não obstante, e considerando o
actual contexto de agitação social, a intervenção social, cívica e política
dos agentes do campo cultural, parece ir para além do papel de
mediador, pois retoma o “efeito desestabilizador”, que tende a
provocar “abalos sísmicos e sacode as pessoas” (Said, [1993] 2000:
157).
Em suma, este trabalho ambiciona perceber 1) se os intelectuais
recuperaram a sua voz, até agora adormecida, na esfera pública; 2) se
têm vindo a contribuir com alternativas sócio-culturais e políticas e até
mesmo 3) se têm vindo a fomentar um fórum de comunicação com o
intuito de instigar alternativas à alternativa imposta pelo sistema.
- MEDEIROS, Pilar Damião de

Pilar Damião de Medeiros é desde 2007 doutorada pela Universidade de Freiburg,
Alemanha. Licenciada pela Brock University, Canada e tirou o mestrado na Queen’s
University, Canada e na Universidade de Karlsruhe, Alemanha. É Prof. Auxiliar
Convidada desde 2009 na Universidade dos Açores. Já publicou um livro intitulado
Rollenästhetik und Rollensoziologie (Wuerzburg, Koenigshausen & Neumann, 2007) –
que obteve 3 recensões críticas internacionaise – publicou igualmente 9 artigos e
capítulos de livro na área da Teoria crítica da cultura moderna, globalização cultural,
sociologia dos intelectuais e cultura política. Tem artigos publicados em revistas
como International Journal of Interdisciplinary Social Sciences, International
Journal of Multidisciplinary Thought, Rhetorical Analysis eJournal, Perspectivas,
Economia e Sociologia, entre outros. É membro efectivo do Núcleo de Investigação
em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho [Coimbra e
Évora] financiado pela FCT (Referência: FEDER/POCI 2010).
PAP0392 - O lugar da pobreza nos discursos sobre o nexo entre a obesidade e a pobreza nos media: estudo de caso do jornal brasileiro Folha de São Paulo
No dia 1 de Janeiro de 2003, Luís Inácio Lula da Silva tomou posse pela primeira vez como presidente da república e anunciou oficialmente o Programa Fome Zero. Descreveu-o como um programa de segurança alimentar, prioritário, que visava acabar com a fome no Brasil. Desde este anúncio, o tema da pobreza e da fome tornou-se mais frequente nos media brasileiros, em especial através das críticas ao anunciado Programa. É neste contexto que se dá a ascensão de um tema relacionado, tratado muitas vezes por especialistas e que, na maioria das vezes, parecia colocar em causa o Fome Zero: o nexo entre a obesidade e a pobreza. De facto, ao pesquisar o tema na Folha de São Paulo entre 1996 e 2005, encontraram-se 65 peças jornalísticas, dentre as quais 48 - ou seja, mais de um terço - foram publicadas apenas após o anúncio do Programa. Um número significativo delas estava relacionado com os dados que então revelavam a transição nutricional no país, ou seja, o aumento do sobrepeso e da obesidade entre os mais pobres, que dantes, muitas vezes, encontravam-se abaixo do peso considerado ideal. Através da análise de conteúdo e dos discursos das 65 peças do jornal, observou-se o modo como o nexo obesidade/pobreza era enunciado e qual passava a ser o referencial e o lugar da pobreza neste contexto. Logo, viu-se que havia um contraste muito significativo com os discursos sobre a pobreza que, pelo menos até o final da década de 1980, tinham sido produzidos no Brasil – uma pobreza até então predominantemente esquálida. Este contraste também revelava a construção de um discurso sobre um "outro" Brasil, da "transição nutricional", mas ele mesmo em "transição" para um outro status, o de país "rico". Para além disso, destacaram-se os seguintes mecanismos que passam a anunciar o novo lugar da pobreza: a transmutação disciplinar da pobreza; o consequente exorcismo da pobreza enquanto questão social e a inscrição da pobreza enquanto factor de risco à saúde. Subjacente a isto, e na medida em que, em parte, deslegitimava-se o Fome Zero, também havia um debate político acerca de qual deveria ser o papel do Estado no Brasil, que, no caso em destaque da Folha de São Paulo, tendia para a defesa do Estado mínimo.
- CARVALHO, Monica

Investigadora do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa (Porto)
Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade federal do Rio de Janeiro
Interesses de investigação: Comunicação da ciência; comunicação da saúde; risco; ciência e público
PAP0704 - O lugar do trabalho na vida dos diplomados do ensino superior em processo de inserção profissional
Grupo de Trabalho: Inserção de diplomados do
ensino superior: relações objectivas e
subjectivas com o trabalho
A inserção profissional dos diplomados do
ensino superior tem sido alvo de estudos
europeus e nacionais devido à complexificação
dos percursos profissionais, caracterizados,
no presente momento, por configurações
diversas. Os diplomados constituem uma
população heterogénea, pois diferem nos
percursos de inserção profissional de acordo
com os recursos que podem mobilizar e as
formações académicas que detêm. Atendendo às
diferenças que os caracterizam, assim como as
oportunidades do mercado de trabalho, as suas
trajectórias podem ser lineares e socialmente
ascendentes ou intermitentes, pautadas por
períodos de precariedade e ou desemprego.
Nas sociedades contemporâneas, a importância
atribuída pelos indivíduos ao trabalho
remunerado tem sido reconhecida, no campo
sociológico, visto que os inscreve na
estrutura social, legitima socialmente as
fases biográficas e permite concretizar
aspirações. Mas não se pode ignorar o actual
contexto de maiores dificuldades económicas,
que pode influenciar a percepção do valor do
trabalho, inflacionando-o ou diminuindo-o, e
condicionar comportamentos que traduzem o
lugar preponderante do trabalho na vida,
devido ao investimento temporal que exige e a
monopolização que pode exercer sobre os
restantes tempos sociais.
O trabalho, enquanto esfera da vida social,
não pode ser desligado de outras dimensões da
vida, pois os indivíduos caracterizam-se por
uma múltipla pertença social, que se traduz em
investimentos simultâneos na esfera da
família, redes de sociabilidade, práticas
religiosas, associativas, políticas e
culturais e actividades artísticas e
desportivas. Assim, ao longo das trajectórias
profissionais, os diplomados podem ver as suas
práticas influenciadas pelo lugar que o
trabalho ocupa na vida: forma de realização
pessoal, resultado de condicionalismo
económico-financeiro e social ou acesso a
recursos para investir nas outras dimensões da
vida social a que atribuem maior importância.
Mas a maior centralidade atribuída ao trabalho
na vida pode não ser sinónimo da sua
preponderância face às outras esferas sociais,
da mesma forma, que o maior investimento no
trabalho pode não ser sinónimo da sua maior
centralidade, mas sim ser resultado de
constrangimentos financeiros que impelem a um
maior investimento temporal no trabalho.
Com a presente comunicação, no âmbito do
programa de doutoramento em Sociologia na
FCSH/UNL, com o apoio da FCT, pretende-se
apresentar parte do estudo em curso sobre a
percepção que os diplomados do ensino superior
em processo de inserção profissional têm do
lugar que o trabalho ocupa na vida e de que
forma interfere com as outras dimensões da
vida social, recorrendo aos dados do
projecto «Percursos de inserção dos
licenciados», do CESNOVA.
- CABRAL, Arlinda Manuela dos Santos

Licenciada em Ciências da Educação – especialização Gestão da Formação e mestre em Sociologia, é actualmente doutoranda em Sociologia no CESNOVA, com o apoio da FCT. Foi Coordenadora do Gabinete de Gestão de Projectos/Centro de Formação Avançada da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL) do Instituto Politécnico de Lisboa, Pró-Reitora para a Graduação, Inovações Pedagógicas e Ensino à Distância da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e Assistente Convidada na ESTeSL. Entre as publicações, destacam-se «Conciliação ou conflito entre o trabalho e as outras esferas da vida social na inserção profissional dos diplomados do ensino superior» (2011), «O brain drain associado aos migrantes universitários cabo-verdianos» (2009), «A construção da escola democrática. Uma reflexão a partir de Jacques Delors, Licínio Lima e Jaume Sebarroja» (2007) e «Recensão crítica Pedagogia do Oprimido», de Paulo Freire (2005). Áreas de interesse: Ensino superior; competências-chave; gestão e qualidade da formação superior.
PAP1135 - O lugar dos Bairros Sociais no Olhar dos Media: uma análise da imprensa escrita entre 1970-2011
A presente comunicação decorre dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do projecto REHURB – Realojamento e Regeneração Urbana (PTDC/CS-GEO/108610/2008), que tem como objecto de estudo os bairros de promoção pública construídos entre os anos 1970 e a actualidade.
As políticas e estratégias de planeamento urbano prosseguidas durante várias décadas fomentaram a criação de bairros sociais enquanto áreas de concentração de população com diversos tipos de vulnerabilidades, com destaque para as sócio-económicas, a que se devem juntar, até pela localização original de diversos destes bairros, carências de acesso a bens e serviços, isolamento, etc. Em virtude da progressiva residualização do perfil da população elegível para acesso à habitação social e das características do edificado e do espaço público, estas áreas destacam-se habitualmente da sua envolvente, sendo frequentemente percebidas como espaços-problema. Aos factores de concentração sócio-espacial (e de isolamento relativo), alia-se a estigmatização destes bairros e dos seus residentes, parcialmente resultante da imagem produzida e reproduzida mediaticamente.
Centrando-se neste último aspecto, esta comunicação pretende analisar a função privilegiada que os media exercem na formação da opinião pública e nas múltiplas consequências daí decorrentes. Nesse sentido, pretende-se aqui explorar de que forma os media contribuem para a construção social de tais Espaços (Bairros Sociais) e dos seus principais Actores (residentes).
Com base na análise de uma amostra aleatória de notícias dos quatro jornais diários com maior tiragem nacional actualmente (Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Público e Correio da Manhã), é problematizado esse processo de construção social, através de técnicas de análise de conteúdo e de análise de discurso e com recurso aos softwares SPSS e NVIVO.
São, pois, identificados os principais estereótipos e os atributos predominantes no discurso mediático a que corresponde uma tipologia de análise das notícias recorrentemente tratadas na imprensa. Em particular, destaca-se a evolução das representações sociais dos referidos espaços e protagonistas ao longo do período mencionado, revelando as diferentes conjunturas políticas, sociais e económicas que lhe subjazem.
Esta comunicação pretende contribuir para o debate sobre o papel dos media na formulação de discursos sobre “bairros problemáticos” em Portugal, nomeadamente no que se refere às tendências de difusão da sua estigmatização.
- AMÍLCAR, Anselmo
- FERREIRA, Bárbara
PAP0680 - O mix social enquanto factor de inclusão
A conotação negativa atribuída à concentração espacial de população desfavorecida, designadamente nalguns bairros de habitação social tende a reforçar a importância das estratégias de mix social. Contudo a existência de enclaves sociais “problemáticos” não legitima, por si só, o entendimento da diversidade social como factor de inclusão. As intervenções que apostam na dispersão e na desconcentração levantam variadas questões, nomeadamente: Será o mix social um efectivo factor de inclusão social? Se sim qual a sua eficiência? Deverá ser complementado? De que forma? O reconhecimento de benefícios nas medidas de dispersão justifica uma gradual supressão de situações de concentração social?
A presente comunicação insere-se no âmbito do projecto de investigação REHURB – Realojamento e regeneração urbana, o qual tem por objecto a habitação social em Portugal, com especial destaque para os bairros sociais de grande dimensão. Nesse sentido pretende-se reflectir sobre as medidas de mix social como reacção às desvantagens da concentração sócio-espacial.
O artigo estrutura-se em 4 partes distintas. Na primeira parte analisa-se o conceito de mix social segundo as perspectivas de vários autores. Em complemento procuram-se pistas para compreender a evolução histórica do termo e as intenções que lhe foram e são associadas.
Na segunda parte, tendo como ponto de partida a ausência de consenso quantos aos resultados do mix social destaca-se o confronto de ideias quanto à implementação de medidas que tenham por objectivo a diversidade social, sendo apresentados os principais argumentos de defesa e de crítica. Do mesmo modo e considerando-se a ambivalência da concentração social, uma vez que poderá gerar resultados negativos mas também positivos, apresentam-se igualmente alguns dos principais argumentos de defesa e de crítica da concentração de populações desfavorecidas num mesmo território.
No seguimento dos vários argumentos e da sistematização de benefícios e críticas quanto à implementação do mix social, são enumeradas algumas das estratégias para obtenção de diversidade populacional, assim como medidas alternativas e complementares tendo por objectivo a inclusão social.
Finalmente e tendo como base as análises anteriores e o reconhecimento da importância de actuação face à segregação urbana e à exclusão social, com destaque para os segmentos mais vulneráveis da população, interessa compreender qual a real eficácia das soluções apontadas para a minimização destes problemas. Desse modo conclui-se que o mix social dificilmente será uma solução a usar isoladamente no combate à exclusão social mas entende-se que o conhecimento, dos benefícios e das limitações destas medidas, é fundamental para adequar as intervenções sociais aos variados contextos de exclusão.
- CARREIRAS, Marina
PAP0722 - O outro lado da formação profissional. Uma abordagem sociológica sobre as trajectórias profissionais dos formadores
O outro lado da formação profissional. Uma abordagem sociológica sobre as trajectórias profissionais dos formadores
O trabalho, enquanto instituição social, é simultaneamente um produto social que dita um determinado grau de pertença e integração numa determinada sociedade. É de todas as actividades humanas, aquela que preenche a maior parte das nossas vidas. A instituição trabalho, organiza socialmente a vida dos indivíduos no que respeita aos aspectos principais da vida humana, em que assinalamos a retribuição (compensação pelo desempenho de determinada actividade); nível de actividade; variedade de situações que se movem para lá do circuito fechado do espaço doméstico; estrutura temporal; contactos sociais e identidade pessoal. Perante estas características associadas ao trabalho reforça-se a tese do trabalho como elemento estruturante da organização social (Fialho et al. 2011a)
É nesta matriz de análise que Gorz (1997) introduz a conceito “precário” para despoletar discussão sobre a descontinuidade do trabalho ou seja, as oscilações entre o emprego e o desemprego. Para o autor, “Nós sabemos, nós sentimos, nós apreendemos a cada um de nós como desempregados em potência, subempregados em potência, precários, temporários, de tempo parcial em potência”(Gorz,1997:89). Esta situação leva-nos a questionar sobre o papel central do trabalho e, sobre uma nova normalidade que encontramos isto, normal parece ser a figura do precário que, deambula entre períodos de trabalho e não trabalho.
Esta investigação de doutoramento (em curso) aborda a precariedade que os formadores, que executam as políticas públicas de formação profissional, vivem através dos recibos verdes, sem um vínculo laboral estável com a entidade empregadora e sem estabilidade profissional e com vínculo precário. A precariedade da profissão de formador pode ser uma consequência para a desvalorização da profissão. A sociedade lucra com esta profissão que transmite e distribui conhecimentos, contudo existem razões sociais e económicas que não a valorizam.
Em termos de delimitação, esta investigação será desenvolvida no quadro das entidades formadoras públicas que desenvolvem a sua actividade na Região Alentejo, utilizando a triangulação entre metodologias qualitativas e quantitativas.
Palavras-chave: formadores, formação profissional, relações laborais, politicas públicas
AUTOR
SILVA, Joana Duarte; Universidade de Évora, Doutoramento em Sociologia
- SILVA, Joana Nunes Fitas Duarte
PAP0280 - O outro lado da satisfação no trabalho nas organizações de serviços de saúde. Entre as estratégias dos actores e os constrangimentos organizacionais
Não obstante a satisfação no trabalho ser tradicionalmente estudada como um sentimento específico face ao trabalho desenvolvido num dado momento, e ainda a satisfação profissional ser analisada como um sentimento de satisfação ou a insatisfação de acordo com o grupo profissional, o que nos interessou apresentar na presente comunicação são os resultados parcelares de um estudo realizado nos hospitais da Região Alentejo entre 2008 a 2010, descodificados e desocultados numa perspectiva mais meso e micro-organizacional, tomando como pano de fundo as verbalizações sobre a satisfação no trabalho como um produto das estratégias dos actores e das suas avaliações sobre os constrangimentos organizacionais.
Para analisar a satisfação no trabalho nos hospitais da Região Alentejo, aplicámos entrevistas e questionários junto dos diferentes grupos profissionais dos serviços estudados, cujas estruturas tomaram em consideração dois campos analíticos: a) condições estruturais de trabalho; b) dinâmicas organizacionais.
Ressaltam como elementos caracterizadores dos resultados do estudo, a presença de menores graus de satisfação ao nível dos grupos profissionais da Enfermagem e dos Médicos. Em termos globais, as recompensas materiais e imateriais e as relações socioprofissionais são as dimensões dos índices de satisfação mais valorizadas e que se sobressaem na análise do estudo efectuado. A nível dos Hospitais as dimensões relacionadas com a “inovação e responsabilidade partilhada”, a “imagem e qualidade da organização”, a “coordenação e integração organizacional”, a “liderança e participação” e o “reconhecimento do trabalho” surgem como os factores que mais interferem com a satisfação no trabalho dos seus profissionais.
De relevar que são essencialmente valorizadas as dimensões subjacentes às relações socioprofissionais, sobretudo ao nível micro. Contudo, é de salientar que factores como o (des)empenho e as oportunidades de desenvolvimento profissional, bem como as lógicas da comunicação interna veiculada nos serviços estudados, constituem os principais veículos que parecem inflamar eventuais conflitualidades latentes e exacerbam desânimos e distanciamentos face às políticas organizacionais vigentes no seio dos diferentes grupos profissionais e sectores de actividade, situação que se traduz em estados de maiores níveis de insatisfação dos actores, dito no sentido lato.
Os principais resultados do estudo realizado sugerem que para compreender a satisfação no trabalho no quadro da acção estratégica dos actores significa, sobretudo, tomar em consideração as atitudes e os comportamentos dos grupos de actores, e que é necessário admitir que os seus objectivos profissionais e de trabalho são múltiplos, embora nunca directamente determinados, ainda que constrangidos pelas políticas organizacionais.
- SILVA, Carlos Alberto da

- SARAGOÇA, José

- FIALHO, Joaquim

- BRAGA, Domingos

Carlos Alberto da Silva - Director do Departamento de Sociologia da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora (2011-...). Director do Programa de Doutoramento em Sociologia da Universidade de Évora (2011-...). Investigador integrado no CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (2011-...). Doutorado em Sociologia. Agregação em Sociologia. Mestrado em Sociologia. Licenciatura em Investigação Social Aplicada. Bacharel em Radiologia. Autor de vários trabalhos científicos e relatórios técnicos co-finaciados por programas nacionais e europeus nas áreas do diagnóstico e avaliação de projectos sociais, planificação estratégica e desenvolvimento regional. Principais áreas de interesses deinvestigação: a) Análise de redes sociais como ferramenta metodológica para o diagnóstico e intervenção social; b) Redes e cooperação territorial e transfronteiriça; c) Análise prospectiva; d) Avaliação da qualidade e satisfação de utentes e profissionais nas unidades de saúde; Avaliação em tecnologias da saúde.
José Saragoça
É Professor Auxiliar na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.
No Departamento de Sociologia leciona Sociologia da Educação, Planeamento e Gestão de Projetos, Diagnóstico e Prospetiva Social, Sociologia do Desporto, entre outras u.c..
É adjunto do Diretor do Departamento de Sociologia e membro do Conselho Pedagógico da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.
É Docente Convidado no Instituto Piaget (Campus de Santo André).
É investigador integrado do CESNOVA (Centro de Investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa).
Os seus interesses de investigação científica direcionam-se para os future studies/prospetiva estratégica e para a análise de redes sociais/social network analysis, sobretudo nos domínios da educação/formação, cooperação entre territórios e governo eletrónico. É autor de diversos artigos científicos, de capítulos de livros e do livro Tecnologias da Informação e da Comunicação, Educação e Desenvolvimento dos Territórios (publicado pela Fundação Alentejo em 2009).
JOAQUIM MANUEL ROCHA FIALHO, Licenciado em Serviço Social, é quadro superior do Instituto do Emprego e Formação Profissional desde 1999, onde exerce funções de assistente social no Centro de Formação Profissional de Évora. É detentor do Mestrado em Sociologia, na variante de recursos humanos e desenvolvimento sustentável (2003), tendo desenvolvido a tese sobre a re-integração de desempregados de longa duração no mercado de emprego. Em 2008, obteve, com distinção e louvor a aprovação nas provas de Doutoramento em Sociologia, onde apresentou a sua investigação sobre as redes de formação profissional. É professor auxiliar convidado no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e docente no Campus Universitário de Santo André do Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares (Instituto Piaget). Tem mais de uma de dezena de artigos publicados sobre organizações e formação profissional, bem como a participação em inúmeros eventos científicos como orador. As suas principias linhas de investigação são a análise de redes sociais, dinâmicas organizacionais e a formação profissional.
E-mail: jfialho@uevora.pt
DOMINGOS BRAGA.Doutorou-se em Sociologia pela Universidade de Évora; fez mestrado em Sociologia (especialização em Sociologia do Trabalho), pelo ISCTE e licenciatura em Sociologia pela Universidade de Évora.Exerce funções docentes desde 1987, e é atualmente Professor Auxiliar do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora. Exerce funções de Diretor do Curso de Mestrado em Sociologia e Adjunto na Comissão de Curso da Licenciatura em Sociologia.Desempenha ainda na atualidade as funções de Diretor do Centro de Investigação e Sociologia e Antropologia – Augusto Silva, e de adjunto da direção do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora. É também membro da Associação de Profissionais em Sociologia Industrial, das Organizações e do Trabalho (APSIOT). As principais áreas de investigação situam-se nos domínios da Sociologia do Trabalho e da Empresa, Sociologia das Profissões, Sociologia das Organizações, entre outras.
PAP1031 - O pai em licença parental, que mudanças?
O objectivo desta comunicação é apresentar os resultados de um estudo qualitativo sobre as experiências dos homens pais que gozam sozinhos pelo menos um mês de licença parental após o regresso da mãe ao mercado de trabalho. Trata-se da licença parental inicial, criada em 2009, em substituição da licença por maternidade. Esta nova licença é um direito do pai e da mãe trabalhadores e pode prolongar-se mais um mês, bem pago, se gozado pelo pai em exclusivo. As taxas de utilização mostram que, a partir de 2009, há um aumento significativo do seu uso pelos homens (na ordem dos 16.000, por comparação a uma média de 600 homens que, até então, utilizavam parte da licença por maternidade em substituição da mãe).
Partindo da perspectiva do pai, este estudo foca-se nas expectativas, experiências e consequências da utilização desta nova licença, tanto para a relação pai/filho(a) como para as relações familiares no seu conjunto. Damos particular importância à perspectiva subjectiva dos actores, às motivações e razões pelas quais os homens entrevistados usam, ou não, o bónus de um mês de licença parental inicial, assim como aos processos de decisão e negociação em contexto familiar e laboral. Que factores motivaram os cônjuges a partilharem a licença? Que vantagens ou desvantagens daí decorrem? Existem constrangimentos em contexto laboral ao uso destas licenças? Está a nova legislação parental adequada às expectativas dos pais?
Os resultados demonstram uma diversidade de experiências. Para a maioria dos pais, trata-se de uma oportunidade não só para aprofundar a sua autonomia e responsabilidade em relação aos cuidados à criança, assumindo um papel equivalente ao da mãe, como também para fortalecer os laços mais individualizados pai/filho e filho/pai. Para alguns pais, trata-se de uma experiência enriquecedora mas menos marcante do ponto de vista da autonomia e responsabilidade assumidas, normalmente devido às redes de apoio que complementam o seu papel de cuidador.
Com este estudo, pretende-se conhecer uma realidade emergente, pouco estudada em Portugal, e contribuir para analisar o impacto do desenho das políticas nas expectativas e nas práticas dos actores envolvidos.
- WALL, Karin
- LEITÃO, Mafalda
PAP1450 - O papel da Cultura na promoção política: o caso prático das Capitais Culturais
Nesta comunicação pretende-se reflectir que embora não havendo uma só ideia de Europa, esta na prática está hoje confinada à retórica da União Europeia, continuamente construída por instituições e corpo legislativo e que utiliza a Cultura como caução intelectual. Este processo precisa de tornar indistintas as noções de Cultura e de Civilização. Porém, os valores civilizacionais, materiais, inserem-se num sistema económico particular, que vai gerando projectos e programas específicos. É o caso do projecto da UE, Capitais Culturais da Europa.
Em Portugal este circuito já teve algumas escalas: Lisboa 94, Porto 2001 e agora Guimarães 2012. Entretanto, inventou-se um pequeno programa doméstico decalcado do original e assim nasceram as Capitais Nacionais da Cultura: Coimbra 2003 e Faro 2005. Novo projecto adoptado com uma nova e subsequente mudança de escala. Assim, a todos os problemas e contradições que já se verificavam na versão original, parecem ter sido acrescentados outros derivados da nova escala, “bairrista” ou “paroquial”.
O resultado tem sido não só a produção de “cultura”, sem outro critério, senão o de um mercado de consumidores, os denominados “públicos da cultura”, que levariam tempo a produzir em dimensão apropriada; e também a desmesuradas expectativas dos agentes locais que se acham sempre menosprezados face aos grandes “cabeças de cartaz” das programações que se pretendem cosmopolitas. Por outro lado, que Europa se mostra a quem? Se são os agentes locais a “fazer a festa” para os vizinhos que diferença há em relação às “festas da aldeia”?
Interessa questionar, então, se esta noção de “cultura” – de objectos, criações, programações, etc. – poderá ser algo mais do que um processo visando à integração social e cultural das várias populações através da produção de um “gosto médio”, ou de uma “moda”.
Sabemos que na nossa contemporaneidade o “corpo social” foi perdendo homogeneidade, perda de referenciais identitários outrora amplamente partilhados, sendo agora, e cada vez mais intensamente, território de novas e constantes negociações. À desvalorização do “político” tem correspondido uma sobrevalorização do “cultural”. Assim, a “cultura prática” eficaz é uma “cultura promocional” que visa reforçar o “elo social”, através do sistemático apoio do Estado – a “política cultural” como “pão e circo”.
Do que aqui resulta é um programa de festivais, festas e espectáculos, onde ritualmente se comunga de comunga de “experiências extraordinárias” mas banalizadas – uma nova forma de Barroco. E tal como na antiga forma, dela emerge a mesma máxima – “L’État c’est moi”. E a mesma mecânica de dominação. Agora, já não um soberano, concreto e real, mas uma abstracção: o Povo, nas suas várias máscaras ouOu seja, o corpo político de funcionários da Cultura, dos vários agentes, produtores, artistas e outros intermediários; e das respectivas corporações.
Capital cultural, o que significa hoje?
- REIS, Júlio César
PAP1426 - O papel e uso social das Casas do Benfica para o seu desenvolvimento enquanto organização desportiva
O desporto é um fenómeno social marcante na sociedade, assumindo diferentes contornos dependendo do contexto social, político, económico e cultural em que se encontra inserido, tendo assim os movimentos associativos, através dos clubes desportivos, um importante papel enquanto agentes de socialização.
A problemática que acompanha toda esta investigação é «Qual o papel social e uso das Casas do Sport Lisboa e Benfica para o seu desenvolvimento enquanto organização desportiva?» Nesse sentido a presente investigação tem carácter exploratório, e consiste num estudo de caso cujo objectivo, é conhecer e descrever o fenómeno social e cultural das Casas do Benfica, que fazem parte de uma das mais importantes marcas em Portugal, em termos da sua representatividade comercial, valor social e cultural, o Sport Lisboa e Benfica.
Através da realização de entrevistas estruturadas a uma amostra de quarenta responsáveis de Casas do Benfica em Portugal, conclui-se que estas têm um papel social de extrema importância, funcionando como elo de ligação ao clube e como um espaço de convívio em que se fomenta o espírito benfiquista, fundamental ao desenvolvimento do Sport Lisboa e Benfica enquanto organização desportiva.
- SOUSA, Ana Margarida Tavares de
PAP0201 - O perfil dos estudantes maiores de 23 anos: o caso da Universidade do Algarve
A introdução do Processo de Bolonha nas Universidades Portuguesas trouxe mudanças significativas no mundo académico, nomeadamente: a maioria das licenciaturas passaram de quatro ou cinco anos para apenas três, aumentou a oferta de mestrados e pós-graduações, e mais recentemente, registou-se um boom quanto ao número de inscrições em cursos Pós-Laboral, por parte de alunos Maiores de 23 anos, através de concurso especial. Contudo, à semelhança do que acontece noutros países da Europa, a taxa de (in) sucesso escolar e consequentemente abandono académico revelam números preocupantes, e bastante significativos. Investigadores defendem que o abandono poderá estar relacionado com motivos como: o percurso escolar “acidentado”, fatores psicológicos, variáveis do “passado” dos estudantes (background familiar) ou ainda o contexto em que estão inseridos (o ambiente externo, o rendimento do agregado familiar, a profissão que exercem ou ainda responsabilidades familiares).
Através do uso combinado de metodologia quantitativa e qualitativa (inquérito por questionário e entrevista) pretende-se desta forma, caracterizar os estudantes maiores de 23 anos, sob diversos pontos de vista – económico, social, cultural – uma vez que as investigações, no âmbito desta temática (prefiro a palavra temática) matéria, são, ainda, muito escassas em Portugal. Por esta razão torna-se fundamental caracterizar e traçar um perfil do estudante adulto, aferir sobre os principais motivos que o levaram a regressar aos estudos, e compreender a qualidade dos processos de aprendizagem, a estrutura e o clima organizacional vivido nas Instituições de Ensino Superior da Universidade do Algarve.
- GONÇALVES, Teresa
PAP0393 - O poder comunicativo do humor – o caso das paródias ao computador ‘Magalhães’ nos media
O humor tem uma relação próxima com a atualidade, lançando sobre esta uma leitura irónica que ajuda a caricaturar dimensões de um problema que não são enunciáveis noutro registo. Alguns autores (Hollander,2005) discutem a importância do humor para comunicar uma ideia, nomeadamente a atualidade política, e de reter a atenção do leitor/ouvinte/espectador. Num momento em que abundam nos media nacionais secções e programas com pendor sarcástico, que tomam a realidade social como objecto da sua atenção, torna-se importante analisar o potencial comunicativo desses produtos e o seu contributo para a construção de um olhar mais informado e crítico sobre essa mesma realidade. Os programas de humor proporcionam leituras sobre a atualidade, podendo determinar que interpretações vão ser feitas sobre um determinado assunto. Deste modo, pode-se considerar que os espaços humorísticos dos media constituem um meio e um recurso importante de educação para os media.
Tomando como ponto de partida o impacto educativo, social e económico que o computador Magalhães teve na sociedade portuguesa, bem como a discussão expressiva que suscitou, esta comunicação pretende analisar as abordagens que os espaços humorísticos fazem deste fenómeno mediático. O corpus de análise é constituído pelo material publicado e difundido na imprensa, na televisão e na internet desde o lançamento da medida pelo XVII Governo liderado por José Sócrates (2008), até Setembro de 2011, altura em que o novo executivo, agora dirigido por Pedro Passos Coelho, suspende esta medida governamental. Tendo por base este material, proceder-se-á a uma análise dos principais temas abordados, dos aspectos que são caricaturados e da sua relação com a atualidade do processo. Pretende-se também analisar as rábulas dos programas televisivos de humor, relacionados com o tema em estudo, que foram objecto de queixas à Entidade Reguladora para a Comunicação Social, procurando-se identificar os motivos dessas queixas por parte do público e o seguimento que foi dado às mesmas pelos organismos em causa.
Outra dimensão que se pretende explorar nesta apresentação é o potencial do humor como forma de desenvolvimento de competências ao nível da literacia ou educação para os media fora de um ambiente formal de educação, mas muito abrangente e capaz de chegar a uma grande audiência, como é o caso da televisão.
Este trabalho insere-se no âmbito de um projeto de investigação intitulado ‘Navegando com o Magalhães - Estudo do Impacto dos Media Digitais nas Crianças’, em curso no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Referências:
Hollander, B. A. (2005). Late-Night Learning: Do Entertainment Programs Increase Political Campaign Knowledge for Young Viewers?. Journal of Broadcasting & Electronic Media, 49(4), 402-415.
- PEREIRA, Sara

- PEREIRA, Luís
Sara Pereira, professora auxiliar no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho e investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da mesma universidade. É atualmente diretora do mestrado de Comunicação, Cidadania e Educação e coordenadora de dois projetos de investigação: um financiado pela FCT, sobre as políticas e as práticas de uso do computador Magalhães; o outro, financiado pelo QREN, visa a criação de uma plataforma digital para as crianças. Os interesses de investigação centram-se na educação ou literacia para os media, na relação das crianças e jovens com os meios de comunicação e nos estudos de recepção.
PAP1556 - O problema da incerteza médica no contexto da Evidence Based Medicine: alguns eixos de problematização teórica
As actuais estratégias de padronização promovidas pelos defensores da Medicina Baseada na Prova (Evidence Based Medicine) advogam a necessidade de conferir maior objectividade à prática clínica, ou seja, preconizam a indispensabilidade de aplicar de forma mais uniforme e padronizada as provas científicas decorrentes da utilização das análises populacionais a vários aspectos da prática médica. O desenvolvimento e difusão de metodologias científicas de base estatística correspondem, neste sentido, a uma clara tentativa de ultrapassar a efectiva variação e contingência da prática médica, dado que essa mesma diversidade é entendida como geradora de problemas não só ao nível da própria qualidade dos cuidados de saúde, mas também, e sobretudo, ao nível do controlo e da racionalização dos custos. Esta concepção, que actualmente corresponde à visão epistémica, política e organizativa dominante, assenta no pressuposto de que a padronização das práticas corresponde a uma forma eficaz de reduzir a incerteza. No entanto, e em contraste com esta assumpção, têm vindo a emergir novas áreas e novas dimensões de incerteza. Isto significa que para além dos tipos de incerteza mais comuns com que os médicos se confrontam, e que estão “classicamente” descritos na literatura sociológica acerca deste assunto – designadamente no trabalho de Renée Fox -, acrescem novos níveis de incerteza, e que resultam do facto de as estratégias de padronização poderem ser, paradoxalmente, geradoras de novos problemas no contexto das práticas profissionais dos médicos, dado que implicam novas formas de pesquisa e recolha de informação que exigem competências técnicas de natureza estatística. Tal é indiciador do facto de que os guidelines e as revisões sistemáticas da literatura nem sempre são acessíveis, suficientes ou adequados para lidar com a complexidade de muitas situações concretas, circunstância que pode justificar o recurso complementar à experiência clínica, e, deste modo, conduzir à reapreciação do julgamento clínico. Assim sendo, o que se pretende com esta comunicação é, justamente, explorar algumas das principais repercussões da EBM no estudo sociológico da incerteza, o que implica revitalizar uma discussão teórica a partir dos contributos mais substantivos no campo da sociologia médica, como os de Renée Fox, Donald Light ou Paul Atkinson. Em particular, pretende-se aferir e compreender que reconfigurações se estabelecem ao nível dos saberes médicos, e que novas formas de articulação se desenvolvem entre a experiência clínica e os critérios de prova de natureza estatística no contexto das práticas médicas.
- RAPOSO, Hélder

Hélder Raposo; Prof. Adjunto na Área Científica de Sociologia das Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL –IPL); Licenciatura e Mestrado em Sociologia; Interesses de investigação em áreas como Sociologia do Conhecimento, Sociologia da Saúde, Sociologia da Ciência, Sociologia das Profissões.
PAP0960 - O processo de profissionalização dos Osteopatas em Portugal: as forças e as debilidades de uma profissão inacabada
Sendo certo que os profissionais de saúde têm suscitado enorme interesse junto dos sociólogos que se interessam pela problemática das profissões, não será despiciendo afirmar que as áreas das medicinas alternativas ou não convencionais estão ainda muito pouco estudadas entre nós. Assim sendo, o objectivo principal desta comunicação será o de dar a conhecer os aspectos mais marcantes do processo de profissionalização dos Osteopatas em Portugal, tendo como referencial teórico de base o paradigma do poder na análise das profissões.
Segundo Mike Saks (2000), o fato de existir um elevado número de profissionais da medicina alternativa e complementar (p.e. homeopatia, acupuntura, osteopatia, entre outras), tal facto não significa que as práticas alternativas estejam consolidadas no quadro das ofertas dos sistemas de saúde europeus. No caso da prática da Osteopatia/Medicina Osteopática, como se sabe ela é já bastante antiga, tanto nos EUA como em vários países da Europa, em especial no Reino Unido. Entre nós, a inserção no mercado de trabalho dos profissionais em Osteopatia é ainda relativamente recente e revela algumas especificidades, ao aceitar pessoas sem qualquer formação estruturada e consolidada, ou reconhecimento profissional acreditado pelo Estado, muito embora existam alguns diplomas legais.
Sabendo que a qualidade da inserção no mercado de trabalho dos profissionais em Osteopatia pode determinar em grande medida a qualidade da carreira a ser construída, o objectivo deste trabalho consistiu em analisar o processo de profissionalização e de formação identitária dos actuais Osteopatas que trabalham em Portugal.
Tendo por base a caracterização do conceito de profissão apresentado por E. Freidson e a partir de um conjunto de entrevistas realizadas junto de indivíduos de ambos os sexos a trabalhar em Portugal e assumindo diferentes experiências e formações ditas Osteopáticas, tanto a nível nacional como internacional, foi possível concluir que sem a necessária regulamentação da profissão por parte do Estado e sem a formação de cursos a tempo inteiro devidamente estruturados e oficialmente reconhecidos, dificilmente será possível ultrapassar uma imagem muito débil de percepcionar o que é a Osteopatia e qual o seu verdadeiro “métier”. Desta forma poder-se-á estar a criar um problema de natureza e formação identitária entre os profissionais e na imagem que estes transmitem para a opinião pública. O poder profissional desta classe apresentar-se-á debilitado e enfraquecido por falta de uma consolidação da profissão, ao gerar valores e formas muito diferenciadas de apropriação da profissão e das suas actividades de trabalho. Ninguém saberá quem é quem, ocorrerão fracos resultados da sua prática profissional e a Osteopatia será muito possivelmente conhecida pelo mau desempenho e, nada impede que possa haver sérios atropelos à Saúde Pública.
PAP0401 - O processo de transmissão de saberes e de espetacularização das manifestações populares do Nordeste do Brasil: negociações entre memória e esquecimento
Este trabalho tem
como objetivo
analisar o processo
de transmissão de
saberes em
contraponto ao
processo de
espetacularização,
aos quais a
manifestação
cultural do Cavalo
Marinho encontra-se
envolvida. O Cavalo
Marinho é uma
brincadeira que faz
parte do conjunto de
Reisados, comum a
muitos Estados do
Brasil, que envolve
dança, música,
teatro e poesia. A
palavra Reisado,
segundo Mário de
Andrade (1982),
deriva de “Reis”, e
foi uma
masculinização
brasileira da
palavra portuguesa
Reisada, que
significa
“rapaziada” ou
“patuscada”, coisas
próprias de rapazes
ou de patuscos,
farra ou ajuntamento
festivo de gente que
se reúne para dançar
e cantar. Os
Reisados são festas
populares que
costumam ocorrer,
sobretudo, durante o
mês de janeiro, em
muitos Estados do
Brasil. O Cavalo
Marinho é um
espetáculo popular
de rua, típico da
zona da mata norte
de Pernambuco e sul
da Paraíba, Nordeste
do Brasil. É
realizado,
sobretudo, por
trabalhadores
rurais, ligados ao
corte da cana-de-
açúcar. Conhecidos
como « brincadores
», os integrantes
desta manifestação
são descendentes de
escravos e moradores
de engenho, hoje,
habitantes das
periferias das vilas
e cidades do
interior, à margem
das usinas, ainda em
pleno funcionamento,
da região. Buscando
compreender tal
manifestação
cultural, enquanto
experiência estética
e prática social,
problematizamos a
visão romântica e
homogeneizadora de
cultura popular e
tradicional
nordestina, ainda
bastante vigente,
visando identificar
no processo de
transmissão de
saberes – conjunto
de estratégias
pedagógicas que
podem ser
consideradas uma das
formas pelas quais
tais manifestações
asseguram a sua
perpetuação no tempo
– um contraponto ao
processo de
espetacularização –
circuito comercial
de difusão cultural,
ao qual se vinculam
muitas manifestações
populares da região,
estas que terminam
por assumir novos
formatos e
significados, a
partir da inserção
cada vez mais
frequente neste
mercado (Carvalho,
2004). Assim,
propomos uma análise
desta manifestação e
de tais processos,
considerando a
dialogia, a
resistência e as
disputas simbólicas
ali envolvidas.
- ACSELRAD, Maria
PAP0585 - O processo de urbanização e o desenvolvimento dos clubes de futebol no Estado de São Paulo - Brasil
O problema da pesquisa foi: conhecer, interpretar e entender o processo social, político e econômico do desenvolvimento dos clubes de futebol no Estado de São Paulo - Brasil. Partiu-se da hipótese de que há relação entre a ampliação dos meios de transporte e o surgimento dos locais institucionalizados para esta prática esportiva. O estudo desenvolveu a relação entre a expansão dos meios de transporte no Estado de São Paulo e a evolução das práticas esportivas, mais especificamente o futebol. O projeto se iniciou com um estudo aprofundado das principais características da realidade política, econômica e social do Brasil e do Estado de São Paulo na primeira metade do século vinte (ALMEIDA E GUTIERREZ, 2010). Posteriormente, interpretaram-se os dados pela teoria da ação comunicativa (HABERMAS, 1989, 1990). Concluiu-se que o desenvolvimento econômico das regiões propiciou investimentos públicos para o crescimento das cidades do Estado de São Paulo e que o processo de urbanização e principalmente a chegada dos transportes, como o trem no interior; os portos fluviais na região do Rio Tietê; os portos marítimos no litoral e as rodovias por todo o Estado foram de suma importância para o incremento do esporte nas cidades (ALMEIDA, GUTIERREZ, PELISSON, 2010). A prática esportiva poderá ser compreendida no âmbito do crescimento das cidades enquanto arenas de circulação de mercadorias e conseqüente construção de uma cultura urbana (CORBIN, 1995). Com isso, observa-se o crescimento das preocupações com o público, com o consumidor, com a venda, com o espetáculo do corpo como elemento de consumo e de notável atenção e visibilidade. A contribuição conceitual mais interessante foi a inversão do sentido do movimento cultural, entre a cultura urbana e a rural. Existem trabalhos importantes que ilustram a influência da cultura rural, ou ainda caipira, na construção primeira do espaço urbano. Um exemplo é o texto de Florestan Fernandes (1998) intitulado “O Folclore de uma Cidade em Mudança”. No estudo aqui proposto apresenta-se uma espécie de inversão, onde os meios de transporte trazem para o interior, ou litoral, aspectos de uma cultura urbana em construção, entre eles o esporte. É importante destacar esta espécie de volta cultural da cidade para o interior, através do exemplo do esporte, enquanto elemento de análise e fio condutor de toda a reflexão. Durante meio século o Brasil sofreu mudanças e a que mais se relaciona com a discussão deste estudo foi a industrialização, carreada pela urbanização que influenciou a criação de clubes de futebol. Neste sentido, os meios de transporte foram os meios pelos quais a industrialização chega ao interior e litoral do Estado de São Paulo, junto com o pensamento da prática esportiva e o futebol como conseqüência.
- ALMEIDA, Marco
PAP1381 - O projeto “Entorno Escolar”, entre meio-ambiente e modernidade (Florianópolis-Brasil)
O desenvolvimento e reorganização de territórios são indicativos do processo de modernização das cidades. Em particular, eles andam de mãos dadas com a modernização de equipamentos e estruturas coletivas, e no presente, cada vez mais ligadas às questões relativas ao meio-ambiente. Indicativo de um horizonte de projeções políticas e econômicas, novos projetos forjam a utopia urbana através de novas vias de circulação, de ocupação e renovação do espaço. O ambiente urbano engendra vários interesses e estes estão presentes nas práticas sociais em instituições públicas. Áreas territoriais da cidade refletem a modelos políticos e organizacionais de uma época. Atualmente, as políticas de desenvolvimento urbano realçam a qualidade de vida e utilizam como "sinônimo" da mesma, o desenvolvimento urbano sustentável. No entanto nas tomadas de decisões os habitantes nem sempre são consultados, o que muitas vezes gera tensões entre o que é do domínio do espaço público e do privado. Com uma paisagem ímpar e uma riqueza histórica, multicultural e ambiental peculiar a Armação, ao sul da cidade de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, é uma das localidades da ilha que ainda resiste ao processo de expansão urbana emanado do centro de Florianópolis depois do início dos anos 90. A localidade conta com a escola Dilma Lúcia dos Santos que tem um papel social notável na comunidade. Ela participa na organização social do espaço urbano local e projeta a reconfiguração espacial do lugar através do Projeto “Entorno Escolar”. Este foi concebido em 2005 pela comunidade escolar, e desde então mobiliza moradores e associações de bairro. O objetivo principal do projeto é, cito: “Transformar o terreno do entorno da escola Dilma Lúcia dos Santos em área pública e propor formas de ocupação visando o desenvolvimento sustentável e o exercício da cidadania.” Mas o caminho não é tão fácil porque o terreno se situa num território de grande interesse político e econômico. Entre as dificuldades de executar o projeto está a oposição dos atuais proprietários que objetivam a construção de um condomínio fechado. Esta comunicação pretende a partir da experiência de campo de minha pesquisa de doutorado, apresentar elementos que despontam em torno do projeto “Entorno Escolar” como práticas sociais, políticas e culturais locais e problemáticas vividas na execução deste.
- PARABOA, Clara Rosana Chagas

Clara Rosana Chagas Paraboa
PAP1381 - O projeto “Entorno Escolar”, entre meio-ambiente e modernidade (Florianópolis -Brasil)
CV
Licenciada em Geografia (UFSC[1]), com Mestrados em Ciências da Educação (UFSC e Lyon 2[2]). Especialista no ensino de geografia e meio-ambiente para crianças, atuou como professora durante 15 anos em Florianópolis (Br) e desde 2010 desenvolve numa escola em St. Fons (Fr) um projeto intitulado P’tits Architectes de la Ville[3]. Encontra-se no segundo ano de doutorado em Antropologia (Lyon 2) associada ao Laboratório CREA (Centre de Recherches et d’Etudes Anthropologiques) com o projeto de tese intitulado “O território da escola: Contexto e desafios no planejamento urbano. Sociabilidade, reivindicações identitárias e meio-ambiente. Florianópolis (Brasil) e Saint Fons (França)”
[1] Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil
[2] Université Lumière Lyon 2 – Lyon - France
[3] Pequenos Arquitetos da cidade
PAP1410 - O que eu gosto ou o que o meu país precisa? - a complexa escolha da especialidade médica, num contexto de hiper-especialização
GT - "Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho"
A profissão médica tem sido, desde os anos 1950, frequentemente objecto de análise sociológica. Muitas dessas abordagens têm-se centrado em questões como o poder, a relação com os pacientes ou o julgamento médico, e raramente na especialização. Num contexto científico de hiper-especialização, e perante novos desafios e necessidades nos sistemas de saúde, há uma crescente necessidade de conhecer os factores que influenciam a escolha da especialidade pelos recém-formados em Medicina.
Através da análise de um fórum na Internet (com mais de 8000 utilizadores registados), um conjunto de entrevistas em profundidade e um questionário a 650 médicos internos, procurámos compreender como é feita essa escolha e sob que constrangimentos, bem como quais os argumentos utilizados para justificá-la, e quais as representações sobre as especialidades médicas que estão na sua base. Além disso, avaliamos os critérios de escolha do local de internato, como isso afecta a distribuição geográfica dos recursos médicos pelo território e, consequentemente, o funcionamento de todo o sistema nacional de saúde.
- JORGE, Nuno Santos

Nuno Santos Jorge
Docente no Instituto Politécnico de Santarém
Doutorado em Sociologia no ISCTE
Interesses de investigação: Sociologia das Profissões, Inserção profissional de diplomados, Sociologia da Internet
PAP0387 - O que se diz quando se pensa em energia? Reflexões sobre o tema da energia a partir das representações dos jovens e dos professores de uma escola secundária
A crescente importância da temática da eficiência energética em edifícios, designadamente os de uso colectivo como são as escolas, através do aperfeiçoamento das práticas de conservação energética e da implementação de novas tecnologias, tem paulatinamente enfatizado o papel que a mudança de comportamentos associados ao uso e à conservação de energia detém na melhoria desta eficiência. Mas como contribuir para a alteração de comportamentos sem antes conhecer os sentidos e significados sociais atribuídos ao tema da energia? Considerando que este conhecimento é fulcral no âmbito da alteração de comportamentos, o presente estudo caracteriza as representações sociais da energia de dois grupos – alunos e professores de uma escola secundária – investigando as possíveis articulações entre essas representações e a forma como ambos os grupos se pronunciam acerca das práticas de uso e conservação de energia. Na concretização deste objectivo, recorre-se aos resultados de um inquérito por questionário sobre o uso de energia desenvolvido com alunos e professores de uma escola secundária de Lisboa recentemente intervencionada no âmbito de um programa de reabilitação (Parque Escolar) –, conforme foi desenvolvido no âmbito do projecto Net Zero Energy School - Reaching the Community (FCT-MIT Portugal). A primeira pergunta do questionário solicitava aos inquiridos que indicassem as primeiras três palavras que lhes vinham à ideia quando pensavam em energia. Enquanto a maioria dos alunos associa a palavra “energia” às energias renováveis e à luz, para os professores energia é sinónimo de ambiente e de sustentabilidade energética, de questões de natureza económica e de consumo de energia. Só nas categorias menos referidas pelos professores é que estes concordam com os alunos e consideram que a energia se refere às fontes renováveis e à luz eléctrica/electricidade. Tomando como central a primeira ideia avançada, e a partir da articulação destas com outras variáveis de análise, explora-se os aspectos centrais e periféricos das representações da energia na explicitação dos sentidos e significados atribuídos a energia e discutem-se as questões fundamentais a considerar no âmbito da mudança de comportamentos de uso e conservação de energia de uma dada comunidade escolar.
- MENEZES, Marluci

- REBELO, Margarida

- CAEIRO, Tiago
- SCHMIDT, Luísa

- HORTA, Ana

- CORREIA, Augusta
- FONSECA, Susana

Nome: Marluci Menezes
Afiliação Institucional: Núcleo de Ecologia Social (NESO) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)
Área de formação: Geografia / Antropologia
Interesses de Investigação: habitat, espaço público e qualidade de vida urbana, cultura, património e intervenção urbana, práticas e representações do espaço e de sustentabilidade.
Nome: Margarida Rebelo
Afiliação: Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Área de formação: Doutoramento em Psicologia Social
Interesses de investigação: Dimensões psicológicas e socio-culturais dos
comportamentos de sustentabilidade ambiental, designadamente, dos
comportamentos de uso e conservação de água e de energia.
Luísa Schmidt
Socióloga investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação 'Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço' e integra o Comité Científico do Programa Doutoral em "Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável". Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade que actualmente dirige, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente.
Investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Membro da equipa de investigação do Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade. Doutoramento em Sociologia da Comunicação, Cultura e Educação, licenciatura em Sociologia e mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo ISCTE. Actualmente participa em projectos de investigação sobre questões sociais relacionadas com energia, sustentabilidade e alimentação.
- Susana Maria Duarte Fonseca
- Doutoranda do ISCTE-IUL no Programa de Doutoramento em Sociologia a trabalhar no projecto: “O princípio da prevenção nas políticas de ambiente - o caso da eficiência energética”;
- Colabora em projectos de investigação na área da sociologia do Ambiente no ISCTE– UL (Projecto GISA - Gestão Integrada da Saúde e do Ambiente no Litoral Alentejano) e no ICS-UL (Net Zero Energy School – Reaching the Community e Consensos e controvérsias socio-técnicas sobre energias renováveis);
- Tem colaborado em vários projectos de investigação nas áreas da percepção de risco, representações sociais, movimentos sociais, energia, ambiente e saúde;
- Voluntária da Quercus, tendo sido membro da Direcção Nacional entre Março de 2003 e Dezembro de 2011.
PAP1574 - O que é que nós sabemos sobre públicos culturais?
Já dispomos em Portugal de um conjunto relativamente alargado de estudos importante sobre públicos da cultura. O acervo de resultados que tais estudos apresentam pode constituir um bom ponto de partida para uma reflexão sobre as características centrais desses públicos, assim como sobre as possibilidades e processos da sua consolidação e desenvolvimento.
- SILVA, Augusto Santos

Augusto Santos Silva, Faculdade de Economia do Porto, doutorado em sociologia pelo ISCTE, trabalha em sociologia da cultura e em teoria política.
PAP0816 - O que é ser pobre? - Representação social das Crianças sobre a Pobreza
A literatura é escassa em relação ao modo como as crianças interpretam a pobreza, os significados que atribuem a ser pobre e as imagens que constroem, ligadas à ideia de estar em situação de pobreza.
Contribuindo para colmatar esta lacuna e para estimular o debate sociológico dando enfoque ao tema da cidadania activa das crianças, desenvolvemos um estudo sobre a representação social das crianças em relação à pobreza. Partindo do pressuposto de que as crianças possuem capacidade de discernimento, assumimos a linha de entendimento de que compete aos outros adaptarem as formas de as ouvir. Esta postura respeita o direito das crianças à participação, designadamente na elaboração e na avaliação de impacto das políticas públicas direito estabelecido no artigo 12º da Convenção dos Direitos da Criança).
Propomos apresentar resultados parciais de uma pesquisa cujo universo de estudo foi composto por crianças que frequentavam o primeiro ciclo de escolaridade (entre 2009 e 2011) em escolas da rede pública na área de Lisboa (abrangendo cinco Concelhos). O processo de amostragem envolveu a selecção intencional de Escolas e a selecção aleatória das crianças, constituindo-se sujeitos de estudo as crianças presentes no dia da recolha de dados e que manifestaram vontade em participar depois de obtida autorização dos encarregados de educação (numa amostra de 408 crianças).
O objetivo é compreender a interpretação da pobreza enquanto fenómeno social, independentemente de as crianças estarem em situação de pobreza. Foi realizada uma entrevista de grupo focalizada e a representação individual do que é ‘ser pobre’ foi obtida através do desenho.
As dimensões temáticas emergentes remetem para uma imagem de pobreza ligada a ‘carência’, ‘degradação’, ‘abandono’ e ‘solidariedade’. A dimensão ‘solidariedade’ remete para o domínio das políticas públicas revelando reflexividade e confirmando a capacidade de agência das crianças. Este resultado confirma a literatura (Hollos, 2010) implicando considerar as crianças atores autodeterminados e não meros receptores nos processos de socialização e de promoção dos seus direitos através das políticas públicas (Corsaro, 1997).
Para além destes resultados, destacamos a inovação metodológica, na opção pela Sociologia compreensiva numa abordagem qualitativa – face ao predominio de estudos de cariz quantitativo sobre a manifestação de pobreza nas crianças (Bastos, 2011).
Os resultados do estudo devem interpelar os sociólogos e os decisores políticos sobre a capacidade de agência das crianças e sobre as tendências de mudança na representação social de pobreza (revelando as transformações em curso).
- COSTA, Dália

Dália Costa é Professora Auxiliar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa – onde leciona desde 1996. Fez o seu Doutoramento em Sociologia da Família, na Universidade Aberta; é Mestre em Sociologia, pelo ISCSP-UTL; possui uma Pós-graduação em Ciências Criminais, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde; fez a sua Licenciatura em Política Social, no ISCSP-UTL. Tem interesse em temas de: Política Social; Crimiminologia e Vitimologia; Violência Familiar; Promoção e proteção dos Direitos Humanos. Contactos: Dália Costa daliacosta@iscsp.utl.pt
PAP0950 - O sentimento de felicidade
Esta comunicação foca as diferentes dimensões – estruturais, socioculturais e individuais – que influenciam a construção da ideia de felicidade explorando os processos sociais subjacentes, nomeadamente a identificação dos valores, significados e sentimentos que estruturam a acção social.
Um elevado número de pessoas identifica a felicidade como um objectivo de vida e expressa o desejo de ser feliz, o que só por si revela a sua importância.
A maioria dos estudos existentes sobre esta temática centra-se na medição da satisfação com a vida ou bem-estar subjectivos, ou seja, pedindo às pessoas que se auto-classifiquem em escalas propostas. Estes resultados nada nos dizem acerca do significado ou da importância que a felicidade assume para os actores sociais. A construção e a busca da ideia de felicidade relaciona diferentes dimensões e envolve processos sociais específicos. Torna-se assim importante conhecer porque a felicidade influencia a acção (a busca de felicidade) e também o que influencia a felicidade.
Partindo da hipótese de que a forma como a felicidade é percepcionada, vivida e procurada depende do género, da idade e o estrato social dos actores sociais, exploram-se os primeiros resultados de um inquérito sociológico por questionário.
Os resultados referem-se a uma amostra por quotas de 600 indivíduos da Grande Lisboa, de ambos os sexos, com diferentes idades e pertencentes a estratos sociais diferenciados.
A análise preliminar dos resultados mostra diferenças segundo o sexo dos inquiridos mas também segundo a idade e estrato social. A felicidade está sujeita a evoluções, transformações e flutuações dependendo das condições sociais dos seus actores: relações sociais, condições de trabalho, situação financeira, estilos de vida, relações interpessoais bem como da reflexividade dos actores sociais acerca das suas circunstâncias de vida.
- DANTAS, Ana Roque

Ana Roque Dantas
Cesnova - FCSH/UNL
Doutoranda e Mestre em Sociologia
Sociologia das Emoções; Happiness studies
PAP1281 - O terceiro sector na governação do bem-estar: uma abordagem estratégica a partir da perspectiva dos sistemas complexos
Esta comunicação propõe uma abordagem da teoria dos sistemas às organizações do terceiro setor (OTS) informada por uma perspectiva relacional sobre o terceiro setor (TS). Parte-se da literatura sobre as OTS enquanto híbridas e a semântica do lugar intermediário do terceiro sector (TS) entre mercado, estado e comunidade. Com as ferramentas analíticas da cibernética da segunda ordem e a teoria dos sistemas complexos (Luhmann, 1995; 2006; Andersen, 2003) argumenta-se que em sociedades funcionalmente diferenciadas as OTS são sistemas de observação acoplados a uma larga variedade de outros sistemas observando a contingência das selecções dos sistemas no seu ambiente. Combinando a teoria dos sistemas e a teoria das organizações de Luhmann (Seidl and Kay, 2005) com a abordagem relacional estratégica (Jessop, 2008), considera-se que a perspectiva da complexidade subjacente a estas abordagens oferece uma compreensão do TS na complexidade da actual governação heterárquica do bem-estar (Jessop, 2003).
Esta perspectiva é aplicada à análise das autodescrições das OTS recolhidas a partir de um estudo de caso etnográfico, teoricamente orientado, sobre participação de OTSs na governação do bem-estar numa localidade Inglesa. A partir de observação, análise documental e entrevistas examina-se o modo como as OTS são constituídas como observadoras pelas observações produzidas e como esta constituição molda a suas decisões e as suas autodescrições e descrições de outros sistemas.
Nesta comunicação apresento, num primeiro momento, o modo como as OTS descrevem as pessoas e como tal informa o (e é informado pelo) modo como desenham os seus programas para a observação das pessoas como cidadãos, utilizadores, membros, mulheres, sem-abrigo, comunidade, etc. O controle sobre como e quem observar é uma questão fundamental na intermediação entre pessoas, OTSs e ambiente. Num segundo momento foco o modo como as OTS se distinguem do seu ambiente e como observam este desenhando as suas estratégias de acordo com estas observações. Descrevo as suas observações sobre os fracassos das organizações e dos programas dos sistemas de bem-estar, da economia de mercado e da comunidade. As OTS não só observam fracassos nos programas e nos códigos dos sistemas mas também, estando acopladas a diferentes sistemas, podem usar as comunicações de um sistema para observar outro sistema como fracassando. Esta pluralidade de posições de observação ajuda a compreender a diversidade do TS e torna as OTS relevantes para a governação em sociedades funcionalmente diferenciadas hipercomplexas.
Esta proposta procura trazer os debates sobre o TS para o quadro teórico da teoria dos sistemas complexos contribuindo para mover este campo de estudo para além da teoria empírica (Taylor, 2010) e para melhorar a compreensão sobre as mudanças actuais no papel do TS no bem-estar.
- FERREIRA, Sílvia
PAP0483 - O tertium datum aplicado a teoria de gênero
A falta de coerência nas atitudes feministas perante sua necessidade de afirmação é visível quando, a mulher, não aceita o homem novo, isto é, aquele que possui igualmente o mesmo paradoxo existencial de abdicar ou equilibrar a carreira profissional e os laços familiares para se sentir completo ou satisfeito. Assim, a emancipação feminina se torna discutível, quando transformamos o indivíduo que nos relacionamos no Outro de Beauvoir. Aonde é exigido direito essencialmente igual, o paradoxo se instala, sendo a mulher, vítima e carrasco simultaneamente, utilizando do mesmo artifício - já empregado contra a mulher - para o monopólio do poder sexual, intelectual e emocional. Nesta pesquisa, abordaremos o homem novo e a dicotomia que se instala quando a mulher alega o feminismo e o homem, o machismo. Dentro do método filosófico de pensamento, se você possui o A necessariamente alguém necessita possuir o B, sendo, ao final como resultado obtemos o C, isto é, a síntese. Entretanto, existe um método muito bem colocado por Maffesoli do tertium datum, que se constituiria de uma relação ou dinâmica que resultaria em A+B, sem menosprezar de nenhuma das partes. Este método pode ser de grande valia para a teoria do gênero, especialmente entre a dicotomia existente do feminismo/ machismo. Neste artigo, levantaremos a hipótese inicial que é possível essa co-relação entre esses opostos, sem desprezar a feminilidade masculina e a virilidade feminina.
PAP0860 - O trabalho de mediação cultural em Portugal: alguns contextos e os seus figurinos organizacionais
O aumento da programação de actividades
pedagógicas para os públicos de museus,
teatros e outros espaços culturais constitui
uma das principais mudanças que marcam o
sector cultural e artístico, em Portugal, nas
últimas duas décadas. Possuindo um historial
mais antigo nos museus, este tipo de
intervenção tem vindo a intensificar-se num
número crescente de instituições e de
iniciativas.
A prática da mediação cultural não é uma
realidade homogénea, verificando-se a
existência de percursos profissionais diversos
e de diferentes modelos organizacionais nas
instituições/contextos que promovem e acolhem
actividades de mediação cultural.
Esta comunicação foca algumas iniciativas de
divulgação cultural e criação de novos
públicos – nas áreas das artes visuais, música
e livro e leitura –, dando destaque aos
formatos organizacionais que, nos diversos
contextos, estruturam o seu funcionamento. Na
área das artes visuais, são abordados os
Serviços educativos do Centro de Arte Moderna
José de Azeredo Perdigão da Fundação Calouste
Gulbenkian, em funcionamento desde 2002, e da
Área de Exposições do Centro Cultural de
Belém, com actividades pedagógicas desde 1998.
No domínio da música analisam-se duas
iniciativas de divulgação musical, com
diferente longevidade: i) Música em Diálogo,
orientada pelo maestro José Atalaya desde os
anos 80 do século XX; ii) Descobrir. Programa
Gulbenkian Educação para a Cultura, iniciativa
da Fundação Calouste Gulbenkian, e em especial
a intervenção pedagógica do Serviço da Música,
intensificada desde 2005. Na área do livro e
da leitura, consideram-se dois projectos de
promoção e o incentivo do gosto pela leitura e
pela escrita, ambos lançados em 1997: i)
Programa de Acções de Promoção da
Leitura/Itinerâncias, promovido pela tutela da
cultura; ii) Artes na Escola, projecto
coordenado pelo Ministério da Educação.
A análise conjunta destas diferentes
iniciativas e contextos evidencia traços
comuns – desde logo, no que se refere aos
figurinos organizacionais mas também no que
respeita ao crescente investimento das
políticas do sector público e do terceiro
sector em iniciativas tendo por objectivo
disseminar o conhecimento da cultura e das
artes. E identifica características mais
distintivas – como a centralidade que a figura
do divulgador cultural pode assumir na
dinamização de um projecto, reconfigurando-o
de acordo com as transformações que vão
ocorrendo no sector cultural.
- MARTINHO, Teresa Duarte

Teresa Duarte Martinho é socióloga e completou o doutoramento em Sociologia em 2011 no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). É licenciada em Sociologia (1990) pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). É mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (2000), pelo ISCTE, e em Estudos Curatoriais (2006), pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).
Actualmente, é investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) (http://www.ics.ul.pt). Desde 1996, participou em diversos projectos de investigação no Observatório das Actividades Culturais (OAC) (http://www.oac.pt) entidade fundada em 1996 por: Ministério da Cultura, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Instituto Nacional de Estatística (INE). Interesses de investigação: profissões e ocupações culturais e artísticas; políticas culturais; processos de mediação da arte e da ciência: práticas, actores e trajectórias.
PAP0332 - O trabalho qualificado escapa à precariedade? O carácter laboral da actividade dos bolseiros de investigação
A flexibilização tem sido a característica central da transformação dos sistemas produtivos. Existem diversos modelos de flexibilização produtiva, bem como articulações destes, com distintas consequências para o trabalho e emprego: no sentido ou da flexibilidade positiva, ou estabilidade, ou precariedade. Mas verifica-se que a flexibilização produtiva maioritariamente prosseguida, salvaguarda principalmente os trabalhadores mais qualificados, precarizando o trabalho e emprego dos trabalhadores desqualificados ou menos qualificados. No entanto, constata-se já, particularmente junto de jovens trabalhadores qualificados, também a precarização das suas relações de trabalho e emprego.
O objectivo central desta comunicação é analisar a forma como a flexibilização produtiva alarga progressivamente a precarização do trabalho e do emprego aos trabalhadores qualificados. Apresentam-se os resultados de um estudo de caso junto de uma profissão altamente qualificada, os profissionais da ciência: investigadores docentes, investigadores contratados, bolseiros de doutoramento e pós-doutoramento, bolseiros de investigação e prestadores de serviços. Para tal, foi aplicado um inquérito a uma amostra de 563 investigadores da Universidade de Coimbra.
Foram abordadas as suas relações de trabalho e emprego, a nível da mobilidade, autonomia, condições de trabalho, uso da qualificação, existência de suspensão involuntária da actividade e capacidade de negociação, bem como as suas atitudes e expectativas relativamente à carreira e sua satisfação profissional.
Os resultados encontrados apontam para uma estratificação das relações de trabalho e emprego – entre a estabilidade, flexibilidade e precariedade – em função do posicionamento na profissão, destacando-se o carácter muitas vezes laboral da actividade dos bolseiros de investigação, doutoramento e pós-doutoramento.
- CAMPOS, Alfredo

"Alfredo Campos é Investigador Júnior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, integrando o Núcleo de Estudos em Democracia, Cidadania e Direito – DECIDe.
É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, na especialidade de Sociologia do Trabalho e do Emprego, com a tese "Imigração, Participação e Protesto". É Mestre em "Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo", pela mesma instituição, com a tese "O Trabalho Qualificado Escapa à Precariedade? Um Estudo de Caso da Profissão Científica".
Os seus actuais interesses de investigação centram-se na sociologia do trabalho, do emprego e das organizações, além de metodologias de análise de dados quantitativos."
PAP0191 - O turismo como via de engrandecimento para as cidades: Dilemas e estratégias de desenvolvimento de quatro cidades médias da Península Ibérica
Os discursos que vêm
sendo produzidos
sobre as cidades no
mundo ocidental
tenderam a perpetuar
a ideia de que as
cidades deveriam ser
coisas grandes,
independentemente de
serem
extraordinárias ou
terríveis na sua
grandeza. A
literatura produzida
pela sociologia
urbana concedeu
desde cedo primazia
a determinadas
geografias centrais
e privilegiadas do
ponto de vista
socioeconómico – a
grandes cidades
encaradas pelos
teóricos como os
casos mais
tipicamente urbanos
e, por isso, mais
representativos das
cidades de todo o
mundo. A assunção
desta possibilidade
de generalização a
outros contextos
implicou, por seu
turno, um
esquecimento
razoável das cidades
de pequena e média
dimensão. Nesta
comunicação
pretende-se,
justamente, discutir
um conjunto de
interrogações
teóricas sobre as
cidades que não são
grandes e as várias
formas como tais
conceptualizações
são diversamente
percetíveis nas
realidades físicas e
simbólicas destas
cidades.
Partindo de
investigação em
curso acerca do
papel do turismo na
(re)construção das
paisagens, das
imagens e da
identidade cultural
das cidades,
equaciono a pequenez
de tamanho por
comparação ao
engrandecimento que
algumas cidades
perseguem. Faço-o
por referência a uma
atividade específica
– o turismo – nas
suas componentes
económica, cultural
e simbólica, e com
recurso a situações
exemplares dos
contextos urbanos
português e espanhol
– onde, a uma escala
comparativa global,
existem sobretudo
pequenos aglomerados
urbanos.
Centrando a atenção
em cidades que estão
geralmente ausentes
da literatura
globalizada dos
estudos urbanos, e
considerando a
componente turística
de cada uma, discuto
os modos como
(re)inventam,
justificam ou
perseguem formas de
grandeza ou
pequenez. Defendendo
a hipótese de que o
turismo permite às
cidades alcançar uma
influência que
supera o seu tamanho
geográfico,
considero alguns
materiais de
promoção turística
que, descrevendo
cidades idealizadas
e apresentando-as de
forma atrativa, as
inscrevem em espaços
mais vastos,
enunciando formas de
engrandecimento e
valorização que as
colocam para além da
sua dimensão física
e material mais
imediata.
Procura-se assim
problematizar o
estatuto, as funções
e as possibilidades
que o fenómeno
turístico encerra em
cidades pequenas –
cidades que entre a
grandeza cosmopolita
das metrópoles e a
proximidade ao rural
mais localista,
enfrentam
constantemente
desafios e dilemas
entre a
possibilidade de
crescimento e a
conservação da sua
pequenez.
- GOMES, Carina Sousa

Carina Sousa Gomes
Investigadora do Centro de Estudos Sociais, integra o Núcleo de Estudos sobre Cidades, Culturas e Arquitetura. É licenciada em Sociologia, pela Universidade de Coimbra e mestre em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É doutoranda em Sociologia, no programa "Cidades e Culturas Urbanas", da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Os seus interesses atuais de investigação centram-se nas questões das cidades e seus centros históricos, turismo, imaginários turísticos urbanos, património e culturas urbanas.
PAP1099 - O uso da internet pelos jovens portugueses em contexto cívico
Grupo de Trabalho.
Usos, significados e contextos de utilização da internet e dos media digitais por crianças e jovens.
A massiva presença juvenil nos protestos a nível global no decorrer de 2011 e os movimentos contestatório que ocuparam ruas e praças, sendo todos eles iniciados e divulgados através da internet, demonstraram que há efectivamente uma nova transformação no modo como os jovens estão a envolvem-se em questões sociopolíticas e no uso que fazem da internet e dos meios digitais.
O perfil dos jovens que acedem e utilizam os meios digitais para fins cívicos é por um lado cada vez mais heterogéneo. Mas do outro lado, os recursos on-line utilizados tendem a ser os mesmos: produção e criação de blogues, videos no canal Youtube, utilização da rede social Facebook, mensagens instântaneas no Twitter.
Assim, diante das múltiplas representações, interesses e culturas juvenis presentes no ambiente on-line e consequentemente off-line sob o que chamamos de cultura cívica digital, o que nos interessa compreender, para além da identificação dos recursos e práticas utilizadas é o significado que as práticas cívicas on-line tem no processo de socialização política dos jovens. O representa para estes jovens a oferta múltipla de canais on-line que permitem construir suas próprias narrativas políticas? De que modo os novos espaços sociais construídos em rede pelos jovens dialoga com seus pares e família? São algumas questões que procuraremos debater ilustradas pela da análise de algumas entrevistas e do trabalho netnográfico realizado.
- SANTOS, Flávia

Flávia Santos
Universidade Nova de Lisboa (FCSH) Doutoranda em Culturas Contemporâneas e Novas Tecnologias. Mestre em Estudo dos Media e Jornalismo (FCSH). Actualmente é membro do CESNova (Centro de Estudos em Sociologia). Interesses de investigação: Juventude, Participação política, Cultura cívica, Medias digitais, Netativismo.
PAP1159 - O uso da mediação extrajudicial na administração de conflitos familiares
A proposta de trabalho discute o uso da mediação extrajudicial na administração de conflitos familiares no Brasil, mais especificamente do pagamento da pensão alimentícia aos filhos de casais separados. A mediação extrajudicial é entendida como um campo de práticas e saberes em desenvolvimento no Brasil, inserido no campo da administração institucional de conflitos e da produção de justiça. Importou entender como opera a dinâmica de atendimento de mediação extrajudicial e o que ela produz como justiça em casos de conflitos familiares no contexto de população de baixa renda. A pesquisa tem como base o trabalho de campo de caráter etnográfico no Centro de Mediação de Olinda/PE, do Governo Municipal dessa cidade, e no Balcão de Direitos da ONG Viva Rio, ambos vinculadas ao Programa Balcão de Direitos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Apoiadas pelo Governo Federal, essas instituições tiveram origem nas iniciativas de promoção do exercício da cidadania para a população de baixa renda, por meio de assistência jurídica gratuita e fornecimento de documentação civil básica e, posteriormente, pela realização de mediação de conflitos extrajudiciais. A mediação é considerada uma alternativa à Justiça Comum e implementa uma dinâmica comunicacional e do diálogo entre as partes como forma de administração de conflitos; bem como apresenta-se, idealmente, como um modelo de justiça mais próximo dos indivíduos e das comunidades, passando as “rédeas” da solução dos conflitos para os próprios envolvidos. Busca-se refletir, particularmente, sobre o desafio de articulação dos ideais de ampliação de acesso à justiça para uma população pobre, combinados aos anseios de uma justiça auto-regulada, informal e célere, com ideais comunitários. A reflexão sobre o uso da lógica do diálogo nas dinâmicas de atendimento da mediação observadas, considerou que a própria noção de ‘diálogo’ é culturalmente específica e historicamente delimitada, questionando-se, antes de tudo, como argumenta Butler (2003), quanto às relações de poder baseadas em diferenças e hierarquias sociais que condicionam e limitam as possibilidades dialógicas. Principalmente, quando se trata de diferenças produzidas pelos marcadores sociais de gênero, classe e geração nas relações mediadas. Esse trabalho mostra uma multiplicidade de práticas levadas a cabo pelos mediadores nas instituições pesquisadas que orientam a produção de diferenciações e hierarquias nas relações entre os sujeitos envolvidos na mediação (mediadores, agentes comunitários e atendidos) e na relação entre a própria justiça do diálogo e a justiça comum. As práticas de mediação estudadas acabam produzindo, não um sujeito de direitos da cidadania, mas evidencia-se o reconhecimento das mulheres como “sujeitos da pensão alimentícia”, por meio do “controle educativo” e tutelar das famílias pobres e da “evitação” do sistema de justiça.
- OLIVEIRA, Marcella Beraldo de
PAP1565 - O uso do conhecimento profissional dos professores em contexto profissional: da “partilha” ao “share”
Na sociologia das profissões o conhecimento profissional tem sido entendido como um dos principais elementos distintivos dos grupos profissionais, e como recurso de poder e afirmação profissional. A pesquisa a partir da qual se propõe a presente comunicação, debruça-se sobre os processos de uso do conhecimento profissional e a representação que os profissionais – os professores - têm acerca do mesmo. A presente discussão enquadra-se na problemática do conhecimento profissional dos professores, em particular, numa das mais significativas dicotomias identificadas, a relação entre a teoria e prática profissionais (Tardif, Lessard e Lahaye, 1991; Sá-Chaves, 1994; Alarcão, 1996; Connelly e Claudinin, 1994; Fenstermacher, 1994; Losego, 1999; Perrenoud, 2001; Tardiff, 2004; Montero, 2005; Roldão, 2007; Lanthaume, 2006; Kelly, Luke e Green, 2008; Ulvik e Smith, 2011). Este debate embora não seja novo mantém-se actual (Nóvoa, 1995; Barbier, 1996; Chartier, 1998; Tardiff, 2004; Montero, 2005; Caria, 2009; Loureiro, 2010; Roldão, 2007; Ulvik e Smith, 2011). Este debate embora não seja novo mantém-se actual (Nóvoa, 1995; Barbier, 1996; Chartier, 1998; Tardiff, 2004; Montero, 2005; Caria, 2009; Loureiro, 2010; Roldão, 2007; Ulvik e Smith, 2011). Este debate embora não seja novo mantém-se actual (Nóvoa, 1995; Barbier, 1996; Chartier, 1998; Tardiff, 2004; Montero, 2005; Caria, 2009; Loureiro, 2010; Roldão, 2007; Ulvik e Smith, 2011). Metodologicamente os resultados trazidos para a discussão provêm de uma investigação desenvolvida em torno da prática profissional dos professores em contexto. Tecnicamente parte-se da análise das entrevistas sobre as situações observadas em contexto profissional, realizadas a 12 professoras do ensino básico de dois agrupamentos. A ideia de “partilha” revelou-se a mais central e transversal nos discursos, embora se referencie a situações e dinâmicas muito distintas, variando entre situações formais e informais, em presença ou à distância. Concluiu-se assim que para estas professoras constitui-se como elemento central da construção, mobilização e uso do seu conhecimento profissional as situações de trabalho conjunto, assim como a consulta a fontes muito diversificadas, sobretudo as disponíveis na web. O plano presencial, na escola, e o tecnológico, na Web, são referenciados como os “dois palcos” em que se joga essa “partilha”. Evidencia-se assim a importância que a prática profissional em equipa assume para estes profissionais (Sá-Chaves, 1994; Alarcão, 1996; Caria, 2003; Loureiro, 2010). Retoma-se a ideia que o conhecimento em si não é suficiente para se constituir como recurso, como refere Rodrigues (1997); é fundamental reconhecer e compreender os processos de construção e de apropriação do mesmo. Reforça-se a importância da reflexão sobre a produção e mobilização de conhecimento profissional para o reforço da profissionalização deste grupo (Caria, 2005; Roldão, 2007); sobretudo numa actualidade marcada por uma relativa incerteza seja pela (re)definição curricular, seja pelas alterações no acesso e progressão nas carreiras e avaliação de desempenho dos professores, seja ainda, pela pressão nacional e internacional para a melhoria dos resultados escolares (Lanthaume, 2006; Roldão, 2007, Timperley e Alton-Lee, 2008).
- CAMPOS, Joana

Joana Campos
Docente na Escola Superior de Educação de Lisboa e investigadora do CIES-ISCTE-IUL. Licenciada em Sociologia e Mestre em Educação, actualmente a frequentar o programa de Doutoramento em Sociologia do ISCTE. As principais áreas de investigação desenvolvidas inscrevem-se na Sociologia da Educação; anteriormente em torno das problemáticas da diversidade cultural e desigualdades sociais na escola. Actualmente a investigação desenvolvida orienta-se sobretudo para os processos de formação e profissionalização dos professores e de outros profissionais da educação, como os animadores socioculturais. Outra linha de pesquisa ocupa-se essencialmente das problemáticas associadas à violência na escola, tendo contribuído para o seu desenvolvimento a integração na equipa do Observatório da Segurança Escolar.
PAP1268 - O valor de ser pobre na perspectiva das bem-aventuranças
Esta comunicação versa sobre a pobreza como valor, contrariamente como a maioria da literatura, baseada na Economia e na Sociologia, trata esta categoria. A escolha por essa temática é compreendida sob os aspectos teológicos cristãos e filosóficos. Dentro desses aspectos, rompemos visões lineares economicista para compreendermos a pobreza por outro prisma. Trazemos a Teologia e a Filosofia para dialogarem com a pobreza como desafio em penetrar na experiência e no conteúdo da fé, uma fé pensante e pensada, crítica e sistemática, em uma palavra, a fé que se dobra diante da compreensão reflexiva e que leva a ação. Nessa perspectiva, a discussão se torna ética na medida em que o cenário social – a pobreza – pode nos ajudar a compreender a pessoa do pobre sem vinculá-lo a um extrato social. Recorremos, entretanto, aos ensinamentos cristãos baseados no evangelho de Jesus Cristo, segundo São Mateus, especificamente os contidos nas bem-aventuranças: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Por ser um discurso inaugural protagonizado por Jesus Cristo, este é considerado como tratado de amor e felicidade. A pobreza em espírito, ante o exposto, exige das pessoas um trabalho interior voltado para si mesmo. É a atitude de liberdade e de independência, pronto para caminhar. Bem-aventuranças, em hebraico, quer dizer em marcha, ao contrário de infeliz, que quer dizer estar parado, parado sobre si mesmo, em sua imagem, sintomas e memórias. A pobreza cristã consiste em uma liberdade de coração que é desprendimento de pessoas e coisas para crescer. Sobre esse aspecto, afirmamos que um estilo de vida pobre desabsolutiza os bens do mundo, como consequente desapego, pela sobriedade no uso dos bens e pela vontade de colocá-los a serviço das pessoas que necessitam. A pobreza tomada nesse sentido não pode ser dissociada da decisão de eliminar as estruturas responsáveis pela exclusão de tantas pessoas. Isso nos leva a crer que a exigência do desapego dos bens materiais e a primazia das riquezas de espírito tornam-se um compromisso de testemunhar uma vida mais virtuosa. Mas, como vivenciar uma vida pobre frente aos apelos consumista do mundo moderno? Como visto pobreza aqui não é sinônima de indigência, em sentido econômico, mas ausência do supérfluo, pois esse tipo de pobreza nos leva a frugalidade, a moderação, sem consistir em falta do necessário para viver. Desse ponto de vista, é um contraponto da sociologia do consumo. Para isso, tomamos como referência o filósofo peruano Alberto Wagner de Reyna, para balizar a nossa discussão. A pobreza como um valor se distancia da fascinação do consumismo e da sedução do aparato econômico. Esses valores estão explícitos em virtudes clássicas como sobriedade e simplicidade frente aos bens materiais, própria da mensagem cristã. Por fim, uma vida idealizada no desenvolvimento como riqueza material, parece ser um ideal “empobrecedor” para o espírito.
- DANTAS, Lúcio Gomes

- TUNES, Elizabeth
Lúcio Gomes Dantas - Professor do curso de Pedagogia na Universidade Católica de Brasília (UCB). Membro do Instituto dos Irmãos Maristas. Licenciado em Filosofia, especialista em Administração e Planejamento Escolar, mestre em Psicologia e doutorando em Educação na Universidade de Brasília. Tem experiência na área de gestão escolar com ênfase em Educação Cristã Católica; pesquisador sobre histórias de vida ligadas à formação docente e Educação Especial inclusiva, especificamente alunos com altas habilidades/superdotação. Atualmente investiga o fenômeno da pobreza vinculada à escolarização na perspectiva da ética.
PAP1369 - O voluntariado empresarial: da responsabilidade social à cidadania organizacional
A origem histórica do trabalho voluntário em Portugal está intimamente ligada ao sentido de comunidade. Aparece muito marcada por razões sociais ou religiosas e pela sua componente assistencial. Hoje o voluntariado tem um espaço próprio de atuação, cujo trabalho se situa numa linha de complementaridade do trabalho profissional e da actuação das instituições. Assistiu-se a um desenvolvimento e reconhecimento do trabalho voluntário que conduziu à sua uma crescente organização, tanto no domínio institucional, como ao nível do enquadramento legal e operacional, e à emergência de novas formas de voluntariado como é o caso do voluntariado empresarial.
O conceito de voluntariado empresarial, apesar de marcado por diversas concepções e abordagens, nem sempre consensuais, expandiu-se na década de 1990, através da progressiva consciencialização de responsabilidade social por parte das empresas e instituições públicas e privadas. Alguns autores defendem que o voluntariado empresarial traça a diferença entre responsabilidade social (regulamentada a nível comunitário) e cidadania empresarial, onde existe um envolvimento direto entre a empresa e a comunidade.
A realidade portuguesa do voluntariado empresarial encontra-se, ainda, num estado embrionário, marcado por um carácter excessivamente assistencialista, desestruturado e realizado de forma ocasional. Diversos estudos observam que as empresas ainda não incorporaram a necessidade de criação de um “valor social”, focando-se, na maior parte dos casos, na criação de “ valor material”.
O objectivo desta comunicação é a discussão das principais concepções sobre voluntariado empresarial e à luz de algumas acções consideradas como “boas práticas” de voluntariado empresarial procurar identificar o modo como as empresas estruturam os seus objectivos económicos com a participação social e a responsabilidade cidadã. Num momento como o actual, claramente marcado pela discussão do papel e lugar do trabalho, importa compreender o modo como as práticas de voluntariado empresarial contribuem para o aparecimento de um novo “paradigma de trabalho” e para uma noção alargada de “mercado”, onde se interpenetram os mercados social e económico.
Em última análise, e tendo presente as múltiplas vantagens destas acções para as empresas, é fundamental discutir o modo como o voluntariado empresarial se apresenta (ou poderá apresentar) como motor para a humanização do trabalho e como promotor do exercício de uma cidadania organizacional e social.
- LIMA, Teresa Maneca
- SERAPIONI, Mauro

- MARQUES, Ricardo

- FERREIRA, Sílvia
Mauro Serapioni é licenciado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Bolonha (1983), obteve o mestrado em Gestão dos Sistemas Locais de Saúde pelo Instituto Superior de Saúde de Roma (1994) e possui o doutorado em Ciências Sociais e Saúde pela Universidade de Barcelona (2003). Atualmente é investigador do Centro de Estudos Sociais e docente do Doutorado “Democracia no Século XXI” da Universidade de Coimbra. Anteriormente foi Visiting Fellow da Universidade de Bolonha, professor da Universidade Estadual do Ceará, consultor da Organização Pan-Americana de Saúde e do Ministério de Saúde do Brasil, docente da Universidade de Bolonha (UNIBO) e da Universidade de Modena e Reggio Emilia (UNIMORE). Principais áreas de investigação: Participação dos cidadãos no sistema de saúde, Desigualdades sociais e saúde, Avaliação de serviços e políticas de saúde, Processo de reforma do sistema de saúde. É autor de vários trabalhos publicados em Brasil, Itália, Portugal e França, sobre essas temáticas.
Ricardo Marques é licenciado em Sociologia e Mestre em Sociologia
Cidades e Culturas Urbanas pela Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra e doutorando em Sustentabilidade Social e Desenvolvimento
na Universidade Aberta. É sociólogo, colaborador do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra no âmbito do projeto “Estudo sobre
os Jovens do concelho de Coimbra”. Integrou, como bolseiro de
investigação, o projeto “Estudo sobre o Voluntariado, coordenado por
Mauro Serapioni, Sílvia Ferreira e Teresa Maneca Lima e financiado
pela Fundação Eugénio de Almeida.
PAP1239 - O voluntariado nos países da Europa do Sul: afinidade e diferenças. Resultados preliminares de um estudo comparativo.
Todos os estudos europeus (European Social Survey, European Value Study, Eurobarometro, World Giving Index 2011, etc.) evidenciam um baixo nível de participação dos países da Europa do Sul nas atividades de voluntariado. Na prática, o voluntariado tornou-se outra característica que permite justificar a agregação dos quatros países da Europa do Sul (Itália, Espanha, Portugal e Grécia) num específico modelo de proteção social, diferente dos três regimes de Estado Providência identificados por Esping Andersen. Para aprofundar o estado da arte da questão realizámos um estudo exploratório comparado no âmbito da macrorregião da Europa do Sul, adotando a seguinte metodologia: revisão da literatura e documentos publicados, análise da legislação sobre voluntariado; entrevistas com informantes-chave. Entre os resultados preliminares obtidos vale a pena destacar os seguintes: a) menos de 20% da população dos 4 Países da Europa do Sul desenvolvem atividades de voluntariado de forma ocasional ou regular e menos de 10% de forma regular, muito aquém dos países da Europa continental e escandinava; b) outra característica comum entre os quatro países é a área de intervenção do voluntariado que Salamon e Sokolowsky (2001) agregam na categoria de voluntariado de ‘serviço’ por se concentrar na área de assistência social, educação e saúde, contrariamente aos países da Europa do Norte onde as atividades de voluntariado se concentram na categoria ‘expressiva’, em particular na área da cultura e do lazer; c) entretanto, existem também significativas diferenças entre os mesmos países da Europa do Sul, tanto no plano das definições e do enquadramento legal como no que diz respeito ao papel desenvolvido pelos voluntários nas respetivas organizações. Citando alguns exemplos, em Itália as organizações de voluntariado devem ser organizações privadas, enquanto em Espanha e Portugal podem ser tanto públicas como privadas. Na legislação espanhola e portuguesa são consideradas organizações promotoras de voluntariado as que estão legalmente constituídas e dotadas de personalidade jurídica própria. No caso de Itália, pelo contrário, a legislação reconhece também as organizações que não estão legalmente constituídas. Relativamente ao papel dos voluntários no âmbito das respetivas organizações, a legislação italiana estabelece expressamente a democraticidade da estrutura e a eleição dos cargos associativos. No caso de Portugal, os voluntários têm o direito de serem ouvidos nas decisões da organização que afetam o desenvolvimento do trabalho voluntário. No caso da Espanha, a participação dos voluntários na organização deve ser formalizada mediante acordo ou compromisso. Diferentemente dos países mencionados, na Grécia as atividades de voluntariado não são reconhecidas oficialmente e tampouco existe um enquadramento legal do voluntariado e das organizações de voluntariado.
- SERAPIONI, Mauro

- MARQUES, Ricardo

- MANECA, Teresa
- FERREIRA, Sílvia
Mauro Serapioni é licenciado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Bolonha (1983), obteve o mestrado em Gestão dos Sistemas Locais de Saúde pelo Instituto Superior de Saúde de Roma (1994) e possui o doutorado em Ciências Sociais e Saúde pela Universidade de Barcelona (2003). Atualmente é investigador do Centro de Estudos Sociais e docente do Doutorado “Democracia no Século XXI” da Universidade de Coimbra. Anteriormente foi Visiting Fellow da Universidade de Bolonha, professor da Universidade Estadual do Ceará, consultor da Organização Pan-Americana de Saúde e do Ministério de Saúde do Brasil, docente da Universidade de Bolonha (UNIBO) e da Universidade de Modena e Reggio Emilia (UNIMORE). Principais áreas de investigação: Participação dos cidadãos no sistema de saúde, Desigualdades sociais e saúde, Avaliação de serviços e políticas de saúde, Processo de reforma do sistema de saúde. É autor de vários trabalhos publicados em Brasil, Itália, Portugal e França, sobre essas temáticas.
Ricardo Marques é licenciado em Sociologia e Mestre em Sociologia
Cidades e Culturas Urbanas pela Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra e doutorando em Sustentabilidade Social e Desenvolvimento
na Universidade Aberta. É sociólogo, colaborador do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra no âmbito do projeto “Estudo sobre
os Jovens do concelho de Coimbra”. Integrou, como bolseiro de
investigação, o projeto “Estudo sobre o Voluntariado, coordenado por
Mauro Serapioni, Sílvia Ferreira e Teresa Maneca Lima e financiado
pela Fundação Eugénio de Almeida.
PAP0010 - O “X” DO PROBLEMA Nòs versus o Outro na Europa “quase- multietnica”.
Pierfranco Malizia,LUMSA,Roma
O “X” DO PROBLEMA
Nòs versus o Outro na Europa “quase-
multietnica”.
Resumo : Esta comunicação è o primeiro
resultado duma pesquisa que tende a
repercorrer algumas das principais
problemáticas de fundo da relação com o Outro
(o “Outro-estrangeiro” em particular),
relação que hoje, num território de
sociedades europeias de facto cada vez mais
multiétnico-multiculturais, pode promover ou
minar completamente a própria possibilidade
de multiculturalismo. Trata-se de um assunto
certamente não esgotável num ensaio de
tamanho limitado como este; portanto, sem a
pretensão de sermos exaustivos, tenta-se
apenas desenvolver de maneira côngrua (espera-
se) algumas questões de fundo; finalmente,
lembremos que o discurso que aqui se defende
se baseia essencialmente no pressuposto de
que cada acção social (e portanto também o
preconceito e a desigualdade) funda-se, entre
outras, na forma em que nós conhecemos o
outro reproduzindo-o numa imagem.
PAP0232 - O “public engagement” nos actuais projectos desenvolvidos na área Ciência na Sociedade da União Europeia
O objectivo deste trabalho é apresentar os resultados de um primeiro estudo acerca do modo como o "engagement" é abordado nos projectos actualmente em curso financiados pelo 7º Programa-Quadro (FP7) da Comissão Europeia, na área Ciência na Sociedade (SIS). Em 2010, foram identificados dezasseis projectos voltados para a comunicação científica, em especial a participação pública na ciência, a partir da perspectiva do “engagement”. Após a selecção dos projectos em curso, os líderes dos projectos foram entrevistados por e-mail acerca dos seguintes temas: 1) o público a que se destinavam; 2) o significado de “engagement” na ciência; 3) por que o público deve envolver-se na ciência; 4) as técnicas utilizadas e que visam promover o “engagement” e 5) as expectativas em relação ao público. Os entrevistados tiveram que responder as questões a partir do projecto que coordenavam. Dos dezasseis líderes de projecto, nove responderam às perguntas. A partir das respostas, observou-se que, embora o modelo do “engagement” pareça estar disseminado entre os actuais projectos desenvolvidos na área Ciência na Sociedade, consoante o projecto, o “engagement” não tem o mesmo sentido e nem é necessariamente visto enquanto modelo de comunicação pública da ciência. De facto, o uso corrente do termo “engagement”, às vezes parece servir muito mais como recurso retórico do que propriamente referir-se a iniciativas comprometidas com um certo modelo de participação pública, visto como alternativo ao antigo modelo do défice. Num certo sentido, isto ratifica algumas afirmações de alguns autores sobre a maioria das iniciativas estabelecidas em torno da noção de engagement serem meras recriações da perspectiva do défice. A análise das respostas também considerou o modo como a ciência e o público são abordados, especialmente os valores e o que se espera da relação entre a ciência e o público. Para isso, utilizou-se como referência o Quadro Analítico dos Modelos de Comunicação Científica, de Brian Trench (2008).
- CARVALHO, Monica

Investigadora do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa (Porto)
Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade federal do Rio de Janeiro
Interesses de investigação: Comunicação da ciência; comunicação da saúde; risco; ciência e público
PAP0450 - OLHARES SOBRE A JUSTIÇA: RADIOGRAFIA DO SISTEMA JUDICIAL PORTUGUÊS (1974-2010)
O projecto “Quem são os nossos magistrados? Caracterização profissional dos juízes e magistrados do Ministério Público em Portugal”, actualmente a decorrer no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, tem por objectivo proceder à caracterização e análise destas profissões. Entre os diversos aspectos analisados, encontra-se o percurso formativo destes profissionais, o seu itinerário profissional, as suas atitudes e representações relativamente às profissões e ao sistema judicial, bem um conjunto de questões sociais que, cada vez mais, se colocam para decisão da justiça.
Estudar estas profissões implica, igualmente, analisar a evolução do sistema judicial desde 1974 até aos nossos dias, em múltiplos aspectos, de modo a melhor compreender a integração profissional e o papel que desempenham no funcionamento dos tribunais. Por conseguinte, a equipa de investigação do projecto encetou uma radiografia do sistema judicial, a partir de uma ampla análise de indicadores estatísticos da justiça, desde 1974 aos nossos dias.
O objectivo desta comunicação é, tal como sucede noutras áreas de intervenção estatal, verificar de que forma evoluiu a procura e a oferta de “justiça”, questionando se, passados quase 40 anos, podemos, hoje em dia, afirmar que houve uma melhoria constante na capacidade de resolução de litígios com a consequente concretização dos direitos de cidadania. Uma análise global da evolução dos recursos humanos e financeiros, dos processos entrados, pendentes e findos e dos indicadores de eficácia poderá contribuir para que as críticas actuais possam ser enquadradas e contextualizadas numa perspectiva de médio e longo prazo, dando-nos pistas para o que se deseja que seja a “Justiça no Século XXI”.
- FERREIRA, António Casimiro
- DIAS, João Paulo

- GOMES, Conceição
- FERNANDO, Paula
- CAMPOS, Alfredo

João Paulo Dias é sociólogo e Mestre em Sociologia do Direito pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e doutorando em Sociologia do Direito na mesma instituição.
Actualmente é Diretor-Executivo e Investigador do Centro de Estudos Sociais. Autor de diversos artigos e livros, debruça-se, em termos de interesses de investigação, sobre as questões do Acesso ao Direito e à Justiça, do papel do Ministério Público e, em particular, da caraterização sociológica das magistraturas.
"Alfredo Campos é Investigador Júnior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, integrando o Núcleo de Estudos em Democracia, Cidadania e Direito – DECIDe.
É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, na especialidade de Sociologia do Trabalho e do Emprego, com a tese "Imigração, Participação e Protesto". É Mestre em "Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo", pela mesma instituição, com a tese "O Trabalho Qualificado Escapa à Precariedade? Um Estudo de Caso da Profissão Científica".
Os seus actuais interesses de investigação centram-se na sociologia do trabalho, do emprego e das organizações, além de metodologias de análise de dados quantitativos."
PAP0700 - OS PRINCÍPIOS POLÍTICOS DO PROGRAMA BH CIDADANIA: O OLHAR DOS PROFISSIONAIS DO LAZER
O mercado de
trabalho na
administração
pública para atuar
com políticas de
lazer no Brasil
compreende em sua
maioria a
intervenção do
profissional com
formação em Educação
Física. Tal
realidade requer a
percepção desse
profissional das
novas formas de
fazer política
social e para tanto
trato da
problemática para
averiguar seus
avanços e limitações
relativos à gestão
governamental das
políticas públicas
de lazer. A inserção
dos princípios
políticos de
descentralização,
intersetorialidade,
participação popular
e territorialidade
para orientar a
gestão de políticas
sociais fazem parte
do processo de
mudanças na
administração da
Prefeitura de Belo
Horizonte. O
programa BH
Cidadania, espaço de
análise deste
estudo, foi
implantado no
município desde 2002
e utiliza das
diretrizes desses
princípios para
trabalhar a inclusão
social das famílias
residentes em
territórios de
vulnerabilidade
social propondo
consolidar unidades
integradas de
atuação profissional
na esfera pública.
Nesse contexto,
buscamos identificar
as compreensões dos
profissionais da
Secretaria Municipal
Adjunta de Esportes
(SMAES) de Belo
Horizonte que atuam
nesse programa na
condição de analista
técnico com relação
a esses princípios
políticos. A
investigação
qualitativa
compreendeu
observação nos
espaços de trabalho
do profissional nas
ações cotidianas
como reuniões
internas, entre os
setores e com
representantes da
população, bem como
entrevistas
semi-estruturadas
com os analistas. A
análise permite
dizer que para esses
profissionais
trabalharem com a
complexidade desses
territórios, as
estruturas
organizativas
propostas pelo
programa devem
compreender ações
integradas locais
dos serviços
públicos da
assistência social,
da psicologia, da
educação, da saúde,
da justiça, da
educação física e
outros. Para tanto,
essa reconfiguração
encontra impasses
provindos da
resistência das
formas tradicionais
de trabalho
setorial, da
hierarquia
profissional na
gestão social
limitando o
reconhecimento
técnico das
diferentes áreas. Na
tensão entre
interesses técnicos,
governo e população,
a expansão do
programa repercute
no aumento da
acessibilidade dos
atendidos aos
serviços e na
ampliação do quadro
de funcionários. A
ampliação envolve
por um lado
autonomia dos
analistas,
funcionários
públicos efetivos,
para selecionar e
contratar e pelo
outro a
proletarização da
profissão da
educação física pela
composição do quadro
de funcionários de
maneira
terceirizada, com
salários inferiores
e ainda a maioria na
condição de
estagiários e
estudante.
- LOPES, Carolina Gontijo

- ISAYAMA, Hélder

Carolina Gontijo Lopes
Graduada em Educação Física e especialista em Pedagogia do Esporte Escolar pela Universidade Estadual de Campinas e mestre em Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atuou em políticas de esporte e lazer municipais, em instituições não governamentais e em escolas públicas. Possui interesse de investigação em políticas públicas de lazer; práticas culturais no tempo livre; espaço urbano e atuação profissional.
Hélder Ferreira Isayama
Possui graduação em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1993), mestrado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (1997) e doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais, Docente do Programa de Mestrado em Lazer da UFMG (área Interdisciplinar - Câmara de Ciências Humanas e Sociais) e Líder do grupo de pesquisa Oricolé - Laboratório de Pesquisas sobre Formação e Atuação Profissional em Lazer da UFMG. Membro do Grupo de Pesquisa em Lazer (GPL) da Unimep. Editor da Revista Licere. Tem experiência na área de Educação Física com ênfase na perspectiva interdisciplinar, atuando principalmente nos seguintes temas: lazer, educação física, recreação, políticas públicas, formação e atuação profissional.
PAP0022 - OS PROCESSOS DE (IN) VISIBILIDADE SOCIAL DAS ESTRATÉGIAS DE (RE) ESTRUTURAÇÃO URBANA
Assumindo que as
cidades são locais
estratégicos de
desenvolvimento
económico e social,
mas também de
conflito,
contestação e
diversidade, num
mundo que se quer
global, porque
insistem as
políticas públicas
de intervenção
urbanística em
ordenar, higienizar
e pacificar o espaço
urbano de forma
uniforme? Este é o
ponto de partida
para uma análise da
relação entre
estratégias de (re)
estruturação urbana,
a produção e uso do
espaço recorrendo à
análise de
referências
bibliográficas
acerca do tema. Esta
é também a questão
de base do projecto
de doutoramento da
autora deste artigo.
O foco de análise
desta questão é a
intervenção
urbanística de
carácter enobrecedor
do centro histórico
do Porto,
intervenção que se
afigura como
caracterizados pela
imposição de usos do
espaço orientados
por lógicas
hegemónicas de
consumo do
património e da
cultura e de
higienização da vida
social. Esta
imposição, via
políticas e práticas
de valorização do
património,
promoveria uma
demarcação
socio-espacial
segregacionista da
cidade. Do mesmo
modo, a prática de
resignificação dos
usos e formas de
apropriação do
espaço delinearia
processos de (in)
visibilidade social.
O mesmo quer dizer
que, as políticas de
intervenção urbana,
ao imporem usos e
significados
dominantes aos
diferentes lugares
da cidade, definem
quem são os
usuários, visitantes
e habitantes e os
que não o são.
Definem ainda que
práticas são
esperadas e por
quem. A cidade
planeada e ordenada
seria então a cidade
dos visíveis. Os
outros, os não
reconhecidos, não
produziriam o espaço
urbano.
Contudo, estas
imposições não terão
como efeito o
desaparecimento das
desigualdades e a
aniquilação dos
conflitos. Coloca-se
a hipótese de, pelo
contrário,
implicarem no
surgimento de locus
de disput
- GUEDES, Inês Correia

Formada em Psicologia pela FPCEUP, pré-especializou-se em Comportamentos Desviantes. Atualmente encontra-se a frequentar o Doutoramento em Sociologia no CES-UC . Interessa-se pelos seguintes temas: modos de vida urbanos, marginalidade, informalidade, (in)visibilidade social. Participou no Projecto AGIS em parceria com o GAT e o Centro de Ciências do Comportamento Desviante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Atualmente trabalha com população em situação de exclusão social, nomeadamente, toxicodependentes, portadores de VIH-Sida e sem-abrigo. Iniciará durante este ano um Traineeship no EMCDDA, no departamento de IBS. Participou com comunicações nos seguintes congressos: XVII Seminário APEC, Congresso Internacional “Feminismo e Migração: Intervenção Social e Ação Política”.
PAP0158 - OS TERRITÓRIOS DA PROSTITUIÇÃO FEMININA DE RUA EM RECIFE, PERNAMBUCO – BRASIL: CONFLITOS E TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO GEOGRÁFICO
O presente ensaio aborda os conflitos sócio-territoriais no bairro de Boa Viagem, situado na cidade do Recife – Pernambuco - Brasil, decorrentes da presença acentuada de profissionais do sexo na área. Analisa-se os territórios da prostituição feminina de rua, em uma das principais vias do bairro, a Av. Conselheiro Aguiar.
Ressalta-se que, com a instalação da prostituição, a partir da década de 90, surgiram embates sócio-territoriais mais evidentes na área, devido à inserção de uma atividade historicamente marginalizada pela sociedade em um espaço de moradia e de empreendimentos econômicos.
O foco central da pesquisa concentra-se na análise dos territórios da prostituição, considerando, as razões da instalação da prostituição em Boa Viagem, a realidade social das prostitutas, os conflitos territoriais decorrentes de sua instalação no espaço de classes sociais abastadas, as estratégias e as táticas de convivência entre os grupos sociais (prostitutas, moradores, empresários etc), os motivos de sua permanência e as implicações na dinâmica do bairro.
A princípio, a cidade do Recife, a exemplo do que, historicamente, ocorreu em cidades portuárias, concentrava a prostituição nos bairros adjacentes ao porto, a qual se desenvolvia vinculada aos interesses da zona portuária. A modernização dos meios de transporte e comunicação, aliada ao surgimento do pólo portuário de Suape e ao do processo de urbanização da cidade, encetado em meados do século XX e intensificado em seu final, promoveu um deslocamento das áreas atrativas à prostituição. Nesse novo desenho ou configuração urbana, Boa Viagem assume o papel de atração turística e foco de mobilidades sociais, em paralelo a uma progressiva decadência da área portuária, favorecendo a transferência da prostituição ou dos pontos de prostituição.
Portanto, este espaço valorizado da cidade do Recife passa a atrair várias atividades, entre elas a prostituição que, encontra no bairro as melhores condições para esse tipo de trabalho, pois é palco de grande movimentação e badalação, o que facilita a abordagem dos clientes.
Por meio de pesquisas de gabinete, observações in loco e realização de entrevistas constatou-se que, é preciso a população e o poder público reconhecer como legítimo o território das prostitutas, já que o desprezo e a exclusão só acentuam os conflitos e impedem o estabelecimento de normas de convivência que atendam democraticamente aos interesses dos atores sociais usuários do espaço do bairro de Boa Viagem.
- PARENTE, Luciana Rachel Coutinho

LUCIANA RACHEL COUTINHO PARENTE, LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA E MESTRADO EM GEOGRAFIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. PROFESSORA ASSISTENTE DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO. DOUTORANDA DO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, DA UNIVERSIDADE DE LISBOA. ÁREAS DE ATUAÇÃO: CONFLITOS SÓCIO-TERRITORIAIS; GESTÃO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO; DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE.
PAP0732 - Objectivos e estratégias de associações na mudança das práticas de consumo
A questão do consumo
sustentável assume
particular
importância nas
sociedades
contemporâneas e
ganha visibilidade
através da agenda
política actual.
Constitui, ainda, o
motivo para a
emergência de novos
movimentos sociais.
Os novos movimentos
sociais têm origem
na acção colectiva e
visam a defesa de
direitos civis e
sociais e a promoção
da integração
social. São
caracterizados pela
heterogeneidade, o
enquadramento
comunitário, o
radicalismo, as
dimensões simbólica,
discursiva e cénica.
Pela
instrumentalização
dos mass media,
exercem pressão
sobre as estruturas
de controlo e de
sentido,
preconizando a
construção de um
sistema social novo,
reorientando a sua
historicidade
(Fernandes, 1993;
Estanque, 1999;
Gohn, 2004).
Ancorados numa
pesquisa realizada
na NET, entre
Outubro e Novembro
de 2011, e na
informação
disponível nos sites
de associações
centradas nas
questões do consumo
e do desenvolvimento
sustentável,
elaboramos uma
tipologia destas
associações
construída com base
em quatro variáveis
de caracterização:
temporal;
geográfica;
objectivos definidos
e actividades
desenvolvidas. Os
propósitos são: i)
identificar a
emergência deste
fenómeno em
Portugal; ii)
aprofundar o
conhecimento dos
objectivos definidos
por estas
associações, e iii)
analisar a relação
entre estes e as
actividades
privilegiadas para
os alcançar. A
análise desta
relação visa a
identificação das
dimensões
predominantes
(jurídica; educativa
/ formativa;
intervenção social;
etc.) quer ao nível
dos objectivos, quer
das actividades
desenvolvidas para
os atingir. A partir
destes resultados
pretende-se retirar
algumas ilações
relativas: i) às
diferentes
conceptualizações de
consumo e de
desenvolvimento
sustentável; ii) aos
processos de
mudança; e iii) aos
públicos visados.
Estas questões
constituirão pontos
de partida para uma
análise mais fina e
aprofundada centrada
no papel que estas
associações
desempenham,
enquanto elementos
da sociedade civil,
na promoção da
mudança das práticas
de consumo,
designadamente na
interiorização de
disposições
“ambientalistas”.
- CRUZ, Isabel Silva

Nome: Isabel Silva Cruz
Afiliação institucional: Instituto de Sociologia - ISFLUP
Área de Formação: Sociologia
Interesses de Investigação: Sociologia do consumo; Pobreza e exclusão social
PAP1324 - Objectos irrequietos e imagens que a história fixou na obra de Joana Vasconcelos
Um dos traços atribuído com recorrência a muitas das peças da artista plástica Joana Vasconcelos (n. 1971) é a dimensão de familiaridade nelas inscrita, em resultado de conterem objectos imediatamente reconhecíveis pelo seu uso quotidiano, tais como secadores de cabelo, blisters de comprimidos, ou cadeiras de escritório...
Mas este jogo de familiaridade com o mundo contemporâneo, a reenviar-nos à tradição do ready-made (de Marcel Duchamp), pode ser associado, pelo prisma do público (especializado, ou não), ao potenciar do contacto com uma zona de significação irrequieta, situada, afinal, entre familiaridade e estranheza, e resultante, entre outros procedimentos, da recontextualização e redimensionamento dos objectos reutilizados. Neste sentido, as peças de J. Vasconcelos cumpririam a função de móbis culturais, isto é, de nos moverem diversamente para re-pensar aspectos normativos e categorias do mundo em que vivemos, independentemente das peças mais abstractas desse pensamento em acção (as ideias ou conceitos) se aproximarem, ou não, das próprias concepções da artista. Tradição e modernidade, globalização e portugalidade, público e privado, artesanal e industrial são algumas das noções antinómicas que têm sido com recorrência enunciadas em textos sobre a obra de J. Vasconcelos para evidenciar a sua acção de entrecruzar ou diluir esses registos culturais e identitários opostos. Por outro lado, o convocar-se autores de filosofia e das ciências sociais, como W. Benjamin, J. Butller, Marx ou J. Baudrillard, tem vindo a reforçar e complexificar a dimensão de intertextualidade que atravessa esse pensamento em acção sobre... a obra de J. Vasconcelos.
Nesta comunicação procura-se divulgar os primeiros passos desse percurso pelo trabalho de J. Vasconcelos como texto (sobre e de). Orientam-no três eixos: identificar o(s) sentido(s) que J. Vasconcelos tem vindo a atribuir à(s) sua(s) obra(s); confrontá-lo(s) com as ideias que têm sido investidas nas diversas leituras sobre a(s) mesma(s); e estimar em que medida a reinscrição do seu trabalho nesse fio temporal de intertextualidade tem vindo a reconfigurar quer a relação discursiva da artista com a sua obra, quer a atitude relativamente crítica que se considera ser subjacente à concepção das suas peças.
- MORA, Teresa
PAP0729 - Oficiais da Guarda Nacional Republicana - resultados de um estudo
A GNR é uma das duas Forças de Segurança do país e a sua dimensão estrutural e o elevado número de recursos humanos que possui no seu quadro colocam-na entre as maiores organizações existentes no território nacional.
Para que possa cumprir de forma cabal todas as missões que lhe estão legalmente atribuídas, esta força possui uma estrutura organizacional devidamente hierarquizada e os seus recursos humanos distribuídos por diferentes categorias profissionais – Oficiais, Sargentos e Guardas.
O elevado número de efectivos desta força é um verdadeiro desafio para o Comando de Administração de Recursos Internos, ao incorporar, por ano, mais de 1000 novos elementos, facto que lhe permite apresentar-se como um dos maiores empregadores a nível nacional.
Para o recompletamento dos seus efectivos recorre à selecção externa e interna de jovens (civis e guardas) para o quadro de oficiais e à selecção externa de jovens para o quadro de guardas, procedendo para o efeito à abertura dos respectivos concursos públicos
Se é verdade que, actualmente, os oficiais da Guarda são formados na Academia Militar e na Escola Superior Politécnica do Exército (ESPE), esta última escola forma os militares da GNR da categoria profissional de sargentos que pretendem ascender a oficial, também é verdade que o processo de admissão de oficiais para servirem na GNR, ao longo dos anos, foi conhecendo diferentes modalidades em diferentes épocas.
Por outro lado, também são poucos os estudos científicos que se têm preocupado em analisar os oficiais da GNR. Assim, foi realizado um estudo científico com carácter analítico-descritivo que tinha seis objectivos:
O primeiro objectivo consistiu na caracterização sociográfica dos oficiais na situação de activo, reserva e reforma, com o intuito de conhecermos a sua situação conjugal, a sua região de nascimento e residência, o seu posto hierárquico, a modalidade de acesso ao quadro permanente.
O segundo objectivo procurou percepcionar a origem social dos oficiais da GNR com recurso à tipologia classificatória de lugares de classe desenvolvida pelos sociólogos João Ferreira de Almeida, António Firmino da Costa e Fernando Luís Machado.
O terceiro objectivo teve como bandeira a tentativa de verificar quais as principais motivações que, na devida altura, impeliram os oficiais das Forças Armadas a optarem por servir na GNR, ainda que alguns deles, em determinada altura, estivessem vinculados a esta organização de forma precária.
Tentou, também, compreend
- BESSA, Fernando José da Conceição
PAP1123 - Olhares de adolescentes em conflito com a lei para a escola: significados da experiência escolar em espaço de privação de liberdade
Atualmente o número de adolescentes envolvidos com a criminalidade é bem evidente no Brasil. E é crescente a inserção desses sujeitos no cumprimento da medida socioeducativa, como é denominada a aplicação da sanção ao adolescente (entre 12 e 18 anos) que comete ato infracional. A lei que regula o cumprimento das medidas socioeducativas é a 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adolescente ECA. A referida legislação é uma das mais avançadas da América Latina no que se refere à garantia e proteção dos direitos da criança e do adolescente, sendo fruto de um forte movimento social de luta por tais direitos ocorrido no Brasil na década de 80. Esse estudo pretende focar nas relações que os jovens estabelecem com a escola em espaço de privação de liberdade, já que, de acordo com o ECA, a partir do momento que o adolescente é acolhido na internação a frequência escolar é obrigatória e a oferta da escolarização nesse espaço um dever do poder público. A medida privativa de liberdade, de acordo com a lei supracitada, só é aplicada aos adolescentes que cometeram atos infracionais (análogos aos crimes do Código Penal Brasileiro) mediante grave ameaça ou reiteração no cometimento de um mesmo ato (tráfico de drogas, roubos, entre outros). O intuito é tentar compreender e analisar os olhares dos adolescentes em conflito com a lei para a escola, como significam a escola no momento do cumprimento da medida de internação, quais sentimentos a escola nesse espaço desperta nesses jovens. A partir de (re) leituras de autores que tratam da violência, da juventude, da privação de liberdade e da escolarização/juventude (ARROYO, 2007; MAKARENKO, 1985; FOUCAULT, 1975; TRASSI, 2006) e de dados referentes ao perfil e escolaridade dos adolescentes internados em um centro socioeducativo localizado na periferia da cidade de Belo Horizonte, construímos algumas questões de pesquisa: como os jovens significam a escola a que são submetidos na privação de liberdade? Quais são seus olhares perante a escolarização? Qual a presença e qual a função que essa escola exerce na vida desses sujeitos? Para a realização dessa investigação as estratégias metodológicas estão centradas em duas vertentes: a) análise de dados quantitativos referentes ao perfil dos adolescentes. Esses dados trazem informações relevantes acerca do perfil socioeconômico, uso de drogas, envolvimento com a criminalidade, entre outros; b) uma abordagem qualitativa que consiste na realização de observação no campo e entrevistas semi-estruturadas com os sujeitos da pesquisa. Optou-se pelo uso das duas abordagens por acreditar a pesquisa quantitativa não anula os dados quantitativos e vice-versa. O estudo não tem a intenção de esgotar o tema proposto e sim trazer novos elementos e discussões para a compreensão de como a educação escolar é sentida e significada pelos adolescentes em um espaço tão peculiar: o da privação da liberdade.
- PRADO, Brenda Franco Monteiro

Nome: Brenda Franco Monteiro Prado
Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Educação
Formação: Pedagogia/Mestranda em Educação
Interesses de Investigação: educação em presídios, adolescentes e
criminalidade, medida socioeducativa, privação de liberdade, juventude
e escola.
PAP0897 - Ordem da interacção e corpora de gravações: a análise da conversação como paradigma teórico-metodológico
Gravar quem, onde, quando, como, para evidenciar e/ou demonstrar o quê? Qual é o valor descritivo e explicativo em sociologia de um corpus de gravações de interacções verbais (Binet, 2011)? Qual é o lugar da teoria no trabalho de transcrição e quais são os programas computacionais que auxiliam as tarefas do transcritor (Monteiro, 2011)? Quais são os fenómenos sociais observáveis e analisáveis num tal corpus (ten Have, 2005)? Como conciliar uma investigação de escala micro-analítica com a orientação holística da sociologia (Erickson, 2004; Cicourel, 2008; Binet, 2011)?
Surgida no quadro da sociologia americana, nos anos 60 do século XX, a análise da conversação (Sacks, 1992) pretende responder de forma argumentada a estas perguntas, apoiando-se para tal num já rico patrimonio de pesquisas empíricas, na origem de uma vasta literatura científica (Goodwin & Heritage, 1990). Na Europa, os linguístas foram os primeiros a abrir o seu campo investigativo aos contributos desta corrente interaccionista de filiação etnometodológica (Kerbrat-Orecchioni, 1990), o que acabou por travar, pelo menos até uma data recente, a difusão entre os sociólogos europeus de um corpo de teoria e de método susceptível de configurar um paradigma que renova e enriquece vários domínios de investigação sociológica (Rodrigues, 2001).
A nossa comunicação, que pretende contribuir para o pleno reconhecimento da análise da conversação como paradigma de investigação sociológica, apoiar-se-á numa pesquisa desenvolvida em coparticipação (Bartunek & Louis, 1996) com mais de vinte interventores sociais da Rede Social do Concelho de Sintra, que colaboraram na recolha de um corpus de gravações de atendimentos realizados nos seus serviços de acção social (Binet & Sousa (de), 2011). Os conhecimentos alcançados nesta pesquisa constituem uma base solida para travar uma discussão acerca da integração da análise da conversação no desenho e na operacionalização das investigações, no domínio da sociologia das profissões e dos estudos organizacionais (Drew & Heritage, 1992; Peräkylä & Vehviläinen, 2003; Arminen, 2005; Sarangi, 2005; Mondada, 2006; Rawls, 2008; Koester, 2010; etc.).
- BINET, Michel

- MONTEIRO, David
Bolseiro da FCT (SFRH / BD / 63799 / 2009), Michel Binet elabora uma
Tese de Doutoramento em Antropologia na Universidade Nova de Lisboa
(FCSH), na confluência de três áreas disciplinares (antropologia,
linguística e sociologia), sob a orientação de Adriano Duarte
Rodrigues. Membro do Centro de Linguística da Universidade Nova de
Lisboa (CLUNL) e colaborador do Centro Lusíada de Investigação em
Serviço Social e Intervenção Social (CLISSIS), a sua Tese, que se
situa no domínio de uma "Micro-Etnografia", tem por quadro teórico e
metodológico a Análise da Conversação etnometodológica e por base
empírica um Corpus de mais de 50 horas de gravações de interacções
verbais entre interventores sociais e utentes de serviços sociais do
Concelho de Sintra (Corpus ACASS), recolhido com a coparticipação de
mais de 20 profissionais da Rede Social de Sintra, em parceria com
Isabel de Sousa (CLISSIS).
Mestre em Ciências da Linguagem e membro do Centro de Linguística da
Universidade Nova de Lisboa (CLUNL), David Monteiro colabora na
análise do Corpus ACASS, estudando a organização sequencial dos
atendimentos e a argumentação na fala-em-interacção.
PAP0431 - Organização da produção e comércio de OSTRAS em área de Reserva Extrativista marinha
Este trabalho tem como objetivo descrever e Este paper tem como objetivo analisar a organização de produção de Ostras em áreas de Reserva Extrativista Marinha. Bem como verificar como são tecidos as relações sociais para o comércio deste produto, feito pelas famílias nucleares ou extensas, que moram as proximidades desses recursos naturais e portanto dependem diretamente da natureza.Este trabalho é parte integrante da minha tese de doutorado em Ciências Sociais para analisar também o papel do Estado representado pelas instituícões parceiras que incentivam a criação e o comércio do produto através de financiamento principalmente para a associação dos ostreicultores da vila Lauro Sodré localizada no município de Curuçá parte que abrange uma extensa área geografica que é parte integrante da RESEX. Os moradores desta vila é pioneira no repasse do conhecimento adquirido empiricamente ao longo dos anos pelo processo adaptativo e dependente do meio ambiente em que vivem. A analise se estende a outros municípios que fazem parte do litoral nordeste do Estado do Pará/Brasil. Pode-se verificar a comercialização da ostra principalmente no mes de férias escolares que acontece no mes de julho (mes de intenso verão).
- REIS, Maria Regina Ribeiro
PAP1438 - Organização e Comércio de Ostras em Áreas de RESEX's Marinha na Amazônia
Objetiva-se nesse estudo descrever e analisar como se estabelecem as relações socioeconômicas e culturais dos diversos atores envolvidos no processo de organização da produção e comercialização de Ostras em áreas de Reserva Extrativista Marinha - RESEX na região litorânea da Amazônia Brasileira. Propõe-se realizar uma análise sócio antropológica sobre os impactos socioambientais advindos com a implantação dessas unidades de conservação, suas reconfigurações territoriais e dinâmicas culturais no modo de vida das populações tradicionais ali presentes, a partir do cultivo e comercialização de ostras. O campo de pesquisa empírica para o desenvolvimento desta pesquisa são as áreas de Reservas Extrativistas Marinhas Mãe Grande, no município de Curuçá, e Araí – Peroba, no município de Augusto Correa. As pesquisas sócio antropológicas e os movimentos ambientalistas apontam a preocupação com a proteção dos ecossistemas que tem suscitado uma política de conservação com a implantação de áreas de Reservas Extrativistas, notadamente em áreas de manguezais como é o caso dos municípios localizados na porção oceânica do norte do Brasil, Verifica-se que ações vinculadas à implantação de RESEX Marinhas tem alterado de modo significativo nas práticas sócio culturais de suas populações tradicionais, como é o caso de reorganização das redes sociais, práticas de gestão e manejo de recursos.
- REIS, Maria Regina Ribeiro
PAP0768 - Organizações Islâmicas e Desenvolvimento em Moçambique
No âmbito da ajuda ao desenvolvimento, no século XX, doadores e agências de desenvolvimento ocidentais desprezaram as afinidades da religião no combate à pobreza e à exclusão social, na dinamização das sociedades civis, ignorando sinergias positivas entre a religião e o desenvolvimento. Esta circunstância decorre da ambivalência predominante entre os doadores oficiais ocidentais, influenciados pela separação legal entre a Religião e o Estado nas democracias liberais, impedindo-os de reconhecer as organizações religiosas como importantes stakeholders em questões de desenvolvimento, convictos da oposição entre razão e fé e da inflexibilidade dos discursos religiosos face à mudança política e social. Na primeira década do século XXI assiste-se a uma mudança, nos discursos e nas políticas de desenvolvimento, e ao reconhecimento necessário do papel das organizações religiosas na ajuda ao desenvolvimento. Nesta investigação pretende-se destacar a importância das organizações religiosas islâmicas, em Moçambique, e o seu acesso privilegiado às populações muçulmanas, carentes de ajuda, quando comparadas com as congéneres seculares. No âmbito do Islão a prática do humanitarismo deve ser cumprida por todos os crentes. Todo o muçulmano deve esmola. O desenvolvimento de acções humanitárias, de forma voluntária, traduz-se num acto de confirmação e validação da fé: "Nunca atingireis a verdadeira piedade enquanto não fizerdes esmola do que prezais" (Quran, s. 3, v. 86). Além da dimensão moral da acção destaca-se a religiosa, pelo que, através os textos sagrados, é legalmente instituída a obrigatoriedade do acto. O acto de humanitarismo é, por isso, a prova da piedade do muçulmano em relação aos mais desfavorecidos muçulmanos ou não muçulmanos.
Ellis e Terr Haar (2001) salientam a importância da religião no desenvolvimento do continente africano no século XXI, enquanto J. Benthall (2002: 151) destaca o papel das organizações religiosas na prestação de serviços indispensáveis ao bem-estar das populações: “(...) All societies, rich and poor, have developed systems of mutual aid to mitigate social suffering (…). Voluntary associations can show surprising resilience. (...) Religious organizations are often among the most effective in mitigating social suffering”. Assim, pretende-se reflectir sobre as actuais motivações religiosas para a prática da acção humanitária na perspectiva do Islão e perceber de que forma os actos de humanitarismo, elementos essenciais da prática religiosa islâmica, constituem a base de programas humanitários promovidos pelas organizações religiosas; compreender o papel do Estado moçambicano na regulação da pluralidade e participação religiosa no desenvolvimento do país.
- ANDRÉ, Carla
PAP1575 - Organizações, culturas e públicos: um processo de metodologia participativa na gestão cultural do município da Amadora
Daremos relevo à apresentação e discussão de um processo de conhecimento dos públicos e dos utilizadores de equipamentos culturais do município da Amadora como instrumento de gestão interna da autarquia. A esse pretexto, apresentaremos, também, um programa inovador de investigação com o envolvimento activo dos elementos do sector cultural da câmara municipal.
- SANTOS, Helena
PAP0264 - Orientações políticas e atitudes face à imigração dos portugueses: uma análise longitudinal do ESS (2002-2010)
Portugal tem vindo a receber desde meados dos anos 80 imigrantes procedentes de várias origens que têm contribuído à mudança social, demográfica e económica do país. Como têm evidenciado algumas investigações, a atitude dos portugueses face à imigração varia segundo os grupos de imigrantes, e comparativamente à de outros europeus, revela mais fechamento do que abertura à presença imigrante. Este fechamento está relacionado com a percepção da imigração como uma ameaça em termos culturais, económicos e de segurança pública. Por outro lado, alguns estudos têm revelado que essas mesmas atitudes face à imigração e aos imigrantes variam também segundo a afiliação política e outros indicadores relativos à orientação política dos cidadãos. Tendo em conta esta ideia, revela-se essencial analisar em que medida as atitudes e representações sociais face à imigração estão relacionadas com os valores e orientações políticas dos portugueses. No caso português, será que a afiliação política, o nível de participação ou o posicionamento numa escala direita-esquerda concorrem para explicar as diferenças de posição dos portugueses face à imigração? Mais concretamente, será que atitudes discriminatórias estão mais relacionadas com orientações políticas de direita, e atitudes de uma maior aceitação face à imigração com orientações políticas de esquerda? Ou será que, pelo contrário, não existem clivagens evidentes entre as atitudes de aceitação/discriminação dos imigrantes e as distintas orientações políticas? E será ainda que, estas atitudes de aceitação/discriminação diferem segundo a etnicidade e os grupos de pertença dos imigrantes? Com base nestas questões, o objectivo desta comunicação é reflectir em torno a esta relação através dos dados do European Social Survey (ESS) disponíveis para a última década (2002 a 2010). Neste sentido, será realizada uma análise longitudinal em torno a algumas dimensões centradas tanto na aceitação/discriminação dos imigrantes como na orientação política dos inquiridos. Esta análise será desenvolvida com o recurso a algumas variáveis sócio-demográficas – género, idade e classe social -, de forma a serem delimitados certos perfis sociais que dêem conta da diversidade social existente na relação entre ideologia política e percepção do fenómeno migratório.
- GASPAR, Sofia
- AZEVEDO, Joana
PAP0110 - Origens, destinos e trajectórias de classe: Uma análise da mobilidade social em 2 gerações de portugueses
Diversos estudos têm demonstrado a manutenção de elevados níveis de desigualdade na sociedade portuguesa, com a situação da família de origem a influenciar fortemente a trajectória social dos indivíduos. Tendo como pano de fundo as significativas alterações que enquadram a modernidade portuguesa, o objectivo central desta comunicação é o de apresentar um conjunto de reflexões e de dados novos sobre mobilidade social, a partir da investigação comparativa das trajectórias de classe social de portugueses nascidos em diferentes gerações. Parte-se de uma perspectiva teórica sobre as classes sociais, que as entende como um conjunto de agentes que ocupam posições aproximadas, num sistema pluridimensional de desigualdades, e valoriza-se uma perspectiva sobre o percurso de vida que reconhece a importância central dos constrangimentos estruturais, mas não os assume como um determinismo, salientando a necessidade de os analisar longitudinalmente. Usando dados do projecto "Trajectórias familiares e redes sociais: a trajectória de vida numa perspectiva intergeracional" examinam-se comparativamente trajectórias de classe seguindo o percurso de vida. Utiliza-se uma metodologia inovadora que recorre à análise sequencial procurando estabelecer uma relação entre tempo histórico e mobilidade social. Comparam-se trajectórias de classe dos indivíduos em função das suas origens de classe, visando relacionar mobilidade, geração e género. Conclui-se que a desigual distribuição de recursos, materiais e escolares, continua a ser fulcral para a compreensão das trajectórias de classe e de mobilidade social, embora se observem diferenças geracionais consideráveis nos mecanismos de reprodução das desigualdades. Para além da importância da classe social de origem, a desigual distribuição das qualificações escolares, em particular das mães, revela-se decisiva para compreender a mobilidade social em Portugal.
- RAMOS, Vasco

Vasco Ramos
Doutorando FCT no ICS-UL.
Mestre em Sociologia pelo ISCTE-IUL
Interesses: Classes e Estratificação Social; Família e Género; Populações, Gerações e Ciclos de Vida.
PAP1034 - Os 'Deficientes das Forças Armadas': memórias silenciadas da Guerra Colonial
A guerra colonial nunca encontrou um efectivo espaço de rememoração naquilo que foi a reconstrução democrática e pós-imperial da sociedade portuguesa – é, portanto, um silêncio constitutivo desse processo. Sob vários pontos de vista, os combatentes que adquiriram deficiência na guerra constituíram a expressão viva de um trauma colectivo que a ordem social democrática quis esquecer. Numa perspectiva teórica que procura debater os encontros e desencontros da memória pessoal e da memória colectiva, defendemos que o silenciamento e a marginalização a que os Deficientes das Forças Armadas foram sujeitos permite consagrá-los como testemunhas privilegiados para, por intermédio das suas histórias, se resgatarem preciosas dimensões históricas para a compreensão do Portugal contemporâneo. Desde logo, para uma valorização da guerra colonial enquanto um momento histórico que deixou duradouras marcas na sociedade portuguesa.
Partindo da recolha de testemunhos de DFA e da análise histórico-política da associação que os representa – a Associação dos Deficientes da Forças Armadas -, cumpre perceber de que modo as vidas descontinuadas pela Guerra Colonial e marcadas pela deficiência carregam (pelo dramático encontro desses factores de disrupção) significativos elementos de marginalidade e distanciamento em relação à sociedade portuguesa. O primeiro diz respeito à exclusão das pessoas com deficiência de um modo geral: ausência de estruturas de reabilitação, estigmatização cultural, barreiras arquitectónicas, etc. O segundo vector refere-se à negligência social sofrida pelos ex-combatentes no retorno a Portugal (negligência das suas histórias de das suas lutas pelas inclusão social). Nesse sentido, pretende-se conhecer de que modo a valorização das narrativas dos ex-combatentes forja uma perspectiva que produtivamente acrescenta ao modo como, a várias instâncias, Portugal tem sido pensado e representado.
- MARTINS, Bruno Sena

- SANTOS, Boaventura de Sousa
- COIMBRA, Natércia
"Bruno Sena Martins é licenciado em Antropologia pela Universidade de
Coimbra e Doutorado em Sociologia pela mesma instituição. Sempre
enleado na questão das representações culturais, tem dedicado o seu
trabalho de investigação aos temas do corpo, deficiência e conflito
social.
Em 2006, publicou o livro 'E se Eu Fosse Cego: narrativas silenciadas
da deficiência', produto da sua dissertação de mestrado galardoada com
Prémio do Centro de Estudos Sociais para Jovens Cientistas Sociais de
Língua Oficial Portuguesa. Foi Research Fellow no Centre for
Disability for Disability Studies (CDS) na School of Sociology and
Social Policy da Universidade de Leeds, entre Abril e Junho de 2007.
Na sua tese de doutoramento - 'Lugares da Cegueira: Portugal e
Moçambique no Trânsito de Sentidos' - explorou as relações entre as
histórias de vida das pessoas cegas e os valores culturais dominantes
através dos quais a cegueira é pensada. Paralelamente, no contexto do
CES tem integrado a equipa de vários projectos de investigação que se
dedicam a temas como Guerra Colonial portuguesa e a inclusão social
das pessoas com deficiência."
PAP0791 - Os Académicos que podem falar na TV
A TV é hoje um meio de grande repercussão social. Poder-se-á considerar um “ecossistema” social e cultural ao qual todos estamos vinculados pelo facto de integrarmos determinada cultura, ainda que não sejamos telespectadores assíduos. Estaremos, então, perante um
metamedium ou um “epicentro cultural” das nossas sociedades, como prefere designá-lo Manuel Castells. Portanto, falamos aqui de algo que desenvolve e marca um espaço social. Seguindo uma linha de pesquisa que procura interrogar que tipo de espaço público constroem
os programas informativos, analisámos a composição social dos plateaux informativos dos canais generalistas (RTP1, SIC e TVI) e dos canais temáticos de informação (SICN, RTP Informação e TVI 24) entre Setembro de 2011 e Fevereiro de 2012. Para além dos jornalistas e políticos que são os mais solicitados para os estúdios de informação, há um grupo que vem ganhando expressividade ao nível dos programas televisivos de conversação: os académicos.
Nesta comunicação, iremos analisar quem são e a que área pertencem estes convidados que se constituem como um grupo relativamente circunscrito. Uma elite, poder-se-ia dizer, embora sem integrar as categorias mais elevadas da carreira académica do Ensino Superior.
Trata-se, acima de tudo, de interlocutores desembaraçados no verbo e no gesto, ajustando-se facilmente aos ritmos exigidos pela TV.
Esta investigação insere-se no projecto “Jornalismo televisivo e cidadania: os desafios da esfera pública digital” (FCT PTDC/CCI-JOR/099994/2008) que pretende perceber que tipo de espaço público os programas de informação da TV portuguesa constroem através daqueles que chamam aos respectivos plateaux.
Na investigação que aqui destacamos foram identificados todos os convidados dos conteúdos informativos emitidos entre as 18h e as 01h de segunda a sexta-feira.
Ao estudo foi ainda acrescentada a análise dos fóruns de informação dos canais temáticos, espaços de participação do telespectador por excelência. Cada convidado foi caracterizado em função de seis variáveis: profissão, lugar de origem, sexo, mote do convite, ligação ao tema do programa e ao programa.
Palavras-chave: informação televisiva, convidados, académicos, confraria dos plateaux
- LOPES, Felisbela
- NETO, Ivo
PAP0188 - Os Centros de Arbitragem de Conflitos de Consumo: Uma espécie em extinção ou em ascensão?
A resolução alternativa de litígios surgiu em
meados dos anos sessenta como uma das medidas
facilitadores do acesso ao direito e à justiça
e tem por fim a resolução de novos conflitos
ligados à emergência da sociedade dita de
consumo nascida e consolidada principalmente
nos países ditos ocidentais .
Assenta no ressurgimento do interesse pela
vida em comunidade e, em simultâneo, na
evidente incapacidade de resposta dos meios
tradicionais – tribunais judiciais - para
sanar os novos conflitos saídos do consumo,
entendido este como um novo fenómeno complexo
e multifacetado nas suas vertentes económica,
jurídica e cultural. Os seus principais
actores são os produtores e fornecedores de
serviço, por um lado, e os consumidores e as
suas organizações representativas, por outro.
Paralelamente, o Estado assume as funções de
regulação do mercado e das relações sociais de
consumo.
Sendo estas relações sociais desequilibradas,
porque prosseguem diferentes interesses –
surgindo os consumidores como a parte mais
frágil - apelou-se, nos últimos anos, à
protecção de um novo direito, o da protecção
dos consumidores, como forma de reduzir a
referida desigualdade e de os compensar pelos
danos a que sejam sujeitos.
Na verdade face ao “boom” consumista e ao
aumento exponencial dos negócios, procurou-
se “olhar o direito de mais sítios e de sítios
mais improváveis do que se tornou habitual.”
(Hespanha, 2009:5).
Confrontou-se, deste modo, a justiça
tradicional com as suas limitações actual e
aparentemente irreversíveis: os custos
elevados, a morosidade processual e a
formalidade assente em rituais herméticos que
sem dúvida inibem o consumidor em submeter o
seu litígio de consumo, por norma de baixo
custo, a um tribunal judicial, conduzidos por
uma ponderação, quase económica, de custo /
benefício.
O estudo realizado tem, assim, por base a
análise da evolução dos centros de arbitragem
de conflitos de consumo em Portugal.
Observamos o seu desempenho, após a sua
implementação, mediante o movimento processual
que neles é efectuada.
E concluimos que, de facto, uma sociedade
eminentemente consumista e com crescente
litigiosidade nessa área, exige soluções
rápidas, justas e eficazes. Cremos, assim, que
caberia ao Estado criar molduras motivacionais
para o desenvolvimento dos centros, mediante a
aposta na complementaridade da sua existência,
face aos tradicionais meios jurisdicionais de
resolução de conflitos.
- ALMEIDA, Mariana Pinheiro de
PAP0790 - Os Institutos Culturais Açorianos: Uma análise sociológica sobre a Comunidade Intelectual
O melhor testemunho da presença da Cultura e
da Comunidade Intelectual na sociedade
contemporânea é o debate sempre vivo e
atualíssimo sobre a tarefa e responsabilidade
dos Intelectuais nas múltiplas esferas
públicas. Apesar de possuírem distintas
denominações, como atesta Norberto Bobbio
(1997), os Intelectuais sempre existiram.
Todas as sociedades possuem os seus detentores
do poder ideológico, cujo papel muda de
sociedade para sociedade. Os Intelectuais
pertencem a um tempo e a um espaço, e as
conjunturas em contextos específicos
inegavelmente determinaram a tónica dos seus
discursos.
Pretende-se numa perspetiva sociológica
analisar, não só os dilemas e paradoxos da
Comunidade Intelectual Açoriana, como também o
contributo sócio cultural destes através dos
Institutos Culturais Açorianos. Visando: i)
identificar as diferentes representações do
Intelectual; ii) examinar as abordagens
sociológicas sobre o papel da Comunidade
Intelectual e a sua intervenção na causa
pública; iii) desenvolver uma reflexão crítica
sobre as estratégias de intervenção social dos
referidos Institutos.
Para apreender o contributo cultural dos
Institutos Culturais Açorianos na relevância
social, torna-se importante estudar em
paralelo a Comunidade Intelectual Açoriana,
efectuando-se uma análise sócio histórica
sobre a génese do próprio conceito de
intelectual desde o Affaire Dreyfus.
Ambicionando deslindar se os Institutos e a
Comunidade Intelectual que deles fazem parte,
estabelecem sinergias com a sociedade, ou se,
de forma implícita, permanecem como um nicho
elitista, i.e., de resistência a uma “cultura
de massas” que tende a prevalecer no “mundo da
vida”.
Metodologicamente este estudo baseia-se numa
análise de cariz misto, i.e., tanto numa
análise intensiva ou qualitativa, como numa
análise quantitativa ou extensiva, (Bravo,
2001; Sampieri, 2006). Neste sentido, as
técnicas de recolha de dados consideradas
pertinentes são: i) método documental,
aspirando aceder à informação escrita
relevante para os objectivos da investigação;
ii) entrevistas semi-estruturadas aos
indivíduos que se encontram ligados
directamente aos Institutos de Cultura
Açoriana; iii) questionário direcionado à
população da Universidade dos Açores, com o
intuito de averiguar a percepção que estes têm
dos Institutos de Cultura Açoriana, bem como
da intervenção da Comunidade Intelectual na
esfera pública Açoriana.
A análise dos documentos, conjugada com as
entrevistas e o questionário contribuirá para
depreender se: A Comunidade Intelectual
pertencente aos Institutos Culturais Açorianos
permanece como um nicho elitista ou é uma
interveniente activa na esfera pública
Açoriana.
- PARADA, Júlia

Júlia Parada
Universidade dos Açores
Aluna do Mestrado em Sociologia
Investigação na àrea da Sociologia da Cultura
PAP1084 - Os Modos de Transição para a Vida Adulta no Contexto de Classe
A juventude é um tema que abrange questões complexas e inquietantes na sociedade contemporânea. A juventude é uma construção social relativa no tempo e no espaço. Dessa forma, os modos de transição para a vida adulta se constituem sob modelos distintos e determinados por vários fatores sociais, econômicos, individuais, políticos e históricos.
Charlot (2007), Margulis (1998), Feixa (1997) e Bourdieu (1983) são determinantes quando afirmam que a juventude não está inteiramente relacionada com a questão etária, mas constitui-se essencialmente de uma construção social determinada ainda pela posição de classes e pelas condições históricas. Margulis (1996) apresenta claramente que cada época e cada setor social postula formas distintas de ser jovem.
Destarte, agora segundo Charlot (2007), é possível falar em juventude no singular e juventudes, no plural. Isto é, existe uma categoria ou como melhor denominada por autores, condição da juventude que é singular entre as culturas: os modos de transição para a vida adulta. Entretanto, esses modos se dão de formas distintas relacionando-se com outros fatores como gênero, classe, tempo e território; por isso denomina-se juventudes no plural, na tentativa de contemplar essa condição múltipla e polissêmica que afeta todos os seres humanos em diferentes medidas.
Margulis ainda explicita que essas diferentes maneiras de ser jovem alteram substancialmente os modelos que regulam e legitimam a condição da juventude. Ou seja, ser jovem pobre é diferente de ser jovem classe média ou alta, os modelos, as expectativas, as trajetórias, são profundamente modificadas.
A partir dessa ótica, a presente proposta objetiva investigar os modos de transição para a vida adulta tendo como enfoque o contexto de classe no Brasil. Partindo do ponto que o jovem oriundo das classes populares não se constitui adulto nas mesmas formas de transição que os de classes mais abastadas, o conceito de moratória social e vital (FEIXA,1997 e MARGULIS, 1998) apresenta-se como foco da discussão.
A noção de moratória permite não apenas diferenciarmos, dentro dos grupos e classes, a distribuição desigual do uso da condição juvenil como um capital simbólico, como também fundamenta a compreensão que a juventude não é só uma condição etária, biológica, mas que ela se realiza socialmente como um símbolo cuja distribuição é diferente de acordo com a posição social que se ocupa. Assim, como categoria social a juventude incorpora dois aspectos diferentes e não-excludentes: por um lado é um corte geracional, referindo-se a experiência geracional comum, e por outro engloba diversas e heterogêneas culturas juvenis.
- PRATA, Juliana de Moraes
PAP0364 - Os animadores: a construção de uma identidade profissional pela participação social
A complexidade das práticas profissionais dos ‘animadores’ representa o ponto de partida para a investigação agora proposta. Pretendemos observar os relacionamentos organizacionais pela descrição das suas estratégias, nos lugares de produção, e, averiguar os contextos ocupacionais, e as ambiguidades estratégicas de ‘mediação’, compreendendo e interpretando os discursos das suas ações.
Esta compreensão passa pela observação das condições de relacionamento com a participação social, influentes na construção da sua identidade profissional, e nas formas de inserção no mercado de trabalho e suas contratações.
A Teoria de Campo proposta por Bourdieu permite o escrutínio destas condições, pelos lugares de representação e na construção de configurações resultantes de metodologias qualitativas, portanto, de proximidade com o campo.
A análise de conteúdo e, a estruturação de entrevistas e atores privilegiados, profissionalizados, permite a interpretação de interseções no campo. Outras poderão surgir interpeladas pelas diversas formas de agenciamento e socialização profissionalizada dos ‘animadores’.
Palavras-chave: Profissão, profissionalização, participação, identidade profissional, estratégia
O processo de institucionalização (finais do século passado) associativa, autárquica ou de solidariedade social, primeiramente benévola, assinala-se por práticas ocupacionais e uma profissionalização marcada por um cruzamento institucional disperso. Embora algumas destas práticas se mantenham envoltas em ‘ideologias’ e lógicas de ‘intervenção politizada’, a localização de poderes, a autonomia de intervenção e os saberes especializados, configuram um percurso profissional relativamente recente.
Pretendemos observar esses contextos e os relacionamentos aqui produzidos, o que permite descortinar os âmbitos e as lógicas de uma inserção profissional, que estreita, no mercado de trabalho, a sua capacidade de mobilidade profissional e social.
A compreensão desta complexidade configura a própria política de ação (estratégias) dos ‘animadores’ na génese e cruzamento da ação política com a participação cívica, social, ou cultural. Determinam por aqui, o que os define no cerne do ‘trabalho social’, do ‘trabalho cultural’ ou do ‘trabalho sociocultural’.
Compreender e interpretar as motivações, a delimitação das afinidades e os conflitos de posicionamento na génese de identidade dos animadores possibilita a definição da sua cultura profissional. Como transpõem essa cultura para o
PAP1043 - Os centros comerciais e a actividade profissional de limpeza
As organizações como objecto de estudo oferecem um vasto campo
para investigação. A diversidade organizacional existente não é
incompatível com o reconhecimento de um conjunto de características
principais que lhe estão associadas (Gabriel, 2008). As organizações
apresentam um percurso e sobrevivem às mudanças de pessoas;
revelam uma divisão do trabalho assente na impessoalidade e
formalidade, dada a existência de cargos diversos com
responsabilidades e deveres assentes em regras escritas e regulações;
declaram objectivos que constituem a sua razão de ser e as tornam
legítimas junto do grande público; desenham uma estratégia de acção
conducente ao cumprimento de objectivos, para os quais os indivíduos
contribuem mediante a sua actividade; actuam no pressuposto do
predomínio da cooperação em detrimento da coerção, porquanto na
generalidade das organizações os indivíduos trabalham e colaboram
voluntariamente sem serem forçados.
Os centros comerciais podem ser analisados como organizações que
partilham em termos globais as características acima destacadas.
Reflectem uma estratégia de organização funcional e espacial das
actividades que visa concentrar a oferta comercial e ir ao encontro das
necessidades do público consumidor. Simultaneamente, destacam-se
pela diversidade de profissionais que trabalham no seu interior.
Tendo por base as considerações acima introduzidas, esta comunicação
visa dar conta da parte de uma investigação em curso sobre os vários
grupos profissionais existentes nos centros comerciais, analisando em
concreto o caso dos profissionais da limpeza. Nesta pesquisa
analisam-se os grupos profissionais não como entidades autónomas,
mas antes segundo uma lógica de “ecologias ligadas” (Abbott, 2003)
que exige leituras cruzadas capazes de captar a dinâmica das
transformações que os atravessam e proceder a uma reflexão mais
aprofundada dos contextos socioprofissionais onde os referidos grupos
se localizam (Abbott, 2003; Bouffartigue, Bouteiller, 2004).
O suporte empírico da presente comunicação consubstancia-se em
dados estatísticos sobre o grupo profissional da limpeza, recolhidos a
partir dos Censos 1991 e 2001 e da Classificação Nacional de
Profissões de 1994 e em entrevistas semi-directivas (10) aplicadas
junto de trabalhadoras da limpeza de diversos centros comerciais da
Área Metropolitana do Porto. Estas últimas possibilitam a
caracterização das trabalhadoras, da sua actividade de trabalho e das
suas práticas no espaço social de trabalho, práticas essas estruturadas
(e estruturantes) pelas (das) modalidades de funcionamento do espaço
organizacional do centro comercial.
- CRUZ, Sofia Alexandra

Sofia Alexandra Cruz, Professora na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e Investigadora do Instituto de Sociologia da mesma Universidade. Doutorada em Sociologia, tem como áreas de interesse científico: o trabalho, as organizações e os grupos profissionais.
PAP1100 - Os colégios de elite e a distinção pela excelência: do projecto de educação integral às dinâmicas de acção organizacional
GT Entre mais e melhor escola em democracia: inclusão e excelência no sistema escolar português
Esta comunicação
pretende analisar as
significações
atribuídas pelas
classes dominantes
ao conceito de
excelência. Longe de
se restringir à
dimensão académica,
a excelência é
conceptualizada na
sua
multidimensionalidade,
abrangendo a
formação do
“carácter
individual” e a
partilha de um ethos
de classe. A fruição
cultural, a
capacidade de lidar
com o outro, a
interiorização dos
valores da
solidariedade e do
comprometimento
social, mas também
do mérito, do rigor
e do esforço
constituem alguns
dos pontos-chaves de
uma socialização
distinta e
distintiva no seio
destes grupos. Tendo
como pano de fundo
uma investigação
sobre dois
prestigiados
colégios privados
(um laico e outro
religioso), durante
a qual se acionaram
técnicas
qualitativas
(entrevistas/grupos
de discussão com os
diferentes agentes
educativos,
observação direta) e
quantitativas
(inquérito por
questionário aos
alunos),
analisaremos, pois,
este projeto de
formação integral
dos alunos
perseguido, em
sintonia, por
escolas e pais, numa
osmose configuradora
de um continuum
socializador que é
reforçado pela
homogeneidade
disposicional do
grupo de pares e por
trajetórias de
fidelidade a estes
estabelecimentos de
ensino. Se estes
dois colégios têm
como traço comum o
projeto de uma
educação de
excelência que se
pretende plena e
ancorada
simultaneamente em
valores e na
qualidade académica,
eles valorizam
diferencialmente as
facetas dessa
excelência de
sentido amplo: a
dimensão cívica de
“serviço ao outro”
constituindo um
traço da identidade
humanista cristã do
colégio religioso e
a dimensão cultural
afirmando-se como
uma marca que se
inscreve na matriz
fundacional do
colégio laico.
Pretendemos, assim,
esboçar um desenho a
traços largos das
finalidades
formativas no seio
das classes
dominantes, sem
esquecer as
especificidades que
as atravessam e que
nos autorizam a
falar da sua
policromia interna.
Indissociável do
ideal de excelência
é a praxis educativa
destes colégios que,
na sintonia com as
estratégias
formativas
familiares, encontra
terreno fértil para
transformar a
intenção em ação.
Neste âmbito,
refletiremos sobre o
processo de criação
e sedimentação do
espírito de família,
da comunhão e da
partilha entre os
membros das
comunidades
escolares,
nomeadamente através
dos rituais de
envolvimento e das
festividades onde se
difunde e exalta o
sentido e o orgulho
de pertença. A
personalização das
relações, facilitada
pela estabilidade do
corpo docente e não
docente, aliada a um
conjunto de
estratégias
pedagógico-organizacionais
(como o apoio
extra-escolar, a
manutenção de um
clima disciplinado e
uma constaste
interação
escola-família)
facilita também a
concretização das
metas formativas. A
aposta na promoção
de actividades de
cariz cívico e de
iniciativas
culturais completa o
“retrato” de uma
praxis socializadora
movida por um ideal
de educação para a
excelência na sua
aceção ampla.
- QUARESMA, Maria Luísa

Identificação: Maria Luísa da Rocha Vasconcelos Quaresma
Filiação:Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto / Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto
Habilitações Literárias: Doutoramento em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Bolsa FCT - SFRH / BD/ 39952/ 2007)
Investigação/docência: Investigadora Integrada do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto/Assistente convidada na Escola Superior de Educação do IPP.
Áreas de interesse: Sociologia da Educação, Sociologia da Juventude, Sociologia das Classes Sociais
Principais Publicações: QUARESMA, Maria Luísa (2010) – Da escola pública ao colégio privado: entre a homogeneidade perdida e a homogeneidade reivindicada. Revista Luso-Brasileira “Sociologia da Educação”, nr.2; QUARESMA, Maria Luísa; LOPES, João Miguel (2011) – Os TEIP pela perspetiva de pais e alunos. Revista de Sociologia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vol XX; QUARESMA, Maria Luísa (2010) – Interação, disciplina e indisciplina. In ABRANTES, Pedro, org. – Tendências e controvérsias em Sociologia da Educação. Lisboa: Editora Mundos Sociais; QUARESMA, Maria Luísa (2011) – Democratização escolar: percursos e percalços. In LIMA, Francisca [et al.] – Democratização e educação pública: sendas e veredas. São Luís: EDUFMA --
PAP1509 - Os desassossegos dos riscos na/da infância em Portugal ao longo de uma década (2001/2011)
Podemos considerar o século XX como o século dos direitos da criança. É neste século que se edificou um quadro jurídico-legal de proteção às crianças e surgiram as associações, instituições e organizações transnacionais, nacionais e locais em prol da infância.A análise da situação da infância em Portugal caracteriza-se por um conjunto de avanços, impasses e retrocessos, desassossegos e desafios, na afirmação dos direitos da criança e na edificação de condições de bem-estar social para este grupo social.A título de exemplo, pode-se referir que Portugal foi um dos primeiros países a aprovar uma Lei de Proteção à Infância em 1911, a consagrar na Constituição da República de 1976, como direitos fundamentais, a infância e a ratificar a Convenção dos Direitos da Criança em 1990. Contudo, muitos compromissos permanecem incumpridos, não porque os direitos das crianças sejam demasiado ambiciosos, inatingíveis ou tecnicamente impossíveis de aplicar, mas porque a agenda da infância não é ainda considerada como uma prioridade política, económica e social. Este facto é ilustrativo de uma sociedade em tensão entre os seus discursos oficiais sobre os direitos da criança e a ação na área das “políticas para a infância”. A partir da análise de indicadores plasmados nos relatórios da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, na primeira década do século XXI, propomo-nos compreender as tensões, os riscos e ambiguidades que caracterizam a infância das crianças portuguesas em situação de risco e analisar o impacto da Convenção dos Direitos da Criança na definição de políticas públicas para a infância em situação de risco. Palavras-chave: Direitos da Criança, Sociedade Portuguesa, Riscos
- TOMÁS, Catarina

- FERNANDES, Natália
Catarina Tomás
Docente do Instituto Politécnico de Lisboa (Escola Superior de Educação de Lisboa)
Investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho,
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Direitos da Criança; Infância e Participação; Metodologias participativas com crianças.
PAP1010 - Os doentes de Fibromialgia: um primeiro olhar sobre vivências e representações nos Açores
A Fibromialgia enquanto doença medicamente reconhecida é muito recente, sendo ainda mais recente o seu estudo a nível sociológico e, como tal, praticamente inexistentes investigações sociológicas sobre a mesma, uma vez que, apenas nos deparamos com uma investigação sociológica em torno desta doença mas que, ainda, assim coloca toda a ênfase na perspectiva do julgamento médico, tendo por base um suporte teórico retirado da Sociologia da Acção.
No entanto, trata-se de doença que, fruto das suas características próprias, quer ao nível da sua manifestação quer das suas implicações no quotidiano dos doentes, se torna bastante marcante ao nível das vivências e representações de doentes e sociedade.
Como tal, apresenta-se como uma temática de investigação inovadora do ponto de vista sociológico sendo também, em termos biomédicos, pouco difundida e conhecida.
Desta forma, procuraremos aprofundar o conhecimento sobre as vivências dos doentes e as representações que estes e os outros actores têm sobre a doença.
Assim, pretende-se analisar as representações que os doentes têm da sua condição, bem como as representações sociais envolventes sobre a doença e os doentes, tentando perceber o quão próximo se encontram umas das outras e estudar as vivências dos doentes de Fibromialgia, bem como as inerentes alterações à sua vida quotidiana e dificuldades acrescidas que sentem.
Abordar-se-á a questão do discurso médico, como fonte legitimadora da doença e, ao mesmo tempo, propiciador de transformações no imaginário colectivo e como tal nas representações sociais sobre a doença.
Ainda fruto da especificidade da doença em análise, será importante perceber as formas e mecanismos de estigmatização de que os doentes possam ser alvo, por parte dos outros.
Com este poster pretende-se apresentar os dados resultantes da aplicação de um inquérito por questionário (online), de cariz exploratório, aos doentes fibromiálgicos e população residente nos Açores para se compreender as dinâmicas representacionais e vivenciais em torno da doença de Fibromialgia. Estes dados são resultantes da primeira fase de recolha empírica da tese de Mestrado em Sociologia, na Universidade dos Açores, e serão tratados com recurso ao SPSS. Trata-se, desta forma, de informação referente a uma investigação actualmente em curso e que deverá ser concluída em Julho de 2012.
- SOUSA, Octávio Sérgio Coelho de

Nome: Octávio Sérgio Coelho de Sousa
Afiliação Institucional: Universidade dos Açores (mestrando)
Área de Formação: Sociologia (Universidade do Minho)
Interesses de Investigação: Sociologia da Saúde; vivências e representações sobre a doença/saúde; estigma social.
PAP0934 - Os espaços das agriculturas urbanas na Grande Lisboa: trajectórias transversais à cidade
Nos últimos 15 anos o tema das Agriculturas Urbanas (AU’s) adquiriu grande relevância, bem como reconhecimento social e político pelas suas potencialidades socioeconómicas e ambientais, para diferentes actores: governos locais, regionais e nacionais; agências de cooperação internacional; movimentos sociais; organizações do chamado terceiro sector e centros de investigação científica.
Apesar de ser uma prática milenar, o recente contexto sociopolítico formado em torno da problemática das AU’s, tem provocado a necessidade de se revisitar diferentes tradições do pensamento sociológico e da história social sobre a cidade e os fenómenos urbanos. Alguns destes fenómenos actuais se sobrepõem às dimensões de agriculturas urbanas pós 1970 em diferentes contextos dos hemisférios norte e sul, lançando o desafio para uma construção conceitual holística e para o aprimoramento de quadros analíticos que rompam com uma abordagem simplista e dicotómica.
O contexto português, considerado periférico em relação aos demais países da União Europeia e semi-periférico no quadro do sistema mundial, torna-se metodologicamente (e epistemologicamente) estratégico para se discutir as práticas vividas no território que estão fora das “best practice”. As experiências portuguesas sugerem diferentes discussões contemporâneas a partir da escala urbana, circunscritas no território da Cidade, ao exemplo do Direito à Cidade e suas premissas, a questão da soberania alimentar e a incorporação de políticas de agriculturas urbanas no discurso das cidades sustentáveis (PNUD – Programa Habitat II).
Considerando este contexto propomos uma analise critica sobre a distribuição socio-espacial das políticas públicas de hortas urbanas criadas e surgidas nos últimos anos, em particular na Grande Lisboa, onde a ocupação do espaço urbano pela sociedade e o cultivo de hortas são transversais à sua história, numa trajectória que compreende urbanização e práticas de agricultura.
A análise desses dois espaços – o das hortas institucionalizadas e o das hortas não planeadas – sugere outros elementos para possíveis compreensões da sociedade urbana contemporânea. Para além do paradigma da cidade (i)legal, esta análise aponta para os elementos que reflectem as vivências formadas no território e que despertam valores associados aos espaços de produção, ao direito à moradia e ao conjunto de elementos situados ao seu entorno e à própria cidade.
Palavras-chave: agriculturas urbanas, Área Metropolitana de Lisboa, políticas públicas, espaço urbano não planeado e sociedade.
- LUIZ, Juliana
- VERONEZ, Leonardo
PAP1331 - Os espaços de Pré-Vestibulares comunitários: busca por direitos sociais e cidadania?
O presente trabalho surge da necessidade de se pensar os espaços de pré-vestibulares comunitários que tem como elemento fundamental o ingresso no nível superior. Tal temática se inicia quando há dois anos pude participar como coordenadora pedagógica de um projeto de extensão de uma universidade pública Federal no Rio de Janeiro, Brasil. Dentro desse espaço foi-nos (a mim e outros pedagogos) dado um desafio, tentar resolver o “problema” dos educandos não aprenderem, de tentar da melhor forma equacionar o problema tempo-ensino-aprendizagem, isto porque segundo os professores do curso pré-vestibular, os “alunos” teriam muitas dificuldades para apreensão dos conteúdos e o tempo que lhes é disponível não colaborava para que a aula fosse produtiva. Tal dado viria reforçado por estes alunos serem egressos de escolas públicas brasileiras, que trazem em si o estigma da má qualidade educacional, ou seja, escolas que não formariam adequadamente para continuação dos estudos os educandos.
Vale frisarmos que pré-vestibulares são espaços de educação não formal que buscam a inserção na Educação Superior, investindo numa suposta “deficiência” oferecendo “reforço” de uma educação formal. Diante desta dualidade posta, refletimos sobre a importância não só de concepções político-filosóficas inerentes a estes espaços, em específico dos PV comunitários, mas como isto interfere na realidade e na prática dos agentes sociais que lá estão; sem excluir da discussão que tais PVC fazem parte de projetos de extensão de universidades públicas. Ainda pensado nos agentes sociais que estão nestes espaços, salientamos a presença (ou muitas vezes ausência) dos coordenadores pedagógicos, o que isto implica na dinâmica de atividades e formação destes espaços e como estes atores podem (re)agir diante das demandas assim solicitadas a eles. Pensar sobre o fazer pedagógico dentro de espaços comunitários, como os pré-vestibulares se enquadra em pensar sobre suas dinâmicas, contradições, dialogicidade e a ação pedagógica imbricada e inerente aos espaços educativos. Coordenação pedagógica e pré-vestibulares serão o foco deste trabalho, que será permeado por outras questões que também estarão ligadas a estes dois pontos; questões estas emergidas da nossa metodologia. Inclusive vale o debate por trazer a questão de que os pré-vestibulares são espaços educativos, logo, merecem uma discussão sobre sua parte pedagógica, além de seus princípios políticos e de busca por uma denominada cidadania. A metodologia consistiu em pesquisa qualitativa com a realização de duas entrevistas semiestruturadas. Por fim, vale a reflexão sobre a educação popular e sobre o processo de escolarização formal de qualidade, que exclui os sujeitos de direitos sociais básicos.
- REGIS, Caren Victorino

Pedagoga pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), sendo bolsista de iniciação científica por três anos, estudando o tema Ensino Superior e Gênero. Especialista em Administração Escolar e Gestão educacional pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Puc-Rio), apresentando a monografia sobre Coordenação Pedagógica e Pré-vestibulares Comunitários. Mestra em Educação pela Unirio, pesquisando ainda sobre a temática Ensino Superior e Gênero.
Foi Professora de Educação Infantil pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e atualmente é Pedagoga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
PAP1112 - Os focus group dinâmicos na Sociologia da educação: virtudes e potencialidades
Na presente comunicação realiza-se uma reflexão sobre a trajetória metodológica do estudo de acompanhamento e monitorização do Programa de Modernização das Escolas de Ensino Secundário (PMEES) considerando que a mesma apresenta inovações face a metodologias mais convencionais, discutindo, em particular, a técnica dos grupos focais dinâmicos.
Constituindo a análise do impacto da renovação dos edifícios escolares nas práticas de ensino-aprendizagem, um objetivo central da pesquisa, a sua complexidade implicou o desenvolvimento de uma estratégia metodológica de natureza intensiva e extensiva, com recurso a diversos tipos de técnicas. A análise documental dos fundamentos da intervenção constituiu o ponto de partida, tendo ainda sido realizada recolha de informação através de entrevistas aos vários intervenientes (administração da Parque Escolar, arquitetos, diretores e presidentes do Conselho Geral) e da realização de inquéritos por questionário a alunos e professores de uma amostra de escolas intervencionadas.
Posteriormente, com base na informação recolhida, procurou-se desencadear um processo de reflexão coletiva nas escolas (com caráter delimitado) sobre o impacto das intervenções. Para tal recorreu-se à realização de grupos focais dinâmicos com alunos e professores, através de um processo que articulava formas de debate coletivo em sala (focus group, no seu sentido clássico) com a realização prévia de uma visita guiada e comentada pelos intervenientes através da escola. Este traduziu-se num instrumento de pesquisa compósito e interativo, permitindo um regime metodológico de triangulação com grande potencialidade para a compreensão da temática e fenómeno em estudo.
A realização de grupos focais não é algo novo nas ciências sociais (Morgan, 1988), vindo crescentemente a ser utilizado, na identificação de necessidades e avaliação de programas ou medidas de política em educação. A componente da visita guiada e comentada através da escola com elementos da comunidade escolar constituiu um momento central dos grupos focais, já que forneceu aos investigadores informação fundamental à sua condução, abrindo caminho à discussão posterior de dimensões novas até aí relativamente ocultas. Em termos empíricos foi possível constatar que a articulação destas técnicas forneceu à investigação uma mais-valia considerável em termos de identificação de aspetos críticos ou positivos mencionados sobre os espaços, não retidos nas fases antecedentes da pesquisa; na explicitação das diferenças entre alunos e professores, assim como na compreensão sobre as diferentes formas de apropriação dos espaços, que em momentos prévios não tinha sido possível decifrar de forma tão clara.
Deste modo, esta comunicação visa discutir as vantagens da realização dos focus group com as especificidades com que foram desenvolvidos, enquadrando-os na estratégia e objetivos da investigação realizada.
- DUARTE, Alexandra

- VELOSO, Luísa
- SEBASTIÃO, João

- MARQUES, Joana
Alexandra Duarte é licenciada e mestre em Sociologia e doutoranda em Políticas Públicas pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Recentemente obteve bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, sendo o CIES-IUL a sua instituição de acolhimento. Tem participado em vários projectos de investigação no mesmo centro de investigação nas temáticas do trabalho, emprego, sociedade da informação e conhecimento e mais recentemente em educação e políticas públicas.
João Sebastião é graduado em Pedagogia (1980) e em Sociologia (1988), Mestre em Sociologia Urbana e Rural (1995) e doutorado em Sociologia (2007). Tem como principais áreas de investigação a educação, as políticas educativas e a marginalidade juvenil. Durante o período de 1989 e 2011, lecionou sociologia na Escola Superior de Educação de Santarém, principalmente na graduação e pós-graduação em formação de professores e em Educação Social. Atualmente é professor do Instituto Universitário de Lisboa. Investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL) desde 1988. Autor e co-autor de diversos artigos em revistas científicas, capítulos de livros e livros. Algumas de suas publicações mais recentes incluem capítulos de livros e artigos de revistas sobre desigualdades sociais em educação e violência escolar. Membro do Conselho Editorial das revistas Interacções (Portugal) e Meta: Avaliação (Brasil). Membro do Coordinating Board of the Sociology of Education Research Network of the European Sociological Association.
PAP1130 - Os irredutíveis — Espaço metropolitano e cultura política no Grande Porto. Uma perspectiva a partir do Metro do Porto.
Nas últimas décadas, sob os auspícios abertos pelas abordagens da governance, formou-se um conjunto atractivo de hipóteses sobre o poder urbano e metropolitano que veio a aproximar o debate entre as tradições americana (os community power studies) e europeia (os trabalhos do poder local) nestas questões. Tal confluência epistémica entre os dois lados do Atlântico foi acelerada pelas vagas de descentralização nos países europeus — com maior ou menor impulsão de Bruxelas, no âmbito da construção europeia —, que parecia retirar o Estado central das dinâmicas sociopolíticas mais interessantes, assim como das tendências de urbanização/metropolização em todo o mundo.
Implícita no interesse renovado pelos quadros locais da governação estava a eventualidade de governos locais mais fortes nos seus recursos e autónomos nas suas decisões, tecnicamente apetrechados, culturalmente democráticos, transparentes e progressistas, em condições de suprir os défices de governabilidade (de eficácia e legitimidade) atribuídos às estruturas governativas centralizadas. A cidade/metrópole como nova comunidade política (embora de antiga tradição), dotada da sua organização e interesses, projectos e cultura pragmática, onde actores e interesses múltiplos encontram forma de se concertar e contribuir para destinos colectivos aparecia sempre por detrás de conceitos como os de regime político (Clarence Stone), actor colectivo (Le Galès), governação urbana (Gerry Stoker, Alan Harding…), entre outros.
A realidade, porém, mitigou a linearidade optimista de muitas destas análises, obrigando a levar em conta uma grande variedade de factores de diferenciação e especificação contextual. Em estudos empíricos concretos, como o do universo político-territorial da metrópole do Porto — na sua relação com o Estado central, dum lado, e os diversos poderes municipais que lhe formam a constituição interna, do outro —, e partindo da ocasião fornecida pelo notável projecto infra-estrutural que é o Metro do Porto, salta à vista que a modernização das formas de fazer política a partir dos contextos locais é complexificada, não raro impossibilitada, pela diversidade das heranças históricas e registos culturais, estilos de liderança e condicionamentos económicos e morfológicos em que os actores e as instituições locais se movem — implicando lógicas contraditórias profundas nos territórios. O mundo de conflitos, pessoais e institucionais, irredutibilidades e dependências (designadamente da administração central do Estado) em que as formas mais avançadas de governação teriam de se implantar retoma com frequência o seu ascendente, dando à realidade sociológica da política tons inusitados e paralisantes.
- FRANCISCO, Daniel
PAP1274 - Os jovens e o consumo: em que contextos as marcas de vestuário e calçado serão relevantes?
O consumo juvenil é uma temática actual, oportuna e pertinente, dadas as implicações e os desafios que levanta no contemporâneo tecido social. Porém, surpreendentemente, denota-se a escassez de investigações que incidem sobre a problemática consumista no panorama sociológico nacional (Cruz, 2009). Se o consumo surge como uma forma de escapar à insegurança, como um ritual diário que visa exorcizar a incerteza prevalecente (Bauman, 2000), numa época em que impera a mudança e as consequentes reconfigurações, com a presente comunicação pretende-se dar a conhecer as práticas consumistas juvenis e as novas questões que se colocam ao indivíduo, actualmente imerso numa sociedade de consumo.
Apresentaremos os resultados iniciais da nossa tese de doutoramento, relativamente ao lugar que o consumo ocupa na vivência e convivência juvenis, com particular destaque para o papel desempenhado pelas marcas (comerciais) de vestuário e calçado, dado o relevo que a aparência adquire entre a juventude (Pais, 1991). Vários são os questionamentos, aos quais procuraremos dar resposta, nomeadamente: poderão os logotipos inscritos nas roupas e calçado dos jovens contribuir para a sua integração ou desenraizamento nas estruturas sociais? Serão fulcrais nas interacções sociais estabelecidas com os seus pares? Usar marcas conhecidas poderá permitir ao indivíduo ser encarado como um jovem de sucesso? Pelas marcas usadas, conhecer-se-á o poder económico do respectivo usuário? Existirão diferenças genderizadas nos padrões de consumo? Qual a importância da publicidade no processo? Será o consumo central na construção identitária juvenil?
É com base na sua vertente mais convivialista que os estabelecimentos de ensino são encarados como agentes de estimulação de consumo (Pais, 2001), pelo que a nossa investigação incidirá sobre estudantes. A amostra será composta por jovens que se encontram a frequentar o 9º ano de escolaridade em escolas do ensino público e privado afectas ao concelho de Cascais, de forma a captar as desigualdades da juventude cascaense. Para a escolha deste município contribuíu o facto de os seus residentes apresentarem condições socioeconómicas e culturais heterogéneas (Projecto Educatico de Agrupamento 2008-12, 2010). Para esse efeito, recorrer-se-á a uma metodologia extensiva, através da aplicação de um inquérito por questionário, cujos resultados permitirão percepcionar qual a relação que os jovens estabelecem com o consumo e qual a importância que as marcas de vestuário e calçado poderão assumir na esfera social. Com a presente comunicação, esperamos ainda relançar o debate sociológico sobre a importância deste fenómeno, o consumo, em pleno século XXI.
- SANTOS, Cristina Alexandra Figueiredo

"Cristina Alexandra Figueiredo Santos é docente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e investigadora do CICANT. Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE-IUL) e doutoranda (ISCTE-IUL), os seus interesses de investigação incidem, maioritariamente, sobre a publicidade e o consumo. Participou em congressos nacionais e internacionais, tendo diversos artigos publicados, em áreas ligadas à comunicação e à sociologia da comunicação e do consumo".
PAP1225 - Os jovens e o desporto: constrangimentos e oportunidades.
As atividades de lazer têm cada vez mais uma
grande influência na formação da identidade
dos adolescentes, no seu bem-estar, no
desenvolvimento de problemas comportamentais e
na relação com os seus amigos (Caldwell &
Darling, 1999; Fletcher, Nickerson & Wright,
2003).
Nos últimos tempos, tem-se assistido a uma
grande evolução no campo das tecnologias que
têm proporcionado aos jovens a prática de
várias atividades de carácter sedentário (ver
TV, o uso do computador, a Internet, a prática
de vídeo games, etc.), as quais parecem
condicionar a atividade física e desportiva
praticada pelos adolescentes (Hesketh,
Crawford & Salmon, 2006; Meester et al, 2009).
A prática da atividade desportiva é
fundamental para o desenvolvimento, saúde e
bem-estar dos adolescentes (Nilsson et al.,
2009). Porém, nos últimos anos a participação
desportiva dos adolescentes tem vindo a
diminuir (Marivoet, 2001; Meester et al.,
2009).
Estes dados deverão ser equacionados pelas
famílias, escolas e demais instituições
sociais, de modo a proporcionarem condições
que permitam aos adolescentes ultrapassar os
obstáculos que dificultem tal prática
(Loureiro, Matos, & Diniz, 2009).
Nesse sentido, a nossa intervenção tem como
objetivo refletir sobre os constrangimentos á
prática desportiva dos jovens, bem como as
oportunidades á sua disposição tendo em vista
o seu desenvolvimento e bem-estar.
Bibliografia
Caldwell, L. & Darling, N. (1999). Leisure
context, parental control, and resistance to
peer pressure as predictors of adolescent
partying and substance use: an ecological
perspective. Journal of Leisure Research, 31
(1), 57–77.
Fletcher, A.; Nickerson, P. & Wright, K.
(2003). Structured leisure activities in
middle childhood: links to well-being. Journal
of Community Psychology, Vol. 31; nº 6, 641-
6549.
Hesketh, K., Crawford, D. & Salmon, J. (2006).
Children's television viewing and objectively
measured physical activity: associations with
family circumstance. Inter. Journal of
Behavioral Nutrition and Physical Activity,
3:36. doi:10.1186/1479-5868-3-36.
Loureiro, N.; Matos, M. & Diniz, J. (2009). A
actividade física e o desporto. In M. Matos &
D. Sampaio (Coord.), Adolescentes com saúde.
Dialogo com uma geração (pp.76-83). Lisboa:
Texto Editores.
Marivoet, S. (2001). Hábitos desportivos da
população portuguesa. Lisboa: CEFD.
Meester, F., van Lenthe, F., Spittaels, H.,
Lien, N. & Bourdeaudhuij, I. (2009).
Interventions for promoting physical activity
among European teenagers: a systematic review.
Inter. Journal of Behavioral Nutrition and
Physical Activity, 6:82.
Nilsson, A., Andersen, L., Ommundsen, Y.,
Froberg, K., Sardinha, L., Piehl-Aulin, K. &
Ekelund, U. (2009). Correlates of objectively
assessed physical activity and sedentary time
in children: a cross-sectional study. BMC
Public Health, 9:322.
- PEREIRA, Antonino

Antonino Manuel de Almeida Pereira
Afiliação institucional:
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu.
Área de formação:
Doutoramento em Ciências do Desporto (Faculdade de Desporto da U.P).
PAP0570 - Os jovens e o policiamento nas favelas cariocas, hoje
OS JOVENS E O POLICIAMENTO NAS FAVELAS CARIOCAS, HOJE *
Em virtude dos processos seculares de segregação socioterritorial, nas favelas do Rio de Janeiro concentra-se a maioria dos pontos fixos do varejo de algumas drogas ilícitas (maconha e cocaína, principalmente), as “bocas”. Sendo uma atividade ilegal, porém altamente lucrativa, seu funcionamento é garantido através da defesa armada de suas áreas de atuação. Por outro lado, a secular brutalidade policial no tratamento das camadas populares é estimulada pela violência criminal, de modo que há décadas os moradores estão espremidos entre dois fogos, a violência criminal e a violência policial. Dessa população (entre 15 e 20% dos habitantes da cidade, que somam cerca de 6 milhões de pessoas), os jovens compõem o segmento mais diretamente afetado, tanto por constituírem a grande maioria dos traficantes quanto por serem o foco central da ação repressiva da polícia.
Em fins de 2008, alegadamente visando por um freio na letalidade dos confrontos entre traficantes e entre estes e a polícia, começou a ser implantado um novo programa de policiamento nas favelas, denominado UPP – Unidades de Polícia Pacificadora, que se transformou no polêmico centro do debate público em torno da manutenção da ordem e do controle social rotineiro.
Baseado em pesquisa empírica de inspiração etnográfica (observação in locu, grupos fociais, entrevistas, etc.) com jovens até 29 anos, o texto propõe-se a discutir as avaliações do estrato social mais imediatamente envolvido nas práticas que concretizam, nas diferentes localidades, esta nova modalidade de policiamento ostensivo. O pressuposto da análise a ser desenvolvida é que, dado o conflitivo padrão de relacionamento acima esquematizado, as tendências das generalizações construídas pelos jovens através da combinação entre sua percepção dos acontecimentos e os respectivos julgamentos morais serão decisivas para o sucesso do programa recém implantado.
CVitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4727128H5
IESP – Instituto de Estudos de Sociologia e Política (UERJ)
Rua da Matriz 82 – Botafogo – Rio de Janeiro – 22260-100 – Brasil. Tels: (0055) 21 22668300
www.iesp.uerj.br
- SILVA, Luiz Antonio Machado da

Possui graduação em Sociologia e Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1964), especialização em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1963), mestrado em Antropologia Social pelo PPGAS/Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (1971), doutorado em Sociologia pela Rutgers - The State University of New Jersey (1979). Realizou dois pós-doutorados no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (2006-2007, com bolsa do CNPq e 2011, com bolsa do ICS/UL). Atualmente é professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos/Universidade do Estado do Rio de Janeiro e aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais/Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Coordenador Executivo do UrbanData/Brasil, líder do CEVIS (grupo de Pesquisa do CNPq), membro do INCT/Observatório das Metrópoles e do NECVU/IFCS/UFRJ. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Urbana e Sociologia do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: favela, sociabilidade, violência, cidadania e informalidade. Seu último livro (2008) é a coletânea "Vida sob cerco - violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro" (Faperj/Nova Fronteira) com resultados de pesquisa coletiva por ele coordenada. É bolsista de produtividade do CNPq e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ.
PAP0994 - Os museus em Portugal e o papel da RPM
. Caracterização da
evolução do panorama
museológico na
última década
. Caracterizar as
atividades da RPM
com vista à
qualificação dos
museus
. Avaliação da RPM
na perspetiva dos
responsáveis dos
museus aderentes
Metodologia
quantitativa
extensiva
Panorama museológico
em Portugal
2004-2010
- NEVES, José Soares

- SANTOS, Jorge Alves dos
José Soares Neves, investigador do Observatório das Actividades Culturais, professor auxiliar convidado no ISCTE-IUL, sociólogo.
Interesses de investigação: Práticas de leitura; Práticas culturais; Públicos da cultura; Políticas culturais; Museus.
PAP0942 - Os múltiplos sentidos do skate na cidade de São Paulo
Nos últimos tempos, o skate ganhou demasiada visibilidade de modo que até mesmo muitas emissoras de TV passaram a dá-lo um espaço considerável em suas programações. Essa espetacularização faz com que eventos sejam patrocinados por diversas marcas, que buscam divulgar seus produtos para um público mais amplo, tendo o skate como carro-chefe de uma série de atrações. Mas todos esses aspectos não se aplicam a esse universo em sua amplitude. Por ser uma prática tipicamente urbana, o skate vive seus momentos de disputas, de diálogos, de repressões, principalmente quando associado à utilização de equipamentos urbanos. Entre as várias modalidades que fazem parte do skate, uma delas sempre é alvo de problemas que envolvem uma série de atores sociais: trata-se do street skate, ou seja, a prática do skate nas ruas. Os streeteiros, como se denominam os skatistas desta modalidade, incentivados pela mídia especializada transitam pela cidade, mas, com um olhar apurado para certos equipamentos urbanos, que são vistos como obstáculos a serem superados. A cidade é classificada de uma forma bem diferenciada do usual por eles, que as interpreta a partir de códigos e experiências próprias. Para os streeteiros, andar de skate nas ruas pode se constituir ora como um trabalho, ora como uma diversão. Mas, para as outras pessoas, esta prática pode configurar uma arruaça ou um ato de vandalismo. Numa possível tentativa de disciplinar a prática do skate e de estimular o seu uso em locais apropriados (como nas pistas), o poder público promove algumas ações, como o Circuito Sampa Skate, evento que consiste em uma série de campeonatos. A pesquisa parte da análise dos múltiplos sentidos atribuídos à prática da modalidade street skate na cidade de São Paulo. Por meio da etnografia pretende-se evidenciar não só aspectos em torno do exercício de uma prática esportiva, mas também, as implicações em virtude dos usos e apropriações dos espaços urbanos por parte dos citadinos. De uma forma bem ampla, vislumbra-se mostrar como a cidade pode ser lida e ordenada simbolicamente por meio de um olhar skatista. Nesse sentido, ao pesquisar os diversos lugares skatáveis da cidade e seus respectivos picos, a referência etnográfica não é um único espaço ou aglutinações de pessoas, mas sim, uma multiplicidade de espaços e de atores que se encontram articulados por meio de redes mais amplas de relações. Desse modo, tem-se a chance de relacionar os distintos recortes inseridos no universo do street skate em São Paulo, sendo esse não definido a priori, mas construído a partir de discursos, práticas e representações heterogêneas, e em meio a uma dinâmica relacional.
- MACHADO, Giancarlo Marques Carraro

Giancarlo Marques Carraro Machado
Bacharel em Ciências Sociais e mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). É autor da dissertação "De 'carrinho' pela cidade: a prática do street skate em São Paulo". Atualmente faz parte do LUDENS / USP (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Futebol e Modalidades Lúdicas).
PAP0457 - Os piratas no poder: Algumas considerações sobre a proposta política do Partido Pirata.
O crescimento visível das práticas de partilha “não-capitalizada” de conteúdos comerciais através das redes virtuais da Internet, comumente associadas à ideia de pirataria, incita a criação de mecanismos legislativos para defender e manter protegido o processo de apropriação privada da informação e do conhecimento por indústrias criativas e farmacêuticas, por exemplo, através das leis de “copyright” e das patentes.
Contraditoriamente, a privatização da informação e sua consequente comercialização colocam em colapso o projeto tecnofílico defendido por alguns autores que acreditam na transformação e redefinição democrática através da ideologia da Internet devido à capacidade que possui de descentralizar a informação e tornar real o comunismo do conhecimento. Apesar deste pensamento, insistentemente, vigorar na literatura contemporânea, autores menos otimistas e menos tecnofóbicos, consideram que as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação surgem num contexto mediado por interesses que mantêm o processo capitalista e a ideologia do consumo initerruptos.
Dito isto, esta comunicação reitera o debate sobre os desconexos e idiossincrasias produzidas pela abertura excessiva dos fluxos globais de comunicação e informação tendo como ponto de partida a experiência sueca que deu origem ao movimento internacional denominado “Partido Pirata”.
A relevância do surgimento deste movimento político justifica-se, não apenas a partir da sua repercussão global, como também pelo debate político promovido em defesa da completa liberalização da partilha dos chamados “bens informacionais”, do direito à privacidade e anonimato, de uma profunda mudança nos atuais dispositivos legais de direitos autorais e da abolição total das patentes, como forma alternativa capaz de promover uma transformação democrática a nível mundial.
Nesta comunicação, pretendo refletir, a partir de uma análise conceitual, acerca dos principais elementos constituintes da proposta de governo deste movimento em alternativa ao sistema legislativo global vigente e as respectivas interferências políticas de regulação, restrição e vigilância. O objetivo é perceber se a proposta delimita uma linha de separação entre a prática alternativa das práticas sociais vigentes a ponto de ser diferenciável destas.
PALAVRAS-CHAVE: Economia Política da Comunicação; Internet; Capitalismo; Pirataria.
- SATURNINO, Rodrigo

Rodrigo Saturnino
Doutorando em Sociologia, Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa
Editor da revista (in)visível, www.revistainvisivel.com
Bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT/ Portugal)
Investigador do Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI) – Universidade Aberta.
PAP0465 - Os processos de integração profissional dos médicos latino-americanos em Portugal: diversidade de experiências, obstáculos e oportunidades
Nas últimas décadas aumentou significativamente a chegada de profissionais de saúde estrangeiros a Portugal, incluindo médicos(as), devido principalmente à escassez estrutural destes profissionais neste país. A análise da composição da população médica estrangeira mostra a predominância dos provenientes da Espanha, o Brasil e Angola. No entanto, observa-se nos últimos anos uma maior diversificação nas origens nacionais destes profissionais altamente qualificados devido, fundamentalmente, ao aumento da migração de médicos provenientes da Europa de Leste e, mais recentemente, ao recrutamento activo de médicos no exterior pelo Ministério de Saúde português através de acordos bilaterais assinados com Uruguai, Cuba, Colômbia e Costa Rica. A contratação destes profissionais está certamente a incrementar o número de médicos(as) latino-americanos(as) a exercer nas instituições de saúde portuguesas.
O objectivo desta proposta de comunicação é analisar os processos de integração profissional dos médicos e médicas latino-americanas no Sistema Nacional de Saúde português e seus percursos profissionais, bem como investigar as potenciais barreiras e obstáculos que as suas carreiras profissionais podem encontrar.
A metodologia utilizada no estudo é fundamentalmente qualitativa através de entrevistas em profundidade com médicos e médicas latino-americanas que residem e trabalham em Portugal, nomeadamente médicos(as) brasileiros(as), uruguaios(as), cubanos(as) e colombianos(as), num total de 24 entrevistas. A investigação também é baseada na combinação de outros dados primários e secundários: entrevistas com informantes-chave, estatísticas oficiais e o enquadramento jurídico, de trabalho e de saúde.
Os resultados preliminares do estudo mostram a influência dos fatores estruturais nos processos de inserção profissional, nomeadamente os organismos reguladores da profissão (Ordem dos Médicos e as Faculdades de Medicina), o mercado de trabalho em saúde e o SNS português. Da mesma forma, a investigação também permite identificar a existência de uma diversidade nos modos de integração profissional e percursos profissionais dos médicos e médicas latino-americanas: da rápida empregabilidade e bem sucedidas carreiras profissionais até a percursos profissionais menos favoráveis e com barreiras para a sua inserção profissional. Esta diversidade nos modos de integração é determinada muitas vezes por fatores tais como o reconhecimento das qualificações, a proficiência linguística, o estatuto jurídico-administrativo do sujeito, a migração no âmbito de um acordo institucional e a existência de redes sociais.
Em suma, esta comunicação visa contribuir para o conhecimento dos processos de integração profissional da imigração altamente qualificada em Portugal através de um estudo qualitativo sobre o pessoal médico latino-americano no país.
- MASANET, Erika

Erika Masanet Ripoll
Investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL).
É Licenciada e Doutora em Sociologia pela Universidade de Alicante, Espanha.
As suas áreas de interesse são a migração qualificada, a migração brasileira e a equidade nos serviços de saúde.
PAP0230 - Os projetos individuais de gestão do corpo da mulher-mãe: o self enquanto construção social
Nesta apresentação, baseada na dissertação de Mestrado “As Narrativas do Corpo na Voz da Mulher-Mãe”, analisam-se os projetos individuais de gestão do corpo da mulher-mãe de acordo com o respetivo espaço social, realçando-se as inter-relações entre o corpo vivido e sentido e o corpo real. Pretende-se analisar a imagem corporal da mulher-mãe, numa linha sociológica, procurando em simultâneo, conjugar diferentes perspetivas científicas que engrossam o tema e o tornam num objeto de estudo que deve ser abordado enquanto um elemento dinâmico, mutável e inserido no contexto da sociedade moderna.
Procurando as abordagens mais centradas na capacidade do indivíduo de decidir para além das estruturas sociais, remete-se a atenção para como as sociedades contemporâneas têm tornado o corpo como uma preocupação óbvia, de como o indivíduo gere as impressões de si próprio. Esta ideia tornou-se evidente nas sociedades contemporâneas, tal é a centralidade do nosso corpo na definição de quem somos. Investigadores pós-modernistas defendem que o consumo de determinados produtos (cirurgias plásticas, lipoaspirações, cosméticos, dietas, fitness, etc.), ou a mercantilização do corpo, tornou-se central na forma como as pessoas se definem nas sociedades reflexivas, desde que os bens de consumo se tornaram o centro dos significados culturais, os quais vieram substituir outras formas de formação da identidade, nomeadamente aquelas relacionadas com a religião e produção.
Nas sociedades reflexivas o indivíduo está embutido no pressuposto de que se pode alcançar a autorrealização ao longo do espaço de autoexpressão e crescimento pessoal. Os indivíduos têm projetos de construção da sua própria identidade com o objetivo de alcançar a realização pessoal. Um dos projetos em que os indivíduos são encorajados a fazer investimentos significativos é o corpo, surgindo este como parte integrante de um projeto de construção do próprio self.
A investigação empírica teve como objetivo captar os discursos sobre a evolução do corpo na mulher-mãe, procurando deste modo, analisar as narrativas construídas na primeira pessoa sobre um tema que lhes é muito próximo. Revelou-se, através de uma metodologia qualitativa, com a realização de entrevistas semidiretivas a um grupo restrito, de que forma as mulheres-mães apresentam os seus discursos, identificando-se os processos de identidade social. Concluiu-se que existe uma transversalidade nas diferentes perspetivas sobre o corpo da mulher-mãe, e que o self enquanto construção individual engloba tanto a dimensão física/material como a dimensão mais subjetiva, aquela que é vivida e sentida.
- SOUSA, Sandra

Sandra Sofia Moreira de Sousa, bolseira de investigação no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, licenciada em Sociologia das Organizações pela Universidade do Minho (1998) e mestre em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2010), tem como interesses de investigação a área da ciência e tecnologia, nomeadamente a vertente da reprodução medicamente assistida.
PAP0985 - Os públicos do Teatro: um projeto de investigação-acção
A partir de um desafio lançado pelo Teatro Municipal de Lisboa, as companhias de teatro independente do Porto foram convidadas a organizar a programação daquela instituição durante um mês. A jovem companhia portuense “teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser” respondeu ironicamente com a apresentação do projecto “O público vai ao teatro”. Através do envolvimento da junta de freguesia de uma das freguesias da zona histórica do Porto e de uma série de associações locais, foram convidadas cinquenta pessoas (divididas em dois grandes grupos: um juvenil, outro envelhecido) que partilhavam origens e trajectórias sociais desfavorecidas, a par de um significativo distanciamento face à cultura legitimada. Tal projecto consistia em promover uma performance que parodiava uma excursão folclórica dos públicos provincianos do Porto à capital, antecedida de vários workshops de familiarização com os códigos da linguagem teatral, questionando a violência simbólica contida no próprio convite do teatro lisboeta.
A pesquisa sociológica consistiu em, através da investigação-acção de cariz etnográfico, analisar e mediar modos de relacionamento com a cultura e com as instituições teatrais por parte das pessoas recrutadas. Assim, aprofundou-se uma estratégia de pesquisa baseada na articulação da observação participante com procedimentos visuais (fotografia social, vídeo documental), entrevistas individuais e colectivas.
Deste modo, foi possível detectar alterações nas aspirações e repertórios culturais dos sujeitos envolvidos durante o projecto, bem como mapear a génese da sua relação com as linguagens e os géneros dramatúrgicos.
- LOPES, João Teixeira
- DIAS, Sara Joana
PAP0308 - Os registos de saúde hospitalares: a medicina e a enfermagem.
O registo de saúde hospitalar constitui um instrumento estruturado e colectivo cuja elaboração escrita encontra-se em articulação com diversos factores.
Sustenta-se como hipótese que os registos hospitalares constituem um elemento central da prática quotidiana dos profissionais de enfermagem e de medicina, e que é potencialmente revelador, por um lado, de processos de articulação com os diferentes modelos e paradigmas teóricos e profissionais e, por outro, porque permite desocultar formas diferenciadas de poder implicados em processos de negociação, de conflitos e de estratégias de valorização do trabalho destas profissões de saúde em contexto hospitalar.
Sustentam-se como hipóteses secundárias que a articulação entre os modelos teóricos e a prática, relacionada com a elaboração escrita dos registos, é condicionada pelos diferentes contextos de interacção do trabalho quotidiano, onde intervêm por um lado, a diferenciação a nível hospitalar e ao nível dos serviços hospitalares e onde intervêm, por outro lado, os atributos individuais das pessoas internados em contexto hospitalar.
Sendo certo que os conteúdos presentes nestes registos se poderão situar em múltiplas dimensões de análise, o que se pretendeu, nesta investigação era sobretudo circunscrever a analisa empírica a presença de informação respeitante às dimensões sociais dos indivíduos em situação de internamento.
A investigação empírica tem por base a informação presente nos processos hospitalares relativos aos óbitos ocorridos em 2004 e originários de duas instituições hospitalares, uma localizada em Lisboa e a outra em Beja. A totalidade dos processos analisados correspondeu a um universo de 1935 casos.
Os resultados mostram diferentes formas de elaboração destes registos, quer na forma quer no conteúdo, por parte de médicos e de enfermeiros, com diferentes articulações com os contextos de trabalho e com os atributos individuais das pessoas em situação de internamento.
- ANTUNES, Ricardo

Ricardo Antunes, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa; CIES,
Doutorando em Sociologia, Licenciatura em Sociologia e Enfermagem,
interesses na investigação - Sociologia da Saúde e das Classes Sociais
PAP0774 - Os saberes profissionais operantes nos locais de trabalho: atendimentos de Acção Social em micro-análise
Articulados nas práticas mais do que nos discursos sobre as práticas, os saberes habilitantes acumulados pelos membros de uma organização são gerados mediante a sua participação em quadros locais de acção e interacção, que, como tais, constituem uma importante unidade de análise no domínio dos estudos organizacionais, quer estes sejam orientados para a produção académica, quer para a gestão dos recursos humanos internos às organizações.
A metodologia proposta, forte dos resultados adquiridos num estudo desenvolvido em coparticipação (Bartunek & Louis, 1996) com assistentes sociais de serviços de acção social do Concelho de Sintra (Binet & Sousa (de), 2011), comporta as seguintes principais etapas:
1. Estratégias de abertura de terrenos institucionais, junto dos corpos dirigentes e técnicos da organização;
2. Pesquisa de campo, baseada em observações directas, fotografias e entrevistas individuais e de grupo, visando inventoriar e delimitar quadros interaccionais pertencentes às cadeias operatorias da organização;
3. Constituição de um Corpus de filmagens e/ou de gravações incidindo sobre os quadros interaccionais acima inventariados;
4. Análise da Conversação: transcrição, anotação e análise dos comportamentos verbais e não verbais filmados e/ou gravados;
5. Focus Group e Data Sessions: apresentação e discussão colectiva de trechos de transcrição e anotação – supervisão e interformação;
6. Aplicações internas e Produção académica.
Oriunda da sociologia americana, esta abordagem micro-etnográfica da acção situada recorrendo a técnicas auxiliares de registo (gravações e/ou filmagens) configura um campo investigativo dinâmico, que operacionaliza contributos da análise da conversação (ten Have, 2005), no domínio da sociologia das profissões e dos estudos organizacionais em geral (Drew & Heritage, 1992; Peräkylä & Vehviläinen, 2003; Arminen, 2005; Sarangi, 2005; Mondada, 2006; Rawls, 2008; Koester, 2010; etc.), bem como no domínio do Serviço Social (Hall et al., 2003; Hall & White, 2005; Urek, 2005; etc.), área do estudo que servirá de base empírica à nossa comunicação.
O problema da articulação e interpenetração das escalas de análise macro, meso e micro (Cicourel, 2008) nos estudos organizacionais será discutido à luz da investigação desenvolvida, mediante a análise de dados de observação etnográfica, de fotográfias de locais de trabalho e de trechos de transcrição de atendimentos sociais.
- BINET, Michel

- MONTEIRO, David
Bolseiro da FCT (SFRH / BD / 63799 / 2009), Michel Binet elabora uma
Tese de Doutoramento em Antropologia na Universidade Nova de Lisboa
(FCSH), na confluência de três áreas disciplinares (antropologia,
linguística e sociologia), sob a orientação de Adriano Duarte
Rodrigues. Membro do Centro de Linguística da Universidade Nova de
Lisboa (CLUNL) e colaborador do Centro Lusíada de Investigação em
Serviço Social e Intervenção Social (CLISSIS), a sua Tese, que se
situa no domínio de uma "Micro-Etnografia", tem por quadro teórico e
metodológico a Análise da Conversação etnometodológica e por base
empírica um Corpus de mais de 50 horas de gravações de interacções
verbais entre interventores sociais e utentes de serviços sociais do
Concelho de Sintra (Corpus ACASS), recolhido com a coparticipação de
mais de 20 profissionais da Rede Social de Sintra, em parceria com
Isabel de Sousa (CLISSIS).
Mestre em Ciências da Linguagem e membro do Centro de Linguística da
Universidade Nova de Lisboa (CLUNL), David Monteiro colabora na
análise do Corpus ACASS, estudando a organização sequencial dos
atendimentos e a argumentação na fala-em-interacção.
PAP0792 - Os teatros e as políticas públicas para a cultura e o território: questionamentos com base na realidade portuguesa
O que representam hoje os teatros – entendidos, em sentido lato, como equipamentos e organizações dedicadas às difusão das artes do espectáculo – para as cidades e os territórios em que se inserem? Que papel lhes atribuem e o que deles exigem as comunidades locais e as políticas públicas para a cultura e o território? E como estão estas organizações culturais a reagir e a adaptar-se aos novos desafios e problemas programáticos que se lhes colocam actualmente, em consequência das transformações mais amplas que vêm ocorrendo nos domínios político, económico e cultural?
É em torno dessas interrogações que a comunicação se propõe reflectir, reportando-se à realidade portuguesa e focando a situação dos teatros – equipamentos e organizações de difusão das artes do espectáculo – que operam no contexto de pequenas e médias cidades.
Tendo como objectivo principal sondar e problematizar as condições em que esses teatros trabalham e o papel cultural e cívico que desempenham localmente, equaciona-se, de forma genérica, os desafios e dilemas que hoje enfrentam, tendo em conta as transformações que pautam a recomposição da esfera cultural e das políticas culturais no contexto europeu e português. De seguida, avaliam-se as condições em que operam os teatros e salas de espectáculos em Portugal fora dos dois principais pólos culturais do país, as cidades de Lisboa e Porto, com base num estudo sobre a distribuição regional e as condições de funcionamento dos equipamentos e instituições culturais na Região Centro de Portugal. Conclui-se alinhavando algumas interrogações em torno dos dilemas que hoje se colocam a essas organizações e às políticas públicas que com elas se relacionam.
- FERREIRA, Claudino
PAP0952 - Os trajectos dos estudantes no ensino secundário
No âmbito do projecto de doutoramento, a pesquisa em curso coloca em evidência a pertinência sociológica da problemática do sucesso e o insucesso escolar no ensino secundário, privilegiando a análise nos factores e processos que condicionam ou favorecem os percursos escolares dos jovens, numa perspectiva multidimensional.
A pesquisa privilegiará uma estratégia metodológica de carácter intensivo e qualitativo, sendo que a componente de análise biográfica assumirá o núcleo central desta pesquisa. Esta opção metodológica permite analisar as trajectórias dos estudantes procurando aceder à variação intra-individual e inter-individual das atitudes e valores, tendo em consideração os diferentes contextos de socialização dos jovens. Contudo, não se perderá de vista uma perspectiva macrossocial que decorre da mobilização de metodologias extensivas, mais abrangente, através da análise secundária de indicadores estatísticos, que permita traçar um retrato evolutivo deste nível de ensino em Portugal e compara-lo com outros países europeus.
A relevância do estudo sobre as trajectórias dos estudantes no ensino secundário tem sido mencionada em diversos estudos sociológicos na última década, e assume particular interesse se tivermos em consideração a crescente abertura a novas possibilidades de formação no ensino secundário com o objectivo de combater o insucesso escolar e reduzir as desigualdades sociais na educação.
Os indicadores relativos ao sucesso e insucesso dos estudantes no ensino superior apresentados pela equipa que desenvolveu o estudo sobre “As Condições Socioeconómicas dos Estudantes do Ensino Superior”, a nível nacional, em 2006, no âmbito do Projecto Eurostudent, apurou que 45,8% dos alunos do ensino superior afirmou já ter reprovado durante a sua trajectória escolar e 28,2% declarou ter reprovado no ensino secundário.
Segundo os dados do GEPE-ME e MISI, a taxa de retenção e desistência no ensino secundário – para o ensino público em Portugal continental – registou uma redução na ordem dos 22,2 pontos percentuais em sete anos. No entanto, os valores das taxas de retenção e desistência continuam a ser elevados neste nível de ensino, abrangendo ainda 18% dos alunos no ano lectivo de 2008/09. Os dados apresentados reforçam a necessidade de compreender estes valores e as causas que contribuem para esta realidade, mesmo quando se assiste na sociedade portuguesa a um crescente “processo de escolarização”, mais intenso nas duas últimas décadas.
A presente comunicação tem como objectivo apresentar um conjunto de indicadores estatísticos sobre o ensino secundário produzidos por fontes institucionais, a nível nacional e internacional. Esta análise permitirá reflectir e sistematizar informações que em articulação com o modelo de análise desenhado contribuirão para o avanço da investigação e permitem traçar um retrato que contribua para a compreensão da problemática em estudo.
- AMARAL, Patrícia

Nome: Patrícia Amaral
Afiliação institucional: CIES/IUL
área de formação: Licenciada em Sociologia e Mestre em Educação e Sociedade. Actualmente doutoranda do Programa de Doutoramento em Sociologia no ISCTE/IUL.
PAP0406 - PARA A UMA PERSPECTIVA HOLÍSTICA, INTERCULTURAL E POLIFÓNICA DOS CUIDADOS DE SAÚDE... — da Medicina para a missão multimediadora que a TeleMedicina pode e deve desempenhar numa tal perspectiva, tudo, porém, organizado em “modo orquestral”… —
PARA A UMA PERSPECTIVA HOLÍSTICA, INTERCULTURAL
E POLIFÓNICA DOS CUIDADOS DE SAÚDE...
— da Medicina para a missão multimediadora que a TeleMedicina
pode e deve desempenhar numa tal perspectiva, tudo, porém,
organizado em “modo orquestral”… —
Reflexão antropo-sociológica, motivada pelo famoso dito do filósofo romano Lucius Annaeus Seneca, segundo o qual, «cotidie morimur» [«a cada dia que passa vamos morrendo]. Reflexão orientada para uma abordagem a questões existenciais tão profundas como a vida, a morte, o tempo, o ser, o nada, a totalidade e o infinito… Reflexão suscitada por pensadores contemporâneos como Heidegger e Levinas, entre outros.
Este questionamento agónico não pode deixar de estar intimamente relacionado com a angústia humana universal que emerge no quadro da dialéctica entre saúde e doença, entre vida e morte… Daí decorre a desassossegada busca de uma “recuperação” do bem-estar corpóreo-mental e de uma desejada harmonia que seja marcada pelo sentido da felicidade, através do recurso a vários meios e métodos, seja com base em crenças religiosas tradicionais ou míticas seja com base nas mais modernas práticas médicas, telemédicas e farmacológicas.
Em estreita sintonia com a reflexão desenvolvida, procede-se a uma análise diacrónica da evolução etimológico-filológica da palavra “saúde” em várias línguas e das suas ancestrais conexões semânticas com as ideias de “divino” e de “sagrado”. Essas raízes semânticas conduzem a um entendimento da «saúde» como sendo «uma harmonia holística, cósmica, integral, divina e sagrada», cujos cuidados não deixam de reclamar uma organização sinfónico-polifónica de todos os recursos, desde os humanos aos materiais, organização feita em “modo orquestral”.
PAP1418 - PARA ALÉM DA DOR: FANTASIAS DE PRAZER, PODER E ENTREGA. Um estudo sobre Sadomasoquismo
O BDSM (Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão e Sadomasoquismo), vulgarmente designado por sadomasoquismo, tem sido associado à perversão sexual e à patologia mental, tanto pela comunidade científica, como pelo discurso mediático. Contudo, este é um fenómeno complexo que não é compreensível através de visões simplistas e redutoras.
Nesta comunicação apresentamos as conclusões de uma investigação cujos objetivos foram conhecer e caracterizar os atores, as práticas e os contextos do BDSM em Portugal, aceder às motivações e aos significados que estes atores atribuem ao seu envolvimento nas práticas e examinar a perceção que detêm sobre a reação social do exogrupo.
Optamos por uma visão próxima do fenómeno, escolhendo uma metodologia qualitativa assente na realização de entrevistas semiestruturadas e na observação participante, tanto em contexto virtual como real, por considerarmos relevante tomar a perspetiva dos atores sociais envolvidos. Na análise de dados, recorreu-se à análise de conteúdo, adoptando a lógica indutiva de construção de categorias a partir dos dados.
Da nossa investigação concluímos que o comportamento BDSM não é homogéneo e que este é um termo genérico que inclui uma variedade de dinâmicas e identidades sujeitas a alterações no espaço e no tempo. Ainda inferimos que o comportamento dos praticantes de BDSM resulta de uma construção pessoal e social que pode ser vivenciada de diferentes formas e ter diversos significados. Para estes praticantes, todos os aspetos ligados com o BDSM precisam de ser negociados e enquadrados num relacionamento consentido. Também concluímos que o BDSM não se encerra nos equívocos populares sobre extrema dor e danos duradouros, devendo ser entendido como uma fantasia. Por fim, as representações sociais detidas sobre o BDSM conduzem à estigmatização dos praticantes que gerem a sua identidade, ocultando o comportamento BDSMer ou desenvolvendo construções de oposição ao mainstream sexual.
Julgamos que a pertinência dos dados obtidos com esta investigação se liga com a quase total ausência de estudos em Portugal sobre este tema e que esta abordagem compreensiva pode contribuir para uma visão mais ampliada das sexualidades. Ainda mais, quando a perspectiva médico-psiquiátrica tem patologizado estes comportamentos, parece-nos que esta investigação, ao dar voz aos atores, pode fornecer uma visão da prática de BDSM como manifesto de um princípio básico de autonomia sexual e de autodeterminação, o que ganha particular importância num momento de crise financeira como a actual que pode desprezar a luta contra a falta de reconhecimento e cidadania dos grupos minoritátios.
- MOTA, Ana Mafalda

- OLIVEIRA, Alexandra Alves

Ana Mafalda Mota, é mestre em Psicologia, especialização na área de Comportamento Desviante e Sistema de Justiça, tendo efectuado uma tese sobre BDSM, vulgarmente designado por Sadomasoquismo, no contexto português. A sua área de interesse de investigação reside nas sexualidades minoritárias.
Alexandra Oliveira é professora da Universidade do Porto, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, onde exerce funções de docente e de investigadora na área da Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça. Os seus interesses relacionam-se com o género e a sexualidade; a norma, o desvio e a reação social, tendo vindo a dedicar as suas pesquisas ao trabalho sexual. Das suas publicações destaca o livro "Andar na vida: prostituição de rua e reacção social" (Almedina, 2011), uma adaptação da sua tese de doutoramento.
PAP1275 - PARCERIAS NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR E NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO
O tema “Parcerias na Educação Pré-Escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico” surge no contexto do trabalho final de um Mestrado em Ensino em Educação Pré-Escolar e em Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O tema foi abordado do ponto de vista de quem realizou estágios em dois níveis de ensino (Educação Pré-Escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico) e pôde, não apenas observar, mas também participar de formas diversificadas, em várias situações e atividades que envolviam diversos parceiros que colaboravam com a escola no esforço educativo. Isto permitiu constatar, em situação, que a Escola desenvolve a sua missão, não de forma isolada, mas sim em distintas formas de cooperação com outras entidades, algumas com propósitos e meios diferentes dos seus, porém, convergindo todas na mesma finalidade: a resolução de questões que dizem respeito a todos e o sucesso da educação. Assim, o objetivo principal da abordagem a esta temática foi tentar compreender as relações existentes entre os diversos atores envolvidos na missão educativa, para além da escola, e de forma particular, as famílias e as autarquias.
Para além das observações e reflexões em situação, foi elaborada uma revisão de literatura relativa a esta temática, com a finalidade de procurar aprofundar com quem e como se relacionam as entidades que estão mais envolvidas na educação. Neste trabalho procura-se, então, descrever e analisar questões como: quem são os parceiros educativos da escola? Quais são as responsabilidades, contribuições e limitações educativas específicas desses parceiros?
O trabalho está dividido em quatro pontos. No primeiro, são clarificados alguns dos conceitos mais frequentemente utilizados na discussão da temática: parceiro, parceria, rede, rede social, cooperação, partenariado socioeducativo, envolvimento, participação, colaboração; nos restantes três pontos, são abordados os tópicos comunidade, autarquias e famílias, considerados os parceiros externos à Escola mais relevantes do ponto de vista das práticas pedagógicas.
- FERREIRA, Sarah
- COSTA, Isabel

(Maria Isabel Barros Morais Costa)
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Doutoramento em Ciências da educação
Áreas de interesse: Metodologias de investigação em educação; educação formal versus educação não formal; educação e turismo; pedagogia na universidade; e-learning; formação de profissionais de ciências sociais e humanas.
PAP0386 - PERFILES Y EVOLUCIÓN DEMOGRÁFICA DE LOS ESTUDIANTES UNIVERSITARIOS EN GALICIA CON ENFOQUE DE GÉNERO.
Con este trabajo tratamos de analizar el perfil actual de los estudiantes universitarios en las tres universidades gallegas, Universidade de A Coruña, Universidade de Vigo y Univrersidade de Santiago de Compostela, y ver como ha sido su evolución demográfica en la última década, la primera del siglo XXI.
Estudiaremos cómo han evolucionado las incorporaciones en las diferentes titulaciones, desde la adaptación de los planes antiguos a los nuevos planes sujetos a la legislación del Plan Bolonia. Como el paso de las titulaciones a grado, y la influencia en la integración laboral. Otro aspecto a tener en cuenta es la implantación de Másteres y cursos de implementación, entendiendo que estos ayudan a los estudiantes a tener una formación más compleja pero al mismo tiempo precisión en habilidades concretas necesarias en el campo laboral, siendo conscientes que la reforma de la universidad europea, y de sus títulos, tiene como objetivo armonizar entre titulaciones y puestos de trabajo.
El punto de vista principal que vamos a tener en cuenta es la perspectiva de género. Como han evolucionado las carreras, especialmente aquellas que pudieran estar caracterizadas por un alto índice de masculinidad o feminidad. Así como, analizar también el éxito de los estudiantes en el logro final de acabar los estudios. Número de egresados o titulados, y por contra partida el número de abandonos, visualizar estos aspectos desde un enfoque de género, y también desde un punto de vista, social, demográfico y geográfico.
Todos estos aspectos, desde las reformas de los planes de estudio, hasta la inserción laboral, pasando por la diferencia entre los que consiguen acabar la carrera con los que abandonan, visualizado desde la perspectiva de género, y de cómo es la situación de la mujer en la universidad actual, y su diferencia en contraste con los hombres. Si el número de titulados se relaciona con el número de estudiantes que consiguen insertarse en la actividad laboral, y su diferencia por carrera, y por grupos de carreras.
Este estudio permite no solo percibir el perfil actual de los universitarios en Galicia, sino también servir de punto de análisis para futuros trabajos, que traten de poner en comparación con los resultados obtenidos en este.
- SEOANE, Eladio Simón Álvarez
- GÓMEZ, Francisco Eduardo Haz
PAP0154 - PLANEJAMENTO SOCIOAMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES: CONVERGÊNCIA E INTEGRAÇÃO DE PROPÓSITOS PARA ADAPTAÇÕES INSTITUCIONAIS CONTINUADAS.
Este artigo, fruto de pesquisa bilbiográfica e
documental, objetiva desconstruir os conflitos
existentes entre desenvolvimento e meio
ambiente, e reforçar que ambos podem conviver
harmoniosamente. O homem não é elemento supra,
infra ou extranatureza, ele está nela.
Desenhado a partir das idéias-chave de Fritjof
Capra, Edgar Morin, Boaventura de Sousa Santos,
Ignacy Sachs, Carl Sagan e Hector Leis, o
ensaio endereça-se a compatibilizar modernidade
e modernização, assim como mitigar o hiato de
compreensão reinante entre diversos atores
sociais que promovem o crescimento e o
desenvolvimento (de organizações e Estados) e
aqueles outros responsáveis pela proteção e/ou
preservação da natureza. Deixa florescer que a
mudança de valores individuais se faz
necessária para arquitetura e implementação da
gestão ecológica nas instituições, bem como
esclarece que o desenvolvimento organizacional
– esforço planejado que abrange toda a
organização, administrado do alto por meio de
intervenções planejadas, nos procedimentos pela
ciência do comportamento – é instrumento
adequado para alavancar as hodiernas demandas,
uma vez que seu conceito está intimamente
ligado aos anseios de mudança e de capacidade
adaptativa da organização à mudança. Esse
desenvolvimento organizacional visa a tornar a
organização mais eficiente, adaptável às
mudanças, principalmente aquelas de natureza
social e tecnológica, e busca a harmonização
entre o atendimento das necessidades humanas e
a consecução das metas da organização. No caso
brasileiro, demonstra que as empresas passaram
a obter certificações na área ambiental,
denotando interesses e conscientização no jogo
governo x instituições empresariais, e alega
que a certificação é apenas um caminho, mas de
relevante importância no contexto
socioambiental. Por fim, conclui que se faz
necessário pesquisar o quanto se ganhou e ainda
se pode ganhar adotando o pensamento reformador
e a gestão sustentável dos negócios. O ensaio é
finalizado com uma questão: quando é que
pensarão em deixar homens melhores para a
Terra?
- SOUSA JR, Afonso Farias

- PINHO, Joaquim Carlos Costa
- BILICH, Feruccio
AFONSO FARIAS DE SOUSA JÚNIOR
PARTE ACADÊMICA - FORMAÇÃO
FORMAÇÃO INICIAL EM CIÊNCIAS DA LOGÍSTICA E POSTERIORMENTE EM ADMINISTRAÇÃO. TAMBÉM GRADUADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS. ESPECIALIZADO EM a) ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA; b) EM ANÁLISE INTERNACIONAL/NEGÓCIOS; c) EM ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA; d) MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; e) DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
PARTE PROFISSIONAL - EXECUTIVA
EXERCEU CARGOS NA GESTÃO PÚBLICA POR MAIS DE 20 ANOS NAS ÁREAS DE FINANÇAS, GESTÃO DE MATERIAL, PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO E CONTABILIDADE ESTRATÉGICA GERENCIAL. ATUOU TAMBÉM EM PROGRAMAS DO GOVERNO FEDERAL DE APOIO A SOCIEDADE CIVIL.
PARTE PROFISSIONAL - DOCENTE
HÁ MAIS DE 15 ANOS LECIONA NO ENSINO SUPERIOR NAS ÁREAS DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL.
PESQUISADOR NAS ÁREAS DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, TEMA QUE ESTÁ ATUALMENTE ENVOLVIDO EM 3 PROJETOS DE PESQUISA EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS.
TEM PUBLICAÇÕES VOLTADAS PRINCIPALMENTE À SUSTENTABILIDADE, A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E À DEFESA NACIONAL.
PAP0692 - POBREZA E DESIGUALDADE NO BRASIL: Uma análise da contradição capitalista.
Desde o início de sua história o Brasil é perpassado por fortes relações de desigualdade social, que têm permanecido até este momento. Este artigo procura fazer uma análise da pobreza no Brasil na conjuntura atual, a partir de dados empíricos coletados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD- 1993 a 2008, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE. Consideramos, neste estudo, que o sistema capitalista tem forte influência no agravo da questão social, pobreza e desigualdade, ao passo que é um sistema econômico onde a produção e distribuição da riqueza são regidas pelo mercado, e não mais pelo Estado, visando lucro e acumulação de capital. Com o fortalecimento desse sistema, o dinheiro passa a ter grande força sobre o homem, se torna um valor dentro da sociedade, ou seja, possuir dinheiro é centralizar poder, manipular a sociedade, buscar o seu próprio bem-estar, e isso gerou consequências, como as desigualdades sociais. Assim, a problemática da pobreza tem alcançado patamares elevados a nível mundial. No caso brasileiro essa questão sempre esteve presente, como também se verificam historicamente algumas formas ou ações de enfrentamento, porém, tais ações nem sempre ocorreram de forma sistemática. A situação social no Brasil tem apresentado progressos, os investimentos em melhorias da política econômica e programas de atendimento ás famílias pobres permitiram mudanças na realidade do seu perfil socioeconômico. Entretanto, apesar da melhora nos últimos anos, segundo a PNAD, o nível de desigualdade brasileiro continua elevado. Enquanto os 40% mais pobres vivem com 10% da renda nacional, os 10% mais ricos vivem com mais de 40%. Embora a situação há uma década fosse certamente pior, ainda hoje, a renda apropriada pelo 1% mais rico é igual à dos 45% mais pobres. O que um brasileiro pertencente ao 1% mais rico pode gastar em três dias equivale ao que um brasileiro nos 10% mais pobres levaria um ano para gastar. Em função da elevada desigualdade que prevalece, a pobreza e, em particular, a extrema pobreza está muito acima do que se poderia esperar de um país com a renda per capita do Brasil. Se 1/3 da renda nacional fosse perfeitamente distribuída, seria possível garantir a todas as famílias brasileiras a satisfação de suas necessidades básicas. Contudo, quase 50 milhões de pessoas vivem em famílias com renda abaixo desse nível. A insuficiência de renda dos mais pobres, isto é, o volume de recursos necessários para que todas as famílias pobres superem a linha de pobreza, representa apenas 3% da renda nacional ou menos de 5% da renda dos 25% mais ricos. Para aliviar a extrema pobreza seria necessário contar apenas com 1% da renda dos 25% mais ricos do país. Esses números são alarmantes, e é preciso haver estratégias eficazes de combate a pobreza, nas suas diversas determinações, atuando sobre a família e o indivíduo no âmbito social e econômico, bem como políticas públicas eficientes.
- SILVA, Cristiane Freitas da

- SOUSA JUNIOR, Airton Silva de

SILVA, Cristiane Freitas da
Graduanda da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal do Pará-UFPA, Brasil. Bolsista de iniciação científica PIBIC-CNPQ do Projeto de Pesquisa “Os Impactos das Transformações Contemporâneas na Região Amazônica Brasileira: tendências da formação e do Mercado de trabalho profissional” no período de 2009-2012. Publica artigos em periódicos especializados e trabalhos em anais de eventos, principalmente no que concerne às temáticas: Trabalho, Políticas Públicas, Movimentos Sociais e Desigualdades. Endereço para acessar Currículo Lattes:http://lattes.cnpq.br/7768890344998301. Email: cris.ssocial08@gmail.com
SOUSA JUNIOR, Airton Silva de
Graduando de Ciência da Computação da Universidade Federal do Maranhão-UFMA, Brasil. Participa e publica artigos em anais de eventos científicos na área de computação e interdisciplinares, tendo interesse principalmente nas temáticas de inclusão digital, socialização da informática, direitos humanos e desigualdades sociais. Email: airjubx@hotmail.com
PAP0745 - POBREZA Y EXCLUSIÓN SOCIAL EN LEÓN Y SU PROVINCIA: DESAFIOS PARA EL TRABAJO SOCIAL
En esta comunicación se presentan los resultados de una investigación realizada por la Escuela Universitaria de Trabajo Social “Ntra. Sra. del Camino” de León durante el año 2010 patrocinada por Cáritas Diocesana de León y Astorga. Su objetivo es dar a conocer los factores de exclusión social, así como los colectivos o personas que son más vulnerables en los diversos ámbitos en que la exclusión social se manifiesta, teniendo en cuenta las variaciones en los distintos territorios sociales (provincia de León, diócesis de León y diócesis de Astorga, comarcas leonesas)
La técnica principal ha sido la encuesta dirigida a personas de 18 y más años que residen en viviendas familiares, quedando fuera del ámbito de estudio dos grupos de personas ampliamente afectados por la exclusión más extrema: las personas sin hogar y las que viven en instituciones o en hogares colectivos. El universo estadístico han sido los 179.523 hogares existentes en la provincia de León según el Censo de Población y Viviendas 2001. Se han realizado un total de 1114 entrevistas en todo el territorio de León.
Los diversos factores de exclusión que se han trabajado muestran que:
1. Las mujeres de la provincia de León sufren mayor riesgo de pobreza y exclusión social que los hombres
2. A pesar del avance social que en términos de protección ha significado el desarrollo de los sistemas de pensiones, las personas de 65 y más años de la provincia de León todavía presentan riesgos de exclusión asociados a la insuficiencia de recursos económicos que se hacen claramente visibles en las mayores tasas de pobreza relativa en relación con el resto de la población
3 La población residente en la diócesis de Astorga acumula más desventajas y riesgos en factores claves que la población que reside en la diócesis de León.
4. Por comarcas, la provincia tampoco es homogénea. Por un lado, las comarcas de La Cabrera, Esla Campos y Sahagún presentan los niveles más elevados de personas que viven solas, de personas cuyos ingresos proceden únicamente de prestaciones y de población sin estudios.
5. Según el tamaño de hábitat, se constata que en líneas generales el hábitat rural es el que presenta mayor proporción de hogares bajo el umbral de pobreza relativa, de población sin estudios, de población que vive en hogares unipersonales y con ingresos procedentes únicamente de prestaciones.
- GARCÍA, Rogelio Gómez

Rogelio Gómez García (Laguna de Negrillos, 1965), es Doctor en Sociología por la
Universidad Pontificia de Salamanca y Diplomado en Trabajo Social por la Universidad
de León. Ejerce como profesor en la Facultad de Educación y Trabajo Social de
Valladolid, desarrollando una importante labor de investigación en el campo del Trabajo
Social y de los Servicios Sociales. Premio Nacional de Investigación “Ana Díez
Perdiguero” 2007-2008.
PAP0419 - POLITICAS ALIMENTARES: INTERFACES ENTRE SAÚDE, CONSUMO E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
A associação entre o modelo agroindustrial de produção de alimentos, caracterizado pela padronização, globalização e cadeias longas de abastecimento e o consumo de alimentos que leva a problemas como o sobrepeso e as doenças crônico-degenerativas, tem sido cada vez mais evidente. Dessa forma, a pobreza, as dificuldades de sobrevivência e a exclusão de pequenos agricultores, somam-se às questões de transição nutricional, insegurança alimentar e aos “food scares”. Nesta íntima relação, há que se fazer referência aos prejuízos ao meio ambiente, como a perda da biodiversidade, a poluição, o aumento da produção de lixo, a escassez de água, entre outros. Estes problemas atuais servem para refletir sobre a saúde não de forma reducionista, mas interligada. Se grande parte dos problemas de saúde é de foro ambiental e, destes, considera-se a alimentação o principal contribuinte, então, pensar a saúde da população é pensar o modelo agroalimentar e consequentemente, o modelo de desenvolvimento que a sociedade pretende. Nos debates sobre desenvolvimento rural sustentável, tem-se defendido a mudança paradigmática do modelo produtivista para outro modelo que, entre outras transformações, reconecte a produção ao consumo de alimentos. Esta reconexão não só faz referência ao encurtamento da cadeia de abastecimento alimentar, mas também remete à reflexão sobre a interdependência entre esses dois domínios na construção de novos padrões de produção e consumo, já que modelos específicos de consumo promoveriam modelos específicos de produção e vice-versa. Nesse raciocínio é que a preocupação em relação ao consumo de alimentos interliga-se com o debate sobre saúde e as concepções, os princípios e a operacionalização da promoção da saúde. Considerando estas discussões este trabalho buscou evidenciar, as estratégias utilizadas para argumentar e promover a produção e abastecimento local de alimentos e ao mesmo tempo a saúde da população a partir da intervenção via programas como o Programa de Alimentação Escolar e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Para tanto, utilizou-se o estudo de caso do município de Rolante (RS). Os programas de saúde e de alimentação são potenciais instrumentos do Estado para delinear as direções, construções e reconstruções das práticas alimentares que não só sejam positivos na saúde das populações, mas incentivem a produção de alimentos mais adequadas do ponto de vista cultural, social e ambiental. O artigo relaciona estes elos de forma a apontar a abrangência e complexidade da problemática alimentar que até aqui vem sendo tratada de forma assimétrica e separada, oferecendo novas reflexões e perspectivas às políticas publicas, aos estudos acadêmicos e a ação dos atores sociais. Contribui também para o debate e os estudos sobre a recente e profícua temática da Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável.
- TRICHES, Rozane Marcia

Rozane Marcia Triches
Possui graduação em Nutrição pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1998), mestrado em Epidemiologia (2004) e doutorado em Desenvolvimento Rural (2010), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Brasil. Atualmente é professora adjunta do curso de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul, atuando principalmente nos seguintes temas: alimentaçao escolar, agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, saúde coletiva, e sociologia da alimentação.
PAP1512 - POLÍTICA CURRICULAR BRASILEIRA NO TEMPO PRESENTE: IMPLANTAÇÃO E REFORMA DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Este trabalho tem como objeto de pesquisa os estudos relativos ao período da produção das Diretrizes Curriculares que hoje normalizam a formação de professores no Brasil.Para além de resgatar a história do tempo presente destes documentos, estudamos a organização curricular dos cursos, em particular os cursos de Educação Física após a publicação das Resoluções CNE/CP 01 e 02 de 2002 e 07/2004, tendo como questão central os efeitos políticos destes textos, entendidos como a política curricular para a formação no ensino superior, particularmente para a formação de professores, na implantação ou reforma dos currículos dos cursos de Educação Física. Para tanto, traçamos com objetivo analisar os currículos prescritos de cursos de Educação Física buscando identificar os traços hegemônicos que configuram a política de formação na área, a partir da análise do objeto que trata a Educação Física, do perfil do egresso, da matriz curricular e das ementas dos componentes curriculares. Ao considerar a extensão do campo empírico, decidimos por analisar os Projetos Pedagógicos de três instituições que possuem quatro cursos de Educação Física ofertados em Instituições pública e privadas. Nossa análise partiu da compreensão de que tais documentos não estão desligados dos movimentos da própria sociedade civil e política e dos interesses de produção da hegemonia, e, com isso, da centralidade da formação humana. Para tanto, utilizamos as categorias totalidade, historicidade e contradição para a aproximação com o objeto de estudo. Os conceitos fundamentais utilizados para a compreensão do fenômeno investigado foram a hegemonia e bloco histórico referenciados na obra de Antonio Gramsci e a política curricular como texto, nos escritos de João M. Paraskeva. Ao compreender que a definição da política curricular é parte da estratégia de produção da hegemonia do bloco dominante, concluímos que a nova normalização se constitui em texto normativo, instrumentalizador, referência para a produção das propostas curriculares, sendo a expressão das intenções hegemônicas na sociedade.Além disso, apontamos para o fato de que os Currículos Mínimos e Diretrizes Curriculares, entre 1931 e 2004, se configuraram em roteiros de adaptação que garantiram, também, a hegemonia no processo formativo do campo acadêmico profissional, através de um núcleo de conhecimentos que não tem se modificado, a não ser por ênfases em determinadas áreas do conhecimento ou por atualizações, por interesse na hegemonia do campo e na constituição do bloco dominante.
PAP0635 - PROMOTING REGIONAL DEVELOPMENT IN ROMANIA
Abstract
Regional development is a concept aimed at boosting and diversifying economic activity, stimulating investment, contributing to the judicious use of human resources and quality of life. Could be applied to regional development policy were set eight development regions, which comprise all over Romania. Each development area includes several counties. Developing regions are not administrative units not having legal personality, the result of an agreement between the county and local.
Regional development policy is a set of measures planned and promoted by local and central public administration authorities, in partnership with different actors (private, public, volunteer) to ensure economic growth, dynamic and sustainable through the effective use of regional potential and local levels to improve living conditions. The main areas that may be covered by regional policies: enterprise development, human resources market, attracting investment, technology transfer, SME development, improving infrastructure, quality of environment, rural development, health, education, education, culture.
Rural development occupies a distinct place in the regional policy and covers the following areas: poverty reduction in rural areas, balancing economic opportunities and the differences between urban and rural areas to stimulate local initiatives, spiritual and cultural heritage preservation.
The implementation and evaluation of regional development policy is the development region, constituted as an association of neighboring counties. Development Region is administrative-territorial unit and has no legal personality.
PAP1272 - Padrão de Vida Mínimo em Portugal: Definição de um quadro conceptual adequado para a sua determinação
A “adequação do rendimento”, entendida como o
valor dos recursos considerados suficientes
para realizar um nível de vida minimamente
aceitável, tornou-se um conceito central no
debate de política social europeia. Várias
instâncias internacionais, e em particular
europeias, reconhecem o direito universal a um
nível adequado de recursos que permita um
nível de vida digno, e a necessidade de um
rendimento adequado a ser garantido a todos os
cidadãos que têm recursos insuficientes (i.e.
para aqueles que vivem em situação de
pobreza).
Esta comunicação apresentará os resultados da
fase inicial do projecto de
investigação “Pobreza Absoluta em Portugal”,
financiando pela Fundação para Ciência e
Tecnologia, que tem como objectivo determinar
um padrão socialmente aceite, assente em
investigação empírica, que permita responder à
questão: “qual é o nível de rendimento que
permite obter um nível de vida digno aceite em
Portugal?” A metodologia adoptada neste estudo
combina o método consensual dos padrões
orçamentais com a abordagem normativa de
peritos para a estimação do nível adequado de
rendimento, replicando com algumas adaptações
a metodologia de determinação de um rendimento
mínimo padrão no Reino Unido
(http://www.minimumincomestandard.org/).
Com o objectivo de desenvolver e estabelecer
um quadro conceptual adequado para a
determinação do padrão de vida mínimo aceite
em Portugal serão apresentadas nesta
comunicação: 1) uma reflexão sobre a
identificação de necessidades básicas, baseada
numa revisão de literatura de estudos
recentemente publicados sobre esta temática;
2) uma análise dos resultados de inquéritos à
população sobre aquilo que é necessário para
obter um padrão de vida digno em Portugal
(e.g. Eurobarómetros sobre pobreza e exclusão
social); e 3) uma proposta de um quadro
conceptual que integre a identificação das
necessidades básicas - realizações que todos
os indivíduos deveriam poder realizar e de que
nenhum indivíduo deveria ser privado - e as
características dos principais mecanismos de
satisfação dessas necessidades em Portugal.
Este quadro conceptual será utilizado como
input nas fases seguintes do projecto, onde
serão determinados orçamentos padrão (para
diferentes tipos de indivíduos) que permitam
assegurar um nível de vida adequado.
- PEREIRA, Elvira Sofia

- PEREIRINHA, José
- BRANCO, Francisco
- AMARO, Maria Inês
- COSTA, Dália

- NUNES, Francisco
Elvira Sofia Leite de Freitas Pereira é investigadora integrada no
Grupo de Pesquisa de Políticas Sociais do Centro de Administração e
Políticas Públicas e professora auxiliar no Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa. Tem
desenvolvido a sua investigação na área da Pobreza e do Bem-estar
Humano e é atualmente investigadora (com responsabilidade de
co-coordenação) do projecto "Pobreza Absoluta em Portugal", financiado
pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Dália Costa é Professora Auxiliar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa – onde leciona desde 1996. Fez o seu Doutoramento em Sociologia da Família, na Universidade Aberta; é Mestre em Sociologia, pelo ISCSP-UTL; possui uma Pós-graduação em Ciências Criminais, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde; fez a sua Licenciatura em Política Social, no ISCSP-UTL. Tem interesse em temas de: Política Social; Crimiminologia e Vitimologia; Violência Familiar; Promoção e proteção dos Direitos Humanos. Contactos: Dália Costa daliacosta@iscsp.utl.pt
PAP0142 - Padrões de comportamento e emocionalidade no sistema financeiro
O objectivo desta comunicação é desenvolver uma aproximação aos modelos de comportamento e emocionalidade derivados da lógica funcional do sistema financeiro. A principal referência teórica que estrutura a análise é a obra de Norbert Elias e, mais especificamente, o seu conceito de figuração. Como ponto de partida, proceder-se-á a uma caracterização geral do sistema financeiro como figuração global a partir de um triplo vector de forças (interdependência, concorrência e heterocontrolo). Em seguida, explorar-se-ão os padrões de conduta e afectividade ligados a essa figuração, avaliando principalmente, as dimensões seguintes:
1. A dualidade autocontrolo/heterocontrolo como critérios de conduta dos agentes financeiros.
2. A capacidade/incapacidade dos agentes financeiros para desenvolver condutas e mentalidades de previsão.
3. A capacidade/incapacidade de exame racional da situação e a importância das decisões emocionais baseadas em intuições e pressentimentos.
4. O medo como emoção determinante do investimento.
5. A produção “financeira” de sentimentos de indiferença perante as consequências da própria acção individual.
- HARO, Fernando Ampudia de

Fernando Ampudia de Haro
Professor Auxiliar Convidado (ISCSP-UTL)
Investigador integrado – Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH-UNL)
Licenciado e doutorado em Sociologia pela Universidade Complutense de Madrid
Interesses de investigação: processos civilizacionais e des-civilizacionais, pânico moral e construção social da crise
PAP0221 - Padrões e expectativas de escolaridade em grupos da nova classe média brasileira
Fenômeno recente no Brasil, a emergência de milhares de pessoas a padrões de consumo e participação da renda nacional fez eclodir estudos sobre o que se denominou A nova classe média brasileira. O interesse de minha pesquisa é tomar tal fenômeno em um recorte específico: lugar de valores educacionais e de escolarização nesses grupos emergentes. A pesquisa constará de um tradicional bairro do Rio de Janeiro, Copacabana, onde representações desses grupos se fazem de forma bastante singular.
PAP0742 - Para além da ética da vítima: trauma, vítimas e processos institucionais
Propõe-se uma sociologia do trauma que, para além das abordagens culturalistas, se fixe na intersecção entre discursos, dispositivos, materialidades e formas de subjectivação em torno do paradigma da vitimização e nas suas formas de consagração e legitimação.
A pesquisa situa-se na análise da tensão das relações entre comunidades de trauma (o conjunto das pessoas afectadas por um determinado acontecimento ou uma determinada experiência traumática), vítimas atomizadas (pessoas que não participam em associações de apoio às vítimas) e vítimas organizadas (pessoas que participam em associações de apoio resultantes de um acontecimento particular ou da organização de experiências traumáticas partilhadas). Mais concretamente, na tensão entre vivência individual da condição de vítima e vivência colectiva do estatuto de vítima.
O objectivo central é testar uma tipologia da relação complexa entre comunidades de trauma, vítimas atomizadas e associações de apoio. A hipótese é a de que determinados acontecimentos traumáticos possuem diferentes ritmos e tempos, que poderão originar três lógicas de relação entre comunidades de trauma e associações: uma de intersecção – em que comunidades de trauma e associações de apoio encontram pontos comuns de aproximação -, uma de sobreposição – em que comunidade de trauma e associações se confundem pela prevalência e hegemonia de uma delas -, e, finalmente, uma separação – em que comunidades de trauma e associações de apoio se mantêm discursivamente e nas suas práticas autónomas.
As diferentes temporalidades e as lógicas de relação entre comunidades de trauma e associações de apoio são marcadas por processos de negociação de enquadramento dos acontecimentos e de legitimação de determinados discursos, práticas e interlocutores, desempenhando o Estado e as agências internacionais nesse particular um papel fundamental, na medida em que tomam por interlocutor privilegiado as vítimas e os seus representantes que veiculam a ética normalizada de vítima.
- MENDES, José Manuel
- MAIA, Ângela
- SALES, Luísa
- ARAÚJO, Pedro

- DIAS, Aida
- LOPES, Rafaela
Pedro Araújo é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e licenciado pela mesma Faculdade. É investigador e doutorando do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e membro do Centro de Trauma. Os seus interesses de investigação centram-se em questões relacionadas com a sociologia dos desastres e a cidadania.
PAP0610 - Para além das imagens da educação e das políticas educativas. Representações dos alunos do ensino profissional sobre o papel da escola nos seus percursos biográficos
Neste texto pretende-se realizar uma interpretação das representações dos alunos do ensino profissional sobre o papel da escola nos seus percursos biográficos, identificando as formas como a operacionalização de uma política educativa pode resultar na inversão de vectores de exclusão, criados a partir da marginalização em relação ao sistema educativo. Neste sentido procurou-se ir Para além das imagens da educação e das políticas educativas, conhecendo e compreendendo processos da experiência humana, responsáveis pela construção de representações sociais sobre a escola, que têm uma relação directa com as práticas sociais. As representações dos alunos são compostas por um conteúdo que estabelece um confronto entre informações, imagens e atitudes sobre experiências passadas, presentes e ambicionadas. A frequência do ensino profissional e da escola onde foi desenvolvido o estudo de caso, são reconhecidas como forças no sentido da integração cognitiva do objecto representado no sistema de pensamento preexistente que, uma vez disseminada pelas suas virtualidades, pode facilitar o enraizamento social da representação, fortalecendo-as como opções contra a exclusão em muitos percursos biográficos e escolas.
PAP1080 - Para o Estado da Arte da Investigação sobre o Jornalismo e os Jornalistas Portugueses. Mesa-Redonda de Reflexão entre os Autores e os seus Estudos.
Proposta de Grupo de Trabalho sob coordenação de José Luís Garcia (ICS-UL)
Em 1987 e 1998, dois estudiosos dos media e do jornalismo em Portugal, Mário Mesquita e José Manuel Paquete de Oliveira, faziam notar a escassez de pesquisa no campo de investigação dos jornalistas portugueses. Mário Mesquita aludia à lacuna de dados disponíveis que constituíssem “pontos de referência” para o estudo deste domínio (Mesquita, 1987: 2). Paquete de Oliveira realçava que se a ignorância era grande sobre “a ‘informação’ em geral e a comunicação social em particular”, a área em que este desconhecimento se revelava maior era aquela que dizia respeito aos profissionais do jornalismo. “Sabe-se pouco dos jornalistas”, salientava Paquete de Oliveira em finais da década de 1990, chamando ainda a atenção para o facto de esta omissão não se observar apenas em Portugal (Oliveira, 1998: 47).
Volvidas mais de duas dezenas de anos, é forçoso reconhecer que o panorama da investigação sobre o jornalismo e os jornalistas em Portugal, sejam quais forem as insuficiências, é bastante diferente. Já não é destituído de sentido falar de algo como um campo de investigação em torno destes domínios, assim como a existência de um espólio razoável de teses académicas e estudos valiosos por parte de centros de investigação e universidades portuguesas, e ainda de debates em congressos. E focalizando apenas o âmbito dos estudos sobre os jornalistas contamos hoje com diversas contribuições, como ensaios de cariz histórico, estudos baseados em inquéritos, abordagens sociológicas, publicações de natureza memorialista e outras que têm dado lugar à edição de artigos, livros e números temáticos de revistas.
Este grupo de trabalho reúne vários autores portugueses em redor de obras consideradas importantes para o campo de estudo dos jornalistas portugueses. Adelino Gomes (CIES-ISCTE), Carla Baptista e Fernando Correia (UNL/UAL), Joaquim Fidalgo (UM), João Figueira (UC), Sara Meireles Graça (ESEC-IPC/ICS-UL), entre outros, integram a mesa-redonda de reflexão/debate sobre o jornalismo e os jornalistas portugueses.
- GARCIA, José Luís

José Luís Garcia, investigador do ICS-UL, sociólogo, dotourado pela Universidade de Lisboa. Áreas de interesse: sociologia da ciência e da tecnologia, sociologia da comunicação, teoria social..
PAP0703 - Para onde vai o mundo do trabalho? Dimensões conceptuais, estratégias políticas e respostas sociais
Pelo menos ao longo
da última década,
muitos dos
contributos teóricos
e empíricos sobre o
“mundo do trabalho”
deambularam entre
duas teses que podem
assim ser resumidas:
por um lado,
advogou-se a tese do
fim do trabalho, nos
termos da qual se
enfatizou a perda do
sentido do trabalho
enquanto garante de
segurança,
estabilidade,
identidade ou mesmo
de formas de
sociabilidade; por
outro lado,
apelou-se à tese da
centralidade do
trabalho, isto é, à
necessidade de
valorizar o “fator
trabalho” enquanto
fonte de integração
social, em promover
a adaptação
construtiva (e
humanizadora) a
novas formas de
organização do
trabalho e em
enfatizar a
inexistência de
alternativas à
civilização do
trabalho.
Ambas as teses
permanecem hoje na
ordem do dia, embora
se tenham vindo a
adensar na sociedade
portuguesa sinais
claros que
porventura dão mais
razão aos defensores
da primeira tese,
por sinal numa
altura de crise
económica e
financeira em que,
provavelmente mais
do que nunca,
valeria a pena
consolidar a posição
dos defensores da
segunda tese.
Nesta comunicação
pretendem-se, assim,
identificar três
domínios
relacionados com a
“crise do social” –
domínio conceptual,
político e social –,
sobretudo no modo
como esses domínios
podem ser
perspetivados
atendendo às
preocupações do
“mundo do trabalho”
e no modo como nos
podem ajudar a
dialogar com aquelas
teses.
No domínio das
questões
conceptuais, vale a
pena identificar
alguns dos conceitos
“satélite” que
gravitam em redor da
ideia de Estado
social e que estão
hoje a ser
questionados, pondo
em perigo o mundo do
trabalho.
Por outro lado, no
plano das
estratégias
políticas, importa
olhar para as
medidas de
austeridade com
incidência no campo
laboral decorrentes
do memorando de
entendimento
celebrado em Maio de
2011 entre o governo
português (na altura
ainda o governo PS,
ainda que o
documento tenha sido
secundado pelo PSD e
CDS, atual coligação
governativa) e a
Troika (Banco
Central
Europeu/Comissão
Europeia/Fundo
Monetário
Internacional).
Nesse olhar sobre as
implicações que
decorrem do
memorando para
instituições, atores
e indicadores do
mercado de trabalho,
será prestada uma
atenção especial aos
cortes salariais dos
funcionários
públicos,
designadamente ao
conjunto de
princípios
constitucionais que
estão a ser
questionados (não
obstante, em
Setembro de 2011, o
Tribunal
Constitucional se
ter pronunciado pela
constitucionalidade
da Lei do Orçamento
de Estado para 2011
onde as reduções
remuneratórias
estavam previstas),
bem como aos
possíveis impactos
sociais de tais
cortes.
Em terceiro lugar,
no domínio das
possíveis respostas
sociais,
questiona-se que
tipo estratégias ou
caminhos estão ou
podem ser
desencadeados por
atores coletivos
ligados ao mundo do
trabalho:
sindicatos,
precários,
indignados ou mesmo
desempregados.
- COSTA, Hermes Augusto
PAP0972 - Para uma Leitura Contemporânea do Território. A Herança do século XX: habitação social em edifícios de grande porte e áreas urbanas de génese ilegal.
A presente situação do território urbano contemporâneo caracteriza-se¬ por uma dualidade assente, por um lado, na existência de várias centralidades oriundas dos núcleos antigos das cidades, e, por outro, pelo aparecimento de um tecido relativamente recente com características diferentes: este apresenta-se disperso, fragmentado e extensivo, onde encontramos diferentes realidades, normalmente, sem um modelo e limites definidos.
Esta nova realidade, que no caso da área Metropolitana de Lisboa, foi provocada pelo crescimento demográfico a partir dos anos 50, correspondeu à resposta a um problema quantitativo: o défice de casas. Assim, fruto, por um lado, de migrações de áreas rurais do interior do país e, por outro, da população vinda das ex-colónias africanas, foram surgindo diferentes formas de apropriação do espaço originando um tecido fragmentado, composto por diferentes configurações com identidades territoriais e culturais distintas.
Este artigo procura, fazer uma reflexão crítica a partir de duas formas de ocupação do território centradas em dois casos de estudos situados na área Metropolitana de Lisboa. O primeiro caso, parte de duas propostas urbanas e arquitectónicas formais: edifícios de habitação social, de grande porte servidos por galerias, planeados e projectados por especialistas e construídos após a revolução de Abril de 1974, para alojar essencialmente, a população vinda das ex-colónias e a população que vivia em barracas. Trata-se de dois conjuntos urbanos situados na freguesia de Marvila, em Chelas – nos bairros do Condado e dos Lóios, conhecidos por “Zona J” e “Pantera Cor-de-Rosa”. O segundo caso, é uma AUGI (área urbana de génese ilegal), constituída por um tecido urbano informal, situado em Santa Iria da Azóia designado por Portela da Azóia, essencialmente, constituído por habitação em moradias unifamiliares de dois pisos, construídos através de um processo longo e penoso de auto construção.
Dado que ambos os territórios apresentam aspectos positivos e aspectos negativos originando, por isso, oportunidades e ameaças para o seu desenvolvimento, o objectivo central deste artigo, é apresentar um diagnóstico da situação existente visando uma resposta possível para a sua requalificação.
- DA SILVA, Teresa Madeira
PAP1341 - Para uma análise comparativa do mercado de formação superior em Portugal
A proposta de análise que fazemos procura acrescentar conhecimento aos estudos que têm sido realizados sobre o ensino superior, em Portugal. Na maioria desses estudos, insiste-se frequentemente em considerar apenas valores globais sobre o sistema, ou fazendo a diferenciação por subsistema, mas comparando dimensões incomparáveis, mesmo quando (por exemplo) a área científica das formações é considerada. O crescimento, diversificação e complexificação do ensino superior em geral, e do ensino politécnico em particular, faz com que esse olhar e essa comparação sejam cada vez mais redutores.
A partir da investigação realizada no âmbito do nosso doutoramento, construímos um olhar detalhado sobre o mercado de formação superior em Portugal nas duas últimas décadas, que considera não o todo de cada subsistema, mas as partes que mais directamente estão em concorrência - os cursos similares em ambos os subsistemas. É a este nível que a comparação faz mais sentido: de que forma cursos idênticos são percepcionados pelos seus públicos, e que consequências resultam dessa representação, em termos de procura. Com esta perspectiva, parte-se do princípio que não são os tipos de ensino (universitário ou politécnico) que são alvo de interesse e procura em termos de formação superior, mas sim os cursos enquanto formações específicas que darão acesso a uma profissão desejada ou procurada.
Nesta abordagem simultaneamente diacrónica e sincrónica em torno do ensino superior estão ainda incluídos como vectores de análise as dimensões geográfica, pelo distrito de pertença, e científica, pela área disciplinar dos cursos.
- URBANO, Cláudia Valadas

Nome: Cláudia Valadas Urbano
Afiliação institucional: investigadora no CesNova - FCSH/UNL e docente
no Instituto Politécnico de Santarém
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Sociologia do Ensino Superior, Sociologia
do Risco, Sociologia da Saúde
PAP1335 - Para uma cartografia dos estudos do envelhecimento eritrocitário
O presente trabalho reporta um estudo sobre a
dinâmica de investigação de um problema
particular nas ciências da vida e biomedicina –
o envelhecimento do eritrócito (ou célula
vermelha) – e no qual se procura o seu
mapeamento. Os eritrócitos constituem a
população celular mais abundante do sangue
humano, sendo desde meados do século XX bem
conhecido que, na saúde e em condição normal,
o eritrócito tem um tempo de vida na corrente
sanguínea de aproximadamente cento e vinte
dias; durante esse período o eritrócito sofre
um processo de envelhecimento que culmina com
remoção selectiva das células velhas. A
investigação em torno deste processo de
envelhecimento celular tinha tido a sua origem
em trabalhos levados a cabo pelos anos vinte e
ligados ao interesse em melhor compreender a
base de anemias hemolíticas. Mais tarde, o
eritrócito tornou-se um modelo experimental
privilegiado nos estudos do envelhecimento
celular. Pelos anos setenta e oitenta, é clara
uma linha de investigação neste sentido: o
eritrócito, uma célula que nos mamíferos é
especialmente simples – desprovida de material
genético, por exemplo –, seria pela sua
simplicidade um modelo experimental útil na
investigação de processos de envelhecimento e
as expectativas sobre o conhecimento que
proporcionaria estendiam-se à sua
aplicabilidade a sistemas mais complexos
incluindo o organismo inteiro. O eritrócito
como modelo no estudo do envelhecimento tem,
nesse período, um lugar destacado, sendo um
modelo experimental inicial importante na
biogerontologia. A evolução temporal do número
de publicações relacionadas segue um padrão
interessante e em conjunto com indicadores de
crescimento global da biogerontologia mostra
claramente que nesses estudos os
investigadores deixaram a privilegiar este
modelo experimental. Quando se olha o cenário
dos estudos do envelhecimento eritrocitário na
sua dimensão mais ampla, uma das questões que
se coloca é a de saber como se articulam os
estudos do envelhecimento desta célula per se
(que têm expressão no âmbito da clínica e
ainda da preservação em banco) e os estudos do
eritrócito como modelo experimental na
investigação do envelhecimento celular. Pode
interrogar-se ainda: como circula (ou se
apropria) o conhecimento que vai sendo
produzido? em que contextos ocorreu a
mobilização de investigadores de (e para)
diferentes áreas? Com base numa análise
bibliomética/cientométrica do crescimento do
campo de investigação – foram explorados
indicadores de produtividade e de relações –,
apresenta-se um mapeamento da dinâmica de
investigação deste tema concreto e discute-se
o que esse pode mostrar na perspectiva mais
alargada do campo das ciências da vida e
biomedicina.
- ALMEIDA, Maria Strecht
PAP1348 - Para uma reflexão sobre o papel da sociologia na investigação em cursos de saúde
A proposta de comunicação que aqui apresentamos surge na sequência dos I e II Encontros de Sociologia da Saúde, organizados pela secção de Sociologia da Saúde da APS. Depois das reflexões, realizadas nesses encontros, sobre o papel da Sociologia na formação em saúde e sobre os docentes de sociologia na relação com os seus pares e com os seus alunos, seria igualmente interessante reflectir um pouco sobre os momentos em que a sociologia é (ou não) convocada para colaborar tanto na formação em investigação, como nos projectos de investigação, e em que sentido surge esse apelo.
Como são aí vistos os investigadores sociólogos e que intervenção têm? Em que etapas do processo de investigação são solicitados a colaborar? Que expectativas criam e que expectativas são criadas pelos outros?
Esta reflexão, apesar de não ser baseada num estudo empírico, é construída a partir da nossa experiência pessoal enquanto docente de Sociologia e de uma área temática da unidade curricular de Investigação, numa escola superior de saúde. Mais do que apresentar conclusões, pretende-se reflectir em conjunto sobre a investigação em cursos de saúde, numa perspectiva sociológica, e convocar a experiência de outros colegas sobre esta questão, com o objectivo de, à semelhança do que foi feito nos Encontros de Sociologia da Saúde, procurar compreender de que forma se pode legitimar mais ainda a participação dos sociólogos na formação superior em saúde.
- URBANO, Cláudia Valadas

Nome: Cláudia Valadas Urbano
Afiliação institucional: investigadora no CesNova - FCSH/UNL e docente
no Instituto Politécnico de Santarém
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: Sociologia do Ensino Superior, Sociologia
do Risco, Sociologia da Saúde
PAP1519 - Para uma representação social da estatística e da escola na primeira metade de oitocentos: Análise dos resultados do Inquérito da Inspecção das Escolas Públicas e das Livres do Continente e Ilhas”, de 1862.
No decurso da pesquisa para o nosso projecto de doutoramento, no campo da sociologia da educação, intitulado “Configurações e Estruturação do Estado Educador em oitocentos”, fomos confrontados com uma descoberta:o Inquérito da ”Inspecção das Escolas Públicas e das Livres do Continente e Ilhas”, de 1862, aplicado pelos oficiais da Repartição de Pesos e Medidas do, então, Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria. Este inquérito é avaliado, na altura, por José Silvestre Ribeiro nos seguintes termos: “Graças a esse serviço, que o governo elogiou em termos muito expressivos, ficaram habilitados os intelligentes inspectores para organisar uma interessante estatística da população, e simultaneamente das escolas de instrucção primaria, que no anno de 1862 havia em Portugal (continente e ilhas adjacentes). Uma tal estatística deve ficar registada n’ este nosso repositório, como sendo um trabalho excelente no seu género, indispensável ponto de partida, segura e abundante collecção de elementos de estudo para futuras apreciações” (Ribeiro: 1884; 46). Este trabalho inédito é constituído por 128 livros de formato A3, cada um com 20 questionários. Os livros das Escolas públicas estão numerados de 1 a 79; Os livros da Escola Privada estão numerados de 1 a 56. As questões estão impressas e as respostas manuscritas por diferentes inquiridores não identificados. Os questionários apresentam uma enorme quantidade de notas á margem das questões. Os inquiridores, de forma recorrente, fornecem informações extra-questionário associadas a uma determinada questão ou em jeito de nota na primeira ou última página do questionário, das quais fizemos um levantamento exaustivo por esclarecerem variadíssimos aspectos das escolas, professores e alunos desconhecidos hoje em dia.É uma obra monumental, num total de 2538 escolas inspeccionadas que permite compreender a situação material e literária das escolas primárias públicas e privadas, sobretudo, em 4 áreas essenciais: 1) as condições materiais das escolas; 2) como os professores concebiam a estatística das aulas, o número de matrículas e frequências; 2) os manuais utilizados para o ensino das disciplinas; 3) o ensino do sistema métrico. Sendo o primeiro inquérito aplicado ás escolas primárias do país, é uma obra fundamental para um balanço da efectividade das reformas educativas a partir da Revolução Liberal, em que o Estado português se propõe a implementar e tutelar um modelo escolar burguês que vem conferir um papel civilizador á educação, sobretudo, à primária. Neste sentido, as sucessivas reformas da educação contemplam medidas para regulamentar e criar o campo escolar. O inquérito permite aferir o impacto dos primeiros 40 anos do liberalismo e das suas sucessivas reformas do ensino. Mas a esta descoberta acresce outra: as notas dos inquiridores á margem dos questionários, revelam um profundo conhecimento das escolas públicas e dos respectivos professores.O que nos levou a concluir, em conjunto, com a investigação por nós realizada na Torre do Tombo e no Arquivo Histórico Do Ministério das Obras Públicas, que entre 1859 e 1864, os oficias da Repartição de Pesos e Medidas “assumiram” as funções dos Comissários de Estudo, figuras estipuladas pela lei para realizar a inspecção ordinária e extraordinária do ensino primário. Como corolário, importa perceber o estado da fiscalização do ensino primário e a sua regulamentação durante este período do liberalismo, e o que justifica que os oficias da Repartição de Pesos e Medidas tenham aplicado o primeiro inquérito ás escolas primárias. O Estado Liberal partilha da representação social da estatística, no contexto europeu pois, reconhece que a disponibilização de dados estatísticos sobre o ensino primário é a única possibilidade de poder intervir nele. Nesta medida cria vários organismos para fomentar, administrar, inspeccionar e criar uma estatística do ensino, sobretudo, primário. a cria vários organismos para fomentar, administrar, inspeccionar e criar uma estatística do ensino, sobretudo, primário. Não obstante, é preciso esperar pela segunda reforma liberal do ensino primário de 20 de Setembro de 1844, do então Ministro do Reino Costa Cabral e pelo Regulamento do Conselho Superior de Instrução Pública, de 10 de Novembro de 1845, para encontrar de forma inequívoca os preâmbulos teóricos da criação de uma estatística do ensino primário. Entre as atribuições no domínio da administração, inspecção, propagação do ensino cabe ao Conselho a estatística do ensino primário. É de notar que no Regulamento do Conselho consta que a elaboração de uma estatística geral é premente para detectar os “defeitos de organização e administração, ou legislação litteraria e disciplinar, ou económica, e as providencias de repressão ou reformas, necessárias para os melhoramentos devidos” (Reformas do ensino em Portugal: 1989; 150). A ideia generalizada do séc. XIX, de que um conhecimento quantificado dos factos sociais permite conhecê-los melhor e modificá-los está bem patente nesta passagem. O Regulamento estabelece, ainda, como se processa a recolha de dados para a estatística do ensino primário: “Todos os annos devem os mesmos Delegados remetter ao Conselho dous relatórios, um em Março, outro em Setembro, sobre o estado e necessidades geraes da instrucção, comprehendendo os esclarecimentos e mappas estatísticos acima indicados. Um duplicado do segundo relatório será emviado ao Ministerio do Reino, até ao fim do mez de Setembro. (…) Art 40º O Conselho (…) forma o relatório geral, o qual, depois de discutido e approvado, é remettido ao Governo até ao fim do mez de Novembro de cada anno, acompanhando as propostas de lei, e providencias, que dependerem do concurso do Poder Legislativo ou Executivo” (Reformas do ensino em Portugal: 1989; 150-151).Os Delegados do Conselho são: os reitores, directores ou professores dos estabelecimentos e escolas de instrução, os Governadores civis e sob a autoridade destes os Administradores do Concelho, os Comissários de estudo e os seus sub-delegados. Todos enviam relatórios e mapas sobre o movimento das aulas de instrução primária, pelo Artigo 37º e seguintes do regulamento de 10 de Novembro de 1845, nos meses de Março e Setembro, para o Conselho Superior de Instrução Pública. Os Governadores civis elaboram-nos a partir das informações dos Administradores do Concelho colhidas junto dos professores; os Comissários de Estudos a partir das informações recolhidas junto dos professores ou a partir dos seus sub-delegados (que não chegam a existir). Em Setembro, todas as informações coligidas pelos Delegados são tratadas pelo Conselho Superior de Instrução Pública na forma de um relatório final, com a “estatística geral” que segue para o governo e é publicado na revista O Instituto da Universidade de Coimbra. Portugal segue, assim, o contexto europeu descrito por Olivier Martin, de divulgação da estatística oficial do ensino primário. Os Comissários de Estudos são os responsáveis pela inspecção ordinária e extraordinária do ensino primário. No entanto, o que se verifica é que não asseguram essa função inspectiva. O que é reconhecido pelo Conselho Superior de Instrução Pública, no relatório de 1852-53: “Ocupados com a direcção dos liceus, cujos são reitores, e simultânea regência de cadeiras, na maior parte os comissários não curam, em geral, nem podem curar da visita e inspecção das escolas primárias (…). Os subdelegados, que a lei criou para coadjuvar aqueles (…) não existem” (Gomes: 1885; 154) pois, era difícil encontrar “pessoas inteligentes e devotas da instrucção” e com ânimo para trabalhar sem remuneração. Assim, até à década de 60 de oitocentos, não se chega a organizar a inspecção permanente do ensino primário ou a regular a lei da inspecção escolar. Como corolário, os dados estatísticos são precários, até porque muitos professores não remetem os mapas estatísticos para o Conselho Superior de Instrução Pública e depois para Conselho Geral de Instrução Pública, nem os Comissários de Estudos visitam as escolas para recolher os mapas ou visitam mas os professores não preenchem os mapas, o mesmo para os Administradores do Concelho que não os fazem chegar aos Governadores civis. Assim, seguindo as indicações do Conselho, o governo, a partir de 1859, ensaia visitas extraordinárias que já estão designadas no decreto de 20 de Setembro de 1844. Pela portaria de 25 de Agosto de 1859, determina a inspecção dos estabelecimentos de instrução primária e secundária do distrito de Lisboa; A 28 de Fevereiro de 1860, ordena uma inspecção geral nas escolas de instrução primária dos diversos distritos do reino e das ilhas adjacentes, aos Comissários de estudos; Pela portaria de 12 de Abril de 1862, os Administradores de concelho, são incumbidos de uma inspecção geral ás escolas primárias. Na portaria de 12 de Outubro de 1866, o governo visa a preparação da futura “Inspecção extraordinária” de 1867 e traça um historial do que se processara no âmbito da inspecção do ensino: á excepção, da inspecção dos oficiais da Repartição de Pesos e Medidas, as outras não tiveram execução legal. Aqui reside, a importância do Inquérito de 1862 - é a única fonte disponível para traçar um balanço das reformas liberais em matéria de educação. Resta perceber, os motivos que conduziram os oficiais da Repartição de Pesos e Medidas, a realizarem a primeira inspecção ao ensino primário. A história, do primeiro inquérito aplicado às escolas primárias públicas e privadas do país cruza-se com o processo de implementação do sistema métrico em Portugal, com uma figura central deste processo, Joaquim Henriques Fradesso da Silveira, oficial de Artilharia, professor da Escola Politécnica e Inspector-chefe da Repartição de Pesos e Medidas. Com o decreto de 13 de Dezembro de 1852, D. Maria II oficializa o sistema métrico francês, estipulando dez anos para a sua implantação definitiva. O mesmo decreto cria junto do Ministério das Obras Públicas, uma “Comissão Central de Pesos e Medidas”, com funções consultivas com vista à execução da implantação do sistema métrico, com a incumbência de criar tábuas expositivas da relação dos novos pesos com os padrões antigos e inspeccionar e superintender a fabricação dos novos padrões de pesos e medidas. Esta implantação implica 3 áreas prioritárias embora, não venham detalhadas no decreto: o comércio, a indústria e as repartições da administração central. Não obstante, esta Comissão, reconhece na escola um meio por excelência para a transformação social e para a difusão social do sistema métrico. Daí que, a de 13 de Fevereiro de 1853, apenas 2 meses depois do decreto de D. Maria II, expeça um ofício ao Ministério do Reino advertindo que a adopção do sistema métrico “depende em grande parte do conhecimento geral, que o paiz deve ter d’ esse systema, e das suas relações, até onde for possível, com os differentes padrões do systema actual. Um dos meios mais seguros de obter este resultado é o ensino nas escolas publicas; e por este motivo rogo a v. ex.ª que, pelo ministério a seu cargo, se expeçam as competentes ordens e instrucções, a fim de que em todas as escolas de instrucção primaria seja ensinado, com o devido desenvolvimento, o systema métrico decimal” (Legislação e Disposições Regulamentares sobre o Serviço de Pesos e Medidas; 1884; 8). O trabalho da Comissão, nas escolas primárias e, depois, da Repartição de Pesos e Medidas liderada por Fradesso da Silveira teve, até hoje, pouca visibilidade pública, e foi por nós reconstruído a partir da documentação produzida pelos seus actores sociais imbuídos de um espírito reformador e introdutor da “civilização” no país. Para além da reforma metrológica, desenvolveram um trabalho de formação nacional dos professores primários no sistema métrico, redigiram livros para o ensino desta matéria, construíram quadros sinópticos e fiscalizaram a forma como os professores estavam a ensinar o sistema e métrico e - Fiscalizaram as escolas primárias. Fradesso da Silveira redige um Compêndio para o ensino do sistema métrico e oferece 2000 exemplares ao governo que o mande distribuir pelas escolas públicas do país. O livro e a cartilha tornarem-se nos manuais mais utilizados, na segunda metade do séc. XIX, nas escolas primárias públicas para o ensino do sistema, como revela o Inquérito. Fradesso da Silveira já tinha proposto uma inspecção do ensino primário num ofício, de 13 de Agosto de 1861, dirigido ao Ministro das Obras Públicas, dando conta das ordens recebidas para fiscalizar os comerciantes dos concelhos de Lisboa sobre a observância do sistema de pesos e medidas, adverte para a necessidade de se tornar o sistema métrico obrigatório nas escolas primárias e sujeito “a uma fiscalização regular, que poderá ser exercida pelos empregados d’ esta repartição, sem prejuízo das attribuições que por lei competem aos comissários dos estudos. Será talvez inútil dizer que a fiscalização proposta não exige aumento de despeza, e habilita o conselho geral de instrução pública com grande cópia de informações, como se prova por um ensaio que eu fiz quando mandei proceder, em virtude das ordens do governo, ao ensino de professores de instrução primaria, ou da maioria d’ elles, em todos os districtos do reino. Os resultados d’ aquele ensaio existem nos archivos do conselho: são as informações confidenciaes acerca da capacidade e habilitações de cada um dos professores. É evidente que para completar aquellas informações seria de incontestável conveniência a inspecção directa do serviço nas escolas” (Boletim do Ministério das Obras Públicas; 1861:288). Este ofício cita, a formação nacional dos professores no sistema métrico decorrida entre 1858-1860, pelos oficias dos pesos e medidas. O ofício refere, ainda, que o serviço de pesos e medidas está territorializado e tem meios, logo, a inspecção das escolas não acarreta mais despesas: podia ser útil enquanto a inspecção permanente do ensino não está implementada. Assim, chegando ao término de 1861, findo o prazo do decreto de D. Maria para a implementação do sistema métrico em Portugal, é compreensível que o Ministro das Obras Públicas, ordene a realização de um mapa geral dos indivíduos que fazem uso de pesos e medidas, a estatística industrial e, uma relação dos professores que ensinam o sistema métrico e do método que utilizam. Por um lado, verifica-se a necessidade de fazer um balanço da reforma que se tentou implementar. Por outro lado, há “notícias” de infracções e desobediências, é preciso actuar. Só uma fiscalização geral pode atender a estes dois propósitos. E é, neste contexto, que Fradesso vê aqui uma oportunidade para realizar o que há muito estava nos seus planos: a fiscalização do ensino primário. Propomo-nos, assim, através de uma análise da representação social da estatística e da escola na primeira metade de oitocentos a abordar os resultados do Inquérito da Inspecção das Escolas Públicas e das Livres do Continente e Ilhas”, de 1862.
PAP0902 - Para uma sociologia da condição adepta (de futebol) em Portugal
Num texto já do presente ano (2011) intitulado “Le douzième homme”,
Christian Bromberger demora-se na identificação e análise de adeptos
de perfis variados: os “ultras” e os “oficiais” (respeitáveis, comedidos,
avessos à violência). Este exercício ao mesmo tempo encontra e
desencontra um dos pressupostos que, em trabalho com alguns anos
(2008), nos levou até à condição adepta (de futebol) em Portugal. Se,
com Bromberger, a considerámos enquanto espaço plural, nos tipos,
perfis, práticas, normatividades, quadros de interacção e
representações que compreende, contra este autor, rechaçámos (ao
menos parcialmente) a cedência normativa que consiste em fechá-la
em torno dos “verdadeiros adeptos”, sejam ultras ou oficiais ou doutro
género qualquer, apreendendo-a através dum indicador de intensidade
da afinidade clubista e da tipologia de vinculação clubista que esse
indicador permitiu construir.
Na comunicação ora proposta visa-se revisitar criticamente este
dispositivo e a forma teórica que o baliza, não prescindindo de
aprofundar o princípio de construção de objecto sociológico que esteve
na sua origem: o de que a restituição das realidades sociais não deve
rasurar a pluralidade que as constitui. A comunicação abrir-se-á pois a
dois momentos diferenciados mas sequenciais: 1) um primeiro de
natureza analítica, em que se informará e discutirá as propriedades
lógicas e empíricas do artefacto teórico-metodológico aplicado na
pesquisa citada; 2) um segundo de natureza conjectural, em que,
entroncando nos desenvolvimentos recentes que a sociologia à escala
individual conheceu e nas novas possibilidades de objectivação que
rompem da sociologia pragmática, se equacionará um conjunto de
hipóteses que desafiam a pesquisa no domínio da sociologia da
condição adepta. Na verdade, estará em causa (diga-se: mais
complementarmente do que alternativamente) dar conta das diferenças
e clivagens que atravessam essa condição “dentro” de cada sujeito
vinculado e nos “investimentos de forma” para que é compelido.
Trata-se, noutros termos, de trazer para o centro da objectivação
sociológica da “condição adepta” nada mais nada menos do que o
segmento da sociologia contemporânea mais promissora que até agora
dela se manteve alheada. Com isso vincando, finalmente, uma posição
de amplo alcance: todos os objectos sociológicos, seja qual for o
domínio empírico que os abranja, têm necessariamente de se submeter
à teoria sociológica geral e aos respectivos progressos.
- NUNES, João Sedas

- CHAVES, Miguel

João Sedas Nunes, doutorou-se em Sociologia da Cultura em 2008 com uma tese sobre Culturas Adeptas do Futebol. É docente na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, investigador do CESNOVA e director da revista Forum Sociológico. As suas áreas de especialização recobrem diferentes polaridades empíricas: sociologia da inserção profissional e do trabalho; sociologia do futebol; sociologia da juventude e sociologia da cultura.
Miguel Chaves é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador do CESNOVA. Enquanto investigador dedicou parte do seu percurso ao estudo da exclusão social, do desvio e da marginalidade, tendo produzido vários textos sobre estas matérias, dos quais se destaca o livro Casal Ventoso: da Gandaia ao Narcotráfico. Actualmente, desenvolve e coordena vários estudos centrados na inserção profissional e nos estilos de vida de jovens altamente qualificados, tendo neste âmbito publicado o livro Confrontos com o Trabalho entre Jovens Advogados: as Novas configurações da Inserção Profissional, bem como diversos artigos.
PAP0236 - Paradoxos da Adequação em Processos de Reconhecimento de Comunidades de Quilombos no Brasil
O ensaio propõe um estudo de caso sobre o processo de reconhecimento visando à titulação de terras de comunidades de quilombo, no âmbito do prescrito pelo Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal do Brasil de 1988.
O processo em questão, realizado pelo Estado, tem por objetivo expedir aos remanescentes de comunidades quilombolas os títulos respectivos de propriedade coletiva, sendo pautado em laudos periciais antropológicos.
O campo de observação empírica é a Comunidade do Carmo, localizada no município de São Roque, SP, Brasil, formada por descendentes de escravos da Província Carmelita Fluminense, autodesignados filhos de Nossa Senhora do Carmo "Filhos de uma reza só" onde se desenrola o processo de transformação do grupo como sujeito de novo conjunto de direitos: devem então se colocar como escravos de Nossa Senhora do Carmo.
Volta-se à possibilidade de acesso a um direito de caráter coletivo, étnico e fundiário, que remete à construção identitária, na medida em que o preceito constitucional pressupõe a emergência da identidade quilombola, em que pese a ressemantização do conceito, para fins da aplicabilidade legal.
Neste sentido, a proposta permite refletir sobre a dinamicidade das identidades, de viés religioso, político e jurídico, por meio do acompanhamento de um grupo etnicamente diferenciado frente ao novo horizonte de direitos, que demandam o enquadramento a determinadas categorias jurídicas, o que leva, por sua vez, a um reordenamento na comunidade, tanto interna quanto externamente, enquanto ator político e social, passando assim ao que diz respeito à regulamentação jurídica da identidade.
- FERREIRA, Rebeca Campos

Bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, FFLCH-USP (2009) e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social pela mesma Universidade, PPGAS-USP. Desenvolve projeto de pesquisa voltado às questões referentes ao reconhecimento e titulação de terras de comunidades remanescentes de quilombo, direitos humanos e direitos coletivos, identidades e religiões afro-brasileiras. Assessora antropológica do Quilombo do Carmo, SP. Pesquisadora do Núcleo de Antropologia do Direito e do Núcleo dos Marcadores Sociais da Diferença.
PAP0369 - Participação de actores sociais na gestão de bacias hidrográficas: Estudo de caso da bacia do rio Ardila.
Resumo: O Alentejo confronta-se com a
alteração da paisagem e pressão sobre os
recursos naturais resultante da alteração do
uso de solo, devido à maior disponibilidade de
água para rega proveniente da construção do
Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva
(EFMA) em 2002. A Directiva 2000/60/CE, 23
Outubro (Directiva Quadro da Água – DQA),
transposta pela Lei 58/2005, 29 de Dezembro
(Lei da Água – LA), tem como finalidade
proteger as massas de água, estabelecendo
objectivos ambientais a serem atingidos em
2015. Nos termos da DQA e LA, os planos de
gestão para as regiões hidrográficas deverão
integrar um programa de medidas que permitam
alcançar os objectivos ambientais definidos. A
participação pública no processo de
desenvolvimento dos planos de gestão de bacia
das regiões hidrográficas é um dos requisitos
da DQA e da LA, pretendendo-se integrar vários
sectores e actores sociais, na definição das
acções a desenvolver no domínio da água e da
sua gestão integrada e sustentável.
Actualmente, é reconhecido a nível global a
importância de promover e incentivar o
envolvimento dos actores sociais no processo
de planeamento e gestão dos recursos hídricos.
É através do confronto entre as diferentes
necessidades de utilização da água, muitas
vezes com interesses antagónicos, que se
consegue promover a gestão integrada e
protecção dos recursos hídricos. Neste
trabalho é estudada a bacia do rio Ardila com
o objectivo de conhecer os usos de solo,
atitudes, comportamentos e expectativas dos
actores relevantes nesta bacia, como
contributo para acções e actividades planeadas
no âmbito do Plano de Bacia do Guadiana, em
curso, e onde se inclui a bacia do Ardila.
Para o efeito, efectuou-se: (1) pesquisa
documental e empírica para identificar as
principais actividades desenvolvidas na bacia
hidrográfica com potenciais impactes no rio
Ardila e seus afluentes; (2) questionário base
para compreender a visão dos diferentes
intervenientes e identificar os principais
problemas da qualidade da água no rio Ardila;
(3) questionários específicos por actividade
desenvolvida na bacia hidrográfica (e.g.
agricultura, agro-pecuária e olivicultura)
para perceber as alterações do uso do solo
decorrentes da construção do EFMA. Com os
resultados obtidos pretende-se identificar os
aspectos relevantes para a definição de
estratégias sustentáveis nesta bacia
susceptíveis de envolver os vários sectores de
actividade e os principais actores sociais com
vista a: (1) tomada de decisões sustentáveis;
(2) maior conhecimento sobre as questões
ambientais; (3) diminuição de conflitos por
falta de informação. Consequentemente,
pretende-se contribuir para o sucesso de
implementação da DQA, através do cumprimento
dos objectivos ambientais estabelecidos nos
planos de gestão para a região hidrográfica do
Alentejo. Palavras-chaves: participação
pública/gestão da bacia hidrográfica
- DURÃO, Anabela

- VIEGAS PITEIRA, António
- FERNANDES, Rosa M.
- MORAIS, M. Manuela
Formação: (1992) Licenciada em Engenharia Civil - Universidade Eduardo Mondlane/Moçambique, (1999) Mestre em Engenharia Sanitária - Universidade Nova de Lisboa (2009 - ) doutoranda em Ciências da Engenharia do Território e Ambiente, na Universidade de Évora. Percurso Profissional: 1983-1991 Técnica média de Engenharia Civil na Direcção Nacional de Águas - Moçambique; 1992- 1995 Engenheira Civil, responsável pelas obras de abastecimento de água e de saneamento na cidade da Beira - Moçambique; 1997-1998 Engenheira Civil no Gabinete Técnico local para a Salvaguarda do Centro Histórico de Arraiolos; 2000-2002 Assessora do Ambiente na Câmara Municipal de Nisa, 2002 até a presente data, docente no Curso de Engenharia do Ambiente - Instituto Politécnico de Beja. Temas de investigação: Gestão integrada da água; Gestão de bacias hidrográficas; Participação pública nos processos de gestão de Bacias Hidrográficas.
PAP1068 - Participação do cidadão ao nível local: motivações e resultados
A crescente diminuição da participação do cidadão nas eleições e nas organizações de representação mais tradicionais fragiliza a democracia e diminuí a legitimidade dos eleitos. Este fenómeno tem justificado a adopção de políticas de iniciativa estatal, em particular ao nível das autarquias, que aproximem os cidadãos do poder e da possibilidade de decisão e que se traduzem por formas de democracia directa. É o caso do Orçamento Participativo (OP). O estudo do OP torna-se pertinente quando a actual imagem da democracia representativa apresenta um poder eleito cada vez mais afastado dos representados de quem esperam apenas um carácter meramente formal de participação através do voto de quatro em quatro anos, sendo depois no geral, excluídos de qualquer processo de tomada de decisão sobre políticas públicas. Apresenta-se como uma possibilidade de conciliar a democracia participativa e representativa.
A participação dos actores sociais em espaços de gestão pública bem como as formas de acção colectiva a ela associadas, longe de ser “natural” como muitas vezes aparece no discurso ideológico, é uma construção social que depende, da iniciativa do poder político para abrir estes espaços participativos; de uma metodologia que organize a participação e da aprendizagem fundada na experiência da trajectória social dos vários actores. Para que a participação seja efectiva ao longo do tempo é necessária a adopção de metodologias que motivem a população e a obtenção de resultados concretos dessa participação. Ao mesmo tempo a construção de normas e regras são importantes para manter a ordem social e não desestabilizar uma participação vasta e com interesses divergentes dos vários actores.
A presente comunicação resume algumas das conclusões de uma pesquisa para doutoramento que culminou com a apresentação da tese com o título « Democracia e participação ao nível local : o poder político e o Orçamento Participativo o caso de Belo Horizonte e Palmela ». Pretende trazer ao debate a democracia e em particular discutir resultados empíricos referentes à participação do cidadão no processo do OP, entendendo este como uma política de democracia participativa que complementa a democracia representativa e que pretende obter resultados concretos através da participação.
Problematiza-se os processos de interacção social que nascem desta iniciativa, questionando os motivos que levam o cidadão a participar neste processo e os resultados que daí advêm.
- GRANADO, Cristina Margarida Martins Serra
PAP0574 - Participação e Cidadania: Orçamentos Participativos Jovens em Portugal
No decurso das últimas décadas, têm ficado patentes as limitações do sistema de democracia representativa, um fenómeno que não é exclusivamente português, mas que naturalmente obedece a determinados constrangimentos e a um contexto com especificidades locais. Uma das respostas para os défices democráticos tem sido veiculada através de práticas de orçamento participativo, numa abordagem que pretende, em definição, colmatar as falhas dos sistemas democráticos através do incentivo à participação e envolvimento dos cidadãos nos processos de decisão.
Uma das características associadas à prática de orçamento participativo assenta na sua plasticidade e adaptação a cada contexto específico, constituindo, uma ferramenta de enorme potencialidade. Nesse sentido, a instituição de um processo participativo obriga a afectação de recursos, mas o retorno é, a vários níveis, profícuo. Referem-se, assim, aspectos como transparência, responsabilização, confiança nas instituições ou mais eficácia na gestão dos recursos públicos, através de mecanismos de consulta e/ou deliberação.
Um dos modelos de orçamento participativo existente é especialmente dirigido aos cidadãos mais jovens, conferindo-lhes a possibilidade de participação, uma participação que pode abranger cidadãos que ainda não detenham a maioridade e, como tal, não podem recensear-se e fazer uso dos mecanismos tradicionais de democracia. Nesse sentido, esta poderá constituir-se como uma ferramenta de inclusão política de segmentos sociais arredados das decisões públicas.
Ainda não são muitos os casos de Orçamento Participativo Jovem em Portugal, mas pelo sucesso relativo de algumas das iniciativas levadas a cabo, será expectável uma replicação no futuro. Pretende, por isso, através desta comunicação, apresentar informação obtida através da análise de dois estudos de caso de duas autarquias portuguesas que têm desenvolvido dispositivos deste tipo. Referimo-nos, assim, aos municípios da Trofa e São Brás de Alportel, instituições que têm apostado no reforço dos seus sistemas de governação através da chamada à participação de um grupo específico de cidadãos.
Estes dados são resultantes de um projecto de investigação científica relativo à temática dos orçamentos participativos que tem sido levado a cabo em Portugal. Em tal projecto, tem havido o recurso a metodologias de índole qualitativa e quantitativa, assim como à integração de informação geográfica na análise de dados. Aduzindo os mecanismos de investigação-acção desenvolvidos, serão, assim, apresentados algusn resultados já obtidos, numa aproximação comparativa dos dois casos, para que se perceba que contributos advieram desta iniciativa, assim como as percepções reveladas pelos jovens dos dois concelhos sobre tópicos como participação, associativismo, confiança nas instituições,envolvimento político, entre outras dimensões de análise.
- PEREIRA, Anne
- FREITAS, Francisco

- LUIZ, Juliana
- DE MORAIS, Neiara
"Francisco Freitas é um sociólogo licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e mestre em Dinâmicas Sociais, Riscos Naturais e Tecnológicos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Na sua atividade, tem participado em projetos de investigação juntamente com alguns dos mais conceituados cientistas sociais portugueses e estrangeiros nas áreas das migrações internacionais, da sociologia do risco e da participação pública. Para além da experiência no recurso a metodologias e técnicas de natureza quantitativa e qualitativa (colabora com a Verbi GmbH no desenvolvimento da versão portuguesa da aplicação MAXQDA), desenvolve ainda a integração da informação geográfica na análise de dados. Atualmente, trabalha sob supervisão direta do Prof. Boaventura de Sousa Santos."
PAP1308 - Participação em actividades sociais e de lazer na transição para a velhice
Este artigo tem como objectivo explorar o impacto das redes sociais nos usos do tempo livre em actividades de lazer e em actividades sociais durante o processo de envelhecimento, dando especial atenção aos processos de transição, particularmente na transição para a viuvez e para a reforma, ou mesmo para situações de dependência causada por problemas de saúde. Os dados foram recolhidos através de um inquérito representativo da população portuguesa com mais de 50 anos, realizado no âmbito do projecto investigação Processos de Envelhecimento em Portugal: Uso do Tempo, Redes Sociais e Condições de Vida, desenvolvido pelo Instituto de Envelhecimento da Universidade de Lisboa. A análise identifica a diversidade de trajectórias e transições para a reforma, bem como o impacto diferencial sobre a reconfiguração das ocupações de lazer de indivíduos de diferentes grupos sociais. A pesquisa mostra que a prática de actividades de lazer e sociais varia de acordo com a configuração das redes sociais, estando estas relacionadas com atributos demográficos, como género, educação e estatuto socioeconómico. Finalmente, os resultados sugerem uma forte associação entre envolvimento de actividades de lazer e de actividades sociais e a qualidade de vida dos indivíduos.Este artigo tem como objectivo explorar o impacto das redes sociais nos usos do tempo livre em actividades de lazer e em actividades sociais durante o processo de envelhecimento, dando especial atenção aos processos de transição, particularmente na transição para a viuvez e para a reforma, ou mesmo para situações de dependência causada por problemas de saúde. Os dados foram recolhidos através de um inquérito representativo da população portuguesa com mais de 50 anos, realizado no âmbito do projecto investigação Processos de Envelhecimento em Portugal: Uso do Tempo, Redes Sociais e Condições de Vida, desenvolvido pelo Instituto de Envelhecimento da Universidade de Lisboa. A análise identifica a diversidade de trajectórias e transições para a reforma, bem como o impacto diferencial sobre a reconfiguração das ocupações de lazer de indivíduos de diferentes grupos sociais. A pesquisa mostra que a prática de actividades de lazer e sociais varia de acordo com a configuração das redes sociais, estando estas relacionadas com atributos demográficos, como género, educação e estatuto socioeconómico. Finalmente, os resultados sugerem uma forte associação entre envolvimento de actividades de lazer e de actividades sociais e a qualidade de vida dos indivíduos.
- JERÓNIMO, Paula

Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa
Licenciada em Sociologia, pela Universidade do Minho e Mestranda em Família e Sociedade no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
Interesses de investigação - Sociologia do Envelhecimento e Sociologia da Família
PAP0050 - Partidas, Largadas, Fugidas. Uma análise da saída de casa dos pais a partir dos pontos de viragem amorosos.
As diferenças de género no timing da saída de casa dos pais ao longo do tempo e do espaço europeu são consistentes. As mulheres
saem mais cedo de casa dos pais do que os homens, padrão em muito justificado (como, aliás, as diferenças entre os países e as
gerações) pela predominância destas na co-ocorrência da saída de casa com a entrada em papéis conjugais. Mas este padrão está a
alterar-se, sobretudo em países onde estas diferenças de género (quantitativas e qualitativas) na saída de casa dos pais são mais
evidentes. Com base em dados com representatividade europeia, pode afirmar-se que é precisamente essa uma das maiores
alterações nas sequências das transições para a vida adulta: a co-ocorrência feminina da saída de casa dos pais com a conjugalidade
tende a diminuir, aproximando-se das trajectórias masculinas (Nico, 2011).
A democratização e a feminização do ensino superior não explicam na totalidade esta recente tendência. Há, para além deste
fenómeno, aspectos relacionados com a “emergência de uma especificidade da individualização feminina” (Thomson, 2009) e com o
facto do período da transição para a vida adulta “ser o mais genderizado de todo o desenvolvimento humano” (Kimmel, 2008) que
simplesmente não são apreendidos através de uma análises ziguezagueantes entre países e gerações, mas sim necessariamente
através de uma metodologia centrada no indivíduo. Com base em 52 entrevistas de carácter biográfico alicerçadas em calendários de
vida, foram analisados os “turning points”, “inerentemente narrativos” (Abbott, 2001), associados a trajectórias e rupturas amorosas
durante o período de transição para a vida adulta, e o seu impacto nos processos de saída de casa dos pais e de redireccionamento do
curso de vida. Foram encontrados efeitos de género vários no impacto que o processo e rupturas amorosas têm na emancipação
residencial dos jovens adultos. Algumas evidências apontam, portanto, para uma dicotomização da ”especificidade da individualização
feminina” dos processos de transição para a vida adulta em Portugal.
- NICO, Magda

Magda Nico, Investigadora de Pós Doutoramento do CIES - Instituto Universitário de Lisboa, actualmente a desenvolver um projecto sobre gerações, cursos de vida e mobilidade social.
Autora da tese de doutoramento "Transição Biográfica Inacabada. Transições para a Vida Adulta na Europa e em Portugal na Perspectiva do Curso de Vida", desenvolvida no CIES-Institutito Universitário de Lisboa.
Os principais interesses de investigação e temas de publicações são: Metodologias do Curso de Vida, Transições para a Vida Adulta e Mudança Social, Saída de casa dos pais, Gerações, Género e mais recentemente Mobilidade Social.
PAP1351 - Partnership between the worlds of education and work – A threatening scenario or a beacon of hope?
Although the world of education and the world of work are unquestionably complementary the relationship between these important realities has always been uneasy. Despite strong endorsement from international bodies such as the OECD and the EU, vehemently opposed ideologies have prevented closer partnerships.
Humanistic educationalists defend that schools should be shielded from the manipulative, self-serving intents of the work market. Learning programs dominated by employer interests are charged with streaming lower-class students into dead-end career options, subjecting them to exploitative practices that reinforce social inequalities. Education must allow individuals to achieve emancipation and become critically aware, autonomous citizens, capable of understanding and participating in the world they live in.
Reform-minded neo-liberal enthusiasts claim, with equal strength, that educational institutions would benefit if work organizations and civil society were to play a more active role in education. They argue that the education system has contributed to economic decline and to the deterioration of school learning calling for a radical change of direction and policy. Contextualized learning, or ‘learning by doing’, is not only more effective, but also improves achievement and increases motivation.
The need to improve education and training effectiveness has led to an expansion of work-based learning (WBL), Initial Vocational Education and Training (IVET) programs. In Portugal, IVET, at the post-compulsory level, is a complex scenario. Although multiple forms of IVET co-exist at the post-compulsory level, the Dual Apprenticeship system (DAS) – in which employers and trade unions a key role in all dimensions - represents the only genuine WBL IVET opportunity available.
Despite the strong level of employability and real-world learning, it is perplexingly difficult to persuade the stakeholders in education about the value of the IVET DAS. Many within the regular school system have a poor understanding of what it is or how it works. It remains an obscure alternative out-of-school pathway. The number of those taking part in the Portuguese DAS has been decreasing and finding employers willing to participate remains difficult, leading some to question the sustainability of this alternative IVET WBL system
This presentation – which draws upon an ongoing doctoral research effort - offers a historical overview and critical assessment of key underlying features of the Portuguese IVET DAS. The aim is to provide a deeper understanding of this obscure alternative IVET pathway that has, over the course of almost three decades, engaged thousands of participants and employers nationwide in the only genuinely WBL, out-of-school initiative that has ever existed in Portugal.
- ARAÚJO, Marcelo Machado

- TORRES, Leonor Lima

Nome:
Marcelo Machado de Araújo
Afiliação institucional:
FLUP - Licenciatura Sociologia
Escola de Economia e Gestão - UM (Mestrado em GRH)
Instituto de Educação - UM (programa de doutoramento em Sociologia da Educação)
Area de formação:
Sociologia da Educação
Interesses de investigação:
Sociologia da Educação, GRH, Orientação Vocacional e Sociologia do Trabalho e das Organizações
LEONOR LIMA TORRES, PhD
Professora Associada / Associate Professor
Departº. de Ciências Sociais da Educação
Department of Social Sciences of Education
Instituto de Educação / Institute of Education
Universidade do Minho / University of Minho
CAMPUS DE GUALTAR, 4710-057 BRAGA - Portugal
Email: leonort@ie.uminho.pt
Telef.: 253 604660/604279
Fax.: 253 604250
PAP0631 - Património e Identidade: Vila Planalto nos bastidores de Brasília.
O processo de formação de Brasília, no Distrito Federal brasileiro, é analisado a partir de Vila Planalto. Trata-se de um antigo acampamento pioneiro, instalado de maneira provisória para construção da nova capital nacional. Este espaço permaneceu ilegal durante mais de 30 anos e foi posteriormente reconhecido como patrimônio do Distrito Federal, em função de seu papel como testemunho dos primórdios da cidade. As questões do direito à moradia, do direito à história e do direito à memória são igualmente estudadas neste contexto.
- COÊLHO, Christiane Machado

- Nome: Christiane Machado Coêlho
- Afiliação Institucional: Universidade de Brasília (UnB) e Centro de Investigações e Estudos em Sociologia (CIES).
- Área da Formação: Sociologia.
- Interesse de Investigação: Sociologia Urbana e Mobilizações Transnacionais.
Chrisitane Coêlho é formada pela Universidade de Brasília (UnB-Brasília), Mestre e Doutora pela Ecole des Etudes en Sciences Sociales (EHESS- Paris, França) sob direcção dos Profs. Serge Moscovici e Robert Castel respectivamente. Realizou seu pos-doutoramento no Centro de Estudos e Investigação em Sociologia (CIES, Lisboa) sob a direcção do Prof. Antonio Firmino da Costa. Professora Adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB-Brasília) e investigadora associada do Centro de Estudos e Investigação em Sociologia (CIES, Lisboa), tem se consagrado aos estudos na área da Sociologia Urbana, particularmente aos estudos sobre movimentos sociais, mobilizações transnacionais e processos de reconhecimento e legitimação de espaços pioneiros em Brasília e da emigração brasileira no plano internacional.
PAP0797 - Patriotismo cego na Europa: a acção colectiva ao serviço de uma estratégia nacionalista - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
O fenómeno político que designamos de “patriotismo” não assume maior relevância na análise política e social dos dias de hoje, contudo não podemos deixar de o referenciar sempre que este reaparece, especialmente em momentos de crise económica como aquele que vivemos actualmente. O patriotismo confunde-se frequentemente com o fenómeno do nacionalismo, embora o primeiro expresse uma natureza política e realize uma função psicológica que em nada se confunde com manifestações próprias que caracterizam o nacionalismo pré-moderno ou moderno. Se por um lado, o patriotismo poderá corresponder a uma versão sui generis de um nacionalismo político pelo facto de se definir pela lealdade a uma comunidade política; por outro lado, o patriotismo difere claramente do nacionalismo ao não condicionar a natureza da organização política e cultural de um grupo. Para além desta distinção, o patriotismo desempenha igualmente funções de utilidade, apelando à coesão social e instigando à mobilização do grupo enquanto condições essenciais à sobrevivência do mesmo, podendo este constituir-se como um bando, uma tribo, um estado-nação, uma região ou um império, nesta conjugação única entre “nação” e “estado”. Em conclusão, poder-se-á afirmar que o patriotismo realiza-se em “momentos” de consciência colectiva que decorrem de uma referência positiva ou negativa da identidade colectiva, por referência a um determinado contexto, que irá despertar o comportamento do grupo no cumprimento de objectivos consensuais de modo a assegurar a sobrevivência do grupo enquanto comunidade política. Partindo do contributo teórico de Émile Durkheim na formulação do conceito de “nacionalidade” e articulando-o com um conceito teórico de “patriotismo cego” (Parker, C.S, 2010), nesta comunicação iremos tentar demonstrar como o partido nacionalista democrático Belga, o N-VA, conseguiu desde 2005 utilizar uma referência negativa da identidade Flamenga, no contexto institucional Europeu, no auge da crise económica internacional, para merecer o apoio incondicional dos agentes políticos e económicos da Flandres de modo a realizar propósitos nacionalistas.
- ANTUNES, Sandrina Ferreira
PAP0368 - Patroas e Empregadas Domésticas em Campos dos Goytacazes: uma relação delicada
O presente trabalho pretende examinar as relações de amizade e conflito entre patroas e empregadas domésticas na cidade de Campos dos Goytacazes, buscando analisar o discurso das patroas e das empregadas e identificar nessas relações, questões ligadas à dominação de classe, raça e gênero, visto que, é muito comum o discurso de que a empregada doméstica “faz parte da família”.Por conta de uma construção cultural cria-se uma dimensão de inferioridade do trabalho doméstico e também às pessoas que o desempenham. É necessário considerar que a maioria das pessoas que exercem essa atividade são mulheres que não possuem nenhuma ou pouca instrução. Fato que leva alguns estudiosos, como por exemplo, Pedro Demo a considerá-lo um subemprego crônico, que abriga prestadoras de serviço num processo que ele denomina de “inclusão excludente” . O que leva uma mulher a desempenhar atividades em outro núcleo familiar é a desigualdade social que existe entre elas.A relação de dominação-subordinação existente nesse caso justapõe pessoas de classes sociais diferentes o que faz com que essa relação seja violenta e injusta. Porém, esse controle pode se romper vez e outra por causa de conflitos que podem ir dos mais simples aos mais complicados, envolvendo patroas e empregadas.
Assim, esse tipo de postura, incentiva-nos a investigar como se dá a relação entre patroas e empregadas buscando compreender as relações de amizade e as relações de conflito. A relação de trabalho que se impõem permite uma amizade entre as partes? Em que situações se instalariam o conflito?
- SILVA, Marusa Bocafoli da
- FRANCISCO, Renata de Souza
PAP0777 - Pela mão das crianças: metodologias em construção
O referencial recente dos estudos sociais da infância, em que as crianças são vistas como actores competentes que contribuem activamente para a produção do seu contexto envolvente e lhe atribuem significado, tem uma tradução metodológica na investigação: dar-lhes voz é uma prioridade, na medida em que elas possuem uma perspectiva única acerca da sua condição de vida. Neste âmbito, tem-se assistido ao desenvolvimento de pesquisas e métodos inovadores de carácter inclusivo e participativo de forma a conseguir captar as experiências, perspectivas e interpretações das crianças. Estas metodologias mais centradas na criança têm-se mostrado fundamentais e úteis na investigação com e sobre a infância.
Assim, e com referência a uma etapa do projecto “Crianças e Internet”, a decorrer no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian), pretende-se nesta comunicação apresentar uma reflexão crítica a propósito da utilização de metodologias qualitativas de cariz etnográfico. As mesmas representam uma contribuição complementar e adicional aos resultados obtidos nas fases anteriores do projecto, que envolveram a aplicação de um inquérito por questionário e a realização de entrevistas, e procuram ultrapassar algumas limitações que aquelas abordagens “convencionais” evidenciaram junto das crianças e jovens. O recurso a metodologias qualitativas mais minoritárias, por exemplo os “métodos visuais”, justifica-se também pela natureza da temática em estudo, centrada nos usos e representações infantis da internet em casa.
Foram estudadas 30 crianças residentes na Área Metropolitana de Lisboa, provenientes de meios sociais distintos, entre os 10 e os 15 anos de idade. Optou-se pela combinação de múltiplas técnicas: observação em casa e “visita guiada” ao cenário tecnológico doméstico; recolha e interpretação de print-screens e fotografias tiradas pelas crianças sobre as suas actividades no computador e na internet; realização de focus-groups onde as informações individualmente recolhidas são postas à discussão do grupo. O objectivo principal da comunicação é portanto, a partir destes resultados, explorar e apresentar as principais potencialidades e obstáculos das técnicas utilizadas, não esquecendo os dilemas éticos que se lhes associam.
- ALMEIDA, Ana Nunes de

- CARVALHO, Diana
- DELICADO, Ana

- ALVES, Nuno de Almeida
Ana Nunes de Almeida, socióloga, investigadora coordenadora do Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa; Pró-Reitora na mesma Universidade, com o pelouro da Garantia da Qualidade e o do Observatório dos Percursos dos Estudantes. Objectos científicos preferidos: família, trabalho e fecundidade; escola, ensino superior e trajectórias dos estudantes; a infância, as crianças e a internet.
Publicações mais recentes:
Almeida, Ana Nunes de, Delicado, Ana e Alves, Nuno de Almeida, Carvalho, Tiago (2012) “Children and digital diversity: from ‘unguided rookies’ to ‘self-reliant cybernauts’, Childhood, 19(2), pp. 219-234 (doi: 10.1177/090756821140897)
Almeida, Ana Nunes de e Vieira, M. Manuel (2012). “From university to diversity: the making of Portuguese Higher Education” in Guy Neave e A. Amaral (eds). Higher Education in Portugal, 1974-2009. A Nation, a Generation. London, NYork: Springer, pp.137-160
Almeida, Ana Nunes de (coord) (2011). História da Vida Privada, vol IV (coordenação geral da obra de J. Mattoso). Lisboa: Círculo dos Leitores
Almeida, Ana Nunes de (2009). Para uma sociologia da infância. Lisboa: ICS.
Ana Delicado é investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Socióloga, licenciada pela FCSH-UNL, mestre e doutorada pela Universidade de Lisboa. Foi investigadora do Observatório das Ciências e Tecnologias (Ministério da Ciência e Tecnologia) e do Institute for Prospective Technological Studies (Joint Research Centre - European Commission).
Trabalha principalmente na área dos estudos sociais da ciência. Já desenvolveu investigação sobre organizações não governamentais e voluntariado, riscos ambientais, museus de ciência e cultura científica e mobilidade internacional dos cientistas. Coordena atualmente projectos sobre associações científicas e sobre energias renováveis. Participa ainda em outros projectos sobre o uso da internet pelas crianças, sobre erosão costeira, sobre energia nuclear e sobre alterações climáticas.
É autora de um livro, "A musealização da ciência em Portugal" (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian), que recebeu o Prémio de Investigação em Museologia da APOM Associação Portuguesa de Museologia, co-autora de outros dois livros e tem publicados 14 capítulos de livros e 20 artigos em revistas científicas nacionais e internacionais.
PAP0435 - Pensar a (des)centralização e autonomia das escolas na Europa: o papel da avaliação na redistribuição de competências
Nas últimas décadas, reformas de (des)centralização dos sistemas educativos e autonomia das escolas multiplicaram-se em diversos países europeus. Assumindo contornos e significados distintos, essas progressivas redefinições de competências entre actores educativos tornaram inoperante a clássica distinção entre sistemas centralizados e descentralizados proposta por Archer (1979).
O papel da avaliação em todas as dimensões das políticas educativas e respectivos actores permite-nos compreender o significado dessas transformações na organização dos sistemas educativos. O conceito de “Estado Avaliador” permitiu a Broadfoot (1996) – no seguimento do trabalho de Neave (1989) – encontrar o elemento comum nas respostas diferenciadas dos sistemas educativos inglês e francês. Num projecto de investigação mais recente, Maroy (2004) examinou igualmente a convergência das políticas educativas europeias para “modelos pós-burocráticos de regulação” à luz desse conceito, ao qual associou o de “Quase-Mercado”.
A presente proposta de comunicação procura reflectir sobre os novos arranjos institucionais, o tipo de actores envolvidos nos processos de tomada de decisão, a sua relação e o tipo de competências (des)centralizadas no espaço da União Europeia. Mais precisamente, visa identificar elementos comuns que possam ser explicados com referência ao papel da avaliação na repartição de competências (Normand e Derouet, 2011). Simultaneamente, a construção de uma tipologia permitirá caracterizar os principais padrões de configuração de relações e competências dos actores educativos, examinando como grupos de países mediatizam, de forma particular, essas orientações comuns (Van Haecht, 1998).
Para proceder à análise comparada – que contribuirá para melhor compreender e situar as transformações do sistema educativo português –, mobilizaremos um conjunto de dados disponíveis em fontes secundárias (OCDE, Eurydice). A leitura dos dados estatísticos e a construção da tipologia terá igualmente em conta estudos sociológicos realizados sobre a questão.
A discussão sobre a articulação entre os elementos de convergência das medidas de política educativa e as respostas diferenciadas dos sistemas educativos será complementada, para concluir, por uma primeira consideração dos efeitos destas medidas, através de uma leitura de estudos empíricos.
- BATISTA, Susana

Susana Paiva Moreira Batista é bolseira de doutoramento da FCT desde
Abril 2011 e colaboradora do CESNOVA no âmbito do Projeto “ESCXEL”. É
licenciada e mestre em Sociologia pela FCSH-UNL, especialização em
“Políticas Públicas e Desigualdades Sociais”. Atualmente, os seus
principais interesses de investigação estão relacionados com Políticas
Educativas, Análise comparada e inserção profissional de diplomados.
PAP1187 - Pensar a vida: desafios e estratégias metodológicas na análise da reflexividade individual
O conceito de reflexividade tem vindo a ser particularmente mobilizado na produção sociológica das últimas duas décadas. O recurso a esta noção enquadra-se geralmente na referência a processos de transformação das sociedades contemporâneas que têm implicações nas vivências quotidianas dos indivíduos. Mas a utilização deste conceito tende a remeter muitas vezes para dinâmicas sociais implícitas, assumidas como parte integrante das existências contemporâneas, sem que a complexidade da noção de reflexividade seja decomposta e explicitada. Na realidade, pouco tem sido feito no sentido de compreender a forma como operam os processos através dos quais as pessoas reflectem sobre si mesmas, tendo em consideração as suas circunstâncias sociais. À frequente utilização da noção de reflexividade nem sempre tem correspondido um debate aprofundado e a aplicação de estratégias operatórias de análise do conceito. Como estudar empiricamente modos de pensar, ponderar, deliberar e decidir? Como aceder e tornar visíveis processos sociais internos, frequentemente circunscritos à privacidade mental de cada pessoa? A prossecução deste tipo de investigação coloca um conjunto relevante de problemas de cariz teórico, operatório e metodológico que têm de ser devidamente considerados. O objectivo desta comunicação passa por reflectir especificamente sobre os desafios metodológicos da análise do conceito de reflexividade. A apresentação enquadra-se numa investigação de doutoramento, em curso, cujo foco analítico se direcciona para os processos e mecanismos de constituição, desenvolvimento e accionamento da reflexividade individual. O dispositivo metodológico desenvolvido neste âmbito centra-se na realização de entrevistas biográficas, que têm lugar em mais do que uma sessão, a um conjunto socialmente diversificado de pessoas. É discutida a abordagem biográfica como estratégia privilegiada para aceder aos mecanismos sociais de reflexividade. A comunicação incide em particular na reflexão sobre o papel desempenhado por parâmetros do dispositivo metodológico, como sejam o guião, a segmentação das entrevistas em mais do que uma sessão, os espaços onde as mesmas decorrem e a relação entre investigadora e entrevistadas/os.
- CAETANO, Ana

Ana Caetano é licenciada em Sociologia pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), instituição onde completou também a pós-graduação em Análise de Dados em Ciências Sociais, e onde frequenta actualmente o Programa de Doutoramento em Sociologia. É assistente de investigação no CIES-IUL e bolseira de doutoramento pela FCT. Tem vindo a trabalhar sobre as temáticas da reflexividade individual, estudantes do ensino superior e articulação entre trabalho e vida familiar.
PAP0100 - Pentecostalism Arriving in Portugal: the case of the Brazilian (evangelical) immigrants and missionaries.
The phenomena of globalization and important transcontinental migratory waves cause significant social, economic, cultural and identity changes. One of the principal consequences of this migration process is that contemporary societies are changing faster and becoming more diverse in their ethnic, cultural and religious characteristics.
The transcontinental migration process has been extremely important in the creation, expansion, diffusion and globalization of both traditional religions and new religious movements. Within the latter category, one can especially mention movements related to Pentecostalism.
In the specific case of Portugal, following the Revolution of 1974 a steadily increasing number of immigrants have come to Portugal primarily from its former colonies in Africa and Asia, but later from Eastern Europe and Brazil. The immigrants of different ethnic origins have brought with them a variety of religious traditions.
Although historically Catholic, contemporary Portuguese society is becoming increasingly pluralistic in its ethnic, cultural and religious dimensions. This diversity is due both to the process of democratization and to the considerable flow of immigrants. The result has been a significant increase in the ‘market of symbolic goods’, with an important role falling to Brazilian evangelical churches.
Considering the enormous importance of ethnic and religious changes at the global level, this paper discusses the new religious minorities in Portugal in the context both of immigration and of religious proselytization. It then focuses especially on the Brazilian evangelical churches which seek to proselytize not only Brazilians and other ethnic minorities, but also Portuguese Catholics and Roma.
- RODRIGUES, Donizete
- FRESTON, Paul
PAP1495 - Pequenos e Grandes Dias. Os Rituais na Construção da Família Contemporânea
Nesta comunicação sintetizamos os principais resultados de uma tese de doutoramento (2011) onde procurámos questionar e discutir o alcance das teorias da desinstitucionalização, individualização e risco enquanto chave explicativa para a compreensão do que é, hoje, a família.Quando aplicadas à família, as teses da desinstitucionalização, individualização e risco desenham um cenário de instabilidade, diluição, fragilidade ou até mesmo desaparecimento (Brannen e Nielsen, 2005). A partir do indivíduo colocam a ênfase no «casal flutuante», na «relação» ou nos «estilos de vida», por oposição a «velhas» categorias sociológicas, agora adjectivadas de «incrustadas» (Giddens, 2000 [1999]: 63), «zombie» (Beck e Beck-Gernsheim, 2002: 204) ou «líquida» (Bauman, 1999). Em alternativa, questionámo-nos sobre o que constrói uma família mais do que aquilo que a torna «efémera», «fluida» e «frágil». Na esteira de David Morgan, conceptualizámos as famílias não por aquilo «que são» ou «para que servem», mas «pelo que fazem». Das várias portas de entrada possíveis escolhemos as «práticas familiares» (Morgan 1996, 1999), especificamente o conjunto das que se enquadram numa categoria maior: os rituais familiares (Bossard e Boll, 1950; Wolin e Bennett, 1984). A opção por «fixar» a família a partir dos rituais, isto é, das práticas que empreendem, combinada com uma abordagem metodológica qualitativa, intensiva e em profundidade permitiu estabelecer e desenvolver o argumento principal desta tese, o de que as teorias da desinstitucionalização, individualização e risco são insuficientes para a compreensão do que é, hoje, a família, e que é necessária uma abordagem mais texturada (Smart, 2005; 2008) que permita captar o seu significado enquanto espaço simultaneamente físico, relacional e simbólico (Saraceno, 1997 [1988]). Por um lado, concluímos que a família, enquanto realidade sociológica, faz os rituais. A um mesmo tempo, estruturas e dinâmicas familiares, contextos sociais de pertença e dinâmicas de género contribuem para definir, moldar e estruturar a constelação de práticas adjectivadas como especiais. Por outro lado, os rituais são também um lugar de construção da família, já que pela conjugação das coordenadas tempo, espaço e emoção servem o propósito de afirmar a suspensão da realidade que as famílias enfrentam: um tempo escasso, um espaço avulso e fragmentado, e uma acção que obriga mais à injunção que à reflexão. Simultaneamente, ajudam a construir o seu oposto: um tempo e espaço especial, atravessado pela sentimentalização e emoção. A força da imagem da família enquanto espaço simbólico radica, assim, no irreal e na efemeridade do «ser família» que os rituais encerram. Em suma, o ritual suspende as divergências e produz um sentido de unidade, também na família, tese que vem confirmar a actualidade de Durkheim no ano em que se assinala o centenário de As Formas Elementares da Vida Religiosa (1912).
- COSTA, Rosalina Pisco

Rosalina Pisco Costa é professora auxiliar na Universidade de Évora e investigadora no CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade. É licenciada e mestre em Sociologia na área de especialização ‘Família e População’ pela Universidade de Évora. Em 2011, depois de ter sido bolseira FCT, Gulbenkian e Visiting Student no Morgan Centre for the Study of Relationships and Personal Life da Universidade de Manchester, concluiu o Doutoramento em Ciências Sociais (Sociologia) no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), com a tese Pequenos e Grandes Dias: Os Rituais na Construção da Família Contemporânea. As suas principais áreas de interesse, investigação e publicação são a família e vida pessoal; tempo social e idades da vida; e, mais recentemente, as questões da ritualização, consumo, memória e imaginário, aplicadas às representações, discursos e práticas n(d)a família contemporânea.
PAP0633 - Percepções do risco de terrorismo: a influência dos media e do conhecimento
A análise das percepções individuais de risco é complexa, dado que é determinada por factores psicológicos, sociais, demográficos e também geográficos. Uma quantidade considerável de estudos recentes realça a importância de se estudarem as percepções individuais pois, elas ajudam a compreender o modo como as pessoas reagem e respondem a ameaças, sendo úteis para a implementação de políticas de segurança e planos de emergência. Embora na maioria dos países exista um sentimento generalizado de que existe risco de um ataque terrorista, será que o público o considera baixo ou elevado? A percepção do risco depende do nível de conhecimento, da idade ou da cultura? E qual a influência dos media?
Esta comunicação tem por finalidade contribuir para responder às questões acima expostas, apresentando um breve survey sobre as percepções do risco de terrorismo e elaborando um estudo empírico exploratório preliminar para Portugal. Pretende verificar algumas hipótese relativas à influência dos seguintes factores: a) os media; b) o conhecimento e/ou opinião especializada por contraste ao público em geral.
(Em Inglês - Abstract)
Perceptions of the risk of terrorism: the influence of the media and knowledge
The risk of terrorism represents a big challenge for governments as it is not enough to keep people safe but they also must feel safe and this has to do with perceptions of the threat.
The analysis of the individual perceptions of risk is complex given their psychological, social, economic, demographic and also geographic determinants. A considerable amount of recent studies highlight the importance of studying individual perceptions as they help understanding how people react and respond to threats, being useful for the implementation of security policies and emergency plans.
Although in most countries, there is a generalized feeling that there is risk from a terrorist attack, does the public perceive it as being small, considerable or high? Does risk perception depend on the level of education, on age and on culture? And the influence of media?
This paper aims at contributing to provide an answer to the above stated questions presenting a brief survey of the literature on perceptions of terrorism and providing a preliminary and exploratory empirical test for Portugal. It verifies some hypothesis relating to the influence on perceptions of the following factors: a) the media; b) knowledge an/or expert opinion as opposed to the layman.
- BRAVO, Ana Bela Santos

Ana Bela Santos Bravo, Doutorada em Economia pela Univ. de York, 1989
Prof. Cat. Economia e Adm Militar
Depart C. Soc.Humanas daAcademia Militar
Áreas de investigação: Economia Política, Finanças e Administração Públicas, Economia da Defesa
PAP0108 - Percepções face à discriminação por parte dos Imigrantes na Área Metropolitana de Lisboa: elementos de comparação entre dois concelhos
Em Portugal, os estudos sobre a discriminação face aos imigrantes concentram-se quase que exclusivamente, ora sobre a população autóctone, ora sobre a população estrangeira. Os primeiros têm privilegiado o uso de metodologias quantitativas/extensivas, enquanto os segundos revelam uma preferência bem clara por metodologias qualitativas/intensivas, focalizando-se em segmentos específicos da população (jovens ou imigrantes de uma dada nacionalidade). Assim, há poucos estudos longitudinais, assim como aqueles em que a população imigrante é extensamente estudada, abrangendo imigrantes de diversas origens nacionais.
É nosso objectivo discutir e comparar alguns dos resultados derivados de uma pesquisa de pendor dominantemente quantitativo em que se utilizou a técnica do inquérito por questionário a imigrantes residentes em dois municípios da Área Metropolitana de Lisboa com histórias locais de imigração bem distintas: Oeiras e Sesimbra, tendo-se inquirido 840 imigrantes (422 em Oeiras e 418 em Sesimbra).
Tendo como enfoque de análise a discriminação percepcionada/percebida definida como “a group member’s subjective perception of unfair treatment of ethnic groups or members of such groups, based on racial prejudice and ethnocentrism.” (Neto: 2006, 90) questionou-se os imigrantes se alguma vez se tinham sido discriminados por motivos étnico-raciais, tendo-se constatado que mais de 40% dos imigrantes já tinham sido discriminados pelo menos uma vez, desde que se fixaram em Portugal.
Com esta comunicação pretende-se discutir de forma comparada os principais preditores relacionados com a discriminação percepcionada/percebida (i) sócio-demográficos, (ii) contacto com a população autóctone e (iii) aculturação/proximidade cultural pelos imigrantes residentes nos 2 concelhos.
- MENDES, Maria Manuela

- CANDEIAS, Pedro

Maria Manuela Mendes
Maria Manuela Mendes é licenciada e mestre em sociologia (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) e doutora em ciências sociais (Instituto de Ciências sociais da Universidade de Lisboa). É docente na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FA-UTL) e investigadora no CIES, ISCTE – IUL desde 2008 nas áreas da etnicidade, imigração, exclusão social, desenvolvimento local, realojamento e territórios desqualificados. Publicou em 2005 o livro Nós, os Ciganos e os Outros: etnicidade e exclusão social.
Mais recentemente em 2012 e 2010, respectivamente, publicou as obras: Identidades, Racismo e Discriminação: Ciganos da Área Metropolitana de Lisboa, Caleidoscópio, Lisboa e Imigração, identidades e discriminação: imigrantes russos e ucranianos na área Metropolitana de Lisboa, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
Interesses de investigação: migrações, etnicidade, cidade e diversidade cultural, exclusão sócio-espacial.
Pedro Candeias. Licenciado em Sociologia no ISCTE em 2008, mestrando em Sociologia na mesma instituição. Assistente de investigação no CIES-IUL (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia - Instituto Universitário de Lisboa) desde 2009. Principais áreas de investigação: migrações, tolerância social e reinserção social.
PAP0853 - Percepções sobre a eficácia e a pertinência da Mediação de Conflitos no âmbito dos Julgados de Paz em Portugal
A comunicação apresenta uma investigação em curso na área da mediação de conflitos, na qual se procura relacionar o conhecimento e a prática de vários operadores da justiça no âmbito dos Julgados de Paz.
A actuação dos Julgados de Paz está vocacionada para permitir a participação cívica dos interessados e para estimular a justa composição dos litígios por acordo das partes. Os procedimentos estão orientados por princípios de simplicidade, adequação, informalidade, oralidade e absoluta economia processual. São tribunais com características especiais, competentes para resolver causas de valor reduzido de natureza cível, excluindo as que envolvam matérias de Direito de Família, Direito das Sucessões e Direito do Trabalho.
Cada Julgado de Paz possui um serviço de mediação, de acesso totalmente voluntário, constituindo uma forma de desmaterialização da justiça e de proximidade ao cidadão, cujas características apontam no sentido de celeridade na resolução das contendas, informalidade e baixo custo.
Esse serviço de mediação tem como principal objectivo proporcionar às partes a possibilidade de resolverem as suas divergências de forma amigável e concertada, sendo o papel do mediador o de conduzir a mediação em cooperação com as partes, de forma a que esta se conclua em prazo adequado à natureza e complexidade do litígio em causa. Esta intervenção é feita com recurso a técnicas específicas próprias da mediação.
Verifica-se a importância do mediador, cuja intervenção se pauta por critérios integradores, em que as partes assumem o papel de protagonistas na construção da sua realidade, promovendo-se uma atitude de cooperação entre as elas e a busca dos seus interesses.
O objectivo principal da investigação consiste em identificar e analisar as percepções de vários “actores da justiça” sobre a mais-valia, a pertinência e a eficácia da mediação como forma alternativa na resolução dos litígios.
Os objectivos específicos passam por identificar as percepções dos sujeitos da amostra seleccionada (advogados sem formação em mediação, advogados sem formação em mediação, mas que já nela participaram acompanhando os seus clientes, advogados que simultaneamente sejam mediadores nos Julgados de Paz e Juízes de Paz) quanto às características dos mediadores com vista ao êxito da mediação; identificar as percepções desses mesmos sujeitos em relação à pertinência da mediação como meio alternativo na resolução das contendas; e identificar as percepções dos mesmos quanto ao modus operandi dos Julgados de Paz.
Aposta-se na complementaridade dos métodos quantitativo e qualitativo, que se consubstancia na aplicação, respectivamente, de um questionário de elaboração própria para o efeito e na aplicação de um guião de entrevista semi-estruturada.
- GUERRA, Lurdes
- CUNHA, Pedro

Pedro Cunha
Pós-Doutorado em Psicologia na USC, sob orientação dos Profs. Doutores Gonzalo Serrano (Espanha) e Jorge Correia Jesuíno (Portugal). Doutor em Psicologia pela USC (bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia), Licenciado em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela FEP da Universidade Católica e Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, possui Certificado de Mediador de Conflitos e Mediador Familiar.
Director da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (2001-2004), na qual é Professor Associado com Agregação. Docente convidado da FEP – Faculdade de Economia e na EGP/Business School da Universidade do Porto. Os seus interesses de investigação direccionam-se prioritariamente para as áreas de gestão de conflitos, negociação e mediação.
PAP0310 - Percepções sociais do Direito: a utilização da linguagem jurídica na construção da “narrativa” da crise económica
A presente comunicação é uma reflexão do papel do Direito e dos seus limites nas sociedades contemporâneas, com ilustrações de uma pesquisa empírica desenvolvida em tese de doutoramento, sobre a liberalização da rádio em Portugal.
O Direito pode ser entendido como uma garantia de equilíbrio na organização da vida social contemporânea, contribuindo para a estabilização das expectativas dos cidadãos face aos poderes políticos e económicos.
Gunther Teubner (1989) considera que a autonomia social do direito pode ser problemática quando estamos perante vários sistemas autopoiéticos, questionando-se como pode o direito intervir nos sistemas a regular? Com esta comunicação pretendemos abordar esta questão. Para tal utilizamos um conjunto de notícias e de artigos de opinião que abordam precisamente as questões dos “direitos” e a sua relação com a crise económica.
Nos media, lemos e ouvimos expressões como: “direitos dos accionistas”; “direitos adquiridos” quando se trata de apresentar e explicar o tratamento diferenciado que certos sectores, como a banca, a política e a direcção de empresas públicas, recebem em detrimento de outros grupos e classes profissionais. Nestes casos, o recurso à justiça e aos tribunais é equacionado como forma de garantir o direito, seja junto da ordem jurídica nacional como da ordem jurídica europeia. Um dos casos mais recentes é o da recapitalização da banca nacional. Os principais banqueiros portugueses, reunidos na Associação Portuguesa de Bancos escreveram uma carta ao comissário europeu dos Assuntos Económicos , Olli Rehn, onde afirmam que estão a ser postos em causa, ‘direitos, liberdades e garantias’ comparando o processo de recapitalização a uma nacionalização forçada.
Ainda através dos media, recebemos notícias do possível fim do direito ao subsídio de desemprego ; do passe social; do corte nos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos. Estas notícias são construídas de acordo com uma “narrativa”, onde se encontram expressões como: “viver acima das possibilidades”; “maior justiça na repartição de subsídios”; “esforço para todos os portugueses”; “restaurar a confiança dos mercados”; “pagar a factura” e que tentam reflectir uma ideia comum de que os direitos sociais que caracterizam o Estado Social tem de ser reequacionados ou mesmo excluídos para dar resposta à crise económica.
A presente comunicação pretende reflectir sobre as formas como o Direito é abordado consoante os interlocutores, apontando as várias desigualdades e a falta de resposta que os cidadãos em geral e, os grupos sociais com menos recursos económicos, políticos e culturais encontram no Direito, em comparação com os grupos sociais detentores de maiores recursos.
- SANTOS, Susana
PAP0638 - Perceção da imagem corporal: um estudo realizado com adolescentes de ambos os géneros na Escola Secundária de Estarreja
A perceção que temos do nosso corpo possui normas de referência que variam consoante o contexto social e os padrões de cultura de cada grupo. Em investigações sobre a imagem corporal importa considerar a associação entre a imagem corporal percecionada e a constituição morfológica real, isto é, considerar não só o que o indivíduo é, em termos antropométricos, mas também aquilo que ele pensa parecer, em termos percetivos. Através deste estudo, realizado com adolescentes de ambos os géneros e com Índice de Massa Corporal (IMC) variado, procurámos interpretar a perceção da imagem corporal e a importância da Atividade Física (AF) desenvolvida na aula de Educação Física (EF) nessa perceção. Numa primeira fase selecionamos todos os alunos com 16 anos da Escola Secundária de Estarreja. Como critério de seleção óptamos também por excluir alunos que praticassem atividade física extracurricular. Posteriormente procedeu-se à recolha de medições antropométricas que permitiram calcular o IMC de todos estes alunos. Após estas medições, foram selecionados 12 alunos (2 rapazes e 2 raparigas com baixo peso, 2 rapazes e 2 raparigas com peso normal e 2 rapazes e 2 raparigas com excesso de peso). Para analisar a perceção da imagem corporal e importância da AF na perceção dessa mesma imagem, recorreu-se a uma entrevista semiestruturada. Os dados recolhidos, depois de transcritos verbatim, foram submetidos à técnica de análise de conteúdo. Independentemente do género e do IMC, o corpo ideal feminino é magro, alto, bonito e jovem, enquanto que o masculino é um corpo musculado, tonificado e alto. Em relação ao “outro”, o género masculino valoriza os atributos interiores (características da personalidade) do género oposto, o que poderá potenciar a construção de uma imagem negativa do corpo feminino. Contrariamente, as raparigas atribuem maior valor à aparência física. Do discurso dos nossos entrevistados, verificamos que ambos os géneros procuram na AF desenvolvida na aula de EF, uma forma de se sentirem bem com o seu corpo, quer com o objetivo de melhorarem a aparência corporal através da perda de peso, (mais significativo no género feminino) quer para aumentar a massa muscular (mais frequente no género masculino).
- PINHEIRO, Claudia
- MARQUES, Jeanette
- PIMENTA, Nuno
PAP0730 - Perceções e práticas de docentes do ensino superior em relação à fraude académica
De que modo os professores do ensino superior percecionam a fraude académica, a sua gravidade, a sua frequência, e quais consideram ser os principais motivos e possíveis inibidores da fraude? Quais as variáveis sociográficas e de trajetória profissional que determinam diferentes percepções e atitudes dos professores em relação à fraude académica?
O papel das instituições de ensino superior na promoção de uma cultura de integridade e no desenvolvimento ético dos alunos tem vindo a ser acentuado com as transformações ocorridas nos sistemas de ensino superior e nas sociedades atuais, tendo a formação universitária um papel decisivo na formação de valores e na preparação ética para a profissão. O estudo da ética dos alunos do ensino superior e do contexto que a envolve, designadamente aquele que tem a ver com mecanismos de avaliação, revela-se essencial para compreender o papel da educação formal na estruturação de uma ética pessoal, enquanto fator que antecede e influencia a conduta moral no contexto profissional futuro. Nessa medida, as atitudes dos docentes constituem-se como um eixo fundamental da estruturação dessa ética e da consubstanciação de culturas de fraude.
Os dados relativos aos valores e tolerância dos professores em relação à fraude académica cometida por alunos foram obtidos através de amostra não probabilística com aplicação online de um questionário dirigido a docentes do ensino superior público e privado, de ambos os subsistemas, universitário e politécnico. O questionário avalia um conjunto de dimensões em relação às quais estão a ser igualmente inquiridos alunos do ensino superior, abrindo, nessa perspetica, caminho á confrontação de perceções e atitudes.
- SEIXAS, Ana Maria
- ALMEIDA, Filipa
- GAMA, Paulo
- PEIXOTO, Paulo
- ESTEVES, Denise

Denise Esteves é investigadora júnior do Centro de Estudos Sociais. É antropóloga e mestre em sociologia, pela faculdade de economia da universidade de Coimbra. Integra o projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia intitulado "A ética dos alunos e a tolerância de professores e instituições perante a fraude académica no ensino superior".
PAP1148 - Percursos Estrangeiros no Sistema de Justiça Penal
Área Temática: Imigração, Crime e Reclusão
Em 2006 cerca de 20% da população reclusa em Portugal tinha nacionalidade estrangeira. Nesse mesmo ano, as estimativas oficiais indicavam que a proporção de estrangeiros na população residente em Portugal era de 4%.
O nosso estudo parte daqui. Admitindo que a sobrerrepresentação de estrangeiros residentes em Portugal no sistema de justiça penal e na população prisional pode ter diferentes causas, nomeadamente diferenças no tipo de criminalidade e práticas proactivamente selectivas das instâncias policiais, a investigação realizada centrou-se no momento do processo judicial e, em particular, da sentença condenatória. É neste ponto do sistema de justiça criminal que focamos a observação, tendo como objectivo analisar se e em que medida a sobrerrepresentação de cidadãos estrangeiros residentes em Portugal reflecte discriminação judicial em função da pertença nacional.
Concluímos que a discriminação tem significado no quadro de explicação para a
sobrerrepresentação de estrangeiros no sistema prisional português, mas significado insuficiente para explicar a dimensão do fenómeno observado.
- FONSECA, Graça
PAP0611 - Percursos de excelência escolar na escola pública: novos sentidos para a meritocracia?
Comunicação integrada no Grupo de Trabalho "Entre mais e melhor escola em democracia: inclusão e excelência no sistema escolar português"
Partindo da necessidade de compreender o processo de construção da excelência académica na escola pública, a nossa comunicação elege como principais objetivos o estudo dos percursos escolares e não-escolares dos alunos que integraram um quadro de excelência de uma escola secundária do norte do país e a sua eventual relação com as dinâmicas de distinção académica inscritas no projeto político-pedagógico dessa instituição. Inscrevemos a nossa abordagem no plano de discussão das atuais políticas da democratização da escola pública, procurando problematizar os sentidos que a noção de mérito atualmente recobre, seja por referência às políticas macroestruturais, seja em relação ao entendimento que a instituição dela faz no seu quotidiano educativo, seja a sua interiorização pelos alunos que a corporizaram nos seus percursos escolares. Mobilizaremos, para o efeito, dados recolhidos no âmbito de um projeto de investigação em curso, de natureza intensiva (estudo de caso), provenientes da administração de um inquérito por questionário (n=250), da análise dos processos biográficos dos alunos e de outros documentos estratégicos da escola investigada e da realização de entrevistas a alunos e a professores. Dos resultados já obtidos no âmbito deste projeto e que pretendemos agora aprofundar no decurso desta comunicação, destacamos: i) o número crescente de alunos distinguidos no quadro de excelência observado nos últimos anos; ii) a existência de cerca de 40% de alunos oriundos de famílias cuja escolaridade máxima se situa até ao 9º ano e cujas profissões dos progenitores se encontram no nível intermédio e na base da estrutura social; iii) uma fraca participação destes estudantes na vida organizacional e cultural da escola; iv) um envolvimento diversificado em práticas educativas não-escolares fora da escola; v) um reconhecimento por parte destes alunos do papel da escola e dos professores na obtenção de elevados níveis de desempenho académico; vi) uma cultura de liderança escolar promotora da qualidade e do mérito; vii) a constatação da não concretização de algumas expectativas de ingresso no curso superior desejado. Por fim, recentraremos o nosso debate na tensão enquadradora deste grupo de trabalho (mais escola, melhor escola), procurando dilucidar as dimensões sociológicas e epistemológicas que subjazem ao retorno da noção de mérito no atual panorama educativo.
- TORRES, Leonor Lima

- PALHARES, José Augusto
LEONOR LIMA TORRES, PhD
Professora Associada / Associate Professor
Departº. de Ciências Sociais da Educação
Department of Social Sciences of Education
Instituto de Educação / Institute of Education
Universidade do Minho / University of Minho
CAMPUS DE GUALTAR, 4710-057 BRAGA - Portugal
Email: leonort@ie.uminho.pt
Telef.: 253 604660/604279
Fax.: 253 604250
PAP0198 - Percursos de vida dos adultos: o caso do RVCC
A presente comunicação insere-se no âmbito de uma dissertação de Mestrado de Educação Social, da Universidade do Algarve, intitulada “Vivendo e Aprendendo: a Literacia ao Longo da Vida”. Face aos baixos níveis de alfabetização e de escolaridade, foi criado, em 2001, o Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC). Com a introdução do RVCC, pretende-se incentivar a aprendizagem ao longo da vida, atraindo deste modo, novos públicos, inseridos num sistema cada vez mais flexível, capaz de responder à competitividade do mercado de trabalho existente nos nossos dias. Desta forma, a valorização dos conhecimentos e competências adquiridas através de suas experiências de vida, possibilita aos adultos a oportunidade de obter certificações e qualificações.
O processo de RVCC é, neste sentido, importante e adequado para a vida ativa dos adultos e contribui para o aumento dos níveis de escolaridade da população portuguesa. A participação no processo de RVCC representa um grande desafio e, ao mesmo tempo uma oportunidade de apostar nas qualificações pessoais e profissionais sobre a aprendizagem ao longo da vida.
Tendo como objeto de estudo os percursos de vida dos adultos envolvidos no processo de RVCC, pretende-se analisar e compreender os seus percursos de vida. Para tal recorrer-se-á a metodologias qualitativas, nomeadamente ao método biográfico com o intuito de captar as especificidades dos percursos de vida. Neste contexto, iremos realizar entrevistas biográficas aos adultos envolvidos no processo RVCC, tentando analisar e compreender as experiências de vida destes adultos relativamente ao seu percurso de vida, em termos familiares, escolares e profissionais. As entrevistas biográficas podem dar-nos uma perspectiva global e interpretativa da realidade. Embora existam várias pesquisas no campo do RVCC, a presente investigação pretende ser um contributo importante através de uma reflexão sobre os percursos biográficos dos adultos.
PAP1141 - Percursos e discursos de mulheres de nacionalidade estrangeira nas prisões portuguesas
Área Temática: Imigração, Crime e Reclusão
Parte-se de um estudo sobre mulheres estrangeiras detidas nas prisões Portuguesas(*). Dois argumentos validam o desenvolvimento do estudo: o reconhecimento de Portugal como um país europeu com uma proporção significativa de mulheres entre a população prisional (apesar da tendência decrescente dos últimos anos) e o aumento da proporção de recluso(a)s estrangeiro(a)s no país (Santos & Seabra, 2006; Hostettler & Achermann, 2008). Depois de um primeiro estudo de caracterização sociodemográfica e jurídico penal das mulheres de nacionalidade estrangeira detidas no país (N=186), realizámos entrevistas em profundidade sobre as trajetórias de vida de 43 dessas mulheres. A análise das entrevistas revela que as questões de género e migração são nucleares nas trajetórias de vida consideradas. Revela ainda convergências e divergências entre as narrativas das reclusas em função de serem ou não residentes em Portugal. A partir dos resultados deste estudo reflete-se sobre a reclusão de cidadãos estrangeiros em Portugal, integrando os conceitos de género, migração e criminalidade. (*) Projecto de Investigação financiado pela FCT em protocolo com a CIG (PIHM/VG/0036/2008)
- MATOS, Raquel

Doutorada em Psicologia da Justiça pela Universidade do Minho, apresentando e defendendo publicamente a tese “Vidas Raras de Mulheres Comuns: Percursos de vida, Significações do crime e Construção da identidade em jovens reclusas”, sob orientação da Professora Doutora Carla Machado.
Atualmente é Professora Auxiliar na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Tem desenvolvido investigação sobre criminalidade e reclusão feminina, sendo investigadora responsável do projeto “Trajectórias de Vida de Reclusas Estrangeiras nas Prisões Portuguesas: um estudo sobre crime, violência e relações de género”, financiado pela FCT em protocolo com a CIG (PIHM/VG/0036/2008). Tem também desenvolvido investigação sobre delinquência juvenil, estando a desenvolver, em parceria com instituições de outros países europeus, o projeto “ITACA - Interaction of different subjects Towards A Strategic Common Answer concerning juvenile gangs”, financiado pela Comissão Europeia (JUST/2010/DAP3/AG/1370).
Tem apresentado comunicações em conferências nacionais e internacionais e é autora de artigos científicos e capítulos de livros, nos domínios que tem investigado.
PAP1026 - Percursos laborais dos jovens nos novos sectores de serviços
O abstract que vimos por este meio submeter à apreciação dos coordenadores da Secção Temática “Trabalho, Organizações e Profissões” tem por base o projecto Percursos laborais e de vida dos jovens imigrantes e descendentes de imigrantes nos novos sectores de serviços, o qual resulta de um protocolo SOCIUS / ACIDI.
A existência de uma relação privilegiada entre as diversas formas flexíveis de emprego e os jovens, inseridas nos processos de reestruturação económica à escala global e em estratégias empresariais de acréscimo de competitividade, baseada na redução de custos com a mão-de-obra, é um facto relativamente bem conhecido. A crise actual dificulta ainda mais a transição da escola para a vida profissional e exacerba a vulnerabilidade dos jovens a situações de desemprego e a formas de trabalho precárias. No contexto actual de crise e desregulamentação dos mercados de trabalho fortemente penalizadora da mão-de-obra jovem em geral, levanta preocupações sérias a situação dos imigrantes jovens e daqueles que embora tendo nascido já em Portugal, por razões culturais, possam estar a ser afectados por processos de marginalização e dumping social.
A investigação incidiu sobre a área metropolitana de Lisboa, zona onde há uma maior concentração de imigrantes e, também, de actividades escolhidas para o estudo. Estas dizem respeito ao sector dos serviços, seleccionando, dentro destes, os subsectores portadores das novas tendências de uma economia de serviços avançados ligados às novas tecnologias de informação e comunicação (call centres), novas formas de comércio (centros comerciais) e restauração (nomeadamente fast-food).
Foram realizadas 40 entrevistas semi-estruturadas: 10 a interlocutores privilegiados (dirigentes sindicais, representantes de associações de jovens e de associações de imigrantes) e 30 a jovens de ambos os sexos, com idades entre os 15 e os 29 anos, que trabalham nos subsectores acima mencionados.
A comunicação que propomos terá na sua base a resposta do projecto às seguintes questões: Serão os jovens imigrantes e os descendentes de imigrantes mais afectados do que os “jovens nacionais” por percursos laborais e de vida mais irregulares e problemáticos? Estarão mais sujeitos a situações de desemprego, ao trabalho clandestino e a formas de emprego flexíveis e precarizantes?
Apresentaremos as principais conclusões retiradas das entrevistas, numa perspectiva de confronto entre as opiniões de interlocutores e jovens, e numa análise comparada da situação dos jovens em cada um dos sectores, nomeadamente no que diz respeito ao tipo de funções desempenhadas, horários de trabalho, tipos de contrato, condições de trabalho, remuneração e relações entre colegas e superiores, além das perspectivas futuras destes jovens a nível profissional.
- CERDEIRA, Maria Conceição

- EGREJA, Catarina

- KOVACS, Ilona
Maria da Conceição Santos Cerdeira é licenciada em Sociologia pelo ISCTE e doutorada em Sociologia Económica e das Organizações pelo ISEG-UTL, instituição onde exerceu actividade docente durante cerca de duas décadas. Actualmente é Professora Associada no ISCSP, membro integrado do CAPP e membro associado do SOCIUS. Participou na elaboração do Livro Verde das Relações Laborais e integrou a Comissão do Livro Branco das Relações Laborais. Isoladamente ou em co-autoria publicou algumas dezenas de obras, destacando-se, entre as últimas (com J. Dias): “Trade Union Strategies, Precariousness and Sustainable Development: an Analysis of the Portuguese Case”, in Garibaldo, Francesco / Yi, Dinghong (eds.), (20012), Labour and Sustainable Development North-South Perspectives, Frankfurt am Main, Berlin, Bern, Bruxelles, New York, Oxford, Wien: Peter Lang International Academic Publishers, pp. 219-236.
Catarina Egreja, licenciada em Sociologia e Mestre em Economia Social e Solidária, pelo ISCTE-IUL. Tem colaborado em variados projectos em diferentes centros de investigação, encontrando-se actualmente no IN+ (Centro de Estudos em Inovação, Tecnologias e Políticas de Desenvolvimento), do Instituto Superior Técnico. A sua principal área de investigação tem sido a Imigração.
PAP0205 - Perfis de empreendedorismo social: pistas de reflexão a partir de organizações do terceiro sector nacionais
A temática do empreendedorismo social emergiu
nos debates teóricos internacionais na década
de 90 do século XX, sendo alvo de uma
diversidade conceptual, alimentada quer pelos
contributos das abordagens anglo-saxónicas
quer das escolas que marcam o contexto europeu
e latino-americano.
Partindo dos contributos teóricos das
diferentes abordagens ao empreendedorismo
social, construímos um modelo analítico que
apresenta como variável independente os perfis
de empreendedorismo social em organizações do
terceiro sector em Portugal, retendo como
variáveis dependentes explicativas: os modelos
de gestão (financeiros, de pessoas e do
capital social) e os modelos de organização do
trabalho (controlo, delegação e níveis de
participação, coordenação do trabalho e
trabalho em equipa). Com o intuito de
identificar os perfis de empreendedorismo
social das organizações em análise assumimos
um conjunto de pressupostos teóricos
indicadores de uma tendência positiva para o
empreendedorismo social, a saber: i) aceder a
fontes de financiamento diversificadas e
alternativas aos fundos estatais; ii) promover
uma gestão integrada quer dos trabalhadores
remunerados quer dos seus voluntários; iii)
pautar-se por uma orientação estratégica e
actuar com ferramentas de planeamento que
comportem modelos participativos; iv) adoptar
modelos de controlo e de coordenação do
trabalho baseados no trabalho em equipa e na
delegação de responsabilidades.
A partir de uma metodologia de análise
extensiva observamos 89 organizações do
terceiro sector português, onde aplicamos um
inquérito por questionário aos respectivos
dirigentes entre Maio e Julho de 2011. As
informações recolhidas foram alvo de análise
multivariada combinatória, com recurso à
análise de clusters hierárquica (como técnica
exploratória) e a partir da análise preliminar
dos dados podemos enunciar duas conclusões
chave . A primeira é que as organizações do
terceiro sector tendem a manifestar uma
natureza híbrida dos perfis de
empreendedorismo social, não se encontrando
organizações que pontuem positivamente em
todos os indicadores seleccionados, ao
contrário do que acontece com 15 organizações
que não apresentam qualquer indicador de
empreendedorismo social. Em segundo lugar,
destacamos a predominância de perfis de
expressão moderada de empreendedorismo
económico (52), seguidas dos perfis com forte
expressão de empreendedorismo económico e
gestionários ou organizacional (22).
- PARENTE, Cristina

- LOPES, Alexandra
- MARCOS, Vanessa

Cristina Parente
Socióloga, professora auxiliar com agregação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e investigadora do Instituto de Sociologia da FLUP (IS-FLUP). Doutorada e licenciada em Sociologia, mestre em Políticas e Gestão de Recursos Humanos, vem exercendo desde 1990 funções de docência, orientação científica, responsabilidade executiva gestionária da secção de Formação e Educação Contínua e de Comunicação externa no DS-FLUP. Coordenou a linha de investigação Trabalho, Emprego, Profissões e Organizações (TEPO) - do IS-FLUP, onde desenvolve actividades quer como investigadora, quer como coordenadora e responsável científica de projectos sobre as temáticas da gestão de recursos humanos e da formação de adultos, da sociologia empresarial e da economia social. Desde 2010, que assume as funções de editora da nova série working papers (2º série) do IS-FLUP. Desenvolve actividades de formadora, de consultora metodológica e avaliadora de projectos de intervenção social e organizacional.
Vanessa Marcos
Doutoranda em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto sobre a problemática da sustentabilidade e profissionalização das ONGD portuguesas. Mestrado em Desenvolvimento e Relações Internacionais pela Universidade de Aalborg, Dinamarca, com estágio curricular em Moçambique e em Portugal, integrada numa ONGD nacional. Licenciatura em Relações Internacionais - ramo Cultural e Político pela Universidade do Minho. Efetuou um estágio profissional no Instituto de Estudos Estratégicos de Cracóvia, Polónia. Integrou projectos na área da Cooperação para o Desenvolvimento na Guiné-Bissau e em Direitos Humanos na Guatemala. Tem realizado formações gerais sobre voluntariado e voluntariado empresarial. Investigadora sobre empreendedorismo social pelo Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras/UP, em parceria com a Associação para o Empreendedorismo Social e a Sustentabilidade do Terceiro Sector (A3S) e o Dinamia-CET/ISCTE-IUL e financiado pela FCT.
PAP0281 - Perspectivas de famílias de comerciantes Hindus em tempo de crise
A investigação sobre populações imigrantes,
sobretudo as pesquisas dedicadas aos processos
de integração dos imigrantes provindos dos
países não ocidentais, vinha sendo, em parte,
estabelecida sob o paradigma de uma sociedade
ocidental em permanente desenvolvimento
económico. As actuais transformações profundas
no sistema económico que afectam sobretudo a
Europa implicam mudanças nas concepções sobre o
país de residência de muitas famílias
imigrantes, perturbando as suas perspectivas de
curto, médio e longo prazo relativamente não só
aos estilos de vida como a opções fundamentais
no âmbito das mobilidades transnacionais.
As trajectórias profissionais dos imigrantes de
origem indiana em Portugal implicavam na
maioria dos casos até muito recentemente uma
mobilidade social ascendente. Os Hindus
residentes na Área Metropolitana de Lisboa são
globalmente perspectivados como comerciantes
frutuosos e não escaparam a esta asserção.
Imigradas duas e três vezes ao longo da vida,
com perspectivas de melhorar economicamente as
suas situações nos países de destino, estas
famílias vêem-se actualmente na situação de
olhar o seu país de origem não apenas com o
carácter sagrado com que sempre olharam, mas
também de destino potencial.
A Índia, enquanto país em franco
desenvolvimento económico, vem provocando
reflexos profundos nas comunidades em diáspora.
Sinais empíricos apontam para que estas, sob a
pressão de uma economia em recessão,
reconfigurem a sua transnacionalidade,
colocando mais peso no país de origem do que no
país de destino. Além da Índia, no caso
concreto dos Hindus em Lisboa, também o país
donde emigraram imediatamente antes de vir para
Portugal, Moçambique, é agora olhado como
potencial destino, depois de décadas em que
este país não tinha peso simbólico no conjunto
dos pólos da diáspora hindu-portuguesa.
Além de debater estas questões, nesta
comunicação procurarei apresentar, através de
relatos de comerciantes, actuais visões desta
população sobre o futuro profissional e
pessoal, nomeadamente, expondo perspectivas
profissionais que equacionam o desejo de voltar
a emigrar e, por outro lado, numa óptica de
actualização de dados sócio-culturais, dar
conta da variabilidade de percursos
profissionais dos Hindus em Lisboa.
- CACHADO, Rita

Rita Ávila Cachado
Nota biográfica
Doutorada em Antropologia, com especialidade em Antropologia Urbana pelo ISCTE-IUL (2008). Realizou uma etnografia prolongada entre os hindus do bairro Quinta da Vitória (Concelho de Loures, AML), onde analisou o processo de realojamento no âmbito do Programa Especial de Realojamento (PER) que ali teve lugar, e as influências do passado colonial na actualidade da vida das famílias hindus. É investigadora do CIES-IUL e tem bolsa de pós-doutoramento FCT. Entre os interesses actuais de investigação destaca-se, do lado das metodologias, o método biográfico e o diário de campo; nas temáticas, os percursos sócio-profissionais e as políticas sociais e, do lado das abordagens teóricas, as economias formal e informal entre os hindus da AML.
PAP1361 - Perspectivismo leigo na organização significante das paisagens informacionais sobre saúde
A agenda das ciências sociais sobre as questões da informação sobre saúde, ao ser singularmente torneada por solicitações sociais, tendeu a promover abordagens fragmentárias do papel de (particularmente) novos meios de informação, enredar-se em mapeamentos normativos das paisagens informacionais a que tais meios acrescem, e a ecoar pressupostos hipodérmicos do seu impacto nas práticas de saúde dos indivíduos.
Partindo de uma pesquisa empírica sobre pluralismo terapêutico nas práticas de consumo medicamentoso, pretende-se aqui materializar uma abordagem mais integrada do papel da informação nos quotidianos de saúde, procedendo por outros princípios analíticos.
Em primeiro lugar, dando conta da precedência impositividade social e cultural da pluralidade informacional na estruturação da relação dos indivíduos com qualquer (novo) meio de informação particular. Segundo, simetrizando essa pluralidade de meios nas paisagens informacionais na sua abordagem sociológica, esconjurando quaisquer pressupostos normativos da primazia ou hierarquização de uns meios sobre outros, para fazer emergir as perspectivas leigas que os relevam, organizam, e que produzem a sua congruência e consequência para as práticas de saúde dos indivíduos. Finalmente, captar a processualidade dos princípios dinâmicos que fundeam o perspectivismo leigo na estruturação dos papéis e formas de validação específicos (e, consequentemente, da relevância) que diferentes meios de informação assumem em diferentes circunstâncias nos processos de construção cognitiva que moldarão os saberes e acção leigos no plano da saúde.
Por essas vias analíticas, visa-se restituir um mapeamento dos critérios que organizam a relação leiga com a diversidade de meios de informação sobre saúde e, a partir dessas ferramentas conceptuais, articular uma caracterização de diferentes trajectórias e configurações informacionais que tais critérios estruturam processualmente nos quotidianos e percursos de saúde dos indivíduos.
Tal, espera-se, permitirá sustentar um quadro mais complexo e afinado de compreensão sociológica e ponderação social do papel e significância que os meios de informação assumem nas práticas de saúde dos indivíduos, clarificando o perspectivismo leigo como princípio operatório inescapável de análise da consequência da transformação das paisagens informacionais nas trajectórias terapêuticas.
- CLAMOTE, Telmo Costa

Telmo Costa Clamote, formado em Sociologia pelo ISCTE e pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Investigador do CIES-IUL e docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL). Interesses de investigação nos domínios da saúde, da ciência e do conhecimento, em torno de objectos como o pluralismo médico, o associativismo de doentes, ou as relações leigas com informação sobre saúde.
PAP1253 - Pessoas Idosas: insegurança, crime e violência
O envelhecimento e as problemáticas da insegurança e vitimação das pessoas idosas são um desafio actual, que se coloca aos profissionais de várias áreas: saúde, justiça e acção social. Implica que se conheça minimamente os seus contornos e que todos os profissionais se empenhem em detectar a vitimação, pondo-a como possibilidade ao atenderem qualquer pessoa idosa que se apresente ou seja contactada o âmbito das suas funções.
PAP1294 - Plataformas biossociais de doenças raras e os movimentos em torno do parto em Portugal
Nas últimas décadas as organizações e associações de doentes, utentes e cidadãos vieram a ganhar relevância enquanto actores e stakeholders nas áreas da saúde. Trata-se de um fenómeno transnacional, com expressão particularmente significativa no espaço europeu . O projecto EPOKS [European Patient Organizations in Knowledge Society] procurou investigar a contribuição deste tipo de organizações para a produção de conhecimento e para a sua governação, através de uma abordagem comparativa envolvendo vários países europeus, e condições específicas entre as quais as organizações e coligações de doenças raras e os movimentos e organizações relacionados com o parto, tendo especial atenção aos processos de europeização dessas organizações e movimentos.
Esta comunicação apresenta os resultados do projecto relativos, por um lado, às organizações no domínio de doenças raras, considerando a diversidade dos seus modelos e estratégias, e, por outro aos movimentos e organizações em torno da humanização do parto, em Portugal. A investigação foi realizada entre 2009 e 2011. Procurou-se a caracterizar e comparar as formas de activismo e de envolvimento destas organizações na co-produção, disseminação e partilha de conhecimento, assim como a sua contribuição e participação no debate e definição de políticas públicas nos dois domínios. Em relação às organizações de doenças raras, verifica-se que a noção de raridade funciona, em primeiro lugar, como uma “política de singularidade”; em segundo lugar, ela sustenta um discurso abrangente e inclusivo para aquelas doenças que necessitam de especial protecção e intervenção, como acontece com algumas doenças genéticas; e, finalmente, ela fornece um modelo de organização para associações neste e noutros domínios da saúde, como por exemplo nas doenças crónicas.
No caso específico das organizações ligadas ao parto, é visível o movimento inverso à potencial dominação da expertise e páticas médicas no parto e em questões que lhe estão relacionadas. Estas organizações argumentam que o parto não é um acontecimento médico, mas um acontecimento de vida, que em casos particulares requer intervenções médicas. Usam contribuições da medicina baseada na evidência, para demonstrar as inconsistências do próprio conhecimento médico, assim como para definir o que constituem práticas adequadas. Intervenções como a episiotomia, epidural, a monitorização fetal e o aumento na incidência de cesarianas desnecessárias são um claro resultado da proliferação da biotecnologia. A forma como estas organizações circulam novas formas de conhecimento assim como o seu empoderamento face ao mundo médico estarão também no escopo desta apresentação.
- NUNES, João Arriscado
- RORIZ, Marta

- FILIPE, Angela Marques
É antropóloga, mestre em Antropologia Médica e investigadora júnior no Centro de Estudos Sociais no Núcleo de Estudos sobre Ciência, Economia e Sociedade. É actualmente também doutoranda em Governação, Conhecimento e Inovação, no mesmo centro de investigação. Os seus interesses de investigação estão relacionados entre a Antropologia Médica, com os estudos sobre o corpo e a biomedicina. Mais recentemente, tem trabalhado com temas relativos à governação e colectivos sociais, bio-socialidade e bio-cidadania. Foi investigadora no projecto europeu “EPOKs - European Patient Organizations in Knowledge Society” e actualmente é investigadora no projecto "Avaliação do estado do conhecimento público sobre saúde e informação médica em Portugal", financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através do programa Harvard Medical School - Portugal.
PAP0883 - Pleasure in the Body, Pain in the Soul: the Identity Construction in BDSM
INTRODUCTION
For my presentation I would like to share a knowledge renewal, or revival, inspired in my academic monography, developed for the purpose of obtaining the undergratuade level. The central theme of the research was BDSM, that is, bondage/Discipline, Domination/submission and Sadomasochism. These are erotic and sexual practices that (re)create situations of power and pain in the pursuit of pleasure. The size of the first letters of each word was intentionally written to express that the power equilibrium is not balanced. On one side, the masterful; on the other, the obedient. Yet, due to the demands of deep communication and understanding of each parts, BDSM is perhaps one of the most egalitarian worlds of power exercise. These terms are interchangeable, that is, there is a blend between all these possibilities.
OBJECTIVES
One of the main objectives, and given the lack of studies in this area, was to assess the evolution of BDSM until the aggregation into pathologized pratices and identities. My presentantion will focus on the paths that practitioners choose when managing their personal and grupal identities facing the discrimination which they are targets.Their sources of inspiration, their relations to the group, and the association of the BDSM with their other social roles will be taken into account. To this end, their interpretations about BDSM,about the ways they think society sees and treats them, and the ways they seem themselves, will be revealed.
Methodology
The initial contacts were made through a portuguese internet forum dedicated to BDSM. After, some observations were made on a weekly basis on a bar where the participants of that forum usually gathered. From there, it was possible to achieve a sample of 11 interviewees.
CONCLUSIONS
As expected, the identity management is highly conflituous. The consciousness of the discrimination they could be faced to leads them to occult or dissimulate any revealing signal. Discrete symbols are used to express the belonging to the group, but they are only recognizable by other members. Even participants that seem more secure and open about their choices, demonstrate some sort of difficulties to treat BDSM as another part of their identity. Coping strategies are created and shared between them, generating an individual and collective form of handling with the feelings of stigma.
Keywords: BDSM, Bondage, Discipline, Domination, Submission, Sadomasoquism, identity, sexuality, body
- MONTEIRO, Núria Augusta Venâncio

Núria Augusta Venâncio Monteiro,
Licenciada em Sociologia, com o Mestrado obtido na mesma área de estudos, exerce funções de investigação no Sapo Labs, Departamento de Comunicação e Arte, da Universidade de Aveiro. Os interesses de investigação orientam-se para as esferas da construção do género e da sexualidade, assim como para qualquer domínio de índole (sub)cultural.
PAP0356 - Plural, flexível e reflexiva: discutindo novas configurações de identidade sexual
O conceito de identidade sexual ganhou sentido
e relevância histórica a partir do lugar que a
sexualidade passou a ocupar na cultura
ocidental moderna, possibilitando a emergência
de sujeitos em determinados contextos de
relações sociais que expressam um discurso de
verdade na descrição de si ligado ao sexo.
Vincula-se à vertente teórica do
construtivismo que associa a cultura e a
história na definição dos padrões da
experiência sexual dos grupos sociais. A
partir da compreensão do caráter mutável das
identidades sexuais, este trabalho discute a
configuração de identidades sexuais flexíveis
em um contexto urbano de participação juvenil
no Brasil. Utiliza-se a observação
participante e entrevistas em profundidade
para analisar a construção social da
sexualidade por jovens que estabelecem
relações amorosas estáveis tanto com pessoas
de mesmo sexo quanto de sexo diferente. A rede
social que conforma a participação é complexa,
diversa e multiplicada por vários domínios
sociais, oportunizando uma crescente abertura
na atualização de princípios de classificação
social constituintes da identidade. Esses
jovens entendem que o compromisso e a filiação
a uma identidade específica tende a
cristalizar possibilidades de experiências e
de crescimento individual. Na possibilidade de
se libertar das restrições instituídas pelas
normas sociais, eles vão percebendo a
diversidade de expressões do afeto e do
erotismo e vivendo sua sexualidade com mais
fluidez e menos sujeita a classificações. Em
conformidade, a rejeição ao termo bissexual
advém da crítica às rotulações dos
comportamentos sexuais e a uma condição humana
essencializada. Articula-se fundamentalmente
com um estilo de vida elaborado como uma
estratégia de expressar “eu vivo o momento”.
Esse estilo inerentemente desordenado
desprende-se da ideia de um atributo
identitário fundamental e uma conduta adequada
correspondente. Os contextos de participação
foram profícuos para o exercício reflexivo
sobre as performances identitárias,
propiciando novos modos de interação entre os
jovens. Eles regulam e reinventam suas
relações e práticas sociais, e narrativas do
eu em um ambiente caracterizado pela
problematização e contestação do mundo social
e organizado a partir de princípios
democráticos e valores do pluralismo. O
distanciamento crítico frente às convenções
sociais se expressa na afirmação de que o sexo
do parceiro não é essencial para o
entendimento da relação, além de não
compreenderem a identidade sexual como
elemento encompassador na constituição de suas
identidades sociais. A produção de novas
condutas é impulsionada pela desconstrução das
estruturas binárias e excludentes homem-mulher
e heterossexual-homossexual diante das
múltiplas possibilidades de configuração do
self oportunizadas por este ambiente.
- GUIMARÃES, Jamile Silva

Jamile Silva Guimarães é bacharel em Sociologia e mestre em Saúde Comunitária pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde a graduação propôs-se a desenvolver uma linha de estudos de caráter holístico sobre a Infância e a Juventude. Dedicou sua monografia a discutir a construção da Infância como questão social no Brasil e na dissertação analisou o papel da participação juvenil na promoção da saúde. Atua em estudos interdisciplinares nos seguintes temas: promoção da saúde, participação social, direitos humanos, desenvolvimento humano, educação, sexualidade e uso de drogas.
PAP1189 - Pluralidade Epistemológica, Metodologias e Experiências de Vida
A invenção sai pelas frechas dos lugares abrigados na memória, para se oferecer aos temas relacionados com o objecto a criar. Esses lugares abrigam elementos do saber e questões que se resolvem no momento da invenção. Mesmo depois do acto inventivo exige-se à memória compor a elocução discursiva, utilizando metodologias específicas. A contemporaneidade pós-moderna recupera a invenção como um recurso alternativo de criatividade, conjugando memória espacial com memória corporal, coabitando lugares com os não lugares. Esta linha de transição de apreender a natureza dos factos sociais, exige um sentido indicial da leitura dos factos, inscritos em contextos matriciais de origem e a referência dos saberes em disputa na explicação. Então a relação produção-reprodução social implica mudança e pluralidade epistemológica. A forma de representação que expressa essa mudança, ao nível das categorias analíticas e conceptuais envolvidas na problemática da pesquisa e na produção dos conhecimentos, corresponde a um imaginário particular dentro de um modo de produção semântica específico. A mudança de paradigma orientativo da pesquisa sugere linhas de reflexão sobre o território dominado pela monocultura do saber, para que se abram possibilidades de transformar a imaginação sociológica num fértil caminho para a inclusão de novos métodos e técnicas de pesquisa. Não fazemos a divisão da teoria e da metodologia em duas instâncias separadas, o empirismo não se separa das opções teóricas, antes é portador de práticas subjectivas. O diálogo com o corpo de hipóteses, é derivado de um conjunto de pressuposições teóricas, funcionando, então, o dado empírico como prova ou evidência de questionamento. O contexto e as instituições capitalizam o direito de fundação e do domínio sobre as linhas de pesquisa e resultados finais, assim como e também, os actores do processo de pesquisa estão inseridos em modelos sócio-culturais e histórias de vida que sugerem uma poética da experiência pessoal. Encontrados os fundamentos de uma epistemologia metafórica, urge associá-la a princípios de decifração de conteúdos. A construção do objecto de pesquisa é um processo lento e descontínuo, com retoques sucessivos a partir de indicações práticas visando atingir todas as possibilidades explicativas onde o mediador deste processo é a própria experiência de vida do investigador social.
- MIRA, Feliciano de

Feliciano de Mira (1957) CES- Universidade de Coimbra. Doutor em “Socio-économie du développement” pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris ; Doutor em Sociologia Económica e das Organizações pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa. Os atuais interesses de investigação envolvem estudos comparados sobre o desenvolvimento; socio-economia do direito ; epistemologias, saberes e metodologias de investigação; hibridização e estudos culturais comparados.
PAP0870 - Pluralidade, mudança e produção de valor na edição de livros: notas sobre a edificação social da cultura impressa
O mundo social do
livro não
corresponde ao mundo
do objecto, mas ao
das práticas e dos
agentes que o
viabilizam enquanto
tal. A afirmação de
semelhante truísmo
torna-se, por vezes,
necessária para que
se não perca de
vista uma das
características
centrais desse
mundo: o de que a
edição é um trabalho
de produção de
valor. O esforço de
materialização de um
livro é também o da
infusão de benefício
simbólico, sem o
qual o objecto
físico se perde
enquanto objecto de
desejo, factor de
aval de conteúdos ou
elemento de alarde
identitário. Em
matéria de livros e
de outros produtos
culturais, o fabrico
do bem palpável pode
estar destituído
simbolicamente, se
desacompanhado da
produção de valor
impalpável do
objecto fabricado. A
realização de um
livro é muito mais
que uma origem
autoral primordial;
é também o resultado
editorial e livreiro
da sua
instituição social
como obra conhecida
e reconhecida pelos
seus receptores
finais. O
conhecimento e
reconhecimento
radicam na convicção
dos seus
usufrutuários finais
no valor intrínseco
da obra. Muito mais
do que elemento
reduzido à
reificação do texto,
o editor produz a
crença no valor que
este adquire como
livro. E esse é, sob
vários aspectos, o
seu poder simbólico
de prescrição: o “de
constituir o dado
pela enunciação, de
fazer ver e fazer
crer, de confirmar
ou de transformar a
visão do mundo e,
deste modo, a acção
sobre o mundo,
portanto o mundo”. O
editor vê-se, então,
investido
objectivamente de um
papel também
veiculado
discursivamente como
ideologia do sector:
o de descobridor, o
de criador do
criador; preenchendo
um lugar central
enquanto peça
charneira no jogo
dinâmico entre a
cultura literária, a
emergência,
desenvolvimento e
declínio de géneros,
temas e autores, as
transformações do
mercado do livro e
as mudanças
tecnológicas que o
próprio objecto
traduz.
Personagem-filtro,
intérprete, mas
também interventor,
prescrevendo,
legitimando e
ordenando o universo
tipográfico, o
editor surge como
figura múltipla e
socialmente
investida de
atributos e práticas
mediadoras na sua
relação com o dado
textual. Produtor de
valor e
materialidade, o
editor inscreve o
projecto do livro
num espaço social
colaborativo de
trabalho, o campo da
edição. A presente
proposta de
comunicação procura
sistematizar
teoricamente alguns
tópicos relativos à
articulação do
editor com a
construção social do
campo editorial e a
edificação da
cultura impressa.
Empreender
semelhante
exploração é abdicar
forçosamente de uma
visão linear,
unidimensional e
historicamente
asséptica do mundo
social e cultural do
livro, cuja
morfologia e
suportes conhecem
crescentemente os
desafios da
desmaterialização.
- MEDEIROS, Nuno

Nuno Medeiros é investigador no CesNova - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa e na Númena - Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. Sociólogo e mestre em sociologia histórica, encontra-se a terminar a redacção de tese de doutoramento em Sociologia Histórica da Cultura. É professor da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa. Os seus actuais interesses de investigação centram-se na sociologia e história do livro, da edição, da leitura e da livraria, e na sociologia e história da alimentação. Em 2010 publicou Edição e editores: o mundo do livro em Portugal, 1940-1970 (Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais).
PAP0553 - Pobres Delinquentes
Com a atual crise econômico-financeira reinante no mundo ocidental, podemos observar que cada vez mais o fosso social amplia-se. Setores sociais que ainda possuíam algum contato/proximidade com o Estado Social, alteram seus status, saindo do círculo da sociedade civil estranha para a incivil, segundo as noções de Boaventura Sousa Santos (2001, 2007). Neste sentido, o rótulo de criminoso amplia-se, alcançando novos grupos sociais e reforçando o estigma social negativo.
Pretende-se neste artigo discorrer sobre a possibilidade tão atual quanto real, em razão da presente conjuntura, de as etiquetas sobre setores sociais ampliarem-se, fazendo com que o Estado Penal assuma maior força e rigor, sendo reforçado ainda o medo contra aqueles que são cada vez mais excluídos socialmente, posto que o temor, o receio, vende e rentabiliza para o mercado, que, em crise, precisa se movimentar e encontrar soluções.
Importa-nos discorrer brevemente sobre a evolução do sistema punitivo, que já pertenceu à esfera privada, ao soberano e à sociedade, esta representada pelo Estado, tendo passado dos suplícios corporais ao aprisionamento da alma, conforme indica-nos Foucault (1988). Sob o pretexto de humanização da pena, várias teorias surgiram e foram superadas, desde a clássica à positivista até aos novos modelos de análise do fenômeno criminal, por meio da Criminologia Crítica, que vem demonstrar a falência total não só das teorias precedentes como também o fracasso do próprio modelo punitivo.
Buscando revisitar a literatura mais autorizada nesta temática, temos por referencial teórico básico Irving GoffMann, Alessandro Baratta, Boaventura de Sousa Santos, Luigi Ferrajoli outros, pretendendo demonstrar que os fundamentos da Criminologia Crítica se comprovam ainda mais em tempos de crise, na medida em que setores da sociedade, dentro do duplo processo de definição e seleção criminal, sofrem forte estigma e são etiquetados como criminosos.
Neste momento, este cruel viés é negativamente reforçado, posto que a pobreza tende a ser identificada com o crime. Há um grupo preferencial do sistema penal, sendo resultante do próprio processo de estigmatização social. Os pobres são preferencialmente os clientes “não porque tenham uma maior tendência para delinquir, mas precisamente porque tem maiores chances de serem criminalizados e etiquetados como criminosos” (Andrade, 2004, p. 32).
O processo de criminalização amplia-se. No entanto, o próprio sistema prisional, com a mencionada docialização dos corpos, carrega em si o fenômeno da prisionização, criando, na verdade, um grande círculo vicioso e de recriação da própria criminalidade. Neste sentido, será que é verdade que o sistema prisional efetivamente fracassou ou ele cumpre sua real função, que é, na esteira do pensamento de Loic Wacquant, punir os pobres?
Palavras-chave: pobreza – delinquência – estigmatização – crise.
- REIS, Cristiane

Cristiane de Souza Reis é Professora Auxiliar, Coordenadora do Mestrado em Justiça Alternativa e Coordenadora-adjunta do Mestrado em Ciências Jurídico-Forenses e membro do Conselho Científico no Instituto Superior Bissaya Barreto/Portugal. É colaboradora do Instituto Jurídico Interdisciplinar da Faculdade de Direito da Universidade do Porto/Portugal. É Advogada desde 1996. É investigadora no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC) no âmbito do pós-doutoramento. É Doutora em Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI, desde Outubro de 2011. É Mestre em Ciências Criminais pela Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro/Brasil e possui Especialização em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/Brasil. É autora de diversos artigos científicos em revistas nacionais e internacionais, com ampla produção igualmente em Congressos na área do Direito e da Sociologia Jurídica e Sociologia Criminal.
PAP0071 - Pobreza e Requalificação Sócio-Identitária: uma leitura sociológica crítica da tradição de estudos sobre ‘A pobreza’.
Ao longo desta comunicação pretende-se contribuir para uma crítica
construtiva à tradição dos estudos sobre ‘a pobreza’, formulada a partir
da perspectiva da desqualificação e requalificação sócio-identitárias.
Concretamente, a comunicação propõe-se identificar e fundamentar a
persistência de obstáculos às Ciências Sociais naqueles estudos.
Assim, partindo do percurso analítico que a autora tem vindo a
desenvolver — a partir de alguma experiência de intervenção em
contextos de pobreza, desde finais dos anos 80 até à actualidade —
sinaliza-se, nos estudos sobre ‘a pobreza’, a persistência de 7 grandes
obstáculos epistemológicos a saber: etno(socio)centrismo; moralismos;
individualismo; utilitarismo; miserabilismo-populismo, positivismo e
androcentrismo. Reconhecendo que estes são obstáculos e dicotomias
de difícil superação, associa-se ainda, aos mesmos, a dominância de
um olhar ‘negativo’ — centrado nos processos e factores de
empobrecimento — ao qual se pretende contrapor um olhar ‘positivo’
— centrado nos modos de construção social da ‘saída’ de condições
ditas pobres.
Defende-se então que, se os obstáculos epistemológicos e a
focalização na queda (empobrecimento) têm atravessado o estudo de
fenómenos designados por ‘pobreza’, uma das tarefas dos cientistas
sociais neste campo é a de co-construir (outros) conceito e
problemática que potenciem o reelaborar da visão, da observação, da
pequisa e da intervenção relativas aos fenómenos, processos e
condições socialmente desqualificados.
Através desta linha de trabalho — proposta por Georg Simmel e
actualizada na contemporaneidade por Serge Paugam — tem vindo a
autora a aprofundar um modo analítico designado por Processos de
Requalificação Sócio-Identitária. Para tal, vem d
- TOSCANO, M.ª de Fátima

Doutora, Mestre, Lic. em Sociologia; Escritora e Artista. Na Sociologia: dedica-se às problemáticas Pobreza e Exclusão, Identidades Sociais e Modos de Vida, guiando-se pela questão: como se constrói, pelas relações sociais quotidianas, a mudança (sócio-identitária)? Constam, dos Territórios Sócio-Iden-titários que pesquisa, os trajectos de mulheres emigrantes; a construção e mudança da condição social da mulher; as vivências de luto; e as formas de construção da ciência e dos saberes populares e comuns, bem como de des-construção de esterótipos (análise de mass-media e publicidade). Privile-giando a análise do lugar da oralidade na contemporaneidade, aprofunda a abordagem epistemo-meto-dológica ‘compreensiva-qualitativa’. É colunista do recente Semanário virtual ‘incomuniddade’. Na Arte: tem 8 livros de Poesia editados (1 Romance no prelo); realiza leituras encenadas dos seus livros e outras práticas pontuais, de Teatro (actora/dramaturga/encenadora) e Canto (Piaf, World Music, Fado).
PAP0780 - Pobreza e exclusão social: os desafios para a inclusão da juventude frente às mudanças sociais no Brasil
O presente artigo tem por objetivo discutir a
pobreza e a exclusão social a que estão
submetidos os jovens da área rural da cidade de
Jaboatão situada no estado de Pernambuco –
Brasil. O município de Jaboatão dos Guararapes
situa-se como detentor do segundo maior PIB e a
segunda maior população do estado de
Pernambuco. O Brasil e o mundo vêm passando
por profundas transformações de ordem política,
econômica, social e cultural. A fluidez das
relações inerentes à sociedade moderna leva a
juventude a experimentar uma sensação de
desamparo, precariedade e incerteza. A
juventude é uma parcela expressiva da sociedade
brasileira que necessita de políticas públicas
específicas na área da educação, geração de
renda, lazer. A importância de se analisar as
novas necessidades desse segmento da população
tem sido entendida como prioridade pelo Governo
Federal, porém uma imensa maioria ainda não é
contemplada por essas ações. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou a informação de que 29,5% dos jovens
pobres do país estão na área rural. Esses dados
demonstram que os jovens rurais vivem um
cotidiano de precariedade e incertezas atrelado
à pobreza persistente. Assim a pesquisa
constatou que toda a riqueza que o município
possui não alcança a todos e os jovens são os
mais afetados com a falta de uma distribuição
igualitária de renda e de benefícios sociais. O
trabalho demonstra que a tensão social
existente entre as necessidades dessa parcela
da juventude que reside na área rural desta
localidade e a ineficiência de políticas
públicas disponibilizadas para atender as suas
demandas geram conflitos de ordens diversas
entre os jovens rurais e os jovens urbanos. A
pesquisa Mostra ainda que a pobreza é um
fenômeno que se reproduz não apenas pela
carência de dinheiro, mas através de fatores
simbólicos que a faz se disseminar entre os
pobres e em especial entre os jovens
pesquisados. Ser pobre, antes de tudo, é um
aprendizado. Para romper com o ciclo da
reprodução da pobreza muitos jovens procuram se
inserir na sociedade através de formas de
inclusões precárias. Essas inclusões, na
maioria das vezes, são frágeis e sub-humanas,
resultando com a manutenção da pobreza. Romper
com esse ciclo requer um novo modelo de
desenvolvimento que envolva aspectos sociais,
econômicos e culturais, e que permitam ao
indivíduo liberdade de escolha e de decisão
sobre o seu futuro.
- MOURA, Jeanne Mariel Brito de
- GOMES, Ramonildes Alves
- MACIEL, Cleiton Ferreira
PAP0256 - Pobreza, punição e intervenção social
As sociedades do vasto espectro capitalista na sua forma avançada apresentam, nas três últimas décadas, com importantes variações espácio-temporais, profundas transformações na estrutura e dinâmica da regulação estatal. Dois movimentos ocorrem concomitante e articuladamente, firmando a secular indissociabilidade entre política social e política penal: a retracção do Estado Social e o alargamento e endurecimento do Estado Penal. Este eleva os custos de uma menor resignação perante a insegurança social da parte de segmentos sociais menos capitalizados e por ela mais afectados; une-se, nos termos de Pierre Bourdieu, à «mão direita do Estado» e afasta-se da sua «mão esquerda».
A «tentação de recorrer às instituições judiciais e penitenciárias para jugular os efeitos da insegurança social engendrada pela imposição do salariato precário e pelo recuo correlativo da protecção social», exposta por Loïc Wacquant, revela-se particularmente heterogénea na sua forma e intensidade no caso europeu, por via da diversidade da configuração das sociedades, dos Estados Sociais e dos sistemas penais sobre a qual opera.
Uma parte significativa destes fenómenos em transformação atravessa a sociedade portuguesa contemporânea. O sentido e extensão específicos dos mesmos radicam na génese e estruturação dos processos de reprodução e mudança social, pautados por lógicas internas diferenciadas e pela confluência de oposições e afinidades com as formações sociais de capitalismo avançado.
Assim, partindo das potencialidades heurísticas de núcleos conceptuais e directrizes metodológicas de autores como Pierre Bourdieu, Loïc Wacquant, David Garland, Nils Christie, Robert Castel, Bronislaw Geremek, reflicto sobre a penalização da pobreza enquanto produto de conflitos entre forças do campo do poder, confrontando as hipóteses de que os dispositivos estatais punitivos em Portugal acompanham a tentação penal da Europa objectivada por alguns daqueles autores e de que a configuração das respostas estatais punitivas face às categorias sociais mais desfavorecidas corresponde a opções, nas suas múltiplas vertentes sociais, do campo do poder, mais do que à evolução dos índices de criminalidade, transferindo-se para o segmento da justiça penal problemas sociais que invocam a acção de outros dispositivos de intervenção social do Estado.
- PINTO, Rui Pedro

Rui Pedro Pinto, investigador integrado do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, com licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e mestrado em Ciências Sociais pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, doutorando em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com interesses de investigação no âmbito do Estado, desigualdade social e pobreza.
PAP0900 - Poder da droga, Drogas de Poder - Concetualizações construtivas da política portuguesa
Portugal enfrenta atualmente desafios políticos no domínio das drogas e das toxicodependências, o de restabelecer a operacionalidade e a eficácia dos dispositivos de regulação do poder, cuja tendência será a de substituir as (in)certezas da eficácia de um sistema criminalizador das drogas por uma intencionalidade positiva de controlo social, já anunciada pela efetivação de uma política de descriminalização do consumo de drogas.
Esta tendência para a re-significação político-jurídica mais não é do que um ato criador ou suscitador orientado para a ação na busca de referenciais nacionais e internacionais que deem sustentação operativa e construtiva para a problemática das drogas, fenómeno crescente e complexo. Fenómeno onde as funções da legalidade e da ilegalidade se entrecruzam como sistemas simbólicos de novas formas de manifestação do poder, legitimado pela corrupção e clandestinidade associadas ao negócio de drogas ilegais.
Nas perspetivas económica-política e social, o poder das drogas constitui-se, cada vez mais, como mundialmente reconhecido e dificilmente solucionável devido aos atuais modelos das redes sociais, dos modelos cibernéticos, da transmutação dos padrões de consumos atuais, da pluralidade de estilos de vida, à introdução de novos espaços urbanos recreativos, à diversidade de oferta de substâncias, às novas e diversificadas procuras sociais, à nova perceção social do fenómeno e a uma mudança de paradigma.
É nesta aproximação de conceitos de um fenómeno caleidoscópico, que se pretende abordar aqui a questão da droga, procurando demonstrar como as drogas têm influenciado o comportamento dinâmico do indivíduo, da sociedade e dos mercados em Portugal nas últimas décadas.
Para tal, procurar-se-á esboçar algumas questões histórico-políticas e legislativas associadas ao conceito de droga em Portugal e da sua manifestação enquanto fenómeno, abordar o aparecimento das novas substâncias psicoativas no mercado português - as designadas drogas legais” (legal highs); bem como o seu enquadramento legal e consequências do seu uso/abuso e como as políticas das drogas em Portugal se têm operacionalizado para convocar soluções construtivas para a manifestação do poder das drogas.
- DIAS, Lúcia Nunes
PAP1490 - Poderes e padrões culturais numa aldeia minhota: continuidade e mudança (1970-2004)
Esta comunicação faz parte de um estudo mais
abrangente, a dois níveis (municipal e
aldeão), o qual consistiu saber em que medida
as organizações, associações e entidades
locais, ao potenciarem os recursos endógenos
e, eventualmente, ao captarem recursos
exógenos, representam formas de
desenvolvimento das comunidades em contexto
local, designadamente rural.
A partir da referida questão foi seleccionado
como estudo de caso o concelho de Barcelos e,
dentro deste, a aldeia de Durrães. Recorreu-se
ao inquérito, entrevista aprofundada e
observação participante.
As mudanças na estrutura económica e
profissional e respectiva organização aldeã
não poderiam deixar de ter suas repercussões
na vida local, nas práticas e interacções, nos
padrões culturais e nas atitudes dos
residentes. Verificam-se diferenças em algumas
das práticas, estratégias e padrões de
comportamento, principalmente as relações de
vizinhança e ajuda mútua e solidariedade entre
os dois tempos: os actuais e os dos anos
sessenta.
Nos anos sessenta a população vivenciava
fortemente os acontecimentos religiosos
(festas principais e outras celebrações). O
poder eclesiástico local representado no
pároco, bem vigilante sobre os seus
paroquianos, estava em relativa sintonia e
correspondência com a Junta de freguesia.
Decorridos mais de trinta anos, podemos dizer
que há uma menor frequência no cumprimento de
certas obrigações. O significado dos rituais
(baptismo, primeira comunhão e casamento) tem
hoje mais um sentido de encontro, afirmação
familiar e, por vezes, de exibição social.
Quanto às actividades culturais ocorrem ainda
sob a luta de poderes no seio da freguesia
entre dois grupos. Fora desta competição não
se verifica uma estratégia global de interesse
e mobilização de toda a comunidade.
No plano social e político, a alteração dos
processos produtivos e ocupações profissionais
também representou uma forte diminuição das
relações da autoridade tradicional.
Em termos de vivências e representações socio-
culturais que dão força e renovam as velhas
identidades, há moradores que procuram
destacar e dar novo impulso a elementos
identitários: vestígios arqueológicos, a
igreja e outros monumentos, manifestações
culturais e religiosas. Confirmando conclusões
doutros estudos, os habitantes de Durrães têm
um forte apego e identificação cultural e
religiosa com a sua terra, mas hoje de maneira
diferente da do passado.
Com o 25 de Abril e sobretudo nas duas últimas
décadas mudou algo na relação de forças quanto
a poderes e padrões culturais. Persistem
certamente as relações clientelares na aldeia
mas a política local ocorre pela intermediação
dos alinhamentos partidários e a propósito dos
mais variados assuntos. Por outro lado, o
quadro relacional entre os moradores mudou
consideravelmente: maior afrouxamento dos
vínculos comunitários e aumento da relativa
autonomia familiar e individual
- CARDOSO, António
PAP0249 - Poliamor - género e feminismo, ausências presentes
Poliamor – uma identidade de relação onde vários relacionamentos amorosos e/ou sexuais podem ter lugar em simultâneo, com o consentimento informado dos envolvidos. Esta recém-formada identidade (que data de 1990) não se encontra marcada por uma psiquiatrização ou medicalização prévia, embora não seja, de todo, a primeira vez que se constitui uma forma de não-monogamia responsável. Como uma forma não-hegemónica de performar relações, o poliamor coloca-se contra discriminações sexuais e de género, sendo composto por uma forte base feminista e queer. Mas até que ponto a questão do género é central neste discurso? Como é que a preocupação por uma maior igualdade de género está presente, ou não, quando as noções de poliamor são apresentadas? A partir do trabalho de autores feministas e de uma perspectiva foucauldiana sobre a construção da identidade, procura-se problematizar o género tal como ele surge nos e-mails da mailing list “alt.polyamory”, a primeira que surgiu sobre o assunto e um dos pontos de origem da própria palavra-identidade. A pesquisa parte da análise de conteúdo e discurso das conversações iniciadas por recém-chegados à mailing list durante o ano de 2009. A presente comunicação procura mostrar como a construção ética de um sujeito abstracto pode constituir-se como um problema para a expressão das questões de género envolvidas no negociar de dia-a-dia de relações íntimas e/ou sexuais, e como o feminismo pode, afinal de contas, apresentar-se como sub-texto que influencia a representação do poliamor e da criação de uma ética poliamorosa, mesmo quando não se encontra explícito na sua formulação. Isto permite uma construção e desconstrução do género, a reflexão sobre o seu papel no próprio acto da comunicação interpessoal, ocupando assim um lugar representacional dúplice - visível mas invisível, actuando mas não sendo reconhecido. A questão a problematizar é, então, se se pode construir um pensamento e uma atitude feminista na ausência do feminismo como locus explícito de discurso.
- CASCAIS, António Fernando

- CARDOSO, Daniel

António Fernando Cascais
Docente de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e membro do Centro de estudos de Comunicação e Linguagens. Doutor em Ciências da Comunicação. Interesses de investigação: mediação dos saberes, filosofia e ética das ciências e das técnicas, estudos queer, biopolítica.
Daniel Cardoso
Doutorando em Ciências da Comunicação na FCSH-UNL e Professor Assistente na ULHT
Interesses de investigação: jovens, novos media, cibercultura, sexualidades, género, não-monogamia responsável, intimidade, teoria queer
PAP0966 - Polissemia do conceito de pobreza e desigualdades sociais no Brasil
Esta comunicação visa refletir sobre os modernos conceitos de pobreza e discutir os indicadores que mostram as desigualdades sociais no Brasil. Vale salientar que esses indicadores estão atrelados a organismos nacionais e internacionais. Com a mensuração desses órgãos, analisaremos os distintos critérios que medem a pauperização das pessoas no Brasil, bem como, a ideia de combate à pobreza, condicionada a uma política de assistência mínima, por parte do Estado. De fato, vários indicadores modernos de pobreza mapeiam a população pobre no intuito de traçar políticas públicas para combater a pobreza. Sobre isso, importante identificar o que esses indicadores apontam e quais as intencionalidades dos organismos governamentais a respeito dos pobres. Diante do exposto, a pobreza não será investigada, somente, pelo ângulo material ou econômico, baseado na renda. Com os paradoxos existentes entre as teorias sobre pobreza e os indicadores que medem tal categoria, necessário discutirmos os modernos conceitos de pobreza, tais como: Pobreza objetiva, subjetiva, multidimensional, incluída, marginal, absoluta, relativa, estrutural, dependente, desfiliada, desqualificante, integrada, política, pobreza de capacidades, de risco, de exploração, pobreza como valor, e pobreza no limiar biológico, econômico e sociológico. Com isso, as teorias sobre pobreza que se respaldam na objetividade desenvolveram metodologias de mensuração, voltadas para a lógica matemática. No que concerne à pobreza subjetiva, aspectos sociopolíticos são levados em conta, por considerarem experiências cotidianas das pessoas que vivem em situações de pobreza. Interessante notar que o fator monetário não é único critério para medir a pobreza. No fundo, o conceito de pobreza parece ser dúbio e plurívoco, uma vez que a literatura aponta para uma tipologia da pobreza, um mosaico conceitual que aporta como um conceito complexo. O que amplia o entendimento desse fenômeno. Não podemos esquecer que os conceitos de pobreza, em sua grande maioria, estão atrelados à esfera econômica. Com efeito, os aspectos monetários são determinantes na aquisição de bens de consumo e serviços para promoverem o bem-estar das pessoas, o que muitas vezes pode ser confundido como desenvolvimento humano. Por fim, na contemporaneidade, as distâncias entre pobres e ricos se tornam cada vez mais acintosas, o que evidenciam as desigualdades sociais. Diante da competição social que assola o nosso planeta, visto pela lógica mercadológica, possivelmente não encontraremos mais um grupo unido e portador de interesses comuns. Dessa forma, as desigualdades se inscrevem no seio de um grupo de iguais, abandonando, assim, a sua dependência de uma gestão coletiva. No caso dos pobres, materialmente, essa gestão coletiva passa a ser atributo do Estado.
- DANTAS, Lúcio Gomes

- TUNES, Elizabeth
Lúcio Gomes Dantas - Professor do curso de Pedagogia na Universidade Católica de Brasília (UCB). Membro do Instituto dos Irmãos Maristas. Licenciado em Filosofia, especialista em Administração e Planejamento Escolar, mestre em Psicologia e doutorando em Educação na Universidade de Brasília. Tem experiência na área de gestão escolar com ênfase em Educação Cristã Católica; pesquisador sobre histórias de vida ligadas à formação docente e Educação Especial inclusiva, especificamente alunos com altas habilidades/superdotação. Atualmente investiga o fenômeno da pobreza vinculada à escolarização na perspectiva da ética.
PAP0493 - Politicas educativas e sistemas de ensino na Europa: diferenciação ou homogeneização?
Este artigo propõe
uma reflexão sobre a
organização dos
sistemas de ensino e
das políticas
educativas na Europa
até ao ensino
secundário,
procurando
identificar e
analisar a
existência de
especificidades
próprias que
permitam elencar
modelos de ensino
distintos no espaço
europeu. A par
disso, pretende-se
aferir uma possível
articulação entre os
modelos educativos e
os modelos sociais
europeus
tipificados,
nomeadamente, por
Esping-Anderesen
(1990) e Ferrera
(2000).
Constatando-se a
existência de
segmentos de jovens
distintos que se
encontram num
processo de inserção
no mercado de
trabalho (e que se
diferenciam com base
em factores de ordem
diversa tais como a
origem social, o
nível de
escolaridade, etc.),
procurar-se-á
analisar a forma
como os sistemas de
ensino se distinguem
e discutir se estes
estão num processo
de diferenciação,
ou, inversamente, de
homogeneização. Para
responder a esta
questão procura-se
atender aos
objectivos de
política educativa
neste domínio, quer
a nível nacional,
quer europeu.
- VELOSO, Luísa
- ESTEVINHA, Sérgio

O meu nome é Sérgio Manuel Soares Estevinha,
pertenço ao centro de investigação CIES-IUL, a minha licenciatura é em
Sociologia e mestrado em Sociologia da Família, Educação e Políticas
Sociais. Os meus interesses de investigação passam pelos domínios da
Educação, transição juvenil para a vida activa, Estado, políticas
públicas e políticas sociais.
PAP1104 - Política de Asilo comum ou escolha individual? Políticas int(ri)(e)grantes
As políticas de Asilo nascem na criação dos impérios da Grécia e de Roma, ainda que não se possam ser consideradas políticas com estatuto, eram relevantes e assumidas como um direito do cidadão. É, no entanto, mais recentemente que as políticas de Asilo adquirem maior relevância na sequência dos conflitos internacionais gerados pelas guerras e abrem uma nova discussão no contexto da União Europeia.
Desde a implantação da Carta Universal dos Direitos do Homem está consignado o direito de asilo (artigo 14.º), porém não existia um instrumento internacional que determinasse as regras de fundamento às políticas, pelo que ficava sem suporte a forma de intervenção.
Actualmente, a Convenção de Genebra de 1951 é o instrumento jurídico-político internacional que rege o direito de protecção dos refugiados sob fundamentação da Declaração Universal dos Direitos do Homem. A União Europeia adoptou esta Convenção dada a crescente necessidade de proteger os refugiados. A questão problemática advém dos espaços temporal e espacial que a protecção abrange. A questão relativa ao problema de aplicação espacial decorre do art. 2.º (a) e (b) uma vez que só poderia ser aplicada em “acontecimentos ocorridos antes de 1 de Janeiro de 1951 na Europa; acontecimentos ocorridos antes de 1 de Janeiro de 1951 na Europa ou fora desta”. Em 1967 foi criado o protocolo de Nova Iorque de forma a ultrapassar estas lacunas. Não obstante, nos dias de hoje temos vindo a assistir a mudanças contextuais com a emergência do terrorismo, dos processos de democratização ou alargamento e integração de novos Estados na União Europeia.
Estes factores são altamente influenciadores das políticas de asilo, uma vez que muitas vezes um refugiado é confundido com migrante ilegal. Segundo vários estudiosos, o direito é bidimensional no que diz respeito à protecção dos refugiados, há o direito de dar a protecção ao indivíduo que procura o asilo, e o direito do Estado em facultar o espaço e disposições legais de forma a reintegrar o refugiado numa nova sociedade, por isso, o asilo é considerado uma dimensão externa das políticas migratórias e de todo o sistema de regulação envolvente. A conciliação das políticas públicas, de forma a criar um sistema comum de asilo funcional, não foi de todo bem-sucedida, uma vez que as normas que foram implementadas, não se tratam de normas vinculativas, porque fica ao critério do estado, das políticas internas, a faculdade de proteger, ou não, estes cidadãos. A questão decorre da dualidade: se as questões relativas à segurança são referentes às high politics porquê as políticas domésticas relativas à protecção de asilo se referem a low politics? O asilo envolve muitas mais questões do que a protecção do indivíduo, a segurança, a má-fé de cidadãos que tentam entrar de forma clandestina noutros estados. Neste caso, onde ficam os verdadeiros refugiados? Esta é a dúvida que se pretende debater.
- GONÇALVES, Márcia Patrícia Pereira
- GOMES, Maria Cristina Sousa
PAP1538 - Política de Desenvolvimento Territorial: estratégias e ressignificação do trabalho no Baixo Amazonas Paraense
Muitas teorias podem explicar as relações de poder na atualidade, o lugar destinado às políticas públicas e as estratégias e ressignifcações do trabalho e dos modos de vida delineadas pelo capitalismo. As fissuras no modelo de sociedade fundada em torno do emprego/salário ocasionou a busca de novas estratégia de exploração/dominação. Na política pública de Desenvolvimento Territorial Rural o território é entendido como elemento indissolúvel da condição humana e sobressai a valorização dos recursos naturais para preservá-los e que as populações locais possam garantir as suas sobrevivências, lançando mão de recursos financeiros e tecnológicos. Essa política é promovida no Brasil, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), sobre coordenação do Conselho de Desenvolvimento Territorial Rural (CODETER) e objetiva a criação de infra-estrutura, qualidade, quantidade e regularidade da produção e fixação do homem no campo. Os agricultores familiares do Território Rural do Baixo Amazonas Paraense ( 243.985,70 km², população de 567.424 indivíduos, sendo que 42,48% destes vivem na área rural), apontam as contradições presentes nessa política: declaram-se satisfeitos com as condições de vida; com o número de pessoas trabalhando em atividades agrícolas; com as condições de moradia, embora as residências não possuam energia elétrica, água potável e encanada e fossa séptica, mas afirmam estarem descontentes com os programas do governo, com acesso ao crédito, com a assistência técnica, com a falta de títulos de terras e não desejam que seus filhos sejam agricultores. Palavras chaves: política pública, desenvolvimento territorial, agricultura familiar.
- DIAS, Maria do Carmo
- ALVES, Maria José Ferreira
- TREPAK, Pamela Geraldo
PAP0642 - Política e interculturalidad en los países del MERCOSUR
Los procesos “neodesarrollistas” en curso en el MERCOSUR comparten muchos aspectos con sus antecesores de hace medio siglo. Las reformas democráticas y emancipatorias actuales se enlazan con las reivindicaciones entonces reprimidas por las dictaduras cívico-militares. Sin embargo, estas reformas se interrelacionan en todos los países de la región con contradictorios procesos de movilidad social vertical y horizontal. Por el debilitamiento de los estados y las imágenes nacionales durante las dictaduras y el neoliberalismo en el último cuarto del siglo XX muchos actores políticos, sociales y culturales tendieron a buscar otros referentes internos y externos para presentar sus demandas por derechos e intereses. Desde que en la década pasada los estados y las imágenes nacionales recuperaron su centralidad como reguladores y referentes, se hicieron necesarias negociaciones complejas entre actores estatales y no estatales, para (re)afirmar el reconocimiento de los primeros. Las identidades políticas, sociales y culturales resultantes son híbridas: los nuevos sujetos se referencian a sus estados y se identifican con la imagen nacional predominante en tanto les conviene, mientras que para algunas demandas se remiten a otros referentes internos y/o externos. Así se modifican las condiciones y los alcances de la constitución de las escenas políticas, incluyendo la propia definición de lo que se entiende por lo político, sus contenidos, formas y alcances. Como ya no se remite unívocamente al contexto del Estado y su imagen nacional y puede expresarse en múltiples códigos, en cada conflicto y puja de poder son necesarias la interpretación y la traducción para establecer su politicidad.
A partir de varias investigaciones sobre las condiciones de acceso al ejercicio de los derechos por parte de comunidades de origen inmigrante realizadas por el autor, del estudio histórico comparativo entre estos procesos y del análisis sistémico, desde una perspectiva intercultural de los derechos humanos se proponen aquí algunas líneas de investigación sobre las relaciones entre la (re)construcción de los espacios políticos en los países del MERCOSUR y la configuración de nuevas relaciones interculturales entre los grupos sociales y entre éstos y los estados nacionales. El objetivo de largo plazo de esta propuesta es determinar las condiciones y los límites de la construcción de lo político bajo la influencia de relaciones interculturales heterónomas.
Aquí se define lo político como conjunto de concepciones y prácticas de poder con efectos públicos. Consecuentemente se pone el acento en el estudio de las “zonas liminares” del sistema político en las que las demandas por derechos insatisfechos pueden adquirir carácter político, para determinar bajo qué condiciones las relaciones interculturales inciden sobre dicho sistema y las prácticas políticas.
- VIOR, Eduardo Jorge
PAP0924 - Políticas Públicas e Pobreza: análise de uma experiência de Combate a Pobreza – Ceará/Brasil
A superação da pobreza tem ocupado uma posição central na construção das democracias latino-americanas. No Brasil, tem sido uma prioridade nacional a superação de uma desigualdade que tem raízes profundas e que, não sendo equacionada, distancia o País de qualquer projeto civilizatório. Portanto, várias são as tentativas de enfrentamento dessa problemática: a presente comunicação trata de uma delas, da síntese avaliativa da experiência do Fundo de Combate a Pobreza - FECOP, iniciativa do governo do Ceará – Brasil. O referido Fundo se constitui numa tentativa de promover transformações estruturais que possibilitem às famílias que estão abaixo da linha da pobreza o ingresso no mercado de trabalho e acesso a renda e aos bens e serviços essenciais através da ampliação de investimentos em capital social, físico-financeiro e humano.
O processo avaliativo verificou os efeitos e impactos que foram gerados pelo Projeto E- Jovem – 1º Passo, experiência financiada pelo FECOP junto a populações caracterizadas por um elevado grau de vulnerabilidade social. Nesse sentido, a eficácia do projeto foi mensurada através da construção de um índice de qualidade de vida (IVQ) e os seus dados foram coletados por meio de métodos quantitativos e qualitativos junto aos beneficiários e não beneficiários do projeto. O método escolhido para análise do impacto foi o do Propensity Score Matching.
A experiência avaliada demonstrou, de conformidade com o entendimento dos técnicos e dos jovens atendidos pelo projeto, contribuição na qualidade de vida de uma parcela muito pequena da população carente do Ceará. No entanto, para os beneficiários, o projeto oportunizou não só mudanças no comportamento, mas no relacionamento com a família e experiências de cooperação. Os indicadores quantitativos e qualitativos apontaram que o objetivo principal foi atingido: qualificação para o mercado de trabalho.
Contudo, a experiência também aponta que apesar de ter seus resultados avaliados positivamente no âmbito dos beneficiários diretos do projeto, tais benefícios não foram capazes de gerar impacto positivo no âmbito mais geral da população da qual tal jovens são parte integrante.
Os dados de tal avaliação remetem o estudo à discussão sobre a conceituação de pobreza e desigualdade social; bem como, a identificação de quem são e como vivem os pobres das diversas regiões do mundo. No âmbito da mesma discussão, o desafio de pensar políticas públicas capazes de enfrentar esse desafio universal.
- FROTA, Francisco Horacio da Silva

- SILVA, Maria Andréa Luz

FRANCISCO HORACIO DA SILVA FROTA, sociólogo, Mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará – Brasil; Doutor em Sociologia pela Universidad de Salamanca – Espanha; Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Estadual do Ceará – Brasil; pesquisador e coordenador do Núcleo de Pesquisas Sociais da UECE.
MARIA ANDRÉA LUZ DA SILVA, socióloga, Mestre em Políticas Públicas, doutoranda em Democracia no Século XXI pela Universidade de Coimbra. Colaboradora Científica do Núcleo de Pesquisas Sociais – NUPES/UECE e do Centro de Estudos Sociais/UC. Pesquisadora e Professora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UECE. Desenvolve trabalhos nas áreas da juventude, participação, avaliação de políticas públicas, pobreza, violência e segurança pública.
PAP1393 - Políticas culturais e processo revolucionário nos discursos sobre as práticas líricas 1974 - 1980
Proponho-me
problematizar na
presente comunicação
o modo como o Teatro
de São Carlos, como
sistema simbólico
(ou espaço de
intersecção de
sistemas
simbólicos),
instrumento
estruturado e
estruturante de
comunicação e
conhecimento
(Bourdieu, Foucault)
contribui para a
interpretação e
reconfiguração das
formas sociais, e
para a reprodução ou
contestação de uma
ordem simbólica,
gerando consensos e
legitimando
diferenças.
Investigarei o modo
como estas valências
enformam as práticas
e habitus (Bourdieu)
que lhes estão
associados,
inquirindo as
relações de poder e
os fenómenos de
legitimação de
preferências –
designadamente ao
nível da
administração de
repertórios e
programas, eleição
de modelos de
representação,
definição de
agentes. Situo a
presente
argumentação numa
reconfiguração do
paradigma
sociocultural (no
quadro pós-25 de
Abril) momento
dominado por
preocupações de
reposicionamento e
revalorização das
práticas artísticas
num campo social
exposto a novas
estratégias e
comportamentos de
consumo (Bauman,
Lipovetsky, Lyotard)
e por um contexto
para-revolucionário
de franca
intervenção
discursiva,
incentivador e
questionador da
democratização de
expressões e
comportamentos
culturais e
artísticos
(Carvalho, Rosas).
Pela incidência em
casos específicos
indagarei, entre
outros aspectos, o
modo como as
narrativas dos
agentes envolvidos
nas produções
líricas visadas, bem
como as dos agentes
da crítica, e outros
representantes das
práticas musicais,
‘constroem’ - em
diálogo com as
políticas culturais
vigentes - esta
instituição e as
suas práticas, como
espaço ideologizado
de relações de
comunicação, ou
seja, de poder.
- RIBEIRO, Paula Gomes
PAP0918 - Políticas de saúde em notícia entre 2008 e 2011: o que mudou com a entrada de três novos ministros
Depois de vários meses envolto em sucessivas polémicas, o ministro da Saúde Correia de Campos abandona a pasta a 29 de Janeiro de 2008, sendo substituído pela médica Ana Jorge. Para trás, ficava uma intensa
noticiabilidade em torno das políticas da saúde encetadas por este
governante, prolixo em declarações aos jornalistas. A sua sucessora
adoptou um estilo mais sóbrio. As políticas não mudam substancialmente, mas altera-se radicalmente aquilo que sobre elas se noticia. A 21 de Junho de 2011, toma posse um outro governo e, consequentemente, um novo ministro, Paulo Macedo, que partilha com a sua antecessora a moderação nas declarações aos media, embora se prometam reformas de fundo para o sector.
Esta comunicação procura analisar o modo como os jornalistas foram
noticiando as políticas de saúde de três ministros com posturas bem
diferenciadas em relação aos jornalistas, ou seja, o que foi notícia e, acima de tudo, como é que se noticiaram as medidas que foram sendo
anunciadas (quais os temas, quais as fontes, quais os géneros jornalísticos…). Este trabalho tem como base todos artigos
jornalísticos de saúde publicados entre Janeiro de 2008 e Dezembro de
2011 no “Expresso”, “Público” e JN, o que soma cerca de 6.300 textos.
Esta investigação insere-se no projecto “Doença em Notícia” (financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. PTDC/CCI-COM/103886/2008) que assenta em quatro eixos: a análise dos textos jornalísticos publicados em jornais nacionais sobre a saúde, a organização das fontes de informação do campo da saúde, o entendimento dos jornalistas sobre o jornalismo da saúde, a avaliação que as fontes fazem acerca desses textos noticiosos. Aqui, daremos conta de parte dos resultados dos dois primeiros eixos numa análise quantitativa dos dados, centrada na estatística descritiva univariada.
- LOPES, Felisbela
- RUÃO, Teresa
- MARINHO, Sandra
- FERNANDES, Luciana
PAP0543 - Políticas de transição para o mercado de trabalho na Europa
Este artigo inclui um debate sobre os modelos nacionais de emprego
e, consequentemente, os modelos sociais europeus, discutindo a forma como
eles diferem em termos de políticas de educação e emprego.
Discute-se o modo como as políticas de educação, formação e emprego se
estruturam para dar resposta aos objectivos políticos de redução do abandono
e insucesso escolares e promoção da integração dos jovens no mercado de
trabalho. A estratégia metodológica consistiu numa análise documental de
estudos e documentos oficiais dos países da União Europeia entre 2005 e 2009
e uma análise das estatísticas do Eurostat.
A análise estatística baseou-se no emprego, desemprego e taxas de trabalho
temporário entre os jovens, incluindo uma decomposição intra e inter-país.
Devido à grande quantidade de informação, foram seleccionados quatro países
- Dinamarca, França, Portugal e Reino Unido - pois cada uma deles representa
um dos quatro modelos de estado social na UE.
- VELOSO, Luísa
- ESTEVINHA, Sérgio

- OLIVEIRA, Luísa
- CARVALHO, Helena

O meu nome é Sérgio Manuel Soares Estevinha,
pertenço ao centro de investigação CIES-IUL, a minha licenciatura é em
Sociologia e mestrado em Sociologia da Família, Educação e Políticas
Sociais. Os meus interesses de investigação passam pelos domínios da
Educação, transição juvenil para a vida activa, Estado, políticas
públicas e políticas sociais.
HELENA CARVALHO tem o doutoramento em Sociologia. Professora auxiliar do ISCTE-IUL. Diretora do Departamento de Métodos de Pesquisa Social no ISCTE-IUL. Diretora da Pós-graduação em Análise de Dados em Ciências Sociais (ISCTE-IUL). Leciona e coordena diversas disciplinas de Estatística e Análise de Dados em Mestrados. É investigadora do(CIES-ISCTE-IUL). A sua área de investigação privilegiada tem por enfoque os métodos quantitativos e multivariados para variáveis categorizadas, privilegiadamente métodos de interdependência e de dependência (Categorical Regression) via optimal scaling (Escola de Leiden). Tem participado em diversos projetos de investigação desenvolvendo as suas competências em análise de dados. Tem publicado diversos livros e artigos. Algumas publicações mais recentes: Ramos, M. and Carvalho, H. (2011) Perceptions of quantitative methods in higher education: mapping students profile. Higher Education, 61, pp:629-647.; Oliveira, L. and Carvalho, H. (2010). Why firms do not enrol in socio-technical networks- empirical evidence from Portugal. Sociology of Science and Technology, Vol 1, 3-d Issue; Oliveira, L. and Carvalho, H. (2009). The segmentation of the S&T space and gender discrimination in Europe. In Prpic, K., Oliveira, L. and Hemlin, S. (editors), Women in Science and Technology. Institute for Social Research, Zagreb, pp. 27-51. Carvalho, H. (2008). Análise Multivariada de Dados Qualitativos. Utilização da Análise de Correspondências Múltiplas (ACM) com o SPSS, Lisboa, Edições Sílabo.
PAP0557 - Políticas sociales en el Ecuador contemporáneo y el tortuoso adiós al ciclo neoliberal
La ponencia presenta los resultados de una investigación que tiene por objeto analizar comparativamente las políticas sociales en Ecuador entre el periodo de dominancia neoliberal (1982-2006) y aquel que se postuló como su superación y hasta contrario, conocido bajo la nominación oficial de “Revolución Ciudadana” (2007-2011). El análisis hace especial hincapié en capturar en qué medida bajo dicha “Revolución” se vislumbra o no un desarme de la estrategia política producida bajo el ciclo neoliberal en el ámbito específico de las intervenciones sociales del Estado. Nos referimos a aquella que operó la contracción y tránsito de la política a la esfera de la “sociedad civil” para lo cual supuso, por un lado, desafectar al Estado como espacio de las decisiones colectivas y, por el otro, trasladar la discusión por las condiciones materiales de vida al mercado.
En términos generales se mostrará que el retorno del Estado y el re-traslado de la política a sus espacios que se observa a partir del año 2007 en este país si bien desandó parte de aquella operatoria muestra límites ligados al elemento más estructural del cambio operado durante el neoliberalismo: la des-socialización de la vida. Así si bien hay indicios claros que con el retorno del actor estatal se da una ampliación de las bases políticas (contingentes y disputables) de la definición de las condiciones materiales de vida de la sociedad, esto no necesariamente supuso avances en una re-socialización en clave de solidaridad y “responsabilidad social”. Asimismo, la re-afectación del Estado en las decisiones colectivas ha implicado introducir la conflictividad social en su territorio, que más allá del discurso y la pretensión de representar el interés general, todavía resultan opacas las concepciones de cambio involucradas en sus principales actores, los márgenes reales de acción que detentan y el mapa de intereses en juego. Así, más allá de las innegables transformaciones involucradas en el proceso de la “Revolución Ciudadana”, las dificultades que persisten hablan de la necesidad de repensar los más soterrados constructos del neoliberalismo si es que se quiere tener algún éxito en su superación.
- MINTEGUIAGA, Analía M.
PAP1257 - Por dentro dos Estudos de Impacto Ambientais: A atuação de experts na identificação e delimitação dos problemas ambientais de grandes empreendimentos hidrelétricos brasileiros.
GT Novas Economias, Sustentabilidade e Tecnologias
O presente projeto busca compreender como se
chegam às conclusões dos instrumentos de
análise de impactos, presentes na Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída no
Brasil em meados da década de oitenta, a saber,
os Estudos de Impactos Ambientais e seus
respectivos Relatórios de Impactos Ambientais
(EIA’s/RIMA’s). O objetivo é estudar como se dá
o processo de fechamento dos EIA/ RIMA, através
da forma como os atores se apropriam da
natureza e da sociedade nas separações
disciplinares de explicação da realidade
estudada (em extensão e profundidade), e como
elas eventualmente conectam entre si, para
formular o conhecimento “fechado” constitutivo
do EIA/RIMA.
Essa compreensão, sobretudo, se desenvolve de
forma a mostrar como é formada a rede que
conectam os atores que participam na
constituição dos estudos, considerando as
diferenças disciplinares apontadas pelo Termo
de Referência (TR), e acatadas de forma
incontroversa pelos formuladores dos
EIA’s/RIMA’s. O TR e o EIA compreendem em seus
estudos, três grupos disciplinares que
constituem os meios físico, biótico e
antrópico, cada qual com suas próprias
construções teóricas e metodológicas Para
analisar os aspectos físicos da localidade
atingida pelos impactos do empreendimento, se
estudam a climatologia, recursos hídricos,
recursos dos solos; para mapear os aspectos
bióticos local, são estudadas a fauna e a
flora; e para compreender o meio social
afetado, são mapeadas as esferas sociais,
culturais e econômicas do entorno do projeto.
Será feito um estudo de caso a partir dos
EIA/RIMA de grandes empreendimentos
hidrelétricos brasileiros, que ainda se
encontram em fase de escolha.
A intenção é compreender analiticamente,
utilizando a abordagem do ator-rede, a partir
dos estudos de Bruno Latour, Michel Callon e
John Law, como são realizados os estudos
disciplinares, a partir de seus pesquisadores,
ou seja, dos experts; e em segundo plano
considerando a possibilidade de apontar
aspectos que possam favorecer uma sociologia
ambiental, que contemple a relação entre
natureza e sociedade quando do fechamento e
apresentação dos resultados do EIA/RIMA.
- PRATES, Camila Dellagnese
PAP1400 - Porque partem eles (agora)? Revisita à eterna pergunta.
Na sequência, da integração europeia, os quase perenes fluxos migratórios portugueses foram-se, paulatinamente, extinguindo, de tal forma que na viragem do século passou a ser lugar comum afirmar-se que o nosso país se tinha metamorfoseado de “país de emigrantes” em “país de imigrantes”. De facto, nas últimas décadas do século XX Portugal tornou-se um país atractivo inclusive para alguns cidadãos do país que, até há bem pouco tempo, atraia as mais significativas levas de expatriados portugueses (o Brasil) e, no contexto global, ascendeu à categoria de território atractivo para a generalidade dos migrantes económicos e, consequentemente, o número daqueles que partiam começou a ser superado pelo número daqueles que entravam. Não obstante, a recente crise económica que a Europa e Portugal por arrasto ultrapassaram nos primeiros anos do século XXI vieram pôr a descoberto que essa realidade não estava definitivamente solidificada no nosso país, pelo menos não tanto como alguns acreditaram ou quiseram fazer crer. Isto, porque novos fluxos migratórios recentes vieram emergir no território nacional, particularmente visíveis em regiões deprimidas do interior como é o caso do distrito da Guarda. Assim, alicerçado nos contributos da sociologia das migrações e em algumas deambulações pela história da emigração portuguesa, e tendo como pano de fundo a região da Guarda procuram-se equacionar “as molas impulsionadoras” que estão, outra vez, a levar estes beirões a procurarem melhores condições de vida longe do solo pátrio. Intentando, desta forma, aferir até que ponto estes novos fluxos migratórios têm uma génese semelhante aos que os precederam ou se, pelo contrário, têm configurações particulares que os individualizam no panorama migratório português.
Palavras-chave: migrações internacionais, migrantes, trajectórias pessoais, integração profissional.
- OLIVEIRA, Nelson Clemente Santos Dias
PAP1307 - Porque se mobilizam os professores? Juízos plurais sobre o que é “um bom profissional de ensino”. Análises exploratórias
A comunicação visa empreender, no quadro da
Sociologia Pragmática de Thévenot e Boltanski,
uma primeira abordagem ao movimento de
contestação dos professores ao Estatuto da
Carreira Docente (ECD) aprovado em 2007
enquanto questão intimamente ligada à
problemática de juízos morais e políticos
plurais sobre “o que é ser professor num
contexto de incerteza” nas escolas como arenas
públicas.
Tendo como pano de fundo a contestação às
sucessivas reformas na educação implementadas
desde os anos 80, procurar-se-á, à luz do
trabalho teórico desenvolvido pelos autores em
“De la Justification” e “L’action au pluriel”,
apresentar os resultados das primeiras análises
de dados empíricos recolhidos (através de
fontes documentais e entrevistas realizadas
junto de porta-vozes e representantes sindicais
dos professores) de forma a compreender que
“regimes de justificação” foram mobilizados
para justificar as críticas aos princípios de
justiça que presidiram à reforma do ECD e para
a receptibilidade pública da denúncia como
“injustiça” através da referência a “ordens de
grandeza de carácter moral e político”.
Mediante fontes consultadas, identificaram-se
como principais focos de conflito a
estruturação vertical da carreira docente, com
a criação de duas categorias (“Professor” e
“Professor titular”) e a correspondente
diferenciação funcional, aliada a uma avaliação
de desempenho dos professores com efeitos na
progressão na carreira (e limitada por quotas
no acesso aos escalões cimeiros).
Com esta reforma, os seus responsáveis visavam
a instauração de um sistema de avaliação e
progressão mais responsabilizador dos
professores pelos resultados escolares dos seus
alunos (e distinção dos “melhores
profissionais”) e uma hierarquização que
estimulasse uma maior exigência nas práticas
pedagógicas.
No entender dos professores, o novo ECD
acarreta a introdução de mecanismos de
“controlo” que corroem a autonomia e
reflexividade que devem pautar a actividade
docente e coloca em causa o papel integrador
das escolas que só pode ser cumprido por uma
concepção do trabalho pedagógico como um
esforço colectivo dos docentes de cada
estabelecimento de ensino – posto em causa por
uma avaliação limitadora da progressão na
carreira.
À luz do corpo teórico mobilizado, a primeira
hipótese a explorar é a de que o novo estatuto
assenta numa representação do professor
orientada pela lógica da “cité industrial” –
concepção da “eficácia” e “direcção” aplicada à
acção docente – e pela lógica da “cité
mercantil” – a “concorrência” e “competição”
mediante um sistema de desempenho limitador da
progressão. Em segundo, procura-se demonstrar
que as críticas dos professores ao ECD são
orientadas pela lógica da “cité inspirada” – a
autonomia e inovação na acção pedagógica – e a
lógica da “cité cívica” – a solidariedade
cívica entre os professores em prol da
igualdade de oportunidade entre os alunos e o
combate à exclusão escolar.
- RESENDE, José Manuel
- GOUVEIA, Luís

Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Doutorando na mesma instituição desde 2011. Bolseiro de Investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia com o projecto intitulado "Porque se mobilizam os professores? Representações colectivas e coordenações de acções públicas dos professores do Ensino Básico e Secundário em função de juízos plurais sobre o que é um bom profissional de ensino".
PAP1083 - Portugueses na Galiza, cidadania diferenciada nun contexto transnacional
O Objetivo desta comunicação é o de apresentarmos a realidade da maior comunidade estrangeira na Galiza (Espanha) e os processos que este movimento migratório representa. O maior número de pessoas com nacionalidade não espanhola na aqui são os portugueses, no ano 2010, mais de 21000, segundo os dados do INE (instituto de estatística da Espanha), sendo isto unha particularidade da Comunidade Galega, pois no conjunto da Espanha não acontece tal. Este facto não é só destacável por si só, pois estes 21000 portugueses só representavam aproximadamente um 0,8% da população total da Galiza, e tendo em conta que Portugal é um país com uma forte tradição emigrante também não é este um número significativo em quanto aos dados totais de saídas. Mas, se o pensarmos este stock migratório em termos qualitativos si o é; já que poderemos atingir grande número de elementos teórico, para a análise a partir desta população trasladada; em primeiro lugar, é a origem duma serie de processos migratórios muito interessantes, assim como um espantoso elemento de analise para entendermos uma conceição antropológica, econômica e política em novidade e em trocas constantes, tanto num plano de conceição dum estado multinacional, a Espanha, como na conceição e criação de comunidades políticas transnacionais como é a U.E e alguns órgãos de integração da mesma.
Pelo que o objetivo principal da investigação foi reconhecer e estudar até que ponto se faz visível que estas pessoas com nacionalidade portuguesa e residentes na Galiza; a pesar de morarem numa comunidade muito próxima a nível cultural e geográfico e de compartirem um marco supraestatal comum com pretensões de criar uma cidadania comum européia, e sem uma fronteira fechada; não estão equiparadas a nível subjetivo com os cidadãos autóctones e estão abocados a sofrerem uma serie de passos de descapitalização, além de estarem, expostos a infinidade de estereótipos negativos que influem negativamente no seu assentamento.
É especialmente destacável como entre os dois territórios que fazem parte do processo que estudamos existe uma forte relação em diversos âmbitos, especialmente chamativo em termos culturais, podendo considerar tais territórios como um território dalgum jeito entendido como transnacional, entendendo por transnacional como “certos grupos vivendo em espaços transfronteiriços com interesses comuns de natureza cultural, desportiva, política ou doutro tipo, podendo ver-se a si próprios como comunidades” (Castels 2005),mas ainda assim a proximidade geográfica e cultural, etc; não é suficiente elemento integrador tamén a pesar das já citadas instituições européias; e das possibilidades legais no processo migratório. Pois a presença das alteridades criadas durante séculos pelos estados- nações tradicionais são superiores às próprias sinergias contemporâneas içadas com a construção duma difusa Cidadania Européias.
- FERNÁNDEZ, José Daniel Arias

- José Daniel Arias Fernández, 28 anos, Licenciado em Ciencias Políticas e da Administração na Universidade de Santiago de Compostela; tenho feito Erasmus na Universidade do Minho no curso de Relações Internacionais.
- Mestrado Oficial em Migrações Internacionais na Faculdade de Sociologia da Universidade da Corunha. Atualmente estou a começar com os meus estudos de doutoramento, cuja tese terá por título "Migracións portuguesas á Galiza entre transnacionalismo e alteridade, ruralidade e urbanidade posicionamentos a debate."
- Experiencia laboral em várias organizações do terceiro setor entre as que destaco ter sido Co-Criador do site "africanews.es" e colaborador habitual e antigo bolseiro na organização italiana "africanews.it".
- Atualmente emigrante em Edinburgh (Escocia), onde trabalho como camareiro de evento, assim como tenho emigrado anterioriomente a Londres onde trabalhei como fregapratos durante 4 meses.
- Falo Galego, Espanhol, Português, Italiano e Inglês.
PAP1539 - Postura dos proprietários florestais face ao cumprimento da legislação florestal
A necessidade da defesa e valorização da Floresta Portuguesa, tendo em atenção o seu potencial para o desenvolvimento sustentável do nosso país, em todas as suas dimensões económico, ambiental e social, tem merecido a atenção das instituições responsáveis, originando a produção de diversa legislação. O nível de cumprimento da legislação deve ser acompanhado e objecto de estudo no sentido de contribuir para o desenvolvimento da floresta sustentável. O relacionamento das pessoas com a legislação, o seu entendimento e cumprimento são factores determinantes neste processo. Face ao número de processos de contra-ordenação, que tem vindo a ser objecto de instrução nestes últimos anos, o presente trabalho tem como objectivo perceber as causas do aparecimento das contra-ordenações, assim como tentar encontrar formas de reduzir o seu número. Procedeu-se a análise de 366 processos de contra-ordenação resultantes de infracções na área do PBIS entre 2005 e 2009 relativas à legislação florestal em estudo: preservação do arvoredo (sobreiro, azinheira) - D.L. 169/2001; arborização com espécies de rápido crescimento - D.L. 175/88; reposição do coberto vegetal após o incêndio - D.L 139/88; defesa de pessoas e bens - D.L.124/2006. Apuramos que os infractores são os legítimos detentores dos terrenos, sendo 78% do sexo masculino, residentes no local e maioritariamente com uma idade avançada. Os anos em que se verificaram mais infracções foram em 2006 e 2007. A infracção mais frequente foi a de não inscrição do ano de descortiçamento nos sobreiros, sendo Castelo Branco o concelho mais representativo. Da análise dos depoimentos fomos levados a concluir que os proprietários utilizam formas expeditas de rentabilizar os terrenos, não cumprindo a legislação em vigor, alegando como principal causa o desconhecimento da mesma. Por outro lado, o estudo permite-nos perceber a importância dos meios de actuação/fiscalização na sensibilização do proprietário, bem como a proposta de sugestões no sentido de melhorar a situação, contribuído assim para um desenvolvimento florestal consistente com os princípios legislados.
- SILVEIRA, Margarida
- ALMEIDA, Celestino Morais de
PAP0193 - Precariedade Laboral, Juventude e Contestação
O presente artigo tem como objetivo debater a questão da precarização/precariedade laboral, sua relação com a juventude e a contestação social criada a partir da crise econômica e política, que tem vindo a ser proporcionada no espaço do sistema político e econômico internacional recente. A composição desses três elementos se dá na capacidade de entender como essas contestações recentes que se espalharam por Portugal, pela Europa e a nível global –, estão marcadas tanto por formas de protesto convencionais, bem como por ocupações do espaço público. Essas manifestações tem se caracterizado pela presença massiva de jovens integrantes do “mundo do trabalho”, cuja situação laboral pode ser, tanto a da incerteza laboral quanto a de garantia dos direitos; ou como desempregados, ou estudantes que enfrentarão futuramente o mercado de trabalho, mas que, em sua generalidade, não desfrutam de uma entrada consolidada por completo no mercado de trabalho – seja em termos de garantias formais ou garantias reais. Em termos subjetivos, isso revela também a incerteza que é gerada quanto a inserção laboral, as expectativas e as experiências sobre o mercado de trabalho, que resultam em certas frustrações e decepções de abrangência geracional e de posicionamento na estrutura social. Assim, essa relação passa a compor não apenas as formas de precariedade laboral, bem como, integram os movimentos sociais – direta ou indiretamente – não apenas em suas requisições, mas também no panorama de perspectivas e críticas que esses movimentos sociais tem constituído à sociedade capitalista, às recentes crises econômicas e laborais e aos pacotes nacionais de austeridade. Procurarei debater as questões referentes não apenas ao caráter geracional de formação dos movimentos, mas também, de como essas críticas se estruturam numa relação de controle democrático do trabalho e na geração da precariedade laboral. Esta, que tem se tornado regra, afeta aos jovens: seja em relação a integração na esfera econômica laboral, em que o resultado é um crescente processo de precarização e uma precariedade laboral cada vez mais evidente, através dos empregos terceirizados, temporários e de baixa remuneração; bem como no âmbito de ação e representação política, que pode vir a se efetivar como práticas de contestação dessa representação. O caso de Portugal deverá ser tratado de forma a possibilitar a compreensão das especificidades da precariedade laboral e as recentes contestações sociais. Assim, os resultados esperados relacionam as diversas formas de precariedade laboral com a contestação social atual e a presença dos jovens procurando compor não apenas um quadro analítico mas também atualizar o debate sobre o tema.
- ALMADA, Pablo
PAP0765 - Precariedade laboral em situação de pobreza: contributos para uma tipologia
Os dados estatísticos disponíveis permitem perceber que a precariedade no emprego afecta um número crescente de indivíduos. Concomitantemente, os discursos políticos e mediáticos sobre este processo social são omnipresentes. Contudo, os estudos sistemáticos sobre a temática não abundam, quer a nível nacional, quer a nível internacional, pelo que discursos e decisões políticas sobre o assunto não têm por base informações factuais aprofundadas.
Nesta comunicação, propomo-nos contribuir para a caracterização sistemática deste processo social, recorrendo a um inquérito por questionário aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção que trabalham, e à reflexão enquadradora de Beck, Castels e Barbier, relativamente às transformações do mercado de trabalho e à definição de precariedade no emprego.
Os indivíduos em situação de pobreza que trabalham constituem uma população particularmente adequada para estudar a precariedade no emprego, quer por ser entre eles que se encontram todas as formas de precariedade, incluindo as mais extremas, quer porque se trata de uma categoria social em que a questão se coloca de forma persistente no tempo.
Na análise a apresentar, confrontam-se as diferentes formas de vinculação em relação ao emprego com as principais características sócio-demográficas dos inquiridos construindo-se diferentes perfis de ser precário. Com efeito, a precariedade no emprego não é um processo social homogéneo. Apesar da incerteza em relação ao futuro como denominador comum, existem formas de precariedade com diferentes graus de intensidade, porque mais ou menos afastadas da norma do emprego sem termo, havendo mesmo trabalhadores pobres caracterizados pela condição de efectivo.
Os métodos de pesquisa de dados, compreendem as análises univariada, bivariada e multivariada (análise factorial das correspondências múltiplas).
O inquérito aos beneficiários do RSI que trabalham tem como âmbito (e representatividade) os Açores e recorrer-se-á a dados nacionais (INE) e europeus (Eurostat) para contextualizar e aprofundar as questões abordadas.
Neste sentido, partindo da análise de um estudo de caso, através da construção de tipos a utilizar em contexto mais vasto (quer sociológico, quer geográfico), esta comunicação é uma contribuição para a compreensão aprofundada deste processo social.
- DIOGO, Fernando Jorge Afonso

Fernando Jorge Afonso Diogo
É Doutorado em Sociologia e Professor da Universidade dos Açores.
Na sua pesquisa científica tem sido autor de estudos e publicações na interceção das áreas da pobreza, do trabalho e do emprego feminino, em especial sobre os Açores. Boa parte do seu trabalho tem sido efetuado sobre os beneficiários do RMG/RSI e, mais recentemente, sobre a precariedade no emprego entre os indivíduos pobres.
É membro da Direção do Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores e cocoordenador da secção de Pobreza, Exclusão Social e Políticas Sociais da Associação Portuguesa de Sociologia.
PAP0980 - Presencia Centroamericana en la Frontera Sur de México: un espacio en construcción trasnacional.
"GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA
AMÉRIC LATINA".
Desde una visión panorámica, en esta ponencia
se presentan las interacciones sociales
ocurridas en la frontera mexicana de Chiapas
con Guatemala. Las interacciones han sido de
distinta naturaleza y han estado marcadas por
su tiempo histórico, comenzando con la
conformación de la Frontera Sur de México en la
que pueblos guatemaltecos quedaron
geográficamente divididos. Otras han ocurrido
por la atracción de mano de obra guatemalteca
para el cultivo y desarrollo de la
cafeticultura en territorio chiapaneco. Otro
episodio reside por las situaciones
conflictivas en Guatemala que derivaron en una
migración de refugiados a México,
principalmente a Chiapas, cuando numerosas
poblaciones rurales de ese país, estuvieron
interactuando en plena connivencia con
poblaciones, también rurales mexicanas. Por
último, una tercera fase que ha propiciado otro
medio de contacto ha derivado de una migración
proveniente no solamente de Guatemala, sino de
casi toda Centroamérica que dirigiéndose a los
Estados Unidos, por diversos motivos, algunas
poblaciones de hombres y mujeres, en calidad de
transmigrantes, quedan estacionados en la
región más fronteriza del estado que es El
Soconusco Chiapas. Este último evento,
constituye otro acontecimiento histórico
reciente que ha modificado, no solamente el
devenir de sus vidas de los propios migrantes,
sino de los escenarios sociales fronterizos en
México.
El titulo arriba enunciado, en una perspectiva
de larga duración, alude a la entidad
chiapaneca, especialmente a la región de El
Soconusco, como un espacio en construcción
trasnacional, en tanto que las manifestaciones
culturales de origen centroamericano, o
especialmente guatemaltecas que se presentan
son todavía muy incipientes aún cuando su
presencia es de larga data y de arraigo
histórico. Esto se debe, en gran parte, al
carácter hegemónico que la cultura mexicana
tiene, y que como campo minado se disemina en
todo el territorio nacional y allende sus
frontera, y por otra, a las circunstancias de
vulnerabilidad social en que los distintos
segmentos de población guatemalteca que se han
insertado en Chiapas, y con ello, sus
manifestaciones culturales se tornan furtivas.
- VELASCO, German Martinez

GERMAN MARTINEZ VELASCO
DOCTOR EN CIENCIAS SOCIALES
PROFESOR-INVESTIGADOR DE EL COLEGIO DE LA FRONTERA SUR DE MEXICO
PERTENECE A LA LINEA DE INVESTIGACIÓN: MIGRACIONES INTERNACIONALES EN LA FRONTERA SUR DE MEXICO
HA SIDO CONSULTAR DEL PROGRAMA DE NACIONES UNIDAS PARA EL DESARROLLO-ONU
SUS INTERES ACADÉMICOS SE ENFOCAN A LAS TEMÁTICAS DE:
1) MIGRACIÓN Y SEGURIDAD
2) MIGRACIÓN Y DERECHOS HUMANOS
3) POLITICAS DE MIGRACIÓN EN MEXICO
PAP0987 - Presencia Centroamericana en la Frontera Sur de México: un espacio en construcción trasnacional.
Desde una visión panorámica, en esta ponencia se presentan las interacciones sociales ocurridas en la frontera mexicana de Chiapas con Guatemala. Las interacciones han sido de distinta naturaleza y han estado marcadas por su tiempo histórico, comenzando con la conformación de la Frontera Sur de México en la que pueblos guatemaltecos quedaron geográficamente divididos. Otras han ocurrido por la atracción de mano de obra guatemalteca para el cultivo y desarrollo de la cafeticultura en territorio chiapaneco. Otro episodio reside por las situaciones conflictivas en Guatemala que derivaron en una migración de refugiados a México, principalmente a Chiapas, cuando numerosas poblaciones rurales de ese país, estuvieron interactuando en plena connivencia con poblaciones, también rurales mexicanas. Por último, una tercera fase que ha propiciado otro medio de contacto ha derivado de una migración proveniente no solamente de Guatemala, sino de casi toda Centroamérica que dirigiéndose a los Estados Unidos, por diversos motivos, algunas poblaciones de hombres y mujeres, en calidad de transmigrantes, quedan estacionados en la región más fronteriza del estado que es El Soconusco Chiapas. Este último evento, constituye otro acontecimiento histórico reciente que ha modificado, no solamente el devenir de sus vidas de los propios migrantes, sino de los escenarios sociales fronterizos en México.
El titulo arriba enunciado, en una perspectiva de larga duración, alude a la entidad chiapaneca, especialmente a la región de El Soconusco, como un espacio en construcción trasnacional, en tanto que las manifestaciones culturales de origen centroamericano, o especialmente guatemaltecas que se presentan son todavía muy incipientes aún cuando su presencia es de larga data y de arraigo histórico. Esto se debe, en gran parte, al carácter hegemónico que la cultura mexicana tiene, y que como campo minado se disemina en todo el territorio nacional y allende sus frontera, y por otra, a las circunstancias de vulnerabilidad social en que los distintos segmentos de población guatemalteca que se han insertado en Chiapas, y con ello, sus manifestaciones culturales se tornan furtivas.
- VELASCO, German Martinez

GERMAN MARTINEZ VELASCO
DOCTOR EN CIENCIAS SOCIALES
PROFESOR-INVESTIGADOR DE EL COLEGIO DE LA FRONTERA SUR DE MEXICO
PERTENECE A LA LINEA DE INVESTIGACIÓN: MIGRACIONES INTERNACIONALES EN LA FRONTERA SUR DE MEXICO
HA SIDO CONSULTAR DEL PROGRAMA DE NACIONES UNIDAS PARA EL DESARROLLO-ONU
SUS INTERES ACADÉMICOS SE ENFOCAN A LAS TEMÁTICAS DE:
1) MIGRACIÓN Y SEGURIDAD
2) MIGRACIÓN Y DERECHOS HUMANOS
3) POLITICAS DE MIGRACIÓN EN MEXICO
PAP0521 - Problematizar a estrutura e a cultura organizacionais que podem viabilizar um modelo educativo inovador na reabilitação social de jovens em risco de desinserção: estudo de caso
Esta comunicação propõe-se reflectir sobre as possibilidades de aperfeiçoar o funcionamento das organizações que prestam serviços sociais à luz de princípios de organização e de gestão do trabalho que visam a excelência, bem como reflectir sobre as relações, tensas e conflituosas, que se estabelecem entre Estado, mercado e comunidade.
No contexto da reforma do Estado social, damos relevância à geração de propostas que, questionando a mercantilização destes serviços enquanto único factor de eficiência e de rentabilidade, assinalam a necessidade de os aperfeiçoar aos seguintes níveis: aprendizagem contínua e trabalho em equipa para estimular uma visão compartilhada da missão e a apropriação do pensamento complexo; menos burocracia e maior agilidade funcional, implicando maior sintonia e proximidade com as populações, maior capacidade de identificar com rigor e fidedignidade as suas necessidades; recentramento nos cidadãos na base de uma relação de ajuda concreta e duradoura, assente na escuta e no reconhecimento do outro e numa autêntica solidariedade; disponibilidade para a renovação e aperfeiçoamento constante com o objectivo de promover o empowerment; experimentação e validação de soluções que melhor respondam aos novos e velhos problemas de pobreza e exclusão social; elevar à excelência o desempenho organizacional do terceiro sector; elevar a eficácia da organização através de uma gestão investida na integração, valorização e motivação dos seus trabalhadores, dando suporte ao aprimoramento dos seus desempenhos; desenvolver entre os produtores dos serviços uma cultura de serviço que lhes permita tomar consciência do significado dos direitos sociais, culturais e económicos indispensáveis ao exercício das liberdades individuais; implicar os cidadãos na gestão dos serviços públicos para incentivar a sua participação política, o controlo sobre a utilização dos recursos públicos e a sua capacidade para influenciar a prática política dos governantes.
Perante jovens remetidos para circunstâncias que os precipitaram numa longa deriva, sem projecto e sem sentido, envolvendo uma fraca estruturação das suas capacidades mentais e induzindo múltiplas racionalizações do fracasso, propusemo-nos criar uma organização que se desafia a integrar e concretizar os aperfeiçoamentos acima identificados.
- QUEIROZ, Maria Cidália
- VIEIRA, Paula
PAP1086 - Problemática actual de los Mercados de Abastos a través de un caso de estudio.
El comercio, en general, y las Plazas de Abastos, en particular, están sufriendo en las últimas décadas cambios importantes derivados, principalmente, de los cambios de hábitos en el consumo. Existen Mercados de Abastos que han consolidado su actividad y han conseguido renovar su clientela y, con ello, mantener su cuota de negocio; pero muchos otros se encuentran desde hace año s en un proceso de decadencia que parece no tener fin a pesar de los apoyos institucionales y esfuerzos corporativos realizados.
A través del trabajo de campo realizado en el Mercado de Abastos de Pontevedra se pretenden conocer: (1) cual es el perfil del vendedor y consumidor de este tipo de establecimiento y (2) cuales son las estrategias emprendidas para garantizar el funcionamiento y atraer clientela, con el objetivo (3) de valorar si estas estrategias son acertadas y suficientes para garantizar el futuro de la Plaza. Este análisis de caso requirió de la realización de encuestas personales a pie de calle (clientes) y establecimiento (vendedores), la observación de las instalaciones actuales y la documentación sobre el pasado inmediato (traslado temporal por obras y regreso al edificio remodelado ) y presente (apoyo institucional y movimiento asociativo).
- OUTÓN, Sara Mª Torres

Sara Mª Torres Outón es profesora asociada de Sociología en la
Universidad de Vigo desde el año 2001. Licenciada en Sociología por la
Universidad de Deusto (1994), especialidad en Sociología Urbana,
Máster en Sociología y Planeamiento Regional en la Ball State
University (Indiana-USA)(1998) y Licenciada en Ciencias Políticas por
la Universidad de Santiago de Compostela (2011). Como freelance
participó en proyectos de investigación en diferentes fases: trabajo
de campo, análisis y redacción. Vinculada desde el 2000 al Seminario
de Estudios Socioeconómicos de Pontevedra Carlos Velasco, se
especializó en diagnóstico comercial y estudios de intervención
municipal hasta que ocupó el puesto de Agente de Desarrollo Local
(2007-2010). Actualmente, centra su actividad en la docencia e
investigación.
PAP1301 - Processo de democratização e acesso ao ensino superior em Portugal
O ensino superior é, sem dúvida, um bom analisador da evolução das sociedades. Através da análise do ensino superior podemos perceber: o sentido e a dinâmica da mudança que afecta a estrutura das posições sociais; os patamares ou os modelos de desenvolvimento humano conseguidos; os sistemas de valores e de interesses que apoiam as estratégias dos indivíduos para se apropriarem dos recursos sociais e o estatuto que aí assumem, particularmente, o saber e o conhecimento ou as insígnias simbólicas que os representam; os modelos da governação, do próprio ensino e do ensino superior, em particular; o estatuto do ensino superior e o modo de reconhecimento das suas possíveis missões, em relação com outros sistemas ou dispositivos concorrentes.
Interessa-nos particularmente tratar, nesta comunicação, a forma como o ensino superior se posiciona em relação a uma questão modal em torno da qual assenta a compreensão da mudança da sociedade portuguesa nos últimos 50 anos. Considerada como um valor, a democratização impôs-se como um vector estruturante e incontornável da acção política e educativa, para limitar ao que nos interessa aqui, mesmo quando confrontada com outros valores igualmente valorizados no plano social, como o de cidadania ou de justiça ou ainda, embora que a um nível menos imperativo, o de rentabilidade. Enquanto objecto de programação política, a democratização do ensino concerne diferentes dimensões (acesso, condições de tratamento e resultados), diferentes níveis (os que estruturam o aparelho escolar), mas está também associada directamente a outros sectores da sociedade, como os mercados de trabalho ou a estrutura dos posicionamentos e das expectativas sociais. A sua construção tem assim muitos pontos de ancoragem, isto quer dizer que a sua avaliação pode ser feita a partir de muitos pontos de vista. Tendo em conta esta multideterminação, cujos efeitos podem ser, aliás, contraditórios, a democratização não se resolve, no plano político, mas pode ser regulada; não se explica, no plano científico, mas pode ser compreendida, através da explicitação das tendências que indicam, por um lado, a intensidade ou grau de urgência com que ela se impõe à acção e, por outro lado, a extensão da sua presença nos diferentes níveis, dimensões, da acção escolar.
Centrando a nossa análise no acesso ao ensino superior, ficam claros os nossos limites. Fiéis no entanto à nossa proposta, tentaremos perceber, através dos nossos dados, a forma como o processo de democratização se espelha no ensino superior e, ao mesmo tempo, a forma como o ensino superior é uma alavanca do processo.
Para além de um tratamento da informação disponível susceptível de enquadrar o nosso propósito, a nossa comunicação apresentará dados de inquéritos conduzidos nos últimos 15 anos.
- BALSA, Casimiro
PAP1230 - Processo de socialização e construção de identidades profissionais: um estudo a partir de narrativas biográficas de trainees de uma multinacional brasileira
Um dos grandes desafios da juventude nos dias atuais é em relação à angustia quanto às possibilidades de inserção e realização profissional. Os dados demográficos no Brasil retratam um paradoxo: existe um contingente de profissionais no campo da Administração (estudantes, recém formados, pós-graduados, profissionais de carreira) em busca de uma oportunidade, no entanto, existe também uma demanda por profissionais que correspondam aos objetivos cada vez maiores das organizações e às exigências dos espaços ocupacionais. A cobiça por uma carreira diferenciada conduz milhares de jovens aos “Programas Trainnes” das grandes corporações. São programas altamente concorridos e desenhados para “encontrar” os talentos em potencial para ocupar posições de liderança no presente e/ou no futuro. Os estudos sociológicos demonstram que esses talentos não se fizeram apenas ao longo do processo de escolarização, tão pouco parece limitado pensar e acreditar que nasceram com atributos que os distinguem. Os estudos de Dubar(2005), Dubet (1994) Elias (1994) demonstram que os indivíduos se constituem profissionalmente ao longo do processo de socialização e de suas experiências sociais. A formação e conservação da identidade é um fenômeno que deriva da dialética entre um indivíduo e a sociedade, portanto, determinados pela estrutura social. Estas duas dimensões caracterizam o que Dubar (2005) tipifica como processo biográfico e processo relacional. Este trabalho tem como objetivo compreender o processo de construção da identidade de profissionais de trainees, atuantes numa multinacional brasileira a partir da identificação de regularidades e singularidades no processo de socialização e quais estratégias são/foram desenvolvidas para reconhecimento dessa identidade no campo profissional. Metodologicamente, para compreender o processo de construção da identidade profissional é importante olhar para a história de vida do sujeito, porque de acordo com Dubar (2005, p.150) quando olhamos para os jovens, a criação de estratégias pessoais e de representações de si pode ter grande peso no desenvolvimento futuro da vida profissional. Os dados empíricos são oriundos de narrativas biográficas obtidas por meio de entrevistas semi-estruturadas, intensivas e em profundidade, com quatro (duas moças e dois rapazes) dos vinte e um jovens que ingressaram na corporação pelo Programa Trainee 2010. A “análise dos mundos” na história de vida dos indivíduos por meio de sua própria narrativa possibilitou identificar as distinções que apresentam em suas identidades profissionais oriundas dos espaços de socialização primária e secundária.
Palavras-chave: Socialização; Identidade profissional; Espaço Ocupacional; Programa Trainee
- CUNHA, Marciano de Almeida

- SOBRAL, Mariana Cristina Tosta
- SOARES, Gabrielle Tosin
Marciano de Almeida Cunha
Professor da área de Gestão de Pessoas da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR Brasil, atuando nos cursos de graduação e pós-graduação. Doutor em Educação (PUCSP) com estágio sandwich na Université de Montréal - Canadá, Mestre em Administração e em Educação (PUCPR) e formação em Administração e Ciências Biológicas (UEPB). Palestrante e consultor em Desenvolvimento Humano. e profissional. É líder do grupo de pesquisa “Formação e profissionalização no campo das Ciências Sociais Aplicadas”, no qual desenvolve pesquisas vinculado às seguintes Linhas de Pesquisa 1. “Processos de socialização, formação e profissionalização: da escolarização à carreira profissional” e 2. “Impactos de práticas e tecnologias de desenvolvimento profissional nos processos da Gestão de Pessoas e nas estratégias das organizações”. para conhecer mais www.marcianocunha.com.br
PAP0140 - Processos criativos da poesia na web: democratização e imagem
Esse trabalho descreve e analisa mudanças significativas e bastante
difundidas nas formas de criação poética e no corpo do poema que
acompanham a democratização da escrita poética efetuada na web. De
fato, a observação da poesia criada e veiculada na internet depara com
consideráveis transformações que vêm se dando já há cerca de vinte
anos nas interações entre poetas e entre estes e seus leitores, e,
principalmente, no corpo do poema. Como em tantas outras áreas da
vida social, o estudo da poesia e de poetas por meio do que se mostra
na web viabiliza, mais que acesso a dados, tocar em realidades da vida
social inusitadas, baseadas em elementos originais, com nova
natureza, por assim dizer. Além disso, a internet é conformadora de
realidades sociais que reverberam e criam acontecimentos para bem
além de suas telas, tecnologias, linguagens, hábitos, conduzindo a
diversidade de experiências que talvez ainda não tenhamos processado
com perguntas e aparato conceitual adequados, voltados para a
singularidade desses fenômenos. Nessa comunicação, gostaríamos de
apontar, em caráter preliminar, algumas maneiras por meio das quais
poetas e não poetas interagem na internet em função de avaliações e
práticas vinculadas à poesia, e apresentar também algumas novas
configurações que a criação poética vem assumindo nesse meio, em
especial no que diz respeito a alterações significativas no corpo, e, por
extensão, na imagem do poema - sua silhueta, sua cor, textura,
ambiente visual, dentre tantas outras. Por sua difusão, e por diversas
das suas características, tratamos esse processo como “improvisação
cultural” – generativo, em que pese basear-se em formas reconhecidas
extensamente como poemas; temporal, ou seja, não eruptivo;
extensivo, isto é, não redutível a rupturas individuais com modelos
assentados de criação; e como prática em boa medida naturalizada
pelos atores sociais envolvidos. Abordaremos, por conta de recorte que
viabiliza a pesquisa e da proximidade da pesquisadora, a poesia escrita
em português, com foco voltado para a brasileira.
- DABUL, Lígia
PAP1033 - Processos de aprendizagem e desenvolvimento regional: o Ser Jovem no Semiárido Nordestino
A tarefa de investigação se deteve no acompanhamento de processos educativos dos jovens participantes da Fundação Casa Grande em Nova Olinda, Estado do Ceará no período de agosto de 2011 a dezembro de 2011. O objetivo central da investigação é conhecer quais as impressões dos sujeitos sobre sua condição de ser jovem no Semiárido Nordestino, o que sentem e pensam a respeito dessa temática e quais são suas sugestões sobre como enfrentar os desafios e limitações da sua região. Foi realizada uma roda de conversa, a partir da teoria de Paulo Freire, que tem como pressuposto teórico a facilitação da fala considerando que por longo tempo a educação nos moldes tradicionais inviabilizou a expansão de ações que desenvolvessem o hábito do questionamento e a livre expressão das ideias. O tema gerador do encontro foi “Ser jovem no Semiárido Nordestino”. Foram utilizados como instrumentos: agenda de anotação, gravador de áudio e câmera fotográfica. As perguntas disparadoras para a fala dos jovens foram: Quais são os desafios de ser jovem no Semiárido nordestino? Como os jovens podem enfrentar os desafios e limitações da sua região? As falas dos jovens foram aprofundadas a partir do referencial da análise do discurso. Como pontos presentes no discurso dos entrevistados a respeito dos desafios de ser jovem no Semiárido Nordestino, encontramos a falta de oportunidade de emprego, falta de formação para o trabalho e de condições de educação como escolas, ou transportes escolares para os jovens das comunidades rurais. Eles sentem a necessidade de profissionais qualificados na área de educação que possam ajudar aos jovens a se motivarem para o estudo. Em relação a como os jovens podem enfrentar os desafios da Região, foi sinalizado que os jovens precisam se descobrir, conhecer suas habilidades, pensar não só em si mesmo, mas na comunidade. Saber que as conquistas dos estudos e dos saberes devem contribuir com os outros e que os jovens devem ser um exemplo. As dificuldades daqui são iguais as da capital, só muda a situação geográfica, mas acreditam os desafios são proporcionais às possibilidades. Concluímos que promover o desenvolvimento regional de forma sustentável e definir novos processos de aprendizagem é um imenso desafio para todos nós, e em especial para os educadores, sendo que estes não podem deixar de incluir os jovens nesse processo.
- ANJOS, Maria de Fátima

- NASCIMENTO, Verônica

Maria de Fátima dos Anjos.
Pedagoga, especialista em Psicopedagogia,
Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Ceará (UFC) - Campus do Cariri.
Título DA PESQUISA: O Que Significa Ser Jovem no Semiárido: suas contribuições para o Desenvolvimento Regional Sustentável.
Bolsista da FUNCAP - Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Psicóloga, possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2009). É professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Campus de Sobral - Setor de Estudos: Psicologia Escolar/Educacional. Tem experiência na área de Psicologia e Educação, com ênfase nos estudos sobre Juventudes, Escola e Cultura de Paz. Atualmente, coordena o programa de extensão Observatório da Infância e Juventude de Sobral. Integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável - Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri. Área de investigação: educação para sustentabilidade. Integra a Linha de Pesquisa: Sociedade, Estado e Desenvolvimento Regional Sustentável. Desenvolve pesquisa com o tema: Mulheres do sertão.
PAP0227 - Processos de capacitação social: o caso do microcrédito
O microcrédito consubstancia-se num instrumento inovador das políticas públicas e sociais no combate aos processos de pobreza e de exclusão social, bem como num instrumento inovador de intervenção e de promoção de processos de capacitação social.
A investigação “Processos de capacitação social: o caso do microcrédito” promove a discussão sobre políticas públicas e sociais que visam combater as múltiplas formas de desigualdades sociais, fruto dos disfuncionamentos do sistema económico.
O objeto de estudo da análise incide sobre os papéis sociais do microcrédito, que consiste num processo de concessão de empréstimos de pequenos montantes económicos, sem exigência de garantias reais, para financiar a iniciativa económica da população excluída do sistema financeiro tradicional. Este instrumento visa impulsionar a geração de rendimento, promovendo melhorias na qualidade de vida da população afetada diretamente pelos problemas sociais da pobreza e exclusão social.
O estudo segue uma estratégia de análise qualitativa, na qual a aproximação ao terreno empírico se procede através de entrevistas de caráter exploratório a informantes privilegiados e de grupos de discussão com beneficiários do microcrédito.
Da análise surgem um conjunto de considerações sobre as virtualidades e fragilidades do modelo de microcrédito português, que importa discutir e aprofundar, bem como sugestões de novas estratégias de atuação, de forma a incrementar a eficácia e eficiência dos programas de microcrédito portugueses, tendo em consideração a análise e interpretação dos sentidos e dos significados atribuídos pelos próprios beneficiários do microcrédito ao recurso a este instrumento, inovador no combate aos processos de pobreza e exclusão social.
Numa lógica de investigação para a ação, o conhecimento científico procedente da pesquisa é aplicado a favor da promoção de processos de capacitação e inclusão social.
- SILVA, Cristiana

Cristiana Isabel Marques Silva (1988) licenciou-se em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em 2009, com a classificação final de quinze valores.
Em 2011, concluiu na FLUP, com a classificação final de dezassete valores, o ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Sociologia, com a tese “Processos de capacitação social - o caso do microcrédito”.
Apresenta experiência profissional nas áreas de investigação científica, ação/intervenção social e logística.
Atualmente é Bolseira de Gestão de Ciência e Tecnologia, no Instituto de Telecomunicações – Porto, desempenhando funções ligadas à gestão de projetos científicos de I&D.
PAP1282 - Processos de fechamento profissional no campo da gestão de recursos humanos: formação, experiência e modos de acesso
Uma das características mais marcantes dos processos de profissionalização é a tendência para o fechamento social dos grupos profissionais (Larson, 1977). Apesar disso muitos grupos profissionais emergentes deparam-se com uma ampla abertura na sua base sócio-profissioal de recrutamento o que dificulta a afirmação das estratégias de reivindicação do exclusivo de uma determinada expertise traduzido num mandato publicamente reconhecido para a ocupação de um campo profissional próprio. Emblemático desta lógica, o grupo dos profissionais de gestão de recursos humanos caracteriza-se pela crescente afirmação de uma expertise resultante do reconhecimento académico que tem vindo a conquistar ao longo das últimas décadas a par de um aumento do seu poder no quadro da divisão funcional do trabalho no interior das organizações.
Partindo de um inquérito por questionário a uma amostra por conveniência de profissionais de recursos humanos, procuramos com esta comunicação proceder à caracterização sociográfica desses profissionais bem como os seus percursos e modos de socialização neste campo profissional.
Os resultados obtidos evidenciam que o acesso ao campo profissional tende para um crescente fechamento profissional resultante da predominância das lógicas da “vocação”, particularmente entre os profissionais mais jovens, do sexo feminino e diplomados em Gestão de Recursos Humanos e em Psicologia
- ALMEIDA, António José
PAP1248 - Processos de regulação da violência escolar: das políticas às práticas
Esta comunicação tem como objetivo analisar a forma como a nível local são concretizadas as políticas respeitantes à segurança escolar. Para tal foi tomada em conta como da interação entre direções das escolas e outros agentes educativos locais resultam sistemas de relações que expressam orientações e estratégias particulares de intervenção e regulação da violência. Foram selecionados três clusters de escolas na Área Metropolitana de Lisboa, sendo para isso considerados os contrastes intra e inter clusters, assim como a posição relativa destes a nível nacional nos últimos 5 anos quanto ao registo de situações de violência escolar.
O trabalho de campo incluiu entrevistas aos diretores e responsáveis pela segurança escolar (delegado de segurança) de cada uma das 7 escolas, e ainda a realização de grupos focais em cada um dos clusters com representantes das diversas entidades locais, nomeadamente associações comunitárias com intervenção na área da juventude, PSP, CPCJ, Junta de Freguesia, Rede Social Local/Freguesia, Centro de Saúde, entre outros. Procedeu-se ainda à análise dos principais documentos orientadores das escolas (Regulamento Interno e Projeto Curricular de Escola) e dos dados sobre ocorrências de conflitualidade e indisciplina nas escolas estudadas.
Foram ainda recolhidos e analisados dados de caracterização destes territórios educativos junto de entidades diversas como a autarquia, juntas de freguesia, CPCJ, as próprias direções das escolas, e o ministério da educação.
A análise efetuada permitiu identificar uma diversidade significativa de respostas à violência, caracterizadas pela concorrência entre a prossecução das metas políticas definidas centralmente e a demanda de interesses estratégicos próprios pelas direções das escolas. Esta tensão materializa-se na estruturação de redes locais de poder e na hierarquização de competências e responsabilidades, assim como pela mobilização diferenciada dos recursos, processos através dos quais vão sendo redefinidos os objetivos do processo de prevenção e intervenção.
A ocultação ao exterior das situações de violência, o recrutamento preferencial de estudantes de classe média e/ ou com sucesso educativo elevado e a expulsão (muitas vezes utilizando estratagemas) dos transgressores; a aplicação de sanções desproporcionadas e desiguais face à gravidade do ato cometido para alunos agressores ou indisciplinados, foram algumas das estratégias identificadas. Tais estratégias e o entendimento das mesmas pelos responsáveis escolares e locais pela segurança e pacificação do ambiente escolar, mostra que os atores têm diferentes possibilidades e capacidades de ação num sistema complexo de regras sociais e que, dentro de certos limites, podem mesmo reconstrui-las, o que, em última instância, poderá contribui para a transformação do próprio sistema (Mouzelis, 2000; Burns e Flam, 2000; Lipsky, 1971).
- SEBASTIÃO, João

- CAMPOS, Joana

- MERLINI, Sara

João Sebastião é graduado em Pedagogia (1980) e em Sociologia (1988), Mestre em Sociologia Urbana e Rural (1995) e doutorado em Sociologia (2007). Tem como principais áreas de investigação a educação, as políticas educativas e a marginalidade juvenil. Durante o período de 1989 e 2011, lecionou sociologia na Escola Superior de Educação de Santarém, principalmente na graduação e pós-graduação em formação de professores e em Educação Social. Atualmente é professor do Instituto Universitário de Lisboa. Investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL) desde 1988. Autor e co-autor de diversos artigos em revistas científicas, capítulos de livros e livros. Algumas de suas publicações mais recentes incluem capítulos de livros e artigos de revistas sobre desigualdades sociais em educação e violência escolar. Membro do Conselho Editorial das revistas Interacções (Portugal) e Meta: Avaliação (Brasil). Membro do Coordinating Board of the Sociology of Education Research Network of the European Sociological Association.
Joana Campos
Docente na Escola Superior de Educação de Lisboa e investigadora do CIES-ISCTE-IUL. Licenciada em Sociologia e Mestre em Educação, actualmente a frequentar o programa de Doutoramento em Sociologia do ISCTE. As principais áreas de investigação desenvolvidas inscrevem-se na Sociologia da Educação; anteriormente em torno das problemáticas da diversidade cultural e desigualdades sociais na escola. Actualmente a investigação desenvolvida orienta-se sobretudo para os processos de formação e profissionalização dos professores e de outros profissionais da educação, como os animadores socioculturais. Outra linha de pesquisa ocupa-se essencialmente das problemáticas associadas à violência na escola, tendo contribuído para o seu desenvolvimento a integração na equipa do Observatório da Segurança Escolar.
Sara Merlini é Mestre em Sociologia, com especialidade em Sociologia da Família, da Educação e das Políticas Sociais.
Actualmente é Bolseira de Investigação do Projeto Estratégias de educação socioeducativa em contextos sociais complexos.
CIES - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
PAP0380 - Processos de tomada de decisão com base em indicadores de inovação
O trabalho reflecte sobre a utilização de indicadores de inovação no processo de tomada de decisão, e pretende contribuir para a discussão sobre a construção, utilização e análise de sistemas de indicadores, bem como avaliar o seu peso na tomada de decisão em inovação.
O objectivo desta reflexão é contribuir para compreender como os indicadores de inovação
podem influenciar as opções de de tecnologia e, através dela, a sociedade em geral.
O trabalho começa por analisar a utilização de indicadores, seus problemas e consistência,
bem como outras fontes de informações que participam na construção das opiniões dos
decisores inovação.
Para além da pesquisa e das entrevistas com informadores privilegiados, os resultados sobre
a próxima fase deverão recolher dados no sentido de perceber o impacto da utilização de
indicadores por parte dos vários actores da comunidade de inovação - tanto em termos de opções tecnológicas como na esfera social. Por fim, espera-se que novas contribuições para a gestão da ciência, tecnologia e inovação, bem como algumas propostas e implicações para o futuro possam ser avançadas.
- BOAVIDA, Nuno

Biografia profissional do Nuno Boavida
Nascido em 1974, Nuno Boavida terminou a licenciatura em Engenharia de Produção Industrial (5 anos) na Universidade Nova de Lisboa em 1999, com um estágio profissional na REFER, E.P.
Desde de 2009 encontra-se a trabalharnoDoutoramento em Avaliação de Tecnologia na Universidade Nova de Lisboa,tendo recentemente obtido uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, para elaborar a respectiva tese no Institute of Technology Assessment and System Analysisdo Karlsruhe Institute of Technology,sobre “O papel dos indicadores de inovação na tomada de decisão tecnológica”.
Neste contexto, os seus temas de interesse incidem sobre a sociologia da tecnologia, os processos de tomada de decisão tecnológica, as políticas científicas, tecnológicas e de inovação, os indicadores e os sistemas de indicadores ligados à tomada de decisão, os mecanismos de prospectiva tecnológica e os sistemas de relações industriais.
PAP1053 - Programa Cultura Viva: política cultural e transformação social no Brasil
Hodiernamente, as
políticas culturais
no Brasil têm
movimentado atores
das mais diversas
esferas da
sociedade,
confirmando em certa
medida a necessidade
de se promover a
cidadania cultural
de forma ampla e
irrestrita. Em
linhas gerais, essas
políticas defendem o
argumento de que
toda forma cultural
é a expressão da
vida comunitária e
da identidade dos
diversos grupos que
compõem a sociedade
brasileira. Nesse
sentido, pode-se
argumentar que o
caráter inovador de
tais políticas se
encontra no fato
delas se alimentarem
das práticas
simbólicas populares
elaboradas e
transmitidas
coletivamente, em
dialogo com
fenômenos modernos
como o cinema, o
audiovisual e a
cultura digital.
Expressão maior
dessas políticas no
contexto brasileiro
é o Cultura Viva,
programa de fomento
a cultura,
implementado a
partir de 2004. Esse
programa inaugurou
outra forma de ação
da sociedade civil,
visando
transformações de
caráter social e
ampliação dos meios
de difusão e fruição
da cultura. Os
Pontos de Cultura,
forma de
estruturação do
programa Cultura
Viva, procuram
executar um conjunto
de atividades
culturais com base
em um convênio
firmado com o
Ministério da
Cultura ou com um
dos estados da
federação. Na
verdade, o Ponto de
Cultura é uma
instituição
reconhecida e
institucionalizada
pelo Ministério da
Cultura para o
repasse de recursos
à sociedade civil
organizada em vista
do desenvolvimento
de ações de caráter
sócio-cultural. O
seu foco primordial
não deixa de ser
este, mas observamos
junto aos Pontos de
Cultura e junto às
associações
proponentes, que
além dessa dimensão
pragmática, o
programa Cultura
Viva estimula e
redimensiona, na
atualidade, o debate
das políticas
culturais, da
cultura, da
democracia cultural
e do papel do Estado
na promoção da
diversidade
cultural. A partir
da experiência de
dois pontos de
cultura pesquisados
em 2010-2011,
pretendemos
apresentar os
elementos que se
sobressaem em torno
dessas temáticas e
que em grande medida
justificam a ação ou
as práticas
culturais das
instituições
não-governamentais
parceiras do Estado
na execução do
programa em questão.
- SULINA-BEZERRA, Analucia
PAP0652 - Projectos Reconstruídos: Doentes com doenças que alteram a duração do tempo de vida.
Trata-se da apresentação de uma síntese do trabalho de investigação realizada entre 2003 e 2005 no âmbito do programa de doutoramento em Antropologia Médica (DAM) na Universidade Rovira i Virgili em Tarragona , com o titulo original de ‘O tempo das doenças e as doenças com tempo’. Pretendeu-se identificar, analisar e demonstrar a existência, ou não, da reconstrução de projectos de vida e um novo entendimento do tempo para os doentes diagnosticados com doenças que interferem de forma radial com a esperança de vida. As duas vertentes que teoricamente orientaram o trabalho são representadas pelo tema do ser e do tempo - nas suas apresentações histórico filosóficas e na sua interligação às dimensões sócio antropológicas - baseado em autores e conceitos estruturantes da problemática da doença; nos paradigmas ontológicos do ser; nas diferentes apropriações, significados e simbologias desse mesmo tempo; Não esquecendo a importância dos processos reflexivos na abordagem das sociedades, procurou-se interpretar os vários sentidos do self e respectiva reflexividade na dinâmica das sociedades actuais.
Na síntese aqui presente serão referidos os critérios de escolha para a delimitação e definição da amostra, as condições necessárias para a abordagem ao terreno - as principais linhas de aproximação, a recolha dos testemunhos e organização dos dados. Fala-se sobre a organização das histórias de vida, onde foram identificados outros processos reflexivos que designam a emergência de um outro self, que permite demonstrar a existência das diferentes fases, em cada doente, segundo o tipo de doença e segundo um itinerário, por um lado global e por outro específico de cada um deles. Descreve-se o percurso de cada doente nos diferentes momentos da sua carreira e projectos para o futuro. Pretende-se demonstrar e evidenciar, tanto a vertente individual, como a vertente global da experiência destes doentes. O outro lado do processo prende-se com o contexto da relação médico-doente, com o exercício de práticas interculturais e com a inclusão de valores indicativos da diferenciação cultural na relação terapêutica. A este propósito, poder-se-á, posteriormente discutir, de uma forma crítica, o carácter predominantemente biomedicalizado da referida relação, em prejuízo da introdução de outras modalidades e escolhas terapêuticas.
A terminar apresentam-se as conclusões do trabalho, fazendo uma reflexão crítica sobre as diferentes metas para o estudo das alterações sofridas pelas sociedades actuais, e a relevância do ser-aí, na sua faceta reflexiva, ao expressar o caracter transitório de ser enquanto ser em vida face à finitude.
- MORAES, Teresa de Campos

Teresa de Campos Moraes;
Aposentada. Ministério da Educação. Fui professora em duas escolas privadas.
Antropologia médica (pós graduação, doutoramento); sociologia da saúde (licenciatura, mestrado).
PAP1547 - Projeto Mudanças Com Arte II – Jovens Protagonistas para a Igualdade de Género e para a Promoção dos Direitos Humanos
O género possui um papel central no que se refere aos padrões de relacionamento entre homens e mulheres e, por essa razão, podemos afirmar que a violência de género está intimamente ligada à construção social e cultural do masculino e do feminino (Magalhães, Canotilho & Brasil, 2007). A promoção de comportamentos que visem reduzir, ou mesmo erradicar, a violência de género e trabalhar a igualdade afiguram-se como fundamentais para a consciencialização e empoderamento dos/as jovens sobre e na sua própria sociedade, envolvendo comportamentos, condutas, sentimentos, valores, atitudes, experiências, discursos, práticas, representações e ações. Todavia, e porque há muito a fazer, pensamos que a Prevenção da Violência é um caminho comum para docentes e discentes. Portanto, a partir deste enquadramento, nasce o Projeto “Mudanças com Arte II” que pretende atuar sobre as questões da Prevenção da Violência e da Igualdade de Direitos, recorrendo a uma metodologia qualitativa que pressupõe a participação ativa e constante de todos/as os/as intervenientes, no sentido do incremento da sua autoestima, bem como o compromisso e a corresponsabilidade necessária ao desafio de um processo de discussão/informação sobre a violência e a construção de uma cultura de paz. Aliado a isto, a desconstrução da violência através da arte tem um caráter fundamental no processo de mudança. Os objetivos do projeto prendem-se com a implementação, desenvolvimento e avaliação de um Programa de Prevenção Primária da Violência nas escolas, com jovens, desenvolvendo competências sociais e relacionais e fatores de proteção e resiliência, numa colaboração e partilha conjunta com docentes; com a promoção do protagonismo dos/as jovens na ação cultural e social, no sentido do respeito pela diferença, pela não-violência e pela Igualdade de Oportunidades, criando condições para se construírem como sujeitos e agentes de mudança; com a incrementação da consciencialização das famílias e comunidade educativa, aumentando a sua participação no combate à violência de género e na promoção dos direitos humanos e da igualdade de género; com a sensibilização de toda a comunidade escolar para a violência de Género que prejudica o ambiente escolar e o sucesso académico e social dos/as jovens e informar/alertar para os procedimentos para a diminuir e/ou extinguir; e com o aumento do conhecimento sobre o fenómeno da violência no namoro, as representações sociais acerca dos relacionamentos e dos tipos de violência. Esta apresentação procurar discutir alguns dos resultados da implementação do projeto nas escolas
- NEVES, Sofia
- LOUREIRO, Cecília
- OLIVEIRA, Manuel
PAP1242 - Projetos TEIP e novos perfis profissionais: agentes de desenvolvimento local? Uma análise da relação escola-comunidade no âmbito do Programa TEIP2.
Esta comunicação tem como objectivo apresentar os resultados de uma investigação realizada no âmbito do Mestrado Sociologia e Planeamento (ISCTE-UL) centrada no Programa TEIP2, um programa de discriminação positiva criado pela primeira vez em 1996 e relançado posteriormente em 2006.
Um dos objectivos deste programa (reforçado no despacho normativo 55/2008) é criar condições que permitam garantir às escolas ou agrupamentos de escolas o reforço do seu papel enquanto elemento central da vida comunitária. Desta forma, os territórios educativos vêem ampliada a sua capacidade, assim como a sua responsabilidade, de intervenção nas comunidades em que se inserem. Além disso, a intervenção social no território a partir da escola está muitas vezes centralizada nos Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), onde se encontram geralmente técnicos especializados - técnicos de serviço social, mediadores sociais, psicólogos - contratados através do Programa TEIP. São gabinetes constituídos por equipas multidisciplinares com o objectivo de proporcionar apoio ao aluno e à família reforçando assim uma maior aproximação das escolas às comunidades locais (DGIDC, 2010).
O que se pretende com esta investigação é discutir o papel da escola como agente de desenvolvimento local à luz do Programa TEIP2. Para tal, procurou-se analisar como o projecto de intervenção de cada agrupamento, orientado pelas directivas do Programa TEIP, concebe a relação da escola com a comunidade/território e como se propõe transformar essa relação. Por outro lado, visto que estas escolas têm a possibilidade de requisitar novos profissionais, pretendeu-se compreender a intervenção e o seu lugar na relação escola-comunidade e como é concebido esse lugar nos agrupamentos de escolas TEIP.
Partindo de uma metodologia qualitativa na forma de estudo de caso, foram seleccionados quatro agrupamentos de escolas TEIP, assim como um técnico contratado ao abrigo do Programa TEIP de cada escola.
Através da análise documental e da realização de entrevistas em profundidade foi possível concluir que, embora estes agrupamentos tenham conseguido através do Programa TEIP dar importantes passos na abertura da escola ao meio social envolvente, quer pela criação de gabinetes de apoio aos alunos e à família que contam com equipas interdisciplinares, quer pelo alargamento e melhoria dos serviços educativos que se destinam a toda a comunidade, o reforço da relação escola-comunidade está ainda longe de ser uma prioridade das escolas TEIP.
- TEIXEIRA, Ana

Autor: Ana Teixeira
Área Temática: Sociologia da Educação
Título da Comunicação: Projetos TEIP e novos perfis profissionais: agentes de desenvolvimento local? Uma análise da relação escola-comunidade no âmbito do Programa TEIP2.
Afiliação institucional: Bolseira de Investigação no Projecto“O outro lado da relação de cuidar: o olhar do idoso” através do CIEO – Centro de Investigação Sobre o Espaço e as Organizações – Universidade do Algarve.
Áreas de formação: Licenciatura em Sociologia, Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (2007), e Mestrado em Sociologia e Planeamento, ISCTE –IUL (2012).
Interesses de Investigação: Sociologia da Educação, envelhecimento populacional, cuidados sociais e políticas sociais para idosos, envelhecimento activo.
PAP1096 - Promover a sustentabilidade: o papel da comunicação aplicada
Partindo de uma agenda de investigação da relação entre a comunicação, os media e o ambiente, que estabelece uma ligação com as preocupações sociológicas tradicionais de poder e iniquidade na esfera publica, em particular em termos de demonstrar como o poder económico, politico e cultural afecta significativamente a capacidade de participação e influencia a natureza da comunicação publica sobre o ambiente, estudos recentes acentuam um papel importante da comunicação aplicada em estabelecer uma agenda ambiental tanto da parte das empresas como da parte das ONGs. Nomeadamente no que respeita aos debates sobre a mudança de clima, estudos analisam o papel da comunicação aplicada em termos do seu impacto nas actividades tanto das corporações como nas ONGs norte-americanos, com um foco nas estratégias de relações publicas. Os resultados sugerem que os jogadores mais poderosos, embora tendo vantagens, eles sozinhos não determinam os resultados das lutas sobre politicas relacionadas com a questão da mudança de clima e opinião publica. Segundo Greenberg, J. et. al (2011) , a questão da mudança do clima confirma o surgimento do promocionalismo como a forma comunicativa dominante tanto nas empresas poderosas como nas agencias ambientais menos poderosas. Ou seja, ambas as partes utilizam as mesmas tácticas da comunicação aplicada para avançar a sua mensagem de persuasão; assim sendo uma área da praça publica onde existe mais democracia.
Este artigo propõe que, em adição a questão de mudança de clima, a questão da sustentabilidade e também um caso fascinante para investigar a influencia da comunicação aplicada na vida social e politica. Assim, partindo dos estudos já existentes na área ambiental, o presente artigo documenta até que ponto existe no contexto Português e, por implicação europeu, um conjunto de tácticas de comunicação utilizadas pelas empresas e agencias ambientais que estabelecem a ordem e direcção do debate publico no que respeita a sustentabilidade. Assim perguntamos também quais são as forcas que estão a estruturar os debates sobre a sustentabilidade e qual o impacto cultural e económico das decisões politicas, examinando o papel das RP no debate publico sobre a sustentabilidade ambiental questionando a validade da perspectiva que sublinha a utilização da comunicação aplicada em relação a democratização da esfera publica.
- FERREIRA, Maria José Moutinho
PAP1363 - Propostas para o ensino de Sociologia na educação básica: o caso brasileiro
Esta comunicação traz um mapeamento das orientações curriculares para o ensino da Sociologia na educação básica brasileira. A intenção é, por um lado, refletir sobre as diretrizes elaboradas, no âmbito do Ministério da Educação, para o ensino da Sociologia, levantando os objetivos traçados para esta disciplina, as propostas de seleção de conteúdos, de materiais e de recursos didáticos, bem como a sugestão de estratégias de ensino. Por outro lado, analisa a participação dos membros da comunidade científica na elaboração desses documentos, problematizando em que medida as discussões acadêmicas foram incorporadas aos documentos oficiais ou estiveram relacionadas a eles. O trabalho recorre à pesquisa documental e bibliográfica, tendo como foco os documentos e materiais produzidos pelo Ministério da Educação a partir do ano 2000. Ele abarca algumas reflexões sobre as publicações direcionadas para os docentes e para a seleção de manuais didáticos e, principalmente, sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, de 2000 e de 2002, e sobre as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, de 2006. Com um histórico de descontinuidade nas propostas curriculares nacionais desde 1925, quando começou a ser oferecida como disciplina do ensino secundário ou, nos termos utilizados no Brasil, do “ensino médio”, a Sociologia tornou-se obrigatória em 2008, com a aprovação da lei 11.684, que revogou o item III da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. À intermitência da Sociologia nos currículos da educação básica ao longo de muitos anos, soma-se a ausência de um acúmulo de experiências e de pesquisas sobre a questão ou até mesmo a inexistência de uma tradição de ensino. No próprio meio acadêmico, chama a atenção a carência de estudos científicos sobre o ensino de Sociologia no sistema escolar. Ensinada atualmente em todas as escolas brasileiras, públicas e privadas, nos três anos do ensino secundário, a Sociologia consolida-se como componente curricular da educação básica. Aponta-se, neste trabalho, que com esta obrigatoriedade do ensino da disciplina, o Ministério da Educação tem ampliado e diversificado a produção de materiais que versam sobre este componente curricular, contando com a participação de professores e pesquisadores das universidades brasileiras.
- NEUHOLD, Roberta dos Reis
PAP1392 - Prospectiva Participativa: uma avaliação crítica
Uma das principais dificuldades no planeamento estratégico participativo é a passagem da teoria à acção.
As metodologias de prospectiva, nomeadamente a Análise Estrutural e Análise da Estratégia de Actores têm um papel fundamental não só ao nível do planeamento estratégico e participado, como ainda na construção de uma democracia participativa. Privilegia-se a importância da motivação para a participação no contexto da democracia participativa, não por uma questão ideológica, mas como uma exigência do próprio processo de planeamento: a efectivação do plano depende da implicação e contribuição voluntária dos actores bem como da mobilização dos recursos de que dispõem para concretizar a acção. É neste quadro que se afirmam as metodologias de prospectiva enquanto metodologias de investigação-acção, associadas ao processo de aprendizagem colectiva, de conhecimento e auto-reflexividade dos actores sociais, procurando provocar a mudança social.
- PERESTRELO, Margarida
PAP0054 - Prostitutions adolescente en Pologne
Prostitution
adolescente en
Pologne c'est une
probleme tres
dificille pour
interprete , et bien
sur pour rechercher.
Ca depende de trois
facteur que dans
facone tres
effective ferme la
porte pour le mileux
des prostitutions.
Ces sont: anatema de
probleme de
prostitutions en
Pologne en generale,
a couse de notre
mentalithe et valere
morale; deutre c'est
le turbullence dans
le interpretations
de prostitutione si
c'est le probleme
morale si economique
et facons de vie; en
fain trois, c'est
perturbations de
methodologie de
recherche. Auteure
depuis 6 ans
realiser rechercher
dans le milieu de
prostitutions, parmi
les ados et chercher
la reponce ded
questions de
valeure, influence
et surcese de cette
facons de vie.
PAP0564 - Protagonismos alternativos de saúde: tempos e espaços
Esta comunicação insere-se no trabalho de doutoramento em Sociologia da saúde sobre os 'protagonismos alternativos de saúde' desenvolvida na Universidade Aberta.
Partimos da ideia de que a construção da saúde se edifica através de um diálogo entre as forças estruturais de promoção e regulação oficial da saúde e as energias agenciais de construção individual da saúde que incorporam os saberes, mas também as crenças e vivências que se interpenetram entre a saúde e a vida. Trazemos para o debate teórico, as inter-relações entre a saúde definida pelo discurso biomédico hegemónico presente no sistema nacional de saúde, e que é possibilitada através dele, e a saúde que é construída pelos indivíduos nos seus contextos de vida e que se expressa nas suas práticas e sentidos das suas trajectórias biográficas.
A emergência de sistemas de saúde alternativos dá lugar a um pluralismo de cuidados que corresponde a construções reflexivas de percursos que estão para lá da normatividade da medicina. Essas escolhas leigas correspondem a racionalidades distantes da razão da ciência ao constituírem-se como sistemas explicativos complexos que se referem à experiência subjectiva.
Esta comunicação problematiza o fenómeno dos ‘protagonismos alternativos nas trajectórias de saúde’ entendido como as atitudes activas de construir a própria saúde com recurso a abordagens que não se incluem na biomedicina. Sendo este fenómeno relativamente recente na sociedade portuguesa e praticamente não analisado sociologicamente, interessa-nos situar os pilares analíticos que baseiam a sua compreensão. Partimos de um diálogo teórico entre alguns pilares da racionalidade positivista, dualística, cartesiana que marca o conhecimento científico e o pensamento moderno da biomedicina (e dos discursos oficiais de saúde que dele derivam) para o questionamento dos sentidos e significados dos movimentos leigos de adesão às medicinas alternativas e complementares.
A nossa intenção é o entendimento da acção leiga que se desloca do sistema oficial, biomédico de cuidados de saúde para a procura de vias alternativas de a cuidar e promover. O que leva os indivíduos a procurar sistemas ‘alternativos’ para promover a saúde e lidar com a doença? Como integram esses sistemas no seu quotidiano e como os articulam com o sistema biomédico? Quais as racionalidades leigas que privilegiam na sua configuração explicativa e interventiva os sistemas alternativos?
O enfoque escolhido para esta comunicação centra-se na análise dos tempos e espaços das trajectórias de saúde dos sujeitos entrevistados, individuos que se deslocaram do sistema médico convencional para sistemas de saúde alternativos.Como é que estes tempos e espaços se distinguem dos possibilitados pela medicina convencional? De que modo eles resultam ou são o resultado das representações e construções de saúde destes sujeitos?
- ROSA, Maria do Rosário
PAP1543 - Protagonismos e experiência social de gays idosos no Ceará (Brasil)
A proposta consiste em discutir aspectos relativos à experiência social e aos protagonismos de gays idosos no Ceará, Estado do Nordeste do Brasil. A questão do envelhecimento homossexual vem merecendo atenção crescente, seja por parte do movimento social (associações LGBTs), seja por parte da academia (pesquisadores das ciências sociais, especialmente), mas ainda está cercada por muito desconhecimento e invisibilidade. Ainda é grande a lacuna de pesquisas (sobre, por exemplo, estilos e culturas de grupo, ciclo de vida e modelos de socialização de idosos LGBTs), e mais ainda de formulação de políticas públicas voltadas para aqueles sujeitos (relativos, por exemplo, à proteção social, à saúde, etc.). Na pesquisa que desenvolvemos desde 2009, focalizamos as estratégias utilizadas por gays idosos para enfrentar a contínua produção de sofrimento social, de violência e de vulnerabilidade, associados às suas biografias. Essas estratégias expressam formas de resistência e de inventividade desses sujeitos. Esses “protagonismos” se manifestam, por exemplo, nos modos acionados para dar um sentido positivo às suas trajetórias de vida (produção de memórias, linguagens, culturas); nas histórias de militância no movimento homossexual; nas formas de engajamento em movimentos artísticos e de entretenimento em diversos equipamentos de lazer de Fortaleza, capital cearense; nas práticas de intimidade criadas para expressar amor e erotismo. Assim, esses protagonismos são, simultaneamente, políticos, estéticos e eróticos. Apresentamos, nesta comunicação, alguns resultados de nosso trabalho de campo com gays idosos no Ceará. O material foi produzido a partir de entrevistas com indivíduos que têm histórias de militância, e que, recontam, em registro biográfico, alguns aspectos da história da homossexualidade no Brasil e no Nordeste. Também trazemos resultados da etnografia dos encontros de karaokê, ocorridos numa sauna gay em Fortaleza, que se revelaram fecundos para acessar culturas de grupo, linguagens e ritos de interação de amizade e de erotismo entre homossexuais idosos. Finalmente, abordamos alguns aspectos das interações geracionais entre homens mais velhos e rapazes mais novos, categorizados, em fala nativa, como “coroas” e “filhões”, cujo material empírico foi obtido a partir de entrevistas, observação participante em bares e saunas voltados para o público de gays seniores, e também a partir de etnografia de ambientes virtuais (especialmente salas de bate-papo e MSN). PALAVRAS-CHAVE: homossexualidade, envelhecimento gay, experiência social, ciclo de vida, interações eróticas intergeracionais.
- PAIVA, Cristian
PAP0311 - Protestos transnacionais na sociedade portuguesa: das acções alterglobalização ao 'movimento dos indignados'
A sociedade portuguesa tem sido frequentemente caracterizada por manifestar baixos níveis de participação cívica e política que contribuem para a permanência de formas de protesto e de mobilização frágeis. Assim, embora exista um conjunto de reflexões sociológicas sobre os movimentos sociais (Santos, 1990; Estanque, 1999; Mendes e Seixas, 2005), a investigação não tem acompanhado o desenvolvimento das pesquisas internacionais sobre a constituição das dinâmicas de contestação alterglobalização (que se opõem ao chamado modelo de globalização neoliberal) ou mais recentemente sobre o surgimento do chamado ‘movimento dos indignados’. No entanto, a nível nacional, é possível mapear um conjunto de iniciativas que se integram quer nas acções que clamam por uma “outra globalização” – manifestação global pela paz contra a guerra no Iraque (2003), o primeiro e o segundo fórum social português (2003/2006) e o protesto de rua contra a cimeira da NATO (2010) –, quer na lógica dos protestos globais dos “indignados” [(a manifestação de 15 de Outubro ou ainda os acampamentos de activistas em algumas cidades portuguesas (2011)]. É tendo como ponto de partida as formas de organização destes eventos que se pretende analisar, por um lado, os modos de inserção dos activistas portugueses num cenário global de mobilizações e, por outro, os processos de transposição das dinâmicas transnacionais para os espaços locais de acção.
Partindo da hipótese de que os activistas portugueses têm ocupado um lugar periférico na construção de mobilizações de natureza global é fundamental compreender se a utilização de instrumentos como as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) está a contribuir quer para a alteração dos seus padrões de integração e níveis de envolvimento nas redes transnacionais, quer para a construção de novas formas de acção colectiva nos espaços nacionais.
A nossa proposta de reflexão apoiar-se-á nos contributos de diferentes correntes teóricas (Tilly, 2004, Tarrow, 2005; Wieviorka, 2008; Pleyers, 2010) onde se destacam os debates em torno do papel das TIC, em especial da Internet, na transformação das formas de organização dos protestos e dos modos de internacionalização da acção dos movimentos sociais. No plano empírico terá subjacente a análise de um conjunto de entrevistas realizadas a membros de colectivos participantes nos eventos*.
*a presente comunicação integra-se no âmbito de um projecto de doutoramento financiado pela FCT (SFRH/BD/75909/2011)
- NUNES, Cristina

Nome: Cristina Nunes
Afiliação institucional: bolseira de doutoramento FCT/CIES-IUL
Área de formação: Sociologia
Interesses de investigação: movimentos sociais e acção colectiva; redes de activismo transnacionais; globalização e transformação social; tecnologias de informação e comunicação e mobilização colectiva.
PAP1496 - Práticas Familiares, Rituais e Imaginação Sociológica. Dilemas e desafios na adaptação da ‘entrevista de episódio’ a múltiplos episódios.
No ano em que se assinalam 100 anos sobre a publicação de 'As Formas Elementares da Vida Religiosa' (1912), procuramos nesta comunicação demonstrar a actualidade, operacionalidade e proficuidade das teses durkheimianas em torno do estudo do ritual, a partir da análise empiricamente ilustrada das virtualidades e limitações da opção metodológica por uma forma particular de entrevista – ‘a entrevista de episódio’ – utilizada para uma aproximação à família contemporânea enquanto «categoria realizada» (Bourdieu, 1993).Como ir além do discurso dedutivo e generalista das teses da desinstitucionalização, individualização e risco que desenham um diagnóstico de instabilidade, diluição, fragilidade ou até mesmo desaparecimento da família contemporânea (Brannen e Nielsen, 2005)? Como captar empiricamente esta realidade de um modo que dê, simultaneamente, conta das suas transformações recentes e do significado que assume para os actores, e que permita uma compreensão ampla, plural e actual das inúmeras evidências pelas quais a família se nos apresenta na contemporaneidade? Orientados por esta questão de partida, optámos por estudar as «práticas familiares» (Morgan 1996, 1999), especificamente, os rituais familiares (Bossard e Boll, 1950; Wolin e Bennett, 1984).Argumentamos nesta comunicação que a opção por uma abordagem metodológica qualitativa, intensiva e em profundidade, assente principalmente no recurso a uma entrevista de episódio (Flick, 1997; 2005 [2002]), permitiu captar experiências e significados associados a práticas e representações pluridimensionais dos rituais familiares enquanto processos interactivos e significantes, simultaneamente localizados na cultura, história e biografia pessoal, decisivos para estabelecer e desenvolver o argumento principal da tese a que chegámos, o que iremos ilustrar com exemplos retirados da prática empreendida. Ao partir do pressuposto que as experiências dos indivíduos são armazenadas e recordadas na forma de conhecimento semântico (conceitos e inter-relações entre conceitos) e de narração de episódios (experiências, situações e circunstâncias concretas), a entrevista de episódio permite a recolha de dados (da parte do investigador) sob a forma de uma narrativa contextualizada (pelo entrevistado), o que traz maior densidade ao discurso, uma vez que os significados estão mais próximos das experiências e do contexto que os gera. Julgamos que um maior conhecimento por parte da comunidade científica portuguesa das vantagens da entrevista de episódio em alternativa à entrevista em profundidade ou semi-estruturada poderá contribuir para, do ponto de vista da prática da investigação, aumentar a eficácia, eficiência e rigor dos métodos e técnicas de pesquisa por referência a um enquadramento teórico específico e, ao mesmo tempo, promover o debate interdisciplinar sobre a “prática da razão sociológica”.
- COSTA, Rosalina Pisco

Rosalina Pisco Costa é professora auxiliar na Universidade de Évora e investigadora no CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade. É licenciada e mestre em Sociologia na área de especialização ‘Família e População’ pela Universidade de Évora. Em 2011, depois de ter sido bolseira FCT, Gulbenkian e Visiting Student no Morgan Centre for the Study of Relationships and Personal Life da Universidade de Manchester, concluiu o Doutoramento em Ciências Sociais (Sociologia) no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), com a tese Pequenos e Grandes Dias: Os Rituais na Construção da Família Contemporânea. As suas principais áreas de interesse, investigação e publicação são a família e vida pessoal; tempo social e idades da vida; e, mais recentemente, as questões da ritualização, consumo, memória e imaginário, aplicadas às representações, discursos e práticas n(d)a família contemporânea.
PAP0696 - Práticas laborais em Conselhos de Empresa Europeus em tempo de crise. Exemplos a partir dos setores metalúrgico, químico e financeiro
Este trabalho
resulta de um
projeto de
investigação sobre o
impacto sectorial de
Conselhos de Empresa
Europeus (CEEs) –
instituições de
informação e
consulta nas
empresas/grupos de
empresas de dimensão
comunitária (ao
abrigo das Diretivas
94/45/CE e
2009/38/CE) – em
Portugal. Tem sido
mais recorrente
identificar
obstáculos à
constituição e
funcionamento de
CEEs do que realçar
as suas conquistas,
traduzidas na
capacitação de boas
práticas. Em
contexto de crise
económica não
surpreende que esses
obstáculos
verificados no plano
das práticas
laborais quotidianas
possam ser mais
notórios.
Partindo de um
estudo realizado
junto de
representantes de
trabalhadores em
CEEs de três
sectores
(metalúrgico,
químico e
financeiro) e de
três multinacionais
(Autoeuropa, Air
Liquide e Banco
Espírito Santo) –
procura-se, no
entanto, salientar
alguns dos
contributos para uma
boa implementação de
formas de democracia
laboral nas
multinacionais, em
especial como forma
de superar
impedimentos de
facto e de jure ao
modus operandi dos
CEEs.
Após a identificação
de algumas das
principais
transformações
associadas à
Diretiva 2009/38/CE
(que entrou
formalmente em vigor
em Junho de 2011,
substituindo a
Diretiva 94/45/CE),
bem como à exposição
de algumas das
tipologias
associadas ao
funcionamento dos
CEEs (que vão de um
grau mínimo a um
grau máximo da
valorização da
participação laboral
no âmbito das
multinacionais),
procede-se a um
breve enquadramento
sectorial da
constituição de CEEs
em Portugal, nos
sectores
metalúrgico, químico
e financeiro. Por
fim, expõe-se a
visão dos
representantes de
trabalhadores em
CEEs desses
sectores,
conferindo-se
destaque especial a
três multinacionais
que se têm destacado
pela sua capacidade
não só de lidar com
a crise económica
internacional, como
pelo modo como têm
sabido valorizar os
mecanismos de
informação de
consulta de
trabalhadores.
- COSTA, Hermes Augusto
PAP1528 - Práticas policiais e cidadania a nível local: a participação dos cidadãos no contexto do policiamento comunitário “Alvalade mais seguro”
Quais as motivações e os limites dos cidadãos para participarem e serem co-produtores da segurança do espaço que habitam? Partindo dos contributos teóricos sobre práticas policiais e cidadania, em que os estudos sobre policiamento comunitário salientam a importância da participação dos cidadãos na segurança a nível local e, os estudos sobre cidadania, sugerem que a urbanidade, o capital social e a confiança nas instituições, são factores importantes para a participação, o estudo analisa em que medida estes factores influenciam a participação dos cidadãos na segurança a nível local. No contexto das práticas policiais de carácter mais preventivo, o policiamento comunitário apresenta como filosofia, que os cidadãos têm algo a contribuir para o policiamento, sendo este sentimento comunicado aos cidadãos, recebendo e incorporando nas suas estratégias, os contributos recebidos da comunidade, tornando-se, a polícia e os cidadãos co-produtores na prevenção do crime (Skolnick e Bayley, 1986). O policiamento comunitário caracteriza-se assim principalmente pela atribuição aos agentes de locais específicos para policiarem, pelas sinergias criadas entre as equipas policiais, a maior participação da comunidade na segurança e o estabelecimento de parcerias com organizações de âmbito social (Brodeur, 1999), sendo assim uma abordagem que privilegia a segurança e a paz face ao controlo da criminalidade, assente no primado de que o seu primeiro e principal dever é assegurar a tranquilidade pública (Fielding, 1996). O estudo, contextualizado no policiamento comunitário realizado pela Polícia Municipal de Lisboa na zona de Alvalade, analisa as atitudes dos comerciantes locais alvo do policiamento comunitário “Alvalade mais seguro”, face à sua participação, enquanto cidadãos, na segurança a nível local. O estudo revelou como factores facilitadores da participação, a valorização de práticas policiais orientadas para a resolução de problemas e o perfil dos agentes das equipas de policiamento comunitário, designadamente a sua disponibilidade para ouvirem os cidadãos e capacidade para estabelecerem relações de confiança. Os resultados do estudo sugerem duas tendências ao nível da participação dos comerciantes na segurança. Por um lado, um perfil de cidadania de cariz securitário, em que os indivíduos atribuem a responsabilidade pela segurança local às polícias e, por outro, um perfil de cidadania participativa, em que se verifica um posicionamento favorável à maior responsabilidade e importância atribuida ao papel dos cidadãos. Os resultados do estudo na zona de Alvalade evidenciam os baixos níveis de cidadania participativa dos comerciantes na segurança a nível local.
- DINIZ, Mónica

Nome: Mónica Maria Alves Diniz
Afiliação institucional: Polícia Municipal de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa
Área de formação: Licenciatura em Sociologia (FCSH – UNL); Mestrado em Sociologia e Planeamento (ISCTE_IUL)
Interesses de investigação: Cidadania a nível local (atitudes e comportamentos de participação na segurança); Práticas policiais na comunidade (Policiamento Comunitário).
PAP1578 - Práticas, gostos e fruições musicais nas cidades, um ensaio tipológico dos públicos de uma cena
Iremos aprofundar o olhar acerca daquilo que designamos como «encontro feliz» entre as disposições juvenilizadas (ou seja, susceptíveis de se identificarem com o arbitrário socialmente constituído para designar o que é a juventude) e as posições objectivas disponíveis no espaço social da cultura urbana é tudo menos fortuito. Resulta precisamente dos jovens estarem predispostos a reverem-se neste género de cultura («isto é para a malta nova», «é preciso ser jovem para se compreender isto», «vá-se lá entender estes jovens», etc.) porque são eles que se encontram dotados quer com os recursos (onde se incluem os interesses, ou seja, os propósitos), quer com a oportunidade (como algo que vem a-propósito, isto é, simultaneamente conforme as expectativas e as possibilidade que se têm), quer ainda com as pré-disposições que os sensibilizam a apropriarem-se destes produtos como apropriados para eles (como estando no seu «destino» de jovens). Os jovens são os depositários mais fiéis destas dinâmicas culturais porque, em virtude da sua condição social objectiva, são aqueles que reúnem os meios e as intenções para se reconhecerem como tal, fazendo emergir uma homologia entre corpos jovens e as coisas que cria e anima os espaços e os tempos da cultura urbana musical.
PAP1431 - Publicidade e Consumo: uma reflexão de gênero
O presente trabalho é parte de um estudo
sobre a relação entre o conteúdo da
publicidade e o imaginário social que
conforma o feminino e o masculino. Essa
relação foi investigada a partir da análise
do conteúdo da publicidade destinada ao
público infantil, por ocasião do “dia das
crianças”.. O corpus da análise da
investigação foi obtido a partir da gravação
da programação matinal de três emissoras
abertas de televisão, no Brasil: Rede Globo,
Rede Record e do Sistema Brasileiro de
Televisão. A gravação envolveu os meses de
setembro e outubro de 2000 e 2010. No
primeiro momento do estudo foram realizadas a
gravação e a análise quantitativa do conjunto
de comerciais. Na segunda etapa os comerciais
foram classificados e investigados de forma
mais ampla. Esse artigo aborda uma parte da
investigação realizada. Durante o período
analisado foram exibidas mais de 3.200 peças
publicitárias, sendo a maioria voltada para o
público infantil. Os anúncios foram
inicialmente classificados em “para
crianças”, “da própria emissora”,
“propagandas políticas”, “outras” e “beleza”.
Para além do agrupamento inicial em grandes
categorias passamos a focalizar a publicidade
direcionada “para crianças” o que constitui o
interesse principal da análise. Classificamos
a publicidade direcionada à criança nas
seguintes categorias: alimentos, brinquedos,
calçados/acessórios/roupas, entretenimento e
educativos e lojas/promoção. Na categoria
brinquedos foi incluída a maioria das
publicidades exibidas. Dentre elas estavam:
bonecas e bonecos, carrinhos e jogos. Esta
categoria foi privilegiada para uma análise
do conteúdo da publicidade veiculada no
período estudado. Tal categoria foi sub-
dividida em: brinquedos “para meninas”,
brinquedos “para meninos” e brinquedos “para
ambos”. Ao utilizar o termo propaganda “para”
meninas e “para” meninos não foi aceita
nenhuma definição estanque, cristalizada, que
aponte uma essencialização dos papeis
sexuais. Apenas é possível notar que se opera
na publicidade uma separação entre o universo
de meninos e de meninas, que é própria à
nossa cultura. Definem-se alguns atributos
mutuamente exclusivos que são sinalizadores
ou da feminilidade, ou da masculinidade.
Neste sentido, a publicidade absorve a
cultura e opera a partir dela. Também foi
analisado como a publicidade de brinquedos
contribui para a naturalização das definições
de gênero. Percebeu-se que a publicidade
analisada “para crianças”, nos permitiu notar
que tais anúncios fazem muito mais do que
vender brinquedos. Eles funcionam como um
tipo de pedagogia e de um currículo cultural,
que produzem valores e saberes. Eles fornecem
determinados modelos de conduta e modos de
ser; re-produzem identidades e
representações; constituem certas relações de
poder e fornecem elementos que veiculam
modelos de comportamento, como por exemplo,
modos de ser mulher e homem, ou seja, formas
de feminilidade e de masculinidade.
- FREITAS, Patrícia Oliveira de

Patrícia Oliveira de Freitas é atualmente professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo realizado estágio doutoral em sociologia da infância, na UMINHO, sob orientação do prof Dr Manuel Jacinto Sarmento. Tem experiência na área de estudos do consumo, com interesse de investigação nos seguintes temas: educação financeira, comportamento do consumidor, publicidade e consumo e práticas de consumo de crianças e adolescentes. E na área de educação, tem interesse pelas questões relacionadas à infância, ao consumo e as novas tecnologias.
PAP1000 - Públicos de recintos de artes do espetáculo: perfis sociais e práticas numa perspetiva comparativa
. Perfis sociais: dos públicos seletividade, especificidades e regularidades
. Relações com os recintos: entre fidelização e formação de novos públicos
. Práticas culturais: frequência e tipos
Metodologia quantitativa extensiva
Estudo de públicos da CultRede (2010-2011)
- NEVES, José Soares

José Soares Neves, investigador do Observatório das Actividades Culturais, professor auxiliar convidado no ISCTE-IUL, sociólogo.
Interesses de investigação: Práticas de leitura; Práticas culturais; Públicos da cultura; Políticas culturais; Museus.
PAP1098 - Qual a percepção que os Auxiliares de Geriatria têm sobre o bem-estar no trabalho e a sua saúde? Estudo exploratório no Norte de Portugal
O estudo investiga o modo como os Auxiliares de Geriatria, grupo sócio-profissional ainda pouco investigado no nosso país, se sentem no trabalho e a influência que este assume na percepção que têm acerca da sua saúde.
Os objectivos principais desta investigação passaram por caracterizar quais as percepções que estes profissionais possuem sobre o bem-estar no trabalho e a saúde, visando perceber se existe ou não associação entre ambas as componentes mencionadas, bem como uma provável influência do bem-estar no trabalho no modo como se percebe a própria saúde.
A presente investigação foi desenvolvida segundo dois momentos distintos, nomeadamente um Estudo Piloto e um Estudo Final, nos quais participaram 25 e 204 indivíduos, respectivamente. Os Auxiliares de Geriatria de ambas as amostras desempenham funções em 6 instituições dedicadas ao apoio a pessoas idosas.
Foram administrados aos participantes o “Questionário de Percepção de Bem-estar no Trabalho - QPBET”, o “Questionário de Dados Sócio-demográficos e Clínicos” (ambos de elaboração própria para a investigação) e o “Questionário de Percepção de Saúde – MOS SF-36”, após autorização para o efeito.
Entre os resultados da investigação, destacam-se os que apontam para o facto deste grupo sócio-profissional apresentar uma boa percepção de bem-estar no trabalho (M=72.9) e percepcionarem positivamente a sua saúde, quer em termos físicos (M=59.6), quer em termos mentais (M=55.0), estando estas duas dimensões nitidamente associadas.
Embora tenha sido levado a cabo com uma amostra de conveniência, o presente estudo pode contribuir para a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre os actores sociais que desempenham funções não só na área estrita da saúde, mas também de gestão do “social” junto de populações idosas.
Espera-se que este estudo possa constituir-se como base para investigações futuras, que possam consolidar os resultados obtidos e mesmo ampliá-los.
- MONTEIRO, Rosana
PAP0454 - Quando a unidade se divide: um olhar sociológico sobre a reforma dos cuidados de saúde primários
QUANDO A UNIDADE SE DIVIDE: UM OLHAR SOCIOLÓGICO SOBRE A REFORMA DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
Lurdes Teixeira
CIES – ISCTE – IUL e CESPU – IPSN
lurdesteixeira@clix.pt
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está estruturado em duas peças nucleares: o hospital e o centro de saúde (CS). Desde que foi criado, em 1971, que se vem repetindo a absoluta centralidade do CS no sistema global dos serviços de saúde. Porém, na realidade, o hospital destaca-se com uma função de primazia e o CS tende a ser remetido para a periferia do SNS.
Em 2005 inicia-se uma reforma dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) para reconfigurar todo este sector e (re)coloca-lo no centro do SNS. Por mera coincidência, a investigação, cujos resultados agora se apresentam, começou a ser desenhada no mesmo ano, tornando-se, provavelmente, a única investigação sociológica portuguesa que decorreu em total simultaneidade com a implementação da reforma dos CSP, facto que possibilitou um acompanhamento in timmimg das medidas reformativas, dos seus efeitos no terreno, dos discursos políticos e ideológicos, bem como a monitorização da opinião dos profissionais sobre as mudanças que diariamente iam sendo produzidas.
Desenvolveu-se um estudo de metodologia qualitativa, um estudo de caso, sobre um CS, representativo do modelo tradicional, e duas Unidades de Saúde Familiar (USF). A USF representa um novo modelo de organização do trabalho e de produção de cuidados e, para além de ser a primeira unidade a ser implementado no terreno, é também uma das principais novidades da reforma.
Os resultados do estudo apontam para uma posição de menoridade científica e social do CS na estrutura global dos cuidados de saúde e para um desprestígio dos profissionais que ali trabalham em relação aos trabalhadores do hospital.
O modelo USF inscreve-se na tendência New Public Management, assente na importação de princípios de gestão privada para aplicação às organizações públicas, o que origina um vasto conjunto de (novos) questionamentos sociológicos. A organização do trabalho e a produção de cuidados são baseados na contratualização de indicadores uniformizados que devem ser alcançados com níveis de desempenho padronizados e racionalizados. Como compatibilizar estas novas formas de trabalho, enraizadas em princípios de produtividade quantitativa e padrões de qualidade profundamente biomédicos, com as abordagens holísticas e biográficas da doença que a medicina familiar reclama como principal marca de distinção? A USF, enformada pela medicina holística, poderá, afinal, reforçar o pendor biomédico das práticas e dos cuidados prestados.
- TEIXEIRA, Lurdes

Lurdes Teixeira, doutorada em Sociologia pelo ISCTE – IUL, é Docente no Instituto Politécnico de Saúde do Norte – CESPU e Investigadora do CIES, ISCTE – IUL. Como principais interesses de investigação destaca a área da saúde, das organizações e das políticas de saúde e dos cuidados de saúde primários. Realizou mestrado em Relações Interculturais, no âmbito do qual desenvolveu um estudo sobre comunicação em medicina convencional e alternativa. Na investigação realizada para o curso de doutoramento, concluída em 2011, estudou a reforma dos cuidados de saúde primários. A tese foi recentemente publicada em livro com o título “A Reforma do Centro de Saúde: percursos e discursos”.
PAP1415 - Quando emoções e conflitos desencadeiam um crime: uma investigação sobre os crimes da paixão
A palavra passional deriva do latim passionalis, de passio (que significa paixão) e é utilizada pela terminologia jurídica brasileira para designar atos impulsionados por paixão, em que o autor do crime perde o controle de sua razão e age de acordo com sua emoção, sendo assim caracterizado o crime passional. Sendo os crimes passionais envoltos de uma aura de sentimentos mistos que se entrelaçam (amor, ódio, desejo, poder, honra, vergonha), este objeto possibilita desenvolver uma sociologia da emoção, cuja análise sociológica do crime e de seus autores perpassa saber como indivíduos são capazes de atitudes extremadas mediante uma forte emoção. A pesquisa faz uma reflexão acerca dos sentimentos presentes nos relatos de acusados (homens e mulheres)de crimes passionais, buscando compreender o enlace entre violência e emoção. Tencionando perceber quem são estes indivíduos, quais foram suas motivações para que houvesse a concretização do ato e como justificam suas ações. A investigação proposta a respeito da temática referida tem como objetivo observar o modo como os sentimentos do indivíduo social ultrapassam a linha do conflito interpessoal e tornam-se violência, e de que forma fenômenos emocionais particulares tornam-se fenômenos sociológicos. Sendo o crime passional carregado de sentimentos intensos, faz-se necessário, além do desenvolvimento de uma sociologia do conflito, uma sociologia das emoções. A análise das emoções no seio dos crimes passionais é pautada a partir do pressuposto de que o conflito emocional de um indivíduo também é influenciado pelo contexto sócio-cultural em que ele está inserido. Assim, faço referência a Breton (2009), que em sua produção intelectual, ao fazer reflexões acerca da emoção, afirma que:
A afetividade parece, em primeiro contato e de acordo com o senso comum, um refúgio da individualidade, um jardim secreto onde se cristaliza a intimidade de onde brota uma indefectível espontaneidade. Mas, mesmo quando ela é sincera e genuinamente oferecida, a afetividade permanece uma emanação característica de certo ambiente humano e de determinado universo social de valores.(BRETON, 2009, p. 112-113).
A metodologia se deu através da análise de notícias de crimes passionais veiculadas nos principais jornais de Fortaleza-CE (Brasil); consulta de livros que expõem observações sobre a temática; estudo de processos judiciais com depoimentos dados por indivíduos que cometeram crimes passionais e, principalmente, entrevistas semi-estruturadas com indivíduos que mataram seus cônjuges/namorados/amásios. Tais entrevistas foram divididas em dois eixos: um voltado para a “história de vida” do entrevistado, tendo a função de propiciar aproximação e adquirir a confiança do entrevistado e outro que objetivou adentrar mais profundamente em todos os âmbitos que se referem ao crime passional.
- CRISÓSTOMO, Fernanda Vieira
PAP0861 - Quando o avô é o cuidador. Reflexão sobre a troca dos cuidados no interior da família.
O texto a ser
apresentado objetiva
a reflexão acerca
das relações de
cuidado entre avós e
netos, a partir da
perspectiva dos
primeiros. Apesar de
não ter sido
realizado trabalho
de campo é possível
fazer uma análise
desta relação,
através de
bibliografias que
buscam compreender a
heterogeneidade dos
modos de vida dos
idosos no atual
contexto de
envelhecimento
populacional,
transformações nos
arranjos familiares
e emergência de
novos discursos
acerca da velhice.
Com ênfase na
distinção entre
velhice e
envelhecimento,
posto que a primeira
é um constructo
social – tal como a
infância e a
adolescência – e o
segundo o processo
de mudanças
biológicas que
afetam o corpo
humano.
O foco será a
discussão sobre as
relações de cuidado
no âmbito familiar,
pensando-as como uma
complexa trama de
significados e
intercâmbios –
inclusive econômicos
– para os
diferentes atores
que participam dela.
As novas
possibilidades de
vivência da velhice
acabam por tornar as
relações de cuidado
dos netos um espaço
de tensões,
frustrações,
desdobramentos sobre
a vida social e até
mesmo de sobrecarga
da saúde dos idosos.
Por outro lado,
observa-se que o
idoso se torna um
pilar de apoio,
quando não de
suporte financeiro
para sua família,
principalmente entre
as mais pobres e
sujeitas às
instabilidades do
mercado de trabalho.
Ao propor esse olhar
crítico para a
relação entre avós e
netos pretendemos
reavaliar, mesmo que
brevemente, algumas
noções comuns sobre
as relações de
intimidade e
cuidados e
estratégias de troca
no interior da
família.
- GAMBAROTTO, Paola
PAP0771 - Quanto custa a deficiência? uma análise dos orçamentos familiares e das políticas públicas
A comunicação apresenta alguns resultados de um projecto de investigação, financiado pelo INR - Instituto Nacional de Reabilitação, com o objectivo de “avaliar os impactos financeiros e sociais da existência de pessoas com deficiências ou incapacidades nos agregados domésticos, com vista ao planeamento e definição de medidas que promovam a igualdade de oportunidades, capacitação e autonomia das pessoas com deficiências ou incapacidades”. A investigação desenvolveu três linhas analíticas: 1) caracterização das condições socioeconómicas da população com deficiências ou incapacidades; 2) caracterização das políticas públicas de apoio a esta população; 3) cálculo dos custos acrescidos da deficiência para os agregados domésticos.
O estudo permitiu quantificar as várias dimensões do quadro estrutural de desigualdade enfrentado pelas pessoas com deficiência na nossa sociedade: menores níveis de educação, menor taxa de empregabilidade, menores rendimentos do trabalho, maiores despesas com a saúde. Verificou, ainda, que as transferências sociais não suprem as condições de especial vulnerabilidade das pessoas com deficiência.
Relativamente aos custos sociais e financeiros da deficiência, o projecto tomou como referencial para o seu cálculo a identificação das condições necessárias à optimização da autonomia, participação e qualidade de vida das pessoas com deficiência. Os resultados obtidos revelam os custos acrescidos que, anualmente, recaem nos orçamentos dos agregados familiares das pessoas com deficiência.
A comunicação pretende apresentar um diagnóstico quantitativo e qualitativo das condições de desigualdade a que estão sujeitas as pessoas com deficiência e/ou incapacidades, constituindo uma base importante para a (re)definição das políticas públicas.
- PORTUGAL, Sílvia
- HESPANHA, Pedro

- RAMOS, Luís Moura
- MARTINS, Bruno Sena

- ALVES, Joana

Pedro Hespanha
Sociólogo. Professor da Faculdade de Economia de Coimbra e Membro Fundador do Centro de Estudos Sociais.
Coordenador do Programa de Mestrado “Políticas Locais e Descentralização".
Tem investigado e publicado nas áreas dos estudos rurais, políticas sociais, sociologia da medicina, pobreza e exclusão social
Coordena o Grupo de Estudos sobre Economia Solidária (ECOSOL/CES)
"Bruno Sena Martins é licenciado em Antropologia pela Universidade de
Coimbra e Doutorado em Sociologia pela mesma instituição. Sempre
enleado na questão das representações culturais, tem dedicado o seu
trabalho de investigação aos temas do corpo, deficiência e conflito
social.
Em 2006, publicou o livro 'E se Eu Fosse Cego: narrativas silenciadas
da deficiência', produto da sua dissertação de mestrado galardoada com
Prémio do Centro de Estudos Sociais para Jovens Cientistas Sociais de
Língua Oficial Portuguesa. Foi Research Fellow no Centre for
Disability for Disability Studies (CDS) na School of Sociology and
Social Policy da Universidade de Leeds, entre Abril e Junho de 2007.
Na sua tese de doutoramento - 'Lugares da Cegueira: Portugal e
Moçambique no Trânsito de Sentidos' - explorou as relações entre as
histórias de vida das pessoas cegas e os valores culturais dominantes
através dos quais a cegueira é pensada. Paralelamente, no contexto do
CES tem integrado a equipa de vários projectos de investigação que se
dedicam a temas como Guerra Colonial portuguesa e a inclusão social
das pessoas com deficiência."
Joana Alves (FEUC/CES) é mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra (FEUC). Actualmente, é bolseira de doutoramento da FCT, e frequenta o programa de
Doutoramento em Sociologia da FEUC. Os seus interesses de investigação centram-se na
produção de cuidado pela família, dando especial destaque ao cuidado da dependência,às questões
do reconhecimento do papel dos cuidadores informais, e aos impactos do cuidado nas suas vidas.
PAP0211 - Que “outras” cidades? A (re)visão epistémica do urbano.
Uma mudança acentuada na análise do fenómeno urbano global está a lançar desafios de relevo sobre a leitura convencional da cidade. Este texto trata dessa reforma epistémica através (a) da questão do que é e não é tornado visível à teoria; (b) da problematização da interdisciplinaridade na análise; (c) do lugar atribuído às pequenas cidades, por contraposição com um corpus teórico feito à imagem dos grandes aglomerados e (d) da necessária inclusão a das “outras cidades” do Sul global para a renovada visão do atual mundo das cidades.
Palavras-chave: Sociologia urbana; reforma epistémica; “outras” cidades.
- FORTUNA, Carlos

CARLOS FORTUNA
Professor de Sociologia na Fac. de Economia da Univ. de Coimbra. Investigador do CES. Doutorado em Sociologia pela Universidade de Nova Iorque (Binghamton), produz hoje investigação na área da Sociologia das Cidades. Foi Presidente da Direção APS (1998-2002).
PAP1137 - Que “pacote” aplicar? O papel da diferenciação económica e geográfica em políticas globais de saúde relativas a doenças crónicas e negligenciadas.
Decorrente de uma colaboração entre dois projectos em curso em
Portugal e no Brasil, esta comunicação pretende apresentar uma
cartografia das políticas globais de saúde com foco nas doenças
crónicas e infecciosas – com ênfase nas negligenciadas. As premissas
sobre as quais assenta o desenho das políticas globais de saúde são as
necessidades de saúde, perfis epidemiológicos e níveis e modos de
desenvolvimento das diferentes populações, a par das pressões do
mercado a que estão sujeitas.
Tais premissas (ou constrangimentos) afectam as orientações dessas
políticas, interferindo assim na definição tanto de agendas prioritárias,
como nas diretivas e recomendações de iniciativas locais e globais.
Identificamos assim o modo como estas restrições moldam as bases
discursivas que os agentes de políticas de saúde supranacionais
empregam para justificar as suas propostas de ação, que normalmente
tomam a forma de planos e projectos. O seu propósito é induzir as
agendas de estados nacionais a agir dentro de um determinado âmbito
quando confrontados com problemáticas na área da saúde.
Foram identificadas taxonomias e elementos discursivos determinantes
no desenho e planificação de iniciativas globais concernentes aos dois
grupos de doenças, gerando categorias analíticas. Estas levaram à
identificação de diferentes padrões de indução e do seu peso
argumentativo nos constrangimentos anteriormente mencionados,
levando-nos em última instancia à composição de um mapa global
representativo daquilo que é geralmente concebido como “políticas de
saúde”. Tal foi conseguido através da pesquisa e análise de
documentos oficiais produzidos por organismos e redes internacionais
que trabalham nos dois grupos de doenças (OMS, UE, Conselho da
Europa, OPAS; DNDi, ICTIDN, WCRF, UNITAID, Global Alliance for TB
Drug Development, UICC) durante o período de 2000-2010.
Este estudo revela um padrão de indução determinado e diferenciado,
baseado em dois constrangimentos principais: o económico e o
territorial na dicotomia Norte/Sul, levando à construção de “pacotes”
pré-determinados de políticas a ser aplicadas em diferentes contextos,
ao invés da promoção da adequação das políticas de saúde aos
interesses e necessidades de saúde das diferentes populações.
- GONDIM, Roberta
- BARRADAS, Carlos
PAP0904 - Que “periferia” é essa? Notas a partir de uma etnografia de realizadores e exibidores de “vídeos populares” ligados à regiões precárias em São Paulo/Brasil.
Este paper tem como objetivo a sistematização e a análise de alguns dados de pesquisa etnográfica, realizada ao longo de dois anos e oito meses, entre realizadores e exibidores de materiais audiovisuais ligados a favelas, ocupações, entre outros territórios precários na cidade de São Paulo/Brasil. Grande parte desses agentes forma-se através de oficinas de educação audiovisual ministradas por ONGs, que, em muitos casos, justificam a necessidade do ensino de métodos e técnicas de produção audiovisual em contextos precários, através do argumento da “auto representação”, quando fica subentendido que só os grupos marginalizados podem falar a respeito de si próprios. A questão central da pesquisa surge a partir do momento em que passam a se configurar nas áreas precárias da cidade, coletivos de realizadores independentes e com um discurso acentuadamente contrário à referida ideia da “auto representação”, dada a redução da legitimidade dos discursos e representações das pessoas a uma espécie de autoridade existencial do oprimido, onde tudo o que lhes cabe é o fortalecimento de sua condição de vítima, justificando assim, a necessidade do trabalho profiláticos da rede institucional que os cerca. Argumento que é, sobretudo, no contexto de socialização vivenciado nas ONGs, movimentos sociais urbanos, universidades, centros culturais, saraus e eventos organizados nos diversos bairros de baixa renda, que muitos passam a compreender e criticar determinados métodos relacionados à administração de recursos e discursos direcionados às populações ligadas às chamadas “periferias urbanas”. Resulta dessa “disputa”, diferentes modos de conceber a categoria “periferia”, uma vez que, enquanto no contexto institucional que envolve ONGs, empresas patrocinadoras e poder público, a “periferia” é entendida como sinônimo dos espaços marcados pela pobreza e vitimização, na visão de certos agentes ligados a coletivos de realização audiovisual independentes, a mesma categoria (“periferia”) parece ilustrar uma relação, construída e administrada por um modelo político altamente segregacionista, que ao mesmo tempo em que visibiliza os problemas das áreas mais precárias da cidade, oculta suas relações com os centros de poder.
- ADERALDO, Guilhermo
PAP1048 - Quem vive na Área Metropolitana de Lisboa?
Esta comunicação insere-se num estudo mais amplo cujo objectivo é conhecer as trajectórias residenciais dos moradores na AML. No âmbito desse estudo foi recolhida uma amostra aleatória estratificada representativa daqueles moradores nascidos entre 1945 e 1975.
O primeiro grande objectivo é fazer uma caracterização sociográfica dos residentes na AML, incluídos naqueles grupos de idade, extrapolando para isso os resultados da amostra para o universo, já que estamos perante uma amostra representativa. Para tal, serão utilizadas variáveis sociodemográficas, como o sexo, o estado civil, o nº de filhos, a profissão, o nível de escolaridade, a classe social de origem e de pertença, entre outras.
Para além disso, e dado que do ponto de vista económico e social parece fazer sentido dividir a área metropolitana de Lisboa em três áreas – concelhos a norte do Tejo, concelhos a sul do Tejo e concelho de Lisboa – será feita a comparação das principais características dos residentes nestas três áreas procurando identificar na diversidade territorial eventuais diversidades nos moradores. Eventuais diferenças que venham a ser encontradas serão controladas com variáveis que se relacionam com a casa habitada – estatuto de ocupação, dimensão… - com vista a retirar ao espaço um papel diferenciador que no fundo lhe não cabe.
- FERREIRA, Ana Cristina

- PINTO, Teresa Costa
- COTO, Marta
Ana Cristina Ferreira, nascida em Lisboa em 1962, licenciada em Sociologia, pelo ISCTE, 1984 e Doutoramento em Sociologia, especialidade em Sociologia da Família e da Vida Quotidiana (Família e Habitat (ISCTE 2002)). Sou actualmente professora Auxiliar do ISCTE, na área dos Métodos Quantitativos para Ciências Sociais, Departamento de Métodos de Pesquisa Social e Investigadora do DINAMIA/CET (ISCTE).
Os meus principais interesses relacionam-se com os domínios da sociologia do Território (modos de vida e apropriação do alojamento e território) e com a Demografia (nomeadamente a integração dos imigrantes em Portugal).
PAP0059 - REDES SOCIALES: EFECTO AMORTIGUADOR EN LA INTEGRACIÓN DE LA POBLACIÓN INMIGRANTE
La inmensa mayoría de los inmigrantes que
llegan a los países de la Unión Europea, lo
hacen por motivos económicos, aunque su
regularización pueda realizarse por diversos
motivos de naturaleza no económica
(reagrupación familiar..); por ello, los
factores económicos no son suficientes para
explicar las dimensiones que adquiere el
fenómeno migratorio, hay que recurrir a otras
variables, como el papel de las redes sociales
en la toma de decisiones previa al
desplazamiento internacional, el tener familia
en el país receptor. Las redes sociales
también actúan como un factor generador de
trabajo, no sólo a la hora de conseguirlo,
sino a la hora de desarrollarlo. En el
siguiente trabajo, describiremos cómo se
comportan las redes sociales en cada una de
las nacionalidades estudiadas y cómo esto
favorece en su integración, condición
imprescindible para gozar de una buena salud
mental.
Objetivo principal: Describir las diferentes
redes de apoyo que tienen los inmigrantes
residentes de la ciudad de estudio y cómo
determinan su integración.
Metodología: Estudio Descriptivo Transversal.
Muestra estratificada por nacionalidades
representativas del censo de la población de
estudio. Recogida de datos: Triangulación de
datos; Revisiones de la literatura,
observación durante el trabajo de campo,
entrevista semiestructurada sobre redes
sociales, adaptada de ASSIS Barrera (Martínez
M.F., García M., Maya I. 2001)
Resultados: descripción de las redes sociales
según nacionalidad estudiada
Conclusión: Las redes sociales efectivas son
un factor de protección para la integración y
por consiguiente la salud de los inmigrantes
que vienen a nuestro país.
Palabras clave: Redes Sociales. Apoyo Social.
Inmigrantes. Salud.
- Garcia-NAVARRO, E.Begoña

- GOMEZ, Dominguez
- ANDRÉS, Jose
- CABALLERO, Estrella Gualda
- Gomez, Marta Martín
Esperanza Begoña García Navarro
afiliação institucional:
Profesora Universidad de Huelva. Hospital Juan Ramón Jiménez de Huelva. España
área de formação:
Licenciada en Enfermería. Hogeschool Zeeland. The Netherlands.
interesses de investigação
Gestion de la Diversidad en Salud
Afrontamiento a la muerte
Gestion de la diversidad en el final de la vida
PAP1460 - REFLEXÕES SOBRE A DEMOCRACIA (PARTICIPATIVA, DELIBERATIVA E REPRESENTATIVA) NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DOS CONSELHOS DE SAÚDE
Nesse trabalho
procurar-se-á
apresentar os
resultados da
pesquisa
“Monitoramento e
Apoio à Gestão
Participativa do
Sistema Único de
Saúde”, executada
por pesquisadores do
Departamento de
Ciências Sociais
(DCS) da Escola
Nacional de Saúde
Pública Sergio
Arouca (ENSP) da
Fundação Oswaldo
Cruz (FIOCRUZ) do
Ministério da Saúde
(MS) da República
Federativa do
Brasil, e financiada
pela Secretaria de
Gestão Estratégica e
Participativa
(SEGEP) do referido
Ministério. A
primeira etapa desta
pesquisa, realizada
entre dezembro de
2003 e fevereiro de
2004, gerou: a) um
inédito cadastro dos
Conselhos Municipais
de Saúde (CMS) e
Conselhos Estaduais
de Saúde (CES),
contendo informações
necessárias para o
estabelecimento de
contatos e b) um
instrumento de
pesquisa (IP)
composto por 58
questões (17 abertas
e 41 fechadas), que
foi aprimorado por
meio do diálogo com
outras Secretarias
do MS, com o
Conselho Nacional de
Saúde (CNS) e com
pesquisadores de
outras instituições,
e aplicado nos
Conselhos
cadastrados.
Já a segunda etapa,
iniciada em novembro
de 2004, com o envio
do IP para 5.559 CMS
e 27 CES
cadastrados, visou o
levantamento de
dados e a construção
de índices e
indicadores que
viabilizassem a
constituição de um
Perfil dos Conselhos
de Saúde do Brasil,
capaz de fornecer à
gestão subsídios
para a formulação de
ações e programas de
aperfeiçoamento do
trabalho
desenvolvido pelos
Conselhos. Cabe
salientar que 4.861
CMS já responderam o
IP, e que esses
municípios abrigam
um contingente de
156.097.434 de
pessoas,
significando 92% da
população
brasileira, segundo
dados do Censo
Demográfico de 2000,
realizado pelo
Instituto Brasileiro
de Geografia e
Estatística (IBGE).
Por fim, a terceira
etapa teve por
objetivos no período
de 2006 a 2011: a)
consolidar e
monitorar os índices
e indicadores
construídos na
segunda etapa; b)
elaborar indicadores
relacionados à
participação dos
usuários e à prática
do controle social e
c) montar uma
Estrutura Virtual de
Trabalho e Pesquisa
(EVTP) que torne
públicos os dados e
análises sobre o
Perfil, a fim de
apoiar o
funcionamento e a
atuação dos
Conselhos mediante a
utilização das
Tecnologias da
Informação e
Comunicação (TIC).
Denominada
ParticipaNetSUS
(http://www.ensp.fiocruz.br/participanetsus),
esta EVTP publiciza,
dentre outros, os
instrumentos
utilizados pela
pesquisa e
disponibiliza o
banco de dados para
consultas e
cruzamentos.
Palavras-chave:
democracia;
participação;
deliberação;
representação;
controle social;
Conselhos de Saúde e
Brasil.
- LUCAS, Charlles da Fonseca

- MOREIRA, Marcelo Rasga

- FERNANDES, Fernando Manuel Bessa

- SUCENA, Luiz Fernando Mazzei

Charlles da Fonseca Lucas
Doutorando em Ciência Política (UNICAMP). Mestre em Sociologia (IUPERJ). Especialista em Sociologia Urbana (UERJ), em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes (USP), em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública (UFF) e em Ensino de História e Ciências Sociais (UFF). Licenciado Pleno e Bacharel em Ciências Sociais (Concentração em Sociologia, Ciência Política e Antropologia - UERJ e Pesquisador e Bolsista da Fundação para Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC) no Departamento de Ciências Sociais (DCS) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).
Marcelo Rasga Moreira
Marcelo Rasga Moreira é Vice-Diretor de Cooperação e Escola de Governo da ESNP/FIOCRUZ, onde é pesquisador concursado do Departamento de Ciências Sociais, que chefiou entre 2005 e 2007. Bacharel em Ciências Sociais (UERJ/1996), Mestre em Ciências (ENSP/2000) e Doutor em Saúde Pública (ENSP/2009), coordena pesquisas sobre democracia, participação social e conselhos de saúde e condições de vida e atendimento a crianças e adolescentes, além de compor a equipe que coordena o Mestrado Profissional em Desenvolvimento e Políticas Públicas, parceria ENSP/IPEA cujo objetivo é qualificar a gestão pública federal. Como professor da pós-graduação latu e stricto senso da ENSP, ministra, em vários cursos e sub-áreas da instituição, disciplinas vinculadas à reflexão teórico-prática sobre a Metodologia da Pesquisa Social e sobre Teoria Social. Publicou, em co-autoria, o livro "Nem Soldados Nem Inocentes: juventude e tráfico de drogas no Rio de Janeiro" (editado em 2001 e já em sua primeira reimpressão) e é autor de artigos científicos sobre "democracia, participação social e conselhos de saúde", "metodologia de pesquisa", "juventude e tráfico de drogas", "condições de vida de crianças e adolescentes" e "avaliação de políticas públicas". Em interlocução com a sociedade civil organizada é membro do Conselho Consultivo do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro e Pesquisador Associado do grupo VIOLES/SER/UnB. (14/6/2006) (14/6/2006) (08/08/2006).
Fernando Manuel Bessa Fernandes
Possui Graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1997) e Mestrado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense - UFF (2000). Atualmente é pesquisador contratado do Departamento de Ciências Sociais e Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ). Tem experiência em atividades de Ensino na área de Saúde Pública/Coletiva e ministra, em vários cursos e sub-áreas da pós-graduação lato e estrito senso da ENSP, disciplinas vinculadas à reflexão teórico-prática sobre Metodologia de Pesquisa Social e em Saúde; à Participação e Controle Social; à Análise e Avaliação de Políticas Públicas. Também tem experiência em atividades de Pesquisa, principalmente abrangendo os temas e aspectos da Análise e Avaliação de Políticas Públicas, da utilização de TICs e da Inovação na Gestão Pública, da Participação e Controle Social, dos Conselhos de Saúde, da Juventude, da Saúde de Adolescentes e Jovens, das Drogas, da Violência e da Antropologia.
Luiz Fernando Mazzei Sucena
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1998). Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Condições de Vida e Atendimento Ao Segmento Infanto Juvenil, atuando principalmente nos seguintes temas: infância e juventude, políticas públicas de saúde, tráfico de drogas, políticas públicas e pesquisa social.
PAP0313 - REPENSAR A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO: DAS TEORIAS PRIMITIVISTAS AO TELEMÓVEL.
REPENSAR A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO: DAS TEORIAS PRIMITIVISTAS AO TELEMÓVEL.
Carlos Ramos Aguirre
Sociólogo
Dr. Humanidades e Ccs. Sociais
Galiza - Espanha
RESUMO
A sociologia da religião vem configurándose desde o primeiro terço do século XIX como uma das subdisciplinas mais relevantes da ciência sociológica, embora nas últimas décadas tenha caído numa série de discussões estériles producindo-se uma debilitação desembocada em descrédito. A vitalidade amosada pelas religiões no mundo actual, fenómeno que algums denominam «resurgir da crença», invalida em grande medida o paradigma da secularização que tem sido até agora dominante na nossa disciplina.
A partir desta observação objectiva faze-se necessário elaborar um diagnóstico do estado presente da sociologia da religião e enfrentar uma reconfiguração da mesma a fim de poder dar resposta ás questões que ja está a erguer o século XXI. Entre as características que têm conformado a sociologia da religião tal como a conhecemos hoje em dia destacam duas que este trabalho considera principais. Em primeiro termo, o sucesso logrado pelas visões durkheimiana e weberiana do fenómeno social religioso. É dizer, o sucesso duma interpretação «sociologista» que pesa muito e afasta do interesse do sociólogo da religião outras interpretações de caste «psicologista» aportadas por autores valiosos como Herbert Spencer, William James, Edward B. Tylor, Vilfredo Pareto, Georg Simmel ou Bronislaw Malinowski. Em segundo termo, o feito de ter investido a nossa disciplina uma ingente quantidade de esforços investigadores e carreiras profissionais no único paradigma da secularização que, á fim, não tem obtido os resultados esperados. Outras características hão de se somar ás ja sinaladas, por exemplo, a conceição falaz que opõe conhecimento científico e religião, a desunião da antropologia e da sociologia da religião por motivos académicos e departamentais, ou o intrusismo de determinadas teologias de inspiração social.
Por outro lado, a necessária reconfiguração da sociologia da religião passa pela integração dos distintos paradigmas tradicionais e das novas perspectivas que é preciso incorporar e potenciar. Assim, o estudo do pluralismo religioso não constitue uma perspectiva estritamente nova, mas desde este trabalho defende-se a iportância capital que dito enfoque está chamado a ter na futura sociologia da religião, pois nunca como agora vivemos num mundo tão globalizado e amplamente interconetado. Mas a corrente anovadora da disciplina também deve adicionar perspectivas inéditas como é o caso da observação da religião na Internet -online religion- e nas novas tecnologias da informação e da comunicação, ou a consideração das relações entre cérebro e religião, o que ha de nos levar a um diálogo multidisciplinario com a ciência cognitiva da religião e a neurociência cognitiva.
- AGUIRRE, Carlos Ramos

O meu nome é Carlos Ramos Aguirre, após ter ocupado o posto de Coordenador da Cátedra das Três Religiões da Universidade das Ilhas Baleares (Espanha) entre os anos 2008 e 2011, na actualidade exerzo de sociólogo independente na Galiza. Sou Licenciado em Sociologia pela Univ. da Corunha e Doutor em Humanidades e Ciências Sociais pela Univ. das Ilhas Baleares. Os meus âmbitos de interesse são a sociologia da religião, a sociologia da literatura e o estudo da evolução humana.
PAP1506 - REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ESPORTES SOB A ÓTICA DE PESSOAS CEGAS
Esta trabalho é fruto de uma tese de doutoramento no campo da educação e teve como objetivos compreender os relacionamentos e práticas sociais de pessoas cegas em envolvimentos culturais, em particular na prática esportiva e mapear as intenções e perspectivas deste grupo social em seus envolvimentos quando a prática esportiva extrapola a esfera de atuação do cidadão comum.O mapeamento do campo de atuação esportiva no qual estão envolvidos indivíduos portadores de deficiência visual congênita foi feito no sentido de analisarmos, à luz da Teoria das Representações Sociais, o significado da prática de esporte, levando em consideração os elementos que os grupos consideram como centrais, no que se refere: a) o que pensam sobre a prática esportiva; b) como praticam o esporte; c) como gostariam que fosse a prática esportiva e o que esperam dos resultados dessa prática; d) a identificação da trajetória na busca da condição de herói do indivíduo cego praticante de esporte; e) a construção do núcleo de representação do cego praticante de esporte. O presente estudo está inserido no Núcleo Temático Linguagem, Desenvolvimento e Ação Pedagógica do Programa de Pós-Graduação de uma universidade pública no Brasil. É um trabalho de natureza qualitativa e tem as características de um estudo descritivo. Em função da complexidade do fenômeno abordado, foram adotadas diferentes estratégias metodológicas com a intenção de captar aspectos distintos da composição da realidade. O estudo ficou, então, sob a orientação de uma metodologia pluri-referenciada: análise de conteúdo das entrevistas com cinqüenta e três cegos congênitos praticantes de esporte; associação de idéias com as palavras esporte, vitória, medalha, derrota, campeão, emoção, frustração, ídolo, a fim de buscar outros sentidos não explicitados diretamente nas entrevistas; análise de conteúdo das publicações de jornais com referência a participação de cegos praticantes de esportes. Esta análise nos possibilitou a constatação de representações relacionadas com o aspecto funcional da prática esportiva, a figura do herói, a normalidade, e o corpo. O estudo comprova que os cegos praticantes de esportes continuam a arcar com o ônus do estigma relacionado com os resultados obtidos nas competições esportivas comuns, e, também aponta caminhos alternativos de superação no processo ensino-aprendizagem, de aspectos voltados à orientação e mobilidade e à prática esportiva que supere o vínculo aos modelos tradicionais de prática esportiva ligada diretamente aos padrões de competição como forma de provar competência pessoal e social. Palavras Chaves: Deficiência visual, Orientação, Mobilidade e Representação social
- SANTOS, Admilson
- MORAES, Antonio Carlos
PAP0865 - RISKAR LX – Poluição atmosférica, percepções e vulnerabilidades em Lisboa
As questões ambientais, da saúde e do desenvolvimento emergem, actualmente, numa imbricada rede de correlações, carecendo de uma abordagem integrada e interdisciplinar, tanto mais quanto a sociedade contemporânea é, hoje, qualificada como uma “sociedade de risco” (Beck, 1992). Com efeito, os cidadãos preocupam-se cada vez mais com os riscos resultantes do desenvolvimento industrial e tecnológico, reclamando uma ação mais firme e uma intervenção mais ativa na gestão desses riscos e fazendo da participação pública uma exigência fundamental das formas emergentes de governação.
Ora, se no que à qualidade do ar diz respeito, nos últimos anos, na Europa e fruto de algumas medidas restritivas, parece haver indícios de alguma melhoria, no que respeita à situação portuguesa vários problemas persistem. Por um lado, faltam dados fidedignos sobre poluição atmosférica, conhecendo-se pouco os seus efeitos na saúde pública e, consequentemente, não existe informação fiável e transparente que possa servir de base a políticas públicas de redução / minoração dos seus efeitos mais perniciosos. Por outro lado, muito há ainda a fazer para tornar efectiva a consciencialização social sobre a correlação destes dados ambientais com os níveis de bem-estar e de qualidade de vida dos cidadãos, em função do local de residência ou de trabalho ou do grupo social a que se pertence.
No âmbito do projecto interdisciplinar Riskar LX – Avaliação do risco associado à poluição atmosférica em Lisboa que integrou diversas equipas de investigação — Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Centro Regional de Saúde Pública/Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo – CRSP/ARSLVT, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo – CCDR-LVT, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge/Observatório Nacional de Saúde – INSA/ONSA e Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa – ICS/UL — foi aplicado, no início de 2012, um inquérito aos lisboetas que procurou caracterizar sociograficamente os inquiridos e relacionar os condicionalismos sociais, os estilos de vida e as rotinas quotidianas, com a avaliação que fazem da qualidade do ar de lisboa, bem como com a respectiva percepção do risco de exposição à poluição atmosférica.
O que se procura com estes resultados, é estabelecer os perfis de vulnerabilidade da população lisboeta à poluição atmosférica, a partir de uma amostra representativa, com capacidade para estabelecer comparações precisas entre as respostas dos inquiridos e correlacionar condições sociais, percepções ambientais e vulnerabilidades comportamentais.
- GUERRA, João

- SCHMIDT, Luísa

João Guerra, Sociólogo, doutorado e mestre em Ciências Sociais pelo ICS-UL, é licenciado em Sociologia e Planeamento pelo ISCTE-IUL.
Desde 1998 é investigador do OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade onde actualmente é membro da Comissão Executiva.
É, ainda, mebro da Comissão Nacional do projecto ECO XXI que procura avaliar características e práticas de sustentabilidade local entre os municípios concorrentes.
Os seus interesse de investigação centram-se, sobretudo, na sociologia do ambiente, no desenvolvimento sustentável e nas políticas e questões da participação pública na implementação da sustentabilidade.
Luísa Schmidt
Socióloga investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação 'Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço' e integra o Comité Científico do Programa Doutoral em "Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável". Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade que actualmente dirige, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente.
PAP1337 - RRMD e lei da descriminalização: ganhos em saúde na perspectiva dos consumidores de drogas
O consumo de drogas corresponde a um fenómeno imbuído de aspetos culturais, sociais, de saúde individual e coletiva. O dilema legalizar ou criminalizar marcou o último século e Portugal optou por descriminalizar o consumo de todas as drogas a partir do ano 2000, apostando em áreas de intervenção social como a Prevenção dos consumos, o Tratamento ou a Redução de Riscos e Minimização de Danos (RRMD). Informar as pessoas acerca de como reduzir os riscos e os danos associados aos consumos tem sido o grande objetivo da RRMD que trabalha essencialmente com consumidores numa lógica de pequenos patamares, que não passam necessariamente pela abstinência. A informação é a chave em estratégias como a educação para a saúde ou a sensibilização. Mas será que a informação transmitida tem contribuído para a diminuição dos comportamentos de risco? E quais as representações sociais que os consumidores têm acerca do modelo de legislação português relativo ao consumo de drogas? Através da realização de entrevistas semi-estruturadas (N=19) e questionários (N=71) a consumidores de drogas, foi possível constatar que (1) a informação transmitida no âmbito da RRMD tem efetivamente algum impacto na diminuição dos comportamentos de risco. Os consumidores revelaram adoptar hábitos e práticas de consumo de menor risco, como a utilização de material assético ou a redução da frequência dos consumos. Estes valorizam maioritariamente os profissionais de saúde enquanto principais agentes informativos, sobretudo pela sua credibilidade. Constatou-se ainda que (2) a maioria das pessoas observadas considera ser crime consumir drogas, com exceção, nalguns casos, para as drogas consideradas “mais leves”, como os cannabinóides, revelando um desconhecimento da lei da descriminalização.
- SILVA, Mara Fernandes da

- MATOS, Alice Delerue
Licenciada em Educação Social (ESEP) e mestre em Sociologia (UM), tem trabalhado em projetos de investigação-ação dirigidos a pessoas utilizadoras de substâncias psicoativas e a trabalhadores sexuais (GAF; IDT.IP). Interessa-se por Sociologia da Saúde, do Desvio, por Políticas Sociais e Desenvolvimento Comunitário.
PAP0271 - Racismo contra Mulheres Brasileiras em Portugal? Algumas Reflexões.
Este artigo parte de
pesquisa empírica e
bibliográfica sobre
mulheres brasileiras
imigrantes em
Portugal, através
das quais foi
possível evidenciar
situações de
preconceito e
discriminação que
estas mulheres
sofrem nesse país.
Empreende, também,
um mapeamento
empírico discursivo
de como o
preconceito é
(re)construído,
especialmente nos
media. Busca-se
refletir sobre esse
fenômeno a partir
das discussões
conceituais em torno
do racismo, enquanto
ideologia e prática
social (Machado,
2000). Ao entender a
importância dos
diferentes conceitos
(racismo novo,
cultural,
diferencialista e
desigualitário),
propõe-se uma
abordagem ainda
pouco difundida e
uma especificação
teórica, no intuito
de colaborar com
avanço no
conhecimento sobre
migrações,
etnicidade e
racismo. Trata-se de
introduzir a
perspectiva
epistemológica
descolonial
(Quijano, 2000;
Mignolo, Grosfogel,
2008), descolonial
de gênero (Gonzáles,
1988; Brah,
Anzaldua, et al,
2004; Lugones, 2008)
e o conceito
histórico de racismo
(Fanon, 1983;
Balibar,
Wallerstein, 1988;
Munanga, 2003). Na
perspectiva
proposta, a
modernidade é
entendida como
profundamente
marcada pela
colonização e,
assim, a sociedade
atual não pode ser
compreendida
distante de uma
análise crítica
desse processo
histórico e de suas
consequências
contemporâneas. Uma
das principais
marcas da
colonização consiste
na introdução e na
disseminação da
categoria mental
raça, a qual
permanece
atualmente. Segundo
essa perspectiva, o
racismo colonial
dividiu a população
em raças,
articulando para
isso supostas
características
físicas, culturais e
comportamentais,
para inferiorizar,
essencializar e
estigmatizar grupos
humanos não
europeus. Essa
divisão (mental,
ideológica) em raças
continuaria operando
atualmente, o que se
alteraria são as
práticas de
discriminação e os
grupos alvo conforme
o contexto. Na
Europa, os grupos
mais afetados por
essa racialização
são os imigrantes,
que em sua maioria
são oriundos de
antigas colônias. Na
atual conjuntura de
crise econômica esse
racismo tende a
agravar-se. O
presente trabalho
propõe que essa
perspectiva é
importante para
compreender a
situação das
mulheres brasileiras
imigrantes. A partir
da pesquisa empírica
verificou-se que
essas mulheres são
vistas em Portugal
como portadoras de
características
comuns, são elas:
comportamentais
(sorrir, seduzir,
ser simpática,
disponível para
sexo, ser dócil),
culturais (dançar
sensualmente, falar
errado, alto e
sensual, gostar de
festas) e físicas
(são mestiças –
incluindo aquelas
que no Brasil são
consideradas
brancas, têm o corpo
em curvas, têm
nádegas
sobressalientes).
Através dessas
características, as
imigrantes
brasileiras são
essencializadas,
inferiorizadas e
estigmatizadas em
Portugal. Torna-se
possível perceber
que elas são vistas
a partir da
categoria mental
raça e são vítimas
de práticas sociais
que podem ser
entendidas como
discriminação
racial.
- PADILLA, Beatriz
- GOMES, Mariana Selister.

Mariana Selister Gomes é Doutoranda em Sociologia no Instituto Universitário de Lisboa, acolhida no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE-IUL), Bolseira da CAPES/Ministério da Educação do Brasil. Bacharel em História e Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil). Bacharel em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Brasil). Pesquisadora Associada no Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Mulher e Gênero da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NIEM-UFRGS/Brasil). Seus temas de interesse são: relações de gênero, racismo, imaginários sociais, turismo, imigração, cultura, identidades.
Endereço eletrônico: marianaselister@gmail.com
PAP0125 - Racismo e desigualdade uma nova abordagem à história de grupos étnicos no Agreste e Sertão de Pernambuco Brasil
A pobreza e a desigualdade embora constantes na sociedade não podem ser consideradas como situações naturais e espontaneas uma vez que são materializadas a partir de processos e estruturas políticas, econômicas e sociais. O objetivo desse artigo é identificar o racismo como principal mecanismo de sustentação a construção da pobreza e desigualdade econômica e social a que foram submetidos grupos de negros no Agreste e Sertão de Pernambuco. O artigo contrapõe-se a idéia de que a grande necessidade de mão-de-obra concentrava escravos apenas na zona açucareira apresentando vários documentos que indicam sua presença no Agreste e Sertão do estado. Em seguida, explica o que é o ciclo de pobreza descrevendo que fatores históricos o impulsionou, bem como os mecanismos que foram essenciais a sua fixação. Assim, o racismo é esmiuçado e ilustrado a partir da análise de relatos e documentos históricos entre os anos de 1845 e 1970, criando um perfil que o exemplifica destrinchando suas principais ações. Para mensurar que aspectos esse ciclo alcançou bem como a instituição da desigualdade, foi utilizado o censo brasileiro por amostra de domicílio que reúne dados sobre raça e cor baseados em técnicas de amostragem representativas com todos os setores da sociedade representados em proporções adequadas sendo capaz de documentar desigualdades étnicas, por isso, verificou-se junto ao IBGE, no censo 2000, dados sobre educação, ocupação e renda em todas as categorias concluindo que as diferenças étnicas mantiveram os negros em constante vulnerabilidade uma vez que a desigualdade tem estado inalterada ao longo dos anos citados.
- JALES, Danielly Amorim de Queiroz
PAP0916 - Rankings escolares e reprodução de desigualdades
Ao longo da última década, os rankings das escolas secundárias têm adquirido um relevo assinalável nos debates educativos em Portugal. Publicados com a justificação de que possibilitariam uma avaliação objectiva da qualidade das escolas, promotora de uma melhor prestação de contas, de um acréscimo da autonomia escolar e de escolhas informadas das famílias (Afonso, 2009), contribuíram inequivocamente para o aumento da competição entre as escolas, designadamente entre as públicas e as privadas.
Nesta apresentação abordamos, por um lado e através de entrevistas a directores de escolas públicas e privadas da cidade do Porto, o clima de "guerra fria" entre as escolas que se tem vindo a instalar desde 2001, data do início da publicação dos rankings. Por outro lado, na linha de Matos et al. (2006) desenvolvemos uma análise técnica que aponta para algumas das fragilidades dos rankings enquanto instrumento estatístico, supostamente neutro e não-ideológico. Ambas as abordagens concorrem para a demonstração da existência de um conjunto de aspectos frequentemente relegados para segundo plano nas análises dos meios de comunicação e dos opinion-makers que neles têm presença mais frequente. Interessantemente, vários desses aspectos remetem claramente para questões que envolvem desigualdades sociais, contribuindo para a sua reprodução. A título de exemplo, a nossa análise mostra que o diferencial entre as classificações internas das escolas e os resultados obtidos nos exames nacionais é consistentemente mais elevado nas escolas privadas do que nas públicas, favorecendo os estudantes das privadas no acesso ao ensino superior. Para além disso, dado que as famílias generalizadamente reconhecem o estatuto mais elevado e as maiores recompensas financeiras associadas ao ensino superior, as suas escolhas alimentam e reforçam uma situação de competição na qual os pontos de partida (académicos, mas também sociais) dos estudantes desempenham um papel importante. Por sua vez, os procedimentos selectivos que algumas escolas desenvolvem apenas para melhorar a sua posição nos rankings também não podem ser negligenciados.
A competição exacerbada promovida pelos rankings tende a reduzir os processos educativos aos resultados nos exames nacionais e, num contexto deste tipo, aquilo que realmente interessa é perceber a competência das escolas em exportar os seus alunos para o ensino superior.
Referências bibliográficas:
- Afonso, Almerindo Janela (2009). Nem tudo o que conta em educação é mensurável ou comparável. Crítica à accountability baseada em testes estandardizados e rankings escolares. Revista Lusófona de Educação, 13, pp. 13-29.
- Matos, Manuel et al. (2006). Reflexões sobre os rankings do Secundário. Investigação Operacional, 26, pp. 1-21.
- NATA, Gil

- PEREIRA, Maria João
- TEIXEIRA, Pedro
- SANTOS, Andreia
- NEVES, Tiago
Gil Nata
Licenciado em Psicologia (FPCE-UP, 2000) e doutorado em Psicologia Política (FPCE-UP, 2008), actualmente é professor auxiliar na Universidade Portucalense Infante Dom Henrique e membro do Centro de Investigação e Intervenção Educativas na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. As principais áreas de interesse são: psicologia política, minorias, cidadania, democracia, psicologia comunitária, desenvolvimento moral, epistemologia, e desigualdades sociais. Atualmente colabora num projeto sobre rankings e desigualdades sociais.
PAP0038 - Re-thinking violence and citizen secutiry
Citizen security has
become one of the
main topics in Latin
American political
science. Despite the
abundant literature
on the subject, a
genealogical tour of
this discursive
tradition reveals a
number of cognitive
limitations. There
is a prevalence of
technical thinking
that creates a
supposedly
apolitical narrative
when it comes to
combating violence
and eliminates the
possibility of a
political debate
that does not focus
on the objective
violent event but
rather on
understanding the
scope of the good
life. In this
respect, this paper
seeks to review the
criteria of veracity
of contemporary
society as focuses
of malaise.
- BEZERRA, Marcelo Moriconi
PAP0927 - Reconfiguraciones de la ciudadanía en torno al 'Otro' migrante
"GT: Sociedade,
Crise e
Reconfigurações na
América Latina"
En esta contribución
se parte de la
caracterización del
fenómeno migratorio
contemporáneo hecha
por Étienne Balibar
como “el fenómeno
político mayor de
nuestro tiempo”.
Introduciendo en
esta frase una
corrección de raíz
foucaultiana, puede
considerárselo un
fenómeno de carácter
“biopolítico”, en
tanto en él se hacen
patentes de modo
particular las
políticas de
población, salud,
educación y trabajo
de los estados
nacionales
contemporáneos
insertos y total o
parcialmente
sometidos a las
diversas dinámicas y
estrategias de la
globalización
económica y
comunicacional.
En este marco las
migraciones a la
Argentina y Brasil
de las últimas
décadas,
principalmente las
que proceden de los
países limítrofes y
otros países
latinoamericanos,
presentan rasgos que
las diferencian de
modo notable de las
anteriores, tanto
por su origen étnico
y características
culturales como por
su radicación
preferencial en los
conglomerados
urbanos, con la
consiguiente mayor
visibilización de
las y los migrantes
por parte del resto
de la población.
Siguiendo en este
punto a Raúl
Fornet-Betancourt
(2009), desde la
perspectiva
filosófica
intercultural, que
sostiene el carácter
dinámico, histórico
y negociado de las
culturas, se hará
referencia
específica a las
atribuciones
identitarias en la
construcción urbana
de la otredad del
migrante limítrofe
y, por extensión,
latinoamericano. A
partir del estudio
del caso construido
sobre el tratamiento
gubernamental y
mediático de la
ocupación del Parque
Indoamericano en la
Ciudad de Buenos
Aires en diciembre
de 2010 se mostrará
de qué modo las
atribuciones
imaginarias de
ajenidad e
inferioridad por
parte de la sociedad
denominada
técnicamente “de
acogida” potencian
las vulnerabilidades
subjetiva
(dificultades para
la construcción de
subjetividad y
empoderamiento) y
objetiva
(dificultades para
el ejercicio
participativo de la
ciudadanía) de las y
los migrantes. Para
ello en este trabajo
se presentarán
primero sucintamente
las principales
tesis de la
Filosofía
Intercultural sobre
la construcción de
subjetividad y luego
el método de
construcción y
análisis de casos
típicos utilizado en
este trabajo, para
después realizar un
estudio comparativo
sobre las relaciones
entre la exclusión
de las comunidades
de origen inmigrante
y las peculiares
configuraciones de
ciudadanía en
Argentina y Brasil.
Finalmente se
procurará sacar
conclusiones
generales sobre la
relación entre ambos
procesos.
- BONILLA, Alcira Beatriz
PAP1476 - Reconfiguración de las oportunidades de integración educativa y laboral de los jóvenes en contexto de cambio global
"GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA
AMÉRIC LATINA".
Durante las últimas cuatro décadas en América
Latina los jóvenes han alcanzado mayor nivel
educativo que las generaciones anteriores, sin
embargo mayor capital educativo no ha
representado mejores oportunidades de
integración social. Ante lo que cabe
preguntarse si estas tendencias esconden
procesos más estructurales que organizan las
oportunidades que se les presentan a los
jóvenes según sus capacidades o posiciones
sociales.
¿En qué medida es la falta de capital humano-
educativo lo que explica los problemas de
integración laboral y social que afectan de
manera persistente a amplios sectores de
jóvenes durante las últimas décadas?
O, por el contrario, ¿los problemas de
integración juvenil encuentran explicación en
los límites estructurales y en las condiciones
de segmentación social y ocupacional que
atraviesan los trayectos educativos y laborales
de los jóvenes?
Partimos de la tesis que los procesos de
integración socio-económica de cada nueva
generación de jóvenes es menos imputable a los
logros educativos y actitudinales que a las
oportunidades socialmente disponibles, y al
modo en que se distribuyen las estructuras de
oportunidades educativas y laborales en cada
contexto económico, social e histórico.
La sociedad argentina habría mutado de una
configuración social en la que, tras una
limitada “época de oro”, amplias generaciones
de jóvenes lograban un proceso de relativa
movilidad social gracias a la educación y el
trabajo, a una sociedad con generaciones de
jóvenes que, pese a sus mayores credenciales
educativas promedio no acceden a oportunidades
de empleo plenas.
La evidencia empírica ha sido construida con
base en los micro-datos de la Encuesta
Permanente de Hogares del Instituto Nacional de
Estadísticas y Censos de la Argentina (EPH-
INDEC) correspondiente a los años 1974-1986-
1998-2008.
- TUÑÓN, Lanina

Ianina Tuñón
Ianina_tunon@uca.edu.ar
Licenciada en Sociología, Magister en Investigación en Ciencias Sociales.
Doctora en Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires. Investigadora
responsable del Proyecto FONCyT 2010-2195: “Condiciones de vida y
capacidades de desarrollo humano de la niñez y adolescencia en diferentes
contextos macro-económicos, tipos de familia y dimensiones de derechos.
Argentina 2006-2012”, y de los estudios del “Barómetro de la Deuda Social
de la Infancia”, Observatorio de la Deuda Social Argentina de la UCA.
Investigadora categoría II del Ministerio de Educación de la Nación, con
sede en la Universidad Nacional de la Matanza. Docente de grado y posgrado
en la UNLAM, UCA, UTREF.
PAP0057 - Reconfiguração da ciência em tempo de crise: entre o conhecimento aplicado e o desenvolvimento tecnológico
O actual cenário económico-social impõe novas
pressões à criação de conhecimento, bem como à
sua gestão e aplicação produtiva. As
organizações que querem sobreviver nos tempos
futuros, não têm apenas que criar, mas sim
criar com valor acrescentado; e disseminar
esse valor para a envolvente. Universidades,
empresas e estado já não podem continuar a
viver em separado; isto, se querem manter uma
sociedade em desenvolvimento. Assim, a ciência
passa também pela necessidade de uma urgente
reconfiguração. Se não quer cristalizar entre
as suas “paredes laboratoriais” tem ir ao
encontro das problemáticas emergentes. O
presente trabalho apresenta os resultados que
advêm desta nova realidade.
Adoptou-se a perspectiva da construção social
da inovação, sob os contributos de Berger e
Luckmann (1967), e do grupo MIRP (Minnesota
Innovation Research Program - Van de Ven et
al, 2000; 1999; 1993; 1990, 1986), sobre a
gestão da inovação. Em paralelo, são
apresentadas práticas de gestão da inovação
portuguesas, que evidenciam a importância do
conhecimento aplicado e do desenvolvimento
tecnológico, numa lógica de tripla-hélice,
como estratégia de competitividade. Estas
práticas servem, também, como reflexão para
uma nova reconfiguração, na interacção entre
os vários actores sociais. O desenvolvimento
científico, neste novo cenário, passa, assim,
por ultrapassar fronteiras, integrando o
conhecimento aplicado e o desenvolvimento
tecnológico ao serviço de uma sociedade,
também em reconfiguração.
Por fim, entre os dados empíricos e as
reflexões teóricas, o trabalho discute a
necessidade de cooperar e competir em rede. A
inovação assenta no esforço de construir redes
onde se promova o desenvolvimento de
transacções e relações, com pessoas
suficientemente envolvidas nas suas ideias,
conduzindo à sua aceitação e legitimação (Tidd
et al., 1997).
- PITEIRA, M. Margarida

Informação Biográfica de Margarida Piteira
Licenciada em Sociologia pela Universidade Autónoma de Lisboa; Mestre em Comportamento Organizacional pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada; e Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações pelo Instituto Superior de Economia e Gestão/Universidade Técnica de Lisboa.
É atualmente investigadora do SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações/Instituto Superior de Economia e Gestão/Universidade Técnica de Lisboa. Em paralelo, tem vindo a lecionar em várias universidades portuguesas, sendo, no presente momento, coordenadora do Curso de Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos (ISLA de Santarém).
A investigação desenvolvida tem-se orientado para as áreas de Gestão de Recursos Humanos e Inovação; Mudança e Desenvolvimento Organizacional; e para a perspetiva da Construção Social e dos Estudos de Caso.
PAP0845 - Reconfigurações da masculinidade hegemónica nos corpos envelhecidos: um estudo em idosos praticantes de exercício físico.
O tema das masculinidades, tal como o das feminilidades, não decorre de uma dádiva ontológica, mas passa a existir a partir dos atos das pessoas, e, para além de ter que ser entendido como um processo social, envolve práticas que se referem ao corpo e ao que o corpo faz (Connell, 2000). Na realidade, é um tema que exige uma pluralidade de posicionamentos e não se deve confundir com homens ou com a condição de ser do sexo masculino (Amâncio, 2004), e pode ser definido como uma configuração organizada de prática relativa à estrutura das relações de género (Connell e Messerschmidt, 2005). A masculinidade hegemónica é construída nos lugares onde a expectativa dos homens é ser independente, forte, assertivo, emocionalmente restritivo, competitivo, resistente, agressivo e fisicamente competente (Smith, et al, 2007).
O estudo das masculinidades ganha importância quando estudamos o envelhecimento, uma vez que o declínio das capacidades físicas e motoras dos idosos poderá ser problemática (Calasanti e Slevin, 2001), uma vez que as características da masculinidade dominante que predominam na juventude e se estendem na vida adulta decrescem à medida que se envelhece (Bronfman, 2006). Esta preocupação orienta os homens idosos para actividades saudáveis, nomeadamente para a realização de exercícios físicos regulares.
A presente investigação objectivou conhecer as percepções de idosos acerca do corpo, procurando explorar as suas expectativas relativamente à prática de exercício físico. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas a 22 idosos (68.6±5.4 anos) que iniciaram um programa de exercício físico. Os dados foram posteriormente sujeitos a análise de conteúdo no programa QSRNVivo7. Os resultados apontam que: (i) o envelhecimento aliado à diminuição da funcionalidade, de incapacidade e ao aparecimento de problemas de saúde, parece afastar comportamentos afirmativos da masculinidade; (ii) os idosos tendem a percepcionar o corpo com harmonia, mas a centrar as suas preocupações na funcionalidade; (iii) a disfunção eréctil surge com consequências negativas afastando os comportamentos afirmativos da masculinidade pela sexualidade. Nesse sentido, este estudo sugere que as conjunturas mudam ao longo da vida, sendo que aquando da velhice, ou quando esta se aproxima, as normas ditadas pela masculinidade hegemónica, embora presentes são reafirmadas. A prática de exercício físico parece ser, nesta etapa da vida, um meio determinante para (re)configurar e afirmar a masculinidade do homem idoso.
Estudo no âmbito do Projecto financiado pela FCT (PTDC/DES/102094/2008 (FCOMP-01-0124-FEDER-009587).
- SILVA, Paula

- CARRAPATOSO, Susana
- NOVAIS, Carina

- BOTELHO-GOMES, Paula
- CARVALHO, Joana

Paula Silva nasceu no Porto, Portugal, e é doutorada em Ciências do Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto onde exerce funções de docência e de investigação no CIAFEL. Desenvolve estudos e projetos de investigação no domínio dos Estudos de Género e Desporto. É autora de vários livros e artigos nacionais e internacionais. Foi distinguida com o Prémio Investigação “Carolina Michaelis de Vasconcelos”, (ex-aequo) em 2007. Vice-presidente da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto.
Carina Novais, mestre em sociologia pela Faculdade de Letras desenvolve o seu percurso profissional em investigação científica tendo desenvolvido trabalhos diversos resultantes da pesquisa sobre o género e o desporto na área da infância e adolescência e também no âmbito do envelhecimento ativo participando nos projetos "Iniquidades sociais, ambientais e de género na prática de actividade física e desportiva de adolescentes" e atualmente no projecto "Actividade física objectivamente avaliada e obesidade em adolescentes: Estudo dos determinantes pessoais, sociais e ambientais" no Centro de Investigação em Atividade Física e Lazer da Faculdade do Desporto da Universidade do Porto. Tem também contributos enquanto investigadora na organização "Movimento Democrático de Mulheres" participando num projeto "Uma vida de Trabalhos? Trajetórias Profissionais de Mulheres e Participação cívica" onde desenvolveu o seu projeto de mestrado em torno da temática,"género, família e trabalho" e com a publicação "Percursos de Mulheres: Trabalho e Participação Política de Mulheres na área Metropolitana do Porto".
Joana Carvalho, Professora do Instituto Superior de Tecnologias Avançadas. Doutoranda em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais da Universidade de Aveiro e Faculdade de Letras da Universidade do Porto e licenciada em Engenharia Multimédia no ISTEC. Desenvolve atualmente trabalho de investigação em Social Media, Comunicação e Cibermuseologia, dedicando-se a construção da Tese de doutoramento com o título “A adopção de social media por museus como uma ferramenta de comunicação”.
PAP0958 - Reconfigurações de uma Instituição Desportiva como resposta a solicitações educativas e sociais no acompanhamento a percursos educativos de jovens atletas.
A proposta que aqui se apresenta surge das reflexões emergentes de um processo de intervenção realizado no âmbito do Mestrado Profissionalizante em Ciências da Educação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Sempre acompanhada por uma forte componente de investigação que alimenta e é alimentada pela intervenção, esta experiência toma lugar no Departamento Pedagógico de um clube de futebol da região norte. A intervenção organiza-se em torno de um projecto que procura acompanhar e desenvolver percursos educativos para a cidadania de jovens atletas de alta competição - implicando não só torná-los afectos e participativos à realidade política e social envolvente, como dar espaço à criação de identidades pessoais no seio de uma comunidade (Estevão, 2003; Araújo, 2007).
Decorrendo num contexto de intervenção algo novo para a construção da profissionalidade em Ciências da Educação – o contexto desportivo de alta competição - a intervenção explora o reconhecimento de que a Educação se corporiza e desenvolve em múltiplos contextos, para além dos formais (Afonso, 1989) e que contextos sociais imprevistos estão cada vez mais preocupados com dimensões sociais e educativas no desenvolvimento pessoal, social e para a cidadania.
O contexto de intervenção aqui mencionado, no sentido de responder a exigências internas e externas de cumprir um papel educativo integrado ao nível da formação dos seus jogadores, tem solicitado o contributo de várias áreas das Ciências Sociais e Humanas, nomeadamente das Ciências da Educação, e em particular, dos contributos da Sociologia da Educação para melhor compreender os seus jovens e respectivas realidades (Silva, 2010). É com este enfoque que se procura contribuir para a reflexão acerca do papel de organizações sociais, que sem tradicionalmente terem preocupações educativas, sentem necessidade de desenvolver de forma mais sustentada o seu papel educativo, espelhando solicitações sociais que obrigam as referidas organizações a reconfigurações, visíveis nomeadamente a partir da criação de departamentos pedagógicos. A aposta no desporto é acompanhada, deste modo, pelo desejo de formação sócio-educativa das crianças e jovens (Freitas, 2010; Pinheiro, 2010).
Esta comunicação procura, então, discutir algumas questões despoletadas pela operacionalização em práticas de mediação em contexto e respectiva reflexão teórico-conceptual: Quais as respostas desenvolvidas por uma instituição desportiva face a provocações sociais que a obrigam a assumir responsabilidades educativas para além das previstas? De que modo acolhe novos projetos de forma a diversificar o seu modo de atuação e criar práticas educativas inovadoras? Que sustentação teórico-metodológica para intervir e desenvolver uma consciência interna que fuja da função mecânica e esperada, no sentido de sustentar percursos educativos dos jovens atletas?
- SALDANHA, Ana

- SILVA, Liliana

- SILVA, Sofia Marques da

Ana Isabel Moreira de Sá Saldanha
Afiliação institucional: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto (Mestranda)
Área de formação: Ciências da Educação
Interesses de investigação: Educação Não-Formal, Desenvolvimento Local, Poder Local.
Liliana Raquel Guedes da Silva
Afiliação institucional: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto (Mestranda)
Área de formação: Ciências da Educação
Interesses de investigação: Desenvolvimento Local, Educação de Adultos, Educação Não-Formal.
Sofia Marques da Silva
Afiliação institucional: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto (Docente)
Área de formação: Ciências da Educação
Interesses de investigação: Culturas Juvenis e educação, Metodologias de Investigação e Sociologia da Educação.
PAP0811 - Reconfigurações do ensino superior e do mercado de trabalho: contributos teóricos para a análise da inserção profissional dos licenciados em Direito
A presente proposta
visa inscrever-se no
Grupo de Trabalho
submetido ao VII
Congresso Português
de Sociologia com a
designação “Inserção
de diplomados do
ensino superior:
relações objectivas
e subjectivas com o
trabalho”.
Esta comunicação
enquadra-se num
projecto de
investigação sobre
inserção
profissional de
jovens licenciados e
pretende contribuir
para a articulação
conceptual entre os
estudos da inserção
profissional e da
sociologia das
profissões, a partir
da análise das
reestruturações dos
mercados de trabalho
e do ensino superior
e da forma como
estas novas
dinâmicas têm
enformado as
profissões e os
percursos
profissionais dos
licenciados em
Direito.
Nas últimas três
décadas, a expansão
do ensino
universitário,
público e privado,
especificamente da
área do Direito,
quer em termos do
número de vagas quer
em termos do número
de cursos, conferiu
o acesso
generalizado ao
ensino superior,
aumentando
substancialmente o
volume relativo e
absoluto destes
diplomados. O curso
em Direito,
historicamente
associado a um
relativo fechamento
social, foi-se
tornando permeável
ao progressivo
alargamento da sua
base de recrutamento
potenciando
diferentes
estratégias e
representações dos
vários agentes
envolvidos, como o
caso dos
representantes do
ensino superior e
dos grupos
profissionais das
áreas jurídicas. Em
paralelo, têm
ocorrido profundas
recomposições dos
mercados de trabalho
e da estrutura
socioprofissional,
em particular das
profissões
jurídicas, mudanças
estas associadas à
emergência dos
processos de
globalização dos
mercados económicos,
como a concentração
dos serviços
jurídicos em grandes
empresas, o
progressivo
assalariamento e a
crescente
especialização e
segmentação interna
dos profissionais. A
estas tendências
acresce a
generalização das
formas atípicas de
emprego, visível na
flexibilização e na
precariedade,
sobretudo com maior
impacto junto dos
jovens licenciados,
como têm atestado os
estudos na área da
inserção
profissional.
Procura-se, no
âmbito desta
comunicação,
sistematizar as
tendências quer do
ensino universitário
quer do mercado de
trabalho num esforço
de deslumbrar pistas
teóricas para a
compreensão das
trajectórias
profissionais dos
licenciados em
Direito. Esta
reflexão beneficiará
do confronto entre
as principais
correntes teóricas
da sociologia das
profissões e dos
trabalhos
desenvolvidos no
âmbito da inserção
profissional e do
recurso à análise de
dados de fontes
secundárias:
indicadores e dados
estatísticos sobre a
evolução e a
situação
profissional destes
licenciados.
Prevê-se com este
debate potenciar uma
discussão profícua
sobre os desafios
com que se deparam
os juristas na
sociedade portuguesa
contemporânea.
- SANTOS, Mónica

Mónica Santos, licenciada e mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia de Coimbra. Investigadora integrada do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia com projecto intitulado “As trajetórias profissionais dos licenciados em Direito: análise dos tipos de percursos e identidades sociais e profissionais e sociais” (SFRH/BD/75312/2010). Tem participado em diversos projectos de investigação nas áreas da inserção profissional de licenciados, das escolhas profissionais e escolares e do empreendedorismo social. Co-autora do livro “Licenciados, precariedade e família” (2009), Porto: Estratégias Criativas. Os seus interesses de investigação centram-se na Sociologia do trabalho e das profissões e na sociologia da educação.
PAP0602 - Reconfigurações na vigilância e no controlo social perante alguns riscos emergentes: que enigmas suscitam?
GT Vigilância na sociedade contemporânea: estudos e perspectivas
As Tecnologias da Vigilância (TV) têm sofrido uma forte expansão, em parte, devido à necessidade que nós, seres humanos, temos em nos sentir seguros. É neste contexto que as TV ganham maior relevância social. Porém, sabemos que a segurança absoluta é um mito, dado que quer hoje, quer no passado a nossa existência sempre esteve repleta de riscos, perigos e ameaças aos quais não conseguimos escapar. Para além disso, é pertinente ter em conta que as necessidades sociais e individuais são construídas e geradas socialmente e são também fomentadas, entre outros aspectos, por questões de natureza económica (fruto da ideologia capitalista que domina o mundo ocidental). É verdade que as TV são normalmente entendidas como um benefício para a segurança das sociedades. Aparentemente, oferecem-nos um lado ético ou moralista, tendo em conta que visam proteger pessoas e bens. Os discursos políticos e institucionais estão quase sempre em sintonia com este pressuposto, mas será que as TV apenas se traduzem em benefícios sociais, particularmente nos diferentes tipos de protecção que acarretam para os cidadãos? A literatura refere que não e é em consonância com esse aspecto que podemos sustentar que as TV incorporam alguns “lados obscuros” para os quais ainda não estamos suficientemente despertos. É a partir desse desígnio que iremos construir a nossa comunicação.
Sendo as TV dispositivos relativamente recentes (isto se as interpretarmos em sentido estrito), é possível que ainda estejamos longe de compreender todos os seus efeitos e consequências, relativamente à sua utilização. As suas dimensões negativas já são algo exploradas, mas, obviamente, carecem de ser aprofundadas, nomeadamente ao nível da comunicação dos riscos e das percepções públicas dos riscos. A vigilância e o controlo social são algo secular na história da humanidade, mas as TV vêm reconfigurar esses “velhos” mecanismos de poder e de controlo, traduzindo-se em novas tipologias de risco sobre os quais não temos experiência, nem conhecimento histórico. Em resumo, pretendemos iniciar o debate com a discussão do conceito de risco (em geral), para de seguida nos concentrarmos nos novos tipos de riscos que as TV transportam para o mundo moderno, nomeadamente na relação entre vigilantes e vigiados, onde estará subjacente a eterna questão de quem vigia os vigilantes e, talvez ainda mais importante, quais os critérios e interesses inerentes a essa relação totalmente assimétrica.
- AREOSA, João
PAP0301 - Reconfigurações organizacionais, organizações em rede e o papel da confiança
A procura crescente de flexibilidade tem
favorecido as formas de cooperação entre
empresas e, consequentemente, a sua
organização em rede.
As configurações organizacionais em rede
indiciam novos modelos de relacionamento entre
empresas, os quais integram várias estruturas
organizacionais com diferentes lógicas de
funcionamento.
No contexto das redes empresariais, as
relações de cooperação e de subcontratação
assumem contornos mais ou menos vantajosos
para as empresas, em função do papel que estas
ocupam na rede, ou seja, da divisão do
trabalho entre empresas. As empresas
subcontratantes – que detêm o trabalho
qualificado e tecnológico – têm oportunidade
de desenvolver a especialização, aumentar a
flexibilidade, concentrar recursos nas
actividades cruciais e aceder ao mercado
externo, por exemplo. As empresas
subcontratadas – que detêm o trabalho
desqualificado e manual – ganham
possibilidades de aprendizagem em vários
domínios (e.g. gestão, tecnológico), mas
também sofrem algumas desvantagens:
participação nas redes como uma condição de
sobrevivência, imposições de exclusividade,
perda de contacto directo com o mercado, fraco
poder de negociação e dependência da empresa
subcontratante, entre outros.
Nesta comunicação propomo-nos analisar o
modelo de relacionamento numa rede de
empresas, com especial atenção para o grau de
dependência das empresas subcontratadas
relativamente à empresa subcontratante e para
o papel que a confiança desempenha na dinâmica
relacional entre os elementos da rede.
Para a caracterização do modelo de
relacionamento da rede consideraram-se os
seguintes indicadores: duração da relação,
formas de contratualização, grau de
dependência, valores dominantes e vantagens da
cooperação. No que concerne à confiança, a
análise do discurso dos empresários permitiu
identificar aquilo que consideram ser os
principais suportes da confiança: preço,
qualidade, cumprimento de prazos, proximidade
geográfica, cliente final e relações informais.
Analisam-se os aspectos formais (definidos nos
contratos comerciais) e informais (baseados na
confiança) do funcionamento da rede.
Os resultados apresentados derivam de um
estudo de caso sobre uma rede formada por seis
empresas localizada no sul de Portugal. A
recolha de dados fez-se essencialmente com
base em entrevistas (aos dirigentes das
empresas) e questionários (aos trabalhadores).
- SERRANO, Maria Manuel

- NETO, Paulo

Maria Manuel Serrano é Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações e Mestre em Sistemas Socio-Organizacionais da Atividade Económica, pelo ISEG/UTL e Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora.
É investigadora do SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações do ISEG/UTL .
É Professora Auxiliar no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e Diretora do 1.º Ciclo de Estudos em Sociologia desta Universidade, desde 2009.
É autora de diversas publicações científicas na área da Sociologia Económica e das Organizações.
Paulo Neto é Professor na Universidade de Évora, Departamento de Economia, tem Doutoramento e Agregação em Economia, e é autor de vários artigos e livros científicos publicados em Portugal e no estrangeiro. Foi Pró-Reitor para o Planeamento Estratégico e Director do Departamento de Economia desta Universidade, onde também coordenou vários cursos de licenciatura, pós-graduação e mestrado. É investigador colaborador do Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia da Universidade de Évora (CEFAGE-UE) e do Centro de Investigação sobre o Espaço e as Organizações da Universidade do Algarve (CIEO-UALG).
PAP0548 - Reconhecimento das Diferenças Étnico-Raciais, Ações Afirmativas e a política para a Educação Superior Pública no Governo Lula (2003-2010)
Neste artigo pretendo contribuir para a reflexão sobre as duas gestões do Governo Federal brasileiro sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores), a partir de análise da política de reconhecimento das diferenças. Detenho-me, no referido período, mais especificamente nas diferenças étnico-raciais, discutindo o quadro em que avançam as ações afirmativas nas universidades públicas, relacionando-as com as políticas do Governo Federal brasileiro para a Educação Superior Pública.
Explicito primeiramente o que entendo como política de reconhecimento das diferenças étnico-raciais no Brasil e descrevo a sua formação dominante – a democracia racial –, bem como a atual erosão desta formação. Tento evidenciar a centralidade do reconhecimento para nossa ordem social, em sua “direção intelectual e moral” como poderia dizer Gramsci, ou seja, seu papel na construção de hegemonia, nesta sociedade nacional a partir da década de 1930.
As transformações na política de reconhecimento emergem com maior visibilidade na cena pública brasileira nos anos 2000, com a demanda pelo movimento social negro e a implementação, por iniciativa de governos estaduais e/ou por decisão de instituições públicas de Ensino Superior, de ações afirmativas que prevêem formas de acesso diferenciado – o que no debate público no Brasil usualmente é definido como “cotas” –, para ingresso de estudantes negros/as nas universidades.
As ações afirmativas nas universidades públicas, indicativo da mudança no padrão de reconhecimento das diferenças étnico-raciais no Brasil, não são centralizadas por políticas do Governo Federal, porém ganham crescentes incentivos do mesmo. Assim sendo, apresentarei alguns dados gerais sobre estas iniciativas no país, para uma reflexão panorâmica sobre a mudança na política de reconhecimento que as ações afirmativas podem engendrar. Aqui se destacam os elementos de sinergia na relação entre as ações afirmativas desenvolvidas dentro da autonomia constitucional das universidades e o Governo Federal, no período entre 2003 e 2010.
- MORAIS, Danilo de Souza

Danilo de Souza Morais
Curriculum resumido
Bacharel e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Atualmente é doutorando em Sociologia no PPGS-UFSCar, consultor do Programa de Ações Afirmativas e membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB), ambos também na UFSCar. Tem atuado principalmente nos seguintes temas: democracia, cidadania, espaços públicos, relações étnico-raciais, juventude, políticas públicas e ações afirmativas. No mestrado estudou o Orçamento Participativo nas cidades de Araraquara e São Carlos, como espaços públicos de co-gestão entre Estado e sociedade civil no âmbito do poder local. Em seu doutorado, que conta com apoio de bolsa do CNPq, pesquisa o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Conselho Nacional de Educação (CNE), enfocando as possíveis transformações no sentido atribuído à cidadania a partir do reconhecimento das diferenças étnico-raciais nestes espaços públicos.
PAP1224 - Reconstruindo os nexos entre o eu e o nós: a participação juvenil como processo de individualização e socialização
Entendida como habilitação social e empoderamento, a participação conforma um processo de socialização que contempla uma combinação entre a participação em processos decisórios na esfera pública e o acúmulo de capital social. Constitui uma fonte de significados e de experiência que permite aos jovens estruturar e organizar papéis sociais e visões de mundo sob a égide de valores democráticos, contrastando com referenciais autoritários oferecidos por modelos tradicionais de família e escola vigentes no Brasil. Esta pesquisa analisou como a experiência da participação possibilita aos jovens perceber e construir pontos de interseção entre sua individualidade e o coletivo. Procedeu-se um estudo de caso qualitativo com grupos de jovens integrantes de uma ONG que trabalha na formação para cidadania e atuação comunitária de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. Foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevistas em profundidade, observação participante, diário de campo e pesquisa documental de textos, reportagens e vídeos no blog institucional. O processo participativo apresenta-se como um momento de imersão significativa em seu contexto social. Em uma dinâmica problematizadora, os jovens aprendem a exercer o protagonismo ao desempenhar o papel de antagonistas à estrutura social e ao status quo. Nesse movimento, eles confrontam seus sentimentos negativos pela comunidade de origem, relacionados ao estigma da pobreza e da violência. Ao transcenderem da realidade imediata, eles desconstroem a objetividade reificada das relações sociais estabelecidas. O desenvolvimento da crítica remete ao despertar da sensibilidade no encontro com a comunidade nas ações sociais ali empreendidas. Os jovens destacam a descoberta da referência do coletivo no seu ser que, através da cooperação, reciprocidade e do respeito, modificam o sentido de seu individualismo. A individuação é não apenas narcísica como a originada nos valores do consumo, mas amplia-se com nexos entre o eu e o nós que passam a constituir a matriz discursiva utilizada pelos jovens para organizar sua identidade. Os relatos convergem na solidariedade incorporada como valor que orienta a constituição de uma ética de responsabilidade mediante a multiplicação de conhecimentos em projetos educativos e ações coletivas em grupos juvenis articulados com a associação de moradores, escolas e centro de saúde de seus bairros. De tal modo, vínculos afetivos e sociais são gerados a partir da percepção de que conquistas pessoais subjazem a luta política cotidiana. Destarte, novas relações com o social são produzidas à medida que o jovem identifica a si próprio nos projetos comuns e interesses coletivos. Constituindo-se, assim, a experiência da participação em um duplo sentido: como processo de individualização e de socialização.
- GUIMARÃES, Jamile Silva

Jamile Silva Guimarães é bacharel em Sociologia e mestre em Saúde Comunitária pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde a graduação propôs-se a desenvolver uma linha de estudos de caráter holístico sobre a Infância e a Juventude. Dedicou sua monografia a discutir a construção da Infância como questão social no Brasil e na dissertação analisou o papel da participação juvenil na promoção da saúde. Atua em estudos interdisciplinares nos seguintes temas: promoção da saúde, participação social, direitos humanos, desenvolvimento humano, educação, sexualidade e uso de drogas.
PAP0523 - Reconstrução de identidades estigmatizadas: o caso dos jovens consumidores de drogas
Quem recusa uma visão determinista dos comportamentos indivíduos e dos factores que os ocasionam terá que colocar os seguintes problemas: como desencadear a construção de uma identidade positiva, valorizada, normativa e integrada em indivíduos que descrêem profundamente de si próprios? Como dotar os toxicodependentes de instrumentos que os façam significar a realidade, rompendo com as racionalizações que aprenderam a construir no grupo de pares? Como propiciar vivências que induzam a descolagem dos modos de vida estruturados enquanto as sociabilidades estiveram fechadas no grupo de pares?
A resposta a estas questões funda-se no estudo das condições de existência e modos de vida de indivíduos cujos consumos se iniciaram na infância e na adolescência e cujo acompanhamento se diversifica por tipos de instituições e programas de tratamento. A administração de um inquérito por questionário à totalidade dos utilizadores destas instituições na Área Metropolitana do Porto permitirá explorar a hipótese, com fundamento na observação de terreno proporcionada pela actividade profissional que desenvolvemos, de as práticas de consumo de drogas terem significados consideravelmente distintos, consoante se trata de jovens originários das classes médias e altas ou de jovens das classes populares e do sub proletariado.
Algumas análises que incidem sobre o funcionamento global das modernas sociedades mais desenvolvidas têm vindo a assinalar a instalação de uma crise civilizacional que atinge os próprios fundamentos da coesão social. Lipovetsky, Sennett, Castel, e outros produziram reflexões que desvendam a fragilização dos valores universais, o desaparecimento das causas colectivas e dos laços que preservavam os indivíduos dos acidentes da existência e lhes asseguravam o acesso a formas de organização colectiva compatíveis com a afirmação de interesses próprios e da dignidade social.
Há fundamentos para admitir que a crise dos laços sociais tem implicações mais complexas nos jovens originários de famílias privadas de recursos fundamentais, expondo-os a uma vulnerabilidade profunda em todas as dimensões cruciais da inclusão social. Interessa-nos contribuir para criar dispositivos de intervenção orientados para a ampliação dos recursos educacionais, económicos e relacionais dos jovens socialmente mais desmunidos.
- QUEIROZ, Maria Cidália
- PINTO, Maria Luisa
PAP1296 - Recursos e estratégias de populações pobres com acesso a programas de apoio social e itinerários face à reconfiguração dos sistemas de estratificação social. Uma perspectiva de comparação internacional
Com o objetivo de enfrentar a pobreza e a exclusão social, algumas das medidas que têm vindo a ser adoptadas, designadamente no Brasil e em Portugal, elegem a transferência direta de renda com base não contributiva, como os Programas de Bolsa Família ou os Benefícios de Prestação Continuada, no Brasil, ou o Rendimento Social de Inserção em Portugal.
Esta orientação, que pode assumir diversas modalidades e ser enquadrada por diferentes ordens de justificação filosófica ou política, tem sido integrada numa nova geração de políticas sociais que tendem, de um modo geral (1) a assumir conjunturas de pobreza (mais do que problemas sociais específicos); (2) a definir as condições que transformam num direito a satisfação de certas necessidades dos indivíduos ou das famílias; (3) a impor uma mobilização de recursos dos beneficiários e um investimento desses recursos num processo apoiado e vigiado e (4) a definir metas de promoção social, tanto no plano individual como no plano das comunidades.
Os efeitos destas medidas podem ser muito diversificados, tendo em conta a grande diversidade dos contextos socioeconômicos intervencionados e as oportunidades de promoção que eles oferecem. A um outro nível, esses efeitos podem ainda ser moldados pelas orientações políticas, orgânicas, profissionais ou técnicas que vão sendo construídas pelos agentes especializados através dos diferentes elos da cadeia de concretização dos programas. Procuramos perceber o modo como estes diferentes efeitos se associam a práticas e representações significativas dos modos como as populações se posicionam em relação aos recursos individuais e colectivos e às estratégias que elas desenvolvem para se afirmarem socialmente.
A nossa abordagem não visa proceder a uma avaliação dos programas de transferência de renda; procuramos, antes, perceber como esses programas e os contextos e as condições nos quais eles são aplicados participam no modo como as populações enfrentam conjunturas de pobreza e se alinham em relação aos itinerários típicos dessas conjunturas ou, talvez a médio prazo, sair delas.
A nossa abordagem tem assim uma
- RODRIGUES, Luciene
- BALSA, Casimiro
PAP1430 - Redes Sociais e consumo de música numa perspectiva da Economia Emocional
É de comum acordo que a Internet vem provocando profundas alterações na nossa sociedade e afetando a relação entre os consumidores e detentores dos modos de produção. Plataformas como o Youtube, Orkut, Facebook e Twitter dão espaço para a interação entre centenas de milhares de pessoas no mundo todo e começam a alterar a produção cultural e sua relação com os meios midiáticos. Anteriormente, a relação do consumidor com os meios de comunicação de massa era quase unilateral, e feita de “um” para “muitos”, como o que acontece com a televisão, rádio e revistas. As novas plataformas possibilitam a comunicação de muitos para muitos, e começam a alterar a relação entre meios de produção e consumidores, e, nesse contexto, encontra-se a relação entre músico e consumidor. A pesquisa tem como objetivo estudar as mudanças na relação entre consumidor e músico, após a disseminação das redes sociais como Youtube, Myspace, Facebook e Twitter. A possibilidade de um trabalho musical se destacar apenas com a utilização desses mecanismos começa a colocar em xeque a tradicional relação artista e gravadora. Em busca deste objetivo, será avaliada a produção de conteúdo nas plataformas supra citadas, realizada por duas bandas,uma americana e outra brasileira, a disponibilização nas redes sociais e a maneira que estes músicos se relacionam com o seu público no contexto de uma Economia emocional proposta por Henry Jenkins (2009).
- DUARTE, Emmanuel Vitor Cleto
PAP1561 - Redes de solidariedade, recursos e estratégias de auto-organização do trabalho para a geração de renda e reprodução social das famílias em situações de desigualdades
Diversos estudos mostram que face às mudanças na sociedade, o agravamento das condições de emprego e a falta de perspectivas de geração de renda a partir dos modelos tradicionais de crescimento da economia, têm surgido novas redes de solidariedade perceptíveis no campo da Economia Solidária e em outras ações no âmbito comunitário. Um dos maiores motivos da existência das redes de solidariedade dos setores populares na economia seria quando as pessoas vêem-se excluídas do emprego, dos processos de desenvolvimento, da distribuição de renda e do sistema econômico oficial e muitas delas então decidem por unir-se aos seus pares para formarem juntas estratégias de manutenção da vida. O que se observa é diversas atividades econômicas que desconectadas do grande capital monopolista passam a ser exercidas por pequenos trabalhadores autônomos, entre famílias e cooperativas de produção dentre outras atividades inseridas, sobretudo na informalidade. As estratégias de reprodução social retratam a vida se desenvolvendo dentro daquilo que é concreto na existência das pessoas, a sobrevivência, a busca diária de superação das adversidades advindas de um contexto de desigualdade e pobreza. Os pobres são partes constituintes do sistema econômico, nasceram dele e diante de um abandono, respondem com uma capacidade de resilir e inovar diante das dificuldades. Diante desse contexto, a presente proposta tem por objetivo realizar um registro das ocorrências de atividades econômicas que emergem no espaço comunitário como estratégias possíveis para o enfrentamento das questões sociais, sobretudo do desemprego. A proposta do estudo é fazer uma análise das experiências econômicas no norte de minas gerais, Brasil de modo a observar seus aspectos organizativos sociais e culturais que apontam para outras formas de gerir o desenvolvimento social e territorial. Palavras chave: Crise da sociedade salarial. Redes de Solidariedade. Economia Solidária. Estratégias sobrevivência. Famílias Pobres. Recurso normativos e altenativos.
- ARAÚJO, Yara Mendes Cordeiro
- RODRIGUES, Luciene
PAP0530 - Redes sociais de prevenção de delitos e os deveres dos agentes públicos de educação, saúde e segurança pública, na prevenção do abuso e exploração sexual de meninas, em cidades paulistas.
Os deveres dos agentes públicos, junto às crianças e adolescentes brasileiros estão inscritos na Constituição Federal, no Estatuto de Crianças e do Adolescente, códigos profissionais de conduta e em leis complementares. Crianças têm prioridades de proteção absoluta; adolescentes têm direitos à atenção especial. Todos os agentes públicos se encontram subordinados aos estatutos jurídicos que definem suas normas de conduta, de um ponto de vista técnico e ético. Professores do Ensino Fundamental junto a classes de alunos, desde os nove anos até os dezessete anos de idade (idades limites de nossa pesquisa de campo); médicos pediatras em unidades básicas de saúde e pronto-socorros municipais; assistentes sociais vinculados aos centros de referência integrados à dinâmica de bairros periféricos; guardas municipais e policiais militares responsáveis pela proteção de espaços públicos e de crianças e adolescentes que os frequentam. Dez cidades do Estado de São Paulo, dentre mais de seis centenas, em que se encontram esses profissionais são identificadas como base de tráfico de pessoas para fins de exploração: como rota do tráfico, ou com casos notificados. As instituições públicas locais carecem de dados sistematizados, de metodologias de intervenção cotidiana, de interlocutores públicos e privados especializados em prevenção de delitos. Os profissionais sentem-se desarmados, desassistidos. O abuso e a exploração sexual são praticados nessas cidades, mas poucos identificados como práticas delituosas pelos agentes públicos. A exploração sexual de menores ganha dimensão social e relevante de tráfico, que ocorre entre cidades contíguas ou dentro de uma mesma cidade. A metodologia na formação de redes sociais de prevenção de delitos pode tornar-se expressivo recurso para capacitação de agentes públicos e para enfrentamento desses delitos. Literatura nacional e internacional indica a urgência de especialização de agentes públicos, na perspectiva de enfrentamento de redes delituosas e de construção de redes sociais de resistência e prevenção a esses delitos. Comitês de enfrentamento ao tráfico de pessoas para fins de exploração foram constituídos no Estado de São Paulo, pela Secretaria de Estado da Justiça, com participação de docentes e estudantes universitários. Metodologias estão sendo formuladas, no âmbito da pesquisa científica, para a atuação em redes sociais.
- CACCIA-BAVA, Augusto

- MANZOLI, Patrícia
Graduação em Ciências Políticas e Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1974); Mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987) e Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Atualmente é editor da Revista Segurança Urbana e Juventude da Faculdade de Ciências e Letras, da Unesp, Campus de Araraquara..Representou essa Faculdade no Foro Latinoamericano para la Seguridad Urbana y la Democracia, México, de 2002 a 2008. É professor assistente doutor junto ao Departamento de Sociologia e professor permanente junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia, dessa universidade. É membro, ainda, da Sociedade Brasileira de Sociologia. Tem experiência em projetos de extensão e de pesquisa na área de Sociologia, com ênfase em segurança urbana, e democracia, pesquisando, principalmente, os seguintes temas: violência e segurança urbana, juventude e prevenção de delitos, movimento de jovens, cidadania de crianças e jovens, redes sociais de prevenção de abuso e exploração sexual de meninas, crianças e adolescentes. É lider do Grupo de Pesquisa: Segurança Urbana, Juventude e Prevenção de Delitos do CNPq.
PAP0976 - Redes sociais e Envelhecimento
As redes sociais são as relações de afinidade que estabelecemos com os outros. Tais redes contribuem decisivamente para o bem-estar dos idosos, na medida em que exercem um papel relevante na actividade social dos mesmos. Explorando os aspectos positivos das redes, afirma-se que as suas funções de sociabilidade e de apoio recíproco/unilateral não só ajudam a combater o isolamento social dos idosos, como também contribuem para a promoção de um envelhecimento activo e saudável por via da intensificação da vida social. Como corolário, levanta-se a hipótese de as redes sociais exercerem um impacto diferenciador nos processos de envelhecimento; estando tal sustentação alicerçada num inquérito de 2011 sobre os Processos de Envelhecimento em Portugal: Usos do Tempo, Redes Sociais e Condições de Vida.
Nesta comunicação propõe-se, assim, explorar os resultados dessa investigação com especial destaque para dois planos de análise, a saber:
(a) Um primeiro que explora o impacto das redes sociais nas actividades e nos usos do tempo durante o envelhecimento, atendendo particularmente aos processos de transição na passagem para a reforma, para a viuvez e, ainda, para as situações dependência por motivos de saúde. Questiona-se também possibilidade de o afrouxamento dos laços sociais e a falta de suportes relacionais (resultante de redes precárias) estarem associados à baixa intensidade da vida social, conduzindo a um isolamento com efeitos negativos no estado de saúde física e mental dos indivíduos.
(b) Um segundo plano que identifica as condições mais favoráveis ao desenvolvimento de redes sociais. De que dependem as redes sociais? Como se originam? Que condições as facilitam? Responder a estas questões implica reconhecer que as mudanças verificadas nas redes sociais ao longo da idade são configuradas por múltiplos factores, entre os quais: as condicionantes estruturais (género e classe social), devido ao seu efeito diferenciador na diversificação, extensão e intensidade das redes sociais; e os factores individuais (por exemplo, o estado de saúde). Admite-se ainda que participação associativa/cívica e a promoção de actividades e de espaços de sociabilidade destinados à terceira idade constituem outros factores potencialmente impulsionadores das redes sociais. E, dado que a função destas se encontra intimamente ligada às actividades que as suportam, importa evidenciar não só a natureza, a frequência e a envolvência institucional dessas actividades, como também as motivações individuais (busca de sociabilidade, apoio recíproco, influência, altruísmo) de quem as exercem.
Em suma, procura-se mostrar como as redes sociais contribuem para colocar a terceira idade no espaço público, constituindo assim um instrumento importante tanto para a afirmação de um envelhecimento activo e saudável, como para a sua participação na sociedade.
- FERREIRA, Pedro
- MARQUES, Tatiana
PAP0969 - Reflexividade, incerteza e risco: uma crítica imanente da teoria da sociedade de risco mundial de Ulrcih Beck
Define-se como primeiro objetivo a interpretação da teoria da sociedade de risco mundial elaborada por Ulrich Beck, de modo a deslindar os aspectos-chave que lhe permitem a caracterização de "teoria". A definição desse objetivo como problema justifica-se pelo uso do ensaio como estratégia analítica/discursiva por parte do autor. Para tanto, a mediação teórica é estabelecida de forma imanente, definindo-se os conceitos reguladores da teoria, "reflexividade" e "risco", como condutores da análise. As teses principais da teoria são assim delineadas, com seus dilemas específicos, inovações e possibilidades prático-teóricas. A partir disso, torna-se possível a crítica imanente, que por meio de proposições específicas, permite novas formulações conceituais, aqui circunscritas às seguintes questões: aspectos processuais do conceito de reflexividade; continuidade e descontinuidade na concepção de processo histórico-social; e a relação entre reflexividade, modernidade e incerteza, sob a perspectiva dos significados do devir social. Além dessas contribuições específicas, o paper se justifica por abordar uma teoria sobre a qual não há críticas estabelecidas, apesar de sua difusão nos circuitos acadêmicos de uma sociologia globalizada, de suas contribuições significativas para a compreensão sociológica de problemas contemporâneos e das controvérsias que suscita no âmbito da justificação do argumento.
- BOSCO, Estevão

"Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP),mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), atualmente cursa doutorado em Sociologia na mesma universidade, desenvolvendo pesquisa na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Social, Teoria Política contemporânea e sociologia ambiental, mais especificamente nos seguintes temas: reflexividade, risco, questão ambiental, individualização, globalização, modernidade, interdisciplinaridade e cosmopolitismo"
PAP1285 - Reflexão e experiência num Centro Novas Oportunidades no Barreiro: um “observatório sociológico” com impactos na população local
Um Centro Novas Oportunidades (CNO) é uma instituição fundamentalmente direccionada para a educação e formação de população adulta (>18 anos). A experiência que serve de base a esta reflexão é o trabalho desenvolvido durante 3 anos num CNO situado no Barreiro, em processos escolares de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), nos níveis Básico e Secundário. Neste período, este Centro acompanhou à volta de 800 pessoas (certificadas), pessoas que ocupam posições e recursos relativamente distintos na estrutura social. Este CNO é um serviço público e gratuito, e as equipas técnico-pedagógicas são qualificadas, multidisciplinares e assumem um sentido de missão no desenvolvimento do seu trabalho. Nesta reflexão partimos das experiências profissionais protagonizadas por duas sociólogas neste CNO: uma Técnica RVC (Básico) e uma Profissional RVC (Secundário). Em primeiro lugar, considera-se que os sociólogos assumem um lugar particular nas dinâmicas organizacionais dos CNO. O técnico ou o profissional é um sociólogo de “terreno” que mobiliza saberes de modo a equilibrar uma estrutura de serviço relativamente centralizada e burocrática com a flexibilidade organizacional necessária num processo de educação e formação que assume um elevado grau de personalização. Em segundo lugar, o sociólogo tem um contributo importante no modo de exploração da história de vida dos candidatos, mantendo o equilíbrio entre a sua autonomia e privacidade e um método de inquirição e de perscrutação permanentes. Em terceiro lugar, o sociólogo explora de forma reflexiva os percursos de vida dos candidatos, os contextos de socialização e de aprendizagem e, em última análise, as competências adquiridas (competências aqui entendidas como saberes exigidos e atitudes expectáveis e desejáveis). Há um papel fundamental em equilibrar o registo do “divã” (exposição, reflexão e introspecção) com um registo puramente factual, desligado dos sentidos e das representações sobre a experiência vivida. É necessário compreender os contextos e as dinâmicas que no percurso de vida dos candidatos, condicionaram ou permitiram o desenvolvimento de competências. Em quarto lugar, é importante reflectir os impactos deste CNO na população do Barreiro, os impactos simbólicos e latentes (por ex., fortalecimento de redes de sociabilidade), assim como os mais instrumentais e manifestos (por ex., a aquisição de saberes informáticos ou a entrada num novo posto de trabalho).
- PEREIRA, Irina Bettencourt

- RIBEIRO, Salomé

Licenciada em Sociologia, pelo ISCTE, trabalha em Educação e Formação de Adultos há cerca de 4 anos, no Centro de Formação Profissional do Seixal - IEFP. No passado, trabalhou no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (ISCTE/IUL) e no Escritório de Lisboa da Organização Internacional do Trabalho como investigadora. Frequenta actualmente o 1º ano do doutoramento em Sociologia Económica e das Organizações no Instituto Superior de Economia e Gestão (Lisboa). Os seus interesses de investigação prendem-se com as relações laborais/sociologia do trabalho
Salomé Ribeiro (PAP0252 e PAP1285)
Licenciada em Sociologia, pelo ISCTE, trabalhou em Educação e Formação de Adultos nos últimos 4 anos. No passado, trabalhou com Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento e de Ambiente, nomeadamente como investigadora, formadora e coordenadora de projectos. Frequenta actualmente o 1º ano do doutoramento em Ecologia Humana, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH-UNL), em Lisboa. Os seus interesses de investigação prendem-se com sociologia do consumo e sociologia do ambiente.
Votos de continuação de bom trabalho,
PAP0409 - Reflexóes sobre a Crise Econômica e seus Desdobramentos
Os momentos de crises econômicas são reverberações de uma combinação de fatores. A quebra do Leman Brothers e, mais recentemente, a insolvabilidade da Grécia, apesar de terem acendido a fagulha que gerou retrações e recessões econômicas, também trouxeram consigo movimentos de contestação social que fizeram da crise um episódio memorável. Portanto, dados os fatores econômicos, a política se combina também com as pressões exercidas pelas debilidades sociais que, em termos práticos, significam o questionamento de medidas que deterioram as condições de vida das populações.
Dessa forma, os levantes sociais vêm associados a crises na medida em que o processo de socialização das perdas do sistema afeta sua qualidade de vida. Os fatores econômicos são o estopim para movimentos de contestação de regimes e instituições e ao passo que tais movimentos fomentam crises, também se desenvolvem em seu âmago. Vide o caso do chamado outono francês de 2010, quando o anuncio do plano de austeridade levou uma grande parte da população a questionar o regime político, através de manifestações, greves e conformação de organismos próprios de debates e ação (como as Interprofissionais); ou, ainda, os levantes de meados de 2011, na Inglaterra, país que se mantém distante do eixo central da crise, mas que de nenhuma maneira está fora de alcance dos riscos oferecidos pelos ares de contestação.
O caso grego é o mais emblemático: a força social conquistada pelas greves gerais e pela radicalidade do movimento dos setores públicos que sofrem com os requisitos da permanência grega na zona do euro, levou à transformação do regime político em alguns aspectos, como a reorganização das direções políticas do Estado – modificação que partiu tanto da vontade interna como externa. Assim, pode-se pensar em uma das relações entre economia e política diante da atual crise econômica como uma combinação de fatores que levam à queda e ao questionamento da legitimidade dos regimes nacionais e internacionais.
Dessa forma, o objetivo desse trabalho é fazer um balanço dos recentes acontecimentos que, reverberando em crises e protestos, condicionam o movimento que bota em prova os regimes. O recorte deste trabalho abarca superficialmente o início do século XXI, dando ênfase nos reflexos dos movimentos gerados pela Grande Contração de 2008 em toda a Europa. Por fim, a pesquisa é feita por meio de um levantamento bibliográfico e documental com abordagem qualitativa.
- MAIA, Rodrigo Ismael Francisco

- CEZAR, Rodrigo Fagundes
Rodrigo Ismael Francisco Maia
Estudante de Ciencias Sociais-Ciências Políticas e Economicas pela Universidade Estadual Paulista - UNESP/Brasil. Bolsista (Fapesp) de pesquisa de Iniciação Cientifica sobre temas do Estado e Conflitos entre Estado e sociedade. Email: rodrigomaiacs@yahoo.com.br
PAP0690 - Reflexões estratégicas de desenvolvimento local no contexto da preservação da identidade de Penedos (Mértola).
1. Enquadramento teórico
A proposta em presença tem como objecto de
estudo as questões da identidade e da memória
de uma aldeia alentejana, enquanto território
de partilha de uma comunidade rural, tendo em
conta a participação estratégica dos actores
locais. Estudaremos a partir daí, a sua
relação com a terra, o quotidiano, a mudança,
a organização social, a ruralidade, os
factores portadores de futuro e novas
propostas de desenvolvimento local, para
territórios de baixa densidade.
Em função do exposto, pretendemos encontrar
formas contributivas para preservar a
identidade da aldeia e concomitantemente
encontrar conjuntamente com os actores locais
territorializados, alternativas de
desenvolvimento local, capazes de contrariar a
tendência de despovoamento e empobrecimento
territorial.
2. Metodologia
Com este trabalho de investigação, que se
insere no âmbito da Sociologia da Acção, será
utilizada metodologicamente o MACTOR e a sua
aplicabilidade na determinação da estratégia
de actores e respectivas relações de forças
com o território e o que a ele diz respeito e
ainda a observação participante/método de
pesquisa de terreno e consequentemente o
inquérito por entrevista.
3. Enquadramento empírico
Pretendendo-se aprofundar e conhecer os
problemas da interioridade e abandono
populacional, designadamente na aldeia de
Penedos que se situa na margem direita do rio
Guadiana, freguesia de S. Miguel do Pinheiro e
concelho de Mértola, no Baixo Alentejo,
integrando-se num dos territórios mais
despovoados e envelhecidos do País, com todas
as características que lhe são inerentes:
êxodo rural, despovoamento, baixa natalidade,
duplo envelhecimento, redução ou ausência de
ofertas de serviços, entre outras.
Neste trabalho procura-se uma participação
efectiva dos actores locais, cujo objectivo é
a elaboração de reflexões e propostas
alternativas de desenvolvimento local que
permitam às pessoas continuar no território,
através da sua identidade e memória. Prevendo-
se a realização de um filme e criar um museu,
para além da valorização de tradições, de
artes, de produtos locais e de outros
elementos do saber-fazer a serem trabalhados
junto dos actores locais que protagonizarão o
processo de investigação-acção, com vista a
atrair pessoas, criar riqueza e bem-estar e
assim assegurar a sustentabilidade da aldeia
de Penedos.
- PEREIRA, Orlando Manuel Fonseca

- MARQUES, António Pedro Sousa

Orlando Manuel Fonseca Pereira, tema da comunicação. REFLEXÕES
ESTRATÉGICAS DE DESENVOLVIMENTO LOCAL NO CONTEXTO DA PRESERVAÇÃO DA
IDENTIDADE DE Penedos(MÉRTOLA)"
É secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo
.Colaborador/ docente no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes de
Portimão/Grupo Lusófona.
Licenciado e Mestre em Sociologia (variante Recursos Humanos e
Desenvolvimento Sustentável), Pós-Graduado em Administração Pública e
Desenvolvimento Regional na Perspetiva das Comunidades
Europeias,Doutorando em Sociologia 2010/2013, pela Universidade Évora.
Temas de interesse - Planeamento,Desenvolvimento local, mundo rural
-sALVAR AS ALDEIAS E O INTERIOR. Autor de algumas obras e artigos
individual e coletivamente.
Alguns exemplos, designadamente: O Papel da Formação Autárquica no
Desenvolvimento Local: o caso particular do Pólo do CEFA em Beja,
Coimbra: 2001, (tese de mestrado), Reivindicações por um Alqueva
Humano - 1º Congresso de Demografia, participações conjuntas - "Além
da Água" e "Alqueva o centro do Mundo?", Contributos para um Modelo
de Desenvolvimento alternativo para territórios de baixa densidade,
entre outros. Obra de Poesia: Pedaços de Poesia Escorrendo
Amor.Exposição: Pedaços de Poesia Debaixo dos Pés.Participou em
estudos e grupos de trabalho - formação,planos integrados e programas
teritoriais de desenvolvimento, cartas educativas, redes culturais,
cooperação trasnacional e transfronteiriça, Quadros comunitários de
Apoio, QREN, Beja digital...
Nome:António Pedro Sousa Marques
Habilitações:Licenciatura em Sociologia (ISCTE-IUL); Mestrado em Sociologia do Território (ISCTE-IUL) ;Doutoramento em Sociologia (Universidade de Évora)
Profissão / Ocupação:Professor Universitário
Instituição /Empresa:Universidade de Évora, Escola de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia
Cargo desempenhado:Professor Auxiliar Convidado
Outras informações relevantes:
Investigador Associado do CesNova/Universidade Nova de Lisboa
Interesses de investigação nas áreas do desenvolvimento local, estratégias de atores, territórios metropolitanos, territórios de baixa densidade e territórios transfronteiriços
Artigos publicados:
“Da construção do Espaço à Construção do Território”, Fluxos & Riscos, nº 1, Lisboa, Universi-dade Lusófona, 2011, pp.75-88
“Urbanismo e Planeamento Urbano”, Inuaf-Studia, Suplemento nº 16 – Gestão e Me-diação Imobiliária, Loulé, Instituto Universitário D. Afonso III, 2009, edição em CD-Rom
“Mudança Social, Modernidade e Globalização”, Inuaf-Studia, nº 5, Loulé, Instituto Universitário D. Afonso III, 2003, pp. 265-284
PAP0340 - Reflexões sobre Políticas Públicas de Educação de Adultos em Portugal
Este trabalho representa um esforço de
compreensão e análise acerca das políticas
públicas de educação para adultos em Portugal,
tendo como mote principal a inauguração do
Programa Novas Oportunidades, o qual se deu em
meados de 2005 e dentro dele sua ação mais
polêmica: o processo RVCC – Reconhecimento,
Validação e Certificação de Competências.
Para tanto, pretende-se antes demonstrar
algumas conceituações de políticas públicas,
informar sobre o papel do Estado no processo
de formulação, implementação e avaliação das
políticas públicas, identificar atores
significativos e como eles participam na
materialização dessas políticas, além de
procurar perceber os interesses, as intenções
e os propósitos no entorno das fases
processuais que definem uma política pública.
Parte importante dessa análise prende-se à
interpretação do ambiente macroeconômico,
geopolítico e histórico que oferece o “pano de
fundo” no qual se dão as contradições, os
embates, os interesses e as resistências que
se refletem no ambiente local, sempre que
estão em jogo definições políticas de efeito
prolongado e impacto significativo, como é o
caso. Especialmente nesse momento histórico em
que Portugal vivencia uma grave crise
econômica, social, de valores, e até mesmo de
governabilidade, cabe a discussão sobre a
política pública de educação voltada para
adultos e as prováveis alterações que esta
sofrerá.
Os estudos sobre políticas públicas em geral
são multidisciplinares por envolverem diversas
áreas de conhecimento: geografia, estatística,
antropologia, sociologia, economia, dentre
muitas outras que partilham o interesse pelo
debate de ideias e pelos programas de ação que
delas decorrem.
As políticas públicas atuam a longo prazo e se
desdobram em leis, planos de ação, programas,
metas, projetos e diretrizes, que são objeto
de análise e avaliação por parte das áreas de
conhecimento acadêmico citadas. Por ser um
campo de conhecimento que coloca o governo em
ação, as citadas áreas analisam essas ações,
ao mesmo tempo em que propõem alterações no
seu rumo, se for o caso. Neste estudo, o olhar
estará mais focado num dos desdobramentos da
política pública de educação em Portugal, o
Programa Novas Oportunidades e o processo
RVCC.
Foram escolhidos alguns estudiosos que dessem
sustentação a esse debate e com os quais se
pudesse estabelecer diálogos teóricos
profícuos, tais como Stephen Ball, Antonio
Teodoro, Octavio Ianni, Jefferson Mainardi,
Boaventura de Sousa Santos, entre outros
significativos autores que aqui são tomados
como referência.
PAP1470 - Reinserção socioprofissional e atratividade qualificacional e laboral junto dos empregadores – o caso dos ex-militares voluntários e contratados das Forças Armadas portuguesas.
O tratamento científico do problema da reinserção socioprofissional do ex-militar, de elaboração escassa e anglosaxónica quase em exclusivo, animou-se em quatro fases essenciais ligadas a recrudescimentos pontuais da importância social e política da questão: na desmobilização pós-II Guerra Mundial, na desmobilização pós-Guerra do Vietname, na primeira fase relevante de desvinculações do AVF norte-americano (em meados dos anos 80) e, mais recentemente, na desmobilização progressiva da Guerra do Afeganistão. Foram estudos que resultaram em políticas específicas de apoio à reinserção, na reorientação dos critérios de recrutamento e/ou de contratação militares, bem como no enfoque cada vez maior no potencial qualificante, educativo/ formativo, do serviço militar voluntário. Rapidamente se entendeu que a sensibilidade do problema ao envolvimento ou não das Forças Armadas no esforço de guerra nacional era grande. No caso desse envolvimento mostraram os estudos um potencial de benefício por parte dos veteranos de um premium remuneratório e laboral, desde que a comunidade entendesse o esforço belicoso em causa como legítimo e desde que o consenso social em seu torno se mantivesse persistente até à desmobilização. Já no caso de ausência de envolvimento dos militares em conflito armado isto é, no caso de militares mobilizados e desmobilizados em tempo de paz, mostrou-se ser a imagem e o envolvimento pessoal dos empregadores face às Forças Armadas bem como a experiência passada de contratação, o que mais influi na valorização realizada pelo mercado de trabalho e na potencial geração de premiums.
O presente artigo constitui-se numa separata de um estudo mais extenso, desenvolvido pelo CES-ISCSP em protocolo com a DGPRM-MDN e destinado a estudar a reinserção socioprofissional dos ex-militares em Regime de Voluntariado e Regime de Contrato das Forças Armadas portuguesas. O artigo visa, nesse âmbito concretizar a avaliação pessoal, qualificacional e sociolaboral dos ex-militares pelos empregadores e/ou responsáveis de recrutamento portugueses, bem como avaliar a sua experiência passada de contratação. O estudo é de cariz quantitativo e baseou-se na inquirição por questionário a uma amostra representativa de empregadores e não empregadores de ex-militares voluntários, estratificada por região e por grande setor da CAE. Os resultados mostram que a visão e a experiência dos empregadores é positiva ou muito positiva e que existem perfis de especialização e perfis de militar específicos que geram preferência de contratação militar. Mostram ainda que o mesmo sucede com a qualificação, identificando-se cursos e especializações militares considerados superiores aos “civis”. Os dados foram contudo insuficientes para comprovar de forma estatisticamente significativa a existência de premiums remuneratórios e laborais dos ex-militares nessas especializações, perfis e qualificações.
- FONSECA, Maria de Lurdes
PAP1290 - Relação Família e escola na municipalidade de Mariana: as vozes da reprodução social.
Neste artigo temos como intento discutir as
relações entre duas importantes instituições:
a família e a escola. Tendo como mote a
associação cada vez maior do discurso
científico no educar das novas gerações
observando as variações de seus impactos nas
camadas populares com o passar dos anos.
Realizaremos, destarte, uma análise com o
propósito de refletirmos acerca do
funcionamento dos mecanismos seletivos das
instituições de ensino e seus reflexos nas
desigualdades sociais. Com o objetivo de
compreendermos a construção do discurso da
escola dirigido às gerações das famílias de
camadas populares na cidade de Mariana - MG,
estamos realizando entrevistas com pais e
filhos adultos (com idades entre os dezoito e
vinte e cinco anos) baseadas na técnica da
História Oral Temática, além de pesquisa
documental. Os depoentes supramencionados são
referenciados a um Centro de Referência de
Assistência Social do município (órgão público
vinculado à Secretaria de Desenvolvimento
Social e Cidadania da Prefeitura),
encontrando-se, portanto, em um quadro de
“vulnerabilidade social”. A partir de um
assunto definido previamente, a história oral
temática se compromete com o esclarecimento ou
opinião do entrevistado sobre algum evento
definido, no caso, o processo de
escolarização. As análises dos dados estão
sendo feitas a partir do olhar principal de
dois teóricos: Pierre Bourdieu e Jean-Claude
Passeron e nos apontam, juntamente com os
dados coletados até o momento, para a
desvalorização dos discursos e práticas
familiares em prol de um conhecimento
cientifico e educador da escola. Assim, a
escolha do destino esbarra nas experiências de
fracasso observadas entre as gerações e o
meio. Além disso, a falta de conhecimento e
familiaridade com o cursus escolar por parte
desta camada social acaba por favorecer
menores investimentos e ampliar as barreiras
em relação a um possível êxito. Percebemos,
assim, uma escola que acaba por ser arrolada
às apreciações das camadas dominantes, sem
muitas preocupações com a cultura popular
local (majoritariamente afro descendente) e
suas expressões e manifestações.
- PRADO, Giovani Barbosa
- COUTRIM, Rosa Maria da Exaltação

Rosa Coutrim é professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e membro do Núcleo de Estudos Sociedade, Família e Escola (NESFE) e do Centro de Investigação Identidade(s) e Diversidade(s) (CIID). Atualmente está fazendo seu pós doutoramento no Instituto Politécnico de Leiria e suas áreas de interesse são relação família-escola e relações intergeracionais.
PAP1157 - Relação com os Fármacos: casos de toxicodependentes e alcoólicos em tratamento
Com base na experiência de trabalho numa comunidade terapêutica e na centralidade que a medicação parece assumir para os toxicodependentes e alcoólicos aí internados, propusemo-nos indagar da relação destes com os fármacos. Apoiamo-nos nos estudos existentes sobre automedicação e nas indagações acerca dos usos problemáticos e dos usos não problemáticos de substâncias psicoactivas. A nossa abordagem conjuga a medicalização das sociedades e a farmacologização da vida quotidiana com a especificidade de uma população cuja “doença” consiste no abuso de álcool e/ou de outras drogas. Coloca-se a hipótese de que a familiaridade desta população com essas substâncias e os seus efeitos, e a banalidade da procura de estados alterados de consciência por via de consumos, tornam a experiência própria e dos pares uma das fontes de conhecimento, favorecendo a interpenetração dos seus saberes experienciais com os saberes dos sistemas periciais. Outra dimensão equacionada no desenho da relação desta população com os medicamentos é o seu estatuto de indivíduos inseridos nos dispositivos de tratamento específico do sistema nacional de saúde, que se constituiria como facilitadora da permeabilização dos seus saberes aos saberes periciais consolidando assim a especialização dos seus saberes leigos.
É abordado não só o comportamento presente – em que o internamento restringe a autonomia dos indivíduos e estes se engajam num processo declarado de mudança de comportamentos face a substâncias e a outras dimensões globalizantes da própria vida – como os comportamentos passados – de quotidiano não institucionalizado, com a “doença” activa e com o eventual recurso a formas de aquisição desviante das substâncias, quer nos casos em que os consumos são ocultados com sucesso através da arte de administrar impressões, quer nos casos em que são assumidos rótulos como o de “agarrado” .
Avaliar-se-à, entre outros, se o comportamento face aos medicamentos difere com a legalidade ou ilegalidade da droga de eleição (álcool/outras drogas) e se a relação com medicamentos de efeito psicotrópico se distingue da relação com os restantes tipos de medicamentos.
- NUNES, Madalena

Madalena Ferreira Nunes
Licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em 1996.
Mestrado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL), em 2008.
Formadora certificada pelo Conselho Científico-Pedagógico.
Directora de Sociodrama pela Sociedade Portuguesa de Psicodrama (SPP).
Trabalha junto de toxicodependentes e alcoólicos na Comunidade Terapêutica de Ponte da Pedra (ARS-Norte)
PAP0175 - Relações familiares: da solidariedade aos maus-tratos
Na sociedade brasileira, a solidariedade familiar é importante e diversificada, e os apoios se efetuam em função da situação social dos doadores e recebedores. As pesquisas têm mostrado que a grande maioria das pessoas de mais de 60 anos ajuda seus filhos adultos, tanto financeiramente como através de prestação de pequenos serviços. Desemprego, divórcio, viuvez e filhos que nunca saíram da casa dos pais são as razões que explicam porque, no Brasil, as gerações mais velhas coabitam cada vez mais com as gerações mais jovens – fenômeno que é ainda mais frequente nas famílias das camadas populares. Há, assim, uma inversão dos papéis sociais nas famílias brasileiras na medida em que os filhos adultos dependem cada vez mais dos seus velhos pais, pois diante do aumento das taxas de desemprego e do trabalho informal, a casa dos pais se transformou em lugar de suporte socioeconômico e afetivo, tanto para os filhos quanto para os netos. Os apoios também se fazem no sentido inverso: quando os pais aposentados têm nível de vida modesto, e não são proprietários do imóvel que vivem, são os filhos que os ajudam financeiramente ou os abrigam em suas casas.
A coabitação intergeracional mais frequente se dá no universo feminino, já que as mulheres recorrem mais ao suporte moral dos filhos quando enviúvam. Essa coabitação é regida por tensões, conflitos, rupturas e maus-tratos, e as estatísticas oficiais apontam o abandono, as violências físicas, os maus-tratos psicológicos e os abusos materiais como denúncias mais recorrentes, sendo a mulher idosa a grande vítima de maus-tratos. São também as mulheres (as filhas) as maiores agressoras, o pode estar relacionado ao fato de que ainda é a mulher a principal responsável pelo cuidado dos membros da família mais fragilizados. Somada à sobrecarga dos afazeres domésticos e, muitas vezes, ao trabalho exercido fora de casa, é possível que o acúmulo de responsabilidades leve a tensões que culminam em atos de maus-tratos, a semelhança do observado em relatos de violência contra crianças.
Ou seja, as relações familiares não são regidas somente pelos apoios afetivos e materiais. Os conflitos entre as gerações, consequência das relações de autoridade e de poder entre pais, filhos e netos, são inerentes à realidade familiar, uma vez que ela é atravessada por sentimentos contraditórios como amor e ódio, generosidade e avareza, solicitude e descaso.
PAP1288 - Relevância da mediação escolar na actualidade em Portugal: Uma reflexão
No meio escolar os actores sociais são confrontados, não raras vezes, com a necessidade de terem de lidar com desejos, interesses, preferências e valores distintos dos seus e podem ver-se implicados em problemas e conflitos que exigem respostas eficazes na forma como são enfrentados.
O papel dos conflitos interpessoais na escola (organização assente numa profunda rede de relações de interdependência afectiva, social e profissional) constitui um repto para responder à necessidade de conhecer a realidade suscitada pelos mesmos, tanto por parte dos investigadores como dos docentes e outros profissionais que se movem no universo escolar, nomeadamente com o sentido de se preconizar as bases para o desenvolvimento de recursos psicossociais de uma cultura de paz em tão relevante organização social.
O desenvolvimento de competências de gestão construtiva de conflitos na escola é, pois de indiscutível actualidade, sendo que a mediação constitui uma metodologia de resolução de conflitos cada vez mais aplicável aos mais diversos tipos de conflitualidade escolar.
Assim, a presente comunicação, para além de pretender descrever o processo de mediação escolar e as suas principais fases, procura analisar e debater os papéis, competências e características de um mediador escolar, isto é, de um facilitador do relacionamento interpessoal quando este se vê ameaçado pelo espectro do conflito entre diferentes actores sociais. Reflectir-se-á igualmente sobre o desenvolvimento das condições organizacionais necessárias para a implementação de um programa de mediação na escola. Para finalizar, ressaltam-se as principais vantagens e limitações dos programa de mediação escolar na realidade actual do nosso país.
- CUNHA, Pedro

Pedro Cunha
Pós-Doutorado em Psicologia na USC, sob orientação dos Profs. Doutores Gonzalo Serrano (Espanha) e Jorge Correia Jesuíno (Portugal). Doutor em Psicologia pela USC (bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia), Licenciado em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela FEP da Universidade Católica e Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, possui Certificado de Mediador de Conflitos e Mediador Familiar.
Director da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (2001-2004), na qual é Professor Associado com Agregação. Docente convidado da FEP – Faculdade de Economia e na EGP/Business School da Universidade do Porto. Os seus interesses de investigação direccionam-se prioritariamente para as áreas de gestão de conflitos, negociação e mediação.
PAP0219 - Religiosidad y cohesión social: un estudio sobre las relaciones entre pertenencia religiosa y el proceso de integración psicosocial de inmigrantes.
En un contexto de recomposición religiosa y étnica de determinadas sociedades en que las relaciones se caracterizan por aspectos individuales y colectivos, los análisis sobre el pluralismo religioso se colocan como una posibilidad de profundizar en la comprensión de los procesos de integración y cohesión social. Redefinidas por la desestabilización de la tradición, privatización de las creencias y lazos de afectividad y vinculadas a la dinámica de lo social, las prácticas religiosas de hoy caen en un contexto de secularización e individualización, marcadas por la libre elección y el rechazo de la religión. En el escenario de la Europa contemporánea, donde en los últimos años se ha visto un intenso proceso migratorio desde África y América Latina, observamos la fusión de dichas tendencias que resultan en un caldo de cultivo social donde lo religioso encuentra lo secular. El resultado incide directamente en el tejido de las relaciones entre autóctonos y extranjeros ya que la cohesión social de distintos grupos envuelve, entre otros factores, valores y creencias individuales y colectivas. A tenor de tales reflexiones, presentaremos un breve análisis empírico cuantitativo asociado a reflexiones teóricas sobre los datos recogidos por la encuesta realizada a inmigrantes comunitarios y extracomunitarios en 2006/2007 por IKUSPEGI (Observatorio Vasco de Inmigración), el equipo del departamento de psicología social y los departamentos de sociología de la UPV/EHU. De lo muestra principal (n=3047), hemos seleccionado la submuestra (n=533) a los que se les hizo una entrevista más amplia de cara a obtener indicadores específicos de salud, afectividad, religiosidad y bienestar psicosocial. Entre los datos recogidos, hemos seleccionado para el presente análisis la pertenencia religiosa en su relación con las variables psicosociales abordadas por el estudio (valores, autoestima colectiva, bienestar subjetivo, salud, afectividad y otros factores psicosociales); dichas variables están fuertemente asociadas a la religiosidad que, al invocar en las personas creyentes el sentido de pertenencia a determinado grupo, atribuye valores intrínsecos a estos individuos y a la colectividad. A tal efecto la religiosidad desarrolla una potente capacidad socializadora de valores y emociones claves en procesos de integración y adaptación psicosociales a una nueva cultura, relacionadas principalmente con el bienestar emocional, la confianza interpersonal (lealtad), la sensación de libertad y control, la satisfacción y la calidad gran parte de estos aspectos son vitales para los procesos sociales de la agencia, la cooperación y la organización, respectivamente y, por lo tanto, son capaces de incidir en el proceso de aculturación, en los proyectos de vida de los migrantes y en la estructura social de la sociedad de destino.
- BRITO, Rafael C. Cazarin de

Rafael CazarIn inició sus estudios de licenciatura en Ciencias Sociales en la Universidade de Brasília (2005) y los finalizó en la Universidade de Coimbra (2009), donde fue asistente para la iniciación científica en el Centro de Estudos Sociais (CES) de dicha universidad. Ha seguido estudios de tercer ciclo en la Universidad del País Vasco donde ha cursado el «Máster en Migraciones, Conocimiento y Gestión de Procesos Migratorios», en el marco del cual llevó a cabo una estancia de investigación en la University of Witswaterand de Sudáfrica, y asimismo ha cursado un máster en «Modelos y Áreas de Investigación en Ciencias Sociales», siendo actualmente doctorando en el Departamento de Sociología 2 y becario predoctoral del Gobierno vasco. Está adscrito al grupo XENIA de investigación en migraciones y sus principales líneas de investigación son la antropología y sociología de las religiones, la sociología de las emociones y la etnometodología.
PAP0939 - Religiosidade e bem-estar em idosos portugueses
O aumento sustentado da esperança média de vida e a diminuição da natalidade nos países europeus conduziu-nos a um processo acentuado de envelhecimento da população com consequências socioeconómicas preocupantes neste contexto de crise. Têm sido desenvolvidos diversos estudos sobre a população idosa, sendo feitas várias abordagens sobre as suas condições, formas de vida e alterações nos seus hábitos e costumes. Muitas investigações deram ênfase à importância da religião para conseguir enfrentar os desafios da idade, como o isolamento social, o enfraquecimento cognitivo, a dor, a incapacidade física e a tomada de decisões acerca dos cuidados no fim da vida. De acordo com vários autores, os recursos encontrados na religião atuam diminuindo a depressão, a ansiedade, o abuso do álcool, a solidão e mesmo o suicídio, situações comuns na população idosa. Neste contexto de crise, atualmente instalada, parece pertinente analisarmos a religiosidade e a vivência dos rituais enquanto promotores de sentimentos próssociais, de união e bem-estar. Este trabalho de campo foi desenvolvido no âmbito de uma investigação de pós-doutoramento e analisa a relação entre a religiosidade (organizacional e não organizacional e atitudes face ao cristianismo) e o bem-estar (satisfação com a vida e afetividade positiva e negativa e solidão) num grupo de 187 idosos portugueses a residir na região de Lisboa e Santarém. A religiosidade refere-se ao grau de ligação e aceitação que cada indivíduo tem face à instituição religiosa e à forma como põe em prática as suas crenças e rituais. Verificou-se que as mulheres têm atitudes mais favoráveis ao cristianismo, rezam e sentem mais a presença do divino e maior bem-estar existencial mas mais solidão do que os homens. Os idosos com atitudes mais favoráveis ao cristianismo, que rezam ou meditam mais, sentem maior bem-estar espiritual (religioso e existencial) e mais satisfação com a vida, apreciando-a e acreditando que a relação com Deus contribui para a sensação de bem-estar. Também revelam mais afetos positivos (dizem ser mais entusiasmados, interessados e fortes, ativos, atentos, inspirados e emocionados). Os idosos que frequentam mais a igreja ou outro local religioso sentem menos solidão.
- FERREIRA, Ana Veríssimo

- NETO, Félix

Ana Maria Veríssimo Ferreira
Professora convidada na Escola Superior de Educação de Lisboa, Vice-Presidente da Direção do Agrupamento de Escolas General Humberto Delgado, bolseira de pós-doutoramento em Psicologia (Religiosidade e Bem-estar) da Fundação para a Ciência e Tecnologia, na Fac. de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Tem 30 anos de serviço como professora do ensino básico, secundário e superior. Trabalhou na ANQ – Agência Nacional para a Qualificação, Ministério da Educação. Doutorou-se em Ciências da Educação pela Universidade Aberta (2006) na especialidade de Educação Intercultural e Mestrado em Relações Interculturais (Universidade Aberta, 1997) Investigadora nos Projectos da FCT: “Juventude Imigrante: Aculturação e o paradoxo de adaptação em Portugal” e “Perdão e Amnistias: Perspectivas Europeias, Africanas e Asiáticas”. Colaboração em livros e publicação de artigos em revistas da especialidade em Portugal e no estrangeiro.
E-mail: ana@jaf.pt
Félix Fernando Monteiro Neto
Félix Fernando Monteiro Neto é desde 1977 docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde exerce desde 1993 as funções de Professor Catedrático do Grupo de Psicologia. Licenciou-se em Psicologia pela Universidade de Paris VII (1975), obteve o D.E.A (Diplôme d’Études Approfondies) em Antropologia Normal e Patológica pela Universidade de Paris V e École des Hautes Études en Sciences Sociales (1976). Doutorou-se em Antropologia Normal e Patológica pela Universidade de Paris V e École des Hautes Études en Sciences Sociales (1980) e em Psicologia Social pela Universidade do Porto (1985). Obteve a Agregação em Psicologia pela Universidade de Coimbra (1990).
É autor de dezasseis obras e de mais de duas centenas de artigos sobre Psicologia Social e Psicologia Intercultural. Estes artigos encontram-se publicados em diversas revistas nacionais e estrangeiras da especialidade.
E-mail: fneto@fpce.up.pt
PAP0203 - Religiosidades e juventude universitária: algumas reflexões
Este trabalho pretende discutir as recentes alterações no âmbito religiosos entre a juventude universitária brasileira. Torna-se necessário estudar o papel que as múltiplas religiosidades, manifestadas dentro das universidades, desempenha na vida acadêmica de estudantes e as influências na sociedade. Do desencantamento do mundo proposto por Weber, e de previsões agonizantes das religiões, tem-se na sociedade, hodiernamente, um reencantamento do mundo, inclusive pela juventude, para espanto de muitos. Em períodos de pós-modernidade, um novo e revigorante fôlego vem sendo dado às diferentes maneiras de se relacionar com o religioso. O que outrora deixou de ser atribuído ao divino devido a processos de racionalização do pensamento e do conhecimento passa, novamente, a ter sua importância transcendente. Com isso, é possível constatar uma proliferação de um grande número de modalidades religiosas no Brasil, e como já relatado, no meio universitário. De caráter mediúnico como o espiritismo, as religiões afro-brasileiras, as pentecostais e católicas carismáticas, ou mesmo outras cristãs mais tradicionais (protestantes históricos), orientais, esotéricas, dentre outras, cada uma oferece diferentes alternativas sacras. Há uma gama variada de crenças e ritos relacionados às forças sobrenaturais (podendo haver a manipulação destas) e às intervenções dessas divindades no almejado bem-estar. Mesmo entre jovens, em décadas passadas tidos como militantes políticos, desinteressados pela religião, ela está bem viva e atuante, tanto na esfera privada quanto na pública, revigorada em suas diversas e múltiplas epifanizações. Até mesmo, e cada vez mais, no ambiente que se cobrava cético, racional e científico: as universidades. Essa “cientificidade” presente nas universidades, extremamente valorizada, requerida e cobrada atualmente, pode ser considerada reflexo de objetivos apresentados no último século, época tida como a da razão. Período que buscava e anunciava uma hegemonia da ciência e maneiras de explicar o mundo inteiramente desencantadas, já desprovidas da necessidade de apelo à magia, ao sobrenatural, às explicações que escapam do controle racional. Entretanto, as universidades brasileiras estão repletas de grupos religiosos que se reúnem para orar, cantar, missionar, entre outros, ocupando diversos espaços. Estes grupos trazem consigo, além de suas crenças, valores e culturas, inquietações. A universidade, enquanto espaço de desdobramentos de processos de escolarização e de formação profissional, sofre interferências inúmeras, de diversas ordens sociais, culturais e políticas. E dentre essas, são afetados também pela religião, pelas crenças do indivíduo, uma vez que, como visto, a religiosidade pode estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações no ser humano; ajustar as ações, os comportamentos e conduzir condutas.
- PINHEIRO, Marcos Filipe Guimarães

Marcos Filipe Guimarães Pinheiro é licenciado em Educação Física e Mestre em Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente é professor nos cursos de Pedagogia, Música e Educação Física do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e professor substituto nos cursos de Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ambos na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Suas principais áreas de interesse são o Lazer, Religiosidades e Velhice.
PAP0181 - Religião e Angolanos em Portugal - Quatro Estudos de Caso
A configuração das nossas cidades evidencia uma pluralidade religiosa. Por sua vez, este fenómeno está relacionado com os fluxos migratórios. Constituindo por vês uma minoria dentro das minorias. São exemplos deste facto as múltiplas igrejas de origem brasileira, africana, romena, entre outras.
O presente trabalho debruçou-se sobre os protestantes / evangélicos angolanos. Por essa razão, foram efectuados 4 estudos de caso, a Igreja Metodista, a Igreja Presbiteriana, a 3ª Igreja Baptista de Lisboa e a Associação de Irmãos Menonitas. Isto é foram objecto de estudo duas igrejas protestantes pertencentes ao Concelho Português de Igrejas cristãs – COPIC e duas Igrejas Evangélicas pertencentes á Aliança Evangélica Portuguesa - AEP.
Com o presente trabalho pretendeu-se identificar características convergentes e divergentes entre estes grupos religiosos, por um lado, e identificar os contributos destes grupos religiosos na adaptação e integração dos imigrantes, bem como os seus contributos para o inverso. Ou seja; o objectivo do presente trabalho foi perceber os contributos ou constrangimentos da religião dos imigrantes angolanos em Portugal.
Verificou-se que nas quatro Igrejas é dado um grande ênfase ao louvor, pelo que existem grupos corais a obedecer a rituais muito presentes em Angola.
Na 3ª Igreja evangélica Baptista os angolanos criaram uma associação intitulada “Comunidade Angolana” que desenvolve um vasto leque de actividades tais como: dois grupos corais, festas, passeios, entre outros. Nesta igreja os cidadãos angolanos convivem com os cidadãos portugueses, brasileiros, chineses, entres outros. Ou seja; a igreja não é constituída única e exclusivamente por angolanos. Contratando assim, com a Igreja Metodista de Lisboa e a Associação de Irmãos Menonitas de Amadora que são compostas apenas por angolanos que não convivem com outras Igrejas excepto em ocasiões excepcionais como a reunião do SINODO. De salientar que a Igreja Metodista de Lisboa foi solicitada e constituída pelos angolanos, daí a predominância de membros oriundos de Angola.
No que concerne à igreja Presbíteriana as congregações de Algés e de Setúbal são composta por um conjunto de imigrantes angolanos que congregam com os restantes membros da igreja.
- TOMÁS, Maria Isabel

Doutorando do Programa de Doutoramento em Sociologia do Instituto
Superior do Trabalho e da Empresa, a finalizar uma dissertação
intitulada "Políticas de Integração de Imigrantes, seus Impactes e
Fragilidades, a Realidade do Município do Seixal"
Integrou a equipa do Projecto intitulado Atlântico Cristão coordenado
pelo Prof. Dr. Ramon Sarró.
Integrou a Equipa de Trabalho da Nùmena onde conjuntamente com os
Investigadores Tiago santos e Pedro Soares elaborou o Trabalho "A
Discriminação Religiosa à luz das Perspetiva dos Líderes Religiosos
das m Confissões Minoritárias" que foi laureado com o Prémio da
Liberdade Religiosa.
Técnica Superior da Câmara Municipal do Seixal onde elabora trabalhos
no âmbito dos Sistemas de Gestão da Qualidade (Avaliação da Satisfação
Externa e Interna).
PAP0302 - Religião e Comensalidade: Max Weber e o dia de Antioquia
Quando, em nossos dias, partilhamos a mesa em restaurantes com pessoas cuja religião, ou cujas crenças e valores de um modo geral, nos são inteiramente desconhecidos, dificilmente imaginamos que uma experiência dessa natureza está longe de ser uma trivialidade. Assim, qualquer leitor da Epístola de Paulo aos Gálatas há de se impressionar com o incidente de Antioquia, no qual Paulo repreende Pedro em razão de este último ter se recusado a compartilhar a mesa com os gentios. Max Weber viu neste episódio o limiar de uma transição evolutiva (ou "desenvolvimental") decisiva, na qual um padrão particularista, heteronômico de conduta, simbolizado pela recusa farisaica de Pedro em manter-se à mesa com os gentios, deu lugar a um padrão universalista e autônomo de conduta, simbolizado pela repreensão cristã que Paulo lhe dirigiu. Mais que um “precedente memorável” para a “comensalidade universal” que poderia se estabelecer a partir de então, Weber enxergou na repreensão de Paulo a Pedro o momento mesmo de “concepção” da cidadania tal como hoje a conhecemos. No rastro de Weber, o sociólogo alemão Wolfgang Schluchter viu nesse episódio bíblico um momento paradigmático de transição de uma ética utilitária da “estrita reciprocidade”, característica da expectativa de ajuda mútua peculiar a vizinhos, a uma autêntica “ética religiosa da fraternidade”, regida pelo princípio da “unilateralidade do ‘dever do amor’”; de uma conduta regida pelo princípio do “do ut des” (dou-te para que me dês) a uma que encerra a “renúncia à (mundana) reciprocidade estrita”; e de uma ética dual (isto é, que supõe um padrão de conduta em relação aos do mesmo grupo e outro em relação aos de fora) ao universalismo. Argumenta-se que esta linha de raciocínio, embora impecável em seus próprios termos, conduz-nos a um quadro empiricamente falso a respeito da importância histórico-cultural do trabalho missionário de Paulo, das relações entre cristãos, gentios e judeus no período que se seguiu à sua pregação e das relações entre a ética farisaica e a ética peculiar ao cristianismo primitivo. A obtenção de um quadro mais veraz a respeito de tudo isto requereria um exame mais detido a respeito do significado do advento da sinagoga, por um lado, e da importância da apologia patrística para o desenvolvimento do cristianismo, por outro. A ênfase de Weber no trabalho missionário de Paulo levou-o a eximir-se de tais tarefas.
- FREITAS, Renan Springer de

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980), mestre em Sociologia pela Sociedade Brasileira de Instrução - SBI/IUPERJ (1983) e doutor em Sociologia pela mesma Instituição (1989). Pesquisador visitante na Universidade de Amsterdam, no período 1990-1992, com bolsa de pós-doutorado concedida pela CAPES e Professor visitante na Duke University, EUA, em setembro de 2006. Atualmente é membro do Conselho Editorial da Revista Philosophy of the Social Sciences. Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais. Temas sobre os quais leciona e publica: teoria sociológica, sociologia do conhecimento, sociologia da ciência e sociologia da religião.
PAP1204 - Religião, Politica e Vulnerabilidade Societal
Um dos grandes desafios do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (P.A.I.G.C.), após a Independência Nacional de Cabo Verde, foi a modernização de um país herdado do colonialismo português. O corte com determinadas práticas tradicionais afigurava-se fundamental na prossecução de tal objectivo e pela primeira vez na história do arquipélago o Estado divorciava-se formalmente da Igreja, inaugurando assim uma nova fase nas relações entre o religioso e o político. Tomando como referência as constatações de Bauman (2010) acerca da natureza da relação entre o religioso e o político o artigo tem como propósito demostrar que a vulnerabilidade societal cabo-verdiana minou os intentos de laicização do P.AI.G.C./C.V. e atenuou a sua pujança enquanto força dirigente da sociedade e do Estado. Destarte, focados na dimensão da secularização que Dobbelaere (2004) designa de secularização societal, procuramos demonstrar que, no caso Cabo-verdiano, o processo de laicização do Estado que procede da Independência Nacional é ambíguo e a variável que sustenta esta constatação são as comunicações tornadas públicas da Presidência da República com o Bispado de Cabo Verde e com a Santa Sé, que demonstram que com a laicização o Estado procurou acima de tudo controlar o factor religioso através de um jogo de difícil equilíbrio. Para tal efeito, o artigo apresenta uma síntese do conjunto de comunicações que foram tornadas públicas através dos jornais «Voz de Povo» e «Tribuna» no período da primeira República de Cabo Verde (1975-1991) e que tiveram como protagonistas a Presidência da República, o Bispado de Cabo Verde e o Vaticano e que apresentam o reconhecimento do Vaticano como a âncora que Presidência utilizou para reforçar a legitimidade do poder do partido que representava face a instituição religiosa dominante nas ilhas, a Igreja Católica, ao mesmo tempo em que internamente a administração da Igreja era «convidada» a colaborar no árduo desenvolvimento do pais. Tendo como base um quadro de vulnerabilidade secular, Cabo Verde constitui, no nosso entendimento, um exemplo dos arranjos que a religião e a política podem constituir num quadro de crise e de reconfiguração societal.
- SEMEDO, Adilson Filomeno Carvalho

«Adilson Filomeno Carvalho Semedo, investigador Integrado no Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Formação: Licenciatura em Ciências Sociais; Mestrado em Estudos Africanos.
Projectos: Investigador do projecto “Religião e Política: os posicionamentos públicos da Igreja Católica perante as mudanças políticas em Cabo Verde (1975-2001), dentro do programa de doutoramento em Sociologia, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sob orientação da Doutora Helena Vilaça e financiado pela FCT.
Áreas de interesse: Religião e Política; Género e Religião; Pluralismo Religioso e Legislação sobre a Liberdade Religiosa; Religião e Modernidade; Teoria Social.
Publicações recentes: SEMEDO, Adilson F. C. (2009). RELIGIÃO E CULTURA: A Influência da Igreja Católica na Reprodução da Dominação Masculina em Cabo Verde. Porto: CEAUP, Colecção: e-books.»
PAP0362 - Religião, migração e tradição na Missão da Paz
A igreja Nossa
Senhora da Paz, mais
conhecida como
Missão da Paz, é um
paróquia dos padres
scalabrinianos que
tem por objetivo
atender a diversas
comunidades
migrantes na cidade
de São Paulo. A
especificidade desta
paróquia é a junção
de três tipos de
paróquias: a
territorial; a
latino-americana,
com missas em
espanhol; e a
italiana, com missas
em italiano. O
interesse desta
comunicação é
apresentar as
relações culturais
entre os diferentes
grupos migrantes que
reproduzem no espaço
da Missão Paz suas
tradições
religiosas. As
pistas analíticas
que se pretende
seguir para esta
reflexão se
aproximam dos
estudos de Pierre
Sanchis, que ao
observar as festas
religiosas no seu
estudo "Arraial,
festa de um povo",
nota a condição de
resistência
identitária na
reelaboração de um
grupo no momento da
celebração
religiosa. Este
processo não
acontece tão
espontaneamente sem
as relações
conflituosas com as
novas condições em
que o contexto
social vai se
atualizando. Nesta
mirada, os grupos
migrantes
(bolivianos,
peruanos,
paraguaios,
chilenos, italianos)
que são atendidos
com atividades
religiosas pastorais
na Missão da Paz
acabam por
reproduzir um quadro
de relações amplas
no momento de sua
festa em contexto
fora de seus espaços
nacionais de origem.
- GABRIEL, Eduardo
PAP0785 - Repensando a metodologia dos estudos da mobilidade transnacional
A complexidade dos estudos sobre a mobilidade transnacional sugere uma reflexão metodológica acerca das condições de validação do conhecimento e recolha de dados originais. O objetivo deste artigo é discutir as opções metodológicas no contexto das migrações contemporâneas entre África e Portugal. No âmbito de projetos diferentes (realizadas a partir de 2009 sob a minha coordenação no ICS-UL, no âmbito da rede Transnational Lives, Mobility and Gender” (TLM&G network www.tlnetwork.ics.ul.pt) foram usadas atípica opções metodológicas que apontam como a metodologia qualitativa, com recurso a entrevistas em profundidade e a recolha de histórias de vida pode resultar em informações de relevância substancial para a identificação das principais dimensões de gênero e das dinâmicas familiares quer nas condições de acesso à migração dos indivíduos no país de origem quer no seu acesso aos recursos na Europa.
A discussão irá salientar como os indicadores resultantes desta análise pode posteriormente ser utilizada como ponto de referência para a definição de variáveis base para estudos quantitativos nesta área.
As conclusões sugerem que a eficácia das metodologias quantitativas nos casos específicos apresentados é verificada somente quando apoiada por uma análise prévia que exige a observação directa dos contextos e uma consciência informada sobre a história, a cultura das sociedades (de origem dos fluxos e de chegada) envolvidas nos movimentos migratórios.
- GRASSI, Marzia

Marzia Grassi is a senior researcher fellow in the Institute of Social Sciences -
University of Lisbon in Portugal. Economist, Phd in Development Economics, Master
in African Studies.
Present research interests
Transnational lives and families between Africa and Europe, Mobility, borders, gender,
global economy and development. Social capital and networks, identities and political
integration of African migrants in contemporary Europe.
Ongoing Projects
Since 2010 she coordinates the ESF network Transnational Lives Mobility and Gender,
part of the Observatory of family in Portugal (TL Network)
Since 2009 P.I. of the project Transnational child-raising arrangements between Angola
and Portugal. The project is part of the NORFACE funded European comparative
project, TCRAf-Eu: Effects of transnational child-raising arrangements (TCRAs) on the
life-chances of children, migrant parents and caregivers between Africa and Europe,
coordinator Valentina Mazzucato – Maastricht University.
(Since 2008 P.I. of the Project “Migratory Trajectories from Africa, Illegality and
Gender: the case of Portugal and Italy” (PIHM/GC/0046/2008 and ICS-UL/524/2008).
Books (author)
(2011) “Palop: investigação em debate”(org.) Imprensa de Ciências Sociais, Lisboa.
2010) Forms of familial, economic and political association in Angola today, The
Edwuin Mellen Press, New York, London.
(2009) Capital Social e Jovens originários dos PALOP em Portugal, Imprensa de
Ciências Sociais, Lisbon.
(2007) “Género e Migrações Cabo-verdianas”, Marzia Grassi e Iolanda Évora (eds.)
Imprensa de Ciências Sociais, Lisbon.
(2006) "Il volto femminile del commercio transnazionale a Capo Verde" Franco Angeli,
Milano.
(2003) "Rabidantes: comércio espontaneo transnacional in Cabo Verde" ICS/Spleen,
Lisbon and Praia.
Chapters in books
(2008) “Identidades Plurais na Europa contemporânea: auto-percepções e
representações nos jovens de origem africana em Portugal”, Comunidade(s) caboverdiana(
s): as múltiplas faces da imigração, Lisbon.
(2008) "Portugal na Europa e a questão migratória: associativismo e integração de
jovens de origem africana em Portugal" in Itinerários: A investigação nos 25 anos do
ICS, Lisbon, Imprensa de Ciências Sociais.
Papers in International scientific periodicals with referees
(2009) “Crises and Development: A perpetual vicious circle for Africa“ Economia
Global e Gestão, Indeg/Iscte nº 2/09, Lisboa.
(2008) “Mobilidade, Fronteiras e Capital Social na Angola Contemporânea” in Revista
angolana de sociologia, nº3, Luanda.
Instituto de Ciências Sociais
Universidade de Lisboa
Av. Prof. Aníbal Bettencourt, 9
1600-189 Lisbon
Tel.: +351 21 780 47 00
Fax: +351 21 794 02 74
www.ics.
PAP1342 - Repensar a segurança e a defesa portuguesas: reconfigurações da actualidade
É na viragem para o mundo pós-bipolar que se consolida fortemente o contributo português em missões de paz e segurança internacionais. A este aspecto não são alheios factores como a nova conjuntura geopolítica internacional resultante do eclodir da Guerra Fria, assim como a alteração no quadro da política externa portuguesa a almejar um maior destaque a Portugal nas relações internacionais, através de um reforço assaz visível na participação das estruturas multilaterais em que insere. De facto, é com a intenção de corresponder aos seus compromissos para com as alianças da Aliança Atlântica, das Nações Unidas e da União Europeia que Portugal tem pautado as suas prioridades em matéria de política externa. Esta tendência insere-se no novo modelo democrático que sugere a condução de Portugal para um novo paradigma de inserção internacional, repartido por vários quadrantes geográficos. As Forças Armadas portuguesas têm garantido visibilidade nacional nos Balcãs, no Líbano, no Congo e no Afeganistão, entre outros. A política externa resulta da formulação dos interesses nacionais, pelo que a participação portuguesa segue a pari passu na mesma linha, articulada com uma doutrina de intervenção determinada por critérios de segurança europeia e internacional, a par dos aspectos históricos e das relações privilegiadas geográficas e pós-coloniais. Este artigo pretende responder a três finalidades indissociáveis:
1) traçar uma análise crítica das operações de paz portuguesas do pós Guerra Fria até aos dias de hoje, analisando as dinâmicas e as (des)continuidades que lhe estão subjacentes enquanto reflexo da sua política externa;
2) descortinar sobre as possibilidades de sustentação do esforço de Portugal, seja em termos da eficácia da resposta, seja quanto aos custos financeiros indissociáveis numa conjuntura económica desfavorável e numa ligação da geosegurança à geoeconomia, seja nas (im)possibilidades de sustentabilidade dos recursos humanos da área da defesa e segurança;
3) analisar, por fim, a reconfiguração das instituições de segurança em defesa, em virtude da alteração do quadro institucional, económico e social, de modo a entender os efeitos e alterações sociológicas e políticas quanto ao modo de pensar e interpretar a segurança e a defesa nacional e internacional
- BATISTA, Vasco
PAP0144 - Representações Sociais do Erotismo Nipônico: Dominação, Consumo e Influências na Produção de BD´s
O trabalho analisa as interligações semióticas na produção e consumo de Bandas Desenhadas e desenhos animados vinculados aos produtos eróticos produzidos pelo mercado Japonês, através dos Mangás e Animes. Apesar das trocas sexuais e das relações inter-raciais entre os grupos seguir os parâmetros da normalidade social, a produção de uma arte erótica midiatizada, através das BD´s produzidos no Japão, caminho no sentido contrário. Em relação às animações e às BD´s, existe uma dominação no gênero erótico pelo mercado japonês. Até que ponto estas trocas interculturais, de consumo e produção destes bens afeta as relações interpessoais? Um dos ambientes destacados na pesquisa faz referências à grande diversidade de modalidades eróticas produzidas pelo Japão nestes produtos midiáticos e as reconstruções múltiplas quanto às práticas homoafetivas e de outras sexualidades. Estes produtos são desenvolvidos não só para Gays e Lésbicas, mas para meninas héteros que gostam de vê relações entre meninos (Boy´s Lover) ou com meninas (Shoujo-Ai) o contrário, meninos héteros que gostam de lê histórias com romances lésbicos (Yuri) ou entre meninos (Yaoi) e ainda BD´s para Crossdressing, Hermafroditas (Futanari), ou que se vinculem a modalidades sexuais ainda consideradas desviantes socialmente como Pedofilia. Compreender a inserção destes temas inusitados (para os padrões ocidentais) é compreender que é possível dialogar com a diversidade sexual sem o perigo de tropeçar em visões deterministas quanto aos conceitos de impropriedade, barbárie ou quais outros levantados por aqueles que vêem a diversidade sexual como antinatural ou problemática. Os japoneses, através dos mangás, conseguem apresentar esta pluralidade de papeis e identidades sexuais sem tratar tais questões como problema ou transtorno.
O trabalho avalia as mudanças indiretas que penetram através da publicação e consumo de Bandas Desenhadas Japonesas (Mangas) com temas vinculados a Sexualidade ou com concepções de gênero completamente distintas e que são apropriadas pelos leitores destes gêneros e que inconscientemente incorporam seus valores sociais e definitórios. Questiona-se até que ponto elas corroboram para uma emancipação compreensiva ou fortalecem estereótipos sobre as questões de sexualidade e gênero, ocasionando uma reconfiguração sobre a percepção da população quanto às temáticas envolvidas.
- JÚNIOR, Amaro Xavier Braga
PAP0353 - Representações da saúde e da doença entre pessoas com doença reumática
Os conceitos de saúde e de doença estão inter-relacionados e têm evoluído, de forma concomitante, ao longo do tempo. A saúde tem sido avaliada a partir da percepção do próprio paciente (Ribeiro, 1994). A doença reumática, como doença crónica, compromete o bem-estar em todas as suas dimensões.
O presente estudo enquadra-se na teoria das representações sociais (Moscovici, 1961, 1981, 1984) e visa compreender como a saúde e a doença são representadas em adultos e idosos (129 mulheres e homens) com doença reumática. Pretendemos analisar como essas representações sociais podem diferir de acordo com a idade, o sexo e a evolução da doença (anos de diagnóstico da doença). Os participantes foram questionados sobre diversos temas, tais como, o que pensam e sentem sobre a sua saúde e doença, como a doença limita as suas actividades diárias e como habitualmente se sentem. Os dados foram recolhidos por associação livre de palavras e realizaram-se Análises Factoriais de Correspondências (AFC) para identificar os universos semânticos associados aos conceitos estudados.
Todos os participantes referem a doença como crónica e como principal fonte de tristeza e sofrimento, afectando as suas vidas. Os resultados também indicam que os participantes se preocupam com as limitações impostas pela doença e dependência dos outros, sentindo-se muito vulneráveis. As mulheres, mais que os homens, expressam emoções mais negativas. Elas consideram que a dor e as limitações funcionais afectam seriamente as suas actividades diárias, tanto a nível do trabalho como das tarefas domésticas. Eles são mais precisos em descrever os graves problemas a nível físico e funcional, evidenciando a perda de autonomia. Como parte do impacto psicológico de uma doença crónica, estes sujeitos sentem-se habitualmente tristes e desanimados, achando-se diferentes das outras pessoas.
O que os sujeitos pensam e sentem sobre a sua saúde e doença (devido às suas limitações físicas, funcionais e emocionais, e implicações nas rotinas e actividades diárias) são muito importantes para os profissionais, que cuidam de pessoas com doença reumática, ajudando-os a desenvolver melhores estratégias para enfrentar a vida quotidiana com algum bem-estar.
Palavras-chave: saúde, doença, doença reumática, adultos, idosos, percepções, representações sociais.
- SÁ, Maria do Céu
- OLIVEIRA, Abílio
PAP1384 - Representações e expetativas dos estudantes universitários dos PALOP
Portugal, durante séculos, foi um país de emigração, vendo muita da sua população partir em diáspora para outros países. Esta realidade, a partir dos anos 70, foi de certa forma alterada, com a entrada de muitos imigrantes, sobretudo dos Países de Língua Oficial Portuguesa, fenómeno que aumentou significativamente desde a adesão de Portugal à Comunidade Europeia. De um país de emigração, Portugal tornou-se, nos últimos anos, um país de imigração, com fluxos migratórios que provêm de forma expressiva dos PALOP. A permanência desta comunidade entre nós tem um caráter mais prolongado e, em muitos casos, definitivo.
Paralelamente a este fenómeno, um outro tem vindo a ocupar uma expressão significativa em Portugal, nomeadamente a entrada de jovens provenientes dos PALOP à procura de uma formação mais sólida nas universidades portuguesas, realidade que se deve, em grande medida, ao facto destes se sentirem protegidos pelas suas redes de interconhecimento constituídas por familiares e amigos do mesmo país de origem.
Não obstante o vínculo histórico e cultural que une estes países, a inserção destes estudantes nas universidades portuguesas tem sido um fenómeno complexo e lento, na medida em que, se por um lado, há uma progressiva massificação e heterogeneização cultural dos públicos que acedem ao ensino universitário - situação que cria novos desafios às instituições, na medida em que criam problemas na adaptabilidade e no sucesso dos estudantes imigrantes, por outro, a sociedade portuguesa continua a ter atitudes contraditórias em relação à imigração em geral, e, de um modo particular, à que provém dos PALOP, na medida em que continua a apresentar preconceitos e atitudes discriminatórias face aos imigrantes, posturas que, consequentemente, se instalam também no ambiente académico.
A partir da perspectiva acerca das problemáticas que emergem da inserção destes estudantes nas universidades, pretendemos perceber as tensões, problemáticas e obstáculos que surgem na vida académica e que refletem a complexidade dos mecanismos envolvidos nessa modalidade de migração. Deste modo, é nosso propósito medir e analisar o tipo de integração académica que as universidades do distrito de Braga praticam entre os alunos provenientes dos PALOP.
- DUQUE, Eduardo Jorge

Professor da Faculdade de Ciências Sociais da UCP e Membro Integrado do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Doutor em Sociologia pela Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid (2008).
As áreas de investigação e atuação têm incidido sobre religião e valores na pós-modernidade, dinâmicas sociais, tendências socioculturais e metodologias.
PAP0820 - Representações políticas: o combate à violência doméstica
Esta proposta pretende ser uma reflexão em torno das políticas públicas de combate à violência doméstica em Portugal. O objectivo é analisar as políticas indo além da sua enumeração e descrição, fazendo emergir os significados e sentidos que estão por trás da sua existência através da análise dos quadros de referência, esquemas de interpretação construídos socialmente que permitem aos indivíduos localizar, perceber, identificar e rotular a realidade envolvente (frames). Constituem-se como bases simbólicas que significativamente estruturam o mundo social e que moldam e são moldados pelo sector político.
Estudos anteriores realizados na Europa apontam para a existência de diferentes representações da violência doméstica, assim como várias origens e respostas para este problema. Assim, e através da análise dos discursos políticos sobre a violência doméstica, têm vindo a ser identificados pontos de tendência e frames que revelam como a classe política entende o problema da violência doméstica com base em representações em torno da igualdade de género; da mulher como vítima; das normas sociais; do Estado de Direito; da saúde pública, entre outras.
Partindo de Goffman (1974) abordamos o sistema político segundo uma perspectiva interaccionista onde os frames ajudam os indivíduos a ordenar a realidade por eles percebida através de uma espécie de “background” cognitivo que fornece instrumentos para os actores sociais criarem formas organizadas de ver o mundo e os acontecimentos que os rodeiam. De acordo com esta perspectiva, não existem dinâmicas sociais e estruturas políticas fixas e pré-determinadas mas sim dinâmicas e estruturas mutáveis e em constante renegociação, moldadas por repetições de acontecimentos e interpretações daquilo que é transmitido aos indivíduos. Concomitantemente são-nos dadas ferramentas para definir o que se está a passar de acordo com os princípios de organização que estruturam os eventos.
Interessa-nos fundamentalmente analisar três momentos que consideramos marcantes para as políticas públicas de combate à violência doméstica: a criação da primeira lei que autonomizou o crime de violência doméstica; a passagem de crime privado para semipúblico e de semipúblico para crime público. Em cada um deles apresentamos aspectos relevantes dos textos políticos que nos permitem definir representações relativamente a três questões fundamentais: como se define o problema da violência doméstica; qual a sua causa; e como é que é pensado o combate a este problema social e político.
- SANTANA, Ricardo

Ricardo Santana, Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Assistente de Investigação no Cesnova (Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa) e no Observatório Nacional de Violência e Género desde 2008. A sua actividade de investigação tem-se desenvolvido nas áreas das Políticas Públicas e Violência de Género. É Mestrando em Sociologia.
PAP0821 - Representações políticas: o combate à violência doméstica
Esta proposta pretende ser uma reflexão em torno das políticas públicas de combate à violência doméstica em Portugal. O objectivo é analisar as políticas indo além da sua enumeração e descrição, fazendo emergir os significados e sentidos que estão por trás da sua existência através da análise dos quadros de referência, esquemas de interpretação construídos socialmente que permitem aos indivíduos localizar, perceber, identificar e rotular a realidade envolvente (frames). Constituem-se como bases simbólicas que significativamente estruturam o mundo social e que moldam e são moldados pelo sector político.
Estudos anteriores realizados na Europa apontam para a existência de diferentes representações da violência doméstica, assim como várias origens e respostas para este problema. Assim, e através da análise dos discursos políticos sobre a violência doméstica, têm vindo a ser identificados pontos de tendência e frames que revelam como a classe política entende o problema da violência doméstica com base em representações em torno da igualdade de género; da mulher como vítima; das normas sociais; do Estado de Direito; da saúde pública, entre outras.
Partindo de Goffman (1974) abordamos o sistema político segundo uma perspectiva interaccionista onde os frames ajudam os indivíduos a ordenar a realidade por eles percebida através de uma espécie de “background” cognitivo que fornece instrumentos para os actores sociais criarem formas organizadas de ver o mundo e os acontecimentos que os rodeiam. De acordo com esta perspectiva, não existem dinâmicas sociais e estruturas políticas fixas e pré-determinadas mas sim dinâmicas e estruturas mutáveis e em constante renegociação, moldadas por repetições de acontecimentos e interpretações daquilo que é transmitido aos indivíduos. Concomitantemente são-nos dadas ferramentas para definir o que se está a passar de acordo com os princípios de organização que estruturam os eventos.
Interessa-nos fundamentalmente analisar três momentos que consideramos marcantes para as políticas públicas de combate à violência doméstica: a criação da primeira lei que autonomizou o crime de violência doméstica; a passagem de crime privado para semipúblico e de semipúblico para crime público. Em cada um deles apresentamos aspectos relevantes dos textos políticos que nos permitem definir representações relativamente a três questões fundamentais: como se define o problema da violência doméstica; qual a sua causa; e como é que é pensado o combate a este problema social e político.
- SANTANA, Ricardo

Ricardo Santana, Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Assistente de Investigação no Cesnova (Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa) e no Observatório Nacional de Violência e Género desde 2008. A sua actividade de investigação tem-se desenvolvido nas áreas das Políticas Públicas e Violência de Género. É Mestrando em Sociologia.
PAP1313 - Representações sociais do rugby na grande lisboa
As actividades desportivas têm acompanhado a evolução das sociedades, assumindo nestas um papel relevante ao longo dos tempos.
A presente dissertação inscreve-se na área da Sociologia do desporto. O trabalho pretende analisar as representações sociais do Rugby na Grande Lisboa e tem como objectivo compreender o campo de práticas da modalidade. A zona de Lisboa, devido à presença acentuada da modalidade, estabelece características excepcionais para a abordagem à problemática.
A investigação aborda quatro aspectos chave para o tema em questão: o perfil social dos atletas; as questões de género na modalidade; as razões dos atletas para a prática do rugby e o impacto deste na identidade dos atletas. Com a análise destes quatro elementos, pretende-se uma aproximação científica à modalidade, no sentido de traçar um quadro próximo do seu contexto social. O interesse científico do trabalho pelo rugby deve-se, essencialmente, às suas características singulares e à sua reduzida popularidade na sociedade.
- CABRITA, João Manuel
PAP1292 - Resistência Epistemológica Feminista como Estéticas do Existir
Problematizar a relação constituída com o outro, com o mundo e consigo mesmo parece ser condição basilar para que se possam abrir novas saídas mais positivas e mais saudáveis para a prática da liberdade e a invenção da vida. De modo que indagar sobre as relações assimétricas de poder não é apenas uma questão de obtenção de direitos, mas também de desnormatização dos discursos, dos saberes hegemônicos instituintes. O que possibilita cogitar algo diverso do que nos é oferecido como único meio de aspirar equivalência igualitária de direitos. Trata-se de considerar a dimensão ética e estética dessa luta. Pois, não basta reivindicar por visibilidade, é preciso também questionar-se: Qual tipo de visibilidade queremos? O texto parte desta problemática para discutir uma forma de resistência ao assujeitamento por meio de modos criativos e estilizados de vida que evita a comparação de subjetividades ao reivindicar direitos. Para essa reflexão, fiz um diálogo dos conceitos foucaultianos de resistência, experiência e estética do existir com as colaborações tecidas por Sandra Harding e Judith Butler sobre a teoria do conhecimento feminista, como forma de acentuar a necessidade do caráter inovador ao questionarmos o pensamento com o qual reinvidicamos direitos. Os estudos feministas expuseram conexões ocultas entre o privado e o público, permitindo que se observassem vínculos de poder antes desprezados nas tramas das relações sociais. O reconhecimento dessa dimensão da desigualdade social, que pode atravessar outras assimetrias de poder, acarretou em vários modos de resistências epistemológicas e práticas no sentindo de tornar visível e inaceitável o que era considerado natural. Nessa perspectiva, a resistência, enquanto estética da existência, está em consonância com as categorias analíticas dos estudos feministas como vivência, emoção e cotidiano que apontam para a necessidade de aceitar a instabilidade das categorias analíticas e usar essa própria instabilidade como recurso de pensamento e prática criativa perante a vida, na luta para abrir espaços de liberdade (criativos) dentro dos regimes de poder concretos em que vivemos, contribuindo para possibilitar a transformação de uma realidade socialmente mais justa e diferenciada.
Palavras-chave: resistência; feminismo; estética da existência.
- SANTOS, Jenniffer Simpson dos

Jenniffer Simpson dos Santos, Doutoranda em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Atualmente estuda as mulheres indígenas no Amazonas sobre a perspectiva feminista e pós-colonial.
PAP0733 - Responsabilidade Social e Território
Responsabilidade social e territórios
Apesar dos benefícios que a responsabilidade social das organizações (RSO) pode trazer, os seus efeitos ao nível macro são ainda bastante limitados, nomeadamente em termos da obtenção de maiores níveis de sustentabilidade ao nível global. De forma a potenciar os seus impactos, importa repensar o conceito de responsabilidade social e enquadrá-lo na lógica do desenvolvimento territorial. Para isso analisa-se o papel que os governos locais têm na promoção da sustentabilidade dos territórios e propõe-se uma matriz estratégica da sustentabilidade ao nível territorial.
O estudo alarga assim a temática da responsabilidade social das organizações (RSO) e enquadra-a no contexto do desenvolvimento territorial. Os governos locais e, em particular as cidades, têm um papel crucial não só na dinamização económica e na inovação dos países/regiões, como na qualidade de vida das populações e também no impacte ambiental que geram, não só pela elevada produção de emissões de gases de efeitos de estufa, como pelos consumos energéticos ou de água envolvidos. Além disso, baseada numa responsabilidade legal e jurisdicional, os governos locais têm estabelecido iniciativas, objectivos e esquemas regulatórios que vão para além das suas obrigações jurisdicionais. Repensar a responsabilidade social no contexto dos governos locais e na perspectiva do território é o que propõe este estudo. Os seus contributos estão organizados e três eixos fundamentais: reestrutura o conceito de responsabilidade social e alargando-o ao nível dos territórios, apresenta uma matriz de análise estratégica da sustentabilidade ao nível territorial e analisa as estratégias dos governos locais na promoção da sustentabilidade territorial.
- SANTOS, Maria João

Maria João Nicolau Santos – Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações, sendo actualmente Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG-UTL) e investigadora do Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (SOCIUS), desenvolve investigação no âmbito do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social das organizações, bem como nas áreas de gestão do conhecimento, da criatividade e da inovação.
PAP0560 - Responsabilidade pelo risco do Estado e demais entidades públicas
Numa altura em que os progressos tecnológicos e industriais trouxeram oportunidades e desafios novos, mas também novos riscos – falando-se já actualmente numa “sociedade de risco” (Beck, 2010) – pareceu-nos pertinente e actual o tema da responsabilidade pelo risco.
Abordaremos, pois, o tema da Responsabilidade pelo Risco, no que concerne ao Estado e demais Entidades Públicas que respondem pelos danos que decorrem de actividades, coisas ou serviços administrativos especialmente perigosos, nos termos do artigo 11.º do novo diploma legal – Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro, que aprovou o Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas.
Com a nossa apresentação procuramos evidenciar que a generosidade do legislador, na Lei n.º 67/2007, ao prever um alargamento do âmbito da responsabilidade pelo risco pode levar a uma forte oneração do erário público. Embora sejam ainda desconhecidos na jurisprudência os resultados deste regime, parece-nos que se é certo que o cidadão-lesado fica a ganhar com este novo regime, também é evidente que o cidadão-contribuinte fica a perder com tamanha abertura. Esta reflexão parece-nos ser da maior importância nos tempos que agora atravessamos fortemente marcados pela crise económica.
Assim, este novo regime da responsabilidade pelo risco do Estado apresenta diferenças em comparação ao regime consagrado pelo anterior diploma legal – DL n.º 48 051, de 21 de Novembro de 1967 – no seu artigo 8.º.
As principais alterações introduzidas pela Lei n.º 67/2007 no regime da responsabilidade pelo risco consistem em: deixa de se exigir a excepcionalidade para passar a bastar a especialidade da perigosidade da coisa, actividade, ou serviço – o que leva ao alargamento do âmbito da responsabilidade pelo risco quanto às causas de perigo –, por outro lado, suprime-se o pressuposto da especialidade e anormalidade do dano, ao mesmo tempo que não se estabelece tectos indemnizatórios.
Além disso, o legislador ainda veio atribuir mais uma garantia de pagamento da indemnização ao lesado pelo risco, no artigo 11.º, n.º 2, ao prever a responsabilidade solidária da Administração com terceiro por facto culposo deste (sem prejuízo do direito de regresso).
Por certo devido aos anteriores pressupostos previstos no artigo 8.º do DL n.º 48 051, os tribunais fizeram ao longo das quatro décadas de vigência do DL n.º 48 051 uma aplicação parca do instituto da responsabilidade pelo risco. Já com a Lei n.º 67/2007 o legislador procedeu, no artigo 11.º, a um expresso alargamento do âmbito da responsabilidade pelo risco. Resta aguardar para saber se o juiz será tão generoso a concretizar o regime como foi o legislador ao criá-lo!
Pensamos, no entanto, que a orientação devia ser a de limitar a responsabilidade pelo risco do Estado, para não onerar mais o cidadão-contribuinte, pois: “O risco é evidente: quando o Estado paga, pagamos todos.” (Carla Amado Gomes, 2008, pág.88 e 91).
- ROSO, Ana Cristina Martins

Ana Roso, Professora Assistente no Instituto Superior Bissaya Barreto e Bolseira de Investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Mestre em Direito Administrativo, Doutoranda em Direito Público, interesse de investigação na área do Direito Administrativo, mais concretamente na área do Emprego Público
PAP0734 - Responsabilidade social das empresas: estratégia de marketing ou de sustentabilidade?
A responsabilidade social das empesas (RSE) é um tema mediático mas pouco consensual. Tendo sido influenciado no tempo por diferentes correntes de pensamento, é ainda um tema ainda muito debatido e sobre o qual se dividem as opiniões. Partido da questão: constitui a RSE uma estratégia de marketing ou de sustentabilidade? este estudo procurou analisar uma empresa de referência a nível nacional avaliar de que modo a RSE é veiculada internamente e influencia ou não o contexto organizacional e os indivíduos no sentido de se tornarem eles próprios cidadãos mais responsáveis nas suas práticas quotidianas.
Sendo menos frequentes os estudos que analisam a RSE do ponto de vista dos participantes, a pesquisa realizada procurou identificar de que modo a estratégia sustentabilidade e as iniciativas de RSE são identificadas e percepcionadas pelos trabalhadores, como a mesma é avaliada e qual o grau de envolvimento face a estas iniciativas. Procurou ainda identificar que benefícios os colaboradores retiram das acções de RSE levadas a cabo pela sua organização e que avaliação geral fazem da sua utilidade e da sua eficácia.
Mais concretamente, a partir de um estudo de caso realizado numa empresa classificada no ranking das 10 maiores empresas de Portugal, pretendeu-se compreender como a as iniciativas de RS desenvolvidas pela organização são integradas na cultura empresarial, são comunicadas aos trabalhadores e são por eles percepcionadas. Os resultados evidenciaram que a estratégia de sustentabilidade é claramente identificada e que os trabalhadores inquiridos reconhecem como podem contribuir para concretizar os objectivos da estratégia de sustentabilidade da empresa. Da análise dos seus impactes salientam em particular a melhoria dos níveis de confiança e a partilha da cultura da empresa, embora também refiram não ter tido qualquer repercussão na diminuição das desigualdades salariais entre os trabalhadores da empresa. A análise da RSE a partir do modo como é percepcionada pelos seus trabalhadores, constitui uma importante linha de investigação a desenvolver.
- SANTOS, Maria João

Maria João Nicolau Santos – Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações, sendo actualmente Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG-UTL) e investigadora do Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (SOCIUS), desenvolve investigação no âmbito do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social das organizações, bem como nas áreas de gestão do conhecimento, da criatividade e da inovação.
PAP0978 - Responsabilizar ou Punir? Formas e práticas de controle da polícia brasileira e portuguesa em perspectiva comparada
Neste trabalho procurarei fazer uma análise sobre o ritual processual de policiais que cometeram crimes em serviço, estabelecendo um contraponto entre formas de administração institucional de conflitos e controle da polícia no Brasil e em Portugal. Minha hipótese é que estas diferentes formas de julgar contribuem na construção de uma sensibilidade jurídica própria a estes policiais, influenciando, também, em sua socialização.
No Brasil o policiamento rotineiro é realizado por uma Polícia Militar, ligada ao executivo de cada Estado da Federação, seus policiais são processados e julgados por uma Justiça Militar própria, que também se incumbe de processar e julgar os bombeiros militares – exceto os casos de homicídio e os não previstos no Código Penal Militar.
Bem diferente do caso brasileiro a Polícia de Segurança Pública portuguesa tem um corpo Nacional e é responsável pelo policiamento rotineiro das grandes cidades e, também, das investigações da maioria dos casos.
Descreverei e analisarei, para esta comunicação, dois casos de policiais que cometeram crimes em serviço. Um acontecido na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, e outro em Lisboa, Portugal.
No Rio de Janeiro analisarei o caso de um policial militar acusado de liberar, por uma quantia em dinheiro, um jovem que atropelou e matou um outro em um Túnel, fechado para passagem de carros. Este caso teve grande repercussão nacional, pois quem fora atropelado era filho de uma atriz da maior emissora de televisão nacional. O julgamento ocorreu em tempo recorde se comparado a outros julgamentos de policiais.
Farei um contraponto ao caso brasileiro apresentando um outro, ocorrido em Lisboa, em que um policial da Polícia de Segurança Pública atira e mata um jovem cantor de RAP, conhecido como MC Snack, caso este que também teve uma grande visibilidade pública, sendo acompanhado desde o início até seu fim pelos jornais de grande circulação do país.
Lógicas, discursos e práticas bem diferentes nos dois processos, apontam para formas também distintas de construção de idéias como igualdade, desigualdade e hierarquia. Nessa perspectiva, tentarei compreender como e de que forma as categorias acima mencionadas interferem nos processos de punição em ambos os casos, construindo dados que sejam comparáveis “aqui” e “lá” e estabelecendo as similitudes e diferenças entre dois sistemas de valores.
- SILVA, Sabrina Souza da

Sabrina Souza da Silva
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense e mestre pela mesma instituição (2006). É Pesquisadora do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisa - NUFEP/UFF e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Instituto de Estudos em Administração Institucional de Conflitos - INCT-InEAC. Realizou doutorado sanduíche na Universidade Nova de Lisboa. Tem experiência na área de Antropologia do Direito, com ênfase em Justiça Criminal, Justiça Militar e Segurança Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: polícia, justiça militar, administração de conflitos, favela, formas de construção da verdade e do conhecimento, jovens e drogas.
PAP0039 - Rethinking violence and citizen security
Citizen security has
become one of the
main topics in Latin
American political
science. Despite the
abundant literature
on the subject, a
genealogical tour of
this discursive
tradition reveals a
number of cognitive
limitations. There
is a prevalence of
technical thinking
that creates a
supposedly
apolitical narrative
when it comes to
combating violence
and eliminates the
possibility of a
political debate
that does not focus
on the objective
violent event but
rather on
understanding the
scope of the good
life. In this
respect, this paper
seeks to review the
criteria of veracity
of contemporary
society as focuses
of malaise.
- BEZERRA, Marcelo Moriconi
PAP0522 - Retirada da família: reprodução da marginalização/interrupção do destino social?
As crianças retiradas da família vivenciam traumas pesados que desencadeiam, não raro, um verdadeiro assassinato da alma. Submetidas a sofrimentos graves, o seu aparelho psíquico é dominado por emoções que não podem mentalizar. Só o recalcamento e a denegação lhes permitem sobreviver à dor da tomada de consciência dessas emoções. A acumulação de distorções relacionais induziu vulnerabilidades estruturais indutoras de desvinculação emocional defensiva.
Só a intervenção terapêutica reparadora pode impedir que o sofrimento destas crianças, submetidas a modelos de relação inseguros, ambivalentes ou rejeitantes, se expresse por caminhos patológicos. Um deles é a prática de actos de extrema violência, agressividade e destrutividade, isolados ou em grupo, expressando sentimentos de raiva e de ódio muito intensos e evidenciando um inevitável «handicap» nas futuras relações emocionais.
As crianças cujos trajectos de vida temos vindo a acompanhar partilham a situação de haverem nascido em famílias excluídas em importantes domínios da vida social. Os seus modos de vida acusam a privação em domínios essenciais, desde o emprego e o salário, às relações sociais, ao prestígio e à dignidade social. O desemprego ou o emprego intermitente determinam a inexistência dos rendimentos indispensáveis à sobrevivência, mas, igualmente, a perda da identidade social, do sentimento de utilidade social e de pertença. Do ponto de vista social, foram todos remetidos para sociabilidades restritas e restritivas, fechados num universo de iguais, sem outras referências culturais que não sejam as da psicoadaptação à miséria. O seu sofrimento não está apenas associado à fragilidade das relações com os seus pais, mas, também, ao descrédito de que as suas condutas são objecto. Não se podem orgulhar deles, recalcam sentimentos de vergonha que acabam por desencadear o mecanismo de identificação com os agressores. Numa curta síntese, diríamos que as suas famílias maltratantes são igualmente famílias maltratadas, vítimas dos efeitos mais perversos da competição social.
Trataremos de discutir se a institucionalização assegura o “desenvolvimento físico, intelectual e moral e a sua inserção na comunidade», tal como a lei portuguesa estabelece. Interessa-nos estudar se a prática das instituições é coerente com o discurso político e se estas reúnem os meios adequados para as “arrancar” a um destino de marginalização social.
PAP0248 - Riscos e inseguranças globais: como o movimento mapuche nos ajuda a traduzir os problemas actuais.
Diversos estudos apontam para um processo de globalização demarcado por um conceito de sociedade de risco. Por um lado, os avanços tecnológicos permitem novos campos de conhecimento especialmente voltados para a questão do controlo (dos territórios e das matérias-primas como a água, minérios, flora e seus derivados), por outro lado, os avanços no campo armamentista e os limites impostos pela própria questão ambiental se agudizaram, deixando uma certeza sobre a finitude da vida (bem como dos recursos naturais) e dos desafios impostos quando em causa estão as políticas beligerantes estatais.
Essa era da incerteza torna-se mais perceptível a partir do “11 de Setembro”, com as políticas de Estado derivadas do ataque às Torres Gémeas. Como resposta à insegurança dimensionada como global, gestou-se uma série de políticas no campo punitivo e do controlo social também em escala global. Essa nova configuração desafia o campo da sociologia em compreender novos problemas quanto à democracia e a emancipação social.
O objecto do presente trabalho está em analisar este cenário a partir de um estudo de caso: o conflito entre a nação mapuche e o Estado Chileno e os interesses das empresas transnacionais sobre o território ancestral mapuche, buscando compreender a dimensão entre projectos antagónicos sobre a natureza, uso do solo e da água; bem como as estratégias de controlo nos marcos do campo penal a partir do conceito de “terrorismo”.
A luta da nação mapuche no Chile pelo reconhecimento de sua territorialidade vem de longa data. No entanto, é nos últimos que este conflito traduz-se em um movimento de criminalização onde as lideranças mapuches respondem a acções penais por terrorismo.
O revisar da história nos permite compreender as permanências das linhas abissais que se revelam plenas na manutenção de discursos de inferiorização das tradições mapuches, como uma expressão do atraso que colide com os anseios de uma nação em busca de sua modernidade, permanências que acabam potencializando a recente criminalização dos mapuches.
Trata-se de compreender o actual cenário como uma marca das políticas coloniais que transcendem a questão mapuche e revelam outras relações globais extensivas aos cantos mais remotos do globo. Deste contexto, situado nas mudanças provocadas pelo 11 de Setembro, os fenómenos mais actuais das políticas neoliberais e dos interesses de exploração destes territórios, como o mapuche, devem ser problematizados quanto à relação de sectores do Estado e de determinadas transnacionais.
Nossa intenção está em resgatar essa perspectiva histórica a partir de uma leitura a contrapelo, reler a história a partir da tradição mapuches e como estes narram suas trajectórias, suas identidades, o conflito com o Estado e sectores privados em defesa de sua territorialidade.
- VIEIRA, Fernanda Maria da Costa
- FERREIRA, J. Flávio

J. Flávio Ferreira é mestre em antropologia e Doutorando em Pós-colonialismo e Cidadania Global pelo CES/Coimbra. Desde 2009 vem estudando as práticas de cura nas religiões afro-brasileiras e, em segundo plano, interessa-se pela relação entre instituições e o Estado e os grupos sociais. Nestas duas áreas o ponto de vista ancora-se numa crítica epistemológica à normatividade, ao corpo e aos padrões hegemónicos em geral.
PAP0575 - Riscos naturais e condições sócioestruturais: uma aproximação
A temática dos riscos naturais e tecnológicos tem vindo a ganhar relevância em termos da investigação sociológica. De facto, muitos dos acontecimentos geram impactos humanos significativos e, para lá da correcta estruturação de políticas públicas que permitam uma eficiente protecção da população, vai existindo um maior enfoque numa preparação pré-evento extremo, que capacite os indivíduos para agir correctamente em caso de catástrofe. Na prática, tal significa que conceitos como resistência ou resiliência são incluídos nos planos de prevenção e, como tal, é necessária uma correcta partilha de informação com os cidadãos. A vários níveis a actuação é, tendencialmente, cada vez menos assente na mera resposta a eventos extremos e sim orientada para mitigação prévia de eventuais ameaças.
Acontecimentos extremos apontam, de forma recorrente, para populações em que os detêm menos recursos são os mais afectados e estão menos protegidos. Recurso, neste caso, é um conceito com uma conotação ampla, não se cingindo a elementos materiais apenas. Nesse sentido, a medição de um conceito deste tipo pode fazer-se através do cruzamento de outros conceitos tradicionais na abordagem sociológica, como a distribuição de rendimentos, a classe social, o capital social e rede social, ou discriminação, tal como sugerido pelos mecanismos da epidemiologia social. Na prática, o que se pretende evidenciar é que qualquer política pública de mitigação de um risco deve ter em devida conta os aspectos estruturais e contextuais, para que se adapte à realidade existente. Não se adoptando tal posicionamento, qualquer dispositivo pode ser comprometido de forma irremediável. Soçobram, todavia, exemplos empíricos de cidadãos colocados na margem aquando da ocorrência de eventos extremos, que clamam por uma actuação crítica por parte das ciências sociais.
De acordo com o explicitado e pelo recurso a um poster científico contendo o resumo da investigação conduzida, será apresentado um exemplo de acontecimento de índole natural (calor extremo) que tem, ao longo das últimas décadas, acarretado impactos humanos significativos em Portugal sem que tais impactos obtenham uma correspondência com definição da agenda pública. Será promovida uma contextualização abrangente para evidenciar que um dispositivo sociotécnico que se pretenda eficiente e pretenda agir preventivamente deverá ter em conta factores contextuais vários, para que a análise do risco seja apurada.
- FREITAS, Francisco

"Francisco Freitas é um sociólogo licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e mestre em Dinâmicas Sociais, Riscos Naturais e Tecnológicos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Na sua atividade, tem participado em projetos de investigação juntamente com alguns dos mais conceituados cientistas sociais portugueses e estrangeiros nas áreas das migrações internacionais, da sociologia do risco e da participação pública. Para além da experiência no recurso a metodologias e técnicas de natureza quantitativa e qualitativa (colabora com a Verbi GmbH no desenvolvimento da versão portuguesa da aplicação MAXQDA), desenvolve ainda a integração da informação geográfica na análise de dados. Atualmente, trabalha sob supervisão direta do Prof. Boaventura de Sousa Santos."
PAP0667 - Ro-Hallyu: The influence of Korean wave in Romania
The “Koreean wave” is a cultural phenomenon specific to Asia and it refers to the impact of cultural products from Korea (music, movies, TV series) on that part of the world (Dator and Seo, 2004; Endo and Matsumoto, 2004; Seo, 2005). For the Romanian society the exposure at the K-drama and Koreean popular culture’s type of products is a very recent phenomenon that started in the summer of 2009 when the national television service broadcasted the first K-drama: “Jewelry of the Palace”. The “experiment” was a successful one, other twenty Korean “dramas” being broadcasted until present. The main reason for this editorial decision of the national television was the dramatic increase of this TV channel’s audience during the broadcasting of this type of cultural. At the same time, one of the Romanian TV musical channel (U-TV) started to weekly broadcast one hour of K-Pop music at the national level and the number of Romanian active K-Pop fan groups increased on the internet (there are around forty-five K-Pop fan-groups on-line active at present in Romania).
The present study analyses the reception of the Korean cultural products in Romania. We were interested on one hand to identify the underlying reasons that lead a part of the Romanian public to view this type of cultural products, and, on the other, to offer some tentative answers at the research questions.
The research questions of the study were:
1. What is the influence of the Korean popular culture products on the Romanians’ perceptions and representations about Asia culture and society?
2. What are the factors that explain the increasing popularity of this type of cultural products among Romanian audience?
In order to answer at the above-mentioned questions we used a set of twenty interviews with Romanian viewers of Korean TV series and a survey made on 250 K-Pop Romanian fans.
The results proved Liebes and Katz’s thesis about the cultural reasons underlying the media consumption in the case of Romanian audience (Katz, Liebes 1985: 188; Katz, Liebes 1986; Katz, Liebes 1988. Furthermore, the same set of data aimed at the “glocal” character of Korean cultural products
- MARINESCU, Valentina

Valentina Marinescu, PhD in Sociology, (Structural-functional transformation of the relation between media and society in Romania after 1990, University of Bucharest) is Associate professor at the University of Bucharest – Faculty of Sociology and Social Work. She teaches undergraduate and graduate courses in media and society, and methods of researching mass communication. Her interests lie in media and gender studies in Eastern Europe, particularly in Romania. She was a fellow of Universite de Montreal (Canada), University of British Columbia (Canada) and Academy of Korean Studies (South Korea). She has also published articles and book chapters on mass media, communication, gender and popular culture (Shade of Violence: The Media Role, Women’s Studies, International Forum, Elsevier; Challenges of the european information market and Romanian investigative journalism, in Alec Charles (ed.) “Media in the Enlarged Europe”, Intellect Publishers Inc. 2009; Communication and Women in Eastern Europe: Challenges in Reshaping the Democratic Sphere. in Leslie Regan Shade, Katharine Sarikakis (eds.), “Feminist International Communication Studies”, Rowman and Littlefield Publisers Inc. 2007)..
PAP1211 - Robótica aplicada às actividades produtivas: desenvolvimentos inovadores e avaliação das implicações sociais
A avaliação da introdução de sistemas robotizados na indústria transformadora ainda está por fazer em Portugal. Existem vários estudos sobre esta temática, mas muito poucos em Portugal. No final dos anos 80 e início da década de 90 publiquei alguns acerca da caracterização da introdução de robôs na indústria. Mas este levantamento e análise necessitam ainda de um maior desenvolvimento e sistematização. A informação está desactualizada e aparece apenas em função do esforço Mais recentemente, a Sociedade Portuguesa de Robótica publicou um documento sobre o assunto: Robótica no Mapa Contributos para um Livro Branco da Robótica em Portugal (2011).Assim, este assunto carece ainda de uma abordagem mais aprofundada. Os instrumentos disponíveis são muito escassos (nenhuma estatística actualizada sobre aplicações e “população” de robôs, inexistência de estudos sobre implicações sociais, éticas e económicas, etc.) e o conhecimento ainda muito limitado a poucos especialistas (para além dos tecnólogos e informáticos da área). O referido recente documento de alguns elementos da SPR é, no entanto, muito limitado na sua referência à experiência portuguesa no domínio da robótica, e tece um conjunto de ideias e conclusões muito parcelares. Se, a “robótica já não está confinada à inovação tecnológica para a produção e a automação industrial, e é uma solução tecnológica para outras aplicações na qual se incluem robôs para serviços em casa, no escritório ou nos hospitais, e no exterior, apoiando operações de busca e salvamento, de vigilância de fogos ou monitorização ambiental, no mar, terra e ar”, é certo que a robótica na automação industrial está ainda pouco estudada em Portugal. Não se desenvolveram ainda projectos de investigação sobre os aspectos sócio-económicos da aplicação e da inovação tecnológica associada à robótica industrial em Portugal. Podemos concordar, no entanto, que “o conhecimento e a tecnologia desenvolvidos em robótica não estão mais confinados ao manipulador industrial flexível e programável, ou a veículos instrumentados com capacidade de mobilidade autónoma, e foram alargados a grupos distribuídos de dispositivos robóticos, que comunicam entre si e formam redes de sensores e robôs distribuídos e com capacidades de actuação autónoma”, mas este tipo de tendência tecnológica também se aplica a ambientes industriais, desconhecendo-se ainda o seu real alcance no nosso país. O campo da análise sociológica acerca das implicações derivadas da utilização de robôs na indústria é realmente vasto e compreende não apenas os aspectos de ergonomia e segurança, mas também os de interface indivíduo-robô, modelos de organização do trabalho e opções de tomada de decisão. Nesta comunicação pretende-se desenvolver uma análise crítica dos desenvolvimentos decorrentes das aplicações da robótica e contribuir para a investigação sobre os aspectos sociais da robótica e automação na indústria portuguesa.
- MONIZ, António Brandão
PAP0162 - Roteiro Sentimental para o Trabalho de Campo
Este pequeno texto foi concebido as voltas da primeira ida a campo de um grupo de jovens pesquisadores, quatro estudantes do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Brasil, colaboradores, através de bolsas de pesquisas, de um projeto de pesquisa sobre os impactos de políticas públicas na vida familiar sertaneja. Ele foi pensado como um roteiro sentimental, no qual, a professora que os acompanharia, tecia alguns comentários ditos como pertinentes para o bom andamento do trabalho de campo, cuja duração seria de sete dias. O tom do texto é pessoal e dialógico. Dialoga, prioritariamente, com este grupo de neófitos, e curiosamente, reivindica Marcel Mauss – o antropólogo que praticamente nunca foi a campo -, como interlocutor privilegiado. Além disso, o texto problematiza o aprendizado e o ensino nas Ciências Sociais, levando em conta seu caráter artesanal e lento.
PAP0093 - Rádios comunitárias, espaços de comunicação e promoção da saúde em Moçambique
Neste artigo argumentamos que a entrada em funcionamento das rádios comunitárias na década de 1990 veio contribuir em certa medida para a produção de espaços de comunicação por meio dos quais tem sido possível o fortalecimento de actividades de promoção da saúde a nível local.
O que pretendemos com a presente análise, da promoção da saúde com mediação radiofónica, é que ela seja reveladora: primeiro, do resultado da articulação entre as rádios comunitárias e os profissionais de saúde que actuam localmente; segundo, da medida em que a rádio constitui um espaço de participação e de envolvimento dos ouvintes relativamente a temática da saúde; e, por fim, da interpretação da comunidade sobre as politicas públicas de saúde, a partir de programas concretos de intervenção sanitária junto das comunidades.
- BAVO, Carlos Menete
PAP0001 - SAI ou AGROSEBRAE – e a relação entre produção e difusão do conhecimento produtivo.
O estudo remete a um programa dantes denominado SAI – Sistema Agroindustrial Integrado do SEBRAE – Sistema Brasileira de Apóio as Micro e
Pequena Empresas, e que passa a se
chamar “AGROSEBRAE”. Trata-se de programa
tópico, muito elogiado que visa padrão
internacional de excelência. Esta política
pública busca atingir o que considero ser um
novo perfil produtivo e profissional que são
pequenos e médios agricultores proprietários da
terra (portanto dos meios materiais de
produção), mas que não conseguem se viabilizar
no mercado, e que por isso são alvos específicos
do instituto e de suas políticas que buscam
transformar os pequenos proprietários rurais em
empresários rurais com pequena produção
diferenciada. Busca-se desta maneira inserir
estes produtores na perspectiva da construção de
novos mercados, ou “mercado diferenciado”. O
estudo que realizei no pós doutoramento e que
agora envolve uma pesquisa maior, busca novos e
aprimorados resultados. A pesquisa é realizada
numa região (delimitação geográfica e política),
que trato como “território produtivo”. Este
mesmo local normalmente citado como exemplo de
produção canavieira, e, portanto, na
concentração monocultora e fundiária, e que
esconde características de vocação produtiva
diferenciada e alternativa ao grande modelo
concentrador e hegemônico. O ponto central da
discussão reside da principal estratégia de ação
do SEBRAE que busca qualificar os agentes
produtivos para estas novas demandas de mercado,
uma vez que avaliam que tais produtores não
possuem “conhecimento” necessário para se
inserirem neste “novo mercado”. Busco demonstrar
que a qualificação que “vendem” não apenas foi
produzida pelos agentes agora são receptores de
tais políticas, como acabam garantindo a
apropriação de saberes e conhecimentos
necessárias à assegurar o “novo” capitalismo
cognitivo garantido pela apropriação dos meios
imateriais da produção: “saber”, ou conhecimento
produtivo.
PAP0002 - SAI ou AGROSEBRAE – e a relação entre produção e difusão do conhecimento produtivo.
O estudo remete a um programa dantes denominado
SAI – Sistema Agroindustrial Integrado do
SEBRAE – Sistema Brasileira de Apóio as Micro e
Pequena Empresas, e que passa a se
chamar “AGROSEBRAE”. Trata-se de programa
tópico, muito elogiado que visa padrão
internacional de excelência. Esta política
pública busca atingir o que considero ser um
novo perfil produtivo e profissional que são
pequenos e médios agricultores proprietários da
terra (portanto dos meios materiais de
produção), mas que não conseguem se viabilizar
no mercado, e que por isso são alvos específicos
do instituto e de suas políticas que buscam
transformar os pequenos proprietários rurais em
empresários rurais com pequena produção
diferenciada. Busca-se desta maneira inserir
estes produtores na perspectiva da construção de
novos mercados, ou “mercado diferenciado”. O
estudo que realizei no pós doutoramento e que
agora envolve uma pesquisa maior, busca novos e
aprimorados resultados. A pesquisa é realizada
na chamada região de Araraquara no Estado de São
Paulo, (delimitação geográfica e política), que
trato como “território produtivo”. Este mesmo
local normalmente citado como exemplo de
produção canavieira, e, portanto, na
concentração monocultora e fundiária, e que
esconde características de vocação produtiva
diferenciada e alternativa ao grande modelo
concentrador e hegemônico. O ponto central da
discussão reside da principal estratégia de ação
do SEBRAE que busca qualificar os agentes
produtivos para estas novas demandas de mercado,
uma vez que avaliam que tais produtores não
possuem “conhecimento” necessário para se
inserirem neste “novo mercado”. Busco demonstrar
que a qualificação que “vendem” não apenas foi
produzida pelos agentes agora são receptores de
tais políticas, como acabam garantindo a
apropriação de saberes e conhecimentos
necessárias à assegurar o “novo” capitalismo
cognitivo garantido pela apropriação dos meios
imateriais da produção: “saber”, ou conhecimento
produtivo.
- CAMPOS, Ricardo Luiz Sapia de

Ricardo Luiz Sapia de Campos
Sociólogo
Professor pós graduação sociologia da UNESP/FCL/Ar
Pesquisador FAPESP - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
Pesquisa: sociologia rural e agricultura, pequena produção, desenvolvimento local, capitalismo cognitivo.
PAP1330 - SENTIMENTOS SOCIAIS E NOVOS CONFLITOS NO ESPAÇO PÚBLICO DA BAIXADA FLUMINENSE/RJ
O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância dos sentimentos sociais na compreensão das questões de justiça no Brasil contemporâneo através da análise focalizada das formas de exercício da cidadania tal como ela é vivida, percebida e praticada por pessoas comuns na vida cotidiana, insistindo particularmente sobre as situações de conflito. Tais conflitos podem ser interpretados como forma de manifestação de atores sociais quando estes não vêm suas demandas atendidas, buscando chamar a atenção dos poderes públicos como portadores de direitos. Através de pesquisa empírica realizada na localidade conhecida como Cidade dos Meninos, situada na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, buscaremos evidenciar os tipos de sentimentos sociais e categorias morais que se expressam através das demandas por respeito e reconhecimento. A partir de uma perspectiva etnográfica, tratar-se-a de examinar as maneiras de viver e se organizar coletivamente, de gerir sentimentos sociais e de aplicar categorias morais na resolução de conflitos no espaço urbano, particularmente aqueles motivados pelas questões relativas à moradia, articuladas ao meio ambiente e à saúde.
O conflitos vividos pela população da Cidade dos Meninos tiveram inicio ainda no final da década de 40, quando o governo federal, através do Serviço Nacional de Malária/MEC, construiu nessa localidade uma fábrica de clorohexacicloexano (HCH), um pesticida do grupo químico dos organoclorados, também conhecidos como BHC e DDT. A produção da fábrica foi interrompida em 1956, quando o uso desses pesticidas foi proibido. Com a desativação da fábrica, cerca de 400 toneladas de substâncias tóxicas como o HCH, popularmente conhecido como “pó-de-broca”, foram abandonados no local. A substância contaminou não só o solo, como também o lençol freático, e, segundo laudos técnicos, suas conseqüências sobre a população são extremamente graves. Segundo estimativas do Ministério da Saúde divulgadas na ocasião, os focos de contaminação se espalhavam por cerca de 13 mil metros quadrados e entre a população já se registrava um numero significativo de pessoas contaminadas, com algumas mortes por câncer nas vias respiratórias. As inúmeras denuncias veiculadas pela imprensa, associadas à intenção de construir um conjunto habitacional na área e a conscientização da população local motivaram a abertura de ações judiciais contra a União, buscando tanto a solução do problema ambiental resultante da contaminação como a reparação dos danos físicos e morais causados aos moradores da Cidade dos Meninos.
- CUNHA, Neiva Vieira da

Profa. Dra. Neiva Vieira da Cunha é Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ e Pesquisadora Associada do Laboratorio de Etnografia Metropolitana/LeMetro/IFCS-UFRJ. É Doutora em Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, com Estagio Doutoral na Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales/EHESS/Paris-França. Desenvolve pesquisas nas áreas de Antropologia Urbana, Antropologia da Saúde e Teoria Antropologica.
PAP0090 - SISTEMA PRISIONAL : A REPRESSÃO AOS FAMILIARES DOS PRESOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/BRASIL
O objetivo geral do trabalho é a forma punitiva e de controle que a Secretaria de Administração Penitenciaria do Estado do Rio de Janeiro/Brasil, vem tratando os familiares no sistema prisional. Aborda a problemática da invisibilidade e a emergência da visibilidade dos familiares dos reclusos, partindo do pressuposto de que a Sanção Penal imposta a um dos seus membros acarreta prejuízos no âmbito familiar afetando assim a rede familiar.
Assegurar que os presos tenham suficiente contato com o mundo fora da prisão é essencial para aliviar os sentimentos de isolamento e alienação, que retardam ou mesmo impedem sua reintegração social. Habilitar presos a manter o maior contato possível com suas famílias e também outras relações é auxiliá-los a sustentar relacionamentos, contribuindo para uma transição mais fácil da prisão para a sociedade quando da sua liberdade.
No caso dos estabelecimentos penais brasileiros, onde os recursos para atividades na prisão são inadequados, a manutenção de ligações contínuas com a família e a comunidade pode ser o principal método disponível para reduzir os efeitos danosos da prisão e auxiliar a reintegração social.
No Brasil, nem sempre o preso é colocado próximo à sua comunidade. Na prática, muitos são alocados longe de sua família e de seu meio social, o que afeta e dificulta o processo de ressocialização.
É neste contexto que analisamos como estas famílias se apresentam se percebem e são percebidas dentro dessa exclusão e nesse espaço chamado prisão.
2 A REPRESSÃO AOS FAMILIARES DOS PRESOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/BRASIL
A instituição prisão foi criada nos séculos XVII e XVIII constitui um momento importante na história, sendo o instrumento adotado pelo estado para controlar a sociedade. As prisões eram representantes do interesse da classe dominante na manutenção da ordem que as define como um setor de repressão e de correção. Como afirma Foulcaut.
A prisão surgiu no período de transição entre a economia feudal e a capitalista. Dai dizer-se que a pena privativa de liberdade é fruto do sistema capitalista. (1996, p.19)
As prisões são aparelhos de reprodução da ideologia do capital que procuram comprovar que a não prática do trabalho é a certeza e a condução para a criminalidade, isentando então a participação do sistema capitalista na produção da delinqüência e criminalidade, e a idéia de que a sociedade e as oportunidades que nela se encontram disponíveis para todos, depende de que cada um se enquadre indiv
ind
- DIVERIO, Sirley Araujo Avello
- COSTA, Newvone Ferreira

Possui graduação em Serviço Social pela Faculdade de Serviço Social do Rio de Janeiro (1983), graduação em Estudos Sociais pela Faculdade Regina Coeli (1981).Especialização em Supervisão em Serviço Social pela Univesidade Veiga de Almeida (1987).Especialização em Direitos Humanos, Mestrado em Psicopedagogia pela Universidade La Habana- Cuba (1999). Ex- Coordenadora Adjunta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta . Professora Adjunta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta .Criou a disciplina Violência e Criminalização com carater interdisciplinar que faz parte da grade curricular do curso de Serviço Social do Centro Universitário Augusto Motta.Coordenadora do curso de Pós Graduação Justiça e Direitos Humanos no Centro Univerisitário Augusto Motta . Tem experiência na área de pesquisa em criminologia, violência e sistema prisional .Membro titular do Conselho da Comunidade do município do Rio de Janeiro. Foi Conselheira nas gestões de 2005 -2008 e 2008 -2011 no Conselho Regional de Serviço Social do Estado do Rio de Janeiro.Atualmente é Assistente Social do presidio Ary Franco no Rio de Janeiro.Membro titular do Cômite de combate a tortura da ALERJ .Coordenadora da linha de pesquisa violência e sistema penitenciário do Centro Universitário Augusto Motta. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase no campo sóciojurídico, atuando principalmente nos seguintes temas: supervisão em serviço social, prisão, adolescente com medidas sócioeducativas, familia , ato infracional , execução penal , violência e criminologia
PAP1105 - SOBRE OS OMBROS DO ENSINO SUPERIOR: QUALIFICAÇÕES, CRESCIMENTO ECONÓMICO E EMPREGO NA EUROPA
proposta para integrar o "Grupo de Trabalho “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho” (proposto à Secção Temática - Trabalho, Organizações e Profissões)
Nas últimas duas décadas, generalizou-se entre as elites políticas e económicas a nível internacional o discurso de que a principal politica económica que o Estado deve ser capaz de garantir é aquela que leva a um aumento sustentado das qualificações dos seus cidadãos. O recuo do Estado da esfera da política industrial e da regulação económica deveria ser compensada, desta forma, com uma aposta robusta na formação de capital humano, em particular ao nível do ensino superior. Este discurso tem dificuldade em acomodar três factos importantes. Primeiro lugar, nem todos os países têm tido as mesmas políticas de expansão universitária. Segundo, não parece haver relação particularmente forte entre a capacidade de formação de capital humano avançado e taxas de crescimento económico. Por fim, alguns dos países que apostaram numa massificação acelerada do ensino universitário apresentam hoje elevada percentagem de indivíduos em situação de sobrequalificação ("vertical mismatch").
Esta comunicação analisa o caso português numa perspectiva europeia comparada. Partindo de níveis históricos muito baixos, Portugal duplicou o stock de diplomados do ensino superior na população entre o fim do século XX e o fim da primeira década do século XXI. Embora esta dinâmica seja ainda relativamente baixa, ela corresponde a uma lenta aproximação à dinamica europeia de formação de recursos humanos de nível universitário.
Ao mesmo tempo, este investimento na capacidade institucional de formação de recursos humanos qualificados coincidiu com uma década de estagnação do crescimento económico e o crescimento do desemprego em Portugal. Embora isto não constitua qualquer prova de que o investimento em recursos humanos não produz retorno económico, indicia pelo menos que a relação entre o aumento das qualificações e crescimento da riqueza e do emprego deve ser analisada com particular cuidado e com recurso a uma análise mais fina.
Por fim, os dados europeus disponíveis indicam que o "vertical mismatch" em Portugal, partindo de níveis relativamente baixos na última década do século XX, aumentou significativamente nos últimos anos. Embora esta subida não seja inesperada ou radical - correspondendo antes uma aproximação à média europeia -, ela levanta interrogações que convocam uma reflexão em torno da noção de «inflação de diplomas» e da eficácia do discurso/estratégia de que elevar as qualificaçoes é a política pública por excelência para garantir crescimento, prosperidade e emprego.
- MENDES, Hugo
PAP0991 - SOCIOLOGIA AMBIENTAL: UMA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NAS DISCIPLINAS INTEGRADAS NO BRASIL
O presente testemunho, fruto da experiência profissional nas disciplinas gerais Integradas, resultado do Projeto de Reestruturação dos Cursos do UNIVAG – Centro Universitário de Várzea Grande-MT. Compreendido no período de 2007/1 a 2010/1, com diversas turmas, tanto no Matutino, como no Noturno que teve como desafio a reformulação institucional e a modelagem nos currículos dos cursos da Instituição. Procurou-se adequar às exigências das políticas educacionais obedecendo às novas Diretrizes e o Exame Nacional de Desempenho de Estudante (ENADE), por considerar a prática profissional inserida numa Sociedade interdisciplinar, que valoriza o novo cenário econômico e o esgotamento da demanda reprimida. A metodologia utilizada através de encontros periódicos pelos professores envolvidos e o planejamento das aulas integradas direcionadas para todas as turmas de Sociologia, que eram aplicadas concomitantemente através de multimídia, aulas dialogadas, discutidas e acompanhadas de reflexão, seguidas de atividades programadas, individual e coletiva. Base Teórica, diálogo com Freire (2003), Berger (2002), Santos (1999, 2009), Boff (2008), Guareschi (1994), Geertz (1989), Sato (2002), Guattari (1990), Berry (1991), Bernardes & Ferreira (2003), Fellenberg (1980), Ribas (1990), Almeida et al (1998), Marcatto (2002), Macedo (2004), Lima (2009), Victoriano (2004, 2006). Perguntamos: será que o estudo da Sociologia Contemporânea fornece instrumentos para a compreensão da complexa realidade social e profissional? A produção própria e a exposição das suas idéias através da oralidade sem dúvida é importante para a formação acadêmica. E a escrita deve ser praticada sempre solidária com a leitura que no mundo de hoje é imprescindível, devido o turbilhão de informações existentes atualmente. Leva-nos a refletir: Quais são as consequências que vivemos hoje da nossa sociedade globalizada? Como hoje se produz se socializa, se busca e se organiza o conhecimento? Nesse patamar, como devemos nos relacionar e conviver com toda essa gama de conhecimentos necessários sem prejudicar e danificar o meio ambiente? E a questão da sustentabilidade como devemos enfrentar esse grande desafio no limiar do século XXI? Interessante e rica a pluralidade de cursos envolvidos nesse processo, que proporcionou a interação e a aprendizagem, considerando ainda a multiculturalidade dos sujeitos envolvidos que contribuíram para a produção do conhecimento. O resultado alcançado foi satisfatório e aguçou algumas discussões que merecem ser analisadas com carinho.
PAP0363 - SOCIOLOGIA IN CANTADA: DESMASCARANDO O SISTEMA, ATRAVÉS DE UMA ATRIZ SOCIAL, A MULHER EM SITUAÇÃO DE PROSTITUIÇÃO
O Sistema Social e o Self são dois conceitos de sociologia fundamentais para se entender algumas das situações que acontecem na contemporaneidade. Em uma sala de aula faz-se necessário da parte do professor/professora ser mediador deste conceito frente ao aluno/aluna, visto que, o mesmo é ativo na sociedade e não pode deixar de ser visto desse modo em sala de aula. É norte do trabalho oferecer melhor suporte possível para que o aluno/aluna entenda este emaranhado complexo que é o Sistema Social chamado no Rap, simplesmente, Sistema. Tal instrumento, o Rap,ritmo e poesia, é por sua condição e origem uma das vozes daqueles que detém uma condição financeira menos abastada, tendo nesta vertente musical um canal de expansão de suas opiniões, amarguras, felicidades e vitórias etc. O rap é um retrato musicado bastante fiel para denunciar a realidade que ainda não chegou a determinados lugares – mesmo que as comunicações de massa digam o contrário -, ou ainda com a mesma denúncia, clamar por um pedido/exigência das mesmas, que precisam se fazer presentes. Uma dessas situações é a da mulher em situação de prostituição, que um ator social, aqui colocada propositadamente como atriz, haja vista, a proposição do trabalho que é a de fazer a interlocução entre Sistema Social e Self tendo como via esta atriz que leva uma vida sendo três mulheres, em uma e ao mesmo tempo, uma que de fato é; a outra que gostaria de ser e por fim uma que precisa ser para continuar o seu trotoir rentável e (in)digno. É também, o objetivo destas experiências em sala de aula que o aluno/aluna tenha um avanço qualitativo, significativo, partindo do senso comum até o conceito de fato, tendo o mesmo, a percepção de que Sociologia é uma ciência tangível ao seu entendimento, rodeia suas vivências, mas na outra ponta é ao mesmo tempo uma ciência complexa e intricada e como tal está nas instituições escolares para dar sua contribuição aos indivíduos na sua educação formal. É nesse diverso quadro que o professor/professora de sociologia tem a oportunidade de contribuir com suas pesquisas, orientando as questões para uma mediação de sujeito para sujeito e não de sujeito para ouvinte. Emprega-se, ainda, a metodologia uso das letras de Rap de bandas de nacionais e da cidade onde a instituição escolar está situada. Esta metodologia reforça a máxima da generalização das situações, pois, estas se vêem em nível nacional e que bem se aplicam a realidade regional. É importante dizer que, programada com antecedência, a visita do próprio rapper à sala de aula pode acontecer para fazer uma fala de suas percepção ao escrever tais músicas.
Palavras Chave: Conceito. Sistema. Self. Desmascaramento. Rap.
- SOUZA, Marcilon de

AUTOBIOGRAFIA DE MARCILON DE SOUZA
Nasceu na década de 80 no Brasil. Tem uma esposa e filha, as quais, ama. Mesmo com condições contrárias à sua vida e passar por outras profissões, conseguiu ser professor de Sociologia, um sonho a muito esperado para que se concretizasse.
É engajado em atividades sociais através de uma organização não-governamental que busca ajudar as pessoas que estão passando por dificuldades relacionadas à pobreza e as drogas.
Atualmente, é professor em escolas de ensino médio na cidade de Criciúma e região, região esta que localiza ao sul do estado de Santa Catarina, Brasil.
PAP0288 - SONORIDADES DE LESTE: Identidades em (re)construção numa comunidade de imigrantes de leste na Área Metropolitana do Porto
Este projecto tem como âmago a investigação sobre os modos como a música é reveladora de uma pluralidade de construções identitárias dos imigrantes de leste na Área Metropolitana do Porto (AMP), matizando os gostos e as práticas musicais nas sociabilidades quotidianas marcadas pelas relações com “outros” (intra e hetero grupo(s)). Assim, a música é assumida como a (re)transposição dos princípios e propriedades estruturais da vida social, podendo ser uma matriz de moldagem de novas subjectividades, novas identidades e novas modalidades de integração e reapropriação societal. A base conceptual prévia parte da música como um recurso por intermédio do qual as pessoas se regulam a si mesmas enquanto agentes estéticos, enquanto seres que sentem, pensam e agem nas suas vidas quotidianas.
O desenvolvimento deste projecto implicará uma intensa e rigorosa pesquisa de terreno que contemplará procedimentos quantitativos e qualitativos tendo em vista a enunciação e compreensão de processos sociais de natureza complexa, accionando uma multiplicidade de procedimentos técnicos (inquérito por questionário, entrevistas e observação directa). Em termos de resultados, pretendemos enriquecer o património do saber acerca das reconstruções identitárias imigrantes por intermédio de afiliações musicais, terreno incipiente ou mesmo ausente da investigação sociológica portuguesa, designadamente quando abordamos imigrantes de leste.
Esta contribuição materializar-se-á na constituição de narrativas musicais, banda(s) sonora(s) de imigração. O projecto é desenhado numa ambição de intervenção, pois os resultados serão apresentados à comunidade científica e em geral através de um debate/workshop pluridisciplinar contando com a participação dos próprios imigrantes. Os resultados do estudo também se consubstanciarão num objecto de cariz artístico/identitário (CD/Livro), revelando um processo dinâmico de enriquecimento cultural e de sensibilização para as diferenças –indício de novas mestiçagens identitárias– , estimulando a criação e inovação nas artes e ciências sociais, concorrendo para a consolidação da interculturalidade e diálogo cultural tão pertinentes como urgentes na contemporaneidade.
- GUERRA, Paula
- SERPA, Ana
- PORTAS, Rosilda
PAP0032 - SUBTERFÚGIOS E FRONTEIRAS DO TEMPO : POR UMA REFLEXÃO DO ENVELHECIMENTO E VELHICE NA TRAVESTILIDADE
O objetivo deste trabalho é perceber como as
travestis lidam com a experiência da velhice e
o processo de envelhecer, uma vez que a busca
por corpos que deslizam em direção a um
feminino faz parte da vida de muitas delas.
Busco ainda compreender os valores e
significados atribuídos aos seus corpos,
considerando a construção de novos itinerários
corporais e sociais como dispositivos que são
acionados no intuito de camuflarem seus corpos
e de burlarem um “hiperpreconceito” em virtude
do estigma social e moral por estarem na
condição de travestis e agora velhas/idosas.
Nesta experiência elementos sociais e
culturais sobrepõem-se quando comparados a
elementos de ordem cronológica e biológica
presentes em estudos do campo da saúde, mais
precisamente das especialidades: geriatria e
gerontologia. As travestis quando sobrevivem
às ruas e à violência vão construindo outros
espaços de sociabilidades, ainda que marcadas
pela “invisibilidade social”, elas criam e
passam por outros lugares, como a própria
casa, pela militância e constroem
subterfúgios, inclusive diante das
inadequações do sistema de saúde em lidar com
suas singularidades. Com a emergência das
sexualidades dissidentes e das discussões
acerca do envelhecimento para além de uma
visão biológica, as travestis e seus cursos de
vida supostamente relacionados à violência, à
baixa expectativa de vida, ao HIV/AIDS, aos
riscos decorrentes ao uso de silicone
industrial e à prostituição são colocados sob
suspeita, assim, as discussões atuais
reivindicam novos olhares das ciências sociais
e humanas, da área biomédica, da saúde pública
como também da teoria queer. Este trabalho vem
sendo tecido a partir de uma pesquisa de campo
em Fortaleza e em Lisboa, através de
entrevistas com travestis (identificas pelo
próprio grupo como “velhas/mariconas/Irenes”),
observação participante em locais de
prostituição travesti, boates, bares, cinemas
pornô, domicílios, associações, ONG’s e nos
serviços de saúde.
- NOGUEIRA, Francisco Jander de Sousa
PAP0360 - Saberes e práticas educativas socioambientais de camponeses da Amazônia paraense: relações de (com)vivências de casas de farinha.
Este estudo está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação-Mestrado, da Universidade do Estado do Pará, na Linha de Pesquisa: Saberes Culturais e Educação na Amazônia e ao Grupo de Pesquisa em Educação e Meio Ambiente (GRUPEMA). Busca contribuir com estudos relacionados à educação, ambiente e cultura e tem como foco saberes ambientais e práticas socioeducativas construídos e/ou reconstruídos nas relações de (con)vivência que se estabelecem nas casas de farinha de uma comunidade camponesa da Amazônia paraense nomeada por seus moradores de Santo Antonio do Piripindeua. A área de pesquisa está localizada no município de Mãe do Rio – PA, na mesorregião do nordeste paraense. A pesquisa caracteriza-se como de abordagem qualitativa, com utilização de recursos de um estudo de caso, como entrevista semi-estruturadas, observação participante, fotoetnografia dos espaços das casas de farinha. A produção de dados permitiu a construção de uma cartografia de saberes que emergiram da organização do espaço das casas de farinha, sua apropriação e do fazer farinha. Nesses espaços, as práticas do “fazer farinha” informam e materializam saberes que são socializados nas relações de (con)vivências familiares e de cooperação. Por meio dessas relações os agricultores familiares buscam manter a continuidade da cultura do “fazer farinha”, utilizam práticas de aprendizagem que são dinamizadas por meio do aprender fazendo, da oralidade e da observação. Essa aprendizagem vem sofrendo modificações a partir da inserção de artefatos culturais e tecnologias que demandam outras formas de fazer, mas que influenciam no fortalecimento do diálogo de saberes entre as famílias produtoras. Nesse sentido, esse estudo, ora apresentado, sistematiza um desses saberes, que é o saber cuidar, um saber construído nas relações de (con)vivência familiar ou de cooperação que informa uma prática educativa socioambiental. Focaliza o cuidar das casas de farinha como saber orientador e orientado por meio dos processos formativos dos agricultores, sujeitos de reflexão e ação, organizadores de estratégias que favoreçam sua formação e a transformação dos espaços das casas de farinha como espaços de trabalho, de vida ou de educação. Enfim, ambiente de (con)vivência.
Palavras-Chave: Saberes socioambientais, Práticas educativas, territorialidades, Casas de Farinha
- SILVA, Cirlene do Socorro Silva da
- SILVA, Maria das Graças da

Maria das Graças da Silva
Pos-Doutoramento em Sociologia Ambiental ( ICS/PT), doutorado em
Planejamento Urbano e Regional (UFRJ, 2002), possui graduação em
Ciências Sociais pela UFPA (1979). É professora Adjunta da
Universidade do Estado do Pará (UEPA), integra o Programa de
Pós-Graduação Stritu Sensu, Mestrado em Educação, com experiência em
orientação acadêmica de dissertação e Trabalho de Conclusão de Curso
de Graduação e especializãção na área de educação em ambientes não
escolares e questões ambientais. Tem publicado vários artigos em
periódicos nacionais, em Anais de Congresso, capítulos de livro, livro
em co-autoria e experiência na área de Sociologia e sociologia
ambiental, Planejamento Territorial, atuando principalmente com os
seguintes temas: práticas educativas, educação ambiental, meio
ambiente, saberes locais e pesquisa. Atualmente exerce o cargo de
Vice-Reitora da UEPA, mandato 2009-13.
PAP1445 - Sad passions inside crisis and sociology: what about envy?
Starting from the idea that this crisis is a “total social phenomenon, necessary to shed light on through an acute sociological reflection, aiming towards surpassing clues in a emancipator way”, this contribution want to investigate the domain of sad passion inside the world crisis, starting from envy.
The deepening economic crisis in fact offers a vantage point on the larger theme of the relationship between emotions passions and social functioning. If global crisis is the place of the uncertain what will be the new grammar of emotions and c ommun vice? The scenario in-come is that of the common or rather what Miguel Benasayag and Dardo Scavino define as the era of sad passions?
From these scenarios, the contribution proposed here seeks to deepen and expand some of the issues raised by De Nardis already in “Envy: A headache for the social sciences” where the author shows that in spite of its ubiquity envy "is a kind of taboo for the social sciences that can actually stand in a real puzzle unsolved for the same, although in the course of history the envy unspeakable sin, deadly sin in Catholic theology, in modern times has played an important but often just as lethal social mediation. "
se
italiano
spagnolo
One issue omitted, is a bit 'like those stories in a family can not recall, worth putting into question the entire meaning of that bond, show the limits, the mistakes, perversions, and substantiate the reasons why it escapes. One reason, says De Nardis, so do not envy "emerges" in the sociological studies is to be found before its invisibility, its menace to the same social sciences:
"The sociological epic has not treated, it is true. Envy, in fact, appears ugliness that tends to destroy the very object of sociology and therefore its legitimacy to exist as a science: the possibility of a society and its cohesion / integration, especially in terms of solidarity. And 'society possible? And, if so, how is that possible? The two flavor transcendental questions on which social science can not fail to gloss over a loose cannon such as envy, which tends to the continuous sabotage in the dynamics of the object itself, above all, the small group [...] the negative of social individuals, in this case envy, it goes against the theory that a sublimation heroic beauty and purity as social actions (in heroic notions of solidarity, conflict, change, trust), systematically removing, although not always as we shall see , envy, for the thin ground that it threat
- CORTE, Elisabetta Della
PAP0580 - Sair ou entrar? As características dos migrantes, dos movimentos migratórios e as dinâmicas regionais.
Esta comunicação desenvolve-se no âmbito do Projecto de Investigação Demospin (Projecto financiado pela FCT PTDC/CS-DEM/100530/2008) cujo principal objectivo consiste na concepção de uma ferramenta de apoio à definição de políticas de desenvolvimento de regiões demograficamente deprimidas.
Ora, a concepção deste tipo de ferramenta, bem como a perspectiva de intervenção política, pressupõe um conhecimento profundo das características demográficas regionais, bem como dos factores que desencadeiam quer os fluxos de saída quer os fluxos de atracção. Movimentos de entrada e saída – atracção e repulsão que por sua vez têm impactos diversos, contrastantes, nas dinâmicas populacionais e nas dinâmicas socioeconómicas regionais. Complementarmente, importa também perceber de que forma a atracção se exerce, ou seja, de que forma a dinâmica socio económica se repercute na dinâmica populacional.
A este interesse/necessidade acresce um outro desafio que tem vindo a conquistar a atenção por parte da investigação internacional: o movimento de retorno de migrantes reformados. Estes movimentos têm revestido um interesse crescente pela percepção do seu contributo para o desenvolvimento económico e pelas necessidade de respostas sociais ao nível do planeamento de equipamentos e serviços como habitação, saúde e bem estar (Relatório Plurel 2010). A previsível chegada à idade de reforma dos baby boomers naturalmente avoluma a questão. Enquanto na literatura americana é possível, desde os finais dos anos 70, encontrar tentativas de enquadramento teórico relativamente às migrações dos mais velhos, na Europa e demais países desenvolvidos, a produção vai surgindo, de alguma forma, acompanhando o envelhecimento da população. Em Portugal esta é uma problemática um tanto sem resposta. Muitos dos pressupostos que são referidos, relativamente às migrações, muitas vezes não estão sustentados em dados são sobretudo apreciações de casos mais ou menos próximos de realidades familiares, de informação tornada pública sem que subjacente esteja informação consolidada. Com este trabalho procura-se, como se depreende pela exposição da problemática, encontrar respostas, discutindo as bases para uma matriz de análise que permita equacionar as dimensões da mobilidade demográfica e dos seus impactos socioeconómicos. Esta análise é feita com recursos aos dados do censo de 1991, 2001 – População residente segundo as migrações por concelho habitual de residência. É intenção da equipa de investigação que esta matriz de análise compreenda e venha a englobar os dados 2011, tanto mais importante para a compreensão da mobilidade em Portugal quanto a falta de dados persiste.
- GOMES, Maria Cristina Sousa
- MOREIRA, Maria João Guardado

- PINTO, Maria Luís Rocha
Maria João Guardado Moreira
Mestre em Demografia Histórica e Social, Doutorada em Sociologia, especialidade Demografia, Professora Coordenadora na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB). Investigadora do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE) tem participado em projectos nacionais e internacionais na área da demografia. Autora de diversas publicações nas áreas da demografia, demografia histórica, demografia regional e envelhecimento. Algumas publicações mais recentes:
2009 - Rodrigues, Teresa, Moreira, Maria João Guardado, “Realidades Demográficas”, in Rodrigues, Teresa, Lopes, João Teixeira, Baptista, Luís, Moreira, Maria João Guardado (coord.), Regionalidade Demográfica e Diversidade Social, Porto, Ed. Afrontamento, pp.77-110
2010- Moreira, Maria João Guardado, “Environmental Changes and Social Vulnerability in an Ageing Society: Portugal in the Transition from the 20th to the 21st Centuries“.Volume 9, Issue 1: 397–409 http://www.ep.liu.se/ej/hygiea/v9/i1/a19/hygiea10v9i1a19.pdf
2010- Moreira, Maria João Guardado, “Quem são emigrantes portugueses emEspanha - uma primeira abordagem a partir da Encuesta Nacional de Inmigrantes (2007)”, Revista População e Sociedade, nº 18. pp.161- 175
2011-Rodrigues, Teresa, Moreira, Maria João Guardado, “ Portugal e a UniãoEuropeia: Mudanças Sociais e Dinâmicas Demográficas” in Rodrigues, Teresa, Pérez, Rafael Garcia, Portugal e Espanha. Crise e Convergência na União Europeia, Lisboa, Tribuna, pp.29-48
PAP0241 - Satisfação Percebida na Óptica dos Utilizadores de um Serviço de Radiologia. Uma abordagem sócio-organizacional.
As melhorias da qualidade, no âmbito dos
serviços de saúde, devem objectivar uma melhor
experiência para o paciente, quer ao nível da
prestação do serviço, quer ao nível dos
resultados do mesmo.
A qualidade de um serviço abrange o serviço
propriamente dito, em adição ao modo como o
mesmo é percebido pelo seu utilizador, através
dos seus componentes tangíveis e intangíveis.
Qualquer organização ou serviço de saúde deve
estabelecer a qualidade como prioridade, sendo
que, a deve orientar para além da componente
técnica dos serviços, procurando também dirigi-
la para aquilo que os seus utilizadores percebem
como qualidade.
A qualidade percebida encontra-se relacionada
com a satisfação do utilizador, constituindo-se
esta última como um indicador da mesma. Deste
modo, um dos procedimentos mais utilizados para
avaliar a qualidade dos serviços, sob a
perspectiva dos seus utilizadores, consiste,
precisamente, na determinação do seu nível de
satisfação com os mesmos.
A satisfação dos utilizadores deve constituir-se
como um objectivo de qualquer serviço de saúde,
devendo ser aferida e analisada, como forma de
promoção do processo de melhoria contínua da
qualidade.
O presente estudo de caso foca-se na avaliação
qualidade em sentido externo à organização, numa
abordagem centrada no utilizador do serviço, de
modo a determinar o nível de satisfação dos
utilizadores com o Serviço de Radiologia, de um
Centro de Saúde no Alentejo.
Este trabalho, desenvolvido no âmbito do
Mestrado Intervenção Sócio-Organizacional na
Saúde, área de especialização em Políticas de
Administração e Gestão de Serviços de Saúde, e
enquadrada no tema da Qualidade dos Serviços dos
Serviços de Saúde, apresenta como motivações
inerentes à sua realização a inexistência de um
estudo deste âmbito abrangendo o Serviço de
Radiologia do Centro de Saúde em questão;
interesse em conhecer o feedback dos utentes
relativamente ao serviço prestado neste Serviço
de Radiologia, através de um trabalho
científico; e interesse em conhecer a realidade,
a partir da perspectiva dos utentes, como ponto
de partida para implementação de melhorias no
serviço e alinhamento das necessidades dos
utentes com os objectivos do mesmo.
Palavras-chave: organizações de saúde,
qualidade, satisfação percebida, utentes dos
serviços de saúde
PAP0167 - Saúde e bem-estar: Entre a relação diária e a info-exclusão - Perfis de utilização da internet da população portuguesa.
Nas sociedades contemporâneas, a utilização das tecnologias da informação e comunicação, vulgarmente abreviadas para TIC, assumem uma relevância crescente no quotidiano dos cidadãos.
No mundo actual, globalizado, em rede, as TIC encontram-se conectadas a quase todas as dimensões das nossas vidas: desde instrumentos de trabalho a auxiliares nas tarefas de gestão doméstica, passando por bibliotecas de conhecimento e instrumentos de lazer.
Conceitos como o de distância e espaço, ganham novos significados, com o advento das TIC e a sua crescente massificação. A mobilidade real e a mobilidade virtual, proporcionadas pelo desenvolvimento das TIC, fizeram das sociedades contemporâneas, sociedade de fluxos rápidos e múltiplos.
Ao nível da saúde, os impactos das TIC são, cada vez mais, relevantes. As possibilidades de trabalho em equipa, entre profissionais de saúde, geograficamente distantes, cresceram exponencialmente. O conceito de colaboração ganha uma outra dimensão prática e operacionalidade.
Estas também possibilitam, pela primeira vez, que cada cidadão possa ter acesso ao seu registo individual de saúde, on-line, esteja em Portugal, França ou Inglaterra. Por outro lado, a informação clínica disponível on-line, permite que o cidadão informado possa ser também um actor, mais consciente e mais responsável na gestão da sua saúde individual, mas também na saúde da sua comunidade. Também a relação médico-utente poderá sofrer alterações com esta maior consciência e responsabilidade, individual e colectiva, dos cidadãos. A autonomia na gestão da sua saúde e doença, possibilitada pelo recurso às TIC, modifica a relação entre o profissional de saúde e o utente, pois a «”confiança cega” está a ser substituída por “confiança informada”» (Akerkar, 2004).
Mas qual a relação dos portugueses com as TIC, no que respeita a assuntos de saúde e de bem-estar?
Esta comunicação pretende apresentar os resultados de um inquérito, por questionário, efectuado à população residente em Portugal Continental, com idade igual ou superior a 15 anos. A partir dos seus resultados, foi possível aferir perfis sociográficos, na utilização da internet, em Portugal.
- ESPANHA, Rita

- MENDES, Rita
- FONSECA, Rui Brito

- CORREIA, Tiago

Rita Espanha
Professora Auxiliar do ISCTE-IUL
Investigadora do CIES-IUL
Membro da Comissão Executiva do OberCom - Observatório da Comunicação
Rui Brito Fonseca. Licenciado em Ciência Política, com especialização em relações internacionais, pela Universidade Lusófona. É também mestre em Ciência do Trabalho, pelo ISCTE-IUL, onde frequenta o programa de Doutoramento em Sociologia, estando a desenvolver dissertação sobre a ciência e a tecnologia na imprensa portuguesa, entre 1976 e 2005. É, desde 2000, investigador no CIES-IUL, onde tem vindo a desenvolver trabalho sobre comunicação, media e compreensão pública da ciência. É também Director de Recursos Humanos na AHBVA e docente no Instituto Superior de Ciências Educativas.
ruibritofonseca@yahoo.com
Tiago Correia, investigador do CIES-IUL e docente na Escola Superior de Saúde Egas Moniz, tem um doutorado em Sociologia pelo ISCTE-IUL, seguido de estudos pós-doutorados pela Universidade de Montreal e pela Universidade McGill. Autor e co-autor de diversos trabalhos académicos sobre teoria sociológica, profissões de saúde, organizações hospitalares e sistemas de saúde, temas sobre os quais tem incluído redes de investigação nacionais e estrangeiras. Recentemente foi nomeado como editor do American Journal of Sociological Research (USA) e do Modern Social Sciences Journal (UK).
PAP0339 - Science and Society. The Public Role of Social Science in Late 19th century America and Britain
Science and Society. The Public Role of Social Science in Late 19th century America and Britain
Abstract
Eszter Pál PhD
Department of the History of Sociology
Faculty of Social Sciences, ELTE Budapest
Pázmány P. sétány 1/A
H-1117 Hungary
From an historical perspective, we can learn a lot about the public role of social science and science in general. With the spreading of evolutionary ideas and the early steps of the professionalization of sciences, the second half of the 19th century saw a thorough-going change in both scientific and everyday thinking. My paper discusses the emergence and role of formal and informal scientific institutions in the American and British contexts. The institutionalization of American sociology was a process that occurred during the second major reform period of the United States. As a part of it, the Progressive Movement was an effort to cure the ailments of American society that had developed during the industrial growth of the last decades of the 19th century. The Progressive Movement found its supporters in different areas of society: the academia, the church, social work and philanthropy. At its theoretical basis there was a mixture of Protestantism, socialism, Social Gospel, and even evolutionary theories – all of which had an effect on the early development of social science in America. The emergence of sociology as a separate and widely accepted discipline was greatly helped by the idea that its main task was to help improve social conditions and directly contribute to solving concrete social problems. In Britain, despite important similarities, the same idea and expectation was more closely attached to natural sciences than social fields. These latter either remained highly theoretical enterprises and treated sociology as a part of natural science, as in Herbert Spencer’s works, or were directly attached to political movements rather than academic ones, as in the case of Sidney and Beatrice Webb. As a result of these and other factors, British sociology was only institutionalized much later, and, as a separate discipline, was not directly linked to the discussion and solving of social problems of industrial capitalism. By discussing the main aspects of this early part of scientific development in the US and Britain, my paper points at some of the factors that can influence the public role of social science.
- ESZTER, Pál

"Eszter Pál received her PhD in sociology in 2004 from Eötvös Loránd University of Sciences, Budapest, Hungary. She is an adjunct professor at the Department of History of Sociology, Faculty of Social Sciences, ELTE. She is teaching different courses in the field of history of sociology for graduate and postgraduate students. She is the chief editor of the Review of Sociology of the Hungarian Sociological Association. Her research interests are evolutionary theories, the institutionalization of sociology, early American sociology, and she currently conducts a research into the social context of scientific discourses in Victorian England. She is the author of several articles and book chapters, including ones on evolutionary theories, American sociology and Victorian England."
PAP0749 - Securitização da Imigração - Ser-se o Outro na Europa
A securitarização da migração, já visível
desde a década de 80, sofreu um incremento
significativo no discurso político e nas
práticas nele sustentadas após os atentados de
11 de Setembro, consagrando em definitivo o
estereótipo do imigrante muçulmano como ameaça
à segurança do Estado e da sociedade europeia,
e forçando à legitimação entre as opiniões
públicas de um suposto nexo entre imigrante
muçulmano, terrorismo e criminalidade
transnacional organizada.
Na Alemanha foram os Turcos, quer sob a forma
de membros da maior comunidade imigrante
muçulmana, quer sob a forma de potenciais
imigrantes, que sofreram o maior impacto desta
securitarização. Os Turcos são neste contexto
portadores de uma dupla condição
estigmatizante: a de serem imigrantes, ou
estarem pelo menos associados a um passado
pessoal/ familiar marcado por trajectórias
migrantes, e a de serem muçulmanos.
Esta apresentação visa contribuir para uma
compreensão do efeito que a securitarização da
migração poderá ter tido sobre os fluxos de
imigrantes turcos por um lado, e sobre a
qualidade da integração da comunidade
imigrante turca a viver na Alemanha, por
outro, no período compreendido entre 1999 e
2009.
Concluímos que, pese embora a diminuição das
correntes migratórias provenientes da Turquia
ser visível, não é todavia possível afirmar
que tal se deva directa e muito menos
exclusivamente à adopção de políticas
securitárias no campo da gestão migratória na
Alemanha. Dada a ausência de dados recolhidos
pelas autoridades turcas que atestem o volume
de emigração rumo à Alemanha durante o período
em questão, torna-se difícil explorar as
eventuais causas que explicarão a redução do
número de migrantes chegados à Alemanha, pelo
que só podemos especular sobre o verdadeiro
impacto que a securitarização teve sobre o
mesmo.
Já em relação às consequências das políticas
securitárias sobre a qualidade da integração
turca instalada, é possível perceber que esta
só veio reforçar (e acelerar) a legitimação
latente de processos de discriminação e
estigmatização a que a comunidade sempre
esteve sujeita. Discursos e práticas de
securitarização da imigração tiveram pois um
impacto negativo no possível sucesso da
integração da comunidade turca na Alemanha, ao
mesmo tempo que se revelaram contraproducentes
a alguns esforços que em igual período de
tempo também foram tomados no sentido de
melhorar essa mesma integração.
- PATRÍCIO, Emília
PAP0804 - Securitização da Imigração na Europa- [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
A securitarização da migração, já visível desde a década de 80, sofreu um incremento significativo no discurso político e nas práticas nele sustentadas após os atentados de 11 de Setembro, consagrando em definitivo o estereótipo do imigrante muçulmano como ameaça à segurança do Estado e da sociedade europeia, e forçando à legitimação entre as opiniões públicas de um suposto nexo entre imigrante muçulmano, terrorismo e criminalidade transnacional organizada.
Na Alemanha foram os Turcos, quer sob a forma de membros da maior comunidade imigrante muçulmana, quer sob a forma de potenciais imigrantes, que sofreram o maior impacto desta securitarização. Os Turcos são neste contexto portadores de uma dupla condição estigmatizante: a de serem imigrantes, ou estarem pelo menos associados a um passado pessoal/ familiar marcado por trajectórias migrantes, e a de serem muçulmanos.
Esta apresentação visa contribuir para uma compreensão do efeito que a securitarização da migração poderá ter tido sobre os fluxos de imigrantes turcos por um lado, e sobre a qualidade da integração da comunidade imigrante turca a viver na Alemanha, por outro, no período compreendido entre 1999 e 2009.
Concluímos que, pese embora a diminuição das correntes migratórias provenientes da Turquia ser visível, não é todavia possível afirmar que tal se deva directa e muito menos exclusivamente à adopção de políticas securitárias no campo da gestão migratória na Alemanha. Dada a ausência de dados recolhidos pelas autoridades turcas que atestem o volume de emigração rumo à Alemanha durante o período em questão, torna-se difícil explorar as eventuais causas que explicarão a redução do número de migrantes chegados à Alemanha, pelo que só podemos especular sobre o verdadeiro impacto que a securitarização teve sobre o mesmo.
Já em relação às consequências das políticas securitárias sobre a qualidade da integração turca instalada, é possível perceber que esta só veio reforçar (e acelerar) a legitimação latente de processos de discriminação e estigmatização a que a comunidade sempre esteve sujeita. Discursos e práticas de securitarização da imigração tiveram pois um impacto negativo no possível sucesso da integração da comunidade turca na Alemanha, ao mesmo tempo que se revelaram contraproducentes a alguns esforços que em igual período de tempo também foram tomados no sentido de melhorar essa mesma integração.
- PATRÍCIO, Emília
- CARVALHAIS, Isabel
PAP0251 - Seduzidos pela Dama de Copas: quando Próspero e Caliban falam a mesma linguagem.
Muitos são os autores que estudando o fenômeno da globalização e sua relação com os sistemas judiciais nacionais percebem uma flexibilização dos marcos normativos produzidos pelo Estado-Nação. No plano penal, a globalização trouxe muitos desafios para as garantias fundamentais numa relação jurisdicional democrática e justa. Tal realidade torna-se mais perceptível a partir dos “11 de Setembro", com o ataque às Torres Gêmeas. Gerou-se uma ampliação global dos discursos punitivos em nome de um modelo de segurança agora também entendido como global.
De fato, as análises do atual cenário de governação neoliberal nos permite compreender o atual processo de redução de direitos e ampliação do processo de criminalização dos movimentos sociais. Muitos são os autores que apontam para um Estado penitenciário ou um Estado de Exceção ao analisar o período atual, compartilhando a tese de que a gestão neoliberal se demarca por ser um sistema em que os direitos são frequentemente mitigados em nome de uma ordem e da segurança.
No entanto, como entender que tantos movimentos sociais também se apóiem no discurso punitivo como mecanismo de efetivação de direitos? Várias são as organizações populares que terão na sua agenda reivindicatória o discurso de produção normativa que criminalizam determinadas condutas discriminatórias como forma de reconhecimento do próprio movimento: como a reivindicação da transformação do crime de racismo em hediondo pelo movimento negro; da penalização mais rigorosa da violência à mulher, luta travada pelo movimento de mulheres; da criação do crime de homofobia com crime hediondo, enfim são muitos os exemplos das organizações que no embate cotidiano com as categorias que lhes oprime vão apontar como recurso à conquista de direitos a ampliação do estatuto punitivo.
Seria de fato o direito penal o marco regulatório garantidor de direitos? Um direito que se demarca por ser seletivo logo, direcionado a determinado setor social, voltado para domesticação dos corpos rebeldes, como nos fala Foucault, o melhor instrumento de efetivação de direitos?
Daí o uso de duas personagens da literatura, arquétipos que são da imagem tradicional de colonizador (Próspero) e colonizado (Caliban), para analisar a sedução punitiva, marca o período contemporâneo, que tal qual a Rainha de Copas do mundo de Alice, que a todos condenava com: Cortem-lhes a cabeça! parece aproximar Próspero e Caliban, representantes arquétipos de projetos antagônicos e, no entanto, parecem partir de uma mesma matriz quando se refere ao discurso punitivo.
Para tal, analisamos os discursos realizados por 2 movimentos na busca de um estatuto punitivo especial: o movimento de mulheres e a criação da Lei Maria da Penha e o movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros e Simpatizantes e a reivindicação da lei de homofobia.
- VIEIRA, Fernanda Maria da Costa
PAP1027 - Segmentação do Mercado de Trabalho dos Jovens Diplomados em Portugal: Evolução Recente 2007-2009
O excesso de oferta de diplomados tem atraído a atenção de investigadores e decisores políticos nos países ocidentais. Todavia, a evidência empírica oferece resultados pouco conclusivos. Esta pesquisa visa a análise do emprego dos jovens e tenta perceber em que medida o mercado de trabalho português absorve o crescente fluxo de licenciados. Existe um consenso acerca dos benefícios monetários do ensino superior em Portugal, nos últimos trinta anos. Contudo, as condições de trabalho dos licenciados, num contexto de expansão da oferta, encontram-se por explorar. Usando os Quadros de Pessoal -dados simétricos, empregador-empregado- pretendemos testar a hipótese da segmentação do mercado de trabalho para os jovens recém-licenciados que trabalham no sector privado. A evidência empírica sugere que há dois segmentos, nos quais os salários e as condições de trabalho são distintos. Adicionalmente, estes segmentos encontram-se associados a áreas de formação específicas. Um segmento agrega: trabalhadores em empregos altamente qualificados, remunerações elevadas, em empresas de altos salários, relação de emprego estável. Neste predominam as áreas da saúde, informática, direito, matemática e gestão. Outro agrupa: licenciados em empregos não qualificados, empregos precários, baixas remunerações, em empresas de baixos salários e inclui licenciados em ciências sociais e humanas, arquitectura e construção, ciências físicas e jornalismo. Esta evidência converge com a segmentação do mercado de trabalho que distingue o sector primário e secundário. Contudo, há diferenças no interior destes segmentos. Em que medida alguns diplomados enfrentam uma desvantagem competitiva a priori ou são posteriormente desfavorecidos pela segmentação? Os resultados favorecem a hipótese de que a oferta e procura condicionam os benefícios da educação.
- PEREIRA, Marta Luís
- SULEMAN, Fátima
PAP0414 - Segregação socioespacial e ambiental em São Pedro (Vitória – ES/Brazil)
Dentre os municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), Vitória, capital do estado do Espírito Santo, apresenta as menores proporções de população sem rendimentos da região. Entretanto, no processo de segregação socioespacial e ambiental da ilha, destaca-se, como resultado de políticas públicas excludentes, o Bairro de São Pedro, “lugar de toda pobreza” (espaço caracterizado por comunidade de catadores de lixo, no lado oeste da ilha de Vitória, especificamente no Bairro São Pedro, onde a população, durante a implantação do bairro retira do lixo sua sobrevivência).
Dentre as causas responsáveis por essa situação estão as políticas adotadas no Espírito Santo, ao longo do século XX, objetivando a expansão do espaço urbano para atender aos projetos de modernização e inserção do estado na economia mundial, o que acirrou o processo de exclusão e segregação urbana, em Vitória, e a ocupação de áreas de preservação ambiental.
O bairro surgiu no final da década de 70, época do crescimento desordenado de Vitória e de expansão da população favelada, a partir da ocupação do lixão da cidade e da invasão de áreas de manguezal.
Além disso, o bairro apresenta a maior concentração do grupo de trabalhadores do setor terciário e do terciário não especializado, em Vitória, único espaço da Capital, que possui alta porcentagem de população sem rendimentos, acima de 36%.
Assim, apesar do discurso na intensificação dos investimentos em urbanização, recuperação e preservação ambiental no bairro, a partir da década de 1990, São Pedro permanece como espaço altamente excludente, e com impactos ambientais, que repercutem no clima e na qualidade de vida, não só da população local, como estadual.
- MATTOS, Rossana
- ROSA, Teresa da Silva
PAP1463 - Segurança Pública, tutela, direitos e macrocriminalidade
A política de segurança Brasil tem enfatizado ações relacionados a crimes violentos, particularmente homicídios. Entretanto, conflitos de proximidade assim como aqueles designados como de macrocriminalidade não foram até recentemente objeto de atenção. No final dos anos 90, identifica-se algumas medidas voltadas para conflitos interfamiliares, étnicos e religiosos, ao mesmo tempo em que se elaboram um conjunto de leis e se iniciam ações por parte do Ministério Público Federal brasileiro frente à acusações de corrupção e crimes econômicos-financeiros. As medidas relacionadas a essas duas frentes de atuação são caracterizadas por uma perspectiva tutelar, que confere aos brasileiros o título de hipossuficientes. Por outro lado, o sistema de justiça apresenta diferentes moralidades segundo os atores envolvidos, influenciando no processo de incriminação e nos resultados dos casos. Sua característica inquisitorial, em contraste com uma constituição republicana que prega a universalidade dos direitos parece apontar para conflitos estruturais, só compreensíveis à luz de etnografias que explicitem as práticas e as ideologias que perpassam as ações dos responsáveis por aplicar a justiça. Este trabalho tem como propósito explicitar, a partir de trabalho de campo, algumas questões acerca deste tema, particularmente àquelas relacionadas às acusações de corrupção e crimes financeiros, com a expectativa de iniciar uma perspectiva comparativa que permita uma compreensão mais adequada da aplicação da justiça nos casos mencionados.
- MOUZINHO, Glaucia Maria Pontes
PAP0857 - Semelhanças e diferenças entre as desigualdades sociais e escolares de Brasil e Portugal: um quadro estatístico
Não é necessário empreender grandes esforços
para estabelecer paralelos entre Brasil e
Portugal em relação a distintos aspectos, dada
a relação histórica entre as duas nações.
Apesar, obviamente, de várias diferenças, o
campo educacional dos dois países possui
grandes semelhanças. Tanto no país europeu
quanto no latino americano, parte significativa
das abordagens da mídia a respeito da educação
retrata a grande desigualdade escolar existente
nos dois países.
Se Portugal, conforme destaca o Gabinete de
Estatística e Planejamento da Educação, do
Ministério da Educação, possui dados
estatísticos educacionais desde os finais do
século XIX, no Brasil a concretização dessas
informações é mais recente, concernente
principalmente após consolidação dos censos
demográficos e escolares, além das pesquisas de
avaliação externa, implementadas a partir de
1996.
Sendo assim, o objetivo do presente trabalho
consiste na compilação de dados secundários,
buscando estabelecer a relação entre as
desigualdades sociais e escolares, no Brasil, a
partir dos anos 2000 e, em seguida, estabelecer
paralelos com o quadro estatístico português. A
realização da comparação de dados estatísticos
entre os dois países contribui para o
entendimento dos mecanismos que atuam na
consolidação das desigualdades escolares e
sociais, uma vez que as diferenças e
semelhanças entre os Estados podem elucidar os
elementos sociológicos que atuam para a
permanência das desigualdades.
Assim como Portugal, o Brasil lutou durante a
segunda metade do século XX para a
universalização das matrículas nos níveis
fundamentais de escolarização. Apenas para
exemplificar, verificou-se, através dos dados,
que em 2000 o Brasil praticamente atingiu tal
objetivo relativo às matrículas no ensino
fundamental, tendo em vista a existência de
praticamente 35 milhões de crianças dentro das
escolas no referido ano. No entanto, apesar
disso, a evasão escolar é muito grande,
considerando que parte significativa dos
estudantes, acaba não ingressando no ensino
médio. Essa é uma tendência comum a Portugal,
de acordo com dados divulgados pelo Ministério
da Educação, uma vez que, quanto maior o nível
de escolarização, menor a taxa de matrícula
entre os habitantes com idade escolar no país
europeu.
Por fim, destaca-se que o estudo possui como
potencialidade o estreitamento das discussões
entre os dois países de língua portuguesa, cada
um com suas peculiaridades, mas que, sem
dúvida, enfrentam desafios semelhantes no
âmbito social e educacional. O estudo é, então,
apenas o ponto inicial de possíveis novas
discussões e análises.
- PINTO, Lucas de Matos Sardinha
PAP0674 - Sentidos de ação e desmobilização – ameaça e ação coletiva na construção da democracia participativa
A Plataforma do Choupal é um movimento cívico criado em Coimbra, em 2008, e cuja ação, até 2010, se orientou para a defesa da Mata Nacional do Choupal e contra a construção de um viaduto rodoviário sob aquele espaço de lazer e natureza. A análise da ação coletiva realizada pelo movimento, considerado como «pequeno grupo», conduziu a questionamentos, hipóteses e propostas que aqui se apresentam.
1. Os questionamentos prendem-se com o desencadear e o papel da ação coletiva, e dos seus atores sociais, na construção dos movimentos sociais e na reformulação do exercício da democracia. Questiona-se a pertinência de ações coletivas pontuais, face a estas ambições, tendo em conta a vulnerabilidade dos movimentos cívicos e das ações de natureza pontual.
2. No campo das hipóteses, aponta-se para a existência de dois sentidos da ação coletiva que resultam da relação entre «interesse» e «energia» do grupo e a percepção de «ameaça» pelos seus elementos, incluindo aqui as percepções pessoais de «risco» perante os bens de que desfrutam os sujeitos do grupo. Surgem assim o «sentido ascendente» e o «sentido descendente» da ação coletiva.
O sentido ascendente refere-se a uma ação coletiva intensa e participada por todos os elementos do grupo. Acontece mediante um impulso do grupo, resultante de uma concreta percepção de proximidade da «ameaça», pelos elementos que o integram, face aos bens que desfrutam.
O sentido descendente alude ao enfraquecimento da ação coletiva e à desmobilização do grupo, devido à percepção de distanciamento da «ameaça», pelos elementos do grupo, face aos bens de que desfrutam.
3. As propostas apresentadas orientam-se para a ação coletiva pontual enquanto ponto de partida para a mudança social e para a concretização de um diferente panorama de exercício de democracia, assumindo, para isso, os seguintes pressupostos: a importância da compreensão da dimensão da ação coletiva assente em dois sentidos e numa relação particular com a «ameaça»; a persistência da ação coletiva no tempo que conduza à evolução de movimento cívico a movimento social; a existência de uma estrutura organizativa de liderança definida na ação coletiva, ao contrário do que é habitual nos grupos de iniciativas locais de caráter «militante».
Por último, propõe-se a integração de profissionais da animação sociocultural nos movimentos cívicos, que, enquanto detentores de um conjunto de saberes técnicos e de um potencial ativista, podem consolidar a ação coletiva no tempo e no espaço, ao encontro dos seus objetivos.
- MONTEZ, Mário

- MONTEIRO, Alcides A.

Mário Miguel Montez
Mário Miguel Montez é animador sociocultural, mestre em Desenvolvimento pelo ISCTE-IUL e docente na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra onde orienta estágios curriculares e leciona no curso de animação socioeducativa. Foi coordenador de projetos no âmbito do Programa Escolhas, animador sociocultural na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza e em ATL's escolares, entre outras experiências. Os seus interesses de investigação e de práticas contemplam a Ação Coletiva, Desenvolvimento Local, Economia Solidária, Projetos de Intervenção Comunitária e Metodologias Participativas. Da colaboração em publicações destacam-se: Umas e Outras pessoas – considerações finais in: Somos Diferentes, Somos Iguais – educação para os Direitos Humanos; AJPaz, 2008. e Trocas por Cá – Mercados Solidários pela Voz de um Prossumidor In: Revista de Economia Solidária; ACEESA, Dezembro 2010.
Alcides A. Monteiro é doutorado em Sociologia, investigador do CIES-IUL e Professor Auxiliar na Universidade da Beira Interior – Covilhã. Nesta instituição dirige o Curso de 2º Ciclo em Empreendedorismo e Serviço Social. Os seus interesses principais de investigação incluem o desenvolvimento regional / local, Terceiro Sector e o voluntariado, investigação-acção, metodologias participativas e de avaliação, empreendedorismo social e aprendizagem ao longo da vida. Para além de vários artigos e colaborações em livros dedicados a esses temas, co-editou a obra Redes Sociais – Experiências, Políticas e Perspectivas, Ribeirão, Edições Húmus, 2008.
PAP0619 - Sentidos de ação e desmobilização – ameaça e ação coletiva na construção da democracia participativa.
A Plataforma do Choupal é um movimento cívico criado em Coimbra, em 2008, e cuja ação, até 2010, se orientou para a defesa da Mata Nacional do Choupal e contra a construção de um viaduto rodoviário sob aquele espaço de lazer e natureza. A análise da ação coletiva realizada pelo movimento, considerado como «pequeno grupo», conduziu a questionamentos, hipóteses e propostas que aqui se apresentam.
1. Os questionamentos prendem-se com o desencadear e o papel da ação coletiva, e dos seus atores sociais, na construção dos movimentos sociais e na reformulação do exercício da democracia. Questiona-se a pertinência de ações coletivas pontuais, face a estas ambições, tendo em conta a vulnerabilidade dos movimentos cívicos e das ações de natureza pontual.
2. No campo das hipóteses, aponta-se para a existência de dois sentidos da ação coletiva que resultam da relação entre «interesse» e «energia» do grupo e a percepção de «ameaça» pelos seus elementos, incluindo aqui as percepções pessoais de «risco» perante os bens de que desfrutam os sujeitos do grupo. Surgem assim os sentidos «ascendente» e «descendente» da ação coletiva.
O sentido ascendente refere-se a uma ação coletiva intensa e participada por todos os elementos do grupo. Acontece mediante um impulso do grupo, resultante de uma concreta percepção de proximidade da «ameaça», pelos elementos do grupo, face aos bens de que desfrutam. O sentido descendente alude ao enfraquecimento da ação coletiva e à desmobilização do grupo, devido à percepção de distanciamento da «ameaça», pelos elementos do grupo, em relação aos mesmos bens.
3. As propostas apresentadas orientam-se para a ação coletiva pontual enquanto ponto de partida para a mudança social e para a concretização de um diferente panorama de exercício de democracia, assumindo, para isso, os seguintes pressupostos: a importância da compreensão da dimensão da ação coletiva assente em dois sentidos e numa relação particular com a «ameaça»; a persistência da ação coletiva no tempo, gerando evolução de movimento cívico a movimento social; a existência de uma estrutura organizativa de liderança definida na ação coletiva, ao contrário do que é habitual nos grupos de iniciativas locais de caráter «militante».
Por último, propõe-se a integração de profissionais da animação sociocultural nos movimentos cívicos, que, enquanto detentores de um conjunto de saberes técnicos e de um potencial ativista, podem consolidar a ação coletiva no tempo e no espaço, ao encontro dos seus objetivos e propostas enunciadas.
- MONTEZ, Mário

- MONTEIRO, Alcides A.

Mário Miguel Montez
Mário Miguel Montez é animador sociocultural, mestre em Desenvolvimento pelo ISCTE-IUL e docente na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra onde orienta estágios curriculares e leciona no curso de animação socioeducativa. Foi coordenador de projetos no âmbito do Programa Escolhas, animador sociocultural na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza e em ATL's escolares, entre outras experiências. Os seus interesses de investigação e de práticas contemplam a Ação Coletiva, Desenvolvimento Local, Economia Solidária, Projetos de Intervenção Comunitária e Metodologias Participativas. Da colaboração em publicações destacam-se: Umas e Outras pessoas – considerações finais in: Somos Diferentes, Somos Iguais – educação para os Direitos Humanos; AJPaz, 2008. e Trocas por Cá – Mercados Solidários pela Voz de um Prossumidor In: Revista de Economia Solidária; ACEESA, Dezembro 2010.
Alcides A. Monteiro é doutorado em Sociologia, investigador do CIES-IUL e Professor Auxiliar na Universidade da Beira Interior – Covilhã. Nesta instituição dirige o Curso de 2º Ciclo em Empreendedorismo e Serviço Social. Os seus interesses principais de investigação incluem o desenvolvimento regional / local, Terceiro Sector e o voluntariado, investigação-acção, metodologias participativas e de avaliação, empreendedorismo social e aprendizagem ao longo da vida. Para além de vários artigos e colaborações em livros dedicados a esses temas, co-editou a obra Redes Sociais – Experiências, Políticas e Perspectivas, Ribeirão, Edições Húmus, 2008.
PAP0499 - Sentimentos Intensos na Internet: o discurso amoroso da juventude
Esse trabalho se
propõe a analisar
sentimentos intensos
da juventude,
relativos ao campo
amoroso, no ambiente
das relações
virtuais. Tomamos
como âmbito de
investigação perfis
de jovens no site de
relacionamento
Orkut, escolhidos
através de
comunidades que
tratam ou se referem
a temas relativos ao
amor, namoro,
casamento e “fica”
(expressão
brasileira para
encontros efêmeros).
Indagamo-nos: que
tipo de emoção se
constitui no âmbito
dos agenciamentos
amorosos mediados
pela comunicação na
internet? Roland
Barthes, no prelúdio
de seus “Fragmentos
de um discurso
Amoroso” enuncia as
razões da escolha do
que denomina de um
“método dramático” –
a finalidade é de
ouvir o que existe
de inatual na voz
dos enamorados.
Segundo o autor,
"Dis-cursus" é,
originalmente, a
ação de correr para
todo o lado, são
idas e vindas,
démarches, intrigas.
Palavras que não
devem ser entendidas
no sentido retórico,
mas no sentido
ginástico ou
coreográfico de uma
maneira muito mais
viva, o gesto do
corpo captado na
ação. Interessa-nos
perceber como no
considerado espaço
“frio” da internet
se constituem
passionalidades,
intensidades
amorosas de gestos e
sentimentos
condensados em
palavras. A
intensidade
representa uma
“temperatura da
alma” e esboça outra
dimensão do tempo,
por encarnar,
simultaneamente,
acontecimento e
devir. E por
deslocarem-se no
espaço no espaço,
por não prescindirem
do corpo orgânico
para atuar como
suporte de
expressão, os afetos
virtuais, podem
seguir mais velozes
e sem fronteiras.
interessa-nos
identificar, através
do Orkut, emoções
intensas de amantes,
que se
auto-descrevem como
jovens em seus
"profiles",
moduladas por
dispositivos de
comunicação virtual.
São linhas de
construção
subjetivas que
ampliam, combinam,
misturam as
possibilidades do
corpo, da técnica
para que se torne
possível a
formulação de novos
territórios
existenciais. Não
mais se trata de
identificar os
sujeitos
unidimensionais,
catalisadores de
identidades com
contornos corporais
e psíquicos; o
desafio é de
reconhecer
enunciados e mídias
de um "eu"
potencializado por
outros tantos "eus"
atravessados por
sentimentos que
transpõem “real” e
“virtual”.
- DIÓGENES, Glória

Glória Diógenes nasceu na cidade do Rio de Janeiro. É professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará, Coordenadora do Laboratório das Juventudes (LAJUS), fundadora e ex-coordenadora do “Projeto Enxame – fazendo arte com gangues e galeras e ex-Secretária de Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Realizou uma série de pesquisas (publicadas) sobre a criança e o adolescente: “Meninos e meninas de rua: cenário de Ambigüidades” (1993); “História de Vida de Meninos e Meninas de rua” (1994); “Criança Infeliz” - Exploração Sexual-Comercial de crianças e adolescentes em Fortaleza (1998); “Personagens em foco: esses meninos e meninas moradores de rua” (1998). Organizado por outros autores, tem artigos publicados nos seguintes livros: “Abalando os anos 90: funk e hip hop” (Rocco,1997); “Linguagens da Violência” (Rocco, 2000) e “Violência em Tempo de Globalização” (Hucitec, 1999). “Política e Afetividade” (EDUFBA, 2009); “A Juventude vai ao Cinema” (Autêntica, 2009), Juventude em Pauta: Políticas Públicas no Brasil (Petrópolis/Ação Educativa, 2011), Juventudes Contemporâneas: um mosaico de possibilidades (2011). Em 1998, como resultado de sua tese de doutorado, lança, pela Annablume, o livro “Cartografias da Cultura e da Violência - gangues, galeras e o movimento hip hop”, em 2003, o livro “Itinerários de Corpos Juvenis” (Annablume), em 2004, o livro “Cenas de uma Tecnologia Social: Botando Boneco” (Annablume/SESI/FIEC), em 2008, o livro “Os Sete Sentimentos Capitais: Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes” (Annablume) e autora do livro e, em 2010 “ViraVida – uma virada na vida de meninos e meninas no Brasil” (SESI). Junto com o Armazém Cultural organiza os Encontros de Twtteiros Culturais (ETC) em Fortaleza. No momento, pesquisa “Ciber-afectos e conexões em redes: intervenções juvenis na cidade”.
PAP0146 - Sentir, Pensar e Agir: Singularidades de Adolescentes Beneficiários de RSI
A investigação, subordinada à
temática “Concepções de adolescentes
beneficiários de Rendimento Social de Inserção
(RSI) sobre a medida, o caso do concelho da
Ribeira Grande”, decorre da constatação de um
aumento acentuado do número de processos de
RSI e da predominância de uma intervenção
remediativa. Exploram-se, numa abordagem
psicossocial, as concepções de adolescentes
beneficiários de RSI sobre a medida, nas
dimensões legal, identitária e de perspectivas
para o futuro, dada a influência destas nos
pensamentos e práticas dos indivíduos,
assumindo um carácter preditor de
comportamentos e de decisões.
Fazendo uso da triangulação inter-métodos,
consubstanciada na análise de processos de RSI
e na aplicação de entrevistas semi-
estruturadas, esta investigação alicerça-se na
seguinte questão de partida: “Quais as
concepções dos adolescentes beneficiários de
RSI, com idades compreendidas entre os 16 e os
18 anos, do concelho da Ribeira Grande, sobre
a medida, do ponto de vista legal, identitário
e de perspectivas para o futuro?”
Verificou-se que, em relação à dimensão legal,
as concepções dos adolescentes beneficiários
de RSI se afastam das normas jurídicas. No que
concerne à dimensão identitária, infere-se uma
luta pela construção de uma identidade social
positiva para si e para os outros, dado que
estão conscientes de que a pertença à
categoria oficial de beneficiário de RSI
implica um olhar invalidante do outro. No que
ao futuro concerne, os adolescentes
perspectivam a ruptura com uma trajectória
familiar de insucesso económico e social,
relegando o RSI para último recurso, numa
situação de hipotético insucesso.
O desfasamento entre os pressupostos legais e
as concepções dos adolescentes poderá indiciar
falta de informação e uma percepção da medida
limitada por vivências subjectivas onde a
precariedade económica é um factor central. A
pertença à categoria oficial de beneficiário
implica a atribuição de um estatuto social,
inferior e desvalorizado, que marca a
identidade dos adolescentes que a integram,
promovendo a ambição por um futuro sem RSI,
intimamente relacionado com a ideia de self
made-man e assente em estratégias concretas
que valorizam a educação e o emprego. São
necessárias, então, medidas de intervenção
consistentes, dirigidas a estes adolescentes,
que possibilitem a inversão das concepções
presentes e garantam projectos futuros bem
sucedidos.
- MACHADO, Natacha Maria Raposo
PAP1404 - Serviço militar voluntário, valorização profissional e reinserção sociolaboral em Portugal – os percursos profissionais dos ex-militares do Exército e da Força Aérea.
O problema da reinserção socioprofissional do ex-militar e/ou do reservista, entendido como desafio social e político, formulou-se especialmente em consequência da aplicação de forças armadas de conscrição em esforço guerreiro prolongado. As sociedades ocidentais, democráticas liberais, interpretaram esse desafio como um imperativo moral coletivo, tão expressivo, demonstrou-se, quanto maior o consenso social face à aplicação da força armada. No último quartel do século XX, a voluntarização sistemática do recrutamento dos contingentes militares suscitou uma interpretação do mesmo problema, moralmente mais ténue (dada a ausência de obrigatoriedade do serviço e dado o mais difuso racional, em tempo de paz, da dívida coletiva às Forças Armadas) mas operativamente também expressiva, ainda que de manifestação cronologicamente desconcentrada, diferida. Na Europa continental, as voluntarizações arrancaram na transição para os anos 90 do século passado, acompanhadas por um olhar sociológico essencialmente colocado a montante da prestação (no recrutamento). A necessidade de redireccionar esse olhar para jusante manifestou-se na transição para o século XXI, paulatinamente, à medida que se foram esgotando os tempos máximos de serviço dos primeiros incorporados (o que em Portugal sucedeu em 2000) e se herdou o desafio da reinserção.
O presente artigo constitui-se numa separata de um estudo mais extenso, desenvolvido pelo CES-ISCSP em protocolo com a DGPRM-MDN e destinado a estudar a reinserção socioprofissional dos ex-militares em Regime de Voluntariado e Regime de Contrato das Forças Armadas portuguesas. O artigo debruça-se, nesse âmbito, sobre o Exército e a Força Aérea, e na tentativa de estimar o impacto na valorização profissional e na facilitação da reinserção sociolaboral: a) da experiência militar, da especialização militar e das tarefas militares e b) das oportunidades qualificantes e de empregabilidade abertas pelo atual sistema de incentivos. O estudo é de cariz quantitativo e baseou-se na inquirição por questionário a uma amostra representativa de ex-militares voluntários e contratados das Forças Armadas portuguesas. Os resultados mostram genericamente que a experiência militar é muito significativa quer na requalificação quer na promoção profissional mas também que as taxas de desemprego incrementadas face aos segmentos civis comparáveis são reais e persistentes. Demonstra-se que em cerca de 60% dos casos, os ex-militares empregados se ocupam em atividades afins à militar (segurança, assistência e socorro) ou em atividades compatíveis com a sua especialização e/ou tarefas militares, e que é pouco expressiva quer a requalificação por educação/ formação paralela, quer a retoma de atividades abandonadas na adesão ao serviço militar. Cerca de um terço dos ex-militares mantém um vínculo público e uma proporção semelhante dedica-se às atividades afins referidas.
- FONSECA, Maria de Lurdes
PAP1583 - Sessão de abertura da Secção Temática de Sociologia do Consumo - texto 1
- SULKUNEN, Pekka
PAP1584 - Sessão de abertura da Secção Temática de Sociologia do Consumo - texto 2
- TRUNINGER, Mónica

Mónica Truninger, socióloga, integrou o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) em 2008 como investigadora auxiliar. Tem uma Licenciatura em Sociologia pelo ISCTE (1996), trabalhou como assistente de investigação no Observa entre 1997 e 2001 em vários projectos sobre ambiente e sociedade. Em 2001 vai para Inglaterra onde fez o seu doutoramento em Sociologia na Universidade de Manchester. A tese intitulada Organic Food in Portugal: Conventions and Justifications tratou o consumo e o mercado dos produtos de agricultura biológica em Portugal, particularmente na cidade de Lisboa. Entre 2005 e 2008 integrou uma equipa interdisciplinar das Universidades de Bangor (País de Gales) e de Surrey (Inglaterra) como investigadora de pós-doutoramento. Antes do regresso a Portugal, passou ainda pela Universidade de Cardiff (País de Gales) onde foi assistente de investigação num projecto comparativo entre o Reino Unido e Itália sobre ementas escolares e sustentabilidade. Em 2010 publicou o livro O Campo Vem à Cidade – Agricultura Biológica, Mercado e Consumo Sustentável, editado pela Imprensa de Ciências Sociais. E em 2012 publicará o livro em co-autoria com Mara Miele intitulado Children, Food and Nature: linking the plate and the planet through school meals (Ashgate). Tem publicado artigos em revistas internacionais como: Journal of Consumer Culture; Food Trends in Science and Technology; International Journal of Agricultural Resources, Ecology and Governance e International Journal of Life Cycle Assessment.
PAP0772 - Sexo, amor e género: trajectórias sexuais dos jovens para a vida adulta
Baseada em entrevistas semi-estruturadas, realizadas com 60 jovens-adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 29 anos, residentes em Leiria, e pertencentes a diferentes posições sociais, esta comunicação analisa as práticas e representações sexuais deste/as jovens. Argumenta-se que para a maioria do/as jovens entrevistado/as a sexualidade é especialmente valorizada em termos relacionais, embora haja espaço para a vivência de uma sexualidade mais individualizada, traduzida, por exemplo, no caso dos relacionamentos sexuais esporádicos.
Os significados e comportamentos relacionados com a sexualidade são diversos, múltiplos e, frequentemente, contraditórios. O/as jovens tendem a ter várias representações da sexualidade, sendo que estas tendem a ser dinâmicas, podendo por isso mudar no tempo. O/as jovens usam os diferentes guiões sexuais existentes na sociedade (romântico, essencialista, hedonista...) de acordo com as suas posições e circunstâncias sociais, os seus encontros inter-pessoais, e as possibilidades que estes admitem a um nível intra-psíquico.
Paralelamente, este/as não têm um ou outro tipo de relações sexuais e/ou amorosas. Antes, ele/as têm diferentes tipos de relacionamentos sexuais e/ou amorosos, geralmente de forma sequencial e intercalada. Contudo, estes diferentes tipos de relacionamentos têm valores diferenciados para o/as jovens, para além de que este/as têm distintas possibilidades de os vivenciar. O género, o nível educadional, a orientação sexual e/ou a posição perante a religião tendem a influenciar as representações e práticas da sexualidade deste/as jovens. Ademais, os dados sugerem a permanenciam do duplo padrão sexual, apesar de atenuado, nas narrativas do/as jovens, mesmo quando um padrão sexual singular é geralmente defendido.
- MARQUES, Ana Cristina
PAP0107 - Sexualidade Lúdica em Contexto Turístico: O Caso da Concentração Motard de Faro
O sexo e o romance fazem parte da vida quotidiana, mas tendem a ser mais proeminentes durante as férias. O turismo também faz parte das necessidades humanas e representa uma ruptura com a rotina do dia-a-dia. A relação entre turismo, sexo e romance tem sido estudada ao longo dos anos, permitindo uma maior compreensão do que motiva os turistas. No entanto, um consenso sobre o efeito moderador do sexo e do romance sobre a decisão de viajar ainda não existe. O ambiente também é uma variável importante para activar estes prazeres. Esse é o motivo pelo qual esta pesquisa incide sobre um evento lúdico onde a liberdade e os shows eróticos podem contribuir para atrair turistas, cujas principais motivações são o sexo e o romance. Com efeito, este estudo pretende analisar o tipo de prazeres que os turistas procuram quando decidem participar na Concentração Motard de Faro.
Recorrendo aos mixing methods, foi aplicado numa primeira fase um questionário a uma amostra representativa de 449 turistas nacionais e estrangeiros. O questionário tem 26 questões derivadas da literatura sobre motivações e atitudes dos turistas, especialmente focadas nos comportamentos sexuais em férias e durante o evento. Para validar esta recolha de dados, foram realizadas na segunda fase 18 entrevistas em profundidade (16 a motards e duas a informantes privilegiados).
Os resultados desta investigação sugerem que os visitantes da Concentração Motard de Faro não têm os mesmos comportamentos em férias. Distinguem-se dois clusters: um viaja com motivações sexuais/românticas e o outro viaja com motivações de diversão/socialização. Os resultados sugerem também que os comportamentos dos turistas dependem do género, levantando pistas importantes para a análise sociológica, nomeadamente sobre a relação entre género e sexualidade. Além disso, os comportamentos em férias não diferem dos que são adoptados no evento, significando que o sentido de fuga/evasão contribui mais do que o ambiente para a ocorrência de relações sexuais ou românticas. Finalmente, este estudo defende que quem viaja com motivações sexuais/românticas avalia o destino de forma mais positiva e apresenta uma maior intenção de retorno. Além disso, o evento não contribui directamente para melhorar as relações estabelecidas, sendo esta a consequência de um desejo intrínseco.
- LANÇA, Milene
- CORREIA, Antónia
- COELHO, Bernardo
PAP0846 - Sexualidade e género em Portugal: Os estilos de amor em 4 grupos geracionais
Os relacionamentos íntimos e a sexualidade são importantes para as pessoas em todas as idades, porém parece que até recentemente os investigadores do amor tinham priorizado os estudos com jovens estudantes universitários (Hendrick e Hendrick, 1992). O amor é parte integral para a formação e continuação dos relacionamentos íntimos, e porque o amor é essencial para a sobrevivência dos povos e do bem-estar (Bowlby, 1969), parece valer a pena aumentar a nossa compreensão de como este fenómeno é percebido ao longo do ciclo vital. A tipologia de Lee sobre as Cores do Amor (1973) e a Escala de Atitudes em relação ao Amor (Love Attitude Scale (LAS) de Hendrick e Hendrick (1986) foram um dos principais focos de pesquisa do amor romântico desde 1980. No entanto, poucos investigadores têm explorado as diferenças e semelhanças nas atitudes em relação ao amor e as diferentes formas de vivenciar a sexualidade ao longo do ciclo vital. O objetivo do presente estudo foi investigar, numa amostra intergeracional, como as pessoas vivenciam o romance e o prazer / desejo ao longo da sua vida. Com este fim, a Escala de Atitudes em relação ao Amor foi administrada a quatro grupos etários: adultos muito jovens (18 a 24 anos), jovens adultos (25-39), adultos da idade intermédia (40-59), e adultos idosos (pessoas com 60 ou mais anos). Participaram neste estudo 1284 pessoas. Cinquenta e dois por cento eram homens e quarenta e oito por cento eram mulheres. Os dados foram recolhidos na Grande Área Metropolitana de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal), num período de dezoito meses (Janeiro de 2010 a Julho de 2011).
Foram avaliadas medidas em relação aos dados demográficos e aos estilos de amor. Os resultados indicaram que o grau de preferência em relação aos tipos de amor é estável ao longo do ciclo vital: Eros, Ágape e Storge revelaram níveis mais elevados, enquanto Ludus, Pragma e Mania apresentaram níveis mais baixos de suporte. Em média, os homens eram mais lúdicos e ágapes do que as mulheres. Os resultados indicaram que a idade está relacionada com a atitude em relação ao amor nos estilos de amor Eros, Ludus, Pragma, Mania e Ágape.
PALAVRAS-CHAVE: Estilos de amor; Género, Idade, Intimidade, Sexualidade.
Agradece-se o apoio da Bolsa com a referência SFRH / BPD / 34850 / 2007 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
- PINTO, Maria da Conceição

- NETO, Félix

Maria da Conceição Paninho Pinto
Afiliação institucional,
FPCE, Universidade do Porto (Aluna)
área de formação,
- Ciências da Educação;
- Psicologia
interesses de investigação
"Amor e sexualidade ao longo do ciclo vital"
- Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia
Félix Fernando Monteiro Neto
Félix Fernando Monteiro Neto é desde 1977 docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde exerce desde 1993 as funções de Professor Catedrático do Grupo de Psicologia. Licenciou-se em Psicologia pela Universidade de Paris VII (1975), obteve o D.E.A (Diplôme d’Études Approfondies) em Antropologia Normal e Patológica pela Universidade de Paris V e École des Hautes Études en Sciences Sociales (1976). Doutorou-se em Antropologia Normal e Patológica pela Universidade de Paris V e École des Hautes Études en Sciences Sociales (1980) e em Psicologia Social pela Universidade do Porto (1985). Obteve a Agregação em Psicologia pela Universidade de Coimbra (1990).
É autor de dezasseis obras e de mais de duas centenas de artigos sobre Psicologia Social e Psicologia Intercultural. Estes artigos encontram-se publicados em diversas revistas nacionais e estrangeiras da especialidade.
E-mail: fneto@fpce.up.pt
PAP0137 - Sexualidade e género no quotidiano escolar: análise de uma formação contínua para professores/as de 1.º ciclo (EB) e educadores/as de infância
Esta comunicação aborda as questões de género e sexualidade no quotidiano escolar tendo como foco a investigação-ação que realizamos por meio de oficinas de formação com professores/as de 1.º ciclo (EB) e educadores/as de infância para identificar as representações, discutir e adquirir conhecimentos sobre questões de género e sexualidade na docência (com ênfase na análise da prática pedagógica), promovendo reflexão dos/as docentes sobre as suas práticas profissionais e desmistificação de alguns preconceitos que envolvem os papéis dos/as professores/as de 1.º ciclo (EB) e educadores/as de infância, incluindo as suas considerações sobre a sexualidade e o seu papel de género na docência, com a finalidade de que as suas ações para com os seus alunos e as suas próprias considerações se transformem. Portanto, enfocamos a formação do/a professor/a ao incitar reflexões e debates sobre as questões de género e sexualidade sobre como os papéis sexuais e de género ditos normais são construídos socialmente, questões que parecem distantes dos contextos escolares, mas que afloram nos mínimos detalhes da docência, designadamente nos aspectos da profissão considerados femininos (paciência/sensibilidade...) e nos preconceitos divulgados sobre a docência (como da incapacidade do homem para lidar com crianças). Atualmente, o povo português tem várias conquistas legais que atendem a urgência de respostas para as preocupações da sociedade referentes às questões relativas à saúde sexual e reprodutiva, à igualdade de género, ao direito de acesso à contracepção, à generalização do planeamento familiar, à promoção da maternidade e da paternidade responsáveis e conscientes e à garantia da não discriminação em função da orientação sexual, estas estão devidamente enquadradas no ordenamento jurídico de Portugal. Porém, tais conquistas ainda não se revertem em estatísticas igualitárias em questões de género e sexualidade. Por exemplo, a educação sexual ainda é pouco abordada nas escolas. Nas formações que implementamos percebemos que, apesar de investigações recenetes mostrarem que os/as docentes portugueses sentem-se à vontade para abordar esse assunto com os seus alunos, na realidade não estão tão à vontade assim, principalmente por causa da falta de estruturas que apoiem a iniciativa desses profissionais nas escolas, bem como por causa da falta de formação dos/as docentes para estas temáticas. Analisaremos, então, as motivações, representações e dúvidas destes docentes e os debates que surgiram sobre estas temáticas durante a formação.
- RABELO, Amanda Oliveira

Amanda Oliveira Rabelo é Pós-doutora em Ciências da Educação na Universidade
de Coimbra, com projeto de investigação financiado pela FCT, Doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Aveiro (2009), mestre em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) (2004) e licenciada em Pedagogia pela UniRio (2000). Atualmente é professora da UFF/INFES (RJ-Brasil). Tem publicações e atua com vários temas da educação principalmente com: formação de professores, género, escolha profissional, sexualidade, história da educação e educação especial.
PAP0607 - Sexualidades, juventude e educação: relações e configurações sociológicas entre sexualidades e género
De uma perspectiva sociológica da educação, este
texto procura dar conta dos debates de jovens
em torno da temática das sexualidades e
educação, de modo a captar as suas percepções
acerca das mudanças que têm (re)configuradp as
relações entre sexualidades, género e educação.
Concretamente, procura-se perceber a natureza e
extensão dessas mudanças, dando particular
atenção ao modo como o campo educacional está a
ser modelado. Trata-se de apresentar resultados
da pesquisa realizada no âmbito do Projecto
Sexualidades, Juventude e Gravidez Adolescente
a Noroeste de Portugal, financiado pela FCT.
São examinados alguns dos principais
desenvolvimentos e debates suscitados pela
análise de 42 Grupos de Discussão Focalizada,
realizados com rapazes e raparigas, de vários
contextos sociais, escolas básicas e
secundárias, em grupos mistos, só rapazes ou só
raparigas. Apesar de estar subjacente a este
texto uma compreensão localizada sobre
realidades nacionais, a análise e resultados
que se apresentam, não dispensa a confrontação
com estudos portugueses similares (Almeida e
al, 2004, Vilar e Gaspar, 2000, Moita 2006,
Fonseca 2009, Ferreira e Cabral 2010, Moita
2003, Nogueira, 2000). Dialoga-se também com o
conhecimento de países europeus (Kehily 2002;
Lees 2000, Aapola, Gonick, and Harris 2005,
Paetcher 2007; Allen 2008; Trimble 2009, Arnot
2009), ou com estudos brasileiros (Heilborn et
al, 2006; Louro, 2001) ou ainda com pesquisas
de autores/as australianas e americanas (Keddie
2009; Fine 2006 e 2009). Carrear estas
perspectivas permite compreender melhor “as
comunidades de interpretação das sexualidades”
locais/globais (Kehily & Nayak, 2009).
construídas pela juventude portuguesa, ao mesmo
tempo que mobiliza os desafios científicos e
dos movimentos e fóruns sociais, relacionados
com cidadania sexual e intima. As categorias
encontradas no mundo das sexualidades (lugares
de género, relações diferenciais geracionais,
sexualidades normativas e marcadas, contextos
de aprendizagem e educação; sexualidades (des)
protegidas; gravidez jovem e DST, sujeitos de
confidencialidade, controlo e pressão nos
relacionamentos; etc.) permitem considerar
como, apesar dos passos dados de maior
igualdade de género e sexual, os padrões
tradicionais e conservadores continuam a actuar
como pesadas formas de direccionamento social,
embora em moldes ressignificados,
considerando o nível das relações de género,
poder e autonomia.
- FONSECA, Laura
- Simões, Ana
- SANTOS, Sofia A.
- ARAÚJO, Helena C.

Helena Costa Araujo
hcgaraujo@mail.telepac.pt;
haraujo@fpce.up.pt
Professor of Sociology of Education
and Gender Studies
University of Porto/Faculty of Psychology and Education
and Director of the
Centre for Research in Education (CIIE)
tel. 351.22.6079700
fax. 351.22.6079725
http://www.fpce.up.pt/ciie/?q=researchers/helena-c-araújo
PAP1059 - Significados, práticas e negociações masculinas da parentalidade na conjugalidade e na residência alternada
A comunicação pretende apresentar os resultados da investigação de dinâmicas de construção da paternidade em parcerias parentais, a partir do estudo qualitativo de duas realidades familiares distintas: a dos homens que se encontram numa primeira conjugalidade; e a dos homens que, após divórcio ou separação, vivem em regime de guarda conjunta com residência alternada. O principal objectivo foi compreender a transformação e a diversidade social da paternidade na sociedade portuguesa contemporânea, identificando os processos sociais e as lógicas de acção que a tecem nas interacções quotidianas da vida familiar.
Para atingir os objectivos propostos, privilegiou-se uma abordagem das dinâmicas internas da paternidade. Através da análise dos sentidos subjectivos, práticas e identidades paternas, procurou-se perceber a relação entre lógicas de relacionamento pai-filhos e lógicas de cooperação parental. Adicionalmente, para aferir a sua autonomia relativa, procurou-se inscrever as dinâmicas de paternidade nos tempos sociais e biográficos dos percursos de vida, das relações sociais de género e dos posicionamentos sociais que as modelam.
Verificou-se que os modos de construir a paternidade, na relação com os filhos e na cooperação parental, são vários e complexos, como exemplificam os perfis que identificámos: na conjugalidade encontrámos paternidades conjuntas, de apoio, incentivadas, electivas e autónomas; na residência alternada identificámos paternidades assertivas, reconstruídas, conjuntas e condicionadas.
No que diz respeito às dinâmicas internas da paternidade foram essencialmente quatro os eixos de diversificação e mudança identificados. Primeiro, a articulação entre a adesão a uma nova norma de paternidade próxima e a negociação de modelos de partilha parental e conjugal. Segundo, a construção da proximidade paterna através de um processo de individualização e de autonomização das interacções pai-filhos. Terceiro, a negociação do lugar do homem no sistema de relações familiares e do papel paterno nas parcerias parentais. Finalmente, a influência dos percursos masculinos na reconstrução da paternidade após a dissolução conjugal:
Apesar da importância dos aspectos mais interaccionais na construção da paternidade, o papel dos constrangimentos e oportunidades estruturais não deve ser negligenciado. Assim, a pesquisa contribuiu igualmente para assinalar o efeito modelador das relações de género, dos volumes desiguais de recursos parentais (nomeadamente, tempo, competências, escolaridade, conhecimento acerca das singularidades dos filhos, etc.) e das posições sociais e económicas de cada progenitor.
- MARINHO, Sofia

Sofia Pappámikail Marinho doutorou-se em Ciências Sociais, especialidade Sociologia Geral, pela Universidade de Lisboa em 2012. Tem-se dedicado ao estudo da paternidade, da coparentalidade, das interacções e do género na família. É actualmente investigadora júnior no OFAP- Observatório das famílias e das políticas de família, no ICS-UL.
PAP0833 - Sindicalismo en Argentina antes y después de la crisis del 2001.
GT: SOCIEDADE, CRISE E RECONFIGURAÇÕES NA AMÉRIC LATINA
En el contexto de las características políticas y económicas que adquirieron algunos países de América Latina en los últimos años, resulta interesante reflexionar en el caso de Argentina, en el papel jugado por el actor sindical. En particular, en este trabajo nos proponemos reflexionar sobre algunos de sus rasgos comparando la situación de los años ´90 y aquellos años posteriores a la crisis del 2001.
En la segunda mitad de la década del ´90, en pleno auge del modelo neoliberal, el papel del sindicalismo, como motorizador y expresión del conflicto social, se debilitó. En un contexto económico recesivo y de aumento de la desocupación, se consolidaron los movimientos de trabajadores desocupados o “piqueteros”. Si bien las protestas sindicales no desaparecieron, los conflictos se caracterizaron por ser, más bien, de carácter “defensivo” debido a las consecuencias nefastas del proceso de privatizaciones, a la alta desocupación y el temor de perder el empleo. Como señala la literatura especializada, los principales objetivos de las protestas fueron el pago de sueldos adeudados, la lucha contra la reducción del salario y contra los despidos, la defensa de la fuente de trabajo, etc. En ese marco, el sindicalismo oficial de la principal central sindical argentina, la Confederación General del Trabajo (CGT) se caracterizó por sus rasgos de “sindicalismo empresario”, en clara connivencia con las reformas neoliberales.
La compleja situación política y económica de finales de los ´90 hizo eclosión en la crisis del 2001.
Hacia el año 2003, Néstor Kirchner asumió la presidencia con un discurso crítico al neoliberalismo iniciándose el proceso denominado de “recomposición institucional” en el que se reubicaban gradualmente los sindicatos en el centro de la escena política, en tanto expresiones de la conflictividad social-laboral. En efecto, con condiciones económicas favorables, aumento de la inflación y un gobierno afín a la tradición sindical peronista, los sindicatos encuentran las posibilidades de intensificar reclamos laborales que hasta entonces permanecían latentes y los conflictos adquirieron un carácter más “ofensivo” teniendo en cuenta el contexto de reactivación económica.
De este modo, el sindicalismo se re-posicionó en un lugar de “fortalecimiento” en el escenario argentino a partir del 2003, rasgo que continúa, con algunas particularidades, hasta nuestros días. Identificar las características de dicho fortalecimiento es otro de los objetivos del presente estudio.
- COSCIA, Vanesa

Vanesa Coscia. Es Doctora en Ciencias Sociales por la Universidad de Buenos Aires (UBA).
Becaria posdoctoral del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), con sede institucional en el Instituto de Investigaciones Gino Germani (Facultad de Ciencias Sociales, UBA). Se especializó en el estudio interdisciplinario de temas laborales/sindicales y del área de comunicación y cultura.
PAP1136 - Sindicatos portugueses, utilização da internet e culturas digitais
A grande maioria dos movimentos sindicais dos países mais desenvolvidos passou a enfrentar uma crise a partir dos anos 70. Com vista a superar esses tempos difíceis (Chaison, 1996) desenvolveram um conjunto de estratégias
diversificadas, entre as quais se conta a adoção das TIC – Tecnologias da Informação e da Comunicação e, em particular, a utilização da internet.
Os sindicatos adotaram estas tecnologias mais tardiamente do que as empresas ou outro tipo de organizações (Ad-Hoc Committee on Labor and the Web, 1999; Fiorito et al., 2000; Pinnock, 2005), mas as vantagens competitivas que elas
oferecem e a sua flexibilidade encorajou-os a utilizarem-nas de uma forma crescente.
Um pouco por todo o mundo, os sindicatos estão a fazer um investimento significativo no campo das TIC, utilizando-as em diversas áreas com
determinados objetivos. Alguns estudos revelam que esse investimento tem tido um impacto relevante na organização mas um efeito mais mitigado na eficiência geral dos sindicatos (Fiorito et al, 2002). Contudo há autores
que vão mais longe enfatizando que as TIC têm não apenas um grande impacto nos resultados da atividade sindical mas contribuem também para uma transformação qualitativa levando à emergência de novas formas de organização sindical. Os conceitos de e-union (Darlington, 2000) e cyberunion (Shostak, 1999, 2002) são disso exemplos.
No entanto, o insuficiente ou baixo grau de literacia informática suscita a questão da mudança cultural na transição do uso de dispositivos e práticas analógicas para novos sistemas e práticas digitais. Esta transição
problemática poderá explicar, pelo menos parcialmente, a lentidão na adoção das TIC por parte de sindicatos cujas lideranças tiveram determinadas trajetórias específicas (Castells, 1999; Dantas, 1999; Kroker e Weinstein, 1994; Santos, 2002; Mattelart, 2000).
Com esta comunicação visa-se compreender as razões que levaram os sindicatos portugueses a adotar as TIC, a relativa lentidão com que tal foi feito sobretudo em alguns deles, e os fatores que condicionam essa adoção. Pretende-se também analisar as atitudes dos líderes sindicais para com as TIC. Metodologicamente, aliou-se a análise extensiva (inquérito realizado junto dos sindicatos portugueses ativos em 2011 e análise da presença sindical na internet), à análise intensiva (estudo de caso incidindo sobre a CGTP-IN).
- CORREIA, Manuel

- ALVES, Paulo Marques

- GARRIDO, Ulisses

- GONÇALVES, Luís

- FIDALGO, Fernando

Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
Esta comunicação é o resultado de um trabalho colectivo envolvendo cinco sociólogos (Manuel Correia, Paulo Marques Alves, Ulisses Garrido, Luís Gonçalves e Fernando Fidalgo), cujos interesses de investigação incidem sobre o sindicalismo, as tecnologias da informação e da comunicação e as relações laborais e será apresentada por Ulisses Garrido, director do Departamento de Educação do ETUI – European Trade Union Institute.
PAP0398 - Sistema Educativo e Formação das Novas Gerações
Resumo em tópicos:
Síntese caracterizadora da crise do nosso tempo e suas incidências no sistema educativo e nos processos formativos: reconsideração de conceitos como os de «educação», «formação», «cultura», «paideia», «civilização», «humanismo», «cidadania», «arte», «ciência», «investigação», «técnica», «tecnologia», «burocracia»...; referência à mundividência «pós-modernista»: lacerações e derivas; a crise de valores e a crise das Humanidades; contributo reflexivo para uma superação re-humanizadora, direccionada para o que poderá ser um «projecto de cidadania» para as novas gerações. Do paradigma científico-tecnológico (em sua mais instrumental e desumanizada configuração tecno-burocrática...) para um paradigma antropo-agógico, sófico-epistémico e axiológico-poiético.
PAP0697 - Sistema de Saúde Brasileiro: Mudanças e reconfigurações (1988-2010)
A ideologia se faz presente em todos os aspectos da sociedade, inclusive na produção intelectual das ciências sociais. O objetivo desta pesquisa é investigar as questões ideológicas que colaboram para que os serviços públicos em saúde sobrevivam em condições precárias. Um eixo inicial de análise partirá dos discursos sobre a “individualização” e da “eficiência” aplicados à saúde como uma configuração ideológica que se opõe à ideia de direitos sociais. Um dos focos do trabalho está na transição do SUS, de suas origens no movimento sanitarista dos anos 1970 até o presente, analisando as origens do projeto de implementação dos serviços do SUS e o fomento à expansão do sistema de saúde privado. A análise teórica reflete sobre o discurso da individualização, que será considerado a partir de duas vertentes: a primeira se refere à concepção tradicional, ou seja, no sentido de “individualismo metodológico”, que fundamenta as estratégias de mecanismos de mercado na prestação de serviços públicos; a segunda corresponde à tese da individualização institucionalizada, como proposta por Ulrich Beck e Elisabeth Beck-Gernheim. No cenário histórico brasileiro houve um arrefecimento dos movimentos sociais nos anos 90 , em especial do movimento da Reforma Sanitária logo após a consolidação dos direitos da saúde na constituição de 1988. A partir da oficialização dos direitos para o setor da saúde na constituinte, a busca pela efetivação na prática desses direitos tomou outro caminho. Por um lado a via da individualização se fortalece com os planos e seguros de saúde. Ou seja, a conquista do direito a saúde está sendo efetivado pela via da esfera judiciária ou através do mercado de planos e seguros de saúde e não pelo Sistema Universal de Saúde. No contra projeto das sociedade modernas, Beck afirma que o ideal de igualdade passa a ser o impulso a segurança. O lugar do sistema axiológico da sociedade “desigual” é ocupado assim pelo sistema axiológico da sociedade “insegura” . Enquanto a utopia da igualdade contém uma abundância de metas consteudístico - positivas de alterações social, a utopia da segurança continua sendo peculiarmente negativa e defensiva: nesse caso, já não se trata de alcançar efetivamente algo “bom”, mas tão somente de evitar o pior. O sonho da sociedade de classe é: todos querem e devem compartilhar do bolo . A meta da sociedade de risco é: todos devem ser poupados do veneno. Ainda há muito a fazer para que o sistema de saúde brasileiro se torne universal. Nos últimos vinte anos houve muitos avanços, como investimento em recursos humanos, em ciência e tecnologia e na atenção básica, além de um grande processo de descentralização, ampla participação social e maior conscientização sobre o direito à saúde. No contexto atual, as relações entre o SUS e a saúde suplementar, provocam desafios para o futuro do sistema universal.
- JURCA, Ricardo de Lima

Ricardo de Lima Jurca possui Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e atualmente cursa mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Seguindo a linha de pesquisa Estado, pensamento social e ação coletiva possui experiência sobre pesquisas de políticas públicas de saúde mais especificamente sobre a relação entre o sistema público e privado de saúde com a recente expansão dos planos e seguros de saúde no Brasil.
PAP0982 - Sistema de Saúde Brasileiro: Mudanças e reconfigurações (1988-2010)
A ideologia se faz presente em todos os aspectos da sociedade, inclusive na produção intelectual das ciências sociais. O objetivo desta pesquisa é investigar as questões ideológicas que colaboram para que os serviços públicos em saúde sobrevivam em condições precárias. Um eixo inicial de análise partirá dos discursos sobre a “individualização” e da “eficiência” aplicados à saúde como uma configuração ideológica que se opõe à ideia de direitos sociais. Um dos focos do trabalho está na transição do SUS, de suas origens no movimento sanitarista dos anos 1970 até o presente, analisando as origens do projeto de implementação dos serviços do SUS e o fomento à expansão do sistema de saúde privado. A análise teórica reflete sobre o discurso da individualização, que será considerado a partir de duas vertentes: a primeira se refere à concepção tradicional, ou seja, no sentido de “individualismo metodológico”, que fundamenta as estratégias de mecanismos de mercado na prestação de serviços públicos; a segunda corresponde à tese da individualização institucionalizada, como proposta por Ulrich Beck e Elisabeth Beck-Gernheim. No cenário histórico brasileiro houve um arrefecimento dos movimentos sociais nos anos 90 , em especial do movimento da Reforma Sanitária logo após a consolidação dos direitos da saúde na constituição de 1988. A partir da oficialização dos direitos para o setor da saúde na constituinte, a busca pela efetivação na prática desses direitos tomou outro caminho. Por um lado a via da individualização se fortalece com os planos e seguros de saúde. Ou seja, a conquista do direito a saúde está sendo efetivado pela via da esfera judiciária ou através do mercado de planos e seguros de saúde e não pelo Sistema Universal de Saúde. No contra projeto das sociedade modernas, Beck afirma que o ideal de igualdade passa a ser o impulso a segurança. O lugar do sistema axiológico da sociedade “desigual” é ocupado assim pelo sistema axiológico da sociedade “insegura” . Enquanto a utopia da igualdade contém uma abundância de metas consteudístico - positivas de alterações social, a utopia da segurança continua sendo peculiarmente negativa e defensiva: nesse caso, já não se trata de alcançar efetivamente algo “bom”, mas tão somente de evitar o pior. O sonho da sociedade de classe é: todos querem e devem compartilhar do bolo . A meta da sociedade de risco é: todos devem ser poupados do veneno. Ainda há muito a fazer para que o sistema de saúde brasileiro se torne universal. Nos últimos vinte anos houve muitos avanços, como investimento em recursos humanos, em ciência e tecnologia e na atenção básica, além de um grande processo de descentralização, ampla participação social e maior conscientização sobre o direito à saúde. No contexto atual, as relações entre o SUS e a saúde suplementar, provocam desafios para o futuro do sistema universal.
- JURCA, Ricardo de Lima

Ricardo de Lima Jurca possui Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e atualmente cursa mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Seguindo a linha de pesquisa Estado, pensamento social e ação coletiva possui experiência sobre pesquisas de políticas públicas de saúde mais especificamente sobre a relação entre o sistema público e privado de saúde com a recente expansão dos planos e seguros de saúde no Brasil.
PAP1263 - Situação de risco, vulnerabilidade social e extensão de desastres
Os altos índices pluviométricos gerados por chuvas ininterruptas e torrenciais em áreas urbanas têm provocado no Brasil nos últimos anos uma série de inundações, enchentes e deslizamentos de terras. Tais fenômenos extraordinários, originários em parte das transformações ambientais globais advindas do processo de modernização industrial, tecnológico e urbano, ganham a dimensão de desastres sociais em razão, sobretudo, da vulnerabilidade social existente em sociedades cuja estrutura social é extremamente desigual e hierarquizada, como o Brasil.
Por mais que autoridades governamentais afirmem, na tentativa de se desvencilharem politicamente de responsabilidades, mesmo que baseados em pareceres técnico-científicos, que esses tipos de desastres têm origem em fenômenos naturais de grande magnitude, não há como ignorar que tais fenômenos ganham a dimensão de grandes desastres por conta especialmente da precária estrutura habitacional existente, bem como da falta de planejamento urbano integrado e abrangente que contemple e não discrimine determinados setores da sociedade. Geralmente, as autoridades governamentais, ao culpabilizarem a natureza pelos desastres, trabalham com o argumento de que estes são fenômenos extraordinários que ocasionam o rompimento de uma normalidade social. As ações desses agentes sociais passam, portanto, a estar voltadas a restabelecer a normalidade social interrompida por tais fenômenos naturais.
Trabalho nesta comunicação com o suposto analítico de que esses fenômenos não podem ser vistos apenas como um evento que se configura pela descontinuidade de uma determinada normalidade social, mas sim que os mesmos desvelam e evidenciam uma ordem social vigente. Ordem social essa que é uma das principais responsáveis pelo risco social de determinados grupos frente a esses eventos naturais. Opero, portanto, na construção dessa argumentação teórica, que fenômenos naturais só podem ser articulados à idéia de desastres mediante à sua imbricação com o mundo social e, para isso, não se pode analisar um evento desse tipo sem que ele seja relacionado a um determinado contexto e estrutura social, uma vez que o que caracteriza ou não um desastre, bem como um risco social, é justamente a sua dimensão social, o que passa inclusive e principalmente pela percepção destes como tais. Especificamente, analiso a forma, a abrangência e as implicações da atuação governamental em relação ao desastre social ocorrido por ocasião da enchente e deslizamento de terras ocorridos em diversas localidades do município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, como no Morro de Bumba, antigo local de depósito de lixo, no início do mês de abril de 2010, que levou à óbito mais de cem moradores do município, além de milhares de desabrigados e desalojados, e que tem conseqüências de ordem social até hoje.
- BARBOSA, Fernando Cordeiro
PAP1360 - Slow travel: em busca de uma nova forma de mobilidade
O incremento mundial das viagens por lazer vem despertando o interesse da academia e do mercado em busca da compreensão de novos rituais, códigos, representações e comportamentos de consumo, fomentando a discussão sobre a sustentabilidade de deslocamentos cada vez mais intensos e velozes.
O estudo busca contextualizar o slow travel como uma nova forma de deslocamento por lazer, investigando proximidades e contrastes com as formas tradicionais de turismo. Atributos como memorabilidade, personalização, intensidade e subjetividade da experiência da viagem são confrontados na experiência slow.
A partir das relações com outros movimentos slow, predominantes na Europa e ainda incipientes no Brasil, como o Slow Food e o Slow Cities, pretende-se identificar os elementos que se apresentam como representativos das práticas desse consumo, tais como a duração da viagem, os meios de transporte utilizados, o envolvimento com as comunidades visitadas e até mesmo a opção por um estilo de vida que se confirma na forma de viajar, colocando o slow travel em evidência como alternativa sustentável para o paradigma da mobilidade.
O encontro de um ritmo próprio no desfrutar a viagem, defendido pelo movimento slow em todas as suas nuances, não exclui ou disputa espaço com a cultura da aceleração, que é inerente às sociedades atuais. Mas põe em xeque a centralidade e a necessidade da velocidade excessiva. Se comunicar é deslocar-se e deslocar ideias, signos, símbolos, tecnologias, produtos e imagens, podemos assumir que a valorização de uma temporalidade mais sutil e qualitativa permite que as interações e consequentemente a própria construção de cultura se beneficiem de um aprofundamento e de uma perenidade maior.
Os conceitos de mobilidade e motilidade, defendidos por John Urry, são utilizados como base teórica para a discussão do assunto e sinalização de futuros desdobramentos de pesquisa. Propõe-se refletir sobre o contraste entre uma maior liberdade para realizar deslocamentos por lazer (mobilidade) e o potencial de movimento, entendido como uma junção de habilidades, acessos e apropriações que constituem o que Urry batizou de capital de motilidade.
- GOULART, Raquel
PAP0757 - Sob o leito de procusto: sistema judicial e a criminalização da luta pela terra
“Através do presente remeto a Vossa Excelência, para conhecimento, análise da situação atual vivenciada em nossa região, envolvendo o MST e outros movimentos análogos, vemos com preocupação as perspectivas futuras de segurança neste estado, face o acirramento de ânimos e a aparente mudança de objetivos dos chamados movimentos sociais em atuação em nosso país.” essas palavras iniciam um dossiê realizado pelo então comandante da Polícia Ostensiva do Planalto, Coronel Waldir João Reis Cerutti, que se propunha a investigar as ações do MST e seus vínculos com as FARC na região Norte do Rio Grande do Sul, entregue em caráter sigiloso ao judiciário gaúcho.
A partir desse dossiê uma série de eventos serão alinhavados na disputa pelo território no norte do Rio Grande do Sul que ultrapassou a disputa entre os proprietários rurais e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tendo a atuação significativa do Poder Judiciário Estadual e Federal, bem como do Ministério Público Estadual e Federal, dentre elas: 1 ação penal com base na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7170/83), Ações Civis Públicas para impedir o funcionamento das escolas itinerantes do MST, decretação de áreas de segurança, enfim, medidas judiciais para decretar a extinção do MST.
O resgate da história que gestou a ação penal na Lei de Segurança Nacional é reveladora da construção discursiva, tanto no campo judicial, quanto social, do chamado inimigo do Estado (Carl Schmitt) fornecendo indícios das permanências históricas do poder punitivo no discurso jurídico, centrado na noção de controle social, ao mesmo tempo, desvela as novas configurações apontadas no marco punitivo neoliberal.
O presente trabalho é fruto da minha tese de doutorado em que analisei o discurso jurídico a partir dos processos e por meio de entrevistas dos operadores juridicos (juízes, promotores, advogados e réus), recuperando suas visões de mundo, enfim, o capital social individual.
A análise do discurso do intérprete torna-se fundamental quando se tem em mente que a norma não fala por si só, assim, o texto normativo configura-se como um campo de disputa, daí a metáfora com o mito grego do leito de Procusto.
Procusto era um conhecido ladrão, que agia no caminho para Atenas. Ele não apenas assaltava os que passavam pela estrada, mas fazia um teste para que suas vítimas pudessem seguir adiante: os levava para o seu leito, uma cama de ferro, na qual, se a pessoa fosse maior, cortava-lhes os pés, e sendo menor, esticava-lhes os membros até que coubessem na cama.
Se para o positivismo o leito se resumia à norma positivada, hoje, com a multiplicidade de correntes no campo jurídico, o leito sobre o qual se deitam os que reivindicam direitos será dimensionado pelo intérprete. Nossa hipótese parte do pressuposto que no campo penal o paradigma será sedimentado na noção de um Estado de Exceção (Agamben) global, que imporá um leito de Procusto bem reduzido, ampliando as vítimas do sistema penal.
- VIEIRA, Fernanda Maria da Costa
PAP0014 - Sobre a virtualização do lazer
Num contexto de
crescente
(des)regulação e
globalização das
atividades humanas
contemporâneas, esta
comunicação
apresenta e discute
os resultados dum
inquérito
eletrónico, a partir
do qual se infere
como o lazer dá
sinais de estar a
ficar domiciliado,
desmaterializado e,
sobretudo,
virtualizado.
- FABRÍCIO, Ricardo

Ricardo Fabrício
Doutorado em Sociologia Económica e das Organizações (ISEG/UTL), professor auxiliar na Universidade da Madeira e investigador do SOCIUS (ISEG/UTL).
Interesses de investigação: ideologias económicas e empresariais; lazer; turismo; empregabilidade e empreendedorismo.
PAP0713 - Sobre as Possibilidades de Participação Política na Esfera do Consumo
Sobre as Possibilidades de Participação
Política na Esfera do Consumo
Djalma Eudes dos Santos
Bolsista do CNPQ/CAPES, é Doutorando no
Programa de Pós-Graduação em Sociologia da
Universidade Federal de Minas Gerais
(PPGS/UFMG) e Mestre em Sociologia.
Endereço eletrônico: djalma@ufmg.br
Telefone do autor: + 55 31 88154410
RESUMO:
O debate que aqui se propõe visa traçar um
abreviado perfil do conjunto de estudos e
pesquisas relacionados aos movimentos ou formas
de associação de consumidores. Pelo estudo
deste fenômeno é possível ilustrar e lastrear
empiricamente uma das faces da crescente
participação política na esfera do consumo.
Estudos recentes destacam a politização do
consumo com¬o um fator relevante na formação de
uma nova consciência de cidadania e tal
politização nos remete, frequentemente, à
participação em movimentos que se organizam
para defender os interesses dos consumidores.
Este campo de pesquisas, assim apresentado, nos
abre imensas possibilidades analíticas,
principalmente quando consideramos suas
conexões com os principais temas que foram
impulsionadores de ação coletiva e lutas
sociais durante o Século XX – um século marcado
por importantes mudanças sociais que foram, de
algum modo, detonadas pelas crises e clivagens
estruturais na matriz ideológica do
industrialismo. Notadamente a partir da segunda
metade do século passado, pela emergência de
padrões e níveis de consumo centrados em
modelos que têm levado ao uso dos recursos
naturais em níveis preocupantes, somos
desafiados a construir novas ferramentas
analíticas e a considerar novos fenômenos em
nossas reflexões. Com o apoio metodológico de
uma análise comparativa, faremos uma explanação
do ativismo de consumidores utilizando dados da
Europa e América Latina. Destacaremos os
momentos de maior alcance político de temas
específicos como: custo de vida ou carestia de
vida; direitos dos consumidores; consumo
consciente, consumo e sustenbilidade; dentre
outros não menos importantes. Como um resultado
desta análise, evidenciaremos a ocorrência duma
importante mudança no principal tema da agenda
que orientou os movimentos de consumidores dos
anos 1970, a saber, a questão do custo de vida
e da carestia, e o processo de translação da
temática com cariz socioeconômico para o atual
foco socioambiental, o que configura um novo
discurso para a ação política no campo do
consumo.
- SANTOS, Djalma Eudes dos

Djalma Eudes dos Santos (PAP0713)
Graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Especialista em Elaboração de Projetos Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG-2007); Mestre em Sociologia (UFMG-2009), cursando o Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS/UFMG, início em 2010). Atualmente tenho me dedica a uma pesquisa sociológica sobre como são construídos os mercados consumidores de produtos orgânicos no Brasil.
PAP0709 - Sobre o tratamento técnico e conceptual de objectos residuais
Esta comunicação recai sobre objectos quotidianos em períodos pós uso ou pós consumo. Quase todos os artefactos da vida prática, desde clipes de papel a automóveis, são tratados como meros dejectos ao passarem a fronteira das suas utilidades materiais ou simbólicas. No campo técnico, os macro sistemas de gestão de detritos, tidos como principal destino para os nossos objectos residuais, desde incinerações a deposições em aterros, prestam serviços essenciais na ordenação e renovação do mundo físico. Mas as suas linhas duras de higienização conduzem no presente a dejectificações extremas destes objectos, mesmo quando na ausência iminente de ameaças biológicas ou semelhantes. Em acréscimo, se muitas das suas propostas de substituição, como as reciclagens ou os reusos industriais, desaceleram ou evitam alguns efeitos da entropia material, a longo prazo, elas seguem programas paralelos de desconsideração e erradicação dos objectos em si.
Por sua vez, no campo conceptual tais objectos têm tratamento similar. Os discursos analíticos dominantes, essencialmente ligados ao pensamento social da ciência e técnica, enquadram também esta categoria de objectos enquanto problema a resolver, desde males ambientais de uma sociedade de risco, a distúrbios psicanalíticos de uma sociedade de consumo. Além de museologias tradicionais ou valorizações fetichistas do passado, o pensamento social raras vezes aborda objectos depois das suas trajectórias úteis. Verifica-se um interesse quase exclusivo no artefacto apenas nos instantes da sua invenção, produção, distribuição ou uso, desde os estudos sobre a construção social da tecnologia fascinados com o novo e a inovação, a estruturalismos mais ou menos críticos da cultura material que hoje cruzam a alienação com novos arqueologismos.
Contudo, quer do lado técnico, quer do lado conceptual, existem outros quadros práticos e teóricos que trabalham estes objectos com perspectivas mais favoráveis à sua consideração e aproveitamento. Esta comunicação ao recair sobre objectos residuais da vida quotidiana, focará assim os contrastes e pontos de contacto entre os seus principais programas de tratamento tecnológico e epistemológico e estes outros caminhos alternativos. A discussão irá, no campo técnico, desde os sistemas hierárquicos de gestão de detritos a um debate sobre a respiga para suprimento de necessidades práticas, e no campo conceptual, do apagamento heurístico operado pela narrativa ecológica que ocupa o pensamento socioantropológico no domínio dos resíduos, até às recuperações epistémicas de artefactos obsoletos ou descartados que são hoje efectuadas por novos estudos sociais do lixo e dos dejectos.
- PÓLVORA, Alexandre
PAP1383 - Sobre os Festivais nacionais de cinema e as suas comunidades: pistas de reflexão assentes em dois estudos de caso
O objectivo desta comunicação será apresentar e debater alguns resultados preliminares de uma pesquisa em curso. Trata-se, mais concretamente, de uma investigação integrada num projecto de doutoramento, que visa a compreensão, a partir dos instrumentos teórico-metodológicos tornados disponíveis pela Sociologia, do universo dos participantes de dois festivais de cinema em Portugal: o Curtas - Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde (que tem lugar, há quase duas décadas, em Vila do Conde, uma pequena cidade relativamente próxima da cidade do Porto) e o IndieLisboa (um Festival mais jovem que ocorre na capital portuguesa, Lisboa).
Um dos aspectos que a presente comunicação pretenderá debater será, justamente, o papel dos festivais culturais num universo cultural mais lato, por um lado, e o que tais eventos representam para as cidades contemporâneas, por outro lado. É inegável a progressiva proliferação dos festivais culturais em anos mais recentes, o que poderá levar-nos a questionar a respeito da própria (eventual) reconfiguração do fenómeno “Festival”. Fará ainda sentido pensar os festivais – sejam eles culturais, desportivos, etc. – como uma espécie de rituais profanos ou dessacralizados, capazes de fazer renascer a magia do sagrado e do ritual cerimonial, como referiam Maisonneuve (1988) ou Fabiani (2001)? Ou serão estes eventos, cada vez mais, ferramentas essenciais para o desenvolvimento de estratégias de marketing cultural e para a criação de “imagens de marca” das cidades, substituindo, muitas vezes, directrizes culturais de cariz mais sistemático e duradouro? E as hipotéticas instrumentalização e/ou banalização do formato “Festival” terão, ou não, consequências na forma como os públicos destes eventos os consomem e apropriam?
Tendo presentes estas questões, a apresentação visa discutir o significado e a complexidade associados à participação em festivais culturais. Com base em material recolhido a partir de uma abordagem simultaneamente extensiva e etnográfica, serão debatidos: i) a relação entre os festivais de cinema, a formação de identidades e e a (re)definição de estilos de vida urbanos; ii) a influência dos festivais na construção social do gosto e na definição de uma relação específica com a cultura e com o cinema; iii) e a relação entre os públicos dos festivais e os diferentes contextos onde se inserem os festivais em estudo.
- LEÃO, Tânia
PAP0076 - Sobre religião e sobre consumo na sociedade contemporânea
A comunicação trata
do lugar da religião
na sociedade
contemporânea a
partir da reflexão
das relações entre o
sagrado e a cultura
do consumo, campo
pleno de atualidade
e que remete ao
clássico tema das
relações entre
religião e
modernidade. Parte
da constatação da
existência na
sociedade
contemporânea de uma
variada e ampla
plêiade de
expressões/modulações religiosas,
desde a qual, e na
companhia de
Featherstone, de
Derrida e de
Vattimo, entre
outros, questiona a
doxa corrente sobre
religião, propondo
outra via de
entendimento do
sagrado na
contemporaneidade,
segundo a qual o
sagrado em plena
sintonia com o
espírito da época,
possibilita
experiências
lúdicas, hedonistas
e hibridizantes,
pois que se acomoda
no mercado de
consumo, ao lado de
outros complexos
significativos.
Conclui com a ideia
de que a religião
continua a atuar
sobre a vida, a ser
fonte de sentido e
de experiência, mas
não necessariamente
e unicamente sob a
forma exclusivamente
formal da religião
institucional e
tradicional,
indicando a
necessidade de, num
plano eminentemente
conceitual, para que
compreendamos de um
modo mais acurado e
aprofundado a
cultura
contemporânea e o
lugar que nela cabe
à religião, repensar
nossas definições
usuais de cultura e
de religião,
considerando sua
ancoragem
epistêmica.
PAP0171 - Sobre(Viver) com Violência… Um olhar sociológico sobre a construção de trajectórias de violência de género nas relações amorosas
A violência interpessoal, sobretudo quando ocorre nas relações amorosas, raramente é um acto isolado, repete-se ciclicamente configurando trajectórias de violência que, quando vividas no feminino, tendem a prolongar-se no tempo.
Esta comunicação sintetiza resultados da investigação de doutoramento da autora que procura comparar dois cenários de vitimação – a feminina versus a masculina – e dois modos distintos de experienciar violência – mulheres e homens vítimas com trajectórias, versus, sem trajectórias de vitimação.
A informação utilizada deriva do aprofundamento de parte dos dados do Inquérito Nacional Violência e Género, realizado pelo CesNova, em 2007 e dizem respeito, unicamente, ao total de vítimas que sofreram pelo menos 1 de 52 actos de violência física, psicológica e/ou sexual. Para identificação das trajectórias, consideraram-se não só casos de mulheres e homens que referiram ter sido vítimas de violência no último ano e/ou em anos anteriores à aplicação do inquérito mas, também, situações que apesar de mencionarem não o ter sido, contradizem-se ao afirmarem, adiante, ter sofrido actos de violência na infância/adolescência, às mãos dos próprios pais.
Nesta linha de raciocínio consideramos que os laços amorosos se estabelecem ao longo do processo de socialização e a forma como são mais ou menos consolidados, deve constituir um dos factores a ter em conta no estudo dos motivos que levam as vítimas de violência no âmbito das relações amorosas (parentais e/ou conjugais) a seguir determinada conduta ao longo da vida – de sujeição (permanência) ou de resistência (abandono) face à relação com o ofensor e à situação abusiva.
Assim, num universo de 1000 mulheres e 1000 homens inquiridos, obtiveram-se 397 mulheres e 435 homens vítimas. Embora, em termos gerais, o peso deles seja superior ao delas é, em contrapartida, bastante inferior relativamente à existência de trajectórias de vitimação (M: 54%; H: 27%), o que significa que estamos perante violências de natureza diferente: nas mulheres, geralmente acontece reiteradamente, em casa, exercida por parceiro ou outros familiares, nomeadamente, pais/padrastos, tendo na sua configuração desigualdades de género; nos homens, é uma vitimação semelhante à que verificamos na população em geral, maioritariamente perpetrada por outros homens, em espaços públicos, sem reiteração e que quando surge associada a papéis de género, visa reforçar a masculinidade. Somente na infância/adolescência, os homens tendem a apresentar trajectórias de vitimação, causadas pelos pais/padrastos, enquanto que as mulheres prolongam-nas pela idade adulta, exercidas pelos pais, parceiros íntimos, ou por ambos: os dados da investigação mostram que entre o total de mulheres vítimas de violência no contexto das relações amorosas, 74,6% apresentam percursos de vitimação continuada.
- BARROSO, Zélia
PAP1155 - Sobrevivendo às ruas: Identidades, valores e modos de vida na situação de sem-abrigo
Gerada no âmbito de um projeto de investigação, iniciado em 2006, e desenvolvido no Concelho de Coimbra, a Grounded Theory sobrevivendo às ruas (Mairos Ferreira, 2011) resulta de um extenso processo de observação da intervenção realizada por 6 Equipas (n> 300 giros) em contexto de Giro de rua, e da realização de entrevistas a 95 pessoas [das quais 37 encontravam-se em situação de sem-abrigo, 11 haviam experienciado a situação de sem-abrigo em períodos anteriores, e 47 exerciam actividade profissional com pessoas em situação de sem-abrigo (27 em contexto de rua)]. Enquanto abordagem de explicitação do processo de emergência, manutenção e saída/abandono da situação de sem-abrigo, esta teoria introduz um contributo original à compreensão profunda deste processo, nomeadamente no que concerne às suas implicações para a identidade, e para transformações nos valores e modos de vida daqueles que experiencia(ra)m a situação de sem-abrigo num dado período da sua vida. Tendo em consideração estes três elementos de análise caracteriza-se cada uma das fases que a compõem [resistindo à fragmentação da trajectória de vida, adaptando-se aos imperativos da vida na rua e (re)configurando uma trajetória de vida] e apresentam-se, em registo sumário, as diferentes subfases que as integram. Para cada uma delas sistematizamos, em função das descobertas efectuadas e das narrativas dos entrevistados, as principais singularidades que atestam o impacto da vivência da situação de sem-abrigo na identidade e nos valores dos indivíduos, assim como as mudanças nos modos de vida decorrentes da experienciação desta situação ao longo do tempo. Analisam-se, entre outras questões, as preocupações/problemas tidos como relevantes/graves, dinâmicas relacionais predominantes, estratégias de gestão do quotidiano e de asseguramento da sobrevivência. Expõem-se, também, os factores que provocam a emergência de momentos de transição entre cada uma das 3 fases. Indicam-se, por fim, algumas implicações dos resultados para a revisão das políticas e práticas de intervenção.
- FERREIRA, Sónia Mairos
- FIGUEIREDO, Lara
- GUERREIRO, Daniela
PAP1563 - Sociabilidades em volta da mesa
Neste artigo, procuramos compreender as formas de sociabilidades nas refeições a partir das narrativas de vinte e nove grupos domésticos. Após nos concentrarmos nos conceitos de “socialidade” e de "sociabilidade", caracterizamos as diferentes formas de sociabilidades nas refeições familiares e extrafamiliares, relacionando com o tipo de refeição, os lugares e conteúdos. É em volta da mesa que as sociabilidades se afirmam como processos interactivos no qual os indivíduos escolhem as formas de comunicação, as trocas que os ligam aos outros, em contextos delimitados no espaço e no tempo, teatralizando as normas e regras impostas pela socialidade. Assim sendo, destacamos três dimensões estruturantes de sociabilidades: a dimensão de cariz espacial, a dimensão de cariz qualitativa e a dimensão de cariz quantitativa. Os resultados deste estudo reforçam a relevância das refeições enquanto espaço de sociabilidades. Pretendemos demonstrar que as refeições se diferenciam em função de uma situação em que se desenrola o encontro e a partilha, em contextos sociais identificados (tipo de partilhas, festivo ou quotidiano, doméstico ou extra-doméstico, público ou privado) e segundo um alimento específico sobre o qual se agregam as representações no interior de um universo sociocultural dos contextos. Foi possível verificar, nos grupos domésticos estudados, a presença de múltiplas configurações e a emergência de novas formas de sociabilidades alimentares. Palavras chaves: práticas alimentares, sociabilidades alimentares, comensalidades.
- MASCARENHAS, Maria Paula de Vilhena
PAP0276 - Sociabilidades masculinas na taberna-café
A comunicação baseia-se na investigação
efectuada para a dissertação de Doutoramento
em Sociologia das Classes e dos Movimentos
Sociais (ISCTE,2009). O objeto de estudo
incide nos estabelecimentos de venda e consumo
de bebidas que designámos por tabernas-café
situadas no concelho de Montemor-o-Novo, Alto
Alentejo, e enquadra-se em duas áreas de
estudo: a de género e a de estratificação
social.
O estudo de caso incide em 138
estabelecimentos (universo total deste tipo de
estabelecimentos no concelho referido) sobre
os quais utilizámos técnicas de observação
direta e indireta e construímos tipologias.
Aprofundámos a análise relativamente aos
clientes numa amostra de 4 tipos diferentes de
tabernas-café. A investigação incidiu nos
estabelecimentos, gerentes e clientes, tendo
sido para isso, criadas fichas de
caracterização.
Situamos a taberna-café como quadro de
interação (AFCosta), inserido num espaço/tempo
de lazer intermediário entre o trabalho e a
família, marcado por sociabilidades semi-
públicas, configurações e diversas formas de
apropriação, que se cruzam na permanência e na
mudança, na tradição e na modernidade.
Analisámos os investimentos sociabilitários e
relacionais produzidos e reproduzidos pelos
agentes, conhecendo as propriedades
estruturais dos diversos lugares onde se
desenvolvem as diversas sociabilidades,
representações e práticas materializadas em
actividades de tempo livre/lazer, ou mesmo
noutras que se situam na esfera económica das
relações sociais de produção e do universo
ideológico e político.
Na taberna-café - espaço acentuadamente
masculino com múltiplas funções - o gesto, o
corpo e a linguagem deixam as suas marcas, num
quadro em que o consumo de bebidas alcoólicas
ocupa um lugar relevante.
Como nota conclusiva constatámos que, se é
verdade que a taberna passou muitas vezes a
café, administrativamente, por transformações
físicas, de clientela, de consumo, ou apenas
na representação que os seus gerentes possuem
dela, por efeito da massificação, globalização
e textualização da sociedade, também é
verdadeiro que o café se tabernizou
incorporando consumos, práticas, funções e
sociabilidades características das tabernas.
- VILLA-LOBOS, Maria José

Maria José Cabral Barata Laboreiro de Villa-Lobos. Email: mjose.vilalobos@eslfb.pt
Doutora em Sociologia das Classes e dos Movimentos Sociais, ISCTE, 2009. Licenciada em Sociologia e Mestre em Culturas Regionais Portuguesas – FCSH.
Formadora de Educação e Formação de Adultos e do Processo RVCC – Nível Secundário, do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária Luís de Freitas Branco.
Formadora de professores no Centro de Formação das Escolas do Concelho de Oeiras.
Interesses de Investigação – Estudos de Género Masculino; Igualdade de Género; Educação e Formação de Adultos.
Publicações
(2011) - “Cultura e Identidade Masculina na Taberna Café”. Memória e Cultura Visual Actas do III Congresso Internacional, Fernando Cruz (Org.), AGIR - Associação para a Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural. Maia.
(2011) - “Atitudes perante a doença: estudo de caso”. Saúde, Cultura e Sociedade, Actas do VI Congresso Internacional, Fernando Cruz (Org.), AGIR - Associação para a Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural, Maia, 2011.
(2005) - “A taberna como pólo de desenvolvimento sociocultural”, III Congresso Internacional de Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural, AGIR.
(2004) “A pesquisa de terreno na taberna: a interacção investigadora /agentes”,
V Congresso Português de Sociologia, Associação Portuguesa de Sociologia (A.P.S.).
(2002) - “O “O eixo da herança numa aldeia da Serra da Estrela”, IV Congresso Português de Sociologia - Passados recentes, futuros próximos, Associação Portuguesa de Sociologia (A.P.S.).
(2001) - “A Taberna entre a tradição e a modernidade: uma aproximação à análise deste território como espaço de relações de inclusão e de exclusão produzidas pelos seus utilizadores”, Forum Sociológico - Olhares sobre a Modernidade, Instituto de Estudos e Divulgação Sociológica, nº5/6 (2ª série) Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
(1999) - “Atitudes perante a Morte numa aldeia da Beira-Baixa”, Forum Sociológico,
Do Corpo e da Alma, Instituto de Estudos e Divulgação Sociológica, nº 1/2
(2ª série) Departamento de Sociologia da FCSH da UNL.
PAP0235 - Social and Solidarity Economy and Immigration. The case of the Work Integration Social Enterprises in the Basque Country
The recent evolution of poverty and inequality in Spain is marked by two events of great economic and social significance, firstly, its consolidation as a territory of immigration over the last decade and, second, the abrupt change sign of the economic cycle in 2008, after a long period of boom in production and employment. In fact, the gradual arrival of a large number of immigrants from other countries to the different regions of Spain has become the present spanish society in diverse and evolving.
The process of becoming part of a new society is very complex. Transforming the new residents into full citizens of plenary rigths, so they become an integral part of society while maintaining their cultural specificity, constitutes the complicated goal to manage and achive the challenge of integration is essential for inclusion and social cohesion. If entry into the labor market appears to be the main motivation for the arrival of the immigrant population, the importance of employment is such that appears as the best pass against exclusion. Nevertheless, the group of international migrants formed a heterogeneous group of people who is particularly exposed to social risks due to the difficulty of social and labor inclusion and more likely that they suffer largely the impact on unemployment, job insecurity and poverty rate (approx. double than natives’).
In this scenario the Social Economy takes center stage by offering a new formula to disadvantaged groups from a different space of the State and the traditional Market. They are in many cases the Work Integration Social Enterprises in the sector of Social Economy, the mechanisms through people socially excluded like ex-drugs addicts, other groups as ethnic minorities, immigrants, ….. can access employment.
Therefore, the purpose of our paper is to present the alternative framework involving work integration social enterprises as a tool against poverty and for promoting job activation and social inclusion, reviewing the existing regulations at both the European Community and at the Spanish State and Regional level. Likewise, we also intend to highlight the case of the positive solutions given by the work integration social enterprises in the Basque Country towards social inclusion for international immigrants through the results of a sociological research carried out recently on this topic.
- ARETXABALA, Mª Esther

Mª Esther Aretxabala
esther.aretxabala@deusto.es
Universidad de Deusto
Avenida de las Universidades 24, 48007 – Bilbao (España)
Teléfono 34944139003 ext. 2791
Es licenciada en “Ciencias Políticas y Sociología” por la Universidad Complutense de Madrid y doctora en “Filosofía y Ciencia de la Educación” por la Universidad de Deusto. Actualmente trabaja como investigadora postdoctoral en el grupomultidisciplinar de investigación “Retos Sociales y Culturales de un Mundo en Transformación”, reconocido como equipo de excelencia por el Gobierno Vasco (Referencia: IT–201–07),que forma parte del Instituto de Derechos HumanosPadre Arrupede la Facultad de Ciencias Sociales y Humanasen la Universidad de Deusto. Su interés investigador se centra en las migraciones internacionales y su integración sociolaboral(inserción en el mercado laboral, uso de las nuevas Tecnologías de la Información y Comunicación y en su asociacionismo como agente de participación en el ámbito público).En estos temas,además de ser la investigadora principal en varias investigaciones en marcha, ha presentado diversas ponencias en foros internacionales con el tema inserción laboral y migraciones.
PAP0021 - Social fear in the post-socialist Romania
Governed by mistrust, cold and hunger, the
communist Romanian society experienced fear up
to its highest intensity, in virtually every
aspect of social existence. Twenty years later,
the world economic crisis is threatening to re-
stage a similar play centred on one of the
primary human emotions, fear. Despite what
could eventually lead to an identical
aftermath, the two scenarios differ in a
variety of ways. The fear factor is now
economic, rather than political, and the new
hierarchy of fears is sorted by material loss,
rather than by the loss of rights and freedoms.
This paper aims to present a snapshot of the
current map of social fears. What is fear?
Which are its functions and dysfunctions? What
creates fear, who could benefit from it and
why? With a view to answering these questions,
this paper is based on the interpretations of a
social survey conducted on various top and mid-
level civil servants.
As the findings of the research will show, the
present fears are level-sensitive, as managers
perceive fear factors differently from lower
level staff. Secondly, when confronted with the
communist-era fears, the new fears are money-
driven and cash-depended, with greater emphasis
being placed on efficiency and profit. In the
light of these conclusions, fear is seen as a
motivational tool, manipulatively used by
managers to their personal or institutional
benefit, but detrimental to the employees.
A new research would be necessary in order to
identify the limits of this motivational
approach to fear, its advantages and
disadvantages, not only from an economic
standpoint, but also from a sociologically
comprehensive perspective. Fears in the
workplace, be it in public or private
businesses, know no borders, and can easily
travel to and impact all others means of social
expression, thus creating the perfect setting
for the totalitarian expansion of fear.
- COSTINS, Corina
PAP0375 - Social media como ferramenta de comunicação para museus: Tendências e práticas actuais
A evolução da Internet e especialmente da Web, originou mudanças expressivas na forma como o indivíduo comunica. Os social media permitem que os indivíduos interajam de formas inovadoras e colaborativas, alterando a forma como estes se relacionam. Os museus não são indiferentes a esta mudança de paradigma comunicacional, estando cada vez mais a desenvolver esforços para se integrarem com ferramentas que permitem novas estratégias de comunicação que facultem o acesso de forma mais eficaz ao seu público. Os social media oferecem novas formas de colaboração, o que permite ao museu conhecer melhor o público, podendo ajustar-se na gestão, curadoria e comunicação, com a contribuição dessas novas ideias e visões. O desafio, para o museu, da utilização dessas ferramentas com base em estratégias de comunicação com o público adequadas, representa uma tarefa que se mostra complexa devido à inexistência de directrizes de aplicação e medição de resultados nos social media. A utilização de social media por parte dos museus necessita mais do que ferramentas digitais ou novas tecnologias, visto que pressupõe formas alternativas de comunicação museológica, substituindo a inércia pela interactividade, a observação pela geração de conteúdos e elitismo pela heterogeneidade de públicos que concebem novas visões e perspectivas. Para tal são utilizados, estruturadamente, variados sistemas online que permitem a interacção dos indivíduos e a criação de forma descentralizada, colaborativa e participativa de conteúdos. Desta forma, os museus têm diversas aplicações concebidas com base nos fundamentos tecnológicos e ideológicos da Web 2.0, que permitem a concepção, troca e partilha de conteúdos concebidos pelo utilizador. São exemplos das aplicações de social media: os blogues e microblogues, as redes sociais, wikis, media sharing services, social bookmarking, social tagging, RSS feeds, etc.
Concebe-se que os social media oferecem oportunidades significativas para as instituições museológicas se relacionarem com públicos diversos e heterogéneos, iniciando diálogos personalizados com o seu público com o objectivo de de aumentar o envolvimento deste com o museu promovendo a participação e a colaboração, e fornecendo informação mais direccionada para um público especifico podendo promover a utilização não só dos social media como a visita a outros canais de comunicação do museu e bem como a visita presencial ao museu.
- CARVALHO, Joana

- RAPOSO, Rui
Joana Carvalho, Professora do Instituto Superior de Tecnologias Avançadas. Doutoranda em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais da Universidade de Aveiro e Faculdade de Letras da Universidade do Porto e licenciada em Engenharia Multimédia no ISTEC. Desenvolve atualmente trabalho de investigação em Social Media, Comunicação e Cibermuseologia, dedicando-se a construção da Tese de doutoramento com o título “A adopção de social media por museus como uma ferramenta de comunicação”.
PAP0040 - Socialização em São Paulo, Brasil: uma análise socioeconômica
Esta investigação sobre as relações socioeconômicas dos frequentadores de espaços de lazer busca analisar como nas relações sociais num cenário de marcantes transformações neconômicas desiguais provocam uma negregação entre indivíduos do mesmo nou de diferentes grupos, e uma dessocialização nociva para as relações de nsociabilidade. Na cocentração de espaços de lazer dedicados a muitos grupos identitários da maior metrópole nda América Latina, a região da Baixa Rua Augusta (São Paulo, Brasil) demonstrou elementos históricos formados por um nmovimento cíclico n(valorização, transição negativa, desvalorização, transição positiva) resultante das diferentes formas de apropriação dos espaços geográficos nda região. Esse nmovimento gerado pelas macrodinâmicas sócio politicas teria como principal característica o perfil socioeconômico daqueles que frequentaram a região. Pela atual semelhança de grupos identitários e de espaços de lazer com o bairro de Chueca em Madri, Espanha, a pesquisa também propõem um modelo capaz de prever o comportamento de futuras formas de apropriação dos espaços de lazer e consequentemente futuras práticas de socialização. Ressaltando que num cenário econômico desigual, como o brasileiro, percebe-se comportamentos e certas tendêcias que estão intensivando os eclaves de interação dendiferentes identidades, mesmo sendo estes espaços considerados democráticos e de livre aceitação extra identitária. Certas práticas de lazer transparecem exemplos de eclaves econômicos que afetam a interação entre os sujeitos. Não somente o lazer concebido como um estilo de vida ou como forma de consumo conspícuo, mas também o seu lugar de experiêcia criam determinadas classificações de identidades, sugerindo possíveis fronteiras de aproximação ou distaciamento. Se torna agudo que para indivíduos de qualquer tipo de orientação sexual, frequentar o lugar da moda e dos ricos ou serem visto em lugares decadentes e pobres, poderá definir as possibilidades de relações sociais e sexuais.
- MASTEGUIM, Rodrigo Pimenta

MASTEGUIM, Rodrigo Pimenta
Graduando em Gestão de Políticas Públicas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH - da Universidade de São Paulo - USP -, Brasil.
PAP0206 - Sociedade da informação, políticas públicas e a gestão social da subjetividade
A subjetividade dos sujeitos contemporâneos tem cada vez mais valor mercadológico e político. As empresas lucram por meio de investidas publicitárias que tem como maior alvo (ou "bem") a subjetividade individual e coletiva. Os governos também lucram, através de uma série de políticas públicas que dizem visar a uma melhoria na qualidade de vida e a uma suposta inclusão em uma "nova" sociedade. O outro lado disso é a retroalimentação sem fim, em que o "lucro político" se faz cada vez mais presente.
O objetivo principal deste trabalho é compreender como governos e empresas privadas se apropriam da subjetividade individual e coletiva para aferirem seus lucros característicos no contexto atual do capitalismo cognitivo, desde o lucro financeiro tradicional até o lucro político e de poder, tendo a discussão sobre cidadania e a participação democrática como um grande pano de fundo para afirmação e perpetuação das políticas públicas voltadas para a “inclusão”.
Dentre as temáticas que pretendo expandir, destaco a reflexão sobre o lugar da subjetividade na sociedade de informação. Parto da hipótese de que a subjetividade dos sujeitos contemporâneos é cada vez mais almejada pelas instituições, sejam elas públicas ou privadas. A emergência do digital e a proliferação da ideia de capitalismo cognitivo são elementos constitutivos das reconfigurações que mobilizam esse cenário. Pressuponho, também, que as políticas públicas de inclusão digital se apresentam em duas vias: 1) reafirmam o senso comum da inclusão social, cidadania e melhoria de qualidade de vida; 2) Obtêm lucro político com as políticas voltadas para a “inclusão”. Tais investidas se apresentam como instâncias ideológicas de poder que promovem um efeito de repetição e retroalimentação de suas próprias políticas, delineando um cenário em que essas “iniciativas” são “sempre necessárias” e “sempre promovem” a inclusão, a apropriação, a cidadania etc., tendo a gestão social da subjetividade dos sujeitos como elemento central para o “sucesso” e multiplicação desses programas.
Para o quadro teórico, mobilizarei diversos conceitos e autores, dentre eles Guattari (2000), Foucault (1999, 2006), Mattelart (2005, 2006), e Pasquinelli (2008), que fornecerão subsídios teóricos para o debate que pretendo traçar.
- SANTOS, Vinicius
PAP1228 - Sociedade de Metamorfose: a criação de uma orquestra sinfónica num bairro da Amadora
A Orquestra Geração apresenta-se como um processo de aprendizagem musical que está desenhado para ensinar crianças e jovens em situações sociais de adversidade. O projecto da Orquestra Geração está a ser implementado em Portugal desde 2007 em escolas, que estão alocadas a alunos de bairros periféricos, do 1º, 2º e 3º ciclo de escolaridade. As bases da formação musical das orquestras assenta no sistema de ensino das orquestras sinfónicas da Venezuela, que se denomina, El Sistema. O sistema classifica as orquestras por níveis de aprendizagem: A, B, C, ou D. O nível “A” corresponde ao nível mais desenvolvido e o “D” abrange as crianças mais novas, normalmente do 1º ciclo. Embora exista esta “arrumação conceptual” temos de considerar as palavras de uma coordenadora pedagógica: “... cada escola é um mundo e temos de estar atentos às suas circunstâncias.”
A comunicação que pretendo realizar quer explorar e reflectir as relações entre cultura urbana e risco de exclusão social. Como é que os jovens que vivem um determinado contexto familiar, social e cultural, do bairro analisado, se entregam ao esforço de aprender a executar composições de música erudita? Quais são os padrões culturais em jogo? Quais são as mudanças, se elas existirem, nesses padrões? Qual a interdependência entre mobilidade social e identidade cultural nos jovens que integram a Orquestra? Que peso têm os conceitos de papel e status? Como é que os trajectos individuais são alterados através da interacção e do interconhecimento vivido entre os elementos da Orquestra Geração?
Na Orquestra geração podemos encontrar uma dupla ambiguidade. Se as relações da periferia com o centro geram sempre algumas tensões, o que sucede quando o centro, visto aqui como a instituição da orquestra sinfónica, se desloca para a periferia? A música erudita como expressão cultural elitista está usualmente conectada a uma rede de relações complexa. Essa rede é, regra geral, o resultado das decisões politicas, económicas e sociais que permitem o surgimento de instituições complexas, como neste caso específico: escolas de música, conservatórios, e orquestras.
A presente comunicação procura apresentar resposta às questões formuladas, através da articulação entre o social e o cultural, na interacção e observação com os diversos elementos da Orquestra Geração e do estudo dos contextos da vida urbana do bairro analisado. Para tal está a ser desenvolvido um trabalho de campo, com o acompanhamento da orquestra que está inserida no bairro, edificado em 2001, para realojamento de diversas famílias do concelho da Amadora que, anteriormente, viviam em bairros degradados.
- BENTO, Ricardo Alves

Ricardo Alves Bento, estudante no ramo de investigação no âmbito do
mestrado de Sociologia ministrado no ISCTE-IUL, tem uma licenciatura
em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa (UNL). As principais
áreas de interesse de investigação relacionam-se com Educação, Arte,
Inovação Social, Desigualdades e Antropologia Urbana.
PAP1005 - Sociedade e Ambiente: sua análise através do geossistema, território e paisagem
Com a emergência e intensidade das questões ambientais, a geografia tem-se vindo a preocupar com a construção de um conhecimento mais profundo sobre a relação da sociedade com a natureza, entre os homens e o seu meio ambiente, considerando que o homem é promotor de profundas transformações.
A investigação ambiental em geografia tem por objectivo a compreensão das relações entre a sociedade e a natureza, as quais podem ser analisadas a partir de um método sistémico, por meio dos elementos que compõem a paisagem geográfica.
A análise paisagística, mostra como as diferentes combinações de comportamentos individuais induzem, cada uma, a construções paisagísticas específicas e a modelos de organização do território.
A paisagem entendida como resultante da acção do homem sobre o território, é considerada como expressão da cultura de um povo e, consequentemente, a sua salvaguarda é essencial para a qualidade de vida das populações.
Ao longo dos anos, várias foram as formas de abordar a relação sociedade-natureza, pela ciência de um modo geral e, mais especificamente, pela geografia.
George Bertrand, nos finais da década de 60, retoma o conceito de geossistema, criado por Sotchava, incorporando-lhe a dimensão antrópica.
Em 1997, elabora um novo conceito, um conceito mais amplo, para o geossistema. É o chamado GTP (geossistema, território e paisagem), o qual pode ser compreendido pelas três “vias” interdependentes, mas que trabalham cientificamente na construção do espaço geográfico.
O seu objectivo é reaproximar os três conceitos - geossistema, território e paisagem – a fim de se analisar um determinado espaço geográfico de forma holística.
O sistema GTP vem de encontro aos novos desafios da sociedade, das rápidas transformações económicas, políticas e culturais, reflectindo-se em estimulantes questões sócio-ambientais.
Pretende-se, assim, fazer algumas considerações teóricas sobre geossistema, território e paisagem como três maneiras de se considerar um objecto único que é o espaço que nos rodeia, ou seja, o meio ambiente.
- GALVÃO, Mª João Guerra
PAP0855 - Sociedade e crime. Contributos para uma análise longitudinal da criminalidade em Portugal
Pretende-se apresentar uma análise longitudinal das transformações sócio-criminais que ocorreram na sociedade portuguesa entre 1993 e 2010. Trata-se da maior série temporal de estatísticas da criminalidade existente em Portugal, cuja fonte é o Ministério da Justiça, através da Direcção-Geral da Política de Justiça.
O estudo aprofunda as questões das fontes, dos métodos e dos instrumentos de análise que devem concorrer para uma compreensão mais alargada das grandes transformações que se têm vindo a registar no perfil do comportamento anti-social criminalizado.
Procede-se à caracterização dos processos de mudança social em Portugal, designadamente aqueles que respeitam às alterações demográficas, sócio-territoriais, e económicas, que o País tem conhecido, e que explicam, parcialmente, as transformações conhecidas da criminalidade registada pelas forças e serviços e segurança.
Também são traçadas as principais tendências observadas para esse período, com observação dos grandes grupos criminais tipificados na Lei, e introduzidas novas tipologias constituídas por agrupamentos de crimes com relevância sócio-criminal, nomeadamente a criminalidade violenta e grave, os crimes que ocorrem no espaço público, e a criminalidade rodoviária.
Recorrendo ao conceito de evolução sócio-criminal, pelo qual se entende o conjunto das dinâmicas da criminalidade integradas no contexto social em que se manifestam, e que são parcialmente explicadas por esse contexto, o estudo apresenta um conjunto de cenários para áreas homogéneas no território nacional no que respeita a essa mesma evolução, sendo igualmente exercitados modelos explicativos para algumas das variações observadas, distinguindo entre áreas metropolitanas e áreas não metropolitanas. Nesse sentido, o estudo incorporou um conjunto significativo de variáveis sócio-demográficas e económicas, à escala municipal.
Os resultados apresentados estão suportados por extensa cartografia, desenvolvida com o apoio de sistemas de informação geográfica. Apresentam-se ainda sugestões práticas para análises posteriores, sustentadas no modelo de webmapping desenvolvido.
- MACHADO, Paulo

Paulo Filipe de Sousa Figueiredo Machado
________________________________________
Doutorado em Sociologia, especialidade de Sociologia do Desenvolvimento e da Mudança Social, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Investigador integrado do CESNOVA.
________________________________________
Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde leciona Sociologia Urbana, Teoria e Análise Demográfica e Análise e Prospectiva Demográfica na licenciatura em Sociologia.
Coordenador do Mestrado de Ecologia Humana e e Problemas Sociais Contemporâneos e professor de Teoria e Metodologia no doutoramento em Ecologia Humana desta mesma Faculdade.
________________________________________
Áreas de investigação: demografia social, sociologia criminal e teoria e prática sócio-ecológica
PAP1434 - Sociologia da Comunicação e Ciências da Comunicação: contributo para uma dialética das fronteiras
GT Comunicação Social
Esta comunicação apresenta uma reflexão sobre a Sociologia da Comunicação e as Ciências da Comunicação nas suas interdependências e na sua interação com a realidade social, em Portugal.
Com base na pesquisa e análise documental construiu-se um mapeamento comparativo da institucionalização das duas disciplinas, no país. Do lado da Sociologia na perspetiva da especialização intrínseca ao processo da sua institucionalização, desde o primórdio dos anos 60 do século passado. Pelo lado das Ciências da Comunicação focando a sua emergência disciplinar ocorrida nos anos 80. Um mapeamento que é o de um território de fronteira. Sobre uma pluralidade, por vezes contraditória mas complementar, frequentemente esquiva a fixações mas geradora de novas dimensões teóricas e epistemológicas. Usando uma palavra: dialética.
Tal como noutros países, em Portugal o estudo da Comunicação como objeto teórico e empírico foi um ramo da Sociologia até a multiplicidade de aproximações para interrogar essa dimensão da realidade, progressivamente mais complexa, levar à integração de novos conceitos, problemas, teorias e métodos numa nova matriz teórica, denominada Ciências da Comunicação. Esse processo de desdobramento disciplinar ou de reconfiguração teórico-metodológica foi-se articulando com a movente pluridimensionalidade do político-social na dimensão nacional, até aos 90. Nessa década verificou-se uma progressiva interpenetração com fatores de dimensão globalizante associados à crescente tecnologização e tecnificação comunicacional.
Se os artigos da “pré-história” da Sociologia em Portugal evidenciam uma antiga atenção de investigadores sociais sobre o campo comunicacional, as obras mais recentes mostram como a complexidade do sistema dos media requer uma abordagem epistemológica transdisciplinar para a investigação e a teorização do fenómeno social total que é a Comunicação.
- FERNANDES, José Luiz
PAP1283 - Sociologia e Educação de Adultos:
Na linha de outros escritos pretende-se, com esta comunicação, chamar a atenção para o campo não escolar da sociologia da educação. De forma mais concreta é nosso objectivo refelctir sobre um conjunto de "novos" actores de educação de adultos que têm surgido entre nós na última década. Tal é feito, essencialmente, a partir de dados provenientes de entrevistas realizdas no âmbito de um projecto de investigação, financiado pela FCT, desenvolvido no campo do terceiro sector. Apresentam-se, de forma mais profunda, seis casos e tratam-se três grandes tipos de questões: qual é o percurso académico e de formação profissional destes novos actores? Qual o seu percurso profissional até entrarem no campo da educação de adultos? E, qual a relação entre a formação académica e profissional destes agentes educativos e o seu trabalho actual?
Estas questões e outras próximas delas, são colocadas pela Sociologia da Educação acerca dos professores. Nomeadamente, quando é abordada a problemática da identidade profissional. Julgamos ser relevante colocá-las também tendo por objecto de análise estes novos actores da educação não escolar de adultos: formadores, profissionais de Reconhecimento e Validação de Competências, Coordenadores de Centros Novas Oportunidades, entre outros.
- LOUREIRO, Armando

- CARIA, Telmo
- COSTA, Isabel

Armando Loureiro
É Professor Auxiliar de Sociologia da Educação e de Educação de Adultos na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Departamento de Educação e Psicologia. É vice-presidente da Escola de Ciências Humanas e Sociais da mesma Universidade. É professor visitante na UNIMONTES/Brasil. É licenciado em Sociologia, mestre em Desenvolvimento Local e doutor em Educação. Tem investigado nas áreas da sociologia da educação de adultos e do conhecimento profissional. É autor ou co-autor de mais de dez capítulos de livros, três livros e mais de quinze artigos publicados em revistas científicas nestas áreas.
(Maria Isabel Barros Morais Costa)
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Doutoramento em Ciências da educação
Áreas de interesse: Metodologias de investigação em educação; educação formal versus educação não formal; educação e turismo; pedagogia na universidade; e-learning; formação de profissionais de ciências sociais e humanas.
PAP0841 - Sociologia em contexto institucional interdisciplinar. Reflexão em torno de uma experiência nacional
A actividade dos sociólogos conheceu um forte
incremento nas últimas décadas. Em Portugal
esse incremento não foi excepção, como se
procurará documentar na Comunicação.
Tal facto proporcionou o alastramento da
reflexão sociológica a espaços institucionais
que não haviam tido experiências precedentes em
termos da contribuição do profissional de
sociologia, nomeadamente porque a sua
actividade matricial não era (nem se
transformou necessariamente) no domínio das
ciências sociais e humanas. Mas, acima de tudo,
expôs os saberes sociológicos a um desafio de
comunicação pró-activa, que simplificadamente
se poderá entender como interdisciplinar e
pluritemática.
No contexto da produção interdisciplinar jogam-
se questões epistemológicas, teóricas e
metodológicas sensíveis e relevantes, que
influenciam o desenvolvimento da sociologia,
como ciência e como prática social formal.
A comunicação pretende resumir factualmente e
interpretar uma experiência, em contexto
institucional Português, com mais de vinte e
cinco anos de vida consecutivos, e que
proporcionou o desenvolvimento de uma praxis
adaptativa, da qual relevam saberes e
experiência não transmissíveis (por replicação)
para outros cenários, mas por certo relevantes
para a história da sociologia e da experiência
profissional dos sociólogos Portugueses.
A Comunicação beneficiará da apresentação
(sumária e meramente ilustrativa)de algumas
pesquisas efectuadas nese contexto de
interdisciplinaridade, defendendo-se a
proposição segundo a qual em determinadas
condições, referentes ao modelo de investigação
adoptado, a interdisciplinaridade pode assumir
as características de uma prática
transdisdisciplinar - conceito que sugere uma
discussão pormenorizada.
São ainda discutidas algumas das consequências
que, no nosso entender, podem ser identificadas
nestes processos de "transfiguração assistida"
dos saberes científicos, nomeadamente no que
respeita à necessária retroacção que importa
fazer e que poderia incidir nos modelos e
pedagogias do ensino da sociologia.
Finalmente, é equacionada a hipótese de que o
trabalho sociológico em parceria
científica/disciplinar pode ter um valor
acrescentado e acrescido num contexto marcado
por uma forte fragmentação do conhecimento.
- MACHADO, Paulo

Paulo Filipe de Sousa Figueiredo Machado
________________________________________
Doutorado em Sociologia, especialidade de Sociologia do Desenvolvimento e da Mudança Social, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Investigador integrado do CESNOVA.
________________________________________
Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde leciona Sociologia Urbana, Teoria e Análise Demográfica e Análise e Prospectiva Demográfica na licenciatura em Sociologia.
Coordenador do Mestrado de Ecologia Humana e e Problemas Sociais Contemporâneos e professor de Teoria e Metodologia no doutoramento em Ecologia Humana desta mesma Faculdade.
________________________________________
Áreas de investigação: demografia social, sociologia criminal e teoria e prática sócio-ecológica
PAP0472 - Sociologia no Ensino Médio: a Teoria de Gênero abordada no material didático e nas práticas educativas das escolas públicas de Uberlândia/MG/Brasil
O presente projeto busca analisar conteúdo
programático de Sociologia, presente no
material didático, referente à questão de
gênero, bem como as práticas pedagógicas
estabelecidas entre professores e estudantes
do Ensino Médio, nas escolas públicas da
cidade de Uberlândia/MG/Brasil, no intuito de
compreender e contribuir para diversas e
distintas posturas em relação a temática em
questão. Em conformidade com o II Plano
Nacional de Políticas para as Mulheres, cujo
princípio fundamental é “assegurar direitos e
melhorar a qualidade de vida das mulheres
brasileiras em toda a sua diversidade, por
meio da igualdade e respeito à diversidade,
equidade na garantia dos direitos universais
às mulheres, respeito à autonomia das mulheres
com justiça social, aliadas à presença do
Estado com Políticas Públicas direcionadas à
elas, por meio de universalidadedas políticas
e transparência dos atos públicos”, nosso
estudo faz-se importante na busca do
cumprimento desses princípios. Nos últimos
anos, a sociedade brasileira entrou no grupo
das sociedades mais violentas do mundo. Hoje,
o país tem altíssimos índices de violência
urbana (violências praticadas nas ruas, como
assaltos, seqüestros, extermínios, etc.);
violência doméstica (praticadas no próprio
lar); violência familiar e violência contra a
mulher, que, em geral, é praticada pelo
marido, namorado, ex-companheiro, etc., enfim
relações de violência, preconceito,
discriminação em relação às mulheres de todas
as classes sociais, raças, etnias, profissões,
etc. Dessa forma, as relações entre homens e
mulheres encontram-se longe da
complementaridade, da igualdade, da
convivência pacífica. Compõem-se como relações
de oposição, contraditórias, desiguais, muitas
vezes violentas e por conseguinte justificamos
a necessidade de refletir sobre o assunto de
forma prática e teórica, a fim de realizarmos
o enfrentamento dessas questões nos diferentes
níveis. Embora esse projeto não trabalhe com a
violência explícita, ao trabalharmos com
processo educativo e material didático,
estaremos trabalhando com a idéia de violência
simbólica (Bourdieu) presente nas relações
educativas e entre gêneros. Compreendemos ser
de fundamental importância tratar sobre
questões de gênero e violência nos conteúdos
programáticos da disciplina de Sociologia no
Ensino Médio. Sendo assim, o nosso projeto
propõe-se a analisar o material didático, bem
como as estratégias de trabalho pedagógico
utilizados na disciplina de Sociologia, em
escolas públicas de Ensino Médio de
Uberlândia, a fim de compreender e propor
alternativas de análise e trabalho pedagógico
que contemplem as discussões clássicas e
críticas de gênero e sua adequação a vida
cotidiana.
- PAULA, Sandra Leila de
- MACEDO, Miriam Rosa
- MORAES, Karine Ferreira de
PAP1471 - Sociopolitical Values and the left-right divide across four continents
This study focus on the relationships between socio-political values and the Left-Right (LR) divide across 4 continents. Using data from the Comparative National Election Project III concerning 13 countries/elections from 4 continents, the paper analyses how well anchored in the socio-political value orientations that tap the most relevant political conflicts in the West since the XIX century individual LR self-placement is. Even previous studies that used world-wide surveys were not able to test the relationships between that “west European template” of values and the LR divide, simply because the batteries of values used in those other surveys relied in “highly personal orientations that are not necessarily relevant to politics”. Thus, here it is shown for the first time ever how well anchored in the “west European template” of values is individual LR self-placement across the countries/continents under scrutiny. Second, variation across countries is described and explained.
The paper shows that values have an important and significant impact on the LR divide across the globe, but also that their importance is higher in Europe and the US than in other regions of the world. In a more systematic way, it shows that both politicization (“age of the democratic regime”, and “party system polarization”) and mass media “political intermediation” (freedom of press) have a significant role in explaining variation across countries.
- FREIRE, André

- KIVISTIK, Kats

André Freire
Assistant Professor with Agrégation / Professor Auxiliar com Agregação
Senior Researcher at CIES-IUL (Centre for Sociological Studies and Research),
Department of Political Science and Public Policies, ISCTE - IUL (Lisbon University Institute), Avenidas Forças Armadas,
1649-026 Lisboa, PORTUGAL, andre.freire@iscte.pt & andre.freire@meo.pt
Kats Kivistik
Phd Candidate (and Teaching Assistant) at the University of Tartu, Estonia,
Visiting Researcher at CIES-IUL (Centre for Sociological Studies and Research).»
Please confirm good reception of all the material.
PAP1424 - Sociólogo Investigador vs Sociólogo Interventor: reflexões em torno de uma experiência
Sociólogo Investigador vs Sociólogo Interventor: reflexões em torno de uma experiência
Que papéis poderão os sociólogos desempenhar nos quotidianos escolares? Será a intervenção nas escolas um domínio de exercício sociológico? São questões que resultam de inquietações em torno de uma experiência de trabalho, enquanto sociólogo, numa escola integrada no programa dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP). O que torna interessante o embarque na aventura de tentar dar resposta a estas questões é, justamente, o questionamento das fronteiras (imaginárias ou reais?) entre o sociólogo investigador e o sociólogo interventor.
Certa vez, no âmbito de uma conferência no ISCTE, tive a oportunidade de ouvir o sociólogo, Augusto Santos Silva, referir que a sociologia tinha uma óbvia afinidade com os valores da democracia. Seguindo a esteira desta referência, podemos encontrar, nas diversas tradições sociológicas, outros conjuntos de afinidades que integram, numa perspectiva global e generalizante, ideais de justiça social. Estas empatias reflectem-se, inevitavelmente, nos trabalhos sociológicos onde, muitas vezes de forma implícita, são transpirados desejos de transformação do mundo social.
A implicitude desses desejos decorre de um ideal de neutralidade face ao objecto, que inspira a larga maioria dos trabalhos sociológicos. No entanto, a camuflagem desse desejo de transformar o mundo, expõe a evidência de que não existe neutralidade. O sociólogo toma posição, consciente ou inconscientemente e independentemente do rigor científico e da fidelidade aos factos observados.
Porém, aplicação desta perspectiva no exercício profissional, enquanto sociólogo, é recheada de conflitos identitários e epistemológicos. O sociólogo colocado na situação de desenvolver uma missão de intervenção social numa escola - uma missão decorrente de um determinado projecto educativo - será sociólogo ou apenas um técnico que aplica determinadas sensibilidades sociológicas?
- COSTA, Dautarin da
PAP0159 - Stress de pais e mães na conciliação família-trabalho
As mudanças ocorridas, nos últimos séculos, nas sociedades ocidentais, em geral, e nas famílias, em particular, suscitaram profundas mudanças na parentalidade. Entre essas mudanças, destacam-se o crescente interesse pelas crianças e a crescente integração das mulheres no mercado de trabalho que suscitaram novos contextos familiares colocando ao casal parental o desafio da articulação das esferas profissional e familiar. Em relação às mães, tradicionais prestadoras de cuidados às crianças, passou a esperar-se que se envolvessem, também, na esfera do trabalho. E dos pais, tradicionalmente mais centrados na esfera profissional, passou a reclamar-se um maior envolvimento na parentalidade. Tendo em conta as exigências, em tempo e energia, de ambas as esferas, a do trabalho e a da parentalidade, frequentemente esta conciliação é vivenciada com bastante stress. Comparando resultados entre países, alguns estudos, como o realizado pelo International Social Survey Programme , constatam que os índices médios de stress em Portugal, relacionados com a família e o trabalho, suplantam os de outros países, sendo particularmente relevantes no caso das mulheres e em especial no que concerne ao stress familiar e ao stress no interface trabalho - família. Um estudo, realizado no concelho da Amadora, numa amostra de 200 mães e 158 pais, de naturalidade portuguesa e a trabalhar a tempo inteiro, progenitores de crianças em idade pré-escolar (não sinalizadas como tendo necessidades educativas especiais), a frequentar Jardins de Infância da rede pública, veio mostrar que o stress (físico, psicológico e por pressão do tempo) é um dos principais problemas vivenciados na conciliação do trabalho com a parentalidade. O mesmo estudo sugere ser o stress mais elevado no caso das mães e ser o mesmo influenciado pelo modelo de parentalidade (simétrico versus assimétrico) praticado.
- MESQUITA, Margarida

Carolina Appel Colvero tem formação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM- RS- Brasil) e experiência junto à populações em situação de vulnerabilidade, nomeadamente no âmbito da prostituição, uso de drogas, sem-abrigos. Na graduação, desenvolveu pesquisa sobre gênero e políticas públicas em horta comunitária do município de Santa Maria (RS- Brasil); na especialização em pensamento político brasileiro estudou políticas públicas para profissionais do sexo e, no mestrado estudou performances de gênero em bares de prostituição.
Tem experiência profissional como supervisora do campo de Redução de Danos para o uso de drogas e como responsável pelas políticas públicas para profissionais do sexo no âmbito da saúde do município de Santa Maria (Câmara Municipal / Secretaria da Saúde). Foi docente de Sociologia no Centro Universitário Franciscano e, atualmente, é doutoranda em Sociologia: Cidades e Culturas Urbanas na Universidade de Coimbra.
Sua pesquisa atual trata-se de um trabalho etnográfico direcionado para a comprensão dos percursos territoriais e consequente elaboração da concepção de cidadania para os sujeitos sem-abrigo na cidade de Lisboa-Portugal.
PAP0915 - Sucesso escolar e adaptabilidade cultural
Considerando a expansão da dinâmica imigratória presente no nosso país e a decorrente fixação progressiva de um contingente assinalável de população escolar com diferentes origens nacionais, a presente investigação visa, por um lado, conhecer o desempenho escolar destas crianças e jovens, considerando um leque diversificado de variáveis de ordem estrutural e processual, e, por outro, compreender o modo como os contextos familiares e escolares se constituem enquanto elementos potenciadores ou redutores das possibilidades de materialização do ideário da igualdade de oportunidades propiciada pela instituição escolar nas sociedades modernas.
Para o efeito, comparam-se os resultados escolares de alunos com diferentes origens nacionais – Portugal, Cabo Verde e Índia – e diferentes condições socio-culturais, presentes em escolas do ensino básico da Área Metropolitana de Lisboa e explora-se em que medida as dinâmicas familiares e os processos escolares se relacionam com a desigualdade de desempenho. Recorreu-se à aplicação de inquéritos por questionário a 837 alunos distribuídos por oito escolas, à recolha de informação estatística em cada uma das escolas e realizaram-se entrevistas a progenitores de crianças com origem cabo-verdiana e indiana.
A análise do conjunto da informação recolhida permitiu identificar a supremacia do desempenho escolar dos alunos com ascendência indiana tanto em relação aos alunos autóctones como aos de origem cabo-verdiana, mesmo controlando o efeito de outras variáveis estruturais. Foi, ainda, possível detectar diferenças entre os grupos de alunos quanto à sua vivência familiar (modos de relação com os país de origem e com a escolaridade) e à sua experiência escolar (comportamento, relação com as pessoas e com as aprendizagens). A adaptabilidade cultural enquanto processo de socialização específico dos alunos com origem indiana revelou-se um elemento central do êxito escolar.
Palavras-chave: sucesso escolar, desigualdades sociais, imigração, educação, escola
- SEABRA, Teresa
PAP1014 - TERRITÓRIOS RESILIENTES, CRIATIVOS E SOCIALMENTE INOVADORES: desafios e paradoxos à transformação e mudança face a disrupções e processos com expressões difusas e diluídas no tempo
No actual contexto de reconfiguração de paradigmas, modificam-se as relações sociais e as formas de apropriação do espaço. A necessidade de adaptação a estes processos assume uma actualidade e urgência de dimensões colectivas que convida a uma reflexão critica sobre conceitos como resiliência, criatividade e inovação social na tentativa de compreender e explorar formas alternativas das mudanças em curso.
Para Walker, Holling et al (2004), o conceito de resiliência está associado à “capacity of a system to absorb disturbance and reorganize while undergoing change so as to still retain essentially the same function, structure, identity and feedbacks”. O conceito de resiliência centra-se assim na capacidade de superar ou recuperar da adversidade, mas surge normalmente associado a epifenómenos tais como desastres naturais e/ou tecnológicos ou actos terroristas. Porém torna-se importante reflectir sobre o conceito de resiliência na acomodação da transformação e das mudanças dos territórios e das comunidades que resultam de processos mais diluídos no tempo, tais como a sua desvitatização ou a "crise" vivida na sua expressão territorial.
Também, a criatividade surge em contextos de mudança e de “crise” como um activo importante. Muitas vezes, associa-se a criatividade ao combate à adversidade, à imprevisibilidade, à incerteza e/ou ao risco respondendo aos desafios com outras formas de interpretar os processos que desencadeiam transformação. São condições necessárias à configuração e ao desenvolvimento de um meio criativo ser resilente, ou seja, permitir a mudança sem se fragmentar e sem perder a sua unidade e coerência, associando-se o conhecimento, a diversidade, a aprendizagem, a tolerância e/ou a participação.
A esta configuração associa-se também a inovação social que permite encontrar novas respostas para problemas não reconhecidos ou não solucionados, visando a transformação das relações sociais, a coesão das comunidades locais e o combate à exclusão (Moulaert et al. 2009; Klein e Harrisson 2007, André e Abreu 2006).
A conciliação destes conceitos – resiliência, criatividade e inovação social – coloca assim questões específicas à sua abordagem e desenvolvimento quando aplicada a processos colectivos com expressão territorial disruptiva cuja visibilidade e diluição no tempo assumem uma forma mais difusa. Qual o papel da resiliência face a estes factores disruptivos? Quais as suas fronteiras com o do conceito de "resistência" e de "sobrevivência"? Onde entra a criatividade e a inovação social nestes contextos numa perspectiva de "community (re)building"? Uma comunidade resiliente é necessariamente uma comunidade criativa e aberta à inovação social? Porquê? E o que é que isso poderá querer dizer, na prática, na reconfiguração dos papeis, das relações e dos desafios que se colocam aos vários actores em acção ou com acção junto destas comunidades?
- FREITAS, Maria João

- ESTEVENS, Ana
Maria João Freitas. *Socióloga, Investigadora Auxiliar no Núcleo de
Ecologia Social do Laboratório Nacional de Engenharia Civil,.Tem
desenvolvido atividade de investigação, contrato e consultoria técnica
em torno das questões da habitação e das questões urbanas, nomeadamente
em torno modelos de habitar, intervenções integradas de base
territorial, modelos de governança colaborativa, dinâmicas de ação
coletiva e processos de transformação e desenvolvimento sócio-territorial.
PAP0546 - TERÁ A POESIA FUTURO NUM MUNDO GLOBAL E DESUMANIZADO?
TERÁ A POESIA FUTURO
NUM MUNDO GLOBAL E DESUMANIZADO?
José Jorge Letria
Não obstante a importância que a poesia tem, há séculos, na vida cultural portuguesa e na definição e consolidação da nossa identidade colectiva, verifica-se que nunca a sua existência no espaço editorial e mediático foi tão limitada e tão posta em causa, com o argumento recorrente de que não existe mercado que viabilize a sua sobrevivência.
Por isso, impõe-se uma pergunta que se inscreve numa reflexão sociológica de âmbito mais dilatado: terá a poesia futuro, em Portugal e noutros países dominados pela lógica agressiva do mercado?
Propõe-se este texto promover a reflexão e o debate sobre este tema, partindo da constatação de que a poesia faz intrinsecamente parte da nossa identidade enquanto povo e de que, embora inscrita no referencial mítico e simbólico que nos orienta, nunca o seu espaço de comunicação e afirmação esteve tão notoriamente ameaçado.
Esta é também uma reflexão sobre a forma como a arte e a cultura, essenciais para o reforço de espiritualidade da vida em comunidade, são contaminadas e postas em causa por uma sociedade que vive apressadamente sem valores estruturantes, refém do consumismo e do hedonismo e cada vez mais dominada pelo recurso a uma tecnologia avançada que ameaça deixar de ser um meio para se converter num fim, com tudo o que isso representa de desumanização e indisponibilidade para a fruição e partilha dos bens culturais de maior carga espiritual.
- LETRIA, José Jorge

José Jorge Letria e pós-graduado em Jornalismo Internacional e mestre em Estudos da Paz e da Guerra pela Universidade
Autónoma de Lisboa. E doutorando em Ciências da Comunicação no ISCTE. Foi redactor e editor de alguns dos mais importantes
jornais portugueses e professor de jornalismo. Foi autor de programas de rádio e televisão. Tem uma vasta obra literária
publicada, com traduções em mais de uma dezena de línguas e distinguida em Portugal e no estrangeiro. Tem representado
Portugal em eventos literários no estrangeiro. Foi vereador da Cultura da Câmara de Cascais entre 1994 e 2002. Colabora
regularmente em publicações nacionais e estrangeiras. Integrou a Direcção da Associação dos Eleitos da Grande Europa para a
Cultura. E presidente da Direcção e do Conselho de Administração da Sociedade Portuguesa de Autores e membro do Comité
Executivo do Conselho Internacional de Autores Dramáticos, Literários e Audiovisuais.
PAP0305 - TIC's na opinião pública; pautas para a compreensão de uma sociedade enredada.
O ecossistema clássico de informação, unidireccional e dirigido pelas elites (politicas, económicas, mediáticas), foi sempre previsível. A participação da sociedade civil no debate público produziu-se de maneira escassa e atendendo a um modelo que prima pela simplificação e "carnavalização" da informação política. Diante deste panorama, a irrupção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) provocaram o desterro das audiências e o surgimento dos públicos. Públicos em crescente processo de autonomia, que questionam a própria passividade que lhe atribuem meios de comunicação e se activam criticamente diante do exercício do poder.
- DOS REIS, Bruno Miguel Carriço
- DUARTE, Manuel Sanchez
PAP0515 - TRANSFORMAÇÕES NAS POLÍTICAS PÚBLICAS CULTURAIS: A ANÁLISE DA CRIAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS
O presente trabalho analisa as políticas públicas de museus implementadas no Brasil ao longo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2010 e em que medida elas incidiram sobre o arbitrário cultural dominante. De início, realizo análise teórica acerca do tema, ressaltando que os bens que compõem o patrimônio cultural de uma sociedade são incomensuráveis. No entanto, o patrimônio oficial, legitimado pelo Estado, reúne poucos e escolhidos bens eleitos preserváveis à posteridade. Isso quer dizer que a determinação de concepções como “nação”, “história”, “arte”, “arquitetura”, “paisagem”, “afeição”, dentre outras, é que define o que será considerado patrimônio e preservado e o que será relegado ao esquecimento. Daí a possibilidade de se pensar o patrimônio como representação social, como alvo de escolhas que estabelecem relações entre o visível e o invisível. Para tanto, Bourdieu fornece as bases conceituais que permitem associar os sistemas simbólicos considerados legítimos em uma dada configuração social àqueles construídos e operados pelos grupos que conseguiram se colocar em posição dominante. A desigual distribuição do capital cultural estimula, portanto, o conflito pela posse desse bem, denunciando o constante jogo de dominação de um grupo sobre o outro para manter estrategicamente a estrutura simbólica reconhecida e legitimamente aceita pelo mainstream. A noção de capital cultural, para se tornar operacional, exige dispositivos que arbitrem e definam a cultura de um determinado grupo como a cultura legítima, ao mesmo tempo em que se constituam como instância de validação da posse dessa cultura, emitindo indicadores, na forma ou não de certificados, que dão entrada às posições reservadas àqueles que detêm essa cultura. A existência de museus em determinadas comunidades pode cumprir tal papel. Assim, a partir de documentos oficiais do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de Museus, verifica-se que o setor de museus foi um dos beneficiários da maior atenção despendida às políticas culturais por parte do governo brasileiro no período presidido por Lula. Merece destaque o lançamento da Política Nacional de Museus em 2003, a construção do Sistema Brasileiro de Museus a partir de 2004 e a criação do Instituto Brasileiro de Museus em 2009. Esta organização tem dado nova institucionalidade e consolidado a gestão de novas políticas públicas para o setor, alçando os museus a um papel de destaque nas políticas públicas em geral e favorecendo a inversão do arbitrário cultural dominante, definido por Bourdieu. Com a mudança infringida pelo governo federal a partir de 2003, os atores sociais, públicos e privados que atuam na esfera pública, encontraram no campo museal perspectiva de operar e transformar a realidade que se inserem. Assim, os museus ingressaram na agenda política brasileira e trouxeram com eles uma série de novos desafios.
- POZZER, Márcio Rogério Olivato
PAP1428 - TRIBOS URBANAS E ESCOLA: Uma análise das relações de sociabilidade juvenil e gestão escolar na Região Metropolitana de Belém do Pará- Amazônia Brasileira
Esse artigo tem como tema de investigação a
relação entre educadores com os alunos ditos
como “diferentes socialmente falando” nas
escolas públicas da cidade de Belém do Pará.
Essa expressão é enfatizada principalmente para
jovens que fazem parte de “tribos urbanas”, que
também são estigmatizados como “dessemelhantes”
não somente na sociedade, mas também nas
escolas. Pretende-se discutir a relação entre
esses alunos e os demais e como os educadores
lidam com esse tipo de diferença.
Fazer relações entre escola e diversidade#
étnica cultural está se tornando cada vez mais
interessante para a pesquisa educacional e
sociológica. Um novo momento vem-se configurando
no quadro de produção teórica que discute a
relação entre educação e sociedade. Esse momento
tem surgido a partir da ação e do interesse de
pesquisadores, profissionais da educação e
integrantes de movimentos sociais, que vêm
refletindo sobre várias dimensões do fenômeno
educativo (GOMES, 2006). Podemos observar que as
tribos urbanas fazem partes desses movimentos
sociais, mas que poucas vezes são discutidas ou
percebidas nas perspectivas do ramo da educação.
De alguma forma a diversidade não está somente
nas questões de raças, classes sociais,
deficiência física ou mental, ela está em toda
parte e em qualquer tipo de comportamento
social. A diversidade está a partir do gosto de
cada um, e isso pode ser algo que vá ser
benéfico ou maléfico para o indivíduo,
dependendo do seu “gosto”. Quando julgamos o
gosto, quase sempre lançamos mão de valores
estéticos inerentes ao nosso universo cultural e
social (CALDAS, 1988). Isso implica dizer que
sempre que fazemos uma crítica estética de
determinados gostos utilizados, existe um
universo de informações, valores e normas que
revelam um universo de informações, valores e
normas que explicam através da ação social, o
pensamento e a lógica a qual pertence às
sociedades.
A partir desses pensamentos vê-se a importância
de questionar o que leva os jovens ou
adolescentes a quererem se diferenciar um do
outro, como forma de identificação tribal ou
grupal? Como eles se comportam entre si, em
relação a esse tipo de diversidade, quem é mais
aceito, quem sofre mais preconceito? Além da
relação com os alunos, como os professores e
gestores se relacionam com os pais dos jovens?
Há discussões na escola sobre esse tema? Essas e
outras inquietações problemáticas são de suma
importância para se discutir com vista a mostrar
de maneira convincente que este trabalho é de
suma importância para fins educacionais e um
melhor relacionamento entre alunos e educador.
PAP1079 - TRIBOS URBANAS: Uma análise das relações de sociabilidade juvenil e gestão escolar na Região Metropolitana de Belém do Pará - Amazônia Brasileira
A proposição como tema de investigação para este artigo é a relação entre educadores com os alunos ditos como “diferentes socialmente falando” nas escolas públicas da cidade de Belém do Pará. Essa expressão é enfatizada principalmente para jovens que fazem parte de “tribos urbanas”, que também são estigmatizados como “dessemelhantes” não somente na sociedade, mas também nas escolas. Pretende-se discutir a relação entre esses alunos e os demais e como os educadores lidam com esse tipo de diferença.
Fazer relações entre escola e diversidade étnica cultural está se tornando cada vez mais interessante para a pesquisa educacional e sociológica. Um novo momento vem-se configurando no quadro de produção teórica que discute a relação entre educação e sociedade. Esse momento tem surgido a partir da ação e do interesse de pesquisadores, profissionais da educação e integrantes de movimentos sociais, que vêm refletindo sobre várias dimensões do fenômeno educativo (GOMES, 2006). Podemos observar que as tribos urbanas fazem partes desses movimentos sociais, mas que poucas vezes são discutidas ou percebidas nas perspectivas do ramo da educação.
De alguma forma a diversidade não está somente nas questões de raças, classes sociais, deficiência física ou mental, ela está em toda parte e em qualquer tipo de comportamento social. A diversidade está a partir do gosto de cada um, e isso pode ser algo que vá ser benéfico ou maléfico para o indivíduo, dependendo do seu “gosto”. Quando julgamos o gosto, quase sempre lançamos mão de valores estéticos inerentes ao nosso universo cultural e social (CALDAS, 1988). Isso implica dizer que sempre que fazemos uma crítica estética de determinados gostos utilizados, existe um universo de informações, valores e normas que revelam um universo de informações, valores e normas que explicam através da ação social, o pensamento e a lógica a qual pertence às sociedades.
A partir desses pensamentos vê-se a importância de questionar o que leva os jovens ou adolescentes a quererem se diferenciar um do outro, como forma de identificação tribal ou grupal? Como eles se comportam entre si, em relação a esse tipo de diversidade, quem é mais aceito, quem sofre mais preconceito? Além da relação com os alunos, como os professores e gestores se relacionam com os pais dos jovens? Há discussões na escola sobre esse tema? Essas e outras inquietações problemáticas são de suma importância para se discutir com vista a mostrar de maneira convincente que este trabalho é de suma importância para fins educacionais e um melhor relacionamento entre alunos e educador.
PAP1432 - TURISMO SEXUAL NA CIDADE DE FORTALEZA - A DINÂMICA, O COMBATE E A REPRODUÇÃO DOS ESTIGMAS.
Fortaleza, capital do estado do Ceará, situada no Nordeste do Brasil, é considerada uma das cidades com maior afluência de turistas no Brasil, dentro do circuito chamado de turismo sexual, desde a década de 90 com aumento considerável após os anos 2000. Comumente associado à prostituição, e por conta dela, combatido pelo estado e “mal visto” aos olhos da população em geral, o turismo sexual envolve uma complexa rede de relações sociais, sobretudo aquelas envolvidas pelos marcadores de diferença de gênero. É dentro desse cenário que iremos aproximar o olhar nessa dinâmica, apenas recentemente analisada pela academia. Muito embora Fortaleza seja inegavelmente uma cidade-palco do chamado “turismo sexual”, com considerável aumento no número de turistas do sexo masculino que vem à Fortaleza anualmente, oriundos, sobretudo da Europa, majoritariamente italianos e portugueses, acreditamos que esta cidade seja também palco do chamado “turismo afetivo”, um fenômeno que tem dentre os seus protagonistas, o chamado “turista sexual”, ou “grigo” (homem heterossexual vindo do estrangeiro), e a “nativa” (mulher heterossexual residente em Fortaleza). O chamado turismo afetivo possui características e consequências diferentes da forma como comumente é visto o “turismo sexual”, muito embora sua dinâmica dê-se também no mesmo cenário de bares, boites e praias onde se dão os encontros dos “gringos” e das “nativas”. Essas mulheres ditas nativas, segundo recentes estudos anteriores, não são necessariamente oriundas de uma classe social homogênea, nem todas estão inclusas nos mais baixos estratos de pobreza da cidade, não necessariamente se prostituem, e sua entrada no mercado matrimonial local que visa o homem estrangeiro, não têm como único estímulo a busca por melhores condições de vida através do casamento com um turista estrangeiro. Há que se levar em conta os novos arranjos e negociações íntimas entre o “masculino” e “feminino”, a partir das mudanças ocorridas com a inserção da mulher no mercado de trabalho. Muito embora não prescinda necessariamente de interesse monetário, os estímulos e interesses que levam algumas mulheres, estigmatizadas, como “nativas” em busca de “gringos”, são estímulos e interesses também de ordem mais subjetiva, não exclusivamente financeira, e que caracterizam os sujeitos do chamado mundo pós-moderno. Pensar o turismo sexual como objeto acadêmico é adentrar em terreno complexo, não apenas pela escassez de estudos, mas, sobretudo pelos estigmas reproduzidos pelos órgãos que trabalham no seu combate, e que geralmente não levam em conta as mudanças provocadas pela pós-modernidade nas relações de gênero e nos novos acordos sexuais feitos num contexto onde estão presentes prostituição, romance, pobreza, exploração sexual infantil e interesses comerciais dos diversos ramos de negócios que envolvem o turismo como um todo.
- RODRIGUES, Rosana Lima

ROSANA LIMA RODRIGUES é socióloga, possui mestrado em Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo pela Universidade de Coimbra - Portugal. Doutoranda em sociologia pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente pesquisando sobre as seguintes temáticas: gênero, prostituição, turismo sexual e recursos humanos em saúde.
PAP0979 - Teatro brasileiro: a experiência corporal no teatro pernambucano a partir de reflexões sobre o Vivencial Diversiones
O teatro brasileiro sofreu diversas transformações no período ditatorial militar. O Estado autoritário trouxe maior controle em relação às manifestações culturais e aquelas que se contrapunham ao regime sofriam maiores restrições do Governo. Comumente, as bibliografias que abordam a temática da produção teatral brasileira do período focam a análise na tríade Arena, Oficina e Olho Vivo, grupos da região sudeste do Brasil. Seguindo um caminho pouco explorado, esta pesquisa se propõe a investigar o teatro pernambucano, região nordeste do país, com o objetivo de refletir acerca da expressão corporal experimentada pelo grupo de teatro Vivencial Diversiones, que tentava transgredir a repressão e a imposição de uma verdade moral e sexual. Busca-se identificar e analisar sob quais critérios os atores do grupo estudado preparavam seus corpos para assumir o estatuto de força questionadora e de resistência, sendo o corpo aqui compreendido como superfície de impressão das marcas dos fenômenos sociais. A importância de estudar o Vivencial Diversiones reside no fato de que este grupo introduziu uma nova estética e um novo modo de fazer teatro na cena pernambucana. Em épocas de perseguições, o grupo realiza experimentos estéticos que caminham na contramão das exigências do Estado, como o fato de pôr atrizes nuas ou seminuas nas peças e somar em suas produções a arte do transformismo, o que se tornou, no decorrer de sua existência, a expressão mais pujante no grupo. Para compreender a experiência corporal do Vivencial Diversiones foram utilizadas as ideias elaboradas por Foucault, que afirma ser o corpo um instrumento de poder, carregado de intencionalidades. As dinâmicas históricas do grupo foram analisadas com base no método genealógico proposto por Nietzsche e esmiuçado por Foucault, que o apresenta como sendo uma pesquisa cautelosa, preocupada não com a linearidade dos fatos, mas com as variações de direções destes. Estudos sobre gênero e sexualidade foram utilizados como aporte teórico para compreender as relações do corpo com essa temática. Os dados foram sistematizados em pesquisas bibliográficas e documental na hemeroteca do Estado. Foram realizadas entrevistas e analisados vídeos do grupo. Pôde-se verificar que aqueles artistas assumiam uma postura que contrapunha à moral cristã vigente à época e fomentavam discussões sobre gênero e sexualidade em suas produções, bem como utilizavam de seus corpos para imprimir suas ideias que iam além do teatro, causando frisson à comunidade.
- MONTENEGRO, Wagner

Wagner Montenegro é graduando no curso de Licenciatura em Ciências
Sociais da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, integra o
Programa de Educação Tutorial em Ciências Sociais da UFPE, tem
interesses na formação de cientistas sociais em interface com as
artes, com ênfase na expressão corporal e na composição sociológica do
teatro pernambucano. Atua no âmbito do ensino, pesquisa e extensão
universitária.
PAP0453 - Teletrabajo y precariedad laboral
El objetivo de la presente ponencia es el replanteamiento de la supuesta precariedad que supone el teletrabajo como una forma de reestructuración productiva en la dinámica del modo de acumulación global con base a algunos supuestos en torno a: globalización y teletrabajo; teletrabajo y deslocalización laboral; perfil de los teletrabajadores; teletrabajo y nuevas demandas laborales y; teletrabajo y el Sistema de Relaciones Industriales. En este sentido las conclusiones sobre la supuesta precariedad que implica el teletrabajo se sustentan en un corolario más amplio que incluye la reflexión sobre los tópicos mencionados líneas atrás.
La forma de abordar el objetivo que nos planteamos es a través de un ejercicio hermenéutico en el que intentamos re-teorizar algunas tesis sobre el teletrabajo a la luz de su pertinencia empírica. Advertimos que no esperamos cerrar la discusión en torno al tema analizado ya que estamos concientes de que las tesis aquí expuestas pueden ser refutadas con argumentos distintos y que, en todo caso, nos permitirán reconfigurar nuestros propios argumentos.
Si bien existen autores que reconocen que en torno a estas expresiones del modo de acumulación global ha habido un discurso neutro y lineal, la mayoría de la literatura al respecto teoriza con base a modelos monolíticos que no tienen acomodo en la realidad y que no generan entelequias que equilibren el desfase entre el discurso político y académico con la percepción de los trabajadores. Por el contrario, muchas de las investigaciones en torno al teletrabajo y sus implicaciones han discurrido sobre un discurso acrítico y homogéneo en términos de las bondades o perjuicios de esta forma de organización.
El teletrabajo entendido (más allá de sus perjuicios o beneficios para los trabajadores y del poco consenso en cuanto a su definición) como una innovación organizacional de deslocalización productiva que intentó dar salida a las crisis financieras de la década de los setenta del siglo pasado y que deviene de una innovación tecnológica de tipo transversal producida por la utilidad creciente de las tecnologías informáticas para permitir intercambios a distancia en los cuales algunos trabajadores no tienen contacto físico con sus compañeros de trabajo.
Necesariamente lo anterior implica una reestructuración cultural –no sólo en la esfera del trabajo- que en teoría amplía la responsabilidad, la autodisciplina, la cooperación y la asociatividad de los trabajadores en relación a los resultados esperados por su trabajo. Dicha situación con lleva a un tipo de trabajo con relaciones autónomas generalmente dependientes, que algunos llamarían de explotación o de precariedad.
- SANTIAGO, Gerardo Tunal

- ADAME, María Elena Camarena

Gerardo Tunal Santiago es Investigador de la Universidad Autónoma Metropolitana (México) y Doctor en Sociología. Ma. Elena Camarena Adame es Investigadora de la Universidad Nacional Autónoma de México y Doctora en Estudios Latinoamericanos. Ambos han sido Profesores Invitados en diversas universidades en América Latina. Asimismo, han sido galardonados con varios reconocimientos por su labor en la investigación. De igual forma, han participado en múltiples congresos internacionales de divulgación científica. También son miembros de diversas carteras de árbitros y articulistas de revistas en ciencias sociales, así como integrantes de varias redes internacionales de investigación científica. Sus líneas de investigación son: teorías de la cultura, teoría organizacional, relaciones de género y, ciencia en línea.
María Elena Camarena Adama es Profesora e investigadora de la Universidad Nacional
Autónoma de México. Es licenciada en Administración y Maestra en Psicología. Es Doctora
en Estudios Latinoamericanos. Sus líneas de investigación son teorías de la cultura,
relaciones de género y teoría organizacional.
PAP1007 - Tempos de trabalho e proteção social no Brasil
Este artigo tem por objetivo a análise da relação existente entre os tempos de trabalho e a proteção social no Brasil. No caso brasileiro, diferentemente das sociedades industrializadas européias, a construção do Estado social não se estabeleceu através do caráter da universalidade, uma vez que se fez a partir de uma base social fundada na sociedade patrimonial, na qual o trabalho sempre foi visto de forma negativa, resultante da concepção de que a ordem social se constituiu a partir do acesso ou não à posse da terra. Essa acessibilidade significou, por sua vez, a determinação do estatuto social atribuído ao trabalho nessa sociedade. Este estatuto foi estabelecido através de uma divisão social que definiu, por um lado, a condição de direito ao usufruto do trabalho alheio (privilégio das famílias patrimoniais) e, de outro, a condição de obrigação ao trabalho (próprio daqueles que se encontravam privados de acesso à posse da terra). Essas características patrimoniais persistiram ao longo do tempo, se mantendo na sociedade capitalista, com conseqüências diretas no campo da proteção social. Com isso, mecanismos de proteção social passaram a ser institucionalizados através da exclusividade (privilégio de determinadas atividades e segmentos sociais) e pelo estatuto social do trabalho (obrigação e não direito social). A partir dessa percepção, é possível estabelecer uma conexão entre os tempos de trabalho em suas diversas modalidades – jornada, duração semanal, duração anual e duração na escala do ciclo de vida – e a configuração dos mesmos no campo da proteção social, partindo da premissa de que tais tempos não se estruturam enquanto mecanismos de proteção social, advindo daí a dificuldade dos trabalhadores brasileiros em reduzirem os tempos de trabalho, ampliarem as férias e as licenças (parentais, de formação, sabáticas) e reduzirem o tempo destinado à aposentadoria, posto que o a concepção patrimonial acerca do trabalho se mantém preservada na configuração social vigente e o mesmo deve ser explorado ao máximo, uma vez que a redução nos tempos de trabalho afronta a concepção do trabalho enquanto obrigação.
- FREITAS, Revalino Antonio de

Revalino Antonio de Freitas
Graduado em Ciências Sociais, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás e Doutorado em Sociologia. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade Federal de Goiás. Tem investigado sobre Tempo de Trabalho, Tempos sociais, Proteção Social, Desemprego, Trabalho docente e Educação. Co-organizador do Dossiê “Políticas Públicas, Gênero e Trabalho”, em Sociedade e Cultura (v. 11, n. 2, 2008). Foi, ainda Co-organizador das coletâneas “Sociologia e educação em direitos humanos (2010), “Sociologia no ensino médio: experiências e desafios” (2010), “Ensino de Sociologia: currículo, metodologia e formação de professores” (2011) e “Trabalho e Gênero: entre a solidariedade e a desigualdade” (2011).
PAP0970 - Tempos e cursos de vida em duas gerações: jovens descendentes de imigrantes dos PALOP em Portugal
Esta apresentação enquadra-se num projecto de doutoramento - ”Género e gerações: processos de transição para a vida adulta dos jovens descendentes de imigrantes dos PALOP”, cujo objectivo é percepcionar quais os contrastes e continuidades existentes entre as transições para a vida adulta dos jovens e seus progenitores e captar as suas representações e auto-percepções sobre a adultez.
As transições para a vida adulta são identificadas por um conjunto de marcadores de passagem em dimensões como o trabalho, a educação e a família. Se outrora, as delimitações etárias de entrada na vida adulta eram lineares, com uma cronologia sequencial e previsível de eventos, a sequência destes eventos tem vindo a complexificar-se, envolta em novas exigências, constrangimentos e oportunidades.
Neste contexto, esta apresentação pretende discutir e reflectir sobre a adequabilidade de uma metodologia comparativa intergeracional entre jovens descendentes dos PALOP e os seus progenitores, para captar, por um lado, a relevância das escolhas individuais e, por outro lado, os constrangimentos sociais que podem condicionar à partida os trajectos dos indivíduos.
A realização de entrevistas semi-estruturadas, com um carácter biográfico, tanto aos jovens como aos seus progenitores, pareceu-nos a mais adequada. As narrativas biográficas têm em conta o papel activo do indivíduo na construção das suas biografias e ao mesmo tempo permitem captar os desafios, ameaças, oportunidades e riscos que condicionam as suas transições para a vida adulta. Por outro lado, a existência de um
guião semi-estruturado em diferentes dimensões de análise, permite que posteriormente possa ser efectuada uma análise comparativa geracional.
Complementarmente às entrevistas, será feita uma ficha cronológica de eventos (Mills 2007, 2010; Nico 2009) que permitirá registar a temporalidade, em termos de sequência e duração dos diferentes marcadores de passagem para a vida adulta.
A aplicação destes dois instrumentos metodológicos irá permitir delinear os diferentes percursos de cada entrevistado tendo em conta também outros eventos não padronizados, turning points (Brettell 2002) ou critical moments (Thomson et al. 2002), sendo que o ciclo de vida dos indivíduos é também caracterizado por rupturas de vida (Pais 2003).
Pretende-se ainda, com a adopção desta metodologia comparativa, com recurso a instrumentos que permitem delinear um esquema biográfico individual, questionar o determinismo da condição de filhos de imigrantes destes jovens, muitas vezes sobrevalorizada a nível institucional e académico. Paralelamente, no que respeita os seus progenitores, evitar uma sobrevalorização da sua condição de imigrantes na análise dos seus trajectos, ainda que não possa deixar de se ter em conta a importância do projecto migratório enquanto marcador de passagem nos cursos de vida.
- FERREIRA, Tatiana

Tatiana Ferreira é bolseira de doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT, no ISCTE-IUL e no ICS-UL, com o projeto “Género de gerações: processos de transição para a vida adulta dos jovens descendentes de imigrantes dos PALOP” (SFRH/BD/61130/2009). Desde 2008 colabora com a Prof. Marzia Grassi em diversos projetos no ICS-UL. Principais interesses de investigação: transições para a vida adulta, género, migrações e gerações.
PAP1252 - Tempos escolares, tempos docentes
Tendo em vista a importância da problemática do tempo nas sociedades contemporâneas e visto a centralidade do tempo na educação, na escola e nas vidas dos professores, destacando-se a temática das gerações humanas, o estudo realiza um Estado da Arte ou Estado da Questão acerca desta problemática. Trata-se do levantamento, identificação, categorização e análise de um conjunto de teses de doutorado, de dissertações de mestrado e de artigos publicados em periódicos acadêmico-científicos mais conceituados no campo da Sociologia e da Educação em quatro países - Brasil, Portugal, Espanha e México - no período compreendido entre 1990 e 2011. Os procedimentos metodológicos se pautaram nos princípios de construção da pesquisa de Estado da Arte ou Estado da Questão. Assim sendo, depois de levantados e identificados os trabalhos e pesquisas foram devidamente classificados, sistematizados e analisados a partir de categorias de análise, entre as quais se destacam: o objeto de estudo/questões de pesquisa; suas bases teórico-analíticas; a metodologia utilizada; as unidades de análise, os sujeitos e instituições investigadas, no caso dos estudos empíricos; as principais conclusões, descobertas ou resultados dos estudos; as limitações e as contribuições daqueles trabalhos para Educação,para os professores, para as escolas e para o avanço do conhecimento sociológico de um modo geral;
as questões ou problemas que as investigações suscitam para novos estudos da problemática do tempo naqueles quatro países, nas sociedades contemporâneas e na educação, em especial.
- TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro
- SILVA, Geovani de Jesus da
PAP0253 - Tendências e diferenças na mortalidade da população idosa em Portugal: uma abordagem sub-nacional
Em Portugal, e à semelhança do que se verifica
na maioria dos países ocidentais, a população
idosa tem vindo a aumentar. A pirâmide de
idades da população portuguesa passou a
apresentar um estreitamento na base,
acompanhado por um alargamento no topo, forma
que caracteriza uma população envelhecida.
Mas os idosos não se distribuem da mesma forma
pelo território nacional. Existem indícios de
que a população portuguesa está a envelhecer
de forma desigual nas várias regiões do país.
A partir dos dados disponíveis no Eurostat
(taxa bruta de mortalidade, TBM, por 100 mil
habitantes), estudámos as tendências de
mortalidade e variações associadas no período
de 1994 a 2006, entre a população idosa
portuguesa, por sexo, grupo etário e
principais causas de morte (segundo a
International Statistical Classification of
Diseases and Related Health Problems, ICD),
procurando estabelecer diferenças regionais.
Estas ocorrem apenas pontualmente, por sexo,
mas sobretudo entre o grupo etário dos 65 aos
69 anos e o dos 85 ou mais anos, no que se
refere às principais causas de morte. Das seis
causas estudadas, três são dominantes entre a
população idosa: doenças do sistema
circulatório, neoplasias e doenças do sistema
respiratório. Em termos de variação, os óbitos
por doenças endócrinas sofrem, no período em
análise, aumentos acentuados em todo o país,
enquanto que os relativos às doenças do
sistema circulatório tendem a diminuir.
Globalmente, a região Centro apresenta as
maiores diferenças, no que se refere ao
afastamento entre as duas principais causas de
morte e as restantes. Por sua vez, os Açores e
a Madeira apresentam, em certos aspectos,
padrões, quer de tendência das taxas brutas de
mortalidade, quer da sua variação, por sexo,
grupo etário e causa, diferentes dos
observáveis nas regiões do continente, não
podendo considerar-se, no entanto, estas
regiões homogéneas entre si.
Este estudo procura assim fazer um retrato do
país, com um nível de desagregação sub-
nacional. Os resultados relativos às
tendências de mortalidade são apresentados, em
função do sexo, grupo etário e causas de morte.
REFERÊNCIAS PRINCIPAIS
-CANUDAS-ROMO, V. et al., Mortality changes in
the Iberian Península in the last decades of
the twentieth century, Population-E, 63(2),
2008, pp. 319-344.
-GRUNDY, E., Demography and Gerontology:
Mortality Trends Among the Oldest Old, Age and
Ageing, 17, 1997, pp. 713-725.
-INE, Projecções de População Residente,
Portugal e Nuts III, 2000-2050, Instituto
Nacional de Estatística, 2005.
http://www.ine.pt [extraído em 4-3-2009]
-JANSSEN, F., Cohort patterns in mortality
trends among the elderly in seven European
countries, 1950-99, International Journal of
Epidemiology, 2005, 34, pp. 1149-1159.
http://ije.oxfordjournals.org/cgi/reprint/34/5/
1149 [extraído em 25-02-09].
- LAGARTO, Sandra

- MENDES, Maria Filomena

Sandra Lagarto licenciou-se em Engenharia Biofísica e fez também o mestrado em Ecologia Humana na Universidade de Évora. Tem tido um percurso profissional bastante diversificado passando pelo ensino/formação profissional na área de educação ambiental e pela colaboração com gabinetes públicos e privados em projectos de planeamento regional. Há cerca de cinco anos licenciou-se em Matemática Aplicada (especialização em Estatística) e começou a trabalhar com dados demográficos. Está actualmente a concluir a tese de doutoramento, em Matemática, sobre modelos estocásticos de mortalidade.
Maria Filomena Mendes, licenciada em Economia e doutorada em Sociologia na especialidade de Demografia pela Universidade de Évora é Professora Associada no Departamento de Sociologia desta Universidade.
Publicou recentemente, entre outras, as seguintes publicações:
2010, “A diferença de esperança de vida entre homens e mulheres: Portugal de 1940 a 2007” (com I. T. de Oliveira) in Análise Social, Vol. XLV (1.º), 2010 (n.º 194), 115-138.
2010, “Perfil dos imigrantes em Portugal: dos países de origem às regiões de destino” (com C. Rego, J. R. dos Santos e M. G. Magalhães), in Revista Portuguesa de Estudos Regionais, RPER, nº 24-2º Quadrimestre, artigo 7, APDR, Coimbra, pp. 17-39.
PAP0486 - Tensões e equilíbrios na mediatização da justiça: As perspetivas dos atores
As relações entre os media e a justiça vêm sendo fonte recorrente de tensões e conflitos com reflexos legislativos, políticos e sociais, mas também com impactos para a cidadania. Com efeito, numa era em que a circulação da informação é efetuada cada vez mais rapidamente e através de mais canais, afigura-se pertinente lançar questões aos atores envolvidos nas relações entre a justiça e os media no intuito de compreender as suas perspetivas enquanto co-construtores daquelas relações, tanto do ponto de vista individual, como estrutural.
Com base numa tese de mestrado sobre esta temática, esta comunicação tem como objetivo principal lançar um olhar sobre as dinâmicas relacionais que se estabelecem no relacionamento mútuo entre os atores do sistema judicial e dos média. As auto e heterorepresentações poderão fornecer pistas relevantes para o modo como as ideologias e idiossincrasias profissionais influenciam a problemática das relações justiça/média.
As conclusões apontam para a configuração e manutenção de um ambiente algo dualista, marcado por aproximações e afastamentos, frequentemente influenciadas por experiências pessoais, mas também pelos constrangimentos profissionais de ambos os grupos. Embora sejam avançadas possíveis soluções com vista a uma normalização dos contactos entre a justiça e os media, estas são encaradas pelos atores com algum ceticismo quanto à sua exequibilidade e eficácia.
- SANTOS, Filipe José da Silva Cardoso

Filipe Santos é mestre em sociologia e doutorando em sociologia na Universidade do Minho. Foi investigador nos projetos “Justiça, Media e Cidadania” e “Base de dados de perfis de DNA com propósitos forenses em Portugal: questões atuais de âmbito ético, prático e político do Centro de estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Tem pesquisado na área dos estudos sociais da ciência, tecnologia e tribunais e estudos de comunicação na área da justiça, tendo recentemente editado, com Helena Machado, o livro Direito, Justiça e Média: Tópicos de Sociologia (Afrontamento, 2012).
PAP0511 - Teorias democráticas diante da nova gramática de organização da sociedade e da relação entre o Estado e a sociedade
O presente artigo aborda as concepções teóricas democráticas reformuladas diante da nova gramática social em que atores emergiram clamando por demandas sociais reprimidas a partir da segunda metade do século XX. Desenvolveu-se, nesse artigo, uma abordagem sobre as principais contribuições das dimensões da concepção democrática. Como resultado, apresentamos que as inovações institucionais, advindas do processo de uma institucionalidade da democracia, constituíram um ideal participativo e inclusivo de grupos sociais que até então estavam apartados do processo político-decisório.
- TOLEDO, Rodrigo Alberto

Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.
PAP0410 - Teoría de Modelos Culturales (TMC). Una herramienta de análisis cultural
En este artículo se propondrá un modelo de análisis de las culturas denominado Teoría de Modelos Culturales (TMC), la cual está siendo utilizado en la elaboración de una Tesis Doctoral adscrita al Departamento de Sociología de la Universidad de La Laguna titulada “La paradoja del cambio generacional en la Isla de La Gomera: consecuencias demográficas, sociales y económicas”. La Teoría de Modelos Culturales tiene como antecedentes teóricos directos las aportaciones de T. Parsons, P. Bourdieu, Grignon y Passeron, F. Dubet, D. Martuccelli, D. Cuche , Z. Bauman y U. Beck entre otros. Por lo tanto, la TMC se concibe como una herramienta de estudio de las culturas en sus diferentes ámbitos (definidos en esta teoría como esfera normativa, valorativa, sociopolítica y valores prácticos necesarios para la acción) que permitiría el análisis de las mismas de una forma estandarizada y relativamente objetiva, pues reúne todas las cuestiones que se deben estudiar sobre la vida cotidiana de los diferentes sectores socioculturales de una sociedad. Si bien esta TMC no es la solución definitiva a los problemas metodológicos y teóricos del análisis de las culturas, este constructo teórico pretende aportar una propuesta de análisis de las culturas de los grupos sociales relativamente homogénea para así poder establecer correspondencias o disparidades entre los universos culturales de los diferentes grupos sociales. Además, a esta Teoría se le añadirán diversas consideraciones metodológicas y epistemológicas a la hora de aplicar la teoría de modelos culturales a la realidad social, así como se mostrarán ejemplos concretos que ayudarán más a la comprensión de este constructo teórico.
- BARROSO, Josué Gutiérrez

Josué Gutiérrez Barroso es Licenciado en Sociología por la Universidad de La Laguna y está en posesión del Diploma de Estudios Avanzados correspondiente al programa de doctorado interdepartamental “Sociedad, Política y Cultura” correspondiente al Bienio 2006-2008, impartido por el Departamento de Sociología de la Universidad de La Laguna. También tiene aprobado, con fecha 19 de febrero de 2009, el Proyecto de Tesis Doctoral por la Comisión de Doctorado de la Universidad de La Laguna titulado “La paradoja del cambio generacional en la Isla de La Gomera: consecuencias demográficas, sociales y económicas”, la cual leeré a finales de este año 2012.
Desde el año 2006, y hasta el 2011, fui el sociólogo del Servicio de Planificación de Infancia y Familia de la Consejería de Asuntos Sociales del Excmo. Cabildo Insular de La Gomera. Actualmente me encuentro trabajando como sociólogo del sector de la empresa.
PAP1218 - Teorías de los procesos de desconcentración urbana. Una aplicación al caso español.
En los últimos años los fenómenos de desconcentración urbana han copado un número creciente de investigaciones desde una ingente variedad de perspectivas. El principal objetivo de este estudio es el de presentar las diferentes teorías que han tratado de sistematizar las pautas causales y descriptivas de estos fenómenos de desconcentración urbana, así como la de hacer un balance de la adecuación de estos paradigmas con una serie de datos demográficos. Por tanto, en primer lugar, se realiza una sistematización de la teoría existente como fruto de una extensa revisión de la literatura sobre los procesos de desconcentración urbana –fundamentalmente suburbanización/rururbanización y contraurbanización—. En segundo lugar, se realiza una radiografía de los comportamientos de las principales áreas urbanas y municipios dinámicos en España para, finalmente, proponer un nuevo modelo teórico sobre la Transición Territorial con el objeto de explicar los ciclos de desarrollo urbano.
- OTERO, Raimundo

- TOURIÑO, Ana

Raimundo Otero Enríquez es licenciado en Sociología por la Universidade da Coruña. Actualmente es profesor asociado de la UDC, consultor de la empresa EDESGA y miembro del Grupo de Estudios Territoriales (GET) de la UDC. Su línea de investigación principal se centra en el estudio de los procesos internacionales de desconcentración urbana, tema en el cual desarrolla su tesis doctoral.
Ana Touriño Sánchez es licenciada en Sociología por la Universidade da Coruña. Ha trabajado como investigadora en la Escola Galega de Administración Pública y el Instituto Galego de Estatística. Actualmente es miembro del Equipo de Investigación en Sociología de las Migraciones (ESOMI) de la UDC y se encuentra realizando su tesis doctoral con el título "Estudo da baixa fecundidade galega dende a perspectiva de xénero. Explicacións causais e propostas de intervención pública".
PAP1542 - Territorialidades, Género e Sexualidades: Percursos luso-brasileiros de investigação em Geografia Social
Partindo de uma investigação diferenciada dos três autores em torno do cruzamento de geografia, género e sexualidade este texto pretende questionar os modos como as ciências sociais tem dedicado uma atenção à temática da territorialidade e espacialidades a quando dos estudos de género e de sexualidades. Nesse sentido pretendemos despoletar o debate sobre presença/ausência da investigação territorializada sobre género e sexualidade, a partir de uma perspectiva em que teoria, praticas e conhecimento queer concorrem para, potenciando por outro lado um conhecimento transdisciplinar sobre a género e sexualidade. Este texto traz assim um debate por um lado os estudos urbanos e os estudos sobre género e sexualidade e apresentará algumas propostas nascidas das experiências transnacionais de investigação dos seus autores. Daremos particular atenção as conceitos centrais na geografias como sendo espaço/espacialidade e território/territorialidade de modo a problematizar como a geografia humana, e neste campo a chamada geografia social, deve ser uma ciência fundamental na investigação das ciências sociais sobre sexualidades e género.
Palavras Chave: Espaço; Territorialidades; Sexualidades, Teoria Queer; Género
- VIEIRA, Paulo Jorge
- SILVA, Joseli Maria
- COSTA, Benhur Pinós da
PAP1328 - Territorios e identidades sociais: as Unidades de Policia Pacificadora e o processo de urbanização nas favelas do Rio de Janeiro
Este artigo procura discutir alguns dos efeitos das políticas de Segurança Pública implementadas em distintas favelas da cidade do Rio de Janeiro sobre a vida cotidiana de seus moradores. Tais políticas públicas foram particularmente motivadas pela escolha da capital do estado como sede de importantes eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, e fazem parte de projetos mais amplos de renovação urbana visando preparar a cidade para a realização dos megaeventos em questão. Com esse objetivo, desde dezembro de 2008, começaram a ser implantadas as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s) nas favelas cariocas. Trata-se de uma forma de ocupação das favelas por um contingente policial visando garantir a segurança local e, sobretudo, cessar com a criminalidade violenta ligada ao tráfico de drogas nesses espaços.
A partir de trabalho de campo realizado na favela Santa Marta, localizada na Zona Sul da cidade, buscaremos aqui evidenciar a dimensão dos conflitos gerados pelos processos de regularização urbanística e pela substituição gradativa de práticas “informais” de acesso aos serviços, desde a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Buscaremos, do mesmo modo, chamar a atenção para as implicações de tais ações sobre o processo de formalização e reconhecimento de um endereço na cidade. Pretende-se, desta perspectiva, associar a dimensão das identidades e das representações sociais ao processo mais amplo das políticas públicas de segurança e de reestruturação urbana em curso na cidade do Rio de Janeiro.
A escolha da cidade como sede da Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016 teve como consequência imediata uma série de propostas de políticas públicas de renovação urbana. De modo geral, os projetos têm como alvo privilegiado áreas urbanas consideradas estratégicas pelo poder público, tanto do ponto de vista de seu potencial econômico quanto turístico e muitas delas incidem sobre espaços de habitação popular, particularmente as favelas, implicando ações diretas do Estado nessas áreas. Na complexa negociação entre o setor público e o setor privado, no que concerne a garantia dos investimentos necessários à realização dos projetos de renovação/revitalização urbana visando os eventos internacionais mencionados, a questão da segurança pública tornava-se fundamental. Diante dos crescentes índices de violência registrados na cidade do Rio de Janeiro ao longo das últimas décadas, reconhecidamente um dos mais altos do mundo, o enfrentamento dessa questão era urgente. Antes de renovar/revitalizar as áreas mais diretamente envolvidas nos projetos, entretanto, era preciso torná-las seguras. Com esse objetivo, começaram a ser implementadas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, em algumas favelas da cidade, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s).
- MELLO, Marco Antonio da Silva
PAP0621 - Território, Sociedade e Políticas Públicas.
Para um melhor
entendimento das
políticas públicas
implementadas por um
governo é
fundamental que,
para além da
compreensão básica
do papel e função do
Estado e sua relação
com a sociedade,
observe-se também a
peculiar relação da
sociedade com o
território, ou seja,
a territorialidade e
a dinâmica
sócio-espacial
envolvidas em todo
este processo.
Por considerarmos
que a sociedade
mantém uma relação
profunda com o
espaço geográfico,
desenvolvendo um
sentimento de
pertença e
identificação com o
lugar, acreditamos
que o território não
deva ser tomado
apenas enquanto
palco onde as
intervenções irão se
efetivar. Nesta
perspectiva, a noção
de território aqui
refletida é definida
por processos
sócio-históricos,
sendo assim, o
território habitado,
vivido, utilizado de
forma
sócio-espacial, e
não porções
territoriais
estáticas definidas
cartograficamente,
sem considerar a
vida social. Logo,
essas ramificações
solicitam uma
atenção especial do
sociólogo para o
estudo das relações
entre território,
territorialidade e
políticas públicas.
As políticas
públicas por sua vez
passaram, nos
últimos anos, a
adotar novos
conceitos e
instrumentos
metodológicos para
diferentes campos de
ação e investigação
que discutissem a
relação Sociedade x
Espaço deixando,
paulatinamente, de
serem compreendidas
apenas como o
“governo em ação”.
Nesta dimensão,
inserem-se a
dimensão democrática
e a redefinição dos
conceitos de
cidadania e
participação.
Neste sentido, este
trabalho busca
discutir a relação
entre território,
sociedade e
políticas públicas
no Brasil no início
do século XXI. Nosso
objetivo é mostrar
que, através de uma
leitura territorial,
é possível estudar e
compreender,
sociologicamente, as
políticas públicas,
privilegiando a
dimensão social e
dedicando questões
específicas entre a
promoção, execução e
a dinâmica
territorial.
Mais que um estudo
de caso ou resultado
empírico de uma
pesquisa, este
trabalho objetiva
trazer elementos
teóricos e
metodológicos que
contribuam para a
compreensão desta
relação, enfocando
autores que se
aproximam e se
dedicam a uma
abordagem
sociológica sobre o
tema.
- PINHEIRO, Carlos Henrique Lopes
- SILVA, Silvonetto Oliveira da
PAP0498 - Territórios Urbanos e Metrópole: linguagens e signos do grafite
O objetivo dessa
proposta é o de
acompanhar e
analisar percursos
urbanos de jovens
grafiteiros de
periferia em suas
trajetórias de
ocupação no espaço
urbano e nos
ambientes virtuais.
Em uma pesquisa
efetuada sobre a
cartografia de
gangues, galeras e o
movimento hip hop
identificamos que as
trajetórias desses
segmentos na cidade
assumem uma lógica
peculiar. São corpos
em trânsito que
parecem carregar
signos do bairro, de
filiações grupais,
para onde possível
for e assim realizar
encontros,
representações
públicas e fincar
marcas territoriais.
Os corpos juvenis
constituíam e ainda
constituem um mapa
ambulante da
metrópole. No caso
de grafiteiros,
percebe-se formas de
produção de signos,
que transpõem
fronteiras
territoriais e criam
uma peculiar
linguagem no urbano
e do urbano. Os
fluxos de
grafiteiros
transpõem a
invisibilidade dos
bairros de periferia
e criam um mapa não
fixista da cidade.
Os traços e cores
esboçados em
desenhos e grafites
migram dos muros
para telas virtuais
e ampliam o escopo e
a noção de esfera
pública. Propomo-nos
identificar no
corpo dessa nova
abordagem qual a
noção de território
de agrupamentos
juvenis que se
constituem na esfera
das “relações
virtuais”.
Observa-se através
desse foco de
observação outra
escala da metrópole
e novos eixos de
produção de
identidades
culturais e
territoriais. Isso
significa
ultrapassar a visão
de espaços
delimitados, já que,
como bem explicita
Machado Pais, nos
tempos que correm,
os jovens vivem uma
condição social em
que as setas do
tempo linear se
cruzam com o
enroscamento do
tempo cíclico”.
Analisaremos assim
linhas, contornos e
escalas de
representação da
metrópole
contemporânea,
através de
inscrições,
trajetórias e
apropriações de
jovens
"grafiteiros". Vale
ressaltar que muitos
desses jovens, ao
estampar seus
grafites em espaços
de intenso
adensamento urbano,
promovem novas
reconfigurações de
bairros de
periferia apenas
reconhecidos por
situações de
conflito e
violência. Desse
modo, o grafite
constitui uma
prática de
re-apropriação
simbólica do espaço
urbano.
- DIÓGENES, Glória

- SILVA, Lara Denise.
Glória Diógenes nasceu na cidade do Rio de Janeiro. É professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará, Coordenadora do Laboratório das Juventudes (LAJUS), fundadora e ex-coordenadora do “Projeto Enxame – fazendo arte com gangues e galeras e ex-Secretária de Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Realizou uma série de pesquisas (publicadas) sobre a criança e o adolescente: “Meninos e meninas de rua: cenário de Ambigüidades” (1993); “História de Vida de Meninos e Meninas de rua” (1994); “Criança Infeliz” - Exploração Sexual-Comercial de crianças e adolescentes em Fortaleza (1998); “Personagens em foco: esses meninos e meninas moradores de rua” (1998). Organizado por outros autores, tem artigos publicados nos seguintes livros: “Abalando os anos 90: funk e hip hop” (Rocco,1997); “Linguagens da Violência” (Rocco, 2000) e “Violência em Tempo de Globalização” (Hucitec, 1999). “Política e Afetividade” (EDUFBA, 2009); “A Juventude vai ao Cinema” (Autêntica, 2009), Juventude em Pauta: Políticas Públicas no Brasil (Petrópolis/Ação Educativa, 2011), Juventudes Contemporâneas: um mosaico de possibilidades (2011). Em 1998, como resultado de sua tese de doutorado, lança, pela Annablume, o livro “Cartografias da Cultura e da Violência - gangues, galeras e o movimento hip hop”, em 2003, o livro “Itinerários de Corpos Juvenis” (Annablume), em 2004, o livro “Cenas de uma Tecnologia Social: Botando Boneco” (Annablume/SESI/FIEC), em 2008, o livro “Os Sete Sentimentos Capitais: Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes” (Annablume) e autora do livro e, em 2010 “ViraVida – uma virada na vida de meninos e meninas no Brasil” (SESI). Junto com o Armazém Cultural organiza os Encontros de Twtteiros Culturais (ETC) em Fortaleza. No momento, pesquisa “Ciber-afectos e conexões em redes: intervenções juvenis na cidade”.
PAP0270 - Tese e ANTítese: a autoetnografia como proposta metodológica
Todos os textos
sociológicos
procuram interpretar
e dar sentido às
relações sociais,
integrando-as num
determinado modelo
explicativo ou tese.
Estas teses são
geralmente
atribuídas a um ou
vários autores e
inseridas numa
corrente ou escola,
dando origem a uma
teoria social. As
teorias e os modelos
interpretativos
tendem a tornar-se
impessoais e
deslocalizados, à
medida que vão sendo
exportados e
reutilizados por
outros autores,
acabando por se
tornarem normativos
e, de certa forma,
herméticos. Dado que
todas estas teorias
são construídas a
partir de um certo
contexto
sócio-histórico,
torna-se muito
difícil escapar ao
etnocentrismo
interpretativo, até
porque o sociólogo
está sempre situado
e o seu
posicionamento é
irremediavelmente
restritivo. O que
pretendo aqui
explorar é a
possibilidade de
libertar as análises
sociológicas do
etnocentrismo a
partir do
autocentrismo. A
autoetnografia é um
mecanismo
metodológico que
permite dar
visibilidade aos
variados aspetos e
agentes (antítese)
que ficam fora das
teses e que são
obscurecidos, mesmo
tendo sido decisivos
para a elaboração
das mesmas.
Associada à ANT
(Teoria Ator-Rede ou
Actor-Network
Theory), a
autoetnografia
procurará focar-se
nas redes de
interações que levam
o etnógrafo a
escolher as suas
metodologias,
modelos analíticos e
propostas teóricas.
Procurando colocar
todas os agentes num
plano bidimensional
não hierarquizado
previamente (Bruno
Latour) e seguindo
os princípios do
agnosticismo,
simetria e
associação livre
(Michel Callon), a
autoetnografia
servirá para
identificar tantos
os atores humanos
como não-humanos que
se relacionam e se
suportam mutuamente
na elaboração de
teses sociológicas.
Esta metodologia de
análise permitirá
ainda localizar a
produção de
conhecimento, dando
visibilidade ao
contexto específico
da sua construção,
tanto do ponto de
vista material como
imaterial. Centrada
mais no processo de
produção do que no
resultado final dos
estudos
sociológicos, a
autoetnografia
pretende também
resgatar as emoções
e as ideias prévias
dos autores sobre o
seu objeto de
análise, dando
ênfase às
transformações
conceptuais,
emocionais e
performativas que
ocorrem durante a
construção da sua
tese.
- ARRUDA, José Pedro

Nota biográfica: José Pedro Arruda nasceu a 30 de Junho de 1982, em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão. Em 2006 concluiu a Licenciatura em Antropologia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Em 2009, ingressou no Mestrado em Sociologia da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que concluiu em 2011. Atualmente, frequenta o programa de Doutoramento em Sociologia da mesma Universidade, onde desenvolve um projeto de investigação sobre televisão, os mecanismos que a produzem e os seus impactos sociais na vida de todos os dias.
PAP0965 - The Creative Citizen: Citizenship Building in Urban Areas
The current work explores the significance of citizenship in the contemporary world, suggesting a new approach to its realization, where artistic practice and the development of cultural awareness combine to produce the creative citizen. This research uses case studies from three Boston metropolitan area neighbourhoods in Massachusetts, USA, to reflect on arts and culture as platforms to re-address citizenship at the community level.
The case studies address examples where citizenship is explored through the development of inter-ethnic and face-to-face connections as platforms of artistic inclusion, the creation of a local identity associated with an Arts District, and through physical space appropriation and reinforcement of cultural identity.
The relationship between urban public space, community, and culture is understood as a platform that may offer new strategies for urban space revivification, and specific strategies of civic engagement and leadership in these communities, providing impetus for the development of creative citizens.
- CARVALHO, Claudia

Presentemente, coordena o projecto Bando à Parte: Culturas Juvenis,
Arte e Inserção Social, um projecto de formação artística a decorrer
no Teatrão (Oficina Municipal do Teatro) em Coimbra, desde Setembro de
2009.
Completou o Doutoramento em Sociologia, especialização em Sociologia
da Cultura, do Conhecimento e da Comunicação, pela Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra, em Outubro de 2010. Este
doutoramento contou com a coordenação do Professor Doutor Carlos
Fortuna e com a co-coordenação do Professor Ceasar McDowell. Em Maio
de 2004, completou o Mestrado em Sociologia pela Faculdade de Economia
da Universidade de Coimbra (FEUC), com uma tese que se debruçou sobre
a Associação Cultural e Recreativa de Tondela (A.C.E.R.T), intitulada
«Dinamicas Culturais e Cidadania. As Culturas Locais na
Pos-Modernidade. Um Estudo de Caso».
O trabalho empírico de doutoramento intitulado The Creative Citizen:
Citizenship Building in the Boston Area (que compreende três estudos
de caso nas comunidades urbanas de Jamaica Plain, South End e
Somerville, em Boston) foi realizado no Center for Reflective
Community Practice (agora Commmunity Innovators Lab, Departamento de
Estudos Urbanos do Massachussets Institute of Technology), com a
supervisão do Professor Ceasar McDowell. Este trabalho de investigação
dedicou-se, por um lado, a tentar compreender as diferentes formas
através das quais a cultura e as práticas culturais podem promover a
revivificação social, económica e cultural dos espaços urbanos, dando
origem à criação de novas cidadanias. Por outro lado, pretendeu
identificar estratégias de envolvimento comunitário através das
actividades culturais e artísticas.
Inicia presentemente o seu pos-doc no Centro de Estudos Sociais da
Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto Artéria 7: o centro em
movimento, projecto de investigação-ação em colaboração com O Teatrão
(Oficina Municipal do Teatro, Coimbra).
PAP0399 - The Incorporation of Portuguese Americans into the Political System of Rhode Island: An historical overview
In this paper I address the theme of political
integration of immigrant populations into their
host societies by specifically addressing the
incorporation of Luso-Americans into the
political apparatus of the state of Rhode
Island, USA. While Portuguese immigrants have
been seen as largely apolitical and not likely
to become involved in the political system of
the host society, in Rhode Island, and
particularly in the city of East Providence,
the Portuguese and their descendants have been
highly successful in conquering elected
political office at the state and local levels.
Uninterrupted Portuguese representation from
East Providence in Rhode Island’s General
Assembly began in 1941 and a senatorial seat
from East Providence has been held
consecutively by five Luso-American senators
for the past 52 years. People of Portuguese
descent have also attained positions of
political leadership as mayors, city council
and school committee members, among other
positions, in areas of Portuguese spatial
concentration in the state of Rhode Island. The
current president of the Democratic Party, at
the state level, and several high-profile
leaders in the labor movement are equally of
Portuguese origins. Likewise, Portuguese
Americans have also achieved a significant
level of incorporation into the state’s public
administration apparatus. In contrast, in the
neighboring state of Massachusetts, in cities
such as New Bedford, where the Portuguese
population has comprised more than half of the
total population, the Portuguese have been
largely unsuccessful in their attempts to
become elected. In this paper, drawing on the
existing literature on the incorporation of
immigrants into the American political system,
I attempt to provide an explanation as to why
the Portuguese have been so successful in their
incorporation into the political system of
Rhode Island. While focusing on the political
incorporation of the Portuguese and their
descendants in the state of Rhode Island, this
paper contributes to the broader study of
political integration of immigrants and their
descendants by providing a test-case against
which existing theoretical frameworks can be
tested and perhaps advanced. (I can present in
either Portuguese or English).
- SCOTT, Dulce Maria

Dulce Maria Scott, Ph.D. in Sociology from Brown University, USA
· Professor of Sociology and Criminal Justice at Anderson University, Indiana, USA
· Affiliated researcher with the Institute of Portuguese and Lusophone World Studies at Rhode Island College (IPLWS)
· Founding co-editor of the Interdisciplinary Journal of Portuguese Diaspora Studies (IJPDS)
· Associate editor of the Journal of the Indiana Academy of the Social Sciences (JIASS)
· Research Consultant for the Portuguese American Leadership Council of the United States (PALCUS)
· Current research interests: socioeconomic and political integration of immigrants and ethnic groups into American society.
PAP0679 - The Portuguese Physical Education Pre-Service Teachers’ Learning Process: a Study using Visual Methods.
The understanding of the socialization process on the teachers’ profession can be improved using the visual methods. As such, the main goal of this study was to outline the chief aspects considered as important by the pre-service Physical Education teachers for their learning process as teacher. For that purpose, nine pre-service teachers from the Faculty of Sport, University of Porto (Portugal) participated in the study. In order to capture their views, an exploratory approach was adopted using photo elicitation (Harper 2000; Phoenix 2010; Pink 2010) in a focus group session (Bryman 2008). In the data collection process, the participants were asked to: (i) collect visual material (photographs and videos) of their context of practicum at school during a period of one week, (ii) present and comment the selected images in the focus group session, as well as to (iii) jointly reflect upon their learning process as Physical Education teachers. Data was submitted to thematic analysis using the Nvivo 9 software. The main results are as follows: (i) the images gauged the pre-service Physical Education teachers’ perceptions on their learning process as teachers, as well as the verbalization of their perception about the construction process of their professional identity; (ii) the focus group session enhanced the sharing of ideas and perspectives among the participants; (iii) the participants emphasized five essential aspects to their everyday learning as teachers: the supervision process, the teaching lessons, the task management skills, the practice reflections, and the society with their professional peers; (iv) the group of study also identified the ability of being affective to the students and professional peers, overcoming challenges and assuming risks, as characteristics addressed to the role of being a teacher; (v) the ongoing nature of the teacher profession and the consequent need to constantly update their knowledge were, likewise, stressed out by the participants; finally it was noticed that (vi) the usage of the visual methods emerge as an invaluable tool to better understand how the pre-service teachers (re)construct their professional identity.
Research Project funded by Foundation for Science and Technology, reference PTDC/DES/115922/2009.
- CUNHA, Mariana Amaral da

- BATISTA, Paula
- GRAÇA, Amândio
- PEREIRA, Ana
My name is Mariana, I am Assistant Professor and a Doctorate student at the Faculty of Sport, University of Porto. My areas of interest are Adapted Physical Activity and Teacher Professional Identity. Today I will present a piece of research relative to my Phd Research Project concerning the learning process in becoming a Physical Education Teacher. Hope you enjoy. Thank you very much in advance for your attention.
PAP0186 - The impact of diversity and team culture on the effectiveness of workgroups
The central aim of the present research is to contribute for the clarification of the conditions under which teams can be successful analysing the direct and interactive effects of diversity and of the team cultural orientation towards learning on team outcomes (team performance, team member satisfaction, team member quality of life).
Research developed on the way group composition affects group performance, cohesion, group members’ commitment, satisfaction and other indicators of effectiveness, is abundant but not conclusive. In fact, whereas some studies pointed to the existence of a significant effect of diversity on team results (Bantel & Jackson, 1989, Webber & Donahue, 2001) others found no significant, or even negative, relationships (Bowers, Pharmer, & Salas, 2000). Some scholars have been arguing the need to consider specific contextual variables when modelling the relationship between diversity and performance (Bowers et al., 2000; Williams & O’Reilly, 1998).
In the present study the moderator role of a contextual variable that is significantly related to the way the group deals with knowledge and learning is considered: the team cultural orientation towards learning
A learning culture can be defined as an orientation toward the promotion, facilitation, sharing and dissemination of individual learning (Rebelo, 2006). Openness, experimentation, error acceptance are some of the characteristics that are present in a team with this type of culture. We argue that teams with a culture oriented toward learning are more able than teams less oriented toward learning to process different kinds of information, ideas and knowledge that emerge as a result of the presence of different kinds of people. Thus, it is in a context of high team learning culture that diversity can promote effectiveness.
To test our hypotheses a non-experimental research was conducted. Seventy-three workgroups from different industrial and services companies, that perform complex and non-routine tasks, were surveyed. Multiple regression analyses were conducted and results revealed that the team orientation towards learning improves team member satisfaction and team member quality of life. Diversity presented, as well, a positive impact on team member satisfaction and on team member quality of life, but the effect was just marginally significant. However no interactive effects were identified. This study highlights that the orientation of teams towards the promotion, facilitation, sharing and dissemination of learning constitutes a competitive advantage.
- LOURENÇO, Paulo

- DIMAS, Isabel

PAULO RENATO LOURENÇO
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Universidade de Coimbra
Rua do Colégio Novo
Apartado 6153
3001-802 Coimbra PORTUGAL
Paulo Renato Lourenço is an Assistant Professor of Work, Organizational and Personnel Psychology at the Coimbra University (Portugal). He earned his PhD in Work and Organizational Psychology from the University of Coimbra. His current research interests include work teams, effectiveness, conflict management and leadership. He has written several academic papers about these topics (Leadership and effectiveness: a revisited relationship, Conflict and group/team development: an integrated approach, From plurality to bi-dimensionality of group effectiveness) and he is a member of the Coordination Team of the European Master on Work, Organizational, and Personnel Psychology (WOP-P) - Erasmus Mundus Programme, in Coimbra, and also a member of the Coordination Team of the College Doctoral Tordesillas (CDT) in Work, Organizational, and Personnel Psychology.
ISABEL DÓRDIO DIMAS
idimas@ua.pt
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda
Universidade de Aveiro
Apartado 473
3754 – 909 Águeda PORTUGAL
Phone: (+351) 234 611 500
Fax: (+351) 234 611 540
Isabel Dórdio Dimas is an Assistant Professor of Organizational Psychology at University of Aveiro (Portugal) and a collaborator and researcher at University of Coimbra. She earned her PhD in Organizational Psychology from the University of Coimbra. Her current research interests include workgroups, intragroup conflict, conflict management, diversity and emotions in the group. She has written several academic papers within these fields. She is also a member of the team of the Tordesillas Doctoral College in Work, Organizational, and Personnel Psychology.
PAP1329 - The politics of resistance by civil society and human rights NGOs in the Russian Federation
The Russian Federation has been described as a hybrid regime, an “overmanaged democracy” (Petrov, Lipman & Hale, 2010), or a “sovereign democracy” (Krastev, 2006; 2007) with imperialist re-emergent ambitions of becoming “the other Europe, an alternative to the European Union” (Ibid.). In such a political configuration, the Kremlin has managed to instill an atmosphere of suspicion towards international and national organizations working in the sphere of human rights protection. Non-Governmental Organizations (NGOs) that are funded by foreign donors are associated with the Western agenda and Western imperialism, mainly from the USA. At the same time that human rights NGOs attempt to survive in such a ‘hostile environment’, we witness, after the last elections, an important rise in public protests for democratization and against Putin’s politics. Based on qualitative research in St. Petersburg, in the years of 2010-2011, I explore the question of the meaning and the politics of resistance in the context of democratization, analyzing civil society and NGOs as collective subjects, (as well as objects), of politics, in their relationship with international and national actors.
Keywords
politics; resistance; civil society; NGO; Russian Federation
- SEIXAS, Eunice Castro

Nome: Eunice Cristina do Nascimento Castro Seixas
Afiliação: Doutoranda do CES/FEUC no programa 'Pós-Colonialismos e Cidadania Global', recebe uma bolsa da FCT no âmbito do QREN - POPH - Tipologia 4.1 - Formação Avançada, comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MCTES.
Área de Formação: Licenciada em Psicologia e Mestre em Psicologia Social pela FPCE da UP
Experiência Profissional: na investigação, na educação (foi assistente na Universidade Fernando Pessoa, no Porto) e na psicologia clínica
Interesses de Investigação: Perspetivas pós-coloniais/descoloniais; sociedade civil; democratização e governação global; migração e expatriados contemporâneos; análise crítica de discurso.
PAP1414 - Think tanks e a agenda liberal no Brasil
O objetivo da presente pesquisa é investigar as relações existentes entre a imprensa brasileira e think tanks como o Instituto Millenium (IMIL), no intuito de discutir a eventual influência de suas ideias nos meios de comunicação, ideias estas assumidamente liberais e economicamente ortodoxas. Incidentalmente, visa-se abordar a presença de organizações semelhantes no Brasil, originalmente próprias de países do Hemisfério Norte, por meio do que se convencionou chamar “redes transnacionais de think tanks” (transnational networks), sabendo-se que o IMIL mantém diálogos com centros de pesquisa internacionais como a Atlas Foundation.
Para alcançar esses objetivos, revisamos as características dos think tanks em países desenvolvidos apresentadas na literatura especializada e apresentamos como essas instituições tem se caracterizado no Brasil, justificando nossa classificação do IMIL como um think tank militante (advocacy think tank). Para as relações imprensa e instituto, isso implica também na análise de veículos de comunicação selecionados (alguns jornais e o telenoticiário diário Jornal Nacional) para diagnosticar se há um processo de agenda setting em andamento. Essa investigação tem sido conduzida no âmbito da pós-graduação em Sociologia e os resultados parciais serão apresentados nessa ocasião.
Instituições como think tanks são recentes no Brasil e em outros países que fazem parte da “terceira onda” de democratização, assim como a imprensa livre também é uma instituição recente. Saber se há, e, se houver, como se dá a cooperação entre esses dois sistemas-peritos diz muito a respeito da qualidade do processo de redemocratização que ocorreu nesse país a partir do final da década de 80 do século passado, uma vez que na literatura especializada os think tanks estão usualmente relacionados às sociedades democráticas livres.
- SILVEIRA, Luciana
PAP0262 - Tipos religiosos juvenis
Num mundo notabilizado globalmente pela hipertrofia do indivíduo e do consumo, em que tudo se pode escolher, em que o homem é realmente o centro do seu universo, a individualização desenvolveu-se de forma explosiva. Também a religião sofreu o efeito desta modernidade altamente individualista, permeada pelas recomposições religiosas, pela bricolage, pela religião à carta. Do menu de conteúdos religiosos ou seculares disponíveis, o homem selecciona os que lhe proporcionam maior sentido à sua vida. A morte das grandes narrativas, das religiões tradicionais e seculares, libertou o homem das cosmovisões, das utopias terrenas ou supraterrenas, sendo agora o seu sonho a realização de si, o seu desenvolvimento pessoal, aqui e agora.
Num mundo marcado pela reflexividade, pela individualização e pelo consumo, e estando Portugal a assistir a um declínio religioso, fruto da secularização, podemos questionar a eventual saída da religião do nosso país ou a quebra da religião tradicional de forma homogénea. Desta forma, foi aplicado um inquérito com base numa amostra de 500 estudantes universitários do ensino superior público universitário de Lisboa (ISCTE-IUL, UL, UNL e UTL). Os questionários incluíam perguntas sobre crenças e práticas católicas, atitudes em relação ao casamento, vida e sexualidade, assim como sobre crenças e práticas não católicas, para além de itens da socialização e de aspectos importantes na vida. Do cruzamento dos três primeiros conjuntos de itens, surgiram tipos religiosos. Estes foram cruzados com os outros aspectos, caracterizando-os relativamente a esta nossa modernidade. Na verdade, a amostra não é homogénea mas dispersa-se por três tipos religiosos: católicos nucleares, católicos intermédios e não católicos. Estes grupos são distintos, com identidades claramente desiguais, com diferentes graus de crenças, de práticas e de atitudes. As crenças e as práticas não católicas, ou seja, as recomposições religiosas são maiores nos católicos intermédios, onde as convicções religiosas são menores permitindo uma plasticidade das crenças e das práticas.
- COUTINHO, José Maria Pereira

Nome: José Maria Pereira Coutinho
Afiliação institucional: Investigador da NÚMENA
Área de formação: Doutoramento em sociologia (ISCTE-IUL)
Interesses de investigação: Religião (religiosidade (crenças, práticas, atitudes), espiritualidade, bricolage, sagrado, oração, socialização) e Juventude.
PAP0225 - Tolerância social e valores: uma exploração de modelos explicativos
As pesquisas sobre a tolerância social e política tiveram origem os EUA, na sua génese dedicavam-se exclusivamente à tolerância face a grupos associados à esquerda do espectro político (comunistas, socialistas, ateus), posteriormente, a análise estendeu-se quer a grupos à direita como a outros grupos minoritários como grupos percebidos como etnicamente diferentes (judeus, muçulmanos, etc), como a grupos estigmatizados por motivos comportamentais (toxicodependentes, gays, etc).
Os estudos empíricos sobre tolerância têm vindo a evidenciar um incremento da tolerância nas sociedades ocidentais (Muller, 1988). No mesmo sentido, alguns modelos teóricos de valores sociais defendem uma mudança nas orientações valorativas dos cidadãos nas sociedades contemporâneas, referimo-nos mais especificamente à mudança de valores materialistas para valores pós-materialistas defendida por Inglehart (1990; 1997) e a mudança de valores autoritários para valores libertários advogada por Flanagan e Lee (2003). Estes modelos, embora relativamente semelhantes a nível empírico, apresentam explicações relativamente distintas para a sua relação com a tolerância.
Tomando como indicador de tolerância social uma das medidas de distância social de Bogardus (1933), a presente comunicação tem dois objectivos. Em primeiro lugar pretende-se expor a relação teórica entre os dois modelos teóricos de mudança de valores e a tolerância social.
Num segundo momento, testa-se empiricamente esta relação de valores sociais com a tolerância social face a três grupos, minorias étnicas (pessoas de outra raça, famílias numerosas, muçulmanos, trabalhadores imigrantes, judeus, ciganos, cristãos) grupos estigmatizados (pessoas com passado criminal, alcoólicos, pessoas desequilibradas, pessoas com SIDA, toxicodependentes, homossexuais) e extremistas políticos (de esquerda e de direita).
A verificação empírica recorre aos dados mais recentes do European Value Studies (EVS) cujo trabalho de campo decorreu no ano de 2008.
- CANDEIAS, Pedro

Pedro Candeias. Licenciado em Sociologia no ISCTE em 2008, mestrando em Sociologia na mesma instituição. Assistente de investigação no CIES-IUL (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia - Instituto Universitário de Lisboa) desde 2009. Principais áreas de investigação: migrações, tolerância social e reinserção social.
PAP0432 - Towards African Communication for Development. An African experience: the Guinea-Bissau & Mozambique cases
GT Comunicação Social
This article focuses on a comparative analysis of community radio realities in two Lusophone African countries: Guinea-Bissau and Mozambique, whose local field research refers to 2003, 2004, 2007 and 2009, respectively. It focuses on the tense relationship between political power and community radios through theoretical reviewing of two emerging concepts: “Communication for Development” and “Glocalization”. A comprehensive ground-breaking study, it aims at determining what role these media can play so as to build challenging and participative citizenship. It exposes the dangers threatening the sustainability of these tools of empowerment, on being deprived of viable institutional frameworks. The main objective is to identify similarities and differences, to discuss resulting issues and to investigate the feasibility of unifying criteria, formats and definitions. Against expectations, the Globalization phenomenon has not eliminated social and economic obstacles in the contemporary world. On the contrary, it has greatly contributed to a growing gap between developed and developing countries, with poverty and social exclusion emerging as immediate consequences of this process. On the other hand, in Africa, in particular, globalization is responsible for the emergence of local development initiatives that require new perspectives for the adjustment of national policies to local singularities of urban and rural areas. Community radios are essential tools for structuring these new physical, economic, social and cultural dimensions. Local development comprises a vast range of practices and perspectives, a reality deriving from the multiplicity of actors involved in the management of territories. Democratic engagement and endogenous entrepreneurship stand out as primary aspects of human and social development which requires the participation of civil society and local socio-economic fabric as a precondition for the sustainability of development. Redesigning sustainable strategies for social inclusion based on the paradigm "Think globally, act locally" is a pre-requisite for Africa to board the train of modernization.
- PAULA, Patrícia Filipa da Mota

Nome: Patrícia Mota Paula
Afiliação Institucional: CIES ISCTE-IUL
Licenciatura: Ciências da Comunicação
Pós-Graduação: Jornalismo Internacional
Mestrado: Estudos Africanos
Doutoramento: Ciências da Comunicação (términos: Dez. 2012) - Bolseira da FCT
Tema da Tese de Doutoramento: Rádios Comunitárias: em prol da Comunicação para o Desenvolvimento. Os casos da Guiné-Bissau e de Moçambique.
Interesses de Investigação (projecto pós-doc): Género nas estruturas e na acção da Comunicação em países periféricos. (De como a um aumento do número de mulheres jornalistas não tem correspondido um aumento de influência das considerações de género).
PAP1473 - Trabajo, Desocupacion y Estructura de clases. Reacomodamientos de los nuevos excluidos.
Ya existe la tercer generación de desocupados en la Argentina, por lo tanto se puede hablar de desocupación y pobreza estructural, pero ¿qué sucede con esos pobres que quedan excluidos de toda ciudadanía?
Nos inmiscuimos en la discusión, entre militantes y teóricos de diferentes corrientes partidarias, sobre si los Desocupados en tanto Trabajadores son una clase social y qué lugar ocupan en la estructura social y, si pueden convertirse en sujeto histórico.
Para analizar su posición estructural utilizamos categorías tales como clases de Marx, habitus y campo de Bourdieu y estamentos en Weber como metodología enriquecida por una triangulación teórica. En el desarrollo se distinguen tres: su situación originaria como Trabajadores Asalariados, su paso a la Desocupación y su transición en “Piqueteros” o Movimiento de Desocupados.
Las dimensiones utilizadas son el Trabajo y sus categorías de Trabajadores Ocupados – Desocupados; la situación social en cada categoría; su relación con el poder estatal y empresarial; su transformación y organización en Movimiento; la construcción de su identidad “piquetera”; y su relación con las otras clases y sectores subalternos.
Rescatamos que, en la lucha por su supervivencia, hay un re-aprendizaje de autoidentificación y nuevas solidaridades entre los Desocupados
- SAMANES, Graciela Cecilia

Graciela Cecilia Samanes
Maestranda en Políticas Sociales. UBA (cohorte 2012-2013)
Licenciada en Sociología. Orientación Diagnóstico Social (egresada 2010)
Analista Programadora en Sistemas (año 1985)
Pertenencia institucioanl: Programa de Estudios del Control Social (PECOS) en el Instituo de Investigaciones Gino Germani (IIGG) . Facultad de Ciencias Sociales. UBA
Derechos Humanos. Memoria colectiva. Criminología.
PAP0741 - Trabalhadora, mãe, esposa
Esta comunicação pretende discutir a imbricação entre os papeis sociais da trabalhadora, da mãe e da esposa, a partir da analise de falas de mulheres que pertencem ao Movimento dos trabalhadores sem terra, MST, acampadas no interior do nordeste brasileiro.O mundo do trabalho cada vez se diversifica mais, trazendo a necessidade de refinamento teórico e analítico das questões centrais. Uma das questões que continua a merecer destaque nos estudos sobre a relação capital x trabalho e família refere-se à especificidade da inserção da mulher no jogo dessas relações na contemporaneidade. Partimos de pressupostos teóricos e metodológicos, que consideram ser a reprodução dos seres humanos integrante de um sistema que inclui a produção e a reprodução da vida em geral. Agregada à imbricação entre produção e reprodução está uma outra relação que estabelece uma subordinação das mulheres aos homens, pois as relações entre os sexos foram sempre acompanhadas, nas sociedades de classe, de uma busca de exclusão daquelas do campo do poder. Família e Estado estão associados para garantir a produção e reprodução de determinada sociedade; nesse sentido é que afirmamos que as relações de trabalho passam necessariamente pela constituição de uma determinada família, isto é, de relações de gênero e geracionais específicas para cada realidade. Nas sociedades que surgem com o capitalismo, tornou-se mais difícil o reconhecimento dessa vinculação na medida em que esse sistema impôs uma separação física e ideológica entre o espaço da família (reprodução), da casa, e o espaço da produção, criando uma aparência de dissociação entre as duas atividades. Todas essas questões estão no cerne do Estado através de leis que instituem o que é uma família, quem é seu chefe, e como os seus membros devem se relacionar. A constituição de uma subjetividade autônoma ainda encontra sérios obstáculos para o gênero feminino, na medida em que representa a negação de estruturas simbólicas que a fazem dependente do outro sexo. Cria-se uma luta entre os diferentes membros da família em busca de suas próprias individuações, cabendo à mãe/esposa o papel de zelar pelo coletivo, pois, a realização pessoal/profissional, só pode ser aceita quando não venha acarretar problema para o bom andamento da casa. Por isso, muitas mulheres desistem e só se encaminham para essa busca por necessidade financeira, ou quando os filhos não precisam mais de assistência diuturna, no entanto, continuam responsabilizando-se pelo bom andamento do lar. O discurso é dúbio porque dúbia a situação. A ideologia chama a mulher para o mercado de trabalho porque a mão-de-obra é mais barata, menos reivindicativa, mas afirma que o lugar primordial ainda é a manutenção da reprodução de um tipo de família e de indivíduos que respondem à produção. A individuação se choca com a submissão.
- MAGALHÃES, Belmira
PAP0438 - Trabalho e Parentalidade: A acomodação e custos da maternidade e da paternidade para os indivíduos e as organizações
O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, é acompanhado de uma maior exigência na definição dos termos da igualdade de oportunidades e de tratamento de mulheres e homens no mercado de trabalho, assim como de necessidades crescentes em termos de modalidades de trabalho flexíveis e de regimes de dispensas e licenças. Considerando que cada vez menos mulheres interrompem a sua actividade profissional quando se tornam mães e cada vez mais homens usufruem dos seus direitos de ausência ao trabalho para se ocuparem da família, o modo como o mundo do trabalho acolhe, especialmente a maternidade e a paternidade, surge como uma questão central.
Com esta comunicação, na qual serão discutidos alguns dos resultados de um estudo conduzido pela autora no âmbito da sua dissertação de Mestrado, procura-se analisar, não só as condições de acomodação dos regimes de protecção da maternidade e da paternidade nos locais de trabalho, e os custos (materiais e imateriais) da parentalidade para os indivíduos, mas também o peso que os custos da parentalidade representam para as organizações que empregam as mães e os pais. Do ponto de vista metodológico, a prossecução destes objectivos implicou o recurso a uma diversidade de contributos teóricos, e compreendeu a condução de entrevistas individuais com 192 mães e pais trabalhadores/as, a realização de um estudo de caso em empresa de média dimensão, e a análise estatística dos dados relativos a Portugal contidos no Painel Europeu de Agregados Domésticos Privados (PEADP).
- LOPES, Mónica Catarina do Adro

Mónica Lopes é Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra e frequenta, actualmente, o programa de
doutoramento em Sociologia pela mesma Faculdade. Enquanto
investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES), tem participado em
diversos projectos de investigação/avaliação relacionados com
políticas e práticas de igualdade entre mulheres e homens,
responsabilidade social das organizações e organizações da sociedade
civil. Os seus interesses de investigação incluem avaliação de
políticas públicas, terceiro sector, políticas sociais e relações
sociais de sexo, políticas de conciliação trabalho/família, mercado de
trabalho e maternidade/paternidade.
PAP0682 - Trabalho e gênero no setor confeccionista brasileiro de Uberlândia - MG
Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa intitulada “A feminização do setor confeccionista em Uberlândia: representações sociais e condições de trabalho”. O presente texto analisa os mecanismos que respondem pela feminização do setor de confecções, um dos mais importantes no cenário da produção industrial de Uberlândia, município brasileiro do interior do Estado de Minas Gerais, que responde pela produção média de 5500 peças/mês - constituído por 90% de mulheres e 10% de homens. Focaliza, ainda, aspectos da divisão sexual do trabalho nas unidades fabris do setor, as condições de trabalho dos(as) operários(as), e as estratégias utilizadas para conciliar as atividades fabris e domésticas. Procura elucidar a imbricação das relações de classe e de gênero que informam as relações estabelecidas no espaço profissional ora analisado, considerando que sua feminização contribui para a precarização do trabalho no setor, hipótese corroborada por denúncias de dumping social praticado por unidades fabris do município, e também pelo fato do setor terceirizar determinadas etapas da produção para reduzir seu custo e ampliar a margem de lucro; de utilizar-se, em larga medida, de atividades façonistas que perfazem 40% da produção local, nas quais também predomina o trabalho de mulheres que, não raro, veem nessas modalidades precarizadas de trabalho, a possibilidade de conciliar as atividades fabris e domésticas. Considera-se que o predomínio da mão-de-obra feminina no setor analisado resulta da trama de relações de gênero que transversam a totalidade social, entendidas estas, como construções histórico-culturais que, no intuito de justificar e legitimar relações desiguais, hierarquizadas, estabelecidas entre sujeitos sociais de sexos diferentes, naturalizam-nas. E o atual sistema de acumulação flexível delas se apropria, utilizando-as como um dos mecanismos potencializadores da produtividade, e geradores de formas específicas de exploração e dominação. O estudo, de natureza qualitativa, ancora-se em vertentes da Sociologia do Trabalho e dos Estudos das relações sociais de sexo/gênero, sobretudo, nas reflexões de Scott, Kergoat e Hirata. O texto resulta de pesquisas bibliográficas, documental, e de campo - por meio da observação dos espaços de trabalho, da aplicação de questionários e realização de entrevistas semi-estruturadas.
- VANNUCHI, Maria Lúcia

Maria Lúcia Vannuchi possui doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003), e mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Goiás (1990). É graduada em História e em Ciências Sociais. Atualmente é professora adjunta II do INCIS da Universidade Federal de Uberlândia - UFU. É membro do Colegiado do Curso de Graduação em Ciências Sociais - UFU, e integrante da linha 1 do PPGCS - Cultura, Identidades, Educação e Sociabilidade. Integra o NEGUEM - Núcleo de Estudos de Gênero,Violência e Mulheres - UFU, e o NUPECS - Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais - UFU. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Trabalho e das Relações de Gênero. Temas de investigação: gênero e trabalho, identidades de gênero e subjetividades.
PAP0382 - Trabalho emocional e serviços interpessoais: a comercialização dos sentimentos? Um contributo para o debate
Verifica-se um peso crescente de serviços que pressupõem a interacção interpessoal. A nossa comunicação centra-se, assim, nas profissões que envolvem contacto directo (tanto facial/presencial como via voz/ telefonicamente) com consumidores/as ou utentes. Procura-se destacar a relevância do trabalho emocional em contextos de elevada prescrição e normalização dos contactos interpessoais (“service encounters”) e os respectivos mecanismos de regulação (e.g. postura corporal, expressão facial, contacto visual, tom de voz…) e de controlo. Além de analisarmos a percepção subjectiva dos/as trabalhadores/as, observamos ainda as estratégias individuais e colectivas que visam a recriação de uma “zona de conforto” orientada para a partilha de experiências emocionais positivas, espontâneas e gratificantes. A discussão da informação empírica tem como pano de fundo as diferentes perspectivas que, depois do trabalho seminal de Arlie Hochschild (AR), vêm enformando o debate teórico em torno do conceito de “emotional labour”. Acresce que, em Portugal, estamos perante um tema relativamente recente; a primeira vez que nos debruçámos sobre o mesmo, com a apresentação do “paper” - “Behind smiles and pleasanteness: precarious jobs as female jobs” numa conferência interina da RN14 da ESA, em 2006, não identificámos qualquer outro estudo de âmbito nacional que integrasse o conceito originalmente desenvolvido por AR. É verdade que a realidade se alterou entretanto, estimulando-nos (ainda mais) a contribuir para que o aprofundamento do debate tenha lugar no contexto da APS. Os dados apresentados decorrem do projecto Mudança do Emprego e Relações de Género: cruzando quatro eixos de análise (género, -classe, idade e etnicidade) financiado pela FCT (2007-2010) e desenvolvido no quadro do SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (ISEG-UTL).
- CASACA, Sara Falcão

Sara Falcão Casaca é Professora Auxiliar do Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG-UTL) e Investigadora do Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (SOCIUS). As suas temáticas de investigação e publicações enquadram-se, fundamentalmente, no âmbito da Sociologia do Trabalho e das Relações de Género. É docente externa da Universidade Aberta, com participação no curso de Mestrado em Estudos sobre as Mulheres.Coordenou a Research Network - Gender Relations in the Labour Market and the Welfare State, da European Sociological Association (ESA), entre 2005 e 2010. Foi Presidente da CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (Presidência do Conselho de Ministros), em 2010.
PAP1245 - Trabalho imigrante no Japão, os dekasseguis e a crise econômica
Dekassegui em língua japonesa significa o ato
do trabalhador sair de sua terra natal em
busca de melhores condições de vida como para
ganhar dinheiro em outra localidade.
Entretanto, esta terminologia sofre uma
ressignificação, passando igualmente a
designar os brasileiros descendentes de
japoneses que emigram para o Japão.
Atualmente, transcorrido mais de 20 anos desde
o início do chamado fenômeno dekassegui,
existem mais de 230 mil imigrantes brasileiros
no Japão. O lugar que o trabalho imigrante
ocupa no capitalismo japonês situa-se, em sua
maioria, na indústria automobilística assim
como na de eletroeletrônicos. Já em sua
segunda ou terceira geração, os trabalhos que
os dekasseguis executam são trabalhos como
operários em fábricas subcontratadas de
grandes empresas nacionais. A maior parte
destes trabalhados tendem a ser sem
seguridades sociais, com também possuem
relações de trabalho flexibilizadas,
majoritariamente terceirizadas e part time
job. Entretanto, especialmente desde a crise
econômica de 2008, acentuou-se a tendência de
precarização do trabalho, evidenciado suas
contradições na sociedade japonesa como um
todo, seja esta na realidade do trabalho
imigrante, como também na do próprio
trabalhador japonês. O chamado emprego
vitalício, relação de trabalho conhecida e
propagandeada sob o modelo japonês já não faz
mais parte de sua cultura do trabalho. Os
tipos de cotratos de trabalho temporário
(hiseiki-koyou) que engloba diversas relações
de trabalho informais (part time, terceirizado
etc) atingem cerca de um em cada três
trabalhadores no Japão. Estas relações de
trabalho tendem a ter como consequências: o
baixo salário, seguridades sociais precárias
ou ausentes, alta rotatividade, maior chance
de desemprego, entre outros reflexos no
cotidiano do trabalhador e sua família.
Segundo a literatura japonesa, desde a crise
econômica de 2008, houve um aumento no
desemprego no país, especialmente no que toca
aos terceirizados. A população de imigrantes
brasileiros que em 2008 contava com 312 mil
residentes, tem a sua maior queda para 267 mil
brasileiros no ano de 2009, efeito direto da
crise financeira de 2008. Ainda segundo a
mesma literatura, a razão do desemprego
dekassegui estava na sua concentração nos
nichos mais afetados durante a crise
econômica: o da exportação, indústrias
automobilísticas e de eletroeletrônica. À luz
destas considerações, pretenderemos
desenvolver neste artigo, uma análise das
condições de trabalho do dekassegui brasileiro
e suas mediações com outras categorias da
sociedade japonesa. Ainda que o imigrante
tenha as suas particularidades, suas condições
objetivas e subjetivas tem paralelos com
outras manifestações e fenômenos da sociedade
de destino. Neste caminho, a atual crise que o
Japão atravessa parece nos evidenciar novas
questões para a compreensão do lugar do
trabalho imigrante.
- RONCATO, Mariana Shinohara
PAP0058 - Trabalho na Modernidade: sociedade de risco e desrespeito aos direitos sociais e econômicos dos trabalhadores.
O presente texto tem
como objectivo
analisar os
conceitos de
modernidade e
trabalho, abordando
teorias que são
essenciais para
compreender como
neste período se
estabeleciam as
relações de
trabalho. A proposta
central do trabalho
consiste em discutir
a regulamentação das
relações de trabalho
nos moldes
capitalistas
modernos, buscando
demonstrar como a
incerteza de obter
trabalhos
assalariados e o
risco de
precariedade nas
condições
trabalhistas afectam
as relações de
trabalho e as
relações entre os
indivíduos, para
isso realizou-se
previamente uma
pesquisa
bibliográfica, para
que relacionando as
bases teóricas de
Ricardo Antunes,
Zygmunt Bauman,
Marshall Berman,
Maria da Graça dos
Santos Dias e Karl
Marx, fosse possível
captar e compreender
a problemática
moderna do ritmo do
trabalho capitalista
e a promoção da
dignidade humana.
O período da
modernidade está
estreitamente ligado
ao modo de produção
capitalista, já que
a categoria do
trabalho é central.
Karl Marx aborda o
conceito de trabalho
em seu sentido amplo
e económico, sendo
de extrema
relevância para esta
pesquisa. Este
período é marcado
por paradoxos,
ambiguidades e
contradições, que
estão intrínsecas no
modo de produção
capitalista. Embora
haja a perspectiva
de progresso, a
revolução contínua
da modernidade faz
com que alguns
indivíduos fiquem
excluídos pela
miséria e opressão
advindos da
separação de
classes, o que
desencadeia na
redução das
possibilidades de
desenvolvimento
individual,
contrariando os
preceitos
iluministas.
Portanto, a partir
da discussão teórica
conclui-se que a
modernidade
proporcionou o
aumento das
contradições
existentes na
sociedade, pois pela
incessante
exploração do
trabalhador, visando
o aumento da
dominação burguesa e
não a possibilidade
de progresso
individual pelo
trabalho, faz com
que embora o
enriquecimento do
trabalhador seja
possível, se torne
pouco provável;
devido às condições
materiais de
existência serem
destoantes entre os
indivíduos,
desencadeando a
separação entre as
classes, a alienação
e a opressão.
- SANTOS, Gabriela de Morais

Nome/ Gabriela de Morais Santos
afiliação institucional: Estudante da Universidade Tecnica de Lisboa do Instituto de Ciencias Sociais e Politicas no curso de Sociologia. Estuda em Lisboa pelo Convenio entre a universidade Federal de Uberlandia; instituicao de origem, com a universidade brasileira
Area de formação/ Estudante de Ciencias Sociais; abrangendo os cursos de Sociologia; antropologia e ciencia politica
Interesses de investigação/ Sociologia urbana; sociologia do trabalho e antropologia cultural: ja realizado investigacoes nas tres areas
PAP1110 - Trajectórias de inserção dos diplomados do ensino superior e desigualdades
Comunicação a ser integrada no GT “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho”
A inserção profissional dos diplomados do ensino superior tem sido alvo de um intenso debate público e de um interesse crescente por parte dos cientistas sociais. De grupo privilegiado no acesso ao emprego, os licenciados passaram, nas duas últimas décadas a serem encarados como vítimas do desemprego, da flexibilização, dos fenómenos de sobrequalificação e desqualificação social. Todavia, apesar das profundas alterações que se verificam no mercado de trabalho dos licenciados, a formação superior continua a ser o instrumento privilegiado de acesso aos empregos melhores renumerados, ainda que os salários tenham registado uma desaceleração nos últimos anos, e um escudo contra o desemprego, embora a sua vulnerabilidade tenha vindo a aumentar e a precariedade se tenha generalizado.
Contudo, se é verdade que a inserção profissional dos licenciados se pauta por características que lhe conferem um carácter homogéneo é igualmente verdade que as diferentes trajectórias de inserção estão associadas a atributos sociodemográficos e espelham situações de desigualdade face ao mercado de trabalho. Nesta comunicação propomo-nos identificar os atributos associados às trajectórias de inserção dos licenciados da Universidade de Lisboa e da Universidade Nova de Lisboa.
Para a prossecução deste objectivo, baseamo-nos nos dados recolhidos através de um inquérito a uma amostra representativa dos licenciados de ambas as universidades que concluíram a formação no ano de 2004/2005, realizado no âmbito do Projecto “Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho”, financiado pela FCT (PTDC/CS-SOC/104744/2008).
Os resultado mostram que o sexo dos diplomados e a área de formação são os atributos que melhor explicam as diferentes trajectórias de inserção dos licenciados da UL e da UnL e as desigualdades no mercado de trabalho.
- ALVES, Natália
PAP0385 - Trajectórias não reprodutivas em três gerações de portugueses: incidência, circunstâncias, oportunidade
Foram vários os países europeus que chegaram ao século XXI com baixos níveis de fecundidade e alguns viram a sua fecundidade diminuir ainda mais na última década. Foi o caso de Portugal, que passou de um índice sintético de fecundidade de 1,6 em 2000, para 1,3 em 2009.
Se o adiamento estrutural da maternidade e a diminuição das descendências têm explicado em grande medida este cenário, a verdade é que alguns países registam uma incidência crescente de childlessness, ou seja, de mulheres que, voluntária ou involuntariamente, não fazem a transição para a maternidade. Em Portugal, este fenómeno foi sempre pouco expressivo e ligado a situações de celibato ou infertilidade, e o adiamento também não tem sido tão intenso como noutros países, pelo que é a drástica redução do número de filhos que tem contribuído para a nossa baixa fecundidade.
Ora, já se sabe que períodos de recessão económica e de insegurança e pessimismo face ao futuro, como é este que enfrentamos actualmente, têm um impacto negativo na fecundidade, tendendo a promover comportamentos defensivos, como adiar ou contrair um projecto de parentalidade. Nesta perspectiva, é de esperar que as coortes em idade reprodutiva estejam a adiar a transição para a parentalidade, aumentando o risco de childlessness involuntário. Mas também é expectável que, como vem acontecendo noutros países, mais homens e mulheres estejam a optar por estilos de vida que não contemplam ter filhos.
Por conseguinte, a partir dos resultados de um inquérito nacional (2009/2010), vamos desvendar as trajectórias não reprodutivas de três gerações nascidas nos anos 30, 50 e 70. Para tal, vamos dar conta da incidência do fenómeno e das circunstâncias que o determinam em cada geração. Mas visto os homens e as mulheres mais jovens ainda se encontrarem em idade reprodutiva, vamos explorar mais detalhadamente a relação entre o actual adiamento da parentalidade, as intenções reprodutivas, as circunstâncias e oportunidades com que se deparam e a incidência (latente) de childlessness quando chegarem ao fim da trajectória reprodutiva.
Os resultados confirmam a importância de analisar as trajectórias não reprodutivas numa perspectiva geracional, pois trata-se de um fenómeno em mudança. Mas também que é fundamental conhecer melhor o papel dos homens – sistematicamente negligenciado – na fecundidade e nas decisões reprodutivas. Com efeito, este estudo revelou importantes dessincronias de género na esfera da reprodução, que traduzem campos distintos de oportunidades e constrangimentos para homens e mulheres.
- CUNHA, Vanessa

Vanessa Cunha, socióloga, investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e membro da comissão coordenadora do OFAP (Observatório das Famílias e das Políticas de Família). Os seus interesses de investigação têm vindo a desenvolver-se em torno das questões da baixa fecundidade e do filho único, das decisões reprodutivas e da negociação conjugal da fecundidade. Atualmente coordena o projeto de investigação "O duplo adiamento: as intenções reprodutivas de homens e mulheres depois dos 35 anos".
PAP1022 - Trajectórias-tipo dos jovens imigrantes e descendentes de imigrantes: percursos laborais e de vida
O abstract que vimos por este meio submeter à apreciação dos coordenadores da Secção Temática Migrações, Etnicidade e Racismo tem por base o projecto Percursos laborais e de vida dos jovens imigrantes e descendentes de imigrantes nos novos sectores de serviços, o qual resulta de um protocolo SOCIUS / ACIDI.
O fluxo de imigrantes para o nosso país nas últimas três décadas constitui um dos aspectos mais relevantes da demografia portuguesa. Neste quadro, assume particular importância conhecer a forma como é que a socialização e a integração vêm a processar-se. No contexto actual de crise e desregulamentação dos mercados de trabalho fortemente penalizadora da mão-de-obra jovem em geral, levanta preocupações sérias a situação dos imigrantes jovens e daqueles que embora tendo nascido já em Portugal, por razões culturais, possam estar a ser afectados por processos de marginalização e dumping social.
A investigação incidiu sobre a área metropolitana de Lisboa, zona onde há uma maior concentração de imigrantes e, também, de actividades escolhidas para o estudo. Estas dizem respeito ao sector dos serviços, seleccionando, dentro destes, os subsectores portadores das novas tendências de uma economia de serviços avançados ligados às novas tecnologias de informação e comunicação (call centres), novas formas de comércio (centros comerciais) e restauração (nomeadamente fast-food).
Foram realizadas 40 entrevistas semi-estruturadas: 10 a interlocutores privilegiados (dirigentes sindicais, representantes de associações de jovens e de associações de imigrantes) e 30 a jovens de ambos os sexos, com idades entre os 15 e os 29 anos, que trabalham nos subsectores acima mencionados, repartidos entre jovens nacionais, descendentes de imigrantes e imigrantes eles mesmo.
A comunicação que propomos terá na sua base as respostas do projecto às seguintes questões: Serão os jovens imigrantes e os descendentes de imigrantes mais afectados do que os “jovens nacionais” por percursos laborais e de vida mais irregulares e problemáticos? Quais as «trajectórias-tipo» de uns e de outros? Qual a percepção destes jovens sobre as suas condições de trabalho e de vida?
Apresentaremos as principais conclusões retiradas das entrevistas, sendo que existem indícios que a inserção no mercado de trabalho é afectada sobretudo por outros factores que não necessariamente a condição da nacionalidade (de onde destacamos a escolaridade e os recursos familiares). Concluímos também que os jovens imigrantes parecem ter uma perspectiva mais positiva face ao futuro do que os restantes. Por seu lado, os descendentes são os que aparentam ter menores possibilidades de saída de situações de trabalho e de vida mais precárias.
- CERDEIRA, Maria Conceição

- EGREJA, Catarina

- KOVACS, Ilona
Maria da Conceição Santos Cerdeira é licenciada em Sociologia pelo ISCTE e doutorada em Sociologia Económica e das Organizações pelo ISEG-UTL, instituição onde exerceu actividade docente durante cerca de duas décadas. Actualmente é Professora Associada no ISCSP, membro integrado do CAPP e membro associado do SOCIUS. Participou na elaboração do Livro Verde das Relações Laborais e integrou a Comissão do Livro Branco das Relações Laborais. Isoladamente ou em co-autoria publicou algumas dezenas de obras, destacando-se, entre as últimas (com J. Dias): “Trade Union Strategies, Precariousness and Sustainable Development: an Analysis of the Portuguese Case”, in Garibaldo, Francesco / Yi, Dinghong (eds.), (20012), Labour and Sustainable Development North-South Perspectives, Frankfurt am Main, Berlin, Bern, Bruxelles, New York, Oxford, Wien: Peter Lang International Academic Publishers, pp. 219-236.
Catarina Egreja, licenciada em Sociologia e Mestre em Economia Social e Solidária, pelo ISCTE-IUL. Tem colaborado em variados projectos em diferentes centros de investigação, encontrando-se actualmente no IN+ (Centro de Estudos em Inovação, Tecnologias e Políticas de Desenvolvimento), do Instituto Superior Técnico. A sua principal área de investigação tem sido a Imigração.
PAP0512 - Trajetórias da democratização das políticas urbanas no Brasil
Analisaremos nesse artigo os eixos de avanços e inovações institucionais que têm se apresentado nas políticas urbanas brasileiras, na esfera federal e na esfera local, ao longo das duas últimas décadas do século XX. Para atingir tal propósito produzimos levantamento e análise bibliográfica sobre o tema que objetivou, inicialmente, apresentar uma discussão conceitual a respeito das inovações sociais e institucionais, que se apresentam em três dimensões presentes no conceito de inovação. Primeiramente, os processos sociais criativos que reafirmam ou rejeitam normas e leis ou inovações normativas, a reelaboração de canais interativos e a reformulação de ideias e suas implicações no núcleo da realidade social. Em segundo, a verificação dos avanços institucionais consubstanciados nas reinterpretações da teoria democrática, especialmente no campo da democracia participativa e deliberativa. Por fim, as interseções entre as questões tematizadas e as proposições construídas no âmbito da sociedade civil organizada e os avanços institucionais relativos aos marcos jurídico-institucionais que indicam um aumento da democratização das políticas públicas. No entanto, a análise das iniciativas autônomas de criação de espaços de participação em governos locais, como o que ocorre nos casos dos Conselhos de Política Urbana ou de Desenvolvimento Urbano, não revelou uma lógica distinta de planejamento em relação ao passado tecnocrático-centralizador. Há, nas duas últimas décadas do século XX, um elemento conflitual exposto na relação entre o processo elaborativo de políticas públicas urbanas com os interesses econômicos envolvidos. Concluiu-se que o processo de participação, em certos momentos, apresenta nítidas características de cumprimento formal de determinações que compõe a agenda política de determinados governos locais.
- TOLEDO, Rodrigo Alberto

Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.
PAP0766 - Trajetórias profissionais de mulheres na atual economia flexível e sua relação com dinâmicas familiares
O diálogo entre a mulher, o trabalho e a família, sob o ponto de vista das trajetórias profissionais, é um objecto de estudo que destaca como relevante a sua possibilidade de concretização nestas esferas sociais. Conhecer as trajectórias profissionais e sua relação com as estratégias de uma economia flexível e com as dinâmicas familiares, é o objectivo a que nos propomos. A aplicação de questionários a uma amostra de 450 mulheres (idade média=41, 67 anos ± 10,76 anos) foi fundamental. Numa perspetiva etnográfica delineou-se uma estratégia negociada no próprio terreno com mulheres em diversos contextos da área metropolitana do Porto: trabalhadoras da Administração Pública e Segurança Social; trabalhadoras do privado, nomeadamente hipermercados; desempregadas nos Gabinetes de Inserção Profissional de várias Juntas de Freguesia e Centros de Emprego. Os registos em diário de campo, a fotografia social e as entrevistas semi-estruturadas complementaram os dados recolhidos. Os resultados sugerem que: (i) a ênfase na intermitência das trajectórias profissionais desmonta a invisibilidade associada ao trabalho doméstico e de prestação de cuidados a familiares mostrando que o diálogo estabelecido com a família coloca estas mulheres em desvantagem social e em risco de pobreza; (ii) nas trajectórias profissionais mais instáveis e precárias encontramos mulheres com baixas qualificações, com empregos intermitentes e por tempo determinado, desempenhando profissões em setores pouco valorizados, com vínculos contratuais precários e ocupando postos sem autoridade; (iii) o trabalho por turnos e o trabalho em regime de tempo parcial, enquanto estratégias de flexibilização dos horários de trabalho, não fazem parte da vontade de conciliação do emprego com as responsabilidade familiares, confirmando a submissão destas mulheres à precariedade laboral; (iv) a inserção desigual da mulher na vida activa agrava-se quando é casada e tem filhos, pois ao seu desempenho profissional associar-se-á a “obrigatoriedade” de despender tempo para cuidar da família, acentuando as suas trajectórias de precariedade laboral. Em conclusão, entendemos que este estudo é um alerta actual que poderá contribuir para diluir a sub representação do trabalho feminino, identificando os estereótipos de género que persistem na vida familiar e profissional e mostrando como a imprevisibilidade da família afecta as trajetórias profissionais das mulheres.
- NOVAIS, Carina

Carina Novais, mestre em sociologia pela Faculdade de Letras desenvolve o seu percurso profissional em investigação científica tendo desenvolvido trabalhos diversos resultantes da pesquisa sobre o género e o desporto na área da infância e adolescência e também no âmbito do envelhecimento ativo participando nos projetos "Iniquidades sociais, ambientais e de género na prática de actividade física e desportiva de adolescentes" e atualmente no projecto "Actividade física objectivamente avaliada e obesidade em adolescentes: Estudo dos determinantes pessoais, sociais e ambientais" no Centro de Investigação em Atividade Física e Lazer da Faculdade do Desporto da Universidade do Porto. Tem também contributos enquanto investigadora na organização "Movimento Democrático de Mulheres" participando num projeto "Uma vida de Trabalhos? Trajetórias Profissionais de Mulheres e Participação cívica" onde desenvolveu o seu projeto de mestrado em torno da temática,"género, família e trabalho" e com a publicação "Percursos de Mulheres: Trabalho e Participação Política de Mulheres na área Metropolitana do Porto".
PAP0955 - TransSexualidade: Uma abordagem da relação entre género e sexualidade a partir dos discursos e práticas de pessoas transexuais e transgénero
A teorização da relação entre género e sexualidade é relativamente recente nas ciências sociais. Até à primeira metade do século passado eram as teorias provenientes das ciências médicas que dominavam estas temáticas. A principal característica destas primeiras tentativas de explicação, e que ainda hoje vigoram em larga medida, é a assumpção de que o género e a sexualidade são fenómenos naturais, com uma relação universal e fixa. Dentro deste quadro de referência, a sexualidade é uma propriedade do género, sendo este inato e localizado no corpo sexuado. Nas teorias sociológicas clássicas a ordem natural que ligava sexo, género e sexualidade foi pouco questionada, situação que viria a alterar-se já na segunda metade do século XX com a emergência na sociologia de abordagens críticas do “essencialismo” que deslocaram a compreensão do género e da sexualidade da biologia para a análise social. Um campo privilegiado de observação da relação entre género e sexualidade é constituído pelas pessoas diversas em termos de género, sendo esta uma das vias mais recentes de expansão dos estudos da sexualidade nas ciências sociais e, mais especificamente, na sociologia. Partindo do projecto de investigação “Transexualidade e transgénero: identidades e expressões de género”, desenvolvido no CIES-IUL, com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pretendemos com a presente comunicação contribuir para a problematização e a compreensão sociológica da relação entre género e sexualidade com base em inquéritos por questionário e entrevistas em profundidade realizadas a pessoas com identidades e expressões de género fora da cissexualidade. A análise dos discursos e das práticas de pessoas transexuais e transgénero vem contribuir para demonstrar a necessidade de expandir os valores não só da variável género como das variáveis orientação e identidade sexual, pois tal como têm sido compreendidas e operacionalizadas não se mostram aptas a dar conta da diversidade de género e sexual presente nas sociedades contemporâneas. Os valores tradicionais de hetero, homo e bissexual, operam por referência a um sistema de sexo/género binário e não são susceptíveis de dar conta das atracções, dos desejos e das práticas sexuais que se situam, de formas variadas, fora desse sistema. Em acrescento à perturbação dos binarismos de género, as práticas trans complicam o binarismo hetero/homo, que veio a ser posto em causa pela teoria queer, ao termos práticas sexuais entre dois corpos do mesmo sexo interpretadas e experienciadas como heterossexuais ou de dois corpos de sexo diferente como homossexuais.
- SALEIRO, Sandra Palma
PAP1562 - Transferência de I&D em empresas multinacionais: uma análise de redes sociais
A economia emergente, "informacional" e "global", é também descrita como uma economia em "rede". Segundo Castells (2005), é informacional porque, como vimos, "é a revolução das tecnologias da informação que fornece a base indispensável à criação da nova economia". É global porque "tudo está organizado à escala global". É em rede porque as principais actividades se desenvolvem numa rede global de interacções. Desde as grandes multinacionais até às pequenas empresas, desde as indústrias emergentes de alta tecnologia até às indústrias tradicionais, cada vez mais as organizações são descritas como redes. Na verdade, as organizações de que aqui nos ocupamos, as Multinacionais (EMN) , têm os seus fornecedores, tal como os seus clientes e outras empresas associadas, espalhados pelo mundo, numa rede de relações, contratos e alianças. Assim, as EMN actuam numa rede dinâmica de relações externas a funcionar à escala planetária, mas elas próprias constituem uma rede, cuja gestão se baseia na interrelação entre as diferentes unidades situadas nos diferentes países. Assistimos, actualmente, a uma tendência crescente rumo à internacionalização de funções de I&D, o que parece estar também associado à possibilidade de as subsidiárias gerarem novos conhecimentos, tecnologias e/ou produtos inovadores. A questão de fundo que está na base desta comunicação prende-se com esta tendência e respeita, especificamente, a análise das vantagens comparativas que levaram à deslocalização de competências de I&D dentro da estratégia global das multinacionais. Neste sentido, importa saber que competências de I&D se destinam às subsidárias instaladas em vários pontos do mundo e qual o lugar e o peso das unidades de I&D deslocalizadas na rede multinacional e como as multinacionais gerem as competências e os conhecimentos e operam a sua transferência na rede. A presente comunicação tem como base os resultados alcançados no projecto I&D.COM _ COMpetências Locais de I&D em Cadeias de Valor Globais. A componente empírica da comunicação baseia-se num estudo de caso "estendido" (que inclui unidades de I&D e os headquarters). Como suporte à análise e discussão dos dados obtidos no estudo empírico, utilizou-se a teoria das redes sociais. Ao focalizar a sua atenção na análise das relações entre entidades sociais, esta teoria permite a construção de modelos que potenciam uma melhor discussão dos resultados obtidos, uma vez que dispõe de um vocabulário que permite catalogar um conjunto de propriedades relacionadas com as estruturas sociais e de um formalismo matemático que permite utilizar um conjunto de conceitos para caracterizar essas estruturas.
- URZE, Paula
- ABREU, António
PAP0986 - Transfiguração étnica e pós-colonialismo: a reinvenção do Brasil na teoria da 'ninguendade' de Darcy Ribeiro
O presente trabalho – resultado de uma pesquisa de mestrado – apresenta um debate sobre o conceito de ‘transfiguração étnica’ que Darcy Ribeiro desenvolveu no âmbito dos seis volumes dos “Estudos de Antropologia da Civilização”. A proposta de Darcy ao formular o conceito era superar as falhas do conceito de ‘aculturação’. Ele argumentava que a ‘transfiguração étnica’ expressa a maneira pela qual os povos surgem, se transformam ou morrem. Nesse sentido, o Brasil é pensado como uma nova nação ‘em construção’ após a sua liberação da tutela ibérica. Apesar de ter havido uma integração relativa – por exemplo – dos povos indígenas ao processo civilizatório brasileiro, não houve, de fato, uma assimilação dos seus padrões culturais. A narrativa de formação do povo brasileiro apresentada por Darcy, portanto, apresenta o argumento da fusão das matrizes étnicas e tem como desfecho o tema da ‘unidade’ da formação de um povo totalmente novo, um ‘povo em ser’. A fusão de todas as matrizes étnicas que conviveram para o processo de formação do Brasil teria resultado em um povo, inicialmente, sem identidade definida – uma ‘ninguendade’. O estado de ‘ninguendade’ é o ponto inicial de formação de um ‘projeto de nação’. A simples mistura desses grupos originários não causaria, por si só, um povo novo. Foi preciso conjugar o argumento das fusões étnicas a um processo de formação identitária totalmente autônomo. Sem isso, o argumento da ‘unidade’ perderia sua eficácia, e o projeto de civilização do Brasil perder-se-ia em uma via fracionada. O núcleo central dos “Estudos de antropologia da civilização”, como se percebe, centra-se na explicação da diferenciação entre as matrizes étnicas e o seu resultante. O argumento de Darcy é o de que há um rompimento dos grupos com as referências simbólicas e concretas das quais eles são oriundos. A elaboração de uma solução para a uma teoria do povo brasileiro aproxima-se de um ‘pós-colonialismo’. Assim, tanto o índio – tema central do conceito de transfiguração – como o negro ex-escravo são considerados como sujeitos ativos da reelaboração da nova ordem cultural brasileira. Este trabalho pretende contribuir para o recente debate tanto das teorias do pós-colonialismo quanto para as teorias de formação do Brasil, temas que tem se desenvolvido como dois lados da mesma via.
- SILVA, Júlio César
PAP1063 - Transformaciones recientes de la política migratoria argentina en el contexto de la integración(regional) y la crisis (internacional)
Grupo de Trabajo: “Sociedade, Crise e Reconfigurações na América Latina”
Título:
“Transformaciones recientes de la política migratoria argentina en el contexto de la integración(regional) y la crisis (internacional)”
Susana Novick
CONICET-UBA
susananovick@yahoo.com.ar
Resumen:
La comunidad académica latinoamericana debate actualmente temas cruciales para nuestro futuro. Las transformaciones políticas -el afianzamiento de los procesos democráticos, la emergencia de líderes que plantean rupturas ideológicas con el pasado reciente, la revalorización del rol del Estado, la profundización políticas que enfatizan los derechos humanos, etc.-, y el fracaso evidente de las políticas económicas neoliberales han creado en nuestra región un clima que abre originales espacios para replantear nuevas y viejas cuestiones. Este clima acontece en un escenario internacional caracterizado por el achicamiento del espacio planetario y la acentuada interdependencia entre las sociedades. En un espacio internacional de profundos cambios: caída del bloque soviético, desarrollo de nuevas tecnologías, concentración del poder económico y militar en el Norte, creciente polarización entre países, recientes crisis económicas en los capitalismos desarrollados, etc.; surge en el Cono Sur una iniciativa de integración regional: el Mercosur. Si bien este proceso se inició en la década de 1990 bajo el impulso de grupos empresariales interesados en ampliar mercados -garantizando la libre circulación de bienes, servicios y factores productivos-, su evolución lo ha ido perfilando como una alternativa de desarrollo tendiente a disminuir injusticias y desigualdades. La posterior creación de la UNASUR (Unión de Naciones Suramericanas) y la CELAC (Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños) acentúan este camino. La propuesta que presentamos pretende abordar la compleja relación entre dos procesos: las migraciones y la integración regional desde la mirada de las políticas públicas, en el actual marco de crisis capitalista. Nos preguntamos específicamente qué rumbo ha tomado la política migratoria argentina y de qué modo este contexto regional e internacional han influido en la formulación de la política argentina, redefiniendo el rol del Estado y transformando el peso de la región en su conjunto. ¿La crisis ha profundizado la integración? ¿La integración es una estrategia de desarrollo alternativa frente a la crisis? Estos y otros interrogantes serán objeto de nuestro análisis.
- NOVICK, Susana
PAP0528 - Transformaciones recientes en la situación sociolaboral de los migrantes paraguayos en la industria de la construcción de la república argentina
El presente trabajo pretende considerar la situación socio-laboral de un grupo particular de trabajadores migrantes en la Argentina a la luz de las recientes modificaciones planteadas a nivel nacional en materia de normativa migratoria. Específicamente, en este artículo nos preguntamos acerca del posible rol transformador que puede estar llamado a cumplir la Ley Nacional de Migraciones Argentina Nº 25.871 sobre las condiciones materiales de vida y de trabajo de los paraguayos migrantes que se desempeñan como obreros en la industria de la construcción de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires y el Área Metropolitana (AMBA). Para ello, partimos del análisis que realizamos acerca de las dimensiones que adquirió la utilización de fuerza de trabajo de migrantes paraguayos en dicha industria entre los años 1995 y 2005, para luego intentar reflexionar sobre el impacto que puede tener una política estatal referida a la cuestión de las migraciones internacionales sobre este sector específico de trabajadores
- ÁGUILA, Álvaro Del
PAP0330 - Transformações recentes nos territórios do eixo Guarda – Castelo Branco
Há uma componente do desenvolvimento que passa pelas dinâmicas territoriais, assumindo as cidades um papel de destaque nas mudanças da economia e da sociedade contemporâneas. A diversidade de situações e de configurações que lhe estão associadas aludem a fenómenos que ocorrem em pontos específicos do espaço e do tempo, cujo âmbito está em contínua transformação. Não podemos ignorar que as transformações estruturais afectam de forma desigual os diferentes territórios e grupos sociais.
No território de baixa densidade do interior do País, particularizado pelo despovoamento rural e pela melhoria das acessibilidades regionais e nacionais, uma nova geografia de fluxos parece abrir perspectivas inovadoras na dinamização de centros urbanos relativamente importantes à escala regional (Guarda, Covilhã, Fundão e Castelo Branco), configurando uma rede urbana multipolar com potencial para sustentar o desenvolvimento regional policêntrico.
A comunicação tem por principal objectivo dar conta da análise das transformações urbano-territoriais da área de influência do eixo Guarda – Covilhã – Castelo Branco. Designadamente interrogar e conhecer: Como evoluíram estes territórios em termos de dinâmica populacional e de ocupação urbana? Como evoluíram as relações de interdependência nestes territórios? Quais as consequências desta evolução? Estarão os fluxos rurais-urbanos a perder parte significativa da sua relevância para movimentos mais urbanizados essencialmente entre as áreas urbanas? Será possível estabelecer possíveis correlações entre movimentos migratórios ou pendulares e transformações espaciais e funcionais da região? Quais os desafios para o futuro?
Palavras-chave: Desenvolvimento regional, fluxos regionais, território, transformação urbana
- VAZ, Domingos

- ALVES, Rui Amaro
Domingos Martins Vaz, professor no Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior e investigador do CesNova (Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa). A sua principal área de estudo é a sociologia urbana e do território, sendo autor do livro Cidades Médias e Desenvolvimento: o caso da cidade da Covilhã [UBI, Covilhã, 2004], organizador do livro Cidade e Território: Identidades, Urbanismos e Dinâmicas Transfronteiriças [Celta, Lisboa, 2008] e autor de diversos textos nos domínios das cidades, do ordenamento do território e do desenvolvimento regional.
PAP0848 - Transformações socioambientais e uma sociologia para o Século XXI
A Sociologia, como disciplina do conhecimento científico e, em particular seus diversos ramos de especialização, tais como: sociologia da cultura, sociologia do conhecimento, sociologia da ciência e da tecnologia, sociologia econômica, sociologia política; incluindo áreas mais recentes como a sociologia ambiental, tem desenvolvido um importante arcabouço teórico, conceitual e de pesquisas empíricas, mesmo sendo uma das ciências mais recentes.
As transformações sociais contemporâneas, que de fato têm imposto a remodelação de diversas práticas sociais e até mesmo a emergência de novas dinâmicas culturais, praticamente de modo global, têm requerido do conhecimento científico a urgência de uma nova postura frente a esta gama de novas demandas ainda tão-recentes. As questões socioambientais, a necessidade de uma ressemantização da noção de cidadania; a importância de renovados enfoques à teorização sobre modos de produção; o reconhecimento do mercado como uma dimensão indispensável à organização mais equilibrada das sociedades que despontam dentro desse espaço de transformação parecem apontar para o fato de que a sociologia, como ciência e como possibilidade técnica, possa assumir um papel de maior relevância.
Portanto, este artigo tem por objetivo central discutir as possibilidades do conhecimento científico sociológico frente às transformações transdisciplinares contemporâneas. Primeiramente abordará aspectos do atual cenário que reclama por sustentabilidade, inclusão e mercado; posteriormente, discutirá o fato de que poucas disciplinas do conhecimento científico, como a sociologia, constituiu-se forma tão interdisciplinar e com reflexões diversificadas capazes de fazer frente a questões como as que se afiguram atualmente. Por fim, pretende destacar o importante arsenal epistemológico, teórico e metodológico, acumulado no bojo das transformações da sociedade moderna, que podem ser utilizados para uma mais ampla contribuição às dinâmicas sociais de natureza complexa.
- RODRIGUES, Léo Peixoto

Léo Peixoto Rodrigues é licenciado em Ciências Físicas e Biológicas (FAPA); licenciado em Ciências Sociais (UFRGS); Bacharel em Ciências social (UFRGS); Mestre e Doutor em sociologia, também pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é Professor da Universidade Federal de Pelotas - UFPel, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - PPGCS. Sua área de de interesse e de pesquisa está vinculada à sociologia do conhecimento, sociologia da ciência e do conhecimento científico; também pesquisa teoria social contemporânea, sobretudo, teoria sistêmica e interdisciplinaridade. É autor dos livros: Introdução à sociologia do conhecimento da ciência e do conhecimento científico. UPF: Passo Fundo - RS, 2005.; e Niklas Luhmann: para compreender o sistema Social. Porto Alegre - RS 2012, em co-autoria com o prof. Dr.Fabrício Monteiro Neves, além de diversos artigos científicos.
PAP0670 - Transformações socioculturais impulsionadas pelo crescimento do turismo em comunidades receptoras: a perspectiva dos nativos de Pipa / Tibau do sul - Brasil
Muito se tem discutido sobre o papel do turismo
como atividade econômica potencial para os
próximos anos. Munidos do discurso de que essa
atividade constitui tábua de salvação e fonte
geradora de empregos e renda, muitos governos,
em especial os de países em vias de
desenvolvimento estimulam o crescimento do
turismo, priorizando os dados quantitativos do
setor em detrimento dos qualitativos. Essa
realidade é uma constante no município de Tibau
do Sul, escolhido em 2010 como um dos 65
destinos indutores do Brasil pelo Ministério do
Turismo. Esse mérito deveu-se ao crescimento
turístico no seu mais importante distrito, Pipa,
nosso campo de estudo. Com efeito, a
avassaladora engrenagem que tem impulsionado
essa atividade na localidade, outrora agrária e
pesqueira – onde as relações sociais eram
estreitas e fundamentadas, em alguns casos, pela
linha de parentesco, num ambiente familiar onde
todos se conheciam – tem produzido mudanças
significativas nos aspectos sociais, econômicos
e culturais da população nativa passando por
questões comportamentais e transfigurações
paisagísticas e socioespaciais. É nesse contexto
que o presente trabalho, consistindo numa
pesquisa de mestrado em andamento objetiva
principalmente analisar os significados sociais
e culturais para a população nativa da ascensão
do turismo, como principal atividade econômica
local. Especificamente, pretendemos mostrar a
percepção do referido grupo social em relação ao
processo de mudanças que a referida atividade
impulsionou no local; apreenderemos os cenários,
dinâmicas socioespaciais, valores e formas de
pensar e viver emergentes e como o uso, a
apropriação e o valor dos espaços locais
sofreram alterações ao longo do tempo e das
gerações. Partindo do pressuposto que o turismo
pode transformar as redes locais de
sociabilidade, ao mesmo tempo em que a
comunidade receptora cria mecanismos de
reformulações materiais e simbólicas, superamos
a oposição simplista aos impactos negativos ou
positivos e a noção do “nativo” como sujeito
passivo diante de um processo de “modernização”
decorrente da pressão exercida pela própria
globalização e pelo capital resultante do
investimento turístico. Este trabalho resulta de
um estudo exploratório, através de levantamento
de dados secundários e primários, observação da
vida social em diversos momentos do cotidiano
local, realização de entrevistas e utilização de
recursos como fotografias.
Palavras-chave: Turismo. Mudanças. Reformulações
materiais e simbólicas. População nativa. Pipa
- AIRES, Jussara Danielle Martins
- FORTES, Lore
PAP1409 - Transnational missions: Atlantic Proselytist dynamics in Church of the Nazarene
The Church of the Nazarene (CN) is a traditional Protestant church, which emerged in U.S, and arrived at Cape Verde in 1901, by hands of João José Dias, a Cape Verdean migrant. The CN was spread to all islands and became the best known Protestant church in Cape Verde. In the 1950’s, the U.S Nazarene missionaries organized the Nazarene Seminar, in the island of Saint Vincent, where dozens of local pastors were trained. Many exercise their pastorate in Cape Verde, others were sent off as missionaries, became leaders of the CN or exercised their pastorate in Portugal, Senegal, Brazil, Sao Tome and Principe, France, Holland, Norway, U.S, Argentina, Angola, Mozambique, South Africa and Zimbabwe. In the first seven countries just mentioned the CN's missionary work was started by Cape Verdean pastors and missionaries. The objective of this chapter is to map this Cape-Verdean missionary mobility, or in other words, to map the “South-South” and “South-North” Cape-Verdean missions. How can we understand those mobilities within the flux of colonial and post-colonial history? My proposal aims to present the expansion of Christianity from the southern hemisphere, Cape Verde, demonstrating through my fieldwork the transnational dimension of Cape-Verdean Protestantism along the Atlantic space. For this, I will resort to the mobility and memories of Cape-Verdean Protestant pastors, missionaries and believers of the Church of the Nazarene, to Senegal, Brazil and Portugal, during the twentieth-century up to this day.
- RAMOS, Max Ruben
PAP0825 - Transnational practices over life course. Life stories from three generations of Portuguese Azorean migrants in Quebec (Canada)
Critics of transnationalism often underlined
the ephemeral character of practices observed.
However, an increasing number of studies
emphasize the development of transnational
ties by older migrant groups, as well as their
perpetuation over time and transmission to
descendants. In this article, we exemplify
this dynamics presenting transnational
practices of first- and second-generation
Portuguese from the Azores archipelago in the
province of Quebec (Canada). Firstly,
intergenerational differences are analyzed –
how transnational ties and practices of
Portuguese descendants have different scope
and forms than those observed in the case of
their parents. To date, tourist visits,
secondary residences, cultural activities,
personal and informational exchanges have been
reported. Secondly, transnational practices
and commitment to maintenance of connections
with homeland change over time, according to
individuals’ life courses. This appears
particularly in the life stories of first
generation and returnees who preserve their
affiliations to both countries.
Finally these practices highlight family
processes that explain perpetuation of ties
between individuals living in homeland and
Diaspora’s communities, through reinforcing
intergenerational transmission of language,
culture or family commitments. Our article is
based on an ongoing multi-sited research about
transnational ties of Portuguese migrants from
the Azores archipelago in the province of
Quebec (Canada). Investigation is conducted
simultaneously both in the origin and
immigration communities where biographic
interviews are realized with members of
several kinship networks counting at least
three generations and living in the Azores and
in Quebec (Canada).
- GHERGHEL, Ana

Ana Gherghel (Ph.D)
Investigadora auxiliar, Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores (CES-UA)
Associated Researcher, Centre de recherche JEFAR (on the adaptation of youth and families at risk), Université Laval
Associated Researcher, Équipe METISS (Migration, Ethnicité et Interventions en services sociaux et de santé), CSSS de la Montagne –Centre de recherche et formation
With a background in sociology, she develops research at the intersection of family and migration studies, focused on forms and types of transnational practices and the factors explaining their perpetuation in time, along life course stages.
PAP1394 - Transporte Coletivo Urbano na Região Metropolitana do Cariri, Ceará, Brasil: Sustentabilidade, Precariedade e Alternativas
O intenso processo de urbanização verificado nas últimas décadas trouxe consigo diversas problemáticas que necessitam de planejamento e organização para o solucionamento. A violência urbana, carência habitacional, desigualdade social, poluição e degradação dos recursos naturais e os congestionamentos e estrangulação de vias urbanas fazem parte do cotidiano citadino. Dessa forma, a cidade que foi concebido como espaço de socialização e oportunidade de qualidade de vida logo foi perdendo essas características em virtude da falta de planejamento urbano. A partir de 1987 com a divulgação das idéias e preceitos de um desenvolvimento sustentável, iniciaram-se os debates em torno da criação de um modelo de cidade sustentável. Uma das premissas para isso é a busca de alternativas sustentáveis para a resolução dos problemas referentes a precariedade dos transportes coletivos nos grandes e médios centros urbanos. A Região Metropolitana do Cariri foi criada em 2009 a partir do processo de conurbação existente entre os municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha - CRAJUBAR. Esses centros são cidades consideradas de porte médio e estão localizados ao Sul do Estado do Ceará, no Nordeste Brasileiro. Esses municípios já vivenciam alguns dos problemas perceptíveis em grandes métropoles em decorrência da carência de planejamento urbano. Entre esses problemas destaca-se a precariedade do transporte público que além de dificultar a mobilidade urbana também degrada bastante o meio ambiente local. Entretanto, uma iniciativa local desperta atenção, o denominado Metrô do Cariri que faz a ligação entre as duas principais cidades da região. Este modelo de transporte público pode se encaixar no conceito de transporte público sustentável. Visto que, quando as pessoas possuem um sistema de transporte coletivo de qualidade, elas optam por esse e deixam de lado os veículos individuais (automóveis e motocicletas) altamente poluintes. E, por conseguinte, contribuem para a preservação do meio ambiente. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é analisar o transporte coletivo dos principais municípios da Região Metropolitana do Cariri. Possibilitando, uma reflexão da qualidade do transporte público sob a perspectiva da sustentabilidade. Para isso, a metodologia escolhida é de cunho qualitativo-descritivo. As fontes de pesquisa serão artigos científicos, livros e documentos que retratem a situação do transporte coletivo na região, bem como, serão analisados as impressões e expectativas dos usuários desses serviços.
- NASCIMENTO, Diego Coelho do
- CHACON, Suely Salgueiro

- FEITOSA, Emmanuelle Monike
- ALVES, Josefa Cicera Martins
Suely Salgueiro Chacon
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (1990), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1994) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2005). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC)/Campus do Cariri, onde atua como Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (PRODER) e Vice-Diretora do Campus. É também Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Avaliadora Institucional do MEC/INEP, Líder do Grupo de Pesquisas Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido - LEADERS, Bolsista de Produtividade do CNPq e Pesquisadora da Rede Clima (MCT-INPE-UnB-UFC).Tem experiência nas áreas de Economia, Socioeconomia, Meio Ambiente e Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiárido, desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, políticas públicas, organização social de pequenas comunidades, recursos hídricos, energia alternativa, gestão ambiental e economia.
PAP0412 - Trânsito religioso no Brasil: mudanças e tendências contemporâneas. Novas composições da religião e da crença num campo religioso em movimento.
O campo religioso brasileiro apresenta tendências em contínua movimentação. Pretende-se tematizar a mudança de religião no Brasil, fenômeno em expansão nas últimas décadas, decorrente do decrescimento dos católicos, crescimento dos evangélicos pentecostais, dos novos movimentos religiosos e do número de pessoas sem religião. A expansão destes movimentos, a fragilização das filiações religiosas institucionalizadas, a desregulação da crença, que se apresenta dúplice ou múltipla, a personalização da religiosidade, através de novas formas de crer, levam a uma recomposição da religião e ao repensar de seu enquadramento conceitual.
Para isso, oferece-se uma exposição da mobilidade religiosa brasileira, a partir de levantamentos realizados em escala nacional e regional. Para isso, procura-se reunir pesquisas de entidades e pesquisadores sobre a configuração do campo e da mobilidade religiosa, reunindo textos sociológicos e demográficos, que mostram a migração entre grupos e instituições, e estudos antropológicos que apontam para a necessidade de observações qualitativas na empresa de identificar não somente as migrações, mas as rotas das crenças e das práticas, as quais vão pluralizando ainda mais o campo. Além disso, abordam-se estudos que apontam para a personalização das escolhas religiosas, vivências dúplices e múltiplas das crenças e participações, com novas inclusões de percursos e trajetórias.
Nesse sentido, a recente disponibilização dos símbolos religiosos, a abolição de fronteiras confessionais, a tendência à negação da identidade das instituições, levam-nos a perceber a mobilidade religiosa através do foco das disposições subjetivas, mais do que uma competição entre grupos religiosos constituídos.
Como subsídio empírico, através de estudos de caso, narra-se diferentes trajetórias biográficas de mudança de filiação religiosa, casos e representações em que se redefine um novo crer personalizado. Assim, mudanças e tendências do próprio campo, cada vez mais plural e diversificado, e recomposições de identidade religiosa trazem novas possibilidades para se pensar o trânsito religioso no Brasil.
- BARTZ, Alessandro

Alessandro Bartz é teólogo, licenciado em história, mestre e doutorando pela Escola Superior de Teologia (EST), localizada em São Leopoldo/RS, Brasil. Atualmente é professor na Educação Básica, em Sapucaia do Sul, no mesmo Estado. Pesquisa a mobilidade religiosa no campo religioso brasileiro, especialmente, entre os protestantes tradicionais, com pesquisas de campo no Rio de Janeiro, São Luís do Maranhão e Rio Grande do Sul. Escreveu o livro, juntamente com Oneide Bobsin, intitulado "Mobilidade e adesão em comunidades urbanas da IECLB", lançado em 2011.
PAP1314 - Turismo sustentável em áreas costeiras: uma análise integrada em Goa
O principal objectivo da comunicação que aqui se apresenta consiste na apresentação dos resultados de uma tese de doutoramento, onde se procura construir uma metodologia de estudo e de gestão sustentável de áreas costeiras, a partir da análise do turismo. Baseando-se na análise sociológica da ocupação do território e da utilização dos recursos ambientais, a dissertação centrou-se fundamentalmente na definição de um modelo de desenvolvimento dessas áreas.
Dada a complexidade dos fenómenos em análise, pela heterogeneidade das suas dimensões, ecológicas, económicas e socioculturais, foi construída uma abordagem metodológica integrada, sistémica, onde partindo do sistema social nunca se perdeu de vista as suas interacções com os outros sistemas, numa perspectiva reflexiva. Nesta comunicação procurar-se-á identificar os problemas que resultam da articulação complexa entre as três dimensões da sustentabilidade, assim como as potencialidades e as limitações da proposta metodológica construída. Valerá, por isso, a pena atender aos pressupostos da estratégia de investigação seguida e que permitiu a construção do modelo. O pressuposto inicial consistiu em reconhecer a necessidade de medir, acompanhar e gerir as mudanças, quer das forças motrizes, quer dos seus impactes, como condição fundamental para atingir o desenvolvimento sustentável. Deste modo, além do desenvolvimento de um sistema de análise integrada das dimensões humanas e biofísicas das áreas costeiras, a metodologia seguida permitiu ainda construir instrumentos de apoio à tomada de decisão, que incorporam o conceito de sustentabilidade.
Neste processo, destaca-se a utilização do software DEFINITE como instrumento fundamental para avaliar as estratégias de desenvolvimento e ponderá-las, atribuindo mais ou menos peso a critérios sociais, económicos ou ambientais. Com base nesta análise foi possível construir cenários de desenvolvimento sustentável para a região de Goa. Neste sentido, a comunicação propõe-se trazer uma nova abordagem metodológica ao desenvolvimento sustentável, operacionalizável empiricamente no futuro em outros estudos e outras realidades.
- JORGE, Maria do Rosário
PAP0117 - Turismo, Crise Financeira e Intervenção Pública no Lazer: O caso do ALLGARVE
O Turismo é uma actividade com consequências profundas na escala local, regional e nacional. Este fenómeno está associado à criação de um sistema económico e produtivo relacionado com a industrialização, sistematização e massificação dos processos de viagem, acomodação e diversão dos viajantes. Sendo uma actividade profundamente lucrativa irá ser apropriada por grandes grupos económicos privados que actuam a uma escala global. Ao mesmo tempo o Turismo e a promoção de actividades ligadas ao Lazer, tornam-se uma opção de intervenção pública face a contextos sociais pós – industriais/agrícolas, deprimidos economicamente e marcados por taxas de desemprego elevadas. Esta transformação produtiva terá naturalmente consequências na formação de uma organização e força de trabalho marcadas pela sazonalidade e flexibilidade, pelo cruzamento de diferentes actividades (Hotelaria, Restauração, Diversão, Serviços de Transporte) e por uma progressiva precarização das condições de trabalho através de vínculos laborais temporários. Ao mesmo tempo, resultante da deslocalização das actividades produtivas de natureza industrial a Oriente e da transformação das actividades produtivas locais (no caso do Algarve a Agricultura de produtos locais e as Pescas) percebemos nas sociedades ocidentais um conjunto de processos de urbanização ou de renovação urbana através do uso cultural / lúdico do território. A introdução de actividades de recreio e de lazer em territórios turísticos implicam igualmente um conjunto de mudanças sociais decorrentes do contacto entre turistas e residentes: promoção de uma identidade multicultural, a profusão de uma segunda língua (neste caso o Inglês) e até a constituição de discursos anti-Turismo.
O Algarve tornou-se um Território Turístico orientado para um modelo de Sol e Mar desde os anos 1960, acompanhando um processo de Urbanização Turística noutras regiões do Mediterrâneo. Na primeira década deste século, nomeadamente em Faro, ocorreu um processo de diferenciação turística, implicando uma revalorização e utilização económica do legado patrimonial, histórico e cultural. O "ALLGARVE" começou em 2008 como uma das intervenções públicas neste campo, promovendo sinergias entre os sectores do Estado e as instituições privadas. Em Maio de 2011 o Governo Português foi novamente resgatado financeiramente por instituições financeiras internacionais, instaurando-se um processo de pauperização generalizada, aumento da dívida nacional, introduzindo uma tendência económica restritiva. Esta situação económica apresenta uma forte limitação aos poderes municipais e centrais na promoção de actividades de Turismo Urbano e Cultural. Partindo de uma observação In Locus pretende-se discutir as consequências da diminuição do investimento público e privado nestas actividades e os seus resultados na promoção turística da região.
- MARTINS, João Carlos
PAP0212 - Um blasé, um flâneur e um crítico. A propósito de
A metrópole… de Simmel é abordado como texto
seminal da sociologia urbana e da análise dos
comportamentos humanos em contextos
metropolitanos. Cem anos passados, é possível
detetar a evolução desse contributo, por um
lado, através da ligação entre a atitude blasé
do próprio autor e, por outro, pelas
narrativas contidas na assumida flânerie de
Franz Hessel e na crítica de Jeremy Seabrook.
Que diferenças existem nessas narrativas que
denotam outras tantas configurações sociais
das grandes cidades, ao longo de cem anos?
Desde o tempo de Simmel, aos meados do século
XX e aos nossos dias?
Palavras-chave: Simmel; metrópole; flânerie;
cânone urbano
- FORTUNA, Carlos

CARLOS FORTUNA
Professor de Sociologia na Fac. de Economia da Univ. de Coimbra. Investigador do CES. Doutorado em Sociologia pela Universidade de Nova Iorque (Binghamton), produz hoje investigação na área da Sociologia das Cidades. Foi Presidente da Direção APS (1998-2002).
PAP0373 - Um corpo para Servir: o trabalho doméstico e a construção cultural do corpo feminino.
O espaço doméstico foi historicamente construído como um espaço a ser ocupado pelas mulheres, diferentemente dos homens que assumem o posicionamento no espaço público. Dessa forma, o ato de cuidar da casa, do marido e dos filhos foi e continua sendo tratado como obrigação da mulher. Na medida em que há a saída dessas mulheres do espaço privado para assumir tarefas remuneradas, elas acabam sendo impelidas a ocupar cargos que estejam de acordo com a sua “natureza”, ou seja, tarefas de cuidado, assim como o cuidado com o lar de outras mulheres. Assim, este artigo busca iniciar a discussão sobre a feminização do trabalho doméstico e de que forma a construção cultural do corpo feminino corroborou para delimitá-lo como campo quase exclusivo da mulher.
- SILVA, Marusa Bocafoli da
- FRANCISCO, Renata de Souza
PAP1516 - Um olhar interorganizacional sobre a formação profissional. Dilemas e desafios para as organizações
O primado das organizações fechadas e auto-suficientes está excedido. Neste clima de incerteza ganha fundamento a necessidade das organizações se associarem, unirem esforços, delinearem estratégias comuns de actuação, rumo a objectivos individuais e colectivos.Consequentemente, também a necessidade das organizações actuarem conjuntamente e associadas, partilhando os mais diversos recursos, como por exemplo, informação e conhecimento, vem fundamentar a tese da necessidade de cooperação interoganizacional. A concorrência cada vez mais «perversa, implica uma cultura organizacional estratégica e de ruptura com anteriores modelos organizacionais virados para dentro, em busca duma economia de escala e sem preocupações com as variáveis do ambiente. Esta comunicação resulta duma reconstrução e actualização dos resultados obtidos num trabalho de investigação realizado entre os anos de 2004 e 2007, cujas principais linhas de orientação se centraram na identificação das dinâmicas interorganizacionais das entidades formadoras, designadamente ao nível dos processos e formas de cooperação desenvolvidas pelas entidades que desenvolvem acções de formação profissional no Alentejo (Portugal). Com o recurso à metodologia de análise de redes sociais, a equipa de investigação procurou compreender as dinâmicas de cooperação que se estabeleceram entre as organizações que desenvolvem acções de formação profissional neste território. Sendo uma região prioritária em termos de aplicação de Fundos Estruturais da União Europeia, a equipa de investigação procurou desocultar as lógicas de partilha de recursos, a definição de estratégias de formação e, por último, o posicionamento dos actores na rede. PALAVRAS-CHAVE: análise de redes sociais, organizações, cooperação, formação profissional
- FIALHO, Joaquim

- SILVA, Carlos Alberto da

- SARAGOÇA, José

JOAQUIM MANUEL ROCHA FIALHO, Licenciado em Serviço Social, é quadro superior do Instituto do Emprego e Formação Profissional desde 1999, onde exerce funções de assistente social no Centro de Formação Profissional de Évora. É detentor do Mestrado em Sociologia, na variante de recursos humanos e desenvolvimento sustentável (2003), tendo desenvolvido a tese sobre a re-integração de desempregados de longa duração no mercado de emprego. Em 2008, obteve, com distinção e louvor a aprovação nas provas de Doutoramento em Sociologia, onde apresentou a sua investigação sobre as redes de formação profissional. É professor auxiliar convidado no Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e docente no Campus Universitário de Santo André do Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares (Instituto Piaget). Tem mais de uma de dezena de artigos publicados sobre organizações e formação profissional, bem como a participação em inúmeros eventos científicos como orador. As suas principias linhas de investigação são a análise de redes sociais, dinâmicas organizacionais e a formação profissional.
E-mail: jfialho@uevora.pt
Carlos Alberto da Silva - Director do Departamento de Sociologia da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora (2011-...). Director do Programa de Doutoramento em Sociologia da Universidade de Évora (2011-...). Investigador integrado no CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (2011-...). Doutorado em Sociologia. Agregação em Sociologia. Mestrado em Sociologia. Licenciatura em Investigação Social Aplicada. Bacharel em Radiologia. Autor de vários trabalhos científicos e relatórios técnicos co-finaciados por programas nacionais e europeus nas áreas do diagnóstico e avaliação de projectos sociais, planificação estratégica e desenvolvimento regional. Principais áreas de interesses deinvestigação: a) Análise de redes sociais como ferramenta metodológica para o diagnóstico e intervenção social; b) Redes e cooperação territorial e transfronteiriça; c) Análise prospectiva; d) Avaliação da qualidade e satisfação de utentes e profissionais nas unidades de saúde; Avaliação em tecnologias da saúde.
José Saragoça
É Professor Auxiliar na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.
No Departamento de Sociologia leciona Sociologia da Educação, Planeamento e Gestão de Projetos, Diagnóstico e Prospetiva Social, Sociologia do Desporto, entre outras u.c..
É adjunto do Diretor do Departamento de Sociologia e membro do Conselho Pedagógico da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora.
É Docente Convidado no Instituto Piaget (Campus de Santo André).
É investigador integrado do CESNOVA (Centro de Investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa).
Os seus interesses de investigação científica direcionam-se para os future studies/prospetiva estratégica e para a análise de redes sociais/social network analysis, sobretudo nos domínios da educação/formação, cooperação entre territórios e governo eletrónico. É autor de diversos artigos científicos, de capítulos de livros e do livro Tecnologias da Informação e da Comunicação, Educação e Desenvolvimento dos Territórios (publicado pela Fundação Alentejo em 2009).
PAP0046 - Um olhar sobre a dilaceração da identidade no final da vida
Tendo como ponto de partida a combinação de
diversas perspectivas teóricas, neste artigo
pretende-se explorar o processo sobre o qual
os doentes terminais se compreendem a si
mesmos no período de declínio e deterioração
antes da sua morte e, simultaneamente,
perceber a forma como os outros os vêem
enquanto pessoas no decorrer da trajectória do
fim da vida. Com o intuito de clarificar o
modo como as transformações corporais
provocadas pelo avançar da doença e da
proximidade da morte afectam a identidade dos
doentes terminais, optou-se por desenvolver
uma pesquisa qualitativa, tendo como técnica
nuclear de pesquisa a observação participada e
continuada do investigador por um período de
12 meses em 2 unidades de cuidados paliativos,
e como técnica complementar entrevistas semi-
estruturadas e aprofundadas a 10 doentes, 20
familiares e 20 profissionais de saúde.
Apresenta-se neste artigo, de forma sumária,
as capacidades e os atributos que são
considerados centrais para a manutenção da
identidade.
- HILARIO, Ana Patricia

Ana Patrícia Hilário holds a degree in Sociology and Planning from
Lisbon University Institute. She is currently preparing her PhD in
Sociology at Royal Holloway, University of London, and is carrying out
research as a doctoral fellow at the Centre for Research and Studies
in Sociology (CIES), Lisbon University Institute. Her main research
interests focus on the sociology of health and illness, sociology of
the body and sociology of death and dying. patriciahilario@gmail.com
PAP1186 - Um olhar sobre os aspectos culturais dos processos participativos: quais mudanças a partir dos funcionários
Desde o final dos anos ’80 algumas mudanças estruturais convergiram a nível global, como as reformas nas políticas públicas e sociais orientadas pelo neoliberalismo, a queda do muro de Berlim com consequente descrédito de certo socialismo burocrático, os movimentos de democratização na América Latina, o redimensionamento da retórica do new management no vocabulário das administrações públicas e a percepção da contracção dos espaços de participação cidadã que propiciaram um terreno fértil no contexto europeu para retomar um debate crítico sobre as implicações emergentes das democracias e, no entanto, dar início a algumas experiências de participação cidadã. A crescente distância entre o eleitor e a figura do cidadão politicamente activo, patente nos fenómenos de abstenção eleitoral e voto de protesto, simultaneamente às crescentes mobilizações colectivas, bem como a criação contínua e múltipla de identidades e demandas sociais, favoriram a estruturação de tais experiências que visavam sintetizar a opinião pública e optimizar os recursos em projectos políticos distintos.
Mais próxima aos cidadãos, a dimensão local tem-se tornado um interessante laboratório democrático para as inovações concernentes aos processos de policy making que indicam novos conteúdos para as agendas políticas internas e externas para os Países. Perante esta situação e com referencia ao contexto portugues, propõe-se uma reflexão fundamentada sobre funções e possibilidades dos processos participativos e das “culturas” que os sustentam. Refere-se ao conceito de cultura enquanto conjuntos de percepções colectivas construídas ao longo do contacto com os processos participativos, a partir de determinados contextos sócio-históricos.
Reconhecer onde, como e quando se constroem culturas da participação que impactam os processos e que são por estas afectados em termos de princípios e mecanismos, significa individuar novas chaves de leitura para aprofundar o estudo dos percursos realizados e interrogar os cenários futuros no que tange às experiências de participação cidadã.
Pretende-se no especifico analisar o âmbito dos funcionarios administrativos e tecnicos envolvidos na implementação de processos participativos institucionais, a nivel local. Reconhece-se a este resepeito a importancia crucial destes de sujeitos, geralmente pouco considerados na Literatura sobre participação, em termos de transormações a decorrer no seu tradicional mandato institucional. Particolarmente expostos às mudanças que os processos participativos necessariamente levam em introduzirem novos sujeitos na elaboração de politicas publicas, tal como no planeamento de intervenções territoriais, eles são chamados a reformular
seu papel quer na dimensão de back office quer na de front office. A partir deste destaque e das dinamicas
diferentes implicadas na dimensão organizacional desses sujeitos, propõe-se uma reflexão ampla sobre os aspectos culturais de tais mudanças, com base em algumas experiencias de investigação em curso em Portugal.
- FALANGA, Roberto

- LUIZ, Juliana
Roberto Falanga nasceu em Roma no dia 1 de Julho 1983. A sua formação acadêmica é na área da psicologia com mestrado em Psicologia dinâmica e clinica para pessoas, organizações e comunidade, concluído no Ano Acadêmico 2007/2008 com uma Tese experimental orientada em parceria com o Departamento de Arquitectura e Urbanística da Universidade “Sapienza” acerca de novas praticas de planeamento participativo. Assistente durante três anos nos cursos universitários “Laboratório de Estadística para a Analise do texto” e “Sistemas de organização”, tem colaborado em vários Projectos Europeus (“Telling Europe”- Grundtvig; “Il gruppo classe come risorsa”- Comenius II; Equal-Pist). No Doutoramento em “Democracia no Século XXI” (edição 2009) do Centro de Estudos Sociais da UC tem vindo investigar de que forma os processos de participação mobilizam novas dinâmicas nas Instituições Locais no nível burocrático e de relações psicossociais, tendo como caso de estudo a Câmara de Lisboa.
PAP1403 - Um palco de cinco estrelas, as representações sociais num ressort
Diversos estudos referem que o turismo é, nos dias de hoje, o responsável pelas mais significativas deslocações humanas à escala global. À semelhança da generalidade das actividades humanas é uma actividade complexa e mutável, multifacetada e multidimensional que não deve ser reduzida exclusivamente à sua vertente económica, negócio, actividade industrial, marketing ou gestão de produtos. Do objecto de estudo da Sociologia do Turismo, muito incipiente em Portugal, fazem parte os estudos acerca do comportamento e anseios dos turistas quando estão a praticar essa, cada vez mais massificada, actividade sócio económica. Não obstante, a generalidade desses estudos preocupam-se, maioritariamente, com o relacionamento dos turistas com os prestadores de serviço e com o seu grau de satisfação e, por essa razão, são fortemente marcados por metodologias quantitativas. Pelo contrário, neste texto pretendeu-se reflectir não apenas a relação entre os turistas e os prestadores de serviços, mas também as interacções que se estabelecem entre os turistas nos espaços de relacionamento artificiais em que se tornaram os grandes equipamentos turísticos. Procurou-se, assim, analisar as interacções que ocorrem nos espaços turísticos sob o prisma da sociologia dando especial ênfase às representações sociais de que estes espaços são palco.
Palavras-chave: Sociologia do Turismo, Sociologia do Quotidiano, Representações Sociais.
- OLIVEIRA, Nelson Clemente Santos Dias
PAP0893 - Uma Análise da Representação Social do Negro - Um Estudo Comparativo entre Brasil e Portugal
Esta pesquisa tem como intuito analisar a representação social do negro – a partir de uma comparação entre a realidade social brasileira com a realidade social portuguesa. De acordo com Moscovici (2009) representação social iguala imagem/significado; iguala toda imagem a uma idéia e toda idéia a uma imagem. Assim, representação social trata-se de um sistema de interpretação que rege nossa relação com o mundo e com os outros – orienta e organiza as condutas e as comunicações sociais, do mesmo modo que intervêm em processos variados como a definição das identidades pessoais e sociais. E é por esse viés que será analisada a representação social do negro, ou seja, de que forma o negro é identificado/pensado dentro do contexto social brasileiro e português – atentando para a especificidade de gênero (homem negro e a mulher negra) em cada contexto social. De acordo com Wieviorka (1946) discutir sobre o racismo é um desafio que não deve ser tratado com excesso ou convertido num flagelo maciço ou dramatizado que os acontecimentos traduzem. O racismo está inscrito nos mecanismos de funcionamento e de mudança social existente na sociedade – sendo suscetível de se expandir cada vez que as instituições e o sistema político for ineficaz de oferecer um tratamento democrático as dificuldades de natureza social, econômico, político e cultural. No caso do Brasil, o preconceito racial é algo que se esconde por detrás do mito da democracia racial, DaMatta (1987) trata do credo racial brasileiro como uma ideologia construída que objetiva substituir a rigidez hierárquica presente no país desde o descobrimento por uma identidade nacional na qual considere a composição social interna do país, resultando na criação da fábula das três raças ou “racismo à brasileira” – uma ideologia que concilia impulsos contraditórios presentes na sociedade brasileira sem que haja uma transformação profunda. A população se identifica como miscigenada; se expressa com orgulho de tal miscigenação, todavia, é observável uma postura discriminatória com relação à população negra em diversos âmbitos sociais. No caso de Portugal, segundo Machado (2001) há poucos estudos sobre o racismo e suas percepções – e o racismo apresenta-se de forma fragmentada, ou seja, um racismo não político já que ele não está presente no campo político e partidário os agentes de institucionalização ativa que há em outros países. Para Machado (2001) o racismo no contexto português expressa-se de acordo com a configuração dos contrastes e continuidades – sociais e culturais – da minoria ou minorias em questão com a sociedade. A metodologia utilizada pautou-se no levantamento bibliográfico acerca da teoria da representação social; discriminação e preconceito racial no Brasil e em Portugal. Mediante a isso, verificou-se que a representação social do negro no contexto social do Brasil e de Portugal é construída e reproduzida sob parâmetros de subalternidade/inferioridade.
- NASCIMENTO, Aldiane da Silva
PAP1368 - Uma abordagem compreensiva aos processos de identificação com a profissão – o caso de psiquiatras em início de carreira
O ponto de partida proposto é uma discussão em torno do trabalho teórico-metodológico desenvolvido no âmbito de uma dissertação de Mestrado, na qual se procurou observar empiricamente a experiência subjectiva produzida no domínio profissional da Psiquiatria. Teve-se em vista abordar as representações que médicos psiquiatras em início de carreira manifestam face aos seus saberes, às suas práticas e aos contextos onde exercem a sua actividade profissional. Em ternos teóricos, procurou-se equacionar este objectivo à luz dos quadros conceptuais que informam o fenómeno identitário. É, portanto, objectivo desta comunicação apresentar os desafios que esta abordagem encerra, bem como as propostas de superação encontradas. No domínio das Ciências Sociais, a Psiquiatria aparece inscrita num espaço marcado por controvérsias teóricas que acentuam em graus e níveis diversos as dicotomias expressas nos pares indivíduo versus sociedade, e liberdade versus constrangimento. Àquelas, acrescentam-se as implicações políticas relativas ao alcance, ao impacto e às funções que esta especialidade tem assumido na individualização dos problemas sociais. Por outro lado, o tema da «identidade» e a sua recente transposição para os quadros da Sociologia impõem a superação de vários obstáculos decorrentes de uma observação à «escala dos sujeitos». Assim, tanto em termos substantivos como metodológicos, a delimitação deste objecto revelou ser um percurso íngreme, de contornos sinuosos. Informada por uma orientação metodológica qualitativa, esta pesquisa reclamou um trabalho de vaivém, multi-posicionado e atento na definição de uma correspondência progressiva entre as condições específicas do terreno, as perguntas orientadoras da pesquisa e os recursos teóricos disponíveis. A resolução (provisória) dos dilemas analíticos presentes, concretizou-se na concepção de um desenho de pesquisa que procurou integrar a dupla valência da descoberta e da construção, faseado por dois momentos, com objectivos e procedimentos diferenciados. Obteve-se, em resultado, um tratamento qualitativo das entrevistas realizadas, organizado na apresentação de um registo duplo – biográfico e relacional – de apreensão aos processos de identificação manifestados por médicos psiquiatras face à profissão exercida. Os resultados obtidos vêem acrescentar contributos ao debate metodológico no que toca a observação e operacionalização da temática identitária quando equacionada à escala das profissões de natureza intelectual e científica. Nomeadamente ao esclarecer e discutir o estatuto sociológico a atribuir às singularidades e ao conhecimento de «especialistas», à entrevista como técnica de recolha central, e às exigências epistemológicas que aquelas circunstâncias colocam na situação social de interacção entre os papéis de entrevistador e entrevistado.
- COSTA, Nádia

Nome: Nádia Costa (PAP 1368)
Formação/Afiliações institucionais: Licenciada e Mestre em Sociologia pela FLUP.
A colaborar actualmente no âmbito do projecto "Empreendedorismo Social em Portugal: as políticas, as organizações e as práticas de educação" desenvolvido pelo ISFLUP em parceria com a A3S - Associação para o Terceiro Sector - e Dinâmia/ISCTE.
Interesses de investigação: interesse teórico-metodológico em torno do tema mais lato das "identidades", da produção do conhecimento (científico e leigo), dos valores, dos estilos de vida e das formas de participação cívica.
PAP0655 - Uma abordagem à sociologia dos conflitos de localização: a oposição às barragens em Trás-os-Montes.
A comunicação visa ilustrar o fenómeno da oposição local contra a construção de barragens no norte de Portugal, na sequência do Plano Nacional de Barragens, promovido pelo Governo Português.
O número de pessoas que se mobilizam contra a construção de infra-estruturas, centrais energéticas e grandes obras em geral e em defesa do próprio território está crescendo nos últimos anos especialmente nos países ocidentais. Daqui nasce o interesse sociológico para tentar compreender as razões do aumento da mobilização social, para indagar as formas que esta assume e as consequências que pode ter na sociedade contemporânea.
Considerando como caso de estudo a oposição às três grandes barragens que estão a ser construídas em Trás-os-Montes (nos rios Tua, Sabor e Tâmega) as perguntas que se tenta responder são as seguintes: Quais são concretamente os sujeitos do protesto e as características deles em termos de capital social, políticos e humano? Quais são os frames temáticos e as coordenadas interpretativas que dão sentido ao protesto? Quais são os instrumentos e as estratégias adoptadas, em primeiro lugar o uso da expertise técnico-científica? Qual é colocação deste tipo de oposição ao interno dos conflitos ambientais e de localização? O acrónimo Nimby (Not In My Back Yard) é apropriado para a sua definição ou é possível entrever fragmentos de uma ideologia que permita a este tipo de luta sair do contexto local? Qual é, se existe, a correlação entre o aumento deste protesto e a perda de legitimação das instituições tradicionais (partidos e instituições políticas nacionais e regionais, democracia representativa, instituições cientificas)? Como se pode inserir o estudo crítico desta oposição nas dinâmicas inerentes à sociedade do risco?
Na tentativa de responder a estas perguntas, a pesquisa social tenta estudar o processo de definição da situação social crítica como problema social por parte da opinião pública e das instituições políticas, concentrando-se, em particular, nos discursos, nos actores sociais e nas interacções recíprocas, assim como emergem no âmbito dum espaço público de discussão.
Neste trabalho não se quer tomar uma versão radical da teoria dos problemas sociais mas sim um contextual constructionism, tentando, ou seja, balançar a análise das revindicações com a análise da situação contextual. Por estas razões se cruzam referências de sociologias particulares como a sociologia ambiental, a sociologia dos movimentos, a ciência política, a sociologia do risco.
- VICHI, Leandro

Leandro Vichi
Investigador Colaborador e Doutorando do CECL (Centro de Estudo de Comunicação e Linguagens). FCSH-UNL.
Licenciatura e Mestrado em Ciências da Comunicação (Universitá degli Studi di Torino).
Interesses de investigação: Comunicação ambiental, Comunicação do risco, Conflitos ambientais, teorias do risco.
PAP0801 - Uma afirmação estratégica da União Europeia na atual configuração geopolítica e geoeconómica da globalização capitalista? - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
A Comunidade/União Europeia (UE) tornou-se a partir da segunda metade dos anos 80 do século passado, num importante pólo da globalização económica e financeira, em grande parte, através da sua desindustrialização. E com o fim da Guerra-fria, reforçou ainda mais o seu papel como ator decisivo da liberalização do comércio mundial, através dos acordos de Marraquexe (1994) e da criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) (1995). Simultaneamente, a União vai também assumir-se como ator internacional normativo que, através de condicionalidades, impõe e propaga os valores do “Estado de direito”, dos “direitos do homem”, da “boa governação” e da “economia de mercado”, quer à “Europa alargada”, quer ao resto do mundo.
Com o 11 de Setembro de 2001 e com o consequente projeto “constitucional”, a UE passa a pensar-se como ator estratégico relevante da “securitização” do mundo. Contudo, com a Guerra do Iraque de 2003 e a divisão dos Estados da União, com o falhanço do Tratado dito “constitucional”, com o Tratado dito de Lisboa, de 2007, fugindo à expressão da vontade popular dos cidadãos europeus, a UE entrará numa fase de acentuada decadência política e de crescimento económico anémico, reforçada pela crise do capitalismo financeiro iniciada em 2007 sob a forma de “bolhas” e de “Krachs”, hoje centrada numa “angústia euro-centrada” de défices e de dívidas soberanas colossais que interpela a própria existência da “união monetária”.
O sistema internacional e a governação da globalização liberal-capitalista parecem pois estar em crise, apresentando, desde logo, dimensões de fragmentação clara das suas bases hegemónicas. No entanto, a superpotência americana, apesar das suas importantes perdas de prestígio como líder mundial, num mundo de Estados “emergentes” apresentando-se imunes à crise e procurando configurar novas polaridades, parece ainda ter poder para continuar a ser o pivô do sistema mundial. Daí que a recente “rotação pacífica de Obama” (J. Nye), isto é, que os EUA farão parte do futuro da região da Ásia-Pacífico, seja um sinal seguro de que esta superpotência continuará a ainda ser o pivô da actual reorganização da globalização liberal-capitalista.
Neste contexto, como poderá a atual UE afirmar-se na cena internacional como ator estratégico?
- LEITAO, Augusto Rogério
PAP0803 - Uma afirmação estratégica da União Europeia na atual configuração geopolítica e geoeconómica da globalização capitalista? - [GT-Pensar a Europa – os paradoxos e desafios de um projecto em mudança].
A Comunidade/União Europeia (UE) tornou-se a partir da segunda metade dos anos 80 do século passado, num importante pólo da globalização económica e financeira, em grande parte, através da sua desindustrialização. E com o fim da Guerra-fria, reforçou ainda mais o seu papel como ator decisivo da liberalização do comércio mundial, através dos acordos de Marraquexe (1994) e da criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) (1995). Simultaneamente, a União vai também assumir-se como ator internacional normativo que, através de condicionalidades, impõe e propaga os valores do “Estado de direito”, dos “direitos do homem”, da “boa governação” e da “economia de mercado”, quer à “Europa alargada”, quer ao resto do mundo.
Com o 11 de Setembro de 2001 e com o consequente projeto “constitucional”, a UE passa a pensar-se como ator estratégico relevante da “securitização” do mundo. Contudo, com a Guerra do Iraque de 2003 e a divisão dos Estados da União, com o falhanço do Tratado dito “constitucional”, com o Tratado dito de Lisboa, de 2007, fugindo à expressão da vontade popular dos cidadãos europeus, a UE entrará numa fase de acentuada decadência política e de crescimento económico anémico, reforçada pela crise do capitalismo financeiro iniciada em 2007 sob a forma de “bolhas” e de “Krachs”, hoje centrada numa “angústia euro-centrada” de défices e de dívidas soberanas colossais que interpela a própria existência da “união monetária”.
O sistema internacional e a governação da globalização liberal-capitalista parecem pois estar em crise, apresentando, desde logo, dimensões de fragmentação clara das suas bases hegemónicas. No entanto, a superpotência americana, apesar das suas importantes perdas de prestígio como líder mundial, num mundo de Estados “emergentes” apresentando-se imunes à crise e procurando configurar novas polaridades, parece ainda ter poder para continuar a ser o pivô do sistema mundial. Daí que a recente “rotação pacífica de Obama” (J. Nye), isto é, que os EUA farão parte do futuro da região da Ásia-Pacífico, seja um sinal seguro de que esta superpotência continuará a ainda ser o pivô da actual reorganização da globalização liberal-capitalista.
Neste contexto, como poderá a atual UE afirmar-se na cena internacional como ator estratégico?
- LEITÃO, Rogério
PAP0623 - Uma análise das relações de rivalidade e pertencimento entre gangues juvenis em Belo Horizonte - Brasil
Este estudo propõe uma análise das relações entre os integrantes de gangues juvenis rivais, especialmente no que tange a autoimagem que constroem coletivamente, coesão e visão concebida acerca dos rivais, e como estes se associam ao pertencimento a um determinado território.
Para realizar tal tarefa, foi realizado um estudo de caso composto de seis meses de observação participante e entrevistas no Aglomerado Santa Lúcia, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte, Brasil, e considerado como um dos territórios mais violentas da cidade.
Pretendeu-se, portanto, a observação do processo de entrada e associação dos integrantes, e a formação das relações sociais que se estabelecem ao redor destes grupos, que muitas vezes possuem uma existência mais longa que seus próprios membros, não raro perpetuando rivalidades e conflitos iniciados por gerações anteriores, mas desde já fortemente associados aos territórios que ainda ocupam. Durante o trabalho de campo, ao serem questionados sobre os motivos originários destes ciclos de conflitos violentos, os jovens neles envolvidos apresentavam justificativas ligadas ao desenrolar da própria rivalidade, como o envolvimento para vingar a morte de um parente ou amigo; ou ainda, uma série de características vagas e difusas à respeito do grupo identificado em outro território, como se todos os habitantes daquela localidade partilhassem de traços específicos.
Ao verificar que as mesmas categorias de justificativas foram utilizadas por ambos as gangues, como características imanentes de cada afiliação territorial, deles mesmos e dos rivais, buscou-se analisar o fenômeno primariamente através do olhar do interacionismo simbólico, em uma tentativa de compreender como as complexas cadeias de conflitos violentos, mudanças na forma de se apresentarem e destacarem certas características diante de membros do próprio grupo e de rivais, e construção das linhas de ações coletivas são permeadas pela questão do pertencimento a um território específico.
- ROCHA, Rafael Lacerda Silveira
PAP1315 - Uma análise sociopolítica sobre a mobilidade de profissionais altamente qualificados em Portugal e na Polónia
As sociedades contemporâneas são marcadas por movimentos intensos de mobilidade e de migração que transformam gradualmente as paisagens e os tecidos sociais dos estados-nação, propondo novos modelos de hierarquização e estratificação social, nem sempre reconhecidos política e socialmente. Esta comunicação tem como objetivo propor uma reflexão critica sobre os padrões de mobilidade de cientistas e investigadores que têm caracterizado a Polónia e Portugal, após os anos cinquenta do século XX. Pretende-se relacionar a evolução da mobilidade por parte destes profissionais com as características dos contextos sociopolíticos e económicos dos dois países. Sabe-se, com efeito, que as variações nos ciclos económicos e políticos têm impacto considerável nos percursos profissionais dos cidadãos, constituindo motivos de saída. A realidade histórica dos dois países apresenta algumas semelhanças, mas também notáveis diferenças. Tanto as semelhanças, como as diferenças são interessantes pontos de ancoragem para reflectir sobre as políticas públicas implementadas. É, assim, possível, por um lado, avaliar como a política, em geral, e as políticas especialmente dirigidas à gestão da mobilidade lidaram com a saída de “cérebros” ao longo do tempo, assumindo, ou não, as interpretações dos paradigmas que, entretanto, se foram instalando no seio da teoria social e económica sobre as vantagens, desvantagens e efeitos da mobilidade (referimo-nos, essencialmente, aos paradigmas sobre o brain drain, o brain gain e o brain circulation). Por outro lado, é possível propor algum intercâmbio analítico em relação à qualidade das medidas de políticas adoptadas em ambos os países no que se refere a questões tao fundamentais como a cidadania e o direito de residência, a propriedade intelectual, o género e a idade e a gestão da “transnacionalidade”. A comunicação centra-se na análise de dados documentais inseridos em projectos investigação participados pelas autoras, enfatizando a necessidade de hoje se debater politicamente e de forma mais intensa os fenómenos de brain drain que implicam profissionais altamente qualificados e, em concreto, investigadores e cientistas.
- ARAÚJO, Emilia Rodrigues

- WAGNER, Izabella
Emília Rodrigues Araújo
Universidade do Minho. departamento de sociologia e centro de estudos de comunicação e sociedade
Sociologia, com interesses atuais na área da sociologia do tempo, sociologia política e das mobilidades.
PAP0710 - Uma escola num centro de ciência? Relatos de cientistas e professores sobre a Escola Ciência Viva
Esta comunicação propõe uma reflexão sobre as experiências desenvolvidas no âmbito da Escola Ciência Viva. Trata-se de um projecto educativo que procura promover a sensibilização e ensino das ciências de uma forma inovadora e reconfigurada, permitindo que alunos e professores usufruam, de modo continuado, do ambiente e recursos de um centro de ciência. Esta iniciativa foi protagonizada pelo Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva, com a participação de três escolas do 1º ciclo do ensino básico (de um mesmo Agrupamento de Escolas), constituindo um exemplo de articulação entre contextos educativos formais e informais na área das ciências. Esta análise tem por base os discursos (recolhidos através de entrevistas semidirectivas) dos cientistas e professores que participaram directamente na experiência, tratando-se aqui, com maior centralidade, dimensões de análise referentes à reflexão acerca das formas de promoção de cultura científica orientadas para públicos escolares e à definição e ensaio de estratégias de ensino, tendo como ambiente de aprendizagem um centro de ciência. Tais dimensões permitiram, através de uma análise categorial, sistematizar e classificar as percepções sobre estas questões por via daqueles protagonistas.
- ESTEVINHA, Sérgio

- MARTINS, Susana da Cruz
- CONCEIÇÃO, Cristina Palma

O meu nome é Sérgio Manuel Soares Estevinha,
pertenço ao centro de investigação CIES-IUL, a minha licenciatura é em
Sociologia e mestrado em Sociologia da Família, Educação e Políticas
Sociais. Os meus interesses de investigação passam pelos domínios da
Educação, transição juvenil para a vida activa, Estado, políticas
públicas e políticas sociais.
Cristina Palma Conceição, investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, onde também leciona. É doutorada em Sociologia, interessando-se em particular por questões no domínio da sociologia da ciência e comunicação pública da ciência.
PAP1441 - Uma etnografia do gênero musical choro: a voz do chorão
Esta pesquisa busca construir uma leitura sócio-antropológica acerca do choro na cidade de Fortaleza - CE (Brasil), realizando um trabalho de campo etnográfico com os praticantes deste gênero musical, enfatizando a problematização dos modos como os músicos (chorões) aprendem, executam e repassam técnicas, repertórios, recursos, informações e, fundamentalmente, relações sociais. Ou seja, as questões que orientam o esforço desta pesquisa giram em torno dos tipos, formas e processos de conhecimento sócio-cultural mobilizados pelo universo destes praticantes, desde as concepções simbólicas sobre o que seja o choro, como suas vertentes interpretativas, por vezes, divergentes do lugar que ocupa a tradição do choro na música popular brasileira. Como fenômeno sócio-cultural e histórico, o choro situa-se na vida brasileira a partir do fim do século XIX, no Rio de Janeiro. Inicialmente, não tinha a pretensão de se tornar um gênero musical, era apenas uma forma de tocar as músicas vindas da Europa ligadas a dança de salão, a exemplo da polca . Tais interpretações musicais, fundidas ao lundu, ritmo de sotaque africano à base de percussões, deram ao choro um tempero abrasileirado, servindo de trilha musical para desde os cortiços das camadas pobres, passando pelos bailes de camadas médias, chegando até os salões da corte de D. Pedro II. (DINIZ, 2008). O estudo do choro, prática cultural popular brasileira, possibilita uma análise antropológica da vida cultural em Fortaleza. Nesta perspectiva, o ponto central do trabalho será de que forma este gênero é vivenciado nesta cidade, através do olhar do próprio agente atuante, o chorão, propondo uma pesquisa etnográfica que norteará o estudo para seu universo de formação musical.
Será priorizada nesta exposição a aouto-percepção que o músico do choro possui sobre si e a arte que desenvolve. Neste sentido, pode-se dizer que as questões etnográficas que guiam a investigação proposta são: Quem é o chorão de Fortaleza? Como se deu sua inserção ao meio musical? De que forma sua trajetória musical caminhou para o choro? Qual o momento simbólico em que se percebeu enquanto chorão e em que momento foi reconhecido como tal? Dentro do universo do choro, quais foram suas formas de aprendizado (formação musical acadêmica, autodidata, legado musical familiar...)? E, por fim, como o chorão percebe a história do choro fortalezense? A proposta metodológica utilizada é fundamentalmente qualitativa, se utilizando, para tanto: observação participante de grupos que compõem o panorama do choro fortalezense, elaboração de diários de campo, construção de um acervo fonográfico e videográfico de todas as atividades relativas à observação participante, realização de entrevistas semi-estruturadas com os chorões dos grupos a serem observados e seleção de uma bibliografia voltada para a análise do objeto.
- COSTA, Carlos Frederico Pedrosa da
PAP0698 - Universidade e mercado de trabalho: tendências recentes
Actualmente as relações que se estabelecem entre o ensino superior, em particular o universitário, e o sistema económico são marcadas por uma elevada complexidade e multidimensionalidade. Ao longo do passado próximo, o ensino superior tornou-se num objecto de investigação científica por excelência, na Europa. Nos últimos vinte anos, determinados temas de análise adquirem visibilidade: natureza e organização do ensino superior; recomposição estrutural e quantitativa do ensino superior; natureza e transmissão de conhecimentos; desenvolvimento da investigação científica; processos de ensino-aprendizagem; actividades profissionais dos diplomados. Para este movimento analítico concorrem principalmente factores como a expansão e diversificação da sua oferta institucional (cursos e áreas científicas de formação), o aumento dos seus alunos e diplomados, a reconfiguração da sua missão, objectivos e formas de articulação com outros domínios institucionais, a sua crescente notoriedade económica para o crescimento económico, a ênfase colocada pelos agentes político-institucionais sobre a sua relevância para a redução das desigualdades sociais, como também as substantivas e plurais transformações no mercado de trabalho dos diplomados do ensino superior.
Dos temas acima elencados, a nossa comunicação irá centrar-se na respeitante ao emprego dos diplomados. Em primeiro lugar, pretendemos analisar a evolução das posições no mercado de trabalho dos diplomados, em termos quantitativos e qualitativos, em Portugal no decorrer da última década. Quando possível far-se-á um exercício comparativo com os restantes países da União Europeia. Esta análise possibilitará uma reflexão teórica mais ampla sobre as plurais relações que, no nosso país, subsistem entre o ensino superior, especialmente o universitário, e o mundo do trabalho. Em segundo lugar, e tendo por enquadramento o avançado antes, apresentaremos e discutiremos um conjunto de dados sobre a actual situação profissional dos licenciados pela Universidade do Porto em 2004/05. Entre outras dimensões analíticas, uma particular atenção será conferida às configurações das trajectórias profissionais, ao longo do tempo, às qualificações académicas e profissionais.
- GONÇALVES, Carlos Manuel
PAP1367 - Urban dynamics from metropolisation. The morphological dimension from the case study of Barreiro
The explosion of the city, occurred in the recent decades in the Southern European societies, can be taken as a new metropolisation, responsible of the spatial configuration of region’s urban territories (FONT, 2003). The post-industrial period and the globalization, brought together a dissolution of boundaries between urban and rural, where the relationships built up by flows and connectivity overlaps some of the pre-existing systems, built from physical closeness logic and continuity, establishing new limits. These transformations are significant in spatial and functional structure, revealing at same time several affinities between different metropolitan regions where become more obvious a rupture between tissues. Considered by some authors as amorphous and unintelligible, some give arguments that show the importance that the knowledge of the morphological aspects of the contemporary urban landscape have, pointing out for an issue that has not been enough exploited and have aspects that require systematization.
The main purpose of the paper is to point focus discussion around the morphological dimensions of the metropolisation, identified as an important process which incorporated paradigmatic spatial transformations in the urban landscape where different logics, from different dynamics with strong physical barriers have been over lied just like a ‘palimpsest’ referred by CORBOZ(1983), turning the readability of the territory a difficult task. It is recognized that this process has generated dysfunctions and lack of fluidity, with important consequences and significant impacts on the quality of the environment and urban life.
The ongoing research intends to analyze the morphological aspects of the metropolisation process of Lisbon, taking into consideration it’s differences and specificities. This study proposes a focus on Barreiro, a municipality with a privileged geographical position in the Tagus estuary. A crucial decision in 1861 of setting up the first sections of the railway lines in Barreiro, as well as after, in 1907 with Alfredo da Silva, with the establishment of a large industrial complex, specially the Companhia União Fabril (CUF), allowed a great industrial activity, responsable for important morphological changes in Barreiro which until the end of the XIX century had managed to keep his rural character. Until 1980 Barreiro was a symbol of the industrial development in Portugal. Nevertheless, after this period, a scenario of progressive decadence and exodus was broght together with the end of many industries in the CUF complex and the increase mobility and a marginal situation in the LMA.
With the PROTAML, several transformations are proposed and expected, and all of them represent a huge challenge, but also a turmoil: the third Tagus bridge; the TGV; the extension of Metro-Sul; the new Lisbon aeroport and the Quimiparque Plan.
- PAZ, Margarida Carmo da
PAP0576 - Urban(c)idade: diálogo entre a Sociologia, a Arquitectura, a Economia e a Geografia - a experiência do Mestrado em Metropolização, Planeamento Estratégico e Sustentabilidade
O presente trabalho pretende contribuir para o diálogo interdisciplinar no que concerne ao estudo e compreensão das Cidades e dos Espaços Urbanos. Longe de constituir um ensaio teorético e desafiador dos paradigmas existentes, procuraremos antes de mais reflectir as experiências pessoais e profissionais dos proponentes da comunicação, discentes e docente do Mestrado em Metropolização, Planeamento Estratégico e Sustentabilidade e cujas formações de base variam entre a Sociologia, a Arquitectura, a Economia e a Geografia.
A relevância desta reflexão surge-nos como uma evidência clara, se a Humanidade “nasceu” na savana africana, foi nas comunidades agrárias do Próximo Oriente que se “fez” “civilizada”. Deste modo, conforme advoga O. Spengler, a história universal é em grande medida a história das cidades.
A Sociologia, leitmotiv do presente congresso, surge como Ciência no século XIX, fortemente alicerçada na necessidade de compreensão dos desafios colocados pela Revolução Industrial emergente, ou seja, da relação biunívoca entre Urbanização e Industrialização.
Contudo, a “marca” do Urbanização na Epistemologia da Sociologia não se limitou a esse acto fundacional da Ciência então emergente. De facto, as décadas de 20 e 30 do século passado viram despontar a designada Escola de Chicago, conjunto de teorias e reflexões que marcaram vivamente a Sociologia e todas as outras áreas do saber que concorrem para os designados Estudos Urbanos. Mais recentemente destacaram-se ainda autores como Manuel Castells (The Rise of the Network Society, 1996) e Saskia Sassen (The Global City, 1991), apenas para referir dois dos mais conhecidos sociólogos urbanos contemporâneos.
Deste modo, demonstrada a relevância da Sociologia na análise das problemáticas subjacentes às Cidades e aos Espaços Urbanos, procuraremos agora salientar o contributo das outras ciências e áreas do saber consideradas no âmbito do presente ensaio.
Neste sentido parece-nos fundamental trazer a visão de F. Chueca Goitia, porque o autor foi capaz de resumir uma série de abordagens distintas entrecruzando várias disciplinas, nomeadamente: a Arquitectura, L. Battista Alberti destacou-se pela forma holística como estudou a cidade, deixando-nos como legado o primeiro tratado moderno de Arquitectura; a Economia, em que H. Pirenne defende uma relação directa entre uma vivência urbana mais activa e o dinamismo do comércio e da indústria; a Geografia, aqui com Vidal de La Blache ao defender a preponderância da Natureza sobre o Homem; entre outras (Chueca Goitia, 1996).
Deste modo, se é inquestionável que as abordagens à Cidade podem ser múltiplas, também é fácil de aceitar que só mediante uma visão sistémica e transdisciplinar se pode compreender com mais detalhe essa amplitude urbana que procuraremos abarcar.
- REIS, Judite Lourenço

- SALVADOR, Regina
- CARDOSO, Sónia Paulo
- MARQUES, Bruno Pereira

Nome: Judite Lourenço Reis
Afliação institucional: Universidade Nova de Lisboa, FCSH, Departamento
de Sociologia (Docente convidada-Conferencista)
Área de Formação: Sóciologa, Mestranda em Metropolização, Planeamento
Estratégico e Sustentabilidade
Interesses de Investigação: Sociologia Urbana, Sociologia da Cultura,
Património e Identidade
Bruno Pereira Marques é Licenciado em Geografia e Planeamento Regional
e Mestre em Gestão do Território pela Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Atualmente
encontra-se a finalizar o Mestrado em Metropolização, Planeamento
Estratégico e Sustentabilidade na FCSH-UNL e na Universidade Atlântica.
É Técnico Superior (Geógrafo) na Câmara Municipal de Palmela, exercendo
funções no Gabinete de Planeamento Estratégico, com destaque para o
processo de revisão do Plano Diretor Municipal.
É ainda Investigador (colaborador, não-integrado) no e-GEO Centro de
Estudos de Geografia e Planeamento Regional da FCSH-UNL.
Os seus interesses de investigação centram-se no âmbito da Geografia
Económica e Social, Geografia Urbana e do Desenvolvimento Regional e
Local.
PAP1169 - Usar e criar: as oportunidades do jornalismo em linha
Comunicação a apresentar no Grupo de Trabalho "Usos, significados e contextos de utilização da internet e dos media digitais por crianças e jovens":
A internet pode ser vista como um mundo de oportunidades que podem ser potenciadas em crescendo. Claro que a espiral de uso implica riscos, mas também oportunidades de participação. Livingstone e Helsper consideram que o reforço temporal e intensivo da internet permite uma maior competência e capacidade de uso da mesma em diferentes contextos (2007: 12). Nesta linha, e recordando Bourdieu, Dahlgren refere-se ao contributo da internet para um habitus cívico (Dahlgren, 2010). O consumo será aqui entendido como um espaço de oportunidades de conhecimento, de acordo com Appadurai (2003), que se refere aos consumos como geradores de valores sociais. Se quisermos contribuir para uma melhor compreensão do que significam as notícias na vida quotidiana, não poderemos esquecer as reflexões Bird (2011) em torno dessa questão, associando-a às implicações das notícias nas vidas dos cidadãos. S. Elizabeth Bird considera que, na atualidade, o jornalismo pode assumir várias formas. A internet em muito contribui para essa reconfiguração. Para refletirmos sobre estes temas, analisámos entrevistas aprofundadas e grupos de foco no âmbito de uma investigação longitudinal. A amostra compõe-se numa primeira fase (2010) de 35 entrevistas aprofundadas com jovens (32=15 a 18 anos; 2=21 anos; 1=14 anos), seguidas de entrevistas com 30 desses mesmos jovens no início de 2011 e grupos de foco com 15 deles em finais de 2011. Decorrendo das reflexões teóricas e da amostra, queremos contribuir para um aprofundamento do debate. Quais são as oportunidades de consumo e de criação de informação na internet? Quais as suas ligações ao dia a dia? E quais os níveis de literacia que implicam? Os resultados preliminares apontam para o reforço do consumo de notícias, inclusive online, decorrendo de modelos de interação entre familiares e grupos de pares. Essa propensão para o consumo, porém, nem sempre se reflete na criação de “atos de jornalismo” ou criação de conteúdo online.
Referências:
Appadurai, Arjun (2003). Introduction: commodities and the politics of value. The Social Life of Things: Commodities in Cultural Perspective. Appadurai, Arjun. Cambridge, Cambridge University Press.
Bird, S. Elizabeth (2011). Seeking the audience for news. In The Handbook of Media Audiences, Edt Virginia Noghtingale. Wiley-Blackwell.
Dahlgren, Peter (2010). "Opportunities, Resources, and Dispositions: Young Citizens' Participation and the Web Environment." International Journal of Learning and Media 2 (1).
Livingstone, Sonia e Helsper, Ellen (2007) "Gradations in digital inclusion: Children, young people and the digital divide". New Media & Society 9(4), 671-696.
- BRITES, Maria José

Maria José Brites é doutoranda em Ciências da Comunicação na FCSH-UNL e está a desenvolver uma tese de doutoramento sobre “O lugar das notícias na construção do comportamento cívico dos jovens” (apoiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia). Investigadora do Centro de Investigação Media e Jornalismo – CIMJ, também é assistente na Universidade Lusófona do Porto, desde 2008. Foi membro dos projectos Crianças e Jovens em Notícia (financiado pela FCT) e Digital Inclusion and Participation (com UT Austin) e integra a rede de investigadores COST – Transforming Audiences, Transforming Societies. Áreas de investigação: audiências e participação juvenil; produção e consumo noticioso juvenil; representação da delinquência juvenil nas notícias; e uso participatório do digital. Trabalhou a tempo integral como jornalista entre 1992 e 2008. Entre 1998 e 1999, coordenou um atelier de jornalismo com jovens num bairro de habitação social.
PAP0333 - Usos e significados das tecnologias na Academia: “duas culturas” ou “espaço ponte”?
Este trabalho de investigação procura compreender o modo como a população estudantil universitária portuguesa, nas suas práticas quotidianas, percepciona, usa e interage com as várias formas de tecnologia existentes. Partindo da dicotomia na cultura científica apresentada em ‘As Duas Culturas’ a presente investigação interroga o papel da tecnologia nesta mesma dicotomia. O objectivo é compreender se as novas tecnologias constituem uma reificação da divisão ou um ‘espaço-ponte’ possibilitador de uma tradução cultural entre as duas culturas científicas. A pesquisa foi elaborada em função de metodologia mista realizada em instituições universitárias. Esta pesquisa propicia a discussão da tecnologia em termos instrumentais e simbólicos, procurando identificar as complementaridades cruzadas e possíveis das duas culturas.
- MATOS, João Monteiro de
- SEIXAS, Paulo Castro
- FONSECA, Jaime
PAP0044 - Utilização do estudo de caso em Sociologia – Análise e Representatividade
Nesta comunicação
faz-se uma reflexão
sobre a importância
de analisar um caso
único — ou um número
reduzido de casos —
em sociologia. Uma
vez que a validade e
a replicabilidade
constituem
requisitos
fundamentais para os
problemas de
pesquisa, os estudos
em que se utilizam
um número reduzido
de unidades de
análise são mais
vezes considerados
como mecanismos
exploratórios ou
experimentais, sendo
normalmente
relegados para um
papel secundário
(Lieberson, 1985
cit. por Abell,
2009:38), quando
comparados com
estudos em que se
utilizam um grande
número de unidades
de análise.
Pretende-se, pois,
mostrar como o caso
único ou estudo de
caso pode igualmente
ser relevante na
análise sociológica,
quer em termos da
validade
(intrínseca) do
caso, ou mesmo da
replicabilidade do
modelo analítico.
Assim, considerando
critérios
metodológicos sobre
a pesquisa
qualitativa como
ponto de partida,
esta comunicação
destaca a questão da
representatividade
dos estudos de caso
quando estes são
construídos como
narrativas (por
exemplo através d
análise da
trajectória de vida,
análise visual ou
análise crítica dos
discursos
produzidos), tendo
como evidência um
estudo sobre a
auto-representação
em que o corpo
desempenha o papel
principal.
O que indica que,
nestes casos, a
explicação causal
pode ser alcançada
sem a necessidade de
comparação ou
generalização,
porque as narrativas
fornecem caminhos ou
ligações causais
numa cronologia de
acções ou
acontecimentos
(Abell, 2009) a
nível externo, que
podem ser estudados
como processos. E ao
mesmo tempo que as
propriedades
emergentes, ao nível
interno mecanismos
ou poderes causais
(e.g. a agencia da
imagem), por outro
lado, fornecem
pistas sobre a sua
especificidade
intrínseca,
permitindo destacar
uma causalidade de
tipo ontológico,
cuja consequência é
o
reconhecimento/fundação
dos próprios casos.
Palavras-chave: Caso
Único; Estudo de
caso; Pesquisa
qualitativa;
Representatividade
- PEREIRA, Anabela Conceição

NOTA BIOGRÁFICA
Anabela Pereira é actualmente bolseira de investigação em Sociologia no CIES-ISCTE, no âmbito do Programa de Doutoramento em Sociologia da Escola de Sociologia e Políticas Públicas do ISCTE, ao abrigo do qual investiga os "usos do corpo na arte contemporânea" sob a supervisão das Professoras Doutora Graça carapinheiro e Dra. Idalina Conde (Projecto SFRH/BD/43455/2008 financiado por fundos do Fundo Social Europeu e MCTES - FCT). Os seus principais interesses de investigação presentemente são a Sociologia do Corpo, da Arte, Cultura e Sociologia Visual. Publicações recentes incluem: Pereira A. (2011) "Body Representations & The Construction of Visual Meanings - a few interpretations", CIES e-Working Papers Nº 114/2011, Lisboa CIES-ISCTE, IUL, (Online) Disponível em: http://www.cies.iscte.pt/destaques/documents/CIES-WP114_Pereira000.pdf; Pereira (in press), "Synchronizing Movement and Perception: Determinants and Predictors of Body Sense" in Body and Time: Bodily Rhythms and Social Synchronism in the Information Age, Bianca M. Pirani & Thomas Smith (eds), Londres, Cambridge Scholars Publishing; e Pereira A. (in press), "Body, Possibility and Biographical Interpretation", Qualitative Sociology Review, Polónia (Online) Disponível em: http://www.qualitativesociologyreview.org/ENG/index_eng.php
PAP0131 - Utilização dos novos media por três gerações de meio rural: apresentação de resultados dos focus groups e diários
Será a utilização de novos media realizada de forma diferente dependendo das gerações, residentes em meio rural? Esta é a questão que serve de mote a uma investigação que pretende compreender que utilização os indivíduos nascidos nas décadas de 50, 70 e 90, e que se encontram inseridos no meio rural, fazem dos media, nomeadamente, da televisão, do computador e do telemóvel, os três ecrãs. Assim, e uma vez que estão em estudo três das principais tecnologias utilizadas no quotidiano, é importante compreender como se faz essa utilização nos diferentes contextos, como o/a trabalho/escola, o contexto familiar e de lazer.
Esta comunicação pretende apresentar os resultados da primeira etapa da investigação em desenvolvimento, enquadrada no Programa Doutoral Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, sob o tema mais vasto “Gerações de ecrã em meio rural. As práticas de utilização dos novos media no quotidiano rural de três gerações.” O estudo inicia-se com a realização de focus groups a três gerações diferentes (nascidos nos anos 50, 70 e 90), colocando-as em interação monogeracional (três grupos com nove elementos de cada década), mas também multigeracional (um grupo com três elementos nascidos em cada década), com o objetivo essencial de compreender as mudanças históricas na utilização dos media, assim como as práticas dos dias de hoje, quer nas gerações mais novas, como nas mais velhas.
Como complemento à análise de conteúdo realizada a partir das discussões ocorridas nos focus groups, nos quais a posição é fruto da dinâmica discursiva e argumentativa desse grupo, pretende-se analisar uma perspetiva mais individual, através da solicitação aos participantes do focus group multigeracional do preenchimento de diários durante 15 dias, os quais se pretendem preenchidos com informações sobre o tipo de media que utilizam, quando (altura do dia e contexto – de lazer, laboral/escolar ou familiar), a duração da utilização, a finalidade e se o fazem sozinhos ou acompanhados e, neste caso, com quem. O preenchimento realiza-se em todos os dias da semana, incluindo os fins de semana para, dessa forma, se conseguir captar informações reativas a períodos que se consideram ter dinâmicas de trabalho/estudo, familiar e de lazer diferentes.
A aplicação dos focus group e dos diários será realizada em freguesias rurais de Ponte de Lima, interior Norte de Portugal, durante os meses de novembro e dezembro, sendo a sua análise realizada entre dezembro e janeiro.
- MELRO, Ana

- OLIVEIRA, Lídia

Ana Melro é aluna do doutoramento Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, na
UA e na FLUP. Pertence ao CETAC.MEDIA e é bolseira de investigação na Escola de Engenharia,
da UM. É licenciada em Sociologia (2004) e mestre em Sociologia da Infância (2007), pela
Universidade do Minho, Braga. Os interesses de investigação são: a literacia e inclusão digital,
a utilização de ecrãs e as perspetivas socio-históricas da apropriação dos novos media.
Lídia Oliveira é Professora Auxiliar com Agregação da UA. Licenciada (1991) em Filosofia pela
UC, mestre (1995) em Educação Tecnológica pela UA, Valenciennes (França) e Mons (Bélgica) e
doutorada (2002) em Ciências e Tecnologias da Comunicação também pela UA. Os seus
interesses de investigação concentram-se na sociologia da comunicação, novos media,
ecologia dos media e cibercultura. Investigadora no CETAC.MEDIA e no CES.
PAP0138 - Utopias corporais e riscos físicos: a propósito de hiper-disciplinas alimentares e de exercício físico entre jovens
Descrentes na possibilidade de mudar o Mundo, hoje muitos jovens requerem sobretudo espaço de acção para mudar a sua existência, o seu «mundo de vida». No âmbito deste, muitos tentam mudar o corpo de que se sentem proprietários, investindo-o de imaginários e desejos, de projecções e projectos, não raras vezes difíceis de concretizar. Esses corpos utópicos exprimem-se, frequentemente, pelo extremar da experimentação de limites físicos, caracterizando-se à vista desarmada por um excesso de presença no gesto ou na imagem. No constante desafio entre metas apetecidas e atingidas, há certos riscos físicos e sociais que se interpõem a estes corpos.
Regimes corporais como as dietas ou a prática de actividades físicas, apesar de consensualmente representados como actividades promotoras de saúde e bem-estar, podem ver o sentido inicial da sua mobilização desvirtuado. Acontece quando a aplicação desses regimes se «radicaliza» pelo excesso de disciplina, na procura da conformidade aos modelos de perfectibilidade da corporeidade própria da época contemporânea: hiper-disciplinas alimentares e de exercício físico desenvolvidas no sentido da construção e/ou manutenção de um corpo bem definido na sua silhueta – magro no caso feminino, ou muscularmente tonificado no caso masculino. Ocorrendo, esses corpos correm o risco de uma leitura social próxima da patologia clínica, ou mesmo serem socialmente institucionalizados como «doentes».
Certos distúrbios medicamente consagrados como psico-patologias poderão ser entendidos, no olhar sociológico, como efeitos da radicalização de projectos corporais. Referimo-nos, por exemplo, aos comportamentos clinicamente classificados como dismorfias corporais, como são, por exemplo, os casos da anorexia, medicamente classificada como um distúrbios do comportamento alimentar, ou da vigorexia, clinicamente classificada como uma dismorfia muscular. O objectivo desta comunicação será, então, a partir dos conceitos de utopia corporal e de risco, analisar o processo de agenciamento de hiper-disciplinas alimentares socialmente conotadas com comportamentos anorécticos e vigoréctivos, respectivos conteúdos simbólicos e valorativos, bem como as pressões e sanções sociais a que jovens que as agenciam estão sujeitos. Tal será feito a partir de um corpus de entrevistas realizadas a jovens rapazes auto-identificados como «viciados» na prática de musculação, e a jovens raparigas que, em dado momento das suas vidas, presente ou passado, se auto-identificaram como «anoréxicas».
- FERREIRA, Vitor Sérgio
PAP0736 - VIOLÊNCIA, PUNIÇÃO E DILEMAS DA RESSOCIALIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO (2000-2010)
A violência é um predicado existencial da condição humana. Com diversas derivações, simbologias e significados, a violência se forja na matriz fundadora das sociedades humanas. Sob o ponto de vista do mundo contemporâneo, é importante refletir sobre a metamorfose com que a violência vem sendo impregnada e suas manifestações. A questão das formas de punição para aqueles que cometem delitos é ainda um grande desafio para uma sociedade que busca impor seu conjunto de regras sociais aos seus indivíduos. Violência e pobreza são fenômenos sociais complexos e não-excludentes, mas não são dependentes. A construção uma gigantesca e perdulária maquinaria carcerária vêm se mostrando limitada e se observa apenas uma preocupação com a arquitetura do cumprimento da punição ao invés de uma ênfase substancial na difícil promoção da ressocialização do encarcerado. Apesar do crescimento econômico brasileiro traduzido nas sucessivas elevações do produto interno bruto e da renda per capita na primeira década dos anos 2000, o país ainda é um grande concentrador de riquezas com diversos nichos de pobreza. A maquinaria carcerária é um pertinente exemplo da exclusão vivenciada no interior da sociedade brasileira. Representando um terço do PIB da economia brasileira, o estado de São Paulo concentra também um terço da massa carcerária do país e também o maior orçamento para aplicar no sistema prisional. Assim como no plano nacional, o Estado sofre entre outros problemas com a superpopulação em seus presídios. A partir do entendimento que a violência vem se transformando ao longo da história e observando os dilemas do mundo da prisão, o presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve panorama da situação do sistema penitenciário do Estado de São Paulo (2000-2010) e como o Poder Público vem tratando a temática da questão prisional. A importância com a comparação da realidade do cenário prisional nacional se fez necessária para contribuir no estudo do sistema penitenciário de São Paulo como reflexo panorâmico do cenário brasileiro.
- MENEZES, Wellington Fontes
PAP0600 - VIVER COM DEPRESSÃO CRÓNICA – RECONSTRUÇÃO BIOGRAFICA E REPRESENTAÇÕES SOBRE A SUA PROPRIA DOENÇA
O aumento das doenças crónicas, nomeadamente das doenças mentais crónicas, bem como as mudanças operadas no domínio das respostas à doença mental coloca-nos perante a necessidade de avaliar os seus impactos na vida das pessoas, dos grupos e das organizações sociais, mas também de compreender as vivências, as alterações e ajustamentos que exige ao nível da identidade e dos modos de vida.
Em Portugal há poucos estudos sobre a experiência com a doença mental, sobretudo sobre a forma como aqueles que a vivenciam no seu quotidiano a experienciam e com ela convivem quotidianamente. Nesta comunicação, que se baseia em evidência empírica resultante de um estudo exploratório apoiado em entrevistas em profundidade junto de 10 pessoas com diagnóstico psiquiátrico de depressão crónica, onde se analisam as concepções sobre a sua própria doença e a percepção sobre os impactos na vida quotidiana, procuram-se os sentidos que se tecem a partir dessas experiências pessoais no quotidiano.
Esta pesquisa adopta uma abordagem qualitativa que privilegia o ponto de vista do nativo de Geertz (1993) e se apoia no argumento de pluralidade de habitus e de contextos de acção (Lahire, 2005).
Procurámos assim compreender como é que os próprios sujeitos que vivenciam a depressão a entendem, a explicam e interpretam, a introduzem no seu quotidiano e lidam com as suas consequências e impactos nos vários níveis e contextos onde a sua vida decorre. Daremos especial ênfase às concepções e representações sobre a sua própria doença, evidenciando as tensões entre a ‘normalidade’ (passado) e a experimentação subjectiva do novo ‘eu’ (identidade actual).
Nota: Pesquisa efectuada no âmbito do Mestrado em Sociologia da Saúde e da Doença (ISCTE/IUL) por Cecília Neto (na qualidade de mestranda) e Fátima Alves (na qualidade de orientadora cientifica).
- NETO, Cecília

- ALVES, Fátima

Nome:
Neto, Cecília
Afiliação institucional:
Centro de Educação Especial Rainha Dona Leonor – Socióloga e responsável técnica do serviço CAAAPD – Centro de Atendimento, Acompanhamento e Animação à Pessoa com Deficiência e Doença Mental
Área de formação:
Mestrado em Sociologia da Saúde e da Doença (2008-2010)
Licenciatura em Sociologia Industrial das Organizações e do Trabalho (1990-1995)
Pós-Graduação em Gestão de Projectos em Parceria (2004-2005)
Interesses de investigação:
Sociologia da Saúde e da Doença, com Preferencial interesse Saúde e Doença Mental
Trabalhos de Investigação:
2012/2013 – Participação no Projeto Luso-Alemão Doença Mental, coordenado pela Profª Fátima Alves
2010/2011 – Projecto de Investigação “Experiência Subjectiva com a Doença Mental Crónica”enquadrado no âmbito do Mestrado em Sociologia da Saúde e da Doença do ISCTE/IUL, Co-coordenado por Fátima Alves e Graça Carapinheiro.
2009/2011 – Elemento do grupo de trabalho epidemiológico “Rastreio no âmbito da doença mental no conselho de Caldas da Rainha” em parceria do Núcleo de Intervenção em Saúde Mental de Caldas da Rainha com a Delegação de Saúde Pública; com orientação do Doutor Luís Pais Ribeiro
Publicações
2011 – Artigo: “A Experiência Subjectiva com a Doença Mental Crónica - Estudo Exploratório sobre os Impactos na Vida Quotidiana em sujeitos diagnosticados com Depressão Crónica”, Co-autoras: Cecília Neto; Fátima Alves; Graça Carapinheiro; (Enviado para publicação em revista nacional).
2012 – Documento conjunto, J. Pais-Ribeiro, Cecília Neto, Jorge Nunes, Mafalda Silva, Carla Abrantes, Sílvia Freitas, Sílvia Ferreira, Ângela Cerqueira, Ana Almeida, e Vítor Coelho, “Ulterior validação do questionário de saúde geral de Goldberg de 28 itens”, apresentada pelo Profº J. Pais-Ribeiro no 9º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, held in Aveiro, Portugal, 9-11 February 2012.
Fátima Alves
prof Auxiliar do Departamento de Ciências Sociais e de Gestão da Universidade Aberta; Investigadora integrada no CEMRI - Participa atualmente em dois projectos de investigação financiados: 'Politicas e Racionalidades de Saúde' em parceria com o ISCSP; ISCTE; UNiversidade de Évora; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; é investigadora responsável pelo projeto “Impacto das políticas de saúde mental nas redes sociais de apoio à reabilitação e integração em contextos interculturais diversos: o caso de Portugal e Alemanha”, em parceria com a Universidade de Hamburgo, o Centro de Psicologia da Universidade do Porto, o CAPP/ISCSP e o Laboratório de reabilitação psicossocial.
PAP0416 - Valores culturais e confiança nas instituições em Portugal e países de expressão lusófona
Título: Em quem confiamos? Valores culturais e confiança nas instituições: uma investigação comparada entre países da CPLP
Autor: Paulo Finuras
Sociólogo
Doutorando ULHT
A comunicação apresenta os resultados de uma investigação internacional comparada, realizada em quatro países de expressão lusófona (Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal) no âmbito de um doutoramento em Ciência Política.
Os seus objetivos foram, i) caracterizar o perfil de valores culturais dos países nas 7 dimensões de Hofstede, ii) medir o grau de confiança institucional e, iii) identificar qual a relação entre os valores culturais e o nível de confiança nas instituições. Utilizou-se o VSM08 de Hofstede para a caracterização das culturas nacionais e concebeu-se uma Escala de Confiança nas Instituições que foi aplicada, em simultâneo às mesmas amostras de respondentes em cada país.
Utilizou-se uma metodologia de análise extensiva recorrendo a métodos qualitativos e quantitativos, incluindo a colocação de hipóteses e o estudo do seu comportamento bem como a análise fatorial e regressão linear simples. A análise dos resultados revela que, a orientação coletiva dos cidadãos portugueses se aproxima dos cidadãos dos três países africanos em seis das sete dimensões de valores das respetivas culturas nacionais. Não obstante, verificaram-se diferenças significativas em vários sentidos e intensidades.
Entre as descobertas efetuadas, verificou-se, no caso de Portugal, um padrão de tendência para uma maior confiança nas instituições que oferecem segurança e proteção (nomeada e especificamente os Bombeiros, Forças Armadas, Médicos e Segurança Social) e dois tipos de correlações: uma positiva entre IDV e Cf nas instituições e outra negativa entre a classe etária e a confiança institucional. Os resultados globais obtidos com esta investigação internacional vão, no sentido de outras investigações anteriores que predizem uma influência entre o nível de confiança institucional e alguns dos valores culturais. Concluiu-se também, sem muitas ambiguidades, que a Confiança é um fenómeno muito complexo e multidimensional que para ser cabalmente estudado e compreendido deve ser encarado como um fenómeno social total.
- FINURAS, Paulo

Paulo Finuras
Sociólogo
Doutorando ULHT
PAP0719 - Valores e Felicidade em Portugal e na Europa: uma perspectiva de classe e género
Os valores, entendidos na literatura como “metas motivacionais”, possuem propriedades axiológicas que assumem um papel determinante no nível de bem-estar subjectivo que, associado a uma perspectiva positiva, é um indicador de qualidade de vida e tradutor da felicidade dos indivíduos. A sua busca deve ser o principal desígnio do ser humano, cabendo aos indivíduos a responsabilidade de serem felizes. Como referiu Pascal: “Todos os homens, sem excepção, procuram ser felizes. Embora por meios diferentes, tendem todos para esse fim”.
A relevância do estudo do impacto dos valores na felicidade tem sido alvo de interesse crescente devido, essencialmente, à tomada de consciência da impossibilidade de reduzir a análise social à medição de indicadores económicos tradicionais, como por exemplo o PIB per capita. Conhecer a percepção do bem-estar dos cidadãos e proceder a uma análise comparativa do mesmo entre países europeus, é hoje possível através dos dados disponibilizados de dois em dois anos peloo European Social Survey.
O objectivo principal deste trabalho é o de mapear valores e bem estar-subjectivo e calcular a Felicidade Interna Bruta dos europeus, mostrando como a classe social e o sexo podem ser diferenciadores.
Palavras-chave: Bem-estar subjectivo, Felicidade, Felicidade Interna Bruta, Classes sociais, Género
- BRITES, Rui

- ALMEIDA, João Ferreira de
- TORRES, Anália
Rui Brites
Doutor em Sociologia, é Professor Associado Convidado do ISEG e do ISCSP e Investigador no CIES/ISCTE-IUL.
Docente do ensino superior desde 1993, tem leccionado disciplinas de Métodos e Técnicas de Investigação e Análise de Dados Quantitativa e Qualitativa
Áreas de investigação: metodologias de investigação, valores, qualidade de vida, bem-estar subjectivo e felicidade, atitudes sociais, classes sociais, género e família, marketing social e educação.
Enquanto coordenador das áreas metodológicas e de análise de dados, tem participado em dezenas projectos de investigação social, nacionais e internacionais, e apresentou dezenas de comunicações em congressos nacionais e internacionais para disseminação dos resultados. É autor e co-autor de dezenas de artigos e capítulos de livros em publicações nacionais e internacionais.
PAP0910 - Vamos ao teatro? O Teatro Nacional, os públicos e a comunidade
A comunicação tem por objetivo discutir a relação entre as instituições teatrais e os seus públicos, com base numa pesquisa recentemente concluída sobre os públicos do Teatro Nacional D. Maria II. Partindo de um questionamento geral sobre o modo como a relação entre os teatros, os públicos e, de forma mais ampla, a comunidade se vem reconfigurando, a comunicação reflete sobre os principais vetores que têm vindo a transformar as condições de legitimação social, política e artística das instituições teatrais e, necessariamente, as condições da sua organização e gestão, bem como a diversidade de dinâmicas que atualmente atuam sobre a formação dos públicos da cultura e, em particular, sobre os públicos do teatro.
Para esse efeito, a comunicação apresenta e problematiza alguns resultados empíricos do estudo desenvolvido pela equipa de investigação no TNDM II, ao longo da temporada de 2009/2010. Mais do que descrever o conjunto dos resultados do trabalho, procura-se ilustrar as múltiplas dimensões em que se desdobra a relação entre a instituição e os seus públicos. Discute-se a importância que nessa relação desempenham os perfis socioculturais dos públicos, as suas motivações, os seus padrões de frequência e as suas perceções do teatro, mas, sobretudo, o modo como a relação com o teatro se articula com os seus quadros de vida e de sociabilidade mais amplos.
A problematização da natureza complexa e multiforme da relação entre instituições teatrais e públicos sustenta uma reflexão final em torno das virtudes e limitações dos instrumentos sociológicos com que os estudos de públicos em regra trabalham. Questionam-se as potencialidades e as implicações desses instrumentos não apenas do ponto de vista analítico e sociológico, mas também do ponto operacional da gestão e planeamento das instituições culturais.
- ABREU, Paula

- CORREIA, André Brito
- FERREIRA, Claudino
- GOMES, Carina Sousa

- SANTOS, Marta
Paula Abreu
Doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra (2010).
Professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Investigadora do Centro de Estudos Sociais, integrando o Núcleo Cidades, Culturas e Arquitectura (CCA).
Os seus interesses de investigação focam-se nos domínios da produção e do consumo culturais, das políticas culturais, das culturas urbanas, do turismo, do património imaterial e das culturas populares.
Carina Sousa Gomes
Investigadora do Centro de Estudos Sociais, integra o Núcleo de Estudos sobre Cidades, Culturas e Arquitetura. É licenciada em Sociologia, pela Universidade de Coimbra e mestre em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É doutoranda em Sociologia, no programa "Cidades e Culturas Urbanas", da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Os seus interesses atuais de investigação centram-se nas questões das cidades e seus centros históricos, turismo, imaginários turísticos urbanos, património e culturas urbanas.
PAP1240 - Vamos fritar ?! : Por uma etnografia urbana em espaços de sociabilidade homossexual de Belém, Pará.
Procuro compreender como se dá a dinâmica das sociabilidades entre homens homossexuais, dentro de duas boites GLS de Belém: Lux e Malícia. Enquanto problemática, questiono-me se o fato de um homem homossexual freqüentar algum desses lugares é relevante, ou não, na busca por parceiros. Utilizo, para compor análises interseccionais, alguns recortes, por exemplo, de: geração (idade), classe, “raça” (cor da pele) e performance de gênero, procurando entender de que modo influenciam nas escolhas, expectativas e trajetos: dificultando, facilitando, limitando ou abrindo possibilidades ao estabelecimento de relações entre homens homossexuais. Busca-se, a partir de uma etnografia da intimidade, conversar informalmente com os entrevistados, dentro das boites e, após o consentimento destes, a entrevista, propriamente dita, com aplicação de roteiro semi-estruturado, é realizada em um momento oportuno. A escolha dos entrevistados partiu do que chamei de grau de variação sócio-cultural: “negros”, “brancos”, de classes sociais distintas, velhos, novos, com performance masculina, com performance feminina, entre outras palavras, a intenção foi abarcar a maior diversidade de pessoas: moradores de bairros centrais ou periféricos, que consumissem produtos distintos, com grau de escolaridade variado, possuidores de comportamentos múltiplos e que estivessem em diversas fases da vida. A guisa de finalizações, o que se pode perceber é a não-dicotomização - ficar ou namorar? - por meio das interações dentro das boites supracitadas; por maior que seja o interesse em estabelecer vínculos maiores de afeto, sexo etc., contudo, no ambiente interno existem outros pontos de destaque: encontrar amigos, participar de festas temáticas, diversão, música, ambiente, pessoas, etc.
- REIS, Ramon
PAP0944 - Vegetarianos vão às compras:negociação, comunhão e dissidência
Em sociedades complexas, a identidade pode se relacionar a adoção de um estilo de vida, não necessariamente ligado às relações de produção, mas relacionados à pertença em grupos de afinidades eletivas que, por meio do consumo, comunicam uma visão de mundo ou estilo de vida. Este trabalho apresenta uma análise dos vegetarianos que constroem um modo de vida distintivo através do consumo e da recusa ao consumo de determinados bens, não apenas dietéticos nos casos mais radicais, transformando o cotidiano palco de batalhas simbólicas e negociações. Para compreender tais conflitos, priorizamos a análise em torno dos rituais de alimentação e optamos por duas vias metodológicas: a autoetnografia apostando no registro em caderno de campo dos conflitos vivenciados pela pesquisadora – vegetariana - em seu cotidiano e a realização de entrevistas em profundidade com vegetarianos (bastando a autodefinição enquanto tal) oriundos das camadas médias urbanas angariados através de uma metodologia de conveniência. Os resultados desta pesquisa apontam que a opção pelo vegetarianismo, fruto da reflexividade individual, mais do que do desejo de pertencimento a agrupamentos específicos, encontra resistência e se sujeita a constrangimentos da vida cotidiana; não obstante, apesar do papel desagregador desempenhado pelo vegetariano nos rituais em torno da alimentação, a socialidade prevalece. Através dos dados obtidos, percebemos que as negociações, recusa e aceitação de dietas variadas auxiliam na compreensão da complexidade da sociedade atual, descentrada, que favorece o dilema das escolhas individuais elaboradas reflexivamente por meio das informações disponíveis e os constrangimentos da vida social, cujo padrão se fragiliza. No entrecruzamento destes vetores, as opções pelo consumo e a recusa do consumo fornecem papéis sociais, comunicam lugares sociais e possibilitam a reflexão sobre a sociedade contemporânea e a multiplicidade que lhe caracteriza.
- ABONIZIO, Juliana
PAP1201 - Velhice, institucionalização e redes sociais
Palavras-chave: velhice, institucionalização, redes sociais, qualidade de vida
Num contexto de envelhecimento demográfico é preocupação individual e colectiva juntar Qualidade de Vida aos anos de vida ganhos. Nesta perspectiva, as redes de suporte emocional desempenham um papel de relevo uma vez que contribuem para um envelhecimento individual bem-sucedido e traduzem potenciais recursos disponíveis em eventuais momentos de fragilidade dos idosos.
A análise da literatura põe em evidência inúmeros estudos realizados pela Psicologia sobre as redes de suporte emocional dos indivíduos mas, a Sociologia só mais tardiamente e de forma menos incisiva passou a interessar-se pela questão.
Este estudo visa caracterizar e comparar as redes sociais dos idosos em função do contexto institucional em que se encontram (Lar, Centro de Dia, Apoio Domiciliário). Apesar do reconhecimento generalizado da importância do apoio emocional aos idosos, poder-se-à afirmar que estes diferentes enquadramentos institucionais criam oportunidades/promovem idêntico suporte aos seniores? De acordo com alguns estudos, os idosos institucionalizados apresentam redes de apoio emocional menos densas e manifestam maior solidão que os indivíduos não institucionalizados (Barroso, 2008).
A amostra deste trabalho é constituída por 64 indivíduos com idades compreendidas entre os 50 e os 90 anos, residentes na Região Norte de Portugal que, por apresentarem algumas limitações no desempenho das atividades da vida quotidiana, são enquadrados por diversas instituições na modalidade de Lar (19 indivíduos), Centro de Dia (20 indivíduos) ou Apoio Domiciliário (25 indivíduos).
A informação foi recolhida com base num questionário de caracterização socio-demográfica, da rede social e relações entre os membros que a compõem, numa perspectiva egocêntrica. Enveredando por uma perspectiva de análise não convencional (Social Network Analysis) que difere da abordagem clássica em Ciências Sociais por adoptar como unidade principal de observação a própria relação social, caracterizam-se as redes de suporte emocional dos idosos pondo em evidência as regularidades e diferenças em função do contexto institucional.
Os principais resultados obtidos convergem com a literatura consultada, evidenciando a dimensão mais reduzida das redes dos indivíduos em Lares, comparativamente às redes dos indivíduos em Centro de Dia e Apoio Domiciliário. Estes últimos possuem as redes sociais de maior dimensão e manifestam também o grau de satisfação mais elevado com a sua rede social. Estes e outros resultados do estudo fundamentam uma reflexão crítica sobre o impacto das redes sociais na qualidade de vida dos idosos e as suas oportunidades de interação social em função do tipo de enquadramento institucional de que são alvo.
- SILVA, Patrícia

- MATOS, Alice Delerue
"Patrícia Silva é mestranda de Sociologia na Universidade do Minho onde prepara uma dissertação sobre as redes de suporte emocional dos idosos portugueses. Tem colaborado em projectos de investigação do Centro de Investigação em Ciências Sociais, da Universidade do Minho."
PAP1215 - Velhos e Novos Racismos no Brasil
O presente estudo irá tratar o tema das relações raciais no Brasil. Nosso pressuposto consiste em considerar que uma das facetas do “racismo à brasileira” se manifesta na escolha do riso como canal de expressão e consolidação do racismo. Não consideramos que tal escolha seja feita intencionalmente, de forma consciente. Defendemos a hipótese de que o riso seja uma solução inconsciente para o dilema que envolve a questão do racismo no Brasil. Por um lado, os brasileiros não se consideram racistas e gostam de ostentar uma imagem de gente sem preconceito afeita à mistura racial, uma vez que condenam abertamente o racismo. Por outro lado, fornecem indicadores, quando sondados sutilmente, que apontam para um preconceito racial latente. Inúmeras pesquisas reforçam esse paradoxo no Brasil. A expressão “racismo à brasileira” tornou-se corrente na literatura sobre relações raciais designando, grosso modo, uma forma de racismo peculiar ao Brasil que se caracteriza, sobretudo, por sua manifestação sutil, velada e ambígua. Não pretendemos aqui naturalizar a expressão como se ela tivesse um significado único e fixo ou essencializar um povo e seus atributos, ao contrário, nosso ponto de vista é fazer o caminho inverso no sentido de tentar entender um dos muitos percursos históricos traçados e uma das muitas possibilidades interpretativas atribuídas às relações raciais no Brasil. Embora a manifestação encoberta do racismo seja um fenômeno reconhecido em todo o mundo ocidental, assume uma terminologia diferente conforme o referencial de análise utilizado: racismo sutil, racismo moderno, racismo aversivo (Meertens e Petttigrew, 1995, 1999; MacConahay e Hough, 1976; Gaertner e Dovidio, 1986). Tais estudos apontam para novas e sutis expressões dos racismos em diversos contextos sociais que, a despeito de suas especificidades, consagram um modelo de manifestação mais “civilizada” para esse fenômeno. No Brasil, o modelo de racismo em questão parece não apenas reforçar essa nova tendência internacional, mas, sobretudo, evidenciar uma forma particular de se relacionar construída historicamente pelos brasileiros para expressar sua identidade.
- DAHIA ,Sandra Leal de Melo

Sandra Leal de Melo Dahia
Professora Adjunta da Universidade Federal do Amazonas, com lotação provisória na Universidade Federal da Paraíba
Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba (1992)
Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba (1996)
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (2007)
Atuação profissional nos seguintes temas: relações sociais, representação social, racismos, preconceito racial e inclusão social.
PAP0640 - Verde é a cor do campo - Análise exploratória às visões dos turistas e habitantes de duas aldeias portuguesas sobre a identificação do rural com o ambiente natural
Em 1989, Marcel Jolivet e Nicole Mathieu apresentaram como uma formulação urbana frequente a identificação de que o ambiente é a natureza e esta é o campo. De então para cá, vários estudos têm demonstrado a pertinência de tal formulação (e.g. Figueiredo, 2003, 2009; Kastenholz, 2002), sobretudo num contexto de crescente substituição das funções produtivas dos territórios rurais por funções associadas ao consumo, designadamente relacionadas com atividades de recreio e lazer e de preservação do ambiente.
Os territórios rurais, especialmente os mais remotos, em toda a Europa e com particular nitidez em Portugal, foram progressivamente perdendo a sua tradicional função produtiva, através do também gradual declínio social e económico da atividade com que, durante séculos, se identificaram – a agricultura. Em consequência, uma boa parte destes territórios constituem palcos para novas atividades sobretudo associadas à satisfação das necessidades das populações urbanas. Muitos territórios rurais encontram-se, assim, para além da agricultura (Oliveira Baptista, 2006: 99), num processo de reestruturação pós-produtivista (Marsden, 1995; 1998) no qual se assume claramente a sua vocação de lugares idílicos, onde os elementos naturais, o ambiente, as paisagens se combinam com as tradições e as heranças culturais e parecem cada vez mais constituir o rural como espaço privilegiado de consumo.
Estes processos de reestruturação implicam, frequentemente, a redefinição dos significados do rural e da ruralidade nas representações dos habitantes locais e daqueles que crescentemente parecem definir os seus destinos: as populações urbanas. Neste trabalho procuramos explorar e compreender as visões dos turistas e habitantes de duas aldeias Portuguesas – Janeiro de Cima e Linhares da Beira – tendo em conta a identificação destes territórios com o ambiente e os elementos naturais. Neste sentido, utilizou-se a metodologia de estudos de caso e foram aplicadas entrevistas semiestruturadas a turistas (N= 32) e habitantes (N= 20) das duas aldeias mencionadas. As entrevistas centraram-se sobre as experiências relacionadas com o turismo e sobre os significados atribuídos àqueles territórios e à ruralidade. A informação recolhida foi objeto de uma análise de conteúdo exploratória e qualitativa, privilegiando-se os discursos diretos dos entrevistados.
Os resultados demonstram uma clara identificação de ambos os territórios com a natureza, as paisagens verdejantes, o ar puro, a paz e a tranquilidade, assim como a associação de atributos muito positivos às áreas rurais e à ruralidade, tanto por parte dos turistas como dos habitantes. Apesar das semelhanças encontradas é de salientar igualmente existência de uma relação forte entre as diversas experiências da vida rural e a apreciação da ruralidade, frequentemente feita por oposição aos modos de vida urbanos.
- FIGUEIREDO, Elisabete

- KASTENHOLZ, Elisabeth
Elisabete Figueiredo, Socióloga (ISCTE, 1989), doutorada em Ciências Aplicadas ao Ambiente (Universidade de Aveiro, 2003). Professora Auxiliar no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território e investigadora na Unidade de Investigação GOVCOPP – Governança, Competitividade e Políticas Públicas. Os principais interesses de investigação são a sociologia rural, o turismo rural, a sociologia do ambiente e as perceções sociais de riscos ambientais e tecnológicos. É autora e co-autora de mais de 100 comunicações e publicações nacionais e internacionais nas áreas mencionadas. Coordena atualmente o projeto Rural Matters – significados do rural em Portugal- entre as representações sociais, os consumos e as estratégias de desenvolvimento, financiado pela FCT e COMPETE.
PAP0290 - Vidas de Cuidado(s). Uma análise sociológica do papel dos cuidadores informais
A importância da provisão informal de cuidado em Portugal é conhecida. No entanto, a vida de quem cuida é desconhecida. Esta dissertação coloca ênfase no papel dos cuidadores, procurando visibilizar uma população esquecida e que carece de recolhimento – os cuidadores informais de pessoas com necessidades continuadas de apoio.
O cuidado informal é um fenómeno bastante complexo, condicionado pelos contextos sociais e económicos, as características da pessoa a cuidar e o tipo de relação existente entre quem cuida e quem é cuidado. Todas estas dimensões determinam os tipos, os modos e os tempos dos cuidados, traduzindo-se em impactos diferenciados na vida de quem cuida.
Esta dissertação analisa esses impactos quando o cuidado é quotidiano, permanente e de longa duração. Especificamente, busca compreender as motivações que conduzem à assumpção do papel de cuidador; apreender o modo como os cuidadores estruturam o quotidiano para responder às necessidades da pessoa a cuidar; conhecer os apoios formais e informais disponíveis.
Privilegiando-se uma abordagem micro, utilizou-se uma metodologia qualitativa, recorrendo a entrevistas em profundidade, realizadas junto de cuidadores/as informais. Pretendeu-se dar voz às suas histórias de vida e construir a análise a partir das suas narrativas. O trabalho realizado revela impactos profundos do cuidado na vida de quem cuida em todos os domínios considerados (trabalho, emprego, lazer, saúde, vida afectiva, etc.), uma dificuldade de conciliação do papel de cuidador com outros papéis
- ALVES, Joana

Joana Alves (FEUC/CES) é mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra (FEUC). Actualmente, é bolseira de doutoramento da FCT, e frequenta o programa de
Doutoramento em Sociologia da FEUC. Os seus interesses de investigação centram-se na
produção de cuidado pela família, dando especial destaque ao cuidado da dependência,às questões
do reconhecimento do papel dos cuidadores informais, e aos impactos do cuidado nas suas vidas.
PAP0298 - Vidas de rua: Territorialidades e cidadania dos sem-abrigo na cidade de Lisboa/Portugal
Este trabalho diz respeito à investigação que desenvolvo em nível do Doutoramento em Sociologia na Universidade de Coimbra. Tal investigação versa sobre as relação que os sem abrigo estabelecem com o espaço da rua, dado que o vivem de forma bastante intensa (moram nas ruas, fazendo delas seu lar) desencadeando apropriações territoriais produtoras de diferentes sentidos para cidadania. Portanto, o sentimento de pertença aos territórios, ou seja, as territorialidades dos sem abrigo, acionam sentidos específicos de cidadania, diferenciados dos sentidos dominantes estipulados pelas concepções formais e institucionais.
A problematização proposta por esta pesquisa é de como as relações estabelecidas pelos sem-abrigo com o espaço no qual vivem desenham as suas significações de cidadania.
De maneira a privilegiar o espaço vivido e percebido, desde os usos deles, é possível pensar que os sujeitos dessa pesquisa constroem cidadania a partir das suas práticas sócio-espaciais. São dos usos dos territórios das ruas que nascem os significados de cidadania para os sem-abrigo.
A concepção moderna de cidadania política, da onde parte o conceito, é originária das ideologias dominantes concernentes ao reconhecimento do estatuto para aqueles que agregam condições para tal. Isto é, o cidadão é aquele administrado, policiado, cumpridor de deveres e possuidor de direitos nivelados pelo pertencimento ao mundo do trabalho. Sua relação com os espaços públicos corresponde à visão de que estes são territórios para fins de expressões públicas, por oposição às suas vidas privadas. Alavancado pela modernidade, esse conceito diz respeito à versão maior, ou à versão hegemônica. Por outro lado, pode haver sub-versões de cidadania pertinentes às versões paralelas correspondentes a modos marginais de interação com os territórios. Estas sub-versões, no caso dos sem-abrigo, desconstroem a dicotomia do público X privado porque estes sujeitos fazem usos privados de espaços públicos. É a partir da territorialização singular nas ruas que os sem- abrigo podem reconhecer-se como cidadãos numa versão singular do termo. Assim, é possível que estes sujeitos vivam uma duplicidade do termo.
- COLVERO, Carolina Appel

Carolina Appel Colvero tem formação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM- RS- Brasil) e experiência junto à populações em situação de vulnerabilidade, nomeadamente no âmbito da prostituição, uso de drogas, sem-abrigos. Na graduação, desenvolveu pesquisa sobre gênero e políticas públicas em horta comunitária do município de Santa Maria (RS- Brasil); na especialização em pensamento político brasileiro estudou políticas públicas para profissionais do sexo e, no mestrado estudou performances de gênero em bares de prostituição.
Tem experiência profissional como supervisora do campo de Redução de Danos para o uso de drogas e como responsável pelas políticas públicas para profissionais do sexo no âmbito da saúde do município de Santa Maria (Câmara Municipal / Secretaria da Saúde). Foi docente de Sociologia no Centro Universitário Franciscano e, atualmente, é doutoranda em Sociologia: Cidades e Culturas Urbanas na Universidade de Coimbra.
Sua pesquisa atual trata-se de um trabalho etnográfico direcionado para a comprensão dos percursos territoriais e consequente elaboração da concepção de cidadania para os sujeitos sem-abrigo na cidade de Lisboa-Portugal.
PAP1435 - Vidas escritas. Portefólios Reflexivos de Aprendizagens como fonte privilegiada de análise da reflexividade individual, em sociologia
A presente comunicação resulta de uma investigação, levada a cabo no âmbito da dissertação de doutoramento em sociologia da autora pelo ISCTE, em que se pretende analisar as aprendizagens não formais e informais realizadas pelos indivíduos ao longo das suas vidas e compreender os contextos que as potenciam ou inibem. Essas aprendizagens "de vida" traduzem-se em competências que podem ser reconhecidas, validadas e certificadas nos Centros Novas Oportunidades, através do recurso a uma metodologia que se centra na construção, por cada candidato, de um Portefólio Reflexivo de Aprendizagens.
O Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA) é uma narrativa autobiográfica em que a vida de cada um é contada do ponto de vista da aquisição e mobilização de competências. Ao contrário de um dossier que apenas compila certificados e provas de aprendizagens feitas, o PRA pressupõe e exige que o candidato detenha e desenvolva competências meta-cognitivas e meta-reflexivas sobre o próprio conhecimento que foi adquirindo. A sua construção é, em si mesma, uma experiência promotora de aprendizagens e de aquisição de novas competências.
Nesta comunicação pretende-se reflectir sobre o potencial heurístico dos PRA, encarados como um tipo específico de documento pessoal escrito, um tipo específico de fonte para a Sociologia. A escrita, sobretudo a autobiográfica, é aqui encarada como um poderoso instrumento de reflexividade individual que abre ao investigador social (que toma por objecto os documentos escritos) a possibilidade de acesso aos processos de reflexividade em curso. Através da escrita, pode aceder-se à compreensão do que cada indivíduo pensa sobre si próprio e as suas condições sociais, sobre como mobiliza os seus recursos de forma a fazer face àquilo que se lhe apresenta de uma forma exógena, no seu percurso de vida. A transversalidade destas narrativas autobiográficas e a especificidade de serem escritas torna-as espaços privilegiados de análise da reflexividade individual e da relação entre constrangimentos estruturais e agência humana nas trajectórias de vida.
Estas narrativas em que a história de cada um é contada do ponto de vista da aquisição e mobilização de competências têm, desde logo, um interesse evidente para a sociologia da educação. Mas, ao incluírem, numa mesma história individual várias dimensões da vida social, podem constituir igualmente fontes de informação muito válidas e ricas para outros campos de investigação sociológica.
- ANÍBAL, Alexandra

Alexandra Aníbal (n. 09.05.1967, Lisboa). Licenciada e mestre em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tem trabalhado, desde 2002, na área da Educação e Formação de Adultos, na Câmara Municipal de Lisboa e no Instituto do Emprego e Formação Profissional. Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (desde Junho de 2010), frequenta o Programa de Doutoramento em Sociologia no ISCTE-IUL. Interesses de investigação: aprendizagem informal/não-escolar; aprendizagem ao longo da vida; validação de competências adquiridas pela experiência; educação e formação de adultos.
PAP0077 - Vidas excluídas: trajectórias ciganas femininas reflectidas em contexto prisional
Diversas pesquisas realizadas em Portugal,
assim como em países da UE, revelam que entre
os grupos e categorias sociais mais expostos a
situações de exclusão e discriminação sociais
são de destacar os grupos étnicos, em
particular o grupo étnico cigano. Um estudo da
década de 90 realizado em contexto prisional
português indica que a proporção de indivíduos
de etnia cigana atrás das grades representa 5
a 6 por cento da população total reclusa.
Assiste-se, portanto, a uma sobrerepresentação
deste grupo em contexto prisional, que é ainda
mais evidente na população reclusa feminina.
Nesta comunicação, tendo em consideração este
panorama de exclusão e discriminação e de
sobrerepresentação deste grupo em contexto
prisional e conjugando-o com uma perspectiva
de género, propomo-nos a caracterizar
sociologicamente as reclusas de etnicidade
cigana a cumprir pena efectiva num
Estabelecimento Prisional feminino português,
tal como a analisar as suas trajectórias de
vida.
Baseando-nos em trabalho de campo desenvolvido
entre 2010 e 2011, pretendemos explorar as
especificidades ao nível sociológico, criminal
e penal das reclusas ciganas, assim como os
aspectos relacionados com as relações
familiares, para a compreensão das suas
trajectórias. Mapeando singularidades e
aspectos comuns, analisaremos de que forma
cada uma das dimensões se espelha, conjuga e
reconfigura no contexto prisional. Os aspectos
abordados englobam i) o contexto pré-
prisional, sobre o qual se analisam os modos
de vida condicionados, dinâmicas e
configurações familiares, tal como motivações
e constrangimentos estruturais que conduziram
à prática do crime; ii) a vivência prisional,
onde se expõe relações familiares no contexto
prisional (tendo em conta que as redes de
inter-familiaridade podem englobar até 3
gerações de familiares) e que conexões se
evidenciam com as redes em meio exterior; iii)
e as perspectivas futuras das reclusas, que se
prendem com questões mais amplas de exclusão e
discriminação social às quais estas populações
não são alheias.
- GOMES, Sílvia

- GRANJA, Rafaela

Gomes, Sílvia
Investigadora no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Licenciada em Sociologia pela Universidade do Minho (2008), é estudante de doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da mesma universidade, sob as orientações dos Professores Doutores Manuel Carlos Silva e Helena Machado. O projecto de doutoramento tem como título provisório “Criminalidade, Exclusão Social e Racismo: um estudo comparado entre portugueses, ciganos e imigrantes dos PALOP e do Leste Europeu”. No âmbito do projecto de doutoramento, desenvolveu o projecto “Criminalidade, Etnicidade e Desigualdades” junto de Estabelecimentos Prisionais portugueses e foi investigadora visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley, sobre a orientação do Professor Loïc Wacquant. O seu trabalho está relacionado com a criminalidade, exclusão social e etnicidade, designadamente as representações sociais dos grupos étnicos e imigrantes nos media, as representações sociais dos guardas prisionais sobre os fenómenos da imigração e do crime e também as trajectórias de vida e estatísticas da reclusão feminina e masculina em Portugal.
Rafaela Granja é socióloga e está atualmente a desenvolver a sua tese de doutoramento que se intitula Representações sobre os impactos sócio-familiares da reclusão: visões femininas e masculinas. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. As principais áreas de interesse do seu trabalho centram-se nos estudos prisionais, relações familiares, criminalidade, género e etnicidade.
PAP1354 - Vinhos: práticas de consumo, construção de gostos e socializações vínicas
Actualmente, e cada vez mais, o homem está inserido num conjunto de relações sociais que estabelece não só com os outros homens mas também com os objectos e com as coisas de que se rodeia (Baudrillard) e que considera fulcrais para a sua vivência no quotidiano. Neste contexto, os vinhos e os estabelecimentos que os comercializam são apenas o exemplo que nos leva a equacionar toda uma prática de consumo que daí decorre.
O consumo, em sentido lato, insere-se no quadro das práticas sociais passíveis de serem analisadas numa perspectiva sociológica. Estudar o consumo, não obstante, implica circunscrevê-lo a um determinado bem, tendo sido, para o efeito, elegido o vinho, nomeadamente o vinho corrente e o vinho do Porto.
O vinho é um bem cujo consumo se insere no âmbito muito mais alargado das práticas alimentares. Não se limitando à mera necessidade fisiológica, extravasa-a largamente, reportando-se ao social. Decorre, então, daqui, a pertinência em abordar-se sociologicamente a prática vínica em contexto social. Tabernas, adegas, casas de pasto e clubes de elite foram os espaços eleitos, uma vez que a diferentes potencialidades de consumo vínico se associam diferentes (pré)disposições para a ação vínica.
Neste sentido, a comunicação que nos propomos apresentar incide no consumo do vinho em espaços semipúblicos portuenses e privilegia os frequentadores-consumidores in loco. Neste patamar, sublinhamos o relevo particular que adquirem os consumos em si, intrínsecos a hábitos e práticas consolidados no quotidiano. Isto é, importa ter em linha de conta não só o tipo de consumo vínico, mas também o locus escolhido e o motivo subjacente ao consumo em geral e ao tipo de consumo em particular. Todo o hábito está inscrito no mundo de vida de quem o pratica e é passível de ser equacionado, respectivamente, enquanto vertente integrante do seu habitus de classe. Por conseguinte, a ele não é alheio um conjunto de (pré)disposições consonantes com a construção social de gostos e com socializações vínicas, aspectos centrais nesta apresentação.
- MAGALHÃES, Dulce Maria da Graça

Nome, - Dulce Maria da Graça Magalhães
afiliação institucional - Faculdade de Letras da Universidade doPorto
área de formação - Sociologia
interesses de investigação - Sociologia das classes sociais, sociologia da Educação e sociologia do consumo
PAP1058 - Violência Doméstica e Mulher Indígena: aspectos da Legislação Brasileira
A Faculdade Indígena Intercultural (F.I.I.) em
Mato Grosso, Brasil tem intensificado debates
sobre sexualidade, relações de gênero e
diversas temáticas em que correlacionam suas
vivências no interior das comunidades. No
contexto da disciplina Direito Intercultural
apoiados em ensinamentos de Verdum (2008),
Castilho (2008), Stavenhagem (2007) e outros
autores foram estudados ritos da legislação,
processos civis e penais que revelaram
particularidades sobre os direitos das mulheres
indígenas, pois necessitam ser entendidos e
complementados a partir da ótica constitucional
e cultural. A Lei nº. 11.340/2006 disciplina a
violência doméstica e homenageou a Biomédica
Maria da Penha Maia que mobilizou a sociedade
mundial ao denunciar o marido que a deixou
tetraplégica por tentar matá-la duas vezes.
Várias estatísticas demonstram que as mulheres
hoje ocupam lugares que lhe garantem certa
igualdade de gênero, porém mostram
quantitativamente as situações de violências
físicas, morais, intelectuais e psicológicas
onde haja vínculos afetivos entre a vítima e o
agressor. Após a instituição da lei verificou-
se uma mudança positiva no conceito de família,
comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade
expressa. Modificou diversas leis e a estrutura
do judiciário e organismos responsáveis pela
aplicação e garantia de penas mais severas.
Torna-se imperioso desmistificar a reprodução
do indígena em sua aldeia que sobrevive no
imaginário da sociedade envolvente e
simplificam a percepção e a valorização que os
indígenas têm de corpos desnudos, ornamentados,
vestidos para as festas, dança e rituais.
Querem ser visualizados em suas expectativas,
aspirações por segurança, alimentação, trabalho
e outros aspectos. O Movimento das Mulheres
Indígenas ao longo de quatro décadas reivindica
ao Estado Brasileiro políticas públicas para
proteção e respeito aos seus direitos. Em
algumas assembléias surgem questionamentos
sobre a implantação da Lei: Devem seguir as
diretrizes do Estatuto do Índio (lei nº
6001/73)? O cacique poderá receber a denúncia e
esta ser reconhecida pelo Estado? As discussões
entre índios que se casam com várias indígenas
na aldeia e tem muitas brigas serão alcançadas
por esta lei e como serão resolvidas? Assim, os
professores indígenas refletiram que o
enfrentamento da violência para dirimir crises
e conflitos perpassa no respeito e tolerância
das complexidades étnicas multiculturais, bem
como em combater problemas como consumo de
drogas e álcool que contribuem para gerar
violência nas aldeias, inverter papéis na
cultura indígena, pois incapacita os homens
para o trabalho da roça e consequentemente
desestrutura toda a organização familiar.
- LIMA, Sandra Maria Silva de

- JANUÁRIO, Elias Renato da Silva
Graduada em Licenciatura em História e Bacharel em Ciências Jurídicas; Especialista em Educação Ambiental e Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade do Estado de Mato Grosso. Especialista em Processo Civil pela Universidade Gama Filho-Rio de Janeiro. Oficial de Justiça - TJMT e Docente na Faculdade Indígena Intercultural (UNEMAT). Experiência na área de EducaçãoIndígena, Direito e Legislação Agroambiental.
PAP0471 - Violência Sexual contra Mulheres Brasileiras: análise de casos à partir de registros de violência sexual em Uberlândia/Minas Gerais,/Brasil
Diante da aparente invisibilidade da violência
doméstica e sexual no contexto das violências
baseadas no gênero, praticadas contra
mulheres, torna-se um desafio aprofundar no
estudo de base qualitativa, sobre violência
doméstica e sexual contra a mulher e as
respostas produzidas no serviço de saúde em
relação a este fenômeno. Trabalhamos num
projeto de pesquisa, , financiado pelo
CNPQ/Secretaria das Mulheres, na catalogação,
análise e discussão acerca da temática da
violência sexual contra as mulheres adultas,
na faixa etária de 18 a 40 anos, registradas
pelos profissionais da saúde sobre os
procedimentos utilizados no pronto atendimento
do Hospital das Clínicas/UFU, na cidade de
Uberlândia. Procuramos observar o cumprimento
das normas estabelecidas para o procedimento
de atendimento de mulheres vitimizadas
relacionando os discursos registrados nos
prontuários das pacientes que informam sobre a
atuação profissional na assistência à
violência sexual e as respostas oferecidas
para o enfrentamento da problemática no
contexto da emergência/urgência Para tal,
utilizamos o material registrado nos
prontuários do HC/UFU, com vistas a catalogar,
quantificar e analisar os dados, bem como
tentar compreender o tratamento dessa questão
no período de início de 2004 a
12/2010 .Escolhemos esse período, pois a
partir da publicação da Lei n° 10.778, de 24
de novembro de 2003 que estabelece a
notificação compulsória, no território
nacional, do caso de violência contra a mulher
que for atendida em serviços de saúde públicos
ou privados, em que temos um marco
diferenciador no tratamento da questão da
violência sexual em relação às mulheres. . A
literatura internacional sobre violência
contra a mulher tem mostrado a grande
magnitude do problema, sua disseminação em
todo mundo e as graves ameaças para a saúde da
mulher, assim como para seus filhos e demais
membros da família. Considerar as
conseqüências sobre a vida, a integridade
física e mental das mulheres, constitui um
problema legítimo da saúde, ainda que não se
restrinja a esse setor, pois constitui um
problema de toda a sociedade (HEISE, 1994;
DESLANDES, 2002). Em Uberlândia-MG, a
violência contra a mulher vem sendo retratada
em vários estudos. Constata-se que a maior
parte das vítimas são mulheres com idade entre
21 e 40 anos, brancas e pardas, que exercem
atividades profissionais variadas e sofrem
agressões motivadas pelo alcoolismo do
companheiro. Nesse contexto
- PAULA, Sandra Leila de
PAP1017 - Violência conjugal lésbica: do duplo armário à tripla discriminação
Desde 2007, o Código Penal Português define o crime de violência doméstica como abrangendo “pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação” (CP, artigo 152). Todavia, no que se reporta à violência conjugal lésbica, entendida enquanto actos de violência física, psicológica, simbólica e/ou sexual não consensual perpetrados no contexto de uma relação íntima, não são conhecidas medidas específicas de prevenção ou punição de violência entre mulheres.
Também na esfera da academia, nos deparamos com a ausência de estudos sobre este tema, com raras excepções e todas elas provenientes do campo da psicologia. A ausência de estudos consolida, também em meio académico, não só a dupla discriminação, mas também o ‘duplo armário’ de que são vítimas as mulheres lésbicas em situação de violência, colocando questões importantes ao nível das políticas e dos serviços disponíveis no que se reporta a violência conjugal lésbica.
Apesar de ausente da sociologia portuguesa, com base em estudos internacionais sabemos hoje que este tema toca em aspectos fundamentais do direito e da liberdade, condicionando o pleno exercício de uma cidadania íntima sem coerção. Com efeito, no caso particular da violência conjugal entre mulheres, o contexto heterossexista e heteronormativo dominante também em Portugal propicia condições favoráveis à acumulação de factores de opressão, colocando as vítimas de violência conjugal lésbica numa situação de particular vulnerabilidade, decorrente do estatuto invisível da sua biografia íntima. Incluem-se nestes factores de opressão o isolamento, a falta de redes sociais de apoio (família, amigas/os, vizinhança, etc.), a homofobia internalizada, a falta de formação de agentes institucionais e as ameaças de outing em contexto familiar e profissional. Esta conjunção de elementos amplifica a gravidade dos processos de violência conjugal lésbica, remetendo a vítima para uma vivência particularmente isolada e silenciada.
Esta apresentação tem um triplo objectivo. Proceder-se-á a uma revisão dos estudos sobre violência conjugal lésbica a nível internacional, seguindo-se uma análise temática com base num estudo exploratório realizado no contexto português visando identificar experiências, representações e necessidades por parte da comunidade lésbica relativamente ao tema da violência doméstica. Por fim, apresentam-se propostas de intervenção teórica, institucional e política.
- SANTOS, Ana Cristina
PAP1214 - Violência contra Crianças e Adolescentes no Brasil
A sociedade contemporânea passa por diversas transformações em suas instâncias sociais, o que causa profundas desigualdades, desequilíbrios e o aumento da violência das mais variadas formas. Nesse contexto, o aspecto indefeso e de baixo poder de resistência das crianças e dos adolescentes os torna vítimas em potencial dessas manifestações de violência. No Brasil, o problema da violência apresenta várias facetas e é atravessado pelas desigualdades sociais, as diferenças regionais e culturais, a insuficiência das políticas públicas e o desrespeito aos direitos humanos. A fim de que a sociedade possa se posicionar em relação aos maus tratos cometidos contra crianças e adolescentes, se faz necessário conhecer o perfil das vítimas, dos agressores, suas relações, o contexto em que se inserem, bem como o que, cada segmento da sociedade, pode ser feito para garantir os direitos adquiridos e as condições necessárias ao desenvolvimento normal das crianças e adolescentes que estão comprometidos em qualquer situação de maus tratos e/ou violência em geral. Nessa direção, nos propomos a aprofundar nosso conhecimento a respeito da violência infanto-juvenil, ocorrida na cidade de Uberlândia/Minas Gerais/Brasil, com a finalidade de contribuirmos para a reflexão sobre a temática. Para tanto, analisamos os laudos de corpo de delito referentes aos casos de violência contra crianças e adolescentes do Posto Médico Legal (PML- Uberlândia) realizados no período de 2004 a 2010. A escolha do nosso objeto de pesquisa partiu de nossas vivências no atendimento de crianças e adolescentes vitimas de abuso sexual e maus tratos no Centro Municipal de Apoio à Infância e Adolescência de Uberlândia (CEMAIA). O CEMAIA é um órgão municipal de atendimento de crianças e adolescentes vitimas de violência física, psicológica, negligencia grave, abandono, abuso e exploração sexual, vivência do trabalho infantil, vivência de rua/mendicância. As crianças, adolescentes e famílias atendidas nessa instituição são encaminhadas pelos Conselhos Tutelares e Poder Judiciário. A partir daí pudemos observar a diferenciação entre a violência praticada entre meninos e meninas, o que nos fez perceber as desigualdades de gênero expressas na forma de violência praticadas contra crianças e adolescentes. Dessa forma optamos por analisar o fenômeno da violência contra crianças e adolescentes utilizando essas duas variáveis: faixa etária e sexo. A faixa etária a partir da definição do Estatuto da Criança e Adolescente que delimita criança de 0 a 12 anos e adolescente de 12 a 18 anos e gênero masculino e feminino. Dessa forma trabalhamos com a catalogação e análise de 2073 casos de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes, menores de 18 anos, no período de 2004 a 2010, registrados no banco de dados do Posto Médico Legal de Uberlândia, a fim de compreender a dinâmica dessa prática, bem como as suas diversidades geracionais e de gênero.
- PAULA, Sandra Leila de
- COSTA, Clélia Arleth da
PAP0473 - Violência contra Meninas e Adolescentes no Brasil: casos de violência sexual registrados por meninas e adolescentes com 18 anos incompletos, nas Delegacias Policiais e da Mulher, na cidade de Uberlândia, no período de 2004 a 2010
A presente pesquisa objetiva trabalhar com a
temática da violência sexual contra crianças
e adolescentes (do gênero feminino), até 18
anos incompletos, registradas pelas
Delegacias de Polícia e da Mulher, na cidade
de Uberlândia/MG/BR, no período de 2004 à
2010. No contexto das violências, torna-se um
desafio aprofundar um estudo de base
qualitativa, sobre violência sexual contra a
meninas e adolescentes, pautada nas questões
de gênero e nas respostas produzidas no
serviço de segurança pública em relação a este
fenômeno, uma vez que trata-se de assegurar a
vida, a saúde, a integridade e a cidadania à
essas mulheres ( meninas e adolescentes).
Segundo GUERRA e AZEVEDO (1989) há, em torno
da violência doméstica, um pacto de silêncio
onde pais abusivos, vizinhos, parentes e a
comunidade em geral são cúmplices,
constrangendo as vitimas a permanecerem
caladas, não oferecendo ameaças a estrutura
familiar vigente. O Ministério da Saúde
Brasileiro (2001) define como “abuso sexual,
todo o ato ou jogo sexual, em uma relação
hetero ou homossexual, visando práticas
eróticas por meio de aliciamento, violência
física ou ameaças”, e sabemos, pelos inúmeros
trabalhos e estatísticas que crianças e os
adolescentes (em geral e do gênero feminino)
têm se destacado como vítimas da violência por
seu aspecto indefeso e baixo poder de luta,
além de podermos constatar que a violência
sexual é delimitada por marcas etárias, de
nível social e econômico, de etnia e de
gênero. Por esse motivo trabalharemos com
meninas e adolescentes, vítimas de violência
sexual, com 18 anos incompletos, buscando
observar o cumprimento das normas
estabelecidas para o procedimento de
atendimento prestado às vítimas de violência
sexual, com base na da Lei n° 10.778, de
24/11/2003, que estabelece a notificação
compulsória, em território nacional, dos casos
de violência que forem atendidos em serviços
de saúde e segurança públicos ou privados,
como um marco diferenciador no tratamento da
questão da violência em geral e
especificamente sexual, cometida contra
menores de 18 anos (do gênero feminino). São
nossos objetivos contribuir para a elaboração
de indicadores de avaliação sobre a violência
sexual contra crianças e adolescentes (do
gênero feminino), levando em consideração os
múltiplos fatores condicionantes das
desigualdades entre gêneros, bem como a
percepção dos sujeitos agredidos, tomadas como
portadores de direitos que devem ser
respeitados nesse processo, além da produção
de conhecimento na área da Sociologia,
procurando verificar como as questões de
gênero estão marcadas desde a infância e
adolescência, na vida desses sujeitos,
reproduzindo cada vez mais uma sociedade
fortemente patriarcal/machista.
- PAULA, Sandra Leila de
- ALVES, Amanda de Souza
PAP1216 - Violência de Género contra Crianças e Adolescentes no Brasil
A sociedade contemporânea passa por diversas
transformações em suas instâncias sociais, o
que causa profundas desigualdades,
desequilíbrios e o aumento da violência das
mais variadas formas. Nesse contexto, o aspecto
indefeso e de baixo poder de resistência das
crianças e dos adolescentes os torna vítimas em
potencial dessas manifestações de violência. No
Brasil, o problema da violência apresenta
várias facetas e é atravessado pelas
desigualdades sociais, as diferenças regionais
e culturais, a insuficiência das políticas
públicas e o desrespeito aos direitos humanos.
A fim de que a sociedade possa se posicionar em
relação aos maus tratos cometidos contra
crianças e adolescentes, se faz necessário
conhecer o perfil das vítimas, dos agressores,
suas relações, o contexto em que se inserem,
bem como o que, cada segmento da sociedade,
pode ser feito para garantir os direitos
adquiridos e as condições necessárias ao
desenvolvimento normal das crianças e
adolescentes que estão comprometidos em
qualquer situação de maus tratos e/ou violência
em geral. Nessa direção, nos propomos a
aprofundar nosso conhecimento a respeito da
violência infanto-juvenil, ocorrida na cidade
de Uberlândia/Minas Gerais/Brasil, com a
finalidade de contribuirmos para a reflexão
sobre a temática. Para tanto, analisamos os
laudos de corpo de delito referentes aos casos
de violência contra crianças e adolescentes do
Posto Médico Legal (PML- Uberlândia) realizados
no período de 2004 a 2010. A escolha do nosso
objeto de pesquisa partiu de nossas vivências
no atendimento de crianças e adolescentes
vitimas de abuso sexual e maus tratos no Centro
Municipal de Apoio à Infância e Adolescência de
Uberlândia (CEMAIA). O CEMAIA é um órgão
municipal de atendimento de crianças e
adolescentes vitimas de violência física,
psicológica, negligencia grave, abandono, abuso
e exploração sexual, vivência do trabalho
infantil, vivência de rua/mendicância. As
crianças, adolescentes e famílias atendidas
nessa instituição são encaminhadas pelos
Conselhos Tutelares e Poder Judiciário. A
partir daí pudemos observar a diferenciação
entre a violência praticada entre meninos e
meninas, o que nos fez perceber as
desigualdades de gênero expressas na forma de
violência praticadas contra crianças e
adolescentes. Dessa forma optamos por analisar
o fenômeno da violência contra crianças e
adolescentes utilizando essas duas variáveis:
faixa etária e sexo. A faixa etária a partir da
definição do Estatuto da Criança e do
Adolescente que delimita criança de 0 a 12 anos
e adolescente de 12 a 18 anos e gênero
masculino e feminino.
PAP1232 - Violência de Género contra Crianças e Adolescentes no Brasil
A sociedade contemporânea passa por diversas transformações em suas instâncias sociais, o que causa profundas desigualdades, desequilíbrios e o aumento da violência das mais variadas formas. Nesse contexto, o aspecto indefeso e de baixo poder de resistência das crianças e dos adolescentes os torna vítimas em potencial dessas manifestações de violência. No Brasil, o problema da violência apresenta várias facetas e é atravessado pelas desigualdades sociais, as diferenças regionais e culturais, a insuficiência das políticas públicas e o desrespeito aos direitos humanos. A fim de que a sociedade possa se posicionar em relação aos maus tratos cometidos contra crianças e adolescentes, se faz necessário conhecer o perfil das vítimas, dos agressores, suas relações, o contexto em que se inserem, bem como o que, cada segmento da sociedade, pode ser feito para garantir os direitos adquiridos e as condições necessárias ao desenvolvimento normal das crianças e adolescentes que estão comprometidos em qualquer situação de maus tratos e/ou violência em geral. Nessa direção, nos propomos a aprofundar nosso conhecimento a respeito da violência infanto-juvenil, ocorrida na cidade de Uberlândia/Minas Gerais/Brasil, com a finalidade de contribuirmos para a reflexão sobre a temática. Para tanto, analisamos os laudos de corpo de delito referentes aos casos de violência contra crianças e adolescentes do Posto Médico Legal (PML- Uberlândia) realizados no período de 2004 a 2010. A escolha do nosso objeto de pesquisa partiu de nossas vivências no atendimento de crianças e adolescentes vitimas de abuso sexual e maus tratos no Centro Municipal de Apoio à Infância e Adolescência de Uberlândia (CEMAIA). O CEMAIA é um órgão municipal de atendimento de crianças e adolescentes vitimas de violência física, psicológica, negligencia grave, abandono, abuso e exploração sexual, vivência do trabalho infantil, vivência de rua/mendicância. As crianças, adolescentes e famílias atendidas nessa instituição são encaminhadas pelos Conselhos Tutelares e Poder Judiciário. A partir daí pudemos observar a diferenciação entre a violência praticada entre meninos e meninas, o que nos fez perceber as desigualdades de gênero expressas na forma de violência praticadas contra crianças e adolescentes. Dessa forma optamos por analisar o fenômeno da violência contra crianças e adolescentes utilizando essas duas variáveis: faixa etária e sexo. A faixa etária a partir da definição do Estatuto da Criança e Adolescente que delimita criança de 0 a 12 anos e adolescente de 12 a 18 anos e gênero masculino e feminino. Dessa forma trabalhamos com a catalogação e análise de 2073 casos de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes, menores de 18 anos, no período de 2004 a 2010, registrados no banco de dados do Posto Médico Legal de Uberlândia, a fim de compreender a dinâmica dessa prática, bem como as suas diversidades geracionais e de gênero.
- PAULA, Sandra Leila de
- COSTA, Clélia Arleth da
PAP1051 - Violência no namoro entre jovens cabo-verdianos/as
A presente comunicação visa a discussão pública dos resultados de um estudo quantitativo realizado junto de 116 jovens (62 do sexo masculino e 54 sexo feminino), de nacionalidade cabo-verdiana imigrantes em Portugal, com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos, residentes na Zona do Grande Porto.
O objetivo central do estudo foi caraterizar o fenómeno da violência no namoro junto desta comunidade, identificando quais os comportamentos violentos mais perpetrados. Pretendeu-se igualmente analisar a forma como este tipo de violência é significado pelos/as jovens e a eventual relação entre as suas percepções de aceitação e/ou de rejeição pelo par amoroso e as práticas de violência no namoro. Para o efeito procedeu-se à administração de 4 questionários, em contexto escolar: a Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal (ECVC), o Inventário de Violência Conjugal (IVC), as Dating Violence Scales e o Intimate Partner Acceptance-Rejection/Control Questionnaire (IPARQ/CQ).
Os resultados indicam a inexistência de diferenças significativas quanto à vitimação e/ou à perpetração da violência no namoro em função do sexo e da idade, sendo a violência pautada pela mutualidade. Confirmou-se uma relação significativa entre a percepção de rejeição por parte do par amoroso (hostilidade, indiferença, rejeição indiferenciada) e a legitimação e banalização da violência entre os/as jovens.
- NEVES, Sofia
- PINHEIRO, Fábia
- MACHADO, Francisco
PAP0168 - Violência online em idade escolar: novos paradigmas, novos fenómenos, novas relações interpessoais
Fenómenos de violência online, protagonizados ou envolvendo crianças em idade escolar, têm provocado uma visão mediática, por vezes alarmista, que realça a complexidade, por vezes nebulosa, das tecnologias digitais e da internet. As expressões de crueldade, deliberadas, perversas e hostis, que emergem no espaço híbrido e fluido da rede inquietam-nos pelos desafios que colocam: dificuldade em identificar agressores; dificuldade em pedir ajuda; dificuldade em assegurar prevenção eficaz… Com base nestes princípios, surge a motivação de compreender os meandros e mecanismos dos vários fenómenos de violência online e seus efeitos no desenvolvimento das crianças, objetivos centrais desta pesquisa de pendor qualitativo. Para o efeito, serão aplicados os métodos e técnicas de cariz interpretativo, privilegiando a voz das crianças e as suas vivências. Desta investigação, que se pretende interventiva e participativa, perspetiva-se a criação de redes de diagnóstico, sinalização, mediação, intervenção e prevenção que envolvam a família, a escola e a comunidade em geral. Concluídos os trabalhos, vislumbra-se contribuir para uma maior compreensão e reflexão acerca das expressões emergentes deste problema e seu impacto com vista a encontrar as políticas, as orientações e estratégias que assegurem atitudes de prevenção pró-ativas, assertivas e equilibradas.
Palavras-chave: violência online, crianças, família, escola
- CASTRO, Teresa Sofia

- OSÓRIO, António José
Nota biográfica [Teresa Sofia Pereira Dias de Castro]
Nasceuem2/11/1974, em Guimarães. Licenciou-se em Filosofia e Humanidades, na Universidade Católica Portuguesa, ondeexerceu funções administrativas, gestão e, pontualmente, de docência de 2001 a 2011. Obteve o grau de Mestre em Tecnologias de Informação e Comunicação pela Universidade do Minho (UM), ondedesenvolve o projeto de investigação deDoutoramentoemTecnologia Educativa, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Éinvestigadora do Centro de InvestigaçãoemEducaçãoeresponsávelpeloGabinetede Pós-graduação da AssociaçãoAcadémica da Universidade, representando os alunos de 2º e 3º ciclose desenvolvendoatividades de carizformativo e científico. Tem participado (por aceitação e por convite) em congressos/seminários nacionais e internacionais.
PAP1202 - Violência sexual contra crianças e adolescentes: dimensões da dor e do sofrimento na experiência de familiares de vítimas
A pesquisa objetiva analisar aspectos tocantes às dimensões da vitimização indireta por violência sexual infanto-juvenil, buscando compreender os significados que familiares próximos de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual em Salvador-Bahia atribuem à experiência e aos efeitos do fato violento em suas vidas. O estudo insere-se na perspectiva qualitativa e, desse modo, utiliza a entrevista narrativa como principal ferramenta metodológica de coleta de dados. O trabalho de campo desenvolveu-se em duas unidades da rede de atenção à infância e à adolescência em Salvador, referenciadas no atendimento a vítimas de crimes sexuais. O universo dos sujeitos da pesquisa constituiu-se de catorze familiares de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual na capital baiana. No presente estudo, as mulheres se apresentaram mais comumente nos serviços como as figuras representativas da parentalidade, da responsabilidade e do cuidado com os membros mais jovens da família, o que guarda relações com o contexto mais amplo no tocante à construção social em torno de papéis de gênero. Na pesquisa, o discurso êmico apresenta a experiência de familiares de vítimas de violência sexual infanto-juvenil como sendo marcada por intensa dor, sofrimento psicológico acentuado e confluência de emoções tais como desespero, negação, medo, sentimento de perda, culpa, vergonha e desejo de vingança. Observam-se ainda aspectos concernentes à modulação coletiva da experiência de sofrimento e de vitimização por episódios violentos, bem como a incidência de aspectos morais relacionados aos papéis de gênero (mormente, as expectativas culturais em torno da maternidade) enquanto componentes da experiência de dor e sofrimento acarretado por agressão sexual infanto-juvenil e, ao mesmo tempo, como mecanismo geral e particular de tradução/ interpretação/ comunicação dessa dor. Além disso, o estudo evidencia que, se por um lado, o sofrimento e as novas demandas oriundas da violência são vivenciados pelas pessoas em concomitância os desafios ordinários da vida; por outro lado, o fato violento produz rupturas no ritmo habitual da existência destes sujeitos, ocasionando rompimento com o próprio eu e com a ordem do mundo da vida cotidiana, cujos desdobramentos e implicações reverberam no cuidado de si, na saúde, no mundo do trabalho e nas redes de referência e sociabilidade.
- ALMEIDA, Andrija
- NORONHA, Ceci.
PAP0045 - Violência, crime e a dimensão simbólica da Lei
A presente
comunicação versa
sobre um projecto de
investigação de
doutoramento em
Sociologia que se
encontra a ser
desenvolvido no
CIES-ISCTE-IUL, sob
a orientação
científica do Sr.
Prof. Doutor Paulo
Pereira de Almeida
(ISCTE-IUL). O objecto
empírico abordado é
o crime de violência
doméstica e as suas
dimensões materiais
e simbólicas através
do olhar dos
diversos operadores
que lidam de perto
com esta realidade
(magistrados
judiciais,
magistrados do
Ministério Público,
advogados, órgãos de
polícia criminal,
assistentes sociais,
psicólogos, sem
olvidar as vítimas),
com um especial
enfoque no papel
desempenhado pelas
forças de segurança,
à luz da Sociologia
do Crime, em
triangulação com o
universo da
Sociologia do
Direito e as
Políticas de
Segurança que, nesta
senda, pretendemos
repensar. É nosso
desiderato, assim,
apresentar um
contributo com
aplicabilidade
prática, na medida
em que as conclusões
da presente
investigação deverão
representar um
avanço positivo para
a sociedade em
matéria de relações
entre os cidadãos e
os diversos
operadores da
justiça, sobretudo
as forças de
segurança. Para isso
importa perceber a
forma como os
diversos actores
encaram o objecto
empírico sub judice,
os restantes
parceiros, o
articulado da lei e
as vítimas. Ao
compreendermos este
campo de fenómenos
consideramos que
será possível
apresentar subsídios
para a (re)definição
das políticas de
segurança neste
âmbito em Portugal,
tendo como ponto de
partida a análise ao
Inquérito Nacional à
Vitimação: 2008-2009
desenvolvido pelo
CIES-IUL, financiado
pelo Ministério da
Administração
Interna, e que
consubstancia o
primeiro inquérito
aplicado à escala do
território português
(Continente e
Regiões Autónomas).
- POIARES, Nuno Caetano Lopes de Barros

Nuno Caetano Lopes de Barros Poiares
Formado pelo Colégio Militar, titular de duas licenciaturas pré-Bolonha (Direito e Ciências Policiais) e mestre em Sociologia. Frequentou, com a média final de 18 valores, o curso de doutoramento em Sociologia (componente curricular) e, neste momento, é doutorando em Sociologia (2.º ano curricular) no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). É Oficial da Polícia de Segurança Pública, Professor de Sociologia do Direito no Curso de Licenciatura em Solicitadoria do Instituto Politécnico de Beja; Professor de Sociologia do Desvio no Curso de Pós-graduação em Enfermagem Forense da Universidade de Atlântica e no Curso de Mestrado em Criminologia e Investigação Criminal no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (Lisboa), onde também orienta dissertações de mestrado. É Assistente de Investigação no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) e Investigador Convidado do Lab UbiNET – Segurança Informática e Cibercrime e do Centro de Investigação do ISCPSI. Tem experiência de trabalho em Bruxelas e Angola e em outros estabelecimentos de ensino superior. É autor e co-autor de diversos títulos da área da Sociologia e dos Comportamentos Desviantes. É Consultor em diversos Organismos.
PAP0051 - Viragem e ilusão biográficas. Estratégias metodológicas alternativas para abordar a reflexividade e a temporalidade
A viragem narrativa (Chamberlayne et al.,2000), aliada à “sociedade da entrevista” (Atkinson e Silverman,1997) e à “filiação militante” à
teoria da individualização (Nico, 2011), tem contribuído para que, por vezes, se ignorem as chamadas de atenção de Bourdieu (1993) quanto
à “ilusão biográfica” e se substitua o objecto de estudo pelas entrevistas biográficas (Thompson, 2004), sendo estas reproduzidas literal mas
entusiasticamente, como se na interacção entrevistador-entrevistado ou na “versão narrativa” dos informantes estivesse encapsulado todo o
contexto social e temporal imprescindível à interpretação sociológica. Em suma, de um lado ideológico-científico, alguns cientistas sociais,
por vezes na ânsia de “dar voz” aos entrevistados, perdem a sua. Por outro lado, prático-metodológico, a ilusão de ordem analítica facilitada
pelos CAQDAS podem aliciar os investigadores a codificar em vez de analisar, procedendo posteriormente a uma “demonstração de
conteúdo” ao invés de a uma “análise de conteúdo”.
O alcance dos “métodos mistos” nesta matéria é ainda insuficiente. Estes tendem sobretudo a reunir diferentes estratégias
metodológicas num mesmo processo de investigação (“dados mistos”), mas menos frequentemente a “misturar” concretamente métodos
quantitativos e qualitativos numa mesma técnica de pesquisa (técnicas mistas). Numa pesquisa sobre transição para a vida adulta na
perspectiva do curso de vida, procedeu-se à utilização de uma “técnica mista” alternativa: a combinação da entrevista de carácter biográfico
(da tradição qualitativa) com os calendários de vida (da tradição quantitativa). As narrativas dos jovens foram, então, contagiadas pela
organização temporal do calendário de vida ao mesmo tempo que este foi enriquecida pelas relações causais e afectivas associadas aos
eventos de transição identificadas pelos jovens adultos (Nico, 2011). Tal estratégia permitiu evitar alguns dos problemas causados pela
coerência narrativa que caracteriza a "ilusão biográfica".
- NICO, Magda

Magda Nico, Investigadora de Pós Doutoramento do CIES - Instituto Universitário de Lisboa, actualmente a desenvolver um projecto sobre gerações, cursos de vida e mobilidade social.
Autora da tese de doutoramento "Transição Biográfica Inacabada. Transições para a Vida Adulta na Europa e em Portugal na Perspectiva do Curso de Vida", desenvolvida no CIES-Institutito Universitário de Lisboa.
Os principais interesses de investigação e temas de publicações são: Metodologias do Curso de Vida, Transições para a Vida Adulta e Mudança Social, Saída de casa dos pais, Gerações, Género e mais recentemente Mobilidade Social.
PAP1321 - Viver Sob Pressão Temporal: os trabalhadores sobreocupados em Portugal
Grupo de Trabalho: Controvérsias, vulnerabilidades e transitoriedades: habitar o mundo plural
A sobreocupação é um fenómeno social transversal e diversificado que atinge indivíduos com perfis muito plurais que em comum têm o facto de trabalharem uma média muito elevada de horas por dia e/ou por semana.
Não se tratando de um fenómeno recente, a sobreocupação tem vindo a ganhar contornos específicos ao longo das últimas décadas (relacionados com alterações no mercado de trabalho, na estrutura familiar, no nível médio de vida, etc.) e uma nova relevância num contexto de crise económica, de pressão sobre os trabalhadores e de novas medidas de regulação sobre tempo de trabalho.
Dimensão central das nossas vidas, o tempo é um recurso não renovável, mas que pode ser gerido e redistribuído. O dia-a-dia de um indivíduo é composto por tempos muito diversificados que necessitam de ser sincronizados entre si, com o ritmo dos seus próximos e com os constrangimentos temporais impostos pela sociedade.
O tempo racionalizado e mercantilizado do trabalho, em particular, tende facilmente a sobrepor-se a todos os outros e a criar situações de grande compressão temporal. É neste sentido que se coloca a questão das estratégias de conciliação entre vida profissional e familiar dos indivíduos com longos horários de trabalho e das prioridades definidas na articulação dos diferentes tempos das suas vidas.
Partindo de um conjunto de entrevistas realizadas junto de 12 indivíduos sobreocupados com perfis muito diversificados, propomo-nos nesta comunicação: 1) enquadrar e quantificar o fenómeno em Portugal, tentando perceber de que forma os números da sobreocupação reflectem a crise económica e laboral que actualmente atravessamos; 2) entender as causas da sobreocupação, nomeadamente na articulação entre motivações individuais e o impacto de factores externos (como as formas de organização do trabalho ou o valor das recompensas económicas auferidas pelo trabalhador); e por último 3) identificar as principais soluções encontradas pelos indivíduos sobreocupados para conciliar o tempo do trabalho com todos os seus outros tempos, em particular o tempo para a família.
- ROWLAND, Jussara
PAP0525 - Viver até morrer: que modelos organizativos inventar?
A transformação das estruturas da população
segundo a idade tem fortes implicações na
organização da vida colectiva.
Nas sociedades em que o trabalho é factor
crucial de integração social, a passagem à
condição social de “idoso” representa, para
muitos, a entrada num processo de
vulnerabilidade social ou, até, de exclusão.
A sociedade portuguesa é um caso de evolução
contraditória. A progressiva integração
económica dos reformados não impediu que
grande parte da população envelhecida fosse
remetida para condições objectivas de
existência que os expõem a diversas formas de
marginalização. São de destacar a pobreza, a
perda dos laços sociais e de significado da
existência, assim como do sentido da utilidade
social.
Um importante contingente dos activos
envelhecidos que exerceram a sua actividade
profissional com baixos níveis remuneratórios
corre o risco de não contar com redes mínimas
de protecção social.
A nossa investigação propõe-se analisar as
repostas sociais existentes e conceber e
planear intervenções que diminuam o risco de
pobreza e evitem que a reforma seja vivida
como morte social.
As profundas alterações que afectam as
estruturas familiares têm um impacto directo
sobre as relações de poder entre as gerações,
nomeadamente sobre o conteúdo e intensidade
das trocas entre filhos e pais e sobre a
definição das suas obrigações recíprocas.
Grande parte das tarefas e cuidados
tradicionalmente assumidos pela família, e que
contribuíam para a sua coesão, está a ser
remetida para instituições e profissionais
especializados. Esta mudança, que secundariza
os mecanismos de resolução de problemas na
base de trocas e negociações directas quer no
quadro da família, quer na colectividade de
vizinhança, está na base do isolamento social
e da solidão, bem como do fechamento da
identidade no passado.
Neste quadro, a qualidade da protecção social
dos idosos é crucial para preservar a sua
dignidade social e para que possam viver até
morrer. O contributo das organizações
produtoras de serviços para criar redes de
relacionamento social é crucial para prevenir
ou corrigir o isolamento e a solidão,
substituindo ou complementando os laços
primários.
A nossa investigação pretende, pois, conceber
modelos organizacionais compatíveis com a
valorização simbólica, a intensificação das
relações sociais, a descoberta de interesses e
o envolvimento na prestação de serviços à
colectividade de modo a permanecerem
integrados na vida social, demonstrando a sua
utilidade social.
- MAIA, Berta
- ROCHA, Maria Lúcia
- ALMEIDA, Maria Sidalina

- GROS, Marielle
Nome: Maria Sidalina Almeida
Afiliação institucional: Instituto Superior de Serviço Social do Porto
Área de formação - licenciatura em serviço social; mestrado em serviço social e política social e doutoramento em ciências da educação.
Interesses de investigação: diversos temas no campo da gerontologia social; transição dos jovens para a vida adulta.
PAP0899 - Viver na feira: a condição de vida-trabalho de membros das classes populares brasileiras
As crises econômicas do capitalismo financeiro
global se fazem presentes de múltiplas formas
nos cotidianos dos indivíduos, a intimidade se
transforma (Giddens), as relações de trabalho
se flexibilizam (Sennett) e os projetos de vida
(Sartre), de médio e longo prazo, não mais
parecem fazer sentido para muitos ou mesmo são
dificultados nessa realidade – como sintetiza
Bauman (2004). Se arcabouços filosóficos
racionalistas, que circunscrevem
(ilusoriamente) o humano ao que a nossa razão
pode acessar (Kant), permanecem nas práticas da
filosofia social, os problemas-heranças sociais
não se vão. As mazelas das desigualdades
continuam bem avivadas mundo afora e o estudo
social se mostra ainda mais complexo neste novo
milênio. Foi a necessidade de conhecer o modo
como membros das classes populares brasileiras,
neste caso os feirantes, vivem e trabalham
neste contexto que motivou a realização de uma
pesquisa entre 2007 e 2010 (Sá, 2011). O que é,
de fato, uma grande feira (a de Caruaru) do
interior do Nordeste do Brasil? Quem são seus
feirantes? Como administram seus negócios? A
pesquisa teve como objetivo inicial responder a
estas perguntas. Muito mais do que o estudo de
uma questão local, pontual e específica de uma
cidade do interior do Nordeste, a investigação
propiciou avanços compreensivos acerca da
condição de vida-trabalho de pessoas que, como
os feirantes, vivem em contextos periféricos do
mundo contemporâneo. Mais do que apresentar
respostas às questões acima reproduzidas, a
riqueza do material empírico reunido e a
fertilidade de seu cruzamento com o trabalho de
Pierre Bourdieu (1963, 2007) permitiu que uma
série de análises e reflexões pudessem ser
articuladas para além do campo empírico ao qual
a pesquisa se remete. Esta comunicação visa
justamente explorar mais aprofundadamente o
modo de vida-trabalho de um feirante que fez da
barraca na feira a morada da sua família. A
partir de entrevistas em profundidade,
observações etnográficas e mesmo registros
fotográficos, a sua história de vida é
reconstruída, recontada e assim faz emergir
diversas questões relacionadas à construção da
sua identidade e dos seus valores. Em seguida,
procurar-se-á tanto explicar os porquês de sua
trajetória e visão do mundo, bem como refletir
sobre o modo de vida-trabalho de membros das
classes populares da região Nordeste do Brasil,
em pleno capitalismo contemporâneo.
Referências:
BAUMAN, Z. A modernidade líquida de Zygmunt
Bauman. Entrevista a Maria Lúcia Garcia
Palhare-Burke. Tempo Social, v.16, n.1, São
Paulo: 2004.
BOURDIEU, P. Travail et travailleurs en
Algerie. Paris-La Haye: Mouton, 1963.
BOURDIEU, P. A Distinção: crítica social do
julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre:
Editora Zouk, 2007 [1979].
SÁ, M. Feirantes: quem são e como administram
seus negócios. Recife: Editora da UFPE, 2011.
- SÁ, Marcio

Marcio Sá é doutorando em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais(ICS) da
Universidade do Minho e professor da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE-Brasil). É autor dos livros "Sobre Organizações e Sociedade","O
homem de negócios contemporâneo", "Feirantes: Quem são e como
administram seus negócios" e "Frutos do Agreste: Sobre ensino e
pesquisa em Administração".
PAP1071 - Vivências de Mulheres Grávidas Imigrantes em Portugal
Esta comunicação procurará apresentar e problematizar alguns dos resultados preliminares de um estudo nacional (ainda em curso) sobre Vivências de Mulheres Grávidas Imigrantes em Portugal. O objetivo central desta investigação é o de caraterizar experiências de vida, nos domínios da violência e da saúde, tendo como foco as questões da interseccionalidade. Pretende-se igualmente avaliar a presença de indicadores de violência e/ou de discriminação, analisando a sua relação com a vulnerabilidade à doença mental e física. São particularmente relevantes para a análise que se pretende efetuar os indicadores de violência conjugal, violência familiar, violência institucional e violência no trabalho, bem como a discriminação social e étnica.
Para o efeito estão a ser realizadas entrevistas em profundidade com mulheres imigrantes grávidas ou que foram mães recentemente em Portugal, bem como administrados instrumentos que visam avaliar os indicadores de violência e de saúde: Severity of Violence against Women Scale (Marshall, 1992), Questionário da Saúde e Eventos de Vida (adaptado da WHO, 2005) e o Brief Symptom Inventory (BSI – Derogatis & Spencer, 1982 – Versão Portuguesa adaptada por Canavarro, 1995).
- NEVES, Sofia
- OLIVEIRA, Emanuel
- VELHO, Helena
- LOUREIRO, Cecília
- SILVA, Estefânia

- TOPA, Joana

Nome: Estefânia Gonçalves Silva
Afiliação Institucional: Universidade do Minho e Instituto Superior da Maia
Área de Formação: Psicologia
Interesse de Investigação: Estudos feministas e de género, migrações e psicologia social crítica.
Joana Bessa Topa
Licenciada em Psicologia e Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pelo Instituto Superior da Maia. É pós-graduada em Intervenção Social pela Escola Superior de Paula Frassinetti. Neste momento frequenta o programa doutoral em Psicologia Social pela Universidade do Minho. Exerce funções profissionais como Mediadora Escolar e desempenha funções de professora assistente e investigadora no Instituto Superior da Maia (ISMAI), sendo membro integrante da Equipa de Investigação “Mulheres Imigrantes Grávidas em Portugal”, em curso no Instituto Superior da Maia (ISMAI), sob a coordenação da Prof. Doutora Sofia Neves. É ativista em prol dos Direitos Humanos e Igualdade de Género. Tem como interesses de pesquisa científica: estudos de género, feminismos e processos migratórios.
PAP0255 - Você Adora, A Som Livre Toca: Sacralização do Mercado Músical do Brasil
O crescente aparecimento de denominações evangélicas, com especial ênfase às igrejas pentecostais e neopentecostais, tem influenciado instâncias diversas da vida, sobremaneira, a vida econômica e a circulação de bens e consumo no Brasil. Sob o double bind da Adoração (gostar e ato religioso), o mercado tem produzido e disponibilizado artistas que passam de "interlocutores", em suas igrejas locais, à ídolos nacionais. Frente a isso, este trabalho propõem uma análise do crescente mercado musical atrelado à visões doutrinárias dos diferentes artistas produzidos pela empresa Som Livre (marca mundialmente conhecida), contrapondo interesses pessoais, interesses mercadológicos e interesses religiosos (em destaque o processo de evangelização e difusão de crenças). Aqui, pretende-se questionar os quesitos de mercadologia do sagrado - que traz para a esfera do profano o sagrado interno das igrejas, com destaque para a música, muitas vezes vistas como canal de ligação com o transcendente e sacrifício de louvor) e, como recíproca válida, a sacralização do mercado - que passa a ser visto como tal pelo fiéis, uma vez que há um contágio com o sagrado.
Baseada em estudos de Roberto DaMatta e Léa Perez, no Brasil, e nas premissas de Durkheim, Duvignaud e Michel Leiris, este trabalho torna-se uma ampliação e revisitação da dissertação de mestrado intitulada "E o verbo se fez canto": músicas, discursos e cultos evangélicos, defendido por mim em 2009 na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, e está apoiado também nas visões centrais da Sociologia da Música, para a qual a música não é mero reflexo, mas também agente e agência social.
Como fenômeno social, o consumo atrelado às múltiplas instâncias do sagrado, tem sido objeto de estudo nas mais diversas áreas de produção de conhecimento, e aqui, aliando o pensamento sociológico ao pensamento etnomusicológico, busca-se compreensões que tentem vislumbrar o que se passa entre os evangélicos no Brasil e o mercado produzido "especificamente" para eles: o que eles cantam quado estão cantando, e o que o mercado, de fato, vende quando está vendendo, á la Vattimo.
- SOUZA, Euridiana Silva
PAP0558 - Voluntariado e Emprego: similaridades e diferenças. Resultados de um estudo nacional sobre voluntariado
A análise parte da premissa de que, não obstante a existência de diferenças de índole objetiva entre o voluntariado e o emprego remunerado, ambas as realidades ostentam inequívocas similaridades. Da mesma forma, observa a existência de uma gradual interpenetração entre as duas esferas.
Neste sentido, começando por especificar o que, em termos legais e conceptuais é considerado “voluntariado”,”emprego” ou “remuneração”, assim como algumas das principais discussões em torno dos conceitos, a análise traça um quadro comparativo entre o voluntariado e o emprego/trabalho remunerado, atendendo às suas principais especificidades. Logo, atende aos seguintes indicadores: relação entre voluntários e trabalhadores; relação entre voluntários e órgãos de direção; potenciais focos de conflitos na definição de papéis; tipologias e natureza das atividades desenvolvidas; processos de recrutamento e seleção; vínculos “contratuais”; e, por último, motivações e expectativas.
A análise conclui a existência de uma inequívoca relação de proximidade entre voluntariado e emprego, destacando, como aspeto principal, o carácter complementar do trabalho de voluntariado face ao trabalho remunerado. No entanto, não deixa de chamar a atenção para as graduais tentativas de “instrumentalização” do voluntariado, emergentes quer de algumas propostas político-partidárias, quer do próprio mercado de emprego, apontando para o risco de lhe serem “retiradas” algumas das suas características intrínsecas, nomeadamente: o ser desinteressado, de iniciativa pessoal, não remunerado, em prol de um terceiro. Da mesma forma, aponta para um risco maior: o trabalho voluntário passar a substituir o trabalho remunerado, aspeto mais evidente nas áreas sociais e assistenciais, colocando, inclusive, em causa o papel do próprio Estado Providência.
- SERAPIONI, Mauro

- MARQUES, Ricardo

- LIMA, Teresa Maneca
Mauro Serapioni é licenciado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Bolonha (1983), obteve o mestrado em Gestão dos Sistemas Locais de Saúde pelo Instituto Superior de Saúde de Roma (1994) e possui o doutorado em Ciências Sociais e Saúde pela Universidade de Barcelona (2003). Atualmente é investigador do Centro de Estudos Sociais e docente do Doutorado “Democracia no Século XXI” da Universidade de Coimbra. Anteriormente foi Visiting Fellow da Universidade de Bolonha, professor da Universidade Estadual do Ceará, consultor da Organização Pan-Americana de Saúde e do Ministério de Saúde do Brasil, docente da Universidade de Bolonha (UNIBO) e da Universidade de Modena e Reggio Emilia (UNIMORE). Principais áreas de investigação: Participação dos cidadãos no sistema de saúde, Desigualdades sociais e saúde, Avaliação de serviços e políticas de saúde, Processo de reforma do sistema de saúde. É autor de vários trabalhos publicados em Brasil, Itália, Portugal e França, sobre essas temáticas.
Ricardo Marques é licenciado em Sociologia e Mestre em Sociologia
Cidades e Culturas Urbanas pela Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra e doutorando em Sustentabilidade Social e Desenvolvimento
na Universidade Aberta. É sociólogo, colaborador do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra no âmbito do projeto “Estudo sobre
os Jovens do concelho de Coimbra”. Integrou, como bolseiro de
investigação, o projeto “Estudo sobre o Voluntariado, coordenado por
Mauro Serapioni, Sílvia Ferreira e Teresa Maneca Lima e financiado
pela Fundação Eugénio de Almeida.
PAP1327 - Voluntariado: complemento às aspirações do trabalho remunerado
Desejo inscrever a comunicação no GT "Inserção de diplomados do ensino superior: relações objectivas e subjectivas com o trabalho".
Na presente comunicação identificamos a prática do voluntariado como uma forma de complementar aspirações satisfeitas ou não por meio do trabalho remunerado, principalmente aquelas ligadas à ajuda e à autonomia. Além disso, demonstramos como a realização de voluntariado varia de acordo com a área de formação acadêmica, sendo baixa na área de "Saúde e proteção social", identificada pelos profissionais da mesma como tendo um forte cariz altruísta.
O universo de análise é a população licenciada no ano 2004-2005 de duas universidades públicas de Lisboa. Utilizamos uma matriz de dados quantitativos com base no inquérito realizado no âmbito do projeto de investigação "Percursos de inserção dos licenciados: relações objectivas e subjectivas com o trabalho" (PTDC/CS-SOC/098459/2008), aplicado a uma amostra de 1004 indivíduos. Conjugamos a esse material a análise temática de entrevistas aprofundadas com 8 destes, centradas na relação entre o trabalho remunerado e o voluntariado.
Os dados apontam para uma alta apetência para o voluntariado entre a população em estudo, com 44% sendo ou tendo sido voluntário e 30% declarando-se interessados em sê-lo. Há entretanto uma distribuição marcadamente desigual pelas áreas científicas de formação, sendo maior na área de "Artes e Humanidades" e menor nas de "Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção" e "Saúde e proteção social". Analisando esse desequilíbrio, apresentamos então algumas formas pelas quais a atuação profissional se relaciona com a apetência para o voluntariado. À menor adesão ao voluntariado na área da "Saúde e proteção social" está relacionada a percepção de "dever cumprido" (tanto por parte dos próprios profissionais sobre si mesmos, quanto dos de outras áreas em relação àqueles) verificada por meio das entrevistas aprofundadas. Na área de "Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção", há menor apetência para o desenvolvimento de atividades ligadas ao altruísmo.
Apresentamos por fim a distribuição do voluntariado entre onze indicadores de valores subjetivos do trabalho remunerado constantes do inquérito, com destaque para três deles: "ajudar aos outros", "progredir na carreira" e "adquirir novos conhecimentos por meio do trabalho remunerado".
- CUNHA, Simone C. da

Atua profissionalmente como jornalista, tendo iniciado a pesquisa em sociologia e o aprofundamento na investigação académica por meio do mestrado em Sociologia, concluído em 2011 na Universidade Nova de Lisboa. Em jornalismo, se especializou na área de economia, tendo trabalhado como correspondente freelancer desde Portugal para veículos brasileiros como o jornal O Globo e a revista Carta Capital e, no Brasil, na Folha de S. Paulo. Hoje trabalha no site de notícias G1, da TV Globo.
Por conta da experiência profissional voltada à economia, a sociologia torna-se uma ferramenta para compreender mais aprofundadamente o universo econômico, observado no dia a dia. Diante disso, a escolha específica do recorte do voluntariado sob a perspectiva do mercado de trabalho e, de uma forma mais abrangente, o estudo da influência do mercado de trabalho nas relações e aspirações pessoais são vistas como ponto de partida para a investigação académica sociológica e interessantes perspectivas para o futuro.
PAP1454 - Vulnerabilidade dos imigrantes em Portugal: processos específicos ou expressões de défices socioeconómicos gerais?
O início do primeiro decénio do século XXI foi marcado pela afirmação, eventualmente transitória, da condição imigratória de Portugal, o que aparece associado a uma multiplicação muito rápida do número de estrangeiros (em apenas 3 anos o país passa de cerca de 200 000 para aproximadamente 450 000), acompanhada por uma diversificação significativa dos grupos nacionais presentes em Portugal.
Perante esta pressão migratória, Portugal conseguiu montar, num período relativamente curto, um sistema de respostas sociais em matéria de integração, ancorado no Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, que tem sido objecto de reconhecimento internacional (vejam-se, por exemplo, as referências efectuadas no Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD de 2009, dedicado à temática das migrações internacionais) e que deu origem a uma classificação muito elevada no índice mais conhecido de avaliação das políticas formais de integração – o MIPEX.
A materialização desta política de imigração incluiu instrumentos específicos fundamentais, como os Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAI), que funcionam em Lisboa, no Porto e, de forma complementar, em Portimão, e têm características de one stop shop destinado aos imigrantes onde estes podem resolver desde problemas relacionados com o estatuto legal até às questões do empreendedorismo ou do emprego, passando pelo apoio em matéria de assistência social ou de educação. Estes CNAI são acompanhados por uma estrutura mais leve constituída por cerca de 80 Centros Locais (os CLAII), que têm um papel de acompanhamento e de reencaminhamento, bem como por outras respostas como as escolas e os Centros de Emprego que implementam o Programa Português para Todos (PPT). Estas estratégias, e todas as outras que, em matéria de política pública, se direccionam para a integração dos imigrantes foram sintetizadas nos denominados Planos para a Integração de Imigrantes, o primeiro com uma vigência situada entre 2007 e 2009 e o segundo, actualmente em vigor, e cuja aplicação se prolonga até 2013.
Tendo em consideração as modificações que presentemente ocorrem no quadro imigratório, caracterizadas por uma atenuação dos fluxos acompanhada, quer por algumas saídas, quer por uma certa estabilização da presença de diversos imigrantes que está relacionada com o reforço de estratégias de reagrupamento familiar, torna-se relevante efectuar um balanço da política que tem sido seguida até agora, adequando-a a esta nova realidade.
Esta comunicação pretende, precisamente, dar um contributo para este processo de reflexão, colocando o debate em torno da necessidade de se manter um número relativamente elevado de soluções especificamente orientadas para os imigrantes ou, em alternativa, proceder a um enquadramento mais forte das respostas direccionadas para esta população no quadro geral das respostas sociais.
- MALHEIROS, Jorge
PAP1346 - Vulnerabilidades na saúde: controvérsias públicas em torno da Procriação Medicamente Assistida em contextos de ambivalência e incerteza
Nesta comunicação pretendemos abordar as
controvérsias públicas em torno do acesso, de
grupos em situação de vulnerabilidade, a
dispositivos de Procriação Medicamente
Assistida (PMA). Para tal, apoiamos a análise
nos movimentos de reconfiguração societal e,
em particular, nas mudanças nas instituições
sociais no domínio da Saúde, num contexto mais
geral de crise económica e financeira. O
projecto imaginado de modernidade assenta numa
tensão entre dois princípios contraditórios: o
da liberdade (associado à autonomia individual
na construção dos percursos de vida) e o da
disciplina (assente em mecanismos de regulação
que por vezes mantém ou reactivam antigas
desigualdades socioeconómicas). Por um lado,
assistimos à extensão dos benefícios sociais
com o aumento da comparticipação financeira,
por parte do Estado, dos tratamentos de
fertilidade, no sentido de promover a equidade
no acesso a estas tecnologias reprodutivas
medicalizadas. Por outro, a legislação
específica que enquadra a PMA, em articulação
com os pareceres elaborados por comissões de
ética para as Ciências da Vida, restringem o
acesso a determinados grupos, segundo
critérios de elegibilidade assentes em
factores como o estado civil, a identidade de
género ou orientação sexual. Acresce que o
actual contexto de crise financeira
generalizada questiona a capacidade do Estado
assegurar determinados direitos sociais
anteriormente instituídos, em particular a
gratuitidade no acesso dos casais inférteis a
uma parte dos cuidados de saúde reprodutiva. A
própria responsabilidade individual é
convocada quando aos sujeitos é exigida a
tomada de decisões sobre os seus projectos de
fecundidade. Se, por um lado, aos indivíduos
seropositivos é aconselhada a opção de
prescindir do recurso a técnicas reprodutivas
para ter descendência saudável, por outro, aos
doentes oncológicos é sugerido a preservação
do tecido reprodutivo antes de serem
submetidos a tratamentos de quimioterapia e
radioterapia, não obstante as limitações a
nível da rede de centros médicos
convencionados, caracterizados por longas
listas de espera e pela inexistência de uma
estrutura laboratorial específica. Como se
manifestam esses actores vulneráveis na arenas
públicas, denunciando situações de injustiça
ou reivindicando um estatuto de vítima? Qual o
papel dos media ao conferir visibilidade
pública a essas denúncias e protestos? É a
estas questões que se procura responder, com
base em material empírico recolhido a partir
de fontes diversas (notícias nos media,
conteúdo de debates parlamentares e
televisivos, pareceres de comissões de
peritos, legislação específica e entrevistas a
actores privilegiados nomeadamente doentes,
médicos e experts).
- DELAUNAY, Catarina

Catarina Delaunay. Pós-Doutoranda no CESNova – Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e no Groupe de Sociologie Politique et Morale-EHESS (França). Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL); Mestre em Ciências Sociais, especialização em Famílias: Olhares Interdisciplinares, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Doutorada em Sociologia, especialidade de Sociologia da Cultura, na FCSH-UNL. Bolseira de Doutoramento e Pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Interesses de investigação: Sociologia da Saúde e da Medicina, Sociologia da Ciência e Tecnologia, Sociologia Pragmática e Sociologia da Família.
PAP0813 - When the chaotic reality rules the science: theoretical and practical questions
If the science is the result of special arrangements of the social and historical conditions and, its functions, a product of a complex network structure conditioned by an institutional support, what can be said about a science in a “dissolute world”? In a world surrounded by social conflict, war, environmental insecurity (global warming and others) and material and symbolic risks, these questions arise as central concerns. Understanding the traditional constitution of science as a result of the transformation of society in modern age that produces a kind of specialized and fragmented science, how can science be practiced in a situation of complete social insecurity as a result of war, social conflict and natural disaster? How does the lack of institutional support influence and affect the reproduction of the “organized and secure everyday life” that characterizes the usual practices of science? What happens with science if its social environment is completed destroyed? What are the practical and epistemological answers to the disorder of the main scientific structures (laboratories, universities, technical supplies, etc.)? We argue that in a state of disaster a new kind of collective solidarity, the “survival solidarity”, can influence decisively the structure of science, producing new sorts of social rules that permeate the production of knowledge as well as the practical action of scientists. In that situation, a new type of scientific unity will rise, transforming the traditional divisions of specialties in a new order of interdisciplinary organization.
Our focus in this research will be the process of composition of new networks between scientists in a state of social insecurity, especially as a result of natural disasters, social conflict and risks that require the action of scientists of different scientific fields. How are new strategies of communication created in the scientific community? How the “survival solidarity” can unify apparently disconnected scientific fields? Is it possible to see the rise of new methodological and epistemological strategies that are required to supporting the unified work of different subjects and actors? Our major intention, finally, is to elucidate how the transformations of the scientific community are created in a condition in which the reality is in the same chaotic situation that the institutional framework that supports the scientific activity.
- FETZ, Marcelo

- FERREIRA, Leila C.
Marcelo Fetz
Cientista Social, PhD em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Brasil) com estágio de doutoramento na The University of Mississippi (USA). Atualmente realiza pesquisas na área de Sociologia da Ciência, Sociologia do Conhecimento e Sociologia da Cultura, com especial interesse no envolvimento entre ciência, literatura e pintura de paisagem no pensamento científico presente na passagem do século XVIII para o XIX, naquilo que convencionou-se denominar por Segunda Revolução Científica. Desenvolve trabalhos na área de Teoria Social e Epistemologia da Ciência, com ênfase no processo de formação do pensamento científico e da Instituição Científica brasileira.
PAP0956 - Worker’s Centers: um estudo de caso sobre Migração, Trabalho e Representação nos Estados Unidos
A questão da migração é uma temática que abrange inúmeros campos de pesquisa. Buscaremos refletir a temática da migração, no âmbito agrícola, através do trabalho temporário, bem como as relações e formas deste trabalho sobre diversos trabalhadores no atual quadro do agronegócio mundial. Focamos nossos olhares na região da Costa Oeste da Califórnia/EUA, caracterizada como uma das principais produtoras de frutas e vegetais dos EUA. Pretendemos compreender a partir do contexto migratório de mão de obra mexicana para os EUA, pós década de 1970, o processo de deterioração das condições de vida desses migrantes e, principalmente, entender como estes vêm se organizando em movimentos de resistência. Temos como hipóteses, que a migração é o resultado de diversas consequências nas relações sociais de subordinação e poder; além de aspirações, desejos de renda e sustentação de projetos de vida familiares, que compõem os complexos quadros de decisões de saída do migrante. Este caminho não se processa de forma unilateral, ou despojada de elementos de contestação. Diversos modelos de resistência em busca de cidadania e de direitos sociais e econômicos são criados à medida que observamos a forma com que o conflito capital e trabalho se expressam. Portanto, pretendemos traçar uma análise das condições de trabalho destes migrantes no campo, bem como, o heterogêneo campo de estratégias de resistência destes trabalhadores, tomando como base, os Worker’s Centers: instituições não governamentais, formadas por lideranças latinas, que tem como proposta, auxiliar e apoiar os migrantes no país de destino. Tais instituições já somam mais de 137 em todos os Estados Unidos. Possuem diferentes linhas de representação, que abrangem, além da questão da migração, questões étnicas, de gênero, condições trabalhistas, dentre outras.
- PERA, Géssica Trevizan
PAP0445 - a solution to the crisis in the world
the consequences can be more serious in that time and should be considered a solution faster
- IBRAHIMA, Miftahou
PAP0495 - consumação festiva, consumo de representações
De um lado do planeta, manifestações públicas exibem a recepção de uma crise econômica em que os valores políticos de coordenação se desgastaram e os sujeitos não se sentem mais representados (em linhas gerais as manifestações europeias, americanas e a dita primavera árabe); de outro, estas comoções públicas brotam de um ressentimento diante de um pragmatismo da produção que sacrifica a socialidade em nome do desenvolvimento (os movimentos sociais no Brasil em face de eventos globais que o país sediará nos próximos anos e a administração das urbes). Em ambos os casos, festas no coração de um mal-estar da democracia. Como as teorias sobre a festa e seu consumo revelam sobre as relações deste fato sociológico com seus aspectos de mercadoria e moeda? Como a festa efetua essa passagem ao mercado e questiona o núcleo paradoxal da crise, a especulação diante da equivalência da moeda como valor de troca? Como a festa faz uso da especulação? como a festa participa da crítica da representação? Para acompanhar estas questões, sem pensar, contudo, em respondê-las definitivamente, esta comunicação percorre um caminho que vai desde o tropo da revolução no Manifesto Comunista e deriva nas considerações benjaminianas a respeito do fetiche da mercadoria e sua possibilidade revolucionária, tendo como pano de fundo a teoria da reciprocidade em Mauss e a energética do consumo em Bataille. A ideia é estabelecer um trampolim para a interpelação do sujeito que se põe em festa diante do desencantamento que a autoridade biopolítica faz crer (Foucault e a Hermenêutica do Sujeito) e da maneira fraca que ele dispõe de abrir brechas na clausura da época (Derrida e a Gramatologia).
- MARTINS, Marcos da Costa
PAP0496 - consumação festiva: iluminações na clausura
De um lado do globo, manifestações públicas exibem a recepção de uma crise econômica em que os valores políticos de coordenação se desgastaram e os sujeitos não se sentem mais representados (em linhas grosseiras as manifestações europeias e da dita primavera árabe); de outro, estas manifestações brotam de um ressentimento diante de um pragmatismo da produção que sacrifica a socialidade em nome do desenvolvimento (a manifestações sociais no Brasil em face de eventos globais que o país sediará nos próximos anos). Em ambos os casos, festas no coração de um mal-estar do homem ordinário. Como as teorias sobre a festa e seu consumo revelam sobre as relações deste fato sociológico com os aspectos assujeitadores da cultura? Como a festa efetua essa passagem à reificação e questiona o núcleo da crise, a equivalência como valor de troca? o que resta do ser neste meio de incerteza e violência? Como a festa faz uso da especulação para operar transformações substantivas naqueles que dela participam? Para acompanhar estas questões, sem pensar, contudo, em respondê-las definitivamente, esta comunicação percorre um caminho que vai desde o tropo da revolução no Manifesto Comunista e deriva nas considerações benjaminianas a respeito do fetiche da mercadoria e sua possibilidade revolucionária, tendo como pano de fundo a teoria da reciprocidade em Mauss e a energética do consumo em Bataille. A ideia é estabelecer um trampolim para a interpelação do sujeito que se põe em festa diante do desencantamento que a autoridade biopolítica faz crer (Foucault e a Hermenêutica do Sujeito) e da maneira fraca que ele dispõe de abrir brechas na clausura da época (Derrida e a Gramatologia).
- MARTINS, Marcos da Costa
PAP0441 - crisis and its effects
An unprecedented social crisis hits the people of Millennium 3em an urgent solution is needed, so I find that these events are the outcomes of a sollution to this worrying problem
- ANÓNIMO
PAP0444 - crisis and society
the consequences can be more serious in that time and should be considered a solution faster
- MADI, Fatima
PAP0443 - crisis and the consequence
the consequences can be more serious in that time and should be considered a solution faster
- MOISSI, Djoumoi
PAP0442 - crisis and the consequences
the consequences can be more serious in that time and should be considered a solution faster
- SAID, Fatima Mmadi
PAP0337 - sociologist (Phd in progress)
How to survive a welfare system – living in deep poverty in Hungary
In Hungary, almost one third of the total population (3 million people) live in relative poverty or with some kind of deprivation. One million live in deep poverty, where different forms of deprivation are present at the same time. Poverty is concentrated geographically as well; these families live in the economically depressed areas of the country, in segregated slums. Almost 40% of them are Roma, with 3 or more children and without any regular work-based income in the family.
Families living in deep poverty face a decreasing level of welfare services and benefits, including human services. Not only are the locally available welfare services scarce, but the substantial social institutions are also missing.
The proposed paper is based on a representative survey about the social needs and possibilities of people living in deep poverty. The sample includes about 1000 families living in deep poverty, and data will be gathered about their basic demographic situation, labor and welfare situation, and financial situation as well. The data collection will take place in January-February 2012.
The basic hypotheses of the research are the following:
• In the last 10 years, the local welfare services were concentrated at a micro-regional level – as a result, geographic inequalities have increased;
• Families living in deep poverty can avail themselves of fewer welfare services than others, they do not even have enough information on available services;
• Local communities in depressed settlements do not function as communities;
• Local socio-economic problems have taken an ethnic dimension;
• There is a lack of local models, socially determinative reference groups;
• Families living in poverty are forced to use very mixed strategies to subsist (including a hectic move between shadow economy, public work, unregistered temporary jobs).
The author of the paper (György Lukács) is a sociologist at Autonómia Foundation. In the past 15 years, he has conducted research on the following topics: Roma labor market programs, Roma NGOs, evaluation of educational and employment programs, usury in Roma communities. He is the leader of the research-team of the research introduced/described here.
- LUKACS, Gyorgy
PAP0446 - the World in crisis
the consequences can be more serious in that time and should be considered a solution faster
- IBRAHIM, Fatima
PAP0023 - visibilidade e invisibilidade social em contextos de reabilitação urbana
A cidade carrega
consigo agentes com
diferentes estatutos
de reconhecimento
simbólico e social.
Existe uma cidade
visível e uma
invisível que se
sobrepõem,
coexistindo em
conflito.
Pretende-se com este
trabalho ir à
procura dessa cidade
que não se
(re)conhece,
articulando
concepções e usos do
espaço urbano para
revelar as forças de
produção e
reprodução sociais
que marcam tanto a
segregação
socioespacial quanto
a ocultação de
grupos e práticas
sociais que não se
coadunam com os
imperativos da
sociedade consumista
globalizada e com a
lógica de controlo e
higienização do
espaço urbano e
social.
Para tal
realizar-se-á um
estudo de caso em
duas realidades
urbanas, centrado
numa estratégia
metodológica
qualitativo-intensiva,
sob a égide da
pesquisa etnográfica
como método
principal. Os
contextos de
observação serão, em
Portugal, a cidade
do Porto e, no
Brasil, Belo
Horizonte. Ambos
serão analisados a
partir das zonas
alvo de reabilitação
urbana, com atenção
a dois segmentos
sociais
particulares:
sem-abrigo e
trabalhadores
ambulantes.
- GUEDES, Inês Correia

Formada em Psicologia pela FPCEUP, pré-especializou-se em Comportamentos Desviantes. Atualmente encontra-se a frequentar o Doutoramento em Sociologia no CES-UC . Interessa-se pelos seguintes temas: modos de vida urbanos, marginalidade, informalidade, (in)visibilidade social. Participou no Projecto AGIS em parceria com o GAT e o Centro de Ciências do Comportamento Desviante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Atualmente trabalha com população em situação de exclusão social, nomeadamente, toxicodependentes, portadores de VIH-Sida e sem-abrigo. Iniciará durante este ano um Traineeship no EMCDDA, no departamento de IBS. Participou com comunicações nos seguintes congressos: XVII Seminário APEC, Congresso Internacional “Feminismo e Migração: Intervenção Social e Ação Política”.
PAP0024 - visibilidade e invisibilidade social em contextos de reabilitação urbana
A cidade carrega
consigo agentes com
diferentes estatutos
de reconhecimento
simbólico e social.
Existe uma cidade
visível e uma
invisível que se
sobrepõem,
coexistindo em
conflito.
Pretende-se com este
trabalho ir à
procura dessa cidade
que não se
(re)conhece,
articulando
concepções e usos do
espaço urbano para
revelar as forças de
produção e
reprodução sociais
que marcam tanto a
segregação
socioespacial quanto
a ocultação de
grupos e práticas
sociais que não se
coadunam com os
imperativos da
sociedade consumista
globalizada e com a
lógica de controlo e
higienização do
espaço urbano e
social.
Para tal
realizar-se-á um
estudo de caso em
duas realidades
urbanas, centrado
numa estratégia
metodológica
qualitativo-intensiva,
sob a égide da
pesquisa etnográfica
como método
principal. Os
contextos de
observação serão, em
Portugal, a cidade
do Porto e, no
Brasil, Belo
Horizonte. Ambos
serão analisados a
partir das zonas
alvo de reabilitação
urbana, com atenção
a dois segmentos
sociais
particulares:
sem-abrigo e
trabalhadores
ambulantes.
- GUEDES, Inês Correia

Formada em Psicologia pela FPCEUP, pré-especializou-se em Comportamentos Desviantes. Atualmente encontra-se a frequentar o Doutoramento em Sociologia no CES-UC . Interessa-se pelos seguintes temas: modos de vida urbanos, marginalidade, informalidade, (in)visibilidade social. Participou no Projecto AGIS em parceria com o GAT e o Centro de Ciências do Comportamento Desviante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Atualmente trabalha com população em situação de exclusão social, nomeadamente, toxicodependentes, portadores de VIH-Sida e sem-abrigo. Iniciará durante este ano um Traineeship no EMCDDA, no departamento de IBS. Participou com comunicações nos seguintes congressos: XVII Seminário APEC, Congresso Internacional “Feminismo e Migração: Intervenção Social e Ação Política”.
PAP0659 - ‘Nostalgia colonial’ e lusofonia: uma abordagem teórica
Este artigo tem por objetivo desenvolver uma
reflexão teórica sobre as representações do
passado colonial em Portugal e a forma como
essas representações influenciam os discursos
sobre identidade nacional e as concepções de
lusofonia.
Segundo alguns autores o discurso sobre a
lusofonia tem assumido rotineiramente a forma
de “nostalgia imperial”o que leva muitas vezes
a contendas tanto no âmbito das relações
interpessoais quanto noutros assuntos. Desta
forma, a herança do passado colonial também
interfere na maneira como o país define o seu
nacionalismo. Reiter (2005) considera nesse
contexto, por exemplo, que Portugal assume uma
posição ambivalente que resulta numa dupla
tensão, ou seja, quando comparado com as nações
mais ricas e desenvolvidas da Europa precisa
retomar o ilustre passado de grandes
descobridores, mas ao mesmo tempo sabe que é
necessário se distanciar de aspectos daquele
passado, resultando numa “neurose portuguesa”
sobre o passado colonial.
Neste contexto observamos pelas concepções de
alguns estudiosos que até mesmo o conceito de
lusofonia tem sua complexidade, tendo em conta
que carrega consigo algumas contradições e
incongruências. Conforme Brito e Bastos
(2006), não há um consenso na utilização do
termo por parte dos oito países da chamada
“comunidade lusófona”. A etimologia da palavra
"lusofonia", conforme as autoras, faz
referência à Lusitânia, cidade romana dominada
pela Hispânia, povoada pelos lusitanos’, já o
termo "luso", do latim lusu, remete a lusitano,
português, referente a Portugal. Em ambos os
casos remete-se para uma centralidade
portuguesa, provocando, por vezes, um certo
desconforto por parte dos outros países da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
Para chegar aos aspectos mencionados
anteriormente primeiramente desenvolvemos um
mapeamento teórico geral sobre a questão dos
nacionalismos europeus desenvolvidos durante o
século XIX. Tais movimentos ocorreram também
por conta de uma evolução lexiográfica,
atestando também a importância da língua nesse
contexto. Esses nacionalismos oficiais não
ocorrem apenas na Europa, mas também noutros
países asiáticos e africanos.
Neste estudo analisamos igualmente a questão da
Identidade, conceito complexo que vem
conquistando cada vez mais terreno na
atualidade. Consideramos pelas ideias de Veloso
(2008) a Identidade como: a) Relacional,
definida pelas interações sociais com os outros
e por suas características internas; b) Como
elemento determinante de pertença e exclusão;
c) Como sendo diversa em suas manifestações;
d) Como algo formado socialmente; e) Como
verbo, ou seja, como ação.
- CARVALHO, Michelly
- CABECINHAS, Rosa

Rosa Cabecinhas é doutorada em Ciências da Comunicação (área de conhecimento Psicologia Social da Comunicação) e Professora Associada no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Foi Diretora-Adjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e Diretora do Mestrado em Ciências da Comunicação. Atualmente é diretora do Departamento de Ciências da Comunicação na mesma Universidade. A sua tese de doutoramento, intitulada Racismo e etnicidade em Portugal: Uma análise psicossociológica da homogeneização das minorias, foi premiada pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas em 2004. Atualmente participa como investigadora em diversos projetos nacionais e internacionais, dedicando-se principalmente às seguintes áreas de investigação: diversidade e comunicação intercultural, memória social, representações sociais, identidades sociais, estereótipos e discriminação social. Os seus trabalhos estão publicados em várias revistas científicas internacionais: Journal of Cross-Cultural Psychology, International Journal of Psychology, International Journal of Conflict and Violence, International Communication Gazette, International Sociology, Swiss Journal of Psychology, Science. Entre as suas obras destacam-se os seguintes livros: Preto e Branco: A naturalização da discriminação racial (Campo das Letras, 2007) e Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios (em parceria com Luís Cunha; Campo das Letras, 2008).
PAP1061 - ‘Rede’ em educação: uma análise do discurso de autarcas portugueses
O objectivo desta comunicação é o de discutir o conceito de ‘rede’ em educação na sua concretização em discursos de autarcas em Portugal. Para isso, iremos apresentar uma análise das várias camadas discursivas do conceito de ‘rede’ que podemos encontrar (1) na literatura do campo, (2) na análise de entrevistas conduzidas a vereadores/as e técnicos/as de educação de autarquias do norte e centro (litoral) do pais e (3) na legislação portuguesa.
Na primeira parte da comunicação, iremos realizar uma análise do conceito de rede assim como de outros conceitos como o de ‘parceria’, de acordo com contribuições marcantes (Castells, 1996; Latour, 2007; Carnwell & Carson, 2008). Na segunda parte da comunicação, analisaremos cerca de 20 entrevistas a vereadores/as e técnicos/as de educação, enfatizando as várias camadas do conceito de ‘rede’. As entrevistas foram realizadas no âmbito do projecto ‘Trabalhar em Rede na Educação? Discursos e estratégias do poder autárquico em torno do sucesso e abandono escolares’ (FCT), sendo que o projecto tem como objectivo analisar o envolvimento das autoridades locais na promoção do sucesso escolar. O conceito de rede construído ao longo das entrevistas irá ser analisado de modo a perceber qual a definição de ‘rede’ e de ‘trabalho em rede’ para as pessoas entrevistadas.
Iremos, igualmente, abordar ao nível da legislação portuguesa o ‘Programa Rede Social’, uma vez que algumas das características da ‘rede’, veiculadas pelo discursos revelados nas entrevistas, parecem ter origem nesse programa. Mais especificamente, iremos analisar três documentos legislativos essenciais para o ‘Programa Rede Social’.
Apresentaremos algumas conclusões, discutindo se podemos falar de um conceito consensual de rede em educação ou se há múltiplos conceitos que interagem entre si naquilo que podemos apelidar de ‘batalha discursiva’ sobre o ‘verdadeiro’ significado das redes e do trabalho em rede em educação.
- ARAÚJO, Helena C.

- SOUSA, Sofia B.

- OLIVEIRA, Alexandra Alves

Helena Costa Araujo
hcgaraujo@mail.telepac.pt;
haraujo@fpce.up.pt
Professor of Sociology of Education
and Gender Studies
University of Porto/Faculty of Psychology and Education
and Director of the
Centre for Research in Education (CIIE)
tel. 351.22.6079700
fax. 351.22.6079725
http://www.fpce.up.pt/ciie/?q=researchers/helena-c-araújo
Sofia Branco Sousa é investigadora do Centro de Investigação de Políticas de Ensino Superior (CIPES). Doutorada em Ciências da Educação em 2011 tem-se vindo a especializar na área das políticas do ensino superior e na sociologia da ciência. Os principais interesse de investigação centram-se na produção de conhecimento, nas carreiras de investigação e académica, nas estruturas de governação dos sistemas de ensino superior e na análise do discurso como teoria e método.
Alexandra Oliveira é professora da Universidade do Porto, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, onde exerce funções de docente e de investigadora na área da Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça. Os seus interesses relacionam-se com o género e a sexualidade; a norma, o desvio e a reação social, tendo vindo a dedicar as suas pesquisas ao trabalho sexual. Das suas publicações destaca o livro "Andar na vida: prostituição de rua e reacção social" (Almedina, 2011), uma adaptação da sua tese de doutoramento.
PAP0506 - “A cobertura da imprensa conta a história da guerra no Século XX. O documentário e o livro-reportagem contam mais”
O texto jornalístico é o principal lugar da interpretação da guerra. Partindo da experiência brasileira e também associando à internacional, o século XX confirma essa premissa e mostra um desenho de de como isto ocorreu. O relato cotidiano do combatente dá lugar à notícia do jornalista, que culmina com a transmissão em direto e com um retorno às narrativas dos combatentes, só que agora através da internet. Este é um dos pilares da análise feita neste trabalho, que vai demonstrar como esta mudança ocorreu. O século XXI reafirma esta avaliação.
Outros dois aspectos deste quadro valem ser analisados: o documentário e o livro-reportagem com alternativas, contrapontos e complementos do texto jornalístico para construir a narrativa da guerra. Dois cases interessantes para esta análise são a cobertura da Guerra do Iraque do ponto de vista da única equipe brasileira que esteve no país desde o início do conflito, que foram dois jornalistas do jornal Folha de S. Paulo, e o documentário War feels like war, do diretor espanhol Esteban Uyarra, que acompanhou jornalistas de diversos países que cobriam o conflito a partir do Kuwait, país vizinho ao Iraque. A cobertura diária do jornal dialogo com a publicação do livro Diário de Bagdá: a Guerra do Iraque segundo os bombardeados. Enquanto o documentário trata de como é realizar um cobertura de guerra, tema que não aparece na própria cobertura jornalística. O fazer jornalístico é um tema que aparece apenas nesses dois espaços, no livro e no documentário.
Para complementar trago a experiência de estar produzindo o documentário GUERRA.DOC: UM FILME SOBRE COBERTURA DE GUERRA, produzido no interior de meu projeto de pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o CIAC da Universidade do Algarve e com o NEOM da Universidade Federal Fluminense. O filme, em fase de produção, está reunido correspondentes de guerra e pesquisadores sobre o tema, de diferentes cidades no Brasil, em Portugal e em outras cidades do mundo.
- PEDRO, Vanessa.
PAP1366 - “Alguém dirá o que fazer” – (im)preparação face às ameaças costeiras
A resposta a emergências no quadro da estrutura de protecção civil pressupõe o progressivo envolvimento de meios, por patamares, desde o nível local ao nacional, passando pelo concelhio e distrital. O envolvimento de meios (e a assunção do comando) por parte de um nível territorial mais amplo deverá resultar, por sua vez, de pedido do nível territorial precedente, que considere esgotada a sua capacidade de resposta à situação.
A resposta eficaz a calamidades, por parte de uma estrutura deste tipo, pressuporia entretanto o conhecimento, ao nível dos vários patamares, dos planos existentes e das formas de actuação previstas.
No entanto, o caso de uma zona costeira próxima de Lisboa e significativamente vulnerável a inundações vindas do mar não corresponde, de todo, a tais requisitos.
A um nível local, as autoridades costeiras e as instituições existentes pressupõem que existirá algum plano de emergência municipal para o caso de galgamentos graves ou tsunamis, mas não têm conhecimento dele, nem de qual se espera seja a sua actuação. Assumem apenas que, em caso de necessidade, lhes sejam dadas ordens claras e adequadas, e tenham capacidade para as porem em prática.
A um nível distrital, o comando da protecção civil assume não ter conhecimento ou preparação para responder a ameaças vindas do mar, pressupondo também a existência de algum plano concelhio de emergência e evacuação, e que terá capacidade para fornecer os meios necessários, em caso de necessidade.
A um nível nacional, a autoridade de protecção civil privilegia abordagens preventivas e proactivas, mas reconhece as limitações que enfrenta para, inclusivamente, fazer respeitar as suas recomendações de que não seja autorizada nova construção nas zonas costeiras de risco.
Esta situação, que plausivelmente se repetirá em muitas outras zonas com vulnerabilidades semelhantes, traça um quadro potencialmente catastrófico quer no caso de tsunamis quer de tempestades extremas, cuja ocorrência se torna mais expectável e provável em virtude do actual processo de alterações climáticas.
- GRANJO, Paulo

- SCHMIDT, Luísa

- GOMES, Carla

- GUERREIRO, Susana

Doutorado em Antropologia Social, é investigador no ICS-UL e realiza pesquisas em Portugal e Moçambique que, abrangendo terrenos tão diversos como a indústria, as práticas divinatórias e curativas, os processos de aprendizagem, o direito familiar ou a violência pública, possuem um fio condutor comum: compreender as concepções e respostas sociais à incerteza, ao perigo e à tecnologia, em contextos de mudança cultural e social. Em combinação com a sua actividade de investigador, desenvolve trabalho docente na FCSH-UNL (licenciatura) e no ICS-UL (doutoramento).
Luísa Schmidt
Socióloga investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação 'Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço' e integra o Comité Científico do Programa Doutoral em "Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável". Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório de Ambiente e Sociedade que actualmente dirige, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente.
Carla Gomes nasceu no arquipélago dos Açores em 1978. Como jornalista, escreveu em diversas publicações generalistas e especializadas, como os jornais “Quercus Ambiente” e “Água & Ambiente”, tendo colaborado ainda em projectos como a publicação internacional “Green China” e o livro “Quercus: 20 Anos”. Colaborou com a CCDR de Lisboa e Vale do Tejo (Ministério do Ambiente) na área da comunicação, entre 2007 e 2009.
Licenciou-se em Comunicação Social em Setúbal e fez o Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais na Universidade de Aveiro, com a dissertação “Desenvolvimento Limpo: uma nova Cooperação entre Portugal e os PALOP”. Este trabalho, que incidiu particularmente no arquipélago de Cabo Verde, deu origem ao livro “Alterações Climáticas e Desenvolvimento Limpo”, premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian (programa Gulbenkian Ambiente) e publicado em Janeiro de 2010. Foi integrada no projecto “Change-Mudanças Climáticas, Costeiras e Sociais” em Maio de 2010, como bolseira de investigação do ICS.
"Bolseira de Investigação no projecto CHANGE – Mudanças Climáticas, Costeiras e Sociais do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, desde Junho de 2011. Licenciada em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE em 2007, com dissertação na área da Psicologia Ambiental centrada no estudo das razões da oposição a áreas protegidas. Em 2010 concluiu uma pós-graduação em Gestão e Intervenção Ambiental nas Empresas e na Administração Pública pela Universidade de Barcelona.
Entre 2008 e 2011 foi Gestora de Programa na ONG Climate Parliament em Londres, sendo uma das responsáveis pela implementação do projecto “Alterações climáticas e acesso à energia das populações mais pobres” nas regiões de África, Caraíbas e Pacifico, financiado pela Comissão Europeia e pela Agência Sueca de Desenvolvimento."
PAP0925 - “Bridging security and liberty in respect of biometrics: A EU political stratagem to further a surveillance technology”
GT Vigilância na sociedade contemporânea: estudos e perspectivas
Biometrics has turned out to be a central tool of national and international security and immigration policies and is becoming increasingly important economically as it is employed more and more to control the access of workers, students and other categories of people to various organisations. Together with other security or surveillance technologies, biometrics has been a priority area for funding under the European Union (EU)’s policy for research and development. The EU has also been a major player in promoting biometrical applications, namely in passports and travel documents issued by Member States.
As the use of biometrics spreads out, concerns about its bearing on fundamental human rights have increased. Though justified by EU institutions with the need to further internal and external security under the EU Space of Freedom, Security and Justice, it is widely recognised that biometrics interferes with individual rights, namely privacy and freedom, and maybe human dignity too.
It is therefore remarkable that the official European position on this matter has been based on the assumption that security and civil liberties can be easily conciliated. This understanding has been underlined in several EU policy documents: setting an individual value such as liberty against a more community-oriented value such as security does not necessarily mean that the former is being sacrificed in the name of the latter; instead of a ‘zero sum game’, the official description points to a ‘win-win’ situation. The fact that Article 6 of the Charter of Fundamental Rights (entered into force in December 2009 as part of the Lisbon Treaty) addresses liberty and security as part of the same right appears to support this conciliatory stance. In this way, European institutions could justify the role they play in biometrics and surveillance technologies generally as one of promoting human rights.
It may, however, be feared that in this way the EU may give too much latitude to novel surveillance technologies without proper interrogation from a human rights perspective. This apprehension looks particularly judicious at a time when the Charter of Fundamental Rights of the EU has been assigned the status of primary EU law.
Against this backdrop, our purpose in this paper is to examine EU biometrics law and policy as an illuminating case study for assessing how fundamental rights asserted by the Charter of Fundamental Rights are being construed and balanced by EU institutions.
- GONÇALVES, Maria Eduarda
PAP0224 - “Conhecer a doença: os doentes em primeiro lugar”
O domínio dos
cuidados de saúde
nos países da Europa
é atravessado, hoje,
por uma tensão entre
recuos manifestos na
realização do acesso
universal a esses
cuidados e a
emergência de novas
formas de acção
colectiva neste
campo e de diálogo
entre doentes e
profissionais de
saúde. A articulação
entre o conhecimento
baseado na
experiência da
doença e a
mobilização dos
saberes
constitutivos da
biomedicina, sem
abolir as relações
desiguais entre o
saber/poder
biomédico e o saber
experiencial dos
cidadãos, tem
permitido
estabelecer zonas de
contacto que tornam
possível, através de
um compromisso mútuo
entre actores, criar
constelações de
conhecimento
focalizadas na
intervenção sobre a
doença.
O objectivo central
do projecto
“Conhecer a doença:
os doentes em
primeiro lugar” é o
de contribuir para a
emergência de
plataformas
biossociais, i.e.,
espaços de
co-produção de
conhecimento que
agreguem, em formas
flexíveis de
colaboração e de
acção, associações
de doentes,
instituições de
investigação e os
especialistas
envolvidos no
diagnóstico,
seguimento e
tratamento de
diversas
condições/patologias, nomeadamente
das áreas
oncológica,
neurodegenerativa e
metabólica.
Financiado pela
Fundação Calouste
Gulbenkian e
desenvolvido em
colaboração entre o
Instituto de
Patologia e
Imunologia Molecular
da Universidade do
Porto (IPATIMUP) e o
Centro de Estudos
Sociais (CES,
Laboratório
Associado,
Universidade de
Coimbra), este
projecto
multidisciplinar
permitirá igualmente
levar a cabo uma
investigação sobre a
monitorização e
avaliação da
eficácia na/da
implementação do
projecto, o que
representará um
acréscimo de
capacitação dos
doentes e,
consequentemente, um
reforço de
cidadania.
- SILVA, Paula

- NUNES, João Arriscado
Paula Silva nasceu no Porto, Portugal, e é doutorada em Ciências do Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto onde exerce funções de docência e de investigação no CIAFEL. Desenvolve estudos e projetos de investigação no domínio dos Estudos de Género e Desporto. É autora de vários livros e artigos nacionais e internacionais. Foi distinguida com o Prémio Investigação “Carolina Michaelis de Vasconcelos”, (ex-aequo) em 2007. Vice-presidente da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto.
PAP0467 - “Corruptodepêndencias”: Intervenção preventiva e punitiva.
O tema da corrupção tem vindo a conhecer maior visibilidade nos últimos anos, facto a que não é porventura alheio o esforço de diversas instâncias internacionais (como a OCDE, Nações Unidas, União Europeia, etc.) no lançamento de diversos instrumentos normativos internacionais e o desempenho de organizações internacionais não governamentais como Transparência Internacional. E, certamente também, por força do contexto social e económico de crise, em que reemerge o medo de aumento da corrupção. Daí, que dentro deste quadro a questão do combate a corrupção adquire particular acuidade e atenção.
Hoje é consensual que a corrupção não é uma questão periférica, mas sim um problema global. De igual modo, não é um problema de exclusivo de agentes públicos e entidades públicas, também está presente nas entidades privadas e até em qualquer cidadão. E estando presente em uns e outros, é evidente que grande parte do fenómeno corruptivo não pode deixar de se encontrar no “ajuntamento” de ambos.
Certo é que é missão dos decisores políticos formular um conjunto de medidas e de políticas de prevenção e punição (em suma, desenhar um plano de acção anti-corrupção) e tarefa dos tribunais a repressão judicial. Porém, nesta matéria a sociedade também não deverá baixar os braços. E isso implicará a deslocação do combate.
Neste cenário e espaço de reflexão sobre Direito, Crime e Dependências, valerá a pena insistir na importância e interesse do 10. º Princípio do Pacto Global da ONU, no âmbito da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), que desde 2004 faz um chamamento directo: "as empresas devem: [...] 10. Actuar contra qualquer forma de corrupção, incluindo a extorsão e suborno".
Como facilmente se compreende, parte-se do reconhecimento de que o sector privado é um agente principal, porque além de quem solicita ou recebe um suborno, está do outro lado quem realiza o pagamento da vantagem. O que significa que é no sector corporativo que está a base das práticas corruptas, e também, a base, a linha de frente, na luta contra a corrupção. Deste modo, tentar-se-á perspectivar as dinâmicas de corrupção no sector corporativo e o modelo de prevenção e punitivo existente.
A meu ver, é, de facto, possível considerar que a integração do Décimo Princípio do Pacto Global na agenda da Responsabilidade Social Empresarial enviou um sinal forte a todo o mundo da responsabilidade das empresas nos desafios para minimizar a corrupção. Não tendo ignorado isto, as empresas têm intensificado esforços para a sensibilização e implementação do mesmo. De igual modo, as instâncias internacionais e nacionais também conseguiram avanços importantes. Mas há que ter presente que a implementação do Décimo Princípio constitui um difícil desafio (dado que a corrupção tem uma longa história de muitos séculos e foi - e continua a ser uma forma de dependência/sobrevivência das empresas difícil de quebrar.
- BURGOA, Elena

Elena Burgoa, jurista, é natural de Espanha. Mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela FDL e doutoranda na Faculdade de Direito da Universidade Nova (FDUNL).
É membro do Centro de Investigação & Desenvolvimento sobre o Direito e Sociedade (CEDIS) - FDUNL.
Áreas prioritárias de interesse científico e de investigação: crimes de corrupção, criminalidade económica, e crime e sociedade, designadamente os crimes praticados por categorias específicas de autores ou grupos colectivos.
PAP0874 - “De olho nas aves” - a produção de conhecimento científico e tecnológico entre “birdwatchers” e cientistas
A participação de não-cientistas na produção de conhecimento científico e tecnológico tem vindo a conhecer um incremento conduzindo a avanços em diferentes áreas científicas. Esta participação tem permitido a complementaridade do conhecimento dos peritos com a observação e o conhecimento dos leigos, bem com a organização de espaços onde os vários actores expõem argumentos e recomendações (p.e. Irwin, 1996; Wynne, 1995; Gonçalves, 2007; Joss, 1999; McCormick, 2009), mas também se tem verificado que, independentemente do conhecimento específico e insubstituível produzido pelos laboratórios, peritos e leigos trabalham em estreita colaboração, sendo o conhecimento apropriado, discutido e adaptado por um conjunto diversificado de actores, e onde existe uma aprendizagem colectiva (p.e. Callon, 1999, 2003; Rabeharisoa & Callon, 2004).
A presente comunicação centra-se no domínio da ornitologia, área onde tem existido uma forte participação de não-cientistas, sobretudo, em países como os Estados Unidos da América ou o Reino Unido onde existem projectos comuns com cientistas. Os avanços tecnológicos que permitem o acesso mais fácil e rápido a informação bem como a recolha e transmissão de dados através de plataformas on-line, a percepção de que os leigos representam uma forma de aceder a dados fiáveis e em quantidade de modo pouco dispendioso (Barrow, 2007) e, ainda, o facto de muitas entidades financiarem projectos em função do envolvimento de leigos (Silverton, 2009) têm levado ao incremento da participação de não-cientistas na área da ornitologia.
Em Portugal a participação de leigos em actividades de conservação e estudo de aves constitui uma actividade recente em comparação com países como os Estados Unidos da América ou o Reino Unido. Apesar de existirem alguns não-cientistas que se iniciaram como observadores de aves anteriormente à expansão desta actividade, apenas nos últimos anos se começaram a multiplicar as iniciativas e projectos que envolvem “birdwatchers” – estas iniciativas vão desde a recolha de dados sobre aves no âmbito, p.e., da sua chegada e partida em diferentes pontos de Portugal Continental, à recolha de dados sobre aves com recurso à sua anilhagem científica, até projectos que pretendem a participação de cientistas e não-cientistas na constituição de bases de dados on-line sobre a biodiversidade em Portugal e que podem cruzar-se com as iniciativas anteriores.
Através da realização de entrevistas a cientistas e não-cientistas (“birdwatchers”) que colaboraram e colaboram entre si na área da ornitologia, esta comunicação tem como objectivo contribuir para identificar e caracterizar esses modos e espaços de produção e legitimação da ciência, reflectindo sobre como é que o conhecimento é produzido, qual o papel da cooperação e controlo de resultados nessa produção e que condições existem para a produção de conhecimento.
- DUARTE, Teresa

Nome: Teresa Duarte
Afiliação institucional: ISCTE-IUL
Área de formação: sociologia
Interesses de investigação: estudos sociais da ciência; relação entre leigos e peritos. Encontro-me a realizar um doutoramento em sociologia, genericamente, sobre novos modos de produção do conhecimento científico e tecnológico, com especial enfoque na relação de leigos e peritos na produção de conhecimento C&T.
PAP0179 - “Deus fez o homem e a mulher”. Representações dos decisores de adopção acerca da parentalidade biológica e a parentalidade sócio afectiva
A adopção em Portugal é um campo de debate e controvérsia, atravessado por críticas à morosidade da justiça e das equipas dos serviços que são responsáveis por associar crianças em estado de adoptabilidade com candidatos aptos para adoptar. Durante a primeira década do séc. XXI, a legislação portuguesa relativa à protecção da infância sofreu alterações consideráveis. Entre as mudanças mais recentes podemos encontrar medidas como a redução de seis para três meses de período de manifesto desinteresse por parte da família biológica ou a irrevogabilidade do consentimento para adopção. Estas e outras novas soluções pretendem agilizar a adopção, respeitando os tempos da criança e o seu superior interesse.
O grande objectivo da investigação para tese de mestrado, orientada pela Prof. Doutora Anália Cardoso Torrres, foi o conhecimento das representações e práticas dos decisores de adopção em Portugal, da sua inclinação para decidir ou não com base em preconceitos familiares, a diversidade da sua formação académica e complementar, e aferir a propensão para, perante uma situação de risco, tantas vezes irreversível, privilegiar a família biológica em detrimento de famílias alternativas. Para isto, seleccionámos 30 entrevistados, todos eles decisores em momentos distintos do processo de adopção: assistentes sociais dos serviços de adopção, que seleccionam candidatos e fazem o encaminhamento das crianças; e magistrados, procuradores e juízes, decisores finais do processo.
Nesta comunicação damos conta das respostas a algumas questões que explorámos junto destes decisores: novas formas familiares (em termos mais gerais ou especificando em relação às famílias monoparentais e homossexuais), o casal heterossexual e a diferença entre família biológica e família adoptiva; e pretendemos aferir a existência ou ausência do privilégio da família biológica e quais as suas opiniões acerca da parentalidade socioafectiva.
Concluímos que cerca de um terço dos decisores entrevistados olha com desconfiança para novas formas familiares e baseia conscientemente as suas decisões em modelos tradicionais de família, heterossexual e biológica, considerando que esse é o superior interesse da criança, sendo que nos restantes dois terços estes aspectos surgem mais esbatidos.
Esta comunicação baseia-se no Working Paper do CIES-IUL:
http://www.cies.iscte.pt/destaques/documents/CIES-WP102_Oliveira.pdf
PAP1370 - “Direito dos animais”: a igualdade moral entre humanos e não humanos através da capacidade de sofrer
É possível observar no Brasil e em diferentes países mobilizações políticas de defesa dos “direitos dos animais”. Trata-se de movimentos que questionam a singularidade dos humanos em muitos aspectos acionados para demarcar sua posição exclusiva. Tendo em vista essas ações políticas, discutiremos que é através da afirmação de que os animais "possuem capacidade de sofrer" que esses movimentos buscam construir uma simetria entre humanos e não humanos no plano da igual consideração do valor da vida. O presente trabalho tem então como objetivo discutir que a percepção de que o sofrimento é algo compartilhado com os humanos adquire centralidade no discurso dos defensores para justificar o novo tratamento aos animais que está sendo reivindicado. Através da observação participante e de análise do material produzido pelos chamados movimentos de defesa dos “direitos dos animais” iremos observar então como é proposta uma desconstrução e uma reconstrução sobre as relações entre humanos e animais a partir da afirmação de que ambos possuem igualmente a capacidade de sofrer. Diante do desafio de lidar com a construção social dos animais como vidas que contam, a ação desses movimentos é compreendida então como um processo social e político que traz marcas diferentes do que pode ser considerado moralmente legítimo no âmbito das relações entre humanos e animais. Da perspectiva desses atores sociais, “se um ser sofre, não poderia haver nenhuma justificativa de ordem moral para nos recusarmos a levar esse sofrimento em consideração”. Observa-se que embora a modernidade seja caracterizada pela afirmação da condição humana e sua singularidade (Ingold, 1994), o que está sendo colocado em jogo atualmente é o questionamento sobre as noções de humanidade e animalidade. Esses movimentos enquadram a luta pelos “direitos dos animais” no âmbito da luta por justiça, afirmando que o tratamento desigual é fruto da percepção da superioridade humana frente às demais espécies. Ao criticar a relação hierárquica entre seres humanos e animais como valor moderno, a atribuição de capacidade de sofrer também por parte dos animais é acionada para justificar e defender uma equivalência moral entre humanos e animais. Nesse caso, entra em jogo a perspectiva de uma transformação dos padrões culturais e políticos, a fim de estabelecer uma “igualdade para além da humanidade”. Portanto, a concepção do animal como um ser vivo que tem emoções, que sofre, que sente tristeza é mobilizado politicamente por esses movimentos a fim de produzir transformações sobre o direito e a moral, ao reivindicar que humanos e animais façam parte da mesma comunidade política.
- PERROTA, Ana Paula
PAP0315 - “EU FAÇO UM SEXO AMOROSO!” A sexualidade experienciada por jovens rapazes e raparigas (17 a 25 anos)- porto/ Portugal - estudo exploratório através de grupos de discussão, de análise qualitativa.
Centrados nas vivências, práticas, comportamentos e significados dos/as jovens, nesta comunicação foca-se a sexualidade do ponto de vista das práticas. A sexualidade dos/das jovens, é uma prática efetiva. Veremos como ela surge ancorada a um sistema de significados e símbolos culturais que, actuando nos discursos e nos comportamentos, reproduz categorias tradicionais de género. O método de pesquisa empírico desta investigação recaiu na técnica metodológica grupos de discussão. Em cada grupo combinamos características homogéneas - com base na idade e na escolaridade - e heterogéneas – aqui definidas a partir do sexo dos elementos participantes (rapazes e raparigas).A discussão em grupo, permitiu-nos obter uma variabilidade discursiva. Orientada por padrões da sociedade moderna, a sexualidade destes jovens surge como um processo naturalmente legitimado nas trajetórias juvenis. Ela assume uma dimensão individualizada (Giddens, 1996), pensada como necessária à subsistência dos relacionamentos.
A iniciação teve lugar com um/uma parceiro/a conhecido/a (designado/a por namorado/a), o que indica um sentido de distanciamento em relação à forma tradicional de iniciação sexual/coital masculina, de recurso à prostituição (Pais, 1993;1998). Apesar da aproximação em determinados entendimentos e comportamentos entre rapazes e raparigas, não deixa de ser acompanhada da permanência de significados e símbolos culturais que operam nos discursos e nas práticas, reproduzindo categorias de género. A tomada de decisão e os medos associados à primeira relação sexual/coital refletem valores morais diferenciados: - as raparigas a manifestarem sentido de responsabilidade pelas consequências do ato; os rapazes a viveram como fundamental a questão do desempenho - os rapazes são, mais do que as raparigas, afirmativos da não-aceitação da norma da virgindade pré-conjugal. Para os rapazes, a iniciação precoce na sexualidade surge, como uma valorização que no grupo de pares confirma a identidade masculina, através da afirmação da virilidade. Na relação continuada, os/as jovens adotam práticas sexuais de grande intimidade. A partir de discursos imbricados de modos de produção de sentidos inerentes ao duplo padrão de género temos ainda oportunidade de perceber analisar as relações entre sexualidade, prazer, relação e práticas comportamentais eróticas e pornográficas. Os/as jovens interrogam-se sobre as práticas sexuais nas relações de crescente intimidade, do ponto de vista do seu significado relacional: - Em que medida elas traduzem fazer amor ou fazer sexo?
- “Eu faço um sexo amoroso!”
- VIEIRA, Cristina

Nome: Cristina Pereira Vieira;
Afiliação institucional: CEMRI/UAb
Área de formação: Doutorada em Sociologia - área específica de sociologia da saúde
Interesses de investigação: sexualidade; jovens; género; minorias sexuais; saúde
PAP0034 - “Eu já fui a Tribunal!”: representações (profissionais e leigas) dos tribunais em Portugal
Num estado de direito, os espaços da justiça –
e sobretudo os tribunais – estão no cerne das
estruturas cívicas e democráticas, símbolos dos
princípios constitucionais da igualdade e do
acesso ao direito e à justiça. Entre a forma e
a função, os edifícios dos tribunais são a
materialização visível do exercício da justiça.
Daí a importância de se reflectir sobre as
condições em que se encontram, a adequação aos
diferentes tipos de conflitos e diligências
processuais e, sobretudo, a adequação aos
utentes que aí entram todos os dias ou aos
profissionais que neles trabalham. Uma boa
administração da justiça significa, também,
reflectir sobre os edifícios e os espaços que
melhor poderão servir a comunicação, a
acessibilidade e a legitimação do direito e da
justiça no século XXI.
E, contudo, estamos perante uma área onde
imperam as ausências ao nível da reflexão
teórica, pois nem teóricos e sociólogos do
direito, nem arquitectos se costumam debruçar
sobre esta temática ou trocar conhecimentos
entre si. E os profissionais da justiça, também
não.
Tentando colmatar esta ausência, esta
comunicação, no âmbito do Projecto de
Investigação “Arquitectura Judiciária e Acesso
ao Direito e à Justiça”, procurará estabelecer
pontos de diálogo entre as tendências que
marcam hoje a arquitectura judiciária em
Portugal e as representações e opiniões que os
profissionais da justiça, em especial juízes e
magistrados do Ministério Público, têm dos
espaços onde a justiça se concretiza todos os
dias.
- BRANCO, Patrícia
- CASALEIRO, Paula
- PEDROSO, João
PAP1208 - “Eu não vivi minha juventude”: narrativas de jovens sobre “ser jovem” e “ser adulto” na sociedade contemporânea
Durante um período de pesquisa de campo
etnográfica, entre educadores, jovens
participantes e egressos do Programa Projovem
Urbano na cidade de Fortaleza, ouvi uma jovem
comentar: “eu não vivi minha juventude porque
casei muito cedo e o Projovem fez com que eu me
sentisse jovem novamente”. Outra jovem relatou
em uma atividade do próprio Programa: “não tive
mocidade, não passei pela fase da adolescência
e minha vida até hoje e totalmente frustrada.
Abandonei os estudos cedo, não concretizei meus
sonhos”.
Esse primeiro registro etnográfico serve-me de
introdução ao tema proposto, que abordarei
buscando compreender as concepções simbólicas
que permeiam as noções de “ser jovem” e “ser
adulto” que fazem parte das narrativas de
jovens integrantes do Programa Projovem Urbano
de Fortaleza entre junho de 2010 e novembro de
2011.
Os jovens interlocutores da pesquisa possuem
entre 18 e 29 anos e são moradores de bairros
periféricos na cidade de Fortaleza. Entre os
elementos de suas trajetórias está a decisão de
sair da escola antes de concluir o ensino
básico, o casamento e a gravidez na
adolescência, a inserção em trabalhos com baixa
remuneração e sem direitos trabalhistas. Nesse
contexto, buscam adquirir independência e
autonomia, o que nas palavras de uma dessas
jovens significaria “não ter que depender de
ninguém”.
Em meio a esse mosaico, um novo elemento se
insere: a participação em uma política pública
ofertada pelo governo brasileiro, o Programa
Nacional de Inclusão de Jovens - Projovem
Urbano, que tem por objetivo promover a
elevação da escolaridade, a qualificação
profissional inicial, a inclusão digital e a
promoção de ações comunitárias de intervenção
local. O público-alvo é composto por jovens que
não concluíram o Ensino Fundamental e aos
alunos devidamente matriculados e com
participação efetiva no Programa, é concedido
um auxílio financeiro mensal no valor de R$
100,00. A participação nesse Programa é vista
por muitos jovens como uma oportunidade de
“mudar de vida” e concretizar seus planos de
futuro.
Por meio do trabalho de campo etnográfico, esta
pesquisa visa compreender quais são os
significados simbólicos atribuídos ao ser jovem
e ao ser adulto por esses jovens. Esses
significados são diferentes para homens e
mulheres? Que elementos e características do
ciclo vital são mobilizados em suas narrativas
para definir o que é ser jovem e ser adulto no
contexto social em que vivem?
Dessa forma, buscarei compreender se a ideia de
idade e de ciclos da vida perdeu significado
para esse grupo social. Outro questionamento a
ser proposto é se as condições sócio-econômicas
interferem sobre a representação e experiência
do ciclo de vida. Ademais, o Programa Projovem
Urbano exerce alguma influência para que esses
atores se considerem jovens?
- NASCIMENTO, Natália Ilka Morais
PAP0572 - “Façam o Milagre!”. Poluição, media e protesto ambiental na bacia do Lis
No final da década de 80 a suinicultura portuguesa transformou-se para dar resposta à crescente procura de carne de porco. Seguindo uma tendência internacional, reforçou a especialização e concentração regional da produção e diminuiu de forma acentuada o número de explorações, o que significou o aumento do número de efectivos produzidos por unidade. Se, por um lado, o sector conquistou um papel de relevo no aumento do rendimento económico e na criação de emprego, por outro lado, a concentração de suiniculturas com elevado número de efectivos reflectiu-se na degradação dos recursos hídricos e na perda de qualidade de vida e bem-estar das populações. A esta tendência juntou-se o adiar de soluções quanto ao tratamento de esgotos domésticos, industriais e suinícolas, apesar do elevado investimento público realizado a partir de 1986 com financiamento de Fundos Comunitários. Como resultado, temos assistido ao agravamento da qualidade da água dos principais rios nacionais e ao eclodir de importantes conflitos ambientais. Pela sua amplitude e maior visibilidade, a poluição da bacia hidrográfica do rio Lis é elucidativa quanto à situação do país. Em poucos anos, a produção de suínos transformou-se numa das principais actividades económicas da região, ao concentrar cerca de 1/5 da produção nacional, por sua vez maioritariamente praticada no troço a montante de um dos seus principais afluentes – a Ribeira dos Milagres. A poluição hídrica daí resultante tem gerado enorme controvérsia pública entre movimentos de defesa do ambiente de base local e os suinicultores, razão para a persistência do tema nos meios de comunicação nacional e regional. A alimentar a controvérsia acrescem dificuldades sucessivas na implementação de infra-estruturas de despoluição e a inconsequência das acções de fiscalização. O nosso objectivo passa por apresentar, a partir dos registos noticiosos de dois jornais regionais – Região de Leiria e Jornal de Leira – os principais momentos do conflito ambiental, os seus protagonistas, os cursos de água mais mediatizados, os avanços e recuos do processo, assim como as diferenças e semelhanças relativamente à mediatização feito pela imprensa de base nacional a partir das notícias publicadas pelo jornal Público.
- FERREIRA, José Gomes

José Gomes Ferreira, licenciado em Sociologia pelo ISCTE-IUL e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação pelo mesmo Instituto. Encontra-se actualmente a terminar o seu projecto de doutoramento em Ciências Sociais, especialidade de Sociologia, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, com o título “Saneamento básico: factores sociais no insucesso de uma política adiada. O caso do Lis”, orientado pela Prof. Doutora Luísa Schmidt. Integra desde 1998 a equipa do Programa Observa – Observatório de Ambiente e Sociedade, onde tem colaborado em diversos projectos.
PAP0588 - “Maiores de 23”: Configurações e perfis em um programa para a inclusão de jovens e adultos no Ensino Superior
A escola é um espaço de socialização e de aproximação com a cidadania. O direito à educação é reconhecido nas mais diferentes sociedades, mesmo que existam dificuldades para realizá-lo. A situação dos jovens em relação ao sistema educacional constitui-se como preocupação social, política, econômica e acadêmica, pois, esse momento da vida é concebido como constituinte da vida adulta. Entretanto, mesmo com essa concepção sobre a educação, não são todas as sociedades que conseguem garantir escolaridade aos cidadãos, sobretudo na idade estabelecida como a adequada. A partir disso, são planejadas ações, na forma de políticas públicas, que visam ao aumento da escolaridade e à garantia do proclamado direito à educação. Mesmo com inúmeras dificuldades, muitos países têm conseguido aumentar os índices educacionais da população. Tal é a realidade de países como Portugal.
A educação ao longo da vida, cada vez mais, perpassa os ideais relacionados à educação em diferentes sociedades. É nesse campo de discussão sobre a educação ao longo da vida que está situado o programa “Maiores de 23”, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, e que faz parte da política de Ensino Superior de Portugal, a qual tem como uma de suas diretrizes a promoção da igualdade de oportunidades no seu acesso e pretende atrair novos públicos.
O acesso ao Ensino Superior, segundo o Maiores de 23, ocorre a partir da realização de uma prova que avalia a capacidade dos candidatos. São consideradas as maneiras mais adequadas para cada curso e perfil de candidato e é enfatizada a experiência profissional.
A presente comunicação resulta de pesquisa desenvolvida no âmbito do projeto “Transformações do Ensino Superior Brasil/Portugal (1985/2011)”, no qual um dos objetivos da investigação era analisar o programa “Maiores de 23”, o qual possibilita o ingresso de jovens e adultos a partir da referida idade no Ensino Superior, mesmo que não tenham concluído o ensino secundário. A pesquisa teve como recorte específico o caso da Universidade de Lisboa e analisou dados coletados pelo Observatório dos Percursos dos Estudantes da mesma universidade. O trabalho analisa essa política pública a partir do contexto educacional português e traça um perfil dos participantes do programa ao longo dos últimos anos, destacando características relacionadas à questão de gênero e de idade, às práticas relacionadas ao trabalho, aos percursos familiares e às experiências escolares pregressas.
- PETRÓ, Vanessa
PAP0489 - “Mas os ricos não moram aqui!”: identidade, estigmatização e media na percepção de crianças e jovens de um bairro social
Notícias relacionadas a acontecimentos violentos ocorridos na Quinta do Mocho, em Sacavém, Loures, são frequentes nos telejornais e jornais impressos do país. Notícias positivas, no entanto, são raras. O bairro foi construído há nove anos para realojar famílias provenientes principalmente das ex-colónias africanas que viviam em barracas desde a década de 1980. Hoje é habitado por cerca de 2600 moradores, dos quais aproximadamente 700 são crianças (de 0 a 18 anos).
Frequentemente rotulado como “problemático” pelos media, o bairro, por outro lado, é um espaço fundamental de construção da identidade de crianças e jovens filhos de imigrantes, que se recusam a chamar o sítio onde vivem pela denominação oficial (Urbanização Terraços da Ponte) e continuam a identificá-lo pelo antigo nome do “bairro de lata” onde viveram seus pais ou avós.
Apesar dos inúmeros relatos que caracterizam a estigmatização de que são vítimas – “Os meus familiares não vêm cá. Pensam que vão logo ser assaltados.”/ “Os taxistas não querem entrar aqui”/ “Alguns dizem na escola: Vou lá pôr o pé e levo um tiro na cabeça e sou assaltado!” – as crianças e jovens afirmam gostar do sítio onde vivem, especialmente pela convivência com os amigos e pessoas do local. A estigmatização parece ser vista como uma ameaça externa e inevitável, contraposta com uma forte identidade de pertença comunitária, revelada em múltiplas formas que por vezes confirmam e outras contradizem o estereótipo do bairro e dos jovens “problemáticos” construído pelos media.
Neste artigo, partimos de diversas metodologias qualitativas (grupos de discussão, entrevistas, produção de vídeos/fotos e observação participante) aplicadas em encontros semanais durante seis meses com cerca de 25 crianças e jovens entre 9 e 16 anos no Projeto Esperança (Programa Escolhas) para analisar processos de construção identitária e de negociação de sentidos num contexto de exclusão social, com especial atenção para a influência mediática.
- MARÔPO, Lidia

- MEIRINHO, Daniel
Lidia Marôpo
Investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação Media e Jornalismo/Universidade Nova de Lisboa
Professora auxiliar na Universidade Autónoma de Lisboa
Doutorada em Ciências da Comunicação (FCSH/UNL)
Interesses de investigação: representações de crianças e jovens no discurso noticioso, crianças e jovens como audiências dos media, sociologia da infância e sociologia do jornalismo.
PAP0929 - “Novos pobres” e o impacto económico, social e simbólico do RSI
Palavras-Chave: Novas formas de pobreza, Desqualificação social, Rendimento Social de Inserção
Nas sociedades contemporâneas persistem e reproduzem-se velhas e novas desigualdades sociais inerentes ao modo de produção capitalista, dando lugar a novas formas de pobreza, afectando e fragilizando determinados grupos sociais. Estes conhecem uma posição social específica, marcada pela privação de recursos e novos tipos de pobreza, a que se associam situações de degradação, desqualificação e descrédito sociais.
Entre os ‘novos pobres’ encontram-se novos grupos de requerentes do Rendimento Social de Inserção (RSI): indivíduos qualificados e pessoas sobreendividadas que, desempregados e sem recursos herdados ou adquiridos (poupanças), não tendo outra forma de sustento, caem numa situação de fragilidade.
O Rendimento Social de Inserção, enquanto medida de política social que visa assegurar aos indivíduos em situação de pobreza e exclusão social e às suas famílias, uma prestação mínima com o objectivo de garantir a sua subsistência, bem como o direito à progressiva inserção laboral e social tem-se assumido como fundamental, também para estes novos beneficiários, cada vez mais numerosos no conjunto dos requerentes.
Na ausência de outras alternativas financeiras, estes indivíduos frágeis (Paugam, 1991) contactam os serviços de assistência social, dando início a um processo de desqualificação social que afecta a sua identidade e os rotula de “assistidos”, passando a sofrer deste estigma quando entram em relação com os outros. Contudo, ao invés de outros beneficiários do RSI, estes indivíduos esperam que a sua situação de dependentes dos serviços de assistência social seja temporária (Rodrigues, 2010 e Paugam, 2003).
Estes “novos pobres” constituem a população-alvo desta pesquisa. Com base na análise das histórias de vida e da informação constante dos processos individuais de beneficiários do RSI do Distrito do Porto com habilitações escolares médias/superiores e um passado dominado pela inserção laboral, estabilidade sócio económica, familiar e plena integração social, este trabalho põe em evidência os impactos económicos, sociais e simbólicos do RSI para um grupo de desempregados qualificados e indivíduos sobreendividados.
Nesta pesquisa discute-se ainda a adequação dos dispositivos de inserção do RSI a este novo tipo de beneficiários tendo em conta, nomeadamente, as suas características e as suas representações e expectativas em relação à medida e aos seus dispositivos.
COSTA, Alfredo Bruto da, et al.(Coord),(2008), Um Olhar Sobre a Pobreza, Vulnerabilidade e Exclusão Social no Portugal Contemporâneo, Trajectos Portugueses, Gradiva, Lisboa.
PAUGAM, Serge (2003), “A desqualificação social”, Porto Editora, Porto.
RODRIGUES, Eduardo Vitor (2010), “ Escassos Caminhos: os processos de imobilização social dos beneficiários de RSI”, Edições Afrontamento, Porto
- FERNANDES, Mónica

- MELO, Jacinta
- REIS, Zélia
- MATOS, DELERUE, FLAMBÓ, Emília
Nome: Mónica (Elisabete da Silva) Fernandes
Afiliação Institucional:Centro de Investigação em Ciências Sociais, Universidade do Minho (CICS/UM)
Habilitações: Licenciatura e Mestrado em Sociologia, Desenvolvimento e Politicas Sociais.
Actualmente: Bolseira de Investigação no CICS/UM, com o projecto de investigação intitulado: Desigualdades e “novas formas” de pobreza em Portugal: condições de vida epercursos de pessoas sobreendividades e qualificadas em precariedade, financiado pela FCT.
Áreas de interesse de investigação: Pobreza e exclusão social, envelhecimento, saúde(mortalidade infantil), entre outros.
PAP0593 - “Os meus, os outros ou os nossos”: A integração dos alunos migrantes na Universidade de Aveiro.
Com esta comunicação pretende-se apresentar e assim debater um trabalho de mestrado em desenvolvimento na Universidade de Aveiro sobre a Integração dos Alunos Migrantes, nomeadamente, os alunos oriundos dos PALOP e Timor Leste. Este trabalho surge como forma de combater uma preocupação levantada pela própria instituição relativamente ao insucesso escolar e de enquadramento por parte destes mesmos alunos.
As migrações são uma realidade constante em Portugal e a imigração tem sido desde meados dos anos setenta um facto incontornável, com impacto necessariamente no ensino superior. Facto que merece especial atenção pelo significativo acréscimo do número de estrangeiros a residir em Portugal e pela sua forte heterogeneidade no que à nacionalidade da sua população concerne (Norte et al, 2004:7).
Além disso, com a crescente globalização do mercado de trabalho, com o desenvolvimento das redes transnacionais de apoio à imigração e com a livre circulação de bens, pessoas e capitais no seio da União Europeia, esta tendência imigratória foi-se alargando a outros países e continentes (Abreu & Peixoto, 2009:738).
Este projecto, se por um lado, pretende responder às necessidades dos alunos migrantes considerando as infra-estruturas políticas e sociais da instituição. Por outro, tenta perceber o que pode ser mudado ou criado para promover uma melhor vida académica e social (acolhimento, orientação e integração) aos mesmos durante o período de tempo que aí estudam.
Assim, procura-se delinear mecanismos que respondam à questão da integração dos alunos e sua orientação na universidade de Aveiro, isto é, com as infra-estruturas, medidas e apoios de que a universidade deve possuir de modo a permitir um bom desempenho por parte deste grupo de alunos.
Assiste-se, neste sentido, a um contraste entre os alunos dos programas de mobilidade e os outros, isto é, dois cenários semelhantes, mas simultaneamente muito diferentes. Os alunos europeus dos programas de mobilidade cujo processo de chegada e enquadramento na universidade de destino é previamente preparado contrariamente ao que acontece com os alunos migrantes. Alunos igualmente oriundos de países estrangeiros, imigrantes em Portugal ou detentores de background migrante, mas que não se encontram ao abrigo de um programa de cooperação interuniversitária nem lhes são, muitas vezes, facultados apoios de forma a facilitar a sua integração na universidade de destino.
- ALVES, Stephanie Silva

- GOMES, Maria Cristina Sousa
Stephanie Silva Alves
Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro
Licenciatura em Línguas e Relações Internacionais
Interesses de investigação: Alunos estrangeiros, integração, políticas de acção social
PAP0840 - “Portuguese Communities in US (P-NB-FR-RI-MA) and Canada (Toronto): A comparative demographic and socioeconomic profile.”
In our presentation, we will compare and
contrast various demographic and socioeconomic
indicators relative to immigrant communities in
two North American societies: The United States
and Canada. In the United States, we will
analyze data pertinent to the Providence, Fall
River and New Bedford urban continuum,
comprised of cities which have experienced high
levels of Portuguese settlement since the
second half of the 19th century, with a renewed
large wave of immigration after the late
1950’s. In Canada, we focus on the Luso-
Canadian communities of Toronto, where a large
number of Portuguese immigrants have settled
since 1953.
Utilizing official American Community Survey
data and census data, as well as personal
interviews, we will compare and contrast the
communities of both countries along
educational, income and occupational
achievement as well as spatial mobility. We
will attempt to provide theoretical
explanations for observed differences or
similarities between the communities of the
United States and Canada. We will also compare
the immigrant group (born in Portugal) to the
ancestry group (foreign born and American born)
to analyze the progress that has been made by
the entire group across generations. Our
analysis of the Portuguese American and
Portuguese Canadian experiences will be
informed by recent theoretical developments in
the field of race, ethnicity, immigration and
incorporation of newcomers into host societies.
We will also elaborate on the impact that
socioeconomic and demographic changes within
the aforementioned Portuguese American and
Canadian communities will have for the
maintenance of social, economic, political and
cultural interchanges between Portugal and the
North American diaspora.
- SCOTT, Dulce Maria

- TEIXEIRA, José Carlos
Dulce Maria Scott, Ph.D. in Sociology from Brown University, USA
· Professor of Sociology and Criminal Justice at Anderson University, Indiana, USA
· Affiliated researcher with the Institute of Portuguese and Lusophone World Studies at Rhode Island College (IPLWS)
· Founding co-editor of the Interdisciplinary Journal of Portuguese Diaspora Studies (IJPDS)
· Associate editor of the Journal of the Indiana Academy of the Social Sciences (JIASS)
· Research Consultant for the Portuguese American Leadership Council of the United States (PALCUS)
· Current research interests: socioeconomic and political integration of immigrants and ethnic groups into American society.
PAP0884 - “Santa Gianna Defensora da Vida” – uma leitura fenomenológica-cultural da devoção aos santos
Partindo da pregação testemunhal de uma devota da santa italiana Gianna Beretta Molla, num evento da Renovação Carismática Católica (RCC) na cidade de Campinas, Brasil, na qual ela narra sua experiência mística na relação com esta santa, o objetivo deste texto é pensar esta experiência tendo como ponto de partida tanto a narração em si, quanto a somatização dos efeitos místicos da cura milagrosa. Para tanto, baseio-me na noção fenomenológica de “corporeidade” elaborada por Merleau-Ponty e desenvolvida pelo antropólogo Thomas Csordas. A idéia é compreender como, ao longo da narrativa desta devota, se configura uma relação caracterizada pela homologia entre sua biografia e a da santa e pela inter-subjetividade de seus corpos fenomênicos. Neste caso, o uso do paradigma da corporeidade é útil para pensar a somatização resultante desta relação (e que aqui podemos chamar de milagre), pois permite aprofundar algumas questões ou perspectivas. Thomas Csordas, através do paradigma da “corporeidade”, olha para o corpo fenomênico como o lócus da cultura e o meio de sua experimentação, do “fazer-se humano” em suas infinitas possibilidades. Ou seja, o corpo é o lócus existencial da cultura e do sujeito. No caso etnográfico que me proponho analisar a devota conta sua aflição, que é a mesma da santa. No seu discurso, muitas vezes estava a falar de si, mas parecia estar falando sobre a santa, tamanha as aproximações retóricas do discurso. Noutros momentos, falava da santa, mas poderia muito bem ampliar a descrição para si. Desta relação devocional tão íntima e intensa surge a intervenção somática: a cura, que por sua vez, alimenta ainda mais a devoção mostrando que há um sistema que a organiza e que se retro-alimenta. O paradigma da corporeidade, segundo Csordas, não elimina a análise pelo paradigma da cultura, mas a complementa. Sua aplicação neste tipo de trabalho pode ser de grande rendimento, já que em muitos estudos a eficácia da cura miraculosa (ou mágica) é atribuída unicamente ao social, deixando de lado a perspectiva da experiência individual dos fenômenos.
- SOARES, Hugo Ricardo

meu nome é Hugo Ricardo Soares, sou graduado em História pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Brasil; mestre em Antropologia Social pela Unicamp com a dissertação "A Produção Social do Santo - um estudo do processo de beatificação do padre Rodolfo Komorek" e atualmente, doutorando em Antropologia Social também pela Unicamp.
Minha pesquisa de doutoramento é uma continuação daquela desenvolvida no mestrado, só que o enfoque agora é o processo jurídico de beatificação/canonização do padre Rodolfo Komorek. Para desenvolvê-la, estou fazendo, neste ano de 2012, um estágio de pesquisa em Roma, Itália sob a supervisão do professor Nicola Gasbarro da Universidade de Udine e com financiamento da agência de fomento à pesquisa Capes (Capacitação de Pessoal de Ensino Superior) do governo brasileiro.
O Objetivo é entender como se desenvolve a fase "romana" do processo de canonização e quais os pontos de convergência entre a dita devoção "popular" dos fiéis brasileiros ao padre Komorek com os anseios da instituição eclesiástica na produção de seus santos
Portanto, meu interesses de pesquisa, desde o mestrado, podem ser resumidos à abordagem antropológica e sociológica da dinâmica de produção de crenças no inteiror do catolicismo, com enfoques especiais na produção dos santos e santidade.
PAP0537 - “TESSITURAS DAS ARTES VISUAIS” PRÁTICA PEDAGÓGICA E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
O trabalho se propõe investigar as tessituras em processos de aprendizagem
através das artes visuais, presentes em práticas pedagógicas mediante
experiências estéticas significativas. Trata-se de um estudo de caso no
Sistema Municipal de Educação de Fortaleza, sendo problematizada a
inovação pedagógica, através das imagens. Nesse estudo, com registro em
fotografia e audiovisual, as artes são tomadas como forma de aprender pela
via subjetiva do conhecimento poético; em teia sensível da intuição, emoção,
criação, percepção e sensibilidade. Desse modo, se configura em pesquisa de
campo, valendo-se da abordagem etnográfica com o uso técnicas projetivas, e
observação. Propomos reconhecer que a arte pode criar um ambiente de
sensibilidade, gerando condições para a inteligência se realizar. Isso significa
que em uma cultura dominada pela imagem, a educação do olhar necessita de
uma concepção de cultura que inclua imagens e os seus significados múltiplos.
Nesse contexto, analisaremos mediante uma ação pedagógica que incite à
intervenção, bem como, à construção da produção e partilha de habilidades
constitutivas. Contudo,apesar de existir na Lei, a arte na educação brasileira
representa na maioria das instituições de ensino um conhecimento secundário,
é frequentemente reduzida à condição decorativa, para ser vista e
reproduzida. Todavia, outras formas de pensar as práticas pedagógicas se
desenham na contemporaneidade que não se adapta a educação fabril.
Aspira-se que o conhecimento construído é intelectual e também é intuitivo.
Considerando que o conhecimento acontece nos níveis da racionalidade
(argumentação /reflexão) e do sensível (emoção, intuição, percepção,
imaginação, criação). Questiona-se que separar aspectos conceituais de
emocionais pode resultar em uma visão fragmentada do indivíduo, negando o
pensamento, a emoção e a imaginação na construção do conhecimento. Ora,
o sistema educacional só pode ser compreendido se nele for acrescido,
significado o meio no qual o indivíduo está inserido, isso perpassa pelas
imagens, sons, toques, texturas, cores e formas da natureza e do entorno de
cada indivíduo. Analisaremos a educação nos ateliês de arte, vislumbrando
fomentar um espaço singular, menos rígido, com conexões mais abertas, que
se modificam com flexibilidade, apontando para a metacognição do processo
de apropriação visual. A experiência estética na educação passa assim, a ser
concebida como um espaço de construção de conhecimentos, como uma
proposta de desenvolvimento humano. Dessa forma, o papel da experiência
estética é aquele de ser um mecanismo funcional na inteligência,
possibilitando a renovação tanto do indivíduo quanto da sociedade, sendo a
educação que viabiliza a assimilação e a socialização de conhecimentos.
- BRICHTA, Simone de Fátima
PAP0422 - “Verdade biológica”, género e parentalidade: representações de mulheres e homens sobre testes genéticos de paternidade ordenados por tribunais
Em Portugal, o Estado desencadeia uma investigação de paternidade compulsória sempre que é registada uma criança nascida fora do casamento que não tem o nome do pai na certidão de nascimento. Neste contexto, é cada vez mais frequente que os tribunais recorram à realização de testes genéticos para apuramento da paternidade biológica, o que projeta uma conceção biologista do parentesco, que pode ou não servir de base ao exercício da parentalidade.
Esta comunicação discute as implicações que a genética pode produzir na configuração de família e da parentalidade, a partir das representações sobre os testes genéticos ordenados por tribunais, da parte de mulheres e homens envolvidos em investigações judiciais de paternidade, com o objetivo de mapear os impactos das diferenças e desigualdades de género nas percepções das responsabilidades, direitos e deveres parentais que decorrem do apuramento da “verdade biológica” da paternidade. Com base em 22 entrevistas em profundidade pretende-se (1) avaliar as experiências pessoais quanto ao funcionamento dos tribunais em casos de investigação de paternidade; (2) analisar as sensações e conhecimentos sobre os procedimentos associados à realização do teste de DNA, incluindo os respetivos resultados; (3) apreender a evolução das expectativas de parentalidade construídas desde a gravidez até conhecer o resultado do teste de paternidade; e (4) compreender a percepção de processos de avaliação social e descrição do apoio familiar.
A discussão dos resultados parte de uma perspetiva teórica que conjuga os conceitos de género e parentalidade, com os conceitos de genetização das relações sociais e de biocidadania. Os resultados obtidos apontam para configurações complexas entre relações de género e ideologias de parentesco baseadas na genetização da paternidade e moralização da maternidade. Os discursos produzidos reafirmam desigualdades de género, apoiadas na naturalização da maior sobrecarga da mulher nos cuidados aos filhos e numa relativa desresponsabilização financeira e afetiva da parte dos homens. Conclui-se que a biotecnologia, ao permitir atingir a “verdade biológica” da paternidade, produz também efeitos na configuração dos papéis e das identidades parentais e reproduz desigualdades de género que vulnerabilizam os direitos das crianças sem pai legalmente reconhecido, mas também das mães e dos pais biológicos.
- MACHADO, Helena

- BRANDÃO, Ana Maria

- FARIA, Alessandra

- SILVA, Susana

Helena Machado
hmachado@ics.uminho.pt
Helena Machado é doutorada em sociologia e professora associada com agregação no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho. É membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação centram-se na área da sociologia da genética forense, da genetização das relações sociais, e das representações mediáticas em torno da tecnologia no combate ao crime. Tem coordenado diversos projetos de investigação sobre esses temas, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desenvolve investigação pioneira em Portugal sobre os impactos sociais, jurídicos e éticos da utilização de tecnologia de DNA em contextos forenses.
Ana Maria Brandão
anabrandao@ics.uminho.pt
Ana Maria Brandão é professora auxiliar no Departamento de Sociologia da Universidade do Minho e Investigadora Integrada do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Doutorada em Sociologia pela Universidade do Minho, com uma tese intitulada “«E se tu fosses um rapaz?» Homo-erotismo feminino e construção social da identidade”. Os seus interesses de investigação centram-se na análise dos processos de construção identitária na modernidade, privilegiando a interseção entre sexualidade e género.
Alessandra Faria
alessandrafaria@ces.uc.pt
Alessandra Faria é investigadora Júnior do Centro de Estudos Sociais. É mestre em Sociologia pela Universidade do Minho, com uma tese sobre representações de género entre mulheres chefes de famílias monoparentais empobrecidas. É também pós-graduada em Educação Sexual pela Universidade Salesiana de São Paulo (Brasil). Os seus interesses de investigação centram-se no estudo das relações de gênero, da parentalidade e da educação em sexualidade em âmbito formal e informal privilegiando a abordagem intersecional através da observação do cruzamento do gênero com a raça/etnia e a classe social.
Susana Silva
susilva@med.up.pt
Susana Silva, doutorada em Sociologia, é investigadora auxiliar no Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, exercendo as suas atividades no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Na investigação privilegia o estudo da compreensão pública da biotecnologia e da saúde e dos usos sociais das tecnologias reprodutivas e genéticas. Participa em diversos projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, destacando-se a coordenação de estudos sobre as decisões dos casais em torno do destino dos embriões criopreservados e papéis parentais e conhecimento em unidades de cuidados intensivos neonatais. Tem publicações recentes em revistas internacionais, como a Sociology of Health & Illness; Health; Health, Risk & Society; PLoS ONE; Journal of Biomedicine and Biotechnology; Forensic Science International; New genetics and society; e BioSocieties.
PAP0760 - “Videovigilância em Portugal. Retórica política no seio de um projecto tecnológico”
GT Vigilância na sociedade contemporânea: estudos e perspectivas
Esta comunicação descreve o processo político de implementação de sistemas de videovigilância na via pública em duas cidades portuguesas, Porto e Lisboa. Focando o período entre 2005 e 2010 discute o modo como a videovigilância foi usada como reflexo de uma resposta política imediatista a um problema social: o ‘sentimento de insegurança’.
Discute ainda como a percepção generalizada da eficácia deste instrumento de reforço da segurança assenta em dados genéricos e inconclusivos, pautando em grande medida, a própria ambiguidade e disparidade dos propósitos que sustentam a sua implementação na via pública. Conclui-se esta apresentação reflectindo sobre o medo e a insegurança no contexto das actuais políticas de segurança europeias.
- FRÓIS, Catarina
PAP0759 - “Vigilância e participação política: desafios e reconfigurações”
GT Vigilância na sociedade contemporânea: estudos e perspectivas
O objectivo desta comunicação é identificar desafios e reconfigurações que se colocam à participação política, e por consequência à democracia, nas sociedades contemporâneas, tendo em conta o crescente aumento dos processos de vigilância.
Embora uma boa parte da investigação feita se debruce principalmente nas ameaças que a vigilância coloca à democracia, remetendo a análise para os trade-off liberdade/privacidade ou liberdade/segurança, pretende-se, nesta comunicação, focar o debate numa questão mais transversal – a participação política – e também numa concepção mais lata de política, entendendo-a como a capacidade que os actores individuais ou colectivos têm de fazer a diferença no que concerne às questões públicas.
Em primeiro lugar, serão analisados os factores que contribuem, de um modo tanto extensivo como intensivo, para o aumento da vigilância, o que é possibilitado por uma maior sofisticação tecnológica dos artefactos utilizados, por uma crescente abrangência da sua acção e por uma diversificação acelerada das suas formas, e que contribui, de um modo substantivo, para uma ameaça ao exercício dos nossos direitos civis, sociais e políticos.
Em segundo lugar, será debatido a questão da autonomia, pedra basilar para a livre expressão de ideias e para a participação nas tomadas de decisão. Se a consagração e, em particular, a implementação dos direitos sociais foram, na perspectiva marshalliana, um marco significante para a possibilidade de exercício dos direitos civis e políticos. Somos hoje confrontados, por um lado, com a redução daqueles direitos, o que recoloca “velhos” processos de dominação social e política e, por outro, com “novos” mecanismos – os da vigilância – que desafiam a autonomia, importando explicitar o seu modus operandi.
Por fim, será analisado o modo como a intensificação da vigilância poderá reconfigurar as condições necessárias à participação política – os recursos, as oportunidades de participação e a mobilização - condições essas analisadas em função de uma cidadania mais activa ou mais passiva.
- SIMÕES, Maria João
PAP1405 - «Estou sempre online» - a internet como espaço de cidadania, em contexto profissional
O uso das tecnologias de informação e comunicação, especificamente a Internet, tem sido objecto de numerosos estudos nos últimos anos. Todos reconhecemos a importância da Internet nos dias de hoje e isso é verificável em várias actividades profissionais (especialmente as mais qualificadas).
Na última década e meia, autores como Smith e Kollock (1999), Rheingold (2000) e Wellman (2002) desenvolveram modelos teóricos que reflectem sobre as comunidades virtuais no ciberespaço, a sua relação com as comunidades reais e com a esfera pública. Com base num questionário respondido on-line por cerca de 650 entrevistados, avaliamos o grau e tipo de uso da Internet por médicos, especificamente aqueles que frequentam o Internato.
Foi dada especial atenção ao uso que esses profissionais fazem de um fórum on-line, activo desde 2003, com mais de 8000 utilizadores registados e 14500 mensagens. Este fórum é um espaço semi-público para discussão, partilha, participação e cidadania (características típicas de «Web 2.0»), entre médicos em formação.
Esta apresentação tenta identificar a estrutura e os principais temas discutidos neste fórum on-line e demonstrar em que medida esta nova forma de interacção social resulta em novos conhecimentos sobre a profissão médica, que são reproduzidos e transmitidos aos médicos mais jovens.
- JORGE, Nuno Santos

Nuno Santos Jorge
Docente no Instituto Politécnico de Santarém
Doutorado em Sociologia no ISCTE
Interesses de investigação: Sociologia das Profissões, Inserção profissional de diplomados, Sociologia da Internet
PAP1532 - ´Sou uma pessoa que não vale nada!´. Sobre a experiência vivida da estigmatização territorial na era da marginalidade avançada
"Tenho pena de continuar a ser aquele mesmo pobrezinho, porque sou uma pessoa que não tem importância, não vale nada, não vale nada! Nada…". A afirmação, espécie de desabafo que só surpreende pela naturalidade crua com que, a dada altura, entre relatos de episódios familiares e velhas histórias da tropa, Fernando, morador de longa data de um dos mais degradados e demonizados bairros de habitação social do Porto, no-la atira não pode senão despertar – em quem a ouve e não a sente – a curiosidade acerca das reais consequências pessoais da experiência reiterada da relegação social, em especial quando esta se vê redobrada pelas marcas da pertença a um contexto socioterritorial vilipendiado. As consequências pessoais da relegação social e da estigmatização territorial: eis um domínio de análise – que talvez possamos afirmar estar próximo do da epidemiologia social (encarada aqui, não obstante, sob uma perspetiva mais qualitativa do que quantitativa) – que permanece largamente inexplorado. Com efeito, havendo já no nosso país alguns trabalhos relevantes sobre as consequências gerais resultantes da persistência de elevados índices de desigualdade social, perduram importantes lacunas no que diz respeito à exploração sociológica dos efeitos que esta desigualdade inscreve no “corpo” e na “alma” daqueles que quotidianamente convivem com formas mais ou menos agudas de privação e que carregam consigo a marca da pertença a um grupo desprestigiado. A partir da descrição das experiências diárias e dos relatos de moradores de um bairro social portuense, esta comunicação procurará descer ao nível pessoal da classe. Nela se apresentarão e discutirão, consequentemente, alguns elementos de análise visando o aprofundamento da teorização sociológica em torno dos significados da pertença, na cidade contemporânea, às classes populares e, em especial, aos segmentos que, nelas, menos recursos possuem e que, ademais, habitam contextos socioterritoriais particularmente deserdados. Parte de um esforço mais vasto de problematização sociológica das consequências sociais das intervenções habitacionais do Estado no centro do Porto ao longo do último meio século, a discussão que se pretende suscitar com esta comunicação procurará contribuir para densificar, pela especificação, os estudos de epidemiologia social, possibilitando, ao mesmo tempo, o fornecimento de pistas empíricas para um aprofundamento da reflexão a propósito da teoria bourdieusiana do habitus.
- QUEIRÓS, João

Sociólogo.
Investigador do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Assistente Convidado na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto.
PAP0104 - ¿Ambiente - Sociedad? ó ¿Sociedad - Ambiente? Crisis y reconfiguracion de una relación. Reflexiones y propuestas desde la Sociología Rural
Sin lugar a dudas es en el medio rural donde
más nítidamente se expresa la relación entre
la sociedad y el ambiente. Relación que sin
embargo ha ido adquiriendo a través del tiempo
diferentes modalidades determinadas
fundamentalmente por los modelos de desarrollo
en boga. Así, en una rápida perspectiva
histórica pueden identificarse tres formas
principales por las que ha transitado la
relación: a) una visión en la que -en el medio
rural al menos- la relación entre sociedad-
naturaleza, mediada por la cultura, no
establece distinciones jerárquicas pues se
conciben como interdependientes; b) el modelo
de desarrollo productivista de los años 50-60
en América Latina, que plantea tácitamente una
separación y dominio de lo social sobre lo
natural y, c) la tendencia, no total y
completamente asumida, que ante las
consecuencias ecológicas generadas por el
modelo de desarrollo productivista plantea una
inversión de la relación; esto es, la
conservación del ambiente se coloca por encima
y como condición para la subsistencia de la
sociedad. Esta última posición enarbolada por
el discurso oficial del desarrollo
sustentable, por ejemplo.
Estas tres formas de relación entre ambiente y
sociedad, contienen implícitamente una
justificación ideológica y política. Las dos
últimas expresan una separación entre sociedad
y naturaleza, o ambiente, propia del
pensamiento occidental ligados sin duda, a
procesos de dominación tanto de los recursos
biofísicos como de y entre diferentes grupos
sociales.
Una opción diferente se nutre de los estudios
de la relación naturaleza-cultura y del
rescate justamente, de las manifestaciones
primigenias de las culturas
indígenas/campesinas con sus ecosistemas.
Opción que, en el terreno teórico está dando
forma a disciplinas como la sociología
ambiental pero sobre todo a nuevos
planteamientos para el desarrollo en zonas
rurales.
Partiendo de una somera revisión
teórico/epistemológica que subyace a los
diferentes estadios históricos de la relación
entre el ambiente y la sociedad, en este
trabajo se pone a discusión una alternativa –
que surge tanto en Europa como en América
Latina- que restablece el carácter dialéctico
de la relación. Conocida como Estrategias de
Vida, o enfoque Livelihood, plantea una
reconstrucción sociológica de la relación
sociedad–ambiente a través del concepto de
Gobernanza como eje teórico y un enfoque
inter/transdisciplinario como referente
metodológico.
- ELENA, Serrano Flores Maria

María Elena Serrano Flores. Doctora en el programa de Agroecología, Sociología y Desarrollo Sostenible por la Universidad de Córdoba, España. Profesora-Investigadora del Centro Interdisciplinario de Investigaciones y Estudios sobre Medio Ambiente y Desarrollo, del Instituto Politécnico Nacional, México. Pubicaciones: Expresiones de la sostenibilidad rural en México y España. Estudio de caso en Villafáfila (Castilla y León, España) y El Rosario (Michoacán, México), Universidad de Córdoba, España. 2009; Agroecologia y Sustentabilidad Rural. En: Cantú Chapa, R. (coord.) 2009. Los desafíos Ambientales y el Desarrollo en México. Ed. Plaza y Valdez, México; Aspectos técnicos y caracterización del productor de durazno en el Estado de México, México. Revista Agricultura Técnica en México. Vol. 35 Núm. 3, septiembre 2009 pp. 305-313. Coordinadora del libro: Las vías del Desarrollo Sustentable en el Medio Rural. Naturaleza, Sociedad Rural y Turismo en América Latina, IPN, México. 2011. Miembro del Sistema Nacional de Investigadores, nivel 1
PAP0963 - À Escala do Lugar. Lazer e Consumo na Praia de Carcavelos
"Mas contrariamento àquilo que se teme ou
espera, estas tecnologias [TIC] não põem em
causa a concentração metropolitana nem
substituem as cidades reais pelas cidades
virtuais."
François Ascher
Conhecer o sentido das práticas sociais à
escala do lugar permite-nos, de igual modo,
atribuir sentidos às vivências quotidianas de
um território inequivocamente mais extenso, e
denso, como a metrópole de Lisboa.
Neste documento propomo-nos a desvelar algumas
dessas práticas, compreendendo que os lugares
não se circunscrevem apenas por limites
fronteiriços socialmente construídos, antes
que os mesmos concentram em si toda uma
panóplia de actores sociais, que os usam e dos
quais se apropriam, provenientes de diferentes
segmentos etários e de distintos segmentos no
que concerne à estratificação social.
A opção de termos traçado como laboratório uma
praia enquadrada na metrópole de Lisboa e no
concelho de Cascais em particular não foi, de
modo algum, ingénuo ou obra do acaso. Também
não o foram a escolha do lazer e do consumo,
fenómenos que amiúde se encontram entrosados
pelas suas características específicas.
Decidiu-se enveredar pela escolha de um lugar
que pelas suas particularidades reúne o
consenso na escolha do seu uso por actores
sociais provenientes dos mais diferentes
territórios da metrópole de Lisboa. Tal deve-
se, em nosso entender, à imagem positiva que
consegue transmitir para o exterior, tornando-
se assim um espaço em que a atractividade
desenrola um papel da maior relevância.
Neste caso específico também decidimos
orientar o nosso olhar sociológico para uma
prática que cada vez mais é valorizada quer
por actores sociais individuais, quer por
actores sociais colectivos, pertençam, estes
últimos, tanto à esfera pública - o Estado na
sua dimensão de poder público nacional como
local - como à esfera privada, onde os agentes
económicos desempenham uma diversidade de
papéis no sentido de satisfazerem objectivos
orientados para o lucro.
Sabemos que os tempos de lazer têm vindo a
impôr-se cada vez mais como uma exigência de
uma sociedade civil, que cada vez mais
segmentada e ancorada em processos de
individualização, ávida por tempos que
qualidade desprendidos da esfera laboral ou do
trabalho. Esses mesmos tempos de lazer querem-
se, então, vistos preenchidos por práticas que
lhes são específicas e que podem ocorrer em
diversas alturas do ano e, inclusivamente, em
distintos momentos do dia. Incidiremos
portanto a análise não só num lazer diurno,
mas também no lazer nocturno, que muito
sensibiliza camadas mais jovens.
No lugar da Praia de Carcavelos é no espaço
público ou nos espaços de cariz de uso público
que encontramos um mosaico de vivências
urbanas ricas em diversidade e dotadas de uma
durabilidade a que se tem vindo a assistir.
Importa mencionar que a ocupação dos tempos
livres se encontra amiúde entrosada com
lógicas de consumo, relativamente próprias, às
quais nos iremos igualmente dedicar.
- ALMEIDA, Pedro Miguel

- Pedro Miguel (Carvalho Pacheco de) Almeida
- CesNova / FCSH-UNL
- Sociologia – Licenciado Universidade Autónoma de Lisboa (opção preferencial – Exclusão Social) ; Mestre FCSH-UNL (op – Território, Cidade e Ambiente); Doutorando FCSH-UNL (op – Urbana, Território e Ambiente)
- Sociologia Urbana, do Quotidiano, do Consumo, do Turismo, do Género, dos Comportamentos Desviantes
PAP0850 - À luz da crise, a metamorfose da Sociedade-Providência na Inovação Social, um estudo de caso sobre Voluntariado de Proximidade
Partindo de um questionamento acerca das condições de produção da inovação social (IS), em termos de recursos implicados e dinâmicas geradas, apresenta-se uma investigação que visa compreender o que é o novo na IS, na perspectiva dos actores que a experimentam. A IS pode ser entendida como uma resposta nova, socialmente reconhecida, geradora de mudança social, que pode assumir a forma de produto ou processo que satisfaz necessidades não satisfeitas por via do mercado, promove inclusão social e capacita os actores na transformação de dinâmicas sociais desigualitárias (André e Abreu, 2006).
A comunicação apresentará os resultados empíricos da Tese de Mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo e baseia-se num estudo de caso sobre um projecto de voluntariado de proximidade (VP), no âmbito da Iniciativa Comunitária EQUAL, um programa de reforço da coesão social e territorial que assume a IS como um objectivo principal. O VP pretende resgatar laços de solidariedade na comunidade e complementar as respostas dos serviços existentes através da criação de uma rede de voluntariado que opera como uma estrutura local de entreajuda vicinal. A pesquisa qualitativa analisou dois Núcleos de Voluntariado de Proximidade (NVP) em Évora, assentando em pesquisa documental, entrevistas semiestruturadas a beneficiários, voluntários e conselheiros dos NVP, observação directa, conversas informais e shadowing.
Observando a IS no VP, pretende-se caracterizar: as transformações contextuais que favorecem a emergência dos NVP, o modelo de IS subjacente, a dimensão funcional dos NVP e compreender o que é novo no VP pelo delinear de continuidades e descontinuidades que se estabelecem entre práticas formais e informais de protecção social. Assumem-se como hipóteses que a IS no VP resulta de uma dupla dinâmica de hibridização entre mecanismos de protecção social institucionais formais e práticas comunitárias informais e que o novo no VP permite observar a metamorfose através da qual a Sociedade-Providência (SP), típica dos países do Sul (Santos, 1995), reemerge na IS.
Considera-se que a IS no VP configura um novo tipo de resposta a necessidades sociais não satisfeitas, ocupando um campo de intervenção relativo à ajuda personalizada nas relações de intimidade na vida quotidiana, que suprime lacunas do providencialismo estatal e societal. A proximidade comunitária é redefinida, pela rearticulação de práticas antigas de novos modos e com outra abrangência, passando a reconhecer desconhecidos. As redes de solidariedade que partem de estruturas mediadas institucionalmente e com base em relações contratualizadas, hibridizam-se articulando relações sociais formais e informais.
- LANÇA, Rita

Rita Lança, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, a finalizar Mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo.
Assistente Social, presentemente Directora Técnica do Serviço de Apoio Domiciliário da Associação Etnográfica e Social do Montemuro.
Interesses de investigação: Inovação Social, Sociedade Providência, Práticas Comunitárias.
PAP0740 - Área restrita – Ponha aqui o seu pezinho, devagar, devagarinho...
A investigação criminal é hoje um tema que está na ordem do dia, não só pelo aumento que se tem vindo a verificar no que concerne à criminalidade violenta, como também devido a alterações introduzidas recentemente nos procedimentos de investigação criminal que levam a que se tenha vindo a discutir a pertinência ou não da unificação dos diferentes órgãos de policial criminal. Aquilo a que alguns comentadores em debates recentes na comunicação social têm apelidado já de uma polícia “tosta mista”.
As novas tecnologias que as polícias hoje dispõem podem ser um contributo valioso na obtenção de provas mais fidedignas no deslindamento de casos crime, no entanto, também podem revelar as limitações quotidianas do seu trabalho e, até, gerar algumas tensões no âmbito das competências que os diferentes órgãos de polícia criminal (Polícia Judiciária, Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana) possuem, em função do tipo de crime ou de delito com que se deparam, ou dos contornos que esse crime parece indiciar. Um olhar desatento ao cenário de crime pode induzir a um tipo de abordagem que, afinal, se vem a revelar mais tarde erróneo; a atitude estática ou dinâmica das polícias que primeiro chegam ao local - as polícias de proximidade, colocando o “pezinho” num ponto crucial pode, igualmente colocar em causa a investigação; a falta de recursos financeiros e humanos destes primeiros agentes que se deslocam ao local é, em última análise, a grande questão a resolver, no sentido de perceber se a unificação dos órgãos de polícia criminal podem minimizar esses obstáculos que se vão encontrando para recolher bons vestígios no cenário do crime.
Com base em entrevistas realizadas no âmbito de uma investigação de pós doutoramento em Sociologia, tentarei mostrar alguns dos obstáculos que se colocam na gestão da cena de crime, tendo em conta não apenas os diferentes contornos que o puzzle pode ir tomando num crime de cenário, como também as formas utilizadas pelos órgãos de polícia criminal para não danificar provas que podem ser cruciais para uma investigação criminal bem sucedida.
- COSTA, Susana

Investigadora do Centro de Estudos Sociais e pós doutoranda da FCT com
o projeto intitulado: "“O ADN e a investigação criminal – uma análise
sociológica comparativa da sua evolução e impactos em Portugal e no
Reino Unido”, financiado pela FCT.
Co-coordenadora da ST: Conhecimentos, Ciência e Tecnologia
Licenciatura em Sociologia - 1996; Mestrado em Sociologia - 2001
(Justiça em Laboratório); Doutoramento em Sociologia - 2010 (Filhos da
(sua) mãe. Actores institucionais, perícias e paternidades no sistema
judicial português).
PAP1579 - Ética e política
As crescentes dificuldades metodológicas de entrada no campo da saúde, reflectem, por um lado, a colisão entre a proeminência que o acesso institucional a sujeitos de investigação tem nas estratégias de recolha de informação da sociologia, e as tendências de proteccionismo e tutelagem que as instituições no campo da saúde vêm assumindo relativamente ao seu perfil público e aos sujeitos que servem ou integram, respectivamente, e que têm assentado numa codificação genérica de matriz ética (particularmente na segurança de materializações jurídicas dadas) da sua articulação com processualidades de pesquisa. Contudo, precedentemente, tais factores ancoram num contexto em que a sociologia se pode ver como objecto do seu próprio diagnóstico da reflexividade social moderna na apropriação do conhecimento, ao denotar-se os actores sociais a projectarem-se como credores do conhecimento produzido sobre eles, questionando e restringindo o privilégio cognitivo de acesso dito desinteressado a um campo de inquirição, e o preceito de neutralidade axiológica associado a essa forma de produção cognitiva. Nesse sentido, para lá das estratégias institucionais que as ciências sociais possam desenvolver para garantir, repor ou reorganizar o seu acesso ao campo, este contexto mais amplo interpela-nos quanto à própria matriz sociológica de sentido da produção de conhecimento sobre a realidade social de sujeitos interessados – matriz cuja (re)configuração aquelas estratégias reflectirão. Entre a gestão de expectativas discutíveis de instrumentalidade e o compromisso de um esteio de resguardo cognitivo que demande alguma forma de neutralidade social, a sociologia precisará confrontar-se com a problematização da distintividade e da operatividade, sociais e epistémicas, das suas abordagens.
- Clamote, Telmo Costa